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WRONG
Era seu primeiro
dia na nova delegacia, tinha vindo do Harlem, depois de estar pelo menos cinco
anos por lá. Anteriormente tinha estado
6 anos no exército, dois na frente de batalha, outros 4 em Washington na Polícia
especial da presidência, aonde se fartou de ver merdas.
Quando conseguiu
sua transferência para NYC, como que quiseram se vingar dele, afinal tinha um
aspecto como dizia um companheiro, mais complicado impossível. Sua mãe era Porto-riquenha, seu pai
descendentes de Italianos, por isso seu nome era complicado Xavier Bosco, além
de ser moreno, cabelos negros crespos que usava muito curto. Mas tinha um
físico invejável.
Seus pais tinham
se separado jovens, cada um foi para um lado, ele ficou com sua avó, bem com
uma tia que era solteirona. Ele
estudava, trabalhava no que podia, precisavam de dinheiro em casa, pois só
entrava do salário da tia. Universidade
nem pensar, apesar de bom aluno, mal tinha tempo para estudar, portanto suas
notas eram boas, mas não para conseguir uma bolsa de estudos, era bom nos
esportes, mas não lhe sobrava tempo para ficar treinando. Enquanto seus companheiros de turma, se
divertiam em discotecas, ele estava desmaiado de cansado em casa. Nos últimos
anos, trabalhava num armazém, de um grupo chinês, seu trabalho, era descarregar,
carregar caminhões, preparar notas de repartição de mercadorias, tudo o que
fosse mandado fazer.
Um dia ia
chegando em casa, quando encontrou carro de polícia, ambulância, na frente da
mesma, correu, nem teve tempo de pensar o pior.
Tinha um corpo
coberto com uma manta, retiravam agora da casa sua avô, cheia de tubos. Se identificou, queria saber o que tinha
acontecido. Uns traficantes, tinham
abordado sua tia, ela com o mal gênio que tinha, os tinha tratado mal, sua avó
tinha visto tudo desde a janela da sala, teve um enfarte por não poder salvar a
filha.
Fechou a casa,
acompanhou a avó ao hospital, ao mesmo tempo que avisava sua mãe, com esta só
falava a muitos anos por telefone, tinha uma nova família em Boston. Avisou o hospital que estavam.
Esta apareceu,
como para ir a uma festa, lhe deu dois beijos, o resto foi conversa fora.
Quando uma médica
apareceu para dizer que tinham feito todo o possível, ele escutava isso, como
se fosse longe.
Só escutou sua
mãe reclamando, como iam fazer dois funerais, não tinha dinheiro para isso, lá
se foi todas suas economias.
Estava com 17
anos, buscou pela casa, algo de dinheiro, sabia aonde sua avó, guardava as
economias. Mesmo assim, mal dava para o
enterro de uma.
Mas foi ajudado
pelo pastor da igreja, que ia sempre com sua avó, esta faria cargo de tudo, tinham
feito uma coleta na vizinhança, como sempre, pobre sempre ajuda o outro.
Mal acabou o
enterro, sua mãe se despediu, sem perguntar se precisava de alguma coisa,
preocupada com seus compromissos.
Ficou sentado na
frente da casa, sem saber muito o que fazer.
Seu vizinho que era militar, lhe disse que no seu caso a solução era
entrar para o exército, com o corpo que tens, logo te colocaram na Polícia
Militar. Lhe ajudou, bem como sua
mulher, ainda acharam um pouco de dinheiro numa caixa de sapatos, mas não dava
para nada.
O exército passou
a ser sua casa, foi sendo transferido de base em base, até que embarcou para a
primeira missão em Islamabad, dois anos depois salvou um general de morrer num
ataque surpresa, esse o levou consigo para Washington. Foram quatro anos, fazendo que não escutava
nada, tampouco via nada. Muita merda,
pensava, depois a polícia só pensa que os pobres roubam. Em comparação com estes, estão é sobrevivendo.
Quando foi para
NYC, lhe tocou o Harlem, nada complicado, tinha sido criado ali, perto da
antiga casa, encontrou um apartamento em cima de um velho armazém, o bairro
tinha mudado muito, os negros pobres estavam sendo expulsos dali, para outros
lugares, pois agora a cidade se expandia para esse lado. Gente que vinha do Village, Soho, pois esta
região quando ficou de moda, claro os preços subiram.
Ele mesmo tinha
reformado o apartamento, estava uma merda quando o alugou, conhecia o
proprietário desde criança. Esse achava
que com um policial, vivendo em cima da sua loja, teria segurança.
Primeiro, fez uma
limpeza profunda no lugar, raspando as muitas capas de papel de parede barato
colocados ali. O banheiro, conseguiu que
um conhecido resolvesse o problema, fez como um novo. Ele na verdade não tinha nada, a não ser um saco
desses do exército, com suas poucas coisas.
Enquanto fazia as
obras se hospedou na casa do seu antigo vizinho, este o queria como um filho,
pois seu único filho, tinha muito jovem entrado para as gangs que na época
infestavam as ruas, tinha morrido numa briga que nem era sua.
Aonde vivia era
dois passos da casa deles.
Nesses anos ali,
por ser um policial reto, resolveu muitos casos, tinha fama de não sorrir, mas
tampouco descuidar de nada.
Quando foi
promovido, lhe mandaram para Little Italy, para ocupar o posto de um
investigador, que se aposentava. Tinha
passado basicamente o dia inteiro com ele, passando papeis.
Quando o viu,
achou que não tinha idade para se aposentar, mas logo entendeu por que, o mesmo
tinha levado um tiro, no que lhe operavam encontraram um tumor, teria que usar
uma bolsa de colostomia, para o resto de sua vida.
Nesse final de
dia, teriam um jantar num restaurante frequentado pelos policiais. Sentou-se ao lado dele, para continuarem
falando, dos casos por resolver.
Na hora do brindes,
estava a maior confusão, viu que estacionavam um carro, justo em frente a
grande vidraça, tinha achado estranho isso, o lugar aonde tinham se sentado.
O companheiro lhe
tocou o braço dizendo tem algo errado, melhor o pessoal se jogar embaixo da
mesa. Ele se levantou dizendo com sua
voz potente de mando, todo mundo para baixo da mesa, temos problemas.
Depois se
lembraria das coisas como um flashback, o policial, fazendo com os dedos, como
se tivesse um revolver, ele caindo para trás pela força da explosão, a
garçonete, tendo a cabeça cortada por um vidro grande, tudo que sentiu foi uma
pancada na cara, como um murro, depois tudo negro.
Depois se
lembraria o quanto tinha sido difícil, convencer o pessoal para se colocar
embaixo da mesa, pois o olhavam surpreso.
O policial, em pé, com os dedos como um revolver, apontando para o
sujeito que tinha saído do carro, esse tinha um sorriso sarcástico, estava
parado com a porta aberta, olhando fixamente o policial. Depois na sua cabeça se repetia esse
movimento para trás, algo o tinha atingido na cara. Sentia que batia a cabeça na parede atrás
dele.
Ao mesmo tempo se
repetia a parte que tinha visto ao cair, a garçonete com a bandeja no ar, um
vidro lhe cortando o pescoço, o policial, com um vidro imenso no peito, caindo
sentado na cadeira, com a cabeça pendurada para frente.
Quando voltou a
si, estava na urgência de um hospital, estavam tentando retirar o vidro que
tinha na cara, mas este estava preso em um osso. O sedaram, levando para sala de operações,
nem pode perguntar pelas outras pessoas.
Só viu uma imensa
confusão, com uma multidão de policiais que como sempre corriam para ajudar,
pois se alguém precisava de sangue etc.
Despertou num
quarto imenso, aonde estavam os que se recuperavam de alguma operação. Sentiu a
cara repuxada, colocou a mão, mas tinha uma venda tapando algo. Os outros que estavam ali, era da delegacia
também.
Só mais tarde num
quarto particular, apareceu o chefe, com um braço num cabresto, com um pequeno
corte na cara.
Comentou que as
vítimas mortais tinha sido o policial que se aposentava, a garçonete, uma
secretária que um pedaço de vidro tinha lhe entrado pela nuca, na hora que
tentava se colocar embaixo da mesa.
Feridos muitos,
quase o departamento inteiro. Se você
não grita várias vezes, tínhamos morrido todos.
Lhe apertou a mão dizendo obrigado.
Depois tens que me contar como sabias que estava acontecendo algo.
Não fui eu, foi o
inspetor que se aposentava, ele me avisou sinalando que algo estranho passava,
mas ele mesmo ficou em pé, com os dedos fazendo a vez de um revólver, acredito
que sabia quem era o sujeito do carro.
Este também
morreu na explosão. Talvez se não
tivesse ficado parado olhando para o inspetor teria se salvado.
A explosão lhe
separou a cabeça do corpo. Era um dos
muitos pistoleiros da Família Zocco, o inspetor o mandou para prisão muitas
vezes, o tiro que levou na última vez, tinha sido de um irmão da vítima, mas
teve tempo de acertar um tiro no meio da cabeça.
Uma semana depois
voltou ao trabalho, teve que ir a um dentista, pois o vidro tinha entrado no
osso da parte de cima da dentadura, afetando o nervo. O jeito, depois de tomar anti-inflamatórios,
foi matar o nervo. A cicatriz tinha
sido fechada por um jovem cirurgião plástico, com o tempo seria uma linha.
Ficou procurando
entre os casos do inspetor, algum que se referisse a família Zocco, nada.
O jeito foi falar
com o chefe.
Este explicou que
tinha o mesmo tinha colocado na prisão o filho preferido do velho.
Quando pediu um
informe a prisão, soube que o mesmo, tinha sofrido a pouco tempo um abuso por
membros de outra família, talvez o motivo fosse esse, para uma vingança tão
bruta.
O chefe
continuou, primeiro tentaram mata-lo, mas sobreviveu, inclusive ao câncer, o
segundo foi o do carro.
Revisou tudo,
nada, abriu o armário que ele usava na delegacia, encontrou duas chaves, uma
marcava casa, foi até lá com uma equipe.
A casa estava
inteira revirada, deixou uma equipe tomando impressões digitais. A outra chave devia ser de algum banco.
Foi aonde
recebiam o salário, não era de lá, mas um empregado reconheceu a mesma, pois já
tinha trabalhado no outro banco, disse aonde era.
Foi até lá com
uma ordem do juiz, se identificou, era uma caixa normal, cheia de pastas, tudo
sobre a família Zocco.
Pior foi
descobrir que ele tinha falsificado as acusações contra o jovem, colocando uma
bolsa de cocaína no seu carro.
Este estudava
arquitetura, não tinha nada a ver com os negócios da família, somente porque
era o preferido do velho.
Montou uma
reunião com o chefe e o fiscal.
Por culpa dele,
explicou, morreram duas pessoas, três com ele, além de quase todo mundo daqui
feridos.
Isso de montar
provas, está errado, claro agora seria como sujar seu nome, mas não podemos
deixar ficar como está.
Finalmente o chefe
abriu o jogo, o motivo pelo qual ia pela família Zocco, era que tinha perdido a
mulher, o filho, mais duas pessoas que estavam numa rua, quando houve um
confronto de duas famílias. Achava que
esse confronto tinha sido armado pelos Zocco, motivo pelo qual montou uma
vingança, como seu filho era jovem, escolheu também o mais jovem para colocar
na cadeia, sabia que seria abusado na mesma.
O fiscal, ficou
de falar com o Juiz, responsável do caso.
Ele foi a prisão
falar com o jovem.
Entendeu, nada mais
ao vê-lo, era muito bonito, moreno, olhos verdes, boca carnuda.
Estava num estado
deplorável, desanimado, parecia terrivelmente deprimido.
Soube por ele que
depois do abuso, a família passou a ignorar, como se ele fosse o culpado.
Perguntou se
tinha aonde ir, se saísse dali.
Não posso voltar
para casa, me matarão, sou como o alzaimer da família.
Para todos os
efeitos, meus irmãos que tomam conta dos negócios da família, já me odiavam,
pois, sou filho do segundo casamento do meu pai, isso piora as coisas. Nunca vivemos com eles, o velho passava mais
tempo no apartamento de minha mãe, que em sua casa.
Ficou um minuto
em silêncio, pensando, tinha que tentar, soltou ao rapaz, preciso conseguir
falar com teu pai a sós.
O rapaz, ficou
olhando diretamente nos seus olhos.
Por que fazes
isso? Nunca ninguém me ajudou.
Te trataram, como
um saco de batata, você foi um bode expiatório, isso foi um erro, não suporto
essas coisas. Creio na honestidade.
Sorriu, ele vai
todos os dia numa igreja, assiste a missa, depois se confessa, em seguida, vai
para a sacristia tomar café com o padre que é seu irmão. Acredita que isso limpa sua alma dos
pecados.
Me dê um papel,
lhe faço um bilhete para meu tio.
Dobrou o bilhete,
colocou no bolso. Vou resolver isso o
mais rápido possível, para te tirar daqui.
Foi direto a tal
igreja, entrou, ficou rezando, a muito tempo não fazia isso, entrar num lugar
de culto para rezar.
Viu o padre, como
o rapaz tinha descrito. Falou com ele
discretamente na sacristia, mostrou o bilhete, me disse se volta para casa o
mataram, pois seus irmãos pensam que desonrou a família. Preciso falar urgente com seu pai, mas tem
que ser urgente.
No dia seguinte,
depois de passar pelo escritório do Juiz, teve que explicar outra vez o que
tinha acontecido.
Sim vi todos
esses papeis, pensei que fosse um policial honrado, imagine me contou uma
história de drogas, eu acreditei.
Saiu dali com a
ordem para soltarem o rapaz. Antes
passou pela igreja, ia com uma roupa normal para não chamar atenção, viu uma
forte proteção para o velho.
O velho rezava no
primeiro banco, sozinho. Como
combinado, entrou para a sacristia, ficou esperando.
O padre entrou de
braço com o velho Zocco, os apresentou, mostrou novamente o bilhete do filho. Se sentaram, o padre colocou um café na
frente de cada um saiu dali.
Foi franco,
descobri que o inspetor fez, tenho aqui no bolso a ordem para soltar seu filho,
mas me disse que se vai para casa o mataram.
Sim, venho
falando com meus filhos, mas são cabeças duras.
O melhor seria que ele fosse
passar um tempo fora do pais.
Vou fazer algo
que não deveria, o senhor pode me ajudar, conseguir novos papeis para ele. Não
deveria, porque sei que serão falsos, talvez com o sobrenome da mãe dele. Pode fazer isso.
Sim, mas porque
fazes isso?
Estou de saco
cheio dessas merdas, mentiras, vinganças, venho vendo isso a anos, já não posso
mais.
Seu filho não é
culpado de nada, vou ajuda-lo.
O senhor faz a
sua parte, eu cuidarei que esteja protegido até sair do pais. Quando tiver os mesmo, mande o padre me
avisar.
Dali foi para a
prisão, entregou a ordem, teve que esperar mais de uma hora, o mesmo estava
aturdido, quando saiu fora.
No dia anterior
tinha falado com seu velho amigo Lukas, se podia hospedar o rapaz. Este concordou quando soube tudo que tinha
acontecido, sempre tinha sido um homem justo.
Contou ao Remo
Zocco, como iam fazer, não posso te levar para meu apartamento, pois sabem que
fui eu que te liberei.
Vais ficar na
casa de um casal amigo, ele sempre foi como um pai para mim, do meu não sei
nada desde meus seis anos de idade.
Em vez de parar
na sua casa, deu muitas voltas, até entrar pelo beco por detrás da casa.
Os dois o
receberam como um filho, o levaram para tomar um banho, a senhora lhe deu as
roupas de seu filho morto, ficaria no seu quarto. Lhe disse não desperdice essa oportunidade
que o Xavier está lhe dando.
Depois comentou
com ele, sobre os papeis que tinha pedido ao pai.
Quando falou no
sobrenome da mãe, ele soltou, isso eu tenho, fizemos uma viagem a Itália, se
fossemos com documentos com no sobrenome do meu pai, teríamos problemas, o
jeito foi fazer só com o dela.
Se me levas até o
apartamento, podemos entrar pela garagem, depois da morte da minha mãe, o velho
ficou definitivamente vivendo com os outros filhos.
Assim posso pegar
também um pouco de roupa.
Foram de noite,
estava fechada sem lua nenhuma no céu.
Remo o avisou que só o salão dava para a avenida. Depois de duas voltas no quarteirão, tinham
dois carros suspeitos parados a pouca distância da porta de entrada. Remo tinha no seu chaveiro o mando a distância
para abrir a porta da garagem. O
elevador era o mesmo, era necessário uma chave especial para funcionar.
Entraram,
passaram pela cozinha, foram diretos ao seu quarto, a primeira coisa que tocou
foi um porta retrato de sua mãe, o retirou da moldura, abriu um grande armário,
retirou uma bolsa, colocou algo de roupa.
Agora temos que ir ao seu quarto, pois o passaporte esta num cofre
secreto que ela tinha, ela sempre foi muito desconfiada com relação aos meus
irmãos.
O outro quarto
estava tudo revirado, filhos da puta, vieram pelas joias, a maioria das roupas
estavam no chão. O joalheiro estava
quebrado no chão. Deu um sorriso
amargo, as mulheres tinham inveja das joias que o velho lhe dava. Muito astuta, mandava fazer uma cópia em
bijuteria, guardava as verdadeiras, usava as falsas. Para uma necessidade.
Tinham
arrebentado todo o fundo dos armários, quadros jogados no chão, deviam estar
procurando o cofre.
Idiotas, são antigos,
foi até um rodapé, tinha uma tomada elétrica, uma pequena chave que tinha no
seu chaveiro, resolveu o problema, se abriu, tirou um cofre de metal, foi até
uma outra aos pés da cama, fez a mesma coisa.
Já podemos ir.
Depois na casa do
casal, mostrou o que tinha dentro, num tinha joias, dois sacos de diamantes,
além de dinheiro, no outro só notas grandes.
Ela adorava isso, notas grandes, além do passaporte e documentos dos
dois.
Com isso posso me
virar até arrumar um emprego.
Para aonde queres
ir?
Irei para Berlin,
tenho um conhecido da universidade, que era de lá, fez o curso aqui, pois o
achava mais moderno, sei que abriu um escritório, pode ser que me dê trabalho.
Acho que o
melhor, era ir no primeiro voo da manhã, pois assim vocês correm menos riscos.
Só não sei como passar com os diamantes.
O velho muito esperto, buscou no quarto do filho, um caleidoscópio,
retirou a tampa de um lado, se olham, viram muitos reflexos, nada mais.
Couberam todos
dentro. Abraçou o velho, quem diria meu amigo, tens cabeça de maleante, vou te
prender. Agora a dormir, foi para sua
casa, mas a encontrou toda revirada, desceu pelas escadas de incêndio, voltou
para a casa do amigo, dormiu no sofá.
De manhã tomou um
banho, levou o Remo para o aeroporto no jeep do amigo. Estava perfeito, ele cuida desse jeep que
comprou numa subasta do exército, como se fosse uma criança.
Foram até um
balcão, procuraram saber de um voo direto a Berlin, assim que conseguiu, ele
tinha pouco mais de 45 minutos para embarcar.
Abraçou o Xavier,
agradeço muito, te comunico quando chegue.
Usarei o celular que compre por lá.
Ele voltou para
casa, só ia relaxar quando realmente soubesse que estava a salvo.
O padre só fez
contato dois dias depois, lhe disse que já não era necessário pois Remo já
estava fora do pais.
Nesse meio tempo,
viu que tinha se metido numa enrascada, pois apareceu o FBI, o agente estava
furioso, pois só ficaram sabendo que Remo não estava mais na cadeia, quando ele
já estava fora. Pensávamos fazer que denunciasse
a família.
O ameaçaram,
entendeu que tinham sido eles que tinham entrado na sua casa, bem como na do
inspetor. Depois comentou com o chefe.
De qualquer
maneira, agiste errado se envolvendo dessa maneira. Podia te cair uma suspensão.
Nesse dia foi
para casa, pensando, como estou farto de tudo isso.
No que chegava,
encontrou o proprietário do edifício, queria se aposentar, passar para frente a
pequena livraria que tinha embaixo.
Entrou com ele, precisava ser modernizada. Pensou muito durante a noite, tinha dinheiro
guardado, podia ser um novo enfoque em sua vida, sempre tinha sido um
apaixonado por livros, mas como sempre tinha poucos, usava sempre os da
biblioteca.
Conversou com
seus amigos, os dois riam, eu sabia que esse dia chegaria, comentou Lukas, sei
que estavas farto de tudo isso.
Vamos falar com o
proprietário, ele é meu amigo.
Negociaram da seguinte maneira, ele ficaria dois meses ensinando tudo
sobre como comprar, promover, vender etc.
Com o negócio
fechado, entregou sua placa, pediu demissão. Muita gente ficou falando, depois
ficou sabendo, que ele tinha sido subornado pela família Zocco.
Nada mais longe
da verdade. Remo ainda tinha lhe
oferecido um diamante, mas se negou em aceitar. Nunca tinha feito nada por dinheiro.
Aos poucos foi
reformando a livraria, ficou mais moderna, conseguiu uma licença, para colocar
do lado de fora duas bancas de livros antigos, para limpar o estoque, tinha
descoberto na parte detrás, uma quantidade imensa desses livros.
O velho, finalmente
foi embora, reformou também o apartamento que tinha atrás, com um empréstimo do
amigo, reformou o mesmo, alugou o de cima, agora vivia embaixo, com uma saída
particular, direto ao seu carro.
Continuava
falando com o Remo, pelo menos duas vezes por semana.
O padre o dia o
procurou, disse que o velho estava mal, quer falar contigo, trouxe uma roupa de
cura para ti, assim os filhos não vão desconfiar, pois tem seu quarto no
hospital, totalmente vigiado.
Realmente era
verdade. O velho, apertou sua mão,
obrigado por ter ajudado meu filho, demorei, porque os outros estavam em
vigiando. Por sorte ele já estava fora.
Me de notícias
dele, para morrer tranquilo.
Está bem, tem um
emprego no que gosta, nos falamos todas as semanas.
Não lhe conte que
estou mal, os irmãos iriam se aproveitar disso, com muito cuidado, lhe passou
uma chave, o puxou para si, disse o nome do banco, lá ele tem dinheiro para
futuramente montar um negócio para ele.
Espere pelo menos um ou dois anos para lhe mandar.
Só lhe avise que
morri, daqui alguns dias, não o quero aqui, mas diga que sempre o amei, que a
mim me importava uma merda tudo que aconteceu.
Obrigado mais uma
vez por cuidar do meu filho.
O padre começou a
extrema unção, ele fez que seguia a oração, embora não soubesse como era isso,
pois não era católico.
No dia seguinte,
por uma pequena televisão que tinha na cozinha do apartamento, soube da morte
do velho. Um dos comentarista dizia que
tinha morrido sem revelar aonde estava o filho pequeno. Faziam conjunturas que estava, como o filho
de Don Corleone, na Itália, guardado por algum mafioso.
Foi ao enterro,
mas o assistiu a distância, como se estivesse rezando em um túmulo, viu que
havia uma forte proteção policial, bem como de mafiosos. Os dois outros filhos, estavam bem separados
um do outro. Agora começara a briga
entre eles, pensou, vão disputar o poder.
Com a desculpa de
ir a feira do livro em Frankfurt, pediu ao Lukas, para tomar conta da livraria,
assim ficaria tranquilo.
Antes foi ao
banco para ver o que tinha ali, fotografou tudo, levou com ele, papeis em nome
do Remo, de uma conta na Suiça. Na caixa
que era das grandes tinha dinheiro também, bem como mais sacos de
diamantes. Se lembrou como ele tinha
passado da outra vez, só por isso teria perdido o emprego. Colocou tudo no lugar outra vez, só saiu com
os papeis, da suíça.
Tomou muito
cuidado, esses dias antes de partir, tinha a sensação de que estava sendo
seguido.
Mas tinha visto
que a conta do banco estava em outro nome.
Mesmo assim todo cuidado era pouco.
Como tinha por
hábito, saiu pela porta detrás da livraria, a do apartamento, fechou com todos
os fechos que o velho tinha, mas deixou o carro, andou uns dois quarteirões,
até estar longe dali, pegou um ônibus para o aeroporto. Tinha comprado o bilhete para Frankfurt, um
dia ou dois na feira, achava o suficiente.
Só quando chegou lá que avisou ao Remo que estava na Alemanha, ficarei dois
dias aqui, depois vou a Berlin, queria te ver.
Nada disso, ficas
no meu apartamento, me diga só o horário do voo, que irei te buscar.
Comprou livros de
arte, muitos livros de arte africana, dois catálogos que um cliente tinha
pedido, levava um papel, cheio de pedidos de coisas que só tinham nessas
feiras.
Dois dias tinham
sido suficientes, para estar cansado, tinha a cabeça como um bombo, pelo ruído
da feira. Na livraria, a música que se
escutava era suave, nunca falava alto com os clientes, agora com essa nova leva
de artistas vivendo por ali, tinha uns clientes especiais, alguns lhe passavam
cantadas, convidando para tomar uma cerveja ou sair para jantar. Mas sempre teve medo de relacionamentos. Se baseava pelo dos seus pais, dos
companheiros do exército, dos da polícia, nunca via nada dando certo. Era mais de uma noite só, quando muito
ficava até a pessoa sugerir um relacionamento mais sério. Caia fora imediatamente, na verdade não
tinha ideia o que era o amor.
Quando chegou a
Berlin, ficou de boca aberta com a transformação do Remo, podia dizer que
estava belíssimo, tinha os cabelos crespos imensos, amarados num rabo de
cavalo, usava roupas modernas. Teve
vontade de lhe dar um beijo na boca, quando o abraçou se afastou em seguida,
tinha ficado excitado.
Foram conversando
como tinham ido as coisas com ele por lá. Que trabalhar no início com seu amigo
foi importante, bem como aprender realmente a falar alemão. Tinha estudado antes de ir à
universidade. A família de minha mãe
era daqui.
Antes que pense
qualquer coisa, divido apartamento com um amigo, somos mais camaradas, antes
tivemos um relacionamento que não deu certo, mas ficamos amigos.
Ficarás no meu
quarto, dividirei quarto com ele enquanto estejas.
Teremos muitas
coisas para falar, suponho. Tudo que
lhe contou no caminho foi da morte de seu pai.
Esperava um mar de lagrimas, mas não soltou nem uma gota, tampouco notou
na voz alguma rancor. Nos últimos
tempos tenho mantido contato com meu tio, me contou coisas não muito
agradáveis, já sabia por ele, da morte de meu pai. Nunca tinha me sentido como me senti, ao
mesmo tempo raiva por não ter podido dizer-lhe na cara o que pensava, tampouco brigar
pelo que deixou. Não creio que tenhas
entendido, que era ele que estava por detrás de tudo. Dizia ao meu tio que me perdoava, por ser
gay, ao mesmo tempo, o abuso que achava que tinha permitido, que manchava seu
nome.
Eu imagino que
agora, o que sempre fez, de provocar a rivalidade de meus irmãos, se realizará,
queria que eu me preparasse, para no futuro, tomar conta de negócios que ele
considerava legais, mas que serviriam de fachada para lavar dinheiro do outro
lado. Quem faz isso hoje é a filha do
meu irmão mais velho.
Seguiram falando,
quando entrou no apartamento em Mitte, ficou surpreso, tinha um certo requinte,
de alguém que tem dinheiro. É alugado,
eu só usei o dinheiro para montar minha empresa. Meu sócio justamente é Alan de quem te
falei, as vezes discutimos, por causa de clientes que não quero aceitar, pois
estão envolvidos em algum negócio sujo.
Quando conheceu o
Alan ficou surpreso, era um homem impressionante, talvez em outros tempos iria
com ele para a cama imediatamente. Mas
conversando, se via que era formal, o tratou bem, logo os deixou para ir
resolver algum negócio, assim poderiam conversar.
Sentados, falou
do que tinha ido fazer no hospital com seu tio, a chave que seu pai tinha lhe
dado, da caixa de documentos, mostrou as fotos de tudo que continha, lhe deu os
papeis da Suiça. Ele soltou, filho da
puta, mesmo morto quer me comprar.
Você errou numa
coisa Xavier, devia ter pesquisado quem era minha mãe, para entender tudo isso,
tenho que remontar a ela.
Quando conheceu
meu pai, já era uma advogada com nome, como profissional, sempre usou seu nome,
nunca o dele. Se casaram pelo civil, quando
a família não a aceitou, foi fácil, ela mantinha seu escritório funcionando, o
tinha conhecido, defendendo uma acusação contra ele.
Sabia que ele era
o culpado, mas era seu cliente, como dizia, tinha que acreditar nas mentiras
que me contava.
Com o tempo, ele
passou a usar o apartamento dela, nunca foi dele, tampouco tinha dinheiro dele
ali. Lhe comprava joias caras, pois a
queria exibir como uma conquista, você viu o retrato dela, foi uma mulher
lindíssima. Depois usava o argumento,
de ir para casa, quando na verdade ia ver suas amantes.
Ela nunca o
deixou participar da minha educação, isso era um trato que tinham feito, com
papel passado quando se casaram. Eles
eram católicos, ela protestante, então fui educado sem religião em colégios
caros, laicos.
Quando era
pequeno, me levava para passar alguns dias na casa aonde viviam todos, era um
verdadeiro inferno, cada um que passava por mim, ou me empurrava, me chamavam
de bastardo, essas coisas de jovens maus.
Mas isso com o
tempo, me neguei a seguir. O que ele não sabia, que os negócios que ele fazia
no apartamento, ela os gravava, escrevia os detalhes numa livreta, guardava
naqueles cofres que você viu. Quando fiquei maior, ela me ensinou tudo,
inclusive me deu a cópia da chaves do cofre.
Esses diamantes, foram de um colar que ele deu para ela, mandou
desmontar o mesmo, colocou imitações iguais as do original. De tonta não tinha nada, mesmo de longe tenho
manuseado a sua conta particular no banco.
Isso ninguém sabia, sempre procuraram uma conta com o sobrenome dele. Me deixou além do apartamento, o andar aonde
tinha seu escritório, quem leva tudo é um grande amigo dela, foi apaixonado por
ela, quase foi a pique quando se casou com meu pai, nunca entendeu por quê.
Fiz arquitetura,
o velho cada vez que estávamos juntos me doutrinava para fazer o que já te
disse, mas minha mãe a parte dizia que se lhe acontecesse alguma coisa, eu
teria ferramentas para não aceitar, me perguntava olhando nos olhos, se eu queria ser um bandido como ele.
Quando ficou
doente, tudo que ele fez, foi colocar uma enfermeira que devia a vigiar, mas
antes disso ela já tinha me falado tudo.
Quando ela
morreu, fiquei vivendo sozinho no apartamento, com a senhora que foi minha
babá, até que fui para a prisão.
Tudo que ele
sabia era que tinha um cofre, mas aonde não.
Depois que ela morreu um dia o vi, levantando quadros, quando lhe
perguntei o que fazia, me disse que procurava o cofre particular dela.
Seguindo sua
orientação, lhe disse que estava no escritório de advocacia, que nunca tinha
visto nenhum lá em casa. Inclusive sem
acreditar, olhou meu quarto.
Depois
desapareceu, dias depois soube que tinham entrado no escritório, destruindo
quase tudo, que tinham levado o cofre que existia lá.
Veio aqui em
casa, andou pelo salão, procurando algum dispositivo de gravação, ele mais dois
homens, que soube depois que eram da polícia.
Um deles trabalhava com o
inspetor, pois depois o vi no meu interrogatório. Eu sabia que a cocaína tinha sido
colocado, pois nunca tomei drogas, quanto muito bebia uma cerveja, coisa que
faço até hoje.
Quando fui para a
prisão, ao princípio dois homens dele que estavam lá me protegiam, depois no
dia do abuso, me perguntaram se tinha alguma coisa que podia ajudar meu
pai. Na hora não entendi, lhes disse que
não, durante o abuso, fizeram um verdadeiro interrogatório.
Mas me neguei a
falar qualquer coisa. Aparentemente
eram homens do outro grupo, mas depois descobri que não, eram amigos dos meus
protetores.
No dia anterior
ao que você apareceu, para dizer que tudo tinha sido uma montagem, fui
interrogado pelo FBI, por isso tinha que desaparecer rápido, se me pegam, eu
iria ficar preso a eles, sendo interrogado para dizer alguma coisa sobre meu
pai.
Quando estivemos
no apartamento, fui rápido, peguei as duas cadernetas que tinha tudo anotado,
meti na minha maleta. Era minha
segurança.
Ali esta escrito,
tudo que ele negociou, dinheiro que mandou para a Suiça, ilhas Caimãs, esse
policial sempre estava presente. Sei
que as gravações ela borrava, para usar as fitas outra vez.
Mal cheguei aqui,
aluguei um cofre para guardar isso.
Isso que ele me
mandou, dinheiro da Suiça, ele te usou, acha que irei até lá, para buscar, meus
irmãos devem ter vigias lá. Veja esses
outros documentos, são negociações, dinheiro em outros lugares, no momento que
eu faça qualquer movimento nessa direção, me eliminaram. Mas o que eles
queriam, bem como o FBI, eram as cadernetas.
Isso jamais, é como posso me manter vivo. Tenho um advogado aqui, se me passa alguma
coisa, devem mandar para o FBI.
Por isso levo uma
vida tranquila.
Creio que nunca
entendeste por que sai correndo no dia seguinte, com os documentos, pois se
ficasse mais um dia, me descobririam, fariam mal aos teus amigos. Isso eu não podia permitir, quando voltaste
dizendo que tinham entrado na tua casa, entendi.
Vamos imaginar,
que só ele sabia quem iria me buscar na cadeia.
Portanto te tinha localizado, mas precisava saber se podia confiar no
meu pai. Vi que não. Meu tio, me contou coisas horríveis. Venha, lhe levou ao quarto aonde ia ficar,
parecia um quarto de monge.
E como o meu quarto
na prisão, o necessário, só me sentia relativamente protegido quando estava
fechado dentro. Isso virou uma paranoia.
Mostrou a carta
do tio, falava tudo que ele tinha imaginado, os tais três dias dos documentos,
como ele ficou furioso, porque me deste a fuga antes. Andou te vigiando até que deixaste a
polícia. Durante um tempo, pensou que
eu te tinha dado dinheiro, mandou o tal policial expandir esse boato na
delegacia.
Mas depois
verificou que não era verdade, inclusive falou com o homem de quem compraste o
local. De como tinha ficado apertado ao
início. Volta e meia mandava alguém te
vigiar.
Só não atreveu
colocar escutas no teu apartamento, quando viu que tinhas câmeras de vigilância
na frente, nos fundos da livraria, bem como na escada de incêndio.
Que cabeça
retorcida, pensei que estava sempre te ajudando.
Sim, mas só a
mim. Lembra-se quando te perguntei,
porque o fazias, eu desconfiava de ti, afinal eras da polícia. Mas nunca notei nada, poderias ter tirado
algum diamante na hora que colocaste para mim no caleidoscópio, mas não estavam
todos lá.
Tampouco me
pediste nada, a maneira como me levaste para o aeroporto, com segurança, me
apaixonei por ti. Não tinha
escapatória, mas não podia me arriscar.
Lhe entregou a
chave do cofre, com os documentos, agora tudo isso é contigo, se queres o
dinheiro da suíça ou qualquer outra coisa, é contigo.
Estava cansado de
escutar tanta coisa retorcida, lhe comentou que tinha saído justamente da
polícia por isso. Que voltaria no dia
seguinte a Frankfurt, para ir embora, só queria saber se estavas bem, chego à
conclusão de que de alguma maneira sabes te defender. Jantaram só os dois, o silêncio era
impressionante, tinha se sentido usado, não pelo Remo, mas pelo velho.
Lhe perguntou se
podia lembrar do nome do homem da polícia que estava com seu pai.
Vou tentar?
Sabia que no dia
da comemoração, tinha faltado um dos agentes, depois tinha estranhado que a
mesa ficasse logo na entrada do restaurante, quando normalmente, seria ao final
do mesmo, isso sempre tinha lhe intrigado, quem tinha feito essa reserva.
De noite, Remo
entrou no quarto, tirou toda sua roupa, deitou ao seu lado.
Remo não posso
fazer sexo contigo, vou me apaixonar, isso vai ser uma merda, nunca poderemos
estar juntos. Ele se vestiu, mas ficou
deitado abraçado com ele, apesar de estar louco de vontade, se conteve.
No dia seguinte
de manhã, lhe disse irei ao banco, tenho certeza de que na caderneta menciona o
nome do policial. Voltou sorrindo,
aproveitei para deixar tudo no cofre, assim não terei problemas. Lhe passou um pedaço de papel com um
nome. Ficou gelado, era o infeliz que o
tinha ajudado nas pesquisas. Hoje em dia
era ajudante do chefe.
Estas fudido
comigo, do velho não posso fazer nada, mas tu, não sabes o que espera, pensava
durante o voo, chegou a tempo de pegar um voo para NYC, chegou de manhã.
Foi direto para
casa, entrou pelos fundos como tinha saído, tomou um banho, se preparou com
esmero para mais um dia de trabalho, estava com saudade disso.
Seu velho amigo
Lukas, ficou de boca aberta com tudo que tinha descoberto. Como vais agir?
Primeiro vou
seguir esse sujeito, me documentar sobre ele, se servia ao pai, deve estar
servindo aos dois irmãos. Vou descobrir
aonde vive, tudo sobre ele, então agirei.
No fundo se fez
isso mesmo, ele é tão culpado, como o velho, do atentado, duas pessoas morreram
sem ter culpa no cartório, muitos ficaram feridos. O filho da puta ainda chegou a me visitar no
hospital.
Vamos ver se não
tem mais gente envolvida nisso. Eu
sempre me perguntei o que queria dizer o que o aposentado fez, se levantar,
ficar em pé como se tivesse uma arma na mão, com certeza como o outro parou,
não foi ele quem acionou o dispositivo, nunca se encontrou nada. Então foi outra pessoa.
Com todas essas
perguntas, abriu um livreto com o nome do suspeitoso, até nisso o cara era duvidoso. Antônio Loreto, dividia o dia com o Lukas,
mas foi ele quem fez as grandes descobertas, colocaram um gps para seguir o
mesmo. Descobriram que tinha uma casa,
que nunca poderia pagar com seu salário.
Dois filhos na melhor universidade de NYC, sem bolsas de estudos. Seu gps, o levava sempre a frente de um
restaurante italiano, de propriedade dos Zocco.
Foi levantando a lebre, conseguiu a muito custo, colocar um micro na
mesa que se sentava sempre o chefe, aonde dava ordens a Antônio.
Estavam
incomodados com o FBI, ninguém tinha encontrado nenhuma anotação importante nos
arquivos do pai. O filho da puta devia o
ter em algum banco, o Genaro que era seu chofer, se aposentou, desapareceu no
mapa. Temos que encontra-lo para saber
em que banco ele ia.
Passou só esse
pedaço de gravação para o FBI, esses ficaram nervosos, começaram a seguir o
Antônio. Mas ele queria o pegar sozinho.
Uma das conversas
ele argumentava, será que o Xavier Bosco, realmente não sabe nada, ele foi a
Alemanha recentemente, pode ser que teu irmão esteja por lá.
Se meu irmão
tivesse estas cadernetas, já teria feito uso delas. Melhor deixa-lo em paz, se ele não quis o
dinheiro da Suiça, nem o que deixamos no banco, como mandou fazer o velho,
sinal que não está interessado no negócio.
Remo tinha toda a
razão, era uma armadilha do pai, em conclui-o com os outros, filhos, inclusive
com seu irmão padre.
Avisou ao Remo,
seria interessante, se me pudesse passar uma cópia da caderneta, um só caso, o
FBI, já esta atrás deles, precisa só de um ponto de apoio. Tudo do banco era uma armadilha do teu pai,
para te pegar. Tinhas razão, foi ele que
organizou tudo, nunca pensou em te deixar partir. Cuide-se, tenha cuidado por Berlin,
desconfiam da minha viagem a Alemanha, perdão por te colocar em perigo.
Estava uma noite
em casa, quando o sistema de alarma, acendeu a luz, alguém entrava pelo beco,
viu logo que era o Antônio Loreto. Viu
que ele subia a escada de incêndio, o inquilino estava viajando, tinha deixado
as janelas totalmente trancadas, ele teria que romper um vidro para abrir. Desistiu, desceu, quando deu de cara com
Xavier, com um revolver apontado para sua cabeça, suspirou, o fez entrar em sua
cozinha, o prendeu numa cadeira, com fitas de embalar. Primeiro colocou uma mordaça, depois desceu
ao armazém, voltou com uma granada, que tinha de estimação, não estava
carregada, mas o outro não sabia.
Vou fazer umas
perguntas, você responde, se me mentes, tiro o que prende a granada, explosão,
sua cabeça vai a merda.
Desde quando
trabalhas, para a família Zocco, sem que o outro soubesse, estava gravando
tudo.
Desde que era
garoto, me fizeram entrar para a polícia pois queriam ter uma pessoa dentro.
No restaurante, o
que levava o carro, morreu, porque não foi ele que detonou, quem foi?
Não vou responder
a isso. Tens certeza, colocou a granada
em sua boca, ele começou a suar frio, acabou concordando em falar, me mandaram
que reservasse a mesa mais próxima da rua, quem detonou fui eu. O filho da puta não saia do lugar, tinha
ordem de executar o máximo possível de gente.
O filho da puta
do velho, ficou como um idiota apontando para o outro. Isso significava que tinha matado seu irmão,
que mataria a ele também. Porque foram
eles que começaram o tiroteio que matou a mulher, filho dele.
Agora uma última
pergunta, quem foi que ordenou abusarem do Remo no presídio?
Isso não posso
responder, seria homem morto.
Tu podes morrer
de qualquer jeito.
Foi seu irmão
mais velho, porque não encontravam as cadernetas, sabia que o garoto tinha
ideia de aonde estavam.
Como fazes para
que ninguém suspeite de ti, com essa casa que vive tua família, bem como dois
filhos na universidade, são eles que pagam.
Sim, mas só uma
pessoa sabe disso.
Quem? Quero o
nome inteiro, porque imaginas vais te fuder sozinho.
O chefe sempre
soube de tudo, os originais do velho, ele queimou, mas encontrastes as copias
redigidas a mão. Ai fudeu tudo. Era para o garoto ter morrido na prisão, vais
o soltas. O velho ficou furioso,
pensamos que o tinhas trazido para tua casa, nem para o apartamento dele,
ninguém sabe aonde está, tampouco interessa muito. O poder agora está com o irmão mais velho,
melhor que fique bem escondido.
Primeiro o
colocou dentro de um carro que roubou no bairro, trocou de placas com por uma
que já tinha conseguido da outra família de mafiosos.
No seu armazém,
tinha bastante material para fazer uma explosão, levou o carro até a frente da
mansão da família Zocco, o deixou sentado na direção, antes lhe deu um
tranquilizante.
Quando alguém
percebeu o carro parado no portão, foram até lá, no que tentaram abrir a porta,
o carro explodiu como tinha sido no restaurante, os vidros da casa, foram todos
para a merda.
O chefe saiu com
um bando de homens, eles de longe fotografaram tudo, Lukas o tinha ajudado.
Passou ao Remo
tudo que dizia respeito a ele, no dia seguinte tinha as cópias que tinha
pedido.
Justamente
incriminava o irmão mais velho.
Mandou todo o
resto para o FBI, ficou do outro lado da rua escondido numa entrada do edifício
para ver o chefe de polícia sair algemado, tinha denunciado o fiscal, a quem
molhavam as mãos também. Esse era
candidato ao ser fiscal chefe, era como jogar merda no ventilador.
Os Zocco estavam
nervosos, tinham descoberto que o carro era dos rivais, achavam que eles tinham
feito o atentado sobre sua família.
O puto Antônio
Loreto, foi despojado de tudo, inclusive sua família perdia o direito a pensão,
pois era um corrupto. A mulher e os
filhos venderam tudo, sumiram do mapa.
Mas ainda faltava
o final. Quando o FBI, recebeu as notas
da caderneta, levou os dois irmãos presos, a família ficou descabeçada. A outra família invadiu o seu pedaço, provocando
uma guerra entre das duas famílias. O irmão
que não estava na historia da caderneta, saiu da prisão, chefiou a guerra
contra a outra família, acabou matando, o rival, bem como morreu depois
assassinado.
As duas famílias
estavam descabeçadas. Remo poderia
voltar, mas não o fez, levou muito tempo para dizer, que já não estava na
Alemanha, que tinha se mudado a outro pais, com outro nome. Logo faria contato.
As famílias
levaram anos para se recompor, com mil brigas pelo poder, o irmão mais velho dos
Zocco, acabou assassinado no presidio.
Ele seguiu sua
vida, agora Lukas viúvo, vivia no apartamento de cima, era sua única família.
Um dia apareceu
na livraria, um homem dizendo que era seu irmão por parte de mãe, apenas lhe
entregou uma cartão fúnebre, a mãe tinha morrido a meses, de um câncer
fulminante, nenhum de nós estávamos com ela.
Morreu sozinha num hospital, tenho mais dois irmãos, os dois estão no
exército, entraram para escapar dela. Eu
escapei de casa cedo, sou advogado.
Só vim te
conhecer, bem como te avisar disso.
Tiveste sorte dela ter te abandonado.
Nos fez a vida um inferno. No
final se prostituia, trazendo homens para casa. Por isso todos fugimos.
Que lastima
comentou depois o Lukas, foi uma mulher bonita, mas nem de longe era como tua
avó, ou tua tia, que dava um duro para sustentar a mãe, bem como tu, que
começaste a trabalhar cedo.
Cada um escolhe
seu caminho Lukas. Eu estou contente de
ter ajudado o Remo, embora tenha me sentido usado as vezes nisso tudo. Mas resolvi o problema.
Se passaram quase
dez anos, vinha do enterro do Lukas, chateado, perdia um amigo querido, quando
viu Remo parado na frente da livraria.
Seu coração disparou. Na porta
tinha um cartaz dizendo que estava fechado por motivos fúnebres. O viu perguntando se sabiam de quem era, viu
que uma vizinha dizia, do senhor Lukas, o pai do Xavier.
Viu que ele
ficava ali parado, esperando, trocando o peso do corpo em cima das pernas. O viu atravessar a rua, se sentar no bar,
tomar um café. Deu a volta, entrou pelo
beco, o viu voltar, várias vezes, estava envelhecido, mas nem por isso menos
bonito.
Ficou tentado a
abrir a porta, mas não o fez.
Ao final, viu que
escrevia um bilhete, que passava por baixo da porta, tentou escutar se alguém o
pegava do outro lado, mas ele não se moveu.
As vezes o telefone tocava, ficava um tempo, mas ele não atendia. Era como se não estivesse ali realmente.
Não queria de
maneira nenhuma ter nada mais a ver com ele, nem tampouco com sua família,
tinha conversado muitas vezes com o Lukas sobre isso. Será que teriam sido felizes juntos, Lukas
dizia que Remo sem querer atraia complicações, sempre estarias no meio de coisas
que nada tem a ver contigo, como já aconteceu.
Deixe estar, deixe estar que é melhor.
Atendeu a voz que
dizia isso em sua cabeça.
Muito tempo
depois, pegou o bilhete.
“primeiro sinto
muito a morte do Lukas. Espero que
estejas bem, vim a NYC, buscar o resto do que era meu, no banco da minha
mãe. Quero desfrutar o resto da minha
vida, depois de tanto pesadelos. Sinto
não poder te ver, mas parto outra vez para outro destino. Cuide-se como sempre dizes a mim. Teu amigo Remo”
Com isso na mão,
se lembrou da conversa que ele nunca tocaria no dinheiro que era da família,
ele tinha uma cópia da chave do Banco.
Tinha certeza de que tinha retirado tudo que o velho tinha deixado.
Com muita cautela
foi ao Banco, conseguiu o acesso, apresentando sua documentação de policial,
nem precisou ir muito além, o gerente do banco, disse que o herdeiro, tinha
retirado tudo, bem como devolveu a caixa ao banco. Já não tem nada aqui.
Remo tinha sido
esperto, tinha esperado tudo passar, para se apossar do dinheiro todo, bem como
dos diamantes. Depois se soube que o
FBI, tinha recebido toda a documentação contra a família que já nem funcionava
direito, tinha perdido sua credibilidade.
Essa tinha sido sua vingança final.
Só ficaria com
uma pergunta na cabeça, será que veio para me convidar para ir com ele, para
alguma ilha maravilhosa, para disfrutarmos do final dos nossos dias.
Nisso escutou a
porta detrás se abrir, foi rapidamente, era seu namorado de anos, que voltava
de uma viagem. Lástima não estar ao teu
lado para o enterro do Lukas, mas não consegui bilhete de avião a tempo.
Que bom estar em
casa novamente, se beijaram. Eram
completamente diferentes em tudo, mas se entendiam. Na primeira noite que estiveram juntos,
ficou para dormir, depois foi ficando cada vez mais, nunca fez a pergunta que
atormentava o Xavier. Somos alguma
coisa, ou temos um compromisso. Dava
por sentado que tinham. Por isso
durava.
Contou tudo para
ele, afinal sabia toda a história, tinha lhe contado tudo com o tempo, os dois
não tinham segredos um para o outro.
Agora seria a
hora de escrever, viveram felizes para sempre, mas é melhor dizer que foram
lutando com a vida para seguir em frente.
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