lunes, 31 de octubre de 2022

REVANCHE

 


 

Tinha um gosto amargo na boca, sempre se dizia que a vingança ou a revanche, era um prato para comer frio, mas a ele, não lhe fazia graça nenhuma, pois sabia que no meio disso tudo, sempre saia alguém perdendo.

Ele na verdade tinha perdido desde o começo, Jean Scalde, ou Jean Boy, já perdia desde o momento que tinha nascido.  Era o segundo filho de sua mãe, o primeiro Trayrone, que todos chamavam Tray, era filho do casamento de sua mãe, com um cabo do exército, morreu em combate, lhe deixando uma pequena pensão, que ela aumentava cozinhando em casa de gente rica.  Era uma cozinheira de mão cheia como se dizia, tinha aprendido primeiro com sua avó, depois tinha trabalhado em muitos restaurantes finos.

Ele ao contrário era filho dela, com um cozinheiro francês, com quem fez um curso, ele só estava de passagem, nunca sequer soube que era pai, tudo que ela sabia dele, era que se chamava Jean.  O patrão a colocou no olho da rua, levou os meninos com ela para viver na casa de sua irmã, que também era viúva.

Tia Mary, era uma mulher daquelas de armas a tomar, cantava no coro da igreja, era batista das ferrenhas.   Na verdade foi ela que o tinha criado, pois sua mãe passava o dia inteiro na casas em que cozinhava.  Só não o fazia aos domingos para poder ir à igreja.

Ele aprendeu a ler, escrever, com sua tia, antes do tempo, ao contrário dos outros garotos, não gostava de estar na frente da televisão, também seria impossível, porque Tray, passava o tempo todo vendo programas de brigas, era louco por tudo que fosse lutas.  Mas estudar não gostava, achava que sabendo lutar, ele chegaria ao topo.

Eram a água e o vinho, um negro totalmente, ele um mulato claro, de olhos azuis, cabelos crespos loiros, a única coisa que o podia identificar como negro era o nariz, que era como de sua mãe.

O irmão, sempre estava disputando com ele a atenção dela, por isso desde pequeno levava surras do irmão.  Mas ao contrário, gostava do irmão.

Quando entrou na escola, era o melhor aluno, principalmente que já sabia ler, escrever, num bairro como esse, eram poucos os alunos que se destacavam.   Portanto sofria bullying, a tordo e a direito.  Mas aprendeu a se defender, usando a inteligência, bem como os punhos.

Sua mãe morreu quando ele tinha uns 12 anos.  Tray nessas alturas, tinha quase 18 anos, resolveu que era ele, quem tinha direito a pensão que recebia sua mãe, conseguiu convencer sua tia que dissesse no banco que sua mãe estava doente, seguiu recebendo a pensão dela, foi viver com uma namorada, muito mais velha que ele, que tinha uma casa pequena.

Ele ficou com a tia, mas o melhor, foi que no dia que foi embora, lhe deu uma porrada tão grande na cara, que quase lhe desloca a mandíbula.     Soltou na sua cara, “vê se me esquece”, eu sou negro, tu branco, não podemos ser irmãos.

Sua tia o consolou, continuou cuidando dele como fosse seu filho.  Na verdade, foi ele quem viu sua mãe morrer.  Durante uma guerra de bandas, com a polícia, era um domingo, tinham voltado da igreja, a mãe estava fazendo o almoço, ele estava sentado na mesa da cozinha estudando.  Dê repente os vidros da janela se estilhaçaram, ela caiu no chão, a tia veio correndo mas não havia nada o que fazer.   Sua tia que era enfermeira, a primeira coisa que fez, foi tomar o pulso, balançou a cabeça, o obrigou a se abaixar, pois o tiroteio continuava firme.

Dois dias depois conseguiram enterra-la.

Ele sentiu muito, pois adorava a mãe, gostava de vê-la cozinhar, a única coisa que lhe sobrou foi justamente seu único tesouro, seu livro de receitas francesas.

Raramente via o irmão, tampouco sua tia sabia dele.

Uma das coisas que sua tia fazia questão, era que ele se levantasse na mesma hora que ela, para tomar um banho antes de ir à escola, o luxo da casa era uma maquina de lavar roupa, ele devia estar sempre com roupa limpa, não tinha muitas, mas estavam sempre limpa.

No dia que recebeu a notícia, que era o único aluno da escola, que por causa de suas notas poderia ter uma bolsa de estudos, foi como um presente de aniversário, tinha acabado de fazer 17 anos.

Voltava da escola, quando viu o irmão debruçado num 4X4, lhe passavam um pacote, ele ficou parado, entendeu rapidamente, o irmão estava traficando com drogas.  Sua mãe odiava isso, os tinha educado, usava uma ladainha para dizer, que nunca chegasse sequer perto das drogas.

Seu irmão estava gordo, ao contrario dele, que tinha 1,80, mas cheio de músculos, pois trabalhava de tarde descarregando caminhões, num armazém ali perto, para guardar dinheiro para ir à universidade.  Ele e sua tia guardavam todo o dinheiro que sobrava, numa caixa, de metal, muito bem escondida, era o grande segredo dos dois.

Foi chamar a atenção do irmão, como ele podia fazer isso, esse estava ainda com o pacote, cheio de outros tantos já distribuídos.

O irmão disse que tinha que sustentar a mulher e o filho.   Nisso apareceu um carro de polícia, ele se distraiu, o irmão, enfiou o que tinha na mão na sua mochila.

Desceram dois policiais do carro, foram diretos até ele, seu irmão se afastou com os braços abertos, com as palmas da mão para cima.

Um dos policiais foi direto a ele, abriu a mochila, perguntou se ele era traficante?

Não senhor, só passava por aqui para ir para casa.

Me explica então isso? Mostrou o que estava na sua mochila.

Ele só soltou um filho da puta, olhando para o irmão.

Simplesmente lhe puseram uma algema, enfiaram no carro, o irmão ficou ali rindo.

Os dois policiais começaram a discutir, um claro era o chefe, disse que ele ficasse calado, que hoje tinham ganho pontos, tinham trincado um distribuidor de drogas.

O outro dizia que tinha visto o gordo colocar o pacote na mochila dele.

Mas o chefe o mandou calar a boca, aqui quem decide tudo sou eu.

Resultado, avisou sua tia, quando o deixaram, o chefe já o tinha enchido de porradas, para confessar, mas ele se negava.

Sua tia escutou sua história foi tomar satisfação com seu irmão, esse mandou um advogado da gang, que lhe disse que assumisse a culpa.  

Se negou redondamente, então lhe tocou um desses de oficio.  Nunca falou com ele, no julgamento, por mais que tivesse conseguido testemunhos de professores, inclusive que tinha ganhado uma bolsa de estudos para à universidade, foi condenado por ser ainda menor de 18 anos, a seis anos de prisão.

No julgamento, só depôs o chefe, dizendo que ele tinha na bolsa uma quantidade suficiente de cocaína para ser condenado.

Tampouco o chamaram para depor.   Estava na verdade apavorado, via seu futuro todo indo para o brejo, por culpa mais uma vez de seu irmão.

Sua tia foi visita-lo, não entendia como seu irmão podia fazer isso com ele.  Fui falar com ele, disse que ele tinha roubado sua mãe, desde que nascera. Que não ia mexer um dedo por esse idiota, afinal, tinha um filho para criar.

Mal entrou no presidio, logo no primeiro dia, abusaram dele, foi direto para a enfermaria.

Sua inocência, era muito grande, não tinha nunca passado esse tipo de apuros.

Um ajudante de enfermeiro, que também era prisioneiro, um senhor de muita idade, que cumpria cadeia perpetua, o ajudou.   Mesmo assim, voltou várias vezes a enfermaria, a última vez, o primeiro que se debruçou sobre ele, lhe disse ao ouvido, seu irmão foi quem mandou fazer isso, agora é o chefe das drogas.

O velho agora dividia cela com ele, era mulçumano, apesar de ser branco, o fez entrar para seu grupo, assim o defendiam.  Talvez ali, o único a falar, ler, escrever em árabe era o velho, lhe contou por que seu pai, segundo ele era árabe negro.  Foi lhe ensinando tudo sobre o corão.

Agora o grupo o defendia, os acompanhava em tudo, uma parte, cuidava da cozinha, dois deles, cozinhavam para o chefe, para os oficiais de mais rango, que comia ali.  Quando um deles morreu num briga, ele assumiu seu lugar, se lembrava das receitas da mãe, de cabeça, começou a fazer essas comidas, que o chefe adora.  Os outros oficiais por isso, passaram a protege-lo.

Quando cumpriu sua pena de seis anos, saiu da prisão, sua tia o esperava, era ela que todos os meses, ia visita-lo.  Mas a essas alturas, ele já tinha perdido o direito a ir a universidade, já seria muito difícil, arrumar um emprego, embora o chefe da prisão, lhe tivesse dado uma carta de recomendação para um amigo seu, que tinha um restaurante.

Se sentia perdido, sua tia, só estava chateada, porque ele tinha se convertido, o primeiro dia livre foi a uma mesquita rezar.  Mas só gostava de ir, quando não tinha ninguém para rezar nada mais.

Tentava não sentir ódio com relação ao irmão.  Se esbarrou um dia ao sair do supermercado, ele com uma mulher diferente, com uma barriga imensa. Riu na cara dele.

Depois de uns quinze dias, passeando pelos lugares que amava antes, se tocou, nada tinha que fazer ali.  Sua tia em breve iria trabalhar numa residência de maiores, lhe disse, tenho várias opções, uma é ir para San Francisco, assim saímos daqui.

Ele aceitou, com a carta do diretor, foi falar com o dono do restaurante. Esse o colocou na cozinha, lhe perguntou se sabia fazer um prato francês.  Disse que sim, na sua cabeça, buscou a receita de sua mãe, a fez como ela fazia, segundo ela para dar mais sabor.

O homem, provou, não o tinha visto fazer, lhe disse acrescentaste mais, foi dizendo todas as espécies a mais que ele tinha colocado, realmente o sabor fica melhor.

O contratou por seis meses.  No final do mês, depositou seu salário, junto com o que tinha dentro da caixa, que eram suas economias, que tinha ficado escondidas, quem sabe um dia, teria dinheiro suficiente para abrir um restaurante.

Saia logo cedo de casa, tomava dois ônibus para chegar ao trabalho, sua tia na verdade, poderia estar vivendo na residência, mas tinham alugado uma casa pequena perto.

Quando lhe fizeram o contrato definitivo, ele basicamente levava a cozinha com o chefe, tinha se adaptado à sua maneira de trabalhar.

Chegava cedo, no dia anterior, tinha deixado a massa de pães, descansando, era o que fazia as seis da manhã, colocar os mesmo para assar.  Brioches, cakes que depois eram servidos com saladas.  Os companheiros tinha ciúmes dele porque era o querido do chefe.

Já estava ali a três anos, quando decidiu finalmente arrumar um quarto perto do restaurante, assim não se cansava tanto. 

Nunca saia para se divertir, os momentos livres que tinha, estudava francês, fazia cursos que lhe recomendava o chefe.

Dois anos depois quando este ficou doente, necessitavam de gente para doar sangue, o seu era um dos poucos compatíveis.  Um dos médicos, mandou fazer um teste de ADN, descobriu que ele era filho do mesmo.

Quando falou com os dois, pois ele ia todos os dias visitar o chefe, ficaram os dois de boca aberta.    Realmente conheci sua mãe, ela era linda, me apaixonei por ela, continuei meus cursos em outras cidade, quando voltei, não descobri nada dela.

O reconheceu como filho, embora tivesse se casado, não tinha filhos, na verdade no momento estava divorciado.

Agora compartiam a cozinha, era pai e filho trabalhando juntos.

Ele mantinha correspondência com o homem que o tinha ensinado a falar árabe, se escrevinham nessa língua, lhe contou que tinha encontrado seu pai, foi através dele que soube que seu irmão estava preso, que agora chefiava dentro da prisão, um dos piores grupos dali.

Mas não vou comentar nada com ele.

Seu pai e ele, procuraram recuperar a falta de vivência que tinham, um dia o convidou para viver com ele.   Muitos pensaram que eram amantes, mas o velho ria dizendo que era seu filho.

Os dois quando estavam juntos, conversavam em francês.

Quando estranhou que ele não tivesse namoradas, ele contou o que tinha acontecido com ele na prisão, a quantidade de abusos, o mal que tinha passado, até o velho enfermeiro lhe ajudar.

Não me sinto a vontade fazendo sexo, quem sabe no futuro, sim.

Quando fez 30 anos, o pai morreu, deixou tudo para ele.  Mas ele achava o restaurante muito grande para levar.  Tinha sonhos por realizar, mais uma vez conversou com sua tia.

Ela lhe deu uma ideia. Que vende-se o local, estava bem situado, colocasse esse dinheiro para render, que fosse para Paris fazer cursos, que voltasse, só quando tivesse vencido por lá.

Foi o que ele fez, nas vésperas de ir embora, foi procurado por uma mulher, com três crianças, era a primeira mulher do seu irmão.  Queria que a ajudasse, pois seu irmão não fazia nada pelos filhos.   A levou para falar com sua tia, que lhe arrumou um emprego na residência, bem como a ajudou com ele, a ter um pequeno apartamento.

Ele foi embora, ficou três anos fora. Tinha trabalhado em vários restaurantes, inclusive tinha uma estrela Michelin como chefe.

Quando sua tia morreu, de um enfarte repentino, voltou para cuidar de suas coisas, a mulher de seu irmão contou que ele tinha saído da prisão, mas tinha mais filhos de outras mulheres.

Ali ela estava bem.  Com o dinheiro que sua tinha deixado de suas economias, fez um fundo para os meninos irem à escola, para terem um futuro.

Recebeu um convite de um homem que tinha conhecido durante um curso em Paris, que tinha um restaurante em NYC, arrumou um apartamento, fazia o mesmo de sempre, chegava cedo, preparava pães, brioches, antes ia ao mercado com um furgão do restaurante, fazia compras, seguia a linha de comida de mercado, a carta era pequena, mas só os melhores pratos era fixos, o resto ele improvisava ao momento.

Os pratos que era aceitos, ele escrevia e fotografava a receita.  Um dos clientes assíduo era um editor de livros, elogiava sempre sua comida.  Uma vez veio para jantar, ficou esperando a pessoa que vinha jantar com ele, que não apareceu.   Quando o restaurante ficou vazio, sentou-se com ele, para tomar um copo de vinho.

George White, lhe perguntou por que não lançava um livro de receitas, ele foi buscar seu caderno, bem como a fotografia das receitas.

Vê seria perfeito, podíamos fazer assim como está, um caderno, com as fotografias, amanhã, vou trazer o rapaz que faz a montagem de livros, para preparar para a edição.  Assim ele dá uma olhada no material.

Depois conversavam sobre as suas vidas.

George lhe perguntou se nunca tinha pensado em fazer uma universidade, foi honesto contou para ele o que lhe tinha acontecido.   Talvez até tenha sido bom, pois descobri minha paixão pela cozinha.

Pelo que ele sabia o irmão estava outra vez na prisão, não era tão inteligente como pensava.

O George, passou a vir várias vezes no final da noite, lhe perguntou se ele não tinha nenhum dia livres.

Ele aos domingos não trabalhava.   O convidou para saírem, foram almoçar em outro lugar, depois saíram andando pelas ruas.  Não tens ninguém, se atreveu a perguntar?

Não, inclusive aquele dia que conversamos pela primeira vez, eu tinha um encontro marcado, mas a pessoa não compareceu, veja eu tenho 45 anos, não gosto de discotecas, de ficar bebendo por beber, gosto de ler, então não encaixo nos padrões de hoje em dia.

E tu?

Lhe contou que apesar dos abusos que tinha sofrido, isso deixou uma amargura em minha vida, fui a muitos psicólogos, mas tenho medo, tentei na época que vivia em Paris, mas não me saio bem na cama, sou como tu, não gosto de nada disse que hoje em dia fazem.

Um dia resolveram experimentar.  George tinha imensa paciência com ele, mas acabaram dando certo.   Quando viu, estavam apaixonados um pelo outro.

O livro fez sucesso, lhe chamaram para fazer um programa de televisão.   Aceitou desde que fosse só um dia da semana.   O vídeo começava com ele no mercado, fazendo compras, mostrando o que comprar, como examinar a mercadoria, coisas que tinha aprendido com seu pai, depois como preparar, como servir, que vinho devia ser servido junto.

O programa fazia sucesso, o queriam contratar, para fazer mais dias da semana, mas ele adorava seu restaurante.

George um dia lhe perguntou se ele, não tinha sentido uma sede de vingança, com relação ao seu irmão?

Olha George se fizesse isso, eu estaria no mesmo barco que ele, caindo.  Minha revanche foi ir em frente, ter o que tenho hoje, ainda ajudo a primeira mulher dele com os garotos, o pequeno é o mais inteligente deles.

Sempre telefonava para saber como iam.  Um dia ela telefonou aos prantos, ele tinha aparecido, tinha levado os dois maiores, que não queriam estudar, para trabalhar com ele.

O pequeno se negou, nunca o tinha visto na vida, pois tinha nascido depois que ele a abandonou.   Disse na cara dela, que o garoto não era dele.

Mas tenho medo.  

Perguntou se ela confiava nele?

Claro você foi a única pessoa que me ajudou, bem como tua tia.

Converse com seu filho, se ele quiser pode vir viver comigo. Lhe darei educação.

Falou com o George, esse sempre quis ser pai.   Mas disse uma coisa.

Como estava só registrado no nome da sua cunhada, que ela o desse em adoção aos dois, assim não teriam problemas.

Tirou uma semana de férias, foram os dois a San Francisco.  Tinha conversado antes com sua cunhada.  O menino era alto, magro, usava uns óculos fundo de garrafa, era estudioso.  O semestre acabava agora, assim era mais fácil.

Ela estava tão apavorada, que concordou, ele quando soube por um dos maiores do fundo que tinhas criado para eles, me obrigou a lhe dar esse dinheiro.  Nesse dia olhou para o outro, soltou, não deves se filho meu, pois é mais claro, como o filho da puta do meu irmão, por isso não te quero, agora resta saber sem dinheiro como iras em frente.

Por isso assinou o documento.   Iremos telefonando toda a semana, para saberes dele.

Inclusive como tinha adotado pelo George, passou a ter o nome dele, Bradford White.

George conseguiu para ele, logo uma escola boa, aonde ele pudesse crescer com boas notas para ir à universidade.  Queria ser médico, no momento que ficou sozinho, ajudava na residência, fazendo curativos, cuidado das pessoas.

Quando anos mais tardes foi para a Universidade, era um dos melhores.

A mãe dele faleceu em estranhas circunstâncias, anos mais tarde saberiam que tinha se negado a dizer aonde estava o outro filho.   Talvez por isso.

Os outros dois mais velhos, mais parecidos com o pai, estavam metidos até as orelhas no que seu irmão fazia.

Eles estavam felizes, Jonny tinha já duas estrelas Michelin, mas não dava muita bola para isso, queria sim manter as coisas como tinha.  O restaurante sempre tinha reservas, por semanas adiantadas.

Seu programa funcionava muito bem, mas os domingos era o dia que os três se sentavam para tomar o café da manhã, colocarem a conversa em dia.

Bradford, um dia quando já fazia práticas em urgências disse que estava apaixonado por uma companheira.    Um sábado a trouxe para jantar no restaurante, depois ficaram sentados conversando.  Ele sem querer olhou o George, já com muitos cabelos brancos nas têmporas, ainda pensou, como tiver sorte de encontrar esse homem. O amava muito.

A garota, era mulata como o Bradford, tinha feito medicina com bolsa de estudos, se queriam era verdade.

Bradford fez especialidade em Paris, num dos hospitais mais famosos, na sua área, ela foi com ele, também para fazerem isso.  Receberam convite para ficar.   Agora eram eles que iam passar as férias lá.

Um dia, recebeu a visita de um dos sobrinhos, queria saber do irmão.

Ele disse que pensava que estava com eles.   Quis saber por quê?

Eu agora tomo conta dos negócios, meu pai precisa de um transplante de medula, pode ser que o senhor ou meu irmão sejam compatíveis.

Ele fez uma coisa que jamais tinha imaginado fazer, fez as provas, era compatível.

Mas no último momento, disse ao irmão, aos sobrinhos, que se negava a ceder sua medula, que o irmão fizesse um exame de consciência por tudo que tinha feito na vida contra ele, que procura-se outra pessoa.

Quando o sobrinho o ameaçou, gravou todas as ameaças, o denunciou, inclusive, o idiota não sabia, falou o que fazia com suas vítimas, como tinha aprendido com o pai.

Claro foi preso, junto com o pai.

George se aposentava, ele também queria outra vida.  Venderam tudo, foram viver em Paris, perto do filho deles, agora fazia papel de babás, dos netos, eram dois, muito inteligentes, já sabiam ler, escrever, porque George adorava ensinar.

Nunca mais voltaram para os Estados Unidos.

 

 

 

 

 

 

 

 

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