HARLAN COEN
Está noite ia
receber um prêmio pelo CD de música clássica, mais prestigiado do mundo, ali no
quarto de hotel, pensava na sua trajetória, a menos de uma semana tinha sido
procurado por um advogado, para falar da herança de sua mãe.
Não estava
interessado, nem necessitava de nada do passado tinha vencido na vida, nos seus
sonhos de jovem.
Tinha nascido
como ele dizia no cu do mundo, no campo, perto de um cidadezinha perdida de
Montana, sua família estava composta de seus pais, seu irmão mais velho,
ele. Seu irmão mais velho Andrew, ou
And, como o chamava, era um jovem lindo, tinha um problema qualquer que tinha
feito que não se saísse muito bem na escola, algo em sua cabeça não funcionava,
era ele quem tinham que lhe explicar as coisas.
Seu pai resolveu
que já que não se saia muito bem na escola, que o campo precisava dele, o fazia
trabalhar sem cessar. Ele ao contrário
era um aluno privilegiado, só não gostava das aulas de educação física, os
jogos não eram para ele. Descobriu que
uma senhora, se dedicava a ensinar música, um dia passou por sua classe, estava
vazia, ela tocava uma clarineta, aquele som entrou pelo sua cabeça, logo fazia
parte de seu corpo, perguntou se podia fazer aula, não tinha noção nenhuma de
música. Ela disse que não tinha importância,
claro ele virou a gozação de todos os outros alunos. Mas fazia uma classe com ela, a partir de
como lhe ensinou como funcionava o instrumento, foi como provocar uma catarse,
pois conseguia tocar todas as músicas que escutava no instrumento.
Seu pai achava
uma perda de tempo, sua mãe, foi a única que o defendeu, disse que seu pai
adorava a música. Lhe permitiu fazer
aulas, ele depois pegava sua bicicleta pedalava como um louco para chegar a
tempo de comer, depois ajudar no campo.
Seu irmão era de
poucas palavras, o adorava acima de todas as coisas.
Um dia ia
chegando no campo deles, quando escutou uns gritos, se aproximou com cuidado,
viu que seu pai abusava de seu irmão, não entendia como podia deixar, por ser
alto e forte, mas claro a força de seu pai era superior. Quando acabou, colocou o caralho para dentro
das calças, mandou Andrews se limpar, ele correu, pegou a bicicleta, foi direto
para casa.
Nessa noite
tentou falar com o Andrews, não podia entender como ele podia se submeter
assim.
Dias depois
conseguiu que ele se abrisse. Disse que
tinham abusado dele primeiro na escola, depois seu pai. Não sei me defender, um dia ele irá por ti. Afinal das contas ele não é nosso pai.
Era a primeira
vez que escutava falar nisso, procurou saber com sua mãe, com muito jeito, ele
sabia como fazer as pessoas falarem, tocou no assunto dizendo que ele não tinha
o mesmo sobrenome do pai.
Ela explicou,
quando nasceste teu pai tinha acabado de morrer no campo, esse homem era o
capataz, acabou ficando quando os outros empregados foram embora.
Entendeu tudo,
quando comentou com a mãe dos abusos em cima de seu irmão, ela não acreditou,
disse que não podia ser verdade, a partir que ele fazia sexo com ela todos os
dias.
Ele estava
acabando o curso que existia na cidade, no ano seguinte ele só tinha duas
opções ou entrar para o exército, ou ir trabalhar no campo, mas ele pensava
outra coisa, em estudar música numa cidade maior.
A professora
vivia falando das grandes escolas, de música, aonde ela mesma tinha estudado.
Quando ele se formou, ela lhe deu de presente um clarinete que tinha pertencido
ao seu pai, para que nunca desista.
Justo nesse
momento, um dia voltando para casa, encontrou seu irmão morto, estava enforcado
numa árvore, logo a entrada do campo. Ficou como um louco tentando salvar o irmão.
O que pensava que
era seu pai, ficou uma fera. Tinha
negociado com um vizinho o casamento do filho, com a filha deste que estava
gravida, vá se saber lá de quem.
Nesse dia, ele
encontrou embaixo do travesseiro um pequeno bilhete, de seu irmão, não aguento
mais, fuja daqui, pois serás o seguinte.
Dois dias depois,
foi avisado que tinha que trabalhar com o pai no campo. Ele não era muito alto, mas tinha uma coisa,
tinha um força incrível. Quando o homem
tentou abusar dele, lhe deu uma surra de fazer gosto. Alegou para a mulher que tinha caído.
Então o obrigou a
casar-se com a filha do vizinho que era mais velha que ele, ele ficou prestando
atenção em tudo, viu que o vizinho dava ao seu pai, um envelope imenso, ele foi
atrás viu aonde ele guardava o dinheiro, era muito.
Se acabou o
jantar com a duas famílias, ele já tinha preparado sua mochila, a única coisa
além era a caixa da clarinete. Sabia
aonde o filho da puta guardava o dinheiro, juntou com o do envelope, colocou
tudo por baixo na mochila, tinha aprendido a dirigir, com o trator, por isso
achava que seria igual, empurrou o carro, até uma certa distância, pois senão o
ruido podia despertar os da casa. Como era uma descida foi fácil, se mandou,
dirigiu em sentido de direção, até a cidade maior longe dali, tinha duas
opções, ou ir para NYC, ou descer para Los Angeles ou San Francisco. Resolveu que esta última ia bem. Quando estava para acabar a gasolina, viu que
um ônibus parava num posto de gasolina, para se abastecer, que os passageiros esticassem
um pouco as pernas.
Viu que ia em
direção a Los Angeles, perguntou se passava por San Francisco, o homem disse
que sim, mas que no momento só tinha um lugar no final do ônibus, ele disse sem
problemas.
Pagou o bilhete,
embarcou, deixou o carro ali, pegado a um matorral.
Logo em seguida
dormiu, estava cansado, como o lugar, era encostado a uma janela, colocou sua
mochila para fazer a vez de um travesseiro.
Assim se alguém tentasse lhe roubar, ele saberia se defender.
Quando despertou
foi numa segunda parada depois da anterior, levaram quase dois dias para
chegarem a San Francisco, porque o ônibus ia parando, trocaram pelo menos duas
vezes de condutor.
Quando chegou
ficou deslumbrado, nunca tinha visto uma cidade tão grande, procurou um hotel
pequeno ali perto, guardou suas coisas, procurou saber aonde tinha uma escola
de música.
Lhe mostraram o
caminho, precisaria de um emprego também, não queria torrar o dinheiro que
tinha trazido, depois precisava de um lugar para viver.
Levou com ele seu
instrumento. Na escola se informou dos
cursos, a secretária disse que esse ano já tinham começado, fazia um mês, mas
vou ver se o professor, te entrevista, creio que está no seu horário de
descanso.
Voltou em
seguida, seguida de um homem mais velho, devia ter uns 60 anos. Lhe disse que o
acompanhasse, me mostra o que sabes.
Ele montou o
clarinete, pensou nas duas músicas que mais gostava. Fechou os olhos, começou a tocar, foi até o
final sem interrupção nenhuma.
Pensei que não
sabias nada.
Minha professora,
disse seu nome, me ensinou o que sabia, esse clarinete me deu de presente, seu
pai, falou o nome do homem.
O velho, quase
chorou, disse que esse homem tinha sido seu professor, mas que da noite para o
dia sumiu.
Quando disse seu
nome para o professor, este perguntou se era judeu, pois Coen era um apelido de
judeu.
Não sei, só que
minha mãe nunca ia a igreja nenhuma, pode ser que meu pai sim fora judeu. Tinha
descoberto que sua mãe nunca ia a igreja, pois a criticavam por viver com esse
homem sem se casar.
Aonde vais viver?
Ainda não sei,
cheguei hoje, tinha que encontrar um lugar para estudar, depois isso já veria.
O homem estendeu
sua mão, imensa, meu nome é Helmut Klein.
Voltou com ele a secretária, disse que ele já estava muito adiantado,
mas que daria classes a ele, justo nesse horário entre as 10 e 11 da manhã. Le perguntou se sabia ler partituras?
Sim aprendi com a
professora, foi uma das coisas que ela me disse que me fariam falta. Mas não
custa aprender mais.
Saiu dali morto
de fome, quase um quarteirão viu uma restaurante de hambúrguer’s, pediu, ao
mesmo tempo que viu um cartaz de que se procurava um ajudante.
Falou com o velho
que o servia, disse que nunca tinha trabalhado, mas tinha facilidade em
aprender, disse os horários que tinhas disponíveis. Posso trabalhar de manhã, desde a hora que me
diga, bem como a partir das 11:30 até o resto do dia.
O velho sorriu
quando ele disse que estudaria música.
Disse quanto pagava.
Agora meu
problema só é arrumar um lugar para viver.
O velho que se
chamava Abraham lhe disse que podia usar um apartamento que tinha em cima do
local, é meu, é pequeno mas creio que te servirá.
Falaram em aluguel,
com o salário que ia ganhar, ainda sobraria alguma coisa. Foi com o homem ver o apartamento, tinha de
tudo, o Abraham lhe disse que aqui vivia seu filho que tinha ido para o
exército, agora quando vem, fica na minha casa, mas lhe avisarei se vem por
aqui.
O apartamento não
era grande, um pequeno quarto, uma cozinha americana também pequena, um
banheiro, o resto era um salão grande, como o restaurante embaixo.
Esse edifício foi
comprado pelo meu avô nos anos vinte, de um homem arruinado, depois meu pai
teve o restaurante, agora eu, mas graças a deus meu filho está o exército,
minha filha é professora, então ficaram fora da dinastia.
Ele se mudou no
mesmo dia, sua bagagem era mínima.
No dia seguinte
se levantou as cinco da manhã, trabalhou uma música, que o professor tinha lhe
dado a partitura, depois se arrumou para ir trabalhar, trabalho até as dez,
saiu correndo para a escola de música, teve aula de partitura, composição, a
professora era muito boa, saiu contente da aula, depois foi direto a sala do
professor Helmut, apresentou a partitura que ele tinha ensaiado, a primeira
pergunta que ele fez, se sabia quem era o compositor, o que queria dizer a
música, ele nesse ponto não tinha preparo.
Sabes tocar, tens técnica, agora falta colocar a alma no instrumento. Para isso tens que entender o que o
compositor quer dizer ou contar com ela.
Meses depois, já
começava a entender o que o professor dizia, agora quando estudava uma música,
buscava saber mais sobre ela, para isso usava a biblioteca da escola, saber do
compositor, da música, enfim ia progressando.
Tinha ensaiado
até tarde, se jogou na cama cansado, dormiu pesado, sentiu que alguém entrava
no quarto, acendeu a luz, deu de cara com um homem com uniforme militar, alto,
forte.
Que fazes no meu
apartamento?
Aluguei do senhor
do restaurante.
Caramba é
verdade, ele me avisou, te incomodas se durmo aqui, estou cansado.
Tirou sua roupa,
se jogou ao seu lado na cama, ele ficou nervoso, estava só de boxers.
Mas o homem
dormiu em seguida, ele acabou se relaxando, a cama era grande, mas despertou
pela manhã, com o homem dormindo agarrado a ele, tentou sair de fininho, mas
este não deixou, estou a horas te observando.
Lhe deu um beijo,
ele se levantou correndo. Calma
camarada, isso não é assim.
Foi tomar banho,
depois enquanto o outro tomava, para se relaxar, colocou café para fazer,
começou a tocar uma música nova que estava estudando. Já a conseguia tocar direto.
Quando seu deu
conta o homem, estava sentado o olhando, com a toalha presa na cintura, tinham
um belo tronco.
Amei, se
apresentou sou Phillip, ou Phil, sou filho do Abraham, estendeu a mão, desculpe
minha impertinência.
Vou me vestir, a
não ser que queiras me ver nu.
Ele não estava
acostumado a isso, ficou totalmente vermelho.
Ah, eres tímido,
gosto disso.
Ficou totalmente
nu, ao se vestir.
Ele ficou olhando
totalmente excitado. Phillip, se
aproximou, lhe deu um beijo na boca, posso vir dormir contigo essa noite.
Acho que vou ter
que mudar de casa, mas tinha correspondido ao beijo.
Desceram, ele
abriu a porta do restaurante, este se colocou cômodo, enquanto ele colocava a
maquina de café para preparar o mesmo.
Quando Abraham
chegou, ficou feliz de ver o filho ali, disse que tinha acabado de chegar.
Em seguida
começou a chegar gente, Phillip, colocou um avental, passou a ajudar.
Ele foi para a
aula, dentro do seu horário, mas ao começar a tocar, se esqueceu do outro.
Sem que ele
percebesse o professor estava o fazendo aprender as músicas de vários compositores,
para ele se preparar para ser solista.
Um dia entrou na
aula, viu um homem sentado no final da mesma, o professor fez um sinal de que
tinham que trabalhar, que depois conversaria com o senhor.
Era uma
composição bonita, ao começar, se lembrou do beijo que o Phillip tinha dado
nele, sentiu que a mesma saia mais suave do clarinete.
Helmult não fez
nenhuma correção, depois o apresentou ao senhor, era o diretor da orquestra sinfônica
de San Francisco.
O homem disse que
tinha gostado da interpretação, fez uma correção, podias tocar, esse trecho
outra vez, eu gosto que essa parte, pense que estas perdendo um amor.
Ele tocou,
pensando se o outro apareceria esta noite o que ia acontecer.
Perfeito. Apertou sua mão, disse ao Helmut que depois
se falaria.
Bom já agradaste
ao mais importante, agora irei convidando alguns amigos para te verem tocar,
Lhe deu vários
CD’S, escute essas músicas, pode ser importante para ti.
Foi uma surpresa era todos de jazz, teve que comprar um leitor de
Cds porque não tinha, ficou encantado com que escutou, mas teve uma música em
especial que gostou, claro havia um solo de clarineta. Na semana seguinte, começou a aprender a
tocar o saxofone, era fácil, logo em meses tocava também o Oboé, o professor
ficava fascinado com um aluno, com tal potencial.
Depois de ser
convidado para tocar com a orquestra Sinfônica de San Francisco, se preparou a
consciência para tocar com o professor, este mandou gravar a participação dele,
mandou para vários agentes, quando falou isso para ele, soltou ao mesmo que
preferia que fosse ele seu agente, pois era uma pessoa em que ele confiava.
Agora que tinha
dinheiro, deixou de trabalhar no restaurante, o filho do proprietário, nunca
mais voltou, se mudou para outro apartamento, um pouco melhor, seguiu seu rumo,
acompanhava o professor a vários concertos, a escutar jazz nos bares ou
pequenos clubs de música ao vivo. Algumas
vezes era convidado a tocar com os amigos do professor.
Logo surgiram
oportunidades, o professor disse que ele devia se mudar para NYC, aonde era
melhor, ele tinha lá uma irmã, foi viver com ela, lhe dizia que tinha feito
recuperar sua vida de antes, o lançou no mercado, logo se apresentava na
Europa, era conhecido por ser um músico versátil.
No ano seguinte,
fizeram uma turnê por várias cidades da Europa, ele mandava sempre para sua
velha professora, notícias de jornais, programas de concertos, ela lhe escrevia
para o apartamento da irmã do Helmut, assim ele sabia das notícias da mãe. Como ele não tinha assinado direito os papeis
do casamento, o pai da noiva tinha pedido devolução do dinheiro, isso gerou um
conflito entre os homens que acabou em tragedia. Seu pretenso pai estava preso.
Depois de gravar
vários CDs, tanto de música clássica, como Jazz, gravou um em especial, com as
primeiras músicas que tinha aprendido com a professora, só que agora ele tinha
a emoção necessária. Foi quando ganhou o
primeiro Grammy. O dedicou a ela.
Agora tinha uma
banda, já tinha inclusive composições dele, o velho professor, lhe disse que já
não tinha idade, para ficar indo de um lado para o outro, agora se dedicava a
ser seu agente, mas com a base fixa em NYC.
Ele pelo menos
tinha um bom pé de meia. As pessoas
tinha curiosidade porque nunca se ouvia falar em nenhum relacionamento. Mas em sua cabeça tinha ficado a imagem de
seu pretenso pai abusando de seu irmão, nunca tinha se livrado disso. Mas tampouco tinha se esquecido da sensação
do filho do Abraham, abraçado com ele, seu cheiro, o conforto que tinha sentido
ao primeiro momento.
Quando voltou a
tocar em San Francisco, foi até o restaurante, já não existia mais, tinham
vendido o prédio, no seu lugar tinham construído um edifício estreito, moderno.
No dia da
estreia, recebeu um ramo de rosas, dizendo, nunca me esqueci de ti, nossa noite
foi incompleta, estarei na plateia.
Estava ansioso,
sabia que era do Phillip, tocou com toda sua alma.
No final quando
saiu, lá estava ele lhe esperando.
Saíram andando,
um ao lado do outro, em silêncio, quem falou primeiro foi o Phillip, disse que
seu pai o tinha visto sair do apartamento, me disse que não devia me interpor
entre tu, tua música, pois um dia serias grande. Ele
tinha razão, voltei cheio de problemas, estive anos fazendo tratamento
psicológico, para estar bem. Acabamos
vendendo o edifício, pois ele queria se aposentar.
Agora vivo no
mesmo edifício, num apartamento no último andar, queres ir até lá comigo.
Estava nervoso,
mas foi, tinha tido aventuras com mulheres, mas nunca se sentia a vontade, eram
mais para se relaxar, mas a maioria das vezes, saia frustrado.
Quando estiveram
os dois frente a frente, Phillip, o começou a beijar, devagar, não como tinha
feito da primeira vez, sussurrou ao seu ouvido, esperei tanto por isso.
Horas depois
quando estava lado a lado na cama, lhe disse que ele também tinha esperado por
isso, nunca tinha amado ninguém.
Atualmente o que
fazes Phillip?
Acabei meus
estudos, agora tenho um consultório, atendo principalmente retornados das
guerras com traumas, como eu tive. A
coisa vai devagar.
Ele agora tinha
um problema, como ia fazer, pois tinha uma turnê, por vários estados, depois
por último se apresentaria num concerto benéfico para a primeira-dama do pais.
Não queriam se
deixar, agora ele fazia todo o possível para no seu tempo livre ir estar com o
Phillip, não sabia discernir se era amor, ou simplesmente uma paixão, mas nunca
tinha se esquecido dele. Então se
escapava, ia até lá para vê-lo. Estarem juntos era extraordinário.
Quase não falava,
disfrutavam desse dia ou quantos pudessem estarem juntos.
Phillip veio uma
vez a NYC, para ver sua participação num grande show de Jazz, depois foram para
sua casa, estiveram juntos.
Pela primeira vez
se dedicaram a conversar, um sentia falta do outro, Harlan soltou que as vezes
conversava com ele mentalmente, sinto tua falta.
Pois temos que
resolver isso, eu também me sinto sozinho, quando te vais embora, é como se
ficasse vazio.
Preciso conseguir
um agente em San Francisco, assim passarei a viver lá.
Mas a coisa se
torceu, foi avisado semanas depois que o Phillip estava no hospital, um cliente
com problemas o tinha agredido, a coisa estava feia. Ele tinha um concerto nessa noite, disse que no
dia seguinte pegaria o primeiro avião.
Nessa noite foi
difícil se concentrar para tocar, mas conseguiu, o levava na alma.
Quando chegou em
casa, viu uma chamada, era para avisar que tinha falecido. Se veio abaixo, nunca tinha sentido isso,
desde a morte do irmão, ficou desnorteado.
Logo em seguida, soube que a professora, também tinha partido.
Pela primeira vez
se sentiu totalmente sozinho. Mesmo
assim embarcou para San Francisco, foi ao enterro, conheceu a irmã do Phillip,
esta disse que ele tinha voltado de NYC, com esperança de que pudessem viver
juntos.
Quase em seguida
embarcou em uma turnê pela Europa, depois foi para a Asia, aonde gravou mais um
CD, esse o consagrou definitivamente, primeiro porque tinha uma composição sua
que se chamava Phillip, quando a tocava o público vinha abaixo de emoção.
No seguinte tinha
mais duas composições sua. Passou um
tempo em Paris, aprimorando num curso da técnica de composição.
Voltou para seu
apartamento, em NYC, mais uma vez levou uma cacetada, pois logo em seguida
morreu o Helmut Klein, o queria como um pai, o velho professor o tinha
acompanhado ao longo dos anos, tinham largas conversas, aonde lhe dava orientações
para cada trabalho.
Conseguiu um
agente que pudesse confiar, mas lhe pediu tempo entre os concertos, pois queria
se dedicar a compor.
Fez com um grupo
novo, um CD totalmente de música novas suas, uma nova faceta, alguns tinham
inclusive letras, ou de textos que ele tinha usado, precisavam agora no grupo
de um cantor.
Quando este
faltou, ele se atreveu a cantar algumas partes da música, o público adorava.
No dia anterior
de receber esse prêmio, finalmente um advogado que estava atrás dele, avisou
que estaria na cidade, que tinha que falar com ele.
Lhe trazia uma
carta, bem como o testamento de sua mãe, que deixava tudo para ele.
Disse ao mesmo,
que verificasse se alguém queria comprar as terras, que a ele não interessava
voltar.
Alugou durante o
verão uma casa, em Fire Island, para poder compor em paz, era a mais distante
em termos do movimento que acontecia no verão por lá.
Estava compondo
uma peça para saxofone, quando ficou pronta, incluiu na mesma solos de
clarinete, bem como de oboé, um dia que estava na praia, um homem veio falar
com ele, se apresentou, James Marcus, estou aqui para relaxar, mas o vento me
traz tua música, eu sou diretor de orquestra, estive muito doente, por não me
cuidar direito, mas nunca tinha escutado essa música, por isso estou vindo
falar contigo.
De quem é a
música?
É minha última
composição, mas ainda estou trabalhando nela, queria que fosse somente com três
solistas, mas ainda me falta conjugar com o resto da orquestra.
Que dirias que me
ofereço a trabalhar contigo, gostaria muito.
Gosto dessa sensação de ver uma música nascer, infelizmente não sou
compositor.
Entre eles,
depois de escutarem mil vezes a música, de largas conversas, começara a
consolidar uma amizade que duraria anos. Se entendiam de maravilha.
James um dia
soltou, eu que sou conhecido como uma pessoa que tem mal humor 24 horas do dia,
contigo me sinto muito bem, creio principalmente que não assumes que eres uma
estrela da música, já tinham me falado de ti, mas nunca tive a oportunidade de
ver um trabalho teu, a não ser através de um CD.
Os papos era
intermináveis. Quando o trabalho ficou
pronto, foram os dois a NYC, gravaram o mesmo, para apresentar para alguma
orquestra, logo tiveram propostas.
Estrearam a mesma
em NYC, foi um sucesso.
James, vinha de
um casamento desfeito, com dois filhos pequenos, aos quais não tinha direito a
ver, pois sua mulher tinha a guarda do mesmo, tinha lhe acusado de
infidelidade. Tinha levado muito tempo
para se abrir com ele. Me acusou de ser
pedófilo, mas tudo não passou de uma montagem.
Seguiram sendo
amigos, ele se sentia sozinho depois da morte do Phillip, mas não encontrava
alguém que o pudesse fazer sentir emoção.
Os anos foram
passando, tinha aventuras esporádicas, nada que o fizesse se apaixonar, as
vezes não passava de uma noite.
Numa festa que
tinha ido a pouco tempo, foi apresentado a um homem, diferente, era
absolutamente direto. Tua música me
acompanha a algum tempo, quase não tenho tempo de parar pelo meu trabalho,
agora por castigo, tive um enfarte, seu trabalho me acompanhou durante meu
tempo de recuperação, eu sinto na tua música a melancolia que me acompanha a
muito tempo, nunca tive tempo de amar.
Quando ia se
despedir, se virou lhe estendeu um cartão, o nome era parecido Harlen Boer,
adoraria que aceitasse jantar comigo, estou hospedado no hotel Plaza.
Ficou curioso,
perguntou ao anfitrião, quem era esse homem.
Ele saiu do nada,
construiu um império, agora depois do enfarte, esta mais calmo, é uma grande
pessoa, sou seu advogado.
Telefonou
aceitando o convite, mas avisou, adoro coisas simples, nada de restaurantes
sofisticados. Tem um perto de minha casa, se quiseres posso
fazer uma reserva.
Assim fizeram,
imaginou que ele chegaria numa limusine, mas veio de metro.
Agora faço tudo
com calma, já trabalhei demais, quero desfrutar da minha vida.
Contou sua
história para ele, realmente tinha saído do nada, tinha sido criado num
orfanato, mas quando saiu, foi obrigado a servir ao exército, lá aprendeu
informática, depois fez um curso mais amplo, começou a trabalhar, a construir
programas para isso.
A muito tempo
desfruto de tua música. Acabaram na cama
os dois, riram pois se encaixavam a perfeição, gostavam das mesmas coisas. Ele lhe disse que iria de novo passar uns
dias de férias na casa que tinha alugado em Fire Island, agora já é final de
temporada, a casa está afastada do resto, então tenho toda calma do mundo para
compor, queres vir comigo.
Foram as melhores
férias de sua vida, durante uma parte do dia, os dois estavam juntos, depois
cada um se dedicava ao seu oficio, mas no final do dia se sentavam para ver o
por do sol na praia, abraçados, conversando.
Cada um contou
sua vida, de onde tinha saído. Quando voltaram para NYC, ele comentou que tinha
ido a essa festa, só porque sabia que ele ia, queria te conhecer, o homem que
me faz relaxar com seu trabalho, mas não imaginava que ia me apaixonar por ti.
Montou um
escritório perto da casa do Harlan, viviam juntos, ele dizia que seu
apartamento era um oásis de paz, pois não tinha luxos, era simples como eles.
Depois de muitos
anos juntos, inclusive ele viajava com Harlan, podia trabalhar em qualquer
lugar, então aproveitavam. Não
interferiam na vida profissional do outro.
Hoje iria receber
seu prêmio por seu último trabalho, logo de manhã, teve uma surpresa, Harlen
lhe pediu em casamento, queria adotar, ter filhos, para quem deixar a fortuna
que tinha conseguido, senão não terá válido a pena.
Harlan ficou
olhando para ele, nunca tinha falado nisso, ficaram se olhando, casar contigo
quero, mas o de adotar, terei que pensar um pouco. Se me dás tempo, creio que
podemos chegar a uma conclusão.
Acabou de se
arrumar, iam os dois juntos, se sentaram entre os convidados de honra, nunca
tinha estados assim juntos numa cerimônia.
Ele não estava
prestando a atenção no espetáculo, aplaudia, na hora que os outros aplaudiam,
mas sua dúvida era justamente se seria um bom pai, todas seus recordações,
sempre se ligavam ao homem que tinha vivido com sua mãe, que tinha abusado de
seu irmão. Hoje durante o espetáculo
tinha uma música que tinha trabalhado muito com o James, se chamava “Querubim”,
era dedicada ao seu irmão, atualmente vinha sonhando muito com ele.
Na hora que o
chamaram, recebeu o prêmio começou dedicando ao seu irmão, a todos os que
tinham ajudado em sua carreira, inclusive falou pela primeira vez no seu
primeiro amor, mas hoje recebi uma proposta, que na verdade são duas, olhou
para o Harlen, sorriu, disse aceito tua proposta.
Mas não disse o
que era, todos estavam em cólicas por saber, mas ele não disse nada. Meses depois se casaram na intimidade, seu
padrinho era o James, o do Harlen era seu melhor amigo.
Depois foram até o
orfanato aonde ele tinha sido criado, que ajudava sempre, dando dinheiro para
seguir em pé.
Quando Harlan
entrou, viu um garoto, sentado num piano desses de criança, mas o que ele achou
incrível, era que ele realmente tocava uma música, se sentou ao seu lado, tirou
sua clarineta da caixa, que sempre estava com ele, o montou, começou a
acompanhar o garoto, quando este o olhou, tinha a sensação de estar vendo seu
irmão.
Foi o primeiro a
ser adotado, era como seu irmão, loiro com cabelos cacheados, ficou sendo seu
filho, depois Harlen adotou uma menina, ao final tinham cinco filhos.
Se manejavam bem,
ele agora fazia menos viagens, se dedicava a compor na casa grande que tinham,
pela primeira vez era feliz, sem problemas.
Seu filho, se
tornaria com os anos um grande pianistas, outro seria médico, a menina seria
uma escritora, os outros dois iriam substituir futuramente o pai nos negócios.
Os dois seguiram
juntos, não claro como num desses romances, viveram felizes, comeram perdizes,
mas sim lutavam para levar sua família unida para frente.
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