lunes, 31 de mayo de 2021

HAKAN MEHMED

 

                                     HAKAN  MEHMED

 

Sempre levei a sério o meu nome, mas mais por culpa de meu pai, que dizia que eram importantes.  Era um grande comerciante Turco.  Sou filho do seu segundo casamento, do primeiro tinha cinco filhos homens, dizia a todo mundo era potente, pois só tinha filhos homens. Quando ficou viúvo, foi de férias a Mykonos, aonde conheceu minha mãe, que era de uma quarta geração de turcos na Alemanha.   Tinha a pele muito clara, olhos castanhos claros, um sorriso genial.   Quando nasci, todo mundo queria me ver, pois nasci com um olho negro como os dele, outro claro como o delas.   Virei o brinquedo dos meus irmãos mais velhos.

Como quem cuidava dos outros era uma irmã de meu pai, minha mãe exigiu uma casa a parte, aonde mandasse ela.   Era uma mulher europeia, moderna, atual, lia jornais, fumava, gostava imensamente de música, na verdade não tinha nada de turca.   Tampouco era religiosa, coisa que provocava verdadeira briga entre os dois.

Herdei dela a paixão pelos livros.  Comigo só falava alemão, o que foi uma vantagem, pois aprender línguas ficou fácil.  Vivíamos perto do Grande Bazar, aonde ele tinha muitas lojas, da universidade.   Mas o que eu gostava mesmo, era que ao lado do Grande Bazar, existia um mercado de livro.   Era minha paixão, logo conheci um senhor Irani, Bahar que me ensinou a ler, escrever em Farsi.  Me conseguia livros antigos manuscritos, que eram a minha paixão.  Era um adolescente diferente, não me interessavam os jogos, os negócios familiares.  Alguns da família me criticavam, mas meu pai me defendia.

Queria que um filho fosse a universidade, que ele não tinha podido fazer, seus outros filhos, estavam fadados aos negócios.

Um de meus irmão levava uma loja de antiquário especializada, a cada nova compra, mercadoria que chegava de algum lugar do oriente, me chamava para apreciar com ele, se tinha alguma coisa escrita em outra língua eu era o encarregado de descobrir, para que ele tivesse um ponto a mais de venda.

Com isso acabei falando quase todas as derivações da língua árabe, entendia o significado da escrita.                    Mas minha mãe não descuidava, me obrigou a estudar, inglês, que ela falava corretamente, bem como o francês.  Um sonho ela compartia com meu pai, que eu fosse a universidade.

Fomos visitar sua família em Berlin, voltei carregado de roupas europeias para ir à universidade.   Essa estadia, passei o tempo todo falando alemão, meu pai, coitado ficava de fora, pois falava muito mal.  Sentava-se a seu lado, ia traduzindo o que ele não entendia, este colocava o braços em cima de meus ombro como gostava, sorria.

No primeiro dia da universidade, todos me olhavam, pois ia desde sapatos feito a mão, a roupas de primeira.  Creio que foi quando tomei gosto por isso.   Minha mãe sempre dizia uma coisa, ande sempre limpo, asseado, com as roupas limpas, as camisas têm que estar perfeitas.  Me ensinou como passar as mesmas para que ficassem perfeitas.   Tinha aulas de filologia, além de história, a qual eu sabia tudo na ponta da língua.   Minhas notas eram ótimas, só durante o período depois da morte de minha mãe, é que caíram um pouco.  Fiquei abalado, mas pior ficou meu pai, que criou uma dependência de mim imensa.  Se negava a ficar na casa de nenhum de seus filhos.  Consegui contratar uma senhora que fazia limpeza na universidade para pelo menos limpar a casa.  Saia da Universidade, ia correndo para casa, depois o levava a comer no restaurantes de amigos dele.   Mas estava cada vez mais triste, ficava sentado no salão que não tinha nada do estilo árabe, mas sim europeu, olhando a poltrona aonde ela se sentava para ler, ou conversar com ele, a cada dez minutos soltava um suspiro.

Conversava com ele, sobre a história do pais, sobre os antigos Sultanato, ele sabia tudo, te deixarei algo de herança.   As vezes pela tarde ia a loja do meu irmão, o arrastava comigo, este não gostava muito, pois em seguida estava examinando seu livro de contabilidade.

Se estávamos no Grande Bazar, me fazia ir com ele a todas as lojas que lhe pertenciam, vigiava que não lhe roubassem.  Mas no final do dia, íamos tomar chá com meu amigo Bahar, ele se divertia nos vendo conversar em Farsi, ou quando eu apreciava algum manuscrito que tinha conseguido para mim.

No dia que começou a passar mal, estávamos ali sentados, ele tinha conseguido através de um conhecido em Teerã, um manuscrito, que falava de Mehmed o fundador da dinastia em Constantinopla. 

O levei imediatamente para o hospital, enfiei o pequeno manuscrito no bolso me esqueci dele. Do hospital ele não saiu.  Era uma verdadeira romaria, não só dos meus irmãos, como de seus filhos, amigos dele, homens com quem tinha tido negócios a vida inteira.  A maneira como se comportavam, eram como se despedissem de um patriarca.

Seu enterro tinha muita gente, a maioria tinham negócios com meus irmãos, quem vinha falar comigo eram os professores da universidade, alguns tinham sido ajudados pelo meu pai.

Um advogado me estendeu seu cartão, me disse que depois da leitura do testamento, eu fosse falar com ele em particular.

Quando fomos a leitura do testamento, a cada um deixou a loja que já cuidava, me deixou as lojas que tinha no mercado do livro, pedia desculpas, mas os aluguéis eram antigos, a casa que vivia que estava na verdade em nome de minha mãe.  Teria que me apanhar, pois claro os outros ficavam com muito mais dinheiro.   Mas não disse um pio, não reclamei, me faltavam meses para terminar a Universidade, pensava em ir fazer um curso seguinte em Berlin.

Agora à primeira vista não tinha dinheiro para ir fazer nenhum curso.  Tentaria conseguir uma bolsa de estudo, mas claro isso tinha sempre uma cunha política.   Um irmão de minha mãe tinha oferecido sua casa.   Mas claro precisava de dinheiro.   Os aluguéis não dariam para me manter lá.   Nem me atrevia pedir aos meus irmãos.

Me lembrei do cartão do advogado, me recebeu prontamente, eu achava estranho, pois era muito jovem, o do testamento era o seu advogado de toda vida.

Me explicou que seu pai tinha sido funcionário do meu, toda vida, que levava uma das lojas de tapetes. Ele pagou os meus estudos, reclamava dizendo que teus irmãos, eram bons negociantes, mas não se interessavam pelos estudos.

Era uma verdade, o que tinha a loja de antiguidade, me soltou na cara, que meu futuro seria levar uma das lojas de livros, que não davam muito lucro.

Me estendeu, duas caixas, uma grande, outra menor.   Me disse que o mais importante era a menor, que a abrisses na sua frente.   Ele sempre tinha sido um apaixonado por caixas de madeira, essa tinha um texto em Farsi, ele sabia que tinha paixão por esta língua.  Um texto falava do futuro.    Quando abri a caixa, tudo que tinha eram uma carta, bem como uma chave.

A carta explicava a outra caixa, diziam que eram diários de nossos antepassados, que eu entenderia quando começasse a ler, a chave era de um apartamento em Berlin, que tinham comprado na última visita, assim quando fosse para lá realizar meu sonho, teria aonde ficar. Deves acompanhar o advogado ao banco, falava o nome do mesmo.   Era a filial de um banco alemão, pedia desculpas que não era muito dinheiro, mas eram economias dele e de minha mãe.

Fui com o advogado, realmente não chegava aos pés do dinheiro que tinha ficado para meus irmão, mas em contrapartida, me daria para começar em Berlin.

Como já tinha aonde ficar, me dava autonomia de vender a casa dali, que isso eu nunca faria, ou mesmo as lojas.   Sabia que não valeriam nenhuma fortuna.

Tinha minhas economias também, fui até Berlin, numa viagem barata, fora de estação para uma entrevista com os professores.  Logo me aceitaram, um em especial, que disse conhecer meu tio, me disse que poderia conseguir, se eu trouxesse meus diplomas, que desse as classes de Farsi, embora houvesse poucos alunos.

Aceitei, embora não fosse muito dinheiro, era algo.

Fui ver o apartamento, não era tão grande como nossa casa, é claro, uma sala relativamente grande, pois estava sem móveis o que era bom, mas tinha uma janela imensa que dava para um parque, o quarto era bom, bem como o banheiro, um dia o reformaria, mas agora dava para o gasto, além de uma pequena cozinha.    Estava no meio de um bairro de maioria turca. Então teria aonde comprar comida, bem como muitos restaurantes.

O mesmo professor, me soltou, se queres impressionar, já que te veste de maneira europeia, corte os cabelos, raspe essa barba que caracterizam os turcos, te comportes como um alemão. Chegaria à conclusão de que ele tinha toda razão, mas claro, no bairro, tinha que falar turco para me entenderem, pensavam que eu era um alemão pobre.

Voltei a Istanbul, me despedi da família, pedi ao meu amigo Bahar, que fosse viver na minha casa, que cuidasse dela, que continuasse me mandando os manuscritos que sabia que eu gostava.

Aluguei um carro, para levar meus livros, misturei os manuscritos no meio deles, para disfarçar, fui cuidar da minha nova vida.

Só me dei conta que não tinha aberto ainda a caixa dos diários de meus antepassados, quando comecei a colocar os livros no lugar.   Um vizinho me ajudou a montar as estantes, tinha comprado os moveis todos em IKEA, esse riu comigo, dizendo um intelectual turco, vai ensinar os alemães.   Quando abri a tal caixa, primeiro senti o cheiro dos livros, alguns eram ainda folhas de pele de cabra, outros, tinham a capa belíssima, toda com um trabalho artesanal, um papel suave, frágil.  Os fui arrumando por época, seria material do meu estudo dai por diante. Colocando a roupa no armário, descobri o último manuscrito.  Era mais ou menos da mesma época dos primeiros que tinha herdade de meu pai.

Quando fui devolver o carro, o lugar vendia carros de segunda mão, fiquei apaixonado com um velho Volkswagen de 1970, sua proprietária o tinha guardado numa garagem, tinha o motor perfeito, era vermelho sangue, perfeito para mim.

Comecei tudo ao mesmo tempo, a estudar, dar aulas, quando descobriram que falava quase todas as nuances da língua árabe, me saíram mais classes.

Um dia estava saindo da aula de Farsi, tinha um homem me esperando fora, se identificou como sendo da biblioteca Estatal de Berlin, se apresentou como Hans Shueber, o convidou para um café.

Começou com uma conversa longa.

Senhor Hans, vamos direto ao assunto, pois tenho trabalho a fazer, nunca perco meu tempo em estender um assunto que não entendo.

Necessitamos de alguém, para desenvolver um trabalho junto a quantidade de manuscritos que temos em Farsi, as derivações de árabe antigo dos países que estiveram sobre o julgo da União soviética.   Podemos contratar por horas ou mesmo como um emprego fixo.

Podemos lhe mostrar o que temos, se lhe interessa, negociamos.  O senhor acabaria sendo um funcionário do governo.

Primeiro prefiro dar uma olhada no que os senhores possuem, mesmo tendo que assinar um termo de confidencialidade.

Tenho meu tempo atualmente empregado, entre dar aulas, ter aulas de pós-graduação, bem como textos de diários que herdei da família, que remontam a muitos anos atrás.  Bem como sou devoto de manuscritos em Farsi, bem como das outras línguas.   Tenho um pequeno acervo a respeito.

No momento trabalho em um sobre a construção de uma mesquita em Teerã, que além de desenhos, constam medidas, projetos.

Caramba, eres justo a pessoa que procuramos. Te aconselho a registrar tudo que seja de sua propriedade ou ter num cofre, sempre é bom ter uma proteção.

Marcou com Hans para o dia seguinte a tarde, que teria livre.   Não podia reclamar, as coisas iam bem.  Falava com o seu amigo, cuidador de sua casa.  Este lhe contou que um de seus irmãos tinha ido falar com ele.  Mas os conhecendo, tinha deixado um papel com o Bahar, uma cópia com o advogado, em que explicava que o homem tomava conta de sua casa.

Falou por acaso, para ficar tranquilo com o advogado.  Esse disse que esse mesmo irmão o tinha procurado para discutir se não tinham direito a essa casa.  Quando soube que sempre estivera em nome de sua mãe, não gostou muito.    Qualquer coisa te informo.

Foi a Biblioteca Estatal, no dia seguinte, disse que tinha hora marcada com Hans Shueber, o levaram a uma parte subterrânea, aonde ele tinha um escritório, todo fechado por vidro, a temperatura ambiente era própria para conservação dos livros.  Parou na entrada, sentido o cheiro dos mesmo, era como lhe dizer seja bem-vindo.

Hans lhe apresentou ao diretor da biblioteca, estiveram conversando, lhe passaram um manuscrito, ele em seguida começou a ler, quase se esquece da presença dos outros. Leu o que estava escrito em alemão.  Explicou que havia uma palavra confusa, que ele podia ter duas interpretações, mas creio que é como a pessoa o escreveu.  Veja, foi apontando as palavras, anotando a parte as mesmas, elas formam uma mensagem a quem for ler o manuscrito.

A ideia que esse manuscrito, que discorda de uma séries de medidas tomada por um Íman, no ano de 1820, se refere a construção de uma mesquita que não estaria voltada para Meca.

Como, deixasse um rastro de código para se poder ler o que escreve.

Tínhamos consultado um imã, vimos que observou algo, mas se calou, como se nós quiséssemos interferir em alguma coisa deles.

Perguntaram de sua disponibilidade.  Ele tinha analisado com seu travesseiro no dia anterior, suas opções.   Umas das turmas não lhe interessavam, pois os alunos não estavam verdadeiramente interessados no tema, o professor que ele estava substituindo, o levava de rédeas frouxas.

Posso negociar isso, apenas necessito das manhãs, posso começar a trabalhar a partir das dez, dois dias tenho aulas, três dou aulas, mas necessito 4 horas de noite para trabalhar em casa.

Lhe ofereceram um salário, bem como um contrato indefinido, que o ajudaria a ter nacionalidade alemã que já tinha pedido, através dos documentos de sua mãe.   Ajudariam inclusive nisso.

Lhe mostraram sua sala, Hans Shueber, lhe indicaria os manuscritos que devia ler, traduzir, fazer anotações pertinentes.

Amanha concreto isso, pois necessito falar com a Universidade, não os quero deixar na mão, já que me receberam tão bem.

Comentou com os dois, que os pais tinham comprado esse apartamento para ele, no momento que decidiu seguir os estudos em Berlin.   Explicou que os dois tinham morrido, pouco tempo um do outro.

Não podia reclamar, dali foi direto a universidade, o reitor, já tinha recebido uma chamada do diretor da Biblioteca, só pediu que ele continuasse até o final do curso, com a pequena turma adiantada, pois estavam aprendendo muito com ele.

Agora com um salário como o prometido, seria mais fácil, até poderia se mudar do bairro, mas gostava de aonde estava.

Chegava logo depois das aulas, se fechava com o manuscrito que estivesse trabalhando, ia anotando a parte tudo que lhe chamava atenção, depois de terminado, escrevia a tradução num laptop, bem como um original, o que era complicado, pois os laptops atuais, não continham letras que representassem a língua antiga.

Hans as vezes almoçava com ele, dizia que ele era rápido no assunto.   Temos agora dois estudantes que estão interessados em alguns temas, se puderes ajudar.

Um era seu aluno na universidade, mas o outro, avisou em seguida ao Hans, me parece estranho que um aluno iraniano, venha estudar aqui manuscritos de sua língua original, mas busca algo em concreto.   Melhor investigar a pessoa.   

Não deu outra, era um agente do governo que queria saber o que possuía a Biblioteca, para poder reclamar.

Estava agora trabalhando um manuscrito muito antigo, as páginas feitas de pele de cabra, eram perfeitas, a caligrafia era apaixonante, bem como o texto, poesias dedicadas a alguém a quem pelo visto nunca mandava nada.   Falava de uma pessoa, sem se referir a sexo.   A princípio pensou que era escrito por uma mulher, mas a letra era masculina, sabia diferenciar.  Ficou um pouco confuso.    Releu mil vezes, a última com uma lupa, para ver se a colocação das letras lhe davam alguma orientação.   Falou com o Hans, a respeito, se não tinham mais nenhum do gênero.   Como mencionava um lugar em específico, falou com seu querido Bahar, para ver se descobria algo mais.

Bahar riu, quem me mandou te ensinar tudo isso, agora aguento.  Estou te mandando uma caixa com alguns novos que consegui.

Mas o texto não saia da cabeça, analisou as páginas finais, ali tinha duas interpretações, a outra pessoa se casa, iria ter filhos, esqueceria do amigo.   Aí, estava uma palavra, que tinha sido borrada, reescrita.   Chegou à conclusão que tinha sido escrita de um homem para outro homem. Comentou isso com o Hans.   Precisamos de uma lupa mais potente.  Foi difícil descobrir que essa palavra, tinha sido borrada, reescrita outra vez.  Só notei porque a letra é um pouco diferente.

Ia bem no trabalho, no que desenvolvia para sua pós graduação, seguia recebendo uns quanto manuscritos vindo de Bahar.

Recebeu um maior, com uma carta escrita por ele, isso creio que é uma história inteira, ou um romance.   O li algumas vezes, mas sem entender direito, como o aluno suplantou o mestre, espero que decifres tudo isso.

Sem querer era a complementação da poesia, mas agora contando em prosa, a história de um romance proibido.

Registrou a propriedade, para depois mostrar ao Hans, esse queria adquirir imediatamente para a biblioteca.

Primeiro quero ler, analisar, depois já pensarei.

Sem querer, tinha encontrado o tema para sua pós graduação.

Quando comentou com o Hans, este foi direto, como ele gostava, queria saber se ele era homossexual, para gostar do tema.

Confessou que tinha tido experiencias, mas nunca amei ninguém, se isso que queres saber, mesmo aqui, tive algumas aventuras, mas não passaram disso.

Admirava a forma de amor de seus pais, mas nunca tinha se interessado por ninguém a esse ponto, tampouco se sentia atraído por qualquer pessoa que conhecia.

Via a vida noturna de Berlin de longe, sem saber muito bem como interagir, na verdade saia pouco, talvez por falta de companhia.   Seu vizinho o tinha chamado várias vezes, mas as pessoas com que ele conviviam não tinha nada aparentemente com ele.  Quando sabiam o que fazia, soltava um sorriso como dizendo o que faz esse aqui com a gente.  A maioria eram trabalhadores braçais.

Hans ao saber disso o convidou para sair com ele.  Tinha uma forma completamente oposta de vida, era um apaixonado da Opera, de sair para um jantar calmo, aonde se pudesse falar de arte. 

De qualquer maneira, estava acostumado a viver sozinho, começou a conhecer os museus, a observar principalmente obras de artes que as vezes ao seu entender estavam mal catalogadas.

Anotava tudo que lhe parecia mal catalogado, lia inscrições nas pedras, para posteriormente ratificar se estavam certas as traduções.   Foi assim que encontrou um amigo do Hans, que o viu escrevendo ou desenhando a inscrição de uma pedra, percebia que a maioria das pessoas que estava ali, olhavam o conjunto, não os detalhes.  Ficou parado ao seu lado, o observando. Quando se voltou o cumprimentou, mas não se lembrava o nome dele.

Já sei, como todo mundo, que é apresentado em volta de uma mesa, é difícil guardar os nomes, Tom Von Bode, um descendente do homem que coordenou o museu que leva o seu nome.

Trabalhas aqui?

Nem pensar, sou arquiteto, mas interessado em arte em geral, mas me dedico a restauro de casas antigas, no momento estou restaurando uma casa aqui perto, quase um castelo que ficou muito anos, sendo usado só uma parte.  Como o governo o comprou, para montar mais um museu, estou olhando o trabalho de reformas da Ilha dos Museus, para pensar como fazer o projeto.

Ficaram conversando, pois no dia que se conheceram não tinham tido oportunidade.  Falaram de muitos assuntos.     Hans nunca fala do seu trabalho, com medo que possamos depreciar, mas eu considero uma arte saber ler em outras línguas que sequer temos conhecimento.

Lhe pareceu que falava nisso para ele se abrir.   Por precaução, desviou o assunto.  Eram o extremo oposto fisicamente.  Pois Tom, era extremamente branco, quase o padrão ario do homem puro.   Ele ao contrário, por mais que se parecesse alemão, com seus cabelos crespos rebeldes, sua tendência a ter uma barba fechada e escura.

Acabaram na cama, Tom era um tanto agressivo na cama, o que não lhe gostou muito, não se sentia à vontade.   Comentou isso com Hans, esse se matou de rir, ele adora sado masoquismo, vive se vangloriando disso.   Talvez por isso sempre está sozinho, vá com calma com ele.

Passou a evita-lo, se por acaso se encontravam num jantar se sentava no lado oposto a ele, veio falar com ele a respeito.   Dias depois soube que tinha comentado com alguns que ele na cama era como estar com uma mulher barbada.  Pensou em tomar uma satisfação, mas decidiu que o melhor era ficar quieto.

Deixou simplesmente de sair com o grupo do Hans.  Se dedicou plenamente ao seu trabalho, quando apresentou o projeto de pós graduação, logo apareceu uma editora querendo editar o trabalho.   Era uma análise profunda de dois manuscritos, tinha feito um trato com a biblioteca, se deixavam usar o que eles tinham, posteriormente doaria o seu.

Foi convidado para uma apresentação num congresso sobre linguística patrocinado pela Sorbonne.   Tirou férias para ir.  Agora que tinha terminado o curso de pós-graduação, estava mais livre para seu trabalho.  Mudariam seu contrato.

Quando apresentou seu trabalho em Paris, pensaram que ele faria a apresentação em alemão, mas a fez em francês, foi super aplaudido no final.   Não usava nenhuma palavra em alemão.

Lhe perguntaram se tinha algum vínculo permanente com Berlin, respondeu apenas que tinha lá um apartamento, bem como sua documentação hoje em dia era alemã, visto sua mãe ter nascido lá.     Não acredito que estarei preso nunca a lugar nenhum, pois meu interesse é ir em frente.

Quem lhe tinha feito essa pergunta, era o coordenador do encontro.   Logo o apresentou a pessoas importantes do departamento de línguas da universidade, bem como da biblioteca nacional.  Temos uma quantidade imensa de manuscritos da tua área, mas os professores não se interessam em coordenar os mesmo, tampouco os alunos.

Lhe deu um cartão, para que fosse conhecer o local. Era tudo ao contrário de Berlin, se sentia como se estivesse no mercado do livro de Istanbul, por estava tudo sem registro, sem coordenação, ali não existia uma sala fechada, mas sim uma mesa imensa, que se via fora de uso, pela poeira que acumulava.    O primeiro que pegou foi um manuscrito em árabe, que falava do descobrimento uma fortaleza, inclusive dando coordenadas.   Perguntou ao diretor se tinha verificado isso.

O acompanhou ao departamento de arqueologia, deu de cara com um homem mais velho que ele, com uns cabelos crespos como o seu, parecia a juba de um leão enfurecido.  Os olhos eram sagazes.    Apertou sua mão tão forte que doeu, se apresentou com Jean Leon, em seguida estava debruçado em cima de um mapa estudando as coordenadas.

Que coisa mais rara, aparentemente aqui não existe nada, simplesmente é o promontório de um rio, pode ter sido habitado por várias civilizações.   Vou pesquisar a respeito, inclusive posso ir até lá, esbarro no meu problema de sempre, preciso de um tradutor, pois tenho dificuldades para aprender línguas.   Se virou rindo para ele, sacudindo a juba, porque não vens comigo, se estas de férias, iriamos mais rápido, ficou rindo, comigo sempre é assim, é como estar num turbilhão.  Voltaram a biblioteca, queria ler tudo que estava escrito.

Analisou cada palavra, bem como sua colocação num contexto.  Quem escrevia não tinha comunicado a ninguém a respeito, pois temia que sua vida plácida fosse invadida.  Pelo que escrevia eram dias turbulentos.  Conseguiu datar a escritura por volta do fim do século XVIII, telefonou para o Leon como o chamaria sempre. Marcaram de se encontrar essa noite, mal sabia que estava fazendo.

Ele quando falava, olhava diretamente nos olhos da pessoa, falaram horrores, ele tinha levado apontamentos, disse que só teriam que avisar as autoridades Turcas, que iriam pesquisar nessa zona. Pois não constava nada nos mapas.

Saíram essa noite, foi lhe mostrando os lugares que amava, se sentaram na Pont Des Arts, observando a noite.  Perguntou em que hotel estava, lhe disse.   Venha minha casa, esta aqui perto.   Era um terceiro andar em Saint Germain de Prés, o apartamento tinha livros por todos os lados, mas ordenados, falando sobre vários assuntos, mas a sala era como estar num Oásis, pois dava para uma pequena varanda.  Cheio de plantas.  Quando se voltou para dizer que o lugar era maravilhoso, deu de cara com o Leon, o atraiu, o beijou com delicadeza, depois foi dando lugar a um beijo apaixonado.  Quando viu estava na sua cama.  Eram parecidos fisicamente, disse que sua mãe era argelina, talvez por isso.   Nunca tinha estado tão a vontade com ninguém, sempre um sexo rápido, com ele, apesar da aparecia de um leão enfurecido, de todo o caos com que trabalhava, estar com ele na cama era como estar explorando a fundo seu corpo.

Quando terminaram, ficaram rindo um com o outro.  Foi sincero, nunca estive assim com ninguém.

Pois eu já te esperava a tempo, sabia que um dia encontraria uma pessoa como tu.

Dois dias depois partiram, comunicou a Berlin, que se atrasaria, pois tinha se metido numa exploração a partir de um manuscrito.

Quando chegaram a Istanbul, ali já o tinha esperando toda sua equipe, analisaram um mapa da época, partira para o lugar, no segundo dia deram com uma ponta do Iceberg como ele chamaria.   As terra hoje eram inexploradas, restava agora conseguir autorização das autoridades para escavar.   Ele serviu de intermediário, bem como de tradutor.  O levou para sua casa, quando o apresentou a Bahar, este lhe mostrou vários mapas antigos sobre essa zona.

Aparentemente tinha sido uma cidade fenícia, de aonde partiam comerciantes por todo o mediterrâneo, pois estava guardada pela enseada do rio, dali também saiam barcos rio acima. Para buscar mercadorias com que comercializar.

Foi bom ver Bahar, estava ficando velho, melhor que tenho essa casa para viver, senão estaria na rua.

Voltaram a Paris, em seguida recebeu o convite para cuidar desses livros, inclusive com a oportunidade de formar uma equipe, lhe permitiam inclusive participar da escavação, visto ter sido dele a descoberta.

A relação dos dois era impressionante, um começava um gesto o outro terminava.  Podes ficar na minha casa se quiseres, tudo que é meu é teu.

Voltou a Berlin, por algumas coisas, colocou numa caixa os manuscritos que estaria trabalhando, levaria os da família, bem como alguns outros, selecionou roupas, os demais manuscritos colocou num banco, numa caixa forte.

Hans não gostou muito, mas reconhecia que a oportunidade era única, se não der certo volte.

Foi para Paris, no seu velho Volkswagen, que Leão, amou desde o primeiro momento.  Começou a organizar todo seu trabalho na biblioteca, conseguiu dois estudantes de línguas para ajudar, o primeiro mesmo era limpar com sumo cuidado tudo que estava ali abandonado.

Se tinha que usar luvas especiais para tudo isso, nesse ponto era metódico.  Iriam para a escavação dentro de meses.   Viver com o Leon, era como estar sempre em movimento, pois era uma pessoa simplesmente ativa.  O arrastou para todas as grandes bibliotecas existentes na França, ele como lhe mostrar um mundo novo.

Foi com ele para a escavação, levando dois manuscritos da família, para seguir seu trabalho, Bahar veio ficar com eles, não fez nenhum comentário a respeito da relação deles.   Apenas disse que tinha encontrado um amigo a altura dele.

Ajudava com os trabalhadores locais, aos que colocava em ordem. Convenceu o Leon, que os horários de rezas eram fundamentais, um dia apareceu com um Íman ali da região, que veio trabalhar junto aos homens, depois dirigias as preces.

Uma primeira parte começava a aparecer, era como uma torre de vigia, que estava afincada na pedra, foram descendo com a escavação lentamente, até chegarem à base, agora tocava, seguir o resto.   Quando terminaram a temporada, veio o ministro de cultura, elogiou o trabalho, pelo que tinha podido analisar, o lugar chegava até antes dos fenícios.

Cada coisa que tinham encontrado era analisado, fotografado, desenhado, como tudo numa escavação, só podiam levar isso, o resto ficaria guardado em Istanbul.

Leon e ele voltariam várias vezes para analisar alguma peça, que tivesse alguma escritura.

Foi como mergulhar num mundo novo, que ia além do papel.

Por instinto tinha o cuidado necessário ao tocar cada peça, a analisava, as vezes chamava atenção para algum detalhe.

Me completaste soltava Leon, pois necessito disso, alguém que possa compartilhar as coisas.

Estavam ultimando os últimos detalhes da temporada, registrando tudo, tinham avançado bastante, mas na verdade a escavação duraria anos.

Foram chamados a Istanbul, o departamento de cultura, queria que olhassem um lugar novo, dois edifícios antigos, numa região conhecida como um refúgio de judeus, na hora não entenderam, quando chegaram a retirada dos escombros tinha parado, pois tinha encontrado algo no subsolo.   Pelo visto nem sabiam da existência dessa parte. Um poço, com uma escada circular. Foram descendo, quando chegaram embaixo iluminaram tudo, ficaram de boca aberta, pois havia uma verdadeira biblioteca parada no tempo.   Alguém tinha escondido livros ali, por algum motivo desconhecido.   Enquanto iluminaram tudo, viram que a quantidade era grande, mas o túnel seguia adiante.  Leon seguiu adiante com alguns homens, achavam que o túnel passaria por debaixo da muralha da cidade.

Ele ficou ali, fotografando tudo com muito cuidado.  A coisa era, alguns precisavam de cuidados pois estavam por causa da humidade em péssimas condições, outros nem tanto.

Quando voltaram a parte de cima, Jean Leon, disse que deviam cobrir a entrada do poço, para prevenir qualquer coisa.   No departamento os tinha chamado porque sabiam que eu era um experto no assunto.    Lhes disse que se me arrumassem um local, poderia trabalhar, nunca me negaria atender ao chamado da minha terra.      Falei com Bahar, este logo me arrumou dois ajudantes, o problema era conseguir um lugar em boas condições, climáticas.  Cada volume era levado com cuidado, dentro de uma bolsa térmica, levamos mais de uma semana fazendo isso.

Eu ia recebendo cada volume, tirando da bolsa, o classificando.  Tínhamos ali códices muito antigos, bem como manuscritos em uma anterior língua de Israel, até mesmo algo egípcio, era uma coleção incrível.   Encarreguei o meu advogado de descobrir a quem pertencia o solar, sua época de construção, toda informação possível era importante.

Depois de semanas de pesquisa se descobriu que durante a primeira guerra, a casa existente tinha caído, por cima se construiu os dois edifícios pequenos.  Depois de tudo retirado, se descobriu ao lado do poço, uma oliveira, pedimos que se possível datassem a mesma.

Depois da retirada da biblioteca Nazari, nome que dei a ela, pois encontrei manuscritos que vinha de España, justamente falando dos árabes residentes em Granada.

Jean Leon, começou a retirar as pedras que fechavam o túnel, a estrutura de madeira que sustentava o teto do túnel, era incrível, era um cruzamento de vigas imensas das que tinham caído uma foi mandada para uma prova de carbono 14, assim se poderia saber a quanto tempo estavam ali.    Eu achava interessante, tinha ido pelo mundo, mas voltava para trabalhar no meu próprio pais.   Meus irmão se aproximaram para saber se podiam negociar com alguma das peças encontradas.   Lhes mandei falar com o encarregado do governo, pois o que não fosse livros, ou manuscritos, esses com certeza iriam para um museu.

O trabalho seria imenso, discutimos primeiro, a forma de me pagar, pois deixava um emprego bem remunerado na França.   Chegamos um acordo, como não precisava de casa, poderia cobrar menos.

Bahar estava comigo todo o tempo, parecia ter remoçado, estava no seu ambiente.  Estava sempre atendo a tudo. Alguns manuscritos estavam com as folhas coladas pela humidade, era necessário todo um processo para poder chegar a abrir o mesmo.   Lhes ensinei como fazer, tomava seu tempo, mas as vezes depois de 15 a 20 dias se podia abrir algumas páginas.

Outra coisa importante era a iluminação, tudo isso estivera tanto tempo sem iluminação nenhuma que era necessário luz tênue, óculos especiais, bem como luvas que não arranhassem a pele ou papel.

Finalmente se descobriu quem era originalmente o dono durante o período da primeira guerra, um judeu que era professor da universidade de Istanbul.

Jean Leon, finalmente abriu a passagem, dando a um cruze de tuneis que ia dar ao porto. Corria por debaixo de toda a cidade.

Formou grupos para explorar os mesmo para ver aonde davam.   Um inclusive dava a Igreja de Santa Sofia, com uma extensão ao Palácio Topkapi, saindo quase dentro do harem.

Quase se podia percorrer a cidade, pelo subsolo.  Alguns tuneis, tinham com os anos desabado, tornando impossível verificar aonde levavam.   Mas todos ao parecer levavam ao porto.

O colecionador, tinha uma quantidade imensa de manuscritos que era difícil saber de aonde tinha tirado tudo isso.   Apenas se sabia isso, tinha sido professor na universidade.

Como tinha morrido nessa guerra, o local foi basicamente soterrado, se construindo por cima.

O governo agora teria que decidir, se utilizava essa descoberta para uma espécie de turismo subterrâneo, ou simplesmente construía em cima.

Eu levaria pelo menos dez anos em conseguir classificar tudo isso, ao mesmo tempo Jean Leon, estava cada vez mais aferrado a escavação da cidade, ia surgindo quase completa no meio de um penhasco.  Quando finalmente encontrou uma parte da muralha que a protegia, ficou imensamente contente.

Estávamos sempre trocando informações.

Foram chamados para dar uma ajuda aos pesquisadores franceses que digitalizavam o que tinha sido salvo da imensa biblioteca de Tombuctu, era uma decisão complicada, abrir mão do que estava fazendo, ficava meio ano em Istanbul, meio ano em Paris, agora que finalmente tinha classificado tudo, teria que começar realmente a trabalhar.

Os dois conversaram muito, chegaram à conclusão falando com os amigos da universidade, que a quantidade de estudiosos envolvido era muita, se por acaso tivessem dificuldade reais de entendimento os chamariam.

Encontrou num dos diários familiares justamente anterior a primeira guerra, falava da rede de tuneis, em que as famílias com poder aquisitivo alto, escondiam no subsolo de Istanbul suas riquezas particulares, esculturas, tapetes, livros, manuscritos, tudo que tivesse valor, ou pudesse ser saqueado.   Mas não se falava no depois.  Na verdade, só tinham encontrado uma arca com moedas da época do último sultan, na parte embaixo do Palácio Topkapi.

Tinham passado 15 anos desde que se conheciam, a vida dos dois era compartir, se amavam acima de tudo.    Bahar agora muito velho agora dizia que sentia inveja disso, um entrosamento a todos os níveis.  Se um era obrigado a ficar mais dias em Paris, ou Istanbul, sentiam falta imensa um do outro.

Nunca tinha perdido contato com Hans, que vinha as vezes visita-los, da última vez tinha trocado ideias, pois nos achados do poço, tinha encontrado um amarrado de mapas que datavam de mais ou menos da época da conquista de Constantinopla, tinham levado quase um ano, para conseguir separar as folhas imensas de cada peça, todos eram de pele muito fina.

Teve que estudar muito como se fabricava esse tipo de material, para conseguir separar cada mapa, sem danificar o mesmo.

Eram os mapas de Mehmed I, que tinha feito um cerco demorado para conquistar a cidade. Foram analisados por ele, por especialistas do mundo inteiro, que se deslocaram a Istanbul para isso.      O governo os condecorou por esse achado, pois tudo isso colocava a cidade outra vez nos olhos dos estudiosos.

Agora duas vezes por semana dava aulas na universidade aonde tinha começado.  Eram palestras sobre como funcionava tudo que tinha achado.   Mandava filmar em vídeo para poder guardar para o futuro.

Em Paris, era diferente, era como viver em dois mundos completamente opostos, aonde um ele tinha todo o material mais moderno do mundo para pesquisar, em contrapartida no outro tinha que improvisar.

Pela primeira vez ficariam separados, no começo da temporada, ele voltaria a Istanbul, Jean Leon, iria dirigir durante um tempo uma escavação no subsolo de um mosteiro cisterciense na Bretanha, no meio de um imenso campo.

Alguém lhe mandava fotos, abraçado com o Jean, não tinha ideia de quem era, mas ficou com ciúmes.  Remeteu as fotos ao Jean, que veio como uma fera.  Tinha sido um de seus alunos, que querendo ter um romance com ele, sem nada conseguir tinha urdido isso.

Nunca mais vamos nos separar, assim não temos desconfianças.  Nunca poderei amar outra pessoa que não seja tu.

Logo em seguida, foram avisados que o pai de Jean falecia na região de Albi, aonde tinha uma fábrica de tecido.   Os dois não se falavam, pois Jean Leon foi para Paris estudar estamparia, mudou o rumo de sua vida, se dedicando a Arqueologia.    Chegaram num último momento para o enterro.  Quem levava tudo era um primo dele, pensou muito, abriu mão da herança, pois o pai até o último momento achava que ele cederia, deixaria tudo para dirigir a fábrica.

Conversou com seu primo, afinal ele merecia, tinha dirigido a fábrica nos últimos anos. Tinha sido criado dentro dela.  Este se preparava para disputar com ele a herança, não esperava isso.

Esse não é o meu mundo, eu escolhi o meu caminho no dia que deixei essa cidade.

Só então veio conhecer a história da juventude do Jean Leon, que usava inclusive o sobrenome Leon de sua mãe.

Retornaram ao seu trabalho em Istanbul, a cidade escondida, agora se preparava para receber turistas, mas que a viam desde uma parte alta, para não corromper tudo que tinha sido preservado durante séculos.

Nunca saberiam aonde gostavam mais de viver, pois tinham um processo todo especial, quando estavam em Paris, eram franceses, quando estavam em Istanbul árabes. Funcionava bem, nunca faziam comparações entre um lugar e outro, sabiam que eram diferentes.

 

 

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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