VÍA DE ESCAPE
Escutava
sua avó cantando uma de suas músicas preferidas, “Bom dia Tristeza” na voz da sua cantora
preferida “Elizeth Cardoso”, isso era sua música da manhã, devia ter trabalhado
até tarde na sua máquina de costura, a tinha ajudado até tarde, quando o mandou
dormir pois cabeceava muito, vais acabar
cortando o que não deve.
Ela na
verdade dormia pouco, mas estava preocupado, o dinheiro nunca chegava, ele
agora, fazia bijuterias, aproveitando o que lhe tinha dado uma vizinha, sua
filha fazia, mas tinha morrido de uma sobre dose, tinha se metido como ela
dizia com quem não devia.
Mas
ali, era difícil não se meter com quem não devia. Ele não podia dizer nada, sua avó ficava na
sua cabeça, já me basta dois filhos idiotas, um foi embora daqui com um homem,
a tua mãe nunca assentou a cabeça, pensando que era a passista mais incrível do
mundo, se mandou sabe-se lá com quem para as Ouropas, nunca dizia Europa.
O
tinha obrigado a estudar, não posso te mandar para a universidade, não tenho
dinheiro, essa merda de costuras mal dá para a gente comer, comprar os meus
putos remédios.
Ele no
dias de feira descia com pasta o que chamava duas folhas de cortiça, com uma
moldura, forrado de feltro negro, aonde colocava as pulseiras, os brincos, que
tinha feito, tinha aprendido de olhar a garota trabalhar. Mas ela fazia o normal, ele improvisava.
Acrescentava pedras que encontrava numa parte do parque ali perto, criava
coisas diferentes.
Vendia
logo tudo, tinha uma semana para repor.
Esta semana tinha chovido justamente torrencialmente nos dias da feira,
portanto não vendeu nada.
Sua avó
continuava com a ladainha, para que fui me casar com esse cachorrão, estava tão
bem solteira, trabalhando sim, em casa de alta costura. Agora quem vai querer uma velha com
reumatismo, com pressão alta, o escambau.
Ai soltava muitos palavrões, mas ai dele se falasse algum, o ameaçava de
lavar sua boca com sabão. Isso que ele
já tinha 17 anos.
Era
sim franzino, magro, desengonçado, um mulato sarara, de olhos azuis. Nos dias de feira, as senhoras lhe davam
sempre legumes que sobravam para fazer uma sopa para sua avô.
Meu
filho se mexa, vá até a casa de mãe Balbina, para ver se tem um chá que me
relaxe um pouco, tenho dor no peito.
Escutar
ela reclamar de alguma dor, era que realmente estava sentindo, acabou de
escovar os dentes, enfiou uma camiseta bem velha, deu um beijo na testa dela,
vou sim vó, tô saindo, mas não tenha qualquer, piripaque enquanto eu não
chegue. Só tinha a ela na vida, morria
de medo de ficar sozinho.
As
vezes ia dormir, pensando, se me desperto amanhã ela não está, como vou fazer,
se levantava outra vez, ia até a sala, do apertamento, assim ela dizia do lugar
que moravam, lhe dava um beijo.
Subiu
correndo a favela, até a casa de santo de Mãe Balbina. Ela logo mostrou a bochecha para ele
beijar. Era sua madrinha.
O que
é desta vez meu filho. Ela está com
aquela dor no peito outra vez Mãe Balbina, não temos dinheiro para comprar o
remédio, é muito caro. Ela mandou pedir se a senhora não tem um chá para essa
dor.
Ah
minha pobre amiga, virou-se séria para ele, que musica começou cantando hoje?
Bom
dia Tristeza, a senhora sabe que quando ela canta isso, é porque está com
saudade do meu tio, da minha mãe, esses dois desgraçados que desapareceram no
mundo.
Ele
nem sabia quem era seu tio, nunca o tinha visto na vida, só sabia que tinha ido
embora.
Não se
preocupe, que ele volta. Fechou os
olhos, juntou as pedras, búzios que estavam ali, jogou mesmo em pé.
Sabes
o que devias fazer hoje, ir vender tuas coisas na praia, ali em frente ao
Copacabana Palace, fica cheio de turistas cheio da grana. Pode ir, que eu desço daqui a pouco para
fazer companhia para ela, assim converso um pouco, falando mal da vida alheia,
que relaxa muito.
Voltou
com o chá, o preparou, colocou ao lado dela.
Mãe Balbina me disse que o dia está bom para ir vender minhas coisas em
frente ao Copacabana Palace, diz que a cidade deve estar cheia de
turistas. Quem sabe não ganho suficiente
para comprar seu remédio.
Mal
Mãe Balbina colocou o pé na porta, lhe estendeu dinheiro para o ônibus, para
Copacabana, saiu disparado, pela rua da Matriz, para pegar o ônibus que ia para
Copacabana. No ponto estava um grupo de
garotos da sua idade, ia para Copa, para ganhar uns trocados. Uns roubavam os turistas, outros se
prostituiam. Mas ele queria dinheiro
limpo para comprar remédio para sua avó.
Se ela desconfiasse que ele tinha feito alguma outra coisa, o céu ficava
negro. Atreveria ainda levantar o
chinelo para ele.
Ficou
escutando a conversa deles, um deles disse que no dia anterior tinha dormido
com um italiano, pau pequeno, enfiei meu caralho naquele cu branco, vou me
encontrar com ele. Diz que hoje tem um grupo grande.
Desceu
na Rua Barata Ribeiro, os outros foram andando quase correndo para a praia, mas
ele, foi indo devagar, balançando a cabeça, pensando, tenho que arrumar um
emprego rápido. Senão estava fudido, mas nem uma roupa descente para ir pedir
emprego numa boutique do shopping ele tinha.
Seu tênis estava furado, tinha colocado um troço de papelão para
enganar.
Tinham
tido que se mudar, viviam numa casa ao lado de Mãe Balbina, mas sua avó não
aguentava mais subir a ladeira toda. O
jeito foi mudar para esse apertamento, a cozinha era mínima, logo na entrada, o
banheiro idem, o quarto era dela, mas de uns tempos para cá dizia que dormisse
ele ali, ela preferia dormir no cadeirão da sala.
Quase
que um carro lhe pega ao atravessar a Av. Atlântica, estava com a cabeça nas
nuvens.
Viu
aonde os garotos se dirigiam. Se sentou
um pouco atrás ficou vendo como faziam, uma pessoa que estava nas espreguiçadeiras,
se virou, parece que o viu ali mais atrás sentado, desanimado. Viu que o homem era alto, com um corpo
incrível, meio moreno como ele, cabelos de sarará como o seu. O homem se sentou ao seu lado na areia, começou
a falar com ele em italiano.
Desculpe
moço, só falo um pouco de inglês que aprendi na escola, mais nada.
Então
começou a falar com ele em português. Ficou
surpreso olhando para ele, a cara não lhe era desconhecida.
Não
vais fazer como teus amigos, tentar arrumar um namorado italiano para tirar dinheiro
dos tontos.
Deus
me livre, o chinelo ia cantar na minha bunda, a velha não ia me perdoar. Nada disso, vim aqui vender as bijuterias
que faço, para tentar comprar um remédio para minha avó. Mas estava esperando
ver se a praia ficava mais cheia, tem muito homem aqui, quero ver se chegam
mais mulheres.
Esses
meninos fazem isso, depois todo mundo os chama de viado lá no morro. Eu na verdade estava era aqui pensando como
sair da situação que estou. Estou num
beco sem saída, não tenho para aonde correr.
O
outro soltou, “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”.
Isso
diz sempre minha avó, que eu devo pensar sempre muito antes de tomar qualquer
decisão.
Mas
ela já tá muito velha, nem sei como aguenta ainda todos os dias costurar até
tão tarde, mas não tem jeito, eu ajudo, mas só temos uma máquina de costura, a
última vez que ela teve que fazer um exame sério, tivemos que vender a outra.
Nem
sabia porque estava falando com esse homem que olhava para ele atentamente,
hoje começou o dia cantando sua música preferida, Bom dia Tristeza, sinal que a
coisa tá feia, fui correndo até a casa de Mãe Balbina, atrás de um chá, porque
o remédio que toma acabou a dias, tinha dor no peito. Por isso tenho que vender pelo menos a
metade do que está aqui. Esse puto remédio custa muito caro. Pior nem dura o mês inteiro. Esta semana choveu no dia da feira aonde
vendo bem, não pude fazer nada.
Deixa
me ver o que tens aí.
Ele
abriu seu expositor, o homem começou a passar a mão por tudo.
Que
diferente.
Eu
ganhei isso da mãe da garota que me ensinou a fazer. Ela morreu nas drogas, a mãe ia jogar fora,
eu estou aproveitando, mas claro daqui a pouco não terei dinheiro para comprar
nada, eu improviso vou num parque perto de casa, que quando chove desce do
morro muitas pedras, algumas são bonitas, como essa, eu as lixo, limpo bem,
passo verniz, fica diferente do que fazem os outros que trabalham com bijuteria.
O
homem, se levantou, fez um escândalo tremendo, chamado o pessoal que esta na
espreguiçadeira, mas falando em italiano.
Venham ver que maravilha que encontrei nas mãos desse garoto, bom para
comprar, para dar de presente.
Vieram
todos, cada um foi escolhendo uma coisa, quando perguntavam o preço, o homem
nem deixava ele responder. Cinquenta
reais cada um. Ia dizer que era muito,
mas ele lhe piscou.
Quando
viu não tinha mais nada, sentou-se no chão, com o dinheiro na mão, chorando de
emoção, obrigado moço, nessa terra ninguém ajuda ninguém.
O amor
da vida de minha avó, meu tio, sumiu no mundo, nunca o conheci, minha mãe,
nunca se preocupou comigo, leva desaparecida dois anos, foi embora não sei para
onde com um turista que conheceu. Nunca
tinha dinheiro para colocar em casa, só pensava em roupas, sapatos, nem sei quem
é meu pai. A única pessoa que ajuda é
Mãe Balbina, mas claro ela vive do dinheiro dos clientes da macumba. Tampouco é muito, imagina no Morro de Santa
Marta, ninguém tem dinheiro sobrando, a não ser os traficantes. Uma vez minha avó me viu falando com um
deles, me deu uma surra de fazer gosto.
Eu
faço qualquer coisa por ela.
Como
chama essa avó que você ama tanto?
Maria
Mercedes Martins, mas todo mundo a chama de Naná, não sei por quê.
Mas
ela não morava perto da casa da Mãe Balbina?
Gente,
faz muitos anos que nos mudamos para o apertamento, como ela fala do
apartamento que vivemos, não aguentava mais subir o morro.
Aí
está a explicação.
Olhe
bem para minha cara. Olhou, somos um
pouco parecidos, ele tinha um troço de espelho para as pessoas olharem o que compravam,
o homem puxou juntou a sua cara com a dele, olhe agora, eram parecidos.
Eu sou
Oliva, seu tio.
Ficou
com a boca aberta, espere aqui não se mexa.
Como
se ele fosse capaz de se mexer. Esse
homem bonito era seu tio. Caramba, será que Mãe Balbina tinha visto isso no
jogo para mandar ele vir até ali.
Ele
voltou com as suas coisas. Estava agora
de bermudas, camisetas, uma sandália bonita.
Fez
sinal para um taxi, aonde mesmo que dizes que mora.
Ele
nunca tinha entrado num taxi, disse a direção Barão de Macaúbas, na parte baixa
do Morro de Santa Marta. O homem olhou
para trás, um homem bem vestido do lado de um garoto mal vestido, dava para ver
os buracos na camiseta dele.
Ufa,
espero que Mãe Balbina esteja lá, pois ela pode ter um enfarte. Fez o sinal da
cruz.
Calma
garoto, todos esses anos, mandei dinheiro para cá, mas sempre voltava como
destinatário desconhecido, cheguei a pensar que tinha morrido.
E a
primeira vez em vinte anos que volto ao Brasil, se ela não estava viva, não
tinha por que voltar, me enganei.
Então
eres meu sobrinho. Não sabes mesmo aonde
está tua mãe?
Menor
ideia, ela desapareceu uma vez, mas voltou, agora fazem uns dez anos que não
sabemos nada dela. Até melhor, porque
ela roubava o pouco dinheiro que a vô conseguia, para suas roupas para ir ao
samba brilhar como dizia.
Sim
sempre foi louca pelo samba. Mas chegou
a casar com teu pai.
Mas se
não sei quem é meu pai, quem me deu esse nome foi minha avô, pois nem registro
eu tinha, não podia estudar. Agora
acabei a escola, mas não posso nem pensar ir a uma universidade, não temos
dinheiro.
Vá
pedir algum emprego por aí, quando dizes que vives no morro de Santa Marta, já
te olham de esquerda, ainda mais, roupas velhas, remendadas, quem vai dar um
emprego assim para uma pessoa. Esse
tênis, era de alguém, Mãe Balbina me deu, mas tá com a sola furada, não tem
problema, eu não o levanto do chão assim ninguém vê.
Seu
tio olhava para ele, passou a mão pelos seus cabelos, ah meu menino, eu estive
igual a ti, o mundo mudou quando eu me mandei.
Depois te conto minha história.
Estava
virando a esquina quando viram uma ambulância na porta do prédio. Ao lado estava Mãe Balbina, ela quando o viu,
saiu correndo, meu filho, ela teve um derrame, claro para isso não serve um
chazinho. Olhou o seu tio dizendo, seu
filho da puta, voltou né.
Aonde
vão levá-la?
Ao
Pedro Ernesto, aonde vão os pobres morrerem.
Ele disse ao do taxi, espere por favor, como tinha dado uma gorjeta, o
homem parou.
Ele
falou com os da ambulância, vamos para a Clínica San Vicente, ok. Os dois olharam para ele, venham vamos, não
querem que ela morra aqui.
Mandou
que ele é Mãe Balbina fossem no Taxi, deu dinheiro para ele. Pague o taxi lá.
Subiu
na ambulância, pegando na mão da sua mãe, que a apertou.
Ele
começou a cantar baixinho para ela, “Bom dia Tristeza”,
Quando
chegaram na clínica, não queriam atender, ele tirou um cartão de crédito, quero
um quarto particular, sou Oliva, tudo isso falando em italiano, costureiro
Italiano, quero o melhor para essa senhora.
Foi ela quem me ensinou a costurar.
Foi
para a sala de emergência. Perdão Mãe
Balbina, beijou a sua mão, nem tive tempo de falar direito com a senhora. Estava contando pro Juca, que durante muitos
anos, mandava dinheiro para ela, mas as cartas voltavam. Destinatário desconhecido, pensei que tinha
morrido, por isso nunca vinha ao Brasil.
Ficaram
sentados ali esperando, viu que o Juca tinha cara de terror, que rezava
murmurando.
Que
passa Juca, este de repente explodiu.
Que passa, se ela morre, estou literalmente fudido, pois não tenho mais
ninguém na vida, ela me criou desde bebê, me fez estudar, nada de sonhos de ser
jogador de futebol para ficar rico, tinha que estudar duro, as melhores notas
tinham que ser as minhas, me deu tudo que pode, dividia comigo o pouco de
comida que as vezes tínhamos, a puta da minha mãe deu no pé com o primeiro
gringo que a tirou da merda, como tu, nunca mais se preocupou com ela.
Era
duro chegar ao final do mês, mas ela não deixa que eu desistisse, as coisas vão
se arrumar, ainda escuto sua música na minha cabeça. O seu Bom dia tristeza hoje, era realmente
muito triste.
Mãe
Balbina, não estás sozinho, tens a mim.
Realmente qualquer problema ele corria para ela, sou tua madrinha
lembre-se disso. Vê como os Orixás não
mentem. Te disse aonde ir hoje porque
sabia que ia acontecer alguma coisa.
Encontraste teu tio.
Quando
a levaram para o quarto, o médico disse que a deixassem descansar um pouco,
está muito agitada, fala no filho, apontou ao Juca, não sou seu neto.
O
filho é ele. Apontou o tio, com raiva.
De qualquer maneira esperem um pouco, que lhe demos um remédio para
ficar mais tranquila. Já venho chamá-los.
Vamos
entrar os dois, não precisa ficar com ciúmes, sei que ela te quer muito.
Quando
o médico disse que podia entrar, ela com muito esforço levantou a mão da cama.
Meu filho, meu neto, com cada mão segurou a deles. Não chores Juca, hoje rezei tanto por um
milagre, tenho medo de te deixar sozinho no mundo, mas teu tio está aqui.
Sabe
vô, ele mandou dinheiro para ti muitos anos, deve ser quando mudamos para o
apertamento, pois as cartas voltaram, disse que te mandava dinheiro.
Meu
filho como estas bonito, aonde andavas.
Moro
em Milão mãe, tenho uma casa de alta costura, afinal aprendi tudo com a
senhora, lembra que eu a ajudava com a costura invisível, foi o que me salvou.
Ele
abaixou a cabeça, beijando na testa como o Juca fazia, ela ficou passando a mão
pela sua cara, vê Juca, um dia serás bonito como teu tio. Agora preciso dormir um pouco, se via que tinha
a respiração forte, ele chamou o médico, lhe deram mais medicação.
Ela
está com problemas nos pulmões, o coração está falido, tem as pernas muito
inchadas, estava sentado com os três, comentando essas coisas. Se supera, podemos colocar um by pass, caso
contrário, tem poucas opções. O senhor
agiu bem, trazendo para cá, somos especialistas, num outro hospital, já estaria
morta.
Ele
deu dinheiro para Mãe Balbina se ela queria pegar um taxi para ir para casa.
Não me
conheces, garoto, te vi nascer, acha que ia abandonar a minha melhor amiga
aqui, com vocês, que são dois bananas.
Essa mulher aguentou muito da vida.
Depois ficou sentada com ela um tempo segurando suas
mãos.
Oliva
foi ao hotel, com ele, quando disseram que não podia subir, reclamou, é meu
sobrinho, olha estou com minha mãe no hospital, viemos só tomar banho. Aonde posso comprar umas roupas para meu
sobrinho, além de um tênis.
A essa
hora da noite, só no Rio Sul. Os dois
tomaram um banho rápido, foram ao Rio Sul, lhe comprou roupa nova, bem como um
tênis, ele estava com vergonha, sua cueca estava toda furada, remendada mil
vezes pela sua avô.
Foram
com uma bolsa cheia de roupa para o hospital.
Ficaram os dois sentados a noite inteira ao lado dela.
Juca
acabou dormindo, com a cabeça no colchão segurando sua mão. Ela aproveitou para falar com o filho.
Meu
filho, fico contente em saber que não te esqueceste de mim, mas preciso que
cuides desse menino, não o deixei cair de lado errado esse tempo todo, devia
ter sido igual contigo, não tive compreensão.
Me perdoa.
Eu e
que te peço perdão mãe. De manhã cedo
ela respirava com dificuldade, Mãe Balbina, voltou, ficou rezando junto dela. Lá pelas tantas olhou para cima dizendo, vai
minha amiga, vai descansar. Tinha
falecido.
Os
dois choravam como dois bananas. Ela
colocou ordem no pedaço, temos que conseguir um lugar para enterrá-la como
merece. Depois tens que conseguir a
guarda do Juca, ele não tem documento nenhum, a não ser o que ela fez, o
registrou como seu filho. Agora é como
se fosse teu irmão.
A
senhora conhece algum advogado, para resolver esses tramites?
Sim
tenho um bom, que é meu cliente. Espera
de sua bolsa imensa tirou uma agenda, chamou passo o celular velho ao Oliva.
Conversaram,
iria conseguir um tumulo no cemitério do Caju, ali podiam fazer o velório
também. Ela ficaria na geladeira do
hospital até o dia seguinte. Mãe
Balbina, iria ao apartamento buscar uma roupa para vesti-la.
Ele
queria ir junto. Oliva disse que não que
era melhor ele ficar junto com ele. Temos que resolver seus documentos,
conseguir uma ordem para que fiques sobre minha guarda, bem como um passaporte,
vais comigo para Itália.
Ele
pensou em bater o pé dizendo que de maneira nenhuma ia com ele que tinha
abandonado sua mãe, mas se lembrou que um dia tinha criticado alguém. Ela lhe respondeu, te achas melhor do que
ele, cada um tem que ter o sentido de sobrevivência, senão a coisa fica preta.
Na
saída avisou que queria uma nota fiscal, pagou tudo.
Foram
para o hotel, Mãe Balbina tinha seu celular, bem como o número de seu quarto no
Hotel Excelsior.
Precisas
cortar esses cabelos, quando chegaram no hotel, pediu um quarto ao lado do seu,
para seu sobrinho. Pediu que avisassem
um dos italianos, este apareceu em seguida, lhe apresentou esse garoto é meu sobrinho. Ontem foi um dia movimentado, reencontrei
minha mãe e meu sobrinho, ela morreu esta manhã, se aguentem sem mim,
perdão. O homem o abraçou, não se
preocupe, estão se divertindo, hoje alugamos um carro com motorista, fomos ao lugares
turísticos que disseste para ir.
Oliva
disse que tomassem cuidado com os garotos da praia. Nem pensar, são crianças, gostamos de
homens. Mesmo assim já sei temos que ter
cuidado.
Perguntou
quando seria o velório, ele disse que na manhã seguinte, no cemitério do Caju,
o nome de sua mãe, Maria Mercedes Martins.
Darei
um jeito de ir. Amigos são para estas coisas.
É o
teu namorado, perguntou Juca.
Não
tenho namorado, esse namorado é o meu trabalho, não sobra muito tempo para
isso.
A avó
dizia que tinhas ido embora com um homem.
Não
ele nunca foi meu namorado, me ajudou isso sim, sair daqui começar uma nova
vida, herdei dele a casa de costura que dirijo. Mais nada.
Morreu
a dois anos atrás, sinto falta dele, foi o pai que eu não tive.
Um dia
te conto tudo.
Venha,
vá para teu quarto, tome um banho, te vista, vamos sair para comer alguma
coisa, que só temos um café na barriga.
Quando
ele voltou ao quarto do tio, ele estava do mesmo jeito, sentado, com a cara
entre as mãos chorando. O abraçou, agora
o entendia, encontrar e perder a mãe no mesmo tempo devia ser difícil. Se ele estava sentido a perda da avó, ele no
fundo era seu filho.
Ele
lhe deu um tapinha na cara, tenho que lavar a cara, espera.
Quando
saiu do banheiro, disse, venha vamos comer aqui no Maxin’s, ou ao lado na
Tratoria, que tem comida italiana para ires te acostumando.
Tratoria
estava cheia, foram se sentar no Maxin’s.
Perguntou o que podiam comer, o garçom soltou logo uma feijoada. Tens muita fome perguntou ao Juca.
Sei
lá, pode ser que sim, não como nada desde ontem.
Se
fartou, ao final soltou um arroto, os dois ficaram olhando um para o outro
rindo.
Serás
agora o filho que nunca tive. Tens que
ter paciência, pois nunca me vi nesse papel.
Saíram
dali, foram ao Rio Sul, não podes ir de bermudas a um enterro, lhe comprou uma
calça preta de jeans, bem como uma camiseta preta, aproveitaram para ver um
casaco, quando voltarmos, iremos para o inverno da Itália, em Milão deve estar
nevando, lhe comprou um casaco de plumas, ele arregalou os olhos como pratos
quando viu o preço. Isso pagávamos pelo
apartamento.
Não
importa, o Euro vale muito por aqui, assim que me sai barato. Não abuses que te mime um pouco, mas agora
eres meu filho.
Foram
depois ao final do dia ao escritório do advogado, ele tinha os papeis todos
prontos, agora vou levar a um juiz para assinar.
Amanhã,
podem ir tirar o passaporte, lhe perguntou se tinha bilhete de identidade.
Não ia
tirar o ano que vem quando fizesse 18 anos.
Bom amanhã depois do enterro, fazemos isso.
Ficou
emocionado no dia seguinte, uma funerária tinha se encarregado de tudo, ela
estava ali com sua melhor roupa, penteada pela amiga. Mãe Balbina, estava com suas vestes de Mãe de
Santo, honrando sua amiga. Tinha muita
gente. Balbina disse que ela sempre tinha sido
generosa com os outros. Depois chegaram
todos amigos de seu tio, lhe deram pêsames, conheceram o sobrinho, só um deles
disse, mas este é o garoto da praia. Sim, mas é meu sobrinho.
Um ao
lado do outro, ia recebendo os pêsames, as filhas de Santo chegaram, todas
vestidas como deviam nas circunstâncias, foram ao lado do caixão cantando uma
música muito bonita.
Juca
chorou muito, perdia a coisa mais importante de sua vida. Sabia que seu futuro ia mudar, mas ela o tinha
criado como se fosse seu filho. Iam os dois com lenços na mão, enxugando as
lagrimas.
Ele
convidou Mãe Balbina para almoçar, já que iriam à cidade, foram comer na
Colombo que ficava perto do escritório do advogado. Ela soltou que ia lá com um namorado rico,
quando era jovem.
Olhou
o Juca comendo, olhe o que tua avó te ensinava, nada de comer como um
esfomeado, que vão pensar de ti. Ele
moderou, nunca tinha visto tanta comida assim na vida dele.
É
verdade Juca, eu quando cheguei a Itália, comia como um louco, fiquei gordo,
depois para perder peso foi difícil. Ele
fechou os olhos imaginando o tio gordo, soltou uma risada.
De que
ris?
Te
estou imaginando gordo.
Ela
foi com ele ao escritório do advogado, no caminho como Juca tinha parado para
olhar uma vitrine, ele perguntou se achava que se devia ir ao apartamento
buscar alguma coisa.
Meu
filho lá só tem trastes velhos, a roupa dele, era as que eu conseguia com
minhas filhas de santo.
Esta
outra figura com as roupas que compraste para ele.
Olhe é
um garoto muito sério, tua mãe sempre o criou, o educou. Estava desesperada pois queria que ele
fizesse uma faculdade, mas já não tinha forças.
Ele nem sabe quem é seu pai, tua irmã nunca deu atenção para ele, nem
peito quis dar, pois disse que ia estragar seu corpo.
Só
pensava nesse puto samba, dizia que seria seu passaporte para arrumar um gringo
para ir embora daqui, da última vez, se escapou sem dizer nem para aonde
ia.
Estou
feliz, pois vai estar bem contigo.
Será
como meu filho Mãe Balbina, meu medo é que nunca fui pai, tenho medo de errar.
Lembre-se
como era tua mãe contigo, seja igual, mas a tua maneira. Tenha paciência com ele.
Tu
tinhas mais idade quando foste embora, ele não, tampouco viveu nas ruas como
tu, sabias te virar, nisso tua mãe errou, pois o prendia ao máximo, com medo de
perder, como tinha te perdido.
Resolveram
tudo, no dia seguinte, iria com ele tirar os documentos.
Nessa
noite jantaram com os amigos do tio, na Tratoria, falavam sem parar, riam
muito, ele não entendia ainda as brincadeiras.
Seu
tio lhe disse ao ouvido, os italianos falam muito, alto demais, riem e choram
da mesma maneira, tudo é exagerado, há que aprender a lidar com isso.
Quando
os outros souberam que ele ia levar o sobrinho com ele, era como se fosse um
velho amigo deles, nunca tinha se sentido assim.
Mas o
que mais se aproximou dele foi o Giorgio, que tinha visto no quarto do tio, o
primeiro a saber de tudo, lhe explicava as palavras. Achava engraçado isso. Vou te dar aulas, para alguma coisa deve
servir meu curso, sou professor.
Vivo
no apartamento ao lado do seu tio, é meu melhor amigo. Mas via que ele olhava
com amor ao seu tio. Um dia lhe
perguntou se era apaixonado por ele.
Riu,
tu percebes, ele não, vive para o seu trabalho, não vê nada mais que isso. Demorou, lutou demais para chegar
aonde está. Creio que isso o faz
assim. Tens que pensar que era um rapaz
jovem quando saiu daqui. Foi trabalhar,
para um dos homens mais famosos de Itália, quando morreu, seu tio era como um
filho para ele. Deixou-lhe tudo. Então para assumir a casa de moda teve que
provar que era bom como o mestre, mas na verdade os últimos cinco anos, ele
fazia as coleções o mestre só apresentava, já não enxergava um palmo diante do
nariz.
Foi um
belo gesto do seu tio, uma forma de agradecer, quem tinha sido um pai para ele.
Tu já
gostaste de alguém lhe perguntou, ele falava bem devagar para Juca entender.
Não,
na verdade Giorgio, sou virgem ainda, nunca fiz sexo com ninguém. Minha avó dizia que soubesse que eu fazia
sexo com os homens da praia por dinheiro me mataria de pancada.
Achava
que seu filho tinha feito isso, que tinha ido embora com alguém por sexo. Nunca chegou a saber quem ele é na verdade.
Giorgio
lhe perguntou de Mãe Balbina, lhe explicou quem era, o que fazia. Podias me levar até lá, mas sem que teu tio
saiba de nada.
Digo
que vou ao apartamento, antes que joguem tudo fora, para buscar minhas
ferramentas, tu te ofereças a me levar.
Assim
fizeram, ele foi recolher suas ferramentas, mas já estavam na casa de Mãe
Balbina, lhe disse que o Giorgio queria que jogasse os Búzios para ele.
Antes
lhe fez tomar um banho de descarrego. O
mandou ficar nu, pediu ao Juca que lhe jogasse devagar o banho em cima. Foi nesse momento que Juca se apaixonou por
ele. Ela lhe estalou os dedos na
frente. Falou baixinho, terás que ter
paciência, ele precisa te descobrir.
Tinha
pensado que ele iria perguntar algo do tio, mas nada disso, perguntou pela
situação complicada de sua família, a briga interminável por uma herança. Sentia falta das reuniões com os irmãos, que
tinham deixado de se falarem. Seu pai
tinha deixado toda a herança para ele, agora se sacrificava levando a fábrica, gostava,
mas teve que fazer uma coisa que tinha odiado fazer, expulsar os irmãos, pois
viviam brigando na frente dos funcionários, fazia pouco tempo que tinha
conseguido reerguer a empresa. Eram
suas primeiras férias em anos.
Ela
jogou, várias vezes, sem dizer uma palavra, de repente, parou, a solução vai
aparecer em breve. Então poderás, fazer
isso que amas, ensinar, escrever. Não
perca teu tempo, tens tua vida não é, logo vais descobrir o amor de tua vida,
esqueça o resto. Esse dinheiro está
maldito, teu pai fez isso de proposito, para te tirar o que mais gostas de
fazer.
Ele
confiava no Juca, falo contigo como uma pessoa adulta, vejo que tens cabeça,
escutaste tudo, eu acho que ela está coberta de razão. Eu levantei a fábrica sim, mas odeio tudo
isso, gosto mesmo de escrever, dar aulas na universidade. Tive que me licenciar para poder dirigir a
fábrica. Todos tem famílias, mas vivem
como se fossem deuses, só gastam dinheiro.
Estou
farto de ser um pai de filhos ingratos.
Sempre acreditei no que ela disse, que meu pai fez isso de proposito
pois não suportava ter um filho intelectual, me jogava sempre isso na cara,
dizia que eu era um tonto. Fui o único
da família a ir à universidade, ele não foi, teve que assumir a fábrica depois
da guerra, estava arruinada. A levantou novamente. Vou consultar um advogado.
Fiquei
intrigado quando me disse que ainda vou encontrar o amor de minha vida. Sempre tinha pensado que era seu tio. Vejo que não.
Quando
chegaram ao hotel, o ajudou a levar suas coisas para cima. Não tenho vontade de ir a praia, já me cansei
desses gritos, os escândalos porque se acham gays, me cansa, teu tio os atura,
porque tem negócios com eles, como eu também, afinal são compradores.
Gostaria
de ir fazer um passeio, me falaram do centro da cidade, quer ir comigo.
Claro
que vou, quase lhe disse contigo vou até o inferno. Acabaram indo a duas livrarias, ele comprou
uma série de livros de arte, encontrou dois de elaboração de bijuterias, os
comprou para dar depois de presente ao Juca.
Como
só voltaram de noite para o hotel, seu tio estava preocupado.
Não
confias no Giorgio?
Sim é
meu melhor amigo, uma pessoa inteligente, bom gosto, gosta de ler, escrever,
não é como os outros, hoje dois se meteram com dois meninos negros na praia,
queria sair para fuder com eles, eu avisei, quase que se meteram em confusão.
Os fiz
deixarem todas as joias que gostam tanto, a carteira, foram só com um pouco de
dinheiro, quase levaram porrada por causa disso.
Ele
nunca se mete em confusões, aliás nunca ouvi dizer que tivesse um namorado.
O
senhor tem?
Meus
romances não passam de uma noite, creio que o faço mais para descarregar as
energias acumuladas, nunca amei ninguém como o homem que me ajudou.
Tu já
amaste alguém?
Nunca
tio, sou virgem ainda, falou um pouco com vergonha, pois todos da sua idade já
tinha feito sexo, ou com homens ou com mulheres.
Sempre
achei que tinha que gostar da pessoa.
Antes
de ir embora, foram ver Mãe Balbina, o Giorgio foi também, lhe levou um
presente, metros de tecido brancos, rendas coisas que ela gostava. Pegou seu endereço, vou lhe mandar tecidos de
minha fábrica, coisas lindas veras.
Ela
lhe sussurrou alguma coisa no ouvido, ele riu, fazendo um sinal positivo. Seu tio não tinha visto o que acontecia,
ficou com a pulga atrás da orelha.
No
avião, todos estavam em primeira classe, seu tio tinha comprado um bilhete para
ele, a princípio iria na executiva, pois não havia lugares na primeira. Como o avião ia por São Paulo, lá uma das
pessoas que tinha que embarcar, não apareceu.
Ele acabou sentado do lado do Giorgio.
O voo Rio, São Paulo, tinha sido tranquilo, mas Giorgio disse que de
noite por causa que atravessavam o Atlântico numa zona de turbulência, o avião
balançava muito. Se sentires medo,
segura minha mão. Os outros estavam
curtindo os últimos momentos de férias.
Sem
saber muito por que começou a cantar baixinho uma que sua avó adorava, “pra
dizer adeus”, Giorgio ficou prestando atenção.
Disse que era muito bonita.
Tentou
dormir, mas o medo, a incerteza do futuro não o deixavam relaxar-se. Giorgio o escutou sobre isso, não tenhas
medo, lembre-se eu sempre estarei aí para ti, afinal eres meu amigo.
Começou
a comentar com ele, suas possibilidades, gostaria de saber administrar coisas.
Pois de uma certa maneira fiz isso todos esses anos, minha avó exigia que eu
fosse o homem da casa, devia saber administrar o pouco dinheiro que
tínhamos. Nada de gastar dinheiro em
besteira.
Se meu
tio não me compra roupa, eu seguiria usando roupas que Mãe Balbina, arrumava
das suas filhas de santo, para mim.
Sempre
usei roupas dos outros, é a primeira vez que tenho roupas minhas. Preciso arrumar um emprego, para me manter,
não quero viver as custa do meu tio.
Você acha que posso conseguir um emprego de meio dia, para poder
estudar, trabalhar?
Claro
que sim, se queres te consigo na fábrica.
Te arrumo para começares de baixo, mas quero que aprendas tudo, seja bom
observador, para saber administrar.
Seu
tio num momento que foram ao banheiro lhe perguntou o que tanto ele falava com
o Giorgio?
Ele me
perguntou meus planos, lhe contei dos meus medos, de como pode ser meu futuro,
ele me ofereceu um emprego na fábrica dele, para que eu aprendesse, mas posso
estudar ao mesmo tempo.
Esse
Giorgio, vai acabar roubando meu sobrinho.
Chegaram
de manhã a Milan, cada um tinha um carro esperando, menos os três que se
meteram num taxi grande, como viviam basicamente lado a lado. Finalmente entendeu o que seu tio, Giorgio
diziam de lado a lado.
Eram
dois casarões, seu tio tinha no térreo e no primeiro andar a loja, e a
confecção, Giorgio vivia num pequeno casarão quase igual, que tinha herdado de
sua mãe. Lhe tinha explicado que era
filho do primeiro casamento de seu pai.
Que tinha sido criado a vida inteira em escola interna. Não gostava da madrasta. Eles vivem na mansão familiar, mas quem paga
todas as despesas sou eu.
Seu
tio tinha mandando preparar um quarto, quando ele olhou pela janela, Giorgio,
estava do outro lado de um pátio, trocando de roupa, quando o viu nu, ficou
como louco, correu para seu banheiro para se masturbar.
Seu
tio começou a trabalhar imediatamente.
Giorgio saiu com ele, para comprarem o que ele quisesse, foram olhar as
faculdades, lhe comprou um laptop, bem como um celular. Mas não tenho ninguém para chamar.
Tens a
mim, lhe colocou o número do seu celular.
Foi com ele até a fábrica. Ele
chamou um rapaz, mandou que lhe ensinasse a fábrica inteira.
Viu um
grupo desenhando estamparia de tecidos, se interessou imediatamente. Foi seu primeiro trabalho. Era um aprendiz, mas foi assimilando
tudo. De noite ficava escondido atrás da
cortina, esperando a hora que Giorgio tirasse a roupa, ficava muito excitado.
Tinha
vergonha disso, mas não queria contar, o que ele podia pensar dele.
Semanas
depois viu que seu tio entrava com um jovem manequim, acenou a mão para ele,
foi para seu quarto. Mas escutava o
barulho dos dois fazendo sexo. Chamou o
Giorgio nervoso, meu tio está com um jovem no quarto, o ruído deles me deixa
nervoso, posso ir para tua casa.
Claro,
venha para cá, estou sentando escrevendo alguma coisa que me veio à cabeça.
Ele
estava no salão de sua casa, de pijama, achava divertido isso, ele usar pijama,
sentado na frente da lareira, com um laptop nas pernas escrevendo, ia colocar
música, lhe perguntou se tinha escutado alguma vez Milva.
Não
nunca, mas gostaria de conhecer.
Por
causa da Milva descobri outra de minhas paixões, Astor Piazzolla.
A esse
escutei na rádio.
Ficaram
os dois sentados no sofá, ele realmente prestava a atenção, adorou a Balada de
um Louco.
Ele
num momento disse, tenho a sensação de que a estou vendo, tenho certeza de que
representa o que canta, como se diz isso em italiano.
Já sei
uma que deves gostar, esse cantor tem uma voz fantástica, ele canta operas, mas
tem discos de música popular, escute essa, Erwin Schrott, cantando insensatez,
de Jobim.
Ele começou a chorar, ao escutar alguém
cantando em português, se lembrou imediatamente de sua avó.
Não
chore, fico nervoso, o abraçou, está tudo bem garoto. Ele levantou a cabeça, o beijou, para Giorgio
foi uma surpresa, ficou parado, mas sem saber começou a corresponder.
Iam
começar a tirar a roupa, não posso, eres menor de idade, sou muito mais velho
que você.
Sabes
que te vejo nu, teu quarto dá para o meu, já me masturbei pensando em ti. Fico louco quando te vejo.
Queres
dormir aqui, arrumo um quarto para ti, quando olharam para fora, estava
nevando, ficou ali abraçado ao Giorgio, era a primeira vez que via cair a neve.
Temos
que esperar até que faça pelo menos 18 anos Juca, não posso trair a confiança
de teu tio.
A
partir disto, cada vez que seu tio trazia alguém ele se mandava para a casa do
Giorgio, já levava inclusive roupa para o outro dia.
Mostrou
inclusive ao Giorgio suas notas antes que ao seu tio, este estava preocupado
com a coleção que ia lançar. Só pensava
nisso.
Um dia
estava em seu ateliê, ele discutia com um homem, que não entendia o que ele
queria para completar o vestido, ficou observando o mesmo, começou a
desenhar. Apresentou ao tio, o que
queres é isso não?
Como
sabes disso?
Olha
estou prestando atenção, na fábrica agora desenho estampas, entendi que queres
completar o vestido, o homem tinha ali,
uma caixa de ferramentas, começou a montar o desenho que tinha feito, cantando Balada
de um louco, em italiano, o tio ficou olhando para ele, aonde aprendeste cantar
essa música?
Na
casa do Giorgio, cada vez que o senhor traz um homem para dormir, tem muito
escândalo, vou dormir na sua casa.
Como é
isso?
Ele
arrumou um quarto para mim, sei que o senhor e seja com quem estás vão levantar
tarde, levo roupa, de lá vou com ele para a fábrica. Assim de simples.
Não
estas dormindo com ele?
Claro
que não tio, ele diz que é muito velho para mim. Mas o adoro, está me ensinando a viver, esta
semana vai me levar a Opera para que eu saiba como é.
O
senhor está sempre ocupado, ele me ensina a falar direito, nada mais.
Meu
filho, espera um pouco, perdão se te molesto, com o meus namorados, espero
encontra um dia alguém para amar.
Tentarei não fazer barulho.
Ele
seguiu fugindo para a casa do Giorgio, porque sabia que ele dormia tarde, tinha
discutido com ele, porque agora sabia que o olhava trocar de roupa, fechava a
cortina.
Não
podes fazer isso comigo, sei que não queres fazer sexo comigo, mas não consigo
te tirar da minha cabeça. Lhe mostrou
um desenho que tinha feito dele nu.
Ficou
olhando o mesmo, não deixe teu tio ver isso.
Ele já
sabe que estou apaixonado por ti.
Falaste
para ele.
Sim,
disse que vinha dormir em tua casa, mas que não querias fazer sexo comigo,
porque só estou nas vésperas dos dezoito.
Aliás
no dia da Opera, é meu aniversário.
Pediu
para o tio, uma roupa para ir a opera com Giorgio, acho que tenho um smoking
que usei quando fui com meu amor a opera a primeira vez, tive que ficar quieto
pois não gostei.
Giorgio
contou ao Oliva que esse dia era aniversário do sobrinho.
Foram
os dois a Opera, que ele amou de paixão, Giorgio ficou impressionado com sua
concentração, depois quando saíram, seu tio os esperava para irem jantar, mas
quando se juntou todo o grupo ele acabou ficando deslocado. Era muito ruído para sua cabeça.
Giorgio
percebeu, o levou embora, quando chegaram a casa dele, disse já tenho 18 anos,
quero fazer sexo contigo. Viu que ele
ficava sem graça, nem sei como me comportar contigo.
Mas
ele tomou a iniciativa, me masturbei tanto pensando no teu corpo que o quero
ver todo só para mim, tirou toda a roupa
do Giorgio, ficou alisando seu corpo, alucinado, tocava seu amor, Giorgio mal
podia se controlar, mas deixou que ele fizesse tudo que lhe desse prazer, ao mesmo tempo se
sentia como um louco.
Nem
sabia que era capaz de sentir essas coisas, sempre tão fechado em suas músicas,
seus livros, sua linha de pensamento para escrever coisas, não imaginou que
tudo isso era nada, perto do que estava sentindo. Entendeu o que lhe disse a Mãe Balbina, será
um amor para sempre.
Dormiram
agarrados como se fossem uma só pessoa.
Riram muito quando despertaram, com a campainha da porta. Era seu tio, estava furioso.
Ele o
fez sentar-se, lhe deu um copo de água, eu esperei, bem como o Giorgio ter 18
anos, agora sou dele, de ninguém mais, o amo com loucura.
Não
podia dizer nada de um homem mais velho, pois seu grande amor lhe levava mais
de 30 anos. Abaixou a cabeça, me
desatendi de ti, ele ao contrário se tornou teu amigo, cuidou de ti.
Entendo. Perfeito, mas escuta bem
Giorgio, se ver algum dia meu sobrinho chorando por tua causa vou te encher de
porrada.
Nesse
mesmo dia se mudou para a casa dele. Foi
promovido, para a seção que executava os desenhos sobre a tela, em breve tinha
aprendido tudo, na sua cabeça, funcionava de outra maneira, começou fora do
horário a fazer experiencias, viu que num setor, haviam senhoras trabalhando,
bordavam em cima de seda de crepes, de desenhos, preparou uma tela como ele pensava, pediu
para elas bordarem como ele queria, sentou-se com elas, como fazia com sua avó,
nesse dia esqueceu de ir a universidade.
Já tinha acabado o expediente, Giorgio ia para casa quando o viu
concentrado, bem como as mulheres. Disse
é muito tarde, hora de ir descansar. Foi
como quebrar um momento magico. As
mulheres disseram esse garoto nos fez reviver nossa vida de antes. Todas se levantaram, foram beijar sua cabeça,
amanhã continuamos, ele fez uma foto com
o celular, mandou para seu tio.
Nessa
noite, estava com as energias loucas, começou a fazer sexo com Giorgio, desde a
porta de entrada, o arrastou para a cama, o penetrou, depois se fez penetrar,
queria mais.
Giorgio
ria, assim me matas antes do tempo.
Teria agora que se acostumar do tempo que tinha ficado fechado para o
mundo. Tudo deles era num silencio
profundo. Só se escutava o ruído dos beijos, de outras coisas.
Nunca
me cansarei de ti Giorgio. Quando se
acalmou, o que achou do trabalho que fiz com elas. O quero ver amanhã a luz do sol. Como
planejaste isso,
Explicou,
se fazemos esse tipo de estampa, ou desenho em cima da seda, algumas partes
elas podem bordar, como eu disse que queria, encontramos, pedras, canutilhos,
tudo isso, em quantidade, porque ninguém usa mais. Acho que podemos fazer, mostrar para as
grandes casas de moda de Paris, de Milan, o preço claro será exorbitante, pela
mão de obra, mas duvido que alguém se negue a comprar. O que achas.
Me
deixa pensar garoto, vamos dormir, quando ele o abraçou, se virou de costa para
ele, disse baixinho me penetre mais uma vez por favor, fizeram sexo
pausadamente como Giorgio gostava. Ai
final estavam rindo, lhe disse vou dormir no outro quarto, acendeste um fogo
dentro de mim que não se apaga.
Os
amigos reclamavam que não podiam contar com o Giorgio para as festas, pois ele
descobriu que Juca não se divertia, como ele tampouco. Queriam estar sozinhos.
Tinham
arrumado uma saleta, aonde tinha uma lareira, uma mesa de trabalho para ele,
outra para o Juca. Esse ficava com um
pedaço de tecido, aplicando peças de metal, ou mesmo bordando, no outro dia
levava para as senhoras. Eram sempre
muitos oh, as.
Viu um
desenho que tinha feito ele, no princípio, que imaginou o mesmo em cima de um
plissado, perguntou se tinha alguém na fábrica que fazia isso. Foram buscar um velho, este riu, nem sei por
que me mantiveram aqui, estou sempre ajudando os outros, mas plissados, nunca
mais. Explicou o que queria. Uma tela diáfana com a estampa, mandou
imprimir a mesma estampa em uma seda. A
tela diáfana, bem como a seda foram plissadas, depois ele arrumou um manequim,
foi montando um vestido, com os dois tecidos, quando ficou pronto, elas
começaram a bordar tudo com canutilhos, toda a parte em seda. Giorgio quando viu ficou de boca aberta.
Teu
tio vai ficar com ciúmes.
Não
sou como ele, mas quero que veja o que podemos fazer de tecido. Giorgio amou o desenho, fui eu que fiz logo
quando comecei.
Pediu
uma audiência com seu tio, levou todos os tecidos que tinham preparados. Inclusive numa caixa grande o vestido que
tinha feito.
Ele só
dizia quero. Quando viu o vestido,
perguntou ao Giorgio, com quem me traíste para trazer um vestido pronto?
Ele
esticou o dedo, mostrando o Juca.
Tô
fudido, o garoto chega, rouba meu melhor amigo, agora se quero conversar tenho
que ir à casa deles, avisar antes, para não os encontrar nus. Agora isso.
Não
tio, eu me lembrei da avó, uma vez fazendo um vestido assim, só queria que o
senhor como os outros que vamos oferecer os novos tipos de tecidos, o que
podemos fazer.
Só
fazemos uma peça, que sirva para um vestido, assim ele será peça única, claro
existe um, porém. O preço, tinha montado ele mesmo todo o custo do material,
sem interferência do Giorgio que só ria.
Ele podia gastar duas horas calculando um preço para os tecidos, o puto
garoto fazia em segundos, com seu Laptop.
Muito
caro, eu gostaria de ficar com esse daqui.
Era o
que ele tinha feito primeiro. Sabe o que
é esse desenho, folhas da mangueira que tinha na casa da avó, antes do
apertamento. Quando era garoto, adorava
ficar vendo quando chegava a época de elas caírem. Sem querer começou a chorar, abraçou o tio,
sinto tanta falta dela, por isso estou sempre pensando como ela faria.
O tio
foi indicando, esses de aqui, eu mostraria para o Karl da Chanel, ele deve vir
a Milan para trabalhar com a Miuccia Prada, vou falar com ela, assim vem os
dois ver o que tens feito, mas esse é meu,
Como posso pagar Giorgio?
Isso
também é com ele, tem planos, eu só sou o dono da fábrica, bem como o corpo que
ele usa pelas noites como quer. Os dois
homens ficaram rindo, ele ficou furioso, nossas intimidades, são nossas, não
gosto disso, saiu batendo a porta.
Giorgio
para limpar a barra, teve trabalho, dormiu uma semana no outro quarto.
Quando
conseguiu que ele se sentasse, soltou logo de cara, o que é nosso, é só nosso,
falar sobre isso, me parece vulgar, baixaria.
Senti como quando teus amigos falam dos garotos que levam para a cama, o
que fazem ou deixam de fazer. Nem se
atreva a repetir isso, vou embora.
Era a
primeira briga deles. Nessa noite disse
que tinha sentido falta de dormir, juntos, mas me levantava para ver se
estavas, coberto direito, tinhas sempre um sono agitado.
Talvez
porque essa nossa briga me fez lembrar coisas do meu passado, do quanto sofri
por alguém que amei, mas não me permitiram.
Vê mostrou seus braços, viu uma finas cicatrizes, tentei me matar como
um idiota, enquanto o outro, embolsou o dinheiro que meu pai lhe deu para
desaparecer.
Quando
estou nervoso, tenho esse pesadelo, sinto que estou morrendo, que ninguém entra
para me salvar.
Está
bem da próxima vez que briguemos dormimos juntos.
No dia
seguinte no carro, os dois relaxados, ele disse que Karl, ia ver o trabalho
hoje. Estas pronto para enfrentar o Zar
Karl. Ele é osso duro de roer, a última
vez que esteve aqui, não gostou do tecido que tinha encomendado.
Ele
tinha encontrado uma garota na fábrica, que era magra, mas linda de cara. A arrumou com o vestido. Só entre quando eu abrir a porta.
Colocou
o tecido que tinha vendido para o irmão, ali dobrado numa estante, primeiro
mostrou todos os outros, o Karl, só dizia ah, passava o seguinte dizia ah. Foi até a estante, quero este também. Mas viu uma marca de vendido. Quem ousou a comprar antes de mim.
Ele
lhe explicou que era irmão do Oliva.
Esse desenho tem a ver com nossa infância, por isso vendi para ele. Mas explicou o porem. Fantástico, um garoto ditando como devemos
comprar o quanto vamos pagar, que mais vais dizer.
Ah que
voltamos a fabricar tecidos plissados, tanto em seda como transparente, veja
como fica, abriu a porta, fez a garota desfilar para a sala.
O Karl
ria, o filho da puta, ainda é capaz de montar um vestido como ele imagina.
De
aonde vens tudo isso. Bateu com o dedo na sua cabeça, que sopra essas ideias.
Ele
disse que sua avô, que o tinha criado, tinha sido costureira de uma das casas
mais famosas do Brasil de alta costura, tudo aprendi observando, vendo como
trabalhava. Os comentários que fazia
sobre os tecidos, que eram uma merda, que já não se fazia mais tecidos, com
glamour francês.
Karl
ria muito, pois ele se esqueceu, começou a falar em português. Quando viu os preços, disse que tinha que
consultar, telefonou a Miuccia, disse que viesse rápido, se não queria ficar
sem nenhum dos produtos novos da fábrica.
O
levou a parte, lhe perguntou se conversasse com ele, suas ideias, se era capaz
de montar os tecidos em sigilo.
Claro
que sim, por quem me toma por um rufião, se é para trabalhar para ti, faço, mas
com uma condição, que seja citado o nome da fábrica. A cara do Karl era ótima, Giorgio depois
contando se matava de rir. Acho que ele
não sabia se espumava, ou o mandava a puta que o pariu.
De
qualquer maneira levou dois tecidos para Paris, bem como fez com que Miuccia,
comprasse um para o final do seu desfile.
Ela reclamou dos preços. Ele argumentou com ela, se ela ia cobrar por um
trabalho que já estava basicamente feito, só tens que mandar costurar o modelo.
Ele
ganhou o direito, de aumentar a sala das bordadeiras, agora o senhor dos
plissados, sempre lhe trazia uma ideia nova, aumentou o salário delas. Giorgio ria dizendo ao Oliva, um dia já me
avisaram, eu entrarei, só terei que me sentar, assinar minha demissão. Ele faz tudo, calcula o preço, argumenta. Melhorou a qualidade dos tecidos.
Foram
os dois ao Japão, para conhecer de perto as novas tecnologias, alisou tecidos,
sentiu a texturas. Não disse nada, levou
amostras dos mesmos, alguns empresários ofereceram exportar eles venderem.
Quando
chegou, se fechou com todos os técnicos, se não queremos fechar a fábrica,
temos que mudar. Veja quantos pontos tem
esse tecido. Se usássemos dois dos
telares antigos que estão encostados, podemos fazer melhor. Um olhou para o outro como dizendo estas
louco.
No dia
seguinte, ele escolheu jovens que trabalhavam nos teares, os levou para aonde
estavam os velhos, arrumaram essa parte do galpão, tirando todo o lixo que
estava ali, escolheu um tecido fino, quase uma pele.
Temos
que encontrar um fio que seja capaz de suportar o movimento desse teares,
contou para eles o que tinha descoberto, a China, a índia usam hoje os teares como esse que Inglaterra
achou que não valiam mais nada, só eles podem fazer uma série de coisas que os
outros não podem. Vamos nos valer disso, temos teares maravilhosos, quem quer
comprar a briga comigo.
Os
jovens de sua idade, compraram a ideia, uma das senhoras que bordavam, disse
que tinha começado na fábrica, usando um desses, olha aqui, meu nome gravado, o
do meu marido ao lado.
Aonde está
seu marido, na limpeza, vá busca-lo, o apresentou, esse senhor sempre que ele
passava dizia, bom dia jovem mestre.
Eu
disse a ela, que o senhor era inteligente, um mestre.
Mostrou
para ele o tecido, acha que podemos fazer alguma coisa similar.
Esse
tecido é sintético, os fios aguentam bem, mas se usamos um fio de seda pode se
romper, teríamos que fazer uma pequena quantidade. Nada de quilômetros de tela.
Isso,
não quero quilômetros de tela, sim a quantidade que elas bordam.
Começaram
a experimentar, breve tinha um de qualidade superior, não era sintético, coisa
que ganhava dos outros. Criou um
desenho, super ligeiro como se fosse uma renda antiga, que ele tinha visto num
dos livros que Giorgio tinha comprado para ele no Brasil.
Numa
outra parte da fábrica, descobriu linho que estava estocado a muito tempo, o
branco já era amarelo. Chamou um dos
técnicos, lhe disse que pegasse todo esse branco, sabes o que é um Tie Dye.
Como ele não sabia lhe deu dois livros técnicos, mandou que chamasse dois
jovens que trabalhassem com ele, experimentassem fazer, queria que a textura
fosse encorpada, que a tinta não saísse, que experimentassem lavar de todas as
maneiras possíveis.
Uma
semana depois o homem apareceu feliz, esses garotos aprenderam mais rápido do
que eu, pois eles mesmo tem camisetas assim.
Ele tirou um livro de Tie Dye, usado na Índia, mandou olharem,
estudarem, as páginas marcadas, são os desenhos como eu gosto.
O
colorido era super interessante, quando finalmente mostrou para o Giorgio, ele
o beijou na frente de todos. Esse menino
é genial, verdade, todos aplaudiram. A
anos atrás estávamos para fechar, teria que mandar todo mundo para a rua. Não consenti, agora esse rapaz, estava
levantando a fábrica outra vez, daqui a pouco poderemos contratar gente
nova. Sem desmerecer os que já estão
aqui a anos.
Ele
com as mulheres, preparou os tecidos, disse a elas que discutisse, criassem
nomes para os mesmos. Foi a Paris, com
o Giorgio, primeiro visitaram a firma Kenzo.
O que era o desenhador, ficou em dúvida, gostava mais do sintético, por
causa da caída, ele tirou de uma maleta, justamente um modelo quase igual da
coleção anterior dele, olhe a caída nesse teu modelo, mas o tecido é nosso.
Depois
visitou Jean Paul Gaultier, ficou alucinado, com o linho, lhe explicou como
funcionavam, se queres um desenho ou estampa, faço só para ti, mas uma
quantidade de metros pequena, para que possas fazer um coleção.
Comprou
dois que tinha gostado, reclamou do preço, virou-se para o Giorgio, esse menino
deve ser duro na queda, até na cama. Giorgio riu de orelha a orelha, dizendo eu
aguento.
Foi
visitar o Karl, disse que não acreditava que ele fosse se interessar pelos
tecidos, mas trouxe uns tecidos novos, para que veja, posso fazer o que
quiseres em cima. Estampar, bordar.
Ele
ficou olhando aquele tecido, o primeiro que tinham feito. Tenho um vestido de noiva para fazer, fico
com esse, chamou o pessoal para que o conhecessem.
Não
esperavam que fosse tão jovem.
Quando
chegou o final do ano, os valores financeiros da fábrica tinham triplicado.
Giorgio
disse, ganhamos dinheiro, que agora terei que dividir com meus irmãos. Ele riu, sabia da do que tinha falado Mãe Balbina,
sempre se falavam.
Tenho
uma ideia. Quanto me deves esse ano. Fez
as contas.
Vamos
fazer o seguinte, vou contratar um advogado que você nunca saberá quem é, ele irá
ao teu irmão que tenha mais dívidas, comprarei suas ações. Porque se vais dar esse dinheiro todo a ele,
ele vai gastar mais rápido que um peido. Não poderá pedir mais.
Assim
foram fazendo ano atrás ano, chegou um momento que ele era conhecido, mas
quando teve todas as ações de seus irmãos, se transformou em sócio. Agora ele manejava a fábrica, seu tio lhe
dizia, porque não levei você para trabalhar comigo.
Um dia
o apresentou um senhor que o estava ajudando a desenvolver um tipo de tecido,
tinha descoberto que o homem era gay, mas muito discreto. De uma época que em Itália isso era quase um
crime. As vezes faziam uma pausa para
discutirem música, literatura, esse homem controlava a parte nova, velha, dos
teares. Seu tio o conheceu, ficou
interessado, o convidou para sair. Em
breve estava apaixonado pelo homem, Santo Matteus, esse disse que de maneira
nenhuma teria um relacionamento sério com ele, não gostava da vida que levava,
cercado desse pessoal que tinha a vida fácil, que estavam sempre criticando uns
aos outros, ele era sério, não estava disposto a isso. Seu tio mudou completamente, em breve viviam
juntos, ele cortava todos seus excessos.
Ele
ria, tinha criticado tanto o tipo de vida que ele bem como o Giorgio levavam,
fez uma puta gozação, nada como o amor.
Nesse
ano, comprou uma parte das ações do Giorgio, para surpresa dele, fez uma coisa,
passou uma parte das ações, bem como os benefícios, aos funcionários, agora ao
final de cada ano, receberiam uma porcentagem do lucro da empresa.
Uma
das bordadeiras, veio reclamar, pensavam que elas como estavam velhas seriam
excluídas disso.
Quem
disse, tal idiotice?
Era um
dos jovens, que achava que só eles teriam direito. Lhe deu uma bronca, mas antes fez uma coisa,
mandou analisar seu trabalho, bem como seu comportamento. Não encaixava com os outros, lhe pagou o que
devia, comprou o que lhe tocava de ações, o colocou na rua.
Serviria
de exemplo para os outros. Se os velhos
foram quem levantaram comigo a fábrica, como podem pensar nisso. Algumas senhoras que estavam para se
aposentar, ele as convidou para almoçar, perguntou o que a senhoras vão fazer
em casa agora?
Nenhuma
tinha pensado, se quiserem seguir trabalhando, eu as recontrato depois da
aposentadoria. O mesmo fez com o homem
do plissado. Este lhe soltou, vivo com duas irmãs solteironas que vão a missa
todos os dias, dizem que quando me aposente, terei que ir também, eu prefiro
morrer. Ele completou ou seguir
trabalhando.
Tinha
seu pessoal, Giorgio, publicou seu
livro, fez uma coisa que ele mesmo não esperava, quero que fiques como
presidente da companhia, eu passarei no final desse ano, o resto de ações que
tenho, assim me sustentas, serei a puta que te espera em casa.
Ele
fez uma proposta, não quero teu gabinete, se escreves nele, fique aqui, eu sou
feliz sabendo que estas sempre aqui, pois se eu preciso falar contigo, posso
correr te beijar, abraçar.
Giorgio
aceitou, mas financeiramente, se livrava de ficar pensando em dinheiro.
Foram
para Paris, a convite do Karl, queria desenvolver uma coleção toda em cima de
peças únicas, o tecido teria que dar para dois vestidos, o que fosse do
desfile, é o que fizessem para a cliente que o comprasse.
Levou
meio ano trabalhando em cima disso.
Era de
um requinte absoluto, foram assistir ao desfile, Karl, fez questão de o colocar
ao seu lado nas entrevistas, sempre dizia que ele era o rei do tecido.
Dali
ele e Giorgio foram para o Rio, Mãe Balbina, estava mal no hospital. A levaram para a Clínica San Vicente,
cuidaram dela até morrer. Na volta ele
cantou de novo a música abraçado ao Giorgio, ela foi a primeira pessoa a
perceber que eu estava apaixonado por ti.
Ele
foi treinando gente para ocupar postos dos mais velhos, assim a fábrica nunca
pararia.
Os
dois apesar da diferença de idade, continuavam os mesmos na cama, um dia vendo
o Giorgio nu, disse, o que andas fazendo, contínuas com o mesmo corpo de
sempre, eu estou um pouco mais gordo. Ah
já sei, não tenho tempo para te olhar nu pela janela, nem me masturbar.
Sabia
que nunca haveria outro homem em sua vida, os dois esperavam que fosse
autorizado o casamento entre homens na Itália para se casarem. Tinham se casado no Brasil. Reconheceram no governo italiano.
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