lunes, 1 de agosto de 2022

HARLAN COEN

 

                                          HARLAN COEN

 

Está noite ia receber um prêmio pelo CD de música clássica, mais prestigiado do mundo, ali no quarto de hotel, pensava na sua trajetória, a menos de uma semana tinha sido procurado por um advogado, para falar da herança de sua mãe.

Não estava interessado, nem necessitava de nada do passado tinha vencido na vida, nos seus sonhos de jovem.

Tinha nascido como ele dizia no cu do mundo, no campo, perto de um cidadezinha perdida de Montana, sua família estava composta de seus pais, seu irmão mais velho, ele.  Seu irmão mais velho Andrew, ou And, como o chamava, era um jovem lindo, tinha um problema qualquer que tinha feito que não se saísse muito bem na escola, algo em sua cabeça não funcionava, era ele quem tinham que lhe explicar as coisas. 

Seu pai resolveu que já que não se saia muito bem na escola, que o campo precisava dele, o fazia trabalhar sem cessar.   Ele ao contrário era um aluno privilegiado, só não gostava das aulas de educação física, os jogos não eram para ele.  Descobriu que uma senhora, se dedicava a ensinar música, um dia passou por sua classe, estava vazia, ela tocava uma clarineta, aquele som entrou pelo sua cabeça, logo fazia parte de seu corpo, perguntou se podia fazer aula, não tinha noção nenhuma de música.   Ela disse que não tinha importância, claro ele virou a gozação de todos os outros alunos.   Mas fazia uma classe com ela, a partir de como lhe ensinou como funcionava o instrumento, foi como provocar uma catarse, pois conseguia tocar todas as músicas que escutava no instrumento. 

Seu pai achava uma perda de tempo, sua mãe, foi a única que o defendeu, disse que seu pai adorava a música.   Lhe permitiu fazer aulas, ele depois pegava sua bicicleta pedalava como um louco para chegar a tempo de comer, depois ajudar no campo.

Seu irmão era de poucas palavras, o adorava acima de todas as coisas.

Um dia ia chegando no campo deles, quando escutou uns gritos, se aproximou com cuidado, viu que seu pai abusava de seu irmão, não entendia como podia deixar, por ser alto e forte, mas claro a força de seu pai era superior.  Quando acabou, colocou o caralho para dentro das calças, mandou Andrews se limpar, ele correu, pegou a bicicleta, foi direto para casa.

Nessa noite tentou falar com o Andrews, não podia entender como ele podia se submeter assim.

Dias depois conseguiu que ele se abrisse.  Disse que tinham abusado dele primeiro na escola, depois seu pai.  Não sei me defender, um dia ele irá por ti.     Afinal das contas ele não é nosso pai.

Era a primeira vez que escutava falar nisso, procurou saber com sua mãe, com muito jeito, ele sabia como fazer as pessoas falarem, tocou no assunto dizendo que ele não tinha o mesmo sobrenome do pai.

Ela explicou, quando nasceste teu pai tinha acabado de morrer no campo, esse homem era o capataz, acabou ficando quando os outros empregados foram embora.

Entendeu tudo, quando comentou com a mãe dos abusos em cima de seu irmão, ela não acreditou, disse que não podia ser verdade, a partir que ele fazia sexo com ela todos os dias.

Ele estava acabando o curso que existia na cidade, no ano seguinte ele só tinha duas opções ou entrar para o exército, ou ir trabalhar no campo, mas ele pensava outra coisa, em estudar música numa cidade maior.

A professora vivia falando das grandes escolas, de música, aonde ela mesma tinha estudado. Quando ele se formou, ela lhe deu de presente um clarinete que tinha pertencido ao seu pai, para que nunca desista.

Justo nesse momento, um dia voltando para casa, encontrou seu irmão morto, estava enforcado numa árvore, logo a entrada do campo.    Ficou como um louco tentando salvar o irmão.

O que pensava que era seu pai, ficou uma fera.  Tinha negociado com um vizinho o casamento do filho, com a filha deste que estava gravida, vá se saber lá de quem.

Nesse dia, ele encontrou embaixo do travesseiro um pequeno bilhete, de seu irmão, não aguento mais, fuja daqui, pois serás o seguinte.

Dois dias depois, foi avisado que tinha que trabalhar com o pai no campo.  Ele não era muito alto, mas tinha uma coisa, tinha um força incrível.  Quando o homem tentou abusar dele, lhe deu uma surra de fazer gosto.  Alegou para a mulher que tinha caído.

Então o obrigou a casar-se com a filha do vizinho que era mais velha que ele, ele ficou prestando atenção em tudo, viu que o vizinho dava ao seu pai, um envelope imenso, ele foi atrás viu aonde ele guardava o dinheiro, era muito.

Se acabou o jantar com a duas famílias, ele já tinha preparado sua mochila, a única coisa além era a caixa da clarinete.   Sabia aonde o filho da puta guardava o dinheiro, juntou com o do envelope, colocou tudo por baixo na mochila, tinha aprendido a dirigir, com o trator, por isso achava que seria igual, empurrou o carro, até uma certa distância, pois senão o ruido podia despertar os da casa. Como era uma descida foi fácil, se mandou, dirigiu em sentido de direção, até a cidade maior longe dali, tinha duas opções, ou ir para NYC, ou descer para Los Angeles ou San Francisco.   Resolveu que esta última ia bem.    Quando estava para acabar a gasolina, viu que um ônibus parava num posto de gasolina, para se abastecer, que os passageiros esticassem um pouco as pernas.

Viu que ia em direção a Los Angeles, perguntou se passava por San Francisco, o homem disse que sim, mas que no momento só tinha um lugar no final do ônibus, ele disse sem problemas.

Pagou o bilhete, embarcou, deixou o carro ali, pegado a um matorral.

Logo em seguida dormiu, estava cansado, como o lugar, era encostado a uma janela, colocou sua mochila para fazer a vez de um travesseiro.  Assim se alguém tentasse lhe roubar, ele saberia se defender.

Quando despertou foi numa segunda parada depois da anterior, levaram quase dois dias para chegarem a San Francisco, porque o ônibus ia parando, trocaram pelo menos duas vezes de condutor.

Quando chegou ficou deslumbrado, nunca tinha visto uma cidade tão grande, procurou um hotel pequeno ali perto, guardou suas coisas, procurou saber aonde tinha uma escola de música.

Lhe mostraram o caminho, precisaria de um emprego também, não queria torrar o dinheiro que tinha trazido, depois precisava de um lugar para viver.

Levou com ele seu instrumento.  Na escola se informou dos cursos, a secretária disse que esse ano já tinham começado, fazia um mês, mas vou ver se o professor, te entrevista, creio que está no seu horário de descanso.

Voltou em seguida, seguida de um homem mais velho, devia ter uns 60 anos. Lhe disse que o acompanhasse, me mostra o que sabes.

Ele montou o clarinete, pensou nas duas músicas que mais gostava.  Fechou os olhos, começou a tocar, foi até o final sem interrupção nenhuma.

Pensei que não sabias nada.

Minha professora, disse seu nome, me ensinou o que sabia, esse clarinete me deu de presente, seu pai, falou o nome do homem.

O velho, quase chorou, disse que esse homem tinha sido seu professor, mas que da noite para o dia sumiu.

Quando disse seu nome para o professor, este perguntou se era judeu, pois Coen era um apelido de judeu.

Não sei, só que minha mãe nunca ia a igreja nenhuma, pode ser que meu pai sim fora judeu. Tinha descoberto que sua mãe nunca ia a igreja, pois a criticavam por viver com esse homem sem se casar.

Aonde vais viver?

Ainda não sei, cheguei hoje, tinha que encontrar um lugar para estudar, depois isso já veria.

O homem estendeu sua mão, imensa, meu nome é Helmut Klein.   Voltou com ele a secretária, disse que ele já estava muito adiantado, mas que daria classes a ele, justo nesse horário entre as 10 e 11 da manhã.  Le perguntou se sabia ler partituras?

Sim aprendi com a professora, foi uma das coisas que ela me disse que me fariam falta. Mas não custa aprender mais.

Saiu dali morto de fome, quase um quarteirão viu uma restaurante de hambúrguer’s, pediu, ao mesmo tempo que viu um cartaz de que se procurava um ajudante.

Falou com o velho que o servia, disse que nunca tinha trabalhado, mas tinha facilidade em aprender, disse os horários que tinhas disponíveis.  Posso trabalhar de manhã, desde a hora que me diga, bem como a partir das 11:30 até o resto do dia.

O velho sorriu quando ele disse que estudaria música.  Disse quanto pagava.

Agora meu problema só é arrumar um lugar para viver.

O velho que se chamava Abraham lhe disse que podia usar um apartamento que tinha em cima do local, é meu, é pequeno mas creio que te servirá.

Falaram em aluguel, com o salário que ia ganhar, ainda sobraria alguma coisa.  Foi com o homem ver o apartamento, tinha de tudo, o Abraham lhe disse que aqui vivia seu filho que tinha ido para o exército, agora quando vem, fica na minha casa, mas lhe avisarei se vem por aqui.

O apartamento não era grande, um pequeno quarto, uma cozinha americana também pequena, um banheiro, o resto era um salão grande, como o restaurante embaixo.

Esse edifício foi comprado pelo meu avô nos anos vinte, de um homem arruinado, depois meu pai teve o restaurante, agora eu, mas graças a deus meu filho está o exército, minha filha é professora, então ficaram fora da dinastia.

Ele se mudou no mesmo dia, sua bagagem era mínima.

No dia seguinte se levantou as cinco da manhã, trabalhou uma música, que o professor tinha lhe dado a partitura, depois se arrumou para ir trabalhar, trabalho até as dez, saiu correndo para a escola de música, teve aula de partitura, composição, a professora era muito boa, saiu contente da aula, depois foi direto a sala do professor Helmut, apresentou a partitura que ele tinha ensaiado, a primeira pergunta que ele fez, se sabia quem era o compositor, o que queria dizer a música, ele nesse ponto não tinha preparo.   Sabes tocar, tens técnica, agora falta colocar a alma no instrumento.   Para isso tens que entender o que o compositor quer dizer ou contar com ela.

Meses depois, já começava a entender o que o professor dizia, agora quando estudava uma música, buscava saber mais sobre ela, para isso usava a biblioteca da escola, saber do compositor, da música, enfim ia progressando.

Tinha ensaiado até tarde, se jogou na cama cansado, dormiu pesado, sentiu que alguém entrava no quarto, acendeu a luz, deu de cara com um homem com uniforme militar, alto, forte.

Que fazes no meu apartamento?

Aluguei do senhor do restaurante.

Caramba é verdade, ele me avisou, te incomodas se durmo aqui, estou cansado.

Tirou sua roupa, se jogou ao seu lado na cama, ele ficou nervoso, estava só de boxers.

Mas o homem dormiu em seguida, ele acabou se relaxando, a cama era grande, mas despertou pela manhã, com o homem dormindo agarrado a ele, tentou sair de fininho, mas este não deixou, estou a horas te observando.

Lhe deu um beijo, ele se levantou correndo.  Calma camarada, isso não é assim.

Foi tomar banho, depois enquanto o outro tomava, para se relaxar, colocou café para fazer, começou a tocar uma música nova que estava estudando.   Já a conseguia tocar direto.

Quando seu deu conta o homem, estava sentado o olhando, com a toalha presa na cintura, tinham um belo tronco.

Amei, se apresentou sou Phillip, ou Phil, sou filho do Abraham, estendeu a mão, desculpe minha impertinência.

Vou me vestir, a não ser que queiras me ver nu.

Ele não estava acostumado a isso, ficou totalmente vermelho.

Ah, eres tímido, gosto disso.

Ficou totalmente nu, ao se vestir.

Ele ficou olhando totalmente excitado.  Phillip, se aproximou, lhe deu um beijo na boca, posso vir dormir contigo essa noite.

Acho que vou ter que mudar de casa, mas tinha correspondido ao beijo.

Desceram, ele abriu a porta do restaurante, este se colocou cômodo, enquanto ele colocava a maquina de café para preparar o mesmo.

Quando Abraham chegou, ficou feliz de ver o filho ali, disse que tinha acabado de chegar.

Em seguida começou a chegar gente, Phillip, colocou um avental, passou a ajudar.

Ele foi para a aula, dentro do seu horário, mas ao começar a tocar, se esqueceu do outro.

Sem que ele percebesse o professor estava o fazendo aprender as músicas de vários compositores, para ele se preparar para ser solista.

Um dia entrou na aula, viu um homem sentado no final da mesma, o professor fez um sinal de que tinham que trabalhar, que depois conversaria com o senhor.

Era uma composição bonita, ao começar, se lembrou do beijo que o Phillip tinha dado nele, sentiu que a mesma saia mais suave do clarinete.

Helmult não fez nenhuma correção, depois o apresentou ao senhor, era o diretor da orquestra sinfônica de San Francisco.

O homem disse que tinha gostado da interpretação, fez uma correção, podias tocar, esse trecho outra vez, eu gosto que essa parte, pense que estas perdendo um amor.

Ele tocou, pensando se o outro apareceria esta noite o que ia acontecer.

Perfeito.    Apertou sua mão, disse ao Helmut que depois se falaria.

Bom já agradaste ao mais importante, agora irei convidando alguns amigos para te verem tocar,

Lhe deu vários CD’S, escute essas músicas, pode ser importante para ti.

Foi uma surpresa era todos de jazz, teve que comprar um leitor de Cds porque não tinha, ficou encantado com que escutou, mas teve uma música em especial que gostou, claro havia um solo de clarineta.   Na semana seguinte, começou a aprender a tocar o saxofone, era fácil, logo em meses tocava também o Oboé, o professor ficava fascinado com um aluno, com tal potencial.

Depois de ser convidado para tocar com a orquestra Sinfônica de San Francisco, se preparou a consciência para tocar com o professor, este mandou gravar a participação dele, mandou para vários agentes, quando falou isso para ele, soltou ao mesmo que preferia que fosse ele seu agente, pois era uma pessoa em que ele confiava.

Agora que tinha dinheiro, deixou de trabalhar no restaurante, o filho do proprietário, nunca mais voltou, se mudou para outro apartamento, um pouco melhor, seguiu seu rumo, acompanhava o professor a vários concertos, a escutar jazz nos bares ou pequenos clubs de música ao vivo.  Algumas vezes era convidado a tocar com os amigos do professor.

Logo surgiram oportunidades, o professor disse que ele devia se mudar para NYC, aonde era melhor, ele tinha lá uma irmã, foi viver com ela, lhe dizia que tinha feito recuperar sua vida de antes, o lançou no mercado, logo se apresentava na Europa, era conhecido por ser um músico versátil.

No ano seguinte, fizeram uma turnê por várias cidades da Europa, ele mandava sempre para sua velha professora, notícias de jornais, programas de concertos, ela lhe escrevia para o apartamento da irmã do Helmut, assim ele sabia das notícias da mãe.  Como ele não tinha assinado direito os papeis do casamento, o pai da noiva tinha pedido devolução do dinheiro, isso gerou um conflito entre os homens que acabou em tragedia.   Seu pretenso pai estava preso.

Depois de gravar vários CDs, tanto de música clássica, como Jazz, gravou um em especial, com as primeiras músicas que tinha aprendido com a professora, só que agora ele tinha a emoção necessária.  Foi quando ganhou o primeiro Grammy.  O dedicou a ela.

Agora tinha uma banda, já tinha inclusive composições dele, o velho professor, lhe disse que já não tinha idade, para ficar indo de um lado para o outro, agora se dedicava a ser seu agente, mas com a base fixa em NYC.

Ele pelo menos tinha um bom pé de meia.  As pessoas tinha curiosidade porque nunca se ouvia falar em nenhum relacionamento.  Mas em sua cabeça tinha ficado a imagem de seu pretenso pai abusando de seu irmão, nunca tinha se livrado disso.  Mas tampouco tinha se esquecido da sensação do filho do Abraham, abraçado com ele, seu cheiro, o conforto que tinha sentido ao primeiro momento.

Quando voltou a tocar em San Francisco, foi até o restaurante, já não existia mais, tinham vendido o prédio, no seu lugar tinham construído um edifício estreito, moderno.

No dia da estreia, recebeu um ramo de rosas, dizendo, nunca me esqueci de ti, nossa noite foi incompleta, estarei na plateia.

Estava ansioso, sabia que era do Phillip, tocou com toda sua alma.

No final quando saiu, lá estava ele lhe esperando.

Saíram andando, um ao lado do outro, em silêncio, quem falou primeiro foi o Phillip, disse que seu pai o tinha visto sair do apartamento, me disse que não devia me interpor entre tu, tua música, pois um dia serias grande.   Ele tinha razão, voltei cheio de problemas, estive anos fazendo tratamento psicológico, para estar bem.  Acabamos vendendo o edifício, pois ele queria se aposentar.

Agora vivo no mesmo edifício, num apartamento no último andar, queres ir até lá comigo.

Estava nervoso, mas foi, tinha tido aventuras com mulheres, mas nunca se sentia a vontade, eram mais para se relaxar, mas a maioria das vezes, saia frustrado.

Quando estiveram os dois frente a frente, Phillip, o começou a beijar, devagar, não como tinha feito da primeira vez, sussurrou ao seu ouvido, esperei tanto por isso.

Horas depois quando estava lado a lado na cama, lhe disse que ele também tinha esperado por isso, nunca tinha amado ninguém.

Atualmente o que fazes Phillip?

Acabei meus estudos, agora tenho um consultório, atendo principalmente retornados das guerras com traumas, como eu tive.  A coisa vai devagar.

Ele agora tinha um problema, como ia fazer, pois tinha uma turnê, por vários estados, depois por último se apresentaria num concerto benéfico para a primeira-dama do pais.

Não queriam se deixar, agora ele fazia todo o possível para no seu tempo livre ir estar com o Phillip, não sabia discernir se era amor, ou simplesmente uma paixão, mas nunca tinha se esquecido dele.  Então se escapava, ia até lá para vê-lo. Estarem juntos era extraordinário.

Quase não falava, disfrutavam desse dia ou quantos pudessem estarem juntos.

Phillip veio uma vez a NYC, para ver sua participação num grande show de Jazz, depois foram para sua casa, estiveram juntos.

Pela primeira vez se dedicaram a conversar, um sentia falta do outro, Harlan soltou que as vezes conversava com ele mentalmente, sinto tua falta.

Pois temos que resolver isso, eu também me sinto sozinho, quando te vais embora, é como se ficasse vazio.

Preciso conseguir um agente em San Francisco, assim passarei a viver lá.

Mas a coisa se torceu, foi avisado semanas depois que o Phillip estava no hospital, um cliente com problemas o tinha agredido, a coisa estava feia.  Ele tinha um concerto nessa noite, disse que no dia seguinte pegaria o primeiro avião.

Nessa noite foi difícil se concentrar para tocar, mas conseguiu, o levava na alma.

Quando chegou em casa, viu uma chamada, era para avisar que tinha falecido.    Se veio abaixo, nunca tinha sentido isso, desde a morte do irmão, ficou desnorteado.   Logo em seguida, soube que a professora, também tinha partido.

Pela primeira vez se sentiu totalmente sozinho.   Mesmo assim embarcou para San Francisco, foi ao enterro, conheceu a irmã do Phillip, esta disse que ele tinha voltado de NYC, com esperança de que pudessem viver juntos.

Quase em seguida embarcou em uma turnê pela Europa, depois foi para a Asia, aonde gravou mais um CD, esse o consagrou definitivamente, primeiro porque tinha uma composição sua que se chamava Phillip, quando a tocava o público vinha abaixo de emoção.

No seguinte tinha mais duas composições sua.    Passou um tempo em Paris, aprimorando num curso da técnica de composição.

Voltou para seu apartamento, em NYC, mais uma vez levou uma cacetada, pois logo em seguida morreu o Helmut Klein, o queria como um pai, o velho professor o tinha acompanhado ao longo dos anos, tinham largas conversas, aonde lhe dava orientações para cada trabalho.

Conseguiu um agente que pudesse confiar, mas lhe pediu tempo entre os concertos, pois queria se dedicar a compor.

Fez com um grupo novo, um CD totalmente de música novas suas, uma nova faceta, alguns tinham inclusive letras, ou de textos que ele tinha usado, precisavam agora no grupo de um cantor.

Quando este faltou, ele se atreveu a cantar algumas partes da música, o público adorava.

No dia anterior de receber esse prêmio, finalmente um advogado que estava atrás dele, avisou que estaria na cidade, que tinha que falar com ele.

Lhe trazia uma carta, bem como o testamento de sua mãe, que deixava tudo para ele.

Disse ao mesmo, que verificasse se alguém queria comprar as terras, que a ele não interessava voltar.

Alugou durante o verão uma casa, em Fire Island, para poder compor em paz, era a mais distante em termos do movimento que acontecia no verão por lá.

Estava compondo uma peça para saxofone, quando ficou pronta, incluiu na mesma solos de clarinete, bem como de oboé, um dia que estava na praia, um homem veio falar com ele, se apresentou, James Marcus, estou aqui para relaxar, mas o vento me traz tua música, eu sou diretor de orquestra, estive muito doente, por não me cuidar direito, mas nunca tinha escutado essa música, por isso estou vindo falar contigo.

De quem é a música?

É minha última composição, mas ainda estou trabalhando nela, queria que fosse somente com três solistas, mas ainda me falta conjugar com o resto da orquestra.

Que dirias que me ofereço a trabalhar contigo, gostaria muito.  Gosto dessa sensação de ver uma música nascer, infelizmente não sou compositor.

Entre eles, depois de escutarem mil vezes a música, de largas conversas, começara a consolidar uma amizade que duraria anos. Se entendiam de maravilha.

James um dia soltou, eu que sou conhecido como uma pessoa que tem mal humor 24 horas do dia, contigo me sinto muito bem, creio principalmente que não assumes que eres uma estrela da música, já tinham me falado de ti, mas nunca tive a oportunidade de ver um trabalho teu, a não ser através de um CD.

Os papos era intermináveis.  Quando o trabalho ficou pronto, foram os dois a NYC, gravaram o mesmo, para apresentar para alguma orquestra, logo tiveram propostas.

Estrearam a mesma em NYC, foi um sucesso.

James, vinha de um casamento desfeito, com dois filhos pequenos, aos quais não tinha direito a ver, pois sua mulher tinha a guarda do mesmo, tinha lhe acusado de infidelidade.  Tinha levado muito tempo para se abrir com ele.   Me acusou de ser pedófilo, mas tudo não passou de uma montagem.

Seguiram sendo amigos, ele se sentia sozinho depois da morte do Phillip, mas não encontrava alguém que o pudesse fazer sentir emoção.

Os anos foram passando, tinha aventuras esporádicas, nada que o fizesse se apaixonar, as vezes não passava de uma noite.

Numa festa que tinha ido a pouco tempo, foi apresentado a um homem, diferente, era absolutamente direto.   Tua música me acompanha a algum tempo, quase não tenho tempo de parar pelo meu trabalho, agora por castigo, tive um enfarte, seu trabalho me acompanhou durante meu tempo de recuperação, eu sinto na tua música a melancolia que me acompanha a muito tempo, nunca tive tempo de amar.

Quando ia se despedir, se virou lhe estendeu um cartão, o nome era parecido Harlen Boer, adoraria que aceitasse jantar comigo, estou hospedado no hotel Plaza.

Ficou curioso, perguntou ao anfitrião, quem era esse homem.

Ele saiu do nada, construiu um império, agora depois do enfarte, esta mais calmo, é uma grande pessoa, sou seu advogado.

Telefonou aceitando o convite, mas avisou, adoro coisas simples, nada de restaurantes sofisticados.   Tem um perto de minha casa, se quiseres posso fazer uma reserva.

Assim fizeram, imaginou que ele chegaria numa limusine, mas veio de metro.

Agora faço tudo com calma, já trabalhei demais, quero desfrutar da minha vida.

Contou sua história para ele, realmente tinha saído do nada, tinha sido criado num orfanato, mas quando saiu, foi obrigado a servir ao exército, lá aprendeu informática, depois fez um curso mais amplo, começou a trabalhar, a construir programas para isso.

A muito tempo desfruto de tua música.  Acabaram na cama os dois, riram pois se encaixavam a perfeição, gostavam das mesmas coisas.   Ele lhe disse que iria de novo passar uns dias de férias na casa que tinha alugado em Fire Island, agora já é final de temporada, a casa está afastada do resto, então tenho toda calma do mundo para compor, queres vir comigo.

Foram as melhores férias de sua vida, durante uma parte do dia, os dois estavam juntos, depois cada um se dedicava ao seu oficio, mas no final do dia se sentavam para ver o por do sol na praia, abraçados, conversando.

Cada um contou sua vida, de onde tinha saído. Quando voltaram para NYC, ele comentou que tinha ido a essa festa, só porque sabia que ele ia, queria te conhecer, o homem que me faz relaxar com seu trabalho, mas não imaginava que ia me apaixonar por ti.

Montou um escritório perto da casa do Harlan, viviam juntos, ele dizia que seu apartamento era um oásis de paz, pois não tinha luxos, era simples como eles.

Depois de muitos anos juntos, inclusive ele viajava com Harlan, podia trabalhar em qualquer lugar, então aproveitavam.  Não interferiam na vida profissional do outro.

Hoje iria receber seu prêmio por seu último trabalho, logo de manhã, teve uma surpresa, Harlen lhe pediu em casamento, queria adotar, ter filhos, para quem deixar a fortuna que tinha conseguido, senão não terá válido a pena.

Harlan ficou olhando para ele, nunca tinha falado nisso, ficaram se olhando, casar contigo quero, mas o de adotar, terei que pensar um pouco. Se me dás tempo, creio que podemos chegar a uma conclusão.

Acabou de se arrumar, iam os dois juntos, se sentaram entre os convidados de honra, nunca tinha estados assim juntos numa cerimônia.

Ele não estava prestando a atenção no espetáculo, aplaudia, na hora que os outros aplaudiam, mas sua dúvida era justamente se seria um bom pai, todas seus recordações, sempre se ligavam ao homem que tinha vivido com sua mãe, que tinha abusado de seu irmão.  Hoje durante o espetáculo tinha uma música que tinha trabalhado muito com o James, se chamava “Querubim”, era dedicada ao seu irmão, atualmente vinha sonhando muito com ele.

Na hora que o chamaram, recebeu o prêmio começou dedicando ao seu irmão, a todos os que tinham ajudado em sua carreira, inclusive falou pela primeira vez no seu primeiro amor, mas hoje recebi uma proposta, que na verdade são duas, olhou para o Harlen, sorriu, disse aceito tua proposta.

Mas não disse o que era, todos estavam em cólicas por saber, mas ele não disse nada.  Meses depois se casaram na intimidade, seu padrinho era o James, o do Harlen era seu melhor amigo.

Depois foram até o orfanato aonde ele tinha sido criado, que ajudava sempre, dando dinheiro para seguir em pé.

Quando Harlan entrou, viu um garoto, sentado num piano desses de criança, mas o que ele achou incrível, era que ele realmente tocava uma música, se sentou ao seu lado, tirou sua clarineta da caixa, que sempre estava com ele, o montou, começou a acompanhar o garoto, quando este o olhou, tinha a sensação de estar vendo seu irmão.

Foi o primeiro a ser adotado, era como seu irmão, loiro com cabelos cacheados, ficou sendo seu filho, depois Harlen adotou uma menina, ao final tinham cinco filhos.

Se manejavam bem, ele agora fazia menos viagens, se dedicava a compor na casa grande que tinham, pela primeira vez era feliz, sem problemas.

Seu filho, se tornaria com os anos um grande pianistas, outro seria médico, a menina seria uma escritora, os outros dois iriam substituir futuramente o pai nos negócios.

Os dois seguiram juntos, não claro como num desses romances, viveram felizes, comeram perdizes, mas sim lutavam para levar sua família unida para frente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

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