Raymond, arrumava
a casa depois do jantar da noite anterior, depois de mais de quinze anos fora
de San Francisco, retornava à cidade que ele tinha vivido sua infância,
adolescência, a primeira juventude, com 25 anos tinha ido para NYC, estudar,
nunca mais tinha voltado, tinha sido até a pouco tempo advogado das Nações
Unidas, era uma vida estressante, pois sempre havia algum problema com algum
membro de qualquer delegação.
Os últimos anos
da vida de seu pai, o tinha levado para lá, escutado a mesma reclamação todos
os dias, quero voltar para minha casa, mas claro ele não podia estar em dois
lugares ao mesmo tempo sendo que era muito distante.
Depois tinha o
fato de seu irmão gêmeo David, os dois tinha sido separados, quando fizeram
cinco anos de idade, seus pais se divorciaram de mútuo acordo, cada um ficou
com um dos filhos. Uma decisão pensada
em Salomão. O juiz foi contra, mas era
vontade dos progenitores. Ele era mais agarrado ao pai, David ao contrário era
agarrado a mãe, para eles parecia perfeito.
Nunca mais soube
da mãe, seu pai lhe deu o valor do patrimônio que tinha, a casa familiar a
gerações, bem como o valor de seu negócio.
Durante muitos anos não souberam dos dois, desapareceram no mundo.
Quando ele
começou a trabalhar, volta e meia surgiam problemas, usurpação de identidade,
por parte do irmão. Conseguiu com um
juiz, depois de ter ficado com sua conta a zero no banco, que sua conta num
único banco, fosse controlada por dígitos, que ele trocava todas as
semanas. Uma semana depois de ter levado
seu pai, soube que seu irmão se fazendo passar por ele tinha esvaziado a casa
inteira, a deixado nua.
O único que tinha
descoberto depois de todos esses anos, era que tinha sido expulso do exército,
por conduta inapropriada, a muito custo, pese o secretismo do exército,
descobriu que estava num grupo que roubava coisas no Iraque, obras de arte,
etc.
Depois disso era
como se houvesse desaparecido da face da terra.
Ele cuidou de seu
pai até morrer, no final ele o confundia com David, falava com ele, como não
entendesse quem ele era, pedia perdão pelo que tinha feito, um dia gravou isso,
para quem sabe se encontrava o irmão mostrar, seu pai falando com ele.
As coisas más, as
vezes tem seu lado positivo, por causa da doenças de seu pai, conheceu o que
hoje era seu marido. Tinham se casado
cinco anos depois de terem se conhecido na consulta deste, quando levou seu
pai. Se encantaram um com o outro.
Ontem o jantar
com alguns poucos amigos, tinha sido isso, apresentar Laurie Stamp, que vinha
viver com ele em San Francisco. Tinha
reformado a antiga casa familiar, modernizando tudo, tinha transformado o andar
de baixo, em um grande salão, com uma cozinha americana incorporada, mantendo
somente a velha biblioteca, que na verdade só sobravam os moveis, no momento
que viu a mesma, pensou, pelo menos não roubou as estantes.
Tinha feito uma
coisa, colocado nas três entradas da casa, câmeras de vigilância, pois assim
podia controlar tudo. A da entrada, a garagem que ficava embaixo, bem como a da
porta traseira, mesmo assim o resto todo era blindado, sendo necessário uma
chave especial para abrir.
Tinha sonhado com
seu pai, seus últimos dias, estava fechado no arrependimento, de um lado por
ter separados os dois, de outro lado, dizia que David sempre lhe tinha caído mal,
não sabia por quê. Tinha nascido com 10
minutos de diferença, ele tinha nascido primeiro, David depois, era como se
fosse o pequeno, pois teve que ficar na incubadora.
Talvez por isso,
sua mãe sempre o tinha protegido. Em
casa não tinha nenhuma fotos dela, nem do David. Seu
pai, nunca tornou a se casar, se tinha aventuras, ele nunca tinha descoberto.
Mesmo na época
que já estava fora dali, nunca soube de nada.
Agora a casa, nem
parecia a mesma, no andar de cima, tinham três quartos, dois banheiros, tinha
transformado o quarto deles, num closet, com a banheiro incluído, os outros
dois, tinham um banheiro no meio.
Tinha se
levantado com uma certa ressaca, pois ele que nunca bebia, tinha tomado vinho,
champagne, com os poucos amigos que mantinha contato todos esses anos, se fosse
em NYC, a coisa seria diferente, pois conhecia muitíssima gente.
Era completamente
feliz com o Laurie, era um homem feito a si mesmo, filho de uma família de seis
irmãos, de descendência Irlandesa, era o último, também o único que tinha ido a
universidade sempre com bolsa de estudos, tinha feito medicina, bem como
especialização, quando apresentou seu curriculum para San Francisco, foi
disputado por dois dos maiores hospitais. Aceitou o fato de se mudar, pois queria
colocar muitos quilômetros, entre ele e sua família. Eram todos complicados.
Talvez por isso
se entendiam, tinham se conhecido justamente num dos últimos golpes de seu
irmão contra ele, tinha ficado sem um puto, mas desta vez tinha se saído bem,
tinha recuperado o dinheiro, pois tinha feito um seguro, avisado ao banco, do
que já tinha acontecido antes, mas claro depois foram descobrir, que ele tinha
convencido uma mulher que era caixa, que tinha se apaixonado por ele, que
fizesse tudo. Quem pagou o pato foi
ela, esse era seu modus operandi, as mulheres.
Estava colocando
as ultimas taças de champagne na lavadora, Laurie ainda estava na cama, com
preguiça segundo ele, acabava de passar um pano sobre a bancada, quando viu
pela ampla janela parar um carro em frente da casa, com um logotipo na porta, alguma
coisa do governo.
Estava ainda de
pijama com um roupão por cima.
Abriu a porta
usando o código, se aproximou uma senhora com o peso acima do normal, para não
dizer gordinha, se apresentou, perguntou se ele era Raymond Heller, ele
confirmou, viu uma mulata quem em seu tempo devia ser bonita. Um garoto pequeno, devia ter uns 3 a quatro
anos, era a cara deles quando criança.
Podíamos falar
com o senhor?
Sim entrem
sentem-se à vontade, vou trocar de roupa, bem como avisar meu marido que temos
visitas, viu que a cara da senhora uma interrogação.
Ele nunca dava
explicações, tinha se casado com um homem, ponto final.
Subiu a escada
enquanto escutava a porta se fechar atrás dele, vestiu uma roupa que estava em
cima de um banco no closet, calças jeans, camiseta de manga comprida, um
mocassim, velho, avisou ao Laurie, temos visitas, creio que algo relacionado
com meu irmão.
Desceu sorrindo,
sua arma contra qualquer problema.
Perguntou se aceitavam um café, como a mulher concordou, separou
canecas, colocou a cafeteira para muitos cafés, foi se sentar com elas.
O garoto o olhava
com os olhos arregalados.
É que o senhor se
parece muito com o David.
Mais bem ele a
mim, pois nasci dez minutos antes que ele.
A senhora tomou a
palavra, seu irmão se casou com esta senhora, desapareceu fazem dois anos, o
pior a contaminou com Aids, mas depois que o menino nasceu. A mesma está vivendo
de favores, nunca soube mais nada dele, nossa agência também o procurou, mas
foi impossível encontra-lo.
Pois eu nunca
mais o vi, desde que nos separaram aos cinco anos de idade.
A mulher falando,
era simpática, sim ele me contou isso, por isso quando fiquei gravida, queria
que eu abortasse, só voltou depois que David nasceu, ele se chama David Raymond
Heller, fez questão de o registra assim, dizia na minha cara que meu nome
latino não era importante.
O último ano
quando voltou, foi insuportável, principalmente quando descobriu que estava com
Aids avançada, o pior tinha transmitido para mim.
Desapareceu, o
fato que foi complicado, perdi meu emprego, bem como ninguém da minha família
quer assumir cuidar do David, pensam que ele tem a doenças, mas os testes deram
negativo.
Filhos da puta
soltou.
Nisso entrava o
Laurie, todos os olharam, era um tipo impressionante, tinha 1,90 de altura,
olhos verdes transparentes, cabelos ruivos, a cara cheia de sardas, bem como
seus braços.
Como um imã, foi
direto ao garoto, o levantando do chão, que temos aqui, que menino grande, o
levantou bem alto, pela primeira vez o David sorriu.
O apresentou,
esse é o Doutor Laurie Stamp, meu marido, o conheci quando cuidava de meu pai,
somos companheiros a seis anos.
Ele era realmente
cativante, estendeu a mão a cada uma, desculpe, tive minha primeira semana no
hospital, complicada, por isso ainda estava na cama.
O garoto,
imediatamente, ficou ao lado dele.
O problema senhor
Raymond, é que Gabrielle Heller, tem que entrar para ficar no hospital, não tem
com quem deixar o garoto, ou ele terá que ir para o serviço social, que
significa um orfanato.
Nem pensar, nem
que não fosse da minha família eu ia permitir isso. Nessa família basta de separações.
Se o senhor
quiser fazer um teste de ADN, eu concordo, falou Gabrielle, pois assim terá
certeza de que é filho do seu irmão.
Espere, correu a
biblioteca, deixando a porta aberta, o menino foi atrás dele, mostrou primeiro
para ele, era a única foto que tinha dos dois, veja, eu com teu pai, quando
tínhamos cinco anos.
Realmente era a
cara do garoto.
Mostrou para as
duas, a foto, as duas balançaram a cabeça, Gabrielle soltou, ele me mostrou
essa foto, não em tão bom estado como esta, estava dobrada em sua carteira.
Laurie era mais
prático, perguntou em que hospital ela ia se internar?
Quando falou, era
um hospital fraco, para pessoas pobres.
Tens todos os
exames que necessitam para um ingresso?
O que já fizeste de tratamento.
Meu caso esta
avançando rápido demais, já tenho os pulmões muito comprometidos, por isso
minha voz ficou diferente.
Nada disso, a
esperança sempre esta do nosso lado, se levantou, tirou do bolso traseiro da
sua calças jeans um celular, chamou alguém, ficou falando, em alguns momentos
se alterou, lhe passaram com outra pessoa, tudo que escutaram foi ele dizer,
não façam com que me arrependa de ter escolhido vosso hospital, ainda posso
mudar de ideia.
Depois se voltou
sorrindo. Pronto tudo resolvido.
Ficaras no
hospital que trabalho, assim posso cuidar de ti. Tens a bagagem de vocês no
carro.
Sim, não temos
casa, estávamos vivendo num albergue, até a senhora descobrir que o senhor
Raymond tinha voltado a viver na cidade.
Não me chame de
senhor, por favor, somos família.
A mulher, viu que
as coisas andavam rápido demais. O
senhor assinaria os papeis que assumiria a guarda do garoto.
Raymond,
perguntou aonde tinha que assinar. O fez
em seguida, Laurie assinou como testemunha.
Vamos buscar suas
coisas, em seguida, troco de roupa, vamos para o hospital.
A senhora entregou
um cartão com seu nome, eles dois, um cada um, assim podemos manter contato,
quisera eu que todos os casos que leve se resolvessem assim. Depois se aproximou do Raymond, lhe dizendo
baixinho, se alguma coisa acontecer, me procure para adotar o garoto.
Foram buscar as
maletas, venha Gabrielle, aproveite tome um bom banho, mostrou o quarto que ela
podia ficar, levaram o David ao outro, este será para ti, garoto.
Ele olhou o
quarto que era novo, riu, um quarto para mim.
Era a primeira vez que falava.
Venha, qual é a
tua bolsa, ele sinalizou a pequena, tiraram uma muda de roupa limpa, venha, o
levou para o banheiro deles, sabes tomar banho sozinho?
Sim, sempre o
faço, mamãe, nunca tem forças.
Mostrou aonde
estava o champô, bem como sabonete. Te
esperamos embaixo, Laurie saiu para comprar alguma coisa para o café da manhã,
enquanto ele preparava café, fervia leite.
Quando Gabrielle
desceu, sorria em sua cara triste, fico mais tranquila, que ele tenha alguém,
uma vez teu irmão me disse, Raymond deve ser um sujeito de bem, pois nunca
colocou uma denuncia contra mim, eu o roubei várias vezes, esvaziei a casa,
mesmo assim não me denunciou.
Não tens a menor
ideia de aonde ele está?
Não, quando
começaram a sair as feridas nele, ficou horrorizado, confesso que nunca soube
com quem tinha andado. Para ele a conquista das mulheres era uma coisa
importante.
Creio que fui a
única com quem se casou, mas confesso que não tenho certeza de nada, com
relação a ele.
Estava vestida
corretamente, sem nada demais. Vendi
tudo que tinha para sustentar meu filho.
Hoje de manhã, a
senhora veio me buscar, disse que tinha te localizado, então nos trouxe, vim
rezando no carro, me perguntando como nos receberia.
Olhaste o David,
soltaste um sorriso, sabia que estava bem.
Laurie chegava
nesse momento, escutaram o David chamado lá de cima, ele subiu correndo, ele
não sabia fechar o chuveiro. O secou, esfregando
bem sua cabeça, o garoto olhava para ele com adoração, claro era a cara de seu
pai.
O ajudou a se
vestir, depois vamos de compras, precisas de roupa de inverno, que está
chegando.
Desceu de mãos
dadas com ele, como fazia seu pai com ele.
Teu avô sempre
estava de mãos dadas comigo.
Tomaram café,
numa mesa redonda, que estava ao lado da bancada, pareciam uma família se
alguém olhasse de fora.
O menino estava
com fome, devorou o croissant que Laurie colocou na frente dele. Este colocou
outro, mas antes ele olhou para a mãe.
Esta balançou a cabeça concordando.
Tomou seu café
com leite. Que gostas de comer de manhã
David?
Ele respondeu, o
que tiver, as vezes pão duro mesmo serve.
Ele vai a escola
perguntou Ray, como gostava que lhe chamassem.
Deveria ir este
ano, mas estamos sem casa, então não aceitaram a matricula.
Amanhã resolvemos
isso, verdade garoto. Ele balançava a cabeça.
Apontou com o
dedo a biblioteca, vocês estuda muito.
Nunca parei, sou
advogado, um dia te vou explicar o que fazia.
Laurie tinha
passado numa farmácia, comprado escovas de dente, uma infantil, que quando ele
viu, ficou maravilhado.
Subiu com ele, ia
lhe ensinar como escovar os dentes.
Laurie sempre
quis ter filhos, estávamos pensando em adotar, mas para isso precisávamos
primeiro nos assentar.
Podia ter vendido
esta casa, ficado em NYC, mas queria voltar para cá.
Quando desceram,
falaram entre eles qual era o melhor carro para irem.
O carro dos dois
era pequeno, chamaram um Uber, dizendo quantas pessoas, eram, qual o hospital, o
menino adorou, que quando ele acionou o fechamento da casa, toda a parte da
frente que era de vidro se cobriu com uma grade de segurança.
Para que não a
esvaziem outra vez. Ficou parado rindo
para a Gabrielle, ele me fez um favor, pois levou tudo, a casa era minha de
herança, não se falava no recheio, tudo era velho na verdade.
Quando chegaram
no hospital, Laurie deu entrada nela, que foi levada a um setor separado, eles
levaram o David para fazer exames, lhe fez um check up total, bem como tiraram
sangue dos dois para o teste de ADN.
Ele deixou que o
Laurie o examinasse.
Depois lhe
explicaram que sua mãe, nesse momento estava fazendo exames como ele.
Ele entendia, ela
me explicou que tem uma doença incurável.
Se despediram,
ele riu quando os dois se beijaram na boca, nos vemos mais tarde, vou ver se
ela pode fazer o tratamento em casa, ou se tem que ficar internada.
Os dois saíram, Ray
ia fazer compras para o David, o deixou escolher a roupa que queria, umas
calças jeans compridas, sua mãe dizia que ele crescia muito, por isso só lhe
comprava calças curtas, ele queria uma camiseta como a dele, de mangas
compridas, compraram também um casaco de plumas, para o inverno, tênis novo
dois, assim podes variar, depois ele ficou como louco quando passaram numa
livraria, para buscar um livro pra o Ray, ele ficou como louco na parte
infantil, nunca tive um livro, podes escolher o que queira, ele argumentou que
na biblioteca tinha muitos livros.
Ray lhe explicou
que eram livros para seu trabalho, livros de direito, não serviam ainda para
ele.
Perguntou se
sabia ler, ele disse que um pouco.
Levou o que ele
gostava.
Foram ainda num supermercado
aberto aos domingos, compraram leite, coisas que uma criança comia, ele ria
muito.
Em casa,
perguntou ao Ray como o devia chamar.
Podes me chamar
de tio, de Ray do que queira.
Gosto mais de
Ray, se sentaram no sofá para Ray ler o jornal, em breve estava dormindo em sua
perna, ao mesmo tempo segurando sua mão.
Ele se perguntava
como o irmão podia ter deixado um filho para trás.
Ia tentar usar
todos os meios para encontrar o irmão se tinha AIDS, devia estar em algum
hospital, ao mesmo tempo ia pedir a morgue um relatório das pessoas mortas sem
serem reclamadas.
Nunca entenderia
com podia ter-se desviado tanto assim na vida.
Quando tinha
chegado em casa, tinham se encontrado com a vizinha, era uma senhora amiga da
família, apresentou David como filho do seu irmão, que ela se lembrava de
criança, realmente é a cara dele.
Perguntou se ela
conhecia algum jardim da infância, por ali, para deixa-lo quando fosse
trabalhar. Espera disse ela, chamou sua
filha, que trabalhavam em um. A conhecia
desde criança, nunca tinha se casado, já tinham se visto durante a reforma da
casa. Ela quando viu o David, disse que
tinha brincado muito com os dois quando criança.
Lhe ensinou aonde
era, amanhã o deixas lá comigo, agora estou com menos criança, pois são as que
os pais trabalham agora na época das férias.
O leve com uma
roupa de esporte, assim ficam mais à vontade, menos mal que tinham comprado
uma.
Quando Laurie
chegou para almoçar, tinha decidido comer pizza, pois ele nunca tinha comido
uma. Foram a um restaurante ali perto,
que já tinham ido nesses dias.
Ele perguntou
pela sua mãe, ainda está fazendo exames David, se for o caso ela estiver
estável pode ficar em casa.
Mas depois quando
chegaram, ele colocou o menino para fazer um cochilo.
O deitou, colocou
uma manta sobre ele, mexeu nos seus cabelos, lhe deu um beijo na testa.
Desceu, Laurie
estava fazendo café, disse que o caso era grave, não sei como essa mulher não
fez nenhum tratamento ainda, o médico encarregado acha muito difícil ela se
recuperar, consegui que ficasse num quarto, assim podemos levar o menino para
visita-la.
Esse menino é um
doce de criança, como meu irmão pode abandona-lo desse jeito, não posso
acreditar. Não sei o tipo de educação
que minha mãe lhe deu.
A cabeça dos meus
pais, era complicada, embora ele tenha me educado bem, não sei o que se passou
com David.
Nunca me esqueci
dele, realmente como diz a Gabrielle, nunca coloquei uma denúncia em cima dele,
seja pelo roubo do meu dinheiro, seja por ter levado tudo dessa casa.
Eu queria era
encontra-lo.
Disse o que ia
fazer no dia seguinte, vou tentar descobrir, a partir do lugar que viviam, para
ver se posso encontra-lo.
Foi até a
biblioteca, falou com um juiz que conhecia, pediu desculpa por lhe incomodar em
pleno domingo, lhe explicou o caso.
Este lhe indicou
um velho policial, que era um excelente detetive. Telefonou para o mesmo, marcou no dia
seguinte no escritório. Trabalhavam num
escritório de advogados, cuidando da parte de direito internacional, era um
experto na área.
Quando o menino
desceu, se espreguiçou ao entrar na sala, disse que tinha dormido muito, foi
correndo para o Laurie, para lhe dar um beijo, começou a contar tudo que tinha
feito, amanhã vou a escola, aonde trabalha a senhora do lado.
Tinham trazido a
pizza que tinha sobrado, que ele comeu, tomando um copo de leite, depois
ficaram vendo o noticiário, com ele sentado no meio dos dois.
Agora em vez de
um pai, vou ter dois não é?
Os dois riram com
ele.
Eu não tinha
nenhum, agora os outros vão ficar com inveja de mim.
Devia ter sido
muito movimento para ele, pois dormiu em seguida outra vez.
Mais tarde os
dois subiram, Laurie, fazia questão de o levar no colo, o colocaram na cama,
lhe arrumaram para dormir.
Quando foram
dormir, deixaram a porta do quarto aberta, para se escutar algum ruido, vamos
ter que comprar um desses sistemas de escutar as crianças.
Riram ficaram de
mãos dadas na cama conversando.
Bom amanhã quando
chegue nos hospital, vou vê-la antes de começar a trabalhar, creio que
poderemos nos revezar algumas noites para estar com ele, como fazíamos com teu
pai.
Ray, que tinha o
sono mais leve, despertou com ruido, era o David tendo um pesadelo, se sentou
ao seu lado na cama, ficou segurando sua mão, isso o fez dormir tranquilo,
acabou deitando ao lado dele, pois cada vez que tentava tirar a mão, ele
segurava mais forte.
Laurie despertou
sem encontrar o Ray, o encontrou dormindo com o garoto. Ficou na porta rindo, que pai será esse meu
marido. O amava com paixão, por isso
tinham se casado.
O despertou, pois
já era de manhã, em seguida despertaram o David, para que tomasse banho para ir
à escola, não se esqueça de escovar os dentes.
Foram os três
junto até a escola, o deixaram com Gisela, ele na hora olhou os dois, que lhe
disseram que voltavam para lhe buscar.
Gisela se ofereceu, quando acabe o horário, o levo para casa, quando
vocês cheguem, ele estará já pronto para dormir.
Ray foi
trabalhar, Laurie para o hospital, queria chegar cedo, para ver a Gabrielle, de
lá telefono.
Quando Ray chegou
o detetive o estava esperando, o fez entrar na sua sala, comentou com ele que
seu irmão levava desaparecido quase dois anos, tudo que sabia era que tinha
AIDS, a zona que vivia na época, lhe deu uma foto sua, somos iguais, somos
gêmeos.
Lhe deu a pouca
informação que tinha. Se esta morto,
jogado num necrotério, quero enterrá-lo ou se está num hospital, quero ajudar
no tratamento.
O homem disse
seus honorários, ele pagou uma parte adiantado.
Depois começou a
trabalhar, tinha entre suas mãos, um caso complicado, tinha expatriado os pais,
deixado o filho para trás que estava num orfanato.
Foi visitar o
garoto, para conversar com ele. O caso
era antigo, pois depois que expatriaram os pais, esses tinham sumido. Lhe dava lástima, tinha a mesma idade do
David, ficaram conversando, escutou uma voz atrás dele, que facilidade tens de
se comunicar com as crianças, era a senhora do dia anterior.
Hermione,
verdade, eu estou a cargo do caso, queria saber se o garoto por acaso tinha
escutado o nome de alguma cidade, ou coisa similar.
Eu também levo
esse caso, pelo visto vamos nos ver muito.
Perguntou pela Gabrielle, pelo David.
Ele esta numa escola, que tem minha vizinha, a Gabrielle no hospital,
hoje tem o resultado dos exames, vamos ver se pode fazer o tratamento em casa
ou mesmo no hospital.
Pelo que
consultei ela tem pouco tempo de vida, se fosse o senhor, adotava o garoto
imediatamente para evitar problemas.
Ele comentou que
tinha contratado um detetive para encontrar o irmão. Vamos ver se está vivo ou já passou desta
para melhor.
Se despediu do
garoto, uma lastima isso, tem coisas que vi ao longo dos anos do meu trabalho,
que nunca entenderei as pessoas, como podem separar uma família.
Trocaram
informações, a levou até o escritório que trabalhavam, mostrou os casos que
estava trabalhando, ela anotou, para verificar se tocava a ela.
Justo nesse
momento o Laurie telefonou, disse que ela tinha piorado durante a noite.
Vou para aí,
queres vir junto Hermione, assim saberás como a estamos tratando. Se for o
caso, prefiro que fales com ela da adoção. Não penso deixar o menino abandonado jamais.
Pegaram um taxis,
foram para o hospital. Gabrielle sorriu
quando viu os dois juntos, Laurie já tinha falado da escola para ela.
Ela disse que
preferia que o Laurie falasse da sua saúde, na frente dela, pois tinha que
tomar decisões.
Não está reagindo
as medicações, pois esta começando o tratamento muito tarde.
Hermione falou
que ela devia já pensar em assinar os papeis de adoção do menino, para os dois,
pois se eles o queriam, era melhor cuidar disso, do que esperar. Se melhoras, tudo bem, descartamos os papeis.
Não, prefiro
deixar tudo preparado.
Enquanto elas
conversavam, ele saiu com o Laurie, falou do orfanato, aonde estava o garoto,
agora temos poucos dados sobre os pais, que voltaram para seu pais. Mas para aonde, vamos tentar levar o caso
juntos.
Os dados, davam
como se eles fossem de Jalisco, México, mas até agora não tivemos sucesso,
estou em contato com a policia de lá. Tudo que sabem, é que eram um casal jovem que
fugiu para cá, pois a família era contra o casamento. Mas agora não encontram nenhum, nem o outro.
De tarde num
momento de folga Laurie foi buscar o David para ver a mãe, ele contou tudo que
tinha feito na escola para ela. Os tios me tratam super bem.
Ela avisou que as
vezes ele tinha pesadelo de noite, desde que tinham perdido a casa.
Mas não havia
jeito dela melhorar, os médicos estavam fazendo todo o possível.
Uma semana depois
o detetive deu sinal de vida. Quando
chegou no escritório de manhã, ele já estava lá.
Infelizmente
tenho más notícias, acabei encontrado seu irmão na Morgue de San Diego, morreu
ali, deu entrada no hospital sem documentos.
Mas quando mostrei a foto se lembraram dele.
O senhor tem que
ir reconhecer o cadáver para dar uma sepultura.
Ele aproveitou o
senhor, lhe perguntou que pelo nome ele se ele era descendente de mexicanos.
Quando ele
concordou, lhe perguntou se podia trabalhar num outro caso, passou a ficha dos
pais do garoto, tudo que sabemos, era que tinham sido devolvidos ao pais de
origem, sabemos que a cidade deles, é Jalisco, mas nem o xerife de lá, nos
falam deles.
Se o senhor quer
trabalhar para mim, será um prazer. Falou com a secretária, para combinar com
ele os honorários, lhe pagou o resto do seu caso pessoal, marcaram do dia
seguinte ir a San Diego.
Comentou com o
Laurie, este disse que ia buscar o David para ver a mãe, vens assim falamos com
os dois juntos.
Avisou também a
Hermione, que combinou de estar essa hora no hospital.
Quando ela
chegou, comentou com ela que tinha contratado o mesmo detetive para ver se
encontrava os pais do garoto do orfanato.
Que bom que você
nesse caso disponha de dinheiro para essas coisas.
Sim é um
departamento do governo, ligado ao de Direitos Humanos da ONU, aonde trabalhei
tantos anos.
Dos casos que
você me deu, tenho dois similares, são as mesmas pessoas, depois podemos
trabalhar em conjunto para resolver.
Quando os dois
chegaram, se reuniram no quarto, Gabrielle disse que sentia isso, que ele
realmente desta vez tinha partido.
Explicou ao filho, os deixaram falando sozinhos, ela queria explicar a
ele que os dava em adoção aos dois.
Ele saiu choroso
do quarto, a primeira coisa que fez foi segurar a mão do Ray, você vai cuidar
de mim. Laurie pegou a outra mão,
dizendo vamos ser uma família, serás nosso filho.
Duas semanas
depois, eles estavam preocupados, pois o aspecto de Gabrielle era cada vez
pior, agora usava quase o tempo todo a máscara de oxigênio, os dois sentaram
com o David, lhe explicaram o que estava acontecendo, que iria agora a pior, se
ele queria seguir vendo sua mãe?
Claro que sim, Tia
Gisela, me explicou outro dia todo o processo, sei que ela irá para o céu, mas
quero ver até o último momento.
Assim foi.
Uma tarde ao
voltar do hospital, estava com um humor de lascar, quando chegou o detetive o
estava esperando.
Primeiro
perguntou se podia ajudar em alguma coisa.
Ele lhe explicou
o que estava acontecendo, tinha mandado cremar o irmão, assim enterraria os
dois ao mesmo tempo.
Lamento muito,
mas tampouco tenho boas notícias. Contou
o que tinha descoberto, a menina era filha de uma família rica, o namorado de
uma pobre, tinha estudado juntos, pois ele o fazia numa escola de ricos, com
bolsa de estudos.
Quando ela ficou
gravida, escapara para cá. Tiveram o
filho, foram na verdade separados, por causa do pai dela.
Este a recuperou,
mas o rapaz está morto, com certeza por ordem dele. Consegui falar com a mãe, ela diz que o medo
dela, é que o menino seja raptado, pelo pai, assassinado.
Redigiu um
documento, que o dava em adoção, consegui que o fizesse na frente do xerife, de
um tabelião, que reconheceu as firmas inclusive. Assim ele pode ser adotado aqui.
Falou com
Hermione, esta comentou que estava justamente entrando no edifício. A apresentou ao André Castanho, o
investigador.
Contou o caso,
ele passou o papel para eles. Dá pena de
ver a garota, pois tivemos que forçar para que o pai deixasse falar com
ela. Ele foi claro não quer o neto por
lá, pelo que deduzi, ela vai se casar com um herdeiro de outra família, rica
como eles.
Nessa noite
comentava o caso com Laurie, que soltou, porque não adotamos também, se
cuidamos de um, podemos cuidar de dois.
No dia seguinte
primeiro foi como uma bomba, recebeu uma chamada do orfanato, tinham entrado
dois homens mexicanos, perguntaram pelo garoto, lhe indicaram um, este levou um
tiro na cabeça.
Chamou assustado
a Hermione, está também tinha recebido a chamada, mas disse que estava com o
garoto no médico, tinha problemas de ouvido, ela o tinha levado.
Tinham matado
outro garoto com o mesmo nome.
Ele disse que ou
o levava para sua casa, ou para a minha, a senhora decide.
Mas foi de
qualquer maneira ao orfanato, a polícia estava ali. Ele se identificou, contou a história da
criança, que tinha separada dos pais, levou o documento que falava da história
confirmada pela mãe da criança, devem ter sido os homens do avô, que não queria
nenhum cabo solto. Tinha feito um sinal
para a cuidadora das crianças.
Ela concordou com
a história.
Saiu, chamou a
Hermione de novo, que o levasse para sua casa. Quando chegou ela estava no
carro esperando com o garoto. Entraram,
conversaram, ele não sabem que o garoto está vivo, eu posso adota-lo ou o
Laurie. Senão corre o risco de voltarem
matarem a este também.
Ela concordou,
nisso o Laurie chegava com o David, este quando viu o garoto, correu para ele,
ei amigo vamos jogar.
Disse que o
levasse para jogar no seu quarto.
Laurie sentou-se
lhe contou o sucedido, eles pensam que mataram o garoto, eu confirmei para a
polícia, bem como os jornalistas que estavam ali, teríamos que fazer uma adoção
na surdina, para ninguém descobrir, passar o nome dele diretamente para a
pessoa.
Posso adotar eu,
soltou o Laurie?
Claro, já sei que
vocês são uma família estável.
Mais tarde depois
que ela foi embora, eles perguntaram ao David, se tinha gostado do amigo,
estaria na casa dela, até a adoção.
Sim, gostei,
sempre quis um irmão para jogar. Ele tem
a mesma idade que eu, lhe perguntei.
Estamos pensando
em adota-lo, o que achas.
Uau, vou ganhar
um irmão, queria falar imediatamente com o garoto, foi duro convence-lo que
podia fazer no dia seguinte.
As notícias no
jornal da noite, falavam do crime, um pobre garoto, que estava jogando no
jardim do orfanato, deixado para trás por seus pais extraditados ao México,
tinha sido assassinado por sicários mexicanos.
Talvez uma longa história por detrás disso tudo, conforme a assistente
social confirmou, os pais foram extraditados, no que procuraram por eles em
Jalisco, descobriram que o rapaz, estava morto, a mãe prisioneira da família,
foi como um ajuste de contas, para um cabo solto.
Dois dias depois
o menino estava com eles, trocaram seu nome, entre os dois pequenos, escolheram
seu nome, Ray Stamp, a família aumentava.
Semanas depois
sua cunhada morreu, a enterraram junto as cinzas do seu irmão, para um descanso
merecido.
O detetive, tinha
procurado pelas raízes de seu irmão, era uma história complicada, sua mãe logo
após o divórcio, se casou novamente, com outro homem, como seu pai, com uma
posição social acomodada, teve outro filho, depois se divorciou, deixando o
mesmo com seu pai, arrastou com ela David outra vez, anos depois se casou com
outro, mas o tiro saiu pela culatra, esse era um bom filho da puta, colocou o
David para trabalhar na sua fazenda, explorava o garoto, inclusive se descobriu
depois que tinha abusado sexualmente dele.
Entrou para o
exército, para escapar de uma condena, por ter quase matado esse homem.
Lá ele se uniu a
um grupo de soldados que faziam roubos de armas, roubavam também antiguidades,
que mandavam para um coronel nos Estados Unidos, que os vendia ao melhor
postor.
Quando isso saiu
a luz, foi expulso do exército. Nas
conversas que tinha tido com a Gabrielle, este lhe dizia que Ray tinha tido de
tudo, uma vida confortável, boas escolas, universidade, um emprego fantástico,
então era justo que ele também gozasse de seu dinheiro.
Ele não entendia por
que não os tinha procurado a ele, nem ao seu pai.
Ele achava que
teu pai não o queria.
Meu pai nunca se
perdoou pelo fato dela o ter levado embora, achava que ela era desequilibrada,
mas o juiz concordou com isso. Além dele
ser muito agarrado a ela.
Eu sempre senti
falta do meu irmão, se ele tivesse me procurado, o ajudaria.
Gabrielle foi
franca com ele, se o tivesse feito, ele teria te explorado sempre. Te odiava, por ter tido sorte.
Quando tive o
David, ele disse que eu deveria ter tido dois, assim poderia seguir a saga
familiar, por isso colocou o nome dele, bem como o teu no garoto.
Foram os quatro
ao enterro, que foi muito simples, só estavam as vizinhas, Hermione, mais
ninguém. O enterraram no mausoléu da
família, assim descansariam em Paz.
Ele de uma certa
maneira passou os anos seguintes, vigiando os garotos, ao mesmo tempo que como
casal educavam os meninos estupendamente.
Eram bons
estudantes, inteligentes, obedientes.
Foram levando a vida, Ray se aposentou antes, pois tinha começado a escrever,
podia passar um dia inteiro na biblioteca, escrevendo artigos para revistas, as
quais interessava sobre os direitos humanos.
Escreveu um
livro, falando que normalmente os países, assinavam os protocolos de respeito
ao assunto, ao mesmo tempo que faziam tudo ao contrário. A infância, bem como a juventude, nunca eram
respeitadas, a educação nunca chegava a todos.
Ele deixava os
garotos, agora dois adolescente lerem o que escrevia. David dizia que ia ser como o pai, escritor. Aliás ao contrário dos outros garotos, a
alegria deles desde criança era ir à livraria para comprarem livros. Quando os colegas caçoavam deles, ignoravam,
diziam que quem fazia isso, eram os mais atrasados na escola.
Juntos foram a
Universidade, nessa altura Laurie se aposentou também, compraram uma casa na
praia, aonde passavam a maior parte do tempo.
Até se atreveram a aprender surf, apesar da idade. Os dois vinham passar
o final de semana com eles, no princípio ao inverno, voltava para casa, mas com
o tempo foram ficando. Tinham uma bela
lareira na sala, mas não fazia frio suficiente para isso.
Quando acabaram a
universidade, tinham que resolver o que fazer. Ray tinha feito arquitetura,
David literatura, línguas.
Este começou a
escrever, publicar, na internet, até que foi descoberto por uma editora, os
jovens adoravam o que escrevia.
Um dia sem querer
tocaram no assunto, vocês nunca falam em namoradas, por quê?
Pai o senhor as
vezes para ser tão inteligente as vezes é lento, nós amamos desde criança, mas
nunca falamos em voz alta. Menos mal que
Ray foi adotado pelo tio Laurie, senão iam pensar que dois irmãos tudo seria
mais raro. Mas não, sempre vivemos o que
queremos, como vocês dois.
Laurie ria, pois
desconfiava, os dois estavam sempre conversando, trocando ideias, nunca se
separavam, se faziam um programa, iam os dois.
Queriam ir de
viagem juntos pelo mundo.
Sem querer eles
tinham juntado duas almas gêmeas, nunca criticaram.
Anos depois
finalmente se casaram, logo em seguida adotaram um casal de meninos,
abandonados pela família. Construíram na
velha casa, um lugar perfeito para essas crianças, que iam visitar os avôs
sempre. Esses babavam nas crianças, a
férias eram sempre lá.
Claro as vezes
tinham problemas, como todos os velhos, mas iam tocando para frente.
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