VELHO GUERREIRO
Estava no meio do
fogo serrado, não tinha por aonde escapar, as balas passavam voando sobre sua
cabeça. Respirou fundo, foi se
arrastando para baixo do veículo, sua única escapatória, quando chegou a parte
da frente, bem embaixo do motor, viu as pernas dos que lhe atacavam, pensavam
que devia estar morto, pois tinha deixado de atirar, apertou o gatilho, dando
uma rajada de balas, atingindo a todos eles, saiu rapidamente, rolou para o
lado, ainda atingindo um que estava em cima de uma casa preste a
desmoronar. Justo nesse momento o carro
que tinha estado embaixo explodiu, não tinha percebido que uma parte de sua
roupa tinha ficado impregnada de gasolina, o fogo o atingiu, rolou pela terra
apagando o fogo, mas claro já tinha queimado sua pele nas costas.
Estava sufocado
pelo calor, pelo suor que lhe escorria desde a cabeça, despertou gritando de
dor. Menos mal que estava sozinho, um
dos vizinhos já tinha reclamado dos gritos da madrugada. Por isso agora dormia num quarto afastado
nos fundos da casa.
Não podia
controlar os pesadelos, tinha feito tratamento, mas se negava a tomar os
remédios, pois todos eram aditivos, não queria correr esse risco.
Quando lhe
amputaram as pernas num outro atentado, levou em coma dois meses, quando teve
consciência, preferiu aguentar a dor, mordendo uma toalha, a tomar
remédios. Sabia de casos de companheiros
que caiam nessa sequência de remédios, passavam o dia dopados.
Ele ao contrário,
seguia trabalhando. Colocou as próteses, usou um bastão que ficava enganchado
a mesa de cabeceira, para lhe ajudar a se levantar. O dia
amanhecia em Paris, foi até a varanda detrás do apartamento, respirou fundo. Essa varanda dava para um parque, isso lhe
bastava pela manhã, ver o verde.
Tinha cobrado
caro sua aposentadoria antecipada como oficial das forças de segurança de
Israel. Estava farto de tanta guerra,
tantos atentados, tantas mortes, tinha visto bebês mortos, agarrados a suas
mães, jovens de todas as idades, velhos, chegou o momento que disse basta.
Era judeu de
origem francês. Seu pai tinha morrido
durante a segunda guerra como oficial francês.
Este apartamento pertencia a família, os anos que ele viveu em Israel,
esteve sendo usado por sua irmã. Agora ela vivia com seu
filho, não aguentou seus gritos noturnos, dizia que era pior que estar numa
guerra. Não sabia de nada, tinha sempre
vivido no conforto, na verdade era filha do segundo matrimonio de sua mãe em
Israel.
Preparou um café
forte, estava cansado, pouco tinha dormido esta noite, a maior parte com
pesadelos. Sentou-se na cadeira especial
que tinha no banheiro para tomar um banho, isso sempre o relaxavam, ficar ali
embaixo d’agua.
Viu que o celular
chamava, olhou para um relógio em cima do espelho, caralho pensou, as cinco da
manhã, me chamar, só pode ser alguma má notícia.
Saiu do box, se
secou, colocou a prótese, em pé fez a barba, nunca tinha gostado de barba
grande, lhe incomodava. Talvez porque o
fizesse parecer mais judeu do que era. Era
um caso a parte, gostava de comida francesa, era católico, nunca tinha usado o
Kipa, odiava as cerimonias judias. Nunca compartia nenhuma, a única
coisa que sabia era rezar o Kadish, principalmente pelos companheiros mortos. Depois de vestido foi olhar o celular,
era de sua afilhada. Achou estranho,
sempre se falavam, mas o chamar a estas horas devia ser algo sério.
Chamou, ele
atendeu em seguida, chorando, era para dizer que seu pai tinha morrido no dia
anterior num atentado.
Se apoiou na
mesa, até conseguir se sentar. Ela lhe
contou os detalhes.
As lagrimas
escorriam pela sua cara, marcando mais ainda suas rugas. Sim irei, vou arrumar algo de bagagem,
tomarei o primeiro voo.
Joseph tinha sido
o grande amor de sua vida, nunca tinha saído do armário, tinha aguentado anos
os encontros escondidos, mas não sabia viver sem ele, tomou essa decisão, no
dia que ele veio visita-lo no hospital, olhou com horror, que ele não tinha
pernas. Para ele, sempre tinha sido o
herói, o forte que aguentava tudo, inclusive viver escondido o romance dos
dois.
A um ponto que
era padrinho de sua filha mais velha. A
queria como se fosse sua filha, tinha inclusive escolhido seu nome, Mariah,
tinha a ajudado sempre, a maioria das vezes contra a vontade de Joseph. Pagou seus estudos na França, para que ela
pudesse ser o que quisesse, quando brigaram por causa disso, ameaçou Joseph, ou
deixava, ou contaria a todos que lhe comia o cu. Foi categórico dessa maneira. Nessa época ele tinha entrado para a
política, isso significaria acabar com tudo.
Já andava de
bastão nessa época, por várias lesões, ou melhor dizendo tiros nas pernas. Quando as perdeu, dizia que tinha recebido
umas novas como condecorações. Joseph,
não voltou a ir visita-lo no hospital, quem ia era Mariah, que lhe levava
livros franceses, jornais, lhe chamava de tio.
Foi sem querer ela quem lhe deu à luz.
A estas alturas
da vida, estás sozinho, lutando por uma pátria que nunca reconhece teus
esforços, sempre pedindo mais. A cada
combate, atentados, sofres para salvar teus homens, te sacrifica. Não eres judeu, sim francês, esquece essa
merda.
Nem sabia que
estava em Tel Aviv, pensou que estava em
alguma escavação por aí, afinal era arqueóloga. A última vez que a tinha visto, voltava de
uma temporada no Egito.
Catou roupas
ordenadamente como estava acostumado, meias, cuecas, camisetas verdes ou
negras, umas quantas, um casaco, duas calças jeans dessas elásticas que lhe
facilitavam os movimentos.
Pediu um taxi,
foi para o Aeroporto, iria usar seu passaporte de Israel, para facilitar as
coisas, embora levasse no bolso um francês.
No aeroporto, foi
direto a um balcão da Air France, lhe disseram que tinha um voo saindo dentro
de 45 minutos. Quando ele apresentou seu passaporte, o fizeram passar
basicamente todos os controles rápido.
Quando se sentou em primeira classe, que lhe tinham
conseguido, respirou fundo. Fechou os
olhos, se lembrando da última grande discussão que tinha tido com Joseph. Este estava com ciúmes, pois tinha
descoberto apesar de não terem mais nenhum relacionamento, que ele estava
saindo com um jovem militar.
Fez um escândalo,
ele um oficial graduado, dormindo com um jovem militar. Perdeu a paciência a pouca que já tinha com
ele, lhe disse tudo que pensava dele, que ele tinha uma vida, uma família, eu
ao contrário não tenho nada. Sabe o
que é nada, nem pernas para correr tenho. Nesse dia, tinha ido vistoriar um
acampamento, quando atacaram, uma das bombas o atirou a metros de distância,
suas próteses, desapareceram.
Mais uma vez
estava no hospital. Quando saiu,
encontrou o rapaz com quem estava, com outro, de sua idade, estava
apaixonado. Simplesmente se sentou com
ele, conversou, o aconselhou a não viver no armário, para não ser como ele, um
homem maduro, sem nada, sem amigos íntimos, sempre sozinho, olhando para a
direita, esquerda, vigiando seus próprios passos para não cair em nenhuma
emboscada.
No dia seguinte
pediu a aposentadoria que tinha direito, quiseram lhe fazer uma festa, mandou
todo mundo tomar no cu. Que o deixassem
em paz. Fechou seu pequeno apartamento,
arrumou as malas foi para Paris.
Tinha estado
esses últimos sete anos, mais calmo, tinha chegado a pensar que sua vida estava
chata, mas ele se ocupava o tempo todo.
Tinha conseguido um emprego numa rádio como especialista em música
oriental. Um programa que apresentava pelas madrugadas, um
horário que ninguém queria, mas para ele era perfeito, assim evitava ter que
dormir.
Quando chegava em
casa estava tão cansado, que caia morto na cama. Tinha avisado para reprisarem programas
antigos, assim poderia estar fora uma semana pelo menos.
Sentiu uma mão
suave no seu braço, abriu os olhos a aeromoça, disse que ele estava falando
dormindo. Pediu desculpas, pediu uma
bebida, precisava de algo para aguentar o que ia ter que enfrentar.
Passou o controle
no aeroporto, como oficial militar do pais, entrou num taxi deu a direção de
seu apartamento. Um vizinho lhe fazia
o favor de abrir o mesmo, algumas vezes na temporada, lhe perguntava se podia
alugar para algum turista.
Quando abriu a
porta, entrou no salão, ali estava em pé um homem, com uma cara de surpresa,
totalmente nu, eram mais ou menos da mesma idade.
Ah, perdão, sou o
proprietário, não sabia que meu vizinho tinha alugado o apartamento.
O homem riu, era
muito atrativo. Falou com ele em Inglês,
disse que era judio americano, que tinha vindo de férias. Então terei que ir para um hotel.
O apartamento
tinha dois quartos, não se preocupe, qual quarto estas usando, eu usarei o
outro, pois somente vim para um enterro.
Nunca tinha
acontecido isso com ele estar sentado numa poltrona, com outra pessoa
totalmente nua na outra.
Tomou outro
banho, sentado num banco no box, o outro quando viu suas próteses, isso deve
ser uma merda.
Não reclamo, pois
estou vivo, tentando dar um rumo na minha vida.
Se arrumou, ia
colocar o uniforme que estava dentro do armário, como sabia que estariam os
outros amigos do Joseph, mas não vestiu uma roupa confortável. Nada mais de sacrifícios por ninguém, nem pelo simples cumprimento social.
Não deu outra,
quando chegou para o velório, viu que todos o olhavam, pois estavam com seus
uniformes, seus galões, toda essas merdas pensou ele.
Abraçou sua
afilhada, a beijou na cabeça, ela era como a mãe, mais baixa do que ele. Quando foi cumprimenta-la para lhe dar os
pêsames, o olhou de cima a baixo, sibilou, esperava que tivesses a decência de
não aparecer. Que minha filha te adore,
bem, mas podia me poupar de ter que te engolir mais uma vez em minha vida. Passou o resto do tempo afastado, de
qualquer maneira, não o poderia olhar, primeiro por que não, gostava, segundo
porque o caixão estava fechado, sinal que estava aos pedaços. No cemitério, sua afilhada lhe pediu para
rezar o Kadish.
Sua mãe fez sinal
que não, mas ela ignorou. Ele fez como
sabia fazer, somente pensou no velho amor, esperando que finalmente encontrasse
o descanso, sabia que Joseph era uma alma atormentada desde infância. No fundo não lhe queria mal, tinha feito
tanto para aceita-lo como era, as migalhas de seu amor. Que agora não iria
chorar pelo leite derramando a tanto tempo.
Depois da
cerimônia, perguntou a Mariah se ficava mais dias ali, ficou surpreso com a
resposta.
Estou aqui já a
tempos, houve uma crise entre os dois, tive que vir, ele finalmente se revelou
quem era a ela, dizendo que a única pessoa que ele tinha amado na vida, tinha
sido tu. Ela ficou furiosa, pois se
dedicou a ele toda sua vida.
Pode ter-me amado
filha, mas eu só recebi migalhas dele,
sou honesto de te dizer que se fosse hoje, nunca teria tido nada com
ele.
Sabia que já não
podia desfrutar mais da companhia delas, pegou seu chapéu, saiu, quando
encontrou dois oficiais esperando por ele.
Disseram que o
comandante queria vê-lo. Levantou os
ombros, dizendo diga a ele que eu não tenho nada a falar, tampouco quero
escutar nada.
Entrou num taxi
foi para casa. Quando desceu do taxi o
comandante estava ali, na porta do edifício lhe esperando. Saíram andando em direção a praia, o que
queres de mim?
Queremos que nos
ajude a vingar a morte de nosso amigo, companheiro.
Olhou surpreso,
vingar, estou cheio de vinganças, não conte comigo.
Virou-se com
tanta raiva, que quase perde o equilíbrio, foi andando rápido para seu
apartamento, De lá foi para o aeroporto,
furioso, como podia pedir isso a ele.
Joseph, sempre tinha instigado coisas que ele odiava, ocupação de terras,
cada vez queriam mais.
Só porque meus
pais eram judeus, tenho que ficar brigando sem parar. Não, estou fora disso.
Fez uma coisa
diferente, trocou a data de regresso, pediu para a que atendia mudar o
passaporte, lhe apresentou o francês, passou como qualquer outro turista,
entrando na fila, só relaxou quando esteve dentro do avião. Lhe tocava por acaso o último assento da
turística, assim era melhor podia observar tudo. Pensou que viagem rápida, saiu no primeiro
voo, voltava no último. Já no aeroporto,
tomou uma decisão, se fosse rápido, poderia pegar ainda um último trem fora de
Paris, talvez não conseguisse a conexão, mas dormiria em qualquer hotel perto
da estação. Estava acabando de pagar o
bilhete, quando deram a primeira chamada do trem, andou rápido pelo andem até
chegar ao seu vagão, foi o tempo justo.
Colocou sua
pequena bagagem na parte de cima, podia ficar descansado, pois a sua era
basicamente a última parada. Chegou a
Marseille, já passada a meia noite.
Atravessou a rua se hospedou num hotel Ibis que tinha justo ao
lado. Pediu uma garrafa d’agua, caiu na
cama, apagou, a muito tempo não dormia assim.
No dia seguinte,
tomou um taxi, para o porto, aonde
partiam os ferrys para a Córsega, tinha ali um amigo de longa data, tinha
falado com ele antes de dormir. O
esperaria em Bastia, depois iriam para sua casa numa enseada mais afastada da
civilização. Tinha depois dessa
chamada apagado seu celular, retirado a bateria.
Queria tempo para
lamber suas feridas. Por vias das
dúvidas, pegou um camarote, já que não ia de carro. Quando estava entrando no seu, olhou para o
lado, um homem, o estava olhando, no seguinte.
Sorriu, lhe disse olá em resposta.
O outro perguntou se queria tomar alguma coisa, lhe respondeu que era
cedo, mas que aceitava um café. Desceram
para o bar, ficaram numa mesa mais isolada.
Este estendeu sua
mão se apresentando, François Duvalier,
vou a Bastia, para resolver um
problema de herança. O barulho era
infernal, viu que não valia a pena ficarem ali, subiram novamente. Andas com dificuldade, algum problema?
Uso próteses nas
pernas. Nada demais.
O outro riu,
gosto da sua maneira, acabaram ficando nus, retirou suas próteses, acabo de
deixar de ser sexi disse ao François.
Sabes o meu nome,
mas não sei o teu?
Paul D’Arnaud, um tipo raro, para melhor me
explicar. Sabia que apesar de tudo
tinha um corpo bonito, os contínuos exercícios de recuperação o faziam manter o
corpo a um alto nível.
Não me enganei,
François, foi deslizando suas mãos grandes pelo seu corpo todo. Não esperava
que fosse um sexo satisfatório, mas ao contrário, foi excelente.
Sempre
verbalizava essas coisas, assustando a outra pessoa, François riu, eu tampouco
esperava isso, mas foi para mim fantástico.
Era viúvo a pouco
tempo, nunca fui casado, tive um companheiro de muitos anos, erámos
sócios, só que ele era casado tinha
filhos, que agora me enchem o saco para vender tudo, para viverem na boa
vida. Estou pensando seriamente nisso.
Ficaram ali, um
nos braços do outros, conversando, lhe contou que até anos atrás sua vida era
mais ou menos igual. Voltava justamente
do enterro do velho amante, fui minha vida inteira o outro. O Fiel escudeiro. Os dois riram da imagem.
Quando deram o
sinal de que estavam chegando, que lastima, podemos trocar o número de celular
pelo menos, para nos vermos em Marseille, ou em Aix en Provence aonde vivo.
Sim claro,
passarei aqui uns dias relaxando na casa de um velho amigo, depois quando volte
te chamarei. Ficaram se beijando, se
despediram.
Seu amigo
Charles, estranhou, esperava vê-lo furioso, o encontrou relaxado, comentou isso
no carro. Se te conto, não vais
acreditar, tive um romance durante toda a viagem, imagina passar toda essa
viagem, nu em cima de uma cama com outra pessoa. Foi o que me aconteceu.
Charles tinha
sido seu amigo de muitos anos, muitas batalhas, tinha sido do serviço secreto
Frances, agora vivia ali, numa casa que tinha comprado, num condomínio.
Lhe contou o que
tinha acontecido em Tel Aviv, o pior disso tudo foi lembrar como conheci
Joseph, quando fazíamos serviço militar.
Ele era contra as invasões de terras, argumentava que isso sempre nos
trairia problemas, justo nessa época levei o primeiro tiro de minha vida, o
salvando. Quiça o deveria ter deixado
matar, porque sua transformação com a política, foi letal, sua filha inclusive
era contra ele, se tornou um radical, achava que todas as terras deviam estar
em mãos dos judeus, que tinha que se sacrificar todo o povo palestino. Segundo ela, ele tinha feito umas declarações
dias antes, queria um troço da Cisjordânia, para um assentamento de ultra
ortodoxos. Creio que dai veio o
atentado. Ele se retirou cedo do exército, seu negocia era a política, ficou rico com isso.
Eu ao contrário
vi tanta gente morta em minha vida, que até hoje tenho pesadelos, tenho gravada
na minha cabeça por exemplo uma cena, de uma mãe morta, dando peito para seu
bebê, levou um tiro dentro de casa, aonde estava sentada sem fazer mal nenhum. Depois vi um soldado, colocar uma arma em sua
mão. Fiquei furioso, foi
quando comecei a me desencantar, os meus pesadelos creio que me
perseguiram a vida inteira.
Na última vez que
o vi, um dos motivos da discussão foi essa, era contra minha aposentadoria,
porque havia que limpar a terra que nos pertencia. Quase lhe dei um murro na cara, pensar que
perdi quase toda minha vida, por ter amado esse idiota. Hoje me enfado comigo mesmo por isso, perdi
minha juventude, até mesmo minha madures por migalhas de afeto, hoje estou
sozinho, com os putos pesadelos. Estou
obrigado a me cansar ao máximo para conseguir dormir, pois me nego a tomar
qualquer medicação.
Seu amigo,
Charles, colocou a mão sobre a sua, pois é pensamos algumas vezes que estamos
fazendo o bem para um pais, mas por detrás sempre tem interesses dos
políticos. Por isso também sai do
trabalho, nos últimos anos, como me negava a fazer certas coisas, me davam
trabalho de escritório para fazer, como forma de castigo.
Chegaram à casa,
o lugar era magnifico, tinha inclusive uma piscina no fundo da casa. Com piscina posso tomar banho, mas no mar é
mais complicado, teria que ter trazido minhas muletas para isso. Creio que tenho uma, uma amiga a deixou
aqui, quando veio descansar, tinha tido uma lesão. Outra que se desencantou com a vida.
Pediu ao Charles
que lhe desse o quarto mais afastado, se desperto dando gritos, não incomodo
ninguém.
Queria que me
fizesse um favor, sei que tens ligações, queria saber o que pretendem esses
filhos da puta com sua vingança.
Depois de guardar
suas poucas coisas, pediu ao Charlie se podia lavar sua roupa, estão fedidas,
estive ontem o dia inteiro com elas e hoje também. Este lhe emprestou uma sunga para a piscina. Tirou a prótese, foi andando com as
muletas, até a beirada as deixou ali, se atirou na água.
Ficou horas
sentado dentro da piscina, se relaxando.
Quando Charles apareceu com uma cerveja, o sol estava quente, foi uma
ótima sensação.
Depois tenho umas
coisas para te mostrar, você tem toda razão sobre o atentado, o pior é o que
querem fazer.
Tenho que ver
agora, minha cabeça estar fervendo de tanta conjecturas, imagino o que está por
detrás disso.
Saiu da piscina
se enrolou numa toalha que o Charles lhe deu, sentaram na varanda, ele trouxe
seu laptop. Veja, era um vídeo do Joseph, expulsando com soldados, uma família
inteira, de uma granja, inclusive duas
crianças pequenas. Os soldados
agrediam um velho com seus cabelos brancos, que se negava a sair de sua
casa. Aparecia o Joseph dizendo que a
cidade precisava crescer, que ali se construiriam edifícios.
Segundo as
fontes, ele estava ganhando dinheiro por baixo dos panos, para liberar essa
faixa de terra para as construtoras. Parece
que a tempos estava vendido aos mesmo.
Agora o pior para ti, segundo as mesmas fontes, estava envolvido com um
jovem da idade de sua filha. Bom pelo
que se sabe agora vão atrás dessa família, a ordem é liquidar a mesma, não
deixar nada.
Carregou seu
celular, chamou sua afilhada, falou com ela a respeito. Sim eu sei de tudo isso, mas o que
faço.
Salve essa
família, pelo amor de deus, as crianças não têm nada a ver com isso.
Horas depois ela
telefonou dizendo que não tinha sobrado ninguém, que estava furiosa, tinha
feito uma declaração nos jornais contra isso tudo. Na entrevista, disse inclusive isso, que seu
pai era culpado da situação. Mas duvido
que publiquem, nada disso. Avisei minha
mãe que vou para Paris, pois tenho trabalho, se quiser vir comigo bem, senão
que fique aqui com suas lamurias.
Sabias que ele
tinha um amante da minha idade tio, as vezes ela lhe chamava assim, foi um
filho da puta até sua morte, por isso brigou com minha mãe, queria ir viver com
o rapaz, disse que tinha muito dinheiro para viver.
Procure em suas
contas nos bancos, mesmo fora do pais, segundo as informações que tenho ele
estava recebendo dinheiro das construtoras para fazer isso, mas muito cuidado.
Ficou sentado
ali, nem sentiu as lagrimas correrem em sua cara. Joseph no final tinha destruído tudo que
tocara, ele, a mulher, a filha, tudo. Aonde
tinha ido parar esse homem a quem tinha amado com loucura. Que idiota fui, não ver o que
acontecia.
Charles da porta
o viu chorando, o deixou ali, sabia que quanto mais pusesse para fora, melhor,
tinha passado pelo mesmo. Sua mulher o
tinha abandonado, quando viu que perdia seu status de chefe, gostava da
importância de títulos, menos mal que não tinham filhos.
Sentia uma
vontade imensa de explodir, precisava um ombro para chorar, sem querer pensou
no François, o chamou, para saber como
estava.
Já tenho tudo
resolvido, te chamei, mas o celular dava ocupado, gostei tanto de te conhecer,
que não paro de pensar em ti.
Eu adoraria
conversar contigo, mas creio que seria nefasta minha conversa, acabo de saber
coisas que não queria ver. Isso esta me molestando, com certeza terei pesadelos
essa noite.
Eu irei embora
amanhã, mas acho que vou voltar de avião.
Adoraria te ver.
Espere. Colocou a
mão sobre o celular, chamou o Charles, lhe perguntou se podia convidar seu
amigo.
Claro, fale com
ele, depois me passa que lhe digo como chegar aqui.
François, chegou
duas horas depois, em um taxi. Se
abraçaram, contentes, o apresentou ao Charles.
Sentaram-se para jantar.
Como foi a
resolução do problema.
Vais rir, os
irmãos estavam brigando pela disputa de um apartamento em Paris, resulta que o
que deixou a herança, nos últimos dez anos, não pagou nenhum imposto, tinha
muitas dividas, então metade do valor é para pagar as dívidas, o apartamento
esta caindo aos pedaços, tem que ser restaurado inteiro. Até a venda vai ser difícil.
Eu também penso
em vender aonde vivo, ou então me mudar para um lugar mais tranquilo, imagina,
quando fiquei sozinho nele, mandei reformar inteiro, tirar todos os papeis de
paredes velhos, pintei tudo de branco, minha meia irmã ficou horrorizada. Disse
que era uma blasfêmia.
Mas mesmo assim,
tenho que dormir num quarto que não dá para os outros edifícios, pois quando
tenho pesadelos, desperto gritando, isso incomoda os vizinhos.
Ias gostar da
minha casa em Aix, fica fora do centro, é um tipo mansão antiga, a comprei de
uma briga também por herança. Mandei
reformar, mas há uma parte que irias gostar, nos fundos, havia pequenas casas,
que eram aonde viviam os empregados, agora as vou reformar, para alugar para
estudantes, uma delas penso em transformar em meu escritório, se rompo com os
herdeiros do meu ex-companheiro. Isso
está basicamente certo na minha cabeça.
Paris, nunca
mais, nasci, cresci, estudei lá, mas me acostumei a essa vida mais tranquila de
Aix.
Porque não voltas
comigo, passe uns dias lá.
Dormiram juntos,
fizeram o sexo que tinha gostado tanto, num dado momento nas preliminares
sentiu prazer quando François, passou a língua pelo lugar da amputação, isso o
levou a loucura, não sabia que tinha esse tipo de prazer nessa parte, ele
quando percebeu, lhe provocou mais, depois se deixou penetrar por ele que
estava enlouquecido de prazer.
Pelo menos uma
coisa boa em tudo isso, depois de tanta
merda, uma coisa boa, te conhecer.
Passaram o final
de semana lá, no domingo a tarde conseguiram um voo para Marseille, era
incomodo o tipo de avião, mas valia a pena.
Lhe disse ao ouvido de François, podia ter voltado de ferry, assim voltaríamos
fazendo sexo.
Riu para si
mesmo, estava com 62 anos, mas se sentia rejuvenescido. Ficou deslumbrado com a casa do François,
ele lhe foi explicando o que tinha feito, restaurei basicamente tudo, mas a
maioria dos cômodos estão sem moveis, tudo teve que ir para o lixo, salvei
algumas molduras, espelho, imagina a casa esteve fechada quase trinta anos,
pelo litigio. O segundo andar estava
todo aqui no térreo, o sótão, tive que tirar todo, as madeiras estavam podres, na
verdade, tirei tudo, reconstruí por dentro, salvo as lareiras, com suas torres
nada sobrou, portanto o andar de cima, foi feito a minha maneira, duas suítes
grandes, com roupeiro incluído, pensei que o meu querido vinha viver comigo,
não era com ele. Tu es a primeira
pessoa que entra aqui comigo, agora estão construindo a piscina, mostrou pela
janela, preciso de um jardineiro para redesenhar o jardim, quero plantar mais árvores para fazer
sombra. Mostrou ao fundo, o que ele
dizia.
A cozinha foi
feita inteira, nem o chão sobrou,
aproveitei para reabrir a bodega que estava em ruinas, um cheiro de
vinho velho pelo chão. Alguém entrou
abriu todas as garrafas que estava aqui, deixou vazar tudo.
Mas agora ao
reconstruir para abrigar uma parte da bodega, outra será lavanderia, coisas
assim, por enquanto não temos garagem, terei que usar uma das casas para isso.
Nessa noite sua
afilhada lhe chamou. Acabo de
descobrir, que as crianças não morreram, estavam com uma tia delas, as que
morreram foi de uma vizinha que estava fazendo uma visita a família.
Falei com ela,
esta concorda comigo, se ficam aqui, vão ser criadas no ódio, na vingança, são
muito pequenas, tem apenas dois anos de idade, não viram o que aconteceu,
queria fazer no enterro dos pais, uma passeata com o caixão, bem como as
crianças, mas a tia fugiu com eles, está aqui em Tel Aviv. Falei com ela, precisa de ajuda, tem
família, teme por ela, não tem a menor condição de criar as crianças. Cai na besteira de falar com minha mãe, disse
que se as encontrasse, as mataria ela mesma.
O que faço.
Já te chamo. Conversou com o François, se fosse amantes a
muitos anos, eu iria propor criarmos as crianças, mas mal nos conhecemos. Tens algum meio de tirar elas de lá.
Ele começou a
mover seus fios, diga a sua afilhada, lhe deu um endereço, que vá até lá, leve
uma foto das crianças, vão conseguir documentos para elas, como se fossem seus
filhos, esses mesmos a vão escoltar até o aeroporto para não ter problemas, um
viajara no avião com ela, depois virão para cá.
Venha comigo, vou
lhe mostrar uma das únicas casas prontas.
Saíram para a rua, contornaram a esquina, a primeira casa da outra
ponta, estava pronta, não tinha moveis nem nada. Era muito simples, uma sala com a cozinha
americana, um quarto com banheiro, no andar de cima dois quartos mais um
banheiro, na parte detrás, mandei construir isso, uma pequena varanda virada
para a casa grande, ali numa parte fechada estava a lavadora e secadora, bem
como uma pequena despensa. Acho que
para ti serviria. Depois se queres ir
para Paris, isso será contigo.
Uma pergunta,
viras dormir aqui comigo?
Sem dúvida
nenhuma, não penso em me afastar de ti.
Falou com a
afilhada, perguntou se ela queria correr este risco.
Desde que seja
para salvar essas crianças que não tem culpa de nada, sim. Estou farta das burradas do meu pai. Encontrei o dinheiro sim, esta todo em
Luxemburgo. O muito filho da puta
pensava em se escapar com seu jovem amante.
Lhe deu todas as
instruções, siga todas as orientações, só me avise quando estiverem saindo para
Marseille.
Quem teve uma
ideia, foi o François, pelo que me contaste podem vir atrás de ti, se esses
garotos são registrados como meus, ninguém poderá fazer nada, serão
franceses. O pessoal que cuida disso
por aqui me dever imensos favores, creio
que seria uma solução, poderão viver comigo, sempre quis ser pai. Os educarei como franceses, procuraremos que
se esqueçam do passado.
Assim fizeram,
quando Mariah chegou a Marseille, esteve com ela, disse que como estavam
agitados, tinha lhe dado um comprimido para crianças.
Sempre te
manterei ao dia, mas encontrei a família própria para eles, não se preocupe,
estarão bem cuidados.
Assim o fizeram, um
mês depois, os meninos já falavam francês de tanto escutar, eram sempre
acompanhados de uma psicóloga, que não via signos de ansiedade neles. Tinham cortado seus cabelos, a moda que se
usava agora entre as crianças, no semestre seguinte iriam a um jardim de
infância, aonde as crianças a maioria era francesa.
Eles continuava
bem, de noite François atravessava o jardim, para dormir com ele, as crianças
ficavam com uma baba que dormia no mesmo quarto, mas mesmo assim François
levava um desses aparelhos, que escutava até um peido dos meninos. Era todo um grande pai, jogava com eles, esses
espontaneamente o abraçavam.
Charles o
mantinha a par de qualquer movimento tanto por parte de um lado como do outro.
Sabia que estavam
vigiando seu apartamento em Paris, por isso ficava aonde estava, tinha feito uma
modificação em sua aparência, deixou a barba crescer, passou a raspar a cabeça,
usava um gorro típico dali. Se distraia,
criando o jardim novo para François.
Nunca tinha imaginado que poderia ter um relacionamento assim, para
todos efeitos, morava na casa de empregados, as outras foram sendo reformadas,
mas todas deixaram de ter acesso ao jardim.
Criou um caminho ao qual François passava despercebido. Raramente saiam juntos pelas ruas. O François apresentava a criança, como
seus sobrinhos, tinha construído uma história perfeita.
Viviam
simplesmente, ele trabalhava em seu escritório, da janela via Paul, trabalhando
no jardim, agora tinha um ajudante, pois para ele era difícil ficar de
joelhos, passaram o inverno,
felizes. Usava para falar com Mariah,
um celular desses de pré pago, para dificultar a localização, tinham combinado
o dia que se chamavam.
Ela embarcaria em
breve para uma escavação no México, assim estaria longe. Contou que sua mãe, estava vivendo com uma
irmã num povoado perto de Jaffa. Tinha
tomado posse do dinheiro do pai, depois
de muitas complicações.
A última vez que
falaram, disse que estivera indo a um psicólogo, pois descobrir toda a verdade
a respeito do pai, a tinha deixado confusa. Quando me contaste a respeito
de quando o conheceste, seu posicionamento político, sua mudança, ao longo do
tempo. Nos últimos anos mal nos falávamos, pois um
dia soltou que esperava ter um filho homem, para seguir sua carreira política,
descobrir que não passava de um blefe.
Mas vou sobreviver a tudo isso, sem dúvida nenhuma, tinham um código
para perguntar pelos meninos, perguntava pela próteses que usava. Estão funcionando perfeitamente, algum dia
correrei umas olimpíadas. Tudo isso significava que estavam bem, que seguiam se
adaptando.
As crianças o
chamavam de tio Paul, se agarravam a ele, quando o viam sem as próteses na
piscina ficavam olhando para ele, mas ele procurava que se acostumassem.
Adoravam se jogar
com ele na piscina, falavam o tempo todo em francês, o que ele mais gostava era
ver, como eram agarradas com o François.
Sentia como se agora tivessem uma família.
Mas ele por
hábito estava sempre atento, tinha instalado em cada esquina da casa, bem como
nos fundos um sistema de vigilância, estava sempre repassando as gravações para
ver qualquer coisa diferente. Tinha
quase uma neurose nisso. Hoje em dia
ofereceria sua vida, pela dos meninos.
As crianças eram sempre um vítima colateral de tudo.
Agora já sabia
inclusive os dias que poderia ter algum pesadelo, dedicava esse dia a não dormir,
repassar os vídeos, escrever. Um dia
estava pensando nisso, quando lhe surgiu na cabeça uma ideia, escrever sobre o
assunto. Como se sentiam as pessoas
depois de tanto anos sobre pressão, dessa eterna guerra por um pedaço de terra,
quando todos poderiam ter desde o princípio ter tentado conviver. Chegou a conclusão, se tivesse mais
informação sobre as coisas, nunca teria participado nos atos do exército, se
arrependia do tempo perdido, devia ter saído procurado um emprego ou estudar
alguma coisa.
Dez anos se
passaram, agora usava uma prótese mais
moderna, se movia mais rapidamente, mas continuava forte. O jardim era seu orgulho, devia ter estudado
isso. Tinha uma coleção de bonsais que
fazia ele mesmo. Os meninos estavam
numa fase curiosa, pois tinha passado do tempo de fazer perguntas, a terem
posições mais firmes.
Os dois
continuavam agarrados aos dois, mas era com Paul, que faziam confidencias. O maior um dia chegou-se a ele no jardim,
disse que vinha tendo um sonho, em que falava outra língua, que ele entendiam o
que falava, mas que não gostava dos tiros que escutava, nem ter que ficar
escondido embaixo de uma cama. Conversou com a psicóloga, para saber como
agir, estava num beco sem saída.
Infelizmente o sonho se tornou uma coisa, cada vez que o menino ficava
nervoso, tinha o pesadelo. Um dia o pegou falando um arremedo de árabe
com o irmão, como se fosse uma língua secreta deles. Se assustou, resolveu que tinha que
contar a verdade, a psicóloga mesmo contra a vontade do François
concordou. Sentaram-se os
três com eles, contaram o que tinham passado.
O olhar deles era de
interrogação, porque tinham feito isso. Explicar foi difícil, mas resolveu que
a verdade era o melhor, contou com detalhe o que tinha feito, o porquê de
tudo. Foram meses difíceis, mas uma
coisa foi interessante, vinham sempre conversar com ele, os começou a ensinar
árabe, achava que tinham esse direito.
O menor, era o
que menos se lembrava de alguma coisa, o outro sim, pois tinha os pesadelos,
mas desde que soube da verdade, deixou de ter os mesmo.
Se tornaram mais
agarrado a ele, que sabia da verdade deles.
O pouco cabelo
que o Paul tinha hoje, era todo branco,
ele é François, acabaram se
casando, para terem segurança dos dois.
Eles estavam encantados, agora tinham dois pais.
Um dia o maior
mostrou curiosidade de ir conhecer aonde tinha nascido. Pediu que esperasse mais um ano assim seria
maior de idade, ele disse que sentia muito, não podia ir, pois aquela terra lhe
dava ansiedade, tinha medo de que depois
de todos esses anos, seus pesadelos voltassem. Acabaram indo os quatro, ao maior tudo lhe fez
muita impressão, mas no pequeno era como uma viagem de turismo, não se lembrava
realmente de nada.
A miséria
continuava do lado oposto, enquanto o lado de Israel, tinha abundância, isso o
revoltou. Ele conjugava com o Paul a
respeito.
Dois anos depois
os dois já estava na universidade, quando Paul ficou seriamente doente tinha um
câncer ósseo justamente a partir da amputação.
Já não havia mais cura. François
fechou seu escritório para cuidar dele.
Os meninos como
os continuou chamando, vinham todos os dias passar horas com ele, na sua
casinha. Se negava ir para a outra,
tinha vivido ali os melhores anos de sua vida.
Se negou a ir para um hospital, qualquer tratamento, pois sabia que não
tinha cura. Mas se preparou a
consciência, os deixando como herdeiros de tudo o que tinha, o apartamento de
Paris, dinheiro que tinha no banco, um
dia a sós com o mais velho, conversou tudo o que pensava, tu tens o direito de
tomar o rumo que quiser na tua vida, só te peço que não entre em jogos de
vingança nunca, não leva a nada, veja passei a maior parte de minha vida, sem
pernas por causa disso. Me perguntei
desde o primeiro momento se tinha valido a pena, sou honesto de te dizer que
não. Mas lembre-se a decisão é sua.
Queria ser
cremado, que suas cinzas fossem espalhadas pelas suas flores, como adubo, nada
de cerimonias, de religião nenhuma. Eu
nunca pude acreditar num deus que deixar seus filhos se matarem entre si.
Os garotos
entenderam sua mensagem, um se tornou
médico, outro professor, anos mais tardes emigraram para Cisjordânia para
trabalharem lá, atendendo a quem necessitava.
François foi com
eles, morreu lá, mas pediu que suas cinzas ficassem juntas no jardim com o
Paul.
Diziam sempre os
dois bendita a hora que resolvemos ir a Córsega de ferry.
Os meninos eram
super respeitado por suas convicções de paz.
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