UP
Jack foi meu companheiro desde a
primaria, vivíamos uma casa na frente da outra, nossos pais trabalhavam no
banco da cidade, não era muito grande, mas era um lugar típico americano, com
casas bonitas.
Um belo dia como se o mundo
tivesse vindo a baixo, meus pais foram de viagem, estavam de férias, antes de voltarem
estourou um escândalo, acusavam o pai do Jack de ter desviado dinheiro do banco
para roubar os fazendeiros, o pessoal que depositava todo seu dinheiro nesse
banco, seu pai, como subgerente convencia os clientes de se arriscar em
aplicações, que se esfumaram da noite para o dia. Enquanto investigavam, ficou fechado em
casa, lhe dava vergonha sair na rua.
Como meus pais estavam de viagem,
Jack ficou lá em casa, estava muito abalado, não acreditava de maneira nenhuma
que seu pai fosse capaz disso. Eu
concordava com ele, tínhamos ido de acampadas com ele sempre, era um sujeito
que podias conversar qualquer coisa, ao contrario da minha casa, que certos
assuntos eram tabu.
Com meus pais falar de sexo, era
como falar do pecado, falta de educação, ou não era politicamente correto.
Tudo que aprendi de sexo, aprendi
com o Jack, nos descobrimos juntos, fizemos sexo desde os 14 anos. Para os padrões eu era um tipo bonito,
sempre iria esbarrar nisso, mas claro usava óculos, não jogava futebol
americano, tampouco basquete, só era bom em natação, os dois erámos bom nisso,
disputávamos sempre quem ia ganhar. Na
piscina o que gostávamos era de mergulhar de um lado, sair do outro. As apostas, eram, quem perdia tinha que dar um
beijo no outro.
Quando tudo isso aconteceu, eu
fiquei protegendo o Jack, afinal era meu amigo, enquanto não se provasse que
seu pai efetivamente era o culpado, mas era difícil cidade do interior, as
pessoas que pareciam boas se transformavam em feras.
Voltamos para casa, ele sabia que
sua mãe que trabalhava no hospital estava dando um duro danado, pois além do
ser rechaçada, tinha que trabalhar de qualquer maneira. A porta estava aberta, se escutava uma
discussão tremenda, alguém, reclamava que tinha perdido todo seu dinheiro
economizado, para sua aposentadoria.
Escutamos o ruído de uma pessoa
caindo, quando chegamos ao salão seu pai estava no chão cheio de sangue, uma
pessoa saia pela porta da varanda. Eu
sabia quem era.
Chamei a delegacia, nem cinco
minutos, apareceu o xerife, quando se colocou de costa para mim, tirei sua
arma, bem como as algemas, o prendi.
Quis reclamar, mas lhe disse, eu
te vi matando o pai do meu amigo.
Ele relaxou os ombros, em seguida
apareceu um inspetor que estava ali, justamente investigando esse caso. Ficou admirado, lhe contei que tinha visto o
xerife sair pela porta da varanda, levava o objeto com o qual tinha golpeado
muitas vezes o homem que estava ali caído, nisso chegou à ambulância, mas já
não podiam fazer nada.
Sai com o inspetor, lhe disse que
o xerife não tinha tardado nem cinco minutos em chegar, então a arma do crime
tinha que estar por ali. Todas as casas
desse quarteirão, tanto de um lado como o outro, ficavam de costa para uma
pequena floresta.
Saímos os dois andando, buscando
alguma coisa, quem a encontrou fui eu, já quase no final, aonde imaginei que
ele tinha recebido o chamado.
Quando voltamos, ele confessou,
lhe faltavam pouco tempo para a aposentadoria, o pai do Jack o tinha convencido
de aplicar esse dinheiro, agora tinha evaporado. O dinheiro depositado o banco tinha um
seguro, mas esses aplicados não. Ele
ainda estava furioso, o inspetor comentou, mas eu te expliquei a culpa não é
dele, ele fazia somente seu trabalho, se olhas esta casa, é uma casa normal, nunca
saia da cidade, então se roubou acabas de tirar a possibilidade de descobrirmos
aonde está o dinheiro.
Justo nessa hora chegavam meus
pais de viagem, se assustaram muito, afinal o inspetor era do FBI, meu pai
devia começar a trabalhar no dia seguinte.
Como vi os dois nervosos,
perguntei a minha mãe, por quê?
Claro seu pai trabalha no banco,
será interrogado, essas coisas deixam qualquer um nervoso.
Nessa noite Jack ficou com sua mãe
que estava inconsolável, dormiriam na casa de seus avós maternos que viviam na
cidade.
Depois de comer, sentia um cansaço
incrível, muito sono, fui para a cama, dormi como uma pedra, então não vi o que
acontecia, apenas poderia deduzir depois.
Os dois limparam a casa inteira, levaram num furgão que sempre estava na
garagem, tudo que havia de valor na casa, coisas que eu imaginava inúteis, mas
que pelo visto tinham valor. Quando
despertei de manhã, tinha um bilhete preso na minha camisa do pijama. Tudo que tinha escrito era, perdão, um número
de telefone, falar com Karen Kingshot, não tinha ideia de quem era.
Desci, a casa estava completamente
vazia, com muitas coisas fora de lugar, nem sombra dos dois. Levei um susto, tive que sentar-me para fazer
uma exercício de respiração.
Nisso chegou o Jack, ficou tão
assustado como eu. Em minha cabeça se formava
uma ideia, a casa era a ultima da rua, depois fazia uma curva, se saia na
estrada principal, nem uns dez quilômetros depois, se estava numa autovia que
tanto se podia ir para NYC ou para Chicago.
Ele me disse, telefone.
Chamei, a voz que atendeu estava
sonolenta, disse quem era, Jess Trinyt, bom dia meu filho, o que foi que
aprontaram?
Lhe disse que tinham desaparecido.
Chame a polícia, avise que estou a
caminho, sou tua tia.
Nem sabia que tinha uma tia, nunca
se falava em nada a respeito de família.
Para me distrair, fui arrumar
minha cama, embaixo do travesseiro, tinha um envelope só com notas grandes
muito dinheiro. Desci, pedi ao Jack que
chamasse o inspetor, fui correndo ao meu esconderijo, guardei esse dinheiro lá.
Quando ele chegou contei o que
tinha acontecido.
Merda, cheguei tarde, só hoje verificaram
os dados dos dois. Fazia muitos anos
que não davam um golpe.
Eu não me lembrava de nada disso,
minha lembrança mais antiga, era chegando a esta cidade, a esta casa, devia ter
uns seis ou sete anos, era como se tivesse borrado tudo anteriormente para me
proteger.
Lhe disse que minha tia estava a
caminho, lhe dei seu número de telefone, bem como seu nome, ele disse a grande
Karen é tua tia.
Eu nem sabia quem era, tampouco
porque era grande.
Não sabes quem é tua tia, me
perguntou o inspetor Klaus?
Menor ideia, nessa casa nunca se
falou de família, parentes nada, havia muitos temas tabu, certas coisas não se
falava.
Tua tia Karen, é uma grande
estrela da Broadway, canta, dança faz coisas incríveis.
Não tinha a menor ideia, de
qualquer maneira telefonou, ela disse que estava justo saindo de casa, que
chegaria assim que possível.
Ficamos os dois ali sentados. Ele me perguntou se eu sabia que lugar meus
pais tinham ido de férias enquanto acontecia tudo isso.
Minha resposta o deixou
impressionado, quando lhe disse que isso era um dos temas tabu, não devia
perguntar aonde iam, tampouco depois se falava no assunto. Cada oportunidade, viajam, mas nunca me
levaram com eles.
Temos quase certeza que foi teu
pai, que levou todo o dinheiro do banco, ele já fez isso várias vezes, mas
depois troca de nome.
Fiquei com o Jack, sentado na
varanda, ele poderia agora me odiar, pois meu pai era culpado da morte do seu.
Jamais pensaria algo de ti, como
me defendeste dizendo, que eu não sabia que meu pai era culpado, por isso não
se podia condenar.
Estava arrasado, eram duas pessoas
frias, não me tratavam como via os pais do Jack fazer com ele, carinho, nada a
respeito.
O Inspetor Klaus, deixou um guarda
conosco, foi ao banco, pois estavam revisando o gabinete de meu pai.
Não entendia por que tinham me
deixado para trás, nenhuma família faz isso com seus filhos.
Quando chegou minha tia, numa
limusine, ficamos os dois de boca aberta, desceu, quando o chofer abriu a porta
para ela, na minha cabeça estalou, agora me lembrava dela, numa reunião em seu
apartamento, quando me indicava os que pensava que eram meus pais, dizendo que
cuidariam de mim.
Fiquei em pé, sem saber o que
fazer, me abraçou me beijou, despenteou meus cabelos, lhe apresentei o Jack.
Ela estendeu a mão para o
policial, que estava de boca aberta, diga-se de passagem que era uma mulher
especial, não só porque era bonita, mas sabia ser agradável.
Nos sentamos na sala, o policial
tinha ido avisar o inspetor.
Lhe contei o que tinha acontecido,
que tinham matado o pai do Jack, talvez por culpa do meu.
Ela cortou pelo sano, eles não
eram, nem nunca foram teus pais. Ela é
minha irmã, como estava casada, pedi que cuidasse de ti. Tua verdadeira mãe, era nossa irmã pequena
que morreu, quando tinhas 3 para 4 anos.
Foi quando soubemos que existias.
Os dois, nunca foram de confiança,
como ia fazer um filme fora, pedi que cuidasse de ti, mas desapareceram. Quando voltei, não estavam mais, como tudo
de valor do meu apartamento tinha desaparecido, te levaram junto, fiz uma
denúncia, mas nunca encontraram nada.
Qual o sobrenome que usas?
Lhe disse meu nome, Jess Trinyt.
Claro com esse sobrenome, que não
é verdadeiro, teu nome é André Kingshot, como o meu.
Nisso chegava o inspetor Klaus,
foi galante com ela, inclusive beijou sua mão, falando que era apesar das circunstâncias
um prazer imenso em conhece-la.
Ela lhe contou toda a história, eu
não era filho dos dois, inclusive meu nome não era esse, não podia imaginar
aonde estavam.
Foi a França fazer um filme,
quando voltei, minha casa estava basicamente vazia, venderam tudo,
desapareceram, inclusive com o menino, que é filho de minha irmã menor que já
morreu.
Me culpei mil vezes por ter
confiado neles, fiz a denúncia, mas nunca os encontraram.
Perguntou se podia ficar hospedada
na casa. Estavam nesse momento
revistando seu quarto, bem como o resto da casa.
Jack estava assustado, ela o abraçou, coitado, perder seu pai, por culpa desses
dois, avise sua mãe que arcarei com todas as despesas do enterro.
Acho que minha mãe, nem tem
condições psicológicas disso.
Tia Karen era uma mulher
diferente, assumia o mando das coisas, ia delegando tudo. Perguntou aonde estava o cadáver, chamou seu
chofer, disse para ele contatar a funerária da cidade, ver o que se podia
fazer.
Depois foi com eles, falar com a
mãe do Jack. A coitada estava meio
catatônica, já era duro antes, agora era pior.
Mas seu avô disse que a ajudava a
preparar tudo.
Nos dois tínhamos um exame, fomos
para a escola, fizemos o exame em sala separada dos outros alunos, pois o
diretor temia alguma coisa contra nós dois.
Eram os últimos exames que
tínhamos que fazer. Os dois éramos os
alunos mais brilhantes da escola, tínhamos a possibilidade de ir para qualquer
universidade, pelas nossas notas, já tínhamos mandado o curriculum para muitas.
Agora teria que pedir para a
escola trocar meu nome em tudo, teria que fazer o processo todo outra vez, o
inspetor Klaus disse que me ajudaria, o FBI, iria contatar as universidades
para saber como proceder.
Jack estava aterrado, não tinha
dinheiro para isso, a muito tempo estávamos os dois trabalhando, depois das
aulas para conseguir algo de dinheiro para ir, tudo bem teríamos bolsa de
estudos, mas necessitávamos dinheiro para o que fosse necessário.
Depois do enterro, parece que a
mãe dele entrou em razão, nos sentamos os quatro, ela queria ir para o mais
longe possível, pois se já estava difícil, achava que agora seria pior.
Seguiriam considerando que seu pai
era culpado, por ter convencido as pessoas, mas esse era seu trabalho. O banco devolveria o dinheiro depositado,
mas não o dinheiro que estavam em aplicações.
Meu pseudo pai tinha limpado o
banco, nunca entenderia por que tinha voltado.
Ou será que tinham alguma coisa escondida na casa.
O FBI descobriria depois, que a
casa, estava cheia de pequenos cofres, escondidos nas tomadas elétricas nos
rodapés, mas tudo tinha desaparecido.
Eu ficaria para conseguir os
papeis novos, quando estivesse tudo pronto, iria para NYC, na casa da minha
tia, para definir o que iria fazer de minha vida.
A mãe do Jack tinha conseguido um
emprego, num hospital da Marinha, em San Francisco, com isso nos
separávamos. Estávamos os dois
chateados.
Minha tia para ajudar, deu um
cheque num valor alto para eles começarem a vida lá. Como Jack tinha bolsa de estudos, a
universidade o aceitou.
Eu fiquei para trás sozinho. Fiquei uns dias hospedado no pequeno hotel ao
lado do quarto do Inspetor Klaus. Ele
era super amável comigo.
Quando tudo ficou pronto, nos
sentamos, me disse, você tome cuidado, pois podem tentar se aproximar de ti,
proteja tua tia, que é uma boa pessoa.
Mas tente borrar tudo isso da tua cabeça, comece vida nova, no final
soltou, toda essa baboseira não ajuda muito, mas tente.
Me deu o número de seu telefone
particular, qualquer coisa me chame.
Fui buscar minha caixa escondida,
mas não a abri, enfiei no fundo da minha maleta, tive que comprar uma, separei
a roupa que gostava, para uma nova vida, fotos minhas e do Jack juntos desde
garotos, eu já sentia falta dele, me faria falta sempre, pois com ele falava de
tudo.
Nunca mais encontrei um amigo como
ele.
Dei graças a deus ir embora, pois
nos últimos dias, tínhamos sido agredidos verbalmente em todos os lugares que
íamos, éramos como dois malditos.
Nos despedimos, iam no carro da
sua mãe, com um desse reboques que levavam tudo que podiam de sua casa. Ficamos abraçados, muito tempo, não podíamos
nos beijar.
O inspetor disse que gostava da
nossa amizade.
Lhe contei que erámos amigos desde
que tinha chegado a cidade, meu único, além de melhor amigo.
Depois avisou minha tia, que
mandaria alguém me buscar na estação de ônibus.
Apertou minha mão, gostaria de ter tido uma amizade como a de
vocês. Fiquem em contato. Nos veríamos anos mais tarde.
No ônibus fui ruminando, ele tinha
feito contato com as Universidades, agora eu teria que escolher.
Quando cheguei a NYC, lá estava o
fiel escudeiro de minha tinha, Charles Loutgon, a quem eu chamaria as vezes de
James.
Abriu a porta detrás do carro, mas
me neguei a sentar atrás, queria olhar a cidade, me sentei ao seu lado na
frente, ele ria, tua tia as vezes faz isso, diz que quer olhar os lugares.
Ela vivia num edifício enorme, não
era o que eu conhecia, o homem que abriu a porta, era seu marido, a quem com os
anos, consegui ter um bom relacionamento.
Me apertou a mão dizendo que era
bem vindo a sua casa, pode me chamar de Peter, meu nome é Peter Brown.
Tua tia ainda está dormindo, teve
uma festa ontem do encerramento do espetáculo que esta fazendo, venha vamos
tomar café. Nos sentamos no que viria
ser sempre meu lugar favorito no apartamento, a biblioteca. Ele riu que eu
ficasse olhando tanto livros, alguns são falsos, os meus estão deste lado,
sinalizou os que eram dele, livros normais, de arquitetura.
Sou arquiteto, o que queres
estudar afinal.
Pois pensei em matemática, bem
como arquitetura, gosto de imaginar construir coisas.
Então já tenho alguém para
trabalhar comigo. Não me disse para
mim, ou meu empregado.
Quando ela se levantou, os
empregados ainda estavam acabando de arrumar as coisas fora de lugar da festa
da noite anterior.
Peter disse que lá pelas tantas,
se fechava no quarto, colocava uma coisa no ouvido, ia dormir, hoje fiquei
porque queria te conhecer.
Almoçamos os dois, enquanto ela
tomava o café da manhã. Só me disse,
sempre é assim.
Adoro dormir até tarde, há não ser
que haja necessidade de um ensaio ou coisa assim.
Tenho que aproveitar, pois dentro
de uma semana começo a ensaiar um novo trabalho.
Já vejo que conversaste com o
Peter, está contente que goste de arquitetura.
Depois nos sentamos os três na
biblioteca, quando pedi que minha irmã cuidasse de ti, foi pelo tipo de vida
que levo, levantar tarde, comer em horas diferentes, nada saudável para uma
criança. Podes ficar aqui se quiseres,
mas Peter tem uns pequenos apartamentos, pela cidade que aluga, também a partir
da universidade que decidas, poderás escolher.
Respondi prontamente, eu gosto da
vida simples, gosto de estudar, calma para me concentrar.
Honestamente pensei na
Universidade de NYC, tenho a bolsa de estudos, mas terei que arrumar um emprego
de meio dia para ganhar algum dinheiro.
Nada disso, quanto muito o Peter
pode arrumar para trabalhares no seu escritório.
Venha me disse ele, deixamos tuas
coisas no quarto por enquanto, depois saímos por ai, vou te mostrar a
Universidade, eu estudei lá, depois fiz pós graduação na Sorbonne, que vale a
pena também, amanhã podemos ir a Universidade, para olhares, ali perto tenho
dois apartamentos pequenos, que podem te agradar, mas nos domingos te quero
aqui, para almoçar, isso eu não abro mão.
Teria que comprar algo de abrigo,
pois o meu estava velho, era da mesma altura dele, se quiseres depois olhe meu
vestidor, pode ter alguma coisa que te agrade.
Adorei o escritório, me apresentou
a todos como seu sobrinho, que se eu gostasse poderia trabalhar ali com eles,
me apresentou seu braço direito, um descendente de japonês, estava trabalhando
num projeto para um pequeno museu nos palacios de um árabe. Me mostrou o projeto, fiquei ali com ele,
Peter foi para seu escritório. Tadeus Ado,
foi me explicando seu conceito, depois terei que desenhar os moveis de
interior, isso é sempre mais complicado.
Me passou os cálculos de
estrutura, eu comecei a olhar, a matemática sempre me tinha fascinado, comecei
a fazer imediatamente os cálculos mentalmente.
Apontei a um, lhe dizendo creio que aqui tem um erro. Veja, peguei um papel, comecei a fazer os
cálculos com ele me olhando. Embora não
sabia como se pesa os cimentos, há um desequilíbrio entre estás estruturas.
Ele ficou me olhando, chamou um
rapaz, de uns trinta anos, venha ver uma coisa aqui no teu cálculo. Não disse que tinha sido eu que tinha notado,
o mesmo me olhou de cima para baixo, como dizendo que faz esse fedelho aqui.
Quando apontou o erro, começou a
revisar o que eu tinha feito. Foi buscar seu erro de calculo do projeto,
realmente a diferença era forte.
Pelo visto estivestes de festas
todo o final de semana, verdade?
Mandou que ele revisasse todos os
cálculos. Fomos a sala do meu tio, este
tinha visto a movimentação mas não tinha se aproximado. Tadeus soltou, não me disseste que esse
garoto era um gênio, bastou olhar um calculo para achar um erro.
O filho do teu amigo, vive de festa,
depois aqui está sempre como um sonâmbulo.
Tadeus, comentou que eu devia realmente fazer o que tinha pensado,
matemática bem como arquitetura, sempre faltam pessoas que gostem de calculo de
estrutura, nem sempre todos sabem usar, além é claro de analisar.
Peter pediu se o Tadeus, podia dar
uma volta comigo pela Universidade.
Claro, que sim depois que salvou o
meu projeto, tudo. Tinha um sentido de
humor, que nos uniu para sempre.
Tudo é claro me parecia grandioso,
pois lhe expliquei que em comparação minha cidade é pequena. Quando voltamos para o escritório, Peter
atendia uns clientes, fiquei olhando com ele o projeto. Vi um espaço, lhe perguntei o que seria ali?
Ainda não sei, pensei num jardim,
mas claro estamos falando em um lugar mais para o deserto.
Pelo que li, as palmeiras de
datiles, são as que mais aguentam nesses lugares mais secos, mas creio que
terias que abrir um espaço em cima, para que recebam a luz do sol, como uma
claraboia. Contei para ele, que gastava
dinheiro nas revistas de arquitetura, desde que tinha pensado em estudar a
mesma.
Amanhã te mostro o que vou
desenhar a partir da tua ideia.
Quando Peter saiu, foi me mostrar
o apartamento. Ele achava pequeno, mas
eu o vi perfeito para mim, era um quarto sala, banheiro uma cozinha americana,
o salão poderia montar como um lugar para estudar, trabalhar.
Bom falo com tua tia, mas tome
cuidado, ela vai querer decorar para ti, sabes como é.
Não se preocupe, tenho minhas
economias, venho trabalhando a tempo, nunca gastei o meu dinheiro a não ser em
revistas de arquitetura.
Terei muito que aprender como
Tadeus.
Não diga nada a Karen, mas amanhã
mesmo começo a mobiliar o apartamento, mas não me disseste o preço do aluguel.
Nada.
Como nada, nada disso faço questão
de pagar, pois trabalhando poderei fazer isso, tenho minhas economias.
Peter não sabia o que fazer, me
informarei, te pagarei o preço que todos pagam.
No dia seguinte, saiu cedo de
casa, ali por perto conseguiu uma cama de segunda mão, um cadeirão para a sala,
a mesa de estudos, uma cadeira dessas com rodas, comprou roupa de cama, bem com
um edredom para o frio, quando estavam colocando tudo no apartamento, viu um
rapaz saindo do apartamento ao lado, se apresentou como novo inquilino, desculpe
perguntar mas quanto pagas de aluguel.
O outro disse o preço que pagava,
não sei se sabes mas embaixo há maquinas de lavar e secar roupa, venha que lhe
mostro. O outro também estudava na
universidade, iam coincidir nas aulas de matemática. James Crowding, apertaram as mãos ainda não
estava acostumado a usar seu nome verdadeiro, André Kingshot.
Teria que perguntar na primeira
oportunidade a sua tia, sobre sua verdadeira mãe.
Comprou também roupa que já deixou
no armário do apartamento.
Viu um banco ali perto, depositou
o dinheiro que sua tia/mãe tinha deixado no envelope, era muito dinheiro, não
sabia a origem do mesmo, anotou num caderno, para ficar esse valor sempre
guardado, nunca se sabia o dia de amanhã.
De tarde foi para o escritório,
Tadeus mostrou a modificação, lhe ensinou como calcular o peso disso, bem como
seria construído. Temos no escritório,
depois te apresento, uma equipe de engenheiros, que cuida das construções, mas
eu sempre acompanho a mesma.
Foram tomar um café juntos,
ficaram conversando. Tadeus disse que
vivia num outro apartamento do Peter, dois depois do dele.
Gostava demais da camaradagem do
Tadeus, disse que sentiria muito a falta do seu amigo de toda vida, mas que ele
ia estudar do outro lado do pais.
Quando chegou em casa, viu uma
correria desgraçada, sua tia dava um jantar, lhe perguntou se não tinha um smoking
para isso.
Olhou sério para ela, sinto muito,
mas pensava em me mudar agora a noite, um dia virei aqui para uma festa tua
como convidado, embora soubesse que estava mentindo.
Pegou suas coisas, encontrou Peter
na biblioteca, disse que ia estrear seu apartamento, não estava para
festas. Escreveu num papel, o valor do
aluguel, basta me dizeres aonde deposito o dinheiro, depois precisamos
conversar quanto vais me pagar para trabalhar no escritório.
Ele, riu, gosto de ti por isso,
fazes bem em escapar, eu ia adorar, mas ela me mataria.
Quando saiu cruzou com os
primeiros convidados.
Chegou ao apartamento, deixou suas
coisas, saiu para comer alguma coisa ali perto, viu Tadeus com um grupo, este
lhe acenou, para se juntar a eles.
Preciso de paz, Tadeus, amanhã nos
vemos, só vim comprar alguma coisa para comer.
Se despediu educadamente de todos,
pegou sua encomenda foi para seu novo lar.
Sentou-se na mesa, escreveu uma
carta longa para o Jack. Falando como
sentia a falta dele, perguntava como se estava apanhando.
Assim seriam sempre as cartas
semanais que iriam trocar durante anos, até que foram se distanciando, quando o
Jack contou que estava com alguém.
Ele ao contrário, tinha percebido
que os amigos do Tadeus eram gays, mas não comentou nada no dia seguinte, como
ainda ia demorar para começar as aulas, trabalhava o dia inteiro, sempre tinha
alguma coisa para fazer, quando não, analisava cada detalhe do projeto do
Tadeus.
Este tinha lhe perguntado por que
não quis ficar na mesa com eles.
Uma larga história que ainda estou
digerindo, um dia deste te conto.
Tadeus comentou que Peter tinha
mandado ele mesmo combinar o salário, respirou tranquilo, daria para viver.
Sua rotina era sempre a mesma,
chegava de manhã, começava a trabalhar, como Tadeus necessitava, começou a
desenhar o projeto, para poder apresentar, conforme iam acertado, desenhou em
vários ângulos.
Tadeus disse que chegava ao curso
com alguma dianteira, mas seja humilde como eres comigo.
As vezes saia para comer com ele,
conversavam.
Tadeus lhe perguntou, normalmente
uma pessoa como tu, que é sobrinho do patrão, chega achando-se o máximo, mas
não tu eres um tipo normal.
Essa é a coisa, eu era um tipo
normal até a pouco tempo, se fosse realmente como devia ser, estaria me fartado
nas festas da minha tia, chegaria tarde para trabalhar, mas minha vida não era
assim até pouco tempo.
Acabou contando para ele, porque
tinha confiança, toda sua história, eu na verdade não consigo descobrir ao fundo
da questão, pois cada vez que toco no assunto com ela, escapa.
Fale com teu tio, ele é um tipo
diferente.
Perguntou ao Peter o que sabia de
sua origem?
Bom sei que eram três irmãs, tua
tia é a mais velha, foi a que veio para fazer sucesso, a mais bonita, cantava,
dançava, etc. A segunda, que passava por
tua mãe, logo se arrumou com esse tipo, aparecia, desaparecia, vivendo por todo
o pais. A pequena, que era a menina dos
olhos de tua tia, só sabia dançar. Foi
uma das garotas da Radio City, um dia se enrolou com um sujeito que ninguém
sabe quem é, ficou um tempo fora, um dia voltou contigo nos braços, morreu logo
em seguida, foi quando a outra reapareceu, pelo que se disse esfregou na cara
de sua tia que era casada. Foi quando
necessitou que ficasse contigo, para ir filmar na França, quando voltou tinha
desaparecido, te procurou por todos os lados.
Ela não é uma pessoa de mostrar
afeto por ninguém, mesmo comigo, as vezes me faz um carinho furtivo como chamo,
nem sei por que se casou comigo, podia ter se casado por qualquer um que fosse
apaixonado por ela. Mas diz que fui o
único que lhe inspirou confiança.
Na verdade no mundo em que vive,
nunca se sabe em quem confiar, muitos se aproximam por interesse.
Na época que desapareceste, pensou
que iriam pedir um resgate por ti, mas isso não aconteceu, o inspetor Klaus,
crês porque lhes dava um ar distinto, compunham uma família, a quantidade de
dinheiro que retiraram desse banco foi enorme, mas localiza-los fica difícil,
devem ter mudado de nome viver na surdina.
O tempo passou, sua formatura foi
concorrida, pois se formava nas duas que tinha escolhido Cum Laude, era um dos
mais promissores. Agora trabalhava com
Tadeus lado a lado, desenvolviam os projetos juntos.
Estavam metido num novo, seguindo
seu instinto, tinha visto um documentário sobre a região aonde ia ser
construído um centro de lazer.
Perguntou ao Tadeus se tinham
pedido uma análise geológica da região, mostrou para ele o vídeo, creio que
esse local apesar de ser maravilhoso não se poderia construir.
Foram os dois até lá para darem
uma olhada.
A ideia era que ficasse em cima de
um penhasco, mas pensavam os dois que isso era uma montanha de pedra, chegaram
justamente num dia de tormenta, ficaram observando como as ondas comia o
penhasco.
Tens razão prestas mais atenção
nas coisas do que eu. Falaram com
Peter, esse com os donos do local, insistiam no local.
Peter se reuniu com eles, aceito sugestões,
os dois estavam de acordo que caíssem fora do projeto.
Foi construído no local, anos mais
tarde teria que ser fechado por motivo de segurança.
Nessa ocasião Tadeus tentou se
aproximar dele.
Pediu desculpas, mas não sentia o
mesmo que ele, sinto um respeito por ti imenso, confio em ti, sabes disso, mas
não estou preparado para dar nenhum passo a respeito.
Foi nessa altura que reapareceu Klaus.
O encontrou por um acaso na casa
de sua tia. Esteve sentado conversando
com todos.
Tinham dado um golpe no Alaska, quase
conseguimos pega-los, escaparam por pouco.
Lhe deu um estalo na cabeça, uma
vez que foram viajar, quando voltaram ela esvaziando os bolsos, tirou uma caixa
de fosforo de algum lugar, jogou no lixo, eu fiquei curioso, guardei a caixa, é
de um casino.
Na minha lógica, se ganham tanto
dinheiro, porque voltam a fazer o mesmo.
Minha tia não gostou muito da conversa, mudou o rumo. Quando desci, ele estava me esperando, acho
que tua tia de alguma maneira, tenta proteger a irmã.
Eu não, nunca foram pais para mim,
me tratavam como se trata uma pessoa desconhecida, nunca nenhum carinho ou
afeto, nenhum elogio, nada.
Afinal, conseguiram provocar a
morte do pai do Jack, que não tinha nada a ver com o assunto, pelo que entendi,
alguém sempre leva a culpa no lugar deles, só depois se descobre que não são
culpados.
Desta vez se deram mal, pois o
sujeito que ia levar a culpa, desconfiou, faziam muita pressão em cima do
mesmo, na verdade foi ele que os denunciou.
Venha comigo, tenho guardado essa
caixa de fósforo, é de um casino Índio, ou seja não é tão concorrido com Las
Vegas, talvez se sentissem mais seguros por isso.
Na hora de se despedirem, lhe deu
vontade de abraçar o Klaus. Esse
percebeu, fez um gesto.
Ainda comentou, temos seguido teu
amigo Jack, as coisa não lhe vão bem, creio mesmo que se perdeu. Tudo isso fez alguma coisa em sua cabeça,
que ele mesmo não entende. Meses atrás foi preso com drogas, acabamos sabendo por
que se tornou violento.
Jack violento, impossível.
Lhe deu a direção aonde vivia. Tinha
férias, antes de embarcar para estudar dois cursos na Sorbonne, um de
paisagismo, outro completamente diferente, que era cálculos de estrutura em
terrenos perigosos.
Tadeus se ria disso, faz parte da
tua personalidade, um lado amável, outro escondido.
Quando chegou a San Francisco, foi
procurar o Jack. Já não vivia nesse
endereço, tinha sido expulso por não pagar o aluguel. Um
rapaz que o escutou falando com o porteiro, lhe seguiu, lhe disse aonde podia
encontrar.
Lhe deu lastima quando o viu,
parecia muito mais velho do que era, ficou olhando para ele, um tempo, até o
reconhecer, começou a chorar, estava de ocupa num lugar horrível.
Telefonou para o Klaus, que estava
justo em San Francisco organizando uma força tarefa para fiscalizarem os
casinos.
O ajudou, internaram o Jack, num
centro de recuperação, antes de ir embora, o encontrou mais centrado.
Te encontro, em seguida te perco,
lhe contou que tinha que ir, fazer esses dois cursos.
Ele lhe perguntou se tinha alguém?
Jamais Jack, foste a única pessoa
que amei, não sinto capacidade de amar a muito tempo, tentei essa coisa dos
encontros de uma noite, mas não era o mesmo.
Na verdade perdemos o que sentíamos um pelo outro.
Eu fui passando de mão em mão,
procurava por ti, pelo meu pai, uma pessoa que pudesse ser minha amiga, veja
aonde fui parar. Minha mãe, conseguiu se
recuperar, construir outra família, mas se fartou das minhas confusões, diz que
sou um adulto, que tenho que arcar com os meus problemas.
Mas eu volto meu amigo,
recupere-se, que eu volto.
Uma última coisa, minha mãe sempre
falava da família de vocês, dizia que nunca tinha visto uma família que tratava
o filho como se fosse uma estampa, só te abraçavam se tinham alguém na frente
deles.
É uma verdade, me usaram para
enganar os outros, mas creio que existem coisas que nunca irei descobrir.
Antes de ir embora, pediu um favor
ao Klaus, se ele podia descobrir se existiam uma terceira irmã realmente a que
diziam que era sua mãe.
Verei o que posso fazer, lhe deu o
contato do lugar que ficaria hospedado em Paris, se tiveres tempo ou umas
férias venha me ver, com vontade de novo de o abraçar.
Chegar a Paris de uma certa
maneira lhe fez bem, era como estar longe de tudo isso, como se não tivesse que
olhar para trás.
Começou o curso, eram todos
estrangeiros, saiu com alguns, mas queria descobrir a cidade sozinho, não
sentar-se num Bistrô encher a cara de vinho.
Gostava do vinho, mas queria absorver a cidade, primeiro o tipo de
construções que se faziam na época, depois visitou a parte moderna da cidade La
Defense, ali apreciou as modernas construções.
Um dia escutou um dos professores,
falando com um grupo de alunos de outra turma, sobre uma empresa dedicada a
restauro desses edifícios antigos, alguns os apartamentos era tão grandes que
podia de um fazer dois ou três grandes.
Falou com ele, gostaria de
trabalhar um tempo com essa gente.
O professor, leu seu curriculum, telefonou
para uma pessoa, vais falar com Jean-Marc Ferrét,
Lhe deu a direção, o horário que o
esperavam.
Era um edifício antigo, todo
remodelado por dentro, transformado em escritórios, na Avenue Foch, ficou com a
boca aberta. Um homem lindíssimo parou
ao seu lado, dizendo, fecha porque entra mosca.
Não podia imaginar que esse lugar
por fora, uma fachada normal, por dentro um lugar fantástico.
O homem entrou cumprimentado todo
mundo, ele se apresentou na portaria, lhe levaram ao último andar, uma sala de
espera fantástica, uma mistura de móveis antigos, com coisas modernas por cima.
Quando entrou o homem que tinha
falado antes, estava de costas, falando com alguém por telefone, ficou
admirando o escritório era a mesma coisa, uma mistura de duas épocas, uma
parede de cristal, dava uma um jardim, um lugar para se amar, pensou.
Quando o homem o viu, sorriu,
pediu um instante, para terminar a ligação, o escutava dizendo, que faça uma
exploração escavando em volta, pode ser que essa entrada que aparece na planta
baixa, esteja escondida embaixo disso tudo.
Ele se apresentou, Jean-Marc
Ferrét, ele disse seu nome.
O professor me mandou seu
curriculum, que é muito bom por sinal, participaste em vários projetos do
escritório de Peter Brown, com Tadeus, ele fez um curso comigo a muitos anos
atrás.
Como vai ele, tem alguém na sua
vida.
Não que eu sabia, fui seu
assistente até me formar na universidade, mas eu sou muito fechado quanto a
isso, de perguntar pela vida particular dos outros, bem como nunca permiti que
ninguém soubesse da minha, coisas traumáticas da minha juventude, problemas de
família.
Entendo. Pelo que vejo no momento estas terminando
dois cursos da Sorbonne, o que me chama a atenção, como são completamente
dispares.
Riu, sei disso, como fiz
arquitetura ao mesmo tempo que matemática pura, depois me especializei em
cálculos de estrutura.
Sempre me chamou a atenção, vamos
dizer assim, como faziam isso, ou não faziam quando construíam as grandes
catedrais, como Notre Dame, os palacios, devo ter sido um turista, que em vez
de ficar apreciando realmente o que existia dentro, ficar horas parado, com um
caderno na mão, fazendo um calculo do peso do local. Sei que as colunas tinham seu suporte, mas o
que existia por debaixo não.
Por isso me interessei, quando
escutei o professor falando da vossa empresa, gostaria de aprender, mais por
minha imensa curiosidade. Quando era
garoto, meu brinquedo favorito, em vez de ser os super heróis, era uma caixa
que me deu o meu amigo Jack, de construções, hoje em dia creio que nem existem
mais, eram de madeira, traziam coisas que estão construídas aqui, por isso meus
passeios são diferentes.
A cara do homem, era ao mesmo
tempo um sorriso, bem como um será que é verdade?
Estás livre por uma semana?
Sim, tenho que terminar de
escrever as teses, mas está tudo aqui, bateu na cabeça. Isso posso fazer em
qualquer lugar de noite.
Não sais para conhecer a noite de
Paris?
Riu, isso me perguntam todos,
prefiro o dia a noite, gosto de cair exausto na cama, dormir nada mais.
Chamou uma senhora, pediu que lhe
mostrasse a empresa inteira, ela foi com ele aos mais variados departamentos,
mostrou um inclusive que os desenhistas, tentavam reconstruir uma imagem, ele
impulsivo, soltou, estás colocando essa peça no lugar errado, é da outra perna,
veja, se meteu no meio dos homens, começou ele a montar o que sobrava da
escultura. Ela ria, esse é meu
departamento, assim vou te contratar.
Estudaste história da arte?
Não senhora, matemática pura,
arquitetura, estou fazendo dois cursos aqui.
No curso de paisagismo, justamente falávamos das épocas, mas nos Estados
Unidos, não temos isso, tudo se misturou, quando alguém começava a construir
uma mansão para algum novo rico, misturava tudo, creio que isso aconteceu nas
américas inteira. Eram eles que tinha
dinheiro, se levou muito tempo para que a cultura na arte se implantasse
realmente no pais.
Hoje não, temos pessoas que
entendem, mas como arte americana, não é bem assim.
Ela pegou dois livros sobre sua
mesa, foram escritos por mim, nesse insano trabalho de restaurar castelos,
casas familiares, em que de uma certa maneira quase tudo veio abaixo, as
grandes fortunas, as recuperam por que querem o luxo o esplendor, se contentam
as vezes com um trabalho medíocre, porque nossa empresa é cara.
Jean-Marc disse que vens amanhã
conosco para ver uma obra, verdade?
Sim, me interessa aprender.
Só não te disse aonde, por isso
aconselho, compre uma abrigo de plumas, que seja confortável, botas para o
frio, vamos para o norte.
Meu nome es Jeane-Marie Fustemberg,
podes me chamar como os meninos, Jean, ou simplesmente Fustemberg.
Apertou sua mão, nos vemos amanhã
aqui, as 7 da manhã, para tomar um café, discutir algumas coisas.
Se preparou como ela disse, pediu
para o porteiro guardar suas coisas, ia somente com uma mochila com roupa para
o frio, bem como uma bolsa com papel para desenho, em sua cabeça como tinha
três meses para entregar a tese, tudo bem.
Chegou no dia seguinte, vestido
mais simplesmente que o resto, pois estavam de jeans, mas com casacos de marca,
não era com ele, Jeane lhe apresentou ao resto, André é americano, se interessa
por nosso trabalho. Os rapazes do dia anterior
acenaram para ele.
Ontem resolveu um quebra de
cabeça, por impulso, creio que será futuramente uma boa aquisição.
Quando saíram, viu que iam para
uma estação de trem. Todos basicamente
estavam no mesmo vagão, Jean-Marc, veio falar com ele, soube o que fizeste
ontem, como funciona isso na tua cabeça?
Chamou Jeane para escutar sua
explicação, isso sempre foi assim comigo, quando comecei a trabalhar com
Tadeus, no primeiro dia, estava ali em pé ao seu lado, meu olho caiu sobre um
calculo de estrutura, ou seja matemática, vi que estava errado, me sentei, fiz
o calculo outra vez desde o início, o erro era grande.
Ele sabe como funciona a minha
cabeça, estou sempre prestando atenção em tudo, quero saber das coisas. O mesmo aconteceu com a escultura, a olhei,
foi como fazer uma radiografia da mesma, em seguida sabia que lhes faltava
perspectiva que eu tinha nesse momento, por isso sabia que estava do lado
errado, nada demais, eles acabariam notando.
O filho da puta, ainda é humilde.
Ontem falei com o Tadeus, me
esqueci do fuso horário, o despertei de madrugada, falei de ti, foi só
elogios. Só tem uma coisa, não me
falaste que o Peter Brown é teu tio.
Talvez porque isso não me importa,
sou um funcionário como os demais, recebo o mesmo salário que os outros. Os outros gastam em carros, em roupas de
marca, nada disso me importa, continuo vivendo no mesmo apartamento que sempre
usei, é de Peter, mas lhe pago o aluguel.
Podia viver com eles, mas teria que aguentar as eternas festas de minha
tia, ou porque começa um novo espetáculo, ou porque esse termina.
Me mudei no primeiro dia que ia
ter uma festa, nesse ponto tenho horror a isso, como Peter chama estar de CORPO
PRESENTE, MENTE AUSENTE, concordo com ele.
Porque quando muito molho a boca no champagne, ou no vinho, ver tanta
comida, me assusta.
Ele é teu tio, que te criou.
Nenhum dos dois me criou, Karen é
minha tia, mas nunca me criou, uma larga história, meio complicada.
Só fui viver perto deles, quando
fui para a universidade. Tenho um único
dever social, almoçar com eles aos domingos.
Mas normalmente almoço nesses domingos com o Peter, porque ela só se
levanta as duas da tarde.
Ficaram rindo da imagem. Sua vida começa a essa hora, termina quando
acaba o espetáculo que está fazendo no momento. Peter tem uma paciência imensa com ela.
Talvez por isso, tenha escolhido
sempre ser ao contrário, seus presentes de Natal ou aniversário, sempre vou
trocar depois por alguma coisa mais simples.
Odeio a ostentação.
É para aonde vamos então. Passou para ele os dados, esse castelo foi
construído no século XIV, sobreviveu a muitas coisas, uma parte que é aonde
estamos trabalhando, durante a guerra foi terrivelmente bombardeada, aí se
escondiam muitas pessoas da vila próxima.
Começaram a retirar as pedras, sem
sequência nenhuma, os acabamentos, as esculturas, todas foram misturadas,
estamos tentando colocar em ordem isso tudo.
Justamente em cima, ficava a biblioteca do palácio, foi tudo pelos ares,
conseguiram chegar as vítimas, poucas sobreviveram, mesmo o proprietário morreu
durante a guerra, agora o governo, quer restaurar, não só como um monumento de
sobrevivência, mas também para transformar num hotel de luxo.
Só funciona uma torre, bem como a
parte da frente. Estaremos hospedados no
hotel da vila.
Ele repassou todas as plantas
baixas, perguntou encontraram a entrada que você dizia para procurar?
Não, escavaram mas não acharam
nada.
Veja essa planta, se a colocamos
em cima da outra ou por baixo da biblioteca, não encaixa, teremos que ter uma copiadora,
fazer isso em papel transparente, mas creio que isso está errado.
A cara dos dois era interessante,
era como se ele não os estivesse vendo, começou a medir com os dedos, até que
alguém lhe entregou uma régua, respondeu merci automaticamente, sorriu, creio
que tenho razão, mas teremos que fazer isso.
Quem fez essas plantas baixas, não
se deu conta, ou fez de propósito.
Quando chegaram tinham vários
veículos os esperando, ajudou os rapazes a carregar a escultura, esses o
olharam surpreendidos, pois ninguém tinha feito o menor movimento para isso.
Foi no carro com eles, me contém sobre
essa escultura, toda sua história?
Um deles riu, foi contando, pelo
que analisamos do material, é do Século XIV como da construção, tirou uma
fotos, atrás vê essas marcas, foi feita por algum escultor judeu, eles faziam
isso, deixavam essas marcas nas pedras.
Participavam das construções de castelos, catedrais, tinham um sentido
de arquitetura muito bom. Nesses lugares não lhes segregavam em guetos, por
isso preferiam posteriormente mudar seus nomes, para serem homens livres, dizem
que seguiam sim com sua religião.
Posteriormente, encontramos muitos artistas franceses descendentes
desses homens, que foram grandes artistas plásticos, algum com sua parte judia,
mas a maioria era uma mistura de muitas coisas.
Ele escutava atentamente, embora o
rádio do carro estivesse alto, um dos rapazes pediu ao condutor, podia desligar
isso, estamos aqui no meio de uma aula de cultura, por favor.
O homem a contragosto atendeu.
Apesar desse ruído todo
entendeste?
Sim, estava prestando atenção,
como o outro fez um gesto de dúvida, repetiu palavra por palavra o que ele
tinha falado.
Muito bem. Vejo que não eres dispersos como alguns, riu
assinalando um dos rapazes.
Me desculpa, eu quando estou em
algum lugar, parecerei disperso, mas é assim que se observam as coisas.
Como essa escultura foi parar no
escritório em Paris?
Como você viu, ela é um imenso
quebra cabeça, estava numa caixa, que só dizia resto, sinalizou o disperso, foi
ele que a encontrou, começou montando a cara.
Mas temos um problema, falta um dedo do pé.
Pois deve estar em algum lugar.
Tinha achado um elo com o grupo,
quando desceram do carro, se juntaram a Jeane, que teve que escutar tudo que
tinha conversado.
Jean-Marc, mandou alguém a cidade,
fazer todas as plantas baixas em papel transparente.
Mostrou para ele, somente uma
aquarela, de como era na época, existem poucas fotos dessa parte, porque ficava
mais metida dentro do que seria um bosque, mostrou na aquarela.
Andaram por tudo, viu como o rapaz
tinha encontrado, existiam caixas e mais caixas com restos.
Se aproximou do rapaz, se
apresentou, o mesmo fez ele Paul Roux, perguntou por exemplo agora que estava
reconstruída, se havia alguma maneira de recuperar a mesma?
Eu fiz belas artes, não, o que se
pode fazer é um molde, reproduzi-la num material que aguente mais tempo. Esta feita de uma pedra que é fácil de
esculpir, por isso também se partiu em tantos pedaços.
Foram andando os dois, ele lhe foi
mostrando tudo que tinha encontrado.
Se afastaram por dentro do bosque
para ter uma perspectiva da trabalho, era como se tivessem cortado um bolo de
noiva em diagonal, que faltasse todo esse lado.
Pelo que vejo, tinha três andares.
Andamos por essa parte, as plantas
baixa dizem que não, porque tem uma que não encaixa.
Depois quando voltaram se uniram
ao grupo. Numa mesa imensa, Jean-Marc
com Jeane ao lado disse que André tinha percebido que como essa planta que não
encaixava tinha sido feito de propósito ou estavam em posição errada.
Pode montar como imagina
isso. Ele observou todas, colocou a que
imaginava que era a parte debaixo aonde estavam as vitimas que ficaram
soterradas, depois a que não encaixava, mas virada ao contrário, se encaixava
perfeitamente, por último a biblioteca.
Mas soltou sem que os outros
esperassem, creio que falta uma planta. Os arrastou com ele, veja se olhamos
desde aqui, essa pequena parte que sobrou do bolo de noiva, as bombas que
caíram aqui, fizeram como um corte diagonal, pela aquarela, existia uma parte
em cima, que poderia ser aonde viviam os empregados, pois se apreciam pequenas
janelas, olhem aquela escada que sobrou, sobe não desce, sinal que aqui tinha
outra coisa por cima. Não acredito que
iriam construir assim. Fiz parte do
projeto da construção de uma biblioteca, nos emirados árabes, tivemos o cuidado
de estudar as grandes bibliotecas antigas, elas normalmente ficava protegidas,
como num sanduiche. Para que as infiltrações, mesmo seu acesso fosse mais
protegido.
Os rapazes, o cumprimentaram.
Acredito que a parte que sobrou aqui, deviam ser a cozinha ou alguma coisa que
ocupasse o espaço vazio, o debaixo aonde estavam as pessoas escondidas, era o
porão aonde armazenavam vinho, ou mesmo cereais, podia estar em desuso na
época.
Acredito por não existir nenhum
documento específico que essas esculturas eram todas do teto da biblioteca,
vejam na aquarela, aqui parece a ponta de uma claraboia.
O Paul Roux, soltou, tens que vir
trabalhar conosco. A porta que
procuravam realmente estava do outro lado, soterrada totalmente, levaram um dia
escavando, mas todo momento tendo que parar.
Ele num determinado momento parou,
subiu a uma parte mais elevada, molhou um dedo na boca, ficou ali estático.
Pela projeção, além do que sobrou,
as bombas foram lançadas nessa diagonal, acredito que não caiam retas, mas sim
em diagonal.
Jean-Marc vive dizendo isso, então
vamos com mais cuidado, mandem trazer peneiras, pode ser que encontramos o dedo
que falta na escultura. Todos ficaram
rindo.
Jean-Marc voltou para Paris, Jeane
ficou, instalavam uma tenda do exercito na parte de cima, fizera como uma
rampa, foram escavando. Com a peneira
deram com milhões de partes de esculturas, restos de frescos pintados.
Jeane trouxe um arqueólogo, que ia
separado o que encontrava, limpando.
Quando encontraram a porta, tiveram
que retira-la inteira, pois do outro lado, também havia mais escombros.
Estava justamente no nível que ele
dizia.
Começaram a retirar com cuidado,
até que ele todo sujo, avisou, aqui tem cadáveres, creio que somos obrigados a
chamar os bombeiros, ou a polícia, não sei como proceder aqui. Jeane assumiu a situação, menino descanse com
teus rapazes um momento.
Logo chegou a polícia, além de
bombeiros, eles sim sabiam que nunca tinham retirado todos dali. Traziam
bolsas, algumas pessoas, estavam mumificadas, pela terra em cima, foram
retirando devagar, chegaram a contar 15 pessoas, entre homens, mulheres,
crianças. Uma parecia que estava viva, sua mumificação por instantes foi
perfeita, mas ao contato com o ar, perdeu as cores, menos mal que tinham feito
fotos no momento.
Levaram muitos dias, retirando
livros, até que encontraram como uns pergaminhos, que Jeane mandou para Paris,
para serem separados, lhe pareciam as plantas do edifício.
Assim eram, foram reproduzidos, em
escala, para terem uma ideia.
Voltou com ela, seu batalhão,
agora tinham mais esculturas para reconstruir.
Ele aproveitou para falar com
Peter, para dizer que ficava mais um tempo, esse ria, como se não te conhecesse. Tua tia queria preparar uma festa para te
apresentar, o seu sobrinho que voltava com dois títulos da Sorbonne. Tadeus diz que estas em boas mãos.
Já escrevestes a tese?
Sim, falta o fecho das duas, as
escrevia de noite. Antes de dormir.
Ia todos os dias, analisar o que
tinham encontrado nos rolos, como dizia Jeanne estavam guardadas mas de uma
maneira sem controle, queria que me ajudasse.
Ele comentou, estou no fecho final
das teses, posso chegar as 10 da manhã, para te ajudar.
Ela ria, que a maioria aqui faz
isso, está perfeito.
Primeiro vamos separar o que já
sabemos, descartamos o resto, seria importante, mandarmos imprimir isso tudo em
material transparente para podermos, sobrepor.
Chegaram a conclusão que a parte
do porão se repetia na parte da frente, veja, quando colocamos toda a torre,
ele foi reconstruída a partir daqui pelas fotos posteriores, mas nas plantas
ela continua para baixo sinalizou um ponto no chão, aqui, a escada deve
continuar para baixo. Não deu outra.
Ele entregou a teses, as
apresentou, na plateia ao invés da família, estava os novos amigos de seu grupo
de escavação, bem como Jean-Marc, Jeane.
Ficou feliz, fizeram uma festa simples para ele, pois sabiam que não
gostava. Seu tio chamou, tinha
novidades, chame depois o inspetor Klaus.
Quando falou com ele, dentro dos
momentos que um não incomodaria o outro, ele lhe contou, que finalmente tinham
colocado a mãos em cima. Tu tinhas
razão, gastam muito dinheiro em jogo, quando apresentamos suas fotos no casino,
primeiro não quiseram colaborar, mas tínhamos trunfos na mão, sabiam sempre as
datas que eles apareciam. Tem outros
nomes, mas as impressões digitais confirmam.
Tua tia soltou logo que queria falar com a irmã.
Não sei o que disse, mas ela
imediatamente contratou um dos melhores advogados do pais.
Quanto ao que me perguntaste, não
consta mais nenhuma irmã. Só existem as
duas.
Foi o que ele imaginava.
Perguntou do Jack.
Aqui só más notícias, mas saiu
recaiu logo em seguida, quando falei com ele, disse que tinha estragado
totalmente sua vida, não tinha feito como tu, construído uma vida.
Está internado outra vez.
Vens a NYC?
Sim mas não sei se ficarei, tenho
um convite para trabalhar aqui, que me interessa. Já te conto tudo.
O que tinha encontrado, saiu numa
revista dessas que só interessados veem, mencionavam seu nome, como
colaborador.
Andava saindo com Paul Roux, que
lhe mostrava coisas interessantes da cidade. Viu que o outro tinha interesse
nele, lhe explicou que iria a NYC, para resolver alguns problemas, mas que
voltaria, para aceitar a oferta do Jean-Marc.
Paul que o ia levar ao aeroporto,
quando viu seu apartamento se surpreendeu, pensei que vivia num apartamento
fantástico, mas eres muito pé no chão realmente.
Se aproximou dele, assim posso
saber quem eres. Lhe deu um beijo, pela
primeira vez em muito tempo, sentiu-se amado por alguém, além do Jack.
No caminho para o aeroporto foi
lhe contando a história do Jack, as condições que estava agora.
Mas vais fazer uma visita não?
Sim claro que irei, resolverei
meus problemas, irei em seguida para vê-lo, embarcarei minhas poucas coisas,
volta para o mesmo apartamento.
Deixou suas coisas em casa, como
era um domingo, entrou no apartamento de seus tios, perguntou por sua tia. Peter levantou os ombros dormindo como
sempre, ele já tinha esperado demais.
Foi até seu quarto, abriu as cortinas, a janela, para que o frio
entrasse, levanta que quero falar contigo.
Mais tarde.
Nada disso, lava essa cara, vem
para a biblioteca.
O que passa meu filho?
Peter, irei amanhã apresentar
minha demissão, sei que estiveste me esperando, mas seguirei trabalhando com
Jean-Marc, encontrei meu lugar, creio que deverias colocar o Tadeus como teu
sócio, pode ser que num dia remoto eu volte.
Karen entrou com uma cara
horrível, de mal humor. Uma empregada
lhe trouxe café.
O que é tão urgente assim, para me
despertar?
A verdade, estou tão farto de
tanta mentira, já sei que contrataste um advogado caríssimo para tua irmã. Imagino que ela te fez uma chantagem muito
gorda. Também sei que nunca existiu essa
irmã que me pariu. Vamos enfrentar essa
verdade ou vai continuar aceitando que essa mulher que ajudou a matar o pai do
meu melhor amigo, um homem que me deu carinho, quando na minha casa não existia,
vai me explicar tudo, ou terei que colocar um detetive para escavar tua vida.
É verdade, está me
chantageando. Sabe que tu eres meu
filho, foi um descuido de jovem que ainda não é famosa. Mas a fama chegou logo que nasceste. Não queria me apresentar com um filho no
braço. Fui realmente fazer esse filme,
quando voltei, ela tinha desaparecido contigo, nunca me senti mãe de ninguém,
nunca quis ter um filho, por isso fiquei quieta.
Nunca contei ao Peter, que é o meu
melhor amigo.
Muito bem, era tudo que eu queria
saber. Pode voltar a dormir, mas esqueça de mim, vou voltar para Paris, assim
que resolva umas coisas amanhã. Viu que
Peter estava abalado.
Acho que sacrificas muito por ela,
devias assumir teu romance com o Tadeus, que te aguenta, te espera todos esses
anos.
O Jean-Marc me soltou um dia que
tinha se apaixonado por Tadeus quando estudou com ele, mas ele amava outra
pessoa na américa, juntei os fatos.
Deixe de te preocupar o que pensam os outros. Ela te usa, tu a usa, mas no fundo vives
sozinho, acredito que só eres tu, quando estás com ele, não é verdade. Ele balançou a cabeça.
Então não perca tempo, ela pode te
tirar o dinheiro que quiser, mas não vale a pena.
Não pode me tirar nada, somos
casados com separações de bens.
Amanhã, vou separar as coisas que
me interessam no meu apartamento, principalmente livros, depois irei a San
Francisco, para ver o Jack, que foi o que mais perdeu nisso tudo.
Irei embora em seguida.
Não quero teu escritório de
arquitetura, agradeço muito tudo que fizeste por mim, porque nessa casa, foste
o único, que me quis de verdade. Ela só
quer ela mesma.
A convença a não ceder a
chantagem, diga que contarei a verdade ao Klaus, o advogado não poderá fazer
nada. Se ela não faz, eu entrarei com uma
acusação de sequestro, o escândalo será maior.
Ela estava escutando atrás da
porta. Entrou outra vez, tens razão,
mentiras demais.
Ele foi embora, só apertou a mão
do Peter lhe deu um abraço, nos vemos amanhã, adeus Tia Karen, passar bem.
Telefonou em seguida para o Klaus,
estou em NYC, se quiseres podemos falar, posso te ajudar outra vez.
Se abraçaram quando ele chegou,
viu que colocava livros em caixas, suas roupas estavam já na maleta, nunca
tinha tido muitas.
Foi ao assunto, a outra esta
fazendo chantagem porque Karen é minha mãe, eu sempre desconfiei dessa história
da irmã. Já lhe disse, que se ela não
retirar o advogado, enfrenta a verdade, eu moverei uma ação contra os dois por
sequestro.
Bom, pelo que tem pela frente,
ficaram velhos na prisão.
Como anda o Jack?
Falei no caminho para cá, o médico
acha que não deves ir, está muito mal, pode ser que desta vez não sobreviva,
tentou o suicídio.
Pegou um casaco, a bolsa com que
tinha vindo de Paris, vou para lá agora, vens comigo?
Foram os dois para o aeroporto,
ele com seu cartão do FBI, conseguiu dois assentos em primeira classe.
Passou os últimos momentos
segurando a mão do seu amigo, que num momento de lucidez, disse sabia que não
ia partir sem te ver. Me perdoe mas não
posso ir em frente, não sei de aonde tirar forças, mas não desista siga em
frente.
Ficou mais dias para seu enterro,
avisou Jean-Marc que se atrasava, pois estava esperando para enterrar seu
melhor amigo.
Klaus lhe ajudou em tudo que foi
possível, estava com a cabeça inteiramente branca, creio que isso de ser
atores, é de família, imagina que ela se fez de vítima, ao acusa-la de cúmplice
passou a soltar tudo, como se ele fosse o culpado, quando comentamos isso para
ele, vez ao contrário que a maioria das ideia eram dela. Uma dupla do barulho sem dúvida
nenhuma. Mas terão julgamentos
separados. Ontem me avisaram que tua
mãe, retirou o advogado.
Estão presos aqui, queres falar
com eles.
Nem pensar, pois sou capaz de os
matar, pelo que fizeram com a família do Jack.
Eles alegam que foi um acidente,
que não era para acontecer isso.
Depois do enterro, voltou a NYC,
com Klaus que disse que tinha sido promovido, que agora era chefe ali. Perguntou se tinha alguém em Paris?
Creio que agora poderei ter, me
livrei de toda a carga do meu passado, veja tenho trinta e dois anos, pareço um
garoto que acaba de descobrir a pólvora.
Quando entrou no escritório no dia
seguinte, todos lhe aplaudiam.
Mas foi abraçar seu amigo Tadeus,
esse lhe disse obrigado, ele agora esta vivendo comigo. Como sabias disso.
O vi saindo uma noite do teu
apartamento.
Sentou-se com Peter, este lhe
disse, que ele era o filho que ele queria ter, entendia suas razões, mas não
queria perder contato.
Ora Peter, nesse tempo todo que
estive fora, foste a única pessoa com quem falei, ela nunca me chamou. Só contigo pude contar sempre desde o
primeiro dia. Acredito que se fosse por
ela, teria me mandado para um internato.
Me confessou que quando voltou de
Paris, ia fazer isso, mas tinha desaparecido, nunca te procurou na verdade,
sentia como se tivesse livrado de um lastre.
Nosso divórcio, foi de comum
acordo, pois ela sabia de Tadeus, mas temos separação de bens, deixei aquele
apartamento para ela, só mandarei embalar depois meus livros.
Com Tadeus finalmente viverei bem.
Entregou sua carta de demissão,
voltou ao escritório para se despedir dos dois, não te contei agora sou o
sócio, não vou te admitir se voltas, se abraçaram, de um abraço no Jean-Marc,
na Jeane também uma grande figura.
Nessa noite Klaus o levou ao
aeroporto, se abraçaram, se não fosse tão velho, me apaixonaria por ti.
Chegou de manhã em Paris, tinha
dormido no avião, tomou um banho trocou de roupa, foi trabalhar, todos vieram
apertar sua mão, mas Jeane disse que ele tinha que falar com o patrão além de
assinar um contrato.
Tinha abraçado a todos, disse ao
ouvido do Paul, comemos juntos mais tarde?
Sim claro.
Subiu para falar com Jean-Marc,
Jeane foi junto, contou para eles sua história não entrando em detalhes. Se me quiserem, adoraria trabalhar e aprender
com vocês tudo o que possa, mas uma coisa prometo Jeane, irei estudar história
da arte francesa, prometo.
Assinou seu contrato, iria
trabalhar direto com ela.
Agora iriam participar da
reconstrução do castelo. Foi almoçar com
Paul, segurou sua mão, dizendo agora estou livre de tudo, já te contarei toda
esse drama que acompanhou minha vida.
Contou que tinha se atrasado,
porque Jack tinha morrido, não podia deixar de estar com ele seus últimos
momentos, nem como providenciar seu enterro.
De noite no seu apartamento contou
toda sua vida para o Paul. No final ele
só soltou CARALHO, isso dá um filme daqueles bem retorcidos.
Sem dúvida, espero que querias
compartir tua vida comigo, não tenho experiência em viver com outra pessoa, mas
me esforçarei.
Acabaram encontrado o dedo da
estátua. Pelos desenhos que tinha
encontrado, viram que todas essas esculturas estavam justamente na parte
debaixo da claraboia, acompanhou para aprender, como se fazia a copia das
mesmas, a biblioteca, seria agora um salão de festa, com uma imensa claraboia
em cima.
Ele estudou história da arte, com
um professor que lhe indicou o Jeane, mas esta lhe disse, não descuide do Paul,
não sabes, mas ele é meu filho.
Agora tinha uma família, se
divertiam no trabalho, foi levando a vida em frente como tinha lhe dito Jack.
Finalmente dois anos depois saiu a
sentença de seus anteriores pais, foram condenados a quarenta anos de prisão,
nunca poderiam pedir a liberdade.
Quando Karen morreu quinze anos
depois, numa caída do cenário, já uma atriz decadente, lhe deixou toda a
fortuna que tinha para ele. Pediu para o
Peter vender o apartamento, bem como autorizou que o dinheiro fosse todo
distribuindo por orfanatos. Não queria
nada dela.
Ele entendeu. Agora os dois vinham passar temporadas em
Paris, com eles. Ele agora na verdade
vivia com o Paul, no apartamento que era de sua Jeane no Rive Gauche.
Quando vinham, jamais tocavam em
qualquer assunto ligado a Karen, mas sim do escritório, quando lhe cobravam
quando voltava, ia mostrar o Castelo que já estava no final, é o próximo que
estavam trabalhando. Agora ele era o
braço direito da Jeane, bem como do Jean-Marc.
Klaus também veio passar uma
férias com eles, o levou aonde estava agora, fazendo um projeto, disse que
precisavam de um detetive para escavar a historia desse castelo. Ele riu muito, me falta pouco para me
aposentar, pode ser que venha.
Ele seguiu sua vida em frente,
tinha encontrado um novo rumo, que não lhe era amargo.
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