BURNING MAN
Tinha ficado
conhecido pela sua cara, quando era garoto, seu pai num ataque de ira lhe
rociou, com um pequeno aparelho de chamas que usava em seu restaurante para queimar
açúcar nos doces.
Era um mal tipo,
como aqueles dos filmes de terror, que ele odiava, talvez por causa disso. Tinha ficado com uma marca que com os anos
tinha ido se estreitando, formando como uma espécie de cicatriz.
Outra coisa que chamava muita atenção, era que tinha uns cabelos
ruivos, forte, herança segundo sua mãe de algum viking que teria habitado essas
terras, viviam na Isle of Man, entre Irlanda e Inglaterra. Falava como todos um inglês com um sotaque
muito forte. Era um excelente aluno,
quando tinha uns doze anos, escutou uma forte discussão de seus pais, sobre que
tinham que se preparar para mandar futuramente os filhos a universidade.
“Uma merda”, eles
que trabalhem, juntem dinheiro, eu não fui a nenhuma, tu tampouco, porque, para
que? Se vão viver nesta merda de ilha.
Ele era assim,
nunca tinha saído da ilha, para nenhum dos lados, tinha aprendido a cozinhar,
quando entrou jovem num restaurante que pertencia a um francês, este lhe
ensinou tudo que sabia.
Ele não teve
conversa, fazia na escola um curso a parte, sobre mecânica, seu sonho era ser
engenheiro mecânico, construir máquinas.
O pai de um de seus companheiros, tinha uma pequena oficina mecânica de
motos, tomou coragem foi perguntar ao mesmo se ele podia fazer suas práticas
ali, pois as motos eram sua paixão.
Hank lhe fez um
verdadeiro questionário sobre motos, ele foi dizendo tudo que sabia, que tinha
pesquisado nos livros da biblioteca. Alguém doava velhas revistas de motos,
descobriria depois que era o Hank.
Contente lhe
perguntou se sabia andar em uma.
Foi honesto,
nunca tive esse grande prazer.
Me ajude a
examinar esse motor, começou a acelerar a moto, tinha um ruído estranho. Ele levantou as orelhas, ficou prestando
atenção, deu a volta na moto, pediu para ele parar, quando o fez, retirou um
pequeno pedaço de metal, que não se sabia como tinha ido parar ali.
Tens bons ouvidos
meu garoto.
Da prática passou
a ser oficialmente funcionário do Hank, não dizia nada em casa, só comentou com
seu chefe o que sonhava fazer. Este
abriu uma conta no banco para ele.
Ah se meu filho
fosse como tu, quer fazer empresarial, para ser um grande comerciante. Hank tinha vivido muitos anos nos Estados
Unidos, tinha participado de corrida de motos, uma imensa cicatriz lhe
atravessava o braço inteiro, segundo dizia de uma caída, tinha rompido todos os
ossos do braço.
Agora depois de
ler as revistas sobre motor, emprestava para ele, as devorava, pois o assunto
lhe interessava.
Não gastava um
puto tostão, em roupas, calçados, pois herdava tudo de seu irmão mais velho,
que era um consumista de marcas. Mas
logo enjoava das roupas.
Tinha um uniforme
na oficina, assim não sujava a roupa, tampouco chamava a atenção em casa.
Só uma vez sua
mãe disse que tinha as unhas sujas, na hora do jantar. Apesar do restaurante, ela comia em casa com
eles, só seu irmão mais velho trabalhava com seu pai.
Sua irmã menor,
essa não era boa aluna, como dizia sua mãe, um dia se casaria, se tivesse sorte
com um homem bom, o resto já se veria.
Ele ajudado pelo
Hank, se preparou a fundo, buscou entre as universidades uma bolsa de estudos
para engenharia mecânica. Quem lhe
conseguiu foi um amigo do Hank, que fabricava motos por encomendas. Inclusive lhe daria trabalho
durante o curso.
Como não
conseguia falar com o pai em casa, foi até seu restaurante, tudo que ele lhe
disse que devia largar essa coisa de idiotas, motos.
Bah, dizia, quem
gosta dessas motos, é porque tem o piru pequeno, por isso faz tanto ruído.
Nada disso,
quando acabares o semestre, viras a trabalhar aqui.
Nem pensar, gosto de comer, mas de cozinha nada.
Foi quando o pai
queimou sua cara, ficou tão puto com isso que lhe deu um murro na cara. Filho
da puta, pensa que vais mandar em mim.
Tenho 18 anos, sou livre para fazer o que quiser.
Nem voltou a sua
casa para buscar sua roupa. Hank foi até
lá na surdina, sua mãe sim veio vê-lo, no meio da roupa encontrou um envelope
com dinheiro que ela guardava.
Com o que tinha,
mais uma carta de apresentação do Hank, foi para Londres, seu dinheiro não dava
para muito, mas conseguiu entrar na City University of London, para fazer
engenharia mecânica, com a carta de recomendação conseguiu emprego com o homem,
amigo do Hank. Não gostava muito,
mas aguentou firme. Sobrava dinheiro
para alugar um studio ao lado da oficina mecânica. No último ano da universidade, começou a
testar um motor numa moto velha que tinha comprado, reformado, tratava-se de um
injetor mais moderno que dava potência a mesma.
Recebeu uma
chamada de um tal Rufus Titus, que estaria em Londres, para um trabalho, que
gostaria de falar com ele. Alguém tinha
visto suas provas no autódromo, queria lhe oferecer um trabalho nos Estados
Unidos. Tinha a sensação de que alguém
escutava a conversa pela extensão, mas achou que era coisa sua, pois estava
sozinho na oficina.
Tinha por hábito
escrever tudo que estava fazendo num quadro, mas na verdade era um exercício que
fazia para sua cabeça, quando ia para casa, apagava rapidamente.
Tinha ido ao
autódromo outra vez experimentar seu novo dispositivo, tinha feito ele mesmo, a
moto rendia mais, talvez isso se pudesse usar em qualquer motor.
Pela primeira vez
se sentiu observado.
Quando voltou a
oficina, seu chefe foi literalmente grosseiro com ele, tinha entrado, escrito
no quadro, uma fórmula matemática, que se lembrou como exercício para calcular
a velocidade de um carro, ao mesmo tempo quando usava nessa velocidade de
gasolina. A fórmula não era sua, sim de
um engenheiro mecânico, japonês, era usada inclusive pela NASA.
O chefe pensando
que tinha a ver com o que fazia, estava ali fotografando.
Perguntou o que
estava fazendo?
Acreditas que vou
deixar você ficar rico com essa fórmula que estas usando nessa velha moto, com
o tempo que usas isso aqui na oficina.
Ele sempre tinha trabalhado na moto, quando não havia outra coisa para
fazer.
Primeiro ficou de
boca aberta, depois viu surgir por detrás dele seu filho, que era um
incompetente. Já disse ao meu pai, o
convite que tiveste para ir para os Estados Unidos, estás roubando um projeto
executado nessa oficina.
Pensou, esses são
idiotas, pois isso é um fórmula pública.
Resolveu fazer ao contrário, ficou irritado com isso, tinham lhe
explorado todos esses anos que tinha feito a faculdade, pagando um salário de
merda, agora queriam mais.
Soltou tudo que
pensava dos dois, viu uma sombra na porta, pensou que era um cliente, só disse
me largo, nunca deixarei que vocês coloquem a mão na minha velha moto.
Montou na moto,
dizendo podem ficar com essa fórmula, mas sem uma base, nunca chegarão a lugar
nenhum.
Quase atropela o
homem, que se colocou diante da moto, sou Titus, podemos conversar?
Suba atrás, só
parou para lhe oferecer um capacete, dois quarteirões mais a frente. Olhou sua cara, era um tipo diferente.
Dirigiu a moto
para o autódromo. Preciso me desafogar,
me espere aqui.
Deu umas quantas
voltas, aumentando gradativamente a velocidade.
Quando se
relaxou, voltou.
Realmente não sei
o que fizeste nessa moto, mas tinham me falado do milagre, pois essa velha
senhora, tens seus anos de estrada, é como se tivestes feito uma cirurgia
estética na mesma.
Tenho a sensação de
que te conheço, porque estás atrás de mim.
Não creio que
tenhamos visto antes, mas um homem de confiança viu você desde o começo
trabalhando, me falou de ti.
Podemos
conversar, agora que estas calmo.
Olhou aquele homem, tudo que tinha vontade de fazer era beija-lo.
Foi o que
fez. O outro correspondeu, sabia que
tinha ficado de pau duro, sentado atrás dele na moto.
Quando viu,
estavam no seu pequeno apartamento, ele que sempre dormia sozinho, pois se tudo
não passava de alguma aventura, com alguém da universidade, ou que tivesse
conhecido num pub, nem perdia tempo.
Dormiu abraçado a
ele, nem sequer tinham jantado. Não tinham parado de fazer sexo a noite
inteira, sentiu que ele se livrava de seu braço, pensou, agora vai se vestir,
irá embora, nunca mais o verei. Sentiu
como se lhe amputassem uma parte de si mesmo.
Ia gritar, ei não vá embora, quando escutou o ruído do banheiro. Ele voltou para cama.
Nunca negociei
numa cama, tampouco fiz sexo assim com ninguém em minha vida.
Começou a contar
realmente por que tinha vindo a Londres.
Estou desenvolvendo um motor, para carros de corrida para uma empresa
daqui. Preciso de um engenheiro, que
possa se mover em dois mundos, América e Inglaterra. Creio que tu eres essa pessoa.
Além é claro que
não quero te perder de vista.
Tens muitas
coisas para mandar para a América?
Minha moto, uma
bolsa de roupa, talvez uma caixa de livros, nada mais. Nada nesse studio é meu.
Dias depois,
depois de terem embarcado a moto, bem como os livros, tomaram um avião para
Miami, de lá a Daytona aonde tinha sua fábrica.
Até então tinha
trabalhado sozinho, agora tinha empregados a quem dirigir, Titus era um patrão
justo, ao mesmo tempo, construía motores para vários tipos de competição.
Ao lado, tinha um
galpão, aonde colocavam esses motores nos carros, para testa-lo.
Na primeira
oportunidade, construiu um injetor da mesma maneira, manualmente, para
experimentar nos carros. Foi
fantástico.
Titus fez questão
que ele registrasse a patente como sua, a partir de agora quem copiasse tinha
que lhe pagar para isso.
Na viagem de
volta, Titus lhe explicou que tinha um filho, vivia com ele, pois era viúvo,
passa o dia numa escola para superdotados, sua mãe era uma mulher super
inteligente. Eu o criei sozinho, mas nunca te deixarei, nunca amei ninguém
assim.
Passavam o dia
trabalhando, nos finais de semana que o filho estava com os avôs maternos, ele
ficavam juntos, faziam algum programa, ele não precisava muito para ser feliz.
Assim foi durante
sete anos. Eram felizes, comiam
perdizes.
Mas um dia Titus,
caiu no meio da fábrica, dali foi direto para o hospital.
Não o deixou
nenhum momento, lhe operaram de emergência do coração, o médico disse que
deveria ter feito essa operação a muito tempo.
Foi quando conheceu Tier Rufus, seu filho, era como se olhar num
espelho, eram muito parecidos.
Este entrou no
quarto, o viu segurando a mão de seu pai, que estava sedado. Sorriu, por isso ele andava tão feliz esses
últimos anos. Estendeu a mão, se
apresentando, atrás dele, surgiu uma figura de mau agouro.
Meu tio Pettersen,
irmão de minha mãe, este ia fazer um escândalo por ele estar ali, mas Tier
disse que os deixassem a sós. Ficaram
cada um de um lado da cama, conversando, viram que Titus tinha saído da anestesias,
estava ali quieto escutando os dois falarem aos sussurros, soltou o primeiro
que falar mal de mim, meto a mão.
Quando foi para
casa, ia sempre ficar de noite com ele, Tier abria a porta, sorrindo, um dia se
colocaram lado a lado num espelho, pareciam pai e filho, embora, Titus fosse
muito mais velho do que ele, a diferença dele para o Tier era de 12 anos.
Na surdina Titus
sentiu que era o momento de fazer seu testamento, nunca se sabia, um dia chegou
o encontrou discutindo com o cunhado, que queria administrar a fábrica, afinal sua
irmã, tinha uma parte nisso.
Titus lhe dizia
que essa parte pertencia a Tier, que estava em seu testamento.
O outro teimava
que tinha que cuidar dos interesses de seu sobrinho.
Titus soltou,
como fizeste com os de teus pais, os arruinastes, agora vives de mamar na teta
deles.
O outro fez
menção de agarrar Titus pelo pescoço, quando ele entrou.
Saiu batendo a
porta. Levou um tempo para se acalmar,
quero aproveitar que estamos a sós para pedir uma coisa.
O que quiseres.
Se me passa algo,
deixo a guarda do Tier contigo, ele tem um fideicomisso, para o dia de amanhã,
esse idiota arruinou sua família, agora quer a minha fábrica. Eu vou te decepcionar, mas aceitei vende-la
para uma empresa rival. Acho que é o
melhor, pois senão esse idiota vai fazer muita confusão.
Teve uma recaída,
dois dias depois que o Tier fez 18 anos.
Portanto era maior de idade, nesse dia viu os dois conversando no
pequeno escritório que tinha a casa.
Dias antes tinha
fechado negócio, vendendo a empresa, com a garantia que os funcionários seguiam
os mesmos, bem como os benefícios da injetora do Paul.
Estava ali
pensando na vida, pois tinha tido uma oferta para ir para Cabo Canaveral, pois
ali desenvolviam motores de avião.
Ia conversar isso
com Titus, quando Tier saiu correndo do escritório dizendo que o pai tinha
desmaiado, chamou uma ambulância imediatamente.
Fizeram o possível e o impossível, mas não conseguiram salva-lo.
Depois do
enterro, na leitura de testamento, o cunhado que não sabia da venda da fábrica,
pediu a guarda do rapaz, bem como o direito de dirigir a fábrica.
O advogado, lhe
perguntou que fábrica? Titus vendeu
a fábrica a exatamente um mês, não sabia?
Ficou furioso,
dizendo que mesmo assim queria cuidar do fideicomisso.
Sinto muito, seu
sobrinho fez 18 anos, foi habilitado pelo pai, para cuidar de sua própria vida.
Nessa noite
estava em casa, quando Tier, chegou com duas malas, meu pai me disse que se as
coisas esquentassem com a família da minha mãe, que tu cuidavas de mim.
Ele só não previu
que sendo a casa propriedade de minha mãe, esses iam invadir a mesma.
Que fiquem com
ela.
Sentou-se com
Tier, lhe contou de Cabo Canaveral.
Mas podemos
seguir vivendo aqui, mas o mais afastado possível dessa família que só pensa em
dinheiro.
Claro que sim,
estive olhando uma casa na praia, mais para baixo, já quase estrada que usaria
todos os dias para ir a fábrica.
Todos pensavam
que eram pai e filho, por mais que explicassem não convenciam.
Tier disse que
queria fazer engenharia mecânica como ele.
Acho que devias
pensar bem no que queres fazer.
Sei que é isso, a
anos sou apaixonado pelas motos, bem como por motores.
Com sua herança
entrou para a universidade, a Paul o emprego não lhe trazia nada novo, porque
os projetos vinham desde a base americana.
Um vizinho, um
dia o viu mexendo em sua moto, perguntou se podia dar uma olhada na sua, trabalhava
na fábrica, provando motores de avião, conversaram muito. Começou a cuidar de sua moto, esse trouxe
outro amigo, assim foi aumentando a clientela.
Chegou um momento, que viu que ganhava mais fazendo isso que na Fábrica. Descobriu uma antiga garagem de carros,
grande, caia aos pedaços, pensou muito, conversou com o Tier, foi a luta.
Comprou a mesma
com suas economias, reformaram a parte de baixo, a de cima, dava para ver o
mar. Podiam ir à praia caminhando. Fizeram ali um apartamento imenso, como um
loft para os dois, a única coisa que eram fechada eram os quartos. Um dia, vais trazer alguém para dormir, quero
que tenha privacidade.
Tier estava mais
forte, tinha acabado a universidade. Seu
presente para ele, foi uma moto, tinham resolvido fazer uma viagem enquanto
faziam a obra, iriam atravessar de costa a costa, fizeram o roteiro, rindo
muito, pois algumas vezes discordavam, mas acabaram resolvendo como fazer, em
alguns lugares acampariam, outros dormiriam em motéis de estrada, só iriam
parar quando chegassem a San Diego.
Compraram os dois
jaquetas iguais, como se fossem uma equipe de motos, calças de couro, bem como
poucas mudas de roupas, sacos de dormir, uma tenda fácil de montar, só para o
caso de uma chuva que os pegasse desprevenidos.
Se comunicavam
pelos capacetes para alguma emergência.
Fizeram quase 800 quilômetros, de uma tacada, pararam para dormir num
motel, como sempre eram pai e filho.
Era a primeira
vez que compartiam quarto, riram disso, agora somos família lhe disse.
Na parada
seguinte, já quase chegando a New Orleans, se viram com um grupo de motoqueiros
dos Hells Angels, foram convidados para tomar uma cerveja. Contaram o que estavam fazendo. Um dos
motoqueiros, disse que apesar de entender de motos, a sua fazia um ruído
estranho.
O localizou em
seguida, consertou a moto para ele, enquanto Tier, olhava outra, ganharam ali
um dinheiro. Esse homem viriam saber
depois era o chefe dos mesmo nessa região.
Lhes anotou num papel, seu nome, número de celular, caso tivessem algum
problema.
Tier depois
comentou que tinha ficado com ciúmes, pois tinha um motoqueiro que não tirava o
olho do Paul.
Devia estar
vigiando se fazíamos alguma coisa com seu chefe.
Nada disso,
olhava para ti com desejo.
Acho estranho,
mas deixou passar.
Em New Orleans,
ficaram uma semana, se divertindo, assistindo a shows, encontraram com o grupo
de novo, realmente o homem não tirava o olho dele. Até que o abordou.
Queria fazer sexo
com ele.
Sinto muito,
estou viajando com meu filho, isso não está nos meus planos.
O grupo de
motoqueiros, iriam para San Antonio, disseram que os hospedariam.
Quando pararam em
Houston, os dois primeiro motéis estavam cheios, mais adiante encontraram um
com boa aparência, mas que só tinham uma cama grande, o homem disse, creio que
sem problema, não passa nada, um pai dormindo com um filho. Ia corrigir, mas Tier pegou a chave.
Quando foram
dormir, estavam cansados, tinham jantado bem.
Despertou de madrugada, com ele agarrado ao seu corpo, muito excitado,
se afastou lentamente. Primeiro
horrorizado, pois tinham um sentimento de pai, com Tier. Foi quando descobriu que para ele, não,
estava apaixonado a muito tempo por ele.
Não sabia o que
fazer, imaginou que fazendo sexo com ele, era como fazer sexo com ele mesmo, de
tão parecidos que eram. Tentou explicar
seus sentimentos a ele. Amei teu pai
com loucura, ele me pediu para cuidar de ti.
Assim fiz, nunca imaginei nada, eres como meu filho.
Isso foi motivo
de cara fechada até San Antonio, procuraram os motoqueiros. Ficaram hospedados na casa do chefe que
estava fora da cidade, no campo, mais parecia um quartel general.
Este soltou
quando estiveram sozinhos, pela tua cara vejo que tens problemas, posso ajudar.
Contou para ele o
que estava acontecendo. Não sei o que
fazer.
Este riu, pois do
meu lado o mesmo, meu filho não para de falar em ti, sempre foi muito fechado,
tentou ter um casamento, que não funcionou.
Na verdade, nem serve para isso, está aqui porque estou, é um excelente
mecânico. Entendeu quem era o filho a
que ele se referia.
Quando foram
dormir, Tier disse que tinha conversado com Jack, esta realmente apaixonado por
ti. Me fez ver que eu tinha sorte de ter
a ti como pai, pois o seu sempre foi distante, está aqui para agradar ao pai.
Nessa noite
sentiu que alguém entrava no seu quarto, colocava uma mão na sua boca, era o
Jack, foi um sexo diferente, de alguém que precisa de amor, quando ele ia
saindo depois de fazer sexo, disse que não, que ficasse. Tens medo dos outros homens?
De uma certa
maneira sim. Mas queria fazer o resto da
viagem contigo.
No dia seguinte Tier,
riu dizendo que cara mais relaxada. Eu lhe disse que não esperasse muito por
ti, que agisse.
Me disse agora de
manhã que vai falar com o pai, para ir conosco.
Lhe dei força, sempre esteve abaixo da asa de proteção do pai. Dois dias
depois quando partiram para Santa Fé, no meio do caminho Jack tirou o emblema
do grupo, assim não teremos problemas.
Agora ficavam em dois quartos.
Uma noite soltou, que tinha esperado muito encontrar uma pessoa como
ele, o sexo deles era completo, procuravam satisfazer aos dois.
Quando chegaram a
San Diego, aproveitavam a praia, Tier fez logo amigos, um lhe disse de um
master em mecânica para aviões patrocinado pelo ministério de aeronáutica, ia
tentar convence-lo que era perda de tempo, mas pensou bem, sabia que a vida era
dele. Além é claro dele ser responsável
pela sua própria vida, apenas conversou com ele, sabes que a porta sempre
estará aberta para ti, quando queira voltes.
Embora sua
intuição dizia que muita água passaria por baixo da ponte até isso acontecer.
Ele e Jack
despacharam as motos por transportadoras, foram de avião até Miami, depois para
sua oficina nova.
Os dois
trabalhavam de sol a sol, como se diz, lado a lado, embora notasse que as vezes
Jack ficava com ciúmes por qualquer motivo.
Várias vezes
comentou isso com ele, não gosto de ser vigiado, tampouco controlado, creio que
ou confias em mim, ou teremos problemas.
Seu primeiro
cliente, John Muster, sempre trazia sua moto como desculpas para tomar uma
cerveja, comentou com eles, me sobram poucos amigos, tinha tido um divórcio traumático,
a mulher não o deixava praticamente ver os dois filhos que tinham. O tinham pegado no pulo como ele dizia,
fazendo sexo com um companheiro da fábrica.
O juiz que lhe tocou, era contra relações homossexuais, por isso saiu
perdendo. Quando finalmente conseguiu o
direito de ver os filhos que agora viviam em Miami, o trataram como um estranho.
Sempre dizia que
com Paul podia conversar, o pior tinha sido o clima na fábrica, o rapaz com quem
o viram fazer sexo foi embora, mas ele estava basicamente sem possibilidades,
pois tinha que pagar a pensão dos filhos, tinha vendido sua casa, vivia num
quarto perto da fábrica, só lhe sobrava a moto, para se evadir, tomar cerveja
com eles, nenhum amigo mais.
O ciúmes do Jack
se tornou incontrolável, a um ponto de um dia o encontrar segurando o John pelo
pescoço, tentando agredir.
Ficou uma fera,
como ele podia fazer isso, John tinha sido quem o fizera levantar o que tinha
agora, além de ser seu amigo, necessitar de apoio, não de crise de ciúmes.
Quando aconteceu
a segunda vez, disse que não queria continuar com ele assim, que fosse se
encontrar com seu grupo, pensasse bem.
Nunca mais o viu,
ainda falou com seu pai. Este disse que
estava descontrolado, estava consumindo drogas, embora isso fosse proibido no
grupo que comandava. Já não sei o que
fazer.
O único que pode
dizer, era que Jack tinha sempre se ressentido de um pai ausente, que
necessitava disso.
Sentia que cada
pessoa que passava pela sua vida, era como se a vida borrasse depois, por algum
motivo se afastavam. Agora era ele,
quem sempre chamava o Tier, que estava encantado com o que fazia, depois do
Master, tinha sido escolhido para trabalhar na Nasa, tinha encontrado seu
lugar. O que lhe parecia estranho, era
que tinha se casado, já tinha um filho, quando muito lhe chamava por Ação de
Graça ou Natal.
John era, seria
sempre seu melhor amigo, agora estabilizado na fábrica, os dois viajavam
juntos, se aconselhavam. Mas ele queria
estar só, o quarto antes destinado ao Tier, agora era do John, ria muito com
ele, com a historia de ser um engenheiro mecânico, que tinha certos problemas
com os motores.
John as vezes
trazia alguém com ele, depois de tomar cerveja com os amigos, ele ao contrário,
estava ressabiado com isso. Não via
muito sentido, nas fodas de uma noite, pois o faziam se sentir mais sozinho do
que antes. As vezes até se esquecia do
relacionamento que tinha tido com o Jack, mas nunca esquecia do Titus. Tinha sido a pessoa que mais lhe tinha
marcado na vida.
Procurar alguém
parecido com ele, era difícil. Esse vazio
sempre ficaria na sua cabeça, as vezes de noite se pegava conversando com ele,
como sempre faziam, discutindo alguma coisa.
Agora tinha mais
ajudantes, mas seguia revisando pessoalmente as motos dos clientes, vinham
alguns de Miami, outros mesmo de lugares que nunca tinha ouvido falar, mas que
sabiam dele.
Um dia apareceu
um tipo, de longe parecia um mexicano, mas de perto se via que era uma mistura
de raças. Chegou numa moto que fazia um
ruído infernal, todo de couro, quando desceu da moto, ficou impressionado, o
sujeito tinha um corpo escultural, apertado no couro, bem como uma camiseta
ajustada.
Quando chegou
perto, percebeu que o tinha confundido com um mexicano, por causa do bigode
imenso que usava, além de estar tremendamente queimado do sol.
Se apresentou
como Antônio Field, sorriu quando percebeu que o tinha confundido com um
mexicano. Sou filho de uma portuguesa
com um americano. Apertou sua mão fortemente, que ele sentiu que ficava
excitado.
Venho de Boston,
ouvi falar de ti, minha moto, está com problema a meses, na vida para cá, quase
me deixa atirado na estrada.
Ficou observando,
quando disse que precisava tirar o motor completamente para examinar, foi como
fazer um exame médico.
Antônio, lhe
contou que tinham roubado sua moto anterior, que tinha comprado essa, que não
fazia mais que dar problemas.
O problema
Antônio, é que esse motor não corresponde a esta moto, veja aqui, trocaram a
peça que tem o emblema. Esse motor é
menos potente que a capacidade da moto.
Mas vou arrumar
para ti. Vou reconstruir o motor, mas
isso tomara seu tempo.
Esse ria muito,
pode tomar o tempo que quiser, acabo de ter uma aposentadoria forçada da polícia
de Boston, levei um tiro, fiquei sem um dos pulmões. Portanto, pode ter seu tempo, tenho sim que
conseguir um lugar para escrever, pois gosto muito disso, além evidentemente
dormir. Quem soltou a resposta foi o
John, viu que entre os dois soltavam chispas, podes ficar em casa, temos no
salão um sofá cama, tem dois quartos, um é meu, outro do Paul, lugar para
escrever tem muitos.
O levou para cima
para tomar um banho, com os dois banheiros, era fácil. O que o divertiu era que eram meio abertos,
não tinham portas.
Ele chamou a
atenção do John quando este desceu. Este
riu na cara dele, se ficaste de pau duro quando ele apertou tua mão, deixa
disso.
Quando subiram
para comer, sentiram um cheiro bom de comida.
Os dois por falta de tempo comiam comida já pronta. Deram de cara com o Antônio na cozinha. Tomei liberdade de olhar a geladeira, já que
me hospedam, posso pelo menos cozinhar, uma das coisas que faço bem, aprendi
com minha mãe portuguesa.
Os dois
simplesmente devoraram a comida, riam, acho que parece que não comemos a muito
tempo, pouco sobra de tempo, o John além de trabalhar na fábrica, leva a
contabilidade da oficina.
São companheiros?
Não, amigos de
muitos anos, trabalhávamos na fábrica, eu sempre amei as motos, comecei consertando
a sua, depois ele foi trazendo gente, como sempre o boca a boca entre os
motociclistas funciona. Vem gente de
muitos lugares.
Esse apartamento
foi feito assim, pois inicialmente iria dividir com meu filho, mas ele resolveu
depois de uma viagem que fizemos, fazer um master em engenharia para motores de
avião, hoje trabalha na Nasa, mal sei dele.
Explicou o que era o Tier na verdade, sempre o considerei como filho.
O John por
problemas de família, acabou vindo viver comigo, é meu grande amigo. Bah, nem sei por que estou explicando tudo
isso para ti.
Talvez porque
sabes que fui da polícia, posso estar aqui para te investigar, mas falou isso
olhando na sua cara.
Lá estava ele
outra vez de pau duro. John tinha que ir
até a fábrica para resolver um problema, ficaram sentados na mesa tomando um
café. Se deram conta que estavam um
olhando a cara do outro.
Escutei muito
falar de ti Paul, do teu comportamento com as motos, um amigo, me contou que o
primeiro que fazias era passar a mão por elas, como dizendo, vou cuidar de ti,
amiga.
Quando me
recuperei, imagina que sendo policial, tive a coisa mais idiota do mundo, saída
de uma investigação, como ia para a delegacia de moto, era o mais fácil para me
mover.
O sujeito que
tinha assassinado um casal de velhos, chegou por detrás, me deu um tiro, roubou
a moto, se mandou. Eu fui direto para o
hospital, tiveram que retirar o pulmão, pois demoraram para me encontrar,
jogado na sarjeta. Foi uma recuperação
lenta, dolorosa, para trabalhar era complicado, sentia falta de ar, se tinha
que correr atrás de alguém, depois de um exame, resolveram me aposentar. Embora me faltassem anos para isso. Tenho cinquenta anos.
Sem querer,
Antônio, estendeu a mão a colocando em cima da sua, foi como levar um choque
elétrico.
Se deram conta
quanto estavam nus no chão do salão.
Ficaram rindo. Nunca me apaixonei
na minha vida, quando me falavam em ti, idealizei um sujeito, carrancudo, que
só amava as motos, vejo que me enganei.
Ele tomou um
banho, desceu para trabalhar, tinha um sorriso na cara, quando o John chegou
mais tarde, riu dele. Antônio desceu,
perguntou aonde podia comprar peixe, para fazer uma sopa para nós.
Ele disse que o
levava, na sua velha moto, lhe deu um
capacete, subiram os dois, quando chegaram a peixaria, tiveram que ficar parado
um momento antes de entrar pois estavam os dois excitados.
Riram disso,
parecemos dois colegiais.
Antônio comprou
peixe e mariscos, para o dia seguinte.
De agora em diante a cozinha eram seus domínios.
John disse que
assim iam engordar muito. Depois ficaram
sentados conversando, qual o roteiro que ele tinha feito.
Inicialmente
pensei em ir fazendo um roteiro, parando em vários lugares, quando a moto
começou a dar mais problemas, resolvi vir direto.
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Quando soube que o Paul era de uma ilha, riu, minha mãe vai te
adorar, pois ela é dos Açores, uma ilha portuguesa. Veio para cá, jovem, começou a trabalhar no
dia seguinte que chegou, anos depois conheceu meu pai, que era da polícia,
acabaram se casando, os dois vivem até hoje um para o outro. Acho que parei na polícia por causa dele,
mas gostava mesmo era de escrever, depois do hospital, fiz um curso de
escritura, estou terminando meu primeiro livro.
Uma novela
policial, perguntou Paul por curiosidade?
Nada disso,
sempre tive mania de analisar por que uma pessoa chega ao ponto de matar a
outra, ou porque rouba, ou entra nas drogas, escrevo sobre isso.
Depois quero ler,
embora, minha leitura preferida seja sobre mecânica. Acho os motores uma continuação do corpo
humano, sou seu médico.
Na hora de
dormir, John de gozação disse, coloco lençóis no sofá, ou vão dormir
juntos. Nem tinham se dado conta que
estavam sentados no sofá de mãos dadas.
Dois homens com aspecto de brutos, segundo o John, dava uma foto sexi.
Já tinha
conhecido sua família, o que foi bom, se deu bem com todos, mas viver em Boston
nem pensar, Antônio, adorava viver em cima da oficina, dizia que estar escrevendo,
levantar a vista, ver o mar, não tinha preço.
Cinco anos
depois, John levou uma decepção, a toda regra, sua ex-mulher se casou outra
vez, os garotos optaram a levar o sobrenome do padrasto. Por mais força que os dois lhe dessem,
começou a beber demais, perdeu o emprego, além de se meter com quem não devia,
um dia não apareceu, Antônio que já
conhecia alguns policiais da zona, deu a queixa de desaparição, o encontraram
dias depois na praia, morto enforcado, os caranguejos tinham comido uma boa
parte de sua cara.
Para Paul, foi
uma boa porrada. Era seu melhor amigo,
ficou muito chateado, o pior foi quando seus filhos apareceram, para saber se
tinha deixado algo de dinheiro, os expulsou do apartamento. Os chamou de bastardos, o pai de vocês,
viveu trabalhando como um louco para que não lhes faltasse nada, vocês o
ofenderam demais, espero que a vida de vocês seja miserável, filhos da puta.
Só um foi ao
enterro, o outro não. Pediu desculpas,
tinham ido induzidos pela mãe, que achava que ele tinha dinheiro
escondido. Se ele mal chegava no final
do mês, pois ela sempre pedia mais.
Deixe enterrar
seu pai em paz. Pagou todo o enterro,
apareceram uns poucos amigos do John, falou na cerimônia, que tinha perdido seu
melhor amigo, que tinha estado com ele em todos os momentos, no final disse,
desculpe se te falhei em alguma coisa amigo.
Nessa mesma época
soube pela sua mãe que o pai tinha morrido, que gostaria de vê-lo, pois estava
velha demais para fazer uma viagem tão longa.
Ele e Antônio foram
juntos, tirou uma semana de férias. Tomaram
um ferry em Newcastle, seu irmão mais velho foi recebe-los no porto.
Falou que tinha
ficado com o restaurante, que agora iam bem, nosso pai, fez muitas besteiras
com seu mal gênio, conseguiu muitos inimigos, devia muito dinheiro, mas
consegui pagar tudo, agora estou reformando o restaurante aos poucos.
Abraçou sua mãe,
que apesar da idade, continuava sendo bonita, seus cabelos agora eram brancos,
abraçou o Antônio, vejo que cuidas bem do meu filho.
Depois foi ver o
velho Hank, agora levava a oficina sozinho, nenhum filho tinha se interessado,
as vezes passo semanas arrumando uma moto, só para me distrair.
Sei do seu
sucesso, teu nome é famoso, como o mago que sabe escutar uma moto.
A única que não
apareceu foi sua irmã, estava casada com um granjeiro, segundo sua mãe, tinha
encontrado sua forma, um homem como ela fechado em si mesmo, vivem numa granja
nas montanhas, fazem mais de dois anos que não os vejo. Tenho as vezes notícias por uma mulher que
vive ao lado. Mas só sabe o que vê, pois tua irmã, tem o gênio do teu pai, foi
a única que herdou esse caráter urano que ele tinha.
Cansei de mandar
presente para os meninos, nunca sei nada deles.
Se quer a levamos
até lá?
Para que? Sermos
mal recebidos.
Mesmo assim foram,
encontraram a casa fechada, a vizinha disse que os meninos estavam na casa de
um policial. Os dois tiveram uma briga
incrível, bêbados, acabaram um matando o outro. Menos mal que apareceram, os garotos, dá
pena.
Quando chegaram,
ele ficou com pena, eram uns garotos tímidos, mal sabiam ler nem escrever, pois
os pais não os mandavam a escola.
Conseguiram a
guarda deles, os levando para a casa de sua mãe. Estavam descalços, não tinham nem sapatos. Estavam sempre os dois, um segurando a mão do
outro.
O menor, foi quem
primeiro se aproximou do Antônio, que se pôs a conversar com eles, logo estava
rindo. Venha, vou fazer uma sopa para
vocês, os arrastou com ele para a cozinha, foi preparando a sopa, mas fazendo
que o ajudassem.
Quando a serviu,
disse que estava boa, porque o tinham ajudado.
Comeram como
loucos, diziam, que boa, que boa.
Descobriram
depois que na casa deles a comida as vezes faltava.
Sua mãe, disse
que não tinha idade para cuidar deles, seu irmão, tinha o restaurante, além de
uma mulher mau humorada 24 horas do dia, como ele dizia.
Os dois
sentaram-se no cais, para conversarem, longe dos garotos. Antônio, disse que
sempre tinha querido ser pai. Que os
ajudaria a criar.
Mas antes
sentaram-se com eles, para conversar.
Contou que viviam juntos, que tinha uma oficina de motos, que Antônio
escrevia, já tinha dois livros publicados, que eles viviam em cima da oficina,
tinham um apartamento imenso, que vocês podem viver conosco.
Mas eu teria que
os adotar, para poder leva-los comigo.
Como sou tio de vocês, não vai ser difícil, quero saber se querem ir
conosco.
O pequeno segurou
imediatamente a mão do Antonio, se ele me ensinar a pescar, para fazer a sopa,
vou.
Riram muito,
avisou que tardaria mais uns dias para voltar, foi duro, mas conseguiu um
processo rápido, graças aos conhecimentos do Hank. Quando entraram no ferry, riam muito, mas
quando chegaram ao avião, foi mais complicado, conseguiram sentar-se todos
juntos, assim seguravam a mão deles.
Em Boston, foram
visitar a família do Antônio, sua mãe, disse que qualquer coisa, ela iria até
lá cuidar deles.
No carro, iam na
janelas, cada um olhando um lado, chamando a atenção do outro, para o que
estava vendo.
Quando chegaram
em casa, era quase noite, ajudou o Antônio a subir as coisas que tinham
comprado para os garotos, roupas, coisas de primeira necessidade. Quando viram o tamanho do apartamento, ficaram
alucinados, o quarto deles, era do tamanho da casa que viviam.
Paul teve que
descer, para atender dois clientes mal humorados, pois não tinham tratado suas
motos como estavam acostumados com ele.
Os convenceu de trazer as motos no dia seguinte, para ele revisar todo o
serviço. Subiu furioso, não se pode virar
as costas, da próxima, vez fecho, é mais fácil.
Os meninos depois
de jantar, foram para a cama, Antônio os arrumou na cama, conversou com eles
sobre a viagem. Amanhã
temos que sair para comprar duas camas, ir buscar um professor para os dois.
Os meninos
disseram que sempre tinha dormido em cima do feno, que isso de dormir em cama
era novo para eles.
Realmente Paul
comentou com ele, minha irmã saiu ao meu pai, ele era igual, as coisas boas de
casa, era por conta da minha mãe, pois por ele dormíamos no chão como ele tinha
feito na sua infância. Ir a escola
para ele, era uma besteira.
Venha paizão,
vamos dormir, porque já sei que amanhã terei um dia infernal com as
reclamações.
A primeira coisa
que os empregados disseram, que a maioria que aparecia, perguntava por ele,
como não estava, iam embora. Os que
deixavam as motos reclamavam de tudo.
Sabia como
funcionava cada cliente frequente, como os deixar satisfeito.
Assim foi todo o
dia, quando subiu para almoçar, já estava exausto. Mas só de estar em casa, escutou o pequeno James,
contar como iriam estudar uma parte com o Antônio, outro com um professor que
viria até ali. O Bob, já era mais
fechado, soltou não sei se vou gostar.
Mamãe dizia que
estudar é besteira.
Só respondeu,
queres acabar como teus pais, vivendo daquela maneira, ou viver aqui.
Ele abriu os olhos,
viver aqui é claro.
Então tens que
estudar, para ser alguém na vida.
De tarde os
deixou andar pela oficina, o pequeno estava encantando, o vendo arrumar um
motor, que estava emperrado. Ele dizia
ao James, o motor, está de mal humor, que vamos fazer com ele?
Melhor dar um
caramelo para ele, verdade. O dono da
moto, ria muito.
São meus filhos,
disse ele ao cliente. A parte explicou
de aonde vinham, que eram filhos de sua irmã.
Sabes que minha
mulher é diretora da escola, quando tiverem prontos, fale comigo, assim te
apresento.
Quando estiveram
prontos para ir à escola, foi duro colocar os dois em classe separadas, mas o
pequeno era inteligente, logo alcançou o mais velho para ficar juntos.
Nunca se
largavam, se alguém mexia com um o outro tomava as dores. Antônio, não podia ser melhor pai, pois os
levava a escola, arrumou o horário de tal jeito, que fazia o café da manhã, os
levava a escola, compras, preparava o almoço, escrevia um pouco, depois a tarde
era dele. Escrevia até a hora do jantar, depois estava totalmente com a
família.
Um dia o pediu em
casamento, assim posso ser oficialmente pai desses garotos. Fizeram uma festa simples, sua família veio
toda, agora chamava a mãe do Antônio de avó.
Era como uma
grande família, quanto tinham aniversários, festas, eles sempre apareciam.
As crianças
conviviam com os filhos dos irmão do Antônio, eram seus primos.
Com isso ele até
se esqueceu do Tier, um belo dia, recebeu uma chamada telefônica dele, estavam
por perto, perguntou se podia vir visita-los.
Aparentava mais
idade que o Paul, com toda uma cabeleira branca, sua mulher era diferente, meio
chinesa, os meninos era adolescente, passaram o tempo todo, perguntando quando
iam embora.
Quem fez um
comentário, quando foram embora, foi o Antônio, este rapaz está meio perdido, é
como se não soubesse o que faz com essa família. Quanto ele perguntou do John, lhe contou o
que tinha acontecido, ele ficou branco.
Resolveu
chama-lo, para conversar. Ele estavam
hospedados, na antiga casa de sua mãe, finalmente a tinham devolvido. Se encontraram na praia, ficaram sentados um
largo tempo, o que está acontecendo Tier?
Tinha a cara meio
desencaixada, de quem chorou muito.
Discutimos mais
uma vez, ela quer ficar vivendo nesse casarão com os meninos.
A tempos conheci
um rapaz, fez estágio comigo, me apaixonei por ele, acabamos tendo um
relacionamento. Ela descobriu, faz da
minha vida um inferno. Quando viu vocês
dois juntos com os garotos, chegamos na casa da minha mãe, fez um escândalo,
aonde eu tinha metido seus filhos.
Os garotos sempre
passaram mais tempo com ela, que comigo, nunca tive horários, sem querer me
desatendi deles.
Ver vocês com
seus filhos, me fez lembrar da época, que eras meu pai. Chorava baixinho, que lastima que não soube
entender isso.
Te perdi, bem
como tudo que me davas, estavas sempre aí para mim. Estou farto do meu trabalho, por mais que eu
me dedique não me apaixona mais.
Ela agora quer o
divórcio, sabe que tenho dinheiro da herança, que nunca toquei, nem me
incomodaria deixar tudo para eles, afinal para os garotos não passo de um
desconhecido.
Esses meses que
estive com esse rapaz, foram os melhores em muitos anos da minha vida.
Confesso que não
sei o que fazer.
Ficou com lastima
dele. Só não faça o que o John fez, perdeu
tudo para sua mulher, hoje as coisas são diferentes, exija passar tempo com os
garotos, que um bom advogado negocie por ti. Não tente resolver tudo sozinho,
pois saíras perdendo muito.
Ele seguiu seus
conselhos, Antônio, conseguiu um advogado de Boston, este batalhou, a mulher
concordou que a casa era monstruosa para eles três, a venderam, repartiram esse
dinheiro, ela poderia ter um apartamento em Miami, para viver com os
rapazes. Ele pagaria uma pensão só para
eles, já que dava muito dinheiro para ela. Pagaria escola, faculdade, mas tudo
tinha que ter notas fiscais, nada de um valor na mão dela. Logo eles teriam 18 anos, seriam
independente.
Esta logo se
casou, os garotos vieram morar com o Pai.
Tier, agora sempre estava ali, deixou a Nasa, com uma boa pensão, pode
ter uma casa relativamente grande na praia.
O rapaz que ele gostava veio viver com eles, mas não se acostumou a essa
vida de família.
Mas era como ter
um filho pródigo, o que volta para casa, mas agora parece um estranho no ninho,
pois almeja o que teve no passado.
De novo foi
reconstruindo sua vida, ao mesmo tempo que se afastava deles.
Paul lhe disse na
cara, que isso devia ser herança genética da família da sua mãe, porque seu pai
não era assim.
Ele ficou
ofendido, depois veio dizer que tinha ciúmes como sempre do que ele tinha com o
Antônio, com os garotos, isso nunca poderei controlar, por isso me afasto.
A porta da casa
sempre estará aberta para ti.
Quando os garotos
foram para a universidade Tier, se sentiu verdadeiramente sozinho, aí os
procurava para conversar.
Via como o
Antônio tinha um relacionamento todo especial com os meninos, estavam grandes,
já falavam o que queriam estudar.
James, sempre estava metido com as motos, ajudando, passando
ferramentas, se podia dizer qualquer uma, ele sabia qual era, aonde estava,
para o que servia.
Bob era ao
contrário, tinha levado mais tempo, mas quando Antônio se colocava a escrever,
ele o fazia também. Dizia que queria
estudar literatura, ao lado de sua cama, sempre tinha uma pilha de livros.
Nunca tinha
imaginado isso, uma família, as vezes lutavam contra o preconceito, como iam
juntos a reuniões de pais, mas defendiam seu espaço. Quando os dois se formaram ao mesmo tempo para
em seguida irem a universidade, a surpresa foi que o orador era o Bob, primeiro
agradeceu a oportunidade que seus pais tinham lhes dado, saímos de lugar
nenhum, sem futuro pela frente, nos deram não só uma família, mas estudos, aqui
estamos partindo para um novo mundo, o dos adultos, esperamos sermos merecedores
de tudo que nos deram, corresponder a esperança que colocaram em nós.
Anos depois cada
um foi orador em suas turmas na Universidade, James, tinha ganho um prêmio,
construindo uma máquina super potente. Bob
tinha escrito um livro, contando sua trajetória de menino sem futuro, famintos
não só de comida, como de saber, falou mais do Antônio, que chorava
silenciosamente. Me ensinou a amar cada
palavra que escrevia, a contar as coisas como são, a olhar para frente, esse
livro dedico aos meus pais, não os que me geraram, mas sim aos que me fizeram
crescer.
Seguiram
partilhando suas vidas com seus pais. Em seguida Bob, escreveu a trajetória de
sua avó açoriana, que lhe contou toda sua vida, para que ele a escrevesse.
Antônio fez uma
gozação, para ele contaste tua vida, a mim não, fazendo uma cena de ciúmes.
O livro foi um
grande sucesso, depois transformado em filme.
James, junto com
seu pai Paul, construiu o primeiro sistema elétrico para um skate. Logo seguiu pesquisando.
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