miércoles, 26 de enero de 2022

FRANC-TIREUR

 

                                      FRANC- TIREUR

                                 FRANCO  TIRADOR

 

Jean-Pierre, nunca sabia se o fato de ter aprendido atirar desde criança, tinha sido uma bendição ou maldição.   As vezes sentia que fazia no automático, para poder controlar depois a carga que vinha.  Os objetivos nunca eram escolhidos por ele, mas sim pelos superiores.

Nunca sabia absolutamente nada, da pessoa, se tinha família, se acreditava em Deus ou Maomé, ou qualquer informação a respeito, quando muito lhe dava uma fotografia, seus hábitos, nada mais.

Tinha vivido uma infância feliz no campo com seus pais, eram pessoas fantásticas, uma casa aonde o bom humor, bem como o trabalho eram importantes.  Ia todos os dias a escola da vila mais próxima de bicicleta, depois a secundária, ia de ônibus, ainda hoje em dia, tinha dias que preparava um sanduiche como fazia sua mãe, com carne assada, cortada muito fina, com cebolas por cima, o que mais houvesse na geladeira.    Sempre tinha alguém que passava ficava olhando com olhos grandes sua refeição.   Depois que saia da escola, ia trabalhar, principalmente no inverno, num oficina de carros, aprendeu com os olhos fechados, adorava sentir o cheiro da gasolina,  primeiro escutava o ruído do motor, ia direto aonde estava o problema, dizia que era como sentir o vento quando tinha que atirar.

Atrás da propriedade de seu pai, existia um castelo, com uma imensa floresta, tudo estava abandonado.   Tinha aprendido com seu pai, a esconder-se esperar pelo animal, um javali, ou mesmo um veado, era capaz de ficar sem se mexer muito tempo, raro era o dia que voltava de mãos vazias.

Tinha aprendido tudo com seu pai, o que ele nunca soube foi sobre a vida de seus pais, até que morreram, levou um puta susto.

Os dois morreram num acidente besta, desses que acontecem nas estradas rurais, vinha de uma reunião da cooperativa de produtores, quando numa curva saiu um imenso trator, nem teve tempo, morreram os dois, bem como o que conduzia o trator, pois caiu num desfiladeiro.

Nevava nessa noite, só descobriram os corpos, porque ele estranhou os pais não voltarem, chamou a polícia, mas sabia que com duas pessoas na vila para atender todo mundo, não teve dúvida,   saiu caminhando em direção a estrada, sabia o quanto essa era perigosa no inverno, Foi ele quem encontrou os pais, mortos, congelados pelo frio.

Foi quando descobriu que seu pai era o herdeiro do Castelo, portanto dono de tudo.  O grande problema, era que deviam horrores de impostos ao governo, fazendo as contas, ele achava mais fácil, vender para o mesmo a troco de banana.   Seu pai nunca tinha se interessado em restaurara nem a casa que viviam simplesmente, tampouco o castelo.

Agora pensava, quando era criança, ia brincar no castelo, seu pai dizia que não devia ir, porque era um lugar maldito,  só sobravam os alicerces do mesmo, nada mais.

Como era menor de idade, teve que esperar para resolver a situação, lhe faltavam dias para completar os dezoitos.   Conseguiu com o juiz, que autorizou ele esperar sua maioridade trabalhando, vivendo na casa de seus pais.    Foi até a biblioteca, para se informar a respeito da família, nunca tinha notado que seu apelido casava com o nome do castelo.

Era uma história cheia de intrigas, traições, lutas por causas idiotas para uma mentalidade de hoje em dia.  Ia até seu bisavô, dele tinha herdado o nome Jean-Pierre D’ Anecy,  houve épocas que os vinhedos produziam bastante, mas desde que se lembrava a produção era para uso só da família.

Foi difícil resolver o problema, a dívida era imensa com os atraso a anos de impostos sobre a propriedade.  Nem a casa que viviam estava bem, estava mais para ser demolida.

Tudo que salvou da casa, foi uma caixa que sua mãe tinha muito bem escondida, lhe dizia, nunca deixe teu pai se aproximar do nosso esconderijo.   Nela encontrou documentos que falavam de outra propriedade, nas ilhas Guadalupe, guardou tudo isso no banco aonde depositaram o dinheiro da venda de tudo.

Tirou um pouco para o início de vida em Paris, queria saber como era viver numa cidade grande. Mal chegou, fez um curso, queria ser policial, tinha um corpo estupendo, de quem trabalha no campo, passou nas provas prática, mas nas teóricas, o orientador lhe disse que faltava malicia, vivência.   Era mais fácil ele entrar para o exército, quem sabe depois o poderiam aproveitar.

Com isso, acabou voltando a região aonde vivia antes.  Estavam encantados com ele, pela prática que tinha de tiro, saber conduzir veículos diferentes, como um Peugeot 3008 DKR, pelas dunas de areia.  Quando descobriram sua capacidade de franco atirador, recebeu um treinamento especial para esse tipo de arma.    Como ele dizia era como ir a guerra sozinho, nunca estava acompanhado em suas missões.   Quando o mandaram para o Mali, por causa dos problemas que os soldados de lá enfrentavam, logo se adaptou, rapidamente aprendeu a falar dois ou três dialetos que usavam na região.

Ele mesmo reparou o único carro que poderia usar, normalmente o escondia a quase um quilometro de aonde teria que agir, suas duas primeiras missões foram relativamente fáceis, teria que matar dois chefes de tribos Tuaregs, o que era complicado, pois normalmente estavam cobertos, só com os olhos de fora. 

Achou melhor fazer isso de noite, de dia se escondia, de noite saia para observar.  Usaria uma lente própria para a noite.    Teria que encontrar alguma coisa que identificasse a vitima.

Nas vésperas de executar a primeira ordem, ficou observando que o mesmo, usava um símbolo, pendurado no pescoço, desenhou o mesmo num caderno, para observar os outros homens se usavam o mesmo, viu que não.  Esperou de noite, determinado momento o homem saia de sua tenda, para observar o céu, como procurando alguma coisa.   Na segunda noite ele fez igual, acertou um tiro entre as duas sobrancelhas, nenhum ruído nada, só o homem que caiu de costas, saiu rápido dali, caminhou na escuridão aonde estava seu veículo, se afastou em direção oposta aonde poderiam procurar por ele.    O comandante em pessoa lhe felicitou, depois foi mandado com as forças da OTAN, que estava operando no Sudan, devia liquidar o homem que comandava do tráfico de escravos.     Ele só tinha uma foto como guia, tinha observado que o mesmo tinham uma tatuagem nas costas da mão, se separou do grupo, virou uma sombra do grupo, usava uma chilaba, velha como todos dali, tinha escurecido sua cara,  levou uma semana, até que um dia o viu com o que fazia no negócio final, discutiam os dois, se afastando das tendas, o que lhe deu pena, foram os garotos, mulheres que iam ser vendidos de escravos.  Avisou aos soldados, matou os dois em segundos, os soldados entraram, resgataram os escravos.   O comandante depois lhe dizia que era complicado, pois a maioria dos garotos nem sabiam de aonde tinham vindo.

Assim levou anos, de um lado para outro.  Ora Mali, Sudan ou qualquer outro pais que estivesse em conflito.  Sempre era o mesmo, ver as miséria como eram tratados todos os escravos ou pessoas capturadas.

Quando voltou a Paris, se apresentou na polícia, com recomendações de comandantes que tinha trabalhado.     O colocaram em anti-vicio, alugou um apartamento pequeno, bem jeitoso, que ficava de esquina a margem do Sena, o que era perfeito para ele.  Podia ir andando para a delegacia, mas comprou uma moto, de última geração, assim poderia se mover rapidamente.

Um primeiro caso que atuou, tinham recebido um sopro de um informante sobre uma entrega de drogas, num beco, seria de madrugada.   Localizou o mesmo, conseguiu subir para o telhado, examinou o mesmo detalhadamente, viu que tinham preparado uma arapuca para um dos bandos não sabia quem tinha preparado.  Resolveu ficar quieto, a ordem era pegar somente os que compravam, deixar escapar os traficantes.   Ficou com a pulga atrás da orelha.

Pensou muito, em sua cabeça como tudo estava pronto, pensou, eles não vão atuar amanhã, sim hoje.

Se preparou a consciência, todo vestido de negro, com a arma escondida numa bolsa negra, ficou no lugar mais escuro do telhado.    Não deu outra, horas antes subiu um homem, examinou o que estava ali preparado, pelo que ele tinha visto, o objeto cairia sobre um dos carros ou fecharia a parte traseira da rua estreita.   Os que estava do outro lado poderiam sair.  Entendeu a jogada, faziam a troca, matavam o que vinha pela esquerda, sairiam tranquilamente com as drogas bem como o dinheiro.

Se moveu como uma sombra, escutou o homem que estava ali perto dele, dizendo que estava tudo preparado, hoje forramos a bota, vamos ficar cheios de dinheiro.

Aplicou um golpe na nuca do sujeito, o deixando desacordado, viu que o mesmo era um policial, não de sua delegacia, mas de alguma outra.

Se perco tempo agora tentando avisar, estarei fudido.

Resolveu o usar de contra peso.  O levou para o extremo oposto, estirou a corda que soltaria uma placa de metal em cima do outro carro, ou fecharia a saída.

Esperou, viu primeiro o carro entrando carro da esquerda, viu que a placa cairia na traseira do carro, talvez se estivesse alguém dentro.   Segundos depois escutou o ruído da rádio falando todos a postos.   Um pequeno comentário, nosso homem, avisou a polícia que isso acontecera amanhã, mas todo cuidado é pouco.

Quando desceram os homens para negociar, os que tinham entrado primeiro tinham o carro ao contrário, abriram a traseira, aonde se via pacotes de algo branco.  O da direita abriu uma maleta com dinheiro.

Ele se situou no meio, viu que o que devia ser do grupo dos policiais, dando um sinal para o que estava em cima,  ele fez um movimento, as duas coisas aconteceram ao mesmo tempo, de um lado a placa, de outro o policial, que caiu os quatro andares em cima do capo do carro.

Foi um susto geral, começara a atirar entre eles, observou que todos tinham silenciadores, então o ruído era diferente.  Focou o que parecia chefe do bando policial, atirou acertando como sempre a cabeça, fez o mesmo com o negro do outro lado. Só sobraram dois que estava atrincheirados ao lado do carro, teve um segundo de dúvida, sobre em quem atirar primeiro, mas quem moveu peça foi o do bando dos traficantes, atirou nas pernas do outro, ao mesmo tempo que ele o liquidava.   Desceu, com a mão com luvas, pegou o revolver de um polícia, acabou de executar o que estava vivo.

Já se escutava ao longe a polícia chegando, colocou uma granada no meio das drogas, pegou a maleta, se mandou.  Tinha deixado sua moto estacionada num outro lugar, foi andando calmamente pela rua, contra uma enxurrada de gente, que ou vinha ver o que tinha acontecido ou procurava ir embora.

Montou na sua moto, deu uma volta imensa.  Quando chegou em casa, lhe chamaram, dizendo que tudo tinha sido uma armadilha, nos disseram amanhã, quando devia ser hoje.

Ele não disse nada, tinha inclusive recolhido o casquilho das balas usadas, como tinha usado luvas o tempo todo, não havia como encontrar impressões digitais suas.   Inclusive usava nesses casos um tênis normal.

Tomou um banho calmamente, foi se reunir com seu grupo.   Alguém escapou, pois o dinheiro sumiu.   Não sabe o susto que levamos, quando se levantou o porta-malas, explodiu algo, fazendo com que a cocaína ficasse toda no ar dentro do carro.

Os outros quem eram? 

Aí está o problema, eram policiais de uma delegacia ao sul da cidade.   O que faziam aqui, é um enigma. 

No dia seguinte, guardou todo o dinheiro numa caixa de banco, queria ver o que acontecia, a coisa era esperar.

Sem dúvida nenhuma começou uma guerra de bandas, a delegacia dos policiais mortos, entrou sobre regime de verificação, foram descobertos mais corruptos. Alguns suspendidos, outros expulsos, alguns para a cadeia.   Analisaram como tudo se torceu, eles tinham o sopro para o dia seguinte.   O Informante foi achado no Sena, tinha sido assassinado antes, pelo que ele tinha entendido, por ter escutado a conversa através do rádio, a ideia era desqualificar sua delegacia.  Chegariam talvez encontrassem os que compravam a droga assassinados.

Trabalhou 10 anos nessa delegacia, estava farto, pois os ascensos eram mínimos, os inspetores bem como o pessoal ia se acomodando, tudo ficando no marasmo.

Pediu uma transferência, mas lhe foi denegada.  O jeito foi pedir para outra cidade, o conseguiu para uma cidade pequena no sul, devia ter ido antes, pois o problema era o mesmo, carros velhos, gente da velha guarda, os policiais eram amigos dos que manejavam tudo, enfim.

A única coisa que lhe serviu, retirou o dinheiro guardado na caixa do banco, foi colocando comodamente em vários bancos que tinha conta.  Uma grande parte, guardou junto com a caixa que tinha herdado da mãe.

Pensou, daqui não sai nada.  Estava para pedir as contas, quando foi chamado do palácio de justiça de Paris, o queriam para investigar uma serie de confusões envolvendo policiais, traficantes. 

Nunca tinha muita bagagem, era fácil mudar de pele.

O trabalho, era de observação, sem se envolver, seguir ou perseguir certos policiais.  Conversou com o que comandava essa brigada, podia ser que os policiais se cansassem do trabalho, arriscado por ter um salário de merda, o dinheiro sempre corrompe as pessoas.

Isso não importava aos que mandavam, ficou sim trabalhando com um Fiscal, que em qualquer caso analisaria com ele o material que encontrasse.

Lhe deu uma lista de policiais de uma delegacia, que ficava perto de Notre Dame, na beira do Sena.    Como um simples observador, as vezes sentava-se pescando, tinham autorizado que conseguisse uma moto de grande velocidade.

Começou a seguir os dois primeiros que faziam dupla, na região que trabalhavam tudo bem, mas observou que quando saiam do trabalho, se dirigiam a Belleville, um bairro mais afastado. Ali serviam fora de seu horário a um chefão do tráfico da região.  Era um negro de quase dois metros de altura, puro musculo, frequentava sempre o mesmo ginásio, que ao pesquisar, pertencia ao mesmo.  Subiu a parte de cima do edifício ao lado, verificou que o local era imenso, muito maior que o espaço usado pelo ginásio.  Deu a volta no quarteirão, tinha fazendo frente com os fundos, um Bristô, ficou ali tomando um vinho, observando o movimento, era interessante, pois quando saiam olhava de um lado a outro, para frente faziam sinal a um negro com barbas que estava sempre com um terço mulçumano na mão, com um copo com chá.

Entendeu, este avisava se tinha alguma coisa errada.

Verificou o pessoal que saia, depois de um dia de trabalho, passou a ir em vários horários, usava agora, os cabelos muito curto, com um gorro como o que usava o vigilante, ao entrar o cumprimentava “As Salamu Alaikum”, o outro respondia como um ritual.

Por duas vezes mandou servir chá para o outro, bem como pediu para si mesmo.  Por duas vezes os dois policiais vieram falar com esse homem, usava um sistema de gravação altamente sofisticado.

Entendeu que o mesmo funcionava como um vigia, ao mesmo tempo era ele que pagava aos policiais seu trabalho.  Ficou curioso, pois para todos os efeitos o chefe era o mais jovem, mas quando viu um encontro dos dois, verificou que não o outro lhe dava ordens.    Em voz baixa, inclusive comentou com ele, que não achava interessante esses dois policiais servirem de guarda costas, pois podiam estar fazendo jogo duplo.  

O mais jovem se sentou ao seu lado, ficaram conversando, falando de um carregamento que estava para chegar.  Mostrou ao fiscal todas as gravações, ele passou a informação para o controle de aduanas.  Nome do Navio, container, tudo.

Esses alegaram que não existia esse container no navio.

De novo escutou o mais jovem falando com o mais velho, realmente alguém nos dedurou, por sorte o da Aduana, declarou que não existia esse container.

Ele nem precisou fazer nada, os próprios deram cabo dos dois policiais, pois desconfiavam dele.

O fiscal disse que não era isso que queriam, queriam pegar os mesmos com a mão na massa, quando ele falou do de Aduanas, como sempre passou a informação para frente.

Isso não pode dar certo, foi falar com o juiz que o tinha chamado, a maneira como vocês trabalham está errada, o fiscal escuta as informações, passa para frente, não age, se não fazemos nada, acredita que os outros farão.

Da próxima vez, verifique o que faz o fiscal.  Descobriu que o mesmo levava uma vida acima de sua condição, que seu salário não cobria a mesma.

Foi verificar como ele tinha chegado a esse setor aonde estava.  Tinha sido justamente indicado por uma das pessoas que justamente tinha sido chefe de uma delegacia.   Quando checou os papeis, era uma quantidade de informações incorretas com relação ao mesmo.

Falou de novo com o Juiz.   Este o mandou prender no calabouço da site, que estava sobre sua jurisdição.  Quando interrogado, ele acabou confessando que passava as informações a esse delegado, que mandou que ficasse justamente de olho no Jean-Pierre.

Sentou-se com o Juiz, Marc D’Saint Malo, a quem pediu, como tinha decidido esse trabalho, quem estava na reunião, inclusive os funcionários, como secretárias etc.

Lhe autorizou a arrumar gente para montar um esquadrão.   Ele foi objetivo, se for aqui dentro da Cité, não vai funcionar, pois tudo vaza, sempre se observa qualquer movimento.  Eu mesmo quando passo pelos corredores, sei que sou observado, quando venho falar com o senhor, sei que estão prestando atenção como dizendo o que faz este aqui.

Dois dias depois conseguiu a autorização para montar como quisesse o seu grupo, bem como usar os meios que necessitasse.

O primeiro que fez, foi contatar com um grupo de soldados que tinham trabalhado com ele, em diversas operações.   Um deles era um puto especialista em Hackear tudo.  O usou como um pretexto, era um negro alto, magro, parecia que tinha sempre fome, entrou com ele algemado na Cité, o levou para falar com o Juiz.  Lhe fez sinal de silencio, quando o outro tirou um aparelho do bolso, começaram a tirar as escutas que estavam na sala.

Por isso sabem do que falamos. Só não sabem como atuo.  Ou seja sabem todos os movimentos do Senhor.

Este ficou uma fúria.  Chamou seu secretário, esse quando viu Jasmim, assim se chamava o soldado com o aparelho na mão, tentou fugir.

Mais um para o porão da Cité.  Confessou que estava sendo obrigado a isso.  Era o mesmo a quem dava ordem ao fiscal.

Está em cólicas, pois para todos os efeitos o fiscal desapareceu, no dia seguinte, Jasmim chegou a trabalhar, muito bem vestido, para todos os efeitos era o novo secretário do Juiz.

Fazia uma varrida na sala antes desse entrar, fizeram uma série de procedimentos, trocar fechaduras, tudo que se podia fazer nesses casos.

Um dia ele saia, do trabalho, foi abordado por um policial, queria saber como tinha conseguido esse emprego.  Com a cara mais simplória do mundo, disse que estava inscrito na lista de desemprego, que lhe tinham chamado para ocupar esse lugar de secretário, pois o anterior tinha desaparecido.

O outro imediatamente lhe perguntou se queria ganhar um dinheiro por fora.  Ele fez cara de dúvida, os que gravavam o vídeo, riam, puta ator esse Jasmim.

Olha não quero perder esse meu emprego, a vida tá difícil, mas isso não sei se é correto.

Lhe ofereceram um bom dinheiro.   Nisso um agente soprou um dardo que colou no pescoço do outro, tudo que o policial escutou, foi “o senhor se sente bem, espera que vou chamar uma ambulância”.

Quando despertou, estava num hospital, ou algum lugar parecido com um hospital.

Lhe interrogaram, com as técnicas que o exército usavam que não era nada politicamente correta.  Mais um que desaparecia.

Dois dias depois Jasmim, saia do trabalho, desta vez, era abordado justo pelo homem que estavam atrás, este lhe perguntou pelo policial.

Estava aqui falando comigo, se sentiu mal, chamei a ambulância, que o levou para o hospital, inclusive deu o número da placa da ambulância.

O outro olhava com cara de interrogação para ele, não parecia acreditar muito, quando Jasmim se afastou deu uma ordem para atirarem nele.

Jasmim escutou, se escondeu atrás de uma parede.  Quando esse delegado agiu, era tarde, um dardo lhe pegou no braço, ainda tentou se livrar dele, mas caiu.

Enquanto isso seus homens capturavam o que estava atirando no Jasmim.

Desta vez o interrogatório, foi mais difícil.

Se negava a falar, dizia que tinha costas quentes.

Depois de três dias desaparecido, uma pessoa foi falar com o Juiz, se ele sabia algo do desaparecimento do delegado. 

Nem sabia que tinha desaparecido, esse homem era um alto mando do ministério de Justiça.

Mais um para ser sequestrado.

Conforme a coisa foi, capturaram todos.

O ministro de Justiça, ficou impressionando, pois o alto mando, justamente era um parente dele.

O notava estranho ultimamente, pois começou a gastar muito dinheiro.

Montaram uma operação, ele voltou a frequentar o bistrô, o homem depois da saudação lhe perguntou aonde tinha andado.   Lhe disse que levava caminhões através de França, para atravessarem para Marrocos.   Estava cansado, pois a viagem desta vez tinha sido complicada, muito controle da polícia.

Foi sentar-se na sua mesa.  Gravou esse falando com o outro, creio que consegui um condutor para tirar o caminhão com o container do porto.

Depois veio falar com ele.

Perguntou se queria ganhar um dinheiro extra, era um trabalho fácil, era só retirar um caminhão do porto, levar até aonde estavam, mas tinha que ser de noite.

De Le Havre para cá.   Ou seja a droga agora entrava por cima.

Lhe perguntou quando?   Esta noite mesmo.

Aceitou, lhe pagavam cinquenta por cento adiantado.  Lhe deram todo o contato, como devia proceder.

Le levaram de carro até o porto, entrou, se apresentou, lhe deram a chave do caminhão.  Mal saiu, seu instinto como sempre saltou, alguma coisa estava errada tudo era muito certo.  Viu que o caminhão estava sendo seguido.    Aqui tem alguma coisa errada, começou a fazer como se o caminhão tivesse algum problema, entrou no primeiro posto de gasolina, abriu o motor do caminhão.   A primeira coisa que descobriu, foi um gps de seguimento, o seguinte é que tinha o cabo de freio cortado, se romperia logo.   O carro que estava a distância, estava ali parado observando.   Entrou com se fosse tomar um café. Saiu pela porta dos fundos, deu uma volta abriu a porta traseira do carro, os dois homens tentaram reagir. Meteu uma bala na cabeça de cada um.

Nem eram policiais, tampouco gente dos árabes.   Voltou, subiu em cima do caminhão, abriu uma parte de cima, estava vazio completamente.   Por isso sentia o caminhão sem peso, essa gente não sabe com quem está lidando.  Voltou ao carro agora abertamente, colocou os dois homens no porta-malas, revisou o carro inteiro.  Viu que os dois tinham seu celular como uma câmera de dentro da cabine.

Que merda é essa?

Revisando o carro, encontrou uma bomba lapa, a usou no próprio carro, viu que a mesma seria acionada pelo celular de um deles.

Justo ao lado do posto de gasolina, tinha um armazém de carros usados, procurou um daqueles que ninguém dá atenção, porque só os pobres o tinham.

Fez uma ligação, mas antes abriu seu celular, para ver se não tinha nenhum sistema ligado, usou seu cartão no telefone do outro homem.  Falou com o homem de seu grupo que mais confiava, que saíssem imediatamente de aonde estavam, que deixassem as portas abertas, para os policiais que estavam ali, marcou um ponto para se encontrarem.  Disse a ele, temos um dentro do grupo.  

Saiu com o carro, quando estava voltando para a estrada central, detonou a bomba. Inclusive o caminhão que dirigia, por não ter peso, virou de lado.

Filhos da puta, entendeu a jogada, era a ele que queriam caçar, o porquê não sabia.

Foi para o ponto aonde tinha marcado, mas antes deixou o carro, entrou pela entrada especial para o lugar que tinha seu rifle escondido.

Chegou muito antes de todo mundo. Acoplou no rifle um sistema que tinha desenvolvido, como uma pequena antena, podia escutar o que falava a uma certa distância.

Quando todos chegaram, inclusive o Jasmim, o que ele estranhou era estar o juiz junto.

Queria saber por que tinham que se reunir ali.

Quando escutou o Juiz falando, entendeu, ele estava limpando o campo para uma investida, sabia que ele reuniria seu grupo.

Desceu tranquilamente, foi ao seu esconderijo, ficou ali uma semana, escutou a conversa muitas vezes, queria entender o que se passava.

Não poderia sair do pais, como se nada tivesse acontecido.  Tampouco entenderia por que seus homens o tinham traído. Ou tem muito dinheiro por detrás disso, ou tem outra coisa que não entendo.

Não acessou nenhum site no seu laptop.  Tudo que fez, foi entrar justamente na sala do Juiz, apesar do Jasmim ter limpado tudo, ele tinha colocado posteriormente uma câmera de vídeo, que passava desapercebida, pois estava no alto, tinha uma visão de 360 graus.

Escutou a conversa dele com o Jasmim.   Como ele pode perceber alguma coisa.

Jasmim ria, você não conhece teu parente, ele tem uma coisa que falta a muita gente, instinto.

Deve ter desconfiado de alguma coisa.  Tua montagem não foi perfeita.

O idiota iria ser condecorado, mas eu ficaria com o titulo que lhe tocava, por parte de nosso avô.   Ficou com a boca aberta, quando o juiz se aproximou do Jasmim, lhe beijando na boca.

Ai, estava.   Mas que merda era essa de título.

Eles tinham perdido tudo, que ele soubesse seu pai era filho único.

Rasurou totalmente a cabeça, chegando a raspar como se faz uma barba, sem pelo nenhum, procurou ali alguma roupa diferente, sempre tinha coisas que tinha comprado em algum lugar, viaja sem nada, mas ali, era como um camarim de um teatro.  Estava tudo que existia em sua casa. 

Saiu, mais parecia um rabino, foi em direção, a cite, apresentou seu documento, ninguém lhe pediu nada, deixou que a câmera de vídeo lhe gravasse tranquilamente, usava um óculos especial desses que parecem fundo de garrafa, mas que no centro ele via perfeitamente, sabia que quando a câmera focava esse óculos, distorcionava o que via.

Passou por todos, entrou num banheiro, montou rapidamente uma arma, com plástico 3D, entrou na sala aonde estava Jasmim, lhe acertou um tiro no meio das sobrancelhas, sabia que essas armas eram como de criança, não faziam ruído.   A bala apesar de ser de plástico, matava.

Abriu a sala do Juiz, estava falando pelo celular, fez um sinal que entrasse.  Esperou um segundo para saber com quem falava, entendeu, fez um gesto com a mão de silencio, apertou o gatilho o Juiz caiu para trás.  Pegou o celular, escutou do outro lado o que tinha sido seu antigo chefe, temos que encontrar aonde está esses milhões que ele roubou.  Ao mesmo tempo estamos limpando o mercado de competidores.

O deixou ali falando, saiu tranquilamente da Cite, se dirigiu aonde estava sua moto, tirou o chapéu de judeu, colocou numa lixeira, colocou um capacete, foi para seu esconderijo.

Ficou escutando a rádio, agora entendia, já tinha descoberto que ele tinha o dinheiro do atentado.  Também porque não o deixavam ascender na delegacia, lhe entregado casos para resolver medíocres, queriam que ele se traísse.

Mas agora envolver juízes, seus amigos, tinha algo mais atrás disso tudo.

Nenhum noticiário, mencionou o assassinato do Juiz.  Acedeu a câmera de vídeo, viu que eles continuavam no mesmo lugar.  Sentado na sua cadeira com um tiro na testa.

Deixou a imagem parada, quando foi de noite, entraram na sala, dois dos seus antigos homens, disfarçados de limpadores, colocou tudo para gravar.  Já traziam o Jasmim da outra sala, colocaram os dois em dois carrinhos da limpeza, para retirarem dali.

Parou para pensar, analisou cada detalhe, a sala do Juiz era a mais escondida, na porta só tinha uma placa Juiz Charles D’Obrey, que tinha isso a ver com seu nome.

Buscou através de um celular, de pré pago, o nome, dizia sua fecha de nascimento, bem como sua morte, no ano anterior.

Rapidamente se desfez de tudo. Esses idiotas não sabiam que ele tinha usado o dinheiro o depositando em vários bancos diferentes, com nomes diferentes, que tinha um acesso com seu cartão de credito.   Todo esse dinheiro, estava como sendo investido continuamente, não em ações, mas em rendimento normais, como eram valores bons, por menor que fosse a aplicação aumentavam consideravelmente.   Nem a conta que tinha no banco com a caixa forte, era em seu nome verdadeiro.

O homem que tinha feito todos esses documentos para ele, lhe devia favores, mas tinha morrido a mais de dez anos.

Cortou a barba mais curta, bem perfilada, ficava parecendo um executivo.

Com um dos cartões de créditos, alugou um furgão, desses de transporte, negro, com vidros tintados, fez um jogo, sabia que só tinha aquele, argumentou que não gostava de vidros tintados, mas o homem fez força para o convencer de ficar com o mesmo.

Passou várias vezes diante do lugar que vivia o seu antigo chefe.  Viu que o edifício estava basicamente cercado, sabia o andar que ele vivia, subiu a uma varanda no edifício diante, ficou observando, por várias vezes ele vinha a janela, olhava para baixo para a rua, mas nunca para cima.  Apesar de ser de noite, ele estar vestido de negro, com um capuz negro, poderia ser descoberto se tivesse alguém em alguma varanda do edifício, vasculhou o mesmo, viu que não tinha.    Era quase meia noite, quando ele se enquadrou na janela, falando com alguém no telefone, estava irritadíssimo.   Como ninguém ainda não sabia aonde estava.

Filho da puta, deve ter saído do pais.  

Foi nesse momento que apertou o gatilho, viu o sujeito ser jogado para trás, seu melhor amigo do tempo do Mali, apareceu no ângulo certo, não teve dúvida, mais um.

Desceu rapidamente, desapareceu no furgão, tinha retirado a placa.  Só voltou a coloca-la antes de devolver o mesmo.

Voltou para seu esconderijo, ficou quieto, só saia cada dia com um disfarce diferente para comprar comida.   Mas nunca no mesmo lugar, que tampouco tivesse câmeras de vídeo na rua.

Passando por uma banca de jornais, viu um jornal sensacionalista, falando por uma gang de policiais que tinha roubado dinheiro do governo, para uma operação, que agora se descobria que esse dinheiro estava outra vez em circulação.

Ah, começou a rir, eu depositei, claro o dinheiro entrou em circulação, mas nunca saberiam de aonde tinha saído.   Isso não se registrava.

Experimento todos os cartões, em lugares diferentes, bem como entrou em sua conta através de cyber café.  Tudo estava intacto.

Se fosse o caso, já teriam tomado posse do mesmo de alguma maneira.

Quando ele tinha dado ordem para que os prisioneiros fossem soltos, não tinham obedecido, aparecia numa manchete de jornal, lugar de limpeza de corruptos da polícia.  O mesmo de seu antigo chefe.

Em momento algum falava em seu nome.

Retirou dinheiro de todos os bancos, usando sua moto, preparou um viagem louco, foi a Luxemburgo, levando esse dinheiro, o colocou tudo num banco que não fariam perguntas, retirou o resto dos bancos que tinham filial lá, colocando em Bancos que tivessem filiais nos Estados Unidos.    De lá, foi para Frankfurt, com um dos seus passaportes, comprou um bilhete para NYC.

Se hospedou com outro documento num hotel, barato, mas limpo, desses que ficam jovens estudantes que fazem viagem sem muito dinheiro.

Se misturou pela cidade.   Dali podia consultar os jornais franceses, nenhum depois do primeiro momento falava muito no assunto.

Trazia com ele, o documento de propriedade da Guadalupe, queria ver como fazia para chegar lá.   Usou uma ideia maluca, um cruzeiro que iria por essas ilhas.  Não era um barco imenso, mas valia a pena tentar.

Quando desembarcou para um passeio desses guiados, visitou os lugares interessantes da cidade, descobriu aonde era a propriedade da família, tinha um cartaz de se vende.

Entrou na agência que dizia que estava a venda.    Pediu informações, o homem lhe disse que no momento seu proprietário estava sendo dado como desaparecido em campo de batalha, mas que o governo local vigiava a mesma.

Embarcou outra vez, seguiu no cruzeiro, precisava de tempo para pensar.

Alguma coisa continuava não lhe cheirando bem, como podiam colocar à venda uma propriedade que pertencia alguém considerado morto.  E que o governo francês estivesse interessado não enquadrava.

Muito para pensar.  O conteúdo da caixa de sua mãe, estava com ele, nesta constava de uma livreta como se fosse um diário.

Sem querer se lembrou de uma coisa que faziam em criança, que ela usava para testar sua inteligência bem como seu raciocínio.  Ela escrevia uma história, que tinha outra história por detrás, ele tinha que descobrir a outra.

Depois havia outro ponto importante, porque seu pai o tinha basicamente treinado para ser um guerreiro, para saber se defender, atirar, tudo como devia.  Se parasse para pensar, tinha sido treinado desde criança a desenvolver sua intuição, saber atirar, se defender em vários tipos de luta, que o exército sem querer tinha aprimorado.

Começou a raciocinar em cima da propriedade, do que eles falavam de maldição.  Se lembrou de tudo que tinha pesquisado sobre a família.  O mais interessante, como ele jovem o tinha fascinado em seu momento, em que uma antepassada tinha se casado com um corsário da Córsega, que durante muitos anos, tinha tido também como propriedade um castelo em Ajaccio, a segunda cidade da ilha.

Como um estalo em sua cabeça, surgiu que tanto o que considerava seu amigo, como os outros que o tinha traído eram da Córsega.

Num Cyber café, pesquisou sobre isso, no período que se falava, os habitantes da ilha, tinham muitos corsários entre eles, que atacavam os navios no mediterrâneo.   Um dos motivos porque França usava mais os portos do norte, apesar de ter os corsários de Saint Malo, mas esses a maioria trabalhavam para o Rei, só assaltando os barcos ingleses.

Todo esse tempo trabalhava sozinho, raras vezes, operava juntos com os outros soldados, mesmo assim era para lhes dar retaguarda.

As missões vinham diretamente do comandante, que recebia alguma informação, ou a pedido dos países.

Voltou a se lembrar de um dos primeiros objetivos, o Tuareg que tinha matado, o identificando com o colar.

Sem o turbante o mesmo parecia um homem europeu.  Se lembrou que no meio do colar tinha alguma coisa que brilhava, quando o focou parecia uma pedra.  Tornou a se concentrar para lembrar-se dos detalhes, no primeiro dia tinha acompanhado o mesmo juntos com alguns homens a uma pista no meio do deserto, chegou um avião pequeno, descarregou alguma coisa ali, que pensou que eram armas, depois voltaram ao meio da dunas que usavam como abrigo.

Normalmente os soldados quando vinham, por essa parte aberta, então eram alvo fácil para eles. Que saiam como morcegos das dunas.

Será que esses Tuaregs faziam tráfico de alguma coisa?  Essa era a questão nunca recebia informação suficiente antes, tampouco depois, como tampouco ficava para observar o que acontecia em seguida.

Voltou a se lembrar do golpe que tinha transformado, ficando com o dinheiro.  No mesmo a maleta tinha uma parte oculta, mas ali só achou um saco com uma numeração qualquer, será que ali estavam escondidos diamantes.   Fez sua memória fotográfica, se lembrar de um assalto a um velho que transportava diamantes.  Todos estavam dentro de pequenos sacos, com inscrições mais ou menos iguais, com o mesmo tipo, o homem lhe explicou que significavam o tipo, o tamanho, bem como o peso.

Agora lhe surgia a dúvida, será que os traficantes deviam ter entregado uma maleta com diamantes, não o fizeram, pois o carro que tinha as drogas era da polícia.   Ou seja, no fundo devia ser isso, buscavam os diamantes não o dinheiro em si, que não seria motivo para tanto.

Só tinha uma maneira de saber, era conseguir falar com o delegado que tinha mandado seus homens fazer isso. 

Quando desceu do barco em Miami, sua cabeça tinha funcionado em várias direções, o comandante do navio, lhe abordou, pois tinha sido um passageiro que tinha ficado o tempo todo sozinho.    Disse que estava fazendo esse viagem para se curar de uma decepção amorosa.

Eu entendo, mas a maioria vem com esse objetivo, mas procura outra pessoa.

Não é o meu caso, sou uma pessoa ruminante, preciso analisar totalmente o que me passa para poder seguir adiante.

Só tinha duas possibilidades, o delegado estava em prisão, se o fosse visitar chamaria atenção, sem querer tinha matado qualquer um que pudesse lhe esclarecer.

Começava a acreditar que talvez esses Tuaregs fossem o meio do caminho de tráfico de diamantes para a Europa.   Se fosse assim teriam trocado de pouso, mas com certeza seguiam fazendo.

O avião que tinha pousado no meio do deserto, era um bimotor, não muito novo, seu piloto era um negro, acompanhado de outro.  Não tinham ficado mais que uns 20 minutos, porque os motores em momento algum pararam.

O jeito era ir a Mali.

Mas teria que encontrar uma maneira de se armar, bem como conseguir informações.

Quando desceu em Bamako, foi como ter voltado a sua casa, alugou logo um jeep, velho que devia ter sido militar, mas exigiu que ele mesmo pudesse revisar o carro.   O homem depois que ele consertou duas coisas, lhe pediu para dar uma olhada em um outro.  Foi como reencontrar um velho amigo, era o que ele usava nas missões, perguntou como tinha conseguido, lhe disse que estava abandonado.   Perguntou se tinha placas por ali, mudou as mesmas, comprou do homem o jeep, ele mesmo tinha preparado o jeep, tinha feito um bom negócio.   Usou uma lógica, se o jeep estava abandonado, quem sabe aonde escondia antigamente suas armas, ainda seguiam lá.

Colocou comida, principalmente barrinhas energéticas no jeep, água que era o mais importante, deu uma volta imensa, para saber se não estava sendo seguido.  O problema hoje em dia eram os Drones, pois o exército o usava muito.

Depois de verificar isso, se dirigiu a um velho caravasar abandonado, escondeu bem o Jeep, ficou ali, quieto comendo, muito bem escondido observando.  De noite quando não apareceu ninguém, foi ao seu esconderijo, achava interessante ninguém ter conseguido encontrar. Mas estava tudo lá.  Estava dentro de uma chaminé aonde se fazia fogo para cozinhar, limpou bem as armas que estavam ali, a munição, foi como encontrar um brinquedo antigo.

Despertou de manhã com um homem sentado aos pés de seu saco de dormir, o olhando fixamente, vestia tão somente um taparabos, nada mais.

Falou com ele em vários dialetos que conhecia, o homem fez um sinal, abriu a boca, mostrou que não tinha língua.  Colocou a mão sobre sua cabeça, como por um passe de mágica passou a entender o mesmo.

Quando te cortam a língua para que não se comunique com as pessoas estranhas, aprendes a falar de outras maneiras, seja pela língua dos signos, bem como pela mente.

Venha comigo.   O homem o guiou até uma parte do Caravasar, começaram a descer uma escada que estava tapada por um tufo de espinhos.  O Levou por um subterrâneo, até uma grande gruta, lhe explicou que ali era um ponto de escape, se o caravasar fosse atacado, que hoje em dia ninguém sabia de sua existência.

Venha, fez uma fogueira, começou a conversar com ele.  Lhe disse que era a reencarnação de seu antepassado pirata.          Ele não acreditava muito nessas coisas, falou do seu instinto de sua maneira de analisar tudo.

Não estás errado aqui era um pouso de uma rota de contrabando de diamantes, mas liquidaste o principal controlador de tudo.     Alguém fora de Africa queria esse controle, mas a partir que liquidaste o mesmo, ninguém mais confiou no teu povo.

Falou da ação que ele tinha ficado com o dinheiro, na maleta devia ter diamantes, disse pedras, mas o chefe desconfiava de uma arapuca, mandou um segundo seu para ver como se saia.

Estão até hoje procurando por isso, pois era uma quantidade muito importante de pedras, mas estão distribuídas pela Europa, quando mencionava isso como que desenhava um mapa.

Mas teu destino é outro. Quando anoitecer, viras comigo, vou te preparar.  Meu povo Dogon, não aceita muito que eu faça essas coisas, por isso vivo a parte.   A muitos anos habito esse lugar.

Mais abaixo, encontraram um lugar que tinha como uma corrente de água subterrânea, os dois se banharam ali, a água era fria, mas cristalina.

Não sabia por que, mas confiava nesse homem.  Acendeu uma pequena fogueira, com as primeiras brasas, que colocou num recipiente de barro, colocou incenso retirado de uma bolsa que levava na cintura.  Soprou em direção a ele, segurou suas mãos, os dois começaram uma viagem por todos os lugares que tinha andado até o final.

Mostrou aonde estavam as confusões.   Em Paris o objetivo era desacredita-lo totalmente para que ele fizesse uso de seu dinheiro.  Achavam que tinham os diamantes.

Acredito que deverias ficar fora de circulação um bom tempo, podes ficar aqui, levamos seu motor, se referia ao Jeep para uma outra entrada.   Assim poderás observar que vem atrás de ti, quem são essas pessoas.

Assim fez, borraram todas suas pisadas por ali.   Um dia depois apareceu um comboio, de jipes militares, examinaram tudo, acamparam ali pela noite, escutou através da chaminé, a conversa de dois que não eram militares.

Se ele não veio aqui, que é era seu pouso aonde estará.   Um outro comentou que a não ser que já tivesse partido, que o homem que lhe tinha vendido o jeep, tinha demorado muito em soltar que ele tinha estado lá.  Agora não venderá mais nada.

Tinham matado o sujeito por sua culpa.   Filhos da puta, se fosse por ele, sairia imediatamente matando todos, mas o mudo, lhe colocou a mão num braço, balançou a cabeça em negativo.

Tinham fechado de tal maneira o acesso para baixo, que por mais que procurassem não iam encontrar a entrada.   Depois camuflado, os seguiu quando observavam tudo em volta, procuravam alguma coisa sua.   O comboio sem querer tinha borrado suas marcas para chegar ali.

Se acusavam um ao outro por isso, se ele esteve aqui, borramos nos mesmos.

Se não está aqui, deve ter ido para Mauritânia, pois trabalhou muito lá, amanhã iremos até lá, mas não, permaneceu ali, recebendo ensinamentos do homem.

Disse que não o podia levar aonde estava sua gente, pois sem querer ele lhes criaria problema.  Teve um dia que escutaram o bimotor passando, continuavam usar a rota do tráfico de diamantes.   Precisava descobrir de aonde vinham.

O jeito era ir até podia ser o novo aeroporto improvisado, ali não era difícil.  Buscou antes aonde podia estar os Tuaregs.    Não precisou ir muito longe.  Viu que tinha havido recentemente um choque entre esses, bem como o grupo que o tinha estado procurando, não eram do mesmo bando ao parecer.

Um dos homens ainda estava vivo, usava justamente um cordão com uma placa como ele tinha visto no outro.  Realmente no centro tinha um diamante.  Tirou o turbante do mesmo, era loiro, o confundiu com alguém, começou a falar em dialeto da Córsega, com ele, que tinha sido traídos pelos de Paris.  Estava preocupado pois hoje chegaria outro avião, colocou a palma da mão sobre sua cabeça, o homem tinha lhe ensinado isso, conseguiu entrar na mente do outro. Mas este não sabia de aonde vinha o carregamento.

Tirou sua roupa, colocou o turbante, sujou a parte que estava com sangue, para disfarçar, colocou de fácil alcance um revolver com silenciador.

Se escondeu entre as dunas, esperando o avião.   Quando este chegou, viu o mesmo homem negro descer com a maleta, quase riu, pensando, devem ter uma fábrica de maletas, ou compram em quantidade, se lembrava da saudação que tinha escutado.

Se aproximou, quando esteve a menos de um metro, lhe atirou no peito, esse não esperava, caiu duro no chão, ele apontou a arma para o piloto, recolheu a maleta, sentou-se atrás do mesmo, lhe dizendo, volte desde aonde vieste.

Ficou impressionado, era uma área a pouco tempo aberta, quando o avião aterrizou, lhe deu um tiro na nuca, saiu pelo lado que não se via ninguém.

Foi um caos total, ao descobrirem que o piloto tinha voltado sozinho ou trazendo alguém que a maleta não estava.

Ficou escondido, no alto de uma árvore, só prestando atenção, determinada hora, saiam de um barracão, um grupo de homens, viu que todos eram pigmeus, entravam numa área aonde deviam estar extraindo os diamantes, ao mesmo tempo traziam um grupo que incluía mulheres, crianças.

Só pode pensar, filhos da puta.  Esperou que todos estivessem dentro do barracão, continuou quieto dois dias, só observando.   Suas barrinhas energéticas estavam terminando, já sabia o que queria, na verdade não eram muitos homens, mas sim bem armados.

De noite, quando saiu um grupo para trabalhar, outro foi dormir.

Esses eram dois os matou durante a noite, os outros estranhavam, que não tivessem saído para trabalhar, quando entraram na cabana ela explodiu, tinha descoberto o deposito de armas, bombas, etc. lhe faltavam cinco para matar, o fez sem dó nem piedade.  Soltou todos os prisioneiros, um deles chorava muito, disse que ao comunicar aos brancos o que tinham achado, pensava que ajudariam seu povo, mas os tinham escravizado.

Lhes disse que deviam desaparecer no mapa, ele iria explodir a mina inteira, esse o ajudou, bem como outros homens, quando se afastaram implodiu tudo, ficava abaixo de uma montanha que se assentou como se nunca houvesse existido nada embaixo.

Colocaram fogo em tudo.  Ele encheu o tanque de gasolina do avião, para poder retornar, menos mal que sabia pilotar, se despediu dessa gente, esperava que conseguissem escapar para longe.   Embora soubesse que se vingariam dos homens brancos que aparecessem agora.

Fez a mesma rota que estava marcada no voo.

Viu antes de aterrizar que ali estavam os homens que o tinham perseguido, atiraram no avião, ele conseguiu levar o avião mais a frente o pousando no meio de dunas, o que dificultaria um uso posterior, se escondeu, ficou esperando.

Chegaram dois jipes, ficou quieto só observando.  Estavam furioso, o chefe deles, disse que era o terceiro carregamento que perdiam.   Disse o nome de uma pessoa que ficaria furiosa, Jean Gaspar.

Estavam todos em volta do avião, para ver se encontravam alguma maleta, o tanque ainda estava cheio, atirou, a explosão matou uns quantos, mas foi liquidando um a um.

Deixou com vida somente o que achava que era o chefe.

O feriu de proposito, depois de verificar que todos estavam mortos, o estendeu ali embaixo do sol, tirou toda sua roupa, quando despertou, levou um susto, um Tuareg o observava.

Começou a falar em dialeto com ele, porque o tinha atacado.

Este respondeu, que seriam os últimos carregamentos, pois o local estava já esgotado, quase riu, iria dizer totalmente, quem é que manda verdadeiramente no assunto.

Ele repetiu que seu contato era Jean Gaspar da livraria.

Ele caçou um escorpião que estava por ali, o colocou no peito do homem, não se mexa lhe disse, pois te matara.  Quem realmente manda, ele disse que o contato sempre tinha sido o Jean, mas que o chefe só ele conhecia.

Lhe deu um movimento, justo quando o escorpião estava na testa do homem, cravou aonde levava o veneno na testa do homem.

Voltou caminhando a gruta, o homem já não estava lá, foi se adentrando a mesma, até aonde sabia que tinha água.    Estava se lavando, quando surgiu um grupo deles.

Um dos homens o de mais idade, lhe disse que sabiam o que tinha feito, libertando os pigmeus, que agora ele tinha que partir, pois ali poderia causar mais problemas.   Mas que não fosse por Bamako, pois seria complicado, um grupo o levaria até a fronteira com o Benin, por aonde devia sair.

Foi uma viagem cheia de imprevisto, mas finalmente conseguiu embarcar, usou um passaporte que estava no fundo de seu saco.   Antes agradeceu ao homem que o acompanhava, este só lhe disse que tinha um batalha dura pela frente.

Em Paris, embarcou num voo quase em seguida para Bastia, chegou de noite, morto de cansado, arrumou um pequeno hotel, limpo, queriam lhe oferecer um de frente para o mar, mas pediu um de fundos. Tinha acertado, por ali, se houvesse um problema podia escapar.

Tinha mudado de roupa, usando roupa já usada antes, cheirava um pouco mas era o que lhe tocava.   No dia seguinte observaria como se vestia a gente dali.

Teve sorte, no dia seguinte saia do hotel uma excursão, que daria a volta a ilha, comprou o pacote todo, ainda teve tempo de comprar roupas novas, comprou duas mudas de roupas iguais, negras.

Quando chegaram a Ajaccio, ficaram num hotel cinco estrelas, saiu com um grupo pela cidade, viu aonde era a tal livraria, tinha um bar na frente, ofereceu uma ronda de cerveja aos novos amigos.  Dali ficou observando, realmente era bem guardada.  Viu que duas senhoras do grupo se aproximaram para entrar, mas os homens diziam que estava fechada.

Ficou surpreso quando viu um homem sair.  O tinha visto um dia, na Cite, ficou observando mais um segundos, quando esse entrava num jeep.

Na escuridão da noite, ficou observando, quando o mesmo voltou, subiu por uma lateral entrando no andar de cima.   No terraça em cima, houve uma troca de homens.

Observou o movimento dentro da casa.  Ele estaria sozinho a noite inteira.

Tinha aprendido com seu amigo Dogon, a usar uns dardos os vermelhos faziam a pessoa dormir, os negros matavam.

Foi o que fez, viu que para subir as escadas, tinha um outro homem, só que dormia ali sentado.

Fez a mesma coisa, pensou consigo mesmo, feliz sonhos.

Subiu as escadas, pisando suavemente os degraus para ver se não faziam barulho, sabia se mover bem no escuro.

Entrou na casa, foi observando bem aonde pisava, bem como tudo que existia em volta, afinal anos de treinamento, viu um vulto na cama, disparou um dardo.  Não podia acender nenhuma luz, pois chamaria atenção, se aproximou da cama, iluminou a cara, era justamente o homem.

O levou com ele, até uma lateral do hotel, roubou um carro ali estacionado, se embrenhou numa parte que era floresta, a uns 30 quilômetros da cidade.

O Jean Gaspar, estava despertando, o amarrou direito, em uma árvore, quando o viu, abriu um olhos imensos.  Soltou um filho da puta, como conseguiu chegar até nós.

Fui me informando aqui, ali, como já não vão existir mais carregamentos, toda a rota de Mali, terminou.

Sim soubemos que deste cabo de todos, ou pelo menos deduzimos que tinha sido tu.  Encontraram meu irmão morto com um escorpião em cima de seu corpo.

Pois foi ele justamente quem me falou de ti.

Mas não sou o chefe dessa merda toda.  Uns idiotas que pensam que com esse dinheiro podemos comprar armas para mandar a França a merda.  Eu acho que é perda de tempo, mas meu irmão me meteu nisso.

Ontem como deveria chegar um carregamento, foi que se descobriu tudo, fui o encarregado de dar notícias ao velho.  Ficou uma fera, quer tua cabeça.

Mas quem é esse homem, perguntou, embora soubesse da resposta.

Um irmão do teu pai, veio aqui para pesquisar suas raízes de corso, foi ficando, você já matou seu filho que esperava ter o título do castelo aonde viviam teus pais.

Nem sabia que tinha um título, o castelo foi vendido ao governo francês para pagar as dívidas de impostos.  Nunca mais voltei lá.

Aonde posso encontra-lo?

No seu castelo, mas te rogo pelo amor de deus, não me faça ir até lá, vai me matar.

Se meu irmão tivesse sobrevivido, o teria matado com suas próprias mãos, apesar de velho tem uma força incrível.

Me diga como ir, o outro lhe explicou. Quando acabou, ele, lhe colocou um dardo negro, morreria dentro de instantes, voltou ao hotel, colocou o carro no estacionamento, entrou rápido, foi ao seu quarto, tomou um banho, guardou a roupa que estava, colocou uma limpa, tirou uma soneca sentado numa poltrona, ele quando tinha que dormir o fazia em qualquer lugar, despertou com a chamada do telefone do quarto avisando que o café da manhã da excursão estava servido.  Escovou os dentes, desceu, comeu, mas muito bem por sinal.

O ônibus, passava justo por diante da libraria, viu que tinha ali, uma confusão tremenda, de entra, sai gente.

Mais adiante, o ônibus parou para mostrar por fora o castelo, o guia avisava que o dono não permitia visitas, um tipo muito raro.

Como ele sentava no último banco, saiu por detrás, muita gente desceu para fazer fotos, ele se esgueirou pelo meio das árvores.

Deu uma volta larga, subiu pela encosta do outro lado da montanha, era como uma floresta fechada, mas foi vendo dispositivos de vigilância, os foi esquivando.

Subiu a uma árvore aonde podia se abrigar, sua copa era tão fechada que podia ficar escondido ali.   Viu que a movimentação era impressionante.   Cercavam o castelo como um exército, deixou passar dois dias, descobriu que podia através do topo de árvore transladar-se a outras.  Foi se aproximando do castelo.  Levou um choque quando viu uma figura através da janela, parecia seu pai.  Quando viu pela segunda vez, teve certeza, ele realmente tinha um irmão, porque nunca falou disso.

Talvez por isso tivesse deixado o castelo francês ficar em ruinas, não lhe interessava esse poder, nunca tinha usado seu título com nenhuma pessoa da vila, todo mundo se dirigia a ele pelo seu nome.

Uns dias depois viu que havia menos guardas, que a coisa fluía melhor, o homem saiu duas vezes para passear pelo jardim, ao contrário de seu pai, que trabalhava duro, esse tinha uma ligeira barriga.   Mas viu o que o da livraria tinha falado de sua força, mas notou que era só de um braço, era como se um tivesse força o outro não.   A observação era importante, já sabia seus hábitos, dormia tarde, ficava horas numa biblioteca sozinho, antes de dormir, pela janela desde cima das árvores se via isso.   Ficava sentado perto do fogo, as vezes falava por telefone com alguém, sempre ficava irritado.

Quando lhe trouxeram o corpo do Jean Gaspar, chorou abraçado ao mesmo, os animais tinha comido parte de seu estomago, bem como de sua cara.   Soltou um grito imenso, gritando filho querido.

Jean Gaspar era filho dele.  Mandou levar para enterrar, o que o escutou o deixou gelado, como fracassou em sua missão o jogue ao mar.   É o que merece, voltava a ser o homem duro.

Dois dias depois já estava dentro do palácio, ninguém o tinha visto entrar, pois procurou o ponto cego de tudo.

Se escondeu na biblioteca, esperou que ele estivesse sentado em sua poltrona, quando se sentou na frente.

Gostaria de saber por que tudo isso.

O homem riu, não te surpreende que me pareça com teu pai.

Não teu filho Jean Gaspar já me tinha falado que vocês eram irmãos.

Que mais te contou meu filho?

Que a tua ideia de tentar separar Córsega da França era ridícula, que querias ser o Rei daqui.

Ele nunca acreditou em mim, por isso o fiz ficar na vila, seu irmão sim, foi te enfrentar.

Se eu soubesse que era meu primo, talvez lhe tivesse proporcionado uma morte melhor, um escorpião, coitado que por acaso andava por ali, mas no fundo lhe alivie o sofrimento, pois nunca voltaria a andar, seria muito difícil sair vivo dali.   A explosão do avião, matou a todos, menos a ele.

Na última vez que falei com ele, achava que estavas com os Dogons, mas creio realmente que não era assim.

Ele não respondeu.

Teu pai te treinou bem, ele foi um grande comandante no exército, por isso sabia que tinha que te preparar, eu ao contrário, fiquei no castelo escavando para ver aonde estava a herança maldita, para afinal não encontrar nada.

Ou talvez não soubesse procurar, porque eu a achei a muitos anos atrás, mas está enterrada em outro lugar.

Agora entendo que tem teu dedo na morte de meus pais.

Ele como o irmão mais velho herdou tudo, fiquei sem nada, me disse se eu encontrasse a herança maldita, seria minha, por isso vim para cá, roubei os documentos daqui e de Guadalupe, mas lá tampouco estava.

Mas alguém fez uma trampa, pois quando foram entregar o dinheiro aos policiais, não havia na maleta nenhum diamante.

Foste tu, ou alguém muito próximo a ti que ficou com isso tudo.

Não eu não fiquei com os diamantes.

Então, começou a rir, eu sabia que tinha alguma coisa estranha, esse velho maldito.

O que é.

O velho que fica no bistrô vigiando para o traficante, tinha um rosário árabe, mas era maior que o normal, as pedras eram transparentes, de vários tamanhos.  Os diamantes ficaram com ele.

A cara do velho ao se sentir enganado era ótima.

Tirou calmamente uma arma do bolso, bom teu trabalho termina aqui, pois terei que resolver esse problema.

Mas era tarde, ele já tinha seu revolver em 3D apontado para sua cabeça.

Ah essa arma de brinquedo não me dá medo.

Quando sentiu a bala na sua cabeça, sua cara era rara, como dizendo, como é possível.

Se levantou rapidamente, saiu como tinha entrado, porque em seguida começou a sentir as pessoas se movendo.

Saiu como tinha entrado, ficou do mesmo lugar observando como as pessoas ficavam em volta dele.   No dia seguinte se escutava os sinos da igreja tocando.

Nessa noite atravessou a floresta toda, saiu numa outra cidade pequena do outro lado, roubou um carro, foi até o aeroporto da ilha, mas antes, comprou uma roupa de turista, embarcou com o mesmo documento que tinha chegado.

Em Paris, foi para o seu esconderijo, se vestiu de uma roupa diferente, com uma peruca loira, óculos escuros, observou o que o velho fazia, seguia fingindo que rezava no seu rosário.

Estava com cara de preocupado, devia saber já do que tinha acontecido na Córsega.

Quando o negro alto veio falar com ele, estava furioso, lhe apontava o dedo como se ele fosse o culpado.

Mal o outro foi embora, saiu levando o rosário na mão, com a sua moto, passou raspando por ele, retirou o rosário de sua mão, quase funcionou lhe disse.

A cara de ódio do homem era impressionante.

No dia seguinte estava estampada sua cara, num jornal.

Pensou agora para aonde, sabia que essa gente tinha milhões de ramificações, que controlavam a polícia bem como outros lugares.

Pensou muito a respeito.  Queria verificar uma coisa, guardou o rosário na caixa forte do banco, com sua moto, foi em direção a sua cidade natal.

O castelo agora era um hotel de luxo, com direito a tudo da floresta, a casa que viviam antes, tinha sido demolida, ali agora tinha quadras de tênis.

Tentou saber a quem pertencia isso.

Quem comprou a propriedade foi um senhor da Córsega, mas nunca veio até aqui.

Seguiu sua viagem, foi atravessando Itália, até dar com um lugar que gostou, um dos muitos castelos italianos, com uma vila fechada dentro, alugou uma casa, ficou vivendo lá anos, deixou o tempo passar, quando precisava de dinheiro, ia o mais longe dali possível para retirar de algum banco.

Fez amigos, lhe cobravam que se casasse, mas nunca iria ter uma família, pois isso a colocaria em perigo.

Morreu como todos ali, de velho, em todos os bancos, ficou dinheiro para trás.  Nunca mais apareceram os donos daquele dinheiro, afinal não lhe importava era roubado, nem tampouco os diamantes, tinha o mesmo sido usado trabalho escravo para isso.

Quando entrou o padre para lhe dar a extrema unção, riu, nem pensar que se eu fosse confessar tudo que errei, ficaríamos mais dias aqui.  Simplesmente fechou os olhos, morreu.  Tinha nessa altura, quase 90 anos.

 

 

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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