lunes, 6 de junio de 2022

DANCE - DANCE

 


 

Acordou com as articulações doendo como sempre, puta que pariu, ficar velho é foda, foi tudo que pensou.

Nesse momento, escutou através da parede a vizinha com a música como sempre altíssima, ia reclamar, mas parou, riu muito, eram os Bee Gees, porra foi aí que comecei, ria muito, a um ponto que seu sobrinho que vivia com ele, abrir a porta para perguntar o que passava.

Fez um sinal para a casa da vizinha, essa puta música, foi quando comecei, nunca imaginei que ia acabar assim, com artrose, dores das articulações, nada disso.

Fechou os olhos, se podia ver numa discoteca, imitando os passos da época.

Seu sobrinho lhe disse, anda que tenho que levar o senhor a fisioterapia, depois ir para a faculdade.

Obedeceu, se enfiou embaixo do chuveiro, com a água bem quente como gostava, deixou que escorressem pelos seus cabelos brancos como a neve, mas seguiu com a música na sua cabeça.

Não podia reclamar, apesar de tudo, tinha tido um vida fantástica, a um ponto de hoje poder desfrutar de uma velhice interessante.

Nunca poderia imaginar, que acabaria assim, sentado num bar, conversando com todos os amigos, ainda vivos, discutindo política, reclamando do preço dos remédios, falando da família, todos tinham família, ele era o único, que só lhe sobrava um sobrinho.

Nunca tinha deixado de trabalhar, nem de dançar essa era a verdade, adorava quando chegava o sábado, colocar suas melhores roupas, sair com o grupo para alguma discoteca.

Os amigos iam para ligar, arrumar namoradas, ele ia para dançar, que era seu sonho desde garoto, conhecia todo mundo da discoteca.

Quando chegava, era o único que não pagava para entrar, o porteiro diziam, estão te esperando para abrir o baile.   Que antigo, chamar de baile, como se fosse uma coisa de debutantes.

Entrava, ia beijando as amigas, apertando a mão dos amigos, tinha para todos os gostos, cores.

Ali se misturavam sem problemas de raça.

Mal o via o disk jóquei, ainda não se dizia DJ, colocava sua música preferida, ele ia para o centro da pista que estava vazia, soltava as frangas como diziam os amigos.   Parecia que como se isso fosse um chamariz, pois em seguida, a pista era invadida.

Quando acabava a noite, sua roupa estava encharcada, tinha sempre um casaco na mão para a saída da madrugada, pois as vezes fazia frio.

No domingo, custava a se levantar, seu apartamento, se devia chamar apertamento, pois era mínimo, nunca convidava nenhum amigo para ir, pois dizia que se soltasse um peido um voava pela janela.

Mas não reclamava da vida, era seu sonho, tinha vindo de uma cidade do interior, para ser alguém ou mais concretamente ser ele mesmo.

No momento, trabalhava numa loja de ferragens, mas já tinha feito muita coisa desde que tinha chegado.

Despertou da divagação, pois seu sobrinho, insistia que o café estava ficando frio.

Se secou, passou o secador de cabelos, pelos seus ralos cabelos brancos, os amarrou num rabo de cavalo.  Quando desceu, ia reclamar do café frio, mas lembrou-se que a culpa era sua, tomou os comprimidos que tinha que tomar, rindo, pois cada vez aumentava mais.

Quem diria pensou, nunca tinha imaginado viver tanto, quando começou a perder a maioria dos amigos, ou seja por terem ido a guerras, ou por Aids, ele pensou, creio que não passarei dos quarenta, mas justamente nessa idade, foi o melhor da sua vida.

Os poucos amigos que sobravam eram gente do bairro. Tinha sempre morado na mesma zona, nunca pode dizer, “eu vivo em Manhattan”, vivia em Brooklyn que já era muito.

Tinha feito de tudo um pouco, isso era uma verdade, sempre que lhe chamava para alguma coisa estava disposto.

Da época de Disco, discotecas, ele começou a fazer aulas de dança depois do trabalho, logo, conseguiu fazendo casting, trabalhar em musicais da Broadway, com relativo sucesso, dançava, cantava bem, tinha um corpo impressionante, cara bonita, então, sempre conseguia alguma coisa.

Mas seguia trabalhando, fazendo cursos, quando fez arte dramático, diziam que devia fazer comedia, pois ele era o tipo de pessoa que tinha um humor negro, falava as coisas sem sorrir, muito sério, alguma pessoa acreditavam nas loucuras que dizia.

Mas mesmo assim, conseguiu papeis pequenos, que fazia muito bem, nunca foi cabeça de nenhum espetáculo, sempre era um dos coadjuvantes.   Tampouco batalhou nunca por um papel principal, os achava um saco.  Para ele não representavam a realidade.

Quando lhe chamaram para fazer uma peça gay, fez o casting, conseguiu o segundo papel, ficaram anos em cartaz, no final se sentia um papagaio, de tanto repetir o mesmo.

A peça foi transformada em filme, ele seguiu com seu papel.

Mas não gostava de cinema, achava chato.

O seu era o palco, seguia fazendo aulas de dança, tinha que estar em forma.

Sua família o ignorava totalmente, nunca mais falaram com ele.  Ele no fundo achava bem, para que ter contato, se o iam criticar na mesma.

Quando viu que não ia mais a frente, um namorado que tinha na época, conseguiu um emprego público para ele.  Para os que lhe criticavam, fez carreira, começou a subir, porque era bom funcionário.   Era dos que chegavam cedo, adiantava o trabalho, para poder atender o que vinha pela frente.  Seus relatórios estava sempre em dia, o chamava de tudo, inclusive filho da puta, mas não se incomodava.  Se tinha que trabalhar, o fazia direito.

Se o chamava para fazer uma peça, dizia logo que só podia ensaiar de noite, pois trabalhava de dia.

Foi assim que comprou essa casa.  Pois não gastava dinheiro demais, estava sim, sempre limpo, roupa limpa, para ele tinha sido mais importante ter uma lavadora e secadora, que comprar uma televisão último modelo.   Hoje diriam que suas roupas eram fundo de armário, pois serviam para qualquer época.

Seu último grande ascenso no trabalho, se transformou em chefe, seus funcionários o chamava de carrasco, pois exigia que se comportassem como ele, se não gostassem que pedissem transferência.   Os que ficaram eram porque levava a sério o trabalho.

Nunca misturou as estações, quando lhe chamaram para fazer um filme, disse honestamente que o que pagavam, era pouco para que ele deixasse seu trabalho, depois agradecia não ter aceitado, o filme era uma merda.

Seguia saindo nas noites de sábado para se divertir, mas claro as músicas não eram mais as mesmas, ia sim se encontrar com os amigos, conversar, beber alguma coisa, paquerar se não tinha ninguém no momento.

Justamente depois do seu aniversário dos quarenta anos, tinha saído para comemorar com os amigos, esses mui sui generis apareceram com um bolo, numa mesa ao lado tinha um homem que o olhava muito, quando viu que era seu aniversário, o convidou para tomar um champagne com ele.

Tinha gostado do tipo, foi dormir essa noite em sua casa.  Pela primeira vez em muito tempo, ficou para dormir, isso ele não fazia nunca.  Mas Rob, ou Robert, lhe disse para ficar, tinha sido bom demais.

No dia seguinte, tomando café falaram deles mesmos.   Este tinha acabado de se divorciar, de um casamento que tinha sido muito infeliz.  Tinha aguentado muito, pois tinha um filho que adorava.    Os dois tinham a mesma idade, com diferença de meses..

Quando viu, estavam vivendo juntos.  Robert também era funcionário público, passaram a levar uma vida realmente interessante, descobriram que tinham muito em comum.

A casa deles era uma casa de homens solteiros, nada demais, era sim muito confortável, adoravam receber os amigos em casa, para largos bate-papos, quando agora encontrava os sobreviventes, como ele dizia, sempre num dado momento falavam da alegria dele.

Quando seu filho veio morar com eles, foi a melhor coisa do mundo, pois era um rapaz carinhoso, o ajudou quando foi a universidade, logo foi trabalhar no outro lado do mundo, pois era engenheiro mecânico.

Quando se casou os dois foram convidados, conseguiram encaixar uma ferias para ir até o Dubai aonde ele trabalhava em poços de petróleo.   Se casou com uma mulher árabe.

Foi uma festa totalmente diferente.

Anos depois voltaria com seu filho, já doente, os dois cuidaram dele, o garoto foi criado pelos dois, era como filho deles. Agora o chamava de tio, como sempre tinha chamado, era quem cuidava dele.

Robert não suportou a ideia de perder o filho, se tornou triste, mesmo com o neto, um dia despertou com ele duro na cama.

Tinha tido um enfarte enquanto dormia, menos mal que conseguiu deixar uma pensão para o neto, bem como um fundo para ir à universidade.

Ele acabou de criar o garoto, se aposentou logo em seguida, mas foi trabalhar num centro de idosos, dando classe de dança, fazendo teatro com eles. Não podia ficar quieto.

O garoto, quando depois da escola o acompanhava em tudo, nas classes de dança se uma senhora não tinha companheiro, ele se oferecia, nos espetáculos também.

No fundo era como seu filho.

Quando se apaixonou na adolescência, correu para lhe contar, queria saber como proceder, o que fazer.

Foram longos papos sobre sexo. Ria depois dizendo, não deu certo, mas aprendi como devia me comportar.

Agora tinha um namorado da Universidade, que nos finais de semana dormia lá.

As vezes saia com eles, mas se dedicava a escutar o que falavam, pois pensava, esse, já encontraram tudo pronto, pois as gerações gays anteriores tinha batalhado por eles.

Agora podiam se casar, adotar crianças, ele se lembrava da dificuldade, graças a Deus Robert tinha deixando tudo arrumando, que se morresse, ele ficava com a guarda do neto, pois ele só tinha 3 anos na época.

Nunca entendeu por que o filho do Rob tinha escolhido para ele o nome que tinha, Boris, dizia que tinha tido quando criança um brinquedo que se chamava Boris.

Boris o fez outra vez voltar a realidade, tinham chegado à clínica aonde fazia fisioterapia, na volta ia sempre de metrô, ou caminhava por algum parque se o tempo estivesse bom.

Continuava usando o mesmo tipo de roupa de sempre, calças jeans, camisetas, uma camisa por cima, tênis, os cabelos com um rabo de cavalo, diziam que não aparentava a idade que tinha, mas ia andando sempre com calma.

Agora usava um celular, para avisar se lhe passava alguma coisa.

Hoje estava nostálgico, sentia sempre falta do Rob, para conversar, eram capazes de ficar horas e horas falando um com o outro, fosse qual fosse o assunto.

Nunca discutiram, era seu amante, amigo, seu companheiro.  Alguns diziam que tinham inveja dos dois, pois levavam mal seus relacionamentos.

Mal entrou, entrou um homem lhe disse bom dia.

Respondeu, mas ficou olhando, tentando descobrir quem era.

Esse ria muito, eu mudei bastante, mas tu continuas igual, mesmo corpo, mesmo jeito de andar, essa cara a reconheceria em qualquer lugar.

Fechou os olhos, voltou ao passado, claro era Jimmy, dos tempos que era jovem, que ia pelas discotecas a dançar.     Soltou Jimmy, verdade, o namorado de Audrey?

Sim, bom podias não me reconhecer, erámos uns garotos naquela época, nos divertíamos muitos aos sábados, verdade?

Incrível, estava pensando nisso agora de manhã, me despertei com a vizinha escutando no último volume, uma música daquela época, fiquei rememorando, que é só o que nos resta hoje em dia.

Pois é, isso, tomar medicinas, ir à reabilitação, tens razão.

Se sentaram lado a lado depois de um forte abraço.

Me conta, aonde anda Audrey, o último que soube de vocês é que tinham se casado.

Maldita hora que fizemos isso, não durou muito, todo aquele arrebato que tinha quando dançava contigo, acabou, se tornou uma amargada, queria seguir algo que não sabia nem o que era.

Tentou Broadway, mas claro, não se preparou como tu.  Me pediu o divórcio, me deixou pendurado com meu garoto, foi para Los Angeles, tentar Hollywood.  Nunca mais soube dela.

A anos atrás Roger meu filho queria saber da mãe, contratei um detective, mas não encontrou nada, não sei se mudou de nome, ou morreu, nada.

Tens um filho então?

Sim, é médico aqui, por isso venho a reabilitação aqui.

Lhe chamavam para ser atendido, virou-se lhe disse, Greg, me espera, para tomar um café, para conversarmos mais.

No mesmo momento lhe chamara, estava na mesma sala de reabilitação.  Quando terminaram, saíram de braços dados, rindo, aonde fomos parar meu amigo.

Nisso se encontraram com seu filho.  Era alto como o pai, lhe apresentou, dizendo lembra-se que eu te falava de um amigo que dançava horrores, que foi ator na Broadway, filmes, tudo isso.

Pois é esse sujeito aqui.

Vamos tomar um café.

Depois que se sentaram, ficaram tentando lembrar-se dos amigos daquela época.

Sabe, Audrey, me dizia que eu no fundo era apaixonado por ti, eu não dançava merda nenhuma, gostara era de ficar com os amigos, bebendo alguma coisa. Mas quando olhava os dois dançando, ficava admirando, realmente tinhas um corpo incrível, tinha de certa maneira inveja, pois eu era muito torpe.

Te admirava, pois sabia que ias longe, quando fazíamos sexo, ela dizia que eu era muito chato na cama, um dia me soltou, imagina que estas fazendo sexo com ele. Quem sabe assim fazes melhor.   Fiquei puto da vida.    Sem querer imaginei isso mesmo, acabei indo ao banheiro me masturbar.

Mas logo em seguida nosso casamento acabou, viste meu filho, quando me contou que era gay, ficou surpreso, porque eu ri.

Lhe expliquei que quando era jovem, o nosso grupo tinha de tudo, erámos pobre, mas felizes.

Nunca tive nenhum preconceito, se lembra de Telma, aquela mulata alta, pois essa acabou como puta, para sustentar seus filhos, esses quando ficaram adultos, a colocaram numa residência de maiores, tinham vergonha da mãe, as vezes vou lá visita-la, rimos muito.  Ela foi uma que me disse que aproveitasse a vida, que não me casasse com Audrey, me soltou na cara, não vai dar certo.

Eram amigas, sabia o que sonhava Audrey, se não tivesse ficado grávida, teria ido atrás de ti.

Sem querer estavam um segurando a mão do outro.

Descobriram que viviam perto um do outro, foram caminhando pelo parque de braços dados, rindo muito, na verdade do grupo, sobravam poucas pessoas.

Lhe contou que quando ganhou dinheiro, comprou a casa que vivia, era o que eu podia pagar, mas foi aonde vivi os melhores anos de minha vida, contou do seu companheiro, do neto que ele acabou de criar, nunca se recuperou da morte do filho que amava.

Depois nunca mais tive ninguém, claro quem ia querer um namorado, que ama os musicais, as músicas antigas, os jovens não me atraem.  Oitenta por cento dos amigos já morreram, então o que nos restas é seguir em frente.

O mesmo me aconteceu, levei em frente a loja do meu pai, mas claro as grandes superfícies, engoliram tudo, mas segui assim mesmo, para pagar a universidade do meu filho.  Acabei vendendo o local, vivíamos em cima, comprei um apartamento, no mesmo quarteirão, ele até hoje vive comigo.    A pouco tempo perdeu seu companheiro que era militar, diz que tampouco quer ninguém com ele, trabalhar no hospital tem isso, tem uns horários horríveis.

Resolveram comer juntos, riram porque frequentavam quase sempre o mesmo lugar.

Depois o levou a sua casa, pois a conversa estava boa, riam muito, deixaram de falar do passado, para falar do presente.

Jimmy, contou que depois de ter se divorciado, tinha tentado outros relacionamentos, nunca deu certo.   Me dei conta inclusive que olhava os rapazes que se pareciam contigo.  Fui te ver várias vezes no teatro, mas achava que não ia querer se lembrar daqueles tempo, tinha outra vida, eu tinha seguido a minha no mesmo lugar.

Deixa disso, eu teria um imenso prazer. Estavam sentados nas poltronas do salão, fazia tempo que não se sentia assim, feliz.

Comentou com Jimmy, esse encontro me fez imensamente feliz, normalmente venho para casa, fico cismando com a vida, me sinto sozinho.

Estavam de mãos dadas. Ficaram se olhando, acabaram se beijando, um beijo a princípio casto.

Depois se mataram de rir.

Quando Boris, entrou, ficou parado na porta, escutando os dois, cantando músicas que gostavam, rindo muito.

Soltou, a quanto tempo não escuto uma risada assim nesta casa, se apresentou, que bem que o faz rir.  Não briga comigo, mas as vezes é difícil, faze-lo se soltar.

Venha, sente-se aqui, o apresentou, um amigo do tempo de minha juventude, aos sábados sempre íamos dançar nas discotecas, economizávamos para isso, roupa nova, sapatos brilhando, para soltar as frangas como diziam alguns amigos.

Na verdade eras o rei, nunca pagavas para entrar, se levantou, o imitando quando entrava, parava na porta, o disk jóquei imediatamente colocava sua música preferida, ele não parava, dançava muito com Audrey, com Telma, alias com ela fazias um par perfeito, tu um branquela, ela negra, era da mesma altura que você, os dois pareciam comer o salão.

Nessas alturas era Boris que se matava de rir, imaginando como era.

O celular do Jimmy tocou, era seu filho que tinha chegado em casa, não tinha encontrado o pai, ele disse aonde estava, venha para cá o papo está ótimo.

Boris, saiu para buscar cerveja para os dois.  Quando voltou deu de cara com o Roger, tinham tido uma noite de sexo a tempos atrás.

Ficaram rindo, quando entraram, os iam apresentar, mas os dois disseram, já nos conhecemos.

Os dois queriam saber de aonde.

Tio o senhor se lembra que falei de um homem que tinha conhecido num café, que era mais velho, muito sério.   Pois é ele.

O mundo é muito pequeno realmente.  Pediram pizza, ficaram conversando, Roger queria saber como Boris ia na universidade.

Tinham tido alguns encontros, mas Boris pensou que não tinham futuro juntos, pois como sempre tinham problema de horários, agora entendo, pois como estou estudando como um louco para conseguir uma bolsa de estudos, para minha pós graduação, fica difícil.

Tens namorado perguntou o Roger?

Sim e não, não nos entendemos, seus sonhos não casam com os meus. Seu pai tem uma clínica, vai trabalhar diretamente lá.   Eu ao contrário, quero trabalhar em Urgências, para aprender tudo que posso, quero ser cirurgião.

Se quiseres consigo que faças práticas, agora nas férias lá no hospital. Não é um grande hospital, mas para começar fazendo práticas vale a pena.

O levou para a saleta aonde estudava, para mostrar o que estava fazendo.

Os dois ficaram rindo, não nos encaixamos, mas olha os dois.

Eu na verdade me sentia atraído por ti Jimmy, mas nessa época não assumia muito que era gay, embora nunca estive no armário, depois era o namorado de uma amiga.

Amanhã se quiseres podemos ir visitar a Telma, ela ida adorar, sempre fala naquela época.

Ainda continua estilosa, nunca foi uma puta dessas de esquina, era senhorita de companhia, pelo seu aspecto.   Fico com pena, pois os filhos nunca vão sequer visita-la.  Os netos ela só vê no Natal.

Claro que irei contigo. Olha essa casa, é imensa, nem usamos todos os quartos.  Durante um tempo ainda tentei alugar os mesmos, mas claro, esse entra e sai de gente não era bom para o garoto.

Me falou do teu filho, creio que ficou apaixonado na época, mas o via tão sério, que achou que não ia dar certo.

Se voltaram para olhar, viram que os dois estavam se beijando.

Depois foram embora, se despediram, Roger combinou os dias que tinha livre para vir buscar o Boris, ou mesmo o ajudar a estudar.

Boris, ria depois, o senhor imagina, estou entrando com as cervejas, vejo o homem por quem fui apaixonado, ele diz que nunca se esqueceu de mim. Que fui um sopro de ar na sua vida.

Nessa noite dormiu feliz, nem sentiu dores.

De manhã, disse ao Boris que ia com o Jimmy visitar uma amiga daquele tempo, que os filhos tinham colocado numa residência, mas não iam visita-la, tinham vergonha dela.

Os dois foram conversando sobre o encontro deles, Jimmy soltou que tinha dormido feliz, pelo encontro.

Quando chegaram Jimmy o fez entrar na frente, Telma, estava tricotando uma blusa, quando levantou a cabeça, soltou uma gargalhada muito peculiar nela.  Seu grande sem vergonha, por aonde andava.

O Jimmy entrou atrás, o encontrei ontem, ficaram os três sentados, falando daquela época, ela soltou foi a melhor época da minha vida, depois me casei, tive essas duas pestes, o filho da puta do meu marido desapareceu, tive que me virar para educar, criar os dois.

A arrastaram para almoçar com eles.

Greg, disse que na casa dele, tinha espaço, que se ela quisesse ir morar lá, ele ficaria feliz.

Vou pensar no teu oferecimento, tenho uma pensão pequena, que me deixou meu último amante.   Ele me ajudou a mandar os meninos para a Universidade, mas ao mesmo tempo os sem vergonha tinham horror a ele.

Bom esse final de semana, passamos todos na minha casa, vou buscar os filmes daquela época, podemos ficar conversando, escutando músicas, nos deliciando com esse tempo.

Dito e feito, inclusive os dois mais jovens se uniram a eles.

De vez em quando ele olhava o Boris sentado no chão, encostado nas pernas do Roger, sorria, tinha até inveja desse romance, via como o outro, passava as mãos pelos seus cabelos.  Tinham os dois adorado as risadas da Telma, suas histórias.   Acabaram todos dormindo lá, os meninos juntos, arrumaram um quarto para a Telma, eles dois foram dormir juntos.   Passaram um bom tempo abraçados, um olhando o outro, já não estamos para aqueles arroubos de jovens, mas passaram bem, fizeram sexo. Nenhum dos dois tinha barriga, na verdade tinham mantido o corpo de quando eram jovens.  Se despertaram abraçados um ao outro.

Tomaram todos juntos café.   Acabou soltando, parecemos uma família, que se junta.

Ficaram as gargalhadas, quando a vizinha como sempre colocou o som altíssimo, com uma música que dançavam.  Escutaram uma batida na porta, foram abrir, os estou escutando rir como loucos desde ontem, agora entendo, as músicas que escuto, é da nossa época, agora pelo menos tinham parceiros para jogar cartas de noite.

Telma foi viver lá com eles, deixou um bilhete na residência, dizendo aonde vivia, para provocar disse que estava vivendo com dois homens maravilhosos.

Quando os filhos apareceram, ficaram horrorizados, dela estar vivendo com dois homens gays, nunca mais apareceram.

Mas o que ele gostava mesmo era de olhar seus meninos, como eles diziam que iam cada vez mais ficando juntos, se completavam.

Anos depois quando o Boris, finalmente acabou o tempo de residência, já era um cirurgião, no hospital, se casaram.   Fizeram uma festa, com os amigos.

Era o máximo ver ele dançando com a Telma.

Naquela casa, aonde o silencio reinava, passou a se escutar muitas risadas, as vezes a jogatina ia até tarde da noite, mas como eles diziam, não precisávamos ter hora para levantar.

Jimmy o cuidava com mimo, dizia sempre ao seu ouvido, Telma tinha razão, devia era ter te atacado naquele tempo. 

Não tem importância, estamos juntos meu querido, somos felizes, pode ser que naquela época não desse certo, éramos jovens.

Quando os meninos adotaram dois irmãos, que foram abandonados no hospital, a felicidade foi total, agora eram avôs.   Estes reclamavam que iam estragar as crianças com tantos mimos.

A resposta era, avôs servem para isso.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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