martes, 2 de marzo de 2021

RALF MONTERO

 

RALF MONTERO

 

A enfermeira olhava aquele homem, primeiro tinha pensado que vinha acompanhando alguém, mas ao ver que ele era o paciente, ficou surpresa, tinha 1,90 metros de altura, ombros largos, cintura estreita como os jogadores de futebol americano.  Seu espanto era compreensível, pois ali era uma consulta de resignação de sexo. 

O chamou, o levando para a consulta, o médico teve igual surpresa, o mandou seguir o protocolo, devia nesses dias que estaria internado, falar com o psicólogo, fazer todos os exames necessários para dar início ao processo.

Falou com o psicólogo primeiro, contou desde sua infância, aonde não queria jogar com os meninos, sim com as meninas, sonhava em ganhar uma boneca, usar vestido como elas, usar os cabelos compridos, mas seu pai nunca o tinha permitido.

Odiava jogar futebol, mas como seu pai tinha sido capitão da equipe da escola, ele teve que aprender a jogar, era o pior da equipe, só o chamavam se não havia mais ninguém para chamar, mas fazia todos os exercícios, adorava era natação, aí se destacava.  Nunca tinha gostado de tomar banho com os outros garotos, mas não lhe atreviam a lhe fazer bullying, pois ele o mais alto da turma.

Segundo a história familiar, eram descendentes de mexicanos, que estiveram ao lado dos americanos durante a defesa do Álamo,  seus antepassados, sempre se sentiram americano, foram sim se misturando com outras raças de emigrantes, daí talvez ter cabelos loiros, crespos, olhos verdes profundos, quase castanhos, a pele clara, mas bastava uns dias na praia para ficar moreno.

Cresceu sem ter amigos, tinha companheiros, mas amigos nunca, não se atrevia falar como se sentia, uma mulher num corpo de homem.

Quando seus pais morreram, ele foi trabalhar em Los Angeles, como adorava mecânica, foi trabalhar numa oficina mecânica, era bom nisso.   Quando lhe chamavam, conduzia caminhões pela região.  Tinha vendido a casa de seus pais, numa cidade pequena, perto de Albuquerque, esse dinheiro aplicado, fez um plano de saúde que lhe permitia se operar.

Tinha esperado todo esse tempo juntando dinheiro, para se transformar.

O psicólogo lhe perguntou por seus relacionamentos sexuais.

Bom doutor, nunca fiz sexo com homens, com mulheres tentei por causa dos amigos, mas foi um fracasso total, não sentia desejo, portanto não ficava excitado.  Na verdade, nunca senti vontade de fazer sexo com ninguém.

Algum amigo sabe do que estas querendo fazer?

Não senhor, nunca verbalizei nada disso.

Tentaste te ver como mulher?

Sei que serei uma mulher feia, nunca perderei essa cara de macho, esses ombros largos pela natação, terei que mandar fazer meus sapatos, pois uso 48, já é difícil encontrar sapatos sendo homem, imagino sendo mulher.

Durante dois dias conversou com o psicólogo, enquanto fazia os outros exames.  Um clínico, o acompanhava em todos esses exames, depois de uma chapa de pulmões, mandou fazer um scanner.

Finalmente foi chamado pelo médico responsável, achou estranho ele estar acompanhado de outro médico.  O apresentou como sendo oncologo.

De uma certa maneira, o psicólogo analisa que nunca tiveste uma vivência sexual, para saber escolher o que queres. De outro lado uma coisa mais complicada, nas chapas de pulmão, bem como no scanner, apareceu um câncer que cremos que é dos galopantes, já toma metade dele.  Havia que extirpar, com um só pulmão, não aguentaria todo o processo para a resignação.

Achamos de devias ir diretamente em Los Angeles, falar com um oncologo, para saber de tuas possibilidades.

Saiu dali com um envelope com todas as provas, arrasado, seus sonhos tinham ido a merda, tantos anos esperando, para agora ser colocado de lado.

Tinha vindo desde Los Angeles trazendo um caminhão, com uma carga, voltaria agora com outro.   Saiu da cidade meio aturdido, parou num lugar que todos paravam, para tomar um café comer alguma coisa.  Encontrou um conhecido que fazia o mesmo que ele, eram da mesma empresa.

Estavam conversando, quando foram abordados por um outro motorista de outra companhia, inimigo de seu companheiro.  Discutiram ali mesmo, quase saíram nos tapas.

Em foro íntimo pensava, em que fui me meter, não me basta meus problemas, agora tenho que aguentar isso.

Se levantou, foi ao banheiro mijar, lavar a cara, se olhou no espelho, se imaginou de mulher, seria muito feio.   Uma vez tinha entrado numa loja de perucas, levou várias para experimentar diante do espelho.  A vendedora lhe perguntou se ia a uma festa a fantasia, disse que sim, mas nenhuma lhe caia bem.  Ia ser uma mulher feia.

Riu para o espelho, seguirei sozinho, ou terei que arrumar um marido daqueles tipos brutos.

Entrou em seu caminhão, foi seguindo a estrada, a certa altura, já quase saindo da estrada de Big Sur, sentiu que o caminhão não lhe obedecia, que os freios não funcionavam, ficou preocupado, o mesmo começou a ficar complicado de controlar, sabia que se caísse do viaduto que estava, cairia em cima de uma praia, que com certeza tinha gente, o jeito foi ao sair do viaduto, teria que entrar num túnel, apertava o freio, nada, só fazia o caminhão jogar mais, acabou enfiando a cabine, na lateral da entrada do túnel.

Ficou um tempo atordoado, estava preso na cabine, suas pernas não podia mexer, o volante apesar do airbag estava pressionando seu estomago.  A rádio não funcionava, tardou um tempo em aparecer a polícia bem como o corpo de bombeiros.  Disse ao enfermeiro, no banco ao lado ou no chão, tem os resultados de uns exames que acabei de fazer, tenho câncer de pulmão.

Este voltou ao caminhão, conseguiram recuperar o envelope.   Tinha fatura exposta nas duas pernas, bem como três costelas com problemas.  A polícia ainda falou com ele, disseram que tinha cortado o cabo do freio, bem como outro coisa.   Se ele tinha inimigos.

Se lembrou que o outro tinha um caminhão igual ao seu, disse que poderia ser alguma confusão, que falassem com seu companheiro.  Podiam ter confundido os caminhões.

Foi levado para Los Angeles de helicóptero, apertado junto ao peito, tinha o envelope.  Mas primeiro tinha que resolver o problema das pernas, ficou duas horas na sala de operação, quando voltou a si, falou com o médico, lhe entregou o envelope, com o scanner bem como chapas do pulmão.   Este imediatamente chamou um oncologo.

Este depois de o examinar, fez outro scanner com mais detalhes, sim temos que te operar em seguida, pois pode passar para o outro pulmão.   O que seria prudente, era que tivéssemos um doador para ti.  Assim retiramos um, colocando outro.

Nessa tarde voltou, disse que tinham um doador, conseguimos que a mãe de um rapaz que está em coma induzido, autorizasse o transplante, ela esteve aqui te olhando pela janela, os dois são compatíveis.

Tens família, ou alguém que possamos avisar?

Não senhor, não tenho família, tampouco nenhum amigo para avisar.

Nessa tarde entrou de novo na sala de operações, essa durou seis horas, depois o médico lhe mostraria as fotos do pulmão retirado.  Lhe perguntou se fumava.

Nunca fumei, nem tampouco bebo, não gosto.

É um caso raro de câncer, por sorte foi descoberto a tempo, mais uns dez dias teria todo o pulmão tomado.

De noite sentiu que tinha alguém ao seu lado lhe segurando a mão, viu que era uma senhora, lhe perguntou se era a mãe do doador.  Ela fez que sim com a cabeça, a agradeceu muito.

Despertou de manhã, mas manteve os olhos fechados, pois estava o oncologo, bem como o outro médico falando dele.   Não dá para entender o que faz um homem como este querendo ser mulher.  Já queria eu ter essa estampa, ia sair conquistando todas as mulheres.

Ficou muito tempo no hospital, as enfermeiras queriam todas lhe atender, estavam segundo o médico apaixonadas por ele.

Entre a operação das pernas, a do pulmão, esteve quase um mês no hospital, todas as semanas faziam provas para saber da rejeição, se aparecia mais algum avance do câncer.  Acabou conhecendo todo mundo ali.   Tai pensou, devia ser enfermeiro.

A pergunta agora era, o que deveria fazer agora com sua vida.  Um dia conversou seriamente com o oncologo. 

Este foi franco, veja, terás uma recuperação lenta, depois os tratamentos hormonais de uma resignação de sexo, são fortes, bem como estressante, creio que deverias deixar para mais adiante essa ideia.   O que te aconselho sim, é encontrar um psicólogo que te acompanhe nisso tudo, pois se esperaste tanto tempo para isso, deves lidar com a frustração.  Falei com o médico de San Francisco, ele crê que no hospital que fizeste a consulta, podias seguir buscando apoio.

Quando finalmente foi para casa, se é que podia chamar de casa, um apartamento pequeno, viu que teria que tomar decisões.  A anos atrás, pensava em fazer engenharia mecânica.  Agora tinha o dinheiro que tinha guardado para fazer seu tratamento.  Bem poderia ir à universidade em San Francisco.  Vendeu o caminhão que tinha, bem como sua oficina mecânica.  Se despediu dos conhecidos, tomou rumo a outra cidade.   Mas antes foi ao hospital, levar uma carta para a mãe do rapaz que lhe tinha dado o pulmão.   Agradecia a oportunidade, uma nova vida que começava para ele.

Em San Francisco, ficou primeiro no mesmo hotel pequeno que tinha ficado perto do hospital, se apresentou lá, começaria um tratamento com o psicólogo, bem como o acompanhamento com o oncologo.   Esse disse que ele tinha tido muita sorte.

Começou a procurar um apartamento ou pequena casa para viver.   Encontrou um lugar no fundo de uma dessas casas que aparecem nas fotografias da cidade.   Era um pequeno local, quarto, salão pequeno com cozinha americana, banheiro.  A proprietária, o recebeu bem, lhe avisou que fazia um tratamento, lhe contou o que tinha lhe acontecido.

Depois de se instalar, foi a universidade, dentro de duas semanas começaria o ano letivo, sua paixão sempre tinham sido os motores, seria o mais velho da turma, mas isso não lhe importava.

Mudou sua maneira de vestir, nada mais de camisas de quadros, botas, as calças jeans, sim, mas agora andava de camisetas, tênis. Estava mais relaxado.

De qualquer maneira levou um mês mais ou menos para se adaptar aos outros, eram mais jovens do que ele, mais barulhentos, contavam muitas vantagens.  O chamavam as vezes para beber, ele soltava que não podia por causa de um tratamento que fazia, era uma desculpas esfarrapadas, mas resultava.

Um dia saia, quando viu um rapaz, tentando arrancar um jeep, era de outra turma.  Lhe disse que ia dar uma olhada, examinou o motor, tens que trocar, foi lhe dizendo o que.

O outro disse que tinha vindo as aulas, como jeep de um cliente, pois o seu estava com o pneu furado.  O ia examinar esta tarde, trabalho nos horários livres numa oficina mecânica.

Foi com ele até lá, em seguida conseguiu emprego.  Ficou super feliz.

Tinha um problema na cabeça, pela primeira vez se sentia atraído por outra pessoa, comentou isso com o psicólogo, esse soltou que se ele não experimentasse nunca saberia.

Entre ele, o Greg, surgiu uma bela amizade, falavam todo o tempo em carros, o sonho deste era trabalhar com motores de avião.   Nunca falava em garotas, um dia lhe perguntou se não tinha namorada.

Me dava medo de que fizesses essa pergunta, perder tua amizade, sou gay, por isso não falo em garotas. 

Ele contou ao Greg o que tinha acontecido com ele, imagina agora com quase 27 anos, não tenho experiencia nenhuma com nenhum dos sexos.  Me sinto atraído por ti, mas tenho medo de perder nossa amizade. 

Eu também me sinto atraído por ti, mas fiquei preocupado, um homem como tu, bonito, com esse corpo, deve ter mil pretendentes.

Um dia que saíram, foram a praia, Greg quando viu a imensa cicatriz que tinha no peito, passou o dedo sobre ela, foi como levar um choque.

Nessa noite foi dormir no apartamento dele, pela primeira vez fez sexo com outro homem, gostou, ficou rindo depois, creio que meu problema foi esse, numa me senti interessado por ninguém, estava tão voltado ao que imaginava que não experimentei.

O psicólogo ficou contente por ele, creio que agora já não pensas em ser mulher, não é verdade.

Dois anos depois, estava livre das desconfianças de um novo câncer, mas teria que fazer uma ou duas vezes por ano, revisão.

Greg, recebeu um convite para ir trabalhar na Boeing, em Chicago, depois veria qual a área que ele queria se especializar.

Ele ao contrário, iria fazer um estágio numa fábrica de carros em Detroit, depois também já veria, eles tinham sobretudo uma amizade muito bonita, já distante, se falavam pelo duas vezes por semana, comentando suas experiencias.

Lhe surgiu uma oportunidade daquelas irrecusáveis, de fazer um estágio com uma equipe de fórmula 1, lá foi ele para Londres, para se adaptar a equipe.  Antes de partir, fez mais um exame de rotina, tudo estava em ordem, foi conversar com o psicólogo, que lhe disse que não se fechasse a experiencia que tinha tido.  Que a vida seguia.

A equipe era boa, muito coesa, explicou logo no primeiro convite para uma cerveja, que não podia beber, apenas quando muito uma coca cola.  Abriu a camisa, mostrando sua cicatriz, assim não haveria mais perguntas.  Quando começou o circuito, foi mudando de cidade, aprendeu a levar somente o indispensável.   Ia registrando todas sua experiencias, bem como o que pensava do motores que usavam.

Gostava de estar ali, examinando os motores.  Foi fazendo companheirismo com os outros, escutavam tudo que diziam, alguns eram casados, o que era complicado, pois durante todo o tempo que estavam pelo mundo, nunca viam a família.  Outros tinha uma aventura em cada lugar que iam.  A famosa, uma noite e adeus.

As garotas dos circuitos, ficavam como loucas atrás dos pilotos, do pessoal técnico, mas ele esquivava bem.

Claro que chegou um momento que não tinha nada que aprender, quando quiseram lhe renovar o contrato para a próxima temporada disse que não, que queria outra coisa para sua vida, tinha aprendido o suficiente sobre esses motores.

Foi chamado pelo proprietário da escuderia que lhe ofereceu um trabalho em desenvolvimento de motores.   Recusou amavelmente.

Falou com o Greg, que nesse momento ia a um encontro de amigos seus em Virginia. Ficaram de se encontrar em Norfolk, depois iriam juntos a Virginia Beach, onde vivia a amiga que comemorava o sucesso de seu empreendimento.

A noite que chegou, mataram a saudades, tinha tido encontros nos tempos livres, mas isso não resolvia o problema, sentiam falta um do outro.  Teriam que encontrar um meio termo.

No caminho de ida, Greg comentou que Boeing estava recortando empregados, com certeza ele cairia fora, pois os novos eram os primeiros a serem mandados para a rua.

Ele comentou que tinha ficado exausto de fazer o circuito, cada semana despertava num lugar diferente sem saber direito aonde estava, preciso de estabilidade.

Outro dia me lembrei de como com 16 anos, meu pai me deu uma caminhonete velha, que tinha levado dois anos, restaurando, mas por causa de só poder cuidar no final de semana, quando quis fazer dinheiro para me operar a vendi por um preço excelente, anotei cada gasto que fiz com a mesma, recuperei totalmente o motor, a deixei como nova.  Era a inveja de todos meus amigos.    Isso me fazia sentir genial.   Posso ir buscando carros velhos abandonados em sucatas, restaurar os mesmo, ou talvez preparar que o motor seja mais moderno, que a carroceria aguente.

Era uma casa antiga, imensa a beira do mar.   Estava cheia de gente, ele ficou meio deslocado, o que lhe chamou atenção, foi um homem imenso, loiro, cercado de crianças chinesas, achava engraçado a paciência dele com elas.   A menor não saia do seu colo, ele estava tomando um vinho a menina, segurava ao mesmo tempo a taça, mal lhe permitindo beber.

Um homem parou ao seu lado, um chinês, muito bonito por sinal.   Esse é o meu marido, temos seis filhos, todos foram adotados por mim.  Eu fui um garoto adotado, me trouxeram para cá.  Paul é polonês, nos casamos a anos atrás.   Tem uma cadeia de restaurantes.

Virou-se para ele, perguntando qual era seu negócio?

No momento nenhum, estive trabalhando numa equipe de fórmula 1, cuidado de motores, sou engenheiro mecânico, foi minha especialização.    Mas essa coisa de estar cada semana num lugar diferente, sem ter casa, não é para mim.  Vinha conversando com meu amigo Greg, sobre isso hoje.   Repetiu a história da caminhonete, se consigo um galpão, em que possa montar uma oficina, poderei ao mesmo tempo reparar carros, como restaurar carros abandonados, modernizando o motor, bem como o chassi, para aguentar um motor mais potente.

Interessante isso, mas tens dinheiro para investir?

Esse tempo todo, quase não gastei dinheiro, talvez tenha que começar pequeno, se não der certo posso trabalhar de mecânico.   Eu ainda tenho dinheiro que guardei durante muitos anos para fazer uma resignação de sexo, mas desisti, porque tive que fazer um transplante de pulmão, me desaconselharam a seguir em frente.

Perdão, nem sei por que estou te contando essa história.  Essas festas me confundem, gosto de tranquilidade.   

Eres amigo da dona da casa?

Greg me apresentou de passada.

Eu investi num projeto dela, de transformar, construir pequenos aviões, mais potentes.  Nisso Greg se aproximava com a dona da casa, parecia um homem, com uma calças jeans, camisa de quadros.

Vejo que fizeste um amigo, os apresentou Chi Táo, um investidor em projetos futuros. 

Sim estivemos conversando, pois estava aqui admirando seu marido com as crianças.  O meu está ao lado, mostrou um homem bonito, com duas crianças, uma em cada perna.  Ela riu com uma sonoridade espantosa, quando nos veem juntos, sempre pergunta, o que faz esse homem bonito com essa mulher que parece um homem.

Somos amigos desde infância, se fosse por ele, teria parido ele.   Cuida da administração do meu negócio, das crianças, ele teve um matrimonio falido, tem um filho que deve estar por aí, quando nos reencontramos, não era feliz.  Foi meu primeiro, único namorado, voltamos a estar juntos.  Só queria ter mais filhos.  Adora cuidar de casa, cozinhar, olhe está trocando receitas com o Paul. Daqui de casa, administra tudo.  Três dias da semana, deixa as crianças numa creche, vai para minha oficina.    Aqui construímos a casa, mostrou a parte dos fundos, ele mesmo construiu essas cabanas, as aluga no verão.  São quatro, cuida de tudo, está feliz agora.

Chi, estava falando com meu amigo Greg, ele trabalha na Boeing, o estava convencendo de vir trabalhar comigo.  Tem umas ideias incríveis sobre motores de avião.  Já o convidei para ficar, daqui a pouco essa gente toda vai embora, poderemos conversar.

Ficamos Ralf?

Claro, gostei da ideia de negócio que ele tem.  Mas não podemos ficar até muito tarde, pois as crianças têm horário para dormir.

Deixa disso, vocês vivem aqui ao lado.

É verdade, deixamos NYC, aonde tenho negócios ainda, mas vou num avião que a Anita preparou para mim, assim comecei a financiar seus projetos.

Nem muito tempo depois a casa ficou vazia, as pessoas foram embora, ajudaram a recolher a cozinha. As crianças todas estavam na varanda. 

Ralf se sentou, um dos garotos do Chi, veio correndo se sentou ao seu lado, me contaram que gosta de motores, começou a conversar com ele, como se fosse um adulto.

Ele gritou ao Greg, quero um filho assim, que fale a minha língua.   Todos riram.

O menino apontou ao Chi, meu pai me trouxe da China, eu vivia num orfanato.  O garoto não saia do lado dele. Quando seu pai se sentou ali, começaram a falar de carros.  Minha ideia é ir primeiro procurando numa sucata, depois quero ir devagar, restaurando o mesmo, posso inclusive fazer peças que não existe mais, para poder recuperar os mesmo.  O garoto o olhava como um deus.  

Se for aqui, posso ir trabalhar com ele, nas horas que tenha livre pai?  

Espere para ele decidir aonde quer viver, montar sua oficina, depois negocia seu contrato de trabalho.

Ele não aparente, mas tem 14 anos, é franzino como eu.  Levei tempo para me desenvolver.

Ao lado do Paul, todos pareciam formigas.   O mais interessante que ele foi para a cozinha como dono da casa, para preparar um jantar para os meninos todos, cada um arrumou outra coisa que fazer, a pequena veio ficar no colo do outro pai. Mas em seguida se jogou no seu colo, ficou alisando sua cara.

As lagrimas escorriam pela sua cara de emoção.   Não sabia como era sentir uma criança, foi o que soltou.   Muitos dos meus companheiros de trabalho, tinham família, reclamava disso de passar tanto tempo longe de casa, mas quando estavam em casa, não paravam de pensar no trabalho.

Anita, disse que trabalhava num hangar, num velho aeroporto dali, tem um ao lado do meu, poderias alugar como eu fiz.

A cara do Greg era de puro gozo, quando colocaram as crianças na mesa para comer, foi divertido, todos comeram sem reclamar.  A pequena queria que ele lhe desse comida.

Foi divertido, depois que foram embora, eles ficaram com Anita, o marido, sentados na varanda no escuro, as crianças estavam na cama.  Ela contava que vinha jantar todos os dias, para colocá-los na cama, se tivesse em outro lugar, isso seria impossível.

Os dois ficaram numa das cabanas atrás da casa, mas o cheiro e o ruído do mar, se escutava.

Abraçados no escuro, Greg comentava do convite de sua amiga para trabalhar com ela.  Sempre nos entendemos bem. Umas férias trabalhei com ela numa companhia aérea, eu pensava que era lesbiana.   Mas claro seu comportamento afastava todos os homens.

Depois falaram do Chi, do Paul, esse bando de filhos que tem.  Como se entende os dois é impressionante, são absolutamente diferentes.   Greg tinha conversado como Paul, ele tem uma cadeia de restaurantes, agora vai abrir um aqui no verão.

Gosto da tua ideia, se consegues um lugar para montar teu negócio, venho ficar contigo, não gostei muito da experiencia de estamos separados, só nos falando por Skype, ou celular.

Podíamos tentar viver juntos.

Despertaram de manhã, com uma batida na porta, era o filho mais velho, avisando que o café da manhã já estava na mesa.

Foram rápidos nos banhos, quando chegaram estavam esperando por eles.

Anita lhe comentou, Chi telefonou logo cedo, para dizer que falou com o proprietário do hangar, está à venda, bem como outro que tem.  Quer ir com a gente até lá.  Pode ser que o Paul lhe interesse o outro para montar seu restaurante, pois esse fica ao lado do mar.

Chegaram com a garotada toda, o menino do dia anterior, se aproximou timidamente, dizendo se ficas, tenho emprego?

Ele riu muito, claro meu filho, mas tenho que pensar. 

Educadamente perguntou ao pai se podia ir?  Ficas para ajudar a cuidar dos teus irmão, não demoramos muito, senão acabaras pressionando o Ralf para abrir negócios, te contratar.

Ah, senhor Ralf, o pai de um amigo tem um carro que era de seu avô fechado na garagem se quiser vamos lá depois, pode ser o primeiro trabalho juntos.

Chi no caminho disse, ele tem uma inteligência superior, adora reconstruir coisas.  Teve um problema de desnutrição na sua infância, por isso é pequeno, mas luta karatê comigo, eu ensino para ele se defender dos possíveis Bullying que possa sofrer por ser pequeno.

Olhou o hangar, tinha duas entradas, uma pela estrada, outra para a pista velha, estava quase diante da praia.  Riu pensando, posso de vez em quando ir tomar um banho de mar.

Greg ria, imaginando o mesmo.  

O hangar estava totalmente vazio, alguns lugares seria necessário consertar o telhado, Anita disse que seu marido tinha consertado o seu.

Ele tinha visto os dois na mesa do café da manhã, formavam realmente uma família.

Viu que Chi anotava tudo numa pequena livreta, conversava depois com o homem, estavam negociando. A cara séria demonstrava que era um bom negociante.

Na volta foi dizendo, agora toca seu marido Anita consertar os telados, o outro o Paul tem que olhar se lhe interessa.  Gosta ele mesmo de negociar, gerenciar seus negócios.   Hoje de manhã foi conversar, ajudar os pescadores, que tem mais abaixo, se ele podem fornecer peixes para ele.

Chi le comentou, acho melhor tocares o barco em frente, pois meu filho não me perdoara que não fiques aqui, ele se aborrece em casa, pois mal começa o ano letivo, já sabe tudo.  Chegará o momento que terei que resolver o problema da escola, mas ele não quer se afastar dos irmãos, pois finalmente tem uma família.

Quando chegaram o garoto correu para ele, pediu o carro do pai emprestado, venha vamos olhar o carro do avô do meu amigo que está nos esperando.

Era uma casa mais para o interior, o carro estava na garagem, coberto com mantas, mesmo assim, se via que o ar do mar fazia estragos no mesmo.   O dono, disse que tinha desistido de ligar o motor, que estava parado a dez anos.  Disse que nunca tinha gostado desse carro, pois seu pai não lhe permitia sequer se sentar.

Levantou o capô para olhar o motor que estava cheio de ferrugem, examinou tudo, se via que os anos abandonado tinha feito seu trabalho.

Era um Cadillac de 1940, se via que tinha um cor original, mas estava pintado de um verde feio, teria que desmontar a capota para mandar fazer outra.

Perguntou ao homem quanto queria pelo carro?

O preço faz o senhor, além do favor de retirar daqui esse traste.   Foi dentro de casa, trouxe os documentos do mesmo.

Creio que um 300 dólares será o suficiente, mas o senhor o tem que retirar.

O filho do Chi dava pulos de contente, no caminho de volta, disse podemos ser sócios, verdade?

Como te chamas, filho?

Meu nome chinês é horrível, meus amigos me conhecem como Robert ou Bob.

Negócio fechado Bob.

Vou descobrir quem mais tem carro assim por aqui.

Correu para o pai, dizendo, sou sócio do Ralf, já conseguimos um carro, agora teremos que ter uma grua para ir buscar.

Bob, vá com calma, respire para falar, lhe dizia o Paul.  Ele se abraçou as pernas do Paul, dizendo, pai o carro é perfeito, vai ficar fantástico, soltou tudo de uma vez, todas as observações que Ralf tinha feito.  É de 1940, a cor original é diferente da que está.

Paul, se abaixou falou no ouvido dele, ele só balançava a cabeça concordando, entendi, disse ao final.

Bom agora vocês podem falar.  Ele vai escutar sem interferir.   Paul beijou a cabeça do garoto, bem como ao Chi.   Podem conversar.

Bom, já paguei o homem, se me alugar o Hangar, poderei levar o carro amanhã, terei sim que ir buscar, no guarda moveis em Los Angeles, todo meu material de trabalho que está lá.  Aí posso começar a trabalhar.   O Bob não se conteve, podemos.

Sim, depois da tuas aulas, podes ir me ajudar.  A cara do garoto era de felicidade pura.

Depois do almoço que estava estupendo, dois peixes imenso, na mesa, Paul os tinha assado na brasa ao lado da casa.  Foi servindo a criançada toda, só a pequena que correu para o colo do Greg, para que ele lhe desse a comida.

Creio que perdemos uma das crianças Paul.

O marido da Anita, foi com eles, para olhar o telhado, o Bob, olhava toda aquele espaço, com os olhos brilhantes.

Que estas calculando Bob, lhe perguntou, quantos carros vão caber aqui, ali, se pode colocar aquele sistema de levantar os carros para trabalhar embaixo, tem mais luz, não achas.

Sim tinha pensado nisso mesmo.  Mas quero fazer uma coisa agora, enquanto eles, vão olhar o que talvez teu pai Paul, faça um restaurante.

Saíram os dois em silencio em direção ao mar.   Aqui poderemos tomar banho de mar, o que achas, quando estivermos cansado.

Estou aprendendo a nadar, mas se me ensinas a nadar nas ondas, tudo bem.

Negociou com o Chi, horas, as propostas eram boas, o Greg conversava com Anita na varanda.

Iria a fábrica aonde trabalhava, pediria demissão, enquanto não encontrassem casa, alugariam uma das cabanas deles.  

De noite os dois riam na cama, o Bob, tem uma cabeça privilegiada, ao mesmo tempo ama essa família.   Me contou que se aborrece na escola, porque a turma é lenta para ele.  Por isso se interessou nos carros.   Disse que ia pesquisar sobre os Cadillac de 1940, acredito que é possível que amanhã já tenha todos os planos do motor.  Ficaram rindo.

Temos que encontrar uma casa, no caminho para o hangar, vi umas quantas fechadas, vamos nos informar.

Três meses depois tudo estava pronto, já estavam trabalhando no carro, tinham mais dois, além de carros que tinham vindo para consertar.

Ensinou o Bob, a examinar os carros, é como ser um médico disse para ele.   Os motores, as vezes por falta de atenção do dono, se estragam.   Estavam os dois consertando o motor de uma caminhonete, tinha as laterais enferrujadas, se o dono lhe passasse cera sempre, ficava bem, agora tem que se raspar, lixar, passar massa para poder outra vez pintar.  Primeiro uma capa protetora, depois lixar outra vez, até poder pintar.   Não viram que o dono estava atrás dele.

O senhor e o seu filho podem fazer isso?

Sim é claro.

Então me façam um orçamento. Vou tomar mais cuidado.  É que meu filho usava essa caminhonete para transportar pranchas de surf, morreu na guerra do Golfo, é tudo que me sobra dele.

Ensinou inclusive o Bob a calcular quanto custaria o trabalho total.   Não podes ir soltando sem mais nem menos um preço, senão nunca teremos dinheiro para pagar o aluguel para teu pai, sócio. Cada vez que o chamava de sócio, ele ria.

Estavam apertados de trabalho, ele muito sério comentou com Ralf, tenho um companheiro na escola, não é muito inteligente, mas grande e forte, o pessoal o chama de burro, mas creio que é porque não tem quem o ajude, posso trazer para ver se gosta de trabalhar aqui.

Isso, mas não prometa nada, vamos conversar com ele. Ok

No dia seguinte apareceu com o amigo, era quase da altura do Ralf, meio desengonçado, com uma cara triste.   Perguntou aonde vivia, seu nome.

Jefferson, mas todos me chamam de Son, porque não tenho pai, vivo num trailer com minha mãe, que trabalha de garçonete num bar na estrada.   Nunca está em casa.    Gostaria de ter um trabalho como o Bob, posso aprender.

O mandou vestir um macacão que tinha por ali, o mandou começar a raspar a caminhonete, colocou um de cada lado, cuidado para não arrancarem pedaços do metal, pois senão depois fica complicado.

Ria para si mesmo, mais tarde quando olhou, os dois estavam trabalhando, suando, mas felizes.

Son depois contou que uma vez o Bob o tinha defendido dos colegas da escola que o sacaneavam.  Estava triste, fudido da vida, ninguém me quer como companhia, mas ele leva todos os dias uma merenda a mais para mim.

Tinha montado com o Roger, marido da Anita, uma pequena cozinha, na porta traseira do hangar, quando tiveres sede ou fome, Son, ali tem água, coca cola, pão para fazer sanduiches, vamos fazer uma pausa para comer.   Viu que ele comia seu sanduiche com vontade.

Ficou com pena do garoto.  No final do dia lhe deu dez dólares para o jantar.  Vamos discutir seu salário ok.

Nessa noite falou com o Greg, que tinha ficado com pena do garoto, precisavas ver a fome que tinha.  Enquanto trabalhavam o Bob lhe ia ensinado a lição da escola que ele não tinha entendido.

Finalmente conseguiram uma casa, perto do hangar, estava fechada a muito tempo, contrataram o Roger para reformar a mesma.   Tinha três quartos no andar de cima, dois de frente para o mar, outro na traseira.  Dois banheiros, um em cima, outro em baixo.  Um belo salão com cozinha, mais um escritório.   Quando se mudaram fizeram uma festa, Son disse que não ia porque não tinha roupa.   Ele arrumou uma desculpas para irem ao mercado mais próximo que tinha de tudo, lhe comprou tênis, cuecas, meias, duas calças jeans, um monte de camisetas.

Ele quando viu chorou, não posso levar para casa, minha mãe vai vender tudo para comprar drogas.  

Nesse dia o levou para sua casa, colocou essas roupas no quarto de cima, na traseira, ele tomou um belo banho, saiu sorridente.              Conversava com o Bob todo o tempo.  Falavam da caminhonete que estava quase acabando o serviço.

Esses meninos, contou ao Chi, que outro dia tinha escutado o Bob, lhe explicar ao outro como calcular os gastos, como ele tinha feito com ele.

Esse teu filho é super generoso.

Outro dia ensinava ao Paul, que agora está crescendo, que tem musculo nos braços, da força que faz.   Agora vem as férias, eles querem trabalhar o dia inteiro, o problema é o Son, diz que tenho que guardar seu dinheiro, que lhe dê somente para comer naquele dia, pois senão a mãe gasta em drogas.

Teria que falar com alguém para ver se consigo a guarda dele, já falei como Greg, ele diz que isso é coisa minha.  Mas não conheço ninguém na cidade.

Nisso viram um carro de polícia na frente da casa, perguntavam pelo Son.  Sua mãe tinha se metido numa briga por causa de um seringa, tinham lhe cortado o pescoço, estava no hospital. Ele foi com o Chi até lá, levando o garoto, ele estava sentado atrás, chorando desconsolado.  Não tenho mais ninguém.   Vão querer me internar.  Ralf colocou a mão no seu joelho, fique tranquilo, vamos resolver, afinal eres meu empregado.

Falaram com o xerife, comentou com ele, que o garoto trabalhava na sua oficina, mas que o seu salário, ele guardava, lhe ia dando dinheiro, justamente por causa das drogas.

Essa menina nasceu aqui, mas sempre andou nas drogas, não tem família nenhuma que eu saiba. 

Ele pode ficar na minha casa enquanto isso?

Sim, se está trabalhando isso será um ponto positivo.

Dois dias depois ela morreu, a fez enterrar no cemitério ao lado de sua família.  Falaram os dois ajudados pelo Chi, que conhecia o Juiz, conseguiram a guarda deles.

Son tinha emagrecido pelo trabalho, já comia normalmente, parecia inclusive ir melhor na escola, porque Bob lhe ensinava.

Um dia estavam os três sentados na varanda, comentou que Bob, talvez tivesse que ir embora, porque ali, a escola já não lhe servia.  Hoje seus pais estão fazendo uma reunião com ele, para resolverem o problema.

Chi tinha comentado por telefone isso com ele, mas ficou quieto, era um problema da família dele, não podia interferir.

Ia sentir falta do seu sócio como o chamava, mas também tinha se encarinhado com o Son, se preocupava, pois Bob era seu suporte.  Conversou longamente com ele, se ele aprovasse nos exames finais com boas notas, poderia ir a Universidade.   Alegou que não tinha dinheiro.

Se eu te adoto, terás dinheiro para ir, eu adoraria que fosses meu filho.  Son se abraçou a ele, chorando, era incrível, pelo tamanho que tinha, ao mesmo tempo era emotivo.

Nisso chegava o Bob, se sentou junto, convenci meu pai de me deixar ir a Universidade em Norfolk, eles tem um curso de Engenharia Mecânica, podíamos ir juntos não achas Ralf?

Sem dúvida nenhuma, eu teria o maior prazer em bancar a universidade para o Son.  Afinal espero que ele seja meu filho.

Quem não gostou muito foi o Greg, pois não o tinha consultado, tampouco estava muito satisfeito com o que vinha fazendo com a Anita.  Estava chateado com tudo isso, falou claramente, como podes pensar em adotar esse garoto, nem sabes se tem família ou não?

O xerife está fazendo isso para mim, tinha ficado amigo do mesmo, quando este depois do enterro da mãe do Son, lhe trouxe o carro para consertar.    Era um sujeito alto, muito feio segundo o Greg, pois quando jovem devia ter a cara cheia de espinhas.  Quando vinha no final da tarde ficava conversando com ele.   Ele vinha do Texas, amava o mar, as vezes tomavam um banho de mar com os garotos.

Um dia chegou em casa, encontrou Greg arrumando as malas, disse que a Boeing, o tinha chamado para um cargo de chefia, para desenvolver um novo tipo de motor, que ali, além dele ser demais, não tinha futuro.

Montaste a tua vida sem em nenhum momento em me consultar, a única coisa que conversamos foi essa casa. 

Não houve argumento que o fizesse mudar de ideia.  Ficou uns dias chateado, Anita conversou com ele.  Não gostava que eu lhe desse ordens, nunca entendi por quê?

Num determinado momento pensou em desistir do que estava fazendo, mas tinha encontrado seu canto, não estava disposto a abandonar tudo, tampouco os meninos, principalmente agora que os documentos de adoção do Son, estavam para sair.

Tinha realmente um parente distante, mas sabiam da história da mãe, desistiram rapidamente de acolher o Son, tampouco tinham meios para o mandar para a Universidade.

Ele foi com o Chi, Paul, os meninos olhar a universidade, se informaram, eles queriam viver fora da mesma, conseguiram uma casa que tinha um apartamento em cima, era de uma senhora negra muito simpática.  Ela lhes forneceria comida durante a semana, nos finais de semana eles iriam para casa.

Gostaram da universidade, pois era bem mista, então acreditavam que não teriam problema, no final do curso, ele com o Bob, estudavam com o Son, este se esforçava ao máximo, sem reclamar, não queria perder a oportunidade.

Estavam os dois preocupados, pois ele ficaria sem ajudantes, mas os tranquilizou, logo contrato alguém.   Ao mesmo tempo, Son veio conversar com ele, achava que tinha sido a causa de tudo.

Nada disso meu filho, acho que o que incomodava o Greg era que eu tinha encontrado estabilidade aqui, isso talvez o incomodasse, além de ter feito novos amigos, os quais não compartilhava com ele.   Já estivemos separados antes, se ele tiver que voltar bem, senão terei que refazer minha vida.  Contou sua história para o Son, devo ter encontrado minha nova vida a ele, mas nunca se pode ficar a vida inteira pagando uma coisa, os sentimentos mudam as vezes meu filho.

Viu que ele ficava mais tranquilo.  Tinha uma sintonia com ele, realmente se sentia seu pai.

Um dia, Juarez, o xerife veio falar com ele, já que necessitas de alguém, gostaria que conhecesses uma pessoa, pode ser complicado, mas não custa tentar.   O levou a prisão, trouxeram um rapaz, se via que era de ascendência mexicana.  Tinha a cara toda machucada.

Quando o xerife perguntou o que tinha acontecido, disse sem vergonha nenhuma, como sabem que vou sair, por não ter cometido crime nenhum, resolveram abusar de mim pela última vez, estou todos esses dias na enfermaria.

Devia ter uns 20 anos, no caminho Juarez tinha contado, que tinha sido preso, não tinha ido a julgamento, quando descobriram que apenas estava dormindo como ocupa numa casa que tinha acontecido um crime, que tinham encontrado o verdadeiro assassino.  Aqui ele vem trabalhando com outros mexicanos, nas oficinas. 

Perguntou se queria trabalhar com ele.   Ele olhou o Ralf naquele tamanho todo, foi direto, não vais abusar de mim não é, estou farto disso.

Não, inclusive podes ficar na minha casa, o Juarez me conhece, eu tenho meu filho, além do Bob que é como se fosse meu sócio, eles agora irão a universidade, mas estes dias poderás conviver com eles.

Experimenta, se não gostares, podes pedir ao Juarez que te arrume outro lugar.

Juarez falou com o diretor do Presidio, que concordou em soltá-lo, para que ele não sofresse mais nenhum abuso.  Foi com eles, tinha só um saco com roupas velhas.

Ele já sabia sua história, tinha lido o dossier no carro, tinha sido abandonado num orfanato, quando era pequeno, depois passou por várias casas de acolhida, sendo abusado em várias delas.   Da última tinha fugido, vivendo nas ruas, depois nessa casa aonde tinha acontecido o crime.

Quando o apresentaram aos dois, que eram quase de sua idade, se entrosaram, nessa noite dividiu quarto como Son, que conversou com ele, contou também sua história.

No dia seguinte, estava trabalhando na oficina, como um mais.   Como fazia calor, foram tomar um banho de mar, os meninos viram que tinha o corpo todo marcado de pancadas.

Deu dinheiro para eles, Son tinha que comprar roupas para a Universidade, foram os três de compras, não queria aceitar a princípio.

Enquanto estiveres aqui, é como se fosses meu filho, por isso, acredito que devas te vestir como tal, não custa nada, quero também que penses em estudar, pois sem isso não vamos em frente.

Os dois o animaram a recuperar o tempo que tinha deixado de estudar, viram que ele era inteligente.  Bob como sempre o tinha adotado como o Son, adorava ficar trabalhando, escutando os três conversando.   A caminhonete tinha ficado pronta, como nova, quando Benson que gostava de desenhar soube da história, fez um desenho para mostrarem ao proprietário, este se sentou com os três se pôs a chorar.   Pediu que fizessem isso em ambas as portas.

Quando perguntou quanto devia, ele disse que os preço era com os garotos, pois foram eles que consertaram o motor, rasparam, repararam a carroceria, pintaram a deixando como nova.

Bob apresentou uma conta detalhada, o homem ria, se fosse em outro lugar, estariam me enganando, ensina bem teus filhos.

O lucro o fez dividir entre eles, inclusive uma pequena parte para o Benson.  Esse não queria, mas eles fizeram questão.  Assim teriam dinheiro para eles, na universidade.

Os dois o tinham levado a escola, falado com uma professora, uma senhora já na beira da aposentadoria, ela durante as férias se encarregaria de ajudar o Benson a recuperar o tempo perdido.   Ele nunca tinha acabado nenhum curso, pois cada vez que o acolhiam, mudavam de escola.

As vezes se dava conta que nem pensava no Greg, quando este chamava, conversava com ele, como faria com qualquer amigo, contava as novidades, o que estava fazendo agora, tinha começado a trabalhar com o Benson, num ônibus escolar que tinham encontrado num ferro velho de carros, tinha levado com uma grua até a oficina.

Ele queria transformar o mesmo numa motorhome, para quando viessem de férias pudessem ir de viagem.

Um dia conheceu o sócio do Chi, que raramente vinha por ali, se olharam bem, riram um para o outro, eram parecidos fisicamente.  Sentiu que Juarez ficava com ciúmes.

Nessa noite estava na varanda, os garotos tinha ido a uma festa na cidade, para ver como eram, eles nunca faziam vida social, os tinha incentivado a ir.

Juarez apareceu com roupas normais, sempre o via de uniforme, fez uma gozação sobre isso, este sem que ele esperasse, perguntou se de alguma maneira se interessava por ele.

Nunca avancei o sinal, porque pensei que ainda estavas ligado ao Greg, não queria ser segundo lugar. 

Ele gostava quando o Juarez sorria, pois sua cara como que se iluminava.  A segurou com as duas mãos, lhe beijando.  foi uma sensação diferente, não tinha nada a ver como se sentia com o Greg.   Era uma coisa muito sensual.

Quando viram estavam nus na cama.   Nessa noite contou a parte que nunca falava de sua vida, só os garotos sabiam.   Que tinha pensando em se transformar em mulher.  Juarez riu dizendo que ia ser um desperdício.  Com o trabalho, seu corpo era super musculoso, esse não parava de passar a mão pelo seu corpo.

Pare, senão vamos começar tudo outra vez?

Que estamos esperando, vamos recuperar o tempo perdido, pela minha covardia que não ter tentado antes.

Quando desceram para o café da manhã os meninos estavam sentados na mesa, ninguém comentou nada.

Como era domingo, fazia um dia perfeito para a Praia, avisou ao Chi e Paul, que aonde estariam, apareceram com a filharada toda.

Chi foi quem comentou, finalmente, ainda pensei que ias te enrolar com o Terry, mas este depois da morte de meu pai, contou que os dois tinham um relacionamento, andou muito perdido, agora esta mais estável, mas gosta de homens mais velhos.

Juarez é o partido perfeito para ti.  Olhou para ele, tirando as marcas do rosto, tinha um corpo incrível.   Estava jogando bola com o Paul, a garotada toda, os meninos, o Benson, estava mais relaxado.

Meu filho, o Bob era a primeira criança que tinha adotado, tem uma capacidade de aglutinar as pessoas em volta dele, que me impressiona.   Eu ao contrário sempre tive dificuldade.

Está preocupado com os pequenos, pois ficará fora basicamente a semana inteira, mas claro virão ao final de semana agora no começo, mas creio que com o tempo, virão menos, não achas?

Conhecendo o meu sócio, acho que não, hoje estavam falando do que virão ontem, não faz o gênero deles, dizem que os outros só tem conversas banais, só pensam em beber, experimentar drogas.   Son ainda fez uma brincadeira, que de Rock Roll, ninguém entendia.

Contou do ônibus escolar que estava transformando, nas férias, quero ir de viagem com eles por aí, depois empresto para ti, para irem com as crianças.

Quero ver, aliás adorei a ideia, se ficar bom, podemos procurar mais para ires restaurando eu me encargo de vender. 

Bob fez uma gozação com os dois, que estavam ficando velhos, ali sentados conversando, nisso chegou o senhor da camionete. Sentou-se com eles, dizendo que família imensa tens meu amigo.

Chi contou que eram todos adotados.  Que o maior que o senhor conhece, bem como o Son, irão a universidade no próximo semestre.   A pequena se aproximou, ficou olhando aquele senhor mais velho de cabelos brancos, logo se atirou em cima dele.

Este ria muito.

Iam todos comer na casa deles, Paul avisou que se ele gostava de churrasco, ia fazer um, trouxe saladas, com a carne ira genial.  O convidaram, insistiram muito, pois ele dizia que iria comer no restaurante que ia sempre.

Mas a menina não o largava.  Acabou indo, disse que fazia muito tempo que não se divertia assim.  Que bom que vocês tem uma família.  Eu tinha um certo preconceito, confesso, mas o que vejo em vocês é diferente.    Meu filho acredito que foi para o exército para se afastar de mim, pois tinha muita amargura pela morte de minha mulher.  Acabei ficando sozinho, tenho uma irmã que vive na casa ao lado, mas claro tem sua família.

Passou a ir todos os dias à oficina, ajudava no que podia, os garotos estavam chateados pois iam perder a maior parte da reconstrução da motorhome, mas iriam se falando com o Benson.

Nas vésperas de irem para a universidade, ele apareceu com a caminhonete, com seus documentos, tinha passado a mesma para os dois, assim vocês tem como se mover por lá.

Os estava ensinando a fazer surf, as conversas com os três era interessante, pois falavam com ele como se fosse do grupo.

Ficaram loucos com a caminhonete, Bob, ligou para o pai, que ia examinar carros de segunda mão para eles, dizendo não é necessário, já temos carro.

Nos primeiros dias Benson, ficou fechado, sentia falta deles, mas lhe chamavam sempre pela tarde quando estavam em casa.  Logo a primeira hora da manhã, ele ia a suas aulas, tomava café com Ralf e Juarez, este o deixava na casa da senhora.

Depois lá pelas onze, chegava na oficina, trocava de roupa, começava a trabalhar, agora conversava mais com ele.     Um dia comentou o que achava dele junto com o Juarez, vejo que ele gosta muito do senhor.   Achas que algum dia encontrarei alguém que me queira assim.

Claro meu filho, tenho certeza disso.  Juarez estava movendo os papeis para adotá-lo, mas ainda não queria comentar nada.   De noite depois do jantar, que preparavam os três juntos, sentavam-se na varanda, Son sempre chamava, ficavam conversando como celular em viva voz, comentando como ia o trabalho, da motorhome.

Vinham no final de semana, se metiam na oficina, não paravam de trabalhar, Chi reclamava se queria ver o filho, tinha que ir até lá.

Por dentro, já tinha recuperado tudo, de noite sentados na varanda, discutiam sobre como arrumar o motor, o que estava, era digno de lastima, o que iriam aproveitar, quais as peças que deveriam procurar nas sucatas.   Anotava tudo, iriam procurar nos ferro velhos de carro em Norfolk.   Ele dizia a ideia era minha esses piralhos a roubaram.

Anita fez uma festa como todos os anos, para o lançamento de dois aviões que tinha recuperado totalmente, Chi já os tinha vendido.   Greg apareceu, mas quando o viu ao lado de Juarez, rindo com os meninos, falou com ele, apresentou o rapaz que estava com ele, muito mais jovem, dizendo que era seu namorado.

Juarez ficou preocupado.

Nada disso, só acho que é muito jovem para ele, mas é sua vida, ele como que quer recuperar o tempo perdido.  Outra coisa, o que temos, é muito melhor do que eu tinha com ele.

Numa festa assim, eu estaria sozinho, ele conversando com seus amigos, sem se preocupar se eu estava a parte.   Tu não, estás comigo, o abraçou no escuro, beijando.   Tinham uma vida sexual muito ativa.

Quando as férias chegaram, antes de inaugurarem a motorhome, ele fez um exame como sempre fazia, para saber se estava bem.    O médico ficou surpreso, estas em plena forma, não vejo anomalia nenhuma nos pulmões, estão limpos. 

Quando os meninos chegaram, riam muito, pois estavam os três falando o tempo todo, alguns fins de semana Benson ia passar com eles em Norfolk, saiam se divertiam, iam dançar.

Benson iria a Universidade no ano seguinte, queria fazer o mesmo curso.  Poderia viver com eles, lá fico eu sem ajudante outra vez.    Juarez, agora todo momento livre o estava ajudando na oficina, tinha jeito.   Gostava muito de carro, tinha conseguido um Ford Torino 1970, o homem aonde tinham comprado, ficou de conseguir uma caminhonete Ford F100, foram ver junto com eles.   Bob soltou na frente do pai, estou quase desistindo do curso, só para estar aqui para recuperar os dois.

A cara do Chi, foi ótima, quando termines a universidade podes fazer o que queiras.

Pai era brincadeira.  Tenho que trabalhar, daqui dois anos, seu outro irmão teria que ir à universidade, queria estudar psicologia.

Paul ria dizendo, que ninguém se interessava como ele por cozinha.  Tinha vendido sua segunda cadeia de restaurantes, agora, tinha um na cidade, reclamava que as pessoas queriam comer no domingo.   Treinava o pessoal para levar o da praia sem ele, pois queria sair de viagem com Chi e a garotada toda, quando voltassem.

Quem deu uma ideia, foi o Benson, pois ele adorava estar com todos, porque na vamos juntos, temos a caminhonete, levamos na carroceria, barracas, os pequenos podem ir com vocês, assim quando paramos acampamos.

Fizeram foi uma viagem imensa, um pedaço da rota 66, acampando no meio do deserto, Paul com o Benson se encarregavam da comida.  Para os garotos, dormir em barracas do exército que tinham conseguido era o máximo.  Eles deixavam o quarto de dentro para o Chi, com o Paul, dormiam também numa barraca.   Parecia um acampamento cigano, mas se divertiam, acabaram a viagem em Taos, numa pequena vila perto, viviam os irmãos de Juarez, que quando viram tanta gente, riam a bessa, aonde ele tinha ido se meter, se reclamava das reuniões de família quando era jovem, estava pagando com sua língua.

Lhes apresentou um jovem índio que trabalhava na oficina que tinham, disse que não tinha família, dormia no fundo da mesma, pois cada irmão tinha uma família imensa.

O Jorge, a princípio não entendia porque tinha um nome mexicano, este explicou que seu pai pelo que sua mãe dizia era um mexicano que trabalhava em rodeios, ela era descendente de índios navajos, daí a mistura que tinha, logo fez amizade com os outros, voltou com eles, Juarez dizia que a família aumentava.   Chi dizia que queria competir com ele.

Ele respondia ao Juarez, que talvez fosse a parte de sua alma, que era feminina.  Este ria até.

Tinham resolvido se casar, o fizeram antes de voltar, ali com toda família reunida, mas ele antes falou com os que considerava como seus filhos, os dois aprovaram, agora temos dois pais pesados, falavam isso rindo.

Juarez, resolveu pedir uma licença do seu cargo, para trabalhar com ele na oficina, como Jorge estariam bem, mas exigiram que ele estudasse também.

Agora os outros dois quartos da casa estava ocupado, pois tinha o do Son, que quando vinha, o Bob ficava as vezes por lá, o outro ficou para Benson e Jorge.

O café da manhã já não era solitário como quando vivia com o Greg, pois esse nunca tomava o café da manhã em casa, preferia tomar com a Anita.

Quando voltaram ela veio ver a Motorhome, pois estava interessada em alugar, para ir de viagem com a família.    Chi tinha falado tanto, ela com o Roger, adoraram, principalmente a história de acampar no deserto.   Alugaram bem como as barracas.

A parte lhe contou que o Greg estava meio fudido, porque com esse rapaz tinha se metido em drogas.  Tinha tido uma sobre dose que quase o mata.   Estava sem emprego, porque na Boeing quando souberam o colocaram na rua.

O convidei para vir outra vez para cá, mas diz que não quer deixar o rapaz. 

Isso não é muito próprio dele, achas que devo falar com ele?

Não sei isso é contigo, da última vez que falei com ele, me disse que tu como Juarez tinham construído uma família, que na verdade, quando adotaste o Son o colocaste de lado, ele gosta de ser exclusivo.

Falou com Juarez, ia chamá-lo, quando Anita avisou que ele, bem como o rapaz, tinham tido um acidente de carro, que ele estava entre a vida e a morte, mas que o rapaz tinha falecido, era o que conduzia, estava totalmente drogado.   Deixou tudo com Juarez, foi com Anita até o hospital que estava.    Mal o reconheceu, magro, com os cabelos brancos, o médico não dava muitas esperanças, se vivesse teria uma série de sequelas, não sabia ainda se ficaria em cadeiras de rodas.

Anita voltou, ele avisou o Juarez que ficava, esse disse que entendia.   Quando saiu do coma olhou em volta, perguntou pelo rapaz, ele achou melhor chamar o médico.   Quando soube chorou muito.  Finalmente olhou para ele, perguntando o que fazia ali.  Veio gozar de como arruinei minha vida.

Jamais, antes de tudo sempre te tive como meu amigo.  Sei que estaria aqui se fosse comigo.

Mas tinha se tornado um sujeito amargo, volta e meia se referia ao Juarez, como esse mestiço que pensa que é branco.

O médico disse que sua recuperação ia ser larga, que estaria muito tempo em cadeiras de rodas.   Nessa noite estava sentado no jardim do hospital, falando com o Juarez, quando viu o médico se aproximando.   Volto a te chamar em seguida.

Greg, tinha arrancado todos os cabos que o mantinha, tinha falado com o médico nessa manhã, quando soube de suas condições, disse que não tinha família, que não ia viver pendurado a ele. Ele tem uma família com esse mestiço, não quero fazer parte.

Sinto muito, mas não pudemos fazer nada.  Falou com Anita, essa comentou que não era verdade, ele tinha família sim, mãe, pai, irmão.   Ela os conhecia, telefonou avisando, eles apareceram, eram dessas famílias muito restritas, levaram o corpo sem sequer falar com ele.

Ele tinha feito sua parte, voltou para casa, estava cheio de saudades dos filhos, de Juarez, que tinha levado a oficina com os meninos.    Logo voltariam a faculdade, só ficariam os dois, com o Jorge.

Conversando com Juarez, contou tudo, como podia ter-se enganado tanto com uma pessoa, nunca soube que tinha família, sabia sim que tinha sido criado, por uma família muito estrita, em que tudo era pecado, mas daí esconder que viviam, era outra história.

Cumpri com meu dever, agora o resto não importa, descobri uma pessoa totalmente diferente da que conhecia.

Tocaram a vida em frente, o Juarez tinha olfato para conseguir carros antigos, seus amigos mexicanos, sempre tinham algum, muita gente era aficionada a carros de determinadas épocas.

Tiveram que contratar mais dois homens para fazerem a parte pesada da oficina.  Os meninos vinham nos fins de semana, se metiam lá dentro, era difícil arrancá-los de lá.

Jorge confessou que não gostava de estudar, mas sim de estar ali trabalhando, mas os outros tampouco o desprestigiavam por isso.

Com a chegada o inverno, como gostavam de disfrutar da varanda, ia falar com o proprietário que queria colocar um sistema de fechar no inverno, abrir no verão.   Esse avisou que iria viver com sua filha em Miami, que venderia a casa.

Sentou-se com sua família, os consultou, o que achavam, comprava, ou mandavam construir outra, tinha pensado em mandar construir uma oficina mecânica comprando o hangar do Chi, como tinha terreno ao lado, construir uma casa ali, aumentaria a oficina, ou poderia construir em cima.

Viu os mesmos confabulando, em seguida, apresentaram um projeto, ampliavam a oficina, construíam um grande apartamento em cima.  Ficaria com vista para o mar.

Juarez adorou o projeto, imagina, no verão de noite podemos tomar banho nus os dois. Nada entre eles tinha diminuído.  Era o homem da sua vida, tinha certeza disso.

Conversou com o Chi, este concordou em vender, gostou do projeto, não devia fazer negócio contigo, me roubaste o meu filho, mas dizia isso rindo, me obriga a que venha vê-lo aqui, pois está cheio planos com o seus sócios, um dia vai te passar a perna, ficar com a oficina.

Isso espero Chi, estão cheios de ideias, quando os escuto falar, me sinto remoçado, com a ampliação, ia restaurar mais dois ônibus escolar para transformar em motorhome, agora com a prática, seriam mais requintados.   Chi já tinha como sempre gente interessada, seguia alugando o outro por internet.             Ele já preferia, fazer, vender, pois depois de cada aluguel tinham que mexer em muitas coisas.   Dizia ao Chi, que cada um dirige de uma maneira, depois o motor volta no bagaço.

Os meninos voltaram da Universidade, cheios de planos, estava com a oficina ampliada, cheia de carros para restaurar, cada um que ficava pronto, Chi anunciava em um site que tinha criado especialmente para isso, logo, Juarez, conseguia outro.    Eles mesmo usavam uma caminhonete que tinha restaurado os dois, amor à primeira vista, quando a conseguiram estava num ferro-velho para ser desmontada, mas viram que o motor estava bom, tinham os dois aprendido com o velho a fazer surf, iam agora todos surfar sempre.  Faziam um grupo interessante

No verão seguinte, resolveram fazer uma viagem, Chi disse que nem pensar, era muita loucura, uma viagem longa.  Foram em três caminhonetes, levando barracas, tudo que iam precisar, entraram no Canadá por Toronto, foram até Vancouver, voltaram atravessando todos os Estados Unidos, de uma ponta a outra, por estradas diferentes.  Foi uma coisa espetacular.   Amaram uma série de lugares, mas como dizia Juarez, nada como voltar a casa.

Ralf, voltou um pouco cansado, foi ao médico, esse disse que como ele estava acostumado a fazer exercício diário ao trabalhar, ficar sentado muito tempo dentro de um carro, seu corpo estava ressentido.

Ele Juarez, agora ficavam mais tempo aproveitando o resto do verão fazendo surf, deixando tudo nas mãos dos rapazes.   Chi que nunca se preocupava com a vida sexual dos outros, perguntou um dia a queima roupa, o que acontecia com esses garotos, nunca escutavam os três falarem em sexo.    O assunto deles era os motores, o que iam fazer.  Sabes de algo que não sei?

Ele levantou os ombros, quem soltou foi o Juarez, já queria eu ter esse relacionamento na idade deles, mas acho que entre eles não existe nada.      Tempos depois Benson que ainda estava na universidade, apresentou a eles uma namorada.  Uma linda mulata, que tinha uns olhos brilhantes de tão negros.  Ele mesmo virou-se soltou, esses dois, são unha e carne, deviam assumir logo o romance deles, mas tem medo de alguma coisa formal.  Foi então que descobriram que Bob tinha um relacionamento com o Son a muito tempo, talvez anos.

Ficaram sem graça, por terem escondido a tanto tempo.  Mas os dois juntos dava gosto de ver, os assunto deles era concreto, carros, motores, tinham desenvolvido um corpo musculoso de tanto trabalharem, fazerem força, iam para todos os lados juntos.  

Son finalmente se abriu com Ralf, eu o amo, desde que começou a proteger na escola, depois me trouxe até você, me ajudou a estudar a entender as coisas, ele é como um deus para mim.   Assumir que nos relacionamos sexualmente me dá medo, pois posso perdê-lo, não estou preparado para isso.

Bob também comentou com seu pai, amava o Son desde a escola, quando todo mundo o achava um estupido, eu via nele uma pessoa desprotegida como eu tinha sido, ao passar a ajudá-lo aprendi a amar, na faculdade faziam gozação por estarmos sempre junto.   Somos tão diferentes fisicamente, o que me atrai mais.    Não somos capazes de demonstrar nada na frente dos outros, porque não precisamos, nos entendemos com o olhar, pequenos gestos.

Ano depois resolveram se casar, porque queriam adotar uma criança, agora viviam todo o tempo em cima da garagem, mas faziam um esforço para compartilhar com Chi e Paul, suas vidas.

Se casaram antes que Benson que foi trocando de namoradas, uma mais bonita que a outra, mas um dia apareceu com um rapaz loiro, riram muito, pois se parecia com Greg, mudei, acho que estava escondendo com as namoradas que me sinto também atraído por homens.   Estavam os dois terminando a universidade, em coisas totalmente diferentes.   Benson fez um trabalho para a Nasa, mas em seguida saiu, disse que aquilo não era vida, gostava mesmo era de trabalhar com os amigos. Uma das namoradas apareceu com uma criança, dizendo que era dele, que ela precisava de tempo para viver sua vida, o deixou ali com um menino pequeno.    Ele só exigiu de papel passado a guarda do garoto, foi assim que passaram a ser avôs, o garoto era genial. 

Juarez, imediatamente assumiu seu papel de avô que faz tudo que as crianças querem.  Riam muito disso.

Benson soltava que estava farto de tentar um relacionamento, que se olhava os dois, nunca conseguiria um igual, tu e Juarez se amam desde sempre, se completam.

Ralf lhe explicava, que talvez porque tinham se conhecido numa fase em que sabiam o que queriam um do outro.

Levou tempo para ele encontrar uma outra pessoa, mas ninguém lhe cobrava.

A oficina agora mais parecia uma fábrica, tinham sempre encomendas, serviços diferentes. Os clientes sabiam que ali encontrariam algo bom.

Eles encontraram uma casa na praia, mais perto do Chi e Paul, assim tinham amigos com quem conviver, mas tampouco paravam.   Quando a menina que todos adoravam se casou, foi uma grande festa, a família agora era imensa.    Chi, Paul, eles mesmos eram avôs, gostavam disso.

Um dia na cama, comentou com o Juarez, eu fico pensando agora, porque queria ser mulher, mas me descobri como homem, agora sou até avô de filhos maravilhosos que me apareceram na vida como enviados por alguém lá de cima.   Estavam perdidos, lhes demos uma vida, nos compensaram com os netos.

Adoravam ficar sentados na varanda de mãos dadas, quem visse os dois pensava, que coisa dois homens imensos, velhos, mas bonitos, namorando.

Os rapazes mantinham as grandes saídas, agora com os filhos, mas eles queriam ficar ali em sua casa. Já tinham visto o que queriam.

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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