lunes, 5 de abril de 2021

COISAS DA VIDA - CHOSE DE LA VIE

 

                                         COISAS DA VIDA

                                       CHOSES DE LA VIE

 

Gerard estava no seu elemento, água.  Tinha chegado a dias de sua casa em Aix em Provence, a cabana aonde tinha desfrutado os melhores momento de sua vida com seu companheiro á vinte anos Jean.   Hoje faziam exatamente cinco meses que Jean tinha morrido num acidente brutal, voltando de Marseille aonde trabalhava.   Não conseguia tirar de sua cabeça que o destino era as vezes muito duro.   Justamente quando os dois pensavam em deixar seus negócios, saírem pelo mundo para realizar seus sonhos, conhecer lugares que tinham sonhado desde jovens, Austrália, Nova Zelândia, Hawái, enfim se deixarem levar.

Na sua cabeça era como que o fundo melódico fosse a música preferidas dos dois que tinham escutado na primeira viagem que fizeram a Itália, estavam em Capri, quando escutaram Capri C’est Fini, de Hervé Vilard, estavam num barco que tinha alugado.   Se amaram numa gruta dentro do barco.

Estando dentro da água, as lagrimas se misturavam com a água do mar.  Merda o puto destino nos sacaneou.  Agora que iam realizar seus sonhos, as longas conversas que tinham na cabana, traçando roteiros nos últimos anos.    Os guias de viagem ainda estavam jogados por cima da mesa de centro da sala.  Nem tinha coragem de tocá-los.

A cabana numa pequena enseada das Calanques, tinha que ser ir por Cassis, depois por pequenas estradas subindo a montanha, sua pequena enseada nem constava no mapas, quem o tinha trazido foi Jean, antes de chegar disse, feche os olhos, obedeceu, ele amava dar surpresas, até sua morte foi uma.  Quando abriu os olhos estavam junto a uma pequena cabana, escondida entre as árvores, tomaram seu primeiro banho de mar nus.  Passavam todos os fins de semana do verão por lá.  A mesma estava cheia de lembrança dos dois, livros, cds, tudo que levavam para um fim de semana.  Mesmo no inverno algumas vezes vinham porque tinham uma pequena lareira, no quarto tinham mandado colocar um desses de metal, podiam inclusive dormir nus, como gostavam.

Nesse momento em sua cabeça, estava falando com ele, o via nadando ao seu lado, os dois tinham se conhecido numa competição de natação em Marseille, adoravam a água, o mar, a vida ao ar livre.    Infelizmente por trabalho, passavam o dia inteiro fechado nos escritórios.

Mas isso tinha acabado a duas semanas, sem querer começou a rir.

Escutou uma voz quase ao seu lado, vejo que a água do mar faz bem ao senhor, levou um susto, chegou a engolir água.   Tossindo olhou quem estava ali. Era o menino Paul, filho de Matthieu, seu melhor amigo desde que começaram a estudar juntos, sócio na empresa.

Que passa Paul?

Meu pai pediu que viesse buscá-lo, não está bem, quer falar com o senhor de qualquer maneira, sei que está de férias, mas ele insistiu muito que eu viesse, afinal parece ser que sou o único que conhece o caminho.

Quando era um garoto, Matthieu sempre vinha com ele, escapava assim de sua família que odiava, Paul era filho dele com Gemma, uma italiana lindíssima, ele tinha herdado a beleza da mãe.    Quando ela morreu, tiveram uma grande discussão, pois o colocou num colégio interno, inclusive sugeriu que fosse viver com ele, com Jean, mas ele queria que o filho tivesse uma boa educação.    Levava o sobrenome do pai, pois o tinha reconhecido, Paul Largaderé, mas sua mulher nunca lhe deu o divórcio, para se casar com Gemma, ela não se importava, afinal ele passava mais tempo em sua casa, que na da família.

Subiu no barco, o que está acontecendo Paul, piorou?

Sim tio, piorou, desde ontem tem uma febre altíssima, o médico está o tempo todo lá em casa, mas não melhora, ele se nega a tomar qualquer coisa que lhe faça perder o uso da razão.

Pensou para si mesmo, esse é meu amigo de alma.

Chegaram a pequena praia, viu que ele tinha vindo de moto.  Devia estar tão dentro de sua cabeça que não tinha escutado o ruído da mesma.

Entrou correndo em casa nu, tomou um banho para tirar o sal, se vestiu, qualquer coisa depois iria a sua casa em Aix para trocar de roupa.  Saiu Paul, estava sentado na sala, com um dos guias na mão.    Parece que estou vendo tio Jean falar dessas viagens, eu ao lado me incluía nelas, muitas vezes no meu quarto no internato, sonhava com isso.

No carro, lhe pediu, me conta como vocês dois conseguiram enganar os outros sócios para vender a empresa.

Eu passei uma semana, depois que Jean morreu em casa, um deles aproveitou para assumir meu lugar.  Mas quando voltei, foi uma briga, pois teu pai e eu temos cada um 40% da empresa, eles só tem 20, dividido entre os três.  Me arrependo do dia que consenti que teu pai vendesse essa parte, pois necessitávamos de Capital.

O alemão, como chamava um velho dono de uma fábrica na Alemanha, com o qual competiam em produtos pelo Sul da eurozona, a muito tempo fazia ofertas boas, mas nos dois vinhamos dando margem.    Mal cheguei à reunião, atirei umas pastas em cima da mesa, dizendo que era das merdas que tinham feito na minha ausência.   Tínhamos combinado que eu acusaria teu pai em primeiro lugar, depois a eles.  Fiz um momento dramático, dizendo que tinha vendido minha parte por causa disso ao Alemão.  Ficaram todos com a boca aberta, quero ver vocês aguentarem esse mão de vaca, dirigindo a empresa, eu sempre fui o administrativo dela.

Começaram a falar ao mesmo tempo, devia nos ter consultado, com certeza, compraríamos tua parte. 

Eu repliquei que com o que, se estavam os três falidos, mostrei os dossiers, aqui está a prova de tudo, querem ver?

Era um Blefe, minha secretária tinha preparado, a primeira página eram textos as seguintes papel em branco.  Ninguém fez o menor movimento.  Me virei, aconselhei teu pai a vender a parte dele também, pois com esses três não chegaras ao final do mês, se puseram ofendidos.

Teu pai muito calmo, o Alemão me procurou, me contou que tinhas vendido tua parte, me convenceu, me pagou mais que a ti, vendi minha parte também, quero viver a vida.

A cara dos três foi de tragédia, saíram correndo para vender para o Alemão, esse disse que não se interessava pois tinha a maioria absoluta da empresa, que eles eram uma cagada que vinha com a mesma, que teriam que trabalhar se queriam ver dinheiro.

Eu e teu pai, as gargalhadas na sala de reunião.    Na verdade, vendemos, pois estávamos fartos de trabalhar, arrumar as merdas que esses três faziam.      Ele me procurou, me contando do seu problema, das decisões que tinha tomado.   Não queria passar pelo mesmo que tua mãe, os anos de sofrimento, com esse câncer, vê-la fenecer, foi para ele uma dura prova.  A amava acima de tudo.  Conseguiu um divórcio a revelia, deu todo dinheiro que tinha para sua mulher e suas filhas, conseguiu casar com ela em extremis.   Admirei sua coragem.  

A mim não me deixava ficar aqui, só nos últimos dias, fiquei esse tempo todo segurando as mãos dela.  Me lembro que o senhor e tio Jean, vinham sempre a visitar, ele a fazia rir, com alguma coisa do passado.

É verdade, disfrutamos muito convivendo os quatro, por isso a megera me odeia, pensou que eu ficaria de sua parte.   Mas teu pai é meu amigo desde que tínhamos 12 anos, fomos para um colégio interno como tu.   Por isso era contra que te mandasse para fora.

Minha mãe já estava com câncer, ele não queria que eu sofresse.

Estavam chegando a Aix, foram para a casa de Matthieu, nada a ver com a mansão que tinha ficado com sua ex-mulher.    Entrou rapidamente com Paul, atrás dele, correu ao amigo, o beijou na testa que estava suada, Paul passou um pano húmido.

Paul, me deixe falar com teu tio sozinho.

Pensou que Paul fosse obedecer, mas tinha o direito de saber seu futuro, sabia que era isso que ele queria me falar.    A tempos tinha feito um documento que Paul ficava sobre minha guarda, no momento que tomou a decisão, não faria qualquer tratamento para seu não.

Fiz sinal que ficasse.

Matthieu, ele tem direito a saber de tudo, que escute tudo o que tens a dizer.

Ok, como sempre estas contra mim, riu, isso o obrigou a tossir, cuspindo sangue.

Os documentos estão todos com o advogado, a megera nem minhas filhas têm direito a mais nada, esta casa, o dinheiro que está no banco é do Paul, o resto que está em Monte Carlo, naquela conta que fizemos os dois, minha parte é dele. 

Paul meu filho, eu dei a tua guarda até os 20 anos ao teu tio, ele cuidará de ti, lastima que Jean não esteja, mas ele te adora, embora nunca saiba demonstrar seus sentimentos com ninguém.  Imagina que começou a me beijar no rosto, só porque o Jean fazia.       Mas é como meu irmão, sei que sabes que faço o melhor para ti.    Deixei com o advogado as instruções, como quero que seja, cremado, que minha cinzas descanse ao lado de tua mãe.    As ordens são estritas, pois essa jararacas, irão querer me enterrar no panteão da família.   Ia odiar estar ali.

Podem chamar até a polícia, se elas encherem o saco, assim provoco um escândalo final.  Ficaram rindo os três imaginando a cena.

Passaram os outros dois dias ali, só saiam para ir ao banheiro, mal comia, se revezavam para dormir.  Mas nenhum dos dois ficou longe do amigo e pai.

Quando morreu, o primeiro que fizeram foi avisar o advogado que era amigo deles, também tinha sido advogado da empresa.   Ele preparou tudo como Matthieu tinha pedido, só no último momento, quando já estava incinerado, para uma cerimônia pública, elas apareceram vestidas de negro.  Queriam levar a urna, o advogado disse que não, que ele depois de morto, ia para aonde queria.   A filha mais velha que era dramática, começou a criar problemas, entraram dois policiais a retiraram, a outra perguntou o que era isso?

Ordens dele, estava farto de vocês se meterem na vida dele.  Ah não precisam vir a leitura do testamento, pois ele já deixou tudo que tinha para sua mãe dividir com vocês.

Mas a fábrica?

Ah essa foi vendida, justamente para pagar a parte de vocês, portanto não tem direito a mais nada.

Ela se virou ofendida, segurando a mão do idiota do marido que não sabia o que fazer, via sim o que esperava para o futuro, uma boa vida, se esfumarem.   Esse bastardo fica com o que.

Não é da tua conta.

A cerimônia, finalizou como Matthieu dizia, abaixo de escândalo, deve estar rindo do outro lado comentei com o Paul.  Nos deixou como sempre, gargalhadas para o final.

Tio, mas elas podem reclamar alguma coisa? 

Só a casa, não sabem do dinheiro que está fora do país.   De qualquer maneira não se preocupe, agora eres meu filho.  Vamos a tua casa, recolha algumas roupas, vamos para a cabana, só o advogado saberá aonde estamos.

Levaram as cinzas para o nicho aonde estava sua mãe, foram para Calanques.

No dia seguinte pela manhã, quando se levantou, viu que Paul estava com as guias, o roteiro que Jean tinha feito, era detalhado, como chegar, a motorhome que iriam alugar, para rodar toda Austrália, depois o mesmo em Nova Zelândia, por último Hawái lá chegariam por Honolulu, depois iriam de passeio pelas ilhas.

Tio, porque não realizamos o sonho do Jean, eu estarei três meses de férias, além de não ter decidido que universidade irei.  Acredito que alguma aqui em Aix, pois não pretendo me afastar daqui.   Meus amigos todos querem ir para Paris, para viverem de férias, mas eu quero ficar na minha casa, se é que vou ter uma.

Tens a minha meu filho, tudo que é meu, é teu.

 Fez café, estendeu uma caneca para ele, ficaram ali horas discutindo, foi vestir uma sunga para um banho de mar.   Paul soltou, que isso tio, o senhor, tio Jean, meu pai, sempre nadaram nus, agora vai ficar com vergonha, sempre quis fazer isso.

Foram até a praia, tiraram a roupa se jogaram na água.    Paul tinha a mesma altura do Matthieu, mas a pele e os cabelos de sua mãe, era moreno, os olhos do pai, azuis como água.

Agora tenho um filho pensou, emprestado do meu melhor amigo, mas meu filho, creio que vale a pena desfrutar com ele esse tempo.

Nos dias seguintes desceram a Marseille para Paul tirar seu passaporte, ele também necessitava de um, pois o seu estava caducado, foram ao Banco, transferiram com o testamento todo o dinheiro que tinha o Matthieu ali, para o nome do Paul.  Lhe deram uma visa sem limites. Depois foram olhar passagens, entrou na agência de viagem de um conhecido.  Este saiu do seu escritório para abraçá-lo.   Sinto muito o do Jean, bem como do Matthieu, teu marido vinha aqui, quase todos os dias, para me encher o saco com seu roteiro. Mas dizia ao final que esperava livrasse da empresa para ir com ele.

Pois é os dois resolvemos fazer essa viagem, pegamos o último roteiro do Jean, que está mais enxuto vamos realizá-lo.   Precisamos dos bilhetes, acabamos de tirar passaporte, zero quilômetro, agora vai depender de ti.

Venham a minha sala. Gritou aos funcionários, finalmente vou vender a esses dois, a viagem que o Jean me deixava louco, pois sempre queria mais informações.    Eu sei tudo sobre esses lugares.

Bom pelo último roteiro, entramos por Sidney, iremos até Darwin, seguiremos todo o roteiro pelas praias, parando aonde ele escreveu, inclusive nos guias tem fotos dos lugares, chegaremos a Melbourne, de lá a Nova Zelândia, diretos a Wellington, iremos até Hamilton, depois a Auckland, um voo até Honolulu.   A volta é que não está prevista, poderíamos voltar por Tokyo ou pela Martinica.   Acho que um banho de cidade nos fará bem para voltar a realidade.

Posso conseguir que as datas seja mais ou menos em aberto.  Agora toca a olhar as motorhome, descobri na Austrália, um lugar que os vende, quando terminam te compram outra vez, mas dá trabalho, acho melhor alugar, assim se tem problemas, as empresas trocam.

Creio que uma não muito grande para os dois estará bem.   De qualquer maneira, levaremos tendas, se o tempo estiver bom acampamos aonde seja possível.  No deserto, atravessando Austrália esse era nosso sonho, podemos dormir olhando o céu.

As filhas tinham entrado com uma ação para recuperar a casa do pai.  Paul deixou uma procuração para o advogado o defender, nós vamos por aí foi o que disse, não conseguira nos localizar.

Quando chegaram em Paris, ele tinha algumas coisas para resolver do Jean.  Coisas que ele queria que ficasse com sua irmã.   Era um envelope fechado, não sabia o que tinha dentro.

Marcaram um jantar com ela, depois de terem passado o dia, comprando roupas, seguindo a lista do Jean.   No jantar entregou a sua irmã o envelope, que ela abriu ali na frente dele, era joias que tinham pertencido a mãe dos dois, com um bilhete dele, para tuas filhas quando ficarem grandes.    Ele sempre dizia isso, que tinha algo para as meninas, eu nem me lembrava disso.

Contou que iam fazer a viagem do sonhos dele, creio que em espírito estará conosco.

Embarcaram no dia seguinte, chegaram a Sidney mortos era uma viagem pesada.  Descansaram saíram para conhecer a cidade, estavam fazendo tudo como Jean tinha imaginado, claro tinha restaurantes que já nem existiam mais, mas se divertiram mesmo assim.

Uma garota no restaurante que comeram, perguntou se eram pai e filho.   Sim somos família, vamos fazer uma viagem incrível.

Ela ainda soltou ao Paul que ia ser complicado, com um pai mais velho, teriam coisas que ele iria querer fazer sozinho.

Aproveitaram falaram no assunto. Tens total liberdade, de saíres com os da tua idade se for o caso, nunca se preocupe por mim, estou acostumado a me virar.

Depois de virarem a cidade do avesso, inclusive saindo de noite, discotecas etc. dois dias antes foram ver a motorhome, no último momento optaram por uma mais nova, pois tinham medo de que tivessem problemas nas estradas, que o homem avisou que não eram uma maravilha.  Acertou o roteiro deles, dizendo aonde seriam os pontos que se acontecesse alguma coisa, teriam ajuda.

Quando saíram da cidade um deu a mão para o outro, ai vamos na nossa aventura, tinham renovado inclusive carta de condução do pais.

No primeiro dia, pararam no deserto, esse era o grande sonho do Jean, a noite estava estrelada totalmente.  Ficaram primeiro sentados, olhando as estrelas, depois fizeram uma fogueira meio enterrada na terra.   Ele as vezes chegava a escutar as gargalhadas do Jean, que eram sonoras.

Nessa primeira noite sonhou com ele.  Tinham sido anos maravilhosos, todos perguntavam sempre se tinham aventuras fora do relacionamento deles.   Nunca tinha sentido necessidade disso.  Ele pelo menos não. 

De manhã, despertou com o cheiro do café, tinham se abastecido bem, Paul sabia que ele adorava tomar café.   Comeram alguma coisa, seguiram em frente, teriam que aguentar tomar menos banhos, para terem água para o banheiro, mas nos lugares mais desertos, fariam suas necessidade no campo.   Paul ria disso, meu pai dizia que nunca tinha tido coragem disso, mas que o senhor uma vez cagou embaixo da mesa de um professor.

Isso foi verdade, era um monge que estava sempre de mal humor, de noite me levantei, compartilhávamos quarto, por isso ficamos amigos.  Ele viu que eu saia, quando voltei rindo, queria saber o que tinha feito.  Lhe disse que esperasse o dia seguinte.  Quando entramos na sala o professor estava uma fúria, só faltava cheirar os alunos para saber de quem era a merda.

Explodiu com sua famosa gargalhada, o professor pensou que tinha sido ele.

Estavam sempre falando do Matthieu ou do Jean, de coisas que tinham compartido.    Matthieu foi o primeiro a saber que estava apaixonado pelo Jean, lhe contou tudo.   Teu pai me apontava com o dedo dizendo nunca me enganaste seu viado de merda.  Talvez tenha sido a única vez que se referiu assim.   Quando conheceu o Jean, me disse que se eu não tomasse cuidado ele ia querer esse homem para ele, para ver se eu tinha ciúmes, mas os dois se deram bem desde o início.   Sem querer foi o Jean que apresentou tua mãe para ele, mas só soubemos que tinham um romance, quando estava gravida de ti.

Mais parecia filho do Jean, pois ele ia te ver no berçário mil vezes, foi o teu padrinho.  Te adorava, era incapaz de ir a casa da tua mãe sem um presente para seu menino.

Paul estava chorando, é verdade, algumas vezes, eu até queria que ele fosse meu pai, pois me escutava como ninguém.   Quando meu pai me colocou no colégio interno, aonde vocês se conheceram, vocês dois ficaram contra.  Que eu ficasse na casa de vocês, mas ele queria me proteger de ver minha mãe se definhando.   Agora quando me mandou chamar, para ficar com ele, entendi o que tinha me poupado.

Tua mãe era de uma beleza incrível, eu gozava teu pai dizendo, o que ela tinha visto nesse homem feio.   Mas os dois se amavam com loucura.   Ele quase perdeu a fábrica por causa disso, para conseguir se divorciar, para casar com ela.

Falando contigo as vezes sinto que falo com ele, entre nós não existia segredos, por isso tivemos sucesso nos negócios.

Quando chegaram a Darwin, ficaram num camping ao lado da praia.   Agora tocava aprender a fazer surf.  Estava nos planos do Jean também.   Os dois procuraram quem lhes ensinasse.  Foi interessante, quem se ofereceu, foi um homem, sua pele não tinha mais lugar para tantas sardas, ensinou o Paul que aprendeu rapidamente, eu levei mais tempo.   Me soltou que eu queria era que ele me abraça-se.  Não deixava de ser verdade, me sentia atraído por ele, contei do que estávamos fazendo, uau, eu adoraria fazer isso, mas sou professor na universidade daqui breve estou de férias, senão iria com vocês até Melbourne.   Acabou indo, como acabamos na cama. Quando fui falar com Paul, ele, ria, tio só seu eu fosse tonto para não perceber, o senhor aproveita.

Ele estava encantado com a amizade que tinha feito com os outros jovens, claro era um estrangeiro, o enchiam de perguntas, bem como ele aos outros.   Patrick só lhe advertiu das drogas, cuidado, alguns acham que porque usam tens que usar.

Aproveitávamos que ele saia de noite com os amigos para fazer sexo.  Não tinha nada a ver com o que eu tinha com Jean, era uma aventura, estávamos aberto a tudo.  No dia que fomos embora, ele apareceu com duas pranchas que colocamos junto com as nossas em cima da Motorhome, ele mesmo tinha perguntado ao Paul se não se incomodava.

Nos divertimos muito, falávamos sem parar, nas praias aonde acampávamos, Paul sempre fazia amizade com os da sua idade, depois ia anotando o nome de todos, percebi que fazia como um diário.   Lhe perguntei o que escrevia, suas experiencia.   Sim também os assuntos que eles falam, é interessante, pois tem uma outra maneira de pensar.

Numa das parada, não veio dormir no motorhome, no outro dia apareceu com um cara de sem-vergonha total.   Sorriu, já não sou mais virgem, foi genial.

Minha primeira pergunta foi se tinha tomado precauções, ele disse que o rapaz tinha de tudo, mais tarde nos apresentou, era da mesma idade dele, um lindo rapaz loiro, queimado do sol, Paul ao contrário estava mais moreno, faziam uma bela combinação, ficamos mais dois dias nesse lugar para que ele pudesse desfrutar.

Seguimos viagem, agora ele estava mais livre para ir conhecendo as pessoas, antes de chegarmos a Melbourne, um dia conheceu uma garota, que fazia surf, avisou que ia dormir fora, no outro dia disse que tinha conhecido o outro lado, que gostava dos dois, agora só terei que me apaixonar pela pessoa certa.

Eu vinha desfrutando do Patrick, mas a aventura tomava fim.  Ia sentir falta dele, das largas conversas.  Lhe disse que quando quisesse aparecer na minha praia, mostrei aonde era, era só avisar.

Nos despedimos, partimos para Wellington, era outra coisa, ficamos dois dias disfrutando da cidade, antes de pegar a motorhome, seguimos viagem, eram contrastes incríveis, tínhamos abandonado as orientações do Jean, seguíamos agora orientações das pessoas que íamos conhecendo.  As conversas entre os dois também eram diferentes, pois ele falava de suas aventuras, eu do Patrick.

Se tivesse ficado mais tempo iria acabar apaixonado por ele, tínhamos a mesma idade, maneiras de pensar opostas, mas conciliatórias.   Tinha sido um romance intenso.  O mais interessante era ele perguntar por isso, como era viver com uma pessoa, será tio que terei uma pessoa assim na minha vida?

Claro meu filho, eu sempre o chamava de meu filho, pois era meu sentimento por ele.

Amamos as paisagens tão diferentes que as da Austrália, as vezes tudo ao mesmo tempo o dia começava com um temperatura amena, terminávamos com frio.

Quando chegamos a Auckland, tinham mudado nosso voo para dias depois, pois tinham feito contato conosco, mas não tínhamos respondido, acabaram por causa da confusão nos oferecendo dois lugares na primeira classe.   Cansado como estávamos, aproveitamos.

Honolulu, foi a culminação de tudo, apesar de ser uma cidade grande, os dois já nos desenvolvíamos bem no Inglês, Paul logo estava cercado de amigos, eu fazia meu surf mais solitário, um dia estava sentado na praia, se aproximou um homem com uns cabelos brancos mas com um corpo fantástico, me soltou, é o que acontece quando vamos de férias com os filhos, nos deixam sozinhos, se apresentou, vivia em NYC, estava ali com seus dois filhos, era do grupo do Paul, eu sempre quis vir, mas ao me divorciar, perdi a custodia deles, tive que esperar que fossem mais adultos para contornarem a mãe.   Fui viver minha vida com um homem que tampouco gostava do mar, seu negócio era as grandes cidades, museus, teatro, eu fui ficando para segundo plano.  Até que também me fartei.  Um belo dia resolvi desfrutar da minha vida, vendi tudo que tinha, vim viver aqui.    Se apresentou, Marc, tenho um restaurante, me divirto cozinhando, misturando comidas daqui, com francesas, coisas assim.

Fomos nessa noite comer no seu restaurante, reparei que Paul, conversava mais com um dos garotos.  De noite me contou, o fato do pai deles ser gay, a princípio os traumatizou, mas um é mais fechado, o mais bonito deles, o outro não, acha que seu pai esta certo, o veem menos por que vive aqui.   Amanhã nos convidaram para ir a uma praia do outro lado da Ilha, vens.

Ia dizer que não, mas soltou o pai dele vem.   Continuamos a conversar, Marc contou que tinha tido um romance com um das ilhas, mas que era complicado pois era casado.   Amanha vou te apresentar meu melhor amigo.

Fiquei literalmente encantado com o homem, era moreno, cabelos compridos, quando contou que era da polícia, coloquei um pé atrás, mas sorriu dizendo, sou de NYC, sou detetive, essa e as primeiras férias que tiro a muito tempo.   Marc sempre foi meu amigo.  Durante muito tempo todo mundo pensava que tínhamos alguma coisa, mas nos conhecemos desde garotos, éramos da mesma turma, passamos anos sem nos ver, um dia fui a um bar gay, o encontrei, rimos muito, nenhum dos dois sabia do outro.

Macky, nos acompanhou a todos os lados, conversamos mais que eu fazia com o Patrick, ele não avançava, eu tampouco, tinha medo.  Estava apaixonado era a verdade.  Falei da minha vida, ele pensava que Paul era meu filho, lhe contei a história.  Falei muito da cabana, eu adoraria viver num lugar assim.   Me falta pouco para me aposentar, estou farto da vida que levo.

Acabamos na cama do seu hotel, foi incrível fazer sexo com ele, era como eu gostava, estar com outro homem como eu, sem medos.  Na primeira noite quando acabamos, ficamos rindo, disse que não tinha um sexo assim a muito tempo, ficamos conversando, quando vimos estávamos fazendo sexo de novo.  rimos, já não temos idade para isso, soltei. 

Deixa disso, somos jovens, podemos aproveitar muito da vida.  Paul estava encantado com os novos amigos, agora na praia, eram um grupo grande, foi passar um final de semana, com uns dez desses novos amigos, iam surfar do outro lado da ilha, Marc ia com eles, nos ficamos para trás desfrutando do fim de semana.   Porque não voltas por NYC, quando lhe disse que tinha que resolver rápido por aonde voltávamos, eu te ensino a cidade.

Não queria estragar os planos do Paul.   Mas tudo mudou, pois ele voltou com o braço quebrado, num cabresto, pois se atreveu com uma onda imensa, apesar dos outros terem lhe avisado, olha o resultado.  Não poderia mais fazer surf.

Quando lhe contei a ideia do Macky, ele riu, estas apaixonado, vejo nos teus olhos, não brilham assim desde que estavas com tio Jean.   Com o Patrick estavas bem, mas com esse, vejo que pareces até mais jovem.

Antecipamos a viagem, fomos para NYC, foi genial, ficamos em sua casa, nos mostrou a cidade inteira, fomos a lugares gays, outros não, museus, musicais, mas a noite eu sempre dizia para ele que sentia falta da cabana, acabei mostrando uma foto que tinha.   Me perguntou se eu o convidaria para ir para lá.

Sem dúvida nenhuma lhe respondi, estou apaixonado por ti.

No dia seguinte, disse que tinha umas coisas para resolver na delegacia, quando voltou ria, me faltavam um ano para me aposentar, negociei, estou livre, posso ir contigo.  Me beijou dizendo que nunca tinha pensado nisso se apaixonar por alguém, não conseguia pensar em viver sem mim.  Terei que aprender a falar francês direito, mas se queres vou contigo.

Primeiro quando chegamos em Paris, ele gostou, mas disse que já tinha vindo antes, que ele queria ir para a cabana.   Fomos primeiro para Aix.   Mal chegamos o advogado apareceu, as filhas tinha conseguido convencer o juiz de lhes dar a casa.  Retirei tudo que era teu, inclusive as fotos tuas com teu pai.  Não conseguia me colocar em contato com vocês, parecia uma metralhadora falando, lhe disse que respirasse fundo.

Melhor que tinhas transferido o dinheiro para tua conta, tens que ficar quieto agora, pois se descobrem o de Monaco, a coisa fica preta.

Paul tinha que decidir se ia ou não a Universidade, tomou uma decisão que me surpreendeu, iria fazer a universidade em Milão, queria estudar outras coisas, designer, ele tinha desenhado a viagem inteira, poderia estudar belas artes em Paris, mas queria fazer na terra de sua mãe.

Eu concordei, fomos com ele, para arrumar apartamento, íamos uma vez por mês.  Sentia sua falta, mas estávamos falando sempre por telefone.

Macky se apaixonou pela cabana, nas noites de lua adorávamos tomar banho nus, fazendo sexo no mar.  O advogado dizia que eu tinha remoçado nessa viagem.  Descobrimos um lugar em Cassis, pensei em abrir alguma coisa, mas não deu certo.   Paul, me chamou, tinha se metido em problemas, sem saber se meteu com um professor, o mesmo era casado, deu merda, estava apaixonado, mas o outro só queria uma aventura.   O trouxemos conosco para lamber suas feridas, um dia na praia, lhe contava eu precisávamos fazer alguma coisa, para ocuparmos, ele disse que tinha pensado em abrir um restaurante, como o do Marc, aqueles sanduiches deliciosos com frutas misturadas, creio que os jovens iam gostar.

Marc, mandou uma foto de uma casa que um amigo estava vendendo, entre a montanha e o mar, mostrei ao Paul, ficou como louco, meu braço já está bom, sinto falta disso de fazer surf, da camaradagem com o pessoal.  O que o senhor acha de experimentarmos, pela primeira vez me chamou de pai.   Macky ria, eu ia gostar também, posso arrumar um emprego de polícia por lá assim me ocupo, estou ficando gordo com essa boa vida.

Falamos com o Marc, o proprietário vinha viver na Europa, lhe propus pagar com dinheiro que tinha no Luxemburgo, assim ele não teria problemas quando chegasse.

Quando chegamos, depois de passar por NYC, para Macky conseguir um contato com as ilhas, bem como mandar algumas coisas suas para lá.   Paul aproveitou comprou muito material para pintar.

A casa era impressionante, ficava no meio da montanha, havia uma estrada estreita que descia até o mar.  Com boas ondas, aonde ia todo os dias me ocupar.  Sem querer comecei a desenhar com material roubado do Paul, flores tropicais, logo as estava vendendo no restaurante do Marc, tomei gosto, logo estava expondo, os turistas amavam minhas flores.   Paul, ria, vou te denunciar pai.   Ele fez uma exposição de seus trabalhos, tínhamos os dois um studio nos fundo da casa. 

Comecei a me lembrar de paisagens da Austrália, fui procurar fotos que tinha feito de flores do deserto, comecei a pintar isso.  

Convidaram o Paul para fazer uma exposição em NYC, Macky lhe disse para usar seu apartamento que estava vazio.

Ele foi, queria que fosse independente.   Marc soltou um dia, que Macky tinha frustrado seus sonhos, quando pensei que ia acontecer alguma coisa entre nós, ele chegou te roubou.

A culpa é tua, nos apresentaste, ele roubou meu coração, como é polícia, não pude reclamar.

A nova vida me fazia bem, vendi tudo que tinha na França, não pensava em voltar, estava feliz ali.   Nos dávamos bem, Paul ia bem em NYC, logo faria exposições na França, tinha triunfado ao contrário, primeiro fora, depois em seu próprio pais.

Macky se aposentou definitivamente, mas ajudava Marc no restaurante, fazendo a parte de contabilidade.   Um dia Mac de brincadeira lhe perguntou se não podíamos fazer sexo a três, ele não gostou, amo meu companheiro, o quero só para mim.

Pensei que ia brigar com Marc, lhe disse que isso nem pensar, eu sempre tinha sido só de uma pessoa, nunca nos cansávamos de fazer sexo um com o outro.  Ainda conversamos sobre isso, pois volta e meia alguém se aproximava.

Fui claro, minha vida é contigo, se estas cansado de mim, bem vou embora, mas caso contrário, não.    Nunca soube o que aconteceu, mas algo se azedou entre ele é Marc.  Se aborrecia em casa, como Paul estava definitivamente em Paris, vendemos tudo, voltamos, fomos viver na cabana, eu já não tinha casa em Aix.

Ali realmente estávamos felizes.  Ele finalmente descobriu uma coisa que gostava, escrever, disse que seus relatórios eram os melhores, começou a escrever novelas policiais, logo as vendia. 

Seguimos vivendo na cabana, Paul de vez em quando aparece, diz que a saudade de seu pai aperta, vem conversar comigo, sobre o que está fazendo, olhas minhas pinturas, faz fotos, mostra nas galerias,  na volta as levava com ele, depois me avisa que tenho dinheiro no banco.

Não quero sair daqui, fui feliz aqui, como sou agora outra vez.

Na última vez que veio, chegou de noite com seu novo namorado, nos pegou fazendo sexo na praia.  Ria muito dizendo, dois velhos fazendo sexo na praia, vou chamar a polícia, é uma indecência.  O rapaz que vinha com ele achou engraçado nossa liberdade, de sair nus da agua, abraçar meu filho.

Agora vinha sempre com o rapaz.  Consegui recomprar minha casa, para ele transformar em studio, me contou que um dia estava na feira, se aproximou um rapaz, lhe perguntando se era seu tio Paul, admiro muito a sua obra.   Agora aparece escondido da mãe no studio, para que eu lhe ensina a pintar, tem possibilidades.

Espero que a mãe, não descubra, reclama muito dela e do pai, que são muito quadrados, que só pensam em dinheiro.    Sabem que vivo na casa que foi tua.  Mas tem que me engolir.

Agora ia sempre com o namorado ao tumulo dos pais, eu não tinha aonde ir pensar no Jean, a não ser na água.  Os dois agora estávamos beirando os 80, mas nossa vida era ali, nem no inverno íamos para Aix, embora Paul oferecesse a casa, gostávamos da nossa vida.  Eu tinha o homem que queria, bem como ele a mim.   As vezes nossa sintonia era tanta, que eu o olhava entendia o que queria, como ele a mim.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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