lunes, 27 de junio de 2022

AJUSTE DE CONTAS - RECKONING

 

                                           

 

Esperava o momento, tinha a sensação de como que estava escondido na casa de seu pai, pelo menos no papel James Swift, na verdade estava com ele, nas férias quando vinha visitar sua mãe.

No último ano mais, porque ela já estava no seu final, tirou mais tempo livre para ir Vancouver aonde estava internada. Veio a contra gosto para esse hospital, mas no final, pediu para ficar na minha casa.   Eu tinha feito universidade em Vancouver, como me sai muito bem, logo me contrataram no escritório de advogados aonde tinha feito as práticas.

Meu pai o James queria que eu fosse para NYC, trabalhar no dele, mas eu não queria ficar longe dela.    Quando descobriu que tinha câncer, como já estava muito adiantado, perguntou quais as possibilidades de cura, com o tratamento.   O médico foi sincero, 20%, imediatamente ela disse que não ia fazer nenhum tratamento.

James veio, tampouco conseguiu convence-la, voltou para o pequeno povoado que viviam, seguiu sua vida como se nada estivesse acontecendo.  No verão quando foi passar uns dias com ela, tudo que pediu foi que fossem ao lugar preferido dos dois.

Era ao final da baia, aonde havia uma pequena praia, ele levou uma cadeira dessas de praia que encontrou num chines, mantas, comprou coisas para um pick nick, como ela gostava.

Mal se sentou, era como se tivesse ensaiado tudo, pediu que ele se sentasse ao seu lado.

Começou a contar sua história, a partir de um certo ponto era a história dos dois.

Contou que na verdade Swift não era seu sobrenome verdadeiro, tinha abdicado do outro, porque era mau para ela, sei que sabes que não sou tua mãe verdadeira, me perguntaste quanto tinhas 10 anos, na verdade sou tua irmã mais velha, quando você nasceu eu tinha 24 anos.  Eres só filho do meu pai.

Quando voltei da universidade, eu na verdade estudei fora, em Londres, minha mãe não me queria por perto, para me proteger de meu pai.

Descobriu quando eu era adolescente que ele estava tentando alguma coisa comigo, quando reclamei ela me mandou estudar interna em Londres.

Escutei uma discussão dos dois, a coisa desta vez parecia feia, ele tinha abusado de tua mãe verdadeira, mas tinha se apaixonado por ela, queria o divorcio para se casar.  Ela não podia permitir por isso, pois finalmente sua carreira política estava despegando.  Tinha sido fiscal muitos anos, agora estava no novo governo da cidade.  Era secretária de Justiça.

O ameaçou, dois dias depois ele ficou doente, teve um enfarte, ficou na cama.

A escutei falando por telefone com um homem que a acompanha até hoje, é um ex-policial, um tipo faz tudo, mandava encontrar uma maneira de colocar tua mãe na cadeia, que desse um fim em ti, tinhas nascido por esses dias.    Nesse dia, vi que minha vida, ia ser uma merda junto com ela.   Em seguida vi aonde guardava seus documentos particulares.  Quando saiu, fui dar uma olhada em tudo.  Consegui abrir o cofre, aonde vi muito dinheiro.

Não podia deixar que te matasse, eras meu irmão, não tinhas culpa nenhuma na história.

Passei a andar com uma pequena gravadora, a cada momento que a via falar alguma coisa comprometedora, eu gravava a conversa.   Conseguiram prender tua mãe, gravei a conversa dela com meu pai.   Dizia que por culpa dele, ela tinha que tomar medidas que afetavam a outras pessoas, ria na cara dele, ele não podia se mexer na cama.   Pediu agua com a boca torta, ela deixava a água cair em cima dele, de propósito.

Mais tarde a escutei falando com o seu cumplice, que tinham agora que se desfazer de ti, bem como de tua avó.

Eu já sabia o endereço, nem pensei muito, mal ela saiu, ia para uma viagem, entrei no seu escritório roubei todos os seus documentos, gravações.   Em seguida tirei o carro, fui até a casa da tua avó.    Vi que a estavam vigiando, mas enfrentei tudo assim mesmo, entrei num beco que havia ao lado da casa, entrei por detrás, contei tudo a ela, tinham prendido tua mãe com uma quantidade imensa de cocaína, a julgaram como se fosse uma adulta.  Tua avó era uma mulher experta, quando contei que pretendiam matar os dois, ela estava arrumando uma mala para irem embora dali.   Lhe mostrei através da cortina que não tinha tempo para isso, que sendo tu meu irmão eu cuidaria de ti como se fosse meu filho.

Ela saiu arrumou o carro como se fosse levar uma criança, saiu com um boneco que tinham de dado de presente, como se fosse tu.  Me disse para sair por aonde tinha entrado, te beijou.

Eu saí dali, fui direto atrás do meu amigo de infância James, lhe disse que pensava fazer, tinha que fugir, contigo, minha mãe nunca ia aceitar a ti.  Fiquei uns dias escondida na sua casa, quando soube que tinham matado tua avó.    O filho da puta deve ter ficado com a pulga atrás da orelha, pois a tinha visto sair contigo.

Me casei com o James, sabes bem que ele é gay, para poder tirar papeis novos, ter um documento para ti.   Fui para o mais longe que consegui.  Eu tinha acabado de receber o fideicomisso de meus avôs paternos, por isso tinha dinheiro retirei tudo.

Viemos parar aqui, comecei vida nova, o único que sabia aonde estávamos era o James, mas sempre tomou muito cuidado.    Para todos os efeitos, minha mãe, como nunca se interessou o que eu fazia, não sabia de sua existência.

Te quis sempre como o filho que nunca tive, te amei, cuidei.   Mas nunca tive coragem de me enfrentar a ela, se tornou poderosa, chegou aonde queria, a ser secretária do governo, mandar em todo mundo, os que eram seus inimigos se lascaram com ela.

Essas conversas que tenho com o James é sobre isso, agora ela é candidata a governadora de NY.   Tem uma fortuna imensa, nunca falou da minha desaparição.

Através do James, procurei livrar tua mãe, mas a coisa ficou feia, nesse meio tempo, imagina uma garota sem vivencia nenhuma no meio de ladronas, assassinas.   Não durou muito tempo, a mataram no presídio.    Creio que a única coisa boa é que te salvei.

Sempre quis ajustar contas com ela, por tudo que fez, mas claro tinha tu como a parte mais frágil, agora eres um homem, um advogado, tens nacionalidade americana e canadense.

Eu fiz cópia de tudo, tenho depositado em bancos de Vancouver, de San Francisco, bem como o James o tem numa caixa forte em NYC.   Agora tudo será como queiras.

Passei os últimos meses cuidando dela, podia ser minha irmã, mas a queria como minha mãe, sua última vontade, era ser cremada enterrada ali aonde fazíamos pick nick desde que eu me lembre.

James veio, riu muito porque talvez foi a primeira vez que o chamei de pai.

Disse que eu era o filho que ele gostaria de ter tido.

Tens direito a herança de tua mãe e de teu pai verdadeiro.   Mas o ajuste de contas, nem era pelo dinheiro, mais pelo que tinha feito com minha verdadeira mãe, bem como minha avó.

Como estava no meio de uma campanha, fui para NYC, James me esperava no aeroporto, fomos para seu novo apartamento, me disse que até se aposentar, ter vendido sua parte na empresa, tinha vivido sempre num pequeno apartamento.   Esse não era grande, mas confortável.

Ali montamos tudo, retiramos o originais da caixa forte aonde estava, fizemos cópias, ele trouxe um amigo tabelião, que reconheceu cada documento como sendo válido.  Escolhemos os meios que a atacavam, pois sempre tinha muitos inimigos pela sua prepotência.  Radio, televisão, dois jornais, mandamos para um juiz federal que não sabíamos por que a odiava.

No dia seguinte, tudo ia ser publicado, telefonei para sua casa, me identifiquei como seu neto, filho de sua filha desaparecida.   Me atendeu grosseiramente, que não tinha filha, nem netos.

Lhe expliquei que sua filha tinha morrido, que queria lhe entregar uma caixa que lhe tinha deixado, eram suas últimas vontades.

Nem se atreva aparecer aqui, foram suas palavras.   Eu lhe soltei, que estava gravando tudo isso que dizia, mas que ia entrar com um processo para pedir a parte de minha mãe, bem como a minha filho de quem era, seu finado marido.

Ficou uma fera.

Quando cheguei a entrada do edifício, James tinha chamado a televisão, vários canais, nisso apareceu o homem que tinha feito tudo para ela, quis arrancar a caixa que eu tinha nas mãos na frente de todos, lhe disse que não era o boneco que ele tinha matado, ficou me olhando espantado.

Nisso James se apresentou como meu advogado. Chegou também a polícia, que nós levou, quando iam iniciar meu interrogatório, chegou o FBI, que queria minha custódia.

James se negou, entregou a cada um copia de tudo que estava na caixa, quando souberam que seria publicado, o tele jornal já estava divulgando tudo, os jornais correram publicaram nos seus sites, tudo que estava na caixa.

Mostrando inclusive por ordem do Juiz Federal a prisão dela, bem como de seu ajudante.

O caso levou meses, mas finalmente foi a julgamento, o fiscal, não teve do nem piedade, tornou a divulgar não só meus documentos, bem como muitos outros que conseguiram descobrir.

Ela foi condenada a cadeia por 20 anos, bem como seu ajudante a cadeia perpétua, ainda tentou negar tudo, mas era tudo desmentido.   Uma empregada da casa, que ainda era viva, contou como ela tinha envenenado o marido, que não queria um lastre em sua vida.

Ela acabou soltando que ele era um lastre, pois era um pédofilo, ainda comentou, que nunca tinha visto um pédofilo se apaixonar pela vítima, no caso minha mãe.  Quando tentou jogar tudo em cima de seu ajudante, este tinha gravações das ordens dela de se livrar das pessoas, seja matando, ou através de chantagem.

Foi um escândalo impressionante.

A fortuna de meu pai, na verdade não era grande, mas fiz uma coisa, não a queria, conversei com James, doamos tudo a uma entidade que cuidava de jovens que tinham sofrido abusos.

Tínhamos falado da possibilidade de passar um tempo fora, mas alguma coisa me picava, para resolver coisas pendentes, voltei a Vancouver, coloquei a casa de minha mãe a venda, não pensava em voltar a viver lá.

Muitas coisas tinham ficado na minha cabeça.  Uma era o fato do seu ajudante ter ficado surpreso com o fato de dizerem que no carro com a minha avó, o que havia era um boneco.

Havia uma negação em seus olhos.  Depois no julgamento dela, a senhora que trabalhava na casa, me disse que sua irmã tinha cuidado de mim.  Mas imediatamente viu que tinha soltado alguma coisa que não devia.

Resolvi checar essas histórias, sem deixar que James interferisse, tinha sentido que todo esse tempo era como se tivesse me protegendo, ao mesmo tempo, como me querendo controlar.

Não gostava muito disso, sempre tinha tido uma cabeça privilegiada.  Deixei passar, por ser tratar de um momento muito confuso.

Quando estive no escritório que trabalhava, para pedir as contas, me disseram que lá o escândalo tinha chegado já muito diluído, que ninguém pensava que se referiam a mim no caso.

Que as portas estavam abertas para mim.

Cheguei a NYC, sem avisar, me hospedei num hotel, tinha o contato da senhora, o número do telefone, consegui o endereço, a queria pegar de surpresa, sem que ela pudesse comentar com o James.

Quando cheguei a sua casa no Bronx, ficou sem graça, me convidou a entrar, da cozinha saiu uma senhora muito parecida com ela, foi direta a mim, me abraçou, me beijou, o meu menino cresceu, ficou bonito.

A outra lhe fazia sinais, que vi por um espelho.

Me sentei de frente para as duas, disse que queria saber a história toda.

Acabou contando, que eu era realmente filho da minha mãe, que tinha sido abusada pelo pai, que sua avó a tinha mandado para casa dos avôs paternos, para que tivesse o filho, mas que ficasse por la.

Cuidei de ti, até os três, anos, quando voltamos para cá, ficamos na casa do senhor James, enquanto tua mãe, voltou para a casa de tua avó, dizendo que tinha, te dado em adoção.

Depois quando se casaram, só no civil, fizeram uma nova documentação para ti.

Agora entendia muitas coisas, na verdade era minha mãe, mas devia ter vergonha de que seu pai tinha abusado dela.

Consegui uma ordem para entrevistar o ajudante de minha avô.

Quando consegui a entrevista, fui a penitenciaria aonde cumpriria a condena, o que encontrei foi um farrapo de homem.  Me olhou sorriu, me disse, eres igual a ela.

Todo o tempo falava comigo me chamando de meu filho.  Quando toquei no assunto do bebê, sorriu, pelo menos não falaram muito no assunto.

Existia realmente um bebê no carro, não era um boneco, mas uma criança, a retirei, mas tinha um traumatismo na cabeça, não sobreviveu.

Lhe contei da história que sabia.

Nada disso, ela quando me mandou fazer o serviço, era porque já tinha tua mãe para dividir a fortuna, não queria mais ninguém.

Lhe comentei que pensava que minha mãe tinha vergonha do abuso de seu pai.

Concordo contigo do abuso, mas ele não era seu pai, ela era minha filha, quando a tua avó se casou, estava gravida de mim.

É uma larga história, eu a conheço desde garoto, éramos vizinhos, sua família era imensa, uma família disfuncional, cheia de problemas.  Os dois lutamos para sair dali, pois era um bairro marginal, viemos para NYC, quando tivemos idade, conseguimos um emprego cada um, logo consegui entrar para a polícia, vivíamos os dois juntos, batalhamos, ela entrou para a universidade com uma bolsa de estudos.  Essa história que ela sempre contou que vinha de uma família tradicional, é pura mentira.

Sempre fui cegamente apaixonado por ela, por isso fiz sempre tudo que me pedia. Éramos amantes, quando conheceu seu pai, no escritório que trabalhava, ele ficou apaixonado, pois tinha cara de garota, acabou se casando com ela, mas já estava grávida.  Quando tua mãe nasceu, descobriu ao mesmo tempo, que ele abusava de jovens adolescentes.

Quando ele abusou da minha filha, ela me ordenou ficar quieto, eu o queria matar, isso faremos com o tempo, me disse ela.

Tua mãe, foi para fora, quando voltou disse que tinhas sido adotado, fiquei furioso, mas já era tarde demais para emendar esse erro.  Por algum motivo que nunca soube, ela tinha horror a minha presença.   Pois basicamente vivia na casa.

Segui sendo amante de tua avó todos esses anos, fazendo tudo que ela dizia, sem reclamar, fiz muitas coisas erradas não nego, mas por ela inclusive morreria.

Até que me traiu, entendi então, como agora, que me enganei a vida inteira por ela, pensei que quando seu marido morreu, que se casaria finalmente por mim, mas estava já trabalhando para o governo, tinha um cargo excelente, me disse que era mais cômodo seguir como estávamos.

Eu sempre soube aonde vocês estavam, mas nunca disse a ela, queria proteger minha filha, meu neto.   Ela quando escutou você falando, ficou uma fera comigo, claro descobriu que eu também tinha segredos.  

Agora nada mais normal que pague pelos meus crimes, me passou um papel, quando olhei era uma autorização, para retirar dinheiro do banco, bem como abrir uma caixa secreta que ele tinha num dos bancos.   Se ela tentar alguma coisa contigo, tens aí, coisas que nunca foram ventiladas, o que ela fez para subir na vida, até chegar à candidata a governadora.

Pode usar o que queiras, porque eu sei que nunca sairei daqui.

Eres meu neto, não do que abusou da tua mãe, mas ficarei quieto como sempre, mas estás autorizado, a usar tudo que tens na caixa.

Me estendeu a mão, espero que me perdoe, porque eu mesmo não posso perdoar tudo que fiz, os fantasmas, me acompanharam até o final dos meus dias.

Voltei umas duas vezes mais para vê-lo, queria saber de toda história, os documentos eram terríveis, havia muito dinheiro nessa caixa, bem como depositado no banco.

Queria saber de aonde era esse dinheiro, antes de pensar em usar.

Foi honesto comigo, pois na segunda visita o abracei, errado ou não era meu avô, tinha nos protegido dela.

Me disse que o dinheiro era honesto, eu nunca gastava meu salário de polícia, vivia na casa dela, depois quando fomos para Washington, ganhei muito mais de dinheiro, pois tinha um salário altíssimo, como assessor de segurança, nunca toquei nesse dinheiro, pensando numa emergência de tua mãe, ou mesmo para ti.

Falei dos documentos, alguns eram terríveis, pois delatavam as manobras dela, para afastar alguém de algum cargo, como fazia chantagem para levar vantagem em tudo.

Use, pois se vou passar o resto da minha vida aqui, ou me matam antes, nunca se sabe, ela também deveria, pois era a mandante disso tudo.

Quando fui falar com ela, foi mais difícil conseguir uma entrevista, me olhou com desprezo, disse que sempre tinha pensado que tinha sido dado em adoção, uma a menos para limpar do meu passado.

Era uma mulher fria, me olhava com desprezo.

Quando disse que sabia de quem minha mãe era filha, riu, devia ter abortado, mas precisava dela para segurar meu casamento, o mesmo quando ele abusou dela, queria o divórcio, pois tinha descoberto o meu amante, mas isso serviu para manter a fachada do meu casamento perfeito.

Era uma mulher desprezível, quando lhe comentei da pessoas que tinha prejudicado, riu, eles estavam no meu caminho, eu tinha um objetivo.

No diário que existia na caixa de segurança de meu avô, ele contava como ela tinha ordenado fazer desaparecer toda sua família, na cidadezinha que tinham vivido, todos morreram num incêndio durante o inverno, a culpa foi de um calefator.  Eu fiz o serviço muito bem, dizia ao final da pagina que contava esse trabalho.

Todo esse tempo não fiz contato com o James, que me chamava a cada dois dias, mas não lhe disse que estava na cidade.

Um dia me chamou o encarregado da prisão.  Disse que meu avô tinha sido assassinado, que alguém de fora tinha dado essa ordem, era como apagar um cabo solto.

Me contou como tinha acontecido, iam vários detentos tomar banho, ele saia dos chuveiros, o cercaram, é um lugar que não tem câmera de vídeo, o esfaquearam com, o médico legista, disse que foi apunhalado pelo menos, 30 vezes.

Soubemos que tua avô, fez contato com alguém daqui.

Sem querer tinha provocado a morte dele, a única pessoa que interessava em apagar um cabo solto era ela.

Não sabia da caixa de documentos, nem do diário.  Sem o James saber, contratei um advogado, com o dinheiro que meu avô tinha me dado, apresentei os documentos todos ao juiz, ela foi levada outra vez a julgamento, não pelos problemas ou crimes de antes, mas pelos novos que não tinham aparecido no processo posterior.

James finalmente veio falar comigo, agora sabia que tinha conhecimento da história inteira, ele não sabia que minha mãe, era filha na realidade do suposto assessor da velha.

Ela foi condenada a mais trinta anos de prisão.  Segundo o pessoal do presidio, era uma presa conflitiva.

Pensava comigo mesmo, que os ajustes de contas, acabam assim, vais juntando cabos soltos que nunca tinhas imaginado existir, acabava descobrindo que te superam.

Era o que acontecia comigo, estava indo a um psicólogo, para entender toda essa trama louca em que tinha vivido.  Sentia falta da época tranquila que tinha vivido no Canadá.

James, tinha ficado furioso comigo, por não ter confiado nele.  Mas nesse momento não podia entender por que ela tinha me mentindo.                    Imaginava que não devia ser fácil, sentir-se usada pelo homem que acreditava ser seu pai, ela nunca tinha descoberto que seu pai verdadeiro era outro.   No diário deste, aludia as vezes que tinha ido nos observar, a vontade que tinha de falar com ela, comigo.    Mas sabia que no momento que fizesse isso, podia ser pior.

Afinal me dava pena, tinha sido um homem que amava a pessoa errada, que tinha se submetido a isso.

Quando James tocou no assunto da viagem, pedi desculpas, mas tinha outros planos.

Na surdina, me mudei para San Francisco, precisava de mudar de cidade, de conhecidos, dos mais próximos como ele, que tinha se mantido fechado no assunto. 

Arrumei um emprego, comecei uma nova vida, lia e relia o diário que ele tinha escrito durante todos esses anos, era difícil pensar que uma pessoa podia ter manobrado a outra a esse ponto, o que me intrigava eram sempre os comentários que ele fazia no final de cada coisa que tinha feito, como esperando que está vez fosse a última, mas nunca era, porque ela não permitia.

Numa férias fui até o lugar de aonde tinha saído, restava ali, ainda em pé o esqueleto da casa, da família dele, não se sabia muito, tinham se dispersados pelo pais.

Pelo que diziam era uma família complicada, alguns viviam nas drogas, outras roubavam, ou seja ela tinha isso no sangue.   Por mais que tentasse escapar disso, tinha acabado fazendo a mesma coisa, para ser alguém na vida.

Nas férias seguintes, resolvi fazer uma viagem mais longa.   Fui para a Alemanha, conhecer todo o sul do pais, aluguei um carro.

Já no final da viagem o James me localizou, para avisar que tinha morrido na prisão, ele não sabia ao certo, mas sim que ela tinha morrido.

Os jornais falavam nisso, da ascenção e queda de uma figura da política americana.

Tudo isso complicava minha vida, não era capaz de ter nenhum relacionamento, preocupado com tudo isso, imaginava que se tivesse um filho, teria genes de tudo isso, a mim mesmo me controlava para nunca fazer nada negativo, ou errado. Os anos passavam, fui me fechando cada vez mais, pois mesmo com a ajuda de psicólogos, ainda não me atrevia a ter relações, a não ser sexuais.

Quando me interessava por alguém ou sentia um interesse por mim, liquidava imediatamente o assunto.

Era um bom advogado sim, mas procurava não ter clientes que fossem ladrões, ou assassinos.

Chegou um momento, que resolvi deixar tudo, fui viver numa pequena vila, em frente ao mar, mais ao sul possível, já quase fronteira com México. 

Já estava com quase 45 anos, quando minha vida se transformou, despertei um dia com ruídos na varanda, quando abri a porta, vi uma mulher amamentando uma criança.  Ficou aterrorizada, mas lhe disse que não se preocupasse.  Vi que estava ferida, a fiz entrar, me disse que fugia de uns bandidos que a tinham ajudado a passar a fronteira.

Arrumei um quarto que tinha a mais na casa que era pequena, mas suficiente para mim, a deixei descansar.   Depois de tomar um banho, lhe fiz curativo no braço, disse que podia ficar o tempo que quisesse.

O garoto, estava com fome, ela disse que tinha pouco leite, lhe disse que ia a vila, buscar leite em pó.  Quando voltei preparei como se devia fazer para uma criança pequena, lhe dei a mamadeira, que tinha comprado.  Bebeu com muita fome.

Tinha ido a uma cidadezinha mais longe para não levantar suspeitas, tinha comprado tudo para uma criança, fraldas descartáveis, uns dois macacões, conforme o tamanho dele, uma banheira dessas pequenas, o lavei, enquanto ela olhava, le limpei bem, tirei a sujeira da poeira, coloquei as fraldas, bem como uma roupa nova.  Depois enquanto ela descansava, o fiquei embalando.

Ele acabou dormindo, eu também, num cadeirão.

Ela me perguntou se precisava de uma empregada, pois tinha saído do México para isso, dar uma vida melhor para seu filho.  Lhe mostrei a casa, mas que ela podia ficar o tempo que quisesse.

Como era advogado consegui papeis para ela, levou tempo, mas consegui, conhecia o pessoal da cidade perto.

Maria, Miguel, foram ficando, o coloquei na escola, embora, o ensinei desde pequeno a falar inglês. Como precisava de um registro, perguntei o nome do pai, ela disse que tinha morrido na travessia.    O registrei com meu sobrenome, depois que ela concordou.

O ver crescer me fez bem, os problemas todos que tinha foram ficando em segundo plano, chegou um momento que nem me lembrava deles.  Deixei de ter pesadelos.

Quando chegou o tempo de ir a universidade, eu tinha feito uma conta num banco aonde depositava os rendimentos do dinheiro da minha herança.  Era para ele ir à universidade com folga, Maria estava orgulhosa de seu filho.  Isso é tudo que sonhei para ele.

Nunca tivemos nada, ele sabia que não era meu filho, mas eu sentia como fosse.

Se formou, mas adorava o lugar que vivíamos, uma pequena enseada, com uma praia pequena, basicamente só existia minha casa, mais uma outra de um pescador que permiti que ficasse ali.

Saíamos com ele para pescar.   Miguel adorava nadar, mergulhar para buscar coisas no fundo do mar.

Agora vinha aos fins de semana, para fazer isso, eu gostava de estar na água, era um elemento que me relaxava.

Na sua formatura na universidade, fomos os dois, assistir, orgulhosos do filho que tínhamos, ela sabia que para mim era meu filho.

Ele aceitou uma oferta de ir estudar sua pós graduação no MIT, foi com muito orgulho que liberei todo seu dinheiro no banco.

Anos depois se casou, agora tenho a casa sempre cheia dos meus netos, desfruto tranquilo, me lembro do meu avô, que o único que pode foi se abraçar a mim, me pedindo perdão.

Imaginava minha mãe como estaria feliz com seus netos.  Tinha morrido tão jovem.

Os meninos desfrutava da praia, bem como do mar, como tinha feito seu pai. Embora a civilização tenha chegado muito perto, ainda estávamos tranquilo.

Deixei tudo que tinha para eles, no meu testamento.

Miguel era agora um professor respeitado em San Diego, todos seus momentos livres estava conosco.

Um dia me perguntou por que eu nunca tinha ninguém, como era um adulto fui contando toda a história para ele, o meu trauma, o medo de ter um filho, que tivesse os genes dos meus antepassados.

Mas eres diferente, nunca te vi fazer nada errado, lhe contei que sem querer tinha provocado a morte de meu avô, mas sentia principalmente porque, ele tinha se arrependido das coisas erradas que tinha feito, mas não tinha desfrutado da companhia dele.

James sabia aonde eu vivia, mas nunca mais se aproximou, não me perdoava não confiar nele.

Eu não me incomodava, pois na verdade ele não era meu pai.

Um dia sentado vendo as crianças, Maria me agradeceu mais uma vez pelas possibilidades que eu tinha dado a ela, ao seu filho.

Lhe respondi honestamente, que ela, bem como ele, tinham salvado a minha vida, me dado uma nova oportunidade.   Os meninos estariam garantidos por muito tempo, para estudarem, irem à universidade.   Um dos pequenos era o mais agarrado comigo.  Não dizia, mas era meu predileto, adorava um livro como eu, quando ainda era muito pequeno, eu estava lendo, ele via um livro no chão, começava a fingir que lia, com três anos, fui lhe ensinando a ler, escrever como tinha feito com seu pai.   Quando foi para a escola, o fazia perfeitamente, logo era um dos alunos mais adiantados.

Um dia lhe perguntei o que queria ser quando fosse adulto, me soltou dizendo que queria escrever histórias, deixei para ele, o diário que fazia, bem como o do meu avô.  Por causa dele eu tinha achado uma maneira de colocar para fora tudo que sentia, escrevendo o que tinha me acontecido, bem como depois que Miguel tinha entrado na minha vida.

Miguel dizia que eu teria sido um pai incrível, pela maneira como o tinha educado, como fazia agora com seus filhos.

Uma empresa queria comprar minhas terras, para fazer um resort, lhe disse que jamais venderia o meu pequeno paraíso.   Se um dia meus descendentes quisessem bem, mas eu não o faria.

Triplicaram o valor, segui dizendo que não, ainda falei com Miguel, ele ria, nosso paraíso, jamais.  Tinha certeza de que um dia ele manteria o lugar como estava, lhe pedi que quando morresse minhas cinzas ficasse, junto as pedras aonde costumávamos sentar para conversar.

Espero que ele cumpra, eu já estou no fim da vida, aproveito para me relaxar com as crianças, fico tranquilo pois sei que tem um futuro garantido, o dinheiro que recebi de minhas heranças, lhes permitia isso.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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