Acordou com as
articulações doendo como sempre, puta que pariu, ficar velho é foda, foi tudo
que pensou.
Nesse momento,
escutou através da parede a vizinha com a música como sempre altíssima, ia
reclamar, mas parou, riu muito, eram os Bee Gees, porra foi aí que comecei, ria
muito, a um ponto que seu sobrinho que vivia com ele, abrir a porta para
perguntar o que passava.
Fez um sinal para
a casa da vizinha, essa puta música, foi quando comecei, nunca imaginei que ia
acabar assim, com artrose, dores das articulações, nada disso.
Fechou os olhos,
se podia ver numa discoteca, imitando os passos da época.
Seu sobrinho lhe
disse, anda que tenho que levar o senhor a fisioterapia, depois ir para a
faculdade.
Obedeceu, se
enfiou embaixo do chuveiro, com a água bem quente como gostava, deixou que
escorressem pelos seus cabelos brancos como a neve, mas seguiu com a música na
sua cabeça.
Não podia
reclamar, apesar de tudo, tinha tido um vida fantástica, a um ponto de hoje
poder desfrutar de uma velhice interessante.
Nunca poderia
imaginar, que acabaria assim, sentado num bar, conversando com todos os amigos,
ainda vivos, discutindo política, reclamando do preço dos remédios, falando da
família, todos tinham família, ele era o único, que só lhe sobrava um sobrinho.
Nunca tinha
deixado de trabalhar, nem de dançar essa era a verdade, adorava quando chegava
o sábado, colocar suas melhores roupas, sair com o grupo para alguma discoteca.
Os amigos iam para
ligar, arrumar namoradas, ele ia para dançar, que era seu sonho desde garoto,
conhecia todo mundo da discoteca.
Quando chegava,
era o único que não pagava para entrar, o porteiro diziam, estão te esperando
para abrir o baile. Que antigo, chamar de
baile, como se fosse uma coisa de debutantes.
Entrava, ia
beijando as amigas, apertando a mão dos amigos, tinha para todos os gostos,
cores.
Ali se misturavam
sem problemas de raça.
Mal o via o disk
jóquei, ainda não se dizia DJ, colocava sua música preferida, ele ia para o
centro da pista que estava vazia, soltava as frangas como diziam os
amigos. Parecia que como se isso fosse um chamariz,
pois em seguida, a pista era invadida.
Quando acabava a
noite, sua roupa estava encharcada, tinha sempre um casaco na mão para a saída
da madrugada, pois as vezes fazia frio.
No domingo,
custava a se levantar, seu apartamento, se devia chamar apertamento, pois era
mínimo, nunca convidava nenhum amigo para ir, pois dizia que se soltasse um
peido um voava pela janela.
Mas não reclamava
da vida, era seu sonho, tinha vindo de uma cidade do interior, para ser alguém
ou mais concretamente ser ele mesmo.
No momento,
trabalhava numa loja de ferragens, mas já tinha feito muita coisa desde que
tinha chegado.
Despertou da
divagação, pois seu sobrinho, insistia que o café estava ficando frio.
Se secou, passou
o secador de cabelos, pelos seus ralos cabelos brancos, os amarrou num rabo de
cavalo. Quando desceu, ia reclamar do
café frio, mas lembrou-se que a culpa era sua, tomou os comprimidos que tinha
que tomar, rindo, pois cada vez aumentava mais.
Quem diria
pensou, nunca tinha imaginado viver tanto, quando começou a perder a maioria
dos amigos, ou seja por terem ido a guerras, ou por Aids, ele pensou, creio que
não passarei dos quarenta, mas justamente nessa idade, foi o melhor da sua
vida.
Os poucos amigos
que sobravam eram gente do bairro. Tinha sempre morado na mesma zona, nunca
pode dizer, “eu vivo em Manhattan”, vivia em Brooklyn que já era muito.
Tinha feito de
tudo um pouco, isso era uma verdade, sempre que lhe chamava para alguma coisa
estava disposto.
Da época de
Disco, discotecas, ele começou a fazer aulas de dança depois do trabalho, logo,
conseguiu fazendo casting, trabalhar em musicais da Broadway, com relativo sucesso,
dançava, cantava bem, tinha um corpo impressionante, cara bonita, então, sempre
conseguia alguma coisa.
Mas seguia
trabalhando, fazendo cursos, quando fez arte dramático, diziam que devia fazer
comedia, pois ele era o tipo de pessoa que tinha um humor negro, falava as
coisas sem sorrir, muito sério, alguma pessoa acreditavam nas loucuras que
dizia.
Mas mesmo assim,
conseguiu papeis pequenos, que fazia muito bem, nunca foi cabeça de nenhum
espetáculo, sempre era um dos coadjuvantes.
Tampouco batalhou nunca por um papel principal, os achava um saco. Para ele não representavam a realidade.
Quando lhe
chamaram para fazer uma peça gay, fez o casting, conseguiu o segundo papel, ficaram
anos em cartaz, no final se sentia um papagaio, de tanto repetir o mesmo.
A peça foi
transformada em filme, ele seguiu com seu papel.
Mas não gostava
de cinema, achava chato.
O seu era o
palco, seguia fazendo aulas de dança, tinha que estar em forma.
Sua família o
ignorava totalmente, nunca mais falaram com ele. Ele no fundo achava bem, para que ter
contato, se o iam criticar na mesma.
Quando viu que
não ia mais a frente, um namorado que tinha na época, conseguiu um emprego público
para ele. Para os que lhe criticavam,
fez carreira, começou a subir, porque era bom funcionário. Era dos que chegavam cedo, adiantava o
trabalho, para poder atender o que vinha pela frente. Seus relatórios estava sempre em dia, o
chamava de tudo, inclusive filho da puta, mas não se incomodava. Se tinha que trabalhar, o fazia direito.
Se o chamava para
fazer uma peça, dizia logo que só podia ensaiar de noite, pois trabalhava de
dia.
Foi assim que
comprou essa casa. Pois não gastava
dinheiro demais, estava sim, sempre limpo, roupa limpa, para ele tinha sido
mais importante ter uma lavadora e secadora, que comprar uma televisão último
modelo. Hoje diriam que suas roupas
eram fundo de armário, pois serviam para qualquer época.
Seu último grande
ascenso no trabalho, se transformou em chefe, seus funcionários o chamava de
carrasco, pois exigia que se comportassem como ele, se não gostassem que
pedissem transferência. Os que ficaram
eram porque levava a sério o trabalho.
Nunca misturou as
estações, quando lhe chamaram para fazer um filme, disse honestamente que o que
pagavam, era pouco para que ele deixasse seu trabalho, depois agradecia não ter
aceitado, o filme era uma merda.
Seguia saindo nas
noites de sábado para se divertir, mas claro as músicas não eram mais as
mesmas, ia sim se encontrar com os amigos, conversar, beber alguma coisa,
paquerar se não tinha ninguém no momento.
Justamente depois
do seu aniversário dos quarenta anos, tinha saído para comemorar com os amigos,
esses mui sui generis apareceram com um bolo, numa mesa ao lado tinha um homem
que o olhava muito, quando viu que era seu aniversário, o convidou para tomar
um champagne com ele.
Tinha gostado do
tipo, foi dormir essa noite em sua casa.
Pela primeira vez em muito tempo, ficou para dormir, isso ele não fazia
nunca. Mas Rob, ou Robert, lhe disse
para ficar, tinha sido bom demais.
No dia seguinte,
tomando café falaram deles mesmos. Este
tinha acabado de se divorciar, de um casamento que tinha sido muito
infeliz. Tinha aguentado muito, pois
tinha um filho que adorava. Os dois
tinham a mesma idade, com diferença de meses..
Quando viu,
estavam vivendo juntos. Robert também
era funcionário público, passaram a levar uma vida realmente interessante,
descobriram que tinham muito em comum.
A casa deles era
uma casa de homens solteiros, nada demais, era sim muito confortável, adoravam
receber os amigos em casa, para largos bate-papos, quando agora encontrava os
sobreviventes, como ele dizia, sempre num dado momento falavam da alegria dele.
Quando seu filho
veio morar com eles, foi a melhor coisa do mundo, pois era um rapaz carinhoso,
o ajudou quando foi a universidade, logo foi trabalhar no outro lado do mundo,
pois era engenheiro mecânico.
Quando se casou
os dois foram convidados, conseguiram encaixar uma ferias para ir até o Dubai
aonde ele trabalhava em poços de petróleo.
Se casou com uma mulher árabe.
Foi uma festa
totalmente diferente.
Anos depois
voltaria com seu filho, já doente, os dois cuidaram dele, o garoto foi criado
pelos dois, era como filho deles. Agora o chamava de tio, como sempre tinha
chamado, era quem cuidava dele.
Robert não
suportou a ideia de perder o filho, se tornou triste, mesmo com o neto, um dia
despertou com ele duro na cama.
Tinha tido um
enfarte enquanto dormia, menos mal que conseguiu deixar uma pensão para o neto,
bem como um fundo para ir à universidade.
Ele acabou de
criar o garoto, se aposentou logo em seguida, mas foi trabalhar num centro de
idosos, dando classe de dança, fazendo teatro com eles. Não podia ficar quieto.
O garoto, quando
depois da escola o acompanhava em tudo, nas classes de dança se uma senhora não
tinha companheiro, ele se oferecia, nos espetáculos também.
No fundo era como
seu filho.
Quando se
apaixonou na adolescência, correu para lhe contar, queria saber como proceder,
o que fazer.
Foram longos
papos sobre sexo. Ria depois dizendo, não deu certo, mas aprendi como devia me
comportar.
Agora tinha um
namorado da Universidade, que nos finais de semana dormia lá.
As vezes saia com
eles, mas se dedicava a escutar o que falavam, pois pensava, esse, já
encontraram tudo pronto, pois as gerações gays anteriores tinha batalhado por
eles.
Agora podiam se
casar, adotar crianças, ele se lembrava da dificuldade, graças a Deus Robert
tinha deixando tudo arrumando, que se morresse, ele ficava com a guarda do
neto, pois ele só tinha 3 anos na época.
Nunca entendeu por
que o filho do Rob tinha escolhido para ele o nome que tinha, Boris, dizia que
tinha tido quando criança um brinquedo que se chamava Boris.
Boris o fez outra
vez voltar a realidade, tinham chegado à clínica aonde fazia fisioterapia, na
volta ia sempre de metrô, ou caminhava por algum parque se o tempo estivesse bom.
Continuava usando
o mesmo tipo de roupa de sempre, calças jeans, camisetas, uma camisa por cima,
tênis, os cabelos com um rabo de cavalo, diziam que não aparentava a idade que
tinha, mas ia andando sempre com calma.
Agora usava um
celular, para avisar se lhe passava alguma coisa.
Hoje estava
nostálgico, sentia sempre falta do Rob, para conversar, eram capazes de ficar
horas e horas falando um com o outro, fosse qual fosse o assunto.
Nunca discutiram,
era seu amante, amigo, seu companheiro.
Alguns diziam que tinham inveja dos dois, pois levavam mal seus
relacionamentos.
Mal entrou,
entrou um homem lhe disse bom dia.
Respondeu, mas
ficou olhando, tentando descobrir quem era.
Esse ria muito,
eu mudei bastante, mas tu continuas igual, mesmo corpo, mesmo jeito de andar,
essa cara a reconheceria em qualquer lugar.
Fechou os olhos,
voltou ao passado, claro era Jimmy, dos tempos que era jovem, que ia pelas
discotecas a dançar. Soltou Jimmy, verdade, o namorado de Audrey?
Sim, bom podias
não me reconhecer, erámos uns garotos naquela época, nos divertíamos muitos aos
sábados, verdade?
Incrível, estava
pensando nisso agora de manhã, me despertei com a vizinha escutando no último
volume, uma música daquela época, fiquei rememorando, que é só o que nos resta
hoje em dia.
Pois é, isso,
tomar medicinas, ir à reabilitação, tens razão.
Se sentaram lado
a lado depois de um forte abraço.
Me conta, aonde
anda Audrey, o último que soube de vocês é que tinham se casado.
Maldita hora que
fizemos isso, não durou muito, todo aquele arrebato que tinha quando dançava
contigo, acabou, se tornou uma amargada, queria seguir algo que não sabia nem o
que era.
Tentou Broadway,
mas claro, não se preparou como tu. Me
pediu o divórcio, me deixou pendurado com meu garoto, foi para Los Angeles,
tentar Hollywood. Nunca mais soube dela.
A anos atrás
Roger meu filho queria saber da mãe, contratei um detective, mas não encontrou
nada, não sei se mudou de nome, ou morreu, nada.
Tens um filho
então?
Sim, é médico
aqui, por isso venho a reabilitação aqui.
Lhe chamavam para
ser atendido, virou-se lhe disse, Greg, me espera, para tomar um café, para
conversarmos mais.
No mesmo momento
lhe chamara, estava na mesma sala de reabilitação. Quando terminaram, saíram de braços dados,
rindo, aonde fomos parar meu amigo.
Nisso se
encontraram com seu filho. Era alto como
o pai, lhe apresentou, dizendo lembra-se que eu te falava de um amigo que
dançava horrores, que foi ator na Broadway, filmes, tudo isso.
Pois é esse
sujeito aqui.
Vamos tomar um
café.
Depois que se
sentaram, ficaram tentando lembrar-se dos amigos daquela época.
Sabe, Audrey, me
dizia que eu no fundo era apaixonado por ti, eu não dançava merda nenhuma,
gostara era de ficar com os amigos, bebendo alguma coisa. Mas quando olhava os
dois dançando, ficava admirando, realmente tinhas um corpo incrível, tinha de
certa maneira inveja, pois eu era muito torpe.
Te admirava, pois
sabia que ias longe, quando fazíamos sexo, ela dizia que eu era muito chato na
cama, um dia me soltou, imagina que estas fazendo sexo com ele. Quem sabe assim
fazes melhor. Fiquei puto da vida. Sem querer imaginei isso mesmo, acabei indo
ao banheiro me masturbar.
Mas logo em
seguida nosso casamento acabou, viste meu filho, quando me contou que era gay,
ficou surpreso, porque eu ri.
Lhe expliquei que
quando era jovem, o nosso grupo tinha de tudo, erámos pobre, mas felizes.
Nunca tive nenhum
preconceito, se lembra de Telma, aquela mulata alta, pois essa acabou como
puta, para sustentar seus filhos, esses quando ficaram adultos, a colocaram
numa residência de maiores, tinham vergonha da mãe, as vezes vou lá visita-la,
rimos muito. Ela foi uma que me disse
que aproveitasse a vida, que não me casasse com Audrey, me soltou na cara, não
vai dar certo.
Eram amigas,
sabia o que sonhava Audrey, se não tivesse ficado grávida, teria ido atrás de
ti.
Sem querer
estavam um segurando a mão do outro.
Descobriram que
viviam perto um do outro, foram caminhando pelo parque de braços dados, rindo
muito, na verdade do grupo, sobravam poucas pessoas.
Lhe contou que
quando ganhou dinheiro, comprou a casa que vivia, era o que eu podia pagar, mas
foi aonde vivi os melhores anos de minha vida, contou do seu companheiro, do
neto que ele acabou de criar, nunca se recuperou da morte do filho que amava.
Depois nunca mais
tive ninguém, claro quem ia querer um namorado, que ama os musicais, as músicas
antigas, os jovens não me atraem. Oitenta
por cento dos amigos já morreram, então o que nos restas é seguir em frente.
O mesmo me
aconteceu, levei em frente a loja do meu pai, mas claro as grandes superfícies,
engoliram tudo, mas segui assim mesmo, para pagar a universidade do meu
filho. Acabei vendendo o local, vivíamos
em cima, comprei um apartamento, no mesmo quarteirão, ele até hoje vive comigo. A pouco tempo perdeu seu companheiro que
era militar, diz que tampouco quer ninguém com ele, trabalhar no hospital tem
isso, tem uns horários horríveis.
Resolveram comer
juntos, riram porque frequentavam quase sempre o mesmo lugar.
Depois o levou a
sua casa, pois a conversa estava boa, riam muito, deixaram de falar do passado,
para falar do presente.
Jimmy, contou que
depois de ter se divorciado, tinha tentado outros relacionamentos, nunca deu
certo. Me dei conta inclusive que
olhava os rapazes que se pareciam contigo.
Fui te ver várias vezes no teatro, mas achava que não ia querer se
lembrar daqueles tempo, tinha outra vida, eu tinha seguido a minha no mesmo
lugar.
Deixa disso, eu
teria um imenso prazer. Estavam sentados nas poltronas do salão, fazia tempo
que não se sentia assim, feliz.
Comentou com
Jimmy, esse encontro me fez imensamente feliz, normalmente venho para casa,
fico cismando com a vida, me sinto sozinho.
Estavam de mãos
dadas. Ficaram se olhando, acabaram se beijando, um beijo a princípio casto.
Depois se mataram
de rir.
Quando Boris,
entrou, ficou parado na porta, escutando os dois, cantando músicas que
gostavam, rindo muito.
Soltou, a quanto
tempo não escuto uma risada assim nesta casa, se apresentou, que bem que o faz
rir. Não briga comigo, mas as vezes é
difícil, faze-lo se soltar.
Venha, sente-se
aqui, o apresentou, um amigo do tempo de minha juventude, aos sábados sempre
íamos dançar nas discotecas, economizávamos para isso, roupa nova, sapatos
brilhando, para soltar as frangas como diziam alguns amigos.
Na verdade eras o
rei, nunca pagavas para entrar, se levantou, o imitando quando entrava, parava
na porta, o disk jóquei imediatamente colocava sua música preferida, ele não
parava, dançava muito com Audrey, com Telma, alias com ela fazias um par
perfeito, tu um branquela, ela negra, era da mesma altura que você, os dois
pareciam comer o salão.
Nessas alturas
era Boris que se matava de rir, imaginando como era.
O celular do
Jimmy tocou, era seu filho que tinha chegado em casa, não tinha encontrado o
pai, ele disse aonde estava, venha para cá o papo está ótimo.
Boris, saiu para
buscar cerveja para os dois. Quando
voltou deu de cara com o Roger, tinham tido uma noite de sexo a tempos atrás.
Ficaram rindo,
quando entraram, os iam apresentar, mas os dois disseram, já nos conhecemos.
Os dois queriam
saber de aonde.
Tio o senhor se
lembra que falei de um homem que tinha conhecido num café, que era mais velho,
muito sério. Pois é ele.
O mundo é muito
pequeno realmente. Pediram pizza,
ficaram conversando, Roger queria saber como Boris ia na universidade.
Tinham tido
alguns encontros, mas Boris pensou que não tinham futuro juntos, pois como
sempre tinham problema de horários, agora entendo, pois como estou estudando
como um louco para conseguir uma bolsa de estudos, para minha pós graduação,
fica difícil.
Tens namorado
perguntou o Roger?
Sim e não, não
nos entendemos, seus sonhos não casam com os meus. Seu pai tem uma clínica, vai
trabalhar diretamente lá. Eu ao
contrário, quero trabalhar em Urgências, para aprender tudo que posso, quero
ser cirurgião.
Se quiseres
consigo que faças práticas, agora nas férias lá no hospital. Não é um grande
hospital, mas para começar fazendo práticas vale a pena.
O levou para a
saleta aonde estudava, para mostrar o que estava fazendo.
Os dois ficaram
rindo, não nos encaixamos, mas olha os dois.
Eu na verdade me
sentia atraído por ti Jimmy, mas nessa época não assumia muito que era gay,
embora nunca estive no armário, depois era o namorado de uma amiga.
Amanhã se
quiseres podemos ir visitar a Telma, ela ida adorar, sempre fala naquela época.
Ainda continua
estilosa, nunca foi uma puta dessas de esquina, era senhorita de companhia,
pelo seu aspecto. Fico com pena, pois
os filhos nunca vão sequer visita-la. Os
netos ela só vê no Natal.
Claro que irei
contigo. Olha essa casa, é imensa, nem usamos todos os quartos. Durante um tempo ainda tentei alugar os
mesmos, mas claro, esse entra e sai de gente não era bom para o garoto.
Me falou do teu
filho, creio que ficou apaixonado na época, mas o via tão sério, que achou que
não ia dar certo.
Se voltaram para
olhar, viram que os dois estavam se beijando.
Depois foram
embora, se despediram, Roger combinou os dias que tinha livre para vir buscar o
Boris, ou mesmo o ajudar a estudar.
Boris, ria
depois, o senhor imagina, estou entrando com as cervejas, vejo o homem por quem
fui apaixonado, ele diz que nunca se esqueceu de mim. Que fui um sopro de ar na
sua vida.
Nessa noite
dormiu feliz, nem sentiu dores.
De manhã, disse
ao Boris que ia com o Jimmy visitar uma amiga daquele tempo, que os filhos
tinham colocado numa residência, mas não iam visita-la, tinham vergonha dela.
Os dois foram
conversando sobre o encontro deles, Jimmy soltou que tinha dormido feliz, pelo
encontro.
Quando chegaram Jimmy
o fez entrar na frente, Telma, estava tricotando uma blusa, quando levantou a
cabeça, soltou uma gargalhada muito peculiar nela. Seu grande sem vergonha, por aonde andava.
O Jimmy entrou
atrás, o encontrei ontem, ficaram os três sentados, falando daquela época, ela
soltou foi a melhor época da minha vida, depois me casei, tive essas duas
pestes, o filho da puta do meu marido desapareceu, tive que me virar para
educar, criar os dois.
A arrastaram para
almoçar com eles.
Greg, disse que
na casa dele, tinha espaço, que se ela quisesse ir morar lá, ele ficaria feliz.
Vou pensar no teu
oferecimento, tenho uma pensão pequena, que me deixou meu último amante. Ele me
ajudou a mandar os meninos para a Universidade, mas ao mesmo tempo os sem
vergonha tinham horror a ele.
Bom esse final de
semana, passamos todos na minha casa, vou buscar os filmes daquela época,
podemos ficar conversando, escutando músicas, nos deliciando com esse tempo.
Dito e feito,
inclusive os dois mais jovens se uniram a eles.
De vez em quando
ele olhava o Boris sentado no chão, encostado nas pernas do Roger, sorria,
tinha até inveja desse romance, via como o outro, passava as mãos pelos seus
cabelos. Tinham os dois adorado as
risadas da Telma, suas histórias. Acabaram todos dormindo lá, os meninos
juntos, arrumaram um quarto para a Telma, eles dois foram dormir juntos. Passaram um bom tempo abraçados, um olhando o
outro, já não estamos para aqueles arroubos de jovens, mas passaram bem,
fizeram sexo. Nenhum dos dois tinha barriga, na verdade tinham mantido o corpo
de quando eram jovens. Se despertaram
abraçados um ao outro.
Tomaram todos
juntos café. Acabou soltando, parecemos
uma família, que se junta.
Ficaram as
gargalhadas, quando a vizinha como sempre colocou o som altíssimo, com uma música
que dançavam. Escutaram uma batida na
porta, foram abrir, os estou escutando rir como loucos desde ontem, agora
entendo, as músicas que escuto, é da nossa época, agora pelo menos tinham
parceiros para jogar cartas de noite.
Telma foi viver
lá com eles, deixou um bilhete na residência, dizendo aonde vivia, para
provocar disse que estava vivendo com dois homens maravilhosos.
Quando os filhos
apareceram, ficaram horrorizados, dela estar vivendo com dois homens gays, nunca
mais apareceram.
Mas o que ele
gostava mesmo era de olhar seus meninos, como eles diziam que iam cada vez mais
ficando juntos, se completavam.
Anos depois quando
o Boris, finalmente acabou o tempo de residência, já era um cirurgião, no
hospital, se casaram. Fizeram uma
festa, com os amigos.
Era o máximo ver
ele dançando com a Telma.
Naquela casa,
aonde o silencio reinava, passou a se escutar muitas risadas, as vezes a
jogatina ia até tarde da noite, mas como eles diziam, não precisávamos ter hora
para levantar.
Jimmy o cuidava
com mimo, dizia sempre ao seu ouvido, Telma tinha razão, devia era ter te
atacado naquele tempo.
Não tem
importância, estamos juntos meu querido, somos felizes, pode ser que naquela
época não desse certo, éramos jovens.
Quando os meninos
adotaram dois irmãos, que foram abandonados no hospital, a felicidade foi
total, agora eram avôs. Estes
reclamavam que iam estragar as crianças com tantos mimos.
A resposta era,
avôs servem para isso.
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