BRIAN STRIKE
Seu nome era
Brian Strike, era tenente coronel do exército americano, as coisas começaram a
andar mal, justo no dia que deixava o Afeganistão. Estava num jipe indo em direção ao
aeroporto militar, quando lançaram um projetil a larga distância, o veículo pareceu
voar, a cara do rapaz que dirigia o mesmo, era surpreendente, não entendia o
que acontecia, quando pousou na terra de cabeça para baixo, ao mesmo tempo
começaram a metralhar o comboio que os seguia, ele estava preso nas ferragens,
o rapaz ao contrário estava numa posição incrível. Agora se lembrava de tudo, antes tudo, que
podia ver era negro, ia aos poucos voltando a si.
Viu uma mulher
com roupa de enfermeira, entendeu imediatamente que estava num hospital, mas se
tocou que não era no acampamento, pois ali, as enfermeiras militar não se
vestiam de branco.
Não podia falar
pois sentiu que estava entubado. Nesse momento entrou um médico, com certeza
chamado pela enfermeira, fez sinal de silêncio, não tente falar, já vamos tirar
os tubos. Ficou quieto, com os olhos
passeando pelo local.
A primeira coisa
que lhe deram foi um pouco de água, podia sentir a mesma descendo pelo seu
corpo, pediu mais. Agora aos poucos
deixava de sentir a garganta seca.
Aonde estou, foi
o que perguntou?
Estas na
Alemanha, acabas de sair de coma, depois de um mês, foste operado duas vezes,
mas está tudo estabilizado.
Queria se mover
na cama, mas não sentia as pernas, primeiro pensou como já tinha visto muitas
vezes, os jovens com as pernas amputadas, andando com próteses dessas modernas.
Fez uma cara de
interrogação? O que me aconteceu?
Bom houve primeiro
um problema sério na sua coluna, foram destruídas duas vertebras, não sabemos
quando poderás voltar a andar, nem quanto tempo de fisioterapia será
necessário.
Tudo que sabemos
até agora, é que tiramos duas balas que te atingiram, uma na perna, outra no ombro
esquerdo. Quando te retiraram do veículo, estavas de cabeça para baixo, ou seja
todo sangue foi para baixo, quiça isso tenha te protegido.
Mas até
conseguirem te retirar foi difícil, já estavam dando como morto quando
suspirastes perguntando pelo rapaz ao teu lado.
Infelizmente não
sobreviveu, porque uma das balas atravessou sua cabeça.
Sentiu uma
lastima imensa, era seu ajudante de ordens, um rapaz que nunca deveria estar na
guerra, não estava preparado para o que ia encontrar. Ele ao contrário, já tinha estado em muitos
frente de batalha, tinha visto muitos desses jovens morrerem da maneira mais
idiotas possíveis.
Pior é que sabia
que era filho único, de pais mais velhos, sabia que eram controladores, que o
mesmo tinha entrado no exército para fugir do mesmos.
Estavam indo para
o aeroporto, porque ele voltava para Washington, para trabalhar um tempo no
pentágono, estava contente, pois pelo menos sairia um tempo de tudo isso.
Dois dias depois
conseguiu falar com seus pais. Estavam claro preocupadíssimos, pois tinham sido
avisados. Disse que não saberia o tempo
que ficaria na Alemanha pelo que tinha falado o médico, tentaria que o levassem
para um hospital em San Francisco, assim estaria perto de sua família.
Seus pais
reclamavam sempre que ele não tinha se casado, nem poderia, pois via a
quantidade de casais complicados, quase todos seus conhecidos, que tinham
casado, tinham problemas, ou bebiam demais, ou as coisas nunca iam bem. Ele tinha o dom de saber escutar as
pessoas, por isso todos desabafavam com ele, pois nunca comentava nada com
outras pessoas.
Muitos pesavam
que era gay, pois nunca o viam com ninguém. O que era uma verdade, nunca tinha se
apaixonado na vida. Não era feio, ao
contrário, tinha uma boa aparência, alto, tinha quase um metro e noventa, um
corpo espetacular segundo diziam.
Pensou vamos ver como me saio agora com os exercícios sempre tinha tido
facilidade para fazer exercícios.
Tinha entrado
para o exército, como uma maneira de subir escalões, pois graças ao seu irmão
mais velho, que tinha limpado as economias de seus pais, não tinha podido ir à
universidade. Não era um estudante
estupendo, mas sim esforçado, tinha vontade de ir em frente. Seu irmão ao contrário era daqueles que
queriam ficar rico sem muitos esforços.
Antes de voltar,
apareceram seus superiores, queriam saber que queria se aposentar, ou se
seguiria em ativo, seu novo cargo não tinha problemas de ir em cadeiras de
rodas,
Então sigo ativo,
não me imagino não fazendo nada.
Depois de se recuperar
no hospital de San Francisco, conversou muito com os pais, não poderia viver na
casa deles, precisava de uma casa que fosse térrea, que ele pudesse se valer
sozinho.
Foram com ele a
Washington, até que conseguiu um apartamento num edifício baixo, o mesmo era um
térreo, com uma boa divisão, conseguiu que o adaptassem a ele.
Ao mesmo tempo
conseguiu um carro, adaptado a sua situação.
Seus pais tinham sua vida em San Diego, nos subúrbios, não queria sair
de lá. O plano dos dois era justamente
daqui algum tempo venderem a casa, irem viver numa residência, aonde pudesse
passar seus últimos dias.
Sua mãe era o
tipo de mulher que pensava que os filhos eram como as aves, para voarem do
ninho, seguirem suas vidas. Mais uma
vez, reclamou que nessas alturas ele já poderia ter filhos, eles netos.
Um dia no
hospital quando falou isso, falou com ela que tinha visto tantas famílias
desfeitas, homens com problemas de bebidas, drogas, tudo isso, depois na
verdade minha mãe, nunca me apaixonei por ninguém, nem sei se isso acontecera
algum dia.
Alguns diziam que
ele era receptivo a escutar aos demais, mas jamais falava nada de sua vida.
Durante um tempo,
tinha verdadeiro horror ao seu irmão mais velho, ele na verdade era um filho
que apareceu fora do tempo. Seu irmão
tinha doze anos quando ele nasceu, fez de sua infância um inferno, pois antes
ele era o querido de sua mãe. Mas ele
nunca reclamou aos seus pais contra o mesmo.
Quando era adolescente, um dia que entrou pela janela de madrugada,
colocadíssimo de drogas, abusou dele.
Depois lhe deu uma porrada tão grande nas costas dizendo, que ele era o
seu animal.
A partir desse
dia, fizesse calor ou não, mantinha a janelas fechadas, a porta também. Temia o irmão. Começou a aprender a se defender, fazendo
aulas de boxe, mesmo artes marciais que gostava tanto.
Quando este
tentou de novo, levou uma surra dele.
Foi logo em seguida quando desapareceu completamente. Seus pais, denunciaram na delegacia, mas
nunca mais souberam nada dele.
Isso depois de
ter roubado tudo que tivesse valor na casa, bem como as poucas economias dos
dois para ele poder ir à universidade.
Nunca reclamou,
pois sabia que seus pais iam ficar triste, os pais foram com ele no seu retorno
a Washington, assistiram que lhe davam mais uma medalha, riu quando sua mãe que
era uma mulher alta, se abaixou para passar a mão em todas as medalhas que ele
tinha.
Se adaptou a sua
nova vida, tinha aprendido a conduzir, a entrar sozinho no veículo, a colocar a
cadeira de rodas no mesmo, tudo sozinho, era muito moderna a mesma. Todos os dias no final do dia ia ao ginásio,
para fazer fisioterapia, bem como depois nadar, gostava disso, se sentia bem na
água.
Seu novo posto,
não era uma maravilha, mas aproveitavam sua inteligência nata.
Um final de
semana estava em casa, lendo, esperando uma pizza que tinha encomendado, quanto
tocaram o timbre, pensou que era a mesma, quando abriu a porta, eram dois
homens, que se identificaram como sendo de DEA, agência ante drogas. Os fez entrar.
Pensou que vinham
lhe falar de algum soldado ou mesmo alguém do exército.
Quando se
sentaram, perguntaram se era irmão de Jimmy Strike?
Sim, mas
desapareceu a mais de vinte anos, nunca mais soubemos dele.
Bom, seu irmão
trabalha para um cartel mexicano, se casou com uma americana. A pouco tempo fez
contato conosco, ficou como infiltrado nesse cartel. Achamos que descobriram sobre o mesmo,
conseguimos resgatar tua cunhada, bem como seu filho.
Se chama Cameron Strike,
tem doze anos, os temos bem guardados, o problema é que tua cunhada, está com
um câncer terminal, não tem família, era órfã, foi criado num orfanato, por
isso nos deu seu indicação, se você quer ir conhece-la, podemos te levar até
lá.
Tenho que me
vestir. Isso para ele queria dizer que
tinha que colocar o uniforme, tinha poucas roupas de civil, além do que estava
vestido no momento, só uma calça jeans e camisetas.
Mas não demorou,
pois estava acostumado a se vestir, mesmo dentro de suas possibilidades, tinha
desenvolvido um método para isso.
Disse que os
seguiria, assim não o tinham que trazer de volta, rapidamente se sentou no seu
carro, colocou a cadeira de rodas atrás, um deles depois comentou, como te
viras bem?
A gente tem que
aprender a se virar, vivo sozinho, vem uma senhora duas vezes por semana, para
fazer a comida, limpar o apartamento, preciso seguir trabalhando, para não
estar ocioso. Por sorte dirijo um departamento que é fácil de conduzir. Mas não disse o que era.
Quando chegaram
ao hospital, entraram um quarto que estava custodiado.
A mulher era
muito bonita, mas quando olhou o garoto sorriu, era a cara de seu pai quando
jovem, se lembrava de uma foto que tinha em casa, seu pai de calças curtas, era
o próprio garoto.
Ele perguntou por
que do sorriso?
A verdade, me
acabas de lembrar uma foto do meu pai, na tua idade, a tenho em casa, eles
ficaram contentes de saberem que tem um neto.
A mulher se
identificou como Cassandra, teu irmão sempre falava isso, que era parecido com
o pai dele.
Os homens saíram,
ficaram os três ali. Ele perguntou se
ela precisava de alguma coisa, ele estava ao seu dispor. Ela pediu que ao filho sua bolsa que estava
no armário. Lhe mostrou os documentos
dela, a certidão de casamento, os documentos do garoto.
O problema,
estávamos num lugar protegido, mas claro, eu tenho que estar aqui no hospital,
não creio que tenha solução. Se você
pode tomar conta do meu filho agradeço, inclusive se quiseres fazer um exame de
ADN, se acha necessário, tudo bem, já conversei muito com o Cameron sobre
isso. Está perdendo este ano escolar
por causa dessa confusão toda, acharam teu irmão morto, por isso a DEA, nos
trouxe para cá. Tinha lagrimas nos
olhos, o garoto num movimento de amor a sua mãe, lhe secou as lágrimas, falou
com uma voz rouca, como tinha seu pai, a senhora já chorou demais.
Se ele quiser
ficar comigo, tudo bem, tenho uns horários complicados, mas encontraremos uma
maneira de resolver isso.
Tirou seu
celular, ver uma vídeo chamada para sua mãe, essa a primeira coisa que fez foi
perguntar que fazia de novo num hospital.
Ele não disse nada, mostrou o Cameron, ela ficou de boca aberta, começou
a chamar seu pai, ele apresentou primeiro a Cassandra, disse quem era, depois
mostrou seu neto outra vez. O deixou os
dois conversando com eles.
Ao final, escutou
sua mãe dizendo, vamos para aí imediatamente, era uma mulher sempre de armas a
tomar, ou seja, nada era para amanhã, sempre para o momento, ele nesse ponto
era igual a ela.
Só teve tempo de
dizer que tudo bem.
Ela é assim, não
se assuste, diz que está numa idade, que não pode deixar para amanhã, o que tem
que ser feito imediatamente.
Cassandra sorriu,
em sua cara fatigada, teu irmão falava o mesmo, que ela era dura de pelar, mais
que teu pai.
Adoro os dois,
explicou que tinha uma diferença grande de seu irmão, fui um filho temporão.
Teve que explicar
o que era isso para o garoto.
Era alto, meio
desengonçado, como ele era na mesma idade.
Tens roupas, uma
bagagem. De repente parou um
momento. Saiu na porta, perguntou a um
dos homens se podia localizar uma médica chamada Elizabeth Morris, ou Beth
Morris.
Esta apareceu
imediatamente. O abraçou, beijou nas
faces, ele apresentou sua cunhada, bem como seu sobrinho.
Consegues arrumar
uma pessoa para ficar com minha cunhada durante a noite.
Cameron disse que
ele podia ficar.
Sinto Cameron,
aqui no hospital, não admitem ninguém da família de noite, não se preocupe
Brian, eu consigo. Depois lhe perguntou
como ia a recuperação.
Muito lenta,
algumas vezes consigo mover os dedos do pé, mas não passamos disso.
Calma, ela tinha
sido umas das médicas que o tinha atendido na Alemanha, sempre te disso que
isso leva tempo.
Perguntou a um
dos homens da porta, quem era o médico que estava atendendo a Cassandra, foi
pelo mesmo.
Este quando
voltou, olhou para ele, dizendo que no dia seguinte iam começar um tratamento
pesado, o caso está muito adiantado, vamos ver o que podemos fazer.
O senhor faça
tudo que estiver ao seu alcance, qualquer necessidade fale comigo. Eu trabalho no Pentágono, tenho meios.
Quando ficaram
sozinhos de novo, ele telefonou para a senhora que cuidava de sua casa, sabia
que ela antes trabalhava na casa de um senador, lhe perguntou se podia passar
por sua casa no dia seguinte, preciso da senhora.
Ela poderia
passar o dia em casa, não podia pedir a sua mãe, para fazer nenhum serviço, ele
pagava uma senhora que fizesse isso na casa dos pais.
A enfermeira
disse que eles tinham que ir embora, o horário não permite mais ninguém. Nesse
momento Beth entrou com uma senhora negra, essa disse que podia ficar pelas
noites, acabo de terminar meu turno, um dinheiro a mais sempre vem bem.
Cameron soltou um
suspiro, abraçou a mão, a beijou, amanhã venho logo cedo ok.
Tudo que ele
tinha era uma mochila.
Quis ajudar com a
cadeira de rodas, ele riu, obrigado garoto, mas estou acostumado, as pessoas
aprendem a se defender.
Perguntou o que
tinha acontecido, ele contou por alto, sem falar do rapaz que levava o jeep.
Contou que tinha
levado meses em coma, bem como o tinham operado mais de uma vez.
Dizem que
voltarei a andar, mas não tenho ideia, quando será isso.
A tempos atrás um
conhecido tinha oferecido uma casa que tinha, maior, para ele, não era longe da
sua. Agora teria que conversar com seus
pais para saber o que queriam fazer.
No que pensava
nisso, sua mãe telefonou para dizer que chegavam no primeiro voo da manhã, ele
disse que mandava seu ajudante ir busca-los, pois no seu carro com a cadeira de
rodas era complicado.
Quando chegaram
em casa, mostrou o mesmo ao Cameron, hoje terás que dormir no sofá cama, pois
ele é muito baixo para me levantar sozinho.
Me fale de ti,
quero te conhecer, nem sabíamos que existia, não sei nada do meu irmão a mais
de vinte anos.
Ele nunca falou
como foi parar no México, algumas vezes falava de vocês, mas nunca porque foi
embora. Só dizia que ele era complicado
quando mais jovem.
Nós vivíamos numa
cidade, ele em outra, nos víamos algumas vezes, uma ou duas vezes por semana,
tudo muito complicado. Mas me colocou
numa escola americana, para que eu soubesse falar inglês direito.
A última vez que
o vi, me disse, que se alguma coisa lhe acontecesse, sabia que seu irmão
cuidaria dele. Foi a primeira vez que
falou do senhor, sabia que era do exército, que era Coronel, mais nada.
Não eres casado,
nem tem filhos?
Não, as vezes me
canso de explicar a tua avó, sobre isso, com a vida que levo, não digo agora,
mas antes, nunca me foi possível formar família, me dava medo, por estar sempre
de um lado para o outro, depois via meus colegas sempre com problemas.
Daqui a algum
tempo irei para uma base americana na Itália, mas estou desenvolvendo ainda um
projeto que quero aplicar.
Quando tua mãe
melhorar, podemos ir juntos, claro se vocês quiserem ir.
Estamos sempre
com medo, pois os da DEA souberam das ameaças, por isso nos tiraram do México,
aqui sempre é igual, estamos vigiados.
Não olhe para
trás, mas pelo retrovisor, temos um carro nos seguindo, é um dos homens que me
levaram até lá.
Se for o caso,
peço que me mandem para a base, ali poderás ir à escola, enquanto trabalho,
estarás mais protegido. Mas te
ensinarei a te defender, sem querer soltou, como aprendi, para me defender de
teu pai.
O que ele fazia?
Vamos deixar prá
lá, pois isso são coisas do passado.
Comeram alguma
coisa, ficaram conversando, ele contou como era viver no México, que sua mãe
trabalhava num hospital, na parte administrativa. Foi lá que conheceu meu pai.
Ele sempre dizia
a ela que trabalhava para o governo americano, mas descobrimos que não era
verdade, traficava drogas.
Sim, na sua
juventude, ele tinha esse problema.
Minha mãe diz que
nem devo provar, pois seria um adito imediatamente, fiz muitos exames desde
pequeno.
Quantos anos tem?
Vou fazer treze.
Comentou que a
senhora Greta, cuidaria bem dele, me deixa sempre comida para semana toda,
assim não tenho trabalho de sair. Faz as
compras, arruma a casa. Tua avó telefona
para ela para saber se estou me alimentando.
Já verás como
fará contigo, contou aonde viviam, que pensavam ir viver numa casa para pessoas
de idade, acham que comigo fica complicado, na verdade estariam sozinho, pois
passo o dia inteiro no Pentágono, mas contigo, quem sabe gostaram de ficar
aqui, eles são muito independentes. Se
fazem pergunta sobre teu pai, deixe que tua mãe responda ok, senão ficaram o
dia inteiro de perguntando coisas. São
piores que os inspetores da polícia.
Jantaram, o viu
examinando seus livros, eram novos, lhe contou que tinha voltado ao hábito da
leitura, quando ficou no hospital, assim ocupava sua cabeça, agora no final do
dia, quando estou livre leio, para me ocupar, não tenho o hábito da televisão,
nem de internet. Já basta o que tenho
que ver durante o dia no trabalho.
Viste muitas coisas
ruins?
Sim, vou
guardando em caixas na memória, talvez um dia escreva sobre isso.
Lhe disse que
quando fosse tomar banho, tirasse a cadeira que tinha no box, pois tinha que
tomar banho sentado.
Se o senhor
precisar de ajuda, me chama.
Não me chame de
senhor, Cameron, podes me chamar de Brian.
Antes de dormir, lhe mostrou a fotografia que tinha do pai, não sei por
que, sempre gostei dessa foto dele.
Realmente eram
iguais, até na maneira de falar.
No dia seguinte,
quando chegaram seus pais, sua mãe, pegou a cara do neto, ficou olhando para
ele, o beijando, o abraçou muito, soltou ao final olhando para o Brian,
finalmente tenho um neto.
Seu pai foi
diferente, abraçou o neto, chorou um pouco.
Depois de um café, foram para o hospital, os deixou conversando, foi
falar com o médico que estava de plantão.
Tinham acabado os exames, falou francamente com ele, as chances eram
mínimas pois o câncer estava muito estendido. Sendo prático, se fosse o senhor, pedia a
guarda do garoto, pois isso pode ser um problema, se a DEA queira ficar com a
custodia dele, com a desculpa de o proteger.
Escutei os dois
falando, não tem certeza de que seu irmão esteja morto, pois o corpo que
encontraram estava muito desfigurado.
Viu que sua mãe
gostava da Cassandra, isso era bom, seu pai tinha saído para dar uma volta como
neto, sabia que um dos homens de guarda os tinham seguido.
Aproveitou para
conversar com as duas, explicou a situação, se quiseres, confiar em mim,
podíamos fazer o seguinte, me dás a guarda dele, pois se te acontece algo, a
DEA não pode fazer nada, caso contrário, pedirão a guarda dele como proteção.
Tenho duas
possibilidades, uma é mudar para uma casa maior, se meus pais resolverem ficar,
outra é conseguir uma casa ou apartamento grande na base, lá ele estará mais
protegido.
Faça como achar
melhor, quero meu filho protegido. Só
a pouco tempo descobri o de teu irmão, mas ele nunca falava nada do que fazia,
portanto não sei de nada. Tampouco posso
cuidar do meu filho, pois no momento não posso trabalhar. Faça como achar melhor.
Eu, falarei com
teu pai essa noite, acho que ele não vai querer se separar de seu neto, mas
pensando nas duas opções, eu acho a ideia da base melhor.
Sim lá tem
escola, pode fazer amigos, fazer esportes, inclusive vou sempre para nadar,
fazer fisioterapia, não me incomodo em mudar.
Tentarei arrumar um apartamento térreo, assim não tenho problema de
mobilidade.
Nem te perguntei
como vai o tratamento?
Bem vou indo, já
consigo mexer os dedos do pé direito, mas isso vai demorar.
Depois saiu,
falou com um amigo que tinha servido com ele na guerra do Golfo, que era o
coronel da base, falou com ele do problema, sem esconder nada.
Amanhã, te dou
uma resposta, vou ver se consigo um apartamento como queres, pois os outros
sempre são escadas, mas creio que tenho uma casa quase ao lado da minha, que
pode te servir.
Ficou mais
tranquilo.
Quando seu pai
voltou, o Cameron foi com os avôs comer na lanchonete do hospital, ele iria
depois.
Aproveitou para
falar seriamente com a cunhada, estava preocupado, com a história da DEA, ela
disse que realmente não tinha podido identificar seu irmão. As vezes tenho a sensação de que na verdade
nos sequestraram, para forçar teu irmão fazer alguma coisa.
Logo de manhã,
falou com a Greta, ela disse que por ela tudo bem, que poderia ir a base todos
os dias, ou mesmo se tivesse um quarto pequeno, viver lá. Passo o dia aqui, enquanto eles vão ao
hospital, preparo alguma coisa para o jantar.
Ele mexeu seus
contatos, conseguiu com um juiz que fosse até lá com os papeis, para ficar com
a guarda do Cameron. Iria com ele no
final do dia ao hospital.
Colocou um
policia militar, para transferir seus pais, com o Cameron ao hospital, depois
recolher.
Esse logo lhe
comunicou que todo o tempo estavam sendo seguidos pelos homens da DEA, que
tinha contatos, que ia se informar.
Ele cada vez mais
tinha certeza de que as coisas estavam mal contadas, que acreditava mesmo que
talvez seu irmão estivesse vivo.
Não queriam
deixar o Juiz entrar, mas esse se identificou, quando o chefe dos da DEA
chegou, era tarde, sua cunhada tinha assinado os papeis.
Depois falou com
a Beth, ela como trabalhava também no hospital da base, disse que lá talvez até
Cassandra tivesse um tratamento melhor.
O duro seria
tirar ela de lá. A DEA, não ia ter
acesso a ela no hospital.
Teve uma larga
reunião com o Coronel da base, esse lhe mostrou a casa, estava montada, dava
para todos, falou do problema da cunhada.
Vou assumir que é tua família.
Amanhã, o policia militar, trás teus pais para cá, bem como tuas coisas
e as deles. Hoje a noite, faremos o
translado de tua cunhada. Telefonou para
a Beth, ela disse que lhe passaria todos os exames da Cassandra, que de noite
só tinha um homem tomando conta. Pode ser
esta noite?
Sim, mando a
senhora que esta com ela colocar alguma coisa no café que vai oferecer ao
homem.
Uma ambulância da
base encostou numa saída de emergência, a retiraram de lá, ele estava dentro da
ambulância, explicou para ela, que na base estariam mais protegida que com
esses homens.
Logo de manhã,
seus pais com o Cameron, uma caixa de suas coisas, foram para a base.
Quando ele ia
saindo chegaram os de DEA, furiosos com o que tinha feito.
Creio que farias
igual, se fosse tua família, lá na base eles estão protegidos. A polícia militar cuidara deles. O dia foi
complicado, mas correu tudo bem.
Sua mãe estava
encantada com a casa, lhe perguntou quanto ia pagar de aluguel, que queriam
cooperar.
Nada mãe, tenho direito a uma se vou viver na base, para alguma
coisa essa merda de status deve valer.
Seu pai tinha dado uma volta na base como Cameron, tinha indo a uma
cantina, feito amizades.
Cameron disse que
o velho tinha feito amizades, tem um horário que os velhos se reúnem para
jogar, convidaram o avô para ir, dizem que o vão desplumar.
Greta tinha
arrumado um quarto pequeno para ela, disse que o supermercado da base era
excelente, posso cuidar de tudo.
Sua mãe disse que
teu pai tem uma dieta que vive querendo saltar, mas eu o coloco na linha.
Pelo menos a casa
tinha televisão, assim podiam as duas verem seus programas prediletos, sua mãe
tinha comprando lã, estava começando a tecer uma blusa para o neto, daqui a
pouco será inverno. Estamos fazendo um
rodizio, cada um vai por algumas horas com a Cassandra, já começaram as seções
de quimioterapia, para ver como funcionam, a Dra. Beth já esteve lá hoje, crê, que
lá vai estar mais bem atendida.
Ele foi pela
noite passou um largo tempo conversando com Cassandra.
Me apaixonei por
uma incógnita, teu irmão, nunca falava em que trabalhava, dizia que era algo do
governo, que não podia falar. Desconfio
como tu, que nos trouxeram como uma maneira de fazer com que ele coopere em
algo. Mas se é assim não temos como
avisa-lo.
Conheces alguém
que ele conhecia?
Sim, um homem que
trabalha num restaurante perto de casa, tenho o telefone dele, que me deu caso
fosse necessário, tens que acrescentar o código de área.
Imaginava que a
DEA, tinha seu telefone controlado, telefonou no outro dia desde o Pentágono,
assim não podia rastrear, usou um telefone, de outra área.
Falou com o
homem, se identificou como irmão, falou da sua cunhada e de Cameron, se por um
acaso ver meu irmão, diga que estão protegidos, na base de Washington, que vai
tudo bem.
Agora era
esperar.
Os da DEA, tinham
tentado entrar na base, mas tinham ordens do coronel, para não perturbarem a
senhora Cassandra. Estava num tratamento
complicado, nada de visitas.
Uma semana depois
o estado dela, não melhorava, a coisa estava complicada, o médico falou com ele
a respeito. A via mais cansada, tinha
emagrecido muito. Cameron, passava as
tardes com ela. No final do dia, o
acompanhava a piscina, iam os três, até seu pai, gostava de se jogar na água. Ficava olhando o filho fazendo exercícios na
água, fazia junto, até o Cameron se juntou a isso. Voltavam para casa os três, agora começava a
mover os dedos do pé esquerdo. O fisioterapeuta
ensinou ao Cameron, a fazer exercícios como dois pés. Antes de dormir o fazia.
Conversavam sobre
o livro que ele estivesse lendo no momento.
Meu pai quando me via com um livro na mão, dizia que seu irmão estava
sempre com um.
Sempre quando ia
por aí, levava um na bagagem, lia nos momentos que tinha para me relaxar. Era
como ter um mundo a parte de tudo aquilo que via.
Tinha comprado um
celular desse de pré pago, deu o número para o homem que conhecia seu
irmão. Lhe chamou depois de vários
dias, disse que tinha passado a mensagem.
Resolveu não falar nada da doença da Cassandra, pois senão seu irmão
podia tentar sair de sua madrigueira, seria fácil a DEA, captura-lo. Disse que chamaria uma vez por semana para
falar deles.
Acho melhor o
senhor chamar outro número, estou sendo vigiado.
Quando chamou o
tal número, falou diretamente com seu irmão.
Agradeceu, não
diga nada a Cassandra, nem ao Cameron, agora eles tem a possibilidade de uma
nova vida. Mandou um beijo para os
pais. Agradeceu, me desculpe as coisas
do passado.
O que é passado,
passado está.
O problema da
Cassandra foi complicando, cada vez mais. Só comentou com o irmão quando ela esteve
muito mal, vou te chamar, assim podes te despedir dela.
Quando ela
escutou a voz, deu um sorriso largo. Os deixou falando sozinhos.
Quando voltou ela
tinha lagrimas nos olhos, só disse obrigado, mas não comente nada com Cameron,
fica mais fácil assim, ele pode querer ir para lá, teu irmão não quer estragar
a vida dele.
Quando ela
morreu, a enterraram no pequeno cemitério da base, avisou aos da DEA, que
vieram ao enterro, mas não os deixou falar com seu sobrinho.
A mulher do
coronel, era professora da base, preparou o Cameron, para poder acompanhar a
turma no ano letivo seguinte. Ele se
esforçava, mas os dois tinham sempre sua conversa noturna, as vezes saia com os
amigos solteiros da base, para tomar uma cerveja, ou mesmo o pessoal do Pentágono,
notava sempre que tinha alguém nos locais, que parecia ser da DEA.
Mas fingia que
não via.
Nunca voltava
sozinho para a base, sempre tinha alguém com ele.
No final do ano,
já estava andando de muletas, conseguiram para ele, um esqueleto, desenvolvido
no Japão, assim ele podia andar pelo Pentágono, já sem muitos problemas.
Atrasou, sua
partida para a base Italiana, com a desculpa de esperar poder andar de novo
dentro em breve. Outra pessoa foi em
seu lugar.
Não podia
arrastar atrás de si, seus pais, como tampouco queria que Cameron ficasse para
trás. Sua mãe disse, que se fosse por ela iria, mas seu pai agora, estava
fazendo um tratamento no hospital, não convinha sair dali.
O velho cada vez
mais era agarrado ao neto, que o acompanhava por todos os lados.
Ele arrumou outro
projeto para desenvolver, que atendia a homens com problemas como o dele, assim
foi ficando.
Um dia que saiu
com os amigos, estavam num bar que iam sempre, os amigos bebiam mais do que
ele, a dona do bar, lhe disse, que fosse ao banheiro, mas que entrasse na porta
de privado, tem um telefone te esperando.
Se levantou como
se nada, ainda falando com os amigos, foi ao banheiro, entrou no lugar que a
mulher disse, pegou um telefone em cima da mesa.
Era seu irmão,
este disse já sabem que estou vivo, creio que tentaram sequestrar meu filho,
para me chantagear. Tome cuidado.
No dia seguinte
pediu desculpas ao Coronel da base, perguntou o que devia fazer, não tenho com
quem falar no assunto, pois isso pode ser um problema para aqui.
Ele mandou a
policia militar se reforçar, vigiarem a casa, não deu outra, pegaram dois da
DEA, tentando entrar na casa de noite.
Ele tinha que
encontrar uma saída.
Dois dias depois
seu pai teve um enfarte, morrendo dormindo.
Foi mais uma
porrada para o Cameron, que tinha seu avô como seu amigo.
Depois de uma
longa conversa com sua mãe, essa resolveu voltar para sua casa, assim ele tinha
caminho livre com o Cameron, Greta iria com ela, assim lhe faria companhia, bem
cuidaria dela.
Dois dias depois
ele embarcou com o Cameron num avião militar, foram para uma base no Alaska,
agora ele andava apoiado em duas bengalas, ia muito melhor.
Cada vez mais
estava agarrado ao seu sobrinho, era o filho que sempre tinha querido ter.
Mantinha o
celular, para alguma coisa. Tinha
comunicado ao irmão a morte do pai, ele sabia que o filho estava vivo.
Sentiu que o
irmão se preocupava, lhe disse que tinham saído da base, numa missão secreta, a
DEA, se descobrir, vamos saber que temos alguém dentro, mas claro, ninguém sabe
aonde estamos. É como se eu estivesse
numa missão secreta.
Uma coisa,
obrigado por estar teu filho comigo, está sendo o filho que eu gostaria de ter.
O irmão perguntou
se nunca tinha se casado.
Foi honesto,
nunca amei ninguém na minha vida.
A base tinha um
sistema de vigilância extremo, logo detectou homens da DEA na área, falaram com
ele. Ele tinha feito um processo,
adotando o sobrinho, disse ao responsável, se eles se aproximassem os denunciaria
ao supremo tribunal, estavam mexendo com seu filho.
Estes ficaram
furiosos, mas não podiam fazer nada.
Falou na semana
seguinte com seu irmão, este disse que acreditava que era o fim, estão me
cercando cada vez mais, o chefe não está gostando do assunto. Meu amigo te avisara de qualquer coisa. Falou dois códigos, se ele te disse isso, é
que estou morto, este outro número é que escapei.
Mas quando o
homem chamou, foi para dizer que seu irmão tinha morrido nas mãos do próprio
cartel, que não gostava de cabos soltos.
Ficou sentado, no
seu escritório, com as lagrimas escorrendo, com os anos, falando sempre com o
irmão, mesmo a distância, como lhe tinha dito, finalmente tinha uma família.
Os da DEA, lhe
avisaram também que estava morto desta vez, não tinham dúvida. Agora os deixariam em paz. No final do ano letivo, voltaram para
Washington.
Cameron tinha que
ir à universidade. Tinhas duvidas do que
gostaria de fazer. O levou para falar
com um psicólogo que ajudavam jovens com dúvidas.
Lhe propuseram
para ser coordenador dos militares americanos, integrados aos Cascos Azuis da
ONU, para tanto tinha que viver em NYC.
Quando sua mãe
morreu, os dois foram passar seus últimos dias com ela, mandou vender a casa,
colocou num fundo para o Cameron, para o que ele quisesse fazer da sua vida.
Quando foram para
NYC, Greta veio junto para cuidar do apartamento.
Era o momento de
Cameron ir para a Universidade, estava preocupado, porque não o via
entusiasmado, por precaução, estava protegido.
Um dia se sentou
com o tio, soltou, estou farto de ser seguido, quero recuperar minha vida, aqui
não posso. O que o senhor acha que devo fazer.
Ele o entendia,
as vezes sentia isso no seu trabalho, as coisas nem sempre corriam como ele
queria, dentro em breve podia escolher se aposentar, talvez mais uma promoção,
teria um bom salário.
Talvez se eu
estivesse no seu lugar, sairia daqui sem chamar muita atenção, iria passar um
tempo fora, na Europa, sem dizer aonde estas.
Nos manteríamos em contato através de celulares descartáveis. Assim estaríamos resguardados.
Tinha aberto uma
conta para ele no banco, com o dinheiro da casa de seus pais, que era bastante,
inclusive estava aplicado, mas lhe disse que tinha dinheiro guardado, que lhe
serviria para se virar durante um tempo.
Dois dias depois,
o policial militar que o vigiava, disse que alguém tinha tentado se aproximar,
não sabia descrever o homem.
Ele disse ao
Cameron, chegou o momento, não se preocupe, irei pessoalmente a universidade,
trancarei tua matricula. Mas se estão te
vigiando o melhor é sair chamando atenção, tens teu passaporte em dia, temos a
mesma altura, veste meu uniforme, prende esse teu cabelo ou melhor o raspamos,
isso é contigo, mudamos tua cara, como agora escurece cedo, sais com o policial
desde a garagem, procure tapar a cara, ele saberá se os estão seguindo ou não,
sente-se atrás como faço eu. No
aeroporto, ele entrará, pela garagem, trocas de roupa, compras um bilhete no
momento, para o primeiro lugar que te apareça, procure se sentar nos últimos
assento, porque se entra primeiro, podes vigiar se te seguem. Quando chegares lá, compra um celular com
bastante carga, só me avisa, se estás bem, não me diga aonde estas. Ok.
Se abraçaram
muito, ia sentir falta um do outro, mas era o momento dele se livrar dessa
carga do pai. Não tinham ideia de quem
os estava seguindo. Sabia que não era o FBI,
parecia mais o cartel mexicano.
Foi o que
fizeram, mesmo o policial, lhe chamou pelo celular que tinha ido tudo bem, não
sabia o voo que ele tinha escolhido.
Nessa noite,
sentiu pela primeira vez a solidão, estava acostumado, além de ter se apegado
ao sobrinho, era como o filho que ele não tinha. Dormiu mal, se virando muitas vezes na cama.
Se despertou com
o celular, era ele dizendo que tinha chegado bem, que tudo estava ok. Vou
sentir falto do senhor, dos nossos papos.
Dias depois,
chegou em casa, viu que a porta do apartamento tinha sido forçada, pegou sua
arma regulamentar, abriu a porta, sentado numa poltrona, estava seu irmão.
Levou um susto imenso.
Mal perguntou
como ia, queria saber do filho.
Não sei, ele
estava farto de tudo isso, foi por aí, um tempo, ora era o FBI, ora o cartel
mexicano aonde trabalhavas. Ele o que
quer é paz.
Tens que me dar a
direção!
Não posso, porque
não sei, além de que, mesmo que tivesse não daria, afetaria a segurança dele.
Te vi saindo
ontem com o carro, mas não voltando para casa.
Não era eu, era
ele.
Está tão grande
assim?
Sim, é um adulto,
agora é meu filho, não teu. Todos pensamos que tinhas realmente morrido,
inclusive tua mulher morreu tranquila por isso.
Acabou sendo da
família.
Fizeste prova de
ADN com o Cameron?
Sim porque ela
pediu, além de que ele era a cara do nosso pai.
Os dois morreram tranquilos, amando seu neto.
Aonde andaste
esse tempo todo?
Fugindo de lá
para cá, sem saber muito aonde ir. Não
posso ficar parado muito tempo no mesmo lugar.
Tive que dar uma volta imensa, quando cheguei no Alaska, já não estavam
mais ali, até descobrir aonde estavas, foi difícil. Mas não fale com ele que apareci, iria se
preocupar, um dia daqui algum tempo, quem sabe como será, eu também só queria abraça-lo,
antes de desaparecer outra vez. Talvez
seja melhor assim.
Dormiu essa noite
no quarto do Cameron, no dia seguinte quando Brian se levantou já não estava
mais.
Não comentou nada
com o Cameron, esse disse que tinha arrumado um emprego, que assim aprenderia
mais fácil a língua do lugar aonde estava.
Seis meses
depois, lhe chamou, de fundo escutava conversa, era em francês, imaginou que
ele estava em algum lugar da França.
Sentia uma falta
imensa dele. O trabalho não lhe completava mais, foi promovido, quando ia pedir
a aposentadoria, lhe pediram que fosse para Tel Aviv, pois era um dos poucos
que falava a língua de lá, bem como árabe.
Antes avisou o Cameron, aonde estaria, que lhe mandaria uma mensagem.
Greta se despediu
dele, ia sentir falta dela, mas ia viver com uma irmã, disse que quando ele
voltasse, teria muito prazer em trabalhar para ele, afinal era como da família.
Se desfez do
apartamento, guardou o pouco que tinha dos dois, num armazém, foi para Tel
Aviv, não era a primeira vez que estava lá, seu trabalho era descobrir quem de
vez em quando soltava noticias para os jornais de lá.
Seu apartamento
estava em frente a praia, pela primeira vez, não pertencia ao governo.
Quando falou com
o Cameron, soltou, nunca me senti tão sozinho, chegar a esta idade sem ter
amado ninguém, é duro. Meu trabalho já
terminou, irei ao Pentágono, para pedir minha aposentadoria, já consegui
licença para viver aqui algum tempo, tenho boas amizades aqui.
Voltarei, não
tenho nada que fazer nos Estados Unidos.
Voltei a ir a Sinagoga, vou a uma para gente jovem, gosto mais.
Foi o que fez, mudou
quando voltou, pela primeira vez, deixou os cabelos crescerem, ia a praia todos
os dias, estava moreno, deixou a barba crescer, eram fios loiros com brancos,
mas lhe dava igual. Ia todos os dias a
sinagoga, conversar com as pessoas, conheceu um homem interessante que
conversava com ele sobre literatura judia, começou a ler todos os livros que
ele dizia, depois tinham papos imensos.
Ele era professor na universidade, justamente de literatura judia e
árabe.
Um dia acabaram
na cama, nunca tinha se sentido a vontade com ninguém seja homem ou mulher, mas
com ele, estava feliz.
Na vez seguinte
quando Cameron lhe chamou, comentou a respeito, finalmente assumi que gosto de
um homem. Estou tentando ter um
relacionamento, não penso em sair daqui.
As vezes no final
de semana, saiam para algum lugar, para ele conhecer, tinham projetado ir ao Mar
Morto, quando Joseph tivesse férias.
Um dia andando na
rua, viu um rapaz, teve a sensação de que era o Cameron, mas era impossível.
Dois dias depois,
estava em casa estudando árabe, escutou baterem na porta, quando abriu, era
ele. Chegou a chorar abraçado ao seu
sobrinho/filho, não sabes a falta que sentia de ti.
Quando chegaste?
Estou aqui já
fazem um mês, estive te vigiando, para saber se ninguém estava fazendo o mesmo.
Nesse ponto
fiquei neurótico. Essa sensação de ser
vigiado me angustiava, passei eu a vigiar os outros.
Te vi muitas
vezes com o Joseph, é uma boa figura, o fez entrar, queria saber como tinha
sido sua vida.
Ele lhe contou
tudo, primeiro fui para Berlin, de lá escolhi uma cidade menor, aonde podia me
mover e vigiar, arrumei um emprego em Münich, depois estive um tempo
trabalhando em Praga, depois Roma, por último Paris, sempre depois de conhecer
a cidade, arrumava um emprego.
Ele se abriu com
o Brian, me decidi ir embora, porque reparei que o homem que me seguia era meu
pai. Não quero nada com ele, nos deixou
numa enrascada muito feia, minha mãe morreu sem ele estar ao lado dela, nunca
esteve para nós. Meu pai verdadeiro é o
senhor, por isso venho ficar aqui.
Quando conheceu
Joseph, se deram bem, eles não viviam juntos, mas estavam sempre que podiam. Foram os três para o Mar Morto, alugaram uma
cabana, perto, logo Cameron fez amizade com rapazes terminavam o serviço
militar, estavam ali de férias. Saiam
juntos, iam a bares discotecas.
Joseph vivia com
os pais que tinham idade, mas acabou indo viver com Brian, tinham certeza de
que se queriam.
Cameron conheceu
uma moça, num dos cursos do Joseph que ele estava fazendo, acabaram ao longo
dos anos se casando, tinham agora 3 crianças.
Brian um dia foi
chamado a embaixada, tinham lhe mandado um envelope confidencial.
Dentro duas
chaves, uma era de um banco na Suiça, o outro em Andorra.
Dentro um
bilhete, a conta está em teu nome, esse dinheiro é para o futuro dos meus
netos. Estive aí, mas não me aproximei,
meu filho tem uma vida perfeita, não quero estragar.
Desta vez mostrou
para o Cameron, ele se abraçou ao tio, tenho medo de mexer nesse dinheiro,
chamar atenção, hoje temos a tranquilidade, esperemos.
Se passaram três
anos, quando Cameron tinha quatro filhos, queriam uma casa para viver, perto de
aonde trabalhava, em Tiberíades, foi quando buscou o dinheiro, transferiu para
uma conta sua, num banco internacional, não levou nada com ele. Através desse banco foi transferido para o
Cameron, comprou sua casa, em nome das crianças, assim não teriam problemas,
ele e Joseph, faziam o papel de avôs. Os dois compraram uma casa pequena na parte
antiga de Haifa, passaram a viver lá.
Quando estavam os quatro juntos, as discussões sobre algum livro, ou
qualquer coisa que estivessem lendo eram intermináveis. O filho mais velho do Cameron que se chamava
como ele Brian, ficava como louco prestando atenção, já falava inglês, espanhol
que o pai lhe ensinava.
Brian dizia que
ele tinha futuro.
Nunca mais
souberam nada do pai e irmão. Tampouco
voltaram mais aos Estados Unidos.
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