martes, 17 de agosto de 2021

PÉ NA TABUA

 

                        PÉ NA TABUA

 

Estava estacionado na frente do banco que seus companheiros iam assaltar, não tinha tido opção, senão aceitar isso, sabiam que conduzia bem, precisavam de um motorista que os tirasse dali o mais rápido possível, tinham tido sorte, ficou prestando atenção pelo retrovisor.  Quando viu parar outro carro igual ao que estava, só que um ano mais novo.   De carro ele entendia, era sua paixão.  Desde que se entendia por gente, olhava os carros anotava mentalmente a marca para depois saber o ano, o modelo.

Desde os 15 trabalhava numa oficina mecânica perto de sua casa em San Diego, se é que poderia chamar de casa isso, um edifício velho, no qual havia que subir as escadas, pois o elevador era velho, só funcionava no final do dia, quando as pessoas voltavam do trabalho, manha do homem que tomava conta do edifício, ele acreditava mesmo que era para ganhar uns trocados, pois quando alguém pedia, lhe soltando algum dinheiro ligava o mesmo.

Viviam no último andar, um apartamento de dois quartos, uma sala mínima, com uma cozinha destas de armário. Um quarto era da sua mãe, outra de sua companheira de piso e trabalho, as duas se prostituiam.  

Sua mãe tinha sido uma mulher bonita, se via pelos seus modos de família bem.  A última vez que viu seu pai, saia algemado de casa, para a prisão.  Sua mãe nessa época trabalhava de garçonete num bar em que as putas iam sempre entre um cliente e outro.

Uma delas ficou amiga de sua mãe, com o que ganhava era impossível, se manter, me manter.  Isso sim exigia que fosse a escola, dizia que sem estudar eu não chegaria a lugar nenhum.

Nos primeiros anos, depois disso, eu era o melhor aluno da escola, por isso sofri todos os tipos de bullying, mas inclusive quando me chamavam filho da puta, não me incomodava, pois era uma verdade.      Eu procurava encarar sempre a verdade.

Sabia perfeitamente que era filho de um ladrão de pouca monta, com uma mulher que se prostituia para me sustentar.

Estava fazendo um módulo de mecânica, na escola, assim poderia arrumar emprego, justo no dia que fiz 15 anos, consegui um, comecei limpando a oficina mecânica, logo estava chafurdando nos carros, meu chefe era um bom sujeito, quando queria me provocar, olhava um carro, dizia que esse motor era do ano tal, eu lhe provava que não.

Foi ele quem me ensinou a conduzir, tinha estado preso durante alguns anos, por ter sido motorista de uns ladrões, o deixaram atirado, cumpriu pena, aprendeu na prisão a cuidar de carro, primeiro trabalhou para os outros até conseguir um local para montar sua oficina.

Atualmente ali, 50% dos empregados eram ex-presidiarios, tentando se regenerar, mas tinham dois jovens que não tinham maneira, sempre metiam em confusão.

Sabiam que num certo dia da semana, um banco, tinha mais dinheiro, pois era o dia que os funcionários públicos aposentados, vinham retirar seu pagamento.

Eu ao contrário necessitava de dinheiro, para mandar minha mãe, para uma clínica de desintoxicação, porque sua over dose da última vez tinha sido horrível.  Se não chego, bem como sua amiga Lili, estava fudida literalmente.  Conseguimos uma ambulância, subiram reclamando a levaram para o hospital.   Nos dois tivemos que ir de ônibus.

Dois dias depois a tinha colocado para fora, tinha feito sexo com um enfermeiro, para roubar medicamentos que estavam fechados na farmácia da urgência, o médico nos disse na cara, se ela não se cuidasse morreria.

As duas clínicas do governo já não a aceitavam, pois recaia nada mais ao sair.  O jeito era uma particular.

Lili se drogava as vezes, mas se controlava.  Minha mãe, tinha encontrado nisso a saída da merda de vida que levava.

Escutei tiros, liguei o motor, era hora de nos colocar em marcha. Abriram a porta do carro, dizendo, vamos embora, “pé na Tabua”, porra esses não eram meus amigos. Quando olhei para trás eles se deram conta, me apontaram um revolver, dizendo, vire à direita, pegue a interestadual.   Foram me dizendo como fazer.   Um deles dizia, o chefe não vai gostar disso.

Ele sabe para aonde vamos, afinal o esconderijo é dele, o homem foi me orientando, eu o olhava pelo retrovisor, me dei conta de que o conhecia, era meu pai.

Acho que de tanto olhar, me reconheceu, só disse Jimmy, que fazes aqui.

Eu estava com os dois que entraram antes de vocês. 

Agora já não existem, fizeram o serviços por nós, riu dizendo, ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão.

Chegamos aonde ele me fez ir, era uma granja abandonada, caindo aos pedaços, numa posição fantástica, se via a estrada. 

Quando entraram, retirei a chave do carro, só pensava aonde fui me meter, tenho que escapar daqui.   Não queria nada com ele, nem sabia que estava fora da prisão.

Os dois começaram a separar o dinheiro em três partes, notei logo uma coisa, claro todos queriam assaltar esse banco, porque o dinheiro não era novo, nem devia estar marcado, era já usado, para os aposentados, até nisso se saiam mal, dinheiro velho.

Nisso chegou o chefe, o reconheci imediatamente, era um dos homens que controlavam os que saiam da prisão.  Entrou gritando, que merda é essa, quem é esse garoto?

Por um acaso não estavas no lugar combinado.

Tive que ficar dando voltas, porque esse fedelho se meteu no lugar que eu queria.

Pois é ele estava com outros dois, que fizeram o assalto por nós, só tivemos que mata-los, levar o dinheiro.

Idiotas, isso é pouco, com certeza havia mais, sei que o que chega é, soltou uma barbaridade de dinheiro.

Agora o que vamos fazer com esse garoto, se afastaram indo para o outro quarto, eu não tive conversa, escutei meu próprio pai dizendo que não podiam deixar cabos soltos, que daria um jeito em mim.   Como já tinha matado meus amigos, cheguei à conclusão que era esse o plano.

Vi as chaves do outro carro em cima da mesa, peguei uma das bolsas com dinheiro, sai de fininho.    Pensei comigo mesmo “ladrão, que rouba ladrão, tem 100 anos de perdão” ao final disse filho da puta.

Entrei no carro mais novo, para fazerem o outro funcionar, teriam que fazer uma ligação direta, o que me dava um tempo de vantagem.

Me enfiei estrada a fora, era meio estreita, além de perigosa, quando estavam quase me alcançado, vi que meu pai, se colocava para fora, com o revolver, atirando, fui fazendo um zig-zag, mas senti no braço, algo quente, mas não olhei, não podia desviar o olho da estrada, de um lado tinha um precipício, além das curvas, o que conduzia, tentou se colocar ao meu lado, lhe dei uma batida, eles caíram pelo precipício.

Acelerei o máximo, pois tinha que escapar de qualquer jeito.  O para-brisa, bem como a o vidro traseiro estavam marcados pelos tiros, vi que uma bala tinha passado de raspão no meu braço, sangrava, mas pouco.  Nada mais entrar num bairro a entrada da cidade, procurei um beco para deixar o carro. Quando fui pegar a bolsa, vi que tinha outra, mais dinheiro trocado, além de joias, deviam ter assaltado uma joalheria antes.   Isso sim não podia levar, retirei só o dinheiro, ia limpar o carro, quando me dei conta que ainda levava as luvas postas.

Sem problemas, em momento algum tinha tirado as luvas, vi uns trapos, limpei só o sangue que tinha caído do meu braço, fiz uma bandagem com um outro troço de trapo, aguentaria até chegar em casa, já tinha dinheiro para internar minha mãe.

Tomei um ônibus, para não chamar atenção, me sentei no último banco, antes de subir ao mesmo tinha jogado fora o gorro, bem como as luvas que tinha usado.

Subi correndo até o apartamento, fiquei parado na porta, no sofá cama que dormia, estava minha mãe, ainda com a seringa no braço, mas já começava a ficar fria, não sentia o pulso, isso não tem jeito,  Entrei correndo no banho, me lavei, troquei de roupa, por uma limpa, que eu mesmo tinha lavado, uma calças jeans normais.   Peguei os documentos de minha emancipação, o dono da garagem a tinha convencido, pois eu precisava de uma carta de motorista para conduzir para ele.   Agradeci mentalmente a ele.   Escutei ruído nas escadas, era a Lili que subia com algum cliente matutino, algum velho com certeza, pois reclamava.  Ainda a escutei dizendo, tivesse dado o que te disse ao homem do elevador.

Abri a janela, sai para a escada de incêndio, fui descendo rapidamente, sai atrás do edifício, cheio de latas de lixo.

Dali foi um pulo pegar um ônibus para o centro da cidade.   Mas desci antes.  Tinha que parar um momento para decidir o que fazer.

Podia pegar um ônibus de larga distância, ou sair pelo aeroporto, o aeroporto tinham câmeras de vídeo, a estação de ônibus não, o jeito foi chegar a mesma, pegar um bilhete para o próximo que saísse em qualquer direção, vi no placar, Dallas.   Pois é para lá que eu vou.

Meu blusão estava meio manchado, no braço pelo sangue, mas também tinha manchas de graxa, por isso passaria.  Tinha sim um buraco da puta bala de meu pai.  Mais uma vez pensei, filho da puta.

Resolvi comprar algo de comida, no ônibus tinha um cartaz que dizia que era proibido comer dentro, comprei um coca cola, um sanduiche grande.  Fiquei com o olho atento ao ônibus que estava estacionado, bem como no noticiário,  falavam do assalto, acreditamos que o pai matou seu próprio filho, toda uma tragédia, realmente um dos rapazes se parecia com ele, mas era mais velho alguns meses, tinha saído de um reformatório, tinha mais ou menos o mesmo corpo, depois falavam do acidente de carro, claro no carro tinham as duas outras maletas do roubo.   Ele tinha trocado, colocado tudo na sua mochila, que estava como se estivesse roupa dentro, mas só levava a que vestia.  Já compraria algo.

Um carro de um homem do campo, vinha atrás, tinha comentado do carro que ia a frente, dos tiros, como o outro carro tinha atirado este penhasco abaixo.  No noticiário, continuava, o pai matou o filho, mas depois acabou morrendo, se não fosse pouco a mãe do mesmo tinha morrido de over dose horas antes.   Enfim toda uma tragédia.

Se via o dono da mecânica, que tinha ido reconhecer o cadáveres dos empregados, nunca pensei que esse menino fosse se meter nisso.   Como era menor, não mencionavam seu nome.

Isso ficaria nas notícias locais, viu que o motorista abria a porta do ônibus, acabou de comer o sanduiche no adem, foi se sentar num dos últimos bancos, sabia que daria mais saltos, mas era o melhor.

Só relaxou quando saíram na autovia em direção Sacramento, depois com certeza viria Santa Fé, mais tarde Dallas, pararia em várias cidades.

Os problemas de sua mãe tinham começado, quando um dia desesperada, chamou sua mãe, eram de Chicago, quando está perguntou quem era, num fio de voz, disse sua filha.  A outra respondeu secamente, não tenho filha, só um filho.   Minha filha morreu no dia que saiu de casa, por favor, não chame mais, estou jogando Bridge.

Foi quando lhe contou que era de uma família bem de Chicago, tinha conhecido meu pai numa discoteca, nem sabia de aonde ele tinha saído.   No meu registro só constava o nome dela, pois o dele era de um ladrão, isso ela fez para me proteger.  O adorava, mesmo sabendo o que ele era, se derrubou a primeira vez quando ele foi preso, mas nunca o foi visitar na prisão, tinha que trabalhar.   Tentou de todos os meios sobreviver como garçonete, mas não tinha como aguentar isso.   Claro o meio mais fácil foi a prostituição.

Agora estou livre pensou, pois até eu mesmo morri, quando foram fazer o assalto, tinham lhe avisado para não levar documentos, assim seria melhor.  Talvez por isso o tinham confundido.

Pelo menos estou morto, quando o tinham mencionado, tinha falado seu nome com o sobrenome do pai, o que ele não tinha em seus documentos.

Por enquanto estava a salvo disso tudo.

Quando chegou a Dallas, com o corpo rebentado de cansado, passou numa loja, comprou, uma calças jeans, camisetas negras, bem como uma jaqueta de jeans negra também, cuecas, meias, entrou num hotel desses que ficam ao lado da estação de ônibus, pegou um quarto daqueles que não trocam a roupa de cama a anos, se jogou dormiu, umas horas, depois abriu a mochila, viu quanto tinha de dinheiro, era bastante, tomou um banho, embaixo do chuveiro que tinha uma aguas meio suja, se lavou direito com esses sabonetes minúsculos que tem nos hotéis, pensou se dou no pé em direção a Chicago, ninguém sabe que minha mãe é de lá.  Quando muito a vão enterrar como indigente.

Entrou numa agência de viagens, perguntou quanto custava um bilhete para Chicago, agradeceu, bom isso não é nenhuma fortuna, a mulher lhe deu os horários.

Antes fez uma coisa, parou para pensar, se vou de avião, verão o dinheiro, o único jeito que tenho, é abrir uma conta num banco.

Foi o que fez, perguntou antes se podia transferir esse dinheiro para Chicago, o homem olhou para ele pois era uma boa quantidade de dinheiro, explicou, acabo de receber como herança.

Esperou que lhe fizessem um cartão de crédito, o ativassem.

Agora era tentar, afinal seu nome não constava em nada, Jimmy Hayden, nada mais simples.

Entrou numa loja, comprou outro par de roupas, agora umas duas camisas com pequenas estampas, como usavam os jovens da sua idade, pagou com o cartão de crédito, funcionava.

Levava só uma pequena quantidade de dinheiro para pagar o voo, bem como para os primeiros momentos. 

Entrou numa cabelereiro, cortou os cabelos, mandou clarear um pouco, como usavam os jovens, as pontas do cabelos crespos descoloridos, assim ficava diferente.  O homem ainda fez uma gozação, devia raspar esse bigodinho, mas fez que não escutava.

Lhe fazia mais homem pensava.

Foi para o aeroporto, entrou num banheiro, se lavou outra vez, depois comprou o bilhete, perguntando a que horas chegaria lá.   Isso lhe daria tempo de procurar algum lugar para ficar.

Sentou-se ao lado de outros jovens que iam de passeio, falavam do pequeno hotel de estudantes que iam se hospedar, como quem não quer nada, perguntou aonde era. Lhe deram a direção.

No avião não eram lugares marcados, se sentou no último assento, assim podia ver quem entrava.  Ele na verdade estava bem livre, só tinha a mochila com algo de roupa.

Saiu antes do aeroporto, fez uma extravagância, tomou um taxi, chegou muito antes dos estudantes.  Se registrou, pagou para dois dias, realmente não era caro, mais barato que a merda que tinha usado em Dallas.  Mas era um quarto franciscano, uma mesa de estudos, uma estante, um armário que era aberto, com alguns cabides, um quarto de banho pequeno, o chuveiro, a pia, o cagador como ele dizia, mas as toalhas eram limpas.  Desceu de novo foi a um pequeno mercado perto, comprou pasta de dentes, sabonete, escova de dentes, um champô, tudo que necessitava nesse momento.   Viu uma promoção de cuecas, vinham três num pacote. Quando saiu viu um pequeno jornal com anúncios, iria olhar para ver se encontrava algum apartamento pequeno.

Estava comendo na lanchonete do restaurante, quando escutou um empregado dizendo que tinham quartos de larga duração, no edifício ao lado, se cobrava por mês, a maioria dos hospedes, eram estudantes, ou divorciados que esperavam encontrar uma nova casa.

Se informou com o homem, ficaria os dias que tinha pagado de um lado, depois passaria para o outro.  Primeiro era encontrar um emprego.

Buscou emprego no pequeno jornal.  Viu um anúncio que lhe interessou, precisa-se de chofer, jovem para trabalhar conduzindo pequenos veículos de entrega, quando viu o nome da empresa, riu. Era seu próprio sobrenome.    Empresas Hayden.

No dia seguinte se apresentou, quem lhe atendeu, estava com muita pressa, perguntou se ele conhecia a cidade, disse honestamente que não, perguntou se o veículo não tinha gps.

Claro que sim.

Então é pão comido.  Daqui algum tempo saberei me mover pela cidade como um peixe no mar.

Deu seu endereço, mas não disse que era um hotel.

O olhou seu sobrenome, eres parente do chefão.

Nunca o vi mais gordo, venho do interior do Texas, aonde vivi os últimos anos.

Bom, vamos te contratar por um período de um mês, aqui os veículos, tem cronómetros para o tempo de entrega.

Venha, vamos a plataforma, montam a lista de uma maneira de como seguir um cordão, é só seguir o roteiro, colocas o primeiro no gps, fazes a entrega, assim por diante.

Ah, antes, foram ao armazém, lhe deram uma camiseta que deveria usar, bem como uma placa de identificação.

Lá foi ele feliz da vida, o que iria ganhar, daria para pagar um quarto, mas arrumaria um jeito de não gastar muito dinheiro.

Voltou antes do tempo, o que seria seu chefe disse, muito bem garoto, te dá tempo de fazer mais um roteiro, lhe deu um tique, vá até a lanchonete, coma algo, volte aqui, isso consta como duplo no salário.

Comeu rapidamente, a comida não tinha gosto de nada, preferia a que ele fazia em casa. Foi ao banheiro, deu uma bela mijada, lavou a cara, se apresentou ao chefe.

Muito bem, vejo que es rápido.   Aqui o pessoal se contenta com uma rota por dia, ou tem outro emprego, mas se fazes duas ganhas o dobro.  Vamos ver como te sais nos dias seguintes, assim podemos fazer isso oficial.    O sujeito lhe caia bem.

Fez a seguinte, que era mais longe, mas ele não perdia tempo.   Voltou o chefe ainda estava fazendo anotações.  Soltou para quem não conhece a cidade, vais bem.

E difícil manter o pessoal, dizem que é um trabalho chato.

Logo conseguiu se orientar sem o gps, bem como conversando, descobriu que uma grande parte vivia ali perto, sempre havia uma casa que alugava quartos com banheiro, no sótão da mesma, encontrou uma na casa de uma senhora muito simpática, que tinha inclusive uma entrada meio separada.   Podia entrar, sair sem incomodar.

Só tinha que deixar a roupa de cama, bem como sua roupa numa trouxa ao pés da porta que ela se encarregaria de lavar, passar.

Era um achado.   Fez a mesma pergunta sobre seu sobrenome, lhe respondeu o mesmo, acreditava que existia mais gente com esse sobrenome, era só uma coincidência.  Era o primeiro a chegar, voltava antes dos outros, não pedia cupom como em seu quarto tinha uma pequena geladeira, preparava sanduiches, ou se tinha muita fome comia em algum lugar durante o trajeto, com os dois trajetos por dia, quando chegou ao fim do mês, tinha o salário dobrado.    Pagou tranquilamente o aluguel da senhora.  Sujava muito pouca roupa, pois usava a camiseta da firma quase o dia inteiro.

No final de seis meses estava tranquilo, foi chamado a direção, se espantou, encontrou o chefe com um homem muito alto, mas se prestava atenção se parecia com a sua mãe.  Fez um verdadeiro interrogatório, de aonde era, seu sobrenome.   Foi franco, tinha vivido no sul muitos anos, quase sua vida inteira.   Sua família era de lá, era uma meia verdade, pois seu pai sim era de San Diego.

Bom disse o homem, preciso de alguém que me conduza o carro, quando me movo pela cidade, ou se minha mãe precisa se mover.  Aviso, tem um mal gênio congênito, se ela não te dirigir a palavra, fiquei quieto.   Tens um traje completo, de preferência negro, só fale com ela o necessário.  A mim quando me levar, eu aproveito os trajetos entre as fabricas, para trabalhar, falarei pouco, não suporto ser interrompido.

Amanhã te espero, lhe deu o endereço, chegue sempre antes, vá a entrada de serviço te identifiques, te darão o café da manhã.

Almoçaras quando eu for almoçar.

Tens a tarde livre, lhe disse o valor do seu salário, era o triplo que ganhava atualmente.

O chefe não tinha gostado da ideia, ninguém fica muito tempo atendendo a família, a velha é grosseira.    Ele outro tanto, mas tem que se mover entre as fábricas.   Eu que queria te colocar de meu ajudante, meus planos se foram ao caralho.   Não sei quem falou de ti para ele, alguém que não gosta de ti.    Espero que aguentes.

Perguntou somente aonde podia comprar um traje, este lhe indicou uma loja.

Foi, olhou todos os trajes, rapidamente escolheu um ele mesmo, negro, com camisa negra, gravata negra.  Foi a um barbeiro, mandou corta os cabelos bem rente a cabeça. Assim poupava tempo de ficar se penteando.    Parou para comprar uns sapatos confortáveis que combinassem com sua roupa.   Tinha se esquecido se domingo teria dia livre.

No dia seguinte chegou na hora que ele tinha dito, era uma mansão de fazer gosto, imagino minha mãe abandonar tudo isso, por amor.  Por isso acabou como acabou.

Cumprimentou a todos, se apresentou simplesmente como Jimmy.

Um homem, ele descobriria depois que era o mordomo, lhe levou aonde estava o carro.

Primeiro ligou o motor, viu que tinha gasolina, foi orientado que antes de deixar o carro, o mesmo devia ter o tanque cheio, terás que fazer isso no armazém.  O olhava com cara de pena, seu roteiro hoje, será levar o senhor, voltar, para levar a senhora a missa, esperar, para depois leva-la para o chá com as amigas.   Hoje ela almoça com o filho na cidade.  A deixaras no hotel aonde costumam fazer isso, iras buscar o filho. Volta, espera que terminem de comer, a trazes de volta, se o senhor quiser alguma coisa te avisa.

Só não me disseram nada com respeito ao final de semana?

Aqui só irás trabalhar de segunda a sexta-feira, sábado, domingos, a senhora não sai, o senhor sai com seu carro esporte.

Parou o carro na porta da casa, colocou a direção no gps, sabia que se ele tinha pressa tinha que fazer o caminho mais curto, caso contrário o mais largo.

Ele saiu, abriu a porta para o chefe, que não lhe respondeu, estava de mal humor.  Só lhe disse fábrica rápido.  Seguiu o roteiro mais curto, se movendo bem no transito.   O escutou falando por celular com alguém sobre aplicação, de compra e venda de ações, ficou nervoso com o que lhe diziam por telefone, soltou uns quantos palavrões, quantos milhões perdemos nessa merda.

O deixou na porta que lhe indicou, voltou para a mansão, mal chegou entrou a senhora no carro, a porta foi aberta pelo mordomo.  Colocou a direção da Igreja que ela iria, se via que estava de mal humor, quase soltou uma gargalhada, pois sua mãe quando ficava irritada, fazia a mesma coisa.

Tinha vontade de dizer, olá minha avó, como vai.

Mas fez exatamente o que lhe tinham mandado fazer, sem fazer nenhum comentário, só tinha dito bom dia, que ela não respondeu.

Chegou a igreja abriu a porta, estendeu a mão para a ajudar a descer, isso pareceu surpreende-la.    Vou demorar somente o necessário, porque se o padre faz uma sermão grande, o mandarei a merda.    Não esperava a ver falando assim.

Mas nem um sorriso emitiu.

Fez exercício, não podia correr, mas sim andar de um lado para o outro.

Voltou uma hora depois, nesse tempo ainda ficou uns 15 minutos falando com outra mulher.

A trouxe consigo, deu uma direção.   Vou levar minha irmã em casa.

Viu que a mulher o olhava com curiosidade, mas não fez comentários.

Vivia num edifício de apartamentos modernos.

Não falaram nada durante o trajeto inteiro, quando chegaram, desceu para abrir a porta, está agradeceu.

Mas achou estranho, se estava falando antes, não escutou nenhuma palavra.

Disse o nome do hotel, fez o que o mordomo tinha falado, desceu abriu a porta, espero que descesse, depois foi buscar o filho.

No caminho o filho não parava de falar com alguém, para ir aplicando em duas companhia, compre tudo que seja necessário.

Enquanto esperava que comesse, comeu em pé num bar quase em frente do restaurante, algo rápido pois podia sair a qualquer momento.    Mal os viu despontar no alto da escada, lá estava ele com o carro esperando, com a porta aberta para a senhora.   Fez o mesmo para ele.

O tio como um garoto obediente, foi relatando tudo que tinha feito durante o dia, bem como que ações tinha comprado.   Ele memorizou.   Quando o dispensaram, o mordomo veio falar com ele, perguntou se tinha alguma coisa extra para o final de semana.

Nada, qualquer coisa te chamo pelo celular, venha de taxi, aqui pagarei o que tenha que pagar.

Perguntava, pois o carro tem um ruído estranho, gostaria de dar uma olhada no mesmo.

Normalmente o senhor manda o carro para a fábrica.

O senhor me desculpe, mas esse carro já deve ter passado pela mão de muita gente, pode ser isso, poderia vir amanha de manhã, para dar uma olhada?

Desde que não te acerques a casa tudo bem.

Foi embora rindo, tomou um ônibus, tinha visto na garagem ferramentas, como sabia que o banco ainda estava aberto, se informou, pois tinha transferido seu dinheiro, se ele fosse aplicar dinheiro, se o banco fazia isso, ou teria que procurar uma empresa.

Temos um departamento, chamou por interfone uma pessoa, este lhe perguntou o que queria fazer.   Queria experimentar investir em algo.   Comprar ações de tal empresa, disse um valor, achas que consigo comprar.

A partir desse dia, passou a olhar os jornais, até entender perfeitamente a jerga disso tudo.

De manhã seu tio mandou vender as que tinha comprado, quanto tinha ganho no negócio, quando o deixou na porta da fábrica, lhe disse que esperasse pois tinha uma reunião rápida.

Ele aproveitou, ligou para o rapaz do banco, disse venda essas, compre essas outras, quanto ganhei, tinha dobrado seu dinheiro.    Bom coloque de volta o dinheiro inicial na minha conta, compre dessas outras, com o lucro.

Tens cabeça garoto.

O levou a empresa de transporte aonde tinha uma outra reunião, no caminho o escutou falar com alguém da administração da empresa, que precisava mover capital.  Vou vender, 5 por cento de ações da transportadora.   Quando o deixou, avisou seu agente do banco, disse o que ia acontecer, compre essas ações, se perguntam o nome diga, usou o sobrenome de seu pai. A partir de agora, cada vez que vendam ações dessas empresas me fale, eu compro.

No carro muito mais tarde, o levando para casa, pensou consigo mesmo, esse trabalha pouco a não ser que faça alguma outra coisa.

Mal guardou o carro na garagem, seu tio comentou com ele, o ruído do carro desapareceu.

Sim, eu o revisei no sábado, pois me incomodava. 

O levaste à oficina da empresa?

Não senhor, olhei eu mesmo, cada pessoa tem uma maneira de conduzir um carro, por isso, fica o com esses ruídos.

Não esperava nenhum elogio, mas escutou, “não espere que eu te pague mais por isso”.  Abriu a porta do carro, apareceu o mordomo, retirou a gravata, entregou tudo ao mesmo, pegou a chave de um descapotável Ferrari que estava ali, entrou no carro, desapareceu.

Ele como tinha o dia livre, foi a uma biblioteca, examinar tudo a respeito da família, os negócios que tinham, em momento algum mencionavam sua mãe, apenas o filho.

Tornou a aplicar dinheiro no que tinha escutado nesse dia.  Ao final de um mês tinha ganho suficiente para comprar uma moto de segunda mão, que ele mesmo arrumou, nos momentos que estavam no armazém.

O seu antigo chefe veio falar com ele.   Veio me agradecer ter-te indicado, eres como ele gosta, o que não entendi, foi que eu não te recomendei, mas vou descobrir quem foi.

Ao cabo de seis meses tinha dobrado o capital investido,

Um dia pela manhã, discutia com alguém, o dinheiro que entrou da venda da ações foi como tapar o buraco de um dente, terei que fazer o mesmo com a fábrica, coloque cinco por cento a venda.

Ele o comprou imediatamente.   No dia seguinte pela primeira vez escutou o nome da pessoa a quem dava essas ordens.  O mais interessante foi que usou inteiro, “Gilbert Hosken”, quem será que está comprando nossas ações, pois as compra firme, ou seja, compra tudo.  Não quero ter a surpresa de amanhã ou depois ter que discutir com uma pessoa sobre como dirijo minha empresa.

Depois ouviu ele falando com alguém da empresa, relativo a entregas, que havia insinuações que o chefe dos transportes, tinha um relacionamento com outro empregado.

Assim que pode avisou o mesmo.

Ah finalmente sei que está fazendo isso, mas ele não me conhece.  Essa víbora do departamento pessoal, não perde por esperar.  

No dia seguinte, escutou que o Tio, reclamava, porque estava tão difícil contratar gente. Quando acabou de falar, pela primeira vez nesse tempo todo, lhe perguntou se o tinham contratado fácil.

Fui bem atendido, o chefe de pessoal, dizem, não sou eu que digo nada disso, reclamam que ele discrimina os negros, os asiáticos, ou gais, que só quer gente branca no departamento de entrega.   Mas quando fazemos entregas, temos clientes dessas etnias todas.  Não entendo por que, será que acha que um negro, ou um asiático, um gay, conduzem mal, o pior se isso sai nos jornais mancha o nome da empresa.

Obrigado Jimmy.

Avisou ao chefe dos transporte do que tinha falado.

Mal falou com ele, este foi chamado para falar com o patrão.   Confirmou o que ele tinha dito, que discriminava as pessoas, o senhor imagina que espalhou um boato que vivo com um rapaz da empresa.   Ora esse tipo de comentário pode destruir uma vida.

No dia seguinte o chefe de recursos humanos foi despedido.

Sabia que tinha conseguido um amigo para toda vida.

Procurou ser o mais discreto possível, numa das vezes, escutou falar de uma empresa que competia com eles, que tinha colocado no mercado ações pois precisava de dinheiro, dizia ao tal Gilbert que comprasse o máximo, assim com o tempo podiam assimilar a mesma.  Justo em seguida desceu do carro, ele aproveitou falou com o Herman do banco que comprasse essas ações imediatamente, que comprasse o total.

Procurou se informar da outra empresa, fazia o mesmo tipo de transporte que eles, mas precisava se modernizar.   Era dirigido por uma família, também, rival deles.  Só que transportavam todos os tipos de produtos de outras empresas.

Estudou a empresa a fundo, sua mãe ficaria orgulhosa, sempre tinha sido um aluno brilhante, só não tinha podido ir à universidade.  No final de semana convidou o chefe de transporte que estava de folga para comer.

Perguntou da outra empresa, o que ele achava. Estão meio enforcados, mas com algo de dinheiro, eles poderiam ir em frente.

Ficou pensando muito no assunto, a do seu tio tinha valorizado bastante, se vendesse tudo que tinha, teria dinheiro para investir na outra.   Descobriu com quem tinha que falar.

Alugou um carro esportivo no final de semana, foi a casa do rival, se apresentou.  Não confunda, antes de mais nada não sou parente de Ary Hayden, mas quero lhe propor um negócio, estive estudando sua empresa, inclusive com uma pessoa que entende do assunto, eu mesmo já trabalhei nisso.    Tenho dinheiro, posso investir na sua empresa, mas quero poder ter voz ativa na sua modernização, bem como trazer uma pessoa para cuidar dessa área.   Se isso os interessa podemos conversar.

Eres muito jovem?

Mas não sou tonto, começou analisar tudo que sabia da empresa.

Quando falou que tinha inclusive contratado o chefe de pessoal da outra empresa, soltou, grande besteira, fui eu que o fiz despedir.  O que ira fazer, será jogar um funcionário contra o outro para ter poder.

O homem ficou olhando para ele.

Seguiu, a tua frota é maior, mas não tem gps, tampouco tem horários interessantes, se tivesse horários compatíveis, se poderia contratar estudantes que tem parte de dia livre, para fazer entregas.  Um dinheiro extra sempre vem bem a estudantes que vivem de uma bolsa de estudos, precisam completar para seguir em frente.

Depois de meia hora argumentando, viu o homem sorrir.

Podemos fazer negócio, vejo que não eres tonto.

No seu último dia de serviço, escutou o Ary irritado, falando com o tal Gilbert, quem foi que colocou essas ações nossas a preço tão baixos, a estão vendendo picado, como se fosse uma necessidade da nossa empresa fazer dinheiro.  Compraste as ações de Andrew Norton?

Como que já não estão no mercado?   Que merda é essa, descubra o que esta acontecendo, ou te mando para a casa do caralho.

Nesse dia, levou sua avó, para fazer umas compras, ela foi extremamente mal educada, com um homem que vinha trazer suas compras.

No carro a caminho de sua casa, soltou, me tinham dito que a senhora era uma mal educada, mas não imaginava que era tanto, por isso imagino que seu filho é um trouxa, pois não o deixa decidir sua vida, todos de sua família devem ser infelizes.

Como se atreve, quem eres tu para falar assim?

Simplesmente teu neto, parou o carro no meio do caminho, creio que a senhora devia andar mais, para gastar suas energias, a retirou do carro, foi embora, o deixou na garagem, avisou o mordomo, procure a senhora no meio do caminho, eu me demito.   Se fosse tu, mandava essa velha tomar no cu.

Passou na central pediu as contas, chamou o chefe de transporte, lhe perguntou confias em mim?

Sim, amanhã, dirás que estás doente, vá a uma entrevista no departamento pessoal da empresa rival.   Te espero lá.

Ficou de boca aberta.

Eu confio, bem como preciso de ti.

Pode deixar, amanhã não virei trabalhar, te vejo lá.

De fato, no dia seguinte, foi, Jimmy o esperava, com uma roupa mais relaxada. Contou todos seus planos, vamos colocar cartazes nas universidades, inclusive vamos contratar mulheres que precisem de trabalhar.   Vamos mostrar a esses como é trabalhar duro.

Seis meses depois tinham tirado uma boa parcela de clientes do seu tio.  Tinham melhorado a frota, colocando gps, ele se divertia pela tarde, melhorando os carros, disse ao seu companheiro de batalha, os carros devem ficar a maior parte do tempo com um só motorista.

Logo tinham umas 10 condutoras, disse ao Henry, na rota dessas mulheres, coloque as entregas que sejam para senhoras que vivem em casa, comece a descobrir quem são os nossos clientes, no final do ano, mandou preparar um pequeno presente, tinham feito uma lista de clientes mais tradicionais, os que sempre pediam que eles fizessem o transporte, nome endereço, idade, quem fazia melhor isso era as condutoras mulheres. 

O Andrew, numa reunião disse, me sacaste do buraco, agora temos uma empresa em expansão, mas quero que venhas comigo a uma reunião em NYC.

Nos hospedaremos num bom hotel de luxo, para manter aparências.

Te enganas, nos hospedaremos num hotel normal, nada de gastos com aparências, não podemos enganar os clientes.

Andrew, riu, dizendo aonde andaste todo esse tempo duende mágico.

Seu tio tinha readmitido o do departamento pessoal, não achava que se devia contratar mulheres.

Andrew no voo comentou, é uma empresa que querem que além do transporte de suas mercadorias, junto vá um técnico para montar.

Era uma empresa importante.   Disseram o que queriam.

Andrew falou, nos interessa, os apresento meu sócio, Jimmy Hayden, logo lhe perguntaram se era parente do Ary.    Só se for da parte negra da família.  Trabalhei sim para eles, aonde aprendi o que não se deve fazer.

Entendo, gosto da sua proposta, mas o importante, vou direto ao problema, fez uma lista.

Vocês darão um treinamento ao nosso pessoal, como se montam os aparelhos?

Pagaram uma parte do salário, porque vejam bem, não sabemos quanto tempo se gasta montando um aparelho que vocês vendem.  Depois se as caixas são realmente revisadas, se vão com todos os componentes perfeitos.

Gostaria agora mesmo de experimentar montar um aparelho desse.

Um senhor que estava sentado na cabeceira da mesa sorria.  Gostei.

Chamou uma secretária, diga a um montador que esteja no edifício que venha aqui.

O homem chegou com uma bolsa presa na cintura, uma macacão com o emblema da empresa, colocou uma caixa em cima da mesa. 

Ele se levantou, não deixou o homem abrir, ele mesmo o fez, leu as instruções, pegou um lápis que estava na mesa, foi rabiscando algumas coisas, pegou as ferramentas, montou rapidamente a peça.

Me desculpe, primeiro o livreto de montagem, é confuso, mostrou o que tinha visto, depois, esse aparelho, dentro em breve vai ter problemas, mostrou aonde no motor.  Isso seria uma venda enganosa, sujaria nosso nome, creio que tanto eu como meu sócio declinamos sua oferta.

A cara do velho era ótima, veio até ele, me mostre a peça que o senhor diz.

Veja a discrição dela na caixa é que é fabricada de aço, mas isso é alumínio, da pior qualidade, eu trabalhei com motores desde jovem, sei quando uma peça vai dar problemas.

O velho espumava, quem está produzindo essas peças do motor.

Um dos diretores disse, justamente a fábrica de Ary Hayden.

Ele foi até o Andrew, quando os senhores tiverem esse problema resolvido, podemos voltar a conversar, tenho ideias para colocar em prática.

Mal chegaram em Chicago, mandou comprar 10 aparelhos, sem papel nenhum, perguntou quem queria tentar montar os aparelhos.

10 de ofereceram inclusive 3 mulheres, elas foram as mais rápidas, isso que não havia instruções, disse ao Henry, agora que faça ao inverso, desmontem, foram as mais rápidas também.

Quero saber que compra esse tipo de aparelho, se existe outros similares no mercado,

Mandou a que tinha sido mais rápida, montar outra vez, colocar para funcionar, que anotasse todos os defeitos que lhe aparecessem.

Andrew dizia, que cabeças tem, um privilégio trabalhar contigo.

Eu desconfio que fizeram a mesma proposta ao Ary, ele jogou a coisa para nosso lado, sabe que as peças estão mal feita, vi entregarem muitas quando estava lá, a maioria volta.  Mas o motor é ele que fabrica, não sei a desculpa que dá para a devolução, talvez seja essa da montagem.

Se pedimos para um engenheiro mecânico analisar esse motor, poderemos negociar um tratamento privilegiado.

Dois dias depois se falava nos jornais, que a fábrica do Ary, perdia o contrato de fabricação dos motores.  Que os valores de suas ações abaixavam horrores.

Desta vez, eles não foram a NYC, veio o velho em pessoa, primeiro lhe agradeceu.  Agora entendemos por que de tantas devoluções, eles alegavam que as pessoas não sabiam montar.

Mandou chamar a funcionária que tinha montado mais rápido, pediu que ela montasse, o fez rapidamente, não vou enganar o senhor, esta jovem foi a que montou mais rápido.  Agora quero a análise que mandei que fizesse. 

Eu acompanhei o funcionamento todo esse tempo, depois da primeiras cinco horas, o rendimento do motor falha.  Talvez seja aí o problema, conversei como engenheiro que o senhor mandou analisar o motor. Ele concorda, tudo é material de segunda.

Antes de colocar de novo esse aparelho a venda, acho que o senhor devia mover uma ação por fraude contra o fabricante. Pois o vem enganando a muito tempo, lucrando preparando um motor de segunda, para um produto que o senhores vende como de primeira.

A cara do velho era ótima.

Quer trabalhar para mim?

Agradeço a oferta, mas de momento não.  Comece o senhor primeiro, colocando na rua tanto diretores que não fazem nada, investigue que foi o diretor, responsável por esse produto, ele também deve estar ganhando dinheiro com isso.

A cara do velho era espetacular, é meu genro, um incompetente.   Aí está.  Não se pode vender um produto, que está mal elaborado.

Quando compramos um produto similar chinês, sabemos que ele é barato, pois seu material é mais barato.   Mas o engenheiro mecânico que contratamos para analisar o motor, comparou, o produto chinês é melhor que o fabricado aqui, pesa um pouco mais, mas é melhor, além do preço que tem.

No dia seguinte, saia uma entrevista do velho, nos jornais, bem como na televisão, pedia desculpas de estar todo esse tempo vendendo como de primeira um produto, que era de segunda, que estava movendo uma ação para a empresa que fabricava o motor.  Que o diretor responsável da área tinha sido demitido.

No mesmo noticiário, se via Ary saindo com toda sua pompa do seu escritório, dizendo que não era verdade, que responderiam quando a ação estivesse no tribunal.

Perderam a ação, as ações da fábrica, ficaram a preço de banana.

Um dia convidou o Gilbert Hosken para almoçar.   O levou ao mesmo restaurante que ia o Ary, sabia que este o tinha despedido.

Lá estavam ele além da velha.   Passou por eles, disse bom dia tio Ary, bom dia avó megera.

Sentou-se com Gilbert, perguntou se queria trabalhar para ele.

Ele sinalizou o Ary, ele fez que todas as portas da cidade se fechassem para mim.

Não se preocupe, quando as janelas fecham, se abrem as janelas, mas quando se acham dignos de saírem só pela porta, morrem.

Quando ia saindo, o Ary, lhe perguntou por que me chamas de tio.

Porque sou filho de tua irmã mais velha, que ela diz para todo mundo que morreu, é verdade, morreu sim de uma overdose, por ter sido repudiada pela sua mãe, quando mais a necessitava, mas falou isso tudo em voz alta, todos em volta escutavam.   As megeras são sempre assim, ela inclusive te tem agarrado pelos ovos, te controla, por isso eres o idiota que eres.

Nunca te deste conta que fabricava um motor, que ela mandou fabricar com material mais barato, pelas tuas costas, agora deve estar te acusando de ser o culpado, mas olhe a cara dela.

Como sabes disso?

Porque contratei o mesmo engenheiro que fez o motor, a ordem veio dela, de mudar o material, para ganhar mais dinheiro.   Eres um mero fantoche nas mãos dela. Boa tarde megera, espero que essa sobremesa, seja amarga para a senhora.

Foi embora, o que não sabia era que numa das mesas ao lado, estavam dois jornalistas econômicos.   No dia seguinte, saia nos jornais, o que tinha acontecido na fábrica.  Ordem da matriarca de ganhar dinheiro a toda custa, que tinha um neto, de sua filha mais velha, que dizia estar morta.

Foi um escândalo total, a fábrica teve que fechar, pois os outros que encomendavam material cancelaram tudo.

Ary, pediu para falar com ele, estava menos pomposo, veio ele mesmo conduzindo seu carro, quando entrou na sua sala de trabalho, ficou pasmo, era de uma simplicidade total.

Pensei realmente que minha irmã tinha morrido, pois eu estudava interno num colégio de elite que ela me mandou.  Sofri o pão que o diabo amassou.   Sempre me disse como devia agir, a única coisa que eu fazia bem era comprar e vender ações.

Isso é verdade, eu aprendi conduzindo teu carro, prestava atenção nas conversas, comecei a fazer o que tu fazias. 

Se queres uma opinião minha, fazes isso bem, devias montar uma empresa como Gilbert Hosken, ele é bom nisso, é meu empregado agora, mas merece mais.   Peça desculpas a ele, saia da empresa dela, das asas negras que tem.  A deixe se afundar sozinha, pois o merece.  Se não fazes isso, vais afundar com ela, serás eternamente o idiota que sempre foste, com essa pompa como se tivesse o rei na barriga.

Em casa a coisa esta feia, o mordomo a mandou tomar no cu, quando gritou com ele, a cozinheira foi embora, disse que estava farta dessa jararaca.

Ninguém a chama para nada, está como uma fera enjaulada. 

Minha mãe quando estava desesperada, telefonou para ela, para pedir ajuda, disse que não tinha nenhuma filha, não quis escutar que tinha um neto.   Minha mãe para sobreviver teve que se prostituir.   Mesmo assim viu que eu tinha cabeça, mas eu trabalhava duro, entre estudar, consertar carros aprendi muita coisa.   Quando se meteu nas drogas, a salvei duas vezes da morte, na terceira, cheguei tarde, tive que deixar que fosse enterrada na indigência, porque não tinha dinheiro.   Aqui trabalhei duro, ganhei o meu dinheiro, mas jurei uma coisa, acabar com essa megera da tua mãe.   Por isso, se sou você, caia fora, porque os ratos já estão abandonando o navio, olhe quantos motoristas temos de tua empresa, porque são maltratados por esse homem que recontrataste.

Não fui eu, foi ela, ele sempre foi o leva e traz dela.

Não mandas na própria empresa que pensas que é tua?

Não, o capital é dela, as ações, eu compro e vendo com o dinheiro do fideicomisso que meu pai me deixou.   Ele morreu amargado por causa dela.

Ele pegou um envelope, entregou ao Ary, tenho uma cópia disso, leia, depois mostre para ela.   Foi tua tia que me deu a maioria das informações, depois um detetive encontrou o resto.

Veja quem é a tua mãe.   Alias não eres filho do pai que tinhas, mas sim de um amante dela.

A cara do Ary estava desencaixada.    Venha, leia no caminho, vou contigo te ajudar a enfrentar essa bruxa.

A boca do Ary, sentado ao seu lado no carro, não fechava.  Então isso que conta da sua família tão importante de NYC, é tudo mentira.

Sim, gastei dinheiro, mas descobri quem era ela. Tanta pose, no final, começou como sua filha acabou, era uma prostituta.

Quando entraram na casa um empregado disse que estava na biblioteca.  Entraram os dois.

O que faz esse bastardo aqui?

Mãe bastardo sou eu, pois nem filho do homem que amei como meu pai, sou.

Tome isso, saíra amanhã, nos principais jornais da cidade.  Ela começou lendo em pé, aparecia seu nome verdadeiro primeiro.

Depois foi se sentando.

Quando acabou, Jimmy disse, a senhora começou como uma puta, a sua filha acabou como uma, embora minha mãe não suportou ter que fazer isso, porque sua família se negou a ajuda-la, ela reconhecia que tinha errado, seguir esse homem, porque o amava, mas veja bem, sempre me amou, me incentivou a ir para frente usar minha inteligência, a senhora ao contrário, sempre foi puta, segue sendo uma puta, mas daquelas maquiavélicas.

Adeus, antes puxou um livro, pelo menos se fosse inteligente teria lido algum livro, esses são todos de imitação, vale tanta merda como a senhora que é uma fachada.  Adeus bruxa.

Ela tirou um revolver da gaveta apontava para suas costas, quando Ary levantou seu braço, o tiro fez despenhar um lustres desses de Veneza, ela correu para o lustre, meu status, vai pro caralho, nem meu lustre tenho.

Jimmy disse ao Ary, eu a internava como louca, assim podes salvar a empresa.

Foi embora.

No dia seguinte lia isso nos jornais, que a senhora Hayden tinha sido internada, por um certo desequilíbrio mental.  Seu filho assume as empresas.

Gilbert esperava no seu escritório, ele riu, veio dizer adeus?

Ele me disse o que lhe disseste, mas não quero de maneira nenhuma voltar a trabalhar para ele.

Pode ser que tenha um negócio que possa interessar.  Chamou o engenheiro.

Ary o tinha visitado logo cedo, o recebeu aonde sempre tinha vivido, no sótão, ficou espantado, vives aqui?

Sim, para mim é um palácio, em comparação com o lugar em que fui criado.   Aqui tenho paz no final do dia.

Bom Ary me propôs ficar com a fábrica, reformular tudo, acredito se te coloco dirigindo a mesma junto como engenheiro, podemos voltar a emergir, mudaremos o nome da fábrica, diremos que tem nova direção, o engenheiro recontrata os funcionários que creia que sejam bons, eu irei pessoalmente negociar os contratos com cada dos clientes.

Mas deixaras está empresa?

Nem pensar, Andrew é um homem de bem, a levantamos, seguiremos em frente.  Temos que melhorar bastante, para que possamos fazer agora as entregas de Amazon, por toda a cidade.

O nome da fábrica era agora Amanda Hayden, o nome de sua mãe.  O aspecto soturno que tinha, acabou mando pintar tudo de branco, por mais que sujasse, sempre teria um aspecto limpo.

O engenheiro junto com a empregada que sabia de tudo da máquina, pois era condutora de caminhões, para pagar seus estudos de engenharia mecânica.   Reestudaram o motor completamente, para apresenta-lo ao inventor do mesmo.   O velho quando o viu entrar, seguido do engenheiro, de sua assistente.  Riu, imagino que vieste aceitar minha proposta de trabalhar comigo.

Um dia o senhor me perguntou se eu era parente dos Hayden, lhe disse que podia, minha mãe como o senhor sabe, foi expulsa da família por seguir o homem que amava.  Agora a fábrica leva o seu nome, não posso permitir que nada manche isso.  Gostaríamos de apresentar um novo motor para seu produto.

Então o coloque para funcionar.

Já está funcionando, os dois apontou aos engenheiros, o desenvolveram de tal maneira que não tem ruído como o anterior.

Ele se levantou veio escutar de perto, caramba é verdade, ele fez um sinal, apresentou o Gilbert, que trouxe o resto do aparelho.  O velho sorria, quando começamos a fabricar essa maravilha.

Primeiro, pelo que contabilizamos, o senhor teve a devolução de 200 peças, devolveu o dinheiro para as pessoas, nos sabemos quem são, mandaremos de novo com nosso serviço, de montagem, a cada uma dela, isso será a publicidade do novo aparelho.   Filmaremos, como uma reportagem, o que achas?

Te ofereço a presidência da empresa, serei teu empregado meu filho.   Apertou a mão do Jimmy, o abraçando, quando te vi falando a primeira vez, pensei esse era o filho que queria ter.

Negócio fechado.

Já temos os duzentos motores prontos para entregar.  Acione seu departamento de publicidade.

Anos depois, quando tinha já quase quarenta anos, almoçava todas as semanas com seu tio, agora só trabalhava com compra e venda de ações como gostava.  Ele com Andreu, tinha absorvido a empresa de entrega, a do seu tio, era a que se especializava em fazer entregas, com a montagem de aparelhos, contratava estudantes para isso.

Prestavam esse serviço também a outras empresas que precisavam de técnicos de montagem, mas sempre se negou a expandir fora de Chicago.

Quando a senhora que lhe alugava o quarto morreu, comprou sua casa, a reformou, continuou vivendo lá, usando o mesmo quarto que era lugar de paz.

Ary seguiu seu exemplo vendeu a mansão, foi viver num bom apartamento, uma vez por semana agora iam almoçar juntos, ria muito, pois o restaurante seleto que ia, Jimmy dizia que a comida era pouca para seu estomago.    No verão faziam o que ele gostava, sentar-se no cais, comerem sanduiches olhando o lago, conversando sobre ações.

Ary levou anos para reconquistar Gilbert que tinha sido seu namorado, mas consegui depois de um bom tempo, agora vivam juntos.

Bom Jimmy, um dia disse ao Andrew, que estava cansado de ser virgem aos vinte cinco anos, queria ser algo, mas nunca confiava suficiente em ninguém para isso.

Se surpreendeu quando esse lhe disse, podemos tentar.

Não Andrew não ias querer viver na minha casa, gosta de luxo, eu de um lugar que seja tranquilo no final da noite, tu de sociedade, de gente para jogar conversa fora, eu prefiro, ficar tranquilo.

A maioria dos dias comia com Henry seu antigo chefe que agora era seu braço direito, se davam bem, quando o levou para conhecer sua casa, ele adorou, eu vim aqui uma vez te procurando, a senhora abriu a porta, era uma casa de uma velha, a transformaste, tudo ali era simples.   Não tinha nada de luxo.

Sabe quando te vi, fazendo os dois turnos, pensei, esse rapaz é esperto, não é como os outros que aparecem em seguida reclamam que é muito trabalho, um dia te segui para ver como o fazias.  Eras respeitoso com as pessoas ao fazer a entrega, bom dia, até logo, que tenha um dia maravilhoso pela frente, boa tarde, sempre foste cordial com as pessoas.

Quando reclamavam de algo, anotavas, depois me passava.   Sei que a maioria, jogava esse papel fora.

Depois passei a te respeitar, quando assumiste a outra empresa, conseguindo trabalho para o pessoal jovem que precisa de dinheiro para a universidade, os doutrinava para fazerem um bom trabalho, sempre foste justo.   Podia ter colocado teu tio num buraco enorme, mas o ajudaste a descobrir quem lhe saboteava na verdade. 

Fizeste justiça, mais que uma vingança.  Sabias que realmente na época eu tinha um romance, mas me ajudaste a superar o que ia mal.

Te espero a um largo tempo, quando queiras posso ser teu.

Começaram namorando, se conhecendo fora da empresa, indo ao cinema, como um par de namorados, até que Henry veio viver com ele.   A casa era perfeita para os dois, não escondiam nada de ninguém.    Andrew ficou com um pouco de ciúmes, mas quando conheceu sua casa, foi claro, seria para mim difícil viver aqui.

Anos depois era reconhecido como benfeitor de jovens com dificuldades para se manter na universidade, lhes dando emprego.   Recebeu um prêmio, que compartiu com o Henry, meu grande amigo que entendeu minha ideia.

Tinham muitos anos pela frente de trabalho, de uma certa maneira, essa ajuda, ele pensava que era em parte para pagar o dinheiro que tinha roubado num momento de desespero.   Tanto fez que conseguiu encontrar aonde sua mãe estava enterrada, traze-la para Chicago, para ser enterrada aonde merecia.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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