Esperava o
momento, tinha a sensação de como que estava escondido na casa de seu pai, pelo
menos no papel James Swift, na verdade estava com ele, nas férias quando vinha
visitar sua mãe.
No último ano
mais, porque ela já estava no seu final, tirou mais tempo livre para ir Vancouver
aonde estava internada. Veio a contra gosto para esse hospital, mas no final,
pediu para ficar na minha casa. Eu
tinha feito universidade em Vancouver, como me sai muito bem, logo me
contrataram no escritório de advogados aonde tinha feito as práticas.
Meu pai o James
queria que eu fosse para NYC, trabalhar no dele, mas eu não queria ficar longe
dela. Quando descobriu que tinha
câncer, como já estava muito adiantado, perguntou quais as possibilidades de
cura, com o tratamento. O médico foi
sincero, 20%, imediatamente ela disse que não ia fazer nenhum tratamento.
James veio,
tampouco conseguiu convence-la, voltou para o pequeno povoado que viviam,
seguiu sua vida como se nada estivesse acontecendo. No verão quando foi passar uns dias com ela,
tudo que pediu foi que fossem ao lugar preferido dos dois.
Era ao final da
baia, aonde havia uma pequena praia, ele levou uma cadeira dessas de praia que
encontrou num chines, mantas, comprou coisas para um pick nick, como ela
gostava.
Mal se sentou,
era como se tivesse ensaiado tudo, pediu que ele se sentasse ao seu lado.
Começou a contar
sua história, a partir de um certo ponto era a história dos dois.
Contou que na
verdade Swift não era seu sobrenome verdadeiro, tinha abdicado do outro, porque
era mau para ela, sei que sabes que não sou tua mãe verdadeira, me perguntaste
quanto tinhas 10 anos, na verdade sou tua irmã mais velha, quando você nasceu
eu tinha 24 anos. Eres só filho do meu
pai.
Quando voltei da
universidade, eu na verdade estudei fora, em Londres, minha mãe não me queria
por perto, para me proteger de meu pai.
Descobriu quando
eu era adolescente que ele estava tentando alguma coisa comigo, quando reclamei
ela me mandou estudar interna em Londres.
Escutei uma
discussão dos dois, a coisa desta vez parecia feia, ele tinha abusado de tua
mãe verdadeira, mas tinha se apaixonado por ela, queria o divorcio para se
casar. Ela não podia permitir por isso,
pois finalmente sua carreira política estava despegando. Tinha sido fiscal muitos anos, agora estava
no novo governo da cidade. Era
secretária de Justiça.
O ameaçou, dois
dias depois ele ficou doente, teve um enfarte, ficou na cama.
A escutei falando
por telefone com um homem que a acompanha até hoje, é um ex-policial, um tipo
faz tudo, mandava encontrar uma maneira de colocar tua mãe na cadeia, que desse
um fim em ti, tinhas nascido por esses dias.
Nesse dia, vi que minha vida, ia ser uma merda junto com ela. Em seguida vi aonde guardava seus documentos
particulares. Quando saiu, fui dar uma
olhada em tudo. Consegui abrir o cofre,
aonde vi muito dinheiro.
Não podia deixar
que te matasse, eras meu irmão, não tinhas culpa nenhuma na história.
Passei a andar
com uma pequena gravadora, a cada momento que a via falar alguma coisa comprometedora,
eu gravava a conversa. Conseguiram
prender tua mãe, gravei a conversa dela com meu pai. Dizia que por culpa dele, ela tinha que
tomar medidas que afetavam a outras pessoas, ria na cara dele, ele não podia se
mexer na cama. Pediu agua com a boca
torta, ela deixava a água cair em cima dele, de propósito.
Mais tarde a
escutei falando com o seu cumplice, que tinham agora que se desfazer de ti, bem
como de tua avó.
Eu já sabia o
endereço, nem pensei muito, mal ela saiu, ia para uma viagem, entrei no seu
escritório roubei todos os seus documentos, gravações. Em seguida tirei o carro, fui até a casa da
tua avó. Vi que a estavam vigiando,
mas enfrentei tudo assim mesmo, entrei num beco que havia ao lado da casa,
entrei por detrás, contei tudo a ela, tinham prendido tua mãe com uma
quantidade imensa de cocaína, a julgaram como se fosse uma adulta. Tua avó era uma mulher experta, quando contei
que pretendiam matar os dois, ela estava arrumando uma mala para irem embora
dali. Lhe mostrei através da cortina
que não tinha tempo para isso, que sendo tu meu irmão eu cuidaria de ti como se
fosse meu filho.
Ela saiu arrumou
o carro como se fosse levar uma criança, saiu com um boneco que tinham de dado
de presente, como se fosse tu. Me disse
para sair por aonde tinha entrado, te beijou.
Eu saí dali, fui
direto atrás do meu amigo de infância James, lhe disse que pensava fazer, tinha
que fugir, contigo, minha mãe nunca ia aceitar a ti. Fiquei uns dias escondida na sua casa, quando
soube que tinham matado tua avó. O filho da puta deve ter ficado com a pulga
atrás da orelha, pois a tinha visto sair contigo.
Me casei com o
James, sabes bem que ele é gay, para poder tirar papeis novos, ter um documento
para ti. Fui para o mais longe que
consegui. Eu tinha acabado de receber o fideicomisso
de meus avôs paternos, por isso tinha dinheiro retirei tudo.
Viemos parar
aqui, comecei vida nova, o único que sabia aonde estávamos era o James, mas
sempre tomou muito cuidado. Para todos
os efeitos, minha mãe, como nunca se interessou o que eu fazia, não sabia de
sua existência.
Te quis sempre
como o filho que nunca tive, te amei, cuidei.
Mas nunca tive coragem de me enfrentar a ela, se tornou poderosa, chegou
aonde queria, a ser secretária do governo, mandar em todo mundo, os que eram
seus inimigos se lascaram com ela.
Essas conversas
que tenho com o James é sobre isso, agora ela é candidata a governadora de
NY. Tem uma fortuna imensa, nunca falou da minha
desaparição.
Através do James,
procurei livrar tua mãe, mas a coisa ficou feia, nesse meio tempo, imagina uma
garota sem vivencia nenhuma no meio de ladronas, assassinas. Não durou muito tempo, a mataram no
presídio. Creio que a única coisa boa
é que te salvei.
Sempre quis
ajustar contas com ela, por tudo que fez, mas claro tinha tu como a parte mais
frágil, agora eres um homem, um advogado, tens nacionalidade americana e
canadense.
Eu fiz cópia de
tudo, tenho depositado em bancos de Vancouver, de San Francisco, bem como o
James o tem numa caixa forte em NYC.
Agora tudo será como queiras.
Passei os últimos
meses cuidando dela, podia ser minha irmã, mas a queria como minha mãe, sua
última vontade, era ser cremada enterrada ali aonde fazíamos pick nick desde
que eu me lembre.
James veio, riu
muito porque talvez foi a primeira vez que o chamei de pai.
Disse que eu era
o filho que ele gostaria de ter tido.
Tens direito a
herança de tua mãe e de teu pai verdadeiro.
Mas o ajuste de contas, nem era pelo dinheiro, mais pelo que tinha feito
com minha verdadeira mãe, bem como minha avó.
Como estava no
meio de uma campanha, fui para NYC, James me esperava no aeroporto, fomos para
seu novo apartamento, me disse que até se aposentar, ter vendido sua parte na
empresa, tinha vivido sempre num pequeno apartamento. Esse não era grande, mas confortável.
Ali montamos
tudo, retiramos o originais da caixa forte aonde estava, fizemos cópias, ele
trouxe um amigo tabelião, que reconheceu cada documento como sendo válido. Escolhemos os meios que a atacavam, pois
sempre tinha muitos inimigos pela sua prepotência. Radio, televisão, dois jornais, mandamos para
um juiz federal que não sabíamos por que a odiava.
No dia seguinte,
tudo ia ser publicado, telefonei para sua casa, me identifiquei como seu neto,
filho de sua filha desaparecida. Me
atendeu grosseiramente, que não tinha filha, nem netos.
Lhe expliquei que
sua filha tinha morrido, que queria lhe entregar uma caixa que lhe tinha
deixado, eram suas últimas vontades.
Nem se atreva
aparecer aqui, foram suas palavras. Eu
lhe soltei, que estava gravando tudo isso que dizia, mas que ia entrar com um
processo para pedir a parte de minha mãe, bem como a minha filho de quem era,
seu finado marido.
Ficou uma fera.
Quando cheguei a
entrada do edifício, James tinha chamado a televisão, vários canais, nisso
apareceu o homem que tinha feito tudo para ela, quis arrancar a caixa que eu
tinha nas mãos na frente de todos, lhe disse que não era o boneco que ele tinha
matado, ficou me olhando espantado.
Nisso James se
apresentou como meu advogado. Chegou também a polícia, que nós levou, quando
iam iniciar meu interrogatório, chegou o FBI, que queria minha custódia.
James se negou,
entregou a cada um copia de tudo que estava na caixa, quando souberam que seria
publicado, o tele jornal já estava divulgando tudo, os jornais correram publicaram
nos seus sites, tudo que estava na caixa.
Mostrando
inclusive por ordem do Juiz Federal a prisão dela, bem como de seu ajudante.
O caso levou
meses, mas finalmente foi a julgamento, o fiscal, não teve do nem piedade,
tornou a divulgar não só meus documentos, bem como muitos outros que
conseguiram descobrir.
Ela foi condenada
a cadeia por 20 anos, bem como seu ajudante a cadeia perpétua, ainda tentou
negar tudo, mas era tudo desmentido.
Uma empregada da casa, que ainda era viva, contou como ela tinha
envenenado o marido, que não queria um lastre em sua vida.
Ela acabou
soltando que ele era um lastre, pois era um pédofilo, ainda comentou, que nunca
tinha visto um pédofilo se apaixonar pela vítima, no caso minha mãe. Quando tentou jogar tudo em cima de seu
ajudante, este tinha gravações das ordens dela de se livrar das pessoas, seja
matando, ou através de chantagem.
Foi um escândalo
impressionante.
A fortuna de meu
pai, na verdade não era grande, mas fiz uma coisa, não a queria, conversei com
James, doamos tudo a uma entidade que cuidava de jovens que tinham sofrido
abusos.
Tínhamos falado
da possibilidade de passar um tempo fora, mas alguma coisa me picava, para
resolver coisas pendentes, voltei a Vancouver, coloquei a casa de minha mãe a
venda, não pensava em voltar a viver lá.
Muitas coisas
tinham ficado na minha cabeça. Uma era o
fato do seu ajudante ter ficado surpreso com o fato de dizerem que no carro com
a minha avó, o que havia era um boneco.
Havia uma negação
em seus olhos. Depois no julgamento
dela, a senhora que trabalhava na casa, me disse que sua irmã tinha cuidado de
mim. Mas imediatamente viu que tinha
soltado alguma coisa que não devia.
Resolvi checar
essas histórias, sem deixar que James interferisse, tinha sentido que todo esse
tempo era como se tivesse me protegendo, ao mesmo tempo, como me querendo
controlar.
Não gostava muito
disso, sempre tinha tido uma cabeça privilegiada. Deixei passar, por ser tratar de um momento
muito confuso.
Quando estive no
escritório que trabalhava, para pedir as contas, me disseram que lá o escândalo
tinha chegado já muito diluído, que ninguém pensava que se referiam a mim no
caso.
Que as portas
estavam abertas para mim.
Cheguei a NYC,
sem avisar, me hospedei num hotel, tinha o contato da senhora, o número do
telefone, consegui o endereço, a queria pegar de surpresa, sem que ela pudesse
comentar com o James.
Quando cheguei a
sua casa no Bronx, ficou sem graça, me convidou a entrar, da cozinha saiu uma
senhora muito parecida com ela, foi direta a mim, me abraçou, me beijou, o meu
menino cresceu, ficou bonito.
A outra lhe fazia
sinais, que vi por um espelho.
Me sentei de
frente para as duas, disse que queria saber a história toda.
Acabou contando,
que eu era realmente filho da minha mãe, que tinha sido abusada pelo pai, que
sua avó a tinha mandado para casa dos avôs paternos, para que tivesse o filho,
mas que ficasse por la.
Cuidei de ti, até
os três, anos, quando voltamos para cá, ficamos na casa do senhor James,
enquanto tua mãe, voltou para a casa de tua avó, dizendo que tinha, te dado em
adoção.
Depois quando se
casaram, só no civil, fizeram uma nova documentação para ti.
Agora entendia
muitas coisas, na verdade era minha mãe, mas devia ter vergonha de que seu pai
tinha abusado dela.
Consegui uma
ordem para entrevistar o ajudante de minha avô.
Quando consegui a
entrevista, fui a penitenciaria aonde cumpriria a condena, o que encontrei foi
um farrapo de homem. Me olhou sorriu, me
disse, eres igual a ela.
Todo o tempo
falava comigo me chamando de meu filho.
Quando toquei no assunto do bebê, sorriu, pelo menos não falaram muito
no assunto.
Existia realmente
um bebê no carro, não era um boneco, mas uma criança, a retirei, mas tinha um
traumatismo na cabeça, não sobreviveu.
Lhe contei da
história que sabia.
Nada disso, ela
quando me mandou fazer o serviço, era porque já tinha tua mãe para dividir a
fortuna, não queria mais ninguém.
Lhe comentei que
pensava que minha mãe tinha vergonha do abuso de seu pai.
Concordo contigo
do abuso, mas ele não era seu pai, ela era minha filha, quando a tua avó se
casou, estava gravida de mim.
É uma larga
história, eu a conheço desde garoto, éramos vizinhos, sua família era imensa,
uma família disfuncional, cheia de problemas.
Os dois lutamos para sair dali, pois era um bairro marginal, viemos para
NYC, quando tivemos idade, conseguimos um emprego cada um, logo consegui entrar
para a polícia, vivíamos os dois juntos, batalhamos, ela entrou para a
universidade com uma bolsa de estudos.
Essa história que ela sempre contou que vinha de uma família
tradicional, é pura mentira.
Sempre fui
cegamente apaixonado por ela, por isso fiz sempre tudo que me pedia. Éramos
amantes, quando conheceu seu pai, no escritório que trabalhava, ele ficou
apaixonado, pois tinha cara de garota, acabou se casando com ela, mas já estava
grávida. Quando tua mãe nasceu,
descobriu ao mesmo tempo, que ele abusava de jovens adolescentes.
Quando ele abusou
da minha filha, ela me ordenou ficar quieto, eu o queria matar, isso faremos
com o tempo, me disse ela.
Tua mãe, foi para
fora, quando voltou disse que tinhas sido adotado, fiquei furioso, mas já era
tarde demais para emendar esse erro. Por
algum motivo que nunca soube, ela tinha horror a minha presença. Pois basicamente vivia na casa.
Segui sendo
amante de tua avó todos esses anos, fazendo tudo que ela dizia, sem reclamar,
fiz muitas coisas erradas não nego, mas por ela inclusive morreria.
Até que me traiu,
entendi então, como agora, que me enganei a vida inteira por ela, pensei que
quando seu marido morreu, que se casaria finalmente por mim, mas estava já
trabalhando para o governo, tinha um cargo excelente, me disse que era mais
cômodo seguir como estávamos.
Eu sempre soube
aonde vocês estavam, mas nunca disse a ela, queria proteger minha filha, meu
neto. Ela quando escutou você falando,
ficou uma fera comigo, claro descobriu que eu também tinha segredos.
Agora nada mais
normal que pague pelos meus crimes, me passou um papel, quando olhei era uma
autorização, para retirar dinheiro do banco, bem como abrir uma caixa secreta
que ele tinha num dos bancos. Se ela
tentar alguma coisa contigo, tens aí, coisas que nunca foram ventiladas, o que
ela fez para subir na vida, até chegar à candidata a governadora.
Pode usar o que
queiras, porque eu sei que nunca sairei daqui.
Eres meu neto,
não do que abusou da tua mãe, mas ficarei quieto como sempre, mas estás
autorizado, a usar tudo que tens na caixa.
Me estendeu a
mão, espero que me perdoe, porque eu mesmo não posso perdoar tudo que fiz, os
fantasmas, me acompanharam até o final dos meus dias.
Voltei umas duas
vezes mais para vê-lo, queria saber de toda história, os documentos eram
terríveis, havia muito dinheiro nessa caixa, bem como depositado no banco.
Queria saber de
aonde era esse dinheiro, antes de pensar em usar.
Foi honesto
comigo, pois na segunda visita o abracei, errado ou não era meu avô, tinha nos
protegido dela.
Me disse que o
dinheiro era honesto, eu nunca gastava meu salário de polícia, vivia na casa
dela, depois quando fomos para Washington, ganhei muito mais de dinheiro, pois
tinha um salário altíssimo, como assessor de segurança, nunca toquei nesse
dinheiro, pensando numa emergência de tua mãe, ou mesmo para ti.
Falei dos
documentos, alguns eram terríveis, pois delatavam as manobras dela, para
afastar alguém de algum cargo, como fazia chantagem para levar vantagem em
tudo.
Use, pois se vou
passar o resto da minha vida aqui, ou me matam antes, nunca se sabe, ela também
deveria, pois era a mandante disso tudo.
Quando fui falar
com ela, foi mais difícil conseguir uma entrevista, me olhou com desprezo,
disse que sempre tinha pensado que tinha sido dado em adoção, uma a menos para limpar
do meu passado.
Era uma mulher
fria, me olhava com desprezo.
Quando disse que
sabia de quem minha mãe era filha, riu, devia ter abortado, mas precisava dela
para segurar meu casamento, o mesmo quando ele abusou dela, queria o divórcio,
pois tinha descoberto o meu amante, mas isso serviu para manter a fachada do
meu casamento perfeito.
Era uma mulher
desprezível, quando lhe comentei da pessoas que tinha prejudicado, riu, eles
estavam no meu caminho, eu tinha um objetivo.
No diário que
existia na caixa de segurança de meu avô, ele contava como ela tinha ordenado
fazer desaparecer toda sua família, na cidadezinha que tinham vivido, todos
morreram num incêndio durante o inverno, a culpa foi de um calefator. Eu fiz o serviço muito bem, dizia ao final da
pagina que contava esse trabalho.
Todo esse tempo
não fiz contato com o James, que me chamava a cada dois dias, mas não lhe disse
que estava na cidade.
Um dia me chamou
o encarregado da prisão. Disse que meu
avô tinha sido assassinado, que alguém de fora tinha dado essa ordem, era como
apagar um cabo solto.
Me contou como
tinha acontecido, iam vários detentos tomar banho, ele saia dos chuveiros, o
cercaram, é um lugar que não tem câmera de vídeo, o esfaquearam com, o médico
legista, disse que foi apunhalado pelo menos, 30 vezes.
Soubemos que tua
avô, fez contato com alguém daqui.
Sem querer tinha provocado
a morte dele, a única pessoa que interessava em apagar um cabo solto era ela.
Não sabia da
caixa de documentos, nem do diário. Sem
o James saber, contratei um advogado, com o dinheiro que meu avô tinha me dado,
apresentei os documentos todos ao juiz, ela foi levada outra vez a julgamento,
não pelos problemas ou crimes de antes, mas pelos novos que não tinham
aparecido no processo posterior.
James finalmente
veio falar comigo, agora sabia que tinha conhecimento da história inteira, ele
não sabia que minha mãe, era filha na realidade do suposto assessor da velha.
Ela foi condenada
a mais trinta anos de prisão. Segundo o
pessoal do presidio, era uma presa conflitiva.
Pensava comigo
mesmo, que os ajustes de contas, acabam assim, vais juntando cabos soltos que
nunca tinhas imaginado existir, acabava descobrindo que te superam.
Era o que
acontecia comigo, estava indo a um psicólogo, para entender toda essa trama
louca em que tinha vivido. Sentia falta
da época tranquila que tinha vivido no Canadá.
James, tinha
ficado furioso comigo, por não ter confiado nele. Mas nesse momento não podia entender por que
ela tinha me mentindo.
Imaginava que não devia ser fácil, sentir-se usada pelo homem que
acreditava ser seu pai, ela nunca tinha descoberto que seu pai verdadeiro era
outro. No diário deste, aludia as vezes
que tinha ido nos observar, a vontade que tinha de falar com ela, comigo. Mas sabia que no momento que fizesse isso,
podia ser pior.
Afinal me dava
pena, tinha sido um homem que amava a pessoa errada, que tinha se submetido a
isso.
Quando James
tocou no assunto da viagem, pedi desculpas, mas tinha outros planos.
Na surdina, me
mudei para San Francisco, precisava de mudar de cidade, de conhecidos, dos mais
próximos como ele, que tinha se mantido fechado no assunto.
Arrumei um
emprego, comecei uma nova vida, lia e relia o diário que ele tinha escrito
durante todos esses anos, era difícil pensar que uma pessoa podia ter manobrado
a outra a esse ponto, o que me intrigava eram sempre os comentários que ele
fazia no final de cada coisa que tinha feito, como esperando que está vez fosse
a última, mas nunca era, porque ela não permitia.
Numa férias fui
até o lugar de aonde tinha saído, restava ali, ainda em pé o esqueleto da casa,
da família dele, não se sabia muito, tinham se dispersados pelo pais.
Pelo que diziam
era uma família complicada, alguns viviam nas drogas, outras roubavam, ou seja
ela tinha isso no sangue. Por mais que
tentasse escapar disso, tinha acabado fazendo a mesma coisa, para ser alguém na
vida.
Nas férias
seguintes, resolvi fazer uma viagem mais longa. Fui para a Alemanha, conhecer todo o sul do
pais, aluguei um carro.
Já no final da
viagem o James me localizou, para avisar que tinha morrido na prisão, ele não
sabia ao certo, mas sim que ela tinha morrido.
Os jornais
falavam nisso, da ascenção e queda de uma figura da política americana.
Tudo isso
complicava minha vida, não era capaz de ter nenhum relacionamento, preocupado
com tudo isso, imaginava que se tivesse um filho, teria genes de tudo isso, a
mim mesmo me controlava para nunca fazer nada negativo, ou errado. Os anos
passavam, fui me fechando cada vez mais, pois mesmo com a ajuda de psicólogos,
ainda não me atrevia a ter relações, a não ser sexuais.
Quando me
interessava por alguém ou sentia um interesse por mim, liquidava imediatamente
o assunto.
Era um bom
advogado sim, mas procurava não ter clientes que fossem ladrões, ou assassinos.
Chegou um
momento, que resolvi deixar tudo, fui viver numa pequena vila, em frente ao
mar, mais ao sul possível, já quase fronteira com México.
Já estava com
quase 45 anos, quando minha vida se transformou, despertei um dia com ruídos na
varanda, quando abri a porta, vi uma mulher amamentando uma criança. Ficou aterrorizada, mas lhe disse que não se
preocupasse. Vi que estava ferida, a fiz
entrar, me disse que fugia de uns bandidos que a tinham ajudado a passar a
fronteira.
Arrumei um quarto
que tinha a mais na casa que era pequena, mas suficiente para mim, a deixei
descansar. Depois de tomar um banho,
lhe fiz curativo no braço, disse que podia ficar o tempo que quisesse.
O garoto, estava
com fome, ela disse que tinha pouco leite, lhe disse que ia a vila, buscar
leite em pó. Quando voltei preparei como
se devia fazer para uma criança pequena, lhe dei a mamadeira, que tinha
comprado. Bebeu com muita fome.
Tinha ido a uma cidadezinha
mais longe para não levantar suspeitas, tinha comprado tudo para uma criança,
fraldas descartáveis, uns dois macacões, conforme o tamanho dele, uma banheira
dessas pequenas, o lavei, enquanto ela olhava, le limpei bem, tirei a sujeira
da poeira, coloquei as fraldas, bem como uma roupa nova. Depois enquanto ela descansava, o fiquei embalando.
Ele acabou
dormindo, eu também, num cadeirão.
Ela me perguntou
se precisava de uma empregada, pois tinha saído do México para isso, dar uma
vida melhor para seu filho. Lhe mostrei
a casa, mas que ela podia ficar o tempo que quisesse.
Como era advogado
consegui papeis para ela, levou tempo, mas consegui, conhecia o pessoal da
cidade perto.
Maria, Miguel,
foram ficando, o coloquei na escola, embora, o ensinei desde pequeno a falar
inglês. Como precisava de um registro, perguntei o nome do pai, ela disse que
tinha morrido na travessia. O
registrei com meu sobrenome, depois que ela concordou.
O ver crescer me
fez bem, os problemas todos que tinha foram ficando em segundo plano, chegou um
momento que nem me lembrava deles.
Deixei de ter pesadelos.
Quando chegou o
tempo de ir a universidade, eu tinha feito uma conta num banco aonde depositava
os rendimentos do dinheiro da minha herança.
Era para ele ir à universidade com folga, Maria estava orgulhosa de seu
filho. Isso é tudo que sonhei para ele.
Nunca tivemos
nada, ele sabia que não era meu filho, mas eu sentia como fosse.
Se formou, mas
adorava o lugar que vivíamos, uma pequena enseada, com uma praia pequena,
basicamente só existia minha casa, mais uma outra de um pescador que permiti
que ficasse ali.
Saíamos com ele
para pescar. Miguel adorava nadar,
mergulhar para buscar coisas no fundo do mar.
Agora vinha aos
fins de semana, para fazer isso, eu gostava de estar na água, era um elemento
que me relaxava.
Na sua formatura
na universidade, fomos os dois, assistir, orgulhosos do filho que tínhamos, ela
sabia que para mim era meu filho.
Ele aceitou uma
oferta de ir estudar sua pós graduação no MIT, foi com muito orgulho que
liberei todo seu dinheiro no banco.
Anos depois se
casou, agora tenho a casa sempre cheia dos meus netos, desfruto tranquilo, me
lembro do meu avô, que o único que pode foi se abraçar a mim, me pedindo
perdão.
Imaginava minha
mãe como estaria feliz com seus netos.
Tinha morrido tão jovem.
Os meninos
desfrutava da praia, bem como do mar, como tinha feito seu pai. Embora a
civilização tenha chegado muito perto, ainda estávamos tranquilo.
Deixei tudo que
tinha para eles, no meu testamento.
Miguel era agora
um professor respeitado em San Diego, todos seus momentos livres estava
conosco.
Um dia me
perguntou por que eu nunca tinha ninguém, como era um adulto fui contando toda
a história para ele, o meu trauma, o medo de ter um filho, que tivesse os genes
dos meus antepassados.
Mas eres
diferente, nunca te vi fazer nada errado, lhe contei que sem querer tinha
provocado a morte de meu avô, mas sentia principalmente porque, ele tinha se
arrependido das coisas erradas que tinha feito, mas não tinha desfrutado da
companhia dele.
James sabia aonde
eu vivia, mas nunca mais se aproximou, não me perdoava não confiar nele.
Eu não me
incomodava, pois na verdade ele não era meu pai.
Um dia sentado
vendo as crianças, Maria me agradeceu mais uma vez pelas possibilidades que eu
tinha dado a ela, ao seu filho.
Lhe respondi
honestamente, que ela, bem como ele, tinham salvado a minha vida, me dado uma
nova oportunidade. Os meninos estariam
garantidos por muito tempo, para estudarem, irem à universidade. Um dos pequenos era o mais agarrado comigo. Não dizia, mas era meu predileto, adorava um
livro como eu, quando ainda era muito pequeno, eu estava lendo, ele via um
livro no chão, começava a fingir que lia, com três anos, fui lhe ensinando a
ler, escrever como tinha feito com seu pai.
Quando foi para a escola, o fazia perfeitamente, logo era um dos alunos
mais adiantados.
Um dia lhe
perguntei o que queria ser quando fosse adulto, me soltou dizendo que queria
escrever histórias, deixei para ele, o diário que fazia, bem como o do meu
avô. Por causa dele eu tinha achado uma
maneira de colocar para fora tudo que sentia, escrevendo o que tinha me
acontecido, bem como depois que Miguel tinha entrado na minha vida.
Miguel dizia que
eu teria sido um pai incrível, pela maneira como o tinha educado, como fazia
agora com seus filhos.
Uma empresa
queria comprar minhas terras, para fazer um resort, lhe disse que jamais
venderia o meu pequeno paraíso. Se um
dia meus descendentes quisessem bem, mas eu não o faria.
Triplicaram o
valor, segui dizendo que não, ainda falei com Miguel, ele ria, nosso paraíso,
jamais. Tinha certeza de que um dia ele manteria
o lugar como estava, lhe pedi que quando morresse minhas cinzas ficasse, junto
as pedras aonde costumávamos sentar para conversar.
Espero que ele
cumpra, eu já estou no fim da vida, aproveito para me relaxar com as crianças, fico
tranquilo pois sei que tem um futuro garantido, o dinheiro que recebi de minhas
heranças, lhes permitia isso.
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