RALF MONTERO
A enfermeira olhava aquele homem,
primeiro tinha pensado que vinha acompanhando alguém, mas ao ver que ele era o
paciente, ficou surpresa, tinha 1,90 metros de altura, ombros largos, cintura
estreita como os jogadores de futebol americano. Seu espanto era compreensível, pois ali era
uma consulta de resignação de sexo.
O chamou, o levando para a consulta, o médico teve igual surpresa, o
mandou seguir o protocolo, devia nesses dias que estaria internado, falar com o
psicólogo, fazer todos os exames necessários para dar início ao processo.
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Falou com o psicólogo primeiro, contou desde sua infância, aonde não
queria jogar com os meninos, sim com as meninas, sonhava em ganhar uma boneca,
usar vestido como elas, usar os cabelos compridos, mas seu pai nunca o tinha
permitido.
Odiava jogar futebol, mas como seu pai tinha sido capitão da equipe
da escola, ele teve que aprender a jogar, era o pior da equipe, só o chamavam
se não havia mais ninguém para chamar, mas fazia todos os exercícios, adorava
era natação, aí se destacava. Nunca
tinha gostado de tomar banho com os outros garotos, mas não lhe atreviam a lhe
fazer bullying, pois ele o mais alto da turma.
Segundo a história familiar, eram
descendentes de mexicanos, que estiveram ao lado dos americanos durante a
defesa do Álamo, seus antepassados,
sempre se sentiram americano, foram sim se misturando com outras raças de
emigrantes, daí talvez ter cabelos loiros, crespos, olhos verdes profundos,
quase castanhos, a pele clara, mas bastava uns dias na praia para ficar moreno.
Cresceu sem ter amigos, tinha
companheiros, mas amigos nunca, não se atrevia falar como se sentia, uma mulher
num corpo de homem.
Quando seus pais morreram, ele foi
trabalhar em Los Angeles, como adorava mecânica, foi trabalhar numa oficina
mecânica, era bom nisso. Quando lhe
chamavam, conduzia caminhões pela região.
Tinha vendido a casa de seus pais, numa cidade pequena, perto de
Albuquerque, esse dinheiro aplicado, fez um plano de saúde que lhe permitia se
operar.
Tinha esperado todo esse tempo juntando
dinheiro, para se transformar.
O psicólogo lhe perguntou por seus
relacionamentos sexuais.
Bom doutor, nunca fiz sexo com homens,
com mulheres tentei por causa dos amigos, mas foi um fracasso total, não sentia
desejo, portanto não ficava excitado. Na
verdade, nunca senti vontade de fazer sexo com ninguém.
Algum amigo sabe do que estas
querendo fazer?
Não senhor, nunca verbalizei nada
disso.
Tentaste te ver como mulher?
Sei que serei uma mulher feia, nunca
perderei essa cara de macho, esses ombros largos pela natação, terei que mandar
fazer meus sapatos, pois uso 48, já é difícil encontrar sapatos sendo homem,
imagino sendo mulher.
Durante dois dias conversou com o psicólogo,
enquanto fazia os outros exames. Um clínico,
o acompanhava em todos esses exames, depois de uma chapa de pulmões, mandou
fazer um scanner.
Finalmente foi chamado pelo médico responsável,
achou estranho ele estar acompanhado de outro médico. O apresentou como sendo oncologo.
De uma certa maneira, o psicólogo analisa
que nunca tiveste uma vivência sexual, para saber escolher o que queres. De
outro lado uma coisa mais complicada, nas chapas de pulmão, bem como no
scanner, apareceu um câncer que cremos que é dos galopantes, já toma metade
dele. Havia que extirpar, com um só
pulmão, não aguentaria todo o processo para a resignação.
Achamos de devias ir diretamente em Los
Angeles, falar com um oncologo, para saber de tuas possibilidades.
Saiu dali com um envelope com todas as
provas, arrasado, seus sonhos tinham ido a merda, tantos anos esperando, para
agora ser colocado de lado.
Tinha vindo desde Los Angeles trazendo um
caminhão, com uma carga, voltaria agora com outro. Saiu da cidade meio aturdido, parou num
lugar que todos paravam, para tomar um café comer alguma coisa. Encontrou um conhecido que fazia o mesmo que
ele, eram da mesma empresa.
Estavam conversando, quando foram
abordados por um outro motorista de outra companhia, inimigo de seu
companheiro. Discutiram ali mesmo, quase
saíram nos tapas.
Em foro íntimo pensava, em que fui me
meter, não me basta meus problemas, agora tenho que aguentar isso.
Se levantou, foi ao banheiro mijar, lavar
a cara, se olhou no espelho, se imaginou de mulher, seria muito feio. Uma vez tinha entrado numa loja de perucas,
levou várias para experimentar diante do espelho. A vendedora lhe perguntou se ia a uma festa a
fantasia, disse que sim, mas nenhuma lhe caia bem. Ia ser uma mulher feia.
Riu para o espelho, seguirei sozinho, ou
terei que arrumar um marido daqueles tipos brutos.
Entrou em seu caminhão, foi seguindo a
estrada, a certa altura, já quase saindo da estrada de Big Sur, sentiu que o
caminhão não lhe obedecia, que os freios não funcionavam, ficou preocupado, o mesmo
começou a ficar complicado de controlar, sabia que se caísse do viaduto que
estava, cairia em cima de uma praia, que com certeza tinha gente, o jeito foi
ao sair do viaduto, teria que entrar num túnel, apertava o freio, nada, só
fazia o caminhão jogar mais, acabou enfiando a cabine, na lateral da entrada do
túnel.
Ficou um tempo atordoado, estava preso na
cabine, suas pernas não podia mexer, o volante apesar do airbag estava
pressionando seu estomago. A rádio não
funcionava, tardou um tempo em aparecer a polícia bem como o corpo de
bombeiros. Disse ao enfermeiro, no banco
ao lado ou no chão, tem os resultados de uns exames que acabei de fazer, tenho
câncer de pulmão.
Este voltou ao caminhão, conseguiram
recuperar o envelope. Tinha fatura
exposta nas duas pernas, bem como três costelas com problemas. A polícia ainda falou com ele, disseram que
tinha cortado o cabo do freio, bem como outro coisa. Se ele tinha inimigos.
Se lembrou que o outro tinha um caminhão
igual ao seu, disse que poderia ser alguma confusão, que falassem com seu
companheiro. Podiam ter confundido os
caminhões.
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Foi levado para Los Angeles de helicóptero, apertado junto ao peito,
tinha o envelope. Mas primeiro tinha que
resolver o problema das pernas, ficou duas horas na sala de operação, quando
voltou a si, falou com o médico, lhe entregou o envelope, com o scanner bem
como chapas do pulmão. Este
imediatamente chamou um oncologo.
Este depois de o examinar, fez outro
scanner com mais detalhes, sim temos que te operar em seguida, pois pode passar
para o outro pulmão. O que seria
prudente, era que tivéssemos um doador para ti.
Assim retiramos um, colocando outro.
Nessa tarde voltou, disse que tinham um
doador, conseguimos que a mãe de um rapaz que está em coma induzido,
autorizasse o transplante, ela esteve aqui te olhando pela janela, os dois são
compatíveis.
Tens família, ou alguém que possamos
avisar?
Não senhor, não tenho família, tampouco
nenhum amigo para avisar.
Nessa tarde entrou de novo na sala de operações,
essa durou seis horas, depois o médico lhe mostraria as fotos do pulmão
retirado. Lhe perguntou se fumava.
Nunca fumei, nem tampouco bebo, não
gosto.
É um caso raro de câncer, por sorte foi
descoberto a tempo, mais uns dez dias teria todo o pulmão tomado.
De noite sentiu que tinha alguém ao seu
lado lhe segurando a mão, viu que era uma senhora, lhe perguntou se era a mãe
do doador. Ela fez que sim com a cabeça,
a agradeceu muito.
Despertou de manhã, mas manteve os olhos
fechados, pois estava o oncologo, bem como o outro médico falando dele. Não dá para entender o que faz um homem como
este querendo ser mulher. Já queria eu
ter essa estampa, ia sair conquistando todas as mulheres.
Ficou muito tempo no hospital, as
enfermeiras queriam todas lhe atender, estavam segundo o médico apaixonadas por
ele.
Entre a operação das pernas, a do pulmão,
esteve quase um mês no hospital, todas as semanas faziam provas para saber da
rejeição, se aparecia mais algum avance do câncer. Acabou conhecendo todo mundo ali. Tai pensou, devia ser enfermeiro.
A pergunta agora era, o que deveria fazer
agora com sua vida. Um dia conversou
seriamente com o oncologo.
Este foi franco, veja, terás uma
recuperação lenta, depois os tratamentos hormonais de uma resignação de sexo,
são fortes, bem como estressante, creio que deverias deixar para mais adiante
essa ideia. O que te aconselho sim, é
encontrar um psicólogo que te acompanhe nisso tudo, pois se esperaste tanto
tempo para isso, deves lidar com a frustração.
Falei com o médico de San Francisco, ele crê que no hospital que fizeste
a consulta, podias seguir buscando apoio.
Quando finalmente foi para casa, se é que
podia chamar de casa, um apartamento pequeno, viu que teria que tomar
decisões. A anos atrás, pensava em fazer
engenharia mecânica. Agora tinha o
dinheiro que tinha guardado para fazer seu tratamento. Bem poderia ir à universidade em San
Francisco. Vendeu o caminhão que tinha,
bem como sua oficina mecânica. Se
despediu dos conhecidos, tomou rumo a outra cidade. Mas antes foi ao hospital, levar uma carta
para a mãe do rapaz que lhe tinha dado o pulmão. Agradecia a oportunidade, uma nova vida que
começava para ele.
Em San Francisco, ficou primeiro no mesmo
hotel pequeno que tinha ficado perto do hospital, se apresentou lá, começaria
um tratamento com o psicólogo, bem como o acompanhamento com o oncologo. Esse disse que ele tinha tido muita sorte.
Começou a procurar um apartamento ou
pequena casa para viver. Encontrou um
lugar no fundo de uma dessas casas que aparecem nas fotografias da cidade. Era um pequeno local, quarto, salão pequeno
com cozinha americana, banheiro. A
proprietária, o recebeu bem, lhe avisou que fazia um tratamento, lhe contou o
que tinha lhe acontecido.
Depois de se instalar, foi a universidade,
dentro de duas semanas começaria o ano letivo, sua paixão sempre tinham sido os
motores, seria o mais velho da turma, mas isso não lhe importava.
Mudou sua maneira de vestir, nada mais de
camisas de quadros, botas, as calças jeans, sim, mas agora andava de camisetas,
tênis. Estava mais relaxado.
De qualquer maneira levou um mês mais ou
menos para se adaptar aos outros, eram mais jovens do que ele, mais
barulhentos, contavam muitas vantagens. O
chamavam as vezes para beber, ele soltava que não podia por causa de um
tratamento que fazia, era uma desculpas esfarrapadas, mas resultava.
Um dia saia, quando viu um rapaz,
tentando arrancar um jeep, era de outra turma.
Lhe disse que ia dar uma olhada, examinou o motor, tens que trocar, foi
lhe dizendo o que.
O outro disse que tinha vindo as aulas,
como jeep de um cliente, pois o seu estava com o pneu furado. O ia examinar esta tarde, trabalho nos
horários livres numa oficina mecânica.
Foi com ele até lá, em seguida conseguiu
emprego. Ficou super feliz.
Tinha um problema na cabeça, pela
primeira vez se sentia atraído por outra pessoa, comentou isso com o psicólogo,
esse soltou que se ele não experimentasse nunca saberia.
Entre ele, o Greg, surgiu uma bela
amizade, falavam todo o tempo em carros, o sonho deste era trabalhar com
motores de avião. Nunca falava em
garotas, um dia lhe perguntou se não tinha namorada.
Me dava medo de que fizesses essa
pergunta, perder tua amizade, sou gay, por isso não falo em garotas.
Ele contou ao Greg o que tinha acontecido
com ele, imagina agora com quase 27 anos, não tenho experiencia nenhuma com
nenhum dos sexos. Me sinto atraído por
ti, mas tenho medo de perder nossa amizade.
Eu também me sinto atraído por ti, mas
fiquei preocupado, um homem como tu, bonito, com esse corpo, deve ter mil
pretendentes.
Um dia que saíram, foram a praia, Greg
quando viu a imensa cicatriz que tinha no peito, passou o dedo sobre ela, foi
como levar um choque.
Nessa noite foi dormir no apartamento
dele, pela primeira vez fez sexo com outro homem, gostou, ficou rindo depois,
creio que meu problema foi esse, numa me senti interessado por ninguém, estava
tão voltado ao que imaginava que não experimentei.
O psicólogo ficou contente por ele, creio
que agora já não pensas em ser mulher, não é verdade.
Dois anos depois, estava livre das
desconfianças de um novo câncer, mas teria que fazer uma ou duas vezes por ano,
revisão.
Greg, recebeu um convite para ir
trabalhar na Boeing, em Chicago, depois veria qual a área que ele queria se
especializar.
Ele ao contrário, iria fazer um estágio
numa fábrica de carros em Detroit, depois também já veria, eles tinham sobretudo
uma amizade muito bonita, já distante, se falavam pelo duas vezes por semana,
comentando suas experiencias.
Lhe surgiu uma oportunidade daquelas
irrecusáveis, de fazer um estágio com uma equipe de fórmula 1, lá foi ele para
Londres, para se adaptar a equipe. Antes
de partir, fez mais um exame de rotina, tudo estava em ordem, foi conversar com
o psicólogo, que lhe disse que não se fechasse a experiencia que tinha
tido. Que a vida seguia.
A equipe era boa, muito coesa, explicou
logo no primeiro convite para uma cerveja, que não podia beber, apenas quando
muito uma coca cola. Abriu a camisa,
mostrando sua cicatriz, assim não haveria mais perguntas. Quando começou o circuito, foi mudando de
cidade, aprendeu a levar somente o indispensável. Ia
registrando todas sua experiencias, bem como o que pensava do motores que
usavam.
Gostava de estar ali, examinando os
motores. Foi fazendo companheirismo com
os outros, escutavam tudo que diziam, alguns eram casados, o que era
complicado, pois durante todo o tempo que estavam pelo mundo, nunca viam a
família. Outros tinha uma aventura em
cada lugar que iam. A famosa, uma noite
e adeus.
As garotas dos circuitos, ficavam como
loucas atrás dos pilotos, do pessoal técnico, mas ele esquivava bem.
Claro que chegou um momento que não tinha
nada que aprender, quando quiseram lhe renovar o contrato para a próxima temporada
disse que não, que queria outra coisa para sua vida, tinha aprendido o
suficiente sobre esses motores.
Foi chamado pelo proprietário da
escuderia que lhe ofereceu um trabalho em desenvolvimento de motores. Recusou amavelmente.
Falou com o Greg, que nesse momento ia a
um encontro de amigos seus em Virginia. Ficaram de se encontrar em Norfolk,
depois iriam juntos a Virginia Beach, onde vivia a amiga que comemorava o
sucesso de seu empreendimento.
A noite que chegou, mataram a saudades,
tinha tido encontros nos tempos livres, mas isso não resolvia o problema,
sentiam falta um do outro. Teriam que
encontrar um meio termo.
No caminho de ida, Greg comentou que
Boeing estava recortando empregados, com certeza ele cairia fora, pois os novos
eram os primeiros a serem mandados para a rua.
Ele comentou que tinha ficado exausto de
fazer o circuito, cada semana despertava num lugar diferente sem saber direito
aonde estava, preciso de estabilidade.
Outro dia me lembrei de como com 16 anos,
meu pai me deu uma caminhonete velha, que tinha levado dois anos, restaurando,
mas por causa de só poder cuidar no final de semana, quando quis fazer dinheiro
para me operar a vendi por um preço excelente, anotei cada gasto que fiz com a
mesma, recuperei totalmente o motor, a deixei como nova. Era a inveja de todos meus amigos. Isso me fazia sentir genial. Posso ir buscando carros velhos abandonados
em sucatas, restaurar os mesmo, ou talvez preparar que o motor seja mais
moderno, que a carroceria aguente.
Era uma casa antiga, imensa a beira do
mar. Estava cheia de gente, ele ficou
meio deslocado, o que lhe chamou atenção, foi um homem imenso, loiro, cercado
de crianças chinesas, achava engraçado a paciência dele com elas. A menor não saia do seu colo, ele estava
tomando um vinho a menina, segurava ao mesmo tempo a taça, mal lhe permitindo
beber.
Um homem parou ao seu lado, um chinês,
muito bonito por sinal. Esse é o meu
marido, temos seis filhos, todos foram adotados por mim. Eu fui um garoto adotado, me trouxeram para
cá. Paul é polonês, nos casamos a anos
atrás. Tem uma cadeia de restaurantes.
Virou-se para ele, perguntando qual era
seu negócio?
No momento nenhum, estive trabalhando numa
equipe de fórmula 1, cuidado de motores, sou engenheiro mecânico, foi minha
especialização. Mas essa coisa de
estar cada semana num lugar diferente, sem ter casa, não é para mim. Vinha conversando com meu amigo Greg, sobre
isso hoje. Repetiu a história da
caminhonete, se consigo um galpão, em que possa montar uma oficina, poderei ao
mesmo tempo reparar carros, como restaurar carros abandonados, modernizando o
motor, bem como o chassi, para aguentar um motor mais potente.
Interessante isso, mas tens dinheiro para
investir?
Esse tempo todo, quase não gastei
dinheiro, talvez tenha que começar pequeno, se não der certo posso trabalhar de
mecânico. Eu ainda tenho dinheiro que
guardei durante muitos anos para fazer uma resignação de sexo, mas desisti, porque
tive que fazer um transplante de pulmão, me desaconselharam a seguir em frente.
Perdão, nem sei por que estou te contando
essa história. Essas festas me
confundem, gosto de tranquilidade.
Eres amigo da dona da casa?
Greg me apresentou de passada.
Eu investi num projeto dela, de
transformar, construir pequenos aviões, mais potentes. Nisso Greg se aproximava com a dona da casa,
parecia um homem, com uma calças jeans, camisa de quadros.
Vejo que fizeste um amigo, os apresentou
Chi Táo, um investidor em projetos futuros.
Sim estivemos conversando, pois estava
aqui admirando seu marido com as crianças.
O meu está ao lado, mostrou um homem bonito, com duas crianças, uma em
cada perna. Ela riu com uma sonoridade
espantosa, quando nos veem juntos, sempre pergunta, o que faz esse homem bonito
com essa mulher que parece um homem.
Somos amigos desde infância, se fosse por
ele, teria parido ele. Cuida da
administração do meu negócio, das crianças, ele teve um matrimonio falido, tem
um filho que deve estar por aí, quando nos reencontramos, não era feliz. Foi meu primeiro, único namorado, voltamos a
estar juntos. Só queria ter mais
filhos. Adora cuidar de casa, cozinhar,
olhe está trocando receitas com o Paul. Daqui de casa, administra tudo. Três dias da semana, deixa as crianças numa
creche, vai para minha oficina. Aqui
construímos a casa, mostrou a parte dos fundos, ele mesmo construiu essas
cabanas, as aluga no verão. São quatro,
cuida de tudo, está feliz agora.
Chi, estava falando com meu amigo Greg,
ele trabalha na Boeing, o estava convencendo de vir trabalhar comigo. Tem umas ideias incríveis sobre motores de
avião. Já o convidei para ficar, daqui a
pouco essa gente toda vai embora, poderemos conversar.
Ficamos Ralf?
Claro, gostei da ideia de negócio que ele
tem. Mas não podemos ficar até muito
tarde, pois as crianças têm horário para dormir.
Deixa disso, vocês vivem aqui ao lado.
É verdade, deixamos NYC, aonde tenho
negócios ainda, mas vou num avião que a Anita preparou para mim, assim comecei
a financiar seus projetos.
Nem muito tempo depois a casa ficou
vazia, as pessoas foram embora, ajudaram a recolher a cozinha. As crianças
todas estavam na varanda.
Ralf se sentou, um dos garotos do Chi,
veio correndo se sentou ao seu lado, me contaram que gosta de motores, começou
a conversar com ele, como se fosse um adulto.
Ele gritou ao Greg, quero um filho assim,
que fale a minha língua. Todos riram.
O menino apontou ao Chi, meu pai me
trouxe da China, eu vivia num orfanato.
O garoto não saia do lado dele. Quando seu pai se sentou ali, começaram
a falar de carros. Minha ideia é ir
primeiro procurando numa sucata, depois quero ir devagar, restaurando o mesmo,
posso inclusive fazer peças que não existe mais, para poder recuperar os
mesmo. O garoto o olhava como um
deus.
Se for aqui, posso ir trabalhar com ele,
nas horas que tenha livre pai?
Espere para ele decidir aonde quer viver,
montar sua oficina, depois negocia seu contrato de trabalho.
Ele não aparente, mas tem 14 anos, é
franzino como eu. Levei tempo para me
desenvolver.
Ao lado do Paul, todos pareciam
formigas. O mais interessante que ele foi para a cozinha
como dono da casa, para preparar um jantar para os meninos todos, cada um
arrumou outra coisa que fazer, a pequena veio ficar no colo do outro pai. Mas
em seguida se jogou no seu colo, ficou alisando sua cara.
As lagrimas escorriam pela sua cara de
emoção. Não sabia como era sentir uma
criança, foi o que soltou. Muitos dos
meus companheiros de trabalho, tinham família, reclamava disso de passar tanto
tempo longe de casa, mas quando estavam em casa, não paravam de pensar no
trabalho.
Anita, disse que trabalhava num hangar,
num velho aeroporto dali, tem um ao lado do meu, poderias alugar como eu fiz.
A cara do Greg era de puro gozo, quando
colocaram as crianças na mesa para comer, foi divertido, todos comeram sem
reclamar. A pequena queria que ele lhe
desse comida.
Foi divertido, depois que foram embora,
eles ficaram com Anita, o marido, sentados na varanda no escuro, as crianças
estavam na cama. Ela contava que vinha
jantar todos os dias, para colocá-los na cama, se tivesse em outro lugar, isso
seria impossível.
Os dois ficaram numa das cabanas atrás da
casa, mas o cheiro e o ruído do mar, se escutava.
Abraçados no escuro, Greg comentava do
convite de sua amiga para trabalhar com ela.
Sempre nos entendemos bem. Umas férias trabalhei com ela numa companhia
aérea, eu pensava que era lesbiana. Mas
claro seu comportamento afastava todos os homens.
Depois falaram do Chi, do Paul, esse bando
de filhos que tem. Como se entende os
dois é impressionante, são absolutamente diferentes. Greg tinha conversado como Paul, ele tem uma
cadeia de restaurantes, agora vai abrir um aqui no verão.
Gosto da tua ideia, se consegues um lugar
para montar teu negócio, venho ficar contigo, não gostei muito da experiencia
de estamos separados, só nos falando por Skype, ou celular.
Podíamos tentar viver juntos.
Despertaram de manhã, com uma batida na
porta, era o filho mais velho, avisando que o café da manhã já estava na mesa.
Foram rápidos nos banhos, quando chegaram
estavam esperando por eles.
Anita lhe comentou, Chi telefonou logo
cedo, para dizer que falou com o proprietário do hangar, está à venda, bem como
outro que tem. Quer ir com a gente até
lá. Pode ser que o Paul lhe interesse o
outro para montar seu restaurante, pois esse fica ao lado do mar.
Chegaram com a garotada toda, o menino do
dia anterior, se aproximou timidamente, dizendo se ficas, tenho emprego?
Ele riu muito, claro meu filho, mas tenho
que pensar.
Educadamente perguntou ao pai se podia
ir? Ficas para ajudar a cuidar dos teus
irmão, não demoramos muito, senão acabaras pressionando o Ralf para abrir
negócios, te contratar.
Ah, senhor Ralf, o pai de um amigo tem um
carro que era de seu avô fechado na garagem se quiser vamos lá depois, pode ser
o primeiro trabalho juntos.
Chi no caminho disse, ele tem uma
inteligência superior, adora reconstruir coisas. Teve um problema de desnutrição na sua infância,
por isso é pequeno, mas luta karatê comigo, eu ensino para ele se defender dos
possíveis Bullying que possa sofrer por ser pequeno.
Olhou o hangar, tinha duas entradas, uma
pela estrada, outra para a pista velha, estava quase diante da praia. Riu pensando, posso de vez em quando ir tomar
um banho de mar.
Greg ria, imaginando o mesmo.
O hangar estava totalmente vazio, alguns
lugares seria necessário consertar o telhado, Anita disse que seu marido tinha
consertado o seu.
Ele tinha visto os dois na mesa do café
da manhã, formavam realmente uma família.
Viu que Chi anotava tudo numa pequena
livreta, conversava depois com o homem, estavam negociando. A cara séria
demonstrava que era um bom negociante.
Na volta foi dizendo, agora toca seu
marido Anita consertar os telados, o outro o Paul tem que olhar se lhe
interessa. Gosta ele mesmo de negociar,
gerenciar seus negócios. Hoje de manhã
foi conversar, ajudar os pescadores, que tem mais abaixo, se ele podem fornecer
peixes para ele.
Chi le comentou, acho melhor tocares o
barco em frente, pois meu filho não me perdoara que não fiques aqui, ele se
aborrece em casa, pois mal começa o ano letivo, já sabe tudo. Chegará o momento que terei que resolver o
problema da escola, mas ele não quer se afastar dos irmãos, pois finalmente tem
uma família.
Quando chegaram o garoto correu para ele,
pediu o carro do pai emprestado, venha vamos olhar o carro do avô do meu amigo
que está nos esperando.
Era uma casa mais para o interior, o
carro estava na garagem, coberto com mantas, mesmo assim, se via que o ar do
mar fazia estragos no mesmo. O dono,
disse que tinha desistido de ligar o motor, que estava parado a dez anos. Disse que nunca tinha gostado desse carro,
pois seu pai não lhe permitia sequer se sentar.
Levantou o capô para olhar o motor que
estava cheio de ferrugem, examinou tudo, se via que os anos abandonado tinha
feito seu trabalho.
Era um Cadillac de 1940, se via que tinha
um cor original, mas estava pintado de um verde feio, teria que desmontar a
capota para mandar fazer outra.
Perguntou ao homem quanto queria pelo
carro?
O preço faz o senhor, além do favor de
retirar daqui esse traste. Foi dentro
de casa, trouxe os documentos do mesmo.
Creio que um 300 dólares será o
suficiente, mas o senhor o tem que retirar.
O filho do Chi dava pulos de contente, no
caminho de volta, disse podemos ser sócios, verdade?
Como te chamas, filho?
Meu nome chinês é horrível, meus
amigos me conhecem como Robert ou Bob.
Negócio fechado Bob.
Vou descobrir quem mais tem carro
assim por aqui.
Correu para o pai, dizendo, sou sócio do
Ralf, já conseguimos um carro, agora teremos que ter uma grua para ir buscar.
Bob, vá com calma, respire para falar,
lhe dizia o Paul. Ele se abraçou as
pernas do Paul, dizendo, pai o carro é perfeito, vai ficar fantástico, soltou
tudo de uma vez, todas as observações que Ralf tinha feito. É de 1940, a cor original é diferente da que
está.
Paul, se abaixou falou no ouvido dele,
ele só balançava a cabeça concordando, entendi, disse ao final.
Bom agora vocês podem falar. Ele vai escutar sem interferir. Paul beijou a cabeça do garoto, bem como ao
Chi. Podem conversar.
Bom, já paguei o homem, se me alugar o
Hangar, poderei levar o carro amanhã, terei sim que ir buscar, no guarda moveis
em Los Angeles, todo meu material de trabalho que está lá. Aí posso começar a trabalhar. O Bob não se conteve, podemos.
Sim, depois da tuas aulas, podes ir me
ajudar. A cara do garoto era de
felicidade pura.
Depois do almoço que estava estupendo,
dois peixes imenso, na mesa, Paul os tinha assado na brasa ao lado da
casa. Foi servindo a criançada toda, só
a pequena que correu para o colo do Greg, para que ele lhe desse a comida.
Creio que perdemos uma das crianças Paul.
O marido da Anita, foi com eles, para
olhar o telhado, o Bob, olhava toda aquele espaço, com os olhos brilhantes.
Que estas calculando Bob, lhe perguntou, quantos
carros vão caber aqui, ali, se pode colocar aquele sistema de levantar os
carros para trabalhar embaixo, tem mais luz, não achas.
Sim tinha pensado nisso mesmo. Mas quero fazer uma coisa agora, enquanto
eles, vão olhar o que talvez teu pai Paul, faça um restaurante.
Saíram os dois em silencio em direção ao
mar. Aqui poderemos tomar banho de mar,
o que achas, quando estivermos cansado.
Estou aprendendo a nadar, mas se me
ensinas a nadar nas ondas, tudo bem.
Negociou com o Chi, horas, as propostas
eram boas, o Greg conversava com Anita na varanda.
Iria a fábrica aonde trabalhava, pediria
demissão, enquanto não encontrassem casa, alugariam uma das cabanas deles.
De noite os dois riam na cama, o Bob, tem
uma cabeça privilegiada, ao mesmo tempo ama essa família. Me
contou que se aborrece na escola, porque a turma é lenta para ele. Por isso se interessou nos carros. Disse que ia pesquisar sobre os Cadillac de
1940, acredito que é possível que amanhã já tenha todos os planos do
motor. Ficaram rindo.
Temos que encontrar uma casa, no caminho
para o hangar, vi umas quantas fechadas, vamos nos informar.
Três meses depois tudo estava pronto, já
estavam trabalhando no carro, tinham mais dois, além de carros que tinham vindo
para consertar.
Ensinou o Bob, a examinar os carros, é
como ser um médico disse para ele. Os
motores, as vezes por falta de atenção do dono, se estragam. Estavam os dois consertando o motor de uma
caminhonete, tinha as laterais enferrujadas, se o dono lhe passasse cera
sempre, ficava bem, agora tem que se raspar, lixar, passar massa para poder
outra vez pintar. Primeiro uma capa
protetora, depois lixar outra vez, até poder pintar. Não viram que o dono estava atrás dele.
O senhor e o seu filho podem fazer
isso?
Sim é claro.
Então me façam um orçamento. Vou tomar
mais cuidado. É que meu filho usava essa
caminhonete para transportar pranchas de surf, morreu na guerra do Golfo, é
tudo que me sobra dele.
Ensinou inclusive o Bob a calcular quanto
custaria o trabalho total. Não podes ir
soltando sem mais nem menos um preço, senão nunca teremos dinheiro para pagar o
aluguel para teu pai, sócio. Cada vez que o chamava de sócio, ele ria.
Estavam apertados de trabalho, ele muito
sério comentou com Ralf, tenho um companheiro na escola, não é muito
inteligente, mas grande e forte, o pessoal o chama de burro, mas creio que é
porque não tem quem o ajude, posso trazer para ver se gosta de trabalhar aqui.
Isso, mas não prometa nada, vamos
conversar com ele. Ok
No dia seguinte apareceu com o amigo, era
quase da altura do Ralf, meio desengonçado, com uma cara triste. Perguntou aonde vivia, seu nome.
Jefferson, mas todos me chamam de Son,
porque não tenho pai, vivo num trailer com minha mãe, que trabalha de garçonete
num bar na estrada. Nunca está em casa.
Gostaria de ter um trabalho como o
Bob, posso aprender.
O mandou vestir um macacão que tinha por
ali, o mandou começar a raspar a caminhonete, colocou um de cada lado, cuidado
para não arrancarem pedaços do metal, pois senão depois fica complicado.
Ria para si mesmo, mais tarde quando
olhou, os dois estavam trabalhando, suando, mas felizes.
Son depois contou que uma vez o Bob o
tinha defendido dos colegas da escola que o sacaneavam. Estava triste, fudido da vida, ninguém me
quer como companhia, mas ele leva todos os dias uma merenda a mais para mim.
Tinha montado com o Roger, marido da
Anita, uma pequena cozinha, na porta traseira do hangar, quando tiveres sede ou
fome, Son, ali tem água, coca cola, pão para fazer sanduiches, vamos fazer uma
pausa para comer. Viu que ele comia seu
sanduiche com vontade.
Ficou com pena do garoto. No final do dia lhe deu dez dólares para o
jantar. Vamos discutir seu salário ok.
Nessa noite falou com o Greg, que tinha
ficado com pena do garoto, precisavas ver a fome que tinha. Enquanto trabalhavam o Bob lhe ia ensinado a
lição da escola que ele não tinha entendido.
Finalmente conseguiram uma casa, perto do
hangar, estava fechada a muito tempo, contrataram o Roger para reformar a
mesma. Tinha três quartos no andar de cima, dois de
frente para o mar, outro na traseira.
Dois banheiros, um em cima, outro em baixo. Um belo salão com cozinha, mais um
escritório. Quando se mudaram fizeram
uma festa, Son disse que não ia porque não tinha roupa. Ele arrumou uma desculpas para irem ao
mercado mais próximo que tinha de tudo, lhe comprou tênis, cuecas, meias, duas
calças jeans, um monte de camisetas.
Ele quando viu chorou, não posso levar
para casa, minha mãe vai vender tudo para comprar drogas.
Nesse dia o levou para sua casa, colocou
essas roupas no quarto de cima, na traseira, ele tomou um belo banho, saiu
sorridente. Conversava com o
Bob todo o tempo. Falavam da caminhonete
que estava quase acabando o serviço.
Esses meninos, contou ao Chi, que outro
dia tinha escutado o Bob, lhe explicar ao outro como calcular os gastos, como
ele tinha feito com ele.
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Esse teu filho é super generoso.
Outro dia ensinava ao Paul, que agora
está crescendo, que tem musculo nos braços, da força que faz. Agora vem as férias, eles querem trabalhar o
dia inteiro, o problema é o Son, diz que tenho que guardar seu dinheiro, que
lhe dê somente para comer naquele dia, pois senão a mãe gasta em drogas.
Teria que falar com alguém para ver se
consigo a guarda dele, já falei como Greg, ele diz que isso é coisa minha. Mas não conheço ninguém na cidade.
Nisso viram um carro de polícia na frente
da casa, perguntavam pelo Son. Sua mãe
tinha se metido numa briga por causa de um seringa, tinham lhe cortado o
pescoço, estava no hospital. Ele foi com o Chi até lá, levando o garoto, ele
estava sentado atrás, chorando desconsolado.
Não tenho mais ninguém. Vão
querer me internar. Ralf colocou a mão
no seu joelho, fique tranquilo, vamos resolver, afinal eres meu empregado.
Falaram com o xerife, comentou com ele,
que o garoto trabalhava na sua oficina, mas que o seu salário, ele guardava,
lhe ia dando dinheiro, justamente por causa das drogas.
Essa menina nasceu aqui, mas sempre andou
nas drogas, não tem família nenhuma que eu saiba.
Ele pode ficar na minha casa
enquanto isso?
Sim, se está trabalhando isso será um
ponto positivo.
Dois dias depois ela morreu, a fez
enterrar no cemitério ao lado de sua família.
Falaram os dois ajudados pelo Chi, que conhecia o Juiz, conseguiram a
guarda deles.
Son tinha emagrecido pelo trabalho, já comia normalmente, parecia
inclusive ir melhor na escola, porque Bob lhe ensinava.
Um dia estavam os três sentados na
varanda, comentou que Bob, talvez tivesse que ir embora, porque ali, a escola já
não lhe servia. Hoje seus pais estão
fazendo uma reunião com ele, para resolverem o problema.
Chi tinha comentado por telefone isso com
ele, mas ficou quieto, era um problema da família dele, não podia interferir.
Ia sentir falta do seu sócio como o
chamava, mas também tinha se encarinhado com o Son, se preocupava, pois Bob era
seu suporte. Conversou longamente com
ele, se ele aprovasse nos exames finais com boas notas, poderia ir a
Universidade. Alegou que não tinha
dinheiro.
Se eu te adoto, terás dinheiro para ir, eu
adoraria que fosses meu filho. Son se
abraçou a ele, chorando, era incrível, pelo tamanho que tinha, ao mesmo tempo
era emotivo.
Nisso chegava o Bob, se sentou junto,
convenci meu pai de me deixar ir a Universidade em Norfolk, eles tem um curso
de Engenharia Mecânica, podíamos ir juntos não achas Ralf?
Sem dúvida nenhuma, eu teria o maior
prazer em bancar a universidade para o Son.
Afinal espero que ele seja meu filho.
Quem não gostou muito foi o Greg, pois não
o tinha consultado, tampouco estava muito satisfeito com o que vinha fazendo
com a Anita. Estava chateado com tudo
isso, falou claramente, como podes pensar em adotar esse garoto, nem sabes se
tem família ou não?
O xerife está fazendo isso para mim, tinha
ficado amigo do mesmo, quando este depois do enterro da mãe do Son, lhe trouxe
o carro para consertar. Era um sujeito
alto, muito feio segundo o Greg, pois quando jovem devia ter a cara cheia de
espinhas. Quando vinha no final da tarde
ficava conversando com ele. Ele vinha
do Texas, amava o mar, as vezes tomavam um banho de mar com os garotos.
Um dia chegou em casa, encontrou Greg
arrumando as malas, disse que a Boeing, o tinha chamado para um cargo de
chefia, para desenvolver um novo tipo de motor, que ali, além dele ser demais,
não tinha futuro.
Montaste a tua vida sem em nenhum momento
em me consultar, a única coisa que conversamos foi essa casa.
Não houve argumento que o fizesse mudar
de ideia. Ficou uns dias chateado, Anita
conversou com ele. Não gostava que eu
lhe desse ordens, nunca entendi por quê?
Num determinado momento pensou em
desistir do que estava fazendo, mas tinha encontrado seu canto, não estava
disposto a abandonar tudo, tampouco os meninos, principalmente agora que os
documentos de adoção do Son, estavam para sair.
Tinha realmente um parente distante, mas
sabiam da história da mãe, desistiram rapidamente de acolher o Son, tampouco
tinham meios para o mandar para a Universidade.
Ele foi com o Chi, Paul, os meninos olhar
a universidade, se informaram, eles queriam viver fora da mesma, conseguiram uma
casa que tinha um apartamento em cima, era de uma senhora negra muito
simpática. Ela lhes forneceria comida
durante a semana, nos finais de semana eles iriam para casa.
Gostaram da universidade, pois era bem
mista, então acreditavam que não teriam problema, no final do curso, ele com o
Bob, estudavam com o Son, este se esforçava ao máximo, sem reclamar, não queria
perder a oportunidade.
Estavam os dois preocupados, pois ele
ficaria sem ajudantes, mas os tranquilizou, logo contrato alguém. Ao mesmo tempo, Son veio conversar com ele,
achava que tinha sido a causa de tudo.
Nada disso meu filho, acho que o que
incomodava o Greg era que eu tinha encontrado estabilidade aqui, isso talvez o
incomodasse, além de ter feito novos amigos, os quais não compartilhava com
ele. Já estivemos separados antes, se
ele tiver que voltar bem, senão terei que refazer minha vida. Contou sua história para o Son, devo ter
encontrado minha nova vida a ele, mas nunca se pode ficar a vida inteira
pagando uma coisa, os sentimentos mudam as vezes meu filho.
Viu que ele ficava mais tranquilo. Tinha uma sintonia com ele, realmente se
sentia seu pai.
Um dia, Juarez, o xerife veio falar com
ele, já que necessitas de alguém, gostaria que conhecesses uma pessoa, pode ser
complicado, mas não custa tentar. O
levou a prisão, trouxeram um rapaz, se via que era de ascendência
mexicana. Tinha a cara toda machucada.
Quando o xerife perguntou o que tinha
acontecido, disse sem vergonha nenhuma, como sabem que vou sair, por não ter
cometido crime nenhum, resolveram abusar de mim pela última vez, estou todos
esses dias na enfermaria.
Devia ter uns 20 anos, no caminho Juarez
tinha contado, que tinha sido preso, não tinha ido a julgamento, quando
descobriram que apenas estava dormindo como ocupa numa casa que tinha
acontecido um crime, que tinham encontrado o verdadeiro assassino. Aqui ele vem trabalhando com outros mexicanos,
nas oficinas.
Perguntou se queria trabalhar com
ele. Ele olhou o Ralf naquele tamanho
todo, foi direto, não vais abusar de mim não é, estou farto disso.
Não, inclusive podes ficar na minha casa,
o Juarez me conhece, eu tenho meu filho, além do Bob que é como se fosse meu
sócio, eles agora irão a universidade, mas estes dias poderás conviver com
eles.
Experimenta, se não gostares, podes pedir
ao Juarez que te arrume outro lugar.
Juarez falou com o diretor do Presidio,
que concordou em soltá-lo, para que ele não sofresse mais nenhum abuso. Foi com eles, tinha só um saco com roupas
velhas.
Ele já sabia sua história, tinha lido o
dossier no carro, tinha sido abandonado num orfanato, quando era pequeno,
depois passou por várias casas de acolhida, sendo abusado em várias delas. Da última tinha fugido, vivendo nas ruas,
depois nessa casa aonde tinha acontecido o crime.
Quando o apresentaram aos dois, que eram quase
de sua idade, se entrosaram, nessa noite dividiu quarto como Son, que conversou
com ele, contou também sua história.
No dia seguinte, estava trabalhando na
oficina, como um mais. Como fazia
calor, foram tomar um banho de mar, os meninos viram que tinha o corpo todo
marcado de pancadas.
Deu dinheiro para eles, Son tinha que
comprar roupas para a Universidade, foram os três de compras, não queria
aceitar a princípio.
Enquanto estiveres aqui, é como se fosses
meu filho, por isso, acredito que devas te vestir como tal, não custa nada,
quero também que penses em estudar, pois sem isso não vamos em frente.
Os dois o animaram a recuperar o tempo
que tinha deixado de estudar, viram que ele era inteligente. Bob como sempre o tinha adotado como o Son, adorava
ficar trabalhando, escutando os três conversando. A caminhonete tinha ficado pronta, como nova,
quando Benson que gostava de desenhar soube da história, fez um desenho para
mostrarem ao proprietário, este se sentou com os três se pôs a chorar. Pediu que fizessem isso em ambas as portas.
Quando perguntou quanto devia, ele disse
que os preço era com os garotos, pois foram eles que consertaram o motor, rasparam,
repararam a carroceria, pintaram a deixando como nova.
Bob apresentou uma conta detalhada, o
homem ria, se fosse em outro lugar, estariam me enganando, ensina bem teus
filhos.
O lucro o fez dividir entre eles,
inclusive uma pequena parte para o Benson.
Esse não queria, mas eles fizeram questão. Assim teriam dinheiro para eles, na
universidade.
Os dois o tinham levado a escola, falado
com uma professora, uma senhora já na beira da aposentadoria, ela durante as
férias se encarregaria de ajudar o Benson a recuperar o tempo perdido. Ele nunca tinha acabado nenhum curso, pois
cada vez que o acolhiam, mudavam de escola.
As vezes se dava conta que nem pensava no
Greg, quando este chamava, conversava com ele, como faria com qualquer amigo,
contava as novidades, o que estava fazendo agora, tinha começado a trabalhar
com o Benson, num ônibus escolar que tinham encontrado num ferro velho de
carros, tinha levado com uma grua até a oficina.
Ele queria transformar o mesmo numa
motorhome, para quando viessem de férias pudessem ir de viagem.
Um dia conheceu o sócio do Chi, que
raramente vinha por ali, se olharam bem, riram um para o outro, eram parecidos
fisicamente. Sentiu que Juarez ficava
com ciúmes.
Nessa noite estava na varanda, os garotos
tinha ido a uma festa na cidade, para ver como eram, eles nunca faziam vida
social, os tinha incentivado a ir.
Juarez apareceu com roupas normais,
sempre o via de uniforme, fez uma gozação sobre isso, este sem que ele
esperasse, perguntou se de alguma maneira se interessava por ele.
Nunca avancei o sinal, porque pensei que
ainda estavas ligado ao Greg, não queria ser segundo lugar.
Ele gostava quando o Juarez sorria, pois
sua cara como que se iluminava. A
segurou com as duas mãos, lhe beijando.
foi uma sensação diferente, não tinha nada a ver como se sentia com o
Greg. Era uma coisa muito sensual.
Quando viram estavam nus na cama. Nessa noite contou a parte que nunca falava
de sua vida, só os garotos sabiam. Que
tinha pensando em se transformar em mulher.
Juarez riu dizendo que ia ser um desperdício. Com o trabalho, seu corpo era super
musculoso, esse não parava de passar a mão pelo seu corpo.
Pare, senão vamos começar tudo outra vez?
Que estamos esperando, vamos recuperar o
tempo perdido, pela minha covardia que não ter tentado antes.
Quando desceram para o café da manhã os
meninos estavam sentados na mesa, ninguém comentou nada.
Como era domingo, fazia um dia perfeito
para a Praia, avisou ao Chi e Paul, que aonde estariam, apareceram com a
filharada toda.
Chi foi quem comentou, finalmente, ainda
pensei que ias te enrolar com o Terry, mas este depois da morte de meu pai,
contou que os dois tinham um relacionamento, andou muito perdido, agora esta mais
estável, mas gosta de homens mais velhos.
Juarez é o partido perfeito para ti. Olhou para ele, tirando as marcas do rosto,
tinha um corpo incrível. Estava jogando
bola com o Paul, a garotada toda, os meninos, o Benson, estava mais relaxado.
Meu filho, o Bob era a primeira criança
que tinha adotado, tem uma capacidade de aglutinar as pessoas em volta dele,
que me impressiona. Eu ao contrário
sempre tive dificuldade.
Está preocupado com os pequenos, pois
ficará fora basicamente a semana inteira, mas claro virão ao final de semana
agora no começo, mas creio que com o tempo, virão menos, não achas?
Conhecendo o meu sócio, acho que não, hoje
estavam falando do que virão ontem, não faz o gênero deles, dizem que os outros
só tem conversas banais, só pensam em beber, experimentar drogas. Son ainda fez uma brincadeira, que de Rock
Roll, ninguém entendia.
Contou do ônibus escolar que estava transformando,
nas férias, quero ir de viagem com eles por aí, depois empresto para ti, para
irem com as crianças.
Quero ver, aliás adorei a ideia, se ficar
bom, podemos procurar mais para ires restaurando eu me encargo de vender.
Bob fez uma gozação com os dois, que
estavam ficando velhos, ali sentados conversando, nisso chegou o senhor da
camionete. Sentou-se com eles, dizendo que família imensa tens meu amigo.
Chi contou que eram todos adotados. Que o maior que o senhor conhece, bem como o
Son, irão a universidade no próximo semestre.
A pequena se aproximou, ficou
olhando aquele senhor mais velho de cabelos brancos, logo se atirou em cima
dele.
Este ria muito.
Iam todos comer na casa deles, Paul
avisou que se ele gostava de churrasco, ia fazer um, trouxe saladas, com a
carne ira genial. O convidaram,
insistiram muito, pois ele dizia que iria comer no restaurante que ia sempre.
Mas a menina não o largava. Acabou indo, disse que fazia muito tempo que
não se divertia assim. Que bom que vocês
tem uma família. Eu tinha um certo
preconceito, confesso, mas o que vejo em vocês é diferente. Meu filho acredito que foi para o exército
para se afastar de mim, pois tinha muita amargura pela morte de minha
mulher. Acabei ficando sozinho, tenho
uma irmã que vive na casa ao lado, mas claro tem sua família.
Passou a ir todos os dias à oficina,
ajudava no que podia, os garotos estavam chateados pois iam perder a maior
parte da reconstrução da motorhome, mas iriam se falando com o Benson.
Nas vésperas de irem para a universidade,
ele apareceu com a caminhonete, com seus documentos, tinha passado a mesma para
os dois, assim vocês tem como se mover por lá.
Os estava ensinando a fazer surf, as
conversas com os três era interessante, pois falavam com ele como se fosse do
grupo.
Ficaram loucos com a caminhonete, Bob,
ligou para o pai, que ia examinar carros de segunda mão para eles, dizendo não
é necessário, já temos carro.
Nos primeiros dias Benson, ficou fechado,
sentia falta deles, mas lhe chamavam sempre pela tarde quando estavam em
casa. Logo a primeira hora da manhã, ele
ia a suas aulas, tomava café com Ralf e Juarez, este o deixava na casa da
senhora.
Depois lá pelas onze, chegava na oficina,
trocava de roupa, começava a trabalhar, agora conversava mais com ele. Um
dia comentou o que achava dele junto com o Juarez, vejo que ele gosta muito do
senhor. Achas que algum dia encontrarei
alguém que me queira assim.
Claro meu filho, tenho certeza
disso. Juarez estava movendo os papeis
para adotá-lo, mas ainda não queria comentar nada. De noite depois do jantar, que preparavam os
três juntos, sentavam-se na varanda, Son sempre chamava, ficavam conversando
como celular em viva voz, comentando como ia o trabalho, da motorhome.
Vinham no final de semana, se metiam na oficina,
não paravam de trabalhar, Chi reclamava se queria ver o filho, tinha que ir até
lá.
Por dentro, já tinha recuperado tudo, de
noite sentados na varanda, discutiam sobre como arrumar o motor, o que estava,
era digno de lastima, o que iriam aproveitar, quais as peças que deveriam
procurar nas sucatas. Anotava tudo,
iriam procurar nos ferro velhos de carro em Norfolk. Ele dizia a ideia era minha esses piralhos a
roubaram.
Anita fez uma festa como todos os anos,
para o lançamento de dois aviões que tinha recuperado totalmente, Chi já os
tinha vendido. Greg apareceu, mas
quando o viu ao lado de Juarez, rindo com os meninos, falou com ele, apresentou
o rapaz que estava com ele, muito mais jovem, dizendo que era seu namorado.
Juarez ficou preocupado.
Nada disso, só acho que é muito jovem
para ele, mas é sua vida, ele como que quer recuperar o tempo perdido. Outra coisa, o que temos, é muito melhor do
que eu tinha com ele.
Numa festa assim, eu estaria sozinho, ele
conversando com seus amigos, sem se preocupar se eu estava a parte. Tu não, estás comigo, o abraçou no escuro,
beijando. Tinham uma vida sexual muito
ativa.
Quando as férias chegaram, antes de
inaugurarem a motorhome, ele fez um exame como sempre fazia, para saber se
estava bem. O médico ficou surpreso,
estas em plena forma, não vejo anomalia nenhuma nos pulmões, estão limpos.
Quando os meninos chegaram, riam muito,
pois estavam os três falando o tempo todo, alguns fins de semana Benson ia
passar com eles em Norfolk, saiam se divertiam, iam dançar.
Benson iria a Universidade no ano
seguinte, queria fazer o mesmo curso. Poderia
viver com eles, lá fico eu sem ajudante outra vez. Juarez, agora todo momento livre o estava
ajudando na oficina, tinha jeito.
Gostava muito de carro, tinha conseguido um Ford Torino 1970, o homem
aonde tinham comprado, ficou de conseguir uma caminhonete Ford F100, foram ver
junto com eles. Bob soltou na frente do
pai, estou quase desistindo do curso, só para estar aqui para recuperar os
dois.
A cara do Chi, foi ótima, quando termines
a universidade podes fazer o que queiras.
Pai era brincadeira. Tenho que trabalhar, daqui dois anos, seu
outro irmão teria que ir à universidade, queria estudar psicologia.
Paul ria dizendo, que ninguém se
interessava como ele por cozinha. Tinha
vendido sua segunda cadeia de restaurantes, agora, tinha um na cidade, reclamava
que as pessoas queriam comer no domingo.
Treinava o pessoal para levar o da praia sem ele, pois queria sair de
viagem com Chi e a garotada toda, quando voltassem.
Quem deu uma ideia, foi o Benson, pois
ele adorava estar com todos, porque na vamos juntos, temos a caminhonete,
levamos na carroceria, barracas, os pequenos podem ir com vocês, assim quando paramos
acampamos.
Fizeram foi uma viagem imensa, um pedaço
da rota 66, acampando no meio do deserto, Paul com o Benson se encarregavam da
comida. Para os garotos, dormir em
barracas do exército que tinham conseguido era o máximo. Eles deixavam o quarto de dentro para o Chi,
com o Paul, dormiam também numa barraca.
Parecia um acampamento cigano, mas se divertiam, acabaram a viagem em
Taos, numa pequena vila perto, viviam os irmãos de Juarez, que quando viram
tanta gente, riam a bessa, aonde ele tinha ido se meter, se reclamava das
reuniões de família quando era jovem, estava pagando com sua língua.
Lhes apresentou um jovem índio que
trabalhava na oficina que tinham, disse que não tinha família, dormia no fundo
da mesma, pois cada irmão tinha uma família imensa.
O Jorge, a princípio não entendia porque
tinha um nome mexicano, este explicou que seu pai pelo que sua mãe dizia era um
mexicano que trabalhava em rodeios, ela era descendente de índios navajos, daí
a mistura que tinha, logo fez amizade com os outros, voltou com eles, Juarez
dizia que a família aumentava. Chi
dizia que queria competir com ele.
Ele respondia ao Juarez, que talvez fosse
a parte de sua alma, que era feminina.
Este ria até.
Tinham resolvido se casar, o fizeram
antes de voltar, ali com toda família reunida, mas ele antes falou com os que
considerava como seus filhos, os dois aprovaram, agora temos dois pais pesados,
falavam isso rindo.
Juarez, resolveu pedir uma licença do seu
cargo, para trabalhar com ele na oficina, como Jorge estariam bem, mas exigiram
que ele estudasse também.
Agora os outros dois quartos da casa
estava ocupado, pois tinha o do Son, que quando vinha, o Bob ficava as vezes
por lá, o outro ficou para Benson e Jorge.
O café da manhã já não era solitário como
quando vivia com o Greg, pois esse nunca tomava o café da manhã em casa,
preferia tomar com a Anita.
Quando voltaram ela veio ver a Motorhome,
pois estava interessada em alugar, para ir de viagem com a família. Chi tinha falado tanto, ela com o Roger,
adoraram, principalmente a história de acampar no deserto. Alugaram bem como as barracas.
A parte lhe contou que o Greg estava meio
fudido, porque com esse rapaz tinha se metido em drogas. Tinha tido uma sobre dose que quase o
mata. Estava sem emprego, porque na
Boeing quando souberam o colocaram na rua.
O convidei para vir outra vez para cá,
mas diz que não quer deixar o rapaz.
Isso não é muito próprio dele, achas que
devo falar com ele?
Não sei isso é contigo, da última vez que
falei com ele, me disse que tu como Juarez tinham construído uma família, que
na verdade, quando adotaste o Son o colocaste de lado, ele gosta de ser
exclusivo.
Falou com Juarez, ia chamá-lo, quando
Anita avisou que ele, bem como o rapaz, tinham tido um acidente de carro, que
ele estava entre a vida e a morte, mas que o rapaz tinha falecido, era o que
conduzia, estava totalmente drogado.
Deixou tudo com Juarez, foi com Anita até o hospital que estava. Mal o reconheceu, magro, com os cabelos
brancos, o médico não dava muitas esperanças, se vivesse teria uma série de
sequelas, não sabia ainda se ficaria em cadeiras de rodas.
Anita voltou, ele avisou o Juarez que
ficava, esse disse que entendia. Quando
saiu do coma olhou em volta, perguntou pelo rapaz, ele achou melhor chamar o
médico. Quando soube chorou muito. Finalmente olhou para ele, perguntando o que
fazia ali. Veio gozar de como arruinei
minha vida.
Jamais, antes de tudo sempre te tive como
meu amigo. Sei que estaria aqui se fosse
comigo.
Mas tinha se tornado um sujeito amargo,
volta e meia se referia ao Juarez, como esse mestiço que pensa que é branco.
O médico disse que sua recuperação ia ser
larga, que estaria muito tempo em cadeiras de rodas. Nessa noite estava sentado no jardim do
hospital, falando com o Juarez, quando viu o médico se aproximando. Volto a te chamar em seguida.
Greg, tinha arrancado todos os cabos que
o mantinha, tinha falado com o médico nessa manhã, quando soube de suas
condições, disse que não tinha família, que não ia viver pendurado a ele. Ele
tem uma família com esse mestiço, não quero fazer parte.
Sinto muito, mas não pudemos fazer
nada. Falou com Anita, essa comentou que
não era verdade, ele tinha família sim, mãe, pai, irmão. Ela os conhecia, telefonou avisando, eles
apareceram, eram dessas famílias muito restritas, levaram o corpo sem sequer
falar com ele.
Ele tinha feito sua parte, voltou para
casa, estava cheio de saudades dos filhos, de Juarez, que tinha levado a
oficina com os meninos. Logo voltariam
a faculdade, só ficariam os dois, com o Jorge.
Conversando com Juarez, contou tudo, como
podia ter-se enganado tanto com uma pessoa, nunca soube que tinha família,
sabia sim que tinha sido criado, por uma família muito estrita, em que tudo era
pecado, mas daí esconder que viviam, era outra história.
Cumpri com meu dever, agora o resto não
importa, descobri uma pessoa totalmente diferente da que conhecia.
Tocaram a vida em frente, o Juarez tinha
olfato para conseguir carros antigos, seus amigos mexicanos, sempre tinham
algum, muita gente era aficionada a carros de determinadas épocas.
Tiveram que contratar mais dois homens
para fazerem a parte pesada da oficina.
Os meninos vinham nos fins de semana, se metiam lá dentro, era difícil arrancá-los
de lá.
Jorge confessou que não gostava de
estudar, mas sim de estar ali trabalhando, mas os outros tampouco o
desprestigiavam por isso.
Com a chegada o inverno, como gostavam de
disfrutar da varanda, ia falar com o proprietário que queria colocar um sistema
de fechar no inverno, abrir no verão.
Esse avisou que iria viver com sua filha em Miami, que venderia a casa.
Sentou-se com sua família, os consultou,
o que achavam, comprava, ou mandavam construir outra, tinha pensado em mandar
construir uma oficina mecânica comprando o hangar do Chi, como tinha terreno ao
lado, construir uma casa ali, aumentaria a oficina, ou poderia construir em
cima.
Viu os mesmos confabulando, em seguida,
apresentaram um projeto, ampliavam a oficina, construíam um grande apartamento
em cima. Ficaria com vista para o mar.
Juarez adorou o projeto, imagina, no
verão de noite podemos tomar banho nus os dois. Nada entre eles tinha
diminuído. Era o homem da sua vida,
tinha certeza disso.
Conversou com o Chi, este concordou em
vender, gostou do projeto, não devia fazer negócio contigo, me roubaste o meu
filho, mas dizia isso rindo, me obriga a que venha vê-lo aqui, pois está cheio
planos com o seus sócios, um dia vai te passar a perna, ficar com a oficina.
Isso espero Chi, estão cheios de ideias,
quando os escuto falar, me sinto remoçado, com a ampliação, ia restaurar mais
dois ônibus escolar para transformar em motorhome, agora com a prática, seriam
mais requintados. Chi já tinha como
sempre gente interessada, seguia alugando o outro por internet. Ele já preferia, fazer, vender, pois depois de
cada aluguel tinham que mexer em muitas coisas. Dizia ao Chi, que cada um dirige de uma
maneira, depois o motor volta no bagaço.
Os meninos voltaram da Universidade,
cheios de planos, estava com a oficina ampliada, cheia de carros para restaurar,
cada um que ficava pronto, Chi anunciava em um site que tinha criado
especialmente para isso, logo, Juarez, conseguia outro. Eles mesmo usavam uma caminhonete que tinha
restaurado os dois, amor à primeira vista, quando a conseguiram estava num
ferro-velho para ser desmontada, mas viram que o motor estava bom, tinham os
dois aprendido com o velho a fazer surf, iam agora todos surfar sempre. Faziam um grupo interessante
No verão seguinte, resolveram fazer uma viagem, Chi disse que nem
pensar, era muita loucura, uma viagem longa.
Foram em três caminhonetes, levando barracas, tudo que iam precisar,
entraram no Canadá por Toronto, foram até Vancouver, voltaram atravessando
todos os Estados Unidos, de uma ponta a outra, por estradas diferentes. Foi uma coisa espetacular. Amaram uma série de lugares, mas como dizia
Juarez, nada como voltar a casa.
Ralf, voltou um pouco cansado, foi ao
médico, esse disse que como ele estava acostumado a fazer exercício diário ao
trabalhar, ficar sentado muito tempo dentro de um carro, seu corpo estava
ressentido.
Ele Juarez, agora ficavam mais tempo
aproveitando o resto do verão fazendo surf, deixando tudo nas mãos dos rapazes. Chi que nunca se preocupava com a vida
sexual dos outros, perguntou um dia a queima roupa, o que acontecia com esses
garotos, nunca escutavam os três falarem em sexo. O assunto deles era os motores, o que iam
fazer. Sabes de algo que não sei?
Ele levantou os ombros, quem soltou foi o
Juarez, já queria eu ter esse relacionamento na idade deles, mas acho que entre
eles não existe nada. Tempos depois Benson que ainda estava na
universidade, apresentou a eles uma namorada.
Uma linda mulata, que tinha uns olhos brilhantes de tão negros. Ele mesmo virou-se soltou, esses dois, são
unha e carne, deviam assumir logo o romance deles, mas tem medo de alguma coisa
formal. Foi então que descobriram que
Bob tinha um relacionamento com o Son a muito tempo, talvez anos.
Ficaram sem graça, por terem escondido a
tanto tempo. Mas os dois juntos dava
gosto de ver, os assunto deles era concreto, carros, motores, tinham
desenvolvido um corpo musculoso de tanto trabalharem, fazerem força, iam para
todos os lados juntos.
Son finalmente se abriu com Ralf, eu o
amo, desde que começou a proteger na escola, depois me trouxe até você, me
ajudou a estudar a entender as coisas, ele é como um deus para mim. Assumir
que nos relacionamos sexualmente me dá medo, pois posso perdê-lo, não estou
preparado para isso.
Bob também comentou com seu pai, amava o
Son desde a escola, quando todo mundo o achava um estupido, eu via nele uma
pessoa desprotegida como eu tinha sido, ao passar a ajudá-lo aprendi a amar, na
faculdade faziam gozação por estarmos sempre junto. Somos tão diferentes fisicamente, o que me
atrai mais. Não somos capazes de
demonstrar nada na frente dos outros, porque não precisamos, nos entendemos com
o olhar, pequenos gestos.
Ano depois resolveram se casar, porque
queriam adotar uma criança, agora viviam todo o tempo em cima da garagem, mas
faziam um esforço para compartilhar com Chi e Paul, suas vidas.
Se casaram antes que Benson que foi
trocando de namoradas, uma mais bonita que a outra, mas um dia apareceu com um
rapaz loiro, riram muito, pois se parecia com Greg, mudei, acho que estava
escondendo com as namoradas que me sinto também atraído por homens. Estavam os dois terminando a universidade,
em coisas totalmente diferentes. Benson
fez um trabalho para a Nasa, mas em seguida saiu, disse que aquilo não era
vida, gostava mesmo era de trabalhar com os amigos. Uma das namoradas apareceu
com uma criança, dizendo que era dele, que ela precisava de tempo para viver
sua vida, o deixou ali com um menino pequeno.
Ele só exigiu de papel passado a
guarda do garoto, foi assim que passaram a ser avôs, o garoto era genial.
Juarez, imediatamente assumiu seu papel
de avô que faz tudo que as crianças querem.
Riam muito disso.
Benson soltava que estava farto de tentar
um relacionamento, que se olhava os dois, nunca conseguiria um igual, tu e
Juarez se amam desde sempre, se completam.
Ralf lhe explicava, que talvez porque
tinham se conhecido numa fase em que sabiam o que queriam um do outro.
Levou tempo para ele encontrar uma outra
pessoa, mas ninguém lhe cobrava.
A oficina agora mais parecia uma fábrica,
tinham sempre encomendas, serviços diferentes. Os clientes sabiam que ali
encontrariam algo bom.
Eles encontraram uma casa na praia, mais
perto do Chi e Paul, assim tinham amigos com quem conviver, mas tampouco
paravam. Quando a menina que todos
adoravam se casou, foi uma grande festa, a família agora era imensa. Chi, Paul, eles mesmos eram avôs, gostavam
disso.
Um dia na cama, comentou com o Juarez, eu
fico pensando agora, porque queria ser mulher, mas me descobri como homem,
agora sou até avô de filhos maravilhosos que me apareceram na vida como
enviados por alguém lá de cima. Estavam
perdidos, lhes demos uma vida, nos compensaram com os netos.
Adoravam ficar sentados na varanda de
mãos dadas, quem visse os dois pensava, que coisa dois homens imensos, velhos,
mas bonitos, namorando.
Os rapazes mantinham as grandes saídas,
agora com os filhos, mas eles queriam ficar ali em sua casa. Já tinham visto o
que queriam.
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