STRUGGLE
TENTAR DURAMENTE
Estava
parado com o telefone caído ao seu lado, a voz continuava a falar, mas ele nem
tinha movimentos. As notícias não podiam
ser piores. Tinha acabado de se
reincorporar para seguir trabalhando.
Era oficial com grado de capitão, cuidava de toda a enfermaria, além de
ajudar nas operações. Seu sonho seria
ter sido médico, mas isso tinha sido impossível.
A notícia
era que seu irmão pequeno, a quem ele tinha cuidado como seu bebê, durante sua
infância, juventude, até entrar para o exército. Sempre tinha sido complicado ele nem saberia
diagnosticar porque ele era assim. A
notícia era que tinha assassinado sua tia, que basicamente os tinha
criado. Como só tinha 17 anos, estava
recluído num reformatório.
Nem
sabia o que fazer, se chorar, gritar ou mandar tudo a casa do caralho, sair
correndo para lá. Mas claro era impossível, estava num posto avançado perto de
Kandahar, era no meio do nada, tinham lhe avisado da chamada, saiu do hospital
que mantinham ali, ele cuidava dos enfermeiros, que eram poucos, ajudava os
médicos, fazia das tripas coração, por aqueles garotos que deviam estar fazendo
surf, ou trabalhando no campo com sua família.
Sentiu
o chão tremer, estavam sendo atacados, ele estava sem proteção nenhuma, correu
para se abrigar, mais por instinto que outra coisa. Por
ele ficaria ali parado, para ver se uma bomba o livrava do peso de tudo isso
que vinha acontecendo desde que se entendia por gente, o que tinha sido muito
cedo.
Se
sentiu atingido por algum estilhaço, passou a mão na cara, tirou o sangue, se
encolheu o mais que pode, grudado a um container, como para proteger-se. Depois de três novas explosões, sentiu uma
dor no quadril imensa, queria gritar, já nem sabia se pela notícia, ou se pela
dor.
Tentou
mover-se, mas ao se virar, a dor era insuportável. Puta que pariu, pensou, mais essa agora. Nesse momento um enfermeiro novo, com os
olhos arregalados, chegou perto dele, disse que encontrasse alguém com uma maca,
que estava ferido, o rapaz olhava para ele como se não entendesse. Fez uma coisa que fazia, batia palmas a
centímetros da cara do enfermeiro, como se o tivesse pegando, mas o ruído,
fazia com que as pessoas atendessem.
A
médica, que o atendeu, só lhe perguntou o que estava fazendo lá fora sem
proteção?
Honestamente,
disse, antes dessa merda, tinha acabado de receber uma péssima notícia, creio
que fiquei parado sem saber o que fazer, quando começou o bombardeio, me
refugiei perto de um container. Eles
usavam container que vinham com produtos, para fazer uma barreira em volta do
hospital de campanha.
Enquanto
um lhe dava pontos no da cara, ela cortava suas calças, para fazerem um
scanners, ei cuidado, essas calças são novas.
Quer
dizer eram novas, estão boas para se atirar no lixo. Mandou que uma enfermeira, recolhesse tudo que
estava ali nos bolsos, o que era pouca coisa.
Foi fazendo o scanner, ele pediu para ir vendo junto. Puta merda pensou, os troços de bomba que
voaram, tinha estilhaçado totalmente o quadril, a coisa agora era parar a
hemorragia, manda-lo para um hospital maior, aonde teriam que lhe colocar uma
prótese de cadeira.
Isso
sem querer fazia com que voltasse para casa.
Não conseguia tirar o irmão da cabeça, se estava nervoso não
aparamentava, sempre tinha sido assim, tinha que tomar decisões.
A
médica disse que o principal, era ir para um hospital maior, pois aqui será
impossível te operar, corres o risco de perder a perna. Avisaram que um helicóptero estava para
sair, saíram arrastando a maca até o helicóptero, lhe pediu que não lhe desse morfina, ele
aguentava. Sempre tinha se negado a
isso, sabia que tudo era um problema, depois se ficava viciado, ele precisava
de sua cabeça funcionando.
Quando
o desembarcaram no hospital maior, foi direto para cirurgia. A médica era muito boa, levou horas
operando, as fazer além da prótese, arrumar o que tinha acontecido com a perna
era difícil.
Brincando
com ele disse, pelo menos vai para casa, a mim me toca pelo menos mais 365
dias.
Ele
pensou, nem sei se preferia ficar aqui, do que ter que enfrentar a situação.
Na sua
última licença, quando foi a casa, o irmão ao contrário de o receber bem, lhe
deu um murro dizendo, me abandonaste outra vez. Isso não se faz.
Ele
tinha sido mãe e pai do irmão. Era uma
larga história.
Sua
mãe, bem como seu pai, eram dois desajustados da vida. Primeiro se juntaram, tinha nascido sua irmã
mais velho, depois ele, depois teve uns quantos abortos, mais tarde viria a
saber que tinham sido provocados por ela.
Depois dele, tinha mais cinco, contando com o pequeno. Ele achava que tinha tido mais abortos pelo
meio do caminho. Pois sempre se
recordava dela, com a barriga de gravida.
Era
uma lastima, com 45 anos, parecia uma velha de 70, o trabalho duro do campo, os
problemas, muitos filhos, ela tinha que se virar para colocar comida em casa,
seu pai era muito desajeitado para as coisas da vida. Sua tia sempre dizia que a ele lhe faltava
um parafuso.
Agora
pensando bem, tinha que ter tido abortos no meio de tanto filhos, pois mal
paria um já estava outra vez com barriga.
Claro
não parava de trabalhar no campo.
Quando resolveram viver juntos, ela com sua tia, tinham uma boa fazenda,
minha tia comprou a parte dela, pois não queria que a irmã se casasse com esse
idiota como ela dizia. Foi a sorte
dela, manteve o patrimônio intacto.
Quando
meu irmão nasceu eu tinha uns 12 anos, estava no campo ajudando a recolher
batatas, o chão estava duro da neve do dia anterior. Tudo isso me fez ficar com os músculos que
tenho hoje. Ela começou a gritar que a
criança não parava de dar patadas muito fortes, eu gritei ao meu pai para ir
buscar a caminhonete que se caia aos pedaços, tínhamos que ir ao hospital, ele
fez uma coisa comum nele, ficar olhando parado, com os olhos bem abertos, que
depois vi muitas vezes com o pessoal que andava nas drogas.
Só
havia uma maneira de desperta-lo, tinha visto minha mãe fazer isso, lhe deu um
tapa tão forte na cara, que se tocou, que está acontecendo perguntou. Gritei que tínhamos que levar minha mãe
para o hospital. Tive que fazer força
para a colocar na cabine da caminhonete, ele nem se mexeu de seu lugar, lá
estava outra vez estático.
Lhe
empurrei para o lado, assumi o mando da mesma, mal entramos na cidade, nos
parou uma patrulha, lhe disse que tinha que levar minha mãe para o hospital, o
policial quando olho, viu que estava se esvaindo em sangue.
Quando
chegamos foi direta para a sala de cirurgia.
A médica depois me disse que nunca tinha visto uma coisa igual, o bebê,
tinha dado tantas patadas, que tinha arrebentado a placenta.
Tiveram
que fazer uma Cesária porque ela não tinha dilatação nenhuma, ela morreu na
mesa de operações, pois tinha sangrado demais, além de ter alguma coisa errada, se descobriu
que tinha um câncer enorme nos rins.
Minha
tia chegou como uma fera, entre os dentes, dizia esse filho da puta, só pensa
em fazer filhos, porque não usa camisinha.
Tinha falado com a irmã muito disso, eu sabia por que escutava as
conversas.
Minha
irmã mais velha, já vivia um tempo com ela, pois alegava que meu pai, queria
abusar dela. Até eu acreditava
nisso. Era normal vê-lo no campo,
apoiado numa enxada, com o caralho fora das calças se masturbando.
Pegou
o bebê que não parava de chorar, o que fazia com que os outros pequenos
chorassem também, o jeito foi colocá-lo nos meus braços, imediatamente parou de
chorar, em seguida procurava meu peito querendo mamar. Eu tive que rir, garoto lhe disse, não sou
mulher, tampouco tenho peito.
Uma
enfermeira me ensinou a lhe dar leite que usavam no hospital. Mas quando o tentavam tirar dos meus braços,
ele chorava. Pensei com 12 anos, virei
mulher, tenho um filho.
Os
maiores voltamos com meu pai, para ajudar no seu campo, os pequenos ficaram com
minha tia. Dois dias depois me chamou,
era impossível fazer o pequeno se calar, só fica quieto quando escuta tua voz.
Ela o
trouxe, eu andava com ele, como tinha visto minha mãe andar com os outros
quando pequeno, ia como que acoplado ao meu corpo. Por causa dele, aprendi a dormir sem me mover
na cama, pois se não ficava ao meu lado, não dormia, chorava.
Eu
tinha que fazer de tudo, abandonei a escola, seguia estudando em casa de noite,
consegui os livros de uns conhecidos que estavam um ano na minha frente. Um deles quando me veio trazer os livros,
me viu com o pequeno, grudado no meu peito.
Assim
me caso contigo, me disse, pode ser que daqui algum tempo possas amamentar
também.
Anos
mais tarde tivemos uma aventura, uma das coisas que gostava de fazer, me dava
um prazer imenso era mamar meus mamilos.
Dizia que tinha vontade disse
desde aquela época, mas no mais quando agarrava meu caralho, não o soltava.
Nessa
época eu tinha 1,90 metros de altura, ele também.
Meu
dia, era levantar de madrugada, tirar leite da vaca que minha tia tinha nos
dado, fazer um barulho incrível, para meu pai se levantar da cama, pois por ele
era capaz de ficar o dia inteiro sem fazer nada.
Arrumava
meus irmão para irem a escola, os acompanhava até próximo aonde passava o ônibus,
não me aproximava muito senão tinha que aguentar a gozação de todo mundo, por
ter meu irmão grudado comigo.
Eu
tinha uns 16 para 17 anos, ele ainda teimava que tinha que dormir comigo. Mas tinha aprendido a lidar com ele, lhe
falava seriamente olhando seus olhos.
Mas algumas noites despertavam com ele se ajeitando ao meu lado.
Com
essa idade, basicamente fazia tudo da fazenda, arava, semeava milho, batatas, a
maioria para nosso consumo. Tudo era a
base de batata, sobras de milho, minha tia algumas vezes trazia carne, mas
preferia que os meninos se alimentassem.
Meu pai estava cada vez, mais no
seu mundo. As vezes tinha que brigar
com ele, pois andava nu pela casa, eu lhe dizia das meninas, me respondia mal,
um dia elas terão alguém lhe enfiando um pelo meio das pernas.
Falei
com minha tia, ela levou as meninas para viver com ela. Nem sei o que faria se não fosse ela.
Um dia
apareceu um homem com um carabina, só tive tempo de chamar o xerife, queria
matar meu pai, ele nem se deu conta, estava como sempre parado no meio do
campo, com os braços apoiado na sua enxada, não era com ele.
Quando
chegou a polícia, o levou, o homem alegava que tinha feito sexo com sua filha.
Depois
a garota se desculpou, tinha usado o nome do meu pai, pois ele as vezes ficava
parado na beira da estrada com o piru para fora.
Nessa
época apareceu uma fábrica, que antes comprava de todos da região o milho que
plantavam, bem como tomates.
Resolveram eles mesmo ganhar mais dinheiro. Foram comprando as terras.
Meu
pai foi o primeiro a vender, nos levou a casa de minha tia, lhe deu uma parte
do dinheiro, o resto embolsou, disse que não
sabia cuidar de crianças. Me
apontou, quem faz isso é ele, assim vai acabar virando gay. Eu vou tentar seguir a vida, não posso
O
campo de minha tia era mais próximo a cidade, além de que ela tinha empregados.
Assim pude fazer os exames dos anos letivos anteriores, os professore ficaram
impressionados, pois estudando sozinho, era melhor que os outros alunos.
Um dia
caminhado para casa, vi no meio do um bosque que fazia divisa das propriedades,
um bando de aves, entrei pelo bosque para ver que animal estava ferido.
Nada,
se via um homem, quando me aproximei, vi que era meu pai, tinham lhe cortado a
jugular, mas os pássaros pelo tempo que ele devia estar ali, já tinham comido
os olhos, as orelhas, o reconheci mais pela roupa que usava. Deviam fazer mais de três semanas que nos
tinha deixado. Examinei com cuidado
suas roupas, para saber se era um roubo, nada seu dinheiro estava ali, o meti
na mochila, o resto deixei como estava.
Corri
até em casa, chamei a polícia, Tamar, como se chamava meu irmão, estava rindo,
lhe perguntei de que ria, ele com seus sete anos de idade, disse que tinha
menos um filho da puta no mundo.
Aquilo
foi um escândalo, eu peguei todo o dinheiro que ele tinha, guardei numa lata,
enterrei bem longe da casa. Assim teria
um dinheiro de emergência.
Minha
tia foi uma das últimas a vender a propriedade, pois sabia quanto valiam suas
terras, de todas era a mais produtiva, conseguiu um bom dinheiro com ela. Nos mudamos para a cidade.
Eu
agora, era o cabeça de família, minha irmã mais velha nunca se interessou pelos
outros, o primeiro que fez, era uma boa aluna, diga-se de passagem, foi
conseguir uma bolsa para ir a Universidade, minha tia lhe deu dinheiro. Foi como se tivesse desaparecido no mapa.
Minha
tia arrumou um emprego na fábrica, eu também, um dia o chefe dos mecânicos me
viu arrumando uma máquina que estava operando.
Me perguntou por que o fazia.
Lhe
respondi que até que aparecesse os mecânicos, demorava muito, isso é coisa
simples, lhe mostrei que sempre tinha ao meu lado, algumas ferramentas. Essa engrenagem está mal montada, lhe
mostrei aonde estava o defeito, pelo menos umas duas vezes por semana para.
Mas
para consertar, teríamos que parar esse lado da produção remontar tudo.
Ficou
me olhando, rindo, Ok, vamos fazer isso no final de semana, quer ganhar uns
extras?
Claro
fui trabalhar. Apesar da birra do Tamar,
a quem tinha prometido jogar bola.
O meu
salário ia todo para o banco, por se acaso eu tivesse oportunidade de ir à
universidade, não sabia como. Fui
aproveitando disfarçadamente, fui depositando o dinheiro que estava com meu
pai. Depositava todas as horas extras
que fazia, carros que consertava. Estava
sempre por alguma coisa extra.
Nessa
época o Tamar começou a me seguir por todas as partes, parecia um cachorro que
não sabe o que fazer sem o dono. O
deixava na escola, nem uma hora depois, estava me espiando trabalhar em algum
carro dos chefes ou consertando alguma máquina. Não adiantava brigar com ele, dizia que as
aulas era uma merda, que não conseguia aprender nada.
Por
duas vezes o vi como uma navalha, a retirava de suas posses, lá estava ele
outra vez com uma.
O meu
chefe, me disse, porque não entras para o exército, diz que queres estudar, vou
te indicar ao meu irmão, ver o que ele pode fazer por ti. Tive que fazer tudo escondido, pois já
imaginava o escândalo do garoto.
Resultado
entrei, direto para um curso de enfermagem do exército, me saia bem, bastava
olhar para aprender, mas ir embora foi um drama. Tamar aprontou um escândalo monumental, um
dia vou ter que te matar me disse, porque estas sempre tentando escapar de mim. Ficou dois dias desaparecido.
Eu de
certa maneira, gostei de me livrar dele, me sentia sempre na obrigação de
protege-lo, mas claro isso tinha um preço, não vivia a minha vida.
Estava
sempre falando com minha tia, que reclamava dele, que era difícil, que agora
desaparecia um dia ou dois, quando voltava ria muito. Na primeira oportunidade, fui passar uma
semana em casa, quando fui me arrumar para ir embora, meu macuto tinha
desaparecido, o fui encontrar atrás da casa enterrado. Na sua cabeça ele achava que sem isso, não
ia me deixar voltar.
Uma
das últimas noites estava dormindo, ele se deitou ao meu lado, começo a segurar
meu caralho, levei um susto de fazer gosto.
O que estas fazendo?
Alguma
coisa para que me queiras.
Fiquei
uma fera com ele, disse que isso não se fazia, tocar o sexo do irmão.
Caramba
pensei que assim ias me querer para sempre, mencionou o colega da escola, nos
tinha visto fazendo sexo. Hoje penso
que sorte que a família dele foi embora, pois Tamar poderia ter feito alguma
coisa.
Fui em
outra missão, fiquei dois anos fora, quando voltei, minha tia tinha
envelhecido, meus outros irmão, cada um para um lado, não aguentam conviver com
Tamar. Ele está cada vez mais
complicado, não tem nenhum amigo ou conhecido, vive vagabundeando pelas ruas,
ou mesmo desaparece nos bosques.
Como
da outra vez, só se aproximou dois dias depois, como se estivesse se
acostumando comigo, tentei conversar com ele, mas era quase impossível, me
ficava escutando olhando nos meus olhos, era como se o tempo tivesse parado,
não dizia nenhuma palavra, em seguida se levantava ia embora. Comecei a segui-lo, vi que tinha construído
um barracão , num dos bosques mais frondosos que tinha em volta da cidade,
falei isso para o xerife.
Minha
tia confessou que já não aguentava mais, que tinha pensado em interna-lo, mas
nenhuma escola o tinha aceitado, pois as anotações dos professores eram,
difícil aprendizagem, agressividade, quando viam isso as escolas internas não
queriam.
Agora,
passa quase o tempo todo fora, vai em casa só para roubar mantimentos, tenho
feito uma coisa, todo o dinheiro da minha conta, transferi para a tua, assim se
me pede dinheiro tenho pouca coisa na minha conta.
A
tempos perguntou aonde era que estava, quando lhe expliquei que estavas na
guerra, me olhou fixamente, então esta matando, lhe disse que não, que eras
enfermeiro, que cuidava das pessoas.
Ficou decepcionado, errei, pensei que matava, é mais interessante.
Não
era tonto, pois quando tentei me aproximar da cabana, estava a vários metros
protegida por uma série de obstáculos, feito por ele, inclusive, com artefatos
de caça que deve ter encontrado pelo bosque.
Fiquei
observando o espaço que existia, era como se o barracão fosse um castelo, estava
mais elevado, dali ele podia observar quem se aproximava.
Fiquei
tentado a descobrir o que lhe ia pela cabeça, mas falar com ele, era como se
dirigir a um muro de pedra, podias falar, perguntar, argumentar, a cara ficava
imutável. Nenhum musculo, nada, somente os olhos fixo em ti, esperando talvez
um descuido ou uma fraqueza.
Tentei
reunir meus irmão para conversar, era a mesma coisa, você nos abandonou, se
enganavam eu mandava dinheiro para que minha tia cuidasse deles. Pois nenhum deles trabalhou até sair ou
escapar de casa.
Quando
argumentei isso, se lhes tinha faltado de algo, comida, roupas.
Não
faltou nada, o que faltou era que nos protegesse de Tamar.
Nunca
entendi por que meu pai escolheu esse nome para ele. Eu o achava horrível.
Tive
que partir, podia dizer o dever me chama, mas o mais certo seria, uma maneira
de escapar dos problemas, que me acompanharam.
Todo o tempo que estava livre, estava ruminando como resolver o
problema. Conversei com médicos, com
psicólogos, todos me diziam que se seu comportamento tinha sido sempre
diferente porque nunca tinha ido fazer exames.
Lhes
disse que os exames nunca deram nada, inclusive os scanners de cérebro, não
aparecia nada diferente.
Foi
quando me chamaram ao telefone, foi tudo como uma grande tormenta, aonde
acontece tudo ao mesmo tempo.
Do
hospital chamei a irmã, com quem tinha feito contato, me disse que a vila
inteira tinha ido ao enterro da tia, que a cena do que tinha acontecido, tinha
perturbado todo mundo. O que
impressionou aos policiais, foi a tranquilidade com que ele cortou sua jugular,
porque se negou a dar-lhe dinheiro, ninguém sabe como estava consumindo drogas.
Mesmo
sendo magro como era, mais baixo que a maioria de nós, derrubou 10 policiais
que tentavam segura-lo. Ninguém sabia
de aonde vinha essa força.
Quando
por fim consegui andar novamente, tinham me transladado a um hospital na
Alemanha, aonde me recuperei. Andava
agora com um simples bastão, me iriam transladar para trabalhar no hospital de
San Francisco. Não queria deixar o
exército.
Quando
o fui visitar, me olhou primeiro, examinado minha cara, ficou olhando fixo para
minha cicatriz, o que soltou em seguida me deixou frio. Vê o que dá, em tentar ajudar as pessoas, em
vez de mata-las.
Tentei
conversar com ele, porque tinha feito essa maldade com minha tia.
Ela
não queria que eu fosse te procurar, iria para matar aos que te perseguem na
guerra, mas me disse que eu era menor de idade, mais fraco, provei para ela que
posso matar qualquer pessoa. Não tinha
como argumentar, que ele sempre repetia o mesmo, como um mantra.
Quando
fez dezoito anos, tinha uma condena de 20 anos, tentei de todos os meios que
não fosse para uma prisão normal, mas seu comportamento no reformatório não
ajudou. Era violente com qualquer um que
se aproximasse dele.
Os que
tentaram abusar dele, por aparentemente ser mais frágil, saíram mal parados, pelos
menos dois deles foram parar na enfermaria.
Era
como se fosse ele contra o mundo.
No
segundo dia no presidio, fui vê-lo, teria que me apresentar em San Francisco,
aonde ia trabalhar. Me olhou de cima a
baixo, quando me viu com um bastão para andar, me chamou de aleijado, ficou
rindo, me disse que o grande senhor da justiça tinha caído do pedestal.
Lhe
perguntei que pedestal era esse.
Me
olhou friamente, você sempre cuidou de todos enquanto pode, achavam que essa
era sua obrigação, mas não era, o velho, aquele filho da puta, bem como nossa
irmã mais velha que desapareceu, escaparam de suas responsabilidades, jogaram
tudo nas suas costas. Você foi para o
exército, para que todos fossem a universidade. Os que foram, nunca mais voltaram pois
seguiram suas vidas longe, para trás só fiquei eu, com a velha tia. Temos que pensar, que ela não construiu uma
família própria, porque tinha a da sua irmã para cuidar.
Isso a
transformava numa mulher infeliz. Não
entendia por que eu precisava de ti. Às
vezes me dizia, deixe teu irmão em paz, está dando duro, para que teus irmão
possam ir a universidade.
Quando
me dizia que estavas salvado vidas ao mesmo tempo que trabalhava, eu lhe dizia
que devia deixar morrer, que sua obrigação era comigo. Me tinha deixado viver, quando eu deveria
ter morrido com nossa mãe.
Contei
para ela, que o garoto chupava teus peitos, quando devia ser eu a fazer isso,
que não me permitias ter sexo contigo.
Ficou horrorizada, como eu podia falar isso de ti, falou que desde o
primeiro momento, tu tinhas cuidado de mim.
Mil coisas, queria me confundir.
Por
isso a matei, pelo menos nunca mais escutarei sua voz me perguntando, porque
fazes isso.
Sai do
presidio arrasado, era como se ele não tivesse malicia no que fazia. Falei com o xerife, que fosse ao Bosque,
procurasse por lá, existia uma zona estranha por detrás da cabana.
Dias
depois me chamou a San Francisco, sua tia não foi a primeira pessoa que ele
matou, encontramos ali atrás aonde disseste, pelo menos cinco tumbas, homens,
mulheres, que não sabemos quem seja, além de animais que ele deve ter matado.
Quando
me contou tudo isso, tive sorte de estar sentado, será que tinha sido ele que
tinha matado meu pai. Era impossível,
era muito pequeno para isso. Só me
lembrava que quando o velho tinha vindo ele estava com uma roupa, depois nunca
mais encontrei essa roupa.
O
xerife tinha sempre pensado que tinha sido um assalto que saiu mal, pois tinham
lhe cortado a garganta, não como uma pessoa que vem por detrás, mas sim pela
frente.
Aproveitei
que tinha que fazer um exame para estudar medicina, era uma convalidação de
enfermagem, em que não precisava fazer todas as matérias.
Fui ao
presidio, estava na solitária, por ter agredido um guarda que o chamou de carne
fresca no pedaço.
Fiz
meu exame, menos mal que tinha tido sempre a capacidade de isolar os problemas
numa parte da minha cabeça, para poder trabalhar, ou para qualquer outra coisa,
depois podia tornar a raciocinar sobre o assunto.
Fui
falar com um psicólogo clínico, a respeito.
Ou ele tem uma distorção da realidade muito grande, alguns filhos pensam
assim, como a mãe os cuida desde pequenos, pensam que a mesma seja sua
propriedade, que tem obrigação de fazer isso.
Disse
que de posse de seus scanners iria falar com médicos a respeito.
Finalmente
consegui falar com ele. Desta vez o
enfrentei da mesma maneira que ele fazia comigo. Me conta como mataste nosso pai.
Ficou
me olhando entre surpreso, sorriu, era algo demoníaco. Imagina, ele foi embora, para refazer sua
vida, muito contente, passei pela cozinha, peguei uma faca que usavas muito
afiada, a que me vivias dizendo, nunca pegue esse faca, corta muito. Fui atrás dele, quando o alcancei, pois
tinha se sentado como sempre fazia, para ficar quieto, alisando seu membro,
lembra quando fazia isso no campo, podia ficar horas parado, com o queixo em
cima da enxada, passando a mão pelo seu sexo.
Assim estava, quando me viu, sorriu,
Ah,
estas aqui, queres ir embora comigo, meu pequeno. O deixei me abraçar, então me empurrei para
trás, com todas as forças, lhe enfiei a faca na garganta, começou a se engasgar
com o sangue, quando caiu para trás, me soltou, ai lhe cortei o pescoço, como
te vi fazer tantas vezes com as galinhas.
Eu
devia estar de boca aberta, pois nessa época, ele era uma criança. Tentava fazer cálculos qual era sua idade
nessa época. Riu dizendo, você nunca entenderá,
pois desde pequeno eu pensava, me lembro de quando queria chupar teu peito,
mesmo sabendo que ali não tinha leite.
Que
isso te fazia graça, por isso tentava, das noites que dormia contigo, me sentia
protegido, em que ninguém podia tirar você de mim. Eras meu, só meu, assim seria a vida
inteira, mas estragaste tudo.
Quem
são essas pessoas que encontramos atrás da cabana?
Eu
sabia que ias descobrir, te vi muitas vezes indo atrás de mim, pensei que ias
te atrever a entrar, eu estava preparado para te matar, mas só observaste, como respeitando meu
espaço.
Quando
sai, tive que me sentar num banco, ficar fazendo exercício de respiração, tudo
escapava do meu raciocínio, como uma criança podia fazer isso. Como tinha força para enfiar uma faca no
pescoço de um adulto.
Chamei
o xerife que a estas alturas, tinha virado um bom amigo, perguntei se tinha a análise
do assassinato de meu pai. Me leu, era
como ele tinha falado. Achas que uma
criança poderia ter feito isso. Essa
facada do pescoço, não exige tanta força como pensas, depois deve ter perdido
muito sangue, a roupa diz isso, caiu de costa no chão, tentando respirar, o corte
da jugular aconteceu depois, como quisessem matar uma galinha.
Contei
para ele, o que tinha surgido na minha cabeça, bem como o que ele tinha me
contado.
Essa
faca estava na cabana, tinha muitos tipos de sangue nela, todas a vítimas foram
assassinadas da mesma maneira, primeiro de frente um corte profundo no pescoço,
o que faz a pessoa não conseguir respirar, ao mesmo tempo a perda de sangue. Só
depois cortava de lado a lado.
Já
conseguimos descobrir quem era uma das vítimas.
Eram pessoas que andavam pelas estradas sem rumo, desorientadas. Como captava a mesma, não sabemos.
Vou
tentar descobrir, não sabe como tem sido difícil digerir tudo isso.
Imagino,
que não consiga entender, eu mesmo fico pensando, se o olhas de uma maneira diferente,
quando se fala com ele o interroga, comenta as coisas sem prejuízo nenhum, como
se contasse uma história.
A
coisa piorou, fui chamado pelo diretor do presidio. Desde que entrara, como sempre acontecia,
tentaram abusar dele, mas ele conseguia se livrar, ao mesmo tempo, começou a
juntar em volta dele todos os jovens abusados dentro do presidio. Pelo que nos contou um disse, verão como
quem vai mandar aqui sou eu. Todo os
presos têm seu chefe principal o que controla tudo, normalmente alguém cadeia
perpetua.
Pois
ele entrou no lugar que estavam todos, sorrindo, se aproximou do manda mais,
falou alguma coisa ao seu ouvido, como se fosse o beijar na frente de todos, o
matou tranquilamente, depois disse aos outros que matassem aos abusadores.
Tudo
isso ele fez sorrindo para as câmeras que gravam tudo. Sabia que todos estávamos vendo.
Foram
preciso dez homens para colocá-lo na solitária. Depois disso já matou mais dois dos
abusadores. Então tem de seu lado, como
um harem de jovens que foram abusados aqui dentro. Ninguém se aproxima dele. Ele tampouco permite que sejam abusados.
Já
pedi reforços, pois as coisas irão a pior.
Dias
depois já em San Francisco, saia da universidade, quando viu na primeira página
do jornal, uma revolta na prisão, que os mais jovens chefiados por um deles,
tinha atacado todos os guardas para tomarem o mando da prisão, que pelo menos o
cabeça, bem como outros tinham sido metralhados.
Sabia
que não me dariam notícias, o jeito foi falar com o xerife, sim foi ele quem
liderou tudo, mas o pior não, sabes, pegou um policial de sua mesma estatura, o
matou, roubou sua roupa, sai do presidio como se nada. Ninguém sabe aonde está. Estamos vigiando o bosque, pois se volta
para cá.
Ficou
num estado de ansiedade, analisando cada coisa com o psicólogo que ia tentando
encontrar uma brecha para entender sua cabeça. Se lembrou do momento que estava por nascer,
que sua mãe reclamava que dava tantas patadas, tão forte, que mal conseguia
respirar.
Será
que tentava matá-la, para não nascer.
Então o culpado era ele, que tinha feito todo o possível para que ele
nascesse.
O duro
foi quando meses depois chegando de uma aula, o encontrou sentado
tranquilamente em seu apartamento. Ficou
gelado.
Apertou
um botão do seu celular que gravava tudo.
Então
acreditavas que ias escapar de mim, verdade, que não ias pagar por me ter
trazido ao mundo.
Sim
sou o culpado, rememorou em voz alta tudo o que tinha visto na época, nossa
mãe, caída no campo, dizendo que as patadas eram muito fortes, que querias sair
de qualquer maneira.
O
idiota de nosso pai como sempre com a cabeça apoiada na enxada sem trabalhar,
como corri para buscar a caminhonete, os levando para o hospital.
Vê,
finalmente chegaste ao começo, eu já nasci consciente de tudo, não queria nascer,
para viver outra vez essa vida, queria ficar quieto aonde estava, mas diziam
que eu tinha que cumprir meu Karma. Me
fizeram entrar nesse corpo pequeno dentro de uma barriga, odiei tudo nesse
mesmo instante.
Agora
vou acabar contigo, seu idiota, pensavas que te amava, verdade, eu te
manipulava, quando imaginavas que eram meu sustentáculo, em que eu queria mamar
de teus peitos, sabia que te dava prazer, se tivesses deixado, chegaria um dia,
que farias sexo comigo. Mas isso nunca
seria possível, porque foste sempre um idiota, preocupado em cuidar dos outros.
Mas
quando de ti com aquele garoto, te chupando os peitos, o prazer que sentias,
perdeu a graça, qualquer um podia te manipular.
Quem
são essas pessoas que estavam atrás da cabana?
Eram
pessoas que estavam perdidas para a vida, eu as ajudava a morrer, para uma nova
vida.
Mal
sabem eles que a nova vida, sempre será uma merda, nunca nada é como sonhamos.
Essa
puta lei do Karma, vamos, voltamos sempre, se não melhoramos, voltamos outra
vez, mas desta vez, vou te levar comigo.
Fiquei
sentado, olhando diretamente aos olhos dele, então, vens me cobrar a vida,
porque fiz com que viveste. Mas
lembre-se tinhas a oportunidade de ter uma vida melhor, melhorar teu Karma como
dizes, mas fizeste tudo ao contrário, aumentaste teu Karma, eu numa
valorização, acho que já alcançaste o 100 por cento, então se me matas vais te
superar, vão te mandar de volta mais umas quinhentas vezes até limpar tua
barra.
Nem
sei de aonde estava tirando tanta calma, ao meu lado tinha um abajur, sabia que
estavam vigiando meu apartamento, comecei a mandar código Morse.
Estas
nervoso sim, não paras de brincar com esse abajur.
Sim
talvez para me distrair, nisso colocaram porta abaixo. Todos estavam armados
até os dentes.
Rosnou,
me traíste outra vez, fez pontaria para atirar em mim, mas levou um tiro na
testa antes.
Desmaiei,
sabia depois que me sentiria culpado o resto de minha vida, segui fazendo
terapia, pois era a única solução que eu tinha.
Um dia
fui abordado na rua por um senhor negro muito velho, o ajudei a atravessar a
rua, do outro lado me agradeceu, me disse, tudo isso que estas sofrendo, vem de
vidas passadas, tentaste ajudar, mas nem sempre as pessoas querem ajuda. Siga em frente trabalhando como médico, eres
muito bom. Quando fui falar o velho
tinha desaparecido.
Toquei
minha vida em frente, nunca quis me casar ou ter um romance, tampouco amar
ninguém, pois na verdade, eu tinha dado todo meu amor a essa criança. Mas não tinha funcionado.
Vivia
para meu trabalho, agora era um médico respeitado, o dinheiro que existia no
banco, doei para crianças necessitadas, para que tivessem uma vida melhor.
Tinha
um pequeno apartamento, que era meu pouso depois do trabalho. Isso bastava.
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