TIRO E QUEDA
Porra, mais uma entrevista, com perguntas capciosas. Tinha
mudado sua conduta, agora, ou as ignorava totalmente, ou conforme o
entrevistador ou jornalista que fazia a pergunta, soltava, mas eu comi teu cu,
me lembro que estava sujo.
Não que tivesse
problema de reconhecer sua sexualidade ou suas preferencias na cama, mas ficava
de saco cheio que invés de perguntarem sobre o filme, sobre o que ainda estava
fazendo no momento, sempre tocava no que tinha escrito seu agente. Um livro que em seu momento foi explosivo, ao
qual ele não deu a menor atenção, pois no momento estava rodando um filme no
Japão. Sobre um cowboy que acaba
misturado com os samurais.
Não sabia, se por
causa do livro, ou realmente o trabalho era bom, tinha feito um sucesso
incrível. Detalhe, ele nunca via os
filmes que fazia, lhe aborreciam, pois se lembrava de cena por cena que tinha
feito, algumas delas várias vezes, porque algum ator ou atriz tinha esquecido o
texto. Ele nunca tinha esse deslize.
Como no momento
perguntava ao ator que tinha contracenado com ele, se desligou um pouco, estava
pensando que devia escrever realmente suas memórias assim lhe deixariam em paz.
Quando a pergunta
voltou ao seu telhado, respondeu corretamente o que queriam saber.
Menos mal, que
teria agora um tempo de relax, para cuidar de sua casa em Malibu.
Saiu da
entrevista, subiu no 4X4 que estava na garagem do hotel, saiu por detrás do
mesmo, assim escapava sempre dos fãs.
Nunca tinha como se esconder, por ser alto demais, um tipo de dois
metros de altura, forte, com os músculos bem marcados, achava interessante
sempre lhe perguntarem isso. Como tinha
um amigo que tinha um ginásio, dizia que fazia exercícios lá, mas dizia isso
porque era sócio do sujeito. Tinham ido
para a cama durante um tempo, até chegarem à conclusão que era melhor serem amigos.
Sentiu que sua
cabeça começava a divagar, tinha que tomar cuidado pois o tráfego estava
complicado. Entrou num estacionamento
de um supermercado, parou embaixo de uma árvore por causa do sol. Soltou sua cabeça, ultimamente isso acontecia
com frequência, estou ficando velho, isso sim, me lembrar de coisas do passado.
Era o filho mais
jovem de um casal que tinham uma pequena fazenda no Oregon, tinha saído
diferente totalmente dos irmãos. Ele era
loiro, olhos azuis, pele clara. Nem
podiam dizer que tinha sido trocado na maternidade, pois tinha nascido em
casa. Tampouco que sua mãe tivesse
traído seu pai, pois mal saia da fazenda.
Os irmãos, se deliciaram com ele,
a diferença era grande, sua mãe pensou que estando na menopausa não precisava
mais tomar cuidado. Já tinha quase
cinquenta anos quando ele nasceu.
Nada de escola,
mal se colocou em pé, começou a trabalhar, estavam sempre lhe dando ordens, aprendeu
a ler e escrever por causa de um trabalhador da fazenda que ficou com pena
dele, o ensinava de noite. Seus pais
viviam na cabana, que era mínima, os irmãos conforme fosse ficando grandes, iam
viver com os cowboys. Esse homem,
Manuel, era filho de mexicanos, mas tinha ido a escola, sempre estava lendo
algum jornal velho, ou um livro que tinha encontrado em algum lugar, viu que
ele tinha curiosidade o ensinou.
Os irmãos tampouco
saiam muito da fazenda, quando muito iam uma vez por mês com os outros cowboy a
cidade, só que esses tinham dinheiro, eles tinham que pedir ao pai.
Este achava que
tendo casa, comida e roupas, tinham que trabalhar grátis. Até que seu irmão mais velho, conheceu uma
garota, se mandou com ela, indo trabalhar com um dos homens que seu pai mais
detestava.
Tiveram que
escutar uma ladainha meses seguidos, sobre os filhos traidores.
Ele era um bom
observador, via sempre aonde seu pai escondia dinheiro, mas ficava quieto.
A primeira vez
que foi a cidade com os homens, tinham com eles um cowboy novo, um tipo
raro. Não falava muito, fazia seu
trabalho, depois se fechava, lendo algo, com um cachimbo na boca. Sentava-se a mesa para comer, enquanto
rezavam agradecendo, ele ficava como o garfo, faca, um em cada mão esperando
para começar a comer.
Nesse dia, bebeu
um pouco, não estava acostumado, saiu do bar para mijar no beco, foi agarrado
por detrás por esse cowboy, quando se voltou, ele o beijou na boca, abaixou
suas calças ali no escuro, colocando seu membro para fora, ficou chupando. Ele adorou aquilo, nunca tinha feito sexo,
nem sabia como se comportar.
Na volta veio
sentado ao lado dela na caminhonete, sentido o calor das suas pernas. A partir de então se encontravam as vezes no
celeiro para fazer sexo.
Um dia seu pai,
pegou os dois, ficou uma fera, colocou o cowboy para fora da fazenda, ficou sem
falar com ele dias. Um dia o chamou,
não disse nada, lhe deu um envelope, disse que não o queria mais ali, que ele
fosse a vida. Primeiro ficou furioso,
já tinha visto os irmãos fazerem sexo com os outros cowboys, mas ninguém o
defendeu. Sua mãe ficou sentada num
canto, com um pano de prato nas mãos, enxugando as lágrimas. Não tinha ainda 18 anos completos.
No dia seguinte,
quando todos saíram, ele entrou furtivamente na casa, roubou mais dinheiro, um
dos cowboys o levou até a cidade.
Chegou justo a tempo de pegar o primeiro ônibus que saia. A partir de então sua vida foi um eterno trocar
de empregos, escondia o máximo o dinheiro que ia ganhando, quando se cansava de
uma cidade, trocava por outra.
Estava
trabalhando perto de Albuquerque num posto de gasolina, limpado um carro de uma
velha, para não sujar se macacão, o enrolou na cintura, ficando com seu peito
desnudo ao sol.
Foi quando viu um
homem se preparando para fazer fotos.
Disse que nem pensar, sempre tinha um idiota lhe fazendo fotos. O homem
se apresentou como um fotografo caçador de talentos. Marcou com ele depois do trabalho, no
motel atrás do posto de gasolina.
Fez muitas fotos
dele, semidesnudo, mas quando viu o seu caralho ficou como louco, fizeram sexo,
agora ele já sabia o que gostava.
Deixava os homens loucos, com o seu corpo perfeito.
O fotografo disse
que voltasse no dia seguinte, que ele ia revelar as fotos. De fato, no dia seguinte, passou no posto de
gasolina, lhe disse, caramba, as câmeras te adoram, ficas fantástico nas fotos.
Nessa noite
depois de fazerem sexo, o convidou para vir com ele para Los Angeles. Creio que pode ter oportunidade no cinema.
Tanto falou que
foi com ele, mas alugou um pequeno apartamento em cima de uma garagem, enquanto
não aparecia nada, ele ficou ali trabalhando.
O Fotografo,
James Marcuso, o levou finalmente a um agente. O homem o examinou como se faz
com um cavalo, o fez mostrar seus dentes, passou a mão pelos seus cabelos
rebeldes, o fez tirar a roupa, se sentiu uma puta em exibição. Mas o fotografo fazia sinal que ficasse
quieto. O mandou ler um texto, apesar de
ler mal, gostou da sua voz.
Na semana
seguinte começou sua transformação, dentista para colocarem próteses nos
dentes, para ficarem perfeitos, o levou para uma professora, que o ensinasse a
ler direito, a entender os textos dos filmes.
Era uma senhora alemã que tinha feito cinema na época do cinema mudo.
Esta o ensinou
tudo, a andar, sentar-se, comporta-se numa mesa, segurar um cigarro, um copo de
bebida. A adoraria para sempre, diria
depois no seu enterro, que devia tudo a ela, esse personagem criou ela. O principal, lhe foi clara no primeiro
dia, com tua altura, teu corpo, serás sempre o macho alfa do filme. Portanto, tua vida particular morre, a
solução é criares um personagem que represente todo o tempo. Para o resto, seja discreto.
Ele seguiu ao pé
da letra. Só lhe alertou de uma coisa,
o studio que o contrate, vai querer te casar com alguma das estrelas em
ascensão, que por acaso será nesse momento, amante de um diretor, ou um
produtor. Não aceite isso, pois pode
ser uma maneira deles te controlarem.
Ficaria conhecido
como o solteirão de ouro, nunca aparecia com ninguém, ia as estreias sozinho,
bem como as entrevistas, nunca respondia, perguntas de caráter pessoal. Criando
assim um halo de mistério. Durante
muitos anos, viveu num apartamento, que tinha duas entradas, bem como uma saída
traseira, era por esta saída que entrava com seus amantes de uma noite. Ao contrário dos outros atores, no seu
apartamento não existia nenhuma foto sua, ou cartaz de algum filme, sempre
dizia que ele se parecia com alguém, mas respondia, sou uma pessoa como outra
qualquer.
Mas tampouco
passava de uma noite com essa pessoa.
Era uma foda nada mais.
Quando fez seu
primeiro papel principal, passou a tomar mais cuidado ainda, usava para sair um
óculos como se fossem de grau, penteava seu cabelo de maneira diferente, criava
como sua professora tinha lhe ensinado um personagem.
Manteve esse
apartamento basicamente até alguns anos atrás.
Quando se ofereceram para o comprar, por muito dinheiro, pois queriam
construir um shopping no local.
Era esperto,
roubava roupas dos personagens, assim economizava dinheiro, tinha uma conta bem
controlado, aprendeu com ela também isso, a administrar seu dinheiro. Dizia, olhe o exemplo, não acabar como eu. Quando soube que estava mal, a levou a um bom
hospital, pagou seu enterro.
Nos primeiros
tempos, fazia o studio a contratar, para o ajudar a compor o personagem, até
que ela mesma lhe disse que ele tinha já uma bagagem, que deixasse que ela
fosse cuidar de outra pessoa menos afortunada.
Depois disso era
considerado um ator de respeito, nunca chegava atrasado, nunca estava bêbado,
tampouco usava drogas, tinha um sistema, em sua cabeça era seu trabalho, o
fazia perfeitamente, conforme pedia o diretor, depois ia embora para seu
apartamento. Tinha desenvolvido um amor
incondicional com os livros, era um leitor assíduo.
Quando se livrou
de contratos com studios, seu agente quis que assinasse outro, se rebelou pela
primeira vez, disse que não, queria ter o direito de escolher o que fazer, com
que diretor trabalhar. Só assinava
contrato por um filme, assim podia fazer o que queria. Antes o agente lia o texto, o obrigava a
fazê-lo, agora podia dizer que não.
Foi subindo, o
agente antes lhe sacava 20%, se negou assinar nenhum contrato com ele, a não
ser que fosse 10%. Ficou uma fera, foi quando mandou vigiar tudo
que fazia.
Mas não se
importou, esse estava acostumado a ser um tirano com seus atores, a partir que
ele se rebelou, outros fizeram o mesmo.
O culpava de tudo, inclusive como forma de vingança, começou a lhe
esconder textos. Avisou aos diretores,
que o texto tinham que ir direto a ele.
Dez anos depois,
estava farto desse homem, que cada vez estava mais amargo. O mandou tomar no cu, quando tinha que
renovar contrato, nem apareceu, mandou um advogado no seu lugar. Foi quando ele escreveu um livro, contando
como tinha descoberto Brad Wood, podia soltar mil podres do agente, mas achava
que isso era iniciar um bate boca sem fim.
O melhor era ignorar, quando lhe perguntavam, não respondia nada. O livro foi um fracasso, justamente por isso,
os editores imaginavam que uma briga entre os dois resultaria uma promoção
grátis.
Atores que tinham
trabalhado com esse agente, começaram a ventilar os podres sobre ele, acabou
ficando a margem do mercado, não lhe sobrando ninguém para representar.
Mas claro ficou o
estigma que tinha uma vida dupla.
Quando um conhecido entrevistador lhe perguntou em um programa ao vivo,
que tinha ido divulgar um filme que tinha feito com muito carinho pelo
personagem. Resolveu corta pelo sano. Quem não tem vida dupla, por exemplo tu, tens
uma amante, todo mundo sabe, mas o público, nem tua mulher não sabe. O apresentador teve que pedir propaganda, mal
conseguia falar. O olhou na cara,
dizendo, vê pimenta no cu dos outros é refresco. Saia dessa agora.
Se fudeu
completamente, a mulher lhe pediu um divorcio milionário. O apresentador queria saber como ele sabia da
amante.
Ora escutei a
mesma comentando com a maquiladora, que na cama eras uma merda.
Nunca mais o
chamou para nenhuma entrevista, a não ser que fosse obrigado pelos produtores
de seu programa.
Nunca mais nenhum
apresentador se atreveu a perguntar nada para ele.
O que achava
interessante, os encontros escondidos com o tempo deixaram de fazer graça, mas
tampouco se apaixonava ou gostava de ninguém.
Gostava da sua vida, quando não estava filmando, estava fazendo alguma
coisa que gostasse.
Mantinha um
apartamento em NYC, para o caso de alguma filmagem lá, odiava ficar nos hotéis,
quando começou a fazer filmes fora dos Estados Unidos, uma das exigências era
uma casa, um professor de línguas, odiava as dublagens. Por mais difícil que fosse, aprendia o texto,
para falar ele, procurava a perfeição.
Agora depois do filme no Japão, tinha se divertido muito, pois era como
um gigante no meio dos outros atores, mas se saiu bem. O ator com qual ele contracenava tinha
filhos, esses iam vê-lo na filmagem, se divertia com os garotos.
Um dia estava
estudando o texto, um dos meninos, ia lhe corrigindo a pronúncia. Acabou uma frase o garoto muito sério disse,
vais falar isso?
Perguntou por
quê?
Acredito que o
personagem vai fazer papel de idiota, os japoneses quando forem ao cinema vão
rir do personagem, lhe disse como devia
responder.
O diretor ficou
furioso, pois era como querer agradar o público, o ameaçou de falar nas
entrevistas sobre isso.
Ficou a resposta
do garoto, antes de voltar, um dia foi jantar na casa do ator, ele quando soube
que tinha sido seu filho, riu. Esse
garoto um dia será roteirista de cinema, o mandou buscar um texto que estava
escrevendo. Ele leu, disse ao ouvido do
garoto, quando esteja pronto, me avisar, mas quero fazer o papel do mau. Riram muito os dois.
O vizinho de NYC
que recebia sua correspondência lhe avisou que tinha dado seu endereço a uma
pessoa que queria lhe entregar um pacote.
Se esqueceu
disso. Quando estava em sua casa na
praia, queria se desligar do mundo, tinha amizade com os garotos que viviam por
ali, os que faziam surf. Aprendeu com
eles, depois de cair muito da prancha, até que aprendeu a usar uma Long board.
O sol, faziam com
que sua pele ficasse morena, bem como seus cabelos, aonde começavam a aparecer
fios brancos, ficassem queimados do sol.
Estava deitado na
prancha esperando uma onda ideal, via na praia um sujeito de terno, achou estranho,
mas ficou na sua. Um garoto que voltava
disse que o mesmo o estava esperando.
Pegou a primeira
onda, viu que o mesmo tirava um celular, fazia fotos. Quando saiu da água, o mesmo se aproximou se
apresentando. Disse um nome que ele
entendeu como Olavo, mas o inglês do sujeito era complicado. Apenas disse que tinha vindo a Los Angeles a
negócios, era advogado, trouxe um texto que me pediram para lhe entregar em
mãos.
O convidou para
um drink na varanda de sua casa, para que lhe explicasse do que se tratava.
Bom represento um
diretor de cinema, disse o nome, Öleg, se trata de um diretor novo, só fez dois
filmes, lhe passou um envelope pequeno, isso se queres ver seu trabalho. O texto é de outro cliente, foi investigador
da polícia, escreveu um livro baseado num caso, tudo é verídico, esse caso
abalou um pouco o pais. Enquanto o outro tomava uma cerveja, ele tomou
água.
Vou olhar com
carinho, como faço com todos os textos que me mandam.
No outro
envelope, tem o telefone do Öleg, caso queira falar com ele, mas lembre-se da
diferença de horários.
Se despediu, indo
embora. Voltou para a praia, para
aproveitar que o dia estava maravilhoso, com umas ondas fantásticas.
Depois de noite,
sem querer ler ainda o texto, colocou um dos filmes, o viu do começo ao fim,
sem fazer o que normalmente fazia quando lhe passavam algum, via um pouco do
princípio pulava para o final. O
seguinte, foi igual, ficou preso ao roteiro, a crueza como retratava os
personagens, quando viu já eram as cinco da manhã, foi para a cama, pensando,
tenho que fazer um filme com esse sujeito.
Dormiu mal, pois
não conseguia tirar da cabeça, cenas dos dois filmes, chegando a misturar um
com o outro. Despertou duas horas
depois, ao olhar para a janela, viu que as ondas estavam como no dia
anterior. Para relaxar, pois se tenho
que ler o texto, minha cabeça tem que estar livre de prejuízos.
Passou o dia
inteiro na praia. Conhecia uns rapazes
que eram loucos por cinema, pediu que vissem os filmes, queria a opinião deles. Ele nunca tinha feito nada do gênero.
De noite se
sentou para ver o roteiro, imaginava que se fosse chato, dormiria ali mesmo no
sofá.
Quando viu eram
de manhã, tinha lido, relido, uma quantas vezes, voltava algumas cenas a
imaginando em sua cabeça. Não sabia
qual era o personagem que iam lhe oferecer, mas sabia o que gostaria de fazer.
Tudo era novo
para ele, se sentiu como a primeira vez que pode escolher ele mesmo o texto,
que essa excitação de comandar sua própria vida.
Mal acabou de
reler, passou a mão no celular, chamou, tinha se esquecido completamente a
diferença horária, tampouco sabia se o mesmo falava inglês.
Perguntou por
Öleg, disse quem era. Escutou um
silêncio largo, depois uma pergunta sabe que horas são?
Menor ideia, mas
não importa, seguiu falando, que tinha gostado do texto, que estava disposto a
conversar, que tomaria o primeiro voo para NYC, de lá de noite, pegaria um para
Helsinki, que lhe reservassem um hotel, simples, desde que seja limpo serve, vá
dormir garoto, amanhã nos falamos.
Fez uma maleta,
pequena, pois tinha roupa para frio se fosse necessário em NYC, em Malibu,
nunca usava roupas de inverno.
Quando estava
comprando o bilhete para Helsinki no aeroporto mesmo, iria ao seu apartamento
nada mais, tocou o celular, era o Öleg, estou surpreso que querias discutir o
filme, aqui está nevando, faz muito frio.
Não se preocupe, estou acostumado.
Amanha de manhã
nos vemos, disse o horário que chegava seu avião. Foi ao apartamento, separou roupas para
frio, se lembrou de um casaco que tinha roubado de uma filmagem no norte do
Canadá, era de pele de ovelha. Um gorro
de outro filme, uma echarpe de lã que lhe tinha emprestado, mas nunca
devolveu. Luvas, blusas de lã de gola
alta. As pessoas achavam estranho, pois
se tinha que rodar um filme com frio, ele era o único ator que nunca reclamava.
Queria sim, ter
um termo com café quente sempre por perto.
Tinha comprado um
bilhete de primeira classe, pois um voo noturno, com o tamanho de pernas que
tinha era difícil aguentar. Foi
reconhecido nada mais ao entrar na cabine, por uma das aeromoças. Lhe pediu que não falasse nada, estava
fazendo uma viagem clandestina.
Depois de comer
alguma coisa, mergulhou outra vez no texto, dormiu segurando o mesmo, até que
esse numa sacudida do avião caiu no chão.
Se despertou com a mesma mulher lhe entregando o texto. Excelente diretor. Ele fez um sinal com o dedo na boca, que não
comentasse nada.
Mas claro, quando
o avião aterrissou, o comandante disse em inglês que tinham tido a honra de ter
a bordo o grande ator Brad Wood, quem sabe vinha fazer algum filme na
Finlândia, o que seria uma grande honra.
Teve que aguentar
o suplício, de dar uns quantos autógrafos na fila de controle de passageiros.
Quando saiu, não
viu nenhum cartaz, nada com o seu nome, ficou parado sentindo a brancura do
lugar. Até que lhe bateram no ombro. Se
voltou pensando que era alguém que queria um autografo, ia soltar, esta me
confundindo com alguém.
Era um homem
jovem, mais parecia um garoto, estendeu a mão Öleg, tenho que me beliscar,
nunca imaginei que ias vir realmente.
Tinha que prestar
atenção ao inglês como ele falava, era um sotaque carregado, mas logo se
acostumou. Quando saíram fora, viu a
neve, riu, isso me faz me lembrar da minha infância.
Lhe tocava sempre
alimentar as vacas no celeiro, odiava isso, os irmãos escapuliam, mas essas
tarefas tocava a ele.
Comentou isso com
Öleg, esse riu, mesmo tendo demorado para entender.
Tudo parecia
branco, a não ser algum edifício pintado ou com tijolos vermelhos nas paredes.
Era curioso por
natureza, o levou a um hotel, que de cara viu que era um cinco estrelas, ali
não o deixariam em paz. Quando ele
parou na frente, soltou meio irritado, não gosto deste tipo de hotel, quero um
mais simples, nada de luxo.
Queres ficar na
minha casa?
Como você achar
melhor, vim conversar contigo, depois resolvemos isso.
Ele vivia num
edifício moderno, abriu a porta de um apartamento, clean completamente, tudo
era claro ou cinza. Levou até um quarto
que tinha mais cor. É o quarto da minha
mãe, quando vem me ver. Tomou um bom
banho quente, colocou umas calças jeans, sandálias, camiseta, quando saiu, viu
que no salão, estavam um pequeno grupo.
Duas jovens, dois homens de mais idade.
Os apresentou,
pediu desculpas, mas demoraria a gravar nomes.
Perguntaram se
queria comer alguma coisa?
Café, muito café,
pois quando discuto roteiros, gosto de fazer com café na mão.
Mal se sentaram
soltou para o Öleg, que papel pensavas em me oferecer?
O papel
principal, disse o nome do investigador.
Nem pensar, quero
fazer o outro papel, o do seu ajudante, acho mais interessante, mais forte, mas
duro.
A cara do Öleg
era de surpresa.
Antes de mais
nada, não sei por que me chamas de Öleg, esse é o nome do bandido da história,
meu nome é Joki.
Ficou rindo, para
mim tudo é novo, terás que me conseguir um professor, para me ensinar a falar
direito o texto, isso é uma das minhas únicas exigências, não gosto de
dublagem, tem que ser alguém que tenha paciência.
O problema Brad é
que o ator secundário já assinou contrato, ele queria o papel principal, mas
lhe convenci que esse era teu, que vinhas para cá por isso.
Quem é o ator
principal? Mas antes que respondessem,
olhou em volta, se fixou num dos homens que tinha feito o papel principal nos
outros dois filmes.
Soltou, amei tua
interpretação nos filmes, falou sem parar uns 20 minutos, sobre os dois filmes
que tinha visto. Estavam todos de boca
aberta. Tinha analisado a interpretação
do ator, acho que o papel principal tem que ser teu.
Esse riu, eu
pensei que nunca ias aceitar esse papel, pois sabes que tem cenas de sexo, de
beijos com outro homem.
Se levantou, foi
até ele o levantou com os dois braços, o beijou na boca. Bah, comeste salmão agora no café da
manhã. Todos se mataram de rir.
Sem problemas,
mas se ficares de pau duro nas cenas, eu levo uma navalha te corto fora.
Em serio queres o
outro papel, me explique por quê?
Eu li o texto
tantas vezes, que fui construindo esse personagem. Ele é policial, não tem um mando superior,
nem sempre concorda com tudo que o chefe diz.
Mas se humilha, porque veio do interior do pais. Tem medo de que falem dele, só é capaz de
estar livre quando esta entre quatro paredes com o homem que ama. Mas demonstra seu amor, na cena que quase
morre, se colocando na frente do personagem principal.
Sabes que esse
homem, levou entre a vida e a morte, muito tempo, hoje anda em cadeiras de
rodas.
Isso, isso falta
no texto, terminas muito abruptamente, tens que mostrar essa cena no final.
Numa conversa com os dois.
Isso vai ser
difícil, não coloquei isso no texto. Que
falava agora era o outro homem que se olhasse bem se parecia com ele
fisicamente. Se nega a falar comigo,
diz que nunca soube retribuir o amor que sentia por mim.
Outra exigência,
quero conhece-lo.
Fui eu que disse
que serias o tipo ideal para me representar, somos parecidos fisicamente.
Uma merda, isso
não é representar, me queres por minha estampa, para se sair bem na história,
pois eu prefiro o outro. Não sou muito
de discutir, eu escolho o papel que faço, não os demais.
Não se pareces
com ele, é mais baixo que tu, tem uma maneira de falar diferente, pois tem um
problema de pronúncia de uma pessoa do interior do pais.
Pois que o professor
seja daí, ou olhou para o relógio, que horas sai o próximo voo para NYC, vejo
que perdi meu tempo. Se o escritor vai
mandar no filme, prefiro ir embora, eu confio no diretor. Amei seus dois filmes que o senhor Olav ou
como se chame me levou.
Esse é meu pai,
disse Joki, é advogado, como ia para os Estados Unidos, lhe pedi se podia
entregar o roteiro. Então ele levou os
dois últimos filmes que fiz, é isso, agora entendo como conheces o trabalho do Kaapo.
Caralho vou ter
um trabalho colossal para aprender todos esses nomes. Quando falava Kaapo,
parecia que estava dizendo capo, todos riam.
Vocês não me conhecem, se quero aprender uma coisa vou até o final.
Joki soltou, isso
me disseram de ti. Que eres cabeça
dura.
Bom, primeiro,
consiga um apartamento com menos moveis, pode ser aqui ao teu lado, mas terás
que me aguentar, pois tenho mania de conversar ou discutir com o diretor sobre
o texto, de como eu vejo, de como ele vê, mas sempre chegamos a um denominador
comum.
Mas se não
discutimos nem teu salário.
Quanto é? E o que
significa em dólares?
Era muito abaixo
do que ele cobrava. Riu dizendo vais me
pagar em prestação?
Ainda nos falta
dinheiro para a produção?
Bom podemos fazer
uma coisa, como eu fiz com o diretor japonês com quem trabalhei, eu entro na
produção, mas terei uma porcentagem do filme.
Ele me disse que
fizeste isso, que recuperou o investido, como paga uma parte do que ganha
contigo.
Podemos fazer
igual, tu consultas com teu pai.
Quando começamos
a trabalhar?
Bom dentro de um
mês.
Então, quero
começar a aprender a falar o texto rapidamente, bem como quero conhecer o
personagem.
O primeiro tudo
bem, mas o segundo quase impossível.
Ficou quieto,
isso conseguiria ele. Vê se consegue um
apartamento.
Outra coisa, quem
escreveu o roteiro?
Fui eu respondeu
o Joki.
Então não
precisamos do autor, metendo o bedelho no assunto, se ele quer que o ator
principal seja como ele, que ensine a parte, mas detesto gente metendo o
bedelho numa filmagem. Isso é entre nós.
O mesmo se
sentindo ofendido, se levantou para ir embora, o outro ator, colocou a mão
sobre a dele. Entendeu que entre eles
existia alguma coisa, mais isso não era problema seu.
Pegou uma
caderneta que tinha fechada, abriu começou anotar os nomes, inclusive
perguntando como se escrevia.
Quando ficou a
sos com Joki, quer dizer que esse sujeito, me queria porque me pareço com ele,
fico imaginando inclusive que me ensinaria a me comportar como ele.
Bah, odeio essas
coisas.
Me livraste de
uma boa, pois eu tinha escolhido o Kaapo, como ator principal, ele sempre
trabalhou comigo. Ele tinha ficado
ofendido, com o fato de ter mandado o texto para ti, dizia que jamais aceitaria
esse papel, por ser um papel de um homossexual dentro do armário.
O investigador,
perdeu o emprego, porque sem querer esse caso saiu dos padrões daqui ele é
sempre uma estrela, por sua culpa, morreram dois agentes, além do Oskari, ter
ficado numa cadeira de rodas por culpa dele.
Eu conhecia o
livro, ele é cliente do meu pai, foi negociada a venda dos direitos de autor
para o cinema, pois teve um divórcio desastroso, a ex-mulher ficou com tudo,
além da pensão que paga aos filhos.
Ele escreveu o livro, para conseguir dinheiro, além da simpatia do
público com ele. Não gosta muito do
roteiro, mas não pode fazer nada.
Acho que deverias
conversar com o outro personagem para ficar mais real isso.
Entro uma das
garotas, que disse que tinha conseguido o professor, é um estudante da
universidade, diz que se tu melhoras a pronúncia dele no inglês te ensina a
falar como o personagem, ou então temos uma velha atriz que é da mesma região,
hoje dá aulas de teatro.
Gostaria de
conhece-la?
No final do dia,
tinha um apartamento ao lado do Joki, descobriria depois que o edifício pertencia
ao pai.
A atriz, riu
quando ele foi apresentado, disse quase todos os filmes que ele tinha feito, só
não tinha visto o japonês.
Estou de férias,
poderia acompanhar todo esse tempo, bem como estudarmos o texto como você
gosta, dizem as más línguas que eres um ditador com isso.
Contou para ela como tinha começado, mal sabia ler, nem escrever, disse
o nome da senhora que o tinha ensinado tudo.
Não só me ensinou direito, como me obrigava a ler livros, depois
discutíamos o texto, foi assim que aprendi.
Tinha que descrever o sentimento que pensava que o personagem tinha. Alguns personagens que fiz no começo de minha
carreira, eram desses idiotas americanos, o macho alfa, mas depois que pude eu
mesmo escolher os personagens, os textos, comecei a realmente a honrar o que
ela tinha me ensinado. A cada filme,
falam do meu trabalho, não da minha pessoa.
Deu o texto para
ela ler, no dia seguinte voltou, perguntou qual personagem o faria mais rico no
sentido emocional?
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O segundo personagem, está mal delineado, mas se descobrimos por
que, pode ser um triunfo.
Dizem que está
num hospital, mas me informei, dizem que não que já teve alta. Faz fisioterapia em casa.
Conseguiu o
endereço, quando chegaram, ao mesmo tempo chegava o terapeuta com um papel na
mão. O convenceu de deixar entrar em
seu lugar.
Quando entrou, o
homem era bonito, mas estava de mal humor, foi dando ordens, como um condenado
soldado.
Quando o carregou
nos braços até a mesa de massagem, ficou olhando para ele, lhe deu um beijo na
boca.
Que merda é essa,
ficou olhando para ele, já sei quem eres, o ator americano que vem fazer o
papel do filho da puta.
Segurou com suas
mãos imensas o peito dele na cama.
Estás mal informado, o personagem que escolhi fazer eres tu. Mas preciso saber da verdade para construir
um personagem que seja real, me escute primeiro, depois me diga que sim ou que
não.
Quando li o
roteiro nos Estados Unidos, antes mesmo de vir para cá, tinha me apaixonado
pelo personagem que representa a ti.
Para mim ele é o herói, não o outro, pois este deixou morrerem duas
pessoas sem necessidades. Creio mesmo
que o teu personagem levou o tiro por puro instinto de salvar alguém. Pelo que li do livro, do roteiro, eras um
policial reto, com a cabeça bem plantada.
Veja o que eu
ganhei com tudo isso?
Sim ganhaste, as
pessoas merecem saber que você era a pessoa certa, não o outro que leva as
glorias. Mas por azar foi denunciado,
perdeu o emprego.
Sim fui eu que o
denunciou. Ele tinha um trato com o
filho da puta que me deu o tiro, bem como matou os dois policiais. Tudo porque precisava impressionar seu novo
amante com uma casa bonita, tinha ficado sem dinheiro com seu divórcio.
Fez o terapeuta
entrar, bem como a senhora.
Eu a conheço do
teatro, disse ele.
Sim, esta me
ajudando a falar como tu, quero se seja perfeito, por isso preciso de ti.
Depois do
terapeuta acabar, ele foi para a cozinha preparar um chá, o pegou nos braços
como se fosse uma pluma, o sentou na cadeira de rodas, o levando para o
salão. Agora me conte a verdade disso
tudo.
Ele de uma certa
maneira tratou bem meu personagem, pois precisava na historia um personagem que
fizesse contraponto com ele.
Depois que perdi
o impacto de trabalhar com o melhor investigador, de ter um romance com ele,
fui descobrindo que era a pessoa atrás da máscara. A partir desse momento comecei a discordar de
seus métodos nem sempre muito limpos, a ele não importava a vida dos outros,
mas sim ser reconhecido como um grande investigador. Quando alguma coisa saia mal, sempre era
culpa dos outros, sempre foi um canastrão.
Representava, que lhe tinha dado as informações erradas, essa culpa caia
em cima dos que não podiam se defender.
Quando descobri
isso, comecei uma batalha com ele. Um
dia sua mulher me escutou discutindo com ele, tentava me convencer de ficar
quieto, queria me dar um beijo. Eu já
não queria nada com ele. Ele na cama era uma mulher, queria sempre ser
penetrado, dizia que sua parte homem tinha em casa. Ela escutou tudo atrás da porta. Quando chegou em casa, já não estava mais,
tinha ido embora com os filhos, pediu o divórcio, quanto mais ele tentava
convence-la foi pior, pois contou para todo mundo o que tinha descoberto. Eu não tinha sido o único, primeiro ele
escolhia bem, depois convencia as pessoas de manterem segredo. Quando descobria um brinquedo novo,
transferia a pessoa para outra delegacia, ou para outra cidade.
Quando tentou
fazer isso comigo, gravei a conversa, foi o que sua mulher usou no divórcio,
pois a queria deixar sem nada. A
partir disso, tentou fazer da minha vida um inferno.
Os chefes
acreditavam nele, até as denúncias que fiz, eu tinha tudo documentado, ele
entrou aqui em casa, procurando os documentos quando eu estava no hospital, mas
tinha guardado tudo num banco, bem como foi gravado fazendo isso. Por isso teve que escrever o livro.
Vou trazer aqui o
roteirista, ele pagou pelos direitos do autor, pode mudar tudo o que quiser,
além de que eu além de ser um ator, vou financiar parte do filme. Ele terá que te escutar.
Melhor, vamos
fazer uma bolsa, ficaras comigo no apartamento que tenho ao lado dele.
Isso pode trazer
problemas para ti.
Adoro problemas, sou
tiro e queda nisso.
O Levou nos
braços até o carro, Oskari, lhe disse que podia se acostumar a isso. Lhe respondeu com voz rouca, eu também. Estava excitado.
Quando chegou ao
apartamento, chamou o Joki, o apresentou, primeiro escute nossa conversa,
Oskari, ficou surpreso, ele tinha gravado tudo. Mostrou uma caneta que levava na camisa,
confesso que roubei de um personagem que fiz.
Joki, escutou
tudo sem dizer uma palavra, para quem era jovem como ele, tinha uma cabeça
fantástica. Telefonou ao seu pai, pediu
que viesse. Depois de escutar tudo, o
pai balançou a cabeça, sim podes mudar todo o roteiro com essa parte da
história, para todos efeitos, eu não sei nada, amanhã renuncio a ser advogado
dele, pois me mentiu.
Foi uma bela
confusão, pois o outro entrou na justiça, mas não ganhou, tinha perdido o
beneplácito de ser um grande investigador.
Agora daria margem a que as viúvas dos outros dois policiais,
reclamassem um bom dinheiro da polícia.
Claro levou-se
tempo para reescrever o texto, ele foi ficando no apartamento com o Brad,
tinham largas conversas, ele tinha visto todos seus filmes. Contou que quando o outro tinha vendido os
direitos para o cinema, que seu ator preferido ia fazer seu personagem, não o
de um perdedor.
Com isso, ele
seguia sendo o papel principal, mas o outro papel era ainda o mais
interessante, ao conversar com ele, foi pegando sua maneira de falar. Um dia despertou com ele tendo um pesadelo,
ficou um tempo segurando sua mão, acabou deitado ao seu lado na cama.
Foi um pulo para
terem sexo, lhe contou que nunca tinha tido um relacionamento, normalmente
nunca me envolvo com uma pessoa, tu eres o primeiro por quem estou apaixonado.
Um sujeito numa
cadeira de rodas?
Não muda nada,
tivemos um sexo para mim fantástico, as vezes nem sabemos por que, mas foi algo
que não quero perder por agora.
Sem que Oskari
soubesse foi falar com seu médico. Esse
disse que sabiam de um médico americano que se atrevia a fazer essas
operações. Por favor mande os exames
todos, para todos efeitos, eu não sei nada.
Mas pagarei a operação se for preciso.
O médico disse
que sim que poderia operar. Quando
Oskari soube, como era nos Estados Unidos, entendeu que tinha sido ele.
Mas fez pé firme,
em acompanhar a filmagem, no meio da neve toda.
O tempo dificultava a filmagem, o ator principal, tinha estado ligado ao
escritor, mas depois de ler o texto entendeu coisas que não tinha prestado
atenção. Agora representava o
personagem com raiva. Como o diretor mesmo tinha serias brigas. Mas acabou
atendendo a razão. O filme era cru,
como os anteriores. Pela primeira vez,
depois via o que tinha sido filmado. Sua
fama aumentou, como ele podia gravar uma cena, sem errar nada do texto, falando
perfeitamente um finlandês do interior do país. Inclusive com os palavrões que incluía, que
tinha aprendido com Oskari.
Esse o ajudava a
compor o personagem, até na maneira de andar, tinham diferentes altura, mas o
corpo era similar. Quando o filme
estava em fase de montagem, discutiam algumas coisas, Joki queria fazer uma
dublagem para o Inglês, para o filme ser apresentado fora da Finlândia, ele
achava que não devia mudar nada.
Acabou
concordando em fazer a dublagem, falando tudo em inglês, confessou que não
gostou, preferia que tivesse letreiro.
Tanto bateu o pé que concordaram.
O filme se
estrearia em Helsinki, mas iria ao festival de Cannes, quem sabe podia concorrer
ao Oscar, bem como ao Bafta. Em Cannes
ganharam como melhor roteiro, melhor ator secundário, bem como diretor.
De lá foram para
NYC, aonde Oskari foi operado, não saiu do lado dele, nem uma vez. Ao mesmo tempo o filme era apresentado em
NYC. Ele foi a estreia, pela primeira
ver tinha saído nu, em um filme, bem como aparecia na cama com outro homem,
beijando o mesmo na boca.
Tinha o outro
ator do lado dele, quando lhe perguntaram como era beijar esse outro homem, riu
dizendo, mau, tinha que pedir que escovasse os dentes, ele adora comer salmon,
me sentia beijando um peixe. Todo mundo
riu. Além de que o ameacei, se ficasse
de pau duro, eu o cortava, afinal agora sou um homem casado. Isso pegou todo mundo de surpresa.
Pela primeira vez
na sua vida, tarde como ele dizia, estava apaixonado por alguém. Apesar da diferença de idade, queria estar
com ele.
Quando Oskari,
saiu do hospital, andando de muletas, alguém os fotografou. Se negou a falar no assunto, tinha que
discutir isso com ele.
Não me importo,
pois na verdade todo mundo sempre soube que eu era gay.
De lá foram para
Malibu, assim poderiam relaxar-se ao mesmo tempo que Oskari voltava a
andar. Mas foram a entrega do
Oscar juntos, ele concorria pela primeira vez como coadjuvante, não se
importava, Joki, concorria ao de roteiro.
Pela primeira vez
ia acompanhado a uma gala, entraram por uma lateral, pois Oskari andava com
dificuldade.
Quando falaram do
roteiros, o apresentador falou sobre o filme deles, foi baseado num livro, que
segundo parecia relatava um fato verdadeiro, foram descobrir que o livro só
falava uma parte da verdade, a outra um dos produtores descobriu, mudaram o
roteiro, é um sucesso de filme. Cru como
a vida mesma, sem nenhum ramo de flores no final, tipo foram felizes, comeram
perdizes.
Ganhou o Oscar,
quando foi apresentado dos atores secundários, ele concorria, o apresentador
falou, um ator americano, conhecido pelo seu trabalho, sério, já concorreu
várias vezes a este prêmio, nunca ganhou, dizia sempre que esperava o de
consolação quando fosse velho.
Agora concorre a
esse prêmio com um filme estrangeiro, falando perfeitamente o finlandês, mas
isso já se espera dele, com sua mania de perfeição.
Ele ganhou, subiu
ao palco emocionado, pois não esperava, sabia que seu trabalho tinha sido bom. Riu, como não esperava, não escrevi nenhum
discurso, mais uma vez quero agradecer a uma pessoa, que em paz descanse, que
me ensinou tudo que sei, a um garoto chucro, que nem sabia ler direito. Me ensinou a ser eu mesmo, a criar os
personagens. Agradeço ao Joki, por ser
um diretor maravilhoso, mas agradeço mesmo a possibilidade de ter aprendido a
amar pela primeira vez uma pessoa, que representei na tela, Oskari.
Os focos se
viraram para a mesa, este com dificuldade se levantou agradecendo. Ele continuou no palco, fez me ver que é
besteira estar escondido atrás de um personagem que criei a muitos anos atrás. Um aviso, Joki, se tiver outro papel para mim
na Finlândia posso fazer, mesmo que seja um bandido.
Todo mundo
riu. Depois se deixou fotografar com o
resto do elenco. Ele que sequer ia a
entrega dos prêmios.
Joki estava
deslumbrando com Malibu, estava aprendendo a fazer surf com a garotada,
escutava suas conversas. Um dia
soltou, isso faz falta em Finlândia, um sol como esse, esse mar.
Quando resolveram
voltar para casa, viu que Oskari tinha dúvida, gosto do sol, mas amo o tempo em
minha terra, aqui não posso fazer nada, lá vão me readmitir na polícia.
Bom não perco
nada, Joki me contratou para seu seguinte filme. Arrumaram uma casa para os dois, aonde fosse
fácil Oskari se mover. Ele agora levava
um departamento que analisava provas.
Mas logo voltou a
trabalhar como investigador. Mas o que
gostava mesmo era quando Brad o levantava nos braços para levar para a cama.
Brad, fez mais de
10 filmes pela Europa, até se atrever a dirigir seu primeiro filme, de um livro
de um jovem Finlandês, com o qual ganhou muitos prêmios.
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