lunes, 31 de enero de 2022

UP

 

                                                            UP

 

Jack foi meu companheiro desde a primaria, vivíamos uma casa na frente da outra, nossos pais trabalhavam no banco da cidade, não era muito grande, mas era um lugar típico americano, com casas bonitas.

Um belo dia como se o mundo tivesse vindo a baixo, meus pais foram de viagem, estavam de férias, antes de voltarem estourou um escândalo, acusavam o pai do Jack de ter desviado dinheiro do banco para roubar os fazendeiros, o pessoal que depositava todo seu dinheiro nesse banco, seu pai, como subgerente convencia os clientes de se arriscar em aplicações, que se esfumaram da noite para o dia.   Enquanto investigavam, ficou fechado em casa, lhe dava vergonha sair na rua. 

Como meus pais estavam de viagem, Jack ficou lá em casa, estava muito abalado, não acreditava de maneira nenhuma que seu pai fosse capaz disso.  Eu concordava com ele, tínhamos ido de acampadas com ele sempre, era um sujeito que podias conversar qualquer coisa, ao contrario da minha casa, que certos assuntos eram tabu.

Com meus pais falar de sexo, era como falar do pecado, falta de educação, ou não era politicamente correto.

Tudo que aprendi de sexo, aprendi com o Jack, nos descobrimos juntos, fizemos sexo desde os 14 anos.   Para os padrões eu era um tipo bonito, sempre iria esbarrar nisso, mas claro usava óculos, não jogava futebol americano, tampouco basquete, só era bom em natação, os dois erámos bom nisso, disputávamos sempre quem ia ganhar.   Na piscina o que gostávamos era de mergulhar de um lado, sair do outro.  As apostas, eram, quem perdia tinha que dar um beijo no outro.

Quando tudo isso aconteceu, eu fiquei protegendo o Jack, afinal era meu amigo, enquanto não se provasse que seu pai efetivamente era o culpado, mas era difícil cidade do interior, as pessoas que pareciam boas se transformavam em feras.

Voltamos para casa, ele sabia que sua mãe que trabalhava no hospital estava dando um duro danado, pois além do ser rechaçada, tinha que trabalhar de qualquer maneira.   A porta estava aberta, se escutava uma discussão tremenda, alguém, reclamava que tinha perdido todo seu dinheiro economizado, para sua aposentadoria.

Escutamos o ruído de uma pessoa caindo, quando chegamos ao salão seu pai estava no chão cheio de sangue, uma pessoa saia pela porta da varanda.  Eu sabia quem era.

Chamei a delegacia, nem cinco minutos, apareceu o xerife, quando se colocou de costa para mim, tirei sua arma, bem como as algemas, o prendi.

Quis reclamar, mas lhe disse, eu te vi matando o pai do meu amigo.

Ele relaxou os ombros, em seguida apareceu um inspetor que estava ali, justamente investigando esse caso.  Ficou admirado, lhe contei que tinha visto o xerife sair pela porta da varanda, levava o objeto com o qual tinha golpeado muitas vezes o homem que estava ali caído, nisso chegou à ambulância, mas já não podiam fazer nada.

Sai com o inspetor, lhe disse que o xerife não tinha tardado nem cinco minutos em chegar, então a arma do crime tinha que estar por ali.   Todas as casas desse quarteirão, tanto de um lado como o outro, ficavam de costa para uma pequena floresta.

Saímos os dois andando, buscando alguma coisa, quem a encontrou fui eu, já quase no final, aonde imaginei que ele tinha recebido o chamado.

Quando voltamos, ele confessou, lhe faltavam pouco tempo para a aposentadoria, o pai do Jack o tinha convencido de aplicar esse dinheiro, agora tinha evaporado.   O dinheiro depositado o banco tinha um seguro, mas esses aplicados não.   Ele ainda estava furioso, o inspetor comentou, mas eu te expliquei a culpa não é dele, ele fazia somente seu trabalho, se olhas esta casa, é uma casa normal, nunca saia da cidade, então se roubou acabas de tirar a possibilidade de descobrirmos aonde está o dinheiro.

Justo nessa hora chegavam meus pais de viagem, se assustaram muito, afinal o inspetor era do FBI, meu pai devia começar a trabalhar no dia seguinte.

Como vi os dois nervosos, perguntei a minha mãe, por quê?

Claro seu pai trabalha no banco, será interrogado, essas coisas deixam qualquer um nervoso.

Nessa noite Jack ficou com sua mãe que estava inconsolável, dormiriam na casa de seus avós maternos que viviam na cidade.

Depois de comer, sentia um cansaço incrível, muito sono, fui para a cama, dormi como uma pedra, então não vi o que acontecia, apenas poderia deduzir depois.  Os dois limparam a casa inteira, levaram num furgão que sempre estava na garagem, tudo que havia de valor na casa, coisas que eu imaginava inúteis, mas que pelo visto tinham valor.   Quando despertei de manhã, tinha um bilhete preso na minha camisa do pijama.  Tudo que tinha escrito era, perdão, um número de telefone, falar com Karen Kingshot, não tinha ideia de quem era.

Desci, a casa estava completamente vazia, com muitas coisas fora de lugar, nem sombra dos dois.  Levei um susto, tive que sentar-me para fazer uma exercício de respiração.

Nisso chegou o Jack, ficou tão assustado como eu.  Em minha cabeça se formava uma ideia, a casa era a ultima da rua, depois fazia uma curva, se saia na estrada principal, nem uns dez quilômetros depois, se estava numa autovia que tanto se podia ir para NYC ou para Chicago.

Ele me disse, telefone.  

Chamei, a voz que atendeu estava sonolenta, disse quem era, Jess Trinyt, bom dia meu filho, o que foi que aprontaram?

Lhe disse que tinham desaparecido.

Chame a polícia, avise que estou a caminho, sou tua tia.

Nem sabia que tinha uma tia, nunca se falava em nada a respeito de família.

Para me distrair, fui arrumar minha cama, embaixo do travesseiro, tinha um envelope só com notas grandes muito dinheiro.   Desci, pedi ao Jack que chamasse o inspetor, fui correndo ao meu esconderijo, guardei esse dinheiro lá.

Quando ele chegou contei o que tinha acontecido.

Merda, cheguei tarde, só hoje verificaram os dados dos dois.   Fazia muitos anos que não davam um golpe.

Eu não me lembrava de nada disso, minha lembrança mais antiga, era chegando a esta cidade, a esta casa, devia ter uns seis ou sete anos, era como se tivesse borrado tudo anteriormente para me proteger.

Lhe disse que minha tia estava a caminho, lhe dei seu número de telefone, bem como seu nome, ele disse a grande Karen é tua tia.

Eu nem sabia quem era, tampouco porque era grande.

Não sabes quem é tua tia, me perguntou o inspetor Klaus?

Menor ideia, nessa casa nunca se falou de família, parentes nada, havia muitos temas tabu, certas coisas não se falava.

Tua tia Karen, é uma grande estrela da Broadway, canta, dança faz coisas incríveis.

Não tinha a menor ideia, de qualquer maneira telefonou, ela disse que estava justo saindo de casa, que chegaria assim que possível.

Ficamos os dois ali sentados.   Ele me perguntou se eu sabia que lugar meus pais tinham ido de férias enquanto acontecia tudo isso.

Minha resposta o deixou impressionado, quando lhe disse que isso era um dos temas tabu, não devia perguntar aonde iam, tampouco depois se falava no assunto.   Cada oportunidade, viajam, mas nunca me levaram com eles.

Temos quase certeza que foi teu pai, que levou todo o dinheiro do banco, ele já fez isso várias vezes, mas depois troca de nome.

Fiquei com o Jack, sentado na varanda, ele poderia agora me odiar, pois meu pai era culpado da morte do seu.

Jamais pensaria algo de ti, como me defendeste dizendo, que eu não sabia que meu pai era culpado, por isso não se podia condenar.

Estava arrasado, eram duas pessoas frias, não me tratavam como via os pais do Jack fazer com ele, carinho, nada a respeito.

O Inspetor Klaus, deixou um guarda conosco, foi ao banco, pois estavam revisando o gabinete de meu pai.

Não entendia por que tinham me deixado para trás, nenhuma família faz isso com seus filhos.

Quando chegou minha tia, numa limusine, ficamos os dois de boca aberta, desceu, quando o chofer abriu a porta para ela, na minha cabeça estalou, agora me lembrava dela, numa reunião em seu apartamento, quando me indicava os que pensava que eram meus pais, dizendo que cuidariam de mim.

Fiquei em pé, sem saber o que fazer, me abraçou me beijou, despenteou meus cabelos, lhe apresentei o Jack.

Ela estendeu a mão para o policial, que estava de boca aberta, diga-se de passagem que era uma mulher especial, não só porque era bonita, mas sabia ser agradável.

Nos sentamos na sala, o policial tinha ido avisar o inspetor.

Lhe contei o que tinha acontecido, que tinham matado o pai do Jack, talvez por culpa do meu.

Ela cortou pelo sano, eles não eram, nem nunca foram teus pais.   Ela é minha irmã, como estava casada, pedi que cuidasse de ti.  Tua verdadeira mãe, era nossa irmã pequena que morreu, quando tinhas 3 para 4 anos.   Foi quando soubemos que existias.

Os dois, nunca foram de confiança, como ia fazer um filme fora, pedi que cuidasse de ti, mas desapareceram.   Quando voltei, não estavam mais, como tudo de valor do meu apartamento tinha desaparecido, te levaram junto, fiz uma denúncia, mas nunca encontraram nada.

Qual o sobrenome que usas?

Lhe disse meu nome, Jess Trinyt.

Claro com esse sobrenome, que não é verdadeiro, teu nome é André Kingshot, como o meu.

Nisso chegava o inspetor Klaus, foi galante com ela, inclusive beijou sua mão, falando que era apesar das circunstâncias um prazer imenso em conhece-la.

Ela lhe contou toda a história, eu não era filho dos dois, inclusive meu nome não era esse, não podia imaginar aonde estavam.

Foi a França fazer um filme, quando voltei, minha casa estava basicamente vazia, venderam tudo, desapareceram, inclusive com o menino, que é filho de minha irmã menor que já morreu.

Me culpei mil vezes por ter confiado neles, fiz a denúncia, mas nunca os encontraram.

Perguntou se podia ficar hospedada na casa.  Estavam nesse momento revistando seu quarto, bem como o resto da casa.
Jack estava assustado, ela o abraçou, coitado, perder seu pai, por culpa desses dois, avise sua mãe que arcarei com todas as despesas do enterro.

Acho que minha mãe, nem tem condições psicológicas disso.

Tia Karen era uma mulher diferente, assumia o mando das coisas, ia delegando tudo.  Perguntou aonde estava o cadáver, chamou seu chofer, disse para ele contatar a funerária da cidade, ver o que se podia fazer.

Depois foi com eles, falar com a mãe do Jack.  A coitada estava meio catatônica, já era duro antes, agora era pior.

Mas seu avô disse que a ajudava a preparar tudo.

Nos dois tínhamos um exame, fomos para a escola, fizemos o exame em sala separada dos outros alunos, pois o diretor temia alguma coisa contra nós dois.

Eram os últimos exames que tínhamos que fazer.  Os dois éramos os alunos mais brilhantes da escola, tínhamos a possibilidade de ir para qualquer universidade, pelas nossas notas, já tínhamos mandado o curriculum para muitas.

Agora teria que pedir para a escola trocar meu nome em tudo, teria que fazer o processo todo outra vez, o inspetor Klaus disse que me ajudaria, o FBI, iria contatar as universidades para saber como proceder.

Jack estava aterrado, não tinha dinheiro para isso, a muito tempo estávamos os dois trabalhando, depois das aulas para conseguir algo de dinheiro para ir, tudo bem teríamos bolsa de estudos, mas necessitávamos dinheiro para o que fosse necessário.

Depois do enterro, parece que a mãe dele entrou em razão, nos sentamos os quatro, ela queria ir para o mais longe possível, pois se já estava difícil, achava que agora seria pior.

Seguiriam considerando que seu pai era culpado, por ter convencido as pessoas, mas esse era seu trabalho.   O banco devolveria o dinheiro depositado, mas não o dinheiro que estavam em aplicações.

Meu pseudo pai tinha limpado o banco, nunca entenderia por que tinha voltado.  Ou será que tinham alguma coisa escondida na casa.

O FBI descobriria depois, que a casa, estava cheia de pequenos cofres, escondidos nas tomadas elétricas nos rodapés, mas tudo tinha desaparecido.

Eu ficaria para conseguir os papeis novos, quando estivesse tudo pronto, iria para NYC, na casa da minha tia, para definir o que iria fazer de minha vida.

A mãe do Jack tinha conseguido um emprego, num hospital da Marinha, em San Francisco, com isso nos separávamos.  Estávamos os dois chateados.  

Minha tia para ajudar, deu um cheque num valor alto para eles começarem a vida lá.  Como Jack tinha bolsa de estudos, a universidade o aceitou.

Eu fiquei para trás sozinho.  Fiquei uns dias hospedado no pequeno hotel ao lado do quarto do Inspetor Klaus.  Ele era super amável comigo.

Quando tudo ficou pronto, nos sentamos, me disse, você tome cuidado, pois podem tentar se aproximar de ti, proteja tua tia, que é uma boa pessoa.   Mas tente borrar tudo isso da tua cabeça, comece vida nova, no final soltou, toda essa baboseira não ajuda muito, mas tente.

Me deu o número de seu telefone particular, qualquer coisa me chame.

Fui buscar minha caixa escondida, mas não a abri, enfiei no fundo da minha maleta, tive que comprar uma, separei a roupa que gostava, para uma nova vida, fotos minhas e do Jack juntos desde garotos, eu já sentia falta dele, me faria falta sempre, pois com ele falava de tudo.

Nunca mais encontrei um amigo como ele.

Dei graças a deus ir embora, pois nos últimos dias, tínhamos sido agredidos verbalmente em todos os lugares que íamos, éramos como dois malditos.

Nos despedimos, iam no carro da sua mãe, com um desse reboques que levavam tudo que podiam de sua casa.  Ficamos abraçados, muito tempo, não podíamos nos beijar.

O inspetor disse que gostava da nossa amizade.

Lhe contei que erámos amigos desde que tinha chegado a cidade, meu único, além de melhor amigo.

Depois avisou minha tia, que mandaria alguém me buscar na estação de ônibus.  Apertou minha mão, gostaria de ter tido uma amizade como a de vocês.    Fiquem em contato.   Nos veríamos anos mais tarde.

No ônibus fui ruminando, ele tinha feito contato com as Universidades, agora eu teria que escolher.

Quando cheguei a NYC, lá estava o fiel escudeiro de minha tinha, Charles Loutgon, a quem eu chamaria as vezes de James.

Abriu a porta detrás do carro, mas me neguei a sentar atrás, queria olhar a cidade, me sentei ao seu lado na frente, ele ria, tua tia as vezes faz isso, diz que quer olhar os lugares.

Ela vivia num edifício enorme, não era o que eu conhecia, o homem que abriu a porta, era seu marido, a quem com os anos, consegui ter um bom relacionamento.

Me apertou a mão dizendo que era bem vindo a sua casa, pode me chamar de Peter, meu nome é Peter Brown.

Tua tia ainda está dormindo, teve uma festa ontem do encerramento do espetáculo que esta fazendo, venha vamos tomar café.   Nos sentamos no que viria ser sempre meu lugar favorito no apartamento, a biblioteca. Ele riu que eu ficasse olhando tanto livros, alguns são falsos, os meus estão deste lado, sinalizou os que eram dele, livros normais, de arquitetura.

Sou arquiteto, o que queres estudar afinal.

Pois pensei em matemática, bem como arquitetura, gosto de imaginar construir coisas.

Então já tenho alguém para trabalhar comigo.   Não me disse para mim, ou meu empregado.

Quando ela se levantou, os empregados ainda estavam acabando de arrumar as coisas fora de lugar da festa da noite anterior.

Peter disse que lá pelas tantas, se fechava no quarto, colocava uma coisa no ouvido, ia dormir, hoje fiquei porque queria te conhecer.

Almoçamos os dois, enquanto ela tomava o café da manhã.   Só me disse, sempre é assim.

Adoro dormir até tarde, há não ser que haja necessidade de um ensaio ou coisa assim.

Tenho que aproveitar, pois dentro de uma semana começo a ensaiar um novo trabalho.

Já vejo que conversaste com o Peter, está contente que goste de arquitetura.

Depois nos sentamos os três na biblioteca, quando pedi que minha irmã cuidasse de ti, foi pelo tipo de vida que levo, levantar tarde, comer em horas diferentes, nada saudável para uma criança.   Podes ficar aqui se quiseres, mas Peter tem uns pequenos apartamentos, pela cidade que aluga, também a partir da universidade que decidas, poderás escolher.

Respondi prontamente, eu gosto da vida simples, gosto de estudar, calma para me concentrar.

Honestamente pensei na Universidade de NYC, tenho a bolsa de estudos, mas terei que arrumar um emprego de meio dia para ganhar algum dinheiro.

Nada disso, quanto muito o Peter pode arrumar para trabalhares no seu escritório.

Venha me disse ele, deixamos tuas coisas no quarto por enquanto, depois saímos por ai, vou te mostrar a Universidade, eu estudei lá, depois fiz pós graduação na Sorbonne, que vale a pena também, amanhã podemos ir a Universidade, para olhares, ali perto tenho dois apartamentos pequenos, que podem te agradar, mas nos domingos te quero aqui, para almoçar, isso eu não abro mão.

Teria que comprar algo de abrigo, pois o meu estava velho, era da mesma altura dele, se quiseres depois olhe meu vestidor, pode ter alguma coisa que te agrade.

Adorei o escritório, me apresentou a todos como seu sobrinho, que se eu gostasse poderia trabalhar ali com eles, me apresentou seu braço direito, um descendente de japonês, estava trabalhando num projeto para um pequeno museu nos palacios de um árabe.  Me mostrou o projeto, fiquei ali com ele, Peter foi para seu escritório.   Tadeus Ado, foi me explicando seu conceito, depois terei que desenhar os moveis de interior, isso é sempre mais complicado.

Me passou os cálculos de estrutura, eu comecei a olhar, a matemática sempre me tinha fascinado, comecei a fazer imediatamente os cálculos mentalmente.   Apontei a um, lhe dizendo creio que aqui tem um erro.  Veja, peguei um papel, comecei a fazer os cálculos com ele me olhando.  Embora não sabia como se pesa os cimentos, há um desequilíbrio entre estás estruturas.

Ele ficou me olhando, chamou um rapaz, de uns trinta anos, venha ver uma coisa aqui no teu cálculo.  Não disse que tinha sido eu que tinha notado, o mesmo me olhou de cima para baixo, como dizendo que faz esse fedelho aqui.

Quando apontou o erro, começou a revisar o que eu tinha feito. Foi buscar seu erro de calculo do projeto, realmente a diferença era forte.

Pelo visto estivestes de festas todo o final de semana, verdade?

Mandou que ele revisasse todos os cálculos.  Fomos a sala do meu tio, este tinha visto a movimentação mas não tinha se aproximado.  Tadeus soltou, não me disseste que esse garoto era um gênio, bastou olhar um calculo para achar um erro.

O filho do teu amigo, vive de festa, depois aqui está sempre como um sonâmbulo.  Tadeus, comentou que eu devia realmente fazer o que tinha pensado, matemática bem como arquitetura, sempre faltam pessoas que gostem de calculo de estrutura, nem sempre todos sabem usar, além é claro de analisar.

Peter pediu se o Tadeus, podia dar uma volta comigo pela Universidade.

Claro, que sim depois que salvou o meu projeto, tudo.  Tinha um sentido de humor, que nos uniu para sempre. 

Tudo é claro me parecia grandioso, pois lhe expliquei que em comparação minha cidade é pequena.  Quando voltamos para o escritório, Peter atendia uns clientes, fiquei olhando com ele o projeto.  Vi um espaço, lhe perguntei o que seria ali?

Ainda não sei, pensei num jardim, mas claro estamos falando em um lugar mais para o deserto.

Pelo que li, as palmeiras de datiles, são as que mais aguentam nesses lugares mais secos, mas creio que terias que abrir um espaço em cima, para que recebam a luz do sol, como uma claraboia.  Contei para ele, que gastava dinheiro nas revistas de arquitetura, desde que tinha pensado em estudar a mesma.

Amanhã te mostro o que vou desenhar a partir da tua ideia.

Quando Peter saiu, foi me mostrar o apartamento.  Ele achava pequeno, mas eu o vi perfeito para mim, era um quarto sala, banheiro uma cozinha americana, o salão poderia montar como um lugar para estudar, trabalhar.

Bom falo com tua tia, mas tome cuidado, ela vai querer decorar para ti, sabes como é.

Não se preocupe, tenho minhas economias, venho trabalhando a tempo, nunca gastei o meu dinheiro a não ser em revistas de arquitetura.

Terei muito que aprender como Tadeus.

Não diga nada a Karen, mas amanhã mesmo começo a mobiliar o apartamento, mas não me disseste o preço do aluguel.

Nada.

Como nada, nada disso faço questão de pagar, pois trabalhando poderei fazer isso, tenho minhas economias.

Peter não sabia o que fazer, me informarei, te pagarei o preço que todos pagam.

No dia seguinte, saiu cedo de casa, ali por perto conseguiu uma cama de segunda mão, um cadeirão para a sala, a mesa de estudos, uma cadeira dessas com rodas, comprou roupa de cama, bem com um edredom para o frio, quando estavam colocando tudo no apartamento, viu um rapaz saindo do apartamento ao lado, se apresentou como novo inquilino, desculpe perguntar mas quanto pagas de aluguel.

O outro disse o preço que pagava, não sei se sabes mas embaixo há maquinas de lavar e secar roupa, venha que lhe mostro.  O outro também estudava na universidade, iam coincidir nas aulas de matemática.  James Crowding, apertaram as mãos ainda não estava acostumado a usar seu nome verdadeiro, André Kingshot.

Teria que perguntar na primeira oportunidade a sua tia, sobre sua verdadeira mãe.

Comprou também roupa que já deixou no armário do apartamento.

Viu um banco ali perto, depositou o dinheiro que sua tia/mãe tinha deixado no envelope, era muito dinheiro, não sabia a origem do mesmo, anotou num caderno, para ficar esse valor sempre guardado, nunca se sabia o dia de amanhã.

De tarde foi para o escritório, Tadeus mostrou a modificação, lhe ensinou como calcular o peso disso, bem como seria construído.   Temos no escritório, depois te apresento, uma equipe de engenheiros, que cuida das construções, mas eu sempre acompanho a mesma.

Foram tomar um café juntos, ficaram conversando.  Tadeus disse que vivia num outro apartamento do Peter, dois depois do dele.

Gostava demais da camaradagem do Tadeus, disse que sentiria muito a falta do seu amigo de toda vida, mas que ele ia estudar do outro lado do pais.

Quando chegou em casa, viu uma correria desgraçada, sua tia dava um jantar, lhe perguntou se não tinha um smoking para isso.

Olhou sério para ela, sinto muito, mas pensava em me mudar agora a noite, um dia virei aqui para uma festa tua como convidado, embora soubesse que estava mentindo.

Pegou suas coisas, encontrou Peter na biblioteca, disse que ia estrear seu apartamento, não estava para festas.   Escreveu num papel, o valor do aluguel, basta me dizeres aonde deposito o dinheiro, depois precisamos conversar quanto vais me pagar para trabalhar no escritório.

Ele, riu, gosto de ti por isso, fazes bem em escapar, eu ia adorar, mas ela me mataria.

Quando saiu cruzou com os primeiros convidados.

Chegou ao apartamento, deixou suas coisas, saiu para comer alguma coisa ali perto, viu Tadeus com um grupo, este lhe acenou, para se juntar a eles.

Preciso de paz, Tadeus, amanhã nos vemos, só vim comprar alguma coisa para comer.

Se despediu educadamente de todos, pegou sua encomenda foi para seu novo lar.

Sentou-se na mesa, escreveu uma carta longa para o Jack.  Falando como sentia a falta dele, perguntava como se estava apanhando.

Assim seriam sempre as cartas semanais que iriam trocar durante anos, até que foram se distanciando, quando o Jack contou que estava com alguém.

Ele ao contrário, tinha percebido que os amigos do Tadeus eram gays, mas não comentou nada no dia seguinte, como ainda ia demorar para começar as aulas, trabalhava o dia inteiro, sempre tinha alguma coisa para fazer, quando não, analisava cada detalhe do projeto do Tadeus.

Este tinha lhe perguntado por que não quis ficar na mesa com eles. 

Uma larga história que ainda estou digerindo, um dia deste te conto. 

Tadeus comentou que Peter tinha mandado ele mesmo combinar o salário, respirou tranquilo, daria para viver.

Sua rotina era sempre a mesma, chegava de manhã, começava a trabalhar, como Tadeus necessitava, começou a desenhar o projeto, para poder apresentar, conforme iam acertado, desenhou em vários ângulos.

Tadeus disse que chegava ao curso com alguma dianteira, mas seja humilde como eres comigo.

As vezes saia para comer com ele, conversavam.

Tadeus lhe perguntou, normalmente uma pessoa como tu, que é sobrinho do patrão, chega achando-se o máximo, mas não tu eres um tipo normal.

Essa é a coisa, eu era um tipo normal até a pouco tempo, se fosse realmente como devia ser, estaria me fartado nas festas da minha tia, chegaria tarde para trabalhar, mas minha vida não era assim até pouco tempo.

Acabou contando para ele, porque tinha confiança, toda sua história, eu na verdade não consigo descobrir ao fundo da questão, pois cada vez que toco no assunto com ela, escapa.

Fale com teu tio, ele é um tipo diferente.

Perguntou ao Peter o que sabia de sua origem?

Bom sei que eram três irmãs, tua tia é a mais velha, foi a que veio para fazer sucesso, a mais bonita, cantava, dançava, etc.  A segunda, que passava por tua mãe, logo se arrumou com esse tipo, aparecia, desaparecia, vivendo por todo o pais.   A pequena, que era a menina dos olhos de tua tia, só sabia dançar.  Foi uma das garotas da Radio City, um dia se enrolou com um sujeito que ninguém sabe quem é, ficou um tempo fora, um dia voltou contigo nos braços, morreu logo em seguida, foi quando a outra reapareceu, pelo que se disse esfregou na cara de sua tia que era casada.   Foi quando necessitou que ficasse contigo, para ir filmar na França, quando voltou tinha desaparecido, te procurou por todos os lados.

Ela não é uma pessoa de mostrar afeto por ninguém, mesmo comigo, as vezes me faz um carinho furtivo como chamo, nem sei por que se casou comigo, podia ter se casado por qualquer um que fosse apaixonado por ela.   Mas diz que fui o único que lhe inspirou confiança.

Na verdade no mundo em que vive, nunca se sabe em quem confiar, muitos se aproximam por interesse.

Na época que desapareceste, pensou que iriam pedir um resgate por ti, mas isso não aconteceu, o inspetor Klaus, crês porque lhes dava um ar distinto, compunham uma família, a quantidade de dinheiro que retiraram desse banco foi enorme, mas localiza-los fica difícil, devem ter mudado de nome viver na surdina.

O tempo passou, sua formatura foi concorrida, pois se formava nas duas que tinha escolhido Cum Laude, era um dos mais promissores.  Agora trabalhava com Tadeus lado a lado, desenvolviam os projetos juntos.

Estavam metido num novo, seguindo seu instinto, tinha visto um documentário sobre a região aonde ia ser construído um centro de lazer.

Perguntou ao Tadeus se tinham pedido uma análise geológica da região, mostrou para ele o vídeo, creio que esse local apesar de ser maravilhoso não se poderia construir.

Foram os dois até lá para darem uma olhada.

A ideia era que ficasse em cima de um penhasco, mas pensavam os dois que isso era uma montanha de pedra, chegaram justamente num dia de tormenta, ficaram observando como as ondas comia o penhasco.

Tens razão prestas mais atenção nas coisas do que eu.   Falaram com Peter, esse com os donos do local, insistiam no local.

Peter se reuniu com eles, aceito sugestões, os dois estavam de acordo que caíssem fora do projeto.

Foi construído no local, anos mais tarde teria que ser fechado por motivo de segurança.

Nessa ocasião Tadeus tentou se aproximar dele.

Pediu desculpas, mas não sentia o mesmo que ele, sinto um respeito por ti imenso, confio em ti, sabes disso, mas não estou preparado para dar nenhum passo a respeito.

Foi nessa altura que reapareceu Klaus.

O encontrou por um acaso na casa de sua tia.  Esteve sentado conversando com todos.

Tinham dado um golpe no Alaska, quase conseguimos pega-los, escaparam por pouco.

Lhe deu um estalo na cabeça, uma vez que foram viajar, quando voltaram ela esvaziando os bolsos, tirou uma caixa de fosforo de algum lugar, jogou no lixo, eu fiquei curioso, guardei a caixa, é de um casino.

Na minha lógica, se ganham tanto dinheiro, porque voltam a fazer o mesmo.  Minha tia não gostou muito da conversa, mudou o rumo.  Quando desci, ele estava me esperando, acho que tua tia de alguma maneira, tenta proteger a irmã.

Eu não, nunca foram pais para mim, me tratavam como se trata uma pessoa desconhecida, nunca nenhum carinho ou afeto, nenhum elogio, nada.

Afinal, conseguiram provocar a morte do pai do Jack, que não tinha nada a ver com o assunto, pelo que entendi, alguém sempre leva a culpa no lugar deles, só depois se descobre que não são culpados.

Desta vez se deram mal, pois o sujeito que ia levar a culpa, desconfiou, faziam muita pressão em cima do mesmo, na verdade foi ele que os denunciou.

Venha comigo, tenho guardado essa caixa de fósforo, é de um casino Índio, ou seja não é tão concorrido com Las Vegas, talvez se sentissem mais seguros por isso.

Na hora de se despedirem, lhe deu vontade de abraçar o Klaus.  Esse percebeu, fez um gesto.

Ainda comentou, temos seguido teu amigo Jack, as coisa não lhe vão bem, creio mesmo que se perdeu.   Tudo isso fez alguma coisa em sua cabeça, que ele mesmo não entende. Meses atrás foi preso com drogas, acabamos sabendo por que se tornou violento.

Jack violento, impossível.

Lhe deu a direção aonde vivia. Tinha férias, antes de embarcar para estudar dois cursos na Sorbonne, um de paisagismo, outro completamente diferente, que era cálculos de estrutura em terrenos perigosos.

Tadeus se ria disso, faz parte da tua personalidade, um lado amável, outro escondido.

Quando chegou a San Francisco, foi procurar o Jack.  Já não vivia nesse endereço, tinha sido expulso por não pagar o aluguel.    Um rapaz que o escutou falando com o porteiro, lhe seguiu, lhe disse aonde podia encontrar.

Lhe deu lastima quando o viu, parecia muito mais velho do que era, ficou olhando para ele, um tempo, até o reconhecer, começou a chorar, estava de ocupa num lugar horrível.

Telefonou para o Klaus, que estava justo em San Francisco organizando uma força tarefa para fiscalizarem os casinos.

O ajudou, internaram o Jack, num centro de recuperação, antes de ir embora, o encontrou mais centrado.  

Te encontro, em seguida te perco, lhe contou que tinha que ir, fazer esses dois cursos. 

Ele lhe perguntou se tinha alguém?

Jamais Jack, foste a única pessoa que amei, não sinto capacidade de amar a muito tempo, tentei essa coisa dos encontros de uma noite, mas não era o mesmo.  Na verdade perdemos o que sentíamos um pelo outro.

Eu fui passando de mão em mão, procurava por ti, pelo meu pai, uma pessoa que pudesse ser minha amiga, veja aonde fui parar.  Minha mãe, conseguiu se recuperar, construir outra família, mas se fartou das minhas confusões, diz que sou um adulto, que tenho que arcar com os meus problemas.

Mas eu volto meu amigo, recupere-se, que eu volto.

Uma última coisa, minha mãe sempre falava da família de vocês, dizia que nunca tinha visto uma família que tratava o filho como se fosse uma estampa, só te abraçavam se tinham alguém na frente deles.

É uma verdade, me usaram para enganar os outros, mas creio que existem coisas que nunca irei descobrir.

Antes de ir embora, pediu um favor ao Klaus, se ele podia descobrir se existiam uma terceira irmã realmente a que diziam que era sua mãe.

Verei o que posso fazer, lhe deu o contato do lugar que ficaria hospedado em Paris, se tiveres tempo ou umas férias venha me ver, com vontade de novo de o abraçar.

Chegar a Paris de uma certa maneira lhe fez bem, era como estar longe de tudo isso, como se não tivesse que olhar para trás.

Começou o curso, eram todos estrangeiros, saiu com alguns, mas queria descobrir a cidade sozinho, não sentar-se num Bistrô encher a cara de vinho.  Gostava do vinho, mas queria absorver a cidade, primeiro o tipo de construções que se faziam na época, depois visitou a parte moderna da cidade La Defense, ali apreciou as modernas construções.

Um dia escutou um dos professores, falando com um grupo de alunos de outra turma, sobre uma empresa dedicada a restauro desses edifícios antigos, alguns os apartamentos era tão grandes que podia de um fazer dois ou três grandes.

Falou com ele, gostaria de trabalhar um tempo com essa gente.

O professor, leu seu curriculum, telefonou para uma pessoa, vais falar com Jean-Marc Ferrét,

Lhe deu a direção, o horário que o esperavam.

Era um edifício antigo, todo remodelado por dentro, transformado em escritórios, na Avenue Foch, ficou com a boca aberta.  Um homem lindíssimo parou ao seu lado, dizendo, fecha porque entra mosca.

Não podia imaginar que esse lugar por fora, uma fachada normal, por dentro um lugar fantástico.

O homem entrou cumprimentado todo mundo, ele se apresentou na portaria, lhe levaram ao último andar, uma sala de espera fantástica, uma mistura de móveis antigos, com coisas modernas por cima.

Quando entrou o homem que tinha falado antes, estava de costas, falando com alguém por telefone, ficou admirando o escritório era a mesma coisa, uma mistura de duas épocas, uma parede de cristal, dava uma um jardim, um lugar para se amar, pensou.

Quando o homem o viu, sorriu, pediu um instante, para terminar a ligação, o escutava dizendo, que faça uma exploração escavando em volta, pode ser que essa entrada que aparece na planta baixa, esteja escondida embaixo disso tudo.

Ele se apresentou, Jean-Marc Ferrét, ele disse seu nome.

O professor me mandou seu curriculum, que é muito bom por sinal, participaste em vários projetos do escritório de Peter Brown, com Tadeus, ele fez um curso comigo a muitos anos atrás.

Como vai ele, tem alguém na sua vida.

Não que eu sabia, fui seu assistente até me formar na universidade, mas eu sou muito fechado quanto a isso, de perguntar pela vida particular dos outros, bem como nunca permiti que ninguém soubesse da minha, coisas traumáticas da minha juventude, problemas de família.

Entendo.   Pelo que vejo no momento estas terminando dois cursos da Sorbonne, o que me chama a atenção, como são completamente dispares.

Riu, sei disso, como fiz arquitetura ao mesmo tempo que matemática pura, depois me especializei em cálculos de estrutura.

Sempre me chamou a atenção, vamos dizer assim, como faziam isso, ou não faziam quando construíam as grandes catedrais, como Notre Dame, os palacios, devo ter sido um turista, que em vez de ficar apreciando realmente o que existia dentro, ficar horas parado, com um caderno na mão, fazendo um calculo do peso do local.  Sei que as colunas tinham seu suporte, mas o que existia por debaixo não.

Por isso me interessei, quando escutei o professor falando da vossa empresa, gostaria de aprender, mais por minha imensa curiosidade.  Quando era garoto, meu brinquedo favorito, em vez de ser os super heróis, era uma caixa que me deu o meu amigo Jack, de construções, hoje em dia creio que nem existem mais, eram de madeira, traziam coisas que estão construídas aqui, por isso meus passeios são diferentes.

A cara do homem, era ao mesmo tempo um sorriso, bem como um será que é verdade?

Estás livre por uma semana?

Sim, tenho que terminar de escrever as teses, mas está tudo aqui, bateu na cabeça. Isso posso fazer em qualquer lugar de noite.

Não sais para conhecer a noite de Paris?

Riu, isso me perguntam todos, prefiro o dia a noite, gosto de cair exausto na cama, dormir nada mais.

Chamou uma senhora, pediu que lhe mostrasse a empresa inteira, ela foi com ele aos mais variados departamentos, mostrou um inclusive que os desenhistas, tentavam reconstruir uma imagem, ele impulsivo, soltou, estás colocando essa peça no lugar errado, é da outra perna, veja, se meteu no meio dos homens, começou ele a montar o que sobrava da escultura.   Ela ria, esse é meu departamento, assim vou te contratar.

Estudaste história da arte?

Não senhora, matemática pura, arquitetura, estou fazendo dois cursos aqui.  No curso de paisagismo, justamente falávamos das épocas, mas nos Estados Unidos, não temos isso, tudo se misturou, quando alguém começava a construir uma mansão para algum novo rico, misturava tudo, creio que isso aconteceu nas américas inteira.   Eram eles que tinha dinheiro, se levou muito tempo para que a cultura na arte se implantasse realmente no pais.

Hoje não, temos pessoas que entendem, mas como arte americana, não é bem assim.

Ela pegou dois livros sobre sua mesa, foram escritos por mim, nesse insano trabalho de restaurar castelos, casas familiares, em que de uma certa maneira quase tudo veio abaixo, as grandes fortunas, as recuperam por que querem o luxo o esplendor, se contentam as vezes com um trabalho medíocre, porque nossa empresa é cara.

Jean-Marc disse que vens amanhã conosco para ver uma obra, verdade?

Sim, me interessa aprender.

Só não te disse aonde, por isso aconselho, compre uma abrigo de plumas, que seja confortável, botas para o frio, vamos para o norte.

Meu nome es Jeane-Marie Fustemberg, podes me chamar como os meninos, Jean, ou simplesmente Fustemberg.

Apertou sua mão, nos vemos amanhã aqui, as 7 da manhã, para tomar um café, discutir algumas coisas.

Se preparou como ela disse, pediu para o porteiro guardar suas coisas, ia somente com uma mochila com roupa para o frio, bem como uma bolsa com papel para desenho, em sua cabeça como tinha três meses para entregar a tese, tudo bem.

Chegou no dia seguinte, vestido mais simplesmente que o resto, pois estavam de jeans, mas com casacos de marca, não era com ele, Jeane lhe apresentou ao resto, André é americano, se interessa por nosso trabalho.  Os rapazes do dia anterior acenaram para ele.

Ontem resolveu um quebra de cabeça, por impulso, creio que será futuramente uma boa aquisição.

Quando saíram, viu que iam para uma estação de trem.  Todos basicamente estavam no mesmo vagão, Jean-Marc, veio falar com ele, soube o que fizeste ontem, como funciona isso na tua cabeça?

Chamou Jeane para escutar sua explicação, isso sempre foi assim comigo, quando comecei a trabalhar com Tadeus, no primeiro dia, estava ali em pé ao seu lado, meu olho caiu sobre um calculo de estrutura, ou seja matemática, vi que estava errado, me sentei, fiz o calculo outra vez desde o início, o erro era grande.

Ele sabe como funciona a minha cabeça, estou sempre prestando atenção em tudo, quero saber das coisas.  O mesmo aconteceu com a escultura, a olhei, foi como fazer uma radiografia da mesma, em seguida sabia que lhes faltava perspectiva que eu tinha nesse momento, por isso sabia que estava do lado errado, nada demais, eles acabariam notando.

O filho da puta, ainda é humilde.

Ontem falei com o Tadeus, me esqueci do fuso horário, o despertei de madrugada, falei de ti, foi só elogios.   Só tem uma coisa, não me falaste que o Peter Brown é teu tio.

Talvez porque isso não me importa, sou um funcionário como os demais, recebo o mesmo salário que os outros.   Os outros gastam em carros, em roupas de marca, nada disso me importa, continuo vivendo no mesmo apartamento que sempre usei, é de Peter, mas lhe pago o aluguel.   Podia viver com eles, mas teria que aguentar as eternas festas de minha tia, ou porque começa um novo espetáculo, ou porque esse termina.

Me mudei no primeiro dia que ia ter uma festa, nesse ponto tenho horror a isso, como Peter chama estar de CORPO PRESENTE, MENTE AUSENTE, concordo com ele.  Porque quando muito molho a boca no champagne, ou no vinho, ver tanta comida, me assusta.

Ele é teu tio, que te criou.

Nenhum dos dois me criou, Karen é minha tia, mas nunca me criou, uma larga história, meio complicada.

Só fui viver perto deles, quando fui para a universidade.  Tenho um único dever social, almoçar com eles aos domingos.   Mas normalmente almoço nesses domingos com o Peter, porque ela só se levanta as duas da tarde.

Ficaram rindo da imagem.  Sua vida começa a essa hora, termina quando acaba o espetáculo que está fazendo no momento.   Peter tem uma paciência imensa com ela.

Talvez por isso, tenha escolhido sempre ser ao contrário, seus presentes de Natal ou aniversário, sempre vou trocar depois por alguma coisa mais simples.  Odeio a ostentação.

É para aonde vamos então.  Passou para ele os dados, esse castelo foi construído no século XIV, sobreviveu a muitas coisas, uma parte que é aonde estamos trabalhando, durante a guerra foi terrivelmente bombardeada, aí se escondiam muitas pessoas da vila próxima.

Começaram a retirar as pedras, sem sequência nenhuma, os acabamentos, as esculturas, todas foram misturadas, estamos tentando colocar em ordem isso tudo.  Justamente em cima, ficava a biblioteca do palácio, foi tudo pelos ares, conseguiram chegar as vítimas, poucas sobreviveram, mesmo o proprietário morreu durante a guerra, agora o governo, quer restaurar, não só como um monumento de sobrevivência, mas também para transformar num hotel de luxo.

Só funciona uma torre, bem como a parte da frente.  Estaremos hospedados no hotel da vila.

Ele repassou todas as plantas baixas, perguntou encontraram a entrada que você dizia para procurar?

Não, escavaram mas não acharam nada.

Veja essa planta, se a colocamos em cima da outra ou por baixo da biblioteca, não encaixa, teremos que ter uma copiadora, fazer isso em papel transparente, mas creio que isso está errado.

A cara dos dois era interessante, era como se ele não os estivesse vendo, começou a medir com os dedos, até que alguém lhe entregou uma régua, respondeu merci automaticamente, sorriu, creio que tenho razão, mas teremos que fazer isso.

Quem fez essas plantas baixas, não se deu conta, ou fez de propósito.

Quando chegaram tinham vários veículos os esperando, ajudou os rapazes a carregar a escultura, esses o olharam surpreendidos, pois ninguém tinha feito o menor movimento para isso.

Foi no carro com eles, me contém sobre essa escultura, toda sua história?

Um deles riu, foi contando, pelo que analisamos do material, é do Século XIV como da construção, tirou uma fotos, atrás vê essas marcas, foi feita por algum escultor judeu, eles faziam isso, deixavam essas marcas nas pedras.    Participavam das construções de castelos, catedrais, tinham um sentido de arquitetura muito bom. Nesses lugares não lhes segregavam em guetos, por isso preferiam posteriormente mudar seus nomes, para serem homens livres, dizem que seguiam sim com sua religião.    Posteriormente, encontramos muitos artistas franceses descendentes desses homens, que foram grandes artistas plásticos, algum com sua parte judia, mas a maioria era uma mistura de muitas coisas.

Ele escutava atentamente, embora o rádio do carro estivesse alto, um dos rapazes pediu ao condutor, podia desligar isso, estamos aqui no meio de uma aula de cultura, por favor.

O homem a contragosto atendeu.

Apesar desse ruído todo entendeste?

Sim, estava prestando atenção, como o outro fez um gesto de dúvida, repetiu palavra por palavra o que ele tinha falado.

Muito bem.  Vejo que não eres dispersos como alguns, riu assinalando um dos rapazes.

Me desculpa, eu quando estou em algum lugar, parecerei disperso, mas é assim que se observam as coisas.

Como essa escultura foi parar no escritório em Paris?

Como você viu, ela é um imenso quebra cabeça, estava numa caixa, que só dizia resto, sinalizou o disperso, foi ele que a encontrou, começou montando a cara.  Mas temos um problema, falta um dedo do pé. 

Pois deve estar em algum lugar.

Tinha achado um elo com o grupo, quando desceram do carro, se juntaram a Jeane, que teve que escutar tudo que tinha conversado.

Jean-Marc, mandou alguém a cidade, fazer todas as plantas baixas em papel transparente.

Mostrou para ele, somente uma aquarela, de como era na época, existem poucas fotos dessa parte, porque ficava mais metida dentro do que seria um bosque, mostrou na aquarela.

Andaram por tudo, viu como o rapaz tinha encontrado, existiam caixas e mais caixas com restos.

Se aproximou do rapaz, se apresentou, o mesmo fez ele Paul Roux, perguntou por exemplo agora que estava reconstruída, se havia alguma maneira de recuperar a mesma?

Eu fiz belas artes, não, o que se pode fazer é um molde, reproduzi-la num material que aguente mais tempo.  Esta feita de uma pedra que é fácil de esculpir, por isso também se partiu em tantos pedaços.

Foram andando os dois, ele lhe foi mostrando tudo que tinha encontrado.

Se afastaram por dentro do bosque para ter uma perspectiva da trabalho, era como se tivessem cortado um bolo de noiva em diagonal, que faltasse todo esse lado.

Pelo que vejo, tinha três andares.

Andamos por essa parte, as plantas baixa dizem que não, porque tem uma que não encaixa.

Depois quando voltaram se uniram ao grupo.  Numa mesa imensa, Jean-Marc com Jeane ao lado disse que André tinha percebido que como essa planta que não encaixava tinha sido feito de propósito ou estavam em posição errada.

Pode montar como imagina isso.  Ele observou todas, colocou a que imaginava que era a parte debaixo aonde estavam as vitimas que ficaram soterradas, depois a que não encaixava, mas virada ao contrário, se encaixava perfeitamente, por último a biblioteca.

Mas soltou sem que os outros esperassem, creio que falta uma planta. Os arrastou com ele, veja se olhamos desde aqui, essa pequena parte que sobrou do bolo de noiva, as bombas que caíram aqui, fizeram como um corte diagonal, pela aquarela, existia uma parte em cima, que poderia ser aonde viviam os empregados, pois se apreciam pequenas janelas, olhem aquela escada que sobrou, sobe não desce, sinal que aqui tinha outra coisa por cima.  Não acredito que iriam construir assim.   Fiz parte do projeto da construção de uma biblioteca, nos emirados árabes, tivemos o cuidado de estudar as grandes bibliotecas antigas, elas normalmente ficava protegidas, como num sanduiche. Para que as infiltrações, mesmo seu acesso fosse mais protegido.

Os rapazes, o cumprimentaram. Acredito que a parte que sobrou aqui, deviam ser a cozinha ou alguma coisa que ocupasse o espaço vazio, o debaixo aonde estavam as pessoas escondidas, era o porão aonde armazenavam vinho, ou mesmo cereais, podia estar em desuso na época.

Acredito por não existir nenhum documento específico que essas esculturas eram todas do teto da biblioteca, vejam na aquarela, aqui parece a ponta de uma claraboia.

O Paul Roux, soltou, tens que vir trabalhar conosco.  A porta que procuravam realmente estava do outro lado, soterrada totalmente, levaram um dia escavando, mas todo momento tendo que parar. 

Ele num determinado momento parou, subiu a uma parte mais elevada, molhou um dedo na boca, ficou ali estático.

Pela projeção, além do que sobrou, as bombas foram lançadas nessa diagonal, acredito que não caiam retas, mas sim em diagonal.

Jean-Marc vive dizendo isso, então vamos com mais cuidado, mandem trazer peneiras, pode ser que encontramos o dedo que falta na escultura.  Todos ficaram rindo.

Jean-Marc voltou para Paris, Jeane ficou, instalavam uma tenda do exercito na parte de cima, fizera como uma rampa, foram escavando.  Com a peneira deram com milhões de partes de esculturas, restos de frescos pintados.

Jeane trouxe um arqueólogo, que ia separado o que encontrava, limpando.

Quando encontraram a porta, tiveram que retira-la inteira, pois do outro lado, também havia mais escombros.

Estava justamente no nível que ele dizia.

Começaram a retirar com cuidado, até que ele todo sujo, avisou, aqui tem cadáveres, creio que somos obrigados a chamar os bombeiros, ou a polícia, não sei como proceder aqui.  Jeane assumiu a situação, menino descanse com teus rapazes um momento.

Logo chegou a polícia, além de bombeiros, eles sim sabiam que nunca tinham retirado todos dali. Traziam bolsas, algumas pessoas, estavam mumificadas, pela terra em cima, foram retirando devagar, chegaram a contar 15 pessoas, entre homens, mulheres, crianças. Uma parecia que estava viva, sua mumificação por instantes foi perfeita, mas ao contato com o ar, perdeu as cores, menos mal que tinham feito fotos no momento.

Levaram muitos dias, retirando livros, até que encontraram como uns pergaminhos, que Jeane mandou para Paris, para serem separados, lhe pareciam as plantas do edifício.

Assim eram, foram reproduzidos, em escala, para terem uma ideia.

Voltou com ela, seu batalhão, agora tinham mais esculturas para reconstruir.

Ele aproveitou para falar com Peter, para dizer que ficava mais um tempo, esse ria, como se não te conhecesse.  Tua tia queria preparar uma festa para te apresentar, o seu sobrinho que voltava com dois títulos da Sorbonne.   Tadeus diz que estas em boas mãos.

Já escrevestes a tese?

Sim, falta o fecho das duas, as escrevia de noite. Antes de dormir.

Ia todos os dias, analisar o que tinham encontrado nos rolos, como dizia Jeanne estavam guardadas mas de uma maneira sem controle, queria que me ajudasse. 

Ele comentou, estou no fecho final das teses, posso chegar as 10 da manhã, para te ajudar.

Ela ria, que a maioria aqui faz isso, está perfeito.

Primeiro vamos separar o que já sabemos, descartamos o resto, seria importante, mandarmos imprimir isso tudo em material transparente para podermos, sobrepor.

Chegaram a conclusão que a parte do porão se repetia na parte da frente, veja, quando colocamos toda a torre, ele foi reconstruída a partir daqui pelas fotos posteriores, mas nas plantas ela continua para baixo sinalizou um ponto no chão, aqui, a escada deve continuar para baixo.   Não deu outra.

Ele entregou a teses, as apresentou, na plateia ao invés da família, estava os novos amigos de seu grupo de escavação, bem como Jean-Marc, Jeane.   Ficou feliz, fizeram uma festa simples para ele, pois sabiam que não gostava.  Seu tio chamou, tinha novidades, chame depois o inspetor Klaus.

Quando falou com ele, dentro dos momentos que um não incomodaria o outro, ele lhe contou, que finalmente tinham colocado a mãos em cima.  Tu tinhas razão, gastam muito dinheiro em jogo, quando apresentamos suas fotos no casino, primeiro não quiseram colaborar, mas tínhamos trunfos na mão, sabiam sempre as datas que eles apareciam.  Tem outros nomes, mas as impressões digitais confirmam.   Tua tia soltou logo que queria falar com a irmã.

Não sei o que disse, mas ela imediatamente contratou um dos melhores advogados do pais.

Quanto ao que me perguntaste, não consta mais nenhuma irmã.   Só existem as duas.

Foi o que ele imaginava.

Perguntou do Jack. 

Aqui só más notícias, mas saiu recaiu logo em seguida, quando falei com ele, disse que tinha estragado totalmente sua vida, não tinha feito como tu, construído uma vida.

Está internado outra vez.

Vens a NYC?

Sim mas não sei se ficarei, tenho um convite para trabalhar aqui, que me interessa. Já te conto tudo.

O que tinha encontrado, saiu numa revista dessas que só interessados veem, mencionavam seu nome, como colaborador.

Andava saindo com Paul Roux, que lhe mostrava coisas interessantes da cidade. Viu que o outro tinha interesse nele, lhe explicou que iria a NYC, para resolver alguns problemas, mas que voltaria, para aceitar a oferta do Jean-Marc.

Paul que o ia levar ao aeroporto, quando viu seu apartamento se surpreendeu, pensei que vivia num apartamento fantástico, mas eres muito pé no chão realmente.

Se aproximou dele, assim posso saber quem eres.  Lhe deu um beijo, pela primeira vez em muito tempo, sentiu-se amado por alguém, além do Jack.

No caminho para o aeroporto foi lhe contando a história do Jack, as condições que estava agora.

Mas vais fazer uma visita não?

Sim claro que irei, resolverei meus problemas, irei em seguida para vê-lo, embarcarei minhas poucas coisas, volta para o mesmo apartamento.

Deixou suas coisas em casa, como era um domingo, entrou no apartamento de seus tios, perguntou por sua tia.  Peter levantou os ombros dormindo como sempre, ele já tinha esperado demais.  Foi até seu quarto, abriu as cortinas, a janela, para que o frio entrasse, levanta que quero falar contigo.

Mais tarde.

Nada disso, lava essa cara, vem para a biblioteca.

O que passa meu filho?

Peter, irei amanhã apresentar minha demissão, sei que estiveste me esperando, mas seguirei trabalhando com Jean-Marc, encontrei meu lugar, creio que deverias colocar o Tadeus como teu sócio, pode ser que num dia remoto eu volte.

Karen entrou com uma cara horrível, de mal humor.  Uma empregada lhe trouxe café.

O que é tão urgente assim, para me despertar?

A verdade, estou tão farto de tanta mentira, já sei que contrataste um advogado caríssimo para tua irmã.   Imagino que ela te fez uma chantagem muito gorda.  Também sei que nunca existiu essa irmã que me pariu.   Vamos enfrentar essa verdade ou vai continuar aceitando que essa mulher que ajudou a matar o pai do meu melhor amigo, um homem que me deu carinho, quando na minha casa não existia, vai me explicar tudo, ou terei que colocar um detetive para escavar tua vida.

É verdade, está me chantageando.  Sabe que tu eres meu filho, foi um descuido de jovem que ainda não é famosa.  Mas a fama chegou logo que nasceste.  Não queria me apresentar com um filho no braço.  Fui realmente fazer esse filme, quando voltei, ela tinha desaparecido contigo, nunca me senti mãe de ninguém, nunca quis ter um filho, por isso fiquei quieta.

Nunca contei ao Peter, que é o meu melhor amigo.

Muito bem, era tudo que eu queria saber. Pode voltar a dormir, mas esqueça de mim, vou voltar para Paris, assim que resolva umas coisas amanhã.  Viu que Peter estava abalado.

Acho que sacrificas muito por ela, devias assumir teu romance com o Tadeus, que te aguenta, te espera todos esses anos.

O Jean-Marc me soltou um dia que tinha se apaixonado por Tadeus quando estudou com ele, mas ele amava outra pessoa na américa, juntei os fatos.  Deixe de te preocupar o que pensam os outros.   Ela te usa, tu a usa, mas no fundo vives sozinho, acredito que só eres tu, quando estás com ele, não é verdade.   Ele balançou a cabeça.

Então não perca tempo, ela pode te tirar o dinheiro que quiser, mas não vale a pena.

Não pode me tirar nada, somos casados com separações de bens.

Amanhã, vou separar as coisas que me interessam no meu apartamento, principalmente livros, depois irei a San Francisco, para ver o Jack, que foi o que mais perdeu nisso tudo.

Irei embora em seguida.

Não quero teu escritório de arquitetura, agradeço muito tudo que fizeste por mim, porque nessa casa, foste o único, que me quis de verdade.  Ela só quer ela mesma.

A convença a não ceder a chantagem, diga que contarei a verdade ao Klaus, o advogado não poderá fazer nada.  Se ela não faz, eu entrarei com uma acusação de sequestro, o escândalo será maior.

Ela estava escutando atrás da porta.  Entrou outra vez, tens razão, mentiras demais.

Ele foi embora, só apertou a mão do Peter lhe deu um abraço, nos vemos amanhã, adeus Tia Karen, passar bem.

Telefonou em seguida para o Klaus, estou em NYC, se quiseres podemos falar, posso te ajudar outra vez.

Se abraçaram quando ele chegou, viu que colocava livros em caixas, suas roupas estavam já na maleta, nunca tinha tido muitas.

Foi ao assunto, a outra esta fazendo chantagem porque Karen é minha mãe, eu sempre desconfiei dessa história da irmã.  Já lhe disse, que se ela não retirar o advogado, enfrenta a verdade, eu moverei uma ação contra os dois por sequestro.

Bom, pelo que tem pela frente, ficaram velhos na prisão.

Como anda o Jack?

Falei no caminho para cá, o médico acha que não deves ir, está muito mal, pode ser que desta vez não sobreviva, tentou o suicídio.

Pegou um casaco, a bolsa com que tinha vindo de Paris, vou para lá agora, vens comigo?

Foram os dois para o aeroporto, ele com seu cartão do FBI, conseguiu dois assentos em primeira classe.

Passou os últimos momentos segurando a mão do seu amigo, que num momento de lucidez, disse sabia que não ia partir sem te ver.  Me perdoe mas não posso ir em frente, não sei de aonde tirar forças, mas não desista siga em frente.

Ficou mais dias para seu enterro, avisou Jean-Marc que se atrasava, pois estava esperando para enterrar seu melhor amigo.

Klaus lhe ajudou em tudo que foi possível, estava com a cabeça inteiramente branca, creio que isso de ser atores, é de família, imagina que ela se fez de vítima, ao acusa-la de cúmplice passou a soltar tudo, como se ele fosse o culpado, quando comentamos isso para ele, vez ao contrário que a maioria das ideia eram dela.   Uma dupla do barulho sem dúvida nenhuma.  Mas terão julgamentos separados.   Ontem me avisaram que tua mãe, retirou o advogado.

Estão presos aqui, queres falar com eles.

Nem pensar, pois sou capaz de os matar, pelo que fizeram com a família do Jack.

Eles alegam que foi um acidente, que não era para acontecer isso.

Depois do enterro, voltou a NYC, com Klaus que disse que tinha sido promovido, que agora era chefe ali.   Perguntou se tinha alguém em Paris?

Creio que agora poderei ter, me livrei de toda a carga do meu passado, veja tenho trinta e dois anos, pareço um garoto que acaba de descobrir a pólvora.

Quando entrou no escritório no dia seguinte, todos lhe aplaudiam.

Mas foi abraçar seu amigo Tadeus, esse lhe disse obrigado, ele agora esta vivendo comigo. Como sabias disso.  

O vi saindo uma noite do teu apartamento.

Sentou-se com Peter, este lhe disse, que ele era o filho que ele queria ter, entendia suas razões, mas não queria perder contato.

Ora Peter, nesse tempo todo que estive fora, foste a única pessoa com quem falei, ela nunca me chamou.   Só contigo pude contar sempre desde o primeiro dia.  Acredito que se fosse por ela, teria me mandado para um internato.

Me confessou que quando voltou de Paris, ia fazer isso, mas tinha desaparecido, nunca te procurou na verdade, sentia como se tivesse livrado de um lastre.

Nosso divórcio, foi de comum acordo, pois ela sabia de Tadeus, mas temos separação de bens, deixei aquele apartamento para ela, só mandarei embalar depois meus livros.

Com Tadeus finalmente viverei bem.

Entregou sua carta de demissão, voltou ao escritório para se despedir dos dois, não te contei agora sou o sócio, não vou te admitir se voltas, se abraçaram, de um abraço no Jean-Marc, na Jeane também uma grande figura.

Nessa noite Klaus o levou ao aeroporto, se abraçaram, se não fosse tão velho, me apaixonaria por ti.

Chegou de manhã em Paris, tinha dormido no avião, tomou um banho trocou de roupa, foi trabalhar, todos vieram apertar sua mão, mas Jeane disse que ele tinha que falar com o patrão além de assinar um contrato.

Tinha abraçado a todos, disse ao ouvido do Paul, comemos juntos mais tarde?

Sim claro.

Subiu para falar com Jean-Marc, Jeane foi junto, contou para eles sua história não entrando em detalhes.  Se me quiserem, adoraria trabalhar e aprender com vocês tudo o que possa, mas uma coisa prometo Jeane, irei estudar história da arte francesa, prometo.

Assinou seu contrato, iria trabalhar direto com ela.

Agora iriam participar da reconstrução do castelo.  Foi almoçar com Paul, segurou sua mão, dizendo agora estou livre de tudo, já te contarei toda esse drama que acompanhou minha vida.

Contou que tinha se atrasado, porque Jack tinha morrido, não podia deixar de estar com ele seus últimos momentos, nem como providenciar seu enterro.

De noite no seu apartamento contou toda sua vida para o Paul.  No final ele só soltou CARALHO, isso dá um filme daqueles bem retorcidos.

Sem dúvida, espero que querias compartir tua vida comigo, não tenho experiência em viver com outra pessoa, mas me esforçarei.

Acabaram encontrado o dedo da estátua.  Pelos desenhos que tinha encontrado, viram que todas essas esculturas estavam justamente na parte debaixo da claraboia, acompanhou para aprender, como se fazia a copia das mesmas, a biblioteca, seria agora um salão de festa, com uma imensa claraboia em cima.

Ele estudou história da arte, com um professor que lhe indicou o Jeane, mas esta lhe disse, não descuide do Paul, não sabes, mas ele é meu filho.

Agora tinha uma família, se divertiam no trabalho, foi levando a vida em frente como tinha lhe dito Jack.

Finalmente dois anos depois saiu a sentença de seus anteriores pais, foram condenados a quarenta anos de prisão, nunca poderiam pedir a liberdade.

Quando Karen morreu quinze anos depois, numa caída do cenário, já uma atriz decadente, lhe deixou toda a fortuna que tinha para ele.  Pediu para o Peter vender o apartamento, bem como autorizou que o dinheiro fosse todo distribuindo por orfanatos.  Não queria nada dela.

Ele entendeu.  Agora os dois vinham passar temporadas em Paris, com eles.  Ele agora na verdade vivia com o Paul, no apartamento que era de sua Jeane no Rive Gauche.

Quando vinham, jamais tocavam em qualquer assunto ligado a Karen, mas sim do escritório, quando lhe cobravam quando voltava, ia mostrar o Castelo que já estava no final, é o próximo que estavam trabalhando.  Agora ele era o braço direito da Jeane, bem como do Jean-Marc.

Klaus também veio passar uma férias com eles, o levou aonde estava agora, fazendo um projeto, disse que precisavam de um detetive para escavar a historia desse castelo.  Ele riu muito, me falta pouco para me aposentar, pode ser que venha.

Ele seguiu sua vida em frente, tinha encontrado um novo rumo, que não lhe era amargo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

miércoles, 26 de enero de 2022

FRANC-TIREUR

 

                                      FRANC- TIREUR

                                 FRANCO  TIRADOR

 

Jean-Pierre, nunca sabia se o fato de ter aprendido atirar desde criança, tinha sido uma bendição ou maldição.   As vezes sentia que fazia no automático, para poder controlar depois a carga que vinha.  Os objetivos nunca eram escolhidos por ele, mas sim pelos superiores.

Nunca sabia absolutamente nada, da pessoa, se tinha família, se acreditava em Deus ou Maomé, ou qualquer informação a respeito, quando muito lhe dava uma fotografia, seus hábitos, nada mais.

Tinha vivido uma infância feliz no campo com seus pais, eram pessoas fantásticas, uma casa aonde o bom humor, bem como o trabalho eram importantes.  Ia todos os dias a escola da vila mais próxima de bicicleta, depois a secundária, ia de ônibus, ainda hoje em dia, tinha dias que preparava um sanduiche como fazia sua mãe, com carne assada, cortada muito fina, com cebolas por cima, o que mais houvesse na geladeira.    Sempre tinha alguém que passava ficava olhando com olhos grandes sua refeição.   Depois que saia da escola, ia trabalhar, principalmente no inverno, num oficina de carros, aprendeu com os olhos fechados, adorava sentir o cheiro da gasolina,  primeiro escutava o ruído do motor, ia direto aonde estava o problema, dizia que era como sentir o vento quando tinha que atirar.

Atrás da propriedade de seu pai, existia um castelo, com uma imensa floresta, tudo estava abandonado.   Tinha aprendido com seu pai, a esconder-se esperar pelo animal, um javali, ou mesmo um veado, era capaz de ficar sem se mexer muito tempo, raro era o dia que voltava de mãos vazias.

Tinha aprendido tudo com seu pai, o que ele nunca soube foi sobre a vida de seus pais, até que morreram, levou um puta susto.

Os dois morreram num acidente besta, desses que acontecem nas estradas rurais, vinha de uma reunião da cooperativa de produtores, quando numa curva saiu um imenso trator, nem teve tempo, morreram os dois, bem como o que conduzia o trator, pois caiu num desfiladeiro.

Nevava nessa noite, só descobriram os corpos, porque ele estranhou os pais não voltarem, chamou a polícia, mas sabia que com duas pessoas na vila para atender todo mundo, não teve dúvida,   saiu caminhando em direção a estrada, sabia o quanto essa era perigosa no inverno, Foi ele quem encontrou os pais, mortos, congelados pelo frio.

Foi quando descobriu que seu pai era o herdeiro do Castelo, portanto dono de tudo.  O grande problema, era que deviam horrores de impostos ao governo, fazendo as contas, ele achava mais fácil, vender para o mesmo a troco de banana.   Seu pai nunca tinha se interessado em restaurara nem a casa que viviam simplesmente, tampouco o castelo.

Agora pensava, quando era criança, ia brincar no castelo, seu pai dizia que não devia ir, porque era um lugar maldito,  só sobravam os alicerces do mesmo, nada mais.

Como era menor de idade, teve que esperar para resolver a situação, lhe faltavam dias para completar os dezoitos.   Conseguiu com o juiz, que autorizou ele esperar sua maioridade trabalhando, vivendo na casa de seus pais.    Foi até a biblioteca, para se informar a respeito da família, nunca tinha notado que seu apelido casava com o nome do castelo.

Era uma história cheia de intrigas, traições, lutas por causas idiotas para uma mentalidade de hoje em dia.  Ia até seu bisavô, dele tinha herdado o nome Jean-Pierre D’ Anecy,  houve épocas que os vinhedos produziam bastante, mas desde que se lembrava a produção era para uso só da família.

Foi difícil resolver o problema, a dívida era imensa com os atraso a anos de impostos sobre a propriedade.  Nem a casa que viviam estava bem, estava mais para ser demolida.

Tudo que salvou da casa, foi uma caixa que sua mãe tinha muito bem escondida, lhe dizia, nunca deixe teu pai se aproximar do nosso esconderijo.   Nela encontrou documentos que falavam de outra propriedade, nas ilhas Guadalupe, guardou tudo isso no banco aonde depositaram o dinheiro da venda de tudo.

Tirou um pouco para o início de vida em Paris, queria saber como era viver numa cidade grande. Mal chegou, fez um curso, queria ser policial, tinha um corpo estupendo, de quem trabalha no campo, passou nas provas prática, mas nas teóricas, o orientador lhe disse que faltava malicia, vivência.   Era mais fácil ele entrar para o exército, quem sabe depois o poderiam aproveitar.

Com isso, acabou voltando a região aonde vivia antes.  Estavam encantados com ele, pela prática que tinha de tiro, saber conduzir veículos diferentes, como um Peugeot 3008 DKR, pelas dunas de areia.  Quando descobriram sua capacidade de franco atirador, recebeu um treinamento especial para esse tipo de arma.    Como ele dizia era como ir a guerra sozinho, nunca estava acompanhado em suas missões.   Quando o mandaram para o Mali, por causa dos problemas que os soldados de lá enfrentavam, logo se adaptou, rapidamente aprendeu a falar dois ou três dialetos que usavam na região.

Ele mesmo reparou o único carro que poderia usar, normalmente o escondia a quase um quilometro de aonde teria que agir, suas duas primeiras missões foram relativamente fáceis, teria que matar dois chefes de tribos Tuaregs, o que era complicado, pois normalmente estavam cobertos, só com os olhos de fora. 

Achou melhor fazer isso de noite, de dia se escondia, de noite saia para observar.  Usaria uma lente própria para a noite.    Teria que encontrar alguma coisa que identificasse a vitima.

Nas vésperas de executar a primeira ordem, ficou observando que o mesmo, usava um símbolo, pendurado no pescoço, desenhou o mesmo num caderno, para observar os outros homens se usavam o mesmo, viu que não.  Esperou de noite, determinado momento o homem saia de sua tenda, para observar o céu, como procurando alguma coisa.   Na segunda noite ele fez igual, acertou um tiro entre as duas sobrancelhas, nenhum ruído nada, só o homem que caiu de costas, saiu rápido dali, caminhou na escuridão aonde estava seu veículo, se afastou em direção oposta aonde poderiam procurar por ele.    O comandante em pessoa lhe felicitou, depois foi mandado com as forças da OTAN, que estava operando no Sudan, devia liquidar o homem que comandava do tráfico de escravos.     Ele só tinha uma foto como guia, tinha observado que o mesmo tinham uma tatuagem nas costas da mão, se separou do grupo, virou uma sombra do grupo, usava uma chilaba, velha como todos dali, tinha escurecido sua cara,  levou uma semana, até que um dia o viu com o que fazia no negócio final, discutiam os dois, se afastando das tendas, o que lhe deu pena, foram os garotos, mulheres que iam ser vendidos de escravos.  Avisou aos soldados, matou os dois em segundos, os soldados entraram, resgataram os escravos.   O comandante depois lhe dizia que era complicado, pois a maioria dos garotos nem sabiam de aonde tinham vindo.

Assim levou anos, de um lado para outro.  Ora Mali, Sudan ou qualquer outro pais que estivesse em conflito.  Sempre era o mesmo, ver as miséria como eram tratados todos os escravos ou pessoas capturadas.

Quando voltou a Paris, se apresentou na polícia, com recomendações de comandantes que tinha trabalhado.     O colocaram em anti-vicio, alugou um apartamento pequeno, bem jeitoso, que ficava de esquina a margem do Sena, o que era perfeito para ele.  Podia ir andando para a delegacia, mas comprou uma moto, de última geração, assim poderia se mover rapidamente.

Um primeiro caso que atuou, tinham recebido um sopro de um informante sobre uma entrega de drogas, num beco, seria de madrugada.   Localizou o mesmo, conseguiu subir para o telhado, examinou o mesmo detalhadamente, viu que tinham preparado uma arapuca para um dos bandos não sabia quem tinha preparado.  Resolveu ficar quieto, a ordem era pegar somente os que compravam, deixar escapar os traficantes.   Ficou com a pulga atrás da orelha.

Pensou muito, em sua cabeça como tudo estava pronto, pensou, eles não vão atuar amanhã, sim hoje.

Se preparou a consciência, todo vestido de negro, com a arma escondida numa bolsa negra, ficou no lugar mais escuro do telhado.    Não deu outra, horas antes subiu um homem, examinou o que estava ali preparado, pelo que ele tinha visto, o objeto cairia sobre um dos carros ou fecharia a parte traseira da rua estreita.   Os que estava do outro lado poderiam sair.  Entendeu a jogada, faziam a troca, matavam o que vinha pela esquerda, sairiam tranquilamente com as drogas bem como o dinheiro.

Se moveu como uma sombra, escutou o homem que estava ali perto dele, dizendo que estava tudo preparado, hoje forramos a bota, vamos ficar cheios de dinheiro.

Aplicou um golpe na nuca do sujeito, o deixando desacordado, viu que o mesmo era um policial, não de sua delegacia, mas de alguma outra.

Se perco tempo agora tentando avisar, estarei fudido.

Resolveu o usar de contra peso.  O levou para o extremo oposto, estirou a corda que soltaria uma placa de metal em cima do outro carro, ou fecharia a saída.

Esperou, viu primeiro o carro entrando carro da esquerda, viu que a placa cairia na traseira do carro, talvez se estivesse alguém dentro.   Segundos depois escutou o ruído da rádio falando todos a postos.   Um pequeno comentário, nosso homem, avisou a polícia que isso acontecera amanhã, mas todo cuidado é pouco.

Quando desceram os homens para negociar, os que tinham entrado primeiro tinham o carro ao contrário, abriram a traseira, aonde se via pacotes de algo branco.  O da direita abriu uma maleta com dinheiro.

Ele se situou no meio, viu que o que devia ser do grupo dos policiais, dando um sinal para o que estava em cima,  ele fez um movimento, as duas coisas aconteceram ao mesmo tempo, de um lado a placa, de outro o policial, que caiu os quatro andares em cima do capo do carro.

Foi um susto geral, começara a atirar entre eles, observou que todos tinham silenciadores, então o ruído era diferente.  Focou o que parecia chefe do bando policial, atirou acertando como sempre a cabeça, fez o mesmo com o negro do outro lado. Só sobraram dois que estava atrincheirados ao lado do carro, teve um segundo de dúvida, sobre em quem atirar primeiro, mas quem moveu peça foi o do bando dos traficantes, atirou nas pernas do outro, ao mesmo tempo que ele o liquidava.   Desceu, com a mão com luvas, pegou o revolver de um polícia, acabou de executar o que estava vivo.

Já se escutava ao longe a polícia chegando, colocou uma granada no meio das drogas, pegou a maleta, se mandou.  Tinha deixado sua moto estacionada num outro lugar, foi andando calmamente pela rua, contra uma enxurrada de gente, que ou vinha ver o que tinha acontecido ou procurava ir embora.

Montou na sua moto, deu uma volta imensa.  Quando chegou em casa, lhe chamaram, dizendo que tudo tinha sido uma armadilha, nos disseram amanhã, quando devia ser hoje.

Ele não disse nada, tinha inclusive recolhido o casquilho das balas usadas, como tinha usado luvas o tempo todo, não havia como encontrar impressões digitais suas.   Inclusive usava nesses casos um tênis normal.

Tomou um banho calmamente, foi se reunir com seu grupo.   Alguém escapou, pois o dinheiro sumiu.   Não sabe o susto que levamos, quando se levantou o porta-malas, explodiu algo, fazendo com que a cocaína ficasse toda no ar dentro do carro.

Os outros quem eram? 

Aí está o problema, eram policiais de uma delegacia ao sul da cidade.   O que faziam aqui, é um enigma. 

No dia seguinte, guardou todo o dinheiro numa caixa de banco, queria ver o que acontecia, a coisa era esperar.

Sem dúvida nenhuma começou uma guerra de bandas, a delegacia dos policiais mortos, entrou sobre regime de verificação, foram descobertos mais corruptos. Alguns suspendidos, outros expulsos, alguns para a cadeia.   Analisaram como tudo se torceu, eles tinham o sopro para o dia seguinte.   O Informante foi achado no Sena, tinha sido assassinado antes, pelo que ele tinha entendido, por ter escutado a conversa através do rádio, a ideia era desqualificar sua delegacia.  Chegariam talvez encontrassem os que compravam a droga assassinados.

Trabalhou 10 anos nessa delegacia, estava farto, pois os ascensos eram mínimos, os inspetores bem como o pessoal ia se acomodando, tudo ficando no marasmo.

Pediu uma transferência, mas lhe foi denegada.  O jeito foi pedir para outra cidade, o conseguiu para uma cidade pequena no sul, devia ter ido antes, pois o problema era o mesmo, carros velhos, gente da velha guarda, os policiais eram amigos dos que manejavam tudo, enfim.

A única coisa que lhe serviu, retirou o dinheiro guardado na caixa do banco, foi colocando comodamente em vários bancos que tinha conta.  Uma grande parte, guardou junto com a caixa que tinha herdado da mãe.

Pensou, daqui não sai nada.  Estava para pedir as contas, quando foi chamado do palácio de justiça de Paris, o queriam para investigar uma serie de confusões envolvendo policiais, traficantes. 

Nunca tinha muita bagagem, era fácil mudar de pele.

O trabalho, era de observação, sem se envolver, seguir ou perseguir certos policiais.  Conversou com o que comandava essa brigada, podia ser que os policiais se cansassem do trabalho, arriscado por ter um salário de merda, o dinheiro sempre corrompe as pessoas.

Isso não importava aos que mandavam, ficou sim trabalhando com um Fiscal, que em qualquer caso analisaria com ele o material que encontrasse.

Lhe deu uma lista de policiais de uma delegacia, que ficava perto de Notre Dame, na beira do Sena.    Como um simples observador, as vezes sentava-se pescando, tinham autorizado que conseguisse uma moto de grande velocidade.

Começou a seguir os dois primeiros que faziam dupla, na região que trabalhavam tudo bem, mas observou que quando saiam do trabalho, se dirigiam a Belleville, um bairro mais afastado. Ali serviam fora de seu horário a um chefão do tráfico da região.  Era um negro de quase dois metros de altura, puro musculo, frequentava sempre o mesmo ginásio, que ao pesquisar, pertencia ao mesmo.  Subiu a parte de cima do edifício ao lado, verificou que o local era imenso, muito maior que o espaço usado pelo ginásio.  Deu a volta no quarteirão, tinha fazendo frente com os fundos, um Bristô, ficou ali tomando um vinho, observando o movimento, era interessante, pois quando saiam olhava de um lado a outro, para frente faziam sinal a um negro com barbas que estava sempre com um terço mulçumano na mão, com um copo com chá.

Entendeu, este avisava se tinha alguma coisa errada.

Verificou o pessoal que saia, depois de um dia de trabalho, passou a ir em vários horários, usava agora, os cabelos muito curto, com um gorro como o que usava o vigilante, ao entrar o cumprimentava “As Salamu Alaikum”, o outro respondia como um ritual.

Por duas vezes mandou servir chá para o outro, bem como pediu para si mesmo.  Por duas vezes os dois policiais vieram falar com esse homem, usava um sistema de gravação altamente sofisticado.

Entendeu que o mesmo funcionava como um vigia, ao mesmo tempo era ele que pagava aos policiais seu trabalho.  Ficou curioso, pois para todos os efeitos o chefe era o mais jovem, mas quando viu um encontro dos dois, verificou que não o outro lhe dava ordens.    Em voz baixa, inclusive comentou com ele, que não achava interessante esses dois policiais servirem de guarda costas, pois podiam estar fazendo jogo duplo.  

O mais jovem se sentou ao seu lado, ficaram conversando, falando de um carregamento que estava para chegar.  Mostrou ao fiscal todas as gravações, ele passou a informação para o controle de aduanas.  Nome do Navio, container, tudo.

Esses alegaram que não existia esse container no navio.

De novo escutou o mais jovem falando com o mais velho, realmente alguém nos dedurou, por sorte o da Aduana, declarou que não existia esse container.

Ele nem precisou fazer nada, os próprios deram cabo dos dois policiais, pois desconfiavam dele.

O fiscal disse que não era isso que queriam, queriam pegar os mesmos com a mão na massa, quando ele falou do de Aduanas, como sempre passou a informação para frente.

Isso não pode dar certo, foi falar com o juiz que o tinha chamado, a maneira como vocês trabalham está errada, o fiscal escuta as informações, passa para frente, não age, se não fazemos nada, acredita que os outros farão.

Da próxima vez, verifique o que faz o fiscal.  Descobriu que o mesmo levava uma vida acima de sua condição, que seu salário não cobria a mesma.

Foi verificar como ele tinha chegado a esse setor aonde estava.  Tinha sido justamente indicado por uma das pessoas que justamente tinha sido chefe de uma delegacia.   Quando checou os papeis, era uma quantidade de informações incorretas com relação ao mesmo.

Falou de novo com o Juiz.   Este o mandou prender no calabouço da site, que estava sobre sua jurisdição.  Quando interrogado, ele acabou confessando que passava as informações a esse delegado, que mandou que ficasse justamente de olho no Jean-Pierre.

Sentou-se com o Juiz, Marc D’Saint Malo, a quem pediu, como tinha decidido esse trabalho, quem estava na reunião, inclusive os funcionários, como secretárias etc.

Lhe autorizou a arrumar gente para montar um esquadrão.   Ele foi objetivo, se for aqui dentro da Cité, não vai funcionar, pois tudo vaza, sempre se observa qualquer movimento.  Eu mesmo quando passo pelos corredores, sei que sou observado, quando venho falar com o senhor, sei que estão prestando atenção como dizendo o que faz este aqui.

Dois dias depois conseguiu a autorização para montar como quisesse o seu grupo, bem como usar os meios que necessitasse.

O primeiro que fez, foi contatar com um grupo de soldados que tinham trabalhado com ele, em diversas operações.   Um deles era um puto especialista em Hackear tudo.  O usou como um pretexto, era um negro alto, magro, parecia que tinha sempre fome, entrou com ele algemado na Cité, o levou para falar com o Juiz.  Lhe fez sinal de silencio, quando o outro tirou um aparelho do bolso, começaram a tirar as escutas que estavam na sala.

Por isso sabem do que falamos. Só não sabem como atuo.  Ou seja sabem todos os movimentos do Senhor.

Este ficou uma fúria.  Chamou seu secretário, esse quando viu Jasmim, assim se chamava o soldado com o aparelho na mão, tentou fugir.

Mais um para o porão da Cité.  Confessou que estava sendo obrigado a isso.  Era o mesmo a quem dava ordem ao fiscal.

Está em cólicas, pois para todos os efeitos o fiscal desapareceu, no dia seguinte, Jasmim chegou a trabalhar, muito bem vestido, para todos os efeitos era o novo secretário do Juiz.

Fazia uma varrida na sala antes desse entrar, fizeram uma série de procedimentos, trocar fechaduras, tudo que se podia fazer nesses casos.

Um dia ele saia, do trabalho, foi abordado por um policial, queria saber como tinha conseguido esse emprego.  Com a cara mais simplória do mundo, disse que estava inscrito na lista de desemprego, que lhe tinham chamado para ocupar esse lugar de secretário, pois o anterior tinha desaparecido.

O outro imediatamente lhe perguntou se queria ganhar um dinheiro por fora.  Ele fez cara de dúvida, os que gravavam o vídeo, riam, puta ator esse Jasmim.

Olha não quero perder esse meu emprego, a vida tá difícil, mas isso não sei se é correto.

Lhe ofereceram um bom dinheiro.   Nisso um agente soprou um dardo que colou no pescoço do outro, tudo que o policial escutou, foi “o senhor se sente bem, espera que vou chamar uma ambulância”.

Quando despertou, estava num hospital, ou algum lugar parecido com um hospital.

Lhe interrogaram, com as técnicas que o exército usavam que não era nada politicamente correta.  Mais um que desaparecia.

Dois dias depois Jasmim, saia do trabalho, desta vez, era abordado justo pelo homem que estavam atrás, este lhe perguntou pelo policial.

Estava aqui falando comigo, se sentiu mal, chamei a ambulância, que o levou para o hospital, inclusive deu o número da placa da ambulância.

O outro olhava com cara de interrogação para ele, não parecia acreditar muito, quando Jasmim se afastou deu uma ordem para atirarem nele.

Jasmim escutou, se escondeu atrás de uma parede.  Quando esse delegado agiu, era tarde, um dardo lhe pegou no braço, ainda tentou se livrar dele, mas caiu.

Enquanto isso seus homens capturavam o que estava atirando no Jasmim.

Desta vez o interrogatório, foi mais difícil.

Se negava a falar, dizia que tinha costas quentes.

Depois de três dias desaparecido, uma pessoa foi falar com o Juiz, se ele sabia algo do desaparecimento do delegado. 

Nem sabia que tinha desaparecido, esse homem era um alto mando do ministério de Justiça.

Mais um para ser sequestrado.

Conforme a coisa foi, capturaram todos.

O ministro de Justiça, ficou impressionando, pois o alto mando, justamente era um parente dele.

O notava estranho ultimamente, pois começou a gastar muito dinheiro.

Montaram uma operação, ele voltou a frequentar o bistrô, o homem depois da saudação lhe perguntou aonde tinha andado.   Lhe disse que levava caminhões através de França, para atravessarem para Marrocos.   Estava cansado, pois a viagem desta vez tinha sido complicada, muito controle da polícia.

Foi sentar-se na sua mesa.  Gravou esse falando com o outro, creio que consegui um condutor para tirar o caminhão com o container do porto.

Depois veio falar com ele.

Perguntou se queria ganhar um dinheiro extra, era um trabalho fácil, era só retirar um caminhão do porto, levar até aonde estavam, mas tinha que ser de noite.

De Le Havre para cá.   Ou seja a droga agora entrava por cima.

Lhe perguntou quando?   Esta noite mesmo.

Aceitou, lhe pagavam cinquenta por cento adiantado.  Lhe deram todo o contato, como devia proceder.

Le levaram de carro até o porto, entrou, se apresentou, lhe deram a chave do caminhão.  Mal saiu, seu instinto como sempre saltou, alguma coisa estava errada tudo era muito certo.  Viu que o caminhão estava sendo seguido.    Aqui tem alguma coisa errada, começou a fazer como se o caminhão tivesse algum problema, entrou no primeiro posto de gasolina, abriu o motor do caminhão.   A primeira coisa que descobriu, foi um gps de seguimento, o seguinte é que tinha o cabo de freio cortado, se romperia logo.   O carro que estava a distância, estava ali parado observando.   Entrou com se fosse tomar um café. Saiu pela porta dos fundos, deu uma volta abriu a porta traseira do carro, os dois homens tentaram reagir. Meteu uma bala na cabeça de cada um.

Nem eram policiais, tampouco gente dos árabes.   Voltou, subiu em cima do caminhão, abriu uma parte de cima, estava vazio completamente.   Por isso sentia o caminhão sem peso, essa gente não sabe com quem está lidando.  Voltou ao carro agora abertamente, colocou os dois homens no porta-malas, revisou o carro inteiro.  Viu que os dois tinham seu celular como uma câmera de dentro da cabine.

Que merda é essa?

Revisando o carro, encontrou uma bomba lapa, a usou no próprio carro, viu que a mesma seria acionada pelo celular de um deles.

Justo ao lado do posto de gasolina, tinha um armazém de carros usados, procurou um daqueles que ninguém dá atenção, porque só os pobres o tinham.

Fez uma ligação, mas antes abriu seu celular, para ver se não tinha nenhum sistema ligado, usou seu cartão no telefone do outro homem.  Falou com o homem de seu grupo que mais confiava, que saíssem imediatamente de aonde estavam, que deixassem as portas abertas, para os policiais que estavam ali, marcou um ponto para se encontrarem.  Disse a ele, temos um dentro do grupo.  

Saiu com o carro, quando estava voltando para a estrada central, detonou a bomba. Inclusive o caminhão que dirigia, por não ter peso, virou de lado.

Filhos da puta, entendeu a jogada, era a ele que queriam caçar, o porquê não sabia.

Foi para o ponto aonde tinha marcado, mas antes deixou o carro, entrou pela entrada especial para o lugar que tinha seu rifle escondido.

Chegou muito antes de todo mundo. Acoplou no rifle um sistema que tinha desenvolvido, como uma pequena antena, podia escutar o que falava a uma certa distância.

Quando todos chegaram, inclusive o Jasmim, o que ele estranhou era estar o juiz junto.

Queria saber por que tinham que se reunir ali.

Quando escutou o Juiz falando, entendeu, ele estava limpando o campo para uma investida, sabia que ele reuniria seu grupo.

Desceu tranquilamente, foi ao seu esconderijo, ficou ali uma semana, escutou a conversa muitas vezes, queria entender o que se passava.

Não poderia sair do pais, como se nada tivesse acontecido.  Tampouco entenderia por que seus homens o tinham traído. Ou tem muito dinheiro por detrás disso, ou tem outra coisa que não entendo.

Não acessou nenhum site no seu laptop.  Tudo que fez, foi entrar justamente na sala do Juiz, apesar do Jasmim ter limpado tudo, ele tinha colocado posteriormente uma câmera de vídeo, que passava desapercebida, pois estava no alto, tinha uma visão de 360 graus.

Escutou a conversa dele com o Jasmim.   Como ele pode perceber alguma coisa.

Jasmim ria, você não conhece teu parente, ele tem uma coisa que falta a muita gente, instinto.

Deve ter desconfiado de alguma coisa.  Tua montagem não foi perfeita.

O idiota iria ser condecorado, mas eu ficaria com o titulo que lhe tocava, por parte de nosso avô.   Ficou com a boca aberta, quando o juiz se aproximou do Jasmim, lhe beijando na boca.

Ai, estava.   Mas que merda era essa de título.

Eles tinham perdido tudo, que ele soubesse seu pai era filho único.

Rasurou totalmente a cabeça, chegando a raspar como se faz uma barba, sem pelo nenhum, procurou ali alguma roupa diferente, sempre tinha coisas que tinha comprado em algum lugar, viaja sem nada, mas ali, era como um camarim de um teatro.  Estava tudo que existia em sua casa. 

Saiu, mais parecia um rabino, foi em direção, a cite, apresentou seu documento, ninguém lhe pediu nada, deixou que a câmera de vídeo lhe gravasse tranquilamente, usava um óculos especial desses que parecem fundo de garrafa, mas que no centro ele via perfeitamente, sabia que quando a câmera focava esse óculos, distorcionava o que via.

Passou por todos, entrou num banheiro, montou rapidamente uma arma, com plástico 3D, entrou na sala aonde estava Jasmim, lhe acertou um tiro no meio das sobrancelhas, sabia que essas armas eram como de criança, não faziam ruído.   A bala apesar de ser de plástico, matava.

Abriu a sala do Juiz, estava falando pelo celular, fez um sinal que entrasse.  Esperou um segundo para saber com quem falava, entendeu, fez um gesto com a mão de silencio, apertou o gatilho o Juiz caiu para trás.  Pegou o celular, escutou do outro lado o que tinha sido seu antigo chefe, temos que encontrar aonde está esses milhões que ele roubou.  Ao mesmo tempo estamos limpando o mercado de competidores.

O deixou ali falando, saiu tranquilamente da Cite, se dirigiu aonde estava sua moto, tirou o chapéu de judeu, colocou numa lixeira, colocou um capacete, foi para seu esconderijo.

Ficou escutando a rádio, agora entendia, já tinha descoberto que ele tinha o dinheiro do atentado.  Também porque não o deixavam ascender na delegacia, lhe entregado casos para resolver medíocres, queriam que ele se traísse.

Mas agora envolver juízes, seus amigos, tinha algo mais atrás disso tudo.

Nenhum noticiário, mencionou o assassinato do Juiz.  Acedeu a câmera de vídeo, viu que eles continuavam no mesmo lugar.  Sentado na sua cadeira com um tiro na testa.

Deixou a imagem parada, quando foi de noite, entraram na sala, dois dos seus antigos homens, disfarçados de limpadores, colocou tudo para gravar.  Já traziam o Jasmim da outra sala, colocaram os dois em dois carrinhos da limpeza, para retirarem dali.

Parou para pensar, analisou cada detalhe, a sala do Juiz era a mais escondida, na porta só tinha uma placa Juiz Charles D’Obrey, que tinha isso a ver com seu nome.

Buscou através de um celular, de pré pago, o nome, dizia sua fecha de nascimento, bem como sua morte, no ano anterior.

Rapidamente se desfez de tudo. Esses idiotas não sabiam que ele tinha usado o dinheiro o depositando em vários bancos diferentes, com nomes diferentes, que tinha um acesso com seu cartão de credito.   Todo esse dinheiro, estava como sendo investido continuamente, não em ações, mas em rendimento normais, como eram valores bons, por menor que fosse a aplicação aumentavam consideravelmente.   Nem a conta que tinha no banco com a caixa forte, era em seu nome verdadeiro.

O homem que tinha feito todos esses documentos para ele, lhe devia favores, mas tinha morrido a mais de dez anos.

Cortou a barba mais curta, bem perfilada, ficava parecendo um executivo.

Com um dos cartões de créditos, alugou um furgão, desses de transporte, negro, com vidros tintados, fez um jogo, sabia que só tinha aquele, argumentou que não gostava de vidros tintados, mas o homem fez força para o convencer de ficar com o mesmo.

Passou várias vezes diante do lugar que vivia o seu antigo chefe.  Viu que o edifício estava basicamente cercado, sabia o andar que ele vivia, subiu a uma varanda no edifício diante, ficou observando, por várias vezes ele vinha a janela, olhava para baixo para a rua, mas nunca para cima.  Apesar de ser de noite, ele estar vestido de negro, com um capuz negro, poderia ser descoberto se tivesse alguém em alguma varanda do edifício, vasculhou o mesmo, viu que não tinha.    Era quase meia noite, quando ele se enquadrou na janela, falando com alguém no telefone, estava irritadíssimo.   Como ninguém ainda não sabia aonde estava.

Filho da puta, deve ter saído do pais.  

Foi nesse momento que apertou o gatilho, viu o sujeito ser jogado para trás, seu melhor amigo do tempo do Mali, apareceu no ângulo certo, não teve dúvida, mais um.

Desceu rapidamente, desapareceu no furgão, tinha retirado a placa.  Só voltou a coloca-la antes de devolver o mesmo.

Voltou para seu esconderijo, ficou quieto, só saia cada dia com um disfarce diferente para comprar comida.   Mas nunca no mesmo lugar, que tampouco tivesse câmeras de vídeo na rua.

Passando por uma banca de jornais, viu um jornal sensacionalista, falando por uma gang de policiais que tinha roubado dinheiro do governo, para uma operação, que agora se descobria que esse dinheiro estava outra vez em circulação.

Ah, começou a rir, eu depositei, claro o dinheiro entrou em circulação, mas nunca saberiam de aonde tinha saído.   Isso não se registrava.

Experimento todos os cartões, em lugares diferentes, bem como entrou em sua conta através de cyber café.  Tudo estava intacto.

Se fosse o caso, já teriam tomado posse do mesmo de alguma maneira.

Quando ele tinha dado ordem para que os prisioneiros fossem soltos, não tinham obedecido, aparecia numa manchete de jornal, lugar de limpeza de corruptos da polícia.  O mesmo de seu antigo chefe.

Em momento algum falava em seu nome.

Retirou dinheiro de todos os bancos, usando sua moto, preparou um viagem louco, foi a Luxemburgo, levando esse dinheiro, o colocou tudo num banco que não fariam perguntas, retirou o resto dos bancos que tinham filial lá, colocando em Bancos que tivessem filiais nos Estados Unidos.    De lá, foi para Frankfurt, com um dos seus passaportes, comprou um bilhete para NYC.

Se hospedou com outro documento num hotel, barato, mas limpo, desses que ficam jovens estudantes que fazem viagem sem muito dinheiro.

Se misturou pela cidade.   Dali podia consultar os jornais franceses, nenhum depois do primeiro momento falava muito no assunto.

Trazia com ele, o documento de propriedade da Guadalupe, queria ver como fazia para chegar lá.   Usou uma ideia maluca, um cruzeiro que iria por essas ilhas.  Não era um barco imenso, mas valia a pena tentar.

Quando desembarcou para um passeio desses guiados, visitou os lugares interessantes da cidade, descobriu aonde era a propriedade da família, tinha um cartaz de se vende.

Entrou na agência que dizia que estava a venda.    Pediu informações, o homem lhe disse que no momento seu proprietário estava sendo dado como desaparecido em campo de batalha, mas que o governo local vigiava a mesma.

Embarcou outra vez, seguiu no cruzeiro, precisava de tempo para pensar.

Alguma coisa continuava não lhe cheirando bem, como podiam colocar à venda uma propriedade que pertencia alguém considerado morto.  E que o governo francês estivesse interessado não enquadrava.

Muito para pensar.  O conteúdo da caixa de sua mãe, estava com ele, nesta constava de uma livreta como se fosse um diário.

Sem querer se lembrou de uma coisa que faziam em criança, que ela usava para testar sua inteligência bem como seu raciocínio.  Ela escrevia uma história, que tinha outra história por detrás, ele tinha que descobrir a outra.

Depois havia outro ponto importante, porque seu pai o tinha basicamente treinado para ser um guerreiro, para saber se defender, atirar, tudo como devia.  Se parasse para pensar, tinha sido treinado desde criança a desenvolver sua intuição, saber atirar, se defender em vários tipos de luta, que o exército sem querer tinha aprimorado.

Começou a raciocinar em cima da propriedade, do que eles falavam de maldição.  Se lembrou de tudo que tinha pesquisado sobre a família.  O mais interessante, como ele jovem o tinha fascinado em seu momento, em que uma antepassada tinha se casado com um corsário da Córsega, que durante muitos anos, tinha tido também como propriedade um castelo em Ajaccio, a segunda cidade da ilha.

Como um estalo em sua cabeça, surgiu que tanto o que considerava seu amigo, como os outros que o tinha traído eram da Córsega.

Num Cyber café, pesquisou sobre isso, no período que se falava, os habitantes da ilha, tinham muitos corsários entre eles, que atacavam os navios no mediterrâneo.   Um dos motivos porque França usava mais os portos do norte, apesar de ter os corsários de Saint Malo, mas esses a maioria trabalhavam para o Rei, só assaltando os barcos ingleses.

Todo esse tempo trabalhava sozinho, raras vezes, operava juntos com os outros soldados, mesmo assim era para lhes dar retaguarda.

As missões vinham diretamente do comandante, que recebia alguma informação, ou a pedido dos países.

Voltou a se lembrar de um dos primeiros objetivos, o Tuareg que tinha matado, o identificando com o colar.

Sem o turbante o mesmo parecia um homem europeu.  Se lembrou que no meio do colar tinha alguma coisa que brilhava, quando o focou parecia uma pedra.  Tornou a se concentrar para lembrar-se dos detalhes, no primeiro dia tinha acompanhado o mesmo juntos com alguns homens a uma pista no meio do deserto, chegou um avião pequeno, descarregou alguma coisa ali, que pensou que eram armas, depois voltaram ao meio da dunas que usavam como abrigo.

Normalmente os soldados quando vinham, por essa parte aberta, então eram alvo fácil para eles. Que saiam como morcegos das dunas.

Será que esses Tuaregs faziam tráfico de alguma coisa?  Essa era a questão nunca recebia informação suficiente antes, tampouco depois, como tampouco ficava para observar o que acontecia em seguida.

Voltou a se lembrar do golpe que tinha transformado, ficando com o dinheiro.  No mesmo a maleta tinha uma parte oculta, mas ali só achou um saco com uma numeração qualquer, será que ali estavam escondidos diamantes.   Fez sua memória fotográfica, se lembrar de um assalto a um velho que transportava diamantes.  Todos estavam dentro de pequenos sacos, com inscrições mais ou menos iguais, com o mesmo tipo, o homem lhe explicou que significavam o tipo, o tamanho, bem como o peso.

Agora lhe surgia a dúvida, será que os traficantes deviam ter entregado uma maleta com diamantes, não o fizeram, pois o carro que tinha as drogas era da polícia.   Ou seja, no fundo devia ser isso, buscavam os diamantes não o dinheiro em si, que não seria motivo para tanto.

Só tinha uma maneira de saber, era conseguir falar com o delegado que tinha mandado seus homens fazer isso. 

Quando desceu do barco em Miami, sua cabeça tinha funcionado em várias direções, o comandante do navio, lhe abordou, pois tinha sido um passageiro que tinha ficado o tempo todo sozinho.    Disse que estava fazendo esse viagem para se curar de uma decepção amorosa.

Eu entendo, mas a maioria vem com esse objetivo, mas procura outra pessoa.

Não é o meu caso, sou uma pessoa ruminante, preciso analisar totalmente o que me passa para poder seguir adiante.

Só tinha duas possibilidades, o delegado estava em prisão, se o fosse visitar chamaria atenção, sem querer tinha matado qualquer um que pudesse lhe esclarecer.

Começava a acreditar que talvez esses Tuaregs fossem o meio do caminho de tráfico de diamantes para a Europa.   Se fosse assim teriam trocado de pouso, mas com certeza seguiam fazendo.

O avião que tinha pousado no meio do deserto, era um bimotor, não muito novo, seu piloto era um negro, acompanhado de outro.  Não tinham ficado mais que uns 20 minutos, porque os motores em momento algum pararam.

O jeito era ir a Mali.

Mas teria que encontrar uma maneira de se armar, bem como conseguir informações.

Quando desceu em Bamako, foi como ter voltado a sua casa, alugou logo um jeep, velho que devia ter sido militar, mas exigiu que ele mesmo pudesse revisar o carro.   O homem depois que ele consertou duas coisas, lhe pediu para dar uma olhada em um outro.  Foi como reencontrar um velho amigo, era o que ele usava nas missões, perguntou como tinha conseguido, lhe disse que estava abandonado.   Perguntou se tinha placas por ali, mudou as mesmas, comprou do homem o jeep, ele mesmo tinha preparado o jeep, tinha feito um bom negócio.   Usou uma lógica, se o jeep estava abandonado, quem sabe aonde escondia antigamente suas armas, ainda seguiam lá.

Colocou comida, principalmente barrinhas energéticas no jeep, água que era o mais importante, deu uma volta imensa, para saber se não estava sendo seguido.  O problema hoje em dia eram os Drones, pois o exército o usava muito.

Depois de verificar isso, se dirigiu a um velho caravasar abandonado, escondeu bem o Jeep, ficou ali, quieto comendo, muito bem escondido observando.  De noite quando não apareceu ninguém, foi ao seu esconderijo, achava interessante ninguém ter conseguido encontrar. Mas estava tudo lá.  Estava dentro de uma chaminé aonde se fazia fogo para cozinhar, limpou bem as armas que estavam ali, a munição, foi como encontrar um brinquedo antigo.

Despertou de manhã com um homem sentado aos pés de seu saco de dormir, o olhando fixamente, vestia tão somente um taparabos, nada mais.

Falou com ele em vários dialetos que conhecia, o homem fez um sinal, abriu a boca, mostrou que não tinha língua.  Colocou a mão sobre sua cabeça, como por um passe de mágica passou a entender o mesmo.

Quando te cortam a língua para que não se comunique com as pessoas estranhas, aprendes a falar de outras maneiras, seja pela língua dos signos, bem como pela mente.

Venha comigo.   O homem o guiou até uma parte do Caravasar, começaram a descer uma escada que estava tapada por um tufo de espinhos.  O Levou por um subterrâneo, até uma grande gruta, lhe explicou que ali era um ponto de escape, se o caravasar fosse atacado, que hoje em dia ninguém sabia de sua existência.

Venha, fez uma fogueira, começou a conversar com ele.  Lhe disse que era a reencarnação de seu antepassado pirata.          Ele não acreditava muito nessas coisas, falou do seu instinto de sua maneira de analisar tudo.

Não estás errado aqui era um pouso de uma rota de contrabando de diamantes, mas liquidaste o principal controlador de tudo.     Alguém fora de Africa queria esse controle, mas a partir que liquidaste o mesmo, ninguém mais confiou no teu povo.

Falou da ação que ele tinha ficado com o dinheiro, na maleta devia ter diamantes, disse pedras, mas o chefe desconfiava de uma arapuca, mandou um segundo seu para ver como se saia.

Estão até hoje procurando por isso, pois era uma quantidade muito importante de pedras, mas estão distribuídas pela Europa, quando mencionava isso como que desenhava um mapa.

Mas teu destino é outro. Quando anoitecer, viras comigo, vou te preparar.  Meu povo Dogon, não aceita muito que eu faça essas coisas, por isso vivo a parte.   A muitos anos habito esse lugar.

Mais abaixo, encontraram um lugar que tinha como uma corrente de água subterrânea, os dois se banharam ali, a água era fria, mas cristalina.

Não sabia por que, mas confiava nesse homem.  Acendeu uma pequena fogueira, com as primeiras brasas, que colocou num recipiente de barro, colocou incenso retirado de uma bolsa que levava na cintura.  Soprou em direção a ele, segurou suas mãos, os dois começaram uma viagem por todos os lugares que tinha andado até o final.

Mostrou aonde estavam as confusões.   Em Paris o objetivo era desacredita-lo totalmente para que ele fizesse uso de seu dinheiro.  Achavam que tinham os diamantes.

Acredito que deverias ficar fora de circulação um bom tempo, podes ficar aqui, levamos seu motor, se referia ao Jeep para uma outra entrada.   Assim poderás observar que vem atrás de ti, quem são essas pessoas.

Assim fez, borraram todas suas pisadas por ali.   Um dia depois apareceu um comboio, de jipes militares, examinaram tudo, acamparam ali pela noite, escutou através da chaminé, a conversa de dois que não eram militares.

Se ele não veio aqui, que é era seu pouso aonde estará.   Um outro comentou que a não ser que já tivesse partido, que o homem que lhe tinha vendido o jeep, tinha demorado muito em soltar que ele tinha estado lá.  Agora não venderá mais nada.

Tinham matado o sujeito por sua culpa.   Filhos da puta, se fosse por ele, sairia imediatamente matando todos, mas o mudo, lhe colocou a mão num braço, balançou a cabeça em negativo.

Tinham fechado de tal maneira o acesso para baixo, que por mais que procurassem não iam encontrar a entrada.   Depois camuflado, os seguiu quando observavam tudo em volta, procuravam alguma coisa sua.   O comboio sem querer tinha borrado suas marcas para chegar ali.

Se acusavam um ao outro por isso, se ele esteve aqui, borramos nos mesmos.

Se não está aqui, deve ter ido para Mauritânia, pois trabalhou muito lá, amanhã iremos até lá, mas não, permaneceu ali, recebendo ensinamentos do homem.

Disse que não o podia levar aonde estava sua gente, pois sem querer ele lhes criaria problema.  Teve um dia que escutaram o bimotor passando, continuavam usar a rota do tráfico de diamantes.   Precisava descobrir de aonde vinham.

O jeito era ir até podia ser o novo aeroporto improvisado, ali não era difícil.  Buscou antes aonde podia estar os Tuaregs.    Não precisou ir muito longe.  Viu que tinha havido recentemente um choque entre esses, bem como o grupo que o tinha estado procurando, não eram do mesmo bando ao parecer.

Um dos homens ainda estava vivo, usava justamente um cordão com uma placa como ele tinha visto no outro.  Realmente no centro tinha um diamante.  Tirou o turbante do mesmo, era loiro, o confundiu com alguém, começou a falar em dialeto da Córsega, com ele, que tinha sido traídos pelos de Paris.  Estava preocupado pois hoje chegaria outro avião, colocou a palma da mão sobre sua cabeça, o homem tinha lhe ensinado isso, conseguiu entrar na mente do outro. Mas este não sabia de aonde vinha o carregamento.

Tirou sua roupa, colocou o turbante, sujou a parte que estava com sangue, para disfarçar, colocou de fácil alcance um revolver com silenciador.

Se escondeu entre as dunas, esperando o avião.   Quando este chegou, viu o mesmo homem negro descer com a maleta, quase riu, pensando, devem ter uma fábrica de maletas, ou compram em quantidade, se lembrava da saudação que tinha escutado.

Se aproximou, quando esteve a menos de um metro, lhe atirou no peito, esse não esperava, caiu duro no chão, ele apontou a arma para o piloto, recolheu a maleta, sentou-se atrás do mesmo, lhe dizendo, volte desde aonde vieste.

Ficou impressionado, era uma área a pouco tempo aberta, quando o avião aterrizou, lhe deu um tiro na nuca, saiu pelo lado que não se via ninguém.

Foi um caos total, ao descobrirem que o piloto tinha voltado sozinho ou trazendo alguém que a maleta não estava.

Ficou escondido, no alto de uma árvore, só prestando atenção, determinada hora, saiam de um barracão, um grupo de homens, viu que todos eram pigmeus, entravam numa área aonde deviam estar extraindo os diamantes, ao mesmo tempo traziam um grupo que incluía mulheres, crianças.

Só pode pensar, filhos da puta.  Esperou que todos estivessem dentro do barracão, continuou quieto dois dias, só observando.   Suas barrinhas energéticas estavam terminando, já sabia o que queria, na verdade não eram muitos homens, mas sim bem armados.

De noite, quando saiu um grupo para trabalhar, outro foi dormir.

Esses eram dois os matou durante a noite, os outros estranhavam, que não tivessem saído para trabalhar, quando entraram na cabana ela explodiu, tinha descoberto o deposito de armas, bombas, etc. lhe faltavam cinco para matar, o fez sem dó nem piedade.  Soltou todos os prisioneiros, um deles chorava muito, disse que ao comunicar aos brancos o que tinham achado, pensava que ajudariam seu povo, mas os tinham escravizado.

Lhes disse que deviam desaparecer no mapa, ele iria explodir a mina inteira, esse o ajudou, bem como outros homens, quando se afastaram implodiu tudo, ficava abaixo de uma montanha que se assentou como se nunca houvesse existido nada embaixo.

Colocaram fogo em tudo.  Ele encheu o tanque de gasolina do avião, para poder retornar, menos mal que sabia pilotar, se despediu dessa gente, esperava que conseguissem escapar para longe.   Embora soubesse que se vingariam dos homens brancos que aparecessem agora.

Fez a mesma rota que estava marcada no voo.

Viu antes de aterrizar que ali estavam os homens que o tinham perseguido, atiraram no avião, ele conseguiu levar o avião mais a frente o pousando no meio de dunas, o que dificultaria um uso posterior, se escondeu, ficou esperando.

Chegaram dois jipes, ficou quieto só observando.  Estavam furioso, o chefe deles, disse que era o terceiro carregamento que perdiam.   Disse o nome de uma pessoa que ficaria furiosa, Jean Gaspar.

Estavam todos em volta do avião, para ver se encontravam alguma maleta, o tanque ainda estava cheio, atirou, a explosão matou uns quantos, mas foi liquidando um a um.

Deixou com vida somente o que achava que era o chefe.

O feriu de proposito, depois de verificar que todos estavam mortos, o estendeu ali embaixo do sol, tirou toda sua roupa, quando despertou, levou um susto, um Tuareg o observava.

Começou a falar em dialeto com ele, porque o tinha atacado.

Este respondeu, que seriam os últimos carregamentos, pois o local estava já esgotado, quase riu, iria dizer totalmente, quem é que manda verdadeiramente no assunto.

Ele repetiu que seu contato era Jean Gaspar da livraria.

Ele caçou um escorpião que estava por ali, o colocou no peito do homem, não se mexa lhe disse, pois te matara.  Quem realmente manda, ele disse que o contato sempre tinha sido o Jean, mas que o chefe só ele conhecia.

Lhe deu um movimento, justo quando o escorpião estava na testa do homem, cravou aonde levava o veneno na testa do homem.

Voltou caminhando a gruta, o homem já não estava lá, foi se adentrando a mesma, até aonde sabia que tinha água.    Estava se lavando, quando surgiu um grupo deles.

Um dos homens o de mais idade, lhe disse que sabiam o que tinha feito, libertando os pigmeus, que agora ele tinha que partir, pois ali poderia causar mais problemas.   Mas que não fosse por Bamako, pois seria complicado, um grupo o levaria até a fronteira com o Benin, por aonde devia sair.

Foi uma viagem cheia de imprevisto, mas finalmente conseguiu embarcar, usou um passaporte que estava no fundo de seu saco.   Antes agradeceu ao homem que o acompanhava, este só lhe disse que tinha um batalha dura pela frente.

Em Paris, embarcou num voo quase em seguida para Bastia, chegou de noite, morto de cansado, arrumou um pequeno hotel, limpo, queriam lhe oferecer um de frente para o mar, mas pediu um de fundos. Tinha acertado, por ali, se houvesse um problema podia escapar.

Tinha mudado de roupa, usando roupa já usada antes, cheirava um pouco mas era o que lhe tocava.   No dia seguinte observaria como se vestia a gente dali.

Teve sorte, no dia seguinte saia do hotel uma excursão, que daria a volta a ilha, comprou o pacote todo, ainda teve tempo de comprar roupas novas, comprou duas mudas de roupas iguais, negras.

Quando chegaram a Ajaccio, ficaram num hotel cinco estrelas, saiu com um grupo pela cidade, viu aonde era a tal livraria, tinha um bar na frente, ofereceu uma ronda de cerveja aos novos amigos.  Dali ficou observando, realmente era bem guardada.  Viu que duas senhoras do grupo se aproximaram para entrar, mas os homens diziam que estava fechada.

Ficou surpreso quando viu um homem sair.  O tinha visto um dia, na Cite, ficou observando mais um segundos, quando esse entrava num jeep.

Na escuridão da noite, ficou observando, quando o mesmo voltou, subiu por uma lateral entrando no andar de cima.   No terraça em cima, houve uma troca de homens.

Observou o movimento dentro da casa.  Ele estaria sozinho a noite inteira.

Tinha aprendido com seu amigo Dogon, a usar uns dardos os vermelhos faziam a pessoa dormir, os negros matavam.

Foi o que fez, viu que para subir as escadas, tinha um outro homem, só que dormia ali sentado.

Fez a mesma coisa, pensou consigo mesmo, feliz sonhos.

Subiu as escadas, pisando suavemente os degraus para ver se não faziam barulho, sabia se mover bem no escuro.

Entrou na casa, foi observando bem aonde pisava, bem como tudo que existia em volta, afinal anos de treinamento, viu um vulto na cama, disparou um dardo.  Não podia acender nenhuma luz, pois chamaria atenção, se aproximou da cama, iluminou a cara, era justamente o homem.

O levou com ele, até uma lateral do hotel, roubou um carro ali estacionado, se embrenhou numa parte que era floresta, a uns 30 quilômetros da cidade.

O Jean Gaspar, estava despertando, o amarrou direito, em uma árvore, quando o viu, abriu um olhos imensos.  Soltou um filho da puta, como conseguiu chegar até nós.

Fui me informando aqui, ali, como já não vão existir mais carregamentos, toda a rota de Mali, terminou.

Sim soubemos que deste cabo de todos, ou pelo menos deduzimos que tinha sido tu.  Encontraram meu irmão morto com um escorpião em cima de seu corpo.

Pois foi ele justamente quem me falou de ti.

Mas não sou o chefe dessa merda toda.  Uns idiotas que pensam que com esse dinheiro podemos comprar armas para mandar a França a merda.  Eu acho que é perda de tempo, mas meu irmão me meteu nisso.

Ontem como deveria chegar um carregamento, foi que se descobriu tudo, fui o encarregado de dar notícias ao velho.  Ficou uma fera, quer tua cabeça.

Mas quem é esse homem, perguntou, embora soubesse da resposta.

Um irmão do teu pai, veio aqui para pesquisar suas raízes de corso, foi ficando, você já matou seu filho que esperava ter o título do castelo aonde viviam teus pais.

Nem sabia que tinha um título, o castelo foi vendido ao governo francês para pagar as dívidas de impostos.  Nunca mais voltei lá.

Aonde posso encontra-lo?

No seu castelo, mas te rogo pelo amor de deus, não me faça ir até lá, vai me matar.

Se meu irmão tivesse sobrevivido, o teria matado com suas próprias mãos, apesar de velho tem uma força incrível.

Me diga como ir, o outro lhe explicou. Quando acabou, ele, lhe colocou um dardo negro, morreria dentro de instantes, voltou ao hotel, colocou o carro no estacionamento, entrou rápido, foi ao seu quarto, tomou um banho, guardou a roupa que estava, colocou uma limpa, tirou uma soneca sentado numa poltrona, ele quando tinha que dormir o fazia em qualquer lugar, despertou com a chamada do telefone do quarto avisando que o café da manhã da excursão estava servido.  Escovou os dentes, desceu, comeu, mas muito bem por sinal.

O ônibus, passava justo por diante da libraria, viu que tinha ali, uma confusão tremenda, de entra, sai gente.

Mais adiante, o ônibus parou para mostrar por fora o castelo, o guia avisava que o dono não permitia visitas, um tipo muito raro.

Como ele sentava no último banco, saiu por detrás, muita gente desceu para fazer fotos, ele se esgueirou pelo meio das árvores.

Deu uma volta larga, subiu pela encosta do outro lado da montanha, era como uma floresta fechada, mas foi vendo dispositivos de vigilância, os foi esquivando.

Subiu a uma árvore aonde podia se abrigar, sua copa era tão fechada que podia ficar escondido ali.   Viu que a movimentação era impressionante.   Cercavam o castelo como um exército, deixou passar dois dias, descobriu que podia através do topo de árvore transladar-se a outras.  Foi se aproximando do castelo.  Levou um choque quando viu uma figura através da janela, parecia seu pai.  Quando viu pela segunda vez, teve certeza, ele realmente tinha um irmão, porque nunca falou disso.

Talvez por isso tivesse deixado o castelo francês ficar em ruinas, não lhe interessava esse poder, nunca tinha usado seu título com nenhuma pessoa da vila, todo mundo se dirigia a ele pelo seu nome.

Uns dias depois viu que havia menos guardas, que a coisa fluía melhor, o homem saiu duas vezes para passear pelo jardim, ao contrário de seu pai, que trabalhava duro, esse tinha uma ligeira barriga.   Mas viu o que o da livraria tinha falado de sua força, mas notou que era só de um braço, era como se um tivesse força o outro não.   A observação era importante, já sabia seus hábitos, dormia tarde, ficava horas numa biblioteca sozinho, antes de dormir, pela janela desde cima das árvores se via isso.   Ficava sentado perto do fogo, as vezes falava por telefone com alguém, sempre ficava irritado.

Quando lhe trouxeram o corpo do Jean Gaspar, chorou abraçado ao mesmo, os animais tinha comido parte de seu estomago, bem como de sua cara.   Soltou um grito imenso, gritando filho querido.

Jean Gaspar era filho dele.  Mandou levar para enterrar, o que o escutou o deixou gelado, como fracassou em sua missão o jogue ao mar.   É o que merece, voltava a ser o homem duro.

Dois dias depois já estava dentro do palácio, ninguém o tinha visto entrar, pois procurou o ponto cego de tudo.

Se escondeu na biblioteca, esperou que ele estivesse sentado em sua poltrona, quando se sentou na frente.

Gostaria de saber por que tudo isso.

O homem riu, não te surpreende que me pareça com teu pai.

Não teu filho Jean Gaspar já me tinha falado que vocês eram irmãos.

Que mais te contou meu filho?

Que a tua ideia de tentar separar Córsega da França era ridícula, que querias ser o Rei daqui.

Ele nunca acreditou em mim, por isso o fiz ficar na vila, seu irmão sim, foi te enfrentar.

Se eu soubesse que era meu primo, talvez lhe tivesse proporcionado uma morte melhor, um escorpião, coitado que por acaso andava por ali, mas no fundo lhe alivie o sofrimento, pois nunca voltaria a andar, seria muito difícil sair vivo dali.   A explosão do avião, matou a todos, menos a ele.

Na última vez que falei com ele, achava que estavas com os Dogons, mas creio realmente que não era assim.

Ele não respondeu.

Teu pai te treinou bem, ele foi um grande comandante no exército, por isso sabia que tinha que te preparar, eu ao contrário, fiquei no castelo escavando para ver aonde estava a herança maldita, para afinal não encontrar nada.

Ou talvez não soubesse procurar, porque eu a achei a muitos anos atrás, mas está enterrada em outro lugar.

Agora entendo que tem teu dedo na morte de meus pais.

Ele como o irmão mais velho herdou tudo, fiquei sem nada, me disse se eu encontrasse a herança maldita, seria minha, por isso vim para cá, roubei os documentos daqui e de Guadalupe, mas lá tampouco estava.

Mas alguém fez uma trampa, pois quando foram entregar o dinheiro aos policiais, não havia na maleta nenhum diamante.

Foste tu, ou alguém muito próximo a ti que ficou com isso tudo.

Não eu não fiquei com os diamantes.

Então, começou a rir, eu sabia que tinha alguma coisa estranha, esse velho maldito.

O que é.

O velho que fica no bistrô vigiando para o traficante, tinha um rosário árabe, mas era maior que o normal, as pedras eram transparentes, de vários tamanhos.  Os diamantes ficaram com ele.

A cara do velho ao se sentir enganado era ótima.

Tirou calmamente uma arma do bolso, bom teu trabalho termina aqui, pois terei que resolver esse problema.

Mas era tarde, ele já tinha seu revolver em 3D apontado para sua cabeça.

Ah essa arma de brinquedo não me dá medo.

Quando sentiu a bala na sua cabeça, sua cara era rara, como dizendo, como é possível.

Se levantou rapidamente, saiu como tinha entrado, porque em seguida começou a sentir as pessoas se movendo.

Saiu como tinha entrado, ficou do mesmo lugar observando como as pessoas ficavam em volta dele.   No dia seguinte se escutava os sinos da igreja tocando.

Nessa noite atravessou a floresta toda, saiu numa outra cidade pequena do outro lado, roubou um carro, foi até o aeroporto da ilha, mas antes, comprou uma roupa de turista, embarcou com o mesmo documento que tinha chegado.

Em Paris, foi para o seu esconderijo, se vestiu de uma roupa diferente, com uma peruca loira, óculos escuros, observou o que o velho fazia, seguia fingindo que rezava no seu rosário.

Estava com cara de preocupado, devia saber já do que tinha acontecido na Córsega.

Quando o negro alto veio falar com ele, estava furioso, lhe apontava o dedo como se ele fosse o culpado.

Mal o outro foi embora, saiu levando o rosário na mão, com a sua moto, passou raspando por ele, retirou o rosário de sua mão, quase funcionou lhe disse.

A cara de ódio do homem era impressionante.

No dia seguinte estava estampada sua cara, num jornal.

Pensou agora para aonde, sabia que essa gente tinha milhões de ramificações, que controlavam a polícia bem como outros lugares.

Pensou muito a respeito.  Queria verificar uma coisa, guardou o rosário na caixa forte do banco, com sua moto, foi em direção a sua cidade natal.

O castelo agora era um hotel de luxo, com direito a tudo da floresta, a casa que viviam antes, tinha sido demolida, ali agora tinha quadras de tênis.

Tentou saber a quem pertencia isso.

Quem comprou a propriedade foi um senhor da Córsega, mas nunca veio até aqui.

Seguiu sua viagem, foi atravessando Itália, até dar com um lugar que gostou, um dos muitos castelos italianos, com uma vila fechada dentro, alugou uma casa, ficou vivendo lá anos, deixou o tempo passar, quando precisava de dinheiro, ia o mais longe dali possível para retirar de algum banco.

Fez amigos, lhe cobravam que se casasse, mas nunca iria ter uma família, pois isso a colocaria em perigo.

Morreu como todos ali, de velho, em todos os bancos, ficou dinheiro para trás.  Nunca mais apareceram os donos daquele dinheiro, afinal não lhe importava era roubado, nem tampouco os diamantes, tinha o mesmo sido usado trabalho escravo para isso.

Quando entrou o padre para lhe dar a extrema unção, riu, nem pensar que se eu fosse confessar tudo que errei, ficaríamos mais dias aqui.  Simplesmente fechou os olhos, morreu.  Tinha nessa altura, quase 90 anos.