lunes, 28 de noviembre de 2022

GOOGLY EYES

 

                                 GOOGLY  EYES

 

Jerry devia ter uns seis ou sete anos quando um dia depois de um pesadelo acordou com os olhos esbugalhados, sua mãe assustada o levou a muitos médicos, nada, dizia que eram normais, que ele via bem, que não necessitava de óculos.

A levou a uma negra benzedeira que vivia nas margens do rio, aonde viviam todos os negros, ela olhou para ele, perguntou o que ele estava vendo em volta dela, ele foi dizendo.  Ela soltou uma gargalhada tremenda, dizendo esse menino vê o que ninguém vê.

Esse é seu futuro, ver as misérias do mundo, achar normal, porque estão na frente dele.

Essa foi uma verdade, que depois ele consideraria como uma maldição, ver tudo que os outros não viam, antecipar o futuro de alguns, ver a miséria de outros.    As vezes o que via era tão forte que fechava os olhos.

Sua mãe ao contrário pensava que essa maldição era o olho gordo de alguém, porque era rica, vinha de uma boa família, que não passava de inveja pura.

Ele passou a ir escondido na casa de negra velha, contar para ela o que ele via.

É meu filho lhe dizia ela, não queria estar na tua pele, eu vejo as coisas me calo, porque sou negra pobre, analfabeta.   Mas a você foi dado o direito de falar de tudo.

Podes olhar um político, ver que está mentindo, poder denunciar o que vê.

Na escola ele podia prever as coisas, quando olhava um grupinho, já sabia que vinham por ele, tinha o dom de poder se esconder, antes que lhe fizesse mal algum.

Nas aulas, antecipava que o professor estava falando, encontrando a solução antes, por isso tinha boas notas.  Durante anos sua mãe preocupada que lhe fizessem bullying ia de carro busca-lo na escola, isso fazia com que todos o chamasse de filhinho da mamãe.

Foi duro convence-la a não fazer mais isso.

Quando foi para a universidade, ela cismou de ir para a mesma cidade, tinha que proteger seu filho.  Seu pai graças a Deus não permitiu.  Disse que nem pensar, que ele era um homem adulto, que o devia deixar ir sozinho pelo mundo.

Mas ela o chamava dia sim, dia não.   Ele foi estudar jornalismo, não sabia se era uma escolha errada ou não, mas aguentou firme, era o que mais discutia com os professores a respeito de ética, outras problemas claves do jornalismo.

Mesmo assim, nunca quis participar do jornal da universidade.  Os colegas insistiam, mas ele dizia que quando tivesse alguma coisa, escreveria a respeito.

Um dia viu uma reunião de professores, discutiam com o reitor, o abuso de uma aluna, queriam tapar o sol com a peneira, falava do professor, que não estava presente.

Foi ao seu gabinete, por um acaso era um professor que ele respeitava.  Falava muito bem, tinha argumentos.

Sentou-se diante dele com uma desculpa qualquer, começaram a conversar, ele olhou para dentro do homem, viu que não tinha nada a esconder, era sim gay, portanto era o que ele escondia.

O homem levou um susto, porque não usa isso em sua defesa, que eres gay.   Este ficou de boca aberta, o senhor é um livro aberto, vai deixar que essa aluna, o coloque a margem da vida.

O homem tinha uma estampa, as garotas se apaixonavam por ele, por ser educado, respeitoso.

Algumas se insinuavam para ele, mas ele se mantinha a margem.

Depois foi falar, ou melhor observar a que lhe denunciava.  Esta estava feliz da vida com a sua vingança, tinha se insinuado para ele, chegou mesmo a invadir o quarto do professor.  Mas com quem tinha feito sexo, era como capitão da equipe de futebol.

Chegou para ela, soltou, se vais levar isso em frente, lembre-se estas gravida, do capitão da equipe de futebol, quando fizerem a prova de ADN, saberão que o professor não é o pai.

O homem que te fudeu, tampouco vai querer casar contigo, porque tem noiva, nunca vai acreditar que é o pai, mesmo com prova de ADN, serás a puta de todos da universidade.

Pediu para se possível reunirem todos na sala outra vez, convidou o professor, este pediu que não falasse de seu problema.  O encarou, professor, não é nenhum crime ser gay, falou de todos os professores do grupo reunido que eram, alguns era casados, se dizem alguma coisa eu abro a boca.

A garota quando o viu na reunião, se levantou assustada, pediu desculpas, mas tinha inventado a história do professor, porque ele não lhe dava a atenção que ela queria, como todas se apaixonavam por ele, por ser educado, respeitar os limites.  Eu perdi minha virgindade atrás do campo de futebol, com esse aí, sinalou o capitão da equipe.   Me disse que ficasse quieta, que acusasse alguém, pois sua família tem um compromisso com outra família muito rica, que me mataria se contasse.

Foi uma confusão de fazer dó.  Nessa noite ele escreveu pela primeira vez para o jornal, que tinham acusado o professor injustamente, que antes de publicarem qualquer merda, primeiro deviam saber qual era a verdade, consultar todas as fontes, aprender a olhar nos olhos das pessoas, se não sabiam fazer isso, seriam uma merda como profissionais.   Exigiu uma desculpa do jornal, porque senão contaria os podres de todo mundo que estava nele.  Inclusive quem consumia drogas, com quem tinham feito sexo.

Dois dias depois a garota que tinha escrito o artigo, pediu desculpas publicamente ao professor, era uma das que ele tinha rejeitado.

Depois veio tirar satisfação com ele. 

Ele riu na cara dela, que ela jamais passaria de uma dessas jornalistas que escrevem coluna de horóscopo da cidade de aonde tinha saído, que sempre seria um fraude.

Ela tentou difama-lo dizendo que fazia sexo com o professor.

Ele respondeu durante uma aula como mesmo na frente. Se levantou, apontou para ela, senhor, me desculpe o que vou fazer, essa senhorita me acusa de defende-lo, porque faço sexo com o senhor.   Se fosse verdade, eu jamais teria vergonha de falar a respeito.  Mas ao contrário, se estamos aqui discutindo ética, ela não tem nenhuma.  Tudo que escreve, copia de outros jornalistas já consagrados, mudando os termos as palavras, na verdade nem sabe o que está escrevendo.   Além claro de não poder confessar que é lesbiana.  Finge estar interessada no senhor, mas faz sexo apontou para uma outra colega, com esta senhorita, que alias se fosse ela eu escolheria melhor. 

O escândalo foi tremendo.  Até o professor colocar ordem na turma foi incrível.  As outras garotas da classe, todas a acusaram de tentar se aproximar delas, nos momentos que estavam na redação do jornal da universidade.  De fomentar suspeitas sobre alguns colegas.

Ela se levantou saiu enxovalhada da classe.

Jurou vingança, mas quando chegou tudo aos ouvidos da sua família, porque na turma tinha um estudante de sua cidade, os pais vieram busca-la, porque na cidade todos falavam dela.

Ele ao contrário, passou a ser o querido de todos, vinham conversar com ele, pois ele era o único ali que nunca tinha participado de nenhuma rodinha, nem comentários sobre os outros.

O professor lhe disse não sei como fazes, mas tens futuro.  Escreveu uma carta a um editor de um jornal de NYC.   Mas acabou a universidade, foi para lá, falou com o pai em particular, pois estava farto das ingerências de sua mãe. 

O pai lhe liberou o fideicomisso que tinha para ele de seu avô.  Não era muito, mas podia alugar um apartamento pequeno na cidade.

Se apresentou ao editor, com a carta do professor.

Esse o mandou, como prova, ler dois artigos, que escrevesse o que via nos mesmo.

Leu profundamente, em sua volta estava toda a confusão de um departamento de jornalismo, telefone tocando sem parar, gente falando alto, gritos de alguém chamando outra pessoa.

Ele deixou de escutar tudo, se concentrou somente nas letras, elas pareciam dançar na frente dele.   Os dois jornalistas, tinham escrito de uma maneira pessoal, um não tinha se aprofundado no assunto, simplesmente escrito o que as pessoas em volta tinham falado, mas não levantou nenhum fundamento, se tudo aquilo era verdade ou não.

O outro, tomou partido, falava da mesma coisa, mas tampouco ia na direção correta.  No fundo falavam de um assassinato, acusando uma pessoa, mas ele tinha lido em outro jornal que tinham entrevistado o inspetor de polícia, este tinha dúvidas a respeito.

Nada era o que parecia.   Entregou um escrito, baseado somente em tudo que tinha lido a respeito.

Perguntou ao editor, ao entregar se podia, tentar entrevistar o acusado, bem como ao inspetor.

O homem leu o que tinha escrito sobre as duas reportagem, ficou olhando na cara dele.

Tudo muito sério sem acusar ninguém verdade.

Mandou uma secretária lhe preparar um crachá, que ele fosse a delegacia, falasse com o inspetor.

Este se sentou com ele, ele mencionou as dúvidas que tinha o mesmo.  De tudo que eu li, tenho a sensação, que esse homem esconde alguma coisa, ou está assumindo a culpa por alguém, ou está sendo chantageado.

O inspetor disse que não o podia colocar diante do prisioneiro, mas podia deixar que ele visse um interrogatório, por detrás do espelho.  Se tiveres alguma sugestão, lhe disse que falasse por um microfone que estava ali, ele escutaria na sua orelha.

Quando o prisioneiro sentou-se olhou em direção ao espelho, ele entrou por seus olhos, olhou tudo que tinha em frente.   Disse ao inspetor, se dirija a ele com esse nome, disse o nome, o homem abriu uma boca imensa.   Foi dizendo ao inspetor tudo que via.  Esse homem tinha mudado de nome, para escapar de uma chantagem, mas alguém tinha descoberto isso, por isso tinham matado a pessoa que ele gostava, mas o acusava de a ter matado, por usar um nome falso.

O homem se desmoronou, contou tudo ao inspetor.  Depois chorava, não se pode esconder-se no meio da multidão, ser mais uma agulha no mundo, nos descobrem sempre.

Confessou que tinha escapado da cidade aonde vivia antes, para não depor contra um homem importante. Que resultou ser solto por falta de provas.

O advogado de acusação o descobriu, estava o chantageando, quando a mulher que morreu, enfrentou o advogado, esse sem querer a matou.   Ela morreu por minha covardia, é natural que eu assuma a culpa.

O inspetor, ficou depois olhando para ele, estás na profissão errada, eres bom no que fazes, devias ir para o FBI ou CIA.

Nem pensar nisso, me usariam, nada disso.  Mas tenha certeza de que quando o senhor tenha alguma dúvida, podemos falar.

O ajudou uma série de vezes.  No jornal, ele escreveu a versão final da história, o que levantou uma série de problemas com os colegas.   Mas tinha aprendido desde criança a ignorar tudo.

Quando o mandaram assistir um debate na ONU, em que falaria um ditador de um dos muitos países da África, escutou toda a verborreia do que o homem dizia, como guiado por um imã o homem olhou na direção, dele, se sentiu incomodo.  Cortou o que estava dizendo.

Ninguém entendeu nada.  

No dia seguinte publicou uma matéria, sobre tudo que ele não tinha falado.

Dois dias depois quando saia do jornal, ele tinha por hábito, talvez como auto defesa, fazer uma coisa que a negra velha o tinha ensinado, encostado na parede de saída, olhou para todos os lados, viu dois homens altos fortes, negros armados, esperando que ele desse mais um passo na calçada, nesse momento se abriu a porta ele voltou a entrar.   Chamou o chefe de segurança, mostrou os homens, avise a polícia.  Eram dois tipos da embaixada do pais em questão, não tinham autorização para usar armas no pais.  Bem como foram liberados e embarcados imediatamente no primeiro avião.

Ele escreveu uma matéria, de um detalhe que tinha visto nos olhos do homem, tinha feito um contato através de um senador, para que um amigo deste explorasse um tipo de mineiro do seu pais, tudo devia ir para uma conta na suíça.

Foi um escândalo em letra maiúscula.

O senador, foi até a edição do jornal, exigindo que ele se retratasse, se sentou comodamente na frente do mesmo, começou a lhe perguntar, como o senhor vai explicar esse dinheiro, disse o valor nas ilhas Caimãs, falou o nome do amigo que ele ia apresentar ao ditador, quem estava no meio da negociação, citando nomes, tudo o mais, o senador, não sabia que estava sendo filmado.  Ficou uma fera, como ele se atrevia a falar dessas coisas secretas, podiam prejudicar o pais.

A contra resposta, foi, ou prejudicar suas negociações em venda de armas para o mesmo ditador.   Pois esse é o trato, o senhor apresenta seu amigo, ele compra armas da empresa que paga pela sua campanha para reeleição.

Ele queria saber quem era sua fonte.   Ele quase disse, os seus olhos.  Mas respondeu firmemente, as minhas fontes são secretas, viu que ele tinha uma amante, soltou muito próxima ao senhor, não devia falar de negócios na frente das putas que Madame fulano, arruma para o senhor.

O homem espumava, foi quando viu a câmera filmando tudo. Avançou para cima dele.

Filho da puta, vou acabar contigo, o mandarei matar.

Depois disso sofreu dois atendados, mas claro com era previdente, nada o atingia.  A um ponto que o FBI passou a segui-lo.

Conversava com o inspetor um dia num café, quando uma carro bomba explodiu justo ao lado, mas ele com seu reflexo, puxou o outro para o chão antes.

Como sabia que ia explodir, teve que confessar que seus olhos o ajudavam, pois conseguia ver movimento melhor que muitas pessoas.

Jefferson ou Jeff, o inspector agradeceu muito o ter salvado, semanas depois teve outro atentado, saia do jornal, nesse dia estava distraído, tinha tido uma proposta do diretor, ao mesmo tempo uma notícia sobre sua mãe.  Teria que ir até para visitar seus pais.

Ia se encontrar com um informante da polícia, para saber sobre um assunto envolvendo a prefeitura da cidade.

Algo o fez parar um segundo, quando viu o que ia acontecer, se jogou por detrás de uma coluna, só teve o tempo de recolher as pernas, a explosão, arrebentou todos os vidros do hall do jornal.   Mesmo assim se levantou, foi ao encontro do informante.  Ao falar com ele, viu que escondia coisas pois estava com medo.

Foi dirigindo as perguntas sutilmente, de tal maneira que o outro acabou contando tudo.

Era como se agora fosse persona no grata na cidade, as pessoas tinham medo de lhe dar entrevista.    Visitou a mãe, que já estava melhor depois de uma operação, ele tinha saído no jornal por causas do atentado.  Depois foi visitar a velha, pela primeira vez notou que ela era cega.  Quando lhe comentou, a resposta o deixou com a boca aberta.

Era cega de nascença explicou, mas conseguia ver através de sua sensibilidade, bem como dos sentimentos, cheiro, tudo que exalava a pessoa que vinha falar com ela.

Lhe disse que devia aceitar a proposta do diretor, mas faça o seguinte.

Mandou que ele visualizasse um mapa de aonde ia, lhe disse todo o roteiro que devia fazer.

Quando propôs ao diretor, mencionando sobre o que poderia escrever, ele adorou a ideia, deu carta branca para ele, mas que tomasse cuidado.

Saiu de NYC, via Paris, aonde assistiu uma reunião dos países membros da Comunidade Europeia, viu que muita coisa não era o que parecia.  Sempre havia interesses por detrás, de quem mantinha mais poder, as influências.  Escreveu um artigo, mandou para NYC.

De lá foi para o Cairo, acompanhou as protestas dos mais jovens, escutou todo mundo, como era moreno, passava bem no meio do pessoal.

Havia muita manipulação, uma coisa que ele não entendia, como os mais jovens se deixavam enganar, por uns poucos. Tinha noção exata que era o que acontecia sempre em âmbito político, os jovens como que tinham necessidade de acreditar em um líder que os levasse por diante.   Mas sempre havia algo por detrás.   Conseguiu entrevistar alguns desses líderes, sua decepção foi imensa, no fundo estavam vendidos a alguma ideia, ou algum partido que precisava que alguém manobrasse por eles.

Foi descendo o Nilo, entrevistando gente do povo, sentido nele ao visitar templos, lugares considerados sagrados, a presença de espíritos, que lhe contavam coisas.

Escreveu um artigo sobre essa sensação.   Numa das cidades, ouviu falar de uma caravana que partia para um oásis, para buscar as melhores datiles do mundo.  Conseguiu se incorporar a caravana, alugando um camelo, se vestindo como os demais.  Quando chegaram ao Oasis, era como estar num mundo a parte, ou dependendo de algum ponto de vista, fora do mundo, ali a vida se regia, fora do relógio, sim pelo sol, quando o dia amanhecia, meio-dia, pôr do sol.

Conversou com os velhos, com os mais jovens pelos seus anseios, a maioria não pensava em deixar a vida que tinha, as crianças, que de uma certa maneira eram ingênuas, como ele pensava, eram crianças.   Um dos velhos, disse que poucos jovens voltavam ao mundo real, com as caravanas, alguns retornavam porque não se encontravam nesse mundo novo.

Voltou o tempo todo meditando sobre isso.  Tinha duvidas de escrever um artigo, que os putos turistas viesse até ali, para o corromper.

Deixou o texto apartado, para quem sabe um dia escrever sobre isso.

Seguiu subindo o Nilo, até chegar a fronteira com o Sudan, conseguiu entrada alegando que ia escrever um artigo sobre as pirâmides do pais.   Mas ao mesmo tempo aproveitava como se vestia igual, ia junto com ele um guia que tinha separado de uns quantos que se apresentaram, quando falou com o homem, conseguiu ver sua alma ferida.    Esse conseguia entrevista com os que governavam o pais, ao mesmo tempo que mostrava sua realidade, a eterna briga entre as duas partes do pais.    As manobras, os enganos, para dizerem que sempre estavam certos, via claramente, os que acompanhavam o mesmos, queria logo depor para alçar-se com o poder.

Essa era a ideia sempre “o poder”.   De lá atravessaram para Etiópia, até a nascente do Nilo, a região norte, do pais que se ia modernizando, graças ao apoio dos Chineses.

Voltou ao Egito, descendo de barco pelo mar roxo, até chegar à altura do Golfo de Agaba, cheia de turistas alemães, o que ele achava interessante, de certa maneira, queriam o sol, pois era inverno na Europa, mas não se interessavam pela cultura, tampouco pela língua, ou história do pais.    Viu que ali, não podia ter o descanso que queria.

Aproveitou só para mandar desde ali, os textos que tinha escrito ao longo do caminho.

Entrou no deserto com seu fiel escudeiro, até o Mosteiro de Santa Catarina, foi bem recebido, ficou dias ali desfrutando da paz.    Teve tempo para meditar sobre sua vida, suas obrigações, conversou muito com o prior, um homem já de muita idade. Olhar para ele, era com ver um oásis dentro de um turbilhão que era o mundo.

Foi ele quem lhe procurou, sentou-se diante dele, falou das visões que ele tinha, que te salvaram até agora, falou inclusive da negra que o tinha orientado pelo mundo.

Os teus poderes ainda não estão totalmente desenvolvido, lhe propôs um lugar para meditar, uma cela, de um ermitão, nos altos do monte de Santa Catarina.  Levou só agua, datiles, viveu ali quase um mês, quando desceu, sua cara estava diferente.

Depois foi descendo por Israel, ao mesmo tempo pela Cisjordânia, ia fazendo um zig-zag, ora numa parte, ora em outra, ia analisando cada lugar, como viviam, as ideias, esperanças.

Foi até Jerusalém, aonde entrevistou, políticos, lideres ultra ortodoxos, com seus disparates todos, alguns estava louco como ele pensava.

Se despediu de sua ajudante, este embarcou para o Cairo, ele para NYC.

Voltar a cidade, ao princípio lhe causou um pouco de confusão, mas esteve fechado em seu apartamento escrevendo, tudo que tinha visto como pensava.

Queria escrever um livro, mas a cidade lhe incomodava.   O jeito foi ir para fora, se encontrou antes com o Inspetor Jeff, que disse que queria ler o livro dele contando suas aventuras, lhe emprestou uma cabana que tinha perto de uma praia.

Lá encontrou a tranquilidade necessária para escrever, o Jeff vinha passar os finais de semana, lia o que ele já tinha escrito.  Conversavam, era talvez a pessoa com quem ele podia se expor sem problemas.

Um dia lhe contou tudo, porque Jeff fez uma pergunta, que ele só podia responder contando tudo.   Era porque ele nunca tinha ninguém, tampouco falava de sexo.

Imagine estar fazendo sexo, ou mesmo antes, saber como é a pessoa, nunca daria certo, sei que tenho uma missão, inclusive me manter casto.

Depois de três livros com sucesso um dia sonhou com a velha, ele tinha ido a pouco tempo ao oculista, pois via crescer em cima de seus olhos, um película branca.  O médico disse que não tinha solução, apesar dos avanços da medicina, no final ele ficaria cego.

Entendeu que tinha chegado ao momento, só avisou ao seu amigo Jeff, que tinha chegado o momento de voltar a sua cidade.

Para seus pais, que já estavam com muita idade, foi um escândalo, que ele fosse morar no barraco da velha, que gradativamente fosse assumindo as funções dela.  Sua mãe, dizia que a maldição tinha sido colocada pela velha.

Ele nunca respondia a isso, tinha tido uma vida como ele tinha imaginado, conhecido o bicho homem para saber como se comportava.

Quando a velha morreu, ninguém sabia na verdade seu nome, para colocar na lápida, mas foi um enterro monstruoso, a quantidade de gente que ela tinha ajudado, a encontrar seu caminho, a curar.

Nos últimos meses ela o tinha ensinado a curar, quais ervas a usar do seu pequeno horto, se orientar entre elas pelo cheiro de cada uma.

Quando seus pais morreram, era um enterro normal, nada a ver com o da velha.

Jeff vinha sempre visita-lo, quando se aposentou, construiu junto ao seu barraco, uma cabana, era o único amigo que tinha.   Podiam passar horas falando, um dia apareceu uma senhora, que vinha de muito longe, trazendo uma garota com o mesmo problema.   Lhe disse que seu marido, não aceitava a filha.  A deixou ali com ele, ajudado pelo Jeff, a foram educando.  Chegou a ser uma grande médica, até o dia que veio substitui-lo.

 

 

 

 

 

 

 

 

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