miércoles, 5 de mayo de 2021

ALL FOR SURVIVING

 

                                    ALL FOR SURVIVING

 

Pela primeira vez em sua vida se sentia livre.   Não tinha que fingir que era outra pessoa, mas claro tudo tinha seu preço.

Estava no meio do deserto, num furgão velho que tinha roubado, trocou sua placa por outro veículo, tinha seguido Peter até ali, assim que acabaram de esconder as bolsas no furgão, Peter estava borrando as impressões digitais do volante quando ele lhe aplicou a injeção paralisante que devia ter usado com Bob, no seu pescoço, o ficou olhando com um olhar de suplica, lhe disse, assim olham as tuas vítimas para ti, começou a colocar gasolina no carro inteiro, bem como o banhou na mesma.   Já tinha visto o Peter fazer isso com alguma vítima sua.

Pensou é a hora da revanche das pessoas que já mataste.  Viu seu olhar de desespero, graças a deus não podia falar, porque senão tentaria convence-lo, isso não podia permitir, sempre estava fazendo algo que sabia que era errado, por culpa dele, com medo que o matasse, agora tinha chegado sua vez.   Esvaziou o segundo galão, tocou fogo, ficou vendo de longe o que acontecia, mas sem olhar o Peter.

Se estivesse vivo diria que era um excelente aluno.  Estava sempre sobre vigilância, as poucas vezes quando era menor que tinha tentado escapar, tinha levado uma surra de fazer gosto, as vezes ficava uma semana na cama sem poder mover-se, o pior era que o penetrava mais vezes.

Como bom aluno fez o que ele teria feito, com uma pá, retirou seus resto carbonizados do carro, colocou dentro de uma bolsa negra, dessas de funerárias, levou quilômetros adentro, enterrou no meio do deserto, alisou bem a areia, para que fosse difícil de descobrir.

Passou de novo pelo carro carbonizado, sabia que a única coisa que encontraria, seria o líquido que o corpo desfeito podia ter deixado.  Ele não devia ter relaxado.

Agora talvez pudesse viver mais relaxado.   Seguiu em direção a Las Vegas.  Iria fazer o que sempre faziam, distribuir por vários bancos o valor que levava em cima.

O resto, Peter tinha esvaziado as contas dos clientes do banco, transferindo tudo para as ilhas Cayman, dela para a Suiça.   Teria que ir até lá com a clave que sabia de memória, para retirar.

Estaria com a vida tranquila por muitos anos.

Tinha sido comprado pelo Peter, por um traficante de crianças roubadas, esperou que ele tivesse até os oito anos, para abusar dele, mas apesar da pouca idade, já o tinha visto em ação, da mesma maneira que as crianças apareciam, eram abusadas, desapareciam, ou a matava ou passava para frente.  Porque ele ficava era um mistério.   Talvez seu corpo em defesa, tinha ficado como um corpo de um garoto, calculava que teria entre 16 a 18 anos, mas tinha corpo de um garoto, a única coisa que tinha se desenvolvido era seu caralho que era grande.  Peter um dia resolveu usá-lo, talvez pela idade, tinha cada vez mais dificuldades de colocar o seu ereto, passou a usar constantemente, tinha que o penetrar todos os dias.

Nessa última casa que viveram, pelo menos tinha um banheiro no seu quarto, terminava de fazer sexo com ele, ia para seu quarto com a desculpa de estudar ou que ele roncava muito.

Se metia embaixo do chuveiro, ficava um bom tempo se lavando, como isso pudesse tirar a sujeira e o nojo que sentia.

O golpe do Peter era, chegar numa cidade pequena, mas próspera, arrumar um emprego no banco, um funcionário sempre desaparecia para ele ocupar seu lugar.   Ganhava a confiança de todo mundo, preparava tudo, nos últimos anos pelo menos esperava ele acabar o ano letivo, para dar o golpe, então uma noite ia ao banco, transferia tudo para as ilhas, iam embora na calada da noite.  Mas desta vez a coisa foi diferente, dizia que tinha que ser a última pois estava ficando velho, queria desfrutar a vida.

Duas famílias na cidade não tinham conta no banco, uma eram duas mulheres, que nunca depositavam nada, tampouco tinham conta em algum banco nas cidades em volta, ele tinha procurado.  Fez amizade com elas, as tinha assassinado dois dias antes de escaparem. Como viviam isoladas, as aprisionou, até confessarem aonde estava o dinheiro.  Depois a cada uma colocou uma pedra atirou mais abaixo no rio que passava pela cidade.

A outra família, vivia numa mansão, era a casa do seu amigo Bob.

O conheceu de uma maneira especial.   Normalmente quando chegava a uma escola nova, era o mais baixo da turma, tinha ordem de não se defender para não chamar atenção, tinha aprendido sim se proteger.   Mas o pegaram de fazer gosto, se não fosse o Bob, que era capitão do time de futebol americano, teria se lascado.  Este o levou a sua casa, uma bela mansão em estilo vitoriano.   Disse que seus pais estavam viajando.   Sempre estou mais ou menos sozinho, a não ser os dois empregados, fico abandonado.

Cuidou dele, pediu a empregada mexicana que o ajudasse a curar suas feridas, almoçou lá. Quando Peter descobriu, esfregou as mãos, é a outra família que não tem conta no banco, tens que fazer amizade com ele.  Passou a treinar com ele, ficaram amigos, Bob disse que nunca tinha amigos, não estranhe quando meus pais estejam aqui, se me vês com eles, fingirei que não te conheço, pois são capazes de infernizar a vida de qualquer um.

Depois com o tempo, contou que era filho adotivo, não sabia tampouco de aonde tinha saído, mas ela queria um filho, isso ajudava a esconder a identidade deles.  Depois de seis meses, um dia estavam na piscina, ao sair, viu que Bob olhava para ele.  Para um garoto tão pequeno tens um caralho imenso.  Tinha ficado excitado de ver Bob sem roupa.  O levou para seu quarto, fizeram sexo pela primeira vez.   Ficou enamorado dele, nunca tinha tido carinho nenhum, isso fez que seu amor fosse correspondido. 

Bob lhe contou que atrás de um quadro imenso da biblioteca escondia um cofre grande, sabia por que sua mãe um dia lhe disse, se nos passa algo, abra, tem documentação diferente, pegue o que possa, desapareça.   O dia que lhe mostrou como fazia, memorizou como fazia sempre o código, viu que tinha que usar o polegar também.  Contou tudo ao Peter, esse planejou, quando formos embora, se os pais dele não estão matas a ele, levamos tudo.

Ele na verdade conseguiu duas injeções paralisantes, escondeu uma, nessa noite quando esteve com o Bob, lhe colocou um pouco na nuca, lhe falou ao ouvido, não se preocupe, vou te proteger, espere a maré ficar calma, eu volto a te procurar.  Contou o que ia fazer, para todos efeitos estas morto.  Abriu o cofre, retirou todo o dinheiro que estava ali, em maços de notas grandes, depois olhou os documentos, uau, são ladrões também, pensou “ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão”.

Os documentos ia mandar para o FBI, colocou num envelope, usando luvas, mas fez com que Bob apertasse a sua, lhe mostrou o documento que a mãe dele lhe tinha falado, disse aonde estaria escondido.  Quando tudo fique calmo, busque esse documento, terás dinheiro para se mover.

Peter apareceu com um carro, colocou as duas bolsas nele, perguntou pelo Bob, lhe dei a injeção, o deixei atirado na porão, ninguém vai lá.  Morrera ali embaixo abandonado.

Três cidades depois, ele entrou numa farmácia, comprou tinta para os cabelos, voltava a ser loiro outra vez.   Num motel, raspou a sua cabeça, passando a tinta, Peter fez o mesmo, além de colocar lentes azuis.

Foi quando entraram no deserto, ele com o velho furgão, Peter no carro.   Fez o que tinha planejado fazer.     Pensou que sentiria culpado, mas nada, tampouco remorsos, tinha sido tão maltratado que se sentia livre.   Não tinha sido uma vingança, mas bem o instinto de sobrevivência.    Numa aula a pouco tempo um professor tinha falado nisso.

Antes de entrar em Las Vegas, saiu da estrada principal, se internou no deserto entre montanhas, já tinha feito isso antes com o Peter, enterrou as duas bolsas de dinheiro, retirou somente alguma coisa, para pagar um hotel pequeno, barato, para não chamar atenção, imagina com a cara que tinha, chegar num hotel caro, pedir um quarto seria o mesmo que acenar uma bandeira dizendo estou aqui.

Vendo o jornal da televisão, ficou em dia com o que tinha acontecido.   Os empregados denunciaram que Bob tinha desaparecido, avisaram seus pais, mas antes a polícia, essa o encontrou no porão, amordaçado, algemado, em uma cadeira, desacordado, levaria mais um dia para despertar.  O cofre aberto, quando acionaram o FBI, estes já tinham os documentos que estavam no cofre, os pais dele não podiam se aproximar, pois seriam presos.

Uma das matérias dizia, pobre menino rico.  Ao mesmo tempo falavam do Peter, que tinha dado um desfalque no banco.   Diziam o valor que tinha transferido.   Era impossível rastrear tudo, pois já estava na Suiça.

Por enquanto o dinheiro ficaria aonde tinha deixado, tinha que descobrir se era dinheiro marcado.  Experimentou numa loja, pediu uma coisa a caixeira, enquanto ela foi buscar, passou a nota pela máquina, nada era normal.   Voltou aonde tinha escondido, retirou uma boa quantidade, alugou um pequeno apartamento, tinha deixado a barba aparecer, trocado o estilo de roupa, passava por um homem de estatura baixa.   Arrumou um emprego num casino, com seus documentos falsos.  Ficaria um tempo de molho.  As notícias continuavam saindo.  O FBI tinha levado o Bob para Washington, mas ele nem tinha ideia do que falavam, não sabia nada, a não ser que os pais viajavam muito.   Quando finalmente o liberaram, pode voltar para casa, mas tinha ordem de despejo, pois a mesma na verdade pertencia ao banco, era alugada.  Era também vigiado 24 horas do dia, tanto pela polícia como pelos jornalistas.  O chamavam de pobre menino rico.  Tanto para um como para outro esse ano seguinte na faculdade estava perdido.

Foi levando sua vida, observando tudo, todos os dias trocava uma das notas altas, por uma já usada.

Alugou um carro, foi até a cidade vizinha, comprou um celular descartável, chamou a mexicana que cuidava do Bob.  Falou com ele, ninho.  Foi tudo que disse, desligou, destroçou o celular, não poderiam localizar.

Foi até o esconderijo dos dois, ficou ali vigiando, até que ele pode aparecer. Se abraçaram, mas se afastou em seguida, em que merda me meteste?

Bom os dois já estamos na merda a muito tempo, contou sua história, não é muito diferente da tua, não lestes os documentos que os que te adotaram tinham no cofre, viviam de dar golpes, depois corriam para cá para se esconderem.   Eram buscado pelo FBI a anos, bem como meu pai.  

Aonde está ele?

Morreu, aí lhe contou tudo, os anos de abusos sexuais, ter que participar de golpes a força, outras coisas mais.   O que quero saber é se vais estar comigo.

De momento não posso, eles cairiam em cima dos que me cuidaram esse tempo todo, um dia nos encontramos, pois tenho que digerir tudo isso.   Eles me chamaram, estão escondidos por aí, não sei o que fazer.  

Conte tudo o que sabes ao FBI, é o melhor.  

Pensam que fui eu que mandei os documentos.

Lhe contei o que tinha feito, o envelope tinha tuas impressões digitais.  Digas que desconfiava, por isso, com eres adotado, menor de idade, nunca participaste de nada, não podem fazer nada contra ti.

Da mesma maneira que tinha vindo, desapareceu.    Pintou novamente os cabelos, de negro, para poder usar um passaporte que tinha, vez uma viagem meio louca, primeiro foi a Berlin, de lá a Paris, para finalmente ir a Berna na Suiça.    Se apresentou com o código que tinha, agora parecia mais homem, com a barba grande que tinha, além de um bigode.

Quando viu o montante, retirou uma parte, ingressou num banco de investimento, outro tanto numa conta particular em seu nome, mas em outro banco, assim poderia usar cartões de crédito.

Quando voltou procurou se informar através de internet, usando cyber café, para saber da situação do Bob.  Seus pais continuavam desaparecidos, mas ele, estava como sempre com os mexicanos.

Foi para San Francisco, mais especificamente para San Sausalito, arrumou um pequeno apartamento com uma vista espetacular, bem como um emprego num armazém, enquanto buscava uma maneira de contatar com o Bob.   Quando conseguiu, este riu, agora entendo tudo, agora tenho um celular desse de usar e atirar, passou o número, se falaram.

Dentro em breve te procuro.  Fez a mesma coisa que da outra vez, mas desta vez ficou quieto, pois temia uma traição.   Quando finalmente se viram, fizeram sexo.  Estava louco para te ver, agora entendi tudo.   Sei que fazia parte da fachada deles, nada mais que isso.  A irmã dela confirmou para o FBI, que eu não era filho deles, mas tinham me comprado para fazer a fachada, mas se negou a ficar comigo.  

Ainda estão te vigiando?

Sim, tem pelo menos dois, que estão sempre por ai, eles fizeram contato através da senhora que me cuida, queriam saber se eu tinha participado no roubo, ela fez um escândalo, como era possível isso, se tinha passado dois dias no porão amordaçado,  impossível, mas não acreditaram muito.    Bob agora estava com os cabelos largos, os companheiros da escola agora, quando me veem trocam de calçada, não querem falar comigo.

Lhe disse, amanhã, vá para a estrada, espere um carro cinzento, parece um taxi, mas não é, tenho os documentos falsos, tome o dinheiro que deixei.  Fizeram sexo outra vez.

No dia seguinte, ficou de guarda perto, tinha chamado um taxi cinzento, este chegou parou, mandou o Bob subir, fiquei esperando para ver se alguém o seguia, nada.

Fui para o lugar marcado, com outro carro, o fiz subir, ia fazer perguntas, mas lhe disse que já falamos.  O fiz tirar a roupa toda, para ver se não tinha nenhum micro.

Todo cuidado é pouco, Bob, o levei comigo para San Francisco.  Arrumei um emprego para ele, mas reclamava todos os dias, pensou que íamos viver na boa vida, fazendo sexo o tempo todo.

Entendi que isso tudo era um perigo.  Abri uma conta para ele, depositei dinheiro suficiente para que ele fizesse a faculdade, mas terás que apresentar teu nome verdadeiro.

Uma noite não voltei para casa, tinha deixado seis meses de aluguel pago, fiz uma coisa feia, aluguei um apartamento do outro lado da rua, aonde podia vigiar seus movimentos.  Nos primeiros dias pareceu perdido, tinha lhe deixado o cartão de crédito, bem como uma nota, para que usasse para ir a Universidade.   Assim que fez a inscrição o FBI, apareceu, o levaram, mas em seguida voltou.  Estava sendo vigiado.  Simplesmente desapareci, com outro documento fui para NYC, arrumei um emprego num banco, fui subindo, até chegar a investimento.  Se passaram os anos, sabia que tinham me aproveitado dele, vivia agora num apartamento simples, mas não chamava atenção.   Roupas normais, barbas, tinha crescido um pouco, mas nunca passaria de 1,70 metros, sempre seria de estatura normal.

Tinha aventuras, nas claro a famosa uma noite, nunca com pessoas que trabalhassem comigo, nada de intimidades.

Administrava agora meus próprios investimentos.  Logo mudei de emprego, para o mesmo banco que tinha minha conta na Suíça, assim era mais fácil de administrar.   No banco original já não existia nada.

Cada vez mais era um experto em informática, tinha que me agarrar por algum lado.

Um dia andando na rua, vi o Bob, estava lindo demais.   Ia acompanhado de um homem, mais maduro que ele.  Entraram num café, achei uma maneira de me sentar atrás deles.

O escutei falando com o mesmo, achas realmente que está aqui na cidade.

Sim comeces a frequentar os lugares gays, quem sabe não dá com ele.   Afinal te abandonou, sem dinheiro, não sei se poderemos recuperar tudo.  Mas tem uma coisa, nada mais de drogas, sabes que se recais outra vez, não te ajudaremos.   Da outra vez só tinhas que descobrir aonde estava o dinheiro.

Eu tinha razão.  Dois dias depois pedi demissão, agora era eu que o vigiava.  Ia a todos lugares gays, ficava observando o que ele fazia.  Logo vi que estava até a alma de drogas, um dia o mesmo homem o tirou da discoteca que estava, lhe dava uma bronca imensa.

Já não tem volta atrás, no dia seguinte, fui para a Europa, vivi um bom tempo em Paris, precisava arrumar um pouso discreto, aonde não chamasse atenção.   Pelo meu aspecto todo mundo pensava que eu era descendente de marroquino ou argelino, consegui um documento argelino, agora podia me mover melhor.

Fui viver numa cidade pequena, no sul, em frente da praia, todo mundo perguntava o que fazia, eu dizia que era escritor.

Pensava sempre no dinheiro escondido no deserto. 

Nunca tinha pretendido ser rico, queria apenas levar uma vida tranquila, mas com todo esse dinheiro seria impossível.

O que fiz, foi voltar a Las Vegas, retirei o dinheiro do deserto, separei uma grande bolsa, com o dinheiro mais graúdo, com a outra, de valor mais alto, ia pelas cidades vizinhas, San Francisco, ia depositando um valor grande nas contas de ONGs, que ficavam quietas, assim me livrei desse dinheiro todo.    Pelo menos ficaria livre disso.

Mudei outra vez de aspecto, fazia tanto tempo que usava barba, que quando vi minha cara outra vez, levei um susto, tinha mudado, era diferente, era mais homem.

Me vestia agora bem, tinha dinheiro para isso.  Nunca mais soube do Bob, ele se deixou levar, me sentia culpado, mas era o preço a pagar.

Anos depois estabelecido firmemente numa vila perto de Cassis, na praia, o tornei a ver, continuava bonito, estava bem acompanhado com um homem, ao qual abraçava, beijava a vontade.   Fiquei mais tranquilo, mas não me aproximei.

Descobri que esse homem, era um importante negociante de pedras preciosas.   Foi quando o vi um dia no passeio da praia, discutiam, o homem entrou num carro foi embora, suas últimas palavras foram, contínuas usando drogas, assim não te quero.

Minutos depois apareceu um homem num carro negro, vi que ficavam conversando, rindo, já fizeste teu trabalho, lhe passava um envelope com dinheiro.  Ia embora, lhe dizendo não te metas todo isso em drogas.

O segui, até o hotel, nessa noite o raptei, levei para uma cabana que tinha nas montanhas, o deixei ali algemado, lhe alimentava, ele perguntava quem eu era, mas nunca falava, era um famoso tratamento contras as drogas em base dura.

Quem falava o tempo todo era ele, falou de mim, o quanto tinha me amado, a raiva de ser abandonado, depois confessava que estava me espionando para o FBI, que queria o dinheiro da casa dos seus pais.

Que esses tinham desaparecido no mapa.    Um dia disse, já sei quem eres o capanga do milionário que eu estava vigiando para o FBI.   Nenhum comentário, as noites era terríveis, ele gritava pedindo drogas, vomitava, lhe limpava, mas como eu usava luvas, nunca sentiu quem era.

Um mês depois, o liberei.  O adormeci, deixei num motel de beira de estrada, com dinheiro suficiente para recomeçar sua vida.

Quando despertou, ficou chorando, eu estava no quarto ao lado.  Não parava de falar, então era ele, me cuidou, ainda me ama.   Levei dias o seguindo, para ver se caia nas drogas outras vez, ia aos lugares gays, como me procurando.

Nunca apareci, um belo dia, foi embora.  Esperava que desta vez fosse em frente.

Segui tendo aventuras de uma noite só, não tinha jeito de confiar em ninguém, quando vi que tinha escrito um livro, contando a historia de sua vida.  Que a mesma seria transformada em filme.   Como citava aonde tinha certeza de me ter visto, vendi tudo, fui embora.

Cheguei à conclusão que em minha vida nunca teria pouso nenhum relaxado, sem me preocupar se me estavam buscando ou não.   Que merda.

Vi um filme, em que os bandidos fazem um grande roubo, vão para o Brasil, para o Rio de Janeiro, caem na folia.

Primeiro fui viver um tempo em Portugal para aprender a língua, depois finalmente fui para o norte do Brasil, riam, pois, pensavam que eu era Português, só então entendi que falava diferente deles.   Aluguei uma casa numa praia, vivia ao dia.    Foram os anos mais felizes de minha vida.

A estas alturas já estava com quase cinquenta anos, tinha estado todos esses anos, fugindo de um lado para o outro.   Foi quando descobrir que estava com um câncer muito avançado, fiz uma loucura, voltei por Portugal a Europa, vi quanto tinha nos bancos, me desfiz de tudo, entregando tudo as ONGs, como tinha feito no passado, com o mínimo, fui a NYC.   Descobri aonde o Bob morava, queria saber se estava bem.  Vi que tinha agora um relacionamento sério.  Ia para seu segundo livro.

Um dia o abordei na rua, não me reconheceu. O toquei, queria saber se estavas bem?

Sim finalmente me libertei de todos meus fantasmas, inclusive do teu.

Lhe dei um aperto de mão, lhe pedi desculpas por tudo, tinha que sobreviver.  Me perguntou se eu era o homem que o tinha ajudado na França?

Sim fui eu, tinha que tentar te curar.

Eu me curei, porque sabia que eras tu, outro já teria me matado.

Me despedi, fui embora sem olhar para trás, voltei a minha casa no Brasil para morrer tranquilamente.    Nada era perfeito na vida, agora eu era um ninguém, meu dinheiro aguentaria alguns meses nada mais.   Quando a dor se tornou insuportável, num dia de temporal esses tão naturais do Brasil, entrei no mar, para não voltar.  Tinha liquidado minhas contas.

 

 

 

 

 

 

 

 

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