lunes, 2 de agosto de 2021

BURNING MAN

 

 

 

                            BURNING MAN

Tinha ficado conhecido pela sua cara, quando era garoto, seu pai num ataque de ira lhe rociou, com um pequeno aparelho de chamas que usava em seu restaurante para queimar açúcar nos doces.

Era um mal tipo, como aqueles dos filmes de terror, que ele odiava, talvez por causa disso.  Tinha ficado com uma marca que com os anos tinha ido se estreitando, formando como uma espécie de cicatriz.

Outra coisa que chamava muita atenção, era que tinha uns cabelos ruivos, forte, herança segundo sua mãe de algum viking que teria habitado essas terras, viviam na Isle of Man, entre Irlanda e Inglaterra.  Falava como todos um inglês com um sotaque muito forte.  Era um excelente aluno, quando tinha uns doze anos, escutou uma forte discussão de seus pais, sobre que tinham que se preparar para mandar futuramente os filhos a universidade.

“Uma merda”, eles que trabalhem, juntem dinheiro, eu não fui a nenhuma, tu tampouco, porque, para que?   Se vão viver nesta merda de ilha.

Ele era assim, nunca tinha saído da ilha, para nenhum dos lados, tinha aprendido a cozinhar, quando entrou jovem num restaurante que pertencia a um francês, este lhe ensinou tudo que sabia.

Ele não teve conversa, fazia na escola um curso a parte, sobre mecânica, seu sonho era ser engenheiro mecânico, construir máquinas.    O pai de um de seus companheiros, tinha uma pequena oficina mecânica de motos, tomou coragem foi perguntar ao mesmo se ele podia fazer suas práticas ali, pois as motos eram sua paixão.  

Hank lhe fez um verdadeiro questionário sobre motos, ele foi dizendo tudo que sabia, que tinha pesquisado nos livros da biblioteca.  Alguém doava velhas revistas de motos, descobriria depois que era o Hank.

Contente lhe perguntou se sabia andar em uma.

Foi honesto, nunca tive esse grande prazer.

Me ajude a examinar esse motor, começou a acelerar a moto, tinha um ruído estranho.  Ele levantou as orelhas, ficou prestando atenção, deu a volta na moto, pediu para ele parar, quando o fez, retirou um pequeno pedaço de metal, que não se sabia como tinha ido parar ali.

Tens bons ouvidos meu garoto.

Da prática passou a ser oficialmente funcionário do Hank, não dizia nada em casa, só comentou com seu chefe o que sonhava fazer.  Este abriu uma conta no banco para ele.

Ah se meu filho fosse como tu, quer fazer empresarial, para ser um grande comerciante.   Hank tinha vivido muitos anos nos Estados Unidos, tinha participado de corrida de motos, uma imensa cicatriz lhe atravessava o braço inteiro, segundo dizia de uma caída, tinha rompido todos os ossos do braço.

Agora depois de ler as revistas sobre motor, emprestava para ele, as devorava, pois o assunto lhe interessava.

Não gastava um puto tostão, em roupas, calçados, pois herdava tudo de seu irmão mais velho, que era um consumista de marcas.   Mas logo enjoava das roupas.

Tinha um uniforme na oficina, assim não sujava a roupa, tampouco chamava a atenção em casa.

Só uma vez sua mãe disse que tinha as unhas sujas, na hora do jantar.   Apesar do restaurante, ela comia em casa com eles, só seu irmão mais velho trabalhava com seu pai.

Sua irmã menor, essa não era boa aluna, como dizia sua mãe, um dia se casaria, se tivesse sorte com um homem bom, o resto já se veria.

Ele ajudado pelo Hank, se preparou a fundo, buscou entre as universidades uma bolsa de estudos para engenharia mecânica.   Quem lhe conseguiu foi um amigo do Hank, que fabricava motos por encomendas.                Inclusive lhe daria trabalho durante o curso.

Como não conseguia falar com o pai em casa, foi até seu restaurante, tudo que ele lhe disse que devia largar essa coisa de idiotas, motos.

Bah, dizia, quem gosta dessas motos, é porque tem o piru pequeno, por isso faz tanto ruído.

Nada disso, quando acabares o semestre, viras a trabalhar aqui.

Nem pensar, gosto de comer, mas de cozinha nada.

Foi quando o pai queimou sua cara, ficou tão puto com isso que lhe deu um murro na cara. Filho da puta, pensa que vais mandar em mim.  Tenho 18 anos, sou livre para fazer o que quiser.

Nem voltou a sua casa para buscar sua roupa.  Hank foi até lá na surdina, sua mãe sim veio vê-lo, no meio da roupa encontrou um envelope com dinheiro que ela guardava.

Com o que tinha, mais uma carta de apresentação do Hank, foi para Londres, seu dinheiro não dava para muito, mas conseguiu entrar na City University of London, para fazer engenharia mecânica, com a carta de recomendação conseguiu emprego com o homem, amigo do Hank.       Não gostava muito, mas aguentou firme.  Sobrava dinheiro para alugar um studio ao lado da oficina mecânica.   No último ano da universidade, começou a testar um motor numa moto velha que tinha comprado, reformado, tratava-se de um injetor mais moderno que dava potência a mesma.

Recebeu uma chamada de um tal Rufus Titus, que estaria em Londres, para um trabalho, que gostaria de falar com ele.  Alguém tinha visto suas provas no autódromo, queria lhe oferecer um trabalho nos Estados Unidos.   Tinha a sensação de que alguém escutava a conversa pela extensão, mas achou que era coisa sua, pois estava sozinho na oficina.

Tinha por hábito escrever tudo que estava fazendo num quadro, mas na verdade era um exercício que fazia para sua cabeça, quando ia para casa, apagava rapidamente.  

Tinha ido ao autódromo outra vez experimentar seu novo dispositivo, tinha feito ele mesmo, a moto rendia mais, talvez isso se pudesse usar em qualquer motor.

Pela primeira vez se sentiu observado.

Quando voltou a oficina, seu chefe foi literalmente grosseiro com ele, tinha entrado, escrito no quadro, uma fórmula matemática, que se lembrou como exercício para calcular a velocidade de um carro, ao mesmo tempo quando usava nessa velocidade de gasolina.   A fórmula não era sua, sim de um engenheiro mecânico, japonês, era usada inclusive pela NASA.

O chefe pensando que tinha a ver com o que fazia, estava ali fotografando.

Perguntou o que estava fazendo?

Acreditas que vou deixar você ficar rico com essa fórmula que estas usando nessa velha moto, com o tempo que usas isso aqui na oficina.  Ele sempre tinha trabalhado na moto, quando não havia outra coisa para fazer.

Primeiro ficou de boca aberta, depois viu surgir por detrás dele seu filho, que era um incompetente.    Já disse ao meu pai, o convite que tiveste para ir para os Estados Unidos, estás roubando um projeto executado nessa oficina.

Pensou, esses são idiotas, pois isso é um fórmula pública.  Resolveu fazer ao contrário, ficou irritado com isso, tinham lhe explorado todos esses anos que tinha feito a faculdade, pagando um salário de merda, agora queriam mais.

Soltou tudo que pensava dos dois, viu uma sombra na porta, pensou que era um cliente, só disse me largo, nunca deixarei que vocês coloquem a mão na minha velha moto.

Montou na moto, dizendo podem ficar com essa fórmula, mas sem uma base, nunca chegarão a lugar nenhum.

Quase atropela o homem, que se colocou diante da moto, sou Titus, podemos conversar?

Suba atrás, só parou para lhe oferecer um capacete, dois quarteirões mais a frente.  Olhou sua cara, era um tipo diferente.

Dirigiu a moto para o autódromo.  Preciso me desafogar, me espere aqui.

Deu umas quantas voltas, aumentando gradativamente a velocidade.

Quando se relaxou, voltou.

Realmente não sei o que fizeste nessa moto, mas tinham me falado do milagre, pois essa velha senhora, tens seus anos de estrada, é como se tivestes feito uma cirurgia estética na mesma.

Tenho a sensação de que te conheço, porque estás atrás de mim.

Não creio que tenhamos visto antes, mas um homem de confiança viu você desde o começo trabalhando, me falou de ti.

Podemos conversar, agora que estas calmo.    Olhou aquele homem, tudo que tinha vontade de fazer era beija-lo.

Foi o que fez.  O outro correspondeu, sabia que tinha ficado de pau duro, sentado atrás dele na moto.

Quando viu, estavam no seu pequeno apartamento, ele que sempre dormia sozinho, pois se tudo não passava de alguma aventura, com alguém da universidade, ou que tivesse conhecido num pub, nem perdia tempo.

Dormiu abraçado a ele, nem sequer tinham jantado. Não tinham parado de fazer sexo a noite inteira, sentiu que ele se livrava de seu braço, pensou, agora vai se vestir, irá embora, nunca mais o verei.   Sentiu como se lhe amputassem uma parte de si mesmo.   Ia gritar, ei não vá embora, quando escutou o ruído do banheiro.  Ele voltou para cama.

Nunca negociei numa cama, tampouco fiz sexo assim com ninguém em minha vida.

Começou a contar realmente por que tinha vindo a Londres.  Estou desenvolvendo um motor, para carros de corrida para uma empresa daqui.  Preciso de um engenheiro, que possa se mover em dois mundos, América e Inglaterra.   Creio que tu eres essa pessoa.

Além é claro que não quero te perder de vista.

Tens muitas coisas para mandar para a América?

Minha moto, uma bolsa de roupa, talvez uma caixa de livros, nada mais.   Nada nesse studio é meu.

Dias depois, depois de terem embarcado a moto, bem como os livros, tomaram um avião para Miami, de lá a Daytona aonde tinha sua fábrica.

Até então tinha trabalhado sozinho, agora tinha empregados a quem dirigir, Titus era um patrão justo, ao mesmo tempo, construía motores para vários tipos de competição.

Ao lado, tinha um galpão, aonde colocavam esses motores nos carros, para testa-lo.

Na primeira oportunidade, construiu um injetor da mesma maneira, manualmente, para experimentar nos carros.   Foi fantástico.

Titus fez questão que ele registrasse a patente como sua, a partir de agora quem copiasse tinha que lhe pagar para isso.

Na viagem de volta, Titus lhe explicou que tinha um filho, vivia com ele, pois era viúvo, passa o dia numa escola para superdotados, sua mãe era uma mulher super inteligente. Eu o criei sozinho, mas nunca te deixarei, nunca amei ninguém assim.

Passavam o dia trabalhando, nos finais de semana que o filho estava com os avôs maternos, ele ficavam juntos, faziam algum programa, ele não precisava muito para ser feliz.

Assim foi durante sete anos.  Eram felizes, comiam perdizes.

Mas um dia Titus, caiu no meio da fábrica, dali foi direto para o hospital.

Não o deixou nenhum momento, lhe operaram de emergência do coração, o médico disse que deveria ter feito essa operação a muito tempo.  Foi quando conheceu Tier Rufus, seu filho, era como se olhar num espelho, eram muito parecidos.

Este entrou no quarto, o viu segurando a mão de seu pai, que estava sedado.  Sorriu, por isso ele andava tão feliz esses últimos anos.   Estendeu a mão, se apresentando, atrás dele, surgiu uma figura de mau agouro.

Meu tio Pettersen, irmão de minha mãe, este ia fazer um escândalo por ele estar ali, mas Tier disse que os deixassem a sós.  Ficaram cada um de um lado da cama, conversando, viram que Titus tinha saído da anestesias, estava ali quieto escutando os dois falarem aos sussurros, soltou o primeiro que falar mal de mim, meto a mão.

Quando foi para casa, ia sempre ficar de noite com ele, Tier abria a porta, sorrindo, um dia se colocaram lado a lado num espelho, pareciam pai e filho, embora, Titus fosse muito mais velho do que ele, a diferença dele para o Tier era de 12 anos.

Na surdina Titus sentiu que era o momento de fazer seu testamento, nunca se sabia, um dia chegou o encontrou discutindo com o cunhado, que queria administrar a fábrica, afinal sua irmã, tinha uma parte nisso.

Titus lhe dizia que essa parte pertencia a Tier, que estava em seu testamento.

O outro teimava que tinha que cuidar dos interesses de seu sobrinho.

Titus soltou, como fizeste com os de teus pais, os arruinastes, agora vives de mamar na teta deles.

O outro fez menção de agarrar Titus pelo pescoço, quando ele entrou.

Saiu batendo a porta.  Levou um tempo para se acalmar, quero aproveitar que estamos a sós para pedir uma coisa.

O que quiseres.

Se me passa algo, deixo a guarda do Tier contigo, ele tem um fideicomisso, para o dia de amanhã, esse idiota arruinou sua família, agora quer a minha fábrica.   Eu vou te decepcionar, mas aceitei vende-la para uma empresa rival.  Acho que é o melhor, pois senão esse idiota vai fazer muita confusão.

Teve uma recaída, dois dias depois que o Tier fez 18 anos.   Portanto era maior de idade, nesse dia viu os dois conversando no pequeno escritório que tinha a casa. 

Dias antes tinha fechado negócio, vendendo a empresa, com a garantia que os funcionários seguiam os mesmos, bem como os benefícios da injetora do Paul.

Estava ali pensando na vida, pois tinha tido uma oferta para ir para Cabo Canaveral, pois ali desenvolviam motores de avião.

Ia conversar isso com Titus, quando Tier saiu correndo do escritório dizendo que o pai tinha desmaiado, chamou uma ambulância imediatamente.  Fizeram o possível e o impossível, mas não conseguiram salva-lo.

Depois do enterro, na leitura de testamento, o cunhado que não sabia da venda da fábrica, pediu a guarda do rapaz, bem como o direito de dirigir a fábrica.

O advogado, lhe perguntou que fábrica?      Titus vendeu a fábrica a exatamente um mês, não sabia?

Ficou furioso, dizendo que mesmo assim queria cuidar do fideicomisso.

Sinto muito, seu sobrinho fez 18 anos, foi habilitado pelo pai, para cuidar de sua própria vida.

Nessa noite estava em casa, quando Tier, chegou com duas malas, meu pai me disse que se as coisas esquentassem com a família da minha mãe, que tu cuidavas de mim.

Ele só não previu que sendo a casa propriedade de minha mãe, esses iam invadir a mesma.

Que fiquem com ela.

Sentou-se com Tier, lhe contou de Cabo Canaveral.

Mas podemos seguir vivendo aqui, mas o mais afastado possível dessa família que só pensa em dinheiro.

Claro que sim, estive olhando uma casa na praia, mais para baixo, já quase estrada que usaria todos os dias para ir a fábrica.

Todos pensavam que eram pai e filho, por mais que explicassem não convenciam.

Tier disse que queria fazer engenharia mecânica como ele.

Acho que devias pensar bem no que queres fazer.

Sei que é isso, a anos sou apaixonado pelas motos, bem como por motores.

Com sua herança entrou para a universidade, a Paul o emprego não lhe trazia nada novo, porque os projetos vinham desde a base americana.

Um vizinho, um dia o viu mexendo em sua moto, perguntou se podia dar uma olhada na sua, trabalhava na fábrica, provando motores de avião, conversaram muito.  Começou a cuidar de sua moto, esse trouxe outro amigo, assim foi aumentando a clientela.  Chegou um momento, que viu que ganhava mais fazendo isso que na Fábrica.  Descobriu uma antiga garagem de carros, grande, caia aos pedaços, pensou muito, conversou com o Tier, foi a luta.

Comprou a mesma com suas economias, reformaram a parte de baixo, a de cima, dava para ver o mar.  Podiam ir à praia caminhando.  Fizeram ali um apartamento imenso, como um loft para os dois, a única coisa que eram fechada eram os quartos.  Um dia, vais trazer alguém para dormir, quero que tenha privacidade.

Tier estava mais forte, tinha acabado a universidade.  Seu presente para ele, foi uma moto, tinham resolvido fazer uma viagem enquanto faziam a obra, iriam atravessar de costa a costa, fizeram o roteiro, rindo muito, pois algumas vezes discordavam, mas acabaram resolvendo como fazer, em alguns lugares acampariam, outros dormiriam em motéis de estrada, só iriam parar quando chegassem a San Diego.

Compraram os dois jaquetas iguais, como se fossem uma equipe de motos, calças de couro, bem como poucas mudas de roupas, sacos de dormir, uma tenda fácil de montar, só para o caso de uma chuva que os pegasse desprevenidos.

Se comunicavam pelos capacetes para alguma emergência.  Fizeram quase 800 quilômetros, de uma tacada, pararam para dormir num motel, como sempre eram pai e filho.

Era a primeira vez que compartiam quarto, riram disso, agora somos família lhe disse.

Na parada seguinte, já quase chegando a New Orleans, se viram com um grupo de motoqueiros dos Hells Angels, foram convidados para tomar uma cerveja.  Contaram o que estavam fazendo. Um dos motoqueiros, disse que apesar de entender de motos, a sua fazia um ruído estranho.

O localizou em seguida, consertou a moto para ele, enquanto Tier, olhava outra, ganharam ali um dinheiro.   Esse homem viriam saber depois era o chefe dos mesmo nessa região.  Lhes anotou num papel, seu nome, número de celular, caso tivessem algum problema.

Tier depois comentou que tinha ficado com ciúmes, pois tinha um motoqueiro que não tirava o olho do Paul.

Devia estar vigiando se fazíamos alguma coisa com seu chefe.

Nada disso, olhava para ti com desejo.

Acho estranho, mas deixou passar.

Em New Orleans, ficaram uma semana, se divertindo, assistindo a shows, encontraram com o grupo de novo, realmente o homem não tirava o olho dele.  Até que o abordou.

Queria fazer sexo com ele.

Sinto muito, estou viajando com meu filho, isso não está nos meus planos.

O grupo de motoqueiros, iriam para San Antonio, disseram que os hospedariam.

Quando pararam em Houston, os dois primeiro motéis estavam cheios, mais adiante encontraram um com boa aparência, mas que só tinham uma cama grande, o homem disse, creio que sem problema, não passa nada, um pai dormindo com um filho.   Ia corrigir, mas Tier pegou a chave.

Quando foram dormir, estavam cansados, tinham jantado bem.   Despertou de madrugada, com ele agarrado ao seu corpo, muito excitado, se afastou lentamente.  Primeiro horrorizado, pois tinham um sentimento de pai, com Tier.  Foi quando descobriu que para ele, não, estava apaixonado a muito tempo por ele.

Não sabia o que fazer, imaginou que fazendo sexo com ele, era como fazer sexo com ele mesmo, de tão parecidos que eram.  Tentou explicar seus sentimentos a ele.   Amei teu pai com loucura, ele me pediu para cuidar de ti.   Assim fiz, nunca imaginei nada, eres como meu filho.

Isso foi motivo de cara fechada até San Antonio, procuraram os motoqueiros.  Ficaram hospedados na casa do chefe que estava fora da cidade, no campo, mais parecia um quartel general.

Este soltou quando estiveram sozinhos, pela tua cara vejo que tens problemas, posso ajudar.

Contou para ele o que estava acontecendo.   Não sei o que fazer.

Este riu, pois do meu lado o mesmo, meu filho não para de falar em ti, sempre foi muito fechado, tentou ter um casamento, que não funcionou.   Na verdade, nem serve para isso, está aqui porque estou, é um excelente mecânico.   Entendeu quem era o filho a que ele se referia.

Quando foram dormir, Tier disse que tinha conversado com Jack, esta realmente apaixonado por ti.  Me fez ver que eu tinha sorte de ter a ti como pai, pois o seu sempre foi distante, está aqui para agradar ao pai.

Nessa noite sentiu que alguém entrava no seu quarto, colocava uma mão na sua boca, era o Jack, foi um sexo diferente, de alguém que precisa de amor, quando ele ia saindo depois de fazer sexo, disse que não, que ficasse.  Tens medo dos outros homens?

De uma certa maneira sim.  Mas queria fazer o resto da viagem contigo.

No dia seguinte Tier, riu dizendo que cara mais relaxada. Eu lhe disse que não esperasse muito por ti, que agisse.

Me disse agora de manhã que vai falar com o pai, para ir conosco.  Lhe dei força, sempre esteve abaixo da asa de proteção do pai. Dois dias depois quando partiram para Santa Fé, no meio do caminho Jack tirou o emblema do grupo, assim não teremos problemas.   Agora ficavam em dois quartos.   Uma noite soltou, que tinha esperado muito encontrar uma pessoa como ele, o sexo deles era completo, procuravam satisfazer aos dois.

Quando chegaram a San Diego, aproveitavam a praia, Tier fez logo amigos, um lhe disse de um master em mecânica para aviões patrocinado pelo ministério de aeronáutica, ia tentar convence-lo que era perda de tempo, mas pensou bem, sabia que a vida era dele.   Além é claro dele ser responsável pela sua própria vida, apenas conversou com ele, sabes que a porta sempre estará aberta para ti, quando queira voltes.

Embora sua intuição dizia que muita água passaria por baixo da ponte até isso acontecer.

Ele e Jack despacharam as motos por transportadoras, foram de avião até Miami, depois para sua oficina nova.

Os dois trabalhavam de sol a sol, como se diz, lado a lado, embora notasse que as vezes Jack ficava com ciúmes por qualquer motivo.

Várias vezes comentou isso com ele, não gosto de ser vigiado, tampouco controlado, creio que ou confias em mim, ou teremos problemas.

Seu primeiro cliente, John Muster, sempre trazia sua moto como desculpas para tomar uma cerveja, comentou com eles, me sobram poucos amigos, tinha tido um divórcio traumático, a mulher não o deixava praticamente ver os dois filhos que tinham.  O tinham pegado no pulo como ele dizia, fazendo sexo com um companheiro da fábrica.  O juiz que lhe tocou, era contra relações homossexuais, por isso saiu perdendo.   Quando finalmente conseguiu o direito de ver os filhos que agora viviam em Miami, o trataram como um estranho.

Sempre dizia que com Paul podia conversar, o pior tinha sido o clima na fábrica, o rapaz com quem o viram fazer sexo foi embora, mas ele estava basicamente sem possibilidades, pois tinha que pagar a pensão dos filhos, tinha vendido sua casa, vivia num quarto perto da fábrica, só lhe sobrava a moto, para se evadir, tomar cerveja com eles, nenhum amigo mais.

O ciúmes do Jack se tornou incontrolável, a um ponto de um dia o encontrar segurando o John pelo pescoço, tentando agredir.

Ficou uma fera, como ele podia fazer isso, John tinha sido quem o fizera levantar o que tinha agora, além de ser seu amigo, necessitar de apoio, não de crise de ciúmes.

Quando aconteceu a segunda vez, disse que não queria continuar com ele assim, que fosse se encontrar com seu grupo, pensasse bem.

Nunca mais o viu, ainda falou com seu pai.  Este disse que estava descontrolado, estava consumindo drogas, embora isso fosse proibido no grupo que comandava.  Já não sei o que fazer.

O único que pode dizer, era que Jack tinha sempre se ressentido de um pai ausente, que necessitava disso.

Sentia que cada pessoa que passava pela sua vida, era como se a vida borrasse depois, por algum motivo se afastavam.   Agora era ele, quem sempre chamava o Tier, que estava encantado com o que fazia, depois do Master, tinha sido escolhido para trabalhar na Nasa, tinha encontrado seu lugar.  O que lhe parecia estranho, era que tinha se casado, já tinha um filho, quando muito lhe chamava por Ação de Graça ou Natal.

John era, seria sempre seu melhor amigo, agora estabilizado na fábrica, os dois viajavam juntos, se aconselhavam.   Mas ele queria estar só, o quarto antes destinado ao Tier, agora era do John, ria muito com ele, com a historia de ser um engenheiro mecânico, que tinha certos problemas com os motores.

John as vezes trazia alguém com ele, depois de tomar cerveja com os amigos, ele ao contrário, estava ressabiado com isso.  Não via muito sentido, nas fodas de uma noite, pois o faziam se sentir mais sozinho do que antes.  As vezes até se esquecia do relacionamento que tinha tido com o Jack, mas nunca esquecia do Titus.  Tinha sido a pessoa que mais lhe tinha marcado na vida.

Procurar alguém parecido com ele, era difícil.  Esse vazio sempre ficaria na sua cabeça, as vezes de noite se pegava conversando com ele, como sempre faziam, discutindo alguma coisa.

Agora tinha mais ajudantes, mas seguia revisando pessoalmente as motos dos clientes, vinham alguns de Miami, outros mesmo de lugares que nunca tinha ouvido falar, mas que sabiam dele.

Um dia apareceu um tipo, de longe parecia um mexicano, mas de perto se via que era uma mistura de raças.   Chegou numa moto que fazia um ruído infernal, todo de couro, quando desceu da moto, ficou impressionado, o sujeito tinha um corpo escultural, apertado no couro, bem como uma camiseta ajustada.

Quando chegou perto, percebeu que o tinha confundido com um mexicano, por causa do bigode imenso que usava, além de estar tremendamente queimado do sol.

Se apresentou como Antônio Field, sorriu quando percebeu que o tinha confundido com um mexicano.   Sou filho de uma portuguesa com um americano. Apertou sua mão fortemente, que ele sentiu que ficava excitado.

Venho de Boston, ouvi falar de ti, minha moto, está com problema a meses, na vida para cá, quase me deixa atirado na estrada.

Ficou observando, quando disse que precisava tirar o motor completamente para examinar, foi como fazer um exame médico.

Antônio, lhe contou que tinham roubado sua moto anterior, que tinha comprado essa, que não fazia mais que dar problemas.

O problema Antônio, é que esse motor não corresponde a esta moto, veja aqui, trocaram a peça que tem o emblema.  Esse motor é menos potente que a capacidade da moto.

Mas vou arrumar para ti.  Vou reconstruir o motor, mas isso tomara seu tempo.

Esse ria muito, pode tomar o tempo que quiser, acabo de ter uma aposentadoria forçada da polícia de Boston, levei um tiro, fiquei sem um dos pulmões.  Portanto, pode ter seu tempo, tenho sim que conseguir um lugar para escrever, pois gosto muito disso, além evidentemente dormir.   Quem soltou a resposta foi o John, viu que entre os dois soltavam chispas, podes ficar em casa, temos no salão um sofá cama, tem dois quartos, um é meu, outro do Paul, lugar para escrever tem muitos.

O levou para cima para tomar um banho, com os dois banheiros, era fácil.   O que o divertiu era que eram meio abertos, não tinham portas.

Ele chamou a atenção do John quando este desceu.  Este riu na cara dele, se ficaste de pau duro quando ele apertou tua mão, deixa disso.

Quando subiram para comer, sentiram um cheiro bom de comida.  Os dois por falta de tempo comiam comida já pronta.  Deram de cara com o Antônio na cozinha.  Tomei liberdade de olhar a geladeira, já que me hospedam, posso pelo menos cozinhar, uma das coisas que faço bem, aprendi com minha mãe portuguesa.

Os dois simplesmente devoraram a comida, riam, acho que parece que não comemos a muito tempo, pouco sobra de tempo, o John além de trabalhar na fábrica, leva a contabilidade da oficina.

São companheiros?

Não, amigos de muitos anos, trabalhávamos na fábrica, eu sempre amei as motos, comecei consertando a sua, depois ele foi trazendo gente, como sempre o boca a boca entre os motociclistas funciona.  Vem gente de muitos lugares.

Esse apartamento foi feito assim, pois inicialmente iria dividir com meu filho, mas ele resolveu depois de uma viagem que fizemos, fazer um master em engenharia para motores de avião, hoje trabalha na Nasa, mal sei dele.   Explicou o que era o Tier na verdade, sempre o considerei como filho.

O John por problemas de família, acabou vindo viver comigo, é meu grande amigo.   Bah, nem sei por que estou explicando tudo isso para ti.

Talvez porque sabes que fui da polícia, posso estar aqui para te investigar, mas falou isso olhando na sua cara.

Lá estava ele outra vez de pau duro.  John tinha que ir até a fábrica para resolver um problema, ficaram sentados na mesa tomando um café.  Se deram conta que estavam um olhando a cara do outro.

Escutei muito falar de ti Paul, do teu comportamento com as motos, um amigo, me contou que o primeiro que fazias era passar a mão por elas, como dizendo, vou cuidar de ti, amiga.

Quando me recuperei, imagina que sendo policial, tive a coisa mais idiota do mundo, saída de uma investigação, como ia para a delegacia de moto, era o mais fácil para me mover.

O sujeito que tinha assassinado um casal de velhos, chegou por detrás, me deu um tiro, roubou a moto, se mandou.  Eu fui direto para o hospital, tiveram que retirar o pulmão, pois demoraram para me encontrar, jogado na sarjeta.    Foi uma recuperação lenta, dolorosa, para trabalhar era complicado, sentia falta de ar, se tinha que correr atrás de alguém, depois de um exame, resolveram me aposentar.  Embora me faltassem anos para isso.   Tenho cinquenta anos.

Sem querer, Antônio, estendeu a mão a colocando em cima da sua, foi como levar um choque elétrico.

Se deram conta quanto estavam nus no chão do salão.   Ficaram rindo.  Nunca me apaixonei na minha vida, quando me falavam em ti, idealizei um sujeito, carrancudo, que só amava as motos, vejo que me enganei.

Ele tomou um banho, desceu para trabalhar, tinha um sorriso na cara, quando o John chegou mais tarde, riu dele.  Antônio desceu, perguntou aonde podia comprar peixe, para fazer uma sopa para nós.

Ele disse que o levava, na sua velha moto, lhe deu  um capacete, subiram os dois, quando chegaram a peixaria, tiveram que ficar parado um momento antes de entrar pois estavam os dois excitados.

Riram disso, parecemos dois colegiais.

Antônio comprou peixe e mariscos, para o dia seguinte.  De agora em diante a cozinha eram seus domínios.

John disse que assim iam engordar muito.  Depois ficaram sentados conversando, qual o roteiro que ele tinha feito.

Inicialmente pensei em ir fazendo um roteiro, parando em vários lugares, quando a moto começou a dar mais problemas, resolvi vir direto.

Quando soube que o Paul era de uma ilha, riu, minha mãe vai te adorar, pois ela é dos Açores, uma ilha portuguesa.   Veio para cá, jovem, começou a trabalhar no dia seguinte que chegou, anos depois conheceu meu pai, que era da polícia, acabaram se casando, os dois vivem até hoje um para o outro.   Acho que parei na polícia por causa dele, mas gostava mesmo era de escrever, depois do hospital, fiz um curso de escritura, estou terminando meu primeiro livro.

Uma novela policial, perguntou Paul por curiosidade?

Nada disso, sempre tive mania de analisar por que uma pessoa chega ao ponto de matar a outra, ou porque rouba, ou entra nas drogas, escrevo sobre isso.

Depois quero ler, embora, minha leitura preferida seja sobre mecânica.  Acho os motores uma continuação do corpo humano, sou seu médico.

Na hora de dormir, John de gozação disse, coloco lençóis no sofá, ou vão dormir juntos.  Nem tinham se dado conta que estavam sentados no sofá de mãos dadas.   Dois homens com aspecto de brutos, segundo o John, dava uma foto sexi.

Já tinha conhecido sua família, o que foi bom, se deu bem com todos, mas viver em Boston nem pensar, Antônio, adorava viver em cima da oficina, dizia que estar escrevendo, levantar a vista, ver o mar, não tinha preço.

Cinco anos depois, John levou uma decepção, a toda regra, sua ex-mulher se casou outra vez, os garotos optaram a levar o sobrenome do padrasto.  Por mais força que os dois lhe dessem, começou a beber demais, perdeu o emprego, além de se meter com quem não devia, um dia não apareceu,  Antônio que já conhecia alguns policiais da zona, deu a queixa de desaparição, o encontraram dias depois na praia, morto enforcado, os caranguejos tinham comido uma boa parte de sua cara.

Para Paul, foi uma boa porrada.  Era seu melhor amigo, ficou muito chateado, o pior foi quando seus filhos apareceram, para saber se tinha deixado algo de dinheiro, os expulsou do apartamento.   Os chamou de bastardos, o pai de vocês, viveu trabalhando como um louco para que não lhes faltasse nada, vocês o ofenderam demais, espero que a vida de vocês seja miserável, filhos da puta.

Só um foi ao enterro, o outro não.   Pediu desculpas, tinham ido induzidos pela mãe, que achava que ele tinha dinheiro escondido.  Se ele mal chegava no final do mês, pois ela sempre pedia mais.

Deixe enterrar seu pai em paz.   Pagou todo o enterro, apareceram uns poucos amigos do John, falou na cerimônia, que tinha perdido seu melhor amigo, que tinha estado com ele em todos os momentos, no final disse, desculpe se te falhei em alguma coisa amigo.

Nessa mesma época soube pela sua mãe que o pai tinha morrido, que gostaria de vê-lo, pois estava velha demais para fazer uma viagem tão longa.

Ele e Antônio foram juntos, tirou uma semana de férias.  Tomaram um ferry em Newcastle, seu irmão mais velho foi recebe-los no porto.

Falou que tinha ficado com o restaurante, que agora iam bem, nosso pai, fez muitas besteiras com seu mal gênio, conseguiu muitos inimigos, devia muito dinheiro, mas consegui pagar tudo, agora estou reformando o restaurante aos poucos.

Abraçou sua mãe, que apesar da idade, continuava sendo bonita, seus cabelos agora eram brancos, abraçou o Antônio, vejo que cuidas bem do meu filho.

Depois foi ver o velho Hank, agora levava a oficina sozinho, nenhum filho tinha se interessado, as vezes passo semanas arrumando uma moto, só para me distrair.

Sei do seu sucesso, teu nome é famoso, como o mago que sabe escutar uma moto.

A única que não apareceu foi sua irmã, estava casada com um granjeiro, segundo sua mãe, tinha encontrado sua forma, um homem como ela fechado em si mesmo, vivem numa granja nas montanhas, fazem mais de dois anos que não os vejo.   Tenho as vezes notícias por uma mulher que vive ao lado. Mas só sabe o que vê, pois tua irmã, tem o gênio do teu pai, foi a única que herdou esse caráter urano que ele tinha.

Cansei de mandar presente para os meninos, nunca sei nada deles.

Se quer a levamos até lá?

Para que? Sermos mal recebidos.

Mesmo assim foram, encontraram a casa fechada, a vizinha disse que os meninos estavam na casa de um policial.    Os dois tiveram uma briga incrível, bêbados, acabaram um matando o outro.   Menos mal que apareceram, os garotos, dá pena.

Quando chegaram, ele ficou com pena, eram uns garotos tímidos, mal sabiam ler nem escrever, pois os pais não os mandavam a escola.

Conseguiram a guarda deles, os levando para a casa de sua mãe.     Estavam descalços, não tinham nem sapatos.  Estavam sempre os dois, um segurando a mão do outro.

O menor, foi quem primeiro se aproximou do Antônio, que se pôs a conversar com eles, logo estava rindo.  Venha, vou fazer uma sopa para vocês, os arrastou com ele para a cozinha, foi preparando a sopa, mas fazendo que o ajudassem.

Quando a serviu, disse que estava boa, porque o tinham ajudado.

Comeram como loucos, diziam, que boa, que boa.

Descobriram depois que na casa deles a comida as vezes faltava.

Sua mãe, disse que não tinha idade para cuidar deles, seu irmão, tinha o restaurante, além de uma mulher mau humorada 24 horas do dia, como ele dizia.

Os dois sentaram-se no cais, para conversarem, longe dos garotos. Antônio, disse que sempre tinha querido ser pai.  Que os ajudaria a criar.

Mas antes sentaram-se com eles, para conversar.  Contou que viviam juntos, que tinha uma oficina de motos, que Antônio escrevia, já tinha dois livros publicados, que eles viviam em cima da oficina, tinham um apartamento imenso, que vocês podem viver conosco.

Mas eu teria que os adotar, para poder leva-los comigo.  Como sou tio de vocês, não vai ser difícil, quero saber se querem ir conosco.

O pequeno segurou imediatamente a mão do Antonio, se ele me ensinar a pescar, para fazer a sopa, vou.

Riram muito, avisou que tardaria mais uns dias para voltar, foi duro, mas conseguiu um processo rápido, graças aos conhecimentos do Hank.  Quando entraram no ferry, riam muito, mas quando chegaram ao avião, foi mais complicado, conseguiram sentar-se todos juntos, assim seguravam a mão deles.

Em Boston, foram visitar a família do Antônio, sua mãe, disse que qualquer coisa, ela iria até lá cuidar deles.

No carro, iam na janelas, cada um olhando um lado, chamando a atenção do outro, para o que estava vendo.

Quando chegaram em casa, era quase noite, ajudou o Antônio a subir as coisas que tinham comprado para os garotos, roupas, coisas de primeira necessidade.   Quando viram o tamanho do apartamento, ficaram alucinados, o quarto deles, era do tamanho da casa que viviam.

Paul teve que descer, para atender dois clientes mal humorados, pois não tinham tratado suas motos como estavam acostumados com ele.   Os convenceu de trazer as motos no dia seguinte, para ele revisar todo o serviço.   Subiu furioso, não se pode virar as costas, da próxima, vez fecho, é mais fácil.

Os meninos depois de jantar, foram para a cama, Antônio os arrumou na cama, conversou com eles sobre a viagem.                   Amanhã temos que sair para comprar duas camas, ir buscar um professor para os dois.

Os meninos disseram que sempre tinha dormido em cima do feno, que isso de dormir em cama era novo para eles.

Realmente Paul comentou com ele, minha irmã saiu ao meu pai, ele era igual, as coisas boas de casa, era por conta da minha mãe, pois por ele dormíamos no chão como ele tinha feito na sua infância.    Ir a escola para ele, era uma besteira.

Venha paizão, vamos dormir, porque já sei que amanhã terei um dia infernal com as reclamações.

A primeira coisa que os empregados disseram, que a maioria que aparecia, perguntava por ele, como não estava, iam embora.   Os que deixavam as motos reclamavam de tudo.

Sabia como funcionava cada cliente frequente, como os deixar satisfeito.

Assim foi todo o dia, quando subiu para almoçar, já estava exausto.  Mas só de estar em casa, escutou o pequeno James, contar como iriam estudar uma parte com o Antônio, outro com um professor que viria até ali.   O Bob, já era mais fechado, soltou não sei se vou gostar.

Mamãe dizia que estudar é besteira. 

Só respondeu, queres acabar como teus pais, vivendo daquela maneira, ou viver aqui.

Ele abriu os olhos, viver aqui é claro.

Então tens que estudar, para ser alguém na vida.

De tarde os deixou andar pela oficina, o pequeno estava encantando, o vendo arrumar um motor, que estava emperrado.   Ele dizia ao James, o motor, está de mal humor, que vamos fazer com ele?

Melhor dar um caramelo para ele, verdade.   O dono da moto, ria muito.

São meus filhos, disse ele ao cliente.   A parte explicou de aonde vinham, que eram filhos de sua irmã.

Sabes que minha mulher é diretora da escola, quando tiverem prontos, fale comigo, assim te apresento.

Quando estiveram prontos para ir à escola, foi duro colocar os dois em classe separadas, mas o pequeno era inteligente, logo alcançou o mais velho para ficar juntos.

Nunca se largavam, se alguém mexia com um o outro tomava as dores.  Antônio, não podia ser melhor pai, pois os levava a escola, arrumou o horário de tal jeito, que fazia o café da manhã, os levava a escola, compras, preparava o almoço, escrevia um pouco, depois a tarde era dele. Escrevia até a hora do jantar, depois estava totalmente com a família.

Um dia o pediu em casamento, assim posso ser oficialmente pai desses garotos.  Fizeram uma festa simples, sua família veio toda, agora chamava a mãe do Antônio de avó.

Era como uma grande família, quanto tinham aniversários, festas, eles sempre apareciam.

As crianças conviviam com os filhos dos irmão do Antônio, eram seus primos.

Com isso ele até se esqueceu do Tier, um belo dia, recebeu uma chamada telefônica dele, estavam por perto, perguntou se podia vir visita-los.

Aparentava mais idade que o Paul, com toda uma cabeleira branca, sua mulher era diferente, meio chinesa, os meninos era adolescente, passaram o tempo todo, perguntando quando iam embora.

Quem fez um comentário, quando foram embora, foi o Antônio, este rapaz está meio perdido, é como se não soubesse o que faz com essa família.  Quanto ele perguntou do John, lhe contou o que tinha acontecido, ele ficou branco.

Resolveu chama-lo, para conversar.   Ele estavam hospedados, na antiga casa de sua mãe, finalmente a tinham devolvido.   Se encontraram na praia, ficaram sentados um largo tempo, o que está acontecendo Tier?

Tinha a cara meio desencaixada, de quem chorou muito.

Discutimos mais uma vez, ela quer ficar vivendo nesse casarão com os meninos.

A tempos conheci um rapaz, fez estágio comigo, me apaixonei por ele, acabamos tendo um relacionamento.   Ela descobriu, faz da minha vida um inferno.  Quando viu vocês dois juntos com os garotos, chegamos na casa da minha mãe, fez um escândalo, aonde eu tinha metido seus filhos.

Os garotos sempre passaram mais tempo com ela, que comigo, nunca tive horários, sem querer me desatendi deles.

Ver vocês com seus filhos, me fez lembrar da época, que eras meu pai.  Chorava baixinho, que lastima que não soube entender isso.

Te perdi, bem como tudo que me davas, estavas sempre aí para mim.  Estou farto do meu trabalho, por mais que eu me dedique não me apaixona mais.

Ela agora quer o divórcio, sabe que tenho dinheiro da herança, que nunca toquei, nem me incomodaria deixar tudo para eles, afinal para os garotos não passo de um desconhecido.

Esses meses que estive com esse rapaz, foram os melhores em muitos anos da minha vida.

Confesso que não sei o que fazer.

Ficou com lastima dele.   Só não faça o que o John fez, perdeu tudo para sua mulher, hoje as coisas são diferentes, exija passar tempo com os garotos, que um bom advogado negocie por ti. Não tente resolver tudo sozinho, pois saíras perdendo muito.

Ele seguiu seus conselhos, Antônio, conseguiu um advogado de Boston, este batalhou, a mulher concordou que a casa era monstruosa para eles três, a venderam, repartiram esse dinheiro, ela poderia ter um apartamento em Miami, para viver com os rapazes.  Ele pagaria uma pensão só para eles, já que dava muito dinheiro para ela. Pagaria escola, faculdade, mas tudo tinha que ter notas fiscais, nada de um valor na mão dela.   Logo eles teriam 18 anos, seriam independente.

Esta logo se casou, os garotos vieram morar com o Pai.  Tier, agora sempre estava ali, deixou a Nasa, com uma boa pensão, pode ter uma casa relativamente grande na praia.   O rapaz que ele gostava veio viver com eles, mas não se acostumou a essa vida de família.

Mas era como ter um filho pródigo, o que volta para casa, mas agora parece um estranho no ninho, pois almeja o que teve no passado.

De novo foi reconstruindo sua vida, ao mesmo tempo que se afastava deles.

Paul lhe disse na cara, que isso devia ser herança genética da família da sua mãe, porque seu pai não era assim.  

Ele ficou ofendido, depois veio dizer que tinha ciúmes como sempre do que ele tinha com o Antônio, com os garotos, isso nunca poderei controlar, por isso me afasto.

A porta da casa sempre estará aberta para ti.

Quando os garotos foram para a universidade Tier, se sentiu verdadeiramente sozinho, aí os procurava para conversar.

Via como o Antônio tinha um relacionamento todo especial com os meninos, estavam grandes, já falavam o que queriam estudar.   James, sempre estava metido com as motos, ajudando, passando ferramentas, se podia dizer qualquer uma, ele sabia qual era, aonde estava, para o que servia.

Bob era ao contrário, tinha levado mais tempo, mas quando Antônio se colocava a escrever, ele o fazia também.  Dizia que queria estudar literatura, ao lado de sua cama, sempre tinha uma pilha de livros.

Nunca tinha imaginado isso, uma família, as vezes lutavam contra o preconceito, como iam juntos a reuniões de pais, mas defendiam seu espaço.  Quando os dois se formaram ao mesmo tempo para em seguida irem a universidade, a surpresa foi que o orador era o Bob, primeiro agradeceu a oportunidade que seus pais tinham lhes dado, saímos de lugar nenhum, sem futuro pela frente, nos deram não só uma família, mas estudos, aqui estamos partindo para um novo mundo, o dos adultos, esperamos sermos merecedores de tudo que nos deram, corresponder a esperança que colocaram em nós.

Anos depois cada um foi orador em suas turmas na Universidade, James, tinha ganho um prêmio, construindo uma máquina super potente.  Bob tinha escrito um livro, contando sua trajetória de menino sem futuro, famintos não só de comida, como de saber, falou mais do Antônio, que chorava silenciosamente.   Me ensinou a amar cada palavra que escrevia, a contar as coisas como são, a olhar para frente, esse livro dedico aos meus pais, não os que me geraram, mas sim aos que me fizeram crescer.

Seguiram partilhando suas vidas com seus pais. Em seguida Bob, escreveu a trajetória de sua avó açoriana, que lhe contou toda sua vida, para que ele a escrevesse.

Antônio fez uma gozação, para ele contaste tua vida, a mim não, fazendo uma cena de ciúmes.

O livro foi um grande sucesso, depois transformado em filme.

James, junto com seu pai Paul, construiu o primeiro sistema elétrico para um skate.  Logo seguiu pesquisando.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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