ALL FOR
SURVIVING
Pela primeira vez
em sua vida se sentia livre. Não tinha
que fingir que era outra pessoa, mas claro tudo tinha seu preço.
Estava no meio do
deserto, num furgão velho que tinha roubado, trocou sua placa por outro
veículo, tinha seguido Peter até ali, assim que acabaram de esconder as bolsas
no furgão, Peter estava borrando as impressões digitais do volante quando ele
lhe aplicou a injeção paralisante que devia ter usado com Bob, no seu pescoço,
o ficou olhando com um olhar de suplica, lhe disse, assim olham as tuas vítimas
para ti, começou a colocar gasolina no carro inteiro, bem como o banhou na
mesma. Já tinha visto o Peter fazer
isso com alguma vítima sua.
Pensou é a hora
da revanche das pessoas que já mataste.
Viu seu olhar de desespero, graças a deus não podia falar, porque senão
tentaria convence-lo, isso não podia permitir, sempre estava fazendo algo que
sabia que era errado, por culpa dele, com medo que o matasse, agora tinha
chegado sua vez. Esvaziou o segundo
galão, tocou fogo, ficou vendo de longe o que acontecia, mas sem olhar o Peter.
Se estivesse vivo
diria que era um excelente aluno. Estava
sempre sobre vigilância, as poucas vezes quando era menor que tinha tentado
escapar, tinha levado uma surra de fazer gosto, as vezes ficava uma semana na
cama sem poder mover-se, o pior era que o penetrava mais vezes.
Como bom aluno
fez o que ele teria feito, com uma pá, retirou seus resto carbonizados do
carro, colocou dentro de uma bolsa negra, dessas de funerárias, levou
quilômetros adentro, enterrou no meio do deserto, alisou bem a areia, para que
fosse difícil de descobrir.
Passou de novo
pelo carro carbonizado, sabia que a única coisa que encontraria, seria o líquido
que o corpo desfeito podia ter deixado.
Ele não devia ter relaxado.
Agora talvez
pudesse viver mais relaxado. Seguiu em
direção a Las Vegas. Iria fazer o que
sempre faziam, distribuir por vários bancos o valor que levava em cima.
O resto, Peter
tinha esvaziado as contas dos clientes do banco, transferindo tudo para as
ilhas Cayman, dela para a Suiça. Teria
que ir até lá com a clave que sabia de memória, para retirar.
Estaria com a
vida tranquila por muitos anos.
Tinha sido
comprado pelo Peter, por um traficante de crianças roubadas, esperou que ele
tivesse até os oito anos, para abusar dele, mas apesar da pouca idade, já o
tinha visto em ação, da mesma maneira que as crianças apareciam, eram abusadas,
desapareciam, ou a matava ou passava para frente. Porque ele ficava era um mistério. Talvez seu corpo em defesa, tinha ficado
como um corpo de um garoto, calculava que teria entre 16 a 18 anos, mas tinha
corpo de um garoto, a única coisa que tinha se desenvolvido era seu caralho que
era grande. Peter um dia resolveu
usá-lo, talvez pela idade, tinha cada vez mais dificuldades de colocar o seu
ereto, passou a usar constantemente, tinha que o penetrar todos os dias.
Nessa última casa
que viveram, pelo menos tinha um banheiro no seu quarto, terminava de fazer
sexo com ele, ia para seu quarto com a desculpa de estudar ou que ele roncava
muito.
Se metia embaixo
do chuveiro, ficava um bom tempo se lavando, como isso pudesse tirar a sujeira
e o nojo que sentia.
O golpe do Peter
era, chegar numa cidade pequena, mas próspera, arrumar um emprego no banco, um
funcionário sempre desaparecia para ele ocupar seu lugar. Ganhava a confiança de todo mundo, preparava
tudo, nos últimos anos pelo menos esperava ele acabar o ano letivo, para dar o
golpe, então uma noite ia ao banco, transferia tudo para as ilhas, iam embora
na calada da noite. Mas desta vez a
coisa foi diferente, dizia que tinha que ser a última pois estava ficando
velho, queria desfrutar a vida.
Duas famílias na
cidade não tinham conta no banco, uma eram duas mulheres, que nunca depositavam
nada, tampouco tinham conta em algum banco nas cidades em volta, ele tinha
procurado. Fez amizade com elas, as
tinha assassinado dois dias antes de escaparem. Como viviam isoladas, as
aprisionou, até confessarem aonde estava o dinheiro. Depois a cada uma colocou uma pedra atirou
mais abaixo no rio que passava pela cidade.
A outra família,
vivia numa mansão, era a casa do seu amigo Bob.
O conheceu de uma
maneira especial. Normalmente quando
chegava a uma escola nova, era o mais baixo da turma, tinha ordem de não se
defender para não chamar atenção, tinha aprendido sim se proteger. Mas o pegaram de fazer gosto, se não fosse o
Bob, que era capitão do time de futebol americano, teria se lascado. Este o levou a sua casa, uma bela mansão em
estilo vitoriano. Disse que seus pais
estavam viajando. Sempre estou mais ou
menos sozinho, a não ser os dois empregados, fico abandonado.
Cuidou dele,
pediu a empregada mexicana que o ajudasse a curar suas feridas, almoçou lá.
Quando Peter descobriu, esfregou as mãos, é a outra família que não tem conta
no banco, tens que fazer amizade com ele.
Passou a treinar com ele, ficaram amigos, Bob disse que nunca tinha
amigos, não estranhe quando meus pais estejam aqui, se me vês com eles,
fingirei que não te conheço, pois são capazes de infernizar a vida de qualquer
um.
Depois com o
tempo, contou que era filho adotivo, não sabia tampouco de aonde tinha saído,
mas ela queria um filho, isso ajudava a esconder a identidade deles. Depois de seis meses, um dia estavam na
piscina, ao sair, viu que Bob olhava para ele.
Para um garoto tão pequeno tens um caralho imenso. Tinha ficado excitado de ver Bob sem roupa. O levou para seu quarto, fizeram sexo pela
primeira vez. Ficou enamorado dele,
nunca tinha tido carinho nenhum, isso fez que seu amor fosse
correspondido.
Bob lhe contou
que atrás de um quadro imenso da biblioteca escondia um cofre grande, sabia por
que sua mãe um dia lhe disse, se nos passa algo, abra, tem documentação
diferente, pegue o que possa, desapareça.
O dia que lhe mostrou como fazia, memorizou como fazia sempre o código,
viu que tinha que usar o polegar também.
Contou tudo ao Peter, esse planejou, quando formos embora, se os pais
dele não estão matas a ele, levamos tudo.
Ele na verdade
conseguiu duas injeções paralisantes, escondeu uma, nessa noite quando esteve
com o Bob, lhe colocou um pouco na nuca, lhe falou ao ouvido, não se preocupe,
vou te proteger, espere a maré ficar calma, eu volto a te procurar. Contou o que ia fazer, para todos efeitos
estas morto. Abriu o cofre, retirou todo
o dinheiro que estava ali, em maços de notas grandes, depois olhou os
documentos, uau, são ladrões também, pensou “ladrão que rouba ladrão tem 100
anos de perdão”.
Os documentos ia
mandar para o FBI, colocou num envelope, usando luvas, mas fez com que Bob
apertasse a sua, lhe mostrou o documento que a mãe dele lhe tinha falado, disse
aonde estaria escondido. Quando tudo
fique calmo, busque esse documento, terás dinheiro para se mover.
Peter apareceu
com um carro, colocou as duas bolsas nele, perguntou pelo Bob, lhe dei a
injeção, o deixei atirado na porão, ninguém vai lá. Morrera ali embaixo abandonado.
Três cidades
depois, ele entrou numa farmácia, comprou tinta para os cabelos, voltava a ser
loiro outra vez. Num motel, raspou a
sua cabeça, passando a tinta, Peter fez o mesmo, além de colocar lentes azuis.
Foi quando
entraram no deserto, ele com o velho furgão, Peter no carro. Fez o que tinha planejado fazer. Pensou que sentiria culpado, mas nada,
tampouco remorsos, tinha sido tão maltratado que se sentia livre. Não tinha sido uma vingança, mas bem o
instinto de sobrevivência. Numa aula a
pouco tempo um professor tinha falado nisso.
Antes de entrar
em Las Vegas, saiu da estrada principal, se internou no deserto entre
montanhas, já tinha feito isso antes com o Peter, enterrou as duas bolsas de
dinheiro, retirou somente alguma coisa, para pagar um hotel pequeno, barato,
para não chamar atenção, imagina com a cara que tinha, chegar num hotel caro,
pedir um quarto seria o mesmo que acenar uma bandeira dizendo estou aqui.
Vendo o jornal da
televisão, ficou em dia com o que tinha acontecido. Os empregados denunciaram que Bob tinha
desaparecido, avisaram seus pais, mas antes a polícia, essa o encontrou no
porão, amordaçado, algemado, em uma cadeira, desacordado, levaria mais um dia
para despertar. O cofre aberto, quando
acionaram o FBI, estes já tinham os documentos que estavam no cofre, os pais
dele não podiam se aproximar, pois seriam presos.
Uma das matérias
dizia, pobre menino rico. Ao mesmo tempo
falavam do Peter, que tinha dado um desfalque no banco. Diziam
o valor que tinha transferido. Era
impossível rastrear tudo, pois já estava na Suiça.
Por enquanto o
dinheiro ficaria aonde tinha deixado, tinha que descobrir se era dinheiro
marcado. Experimentou numa loja, pediu
uma coisa a caixeira, enquanto ela foi buscar, passou a nota pela máquina, nada
era normal. Voltou aonde tinha
escondido, retirou uma boa quantidade, alugou um pequeno apartamento, tinha
deixado a barba aparecer, trocado o estilo de roupa, passava por um homem de
estatura baixa. Arrumou um emprego num
casino, com seus documentos falsos.
Ficaria um tempo de molho. As
notícias continuavam saindo. O FBI tinha
levado o Bob para Washington, mas ele nem tinha ideia do que falavam, não sabia
nada, a não ser que os pais viajavam muito.
Quando finalmente o liberaram, pode voltar para casa, mas tinha ordem de
despejo, pois a mesma na verdade pertencia ao banco, era alugada. Era também vigiado 24 horas do dia, tanto
pela polícia como pelos jornalistas. O
chamavam de pobre menino rico. Tanto
para um como para outro esse ano seguinte na faculdade estava perdido.
Foi levando sua
vida, observando tudo, todos os dias trocava uma das notas altas, por uma já
usada.
Alugou um carro,
foi até a cidade vizinha, comprou um celular descartável, chamou a mexicana que
cuidava do Bob. Falou com ele,
ninho. Foi tudo que disse, desligou,
destroçou o celular, não poderiam localizar.
Foi até o
esconderijo dos dois, ficou ali vigiando, até que ele pode aparecer. Se
abraçaram, mas se afastou em seguida, em que merda me meteste?
Bom os dois já
estamos na merda a muito tempo, contou sua história, não é muito diferente da
tua, não lestes os documentos que os que te adotaram tinham no cofre, viviam de
dar golpes, depois corriam para cá para se esconderem. Eram buscado pelo FBI a anos, bem como meu
pai.
Aonde está ele?
Morreu, aí lhe
contou tudo, os anos de abusos sexuais, ter que participar de golpes a força,
outras coisas mais. O que quero saber é
se vais estar comigo.
De momento não
posso, eles cairiam em cima dos que me cuidaram esse tempo todo, um dia nos
encontramos, pois tenho que digerir tudo isso.
Eles me chamaram, estão escondidos por aí, não sei o que fazer.
Conte tudo o que
sabes ao FBI, é o melhor.
Pensam que fui eu
que mandei os documentos.
Lhe contei o que
tinha feito, o envelope tinha tuas impressões digitais. Digas que desconfiava, por isso, com eres
adotado, menor de idade, nunca participaste de nada, não podem fazer nada
contra ti.
Da mesma maneira
que tinha vindo, desapareceu. Pintou
novamente os cabelos, de negro, para poder usar um passaporte que tinha, vez
uma viagem meio louca, primeiro foi a Berlin, de lá a Paris, para finalmente ir
a Berna na Suiça. Se apresentou com o
código que tinha, agora parecia mais homem, com a barba grande que tinha, além
de um bigode.
Quando viu o
montante, retirou uma parte, ingressou num banco de investimento, outro tanto
numa conta particular em seu nome, mas em outro banco, assim poderia usar
cartões de crédito.
Quando voltou
procurou se informar através de internet, usando cyber café, para saber da
situação do Bob. Seus pais continuavam
desaparecidos, mas ele, estava como sempre com os mexicanos.
Foi para San
Francisco, mais especificamente para San Sausalito, arrumou um pequeno
apartamento com uma vista espetacular, bem como um emprego num armazém,
enquanto buscava uma maneira de contatar com o Bob. Quando conseguiu, este riu, agora entendo
tudo, agora tenho um celular desse de usar e atirar, passou o número, se
falaram.
Dentro em breve
te procuro. Fez a mesma coisa que da
outra vez, mas desta vez ficou quieto, pois temia uma traição. Quando finalmente se viram, fizeram
sexo. Estava louco para te ver, agora
entendi tudo. Sei que fazia parte da
fachada deles, nada mais que isso. A
irmã dela confirmou para o FBI, que eu não era filho deles, mas tinham me
comprado para fazer a fachada, mas se negou a ficar comigo.
Ainda estão te
vigiando?
Sim, tem pelo
menos dois, que estão sempre por ai, eles fizeram contato através da senhora
que me cuida, queriam saber se eu tinha participado no roubo, ela fez um
escândalo, como era possível isso, se tinha passado dois dias no porão
amordaçado, impossível, mas não
acreditaram muito. Bob agora estava
com os cabelos largos, os companheiros da escola agora, quando me veem trocam
de calçada, não querem falar comigo.
Lhe disse,
amanhã, vá para a estrada, espere um carro cinzento, parece um taxi, mas não é,
tenho os documentos falsos, tome o dinheiro que deixei. Fizeram sexo outra vez.
No dia seguinte,
ficou de guarda perto, tinha chamado um taxi cinzento, este chegou parou,
mandou o Bob subir, fiquei esperando para ver se alguém o seguia, nada.
Fui para o lugar
marcado, com outro carro, o fiz subir, ia fazer perguntas, mas lhe disse que já
falamos. O fiz tirar a roupa toda, para
ver se não tinha nenhum micro.
Todo cuidado é
pouco, Bob, o levei comigo para San Francisco. Arrumei um emprego para ele, mas reclamava
todos os dias, pensou que íamos viver na boa vida, fazendo sexo o tempo todo.
Entendi que isso
tudo era um perigo. Abri uma conta para
ele, depositei dinheiro suficiente para que ele fizesse a faculdade, mas terás
que apresentar teu nome verdadeiro.
Uma noite não
voltei para casa, tinha deixado seis meses de aluguel pago, fiz uma coisa feia,
aluguei um apartamento do outro lado da rua, aonde podia vigiar seus
movimentos. Nos primeiros dias pareceu
perdido, tinha lhe deixado o cartão de crédito, bem como uma nota, para que
usasse para ir a Universidade. Assim
que fez a inscrição o FBI, apareceu, o levaram, mas em seguida voltou. Estava sendo vigiado. Simplesmente desapareci, com outro documento
fui para NYC, arrumei um emprego num banco, fui subindo, até chegar a
investimento. Se passaram os anos, sabia
que tinham me aproveitado dele, vivia agora num apartamento simples, mas não
chamava atenção. Roupas normais,
barbas, tinha crescido um pouco, mas nunca passaria de 1,70 metros, sempre
seria de estatura normal.
Tinha aventuras,
nas claro a famosa uma noite, nunca com pessoas que trabalhassem comigo, nada
de intimidades.
Administrava
agora meus próprios investimentos. Logo
mudei de emprego, para o mesmo banco que tinha minha conta na Suíça, assim era
mais fácil de administrar. No banco
original já não existia nada.
Cada vez mais era
um experto em informática, tinha que me agarrar por algum lado.
Um dia andando na
rua, vi o Bob, estava lindo demais. Ia
acompanhado de um homem, mais maduro que ele.
Entraram num café, achei uma maneira de me sentar atrás deles.
O escutei falando
com o mesmo, achas realmente que está aqui na cidade.
Sim comeces a
frequentar os lugares gays, quem sabe não dá com ele. Afinal te abandonou, sem dinheiro, não sei
se poderemos recuperar tudo. Mas tem uma
coisa, nada mais de drogas, sabes que se recais outra vez, não te
ajudaremos. Da outra vez só tinhas que
descobrir aonde estava o dinheiro.
Eu tinha
razão. Dois dias depois pedi demissão,
agora era eu que o vigiava. Ia a todos
lugares gays, ficava observando o que ele fazia. Logo vi que estava até a alma de drogas, um
dia o mesmo homem o tirou da discoteca que estava, lhe dava uma bronca imensa.
Já não tem volta
atrás, no dia seguinte, fui para a Europa, vivi um bom tempo em Paris,
precisava arrumar um pouso discreto, aonde não chamasse atenção. Pelo meu aspecto todo mundo pensava que eu
era descendente de marroquino ou argelino, consegui um documento argelino,
agora podia me mover melhor.
Fui viver numa
cidade pequena, no sul, em frente da praia, todo mundo perguntava o que fazia,
eu dizia que era escritor.
Pensava sempre no
dinheiro escondido no deserto.
Nunca tinha
pretendido ser rico, queria apenas levar uma vida tranquila, mas com todo esse
dinheiro seria impossível.
O que fiz, foi
voltar a Las Vegas, retirei o dinheiro do deserto, separei uma grande bolsa,
com o dinheiro mais graúdo, com a outra, de valor mais alto, ia pelas cidades
vizinhas, San Francisco, ia depositando um valor grande nas contas de ONGs, que
ficavam quietas, assim me livrei desse dinheiro todo. Pelo menos ficaria livre disso.
Mudei outra vez
de aspecto, fazia tanto tempo que usava barba, que quando vi minha cara outra
vez, levei um susto, tinha mudado, era diferente, era mais homem.
Me vestia agora
bem, tinha dinheiro para isso. Nunca
mais soube do Bob, ele se deixou levar, me sentia culpado, mas era o preço a
pagar.
Anos depois
estabelecido firmemente numa vila perto de Cassis, na praia, o tornei a ver,
continuava bonito, estava bem acompanhado com um homem, ao qual abraçava,
beijava a vontade. Fiquei mais
tranquilo, mas não me aproximei.
Descobri que esse
homem, era um importante negociante de pedras preciosas. Foi quando o vi um dia no passeio da praia,
discutiam, o homem entrou num carro foi embora, suas últimas palavras foram,
contínuas usando drogas, assim não te quero.
Minutos depois
apareceu um homem num carro negro, vi que ficavam conversando, rindo, já
fizeste teu trabalho, lhe passava um envelope com dinheiro. Ia embora, lhe dizendo não te metas todo isso
em drogas.
O segui, até o
hotel, nessa noite o raptei, levei para uma cabana que tinha nas montanhas, o
deixei ali algemado, lhe alimentava, ele perguntava quem eu era, mas nunca
falava, era um famoso tratamento contras as drogas em base dura.
Quem falava o
tempo todo era ele, falou de mim, o quanto tinha me amado, a raiva de ser
abandonado, depois confessava que estava me espionando para o FBI, que queria o
dinheiro da casa dos seus pais.
Que esses tinham
desaparecido no mapa. Um dia disse, já
sei quem eres o capanga do milionário que eu estava vigiando para o FBI. Nenhum comentário, as noites era terríveis,
ele gritava pedindo drogas, vomitava, lhe limpava, mas como eu usava luvas,
nunca sentiu quem era.
Um mês depois, o
liberei. O adormeci, deixei num motel de
beira de estrada, com dinheiro suficiente para recomeçar sua vida.
Quando despertou,
ficou chorando, eu estava no quarto ao lado.
Não parava de falar, então era ele, me cuidou, ainda me ama. Levei dias o seguindo, para ver se caia nas
drogas outras vez, ia aos lugares gays, como me procurando.
Nunca apareci, um
belo dia, foi embora. Esperava que desta
vez fosse em frente.
Segui tendo
aventuras de uma noite só, não tinha jeito de confiar em ninguém, quando vi que
tinha escrito um livro, contando a historia de sua vida. Que a mesma seria transformada em filme. Como citava aonde tinha certeza de me ter
visto, vendi tudo, fui embora.
Cheguei à
conclusão que em minha vida nunca teria pouso nenhum relaxado, sem me preocupar
se me estavam buscando ou não. Que
merda.
Vi um filme, em
que os bandidos fazem um grande roubo, vão para o Brasil, para o Rio de
Janeiro, caem na folia.
Primeiro fui
viver um tempo em Portugal para aprender a língua, depois finalmente fui para o
norte do Brasil, riam, pois, pensavam que eu era Português, só então entendi
que falava diferente deles. Aluguei uma
casa numa praia, vivia ao dia. Foram
os anos mais felizes de minha vida.
A estas alturas
já estava com quase cinquenta anos, tinha estado todos esses anos, fugindo de
um lado para o outro. Foi quando
descobrir que estava com um câncer muito avançado, fiz uma loucura, voltei por
Portugal a Europa, vi quanto tinha nos bancos, me desfiz de tudo, entregando
tudo as ONGs, como tinha feito no passado, com o mínimo, fui a NYC. Descobri aonde o Bob morava, queria saber se
estava bem. Vi que tinha agora um
relacionamento sério. Ia para seu
segundo livro.
Um dia o abordei
na rua, não me reconheceu. O toquei, queria saber se estavas bem?
Sim finalmente me
libertei de todos meus fantasmas, inclusive do teu.
Lhe dei um aperto
de mão, lhe pedi desculpas por tudo, tinha que sobreviver. Me perguntou se eu era o homem que o tinha
ajudado na França?
Sim fui eu, tinha
que tentar te curar.
Eu me curei,
porque sabia que eras tu, outro já teria me matado.
Me despedi, fui
embora sem olhar para trás, voltei a minha casa no Brasil para morrer
tranquilamente. Nada era perfeito na
vida, agora eu era um ninguém, meu dinheiro aguentaria alguns meses nada
mais. Quando a dor se tornou
insuportável, num dia de temporal esses tão naturais do Brasil, entrei no mar,
para não voltar. Tinha liquidado minhas
contas.
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