THOMAS BRANT
Voltar ao ponto de partida, de aonde tinha saído como um bandido, na
calada da noite, só com um saco de roupa, duas caixas de metal com o dinheiro
que seu pai guardava escondido, além da caminhonete que sempre tinha dirigido
para o pai, desde os 15 anos.
A caixa de
dinheiro, era uma coisa dos dois, as notas grandes que ele recebia durante o
dia na loja de ferragens que tinha na pequena cidade, guardava ali, separadas
depois de muito alisadas para ficarem planas.
Estavam separadas por montes, isso era um segredo entre eles, desde que
era criança. Tinha sido criado por ele
sozinho, sua mãe morreu no parto, quando era bebê, estava todo o dia na loja,
depois passou ao jardim de infância, depois escola, mas era na loja que ele
passava a maior parte do tempo. Iam em
casa só para descansar, dormir, ele não era como os outros garotos, mal tivera
noção já sabia aonde estavam as caixas de parafusos, tamanhos, era capaz de
achar mais rápido que o pai, qualquer coisa.
A caixa se escondia no armazém, o lugar altamente secreto, antes de a
retirar do lugar ele colocava um dedo na boca, fazia sinal de silêncio,
colocava a mão atrás da orelha como se fosse escutar algo.
Quando tinha 16
para 17 anos o pai se casou outra vez, com uma loira estonteante, mas quando a
observava sem que percebesse se via que tudo era por interesse. Era cunhada do prefeito, esse todos os dias
ia falar com seu pai, queria comprar umas terras, que pertenciam a família toda
a vida. Mas ele se negava a vender,
argumentava que isso era patrimônio familiar, que nunca seria vendida. Depois que o cunhado ia embora era hora dela
começar a ladainha, com esse dinheiro poderiam ir pelo mundo, ia citando
cidades.
As terras ficavam
justo do outro lado do lago que tinha a cidade, a sorte era que essa parte
pertencia a uma cidade maior, 90% ainda era floresta virgem, tinha uma pequena
praia, além da cabana aonde ficavam no verão, escondida entre as árvores. Tinha aprendido a nadar ali, seu pai o
tinha ensinado com uns dois anos de idade.
Odiava a madrasta,
quando o pai não estava por perto, seu comportamento mudava, era
intragável. Implicava com tudo o que ele
fazia, tinha inclusive tentado fazer com que seu pai o mandasse para um colégio
interno, alegando que o da cidade era muito fraco.
Mas seu pai se
negava a se separar dele, nunca guardava dinheiro na caixa quando ela estava.
Um ano e meio
depois, seu pai morreu de repente, achava que ela o tinha envenenado, mas não
tinha como provar.
Ela tentou vender
as terras a loja, a casa, mas se esbarrou numa coisa que não esperava, não
tinha direito a nada, tinha se casado com separações de bens, ele a tinha feito
assinar documentos que ela pensava que era ao contrário, enquanto ele fosse
vivo, ela não teria direito a nada.
Todo o
testamento, que estava registrado no cartório da cidade vizinha, pois na sua
não tinha cartórios, deixava tudo para ele.
Ele presenciou seu ataque de fúria, dizendo coisas obscenas, como tive
que dormir com esse homem asqueroso tudo por causa dessa merda de herança,
tinha nojo dele, além claro dos palavrões que dizia.
Ele passava mais
tempo na cabana que em casa, dirigia sozinho com um empregado a loja, continuou
guardando dinheiro. Ela tentou levar a
loja, mas não entendia de nada. Ia sim
no final do dia recolher o dinheiro, mas ele esperto guardava as notas grandes
separado.
Tentaram matá-lo
duas vezes quando estava na cabana do lago, mas ele tinha instintos fortes,
sentia no ar quando qualquer coisa não encaixava. Tinha denunciado ao xerife, mas esse era do
grupo do prefeito. Não fez merda
nenhuma.
Ele era capitão
do time de basquete, nas vésperas de 18 anos, tinha 1,90 metros, chegaria
depois aos 2,10 de altura. Eram como
dois grupos distintos, ele tinha um grupo, o filho do prefeito outro. Era um idiota renomado, achava que podia
mandar em todo mundo, como fazia seu pai, que era um prepotente.
No dia seguinte a
morte de seu pai, quando descobriu que sua madrasta não tinha direito a nada,
ficou furioso com ela, tinham planejado tudo junto. Mas ele não tinha como provar. Como comiam
fora, se ela o tivesse envenenado tinha sido através da garrafa de whisky, não
a encontrou, estava já no lixo. A
recolheu como prova, a guardando para um futuro uso.
Seu grupo era
formado por ele, seu melhor amigo, o filho do médico, que também tinha
estranhado a morte de seu pai, pois era muito cuidadoso com a saúde dos
dois. Os dois estavam juntos desde o
jardim de infância, se entendiam bem, tinham descoberto o sexo na cabana, Douglas
ou Doug, era da mesma altura que ele, falava de tudo abertamente, passavam a
maior parte do tempo juntos. Além,
claro de serem os melhores alunos da escola, rivalizavam quem tirava a nota
mais alta. Os professores riam, pois
nos exames, sentavam em postos oposto da sala, para não pensarem que tinham
colado um do outro. Normalmente tiravam
as notas máximas.
O filho do
prefeito os odiava. Quando estavam no
chuveiro depois dos jogos, ficava olhando os dois nus, dizia com certeza esses
dois são gais, só faltam um esfregar as costas do outro. Pois normalmente tomavam banho conversando. Mas não tirava o olho do seu caralho que era
grande. Tinha vontade de dizer ao outro,
não adianta, só deixo o Dog colocar a mão.
Quando passavam o
final de semana na cabana, dormiam juntos, nus, faziam sexo um como outro. Foi Dog que disse que tinham que encontrar a
maneira de conseguirem provas contra a madrasta. Foi passar uns dias na casa da avó em San
Francisco, pois iria estudar lá, trouxe uma serie de aparelhos que tinha
comprado numa loja de detetives.
Uma gravadora
minúscula, além de dois sistemas de vídeo que esconderam muito bem escondido na
sala, no quarto dela.
Esta agora dormia
com o seu advogado, um sujeito asqueroso.
Quando reuniu provas suficiente sobre isso, não sabia a quem apresentar,
pois o advogado de seu pai, dizia que estava velho demais para enfrentar essa
gente.
No dia da sua
formatura, tinha resolvido ir embora, a denunciaria na capital, os dois iriam
San Francisco estudar. Tinha ganhado
bolsa de estudos, Douglas ia estudar medicina, ele tinha duas opções, queria
fazer jornalismo, além de literatura.
No dia da festa,
preparou tudo, tinha comprado uma câmera de vídeo, que seria a primeira de
muitas que teria na vida. Gravou a
madrasta, através da janela, combinando com o advogado uma maneira de se livrar
dele, ele ao parecer tinha contratado dois homens para atacá-lo na noite da
formatura.
Estava depois do
banheiro do ginásio, tinha ido nadar, uma maneira que tinha de pensar, arrumou a
gravadora no armário do mesmo, quando estava no chuveiro o filho do prefeito
chegou, quando o viu sozinho, se aproximou, passando a mão pelo seu caralho.
Saiu antes,
preparou a câmera, para poder gravar o que ia fazer. Este apareceu em seguida, se ajoelhou começou
a mamar seu aparelho, ele deixou, pois, o queria filmar, tinha planejado depois
colocar na internet da escola. Mas se
surpreendeu que este sentou em cima, começou a gemer como faria uma puta,
pedindo mais por favor, com mais força.
Nisso ele viu na porta o Doug, parado olhando tudo, com cara de espanto,
empurrou o outro, se vestiu apressadamente, recolhendo sua mochila com a câmera
de vídeo, quando alcançou o Doug, este estava ofendido, pois acreditava que o
amava. Pensavam viver juntos em San
Francisco.
Não houve maneira, ele já tinha deixado a caminhonete preparada,
pois sabia que podiam atentar contra sua vida a qualquer momento. Voltou para a loja, recolheu o dinheiro, quando
viu um brilho diferente, já tinha tirado a caixa do esconderijo, tinha outra
escondida na cabana, só teve tempo de entrar para o armazém, sair escondido,
menos mal que a caminhonete estava num beco ali perto, quando sentiu a loja ir
pelos ares, saiu correndo se abaixando até a caminhonete, ficou escondido, viu
os dois homens fez uma foto com o celular.
Saiu dali correndo, pela estrada cruzou com o caminhão de bombeiros, desta
vez eles não estavam para brincadeira, passou pela cabana, recolheu a outra
caixa, um casaco que era de seu pai, pela outra estrada era mais fácil chegar a
cidade ao lado, quando ia parar na frente da delegacia viu o xerife da sua abraçando
o dali. Rapidamente pensou aqui não
posso fazer nenhum denuncia, foi sim falar com o velho advogado de seu pai,
contou tudo. Este recomendou um advogado
de San Francisco, deixe tua caminhonete na minha garagem, pode ser fácil de ser
reconhecida, tome as chaves do meu carro, esta velho, não chama muita atenção.
No primeiro motel
de estrada que parou, pegou a maquina que usava para cortar seus cabelo, bem
como o do Doug, raspou sua cabeça, tirou da bolsa, um gorro, dormiu o resto da
noite, no dia seguinte muito cedo, saiu pela saída traseira do motel, em
direção San Francisco, o carro do velho não tinha GPS, mas foi se guiando
perguntando, telefonou de uma cabine ao advogado, falou com ele. Lhe explicou como chegar, passou todos os
documentos que o advogado de seu pai tinha dado, as gravações, as conversas, as
pressões que fazia o prefeito, bem como a foto dos homens que tinham explodido
a loja de ferragens.
Vou arrumar um
lugar para ficares escondido, enquanto preparo o ataque. Falou como advogado da cidade ao lado. O tinham dado como morto na explosão, ficaram
furiosos quando o velho disse que não, que tinha estado ali, mostrou na sua
garagem a caminhonete. Queriam saber
aonde estava, mas ele disse que acreditava que ia em direção Nova York.
Robert, seu novo
advogado o escondeu, moveu uma ação baseado nas gravações, fotos,
conversas. Conseguiu que sua madrasta
fosse presa, bem como seu advogado, além do prefeito, como golpe de
misericórdia, colocou no celular a gravação do filho do prefeito sentado em
cima do seu caralho, mandou para todos da equipe de basquete.
Descobriram que o
prefeito já tinha feito o mesmo em outra cidade, vendia um condomínio que nunca
saia do papel. Era o que já estava fazendo.
Desta vez o pegaram com a mão na massa.
O velho advogado
o ia informando de tudo. Tentou falar
com o Doug, mas seu celular não atendia, deixava recado pedindo desculpas, mas
não queria colocar sua vida em perigo, além de tentar explicar o que tinha
acontecido com o filho do prefeito.
Nunca respondeu.
Pediu uma
indenização ao prefeito, por terem feito explodir a loja. Mas esse se apresentava como falido, mas numa
busca do FBI, que tinha entrado em ação, descobriram que desviava dinheiro da
prefeitura para as Ilhas Caimãs, mais outro processo.
De qualquer maneira,
ele agora estava de posse de seu dinheiro, não podiam fazer nada contra ele,
logo começaria o ano letivo, nem ia reclamar a bolsa de estudo para não chamar
a atenção, foi fazer seu curso de jornalismo, literatura. O primeiro livro que escreveu, foi
justamente o que tinha passado com ele.
Escreveu tudo, sem pelos na língua, falando o nome real das pessoas, a
cidade tudo isso. Contou como tudo tinha
acontecido. A garrafa que ele tinha
achado no lixo, realmente continha veneno, autorizou a reabertura da tumba de
seu pai, ele tinha sido envenenado pela madrasta, essa iria cumprir uma pena de
30 anos.
Logo começou a
trabalhar num jornal da cidade, cobrindo crimes, coisas do gênero, procurava
não ter relacionamento com ninguém. Tinha
suas aventuras, pois San Francisco era uma cidade propicia para isso. Logo foi para NY, para trabalhar num bom
jornal, munido agora de uma câmera de vídeo potente, ele mesmo gravava suas
entrevistas, ou notícias, diziam que devia aparecer, mas deixava somente sua
voz. Todos o conheciam por Brant, assim
deixou sua assinatura nas colunas ou vídeos que publicava.
Quando foi cobrir
sua primeira guerra, gravava tudo, corria mais perigo que os outros, depois de
anos acabou saturado, odiando tudo isso.
Sua ultima reportagem antes de ser ferido, foi na Síria, estava num
acampamento de refugiado, gravando numa barraca militar, um grupo de crianças
que tinham perdido suas famílias, alguns conseguiam saber seu nome, além do
apelido, mas a maioria estava em estado de choque permanente, Quando estourou uma bomba, se atirou, para
proteger os meninos que estavam mais perto dele, os enfiando embaixo de uma
cama, sentiu uma dor horrível no ombro, quando despertou, estava num pequeno
hospital, o transladavam para Alemanha, tinha
perdido totalmente o movimento do braço direito, porra pensou, agora terei que
aprender a usar o outro braço. Uma
enfermeira disse que as crianças tinham se salvado por um triz, pelo fato de
ter mandado esconderem embaixo da cama.
Lhe operaram dois
vezes, o médico lhe falou que poderia usar o braço, usando um novo aparelho
desenvolvido no próprio hospital, teria um implante na cabeça, muito pequeno,
que daria o comando a uma armação que automaticamente moveria o braço. A princípio doía muito o movimento, mas com
o tempo melhorou, lhe faria um novo reconhecimento em NY.
Quando ele
chegou, na verdade ser movimentava bastante bem, conseguia escrever bem no
laptop. Lhe perguntaram o que queria
fazer?
Vou descansar um
pouco. Seu apartamento na cidade, era
como o pouso de uma pessoa que nunca esta, nada tinha de pessoal. Viu que não poderia escrever. Além de seus poucos livros, viu que tudo era
impessoal.
Falou com seu
advogado de San Francisco, tinha estado um ano fora do pais, este lhe contou
que o velho tinha morrido, de qualquer maneira tua velha caminhonete foi
vendida como sendo dele.
Pensou, toma lá
da cá, ele tinha usado o carro velho do homem, que tinha acabado numa sucata,
nada mais normal isso. De qualquer
maneira teria que ir ao Banco em San Francisco, colocar dinheiro na sua conta,
dos que estava guardados nas caixas no banco.
Abriu só uma, ficou boquiaberto do valor que tinha dentro. Lhe deram um cartão de crédito de crédito
ilimitado. Comprou roupa para o frio, bem como mantas, edredons, iria passar um
tempo na cabana, foi a um concessionário, comprou uma que tinha usado na Síria,
um jeep Gladiador, de cor verde escura, assim no meio da floresta passava
desapercebido.
Poderia ficar na
casa que tinha sido da família a muitos anos, mas lhe trairiam muitas
lembranças, preferia a cabana se ainda estivesse em pé.
Carregou o Jeep,
com tudo que levava, livros, laptop, impressora, comida em latas, futuramente
colocaria uma geladeira pequena lá.
Teria sim que pedir uma ligação de internet, para seguir seu trabalho
desde lá.
Parou na cidade
antes, para pedir isso, já que a floresta estava nessa jurisdição. Ficaram de irem no dia seguinte para
colocarem uma pequena torre.
Foi pelo caminho
pensando em como estaria, acreditava que estaria em ruína, mas achou estranho,
pois tudo estava perfeito, limpo, como se alguém usasse a cabana. Inclusive tinha lenha do lado de fora, a
noite estava fria, encontrou no armário, camisas de lã, que ele usava quando
jovem, embora ficassem apertada. Acendeu
a lareira, esquentou uma sopa de lata, sentou-se na varanda com uma manta,
ficou olhando a cidade do outro lado do lago.
Quase
adormeceu. Se atirou na cama, ainda
tinha o cheiro do Doug, como isso era possível, será que era ele que usava a
cabana.
No dia seguinte,
despertou com uma voz de criança, dizendo vê como não me enganei, eu disse para
o senhor, tem alguém na nossa cabana, mas como sempre o senhor não me escuta.
Riu do
comentário, se levantou lavou a cara, quando chegou na pequena sala cozinha,
ali estava o Doug, ficou parado com lagrimas nos olhos. Estava igual, um pouco mais gordo, cabelos
brancos nas têmporas, com um garoto segurando sua mão. Estava assustado, pois via a armação de metal
de seu braço.
Doug disse com a
voz embargada de emoção, quanto tempo.
Esse falou com o
filho, vê Thomas, esse é o verdadeiro dono da cabana que sempre falo, um velho
amigo. Vou preparar café para nós.
Pode deixar, eu
faço, queria fazer alguma coisa, imaginava encontrá-lo, mas não sem estar
preparado, pois todas as emoções saíram como num estouro de cavalos.
Perguntou o que
tinha lhe passado, comentou da bomba, agora tenho que usar essa tralha até que
consiga ter movimento no braço outra vez, mas me viro bem, vim dirigindo desde
San Francisco, sem problemas nenhum.
Escrevo bem também.
Imagino, a muito
tempo acompanhamos o que o Brant escreve, verdade Thomas?
Sim pai, embora
as vezes eu não entendo o que ele fala. Era
impressionante, o garoto era a viva imagem do Doug, quando iam juntos a
escola. Lhe estendeu um biscoito, assim
ele pode examinar de perto sua mão, presa como numa luva aberta, a armação
ficava por baixo.
Depois o senhor
me conta como funciona isso?
Claro que
sim. Quer dizer que tens o mesmo nome
que eu tenho?
Meu pai diz que
colocou em homenagem ao melhor amigo que tinha.
Tem quer dizer
você, eu continuo vivo, nunca esqueci teu pai.
Se sentaram na
mesa, olhando pela janela o lago. Tinham
feito isso mil vezes.
Eu venho sempre
com ele, pois adora isso aqui, lembra-se vinhamos com teu pai, na mesma idade,
era nosso paraíso.
Pois é, continua
um paraíso, mas terei que colocar uma torre por aí, para ter internet, para
poder trabalhar.
Por que não ficas
na casa da cidade?
Porque as
lembranças são muito más, quero distância, mandei o advogado vender, mas ele
disse que ninguém se interessava, pois ali tinha acontecido um crime, quando
descobriram que teu pai tinha sido assassinado ali.
O garoto perguntou o que era assassinato?
Vejo que ele é
curioso como nós. Tu fazias todas as
perguntas ao meu pai, pois o teu, nunca te respondia.
Doug, explicou ao
garoto, que olhou serio para ele, perguntando o com o teu pai aconteceu isso?
Sim, muita gente
má, por isso não quero ficar lá. Quero
um pouco de paz, depois de todas as desgraças que vi por aí nas guerras.
Doug disse que
tinha que ir trabalhar, mas o garoto queria ficar, o senhor sabe que adoro
ficar aqui, lá em casa é muito chato, a avó, não me deixa fazer nada. Hoje eu não tenho aula, posso inclusive
ajudar ao Brant, a colocar suas coisas no lugar, disse isso olhando a bolsa
jogada no chão.
Claro que pode
ficar, depois tenho que ir a cidade, tem algum arquiteto novo, que possa
ampliar um pouco a cabana, queria fazer mais um quarto, além de um escritório.
Já que penso viver aqui.
Ele não vai te
incomodar?
Jamais, é como te
ver na época que te conheci, tinha um desejo imenso de abraçar o Doug, mas não
podia fazer, agora ele estava casado, tinha um filho, só depois de conversarem
faria isso.
O consultório
continua no mesmo lugar?
Não se preocupe,
eu te ensino o caminho, soltou o Thomas.
Nisso chegaram os
homens da companhia telefônica, Doug, acabou indicando o melhor lugar, há uma
caminho por detrás da cabana, que leva até aquela parte alta.
Iriam levar dois
dias para instalarem a torre, Doug foi embora, ele disse ao pequeno que ia
tomar banho no lago, se viria com ele.
Meu pai disse que você o ensinou a nadar, é verdade?
Sim é verdade,
venha, levaram duas toalhas, ele se sentia como se estivesse lidando como Doug
em criança. A água estava fria, mas o
garoto, entrou sem reclamar.
Depois o enrolou
numa toalha, entraram na cabana, acendeu a lareira, ficaram ali sentados, lhe
deu uma caneca de leite quente, um café para ele.
Depois de tomar
banho, fez o mesmo como garoto, estava amando fazer isso. Ter um filho, nunca
tinha passado pela cabeça dele, ainda mais vendo tudo que tinha visto.
Se vestiram,
vamos comer na cidade, aonde gosta de comer, o menino disse o nome.
Caramba ia sempre
com meu pai comer hamburger, ainda existe a senhora Dolores.
Não agora ela
fica no caixa, que faz tudo são seus filhos, como diz meu pai.
Posso me sentar
na frente?
Sim, mas com
cinto de segurança. Colocou seu laptop,
bem como o bloco aonde estava escrevendo, tinha o hábito de que nos lugares que
estava, eram nos bares que normalmente escrevia.
Vamos ver se essa
cidade ficou mais moderna. Ao entrarem
na mesma, tinha a sensação de que o tempo tinha parado ali. Quando chegaram, passou no consultório, abriu
a porta, vá avisar seu pai de aonde estaremos comendo. Foi correndo, olhando para trás como se ele
fosse escapar.
Quando entraram
no restaurante, a velha que estava no caixa, sorriu, olá meu filho, vejo que
sobreviveste a tudo, saiu detrás do caixa, o abraçou. Ah já conhece o pequeno Thomas, igual ao pai
quando criança. Venha, mandou uns
garotos saírem da mesa que eles dois usavam sempre, essa mesa pertence a esse
senhor, fora daqui. Perguntou o que ele queria comer?
O de sempre tia
Dolores.
Esse garoto já
sei como quer as coisas, além de uma coca cola, verdade?
Thomas balançava
a cabeça, melhor que a comida de minha avó é, tem mania de purês, odeio.
Teu pai também,
por isso sempre vinha comer aqui comigo, com meu pai.
Tinha conseguido
a senha do Hi Fi do local, estava passando o texto, para mandar para NY, falava
disso, do retorno, comentou da cabana.
O garoto estava
quieto, olhando como ele escrevia, só tinha soltado no primeiro momento, pensei
que não pudesse escrever.
Via que os
garotos das outras mesas, olhavam seu braço, mas estava acostumado.
Na verdade,
quando escrevia, o mundo parava para ele, não escutava nenhum ruído, mesmo que
estivessem caindo bombas.
Nem tinha visto
que Doug estava sentado na frente dele. Riu para ele, quando levantou a cabeça, este
estava comentando com o filho, sempre foi assim, quando escreve o mundo para.
O garoto
perguntava como era quando o mundo parava.
Ficaram os dois
se olhando nos olhos um do outro. Nos
olhos do Doug, o pareciam examinar.
Queria perguntar
se a sua mulher não iria se incomodar de não ir comer em casa.
Ele pareceu
entender, não sou casado, já te conto a história. Tu te casaste?
Sim, com a minha
profissão, um casamento tumultuado, cheio de guerras, tiros, bombas, dormindo
aonde era possível, filmando tudo.
Meu pai, sempre
vê o canal Youtube, aonde aparecem tuas reportagens, mas não me deixa ver,
porque diz que não é para crianças.
Uma grande
verdade, só mostro coisas ruins, depois ias ter pesadelos.
Comeram, de vez
em quando se olhavam um no olhos do outro.
A velha se
aproximou, esta ali cismando, vocês tinha a idade do garoto quando vinha aqui
com teu pai, verdade?
Sim senhora, meu
pai vinha sempre, de manhã tomar café, depois comíamos, de noite vinha buscar
para levar para casa.
Olhou pela
janela, se via que aonde tinha sido a loja, tinha um terreno vazio, as lagrimas
apareceram nos seu olhos.
Naquele dia
podiam ter-te matado, verdade?
Tu também se
estivesses junto, por isso fui embora como um bandido, na calada da noite, não
podia te colocar em perigo.
Imaginei, levei
muito tempo para aceitar isso. Acabei
indo estudar medicina em Dallas, assim não te encontrava em San Francisco.
Ia falar mais,
mas viu que o garoto o olhava sério, como esperando alguma respostas.
Venha acabe de
comer, senão a Senhora Dolores não nos deixa comer sorvete.
Ele se animou
todo, adoro sorvete.
Doug, perguntou
como funcionava o seu braço.
Tenho um chip
aqui na cabeça, sobre o lado do cérebro que corresponde esse braço, assim é
como uma descarga elétrica, ele ativa os músculos, mas se estou sem isso, fica
meio morto.
Quando iam
saindo, cruzaram com um sujeito bem vestido, mas barbudo, foi em direção a ele
ameaçador, filho da puta, acabaste com minha família.
Levou um tempo
para perceber quem era, o filho do prefeito.
O mesmo posso
dizer eu, mataram meu pai, que era a única família que tinha, mas hoje faria
pior, mataria o teu com minhas próprias mãos.
Parou um carro da policia justo ao lado, perguntaram ao Thomas, se o
outro o estava incomodando.
Sim senhor, esta
me acusando de ter mandado prender sua família, a mesma que mandou matar meu
pai. Portanto creio que vou ter que
pedir uma ordem para que esse senhor não me incomode. Sussurrou no ouvido dele,
tenho autorização e porte de arma, portanto cuidado.
Além de que não
vou mais deixar que sentes aonde gostas tanto.
Ainda tenho o vídeo, posso publicar outra vez, agora na internet.
O outro se
afastou quase correndo.
Estamos vigiando
o senhor não se preocupe, ele sempre ameaça todo mundo, vive na casa que foi da
família.
Vou mandar
colocar um detectores de pessoas na cabana, pois assim se se aproxima, o
denuncio.
Foram falar com o
arquiteto, que era nada mais, nem menos que um amigo deles de escola, comentou
o que gostaria de fazer. Este estava
interessado na velha casa, lhe disse que fizesse uma proposta. Tens um tempo, foram os quatro até aonde era
a loja, gostaria de fazer aqui uma praça para os jovens da cidade, aonde
pudessem fazer skate, jogar basquete, lugar para se sentarem, muitas arvores,
pois o espaço era grande. Uma homenagem
ao meu pai.
O outro adorou a
ideia, disse que iria comentar com o atual prefeito.
Amanhã apareço de
manhã para dar uma olhada em tudo que queira fazer na cabana.
O garoto
perguntou se podiam dormir lá?
Claro que sim,
mas tens que perguntar ao teu pai, não a mim, a cabana e tanto minha como de
vocês que cuidaram dela todos esses anos.
Foi visitar a mãe
do Doug, esta o recebeu muito bem. O
menino não parava de contar tudo que tinha escutado. Ele vai fazer um quarto só para mim lá na
cabana.
Já sei que
almoçaste, por isso vai lavar os dentes.
Falou mais à
vontade, esse menino é como uma gravadora, repete tudo que escuta. Soava mais como um aviso.
Se despediu,
queria voltar para lá, para saber como ia o trabalho da torre, Doug disse que
depois aparecia, o pequeno saiu correndo da casa, para se despedir.
Estava encantado
como garoto, mas ao mesmo tempo lhe dava uma certas nostalgia, da época que os
dois eram imensamente felizes.
Depois que os
homens foram embora, ficou sentado na varanda, vendo o por do sol, como fazia
com seu pai, quando sentiu uns braços o envolvendo pelo pescoço. Era o garoto, lhe beijou no rosto, mas foi
jogar perto da água.
Quando fui dizer
a minha mãe que vinha para cá conversar contigo, não houve jeito.
Não se preocupe,
vim para cá pensando justamente como se parece contigo, me dá uma certa
nostalgia, pois talvez tenha sido a época mais feliz de nossas vidas aqui.
Eu sempre fui
feliz aqui, teu pai me dava atenção que o meu não dava, éramos seus filhos
indistintamente vamos dizer assim. Nos
ensinou a nadar, a passear pela floresta respeitando tudo, outro nos teria
ensinado a caçar, isso ele nunca permitiu.
Te perguntei se
tinhas casado para ter um filho. Me
disseste que não, de donde saiu esse menino maravilhoso.
Uma larga história. Eu em Dallas queria te esquecer de qualquer
maneira, não entendia o que tinhas feito com esse idiota. Só muitos anos depois entendi. Porque não vi o vídeo no primeiro
momento. Quando a confusão começou, meu
pai me fez ir embora para Dallas, já que não queria mais ir para San Francisco.
Tive muitas
namoradas, mas na época que fazia a parte de trabalhar como interno no
hospital, conheci uma garota, que vinha de medicina como eu, estava fazendo
especialização. Queria trabalhar no
terceiro mundo, com a cruz vermelha, esse era seu sonho. Quando ficou gravida, quis abortar, pois
isso trucaria seu sonhos, eu disse que não, se ela não queria a criança eu
queria. Mal ele nasceu, me entregou,
assinou os papeis, indo embora. Nunca
mais soube dela. Ele ao princípio
perguntou por que os outros tinha pai e mãe, eu lhe contei a verdade.
Mas sempre falei
de ti para ele, esta como apaixonado por ti, vou ter que disputar com ele meu
antigo amor.
Para mim nunca
foste antigo, eu nunca amei outra pessoa que não fosse tu, mas tinha medo de que
acontecesse alguma coisa contigo por culpa dessa confusão. Imagina que se tivesse acontecido alguma
coisa contigo lá na loja, eu nunca ia me perdoar. Mas cansei de te escrever, explicando
tudo. Esse louco, eu só queria filmar
ele chupando meu caralho, mas quando vi estava sentado em cima.
Eu sinto muito,
mas nunca mais quis ninguém, dizer que não fiz sexo, seria mentira, mas nunca
passava de uma noite, pois não eram como tu.
Eu, os homens que
me atraia, tinham que ser parecido contigo, agora teria que apresentar esse
braço diferente, ficaram rindo, ia ser difícil.
Doug tinha
trazido um jantar, ou melhor sanduiches, ficaram sentados na varanda escutando
os ruídos da noite, o pequeno sentado entre eles, até que dormiu, arrumara no
sofá um lugar para ele. Thomas o colocou
direito o cobrindo com carinho.
Os dois foram
dormir com a porta do quarto aberta, se deitaram ficaram conversando, teremos
que ir devagar, depois desses anos todos, podemos nos machucar.
Terás que dormir
do outro lado, pois em seguida perco o movimento do braço, tampouco me movo
muito na cama, por isso ronco bastante, principalmente se estou cansado.
Não fizeram nada,
de manha o garoto, correu para se jogar por cima deles, disse no meio da cama,
não sei quem ronca mais, parecia uma serraria.
Ria, provocando os dois, dizendo tenho fome.
Isso é ter um
filho lhe disse Doug. O garoto o queria
a ajudar a colocar sua armadura, como dizia, pareces aqueles cavalheiros das
histórias da televisão.
Justo quando Doug
se ia, apareceu o amigo deles arquiteto, riu dizendo, vejo que a velha amizade
já está em pleno funcionamento. Sempre
soube de vocês dois, tinha uma certa inveja, mas fazer o que, vossa amizade era
uma fortaleza.
Ficaram um
olhando ao outro. Isso pensavam eles,
mas se fosse realmente não teriam ido um para outro lugar distante do outro.
Estudou a cabana
toda, como poderia fazer o projeto, queria agora um quarto para o garoto, nada
de dormir na sala, o problema seria o aquecimento, teria que ser diferente.
Porque a cabana só contava com a lareira da sala. Vou estudar, com talvez mais um banheiro.
Me lembro quando
vinhamos todos da equipe aqui nadar, menos o grupinho do filho do prefeito, teu
pai fazia uns churrascos maravilhosos.
Sempre serás
bem-vindo, estas casado?
Atualmente sim,
sai do armário na faculdade, me apaixonei como um louco por um companheiro, mas
ele queria fama, sucesso, isso não era comigo, queria voltar para cá, vivo
junto com outro amigo nosso dessa época.
Ele se casou, mas não foi feliz, quando voltei tinha acabado de se
divorciar, começamos a sair, lembra daquelas brincadeiras no chuveiro, sempre
nos olhávamos. Sem querer aconteceu, ele
hoje tem uma loja de ferragens, é quem contrata os homens das obras que faço. Somos felizes juntos, tem duas filhas de seu
casamento, mas a mulher foi embora com elas, assim que ele tem que ir a San
Francisco de vez em quando, vou com ele, assim aproveitamos como férias da
cidade.
Aqui continua
tudo igual, as vezes me pergunto se não deveria ter ido atrás da fama, do
dinheiro fácil, mas gosto como levo as coisas aqui. Tenho um projeto para o local que esta a
casa que vivias. A mesma esta caindo,
quero construir um pequeno edifícios de apartamentos para os jovens. Antes que me esqueça, falei com o prefeito,
disse que perfeito, que eu faça o projeto, que assim que decidas tu, podemos
fazer a praça, com o nome do teu pai.
Nunca entendi
como meu pai pode se apaixonar por aquela víbora, o envenenou lhe dando bebia
envenenada dia atrás dia. Tudo por causa deste lugar, que queriam tirar a
floresta, ele amava isso daqui, nunca abriria mão.
Se despediu, nos
vemos, quando ficou sozinho, imediatamente sentiu falta do garoto, era como se
ele tivesse preenchido um vazio dentro dele.
Foi até a cidade
para fazer algumas coisas, teria que trabalhar, outra vez no restaurante, avisou
ao Doug aonde estaria. Estava revendo o
vídeo que iria publicar no seu site, justo quando tinha sido atingido, estava
editando o mesmo, fazendo a tradução do que falavam as crianças que tinham
perdido tudo, a dor que estava ali patente, foi quando sentiu o Thomas ao lado
dele, com os olhos abertos, escutando, parecia entender o que elas falavam. Justo nesse momento no vídeo, acontecia o
estrondo, ele caia para frente, gritando, que se escondessem embaixo da cama, a
câmera seguia gravando, vendo como ele ficava ferido, ia desligar, mas notou
que o Doug também estava olhando. Seu
comentário foi, terrível isso.
Apagou o vídeo, é
que não posso trabalhar ainda em casa, pois não tem Hi Fi, tenho que editar
esse vídeo para publicar, está muito atrasado, embora a guerra por lá continue.
As crianças se
salvaram, perguntou o Thomas?
Sim, porque as
mandei se esconderem debaixo da cama.
Mas não tinha lugar para essa menina, por isso a protegi.
Ele colocou a mão
no seu rosto, eres um cavalheiro da távola redonda, sem dúvida nenhuma.
Ele olhou o Doug,
não me diga que ainda tens aqueles livros todos sobre o Rei Arthur, seus
cavalheiros?
Claro que sim,
esperava ter filhos, guardei tudo, ele adora.
Por isso acha que isso que usas faz parte de uma armadura.
Comeram, contando
o que tinha acontecido depois que tinham voltado para cidade. Mandei fazer um quarto para ti, mas terás que
ser tu que o decores hem. Tens dinheiro
para isso.
Ele olhou para o
pai, que negou com a cabeça. Olhou para
ele, tu me emprestas, quando for maior te pago.
Claro tens um
crédito infinito comigo.
Doug tinha que ir
ao hospital da cidade vizinha, tinha uma pequena cliente internada, os pais são
jovens sem cabeça nenhuma, ninguém sabe de aonde saíram. Ocuparam uma casa, na entrada da cidade que
está abandonada, mas tudo que ganham compram drogas, a menina esta
subnutrida.
Foram na Jeep,
com o Doug conduzindo, sempre gostei da caminhonete de teu pai, a coitada foi
parar numa sucata.
Por isso comprei
esta, Thomas ia sentado no meio.
Deixaram Doug no hospital, ficou de chamar pelo celular. Foi fazer compras como garoto, aproveitou
para passar na companhia telefônica, a torre já estava instalada, agora poderia
trabalhar desde casa.
Quando voltaram
ao hospital, o Doug disse que os pais tinham desaparecido durante a noite, que
o xerife tinha ido aonde viviam, mas tudo estava vazio, creio que ficaram com
medo da menina morre, serem acusados de assassinato, por não cuidar dela.
As enfermeiras a
tinha limpado da sujeita que tinha pelo corpo, estava muito magra, tinha uma
cara linda, lhe fazia lembrar da garota do vídeo. Thomas foi quem disse se parece com a menina
que salvaste. Ela ficou olhando curiosa para ele, por causa
do braço, Thomas explicou que ele era da Távola Redonda, um cavalheiro que
defendia os que não podiam se valer por si mesmo.
Alguém tem que
ficar com ela essa noite, as enfermeiras estão transbordadas.
Vamos ver se
encontramos algum quarto particular, assim fico com ela esta noite, tu levas o
Jeep, amanhã, vem me buscar.
Georg, riu,
realmente Thomas tem razão, não mudaste nada.
Levaram a garota
para um quarto particular, pediu que o pediatra viesse falar com ele, disse que
bancava tudo que fosse necessário. O
problema dela, é desnutrição, terá que ir sendo alimentada pouco a pouco, pois
se alimentamos demais pode ser prejudicial.
Dormiu ali com
ela, segurando sua mão tão pequena entre as suas, pela primeira vez dormia sem
tirar a armadura segundo o Thomas.
De manhã se lavou
no banheiro do quarto, entraram uma enfermeiras para fazerem a higiene da
menina, lhes deu dinheiro, para que lhe dessem um banho, lavassem a cabeça,
perguntou qual o tamanho dela.
Uma das
enfermeiras lhe disse aonde comprar roupa.
Logo apareceu o xerife, riu ao ver a mão da menina, segurando a que
tinha a armadura.
Saiu com ele no
corredor, ele comentou que não havia rastro dos dois, nem sabemos realmente se
eram pais dela, a usavam as vezes para pedir dinheiro.
Se me consegues a
guarda posso ficar com ela.
Eu sei quem é o senhor,
um correspondente de guerra, vi todos teus vídeos, mas o senhor vai voltar?
Não posso, sem
essa armadura, não tenho movimento no braço direito, não sei se alguma vez
recuperarei o movimento.
Como tudo se
sabia, sabia que estavam instalando a antena, que ele tinha uma casa na cidade,
o senhor era muito amigo de meu tio que era advogado. Me dizia que o senhor tinha imenso dinheiro,
mas nem por isso, deixava de fazer as coisas com simplicidade. Vou ver o que posso fazer pelo senhor.
Saiu para comprar
roupas para a menina, comprou uma série de vestidos, a senhora da loja disse o
que ela não gostar o senhor trás que trocamos.
Levou também umas calças jeans e camisetas. Viu uma boneca vestida de fada, a comprou
também.
Quando chegou estava
limpa, tinham lavado e penteado seu cabelo.
Pensei que o cavalheiro tinha ido embora.
Perguntou seu
nome, disse que não sabia, só que a chamavam de Marta.
Quando viu os
vestidos, ficou com a boca aberta, gosto de todos, a enfermeira disse que tinha
que ficar com o uniforme do hospital.
Mas quando viu a boneca, abriu os olhos imensos que tinha verdes, a
abraçou, perguntou se podia ficar com sua nova amiga.
Vamos colocar um
nome nela?
Sim, Thomaz, como
o menino.
Thomaz é nome de
homem, vamos chamá-la de Tomazina, o que achas.
Quando Georg
chegou, com Thomas, examinou a menina, viu que estava melhor, logo o pediatra
veio, a examinou também. Enquanto
estava ali, aproveitou foi até a cabana, tomou um banho, fez a barba, mal feita
como dizia, pois, tinha que fazer como braço esquerdo. Voltou rapidamente para
o hospital. Ficou parado na porta,
escutando o que Thomaz contava a nova amiga, sobre a cabana, dizendo podes
dividir quarto comigo, mas vou pedir que faça um para ti também, no futuro
transformaremos a cabana num castelo.
Mais tarde o
xerife apareceu, tinham encontrado a família da garota, os pais estavam na
estação de ônibus da cidade ao lado, pedindo dinheiro para irem embora.
Falei com eles,
lhe darão a menina em adoção se lhes dá dinheiro. Eu disse que isso seria vender a mesma, que
poderiam ficar presos para o resto de suas vidas.
São como dois
garotos assustados, ela tem 18 anos, mas ele é menor de idade, viviam num
orfanato de onde fugiram.
Vamos mandá-los
de volta, aí concordaram em dar em adoção.
O juiz falou com os que cuidam do orfanato, fugiram de lá quando ela não
pode mais esconder que estava grávida.
Nem imaginamos aonde pode ter tido o parto.
Foi falar com
eles, ficaram com medo de sua armadura.
Perguntou se arrumasse um emprego, eles cuidariam da menina. A resposta os surpreendeu, mas não sabemos
fazer nada. Gostamos de viver na rua. Eu
cuidarei da menina, mas vocês tem que me dar em adoção ok.
Quando foram
embarcados para o orfanato discretamente deu dinheiro para o garoto. Podia ser que por causa disso aparecessem de
novo, mas era um risco.
Quando disse a
garota que ia ser filha dele, ficou feliz.
Cinco dias depois a levou para a cabana, tinha mudado de ideia, falou
com o arquiteto, procurou outra casa para viver na cidade, pois ela ia precisar
ir à escola, agora estava grudada no Thomas, como ele ficava, com Georg.
Achou a casa,
ainda brincando, perguntou ao Georg se não queria viver com eles.
Temos que ir
devagar, a controlava para que comesse devagar, Georg a examinava toda
semana. Ele seguiu trabalhando na casa
nova, nos finais de semana iam a cabana que estava em obras. A casa era grande, ele tinha um quarto para
o Thomas também, os dois se divertiam contando histórias, ele contava a
historia dos cavalheiros, ela depois criava das damas da corte.
Quando começaram
as aulas, os dois foram a escola juntos, ele era seu fiel escudeiro.
Georg estava cada
vez mais com ele, algumas vezes dormia lá, tinham experimentado fazer sexo, os
dois riam no final, pois era como recuperar a juventude. Se exploravam como
faziam naquela época.
Estava escrevendo
um livro, de como um jornalista via tudo como ele tinha visto, a perda da
humanidade que se ia sentindo ao ver tanta barbárie.
Quando lançaram o
livro, ele foi dar entrevistas em San Francisco, depois NY, falava todos os
dias com a Marta, ela contava tudo que tinha feito na escola esse dia, se viam
pelo celular do Doug, era divertido ver os dois meninos abraçados, como se isso
os fizesse caber na tela do celular.
Estava louco de
saudade deles, o jornal queria que fosse cobrir uns acontecimentos na Europa,
disse que nem pensar, agora tenho família em que pensar, mostrava a fotografia
dos meninos.
Quando voltou
trazia brinquedos para eles, além de roupas da távola redonda. Adoraram, queriam dormir com elas.
Os finais de
semana na cabana era fantásticos, pois agora ampliada parecia uma casa.
As primeiras
férias passaram lá. A ensinou a nadar, entre ele, Doug, era como se nunca
tivessem se afastado um do outro. Com
os anos depois se resolveram se casassem ou não, a mãe dele ficou horrorizada,
agora vivia em sua casa uma senhora, pois os dois viviam na dele.
Mas se casaram
assim mesmo, explicando para os dois o que estavam fazendo. Thomaz ria dizendo que agora tinha dois pais
que adorava, ela também.
Souberam anos
depois que os verdadeiros pais, tinham morrido nas drogas. Mas resolveram que só falariam se ela
perguntasse.
Todos falavam da
amizade deles, iam agora a escola de maiores, já com dez anos de idade, se
ajudavam ao estudar, discutiam as vezes como todos os garotos.
Eles riam, eram
felizes.
No hay comentarios:
Publicar un comentario