martes, 10 de noviembre de 2020

SOUTHALL - LITTLE INDIA

 

                                            SOUTHAL  - LITTLE INDIA

 

Me chamo Sandie, assim me chamou Birdie quando nasci, pois disse que eu parecia uma melancia de tão grande enquanto meu irmão Bernie era magrinho, levou anos com a gozação, de que comia tudo não deixando nada para o coitado.

Meu pai, era filho de indianos, se casou com minha mãe, por procuração, loucuras da minha avó, já que ele não se interessava por nenhum das garotas que ela apresentava, depois da universidade, ele como tinha economizado o dinheiro que lhe dava o pai, para passar bem lá, ia fazer uma viagem pela Europa.   A velha muito esperta, lhe fez assinar uns documentos, para agilizar certas coisas.  ele para ver-se livre dela, assinou.   Quando voltou, tinha uma esposa.

Primeiro ficou com pena dela, ter vindo da Índia para se casar com ele, seu nome era complicado, todos as chamaram sempre de Rose, tinha um problema de fala, era difícil entender o que queria as vezes dizer, pronunciava muito mal o inglês.

Seu pai lhe deu uma casa, que tinha tentado vender, mas ninguém queria porque ao lado viviam duas lesbianas, Birdie inglesa, vivia com Edna uma mistura de Índia, com um inglês.  Foi a melhor coisa  que fez.   Pois acabaram sendo as melhores amigas da minha mãe, bem como da família.

Minha avó paterna se encarregou da decoração da casa, meu pai odiou, os lixeiros sempre reclamavam que naquela casa se jogava muitos moveis, bugigangas fora, bem como comida indiana.  A velha era uma intrometida, meu pai sempre tinha detestado sua mãe, por isso, era o único filho, tinha mais quatro irmãs, que fazia tudo como ela queria, pois lhes soltava dinheiro, ele como não precisava dela.  Ficava louco da vida.   Quando seu pai morreu, a coisa piorou, pois como não tinha o que fazer, cada dia ia a casa de um filho, infernizar a vida deles.

Meu pai tinha uma historia muito especial, já contarei mais a frente.  Se deu bem com minha mãe, pois ela era uma pessoa agradável.   Mal se instalaram, bateram na porta, era as duas vizinhas, traziam um tarte feita pela Edna, que era uma excelente cozinheira.

Da porta Birdie, que não primava pela simpatia, soltou, eu jogava tudo no lixo,  foi a salvação do meu pai, fizeram uma verdadeira limpeza na casa, levaram para aonde ficava o lixo na praça, se livrando dos moveis carregados comprados pela velha.

Os vizinhos indianos, que deviam ter a síndrome de Diógenes, fizeram uma limpeza, nem duas horas depois meu pai olhou, não tinha mais nada.

Ele explicou as duas, que minha mãe de pequena tinha sofrido um derrame, por isso tinha um problema ao falar, que tivessem paciência com ela.

Virou-se para a Edna que era muito feminina, lhe pediu se podia ajudar minha mãe a se livrar dos sáris, pois ao subir ou descer as escadas isso era um perigo.   Explicou a minha mãe o que estava pedindo a Edna, ela sorriu feliz, disse devagar que odiava essas roupas, mas que sua sogra tinha recolhido toda sua roupa, atirado fora.  Que ela devia usar as roupas da Índia.

Vocês vão conhecer a fera, é uma pesada, a ignorem, além de tudo é mal educada.

Começou nesse momento, uma amizade que duraria a vida inteira.

A grande amiga de minha mãe, foi Edna, pois falava indiano, Birdie passava basicamente o dia fora de casa, era carteira.  Tinha herdado essa casa dos seus pais, a quem tinha cuidado até morrer.

As duas se conheciam desde a escola, sempre estiveram juntas, era muito bonito ver o relacionamento das duas.

O primeiro dia que minha avó apareceu, quando viu a limpa que tinham feito na casa, ficou furiosa, mas meu pai muito esperto, deixou uma carta, não quero mais coisas indianas na minha casa.

Na seguinte visita, ela trouxe de novo um dos deuses que adorava, colocou em cima da lareira, meu pai, fez as três rirem, se movimentou como se perdesse o equilíbrio, a estatua se foi ao chão.   Todas visitas ela trazia um, com o mesmo destino.

Quando minha mãe ficou gravida, ficou nervosa, meu pai ao comunicar a família, ficou diante da velha, de dedo em riste lhe disse, se atreva a levar qualquer roupa, ou objeto para o quarto das crianças, o jogarei pela janela.  Tenho testemunhas, a senhora entendeu bem?

Foi a mesma coisa que nada,  na semana seguinte, chegou com um caminhão, meu pai estava arrumando justamente o quarto, tinha seu dia livre, ela levou um susto, ele disse ao homem, podem ficar com tudo, não queremos nada. 

A senhora já pagou tudo.

Problema dela, ela foi avisada, o quarto já tem moveis, podem levar para vocês, os homens foram embora discutindo quem ficaria com o que.

Ele na frente dela, para a senhora ver, tirou de uma bolsa que ela levava, as Samosas, que era a única coisa que ele gostava, foi até a porta, lhe deu a bolsa inteira dela, leve para tua casa.

Mesmo assim todas as vezes ela chegava com uma nova estatua, bem como comida, minha mãe não tocava, a deixava no mesmo lugar.   Chegava, ia passando o dedo pelos moveis para ver se estavam limpos.  Reclamava que cuidava mal de seu filho, a olhava, tirava de sua bolsa um Sári de umas cores horríveis, pois comprava como era seu gosto, para que vista para agradar meu filho.   Ia tudo para o lixo. 

Já sabiam que seriam gêmeos, o medico avisou meu pai, que Rose devia fazer visitas periódicas para controlar um problema que tinha do coração, pois senão podia morrer no parto.  Ele falou em seguida com Edna, se lhe passa algo, me chama, lhe deu o número de seu telefone.

E se a bruxa da tua mãe interferir, já veio aqui com uma parteira índia,  querendo examinar sua mulher, Birdie colocou as duas para fora.   Só de pensar nas unhas imensas, sujas da parteira fico com ânsia de vomito.

Edna ensinou minha mãe a cozinhar, fazia uma mistura de comida indiana com europeia.   Meu pai adorava.

Quanto mais perto minha mãe ficou do parto, mais a velha aparecia, cada vez trazia uma das filhas, com presentes, que meu pai depois jogava fora.   Para ele tudo era de um extremo mal gosto.  Ele trabalhava numa empresa de advogados, das mais famosas de Londres, entrou por méritos próprios, tinha sido entrevistado antes de ir de viagem.  Suas notas na universidade eram as melhores.

Agora estava para ser promovido, se vestia muito bem, estava sempre bem arrumado, seus ternos eram da melhor qualidade, bem como suas camisas brancas super engomadas, foi Edna quem ensinou minha mãe a preparar.   Os ternos, ele levava a tinturaria, para não ficarem dando sopa na casa.    Sua mãe o criticava dizendo que gastava dinheiro, mas ele ganhava bem, ao contrário dela, procurava dar o maior conforto possível na casa.

Meu pai levava minha mãe toda a semana antes de ir trabalhar ao Médico, Edna ia com eles, a apresentava como uma parente sua.   Assim ela sabia se passava alguma coisa, aonde devia levar minha mãe.

Mas todos esses preparativos quase vai por água a baixo, pois  minha mãe estava muito nervosa, quando minha avó veio visita-la, rompeu águas, ela fechou todas as portas, portanto Edna não podia entrar, mas escutou os gritos de minha mãe, a velha tinha colocado na cabeça que tinha que ter o parto em casa, como ela tinha tido.

Edna avisou meu pai, que as portas estavam fechadas, a velha se negava atender o telefone, ele como era não teve conversa, telefonou ao corpo de bombeiros, explicou a emergência, sua mulher morreria se tivesse o parto em casa,  que rebentassem a porta, ele já colocaria outra, mas que a levassem para o hospital com a vizinha.   A velha quase teve um enfarte, quando entraram os homens do Corpo de Bombeiros, retiraram Rose que estava já passando mal, das mãos dela, bem como a da parteira, foram levadas as duas para a delegacia, por invasão de domicílio.

Birdie chegava nesse momento, ajudou os bombeiros a retirarem minha mãe de casa, enfiou a Edna na ambulância, foi correndo para o hospital.   Birdie era uma corredora nata, participava de todas as maratonas possíveis, saia para correr muito cedo.

Quando minha avó começou a chamar meu pai da delegacia, ele fingiu que não era com ele, quando um policial lhe chamou, ele disse que tinha conflito de interesses, afinal tinha sido ele que tinha mandado a prender por invasão de domicílio.   Explicou que a velha tinha colocado na cabeça que sua mulher tinha que dar a luz em casa, infelizmente minha mulher tem um problema de coração poderia morrer no parto.

Quando sua irmã mais velha chamou, minha mãe estava sendo operada de Cesária que era o melhor no caso dela.  A irmã começou a falar gritando como a mãe fazia, ele começou a falar uma porção de palavrões, ela abaixou a voz.

Eu se fosse você ficava quieta, fui eu que a mandei prender, avisei que minha mulher tinha um problema sério de coração, que não podia ter o parto em casa, que morreria, ela ignorou minhas decisões, fechou-se dentro da casa com a parteira, olhaste as unhas da parteira que arrumou, sujas de sangue.  Me nego a tira-la da cadeia que durma essa noite lá, para aprender a não se meter na vida dos outros.

A irmã, pela primeira vez, lhe deu razão, tampouco fez nada.  A velha passou a noite na cadeia, ficou meses sem ir lá em casa.  Quando apareceu, com um sacerdote de sua religião, num domingo meu pai colocou os dois para correrem.   Meus filhos serão católicos disse, minha mulher é católica, portanto, serão de sua religião, não de uma que o deus é um elefante. O sacerdote olhava assustado para ele.   As irmãs quando vieram visitar as crianças, as avisou, nada de coisas indianas.  Elas que nunca tinham ido a sua casa, ficaram encantadas com os moveis a claridade, as paredes era todas brancas.  Edna ajudava minha mãe a sentar-se para receber as visitas, ainda tinha os pontos da barriga.  Tinha o trabalho de explicar, o que era uma Cesária, que minha mãe teria morrido se fosse um parto normal, talvez as crianças também.

Quando por fim apresentou os netos, ela torceu o nariz, pois eram bem claros, com cabelos negros, uns olhos negros de fazer gosto, quando perguntou o nome das crianças, Edna para implicar, disse que eram Sandie e Bernie, nomes dado por Birdie.  A velha ficou furiosa, não tinham nomes indianos.   Tinha se esquecido que seu filho se chamava Hank por desejo expresso de seu pai. 

Na visita seguinte, ao enfiar a chave na fechadura, a mesma não entrava, minha mãe disse que meu pai tinha mandado trocar a porta, despedaçada pelo bombeiros, pela primeira vez se atreveu a fazer uma gozação com a velha, eles mandam lembranças para a senhora.

Ia colocar outro Deus elefante em cima da lareira, minha mãe disse que não, podia cair se estilhaçar, podia ferir as crianças. 

Não vai cair, disse ela.

Minha mãe, fez como meu pai fazia, seu filho sempre faz isso, diz que odeia elefantes, o tal deus caiu no chão em pedaços.

Ela viu que tinha perdido qualquer espaço, nunca mais voltou.

Se poderia dizer que fomos felizes para sempre, as vezes ela aparecia na escola, mas fugíamos dela.

Eu e Bernie, não houve jeito de falarmos seu nome indiano, éramos completamente diferentes, enquanto eu queria jogar bola com os garotos, correr, saltar pular, ele adorava ficar construindo casas de madeira, de um jogo que Edna tinha comprado para ele, vale a pena dizer que ele era seu preferido, como eu era a preferida da Birdie.  Foi ela que me colocou no time de futebol ali na praça, depois na escola, eu era a melhor jogadora.  Se alguém se metia com meu irmão, levava um murro no nariz como tinha me ensinado a Birdie.

Agora as festas era juntas, comemorávamos, as festas católicas, porque minha mãe, realmente era católica, as festas protestantes, porque as duas eram, mas nenhuma das de Índia.

Meu pai nos adorou nada mas ao nos ver, estava sempre que podia nos corujando, quando ficamos maiores, respondia a todas as perguntas que fazíamos, não importava o assunto, ninguém deve mentir para as crianças dizia.

A única que o chamava era sua irmã mais velha, para saber como estava, da mesma maneira que ele perguntava por sua família.

Eu as vezes pegava meu pai, sentado na sua poltrona favorita, com um abajur ao lado, com o jornal caído no regaço, com o pensamento no mundo da lua, quando lhe perguntava o que era, me mostrava uma foto no jornal de um homem, um grande amigo meu.  Esse era o John.  Ficava quieto.  Minha mãe dizia que o deixássemos em paz.   Se levantava, ia preparar um chá que ele gostava, uma mistura que fazia com chá preto, canela, cravos, pimenta vermelha, cardamomo, ele adorava isso, o fazia especialmente porque sabia que ficava contente.

As vezes o pegava contando para ela, sua época de universidade, a amizade dos dois, ela sorria como sempre, num gesto de cumplicidade.  Dizia sempre gostaria de conhece-lo.

Quando meu pai se tornou sócio da empresa, houve uma festa, ele saiu com a Edna, minha mãe, Birdie, nos juntos.   Fomos a uma das melhores lojas de  Londres, ele deixou ela escolher seu vestido, lhe perguntou antes se não era melhor ela ficar em casa?

Nem pensar, somos uma família, vamos todos, Edna a ajudou a escolher seu vestido, um deslumbrante vestido largo, de cor azul solferino, que ficava fantástico na sua pele, era discreto mas com estilo, agora escolha um Edna.

Eu, se mostrou surpresa.

Eu não disse que íamos toda a família, se vocês duas não me ajudam as vezes, fico sem família.

Ela escolheu um duas peças muito bonito.  Ele olhou para a Birdie, ela ria, imagina eu com uma roupa desta, vou ficar ridícula, ele riu muito, enquanto ela e minha mãe, escolhiam um para mim, os outros foram a seção masculina.   Meu pai escolheu um traje azul escuro, com listras brancas, com uma camisa azul escuro, com uma gravata com uma listras interrompidas muito finas.   Para Birdie ele escolheu um traje com um casaco de seda negra, próprio para um cantor de rock.  Ela alucinou, dava beijos homéricos, eu quando vi, disse que queria um igual. 

Tens certeza meu anjo, me perguntou ele.

Claro que sim, acabamos indo as duas com as roupas iguais.  Eu feliz da vida, pois meu pai tinha me entendido.

Nesse dia os vizinhos ficaram alucinados, ele alugou uma limusine para vir nos buscar, mais tarde nos trazer.  Todos os vizinhos estavam na porta, para ver.  Minha mãe, Edna, tinham passado o dia no salão de beleza.  Minha mãe tinha passado creme nos cabelos do Bernie, mas ele detestava, voltou outra vez ao banheiro, tirou toda roupa, tomou banho de novo.

Meu pai, soltou, deixe os meninos serem quem queiram.  Nos beijou, tirou fotos nossas, que depois estavam sempre em cima da lareira,  melhor essas fotos desses gusanos dizia, que aquele elefante pateta.

Birdie, com seus cabelos loiros crespos, com o traje ficava lindíssima, ele pediu ao condutor da limusine que fizesse uma foto de todos ali na escada.   Este disse que ele tinham uma família diferente, mas fantástica.    No trajeto, Birdie que era muito sagaz, lhe perguntou se agora ele sendo sócio, não era mais logico se mudar para o centro de Londres, para estar mais perto do escritório.   Ele riu, com seu sorriso torcido, quando ria ou sorria sua boca ficava meio torta, lhe respondeu, deixar minha família para trás nem pensar. Ela chegou a chorar.

Realmente faziam parte da nossa família.  Eu nem conhecia os primos, nem tampouco as tias, tinham ido quando nascemos, mas a velha tinha proibido que fossem nos visitar.

A festa foi fantástica, nos divertimos muito, embora fossemos as únicas crianças ali, todo mundo vinha falar conosco.  Quando queriam uma foto da família do novo sócio, ele incorporou Edna e Birdie.  Alguns não entenderam, mas para ele era importante.  Essa foto ficou na sua sala do escritório até ele sair de lá.

Saiu nos jornais, inclusive do bairro.  Sua irmã mais velha lhe chamou para parabeniza-lo por ser sócio da empresa, mas claro reclamou porque não tinha convidado sua família. 

Ele respondeu que tinha ido com sua família ao completo.

Farei de conta que não escutei, sempre estou do teu lado.   Agora ela sempre que ia a cidade, ia depois almoçar com ele.

Um ano depois minha mãe começou a sentir-se mal.   O diagnostico foi horrível, ela tinha o mesmo tipo de câncer que tinha matado seu pai.   O médico disse que os tratamentos eram ineficazes nesse caso.  Que podiam dar paliativos.    Ele pagava para uma enfermeira ir todos os dias de manhã e de tarde para ajudar a Edna, que assumiu as duas casas.   Birdie, se encarregou de nos dois.   Uns meses depois, ele tirou uma licença, passou seus casos para os outros sócios, ficou em casa, ajudava a Edna a cuidar dela, tiraram os moveis todos da sala, alugou uma cama de hospital, assim não tinha que fazer esforço para descer as escadas.   Passava os dias ali com ela, conversando, trocando ideias.   Ela um dia lhe pediu que trouxesse uma caixa de metal que tinha no seu armário, ela era a herdeira de seu pai, mas sua madrasta que era parente de sua mãe, arrumou o casamento, para ficar com tudo.  Tudo isso deve ir para os nossos filhos, ele chamou um tabelião, passou os papeis, ela fez um testamento para nos dois.

Nos fez prometer que usaríamos esse dinheiro para ir a universidade, que ela não tinha podido ir.    Que estudássemos o que quiséssemos, não quero nenhum advogado mais na família, dizia sorrindo, olhando meu pai, nunca deixem seus sonhos de lado.

Queria ser cremada, que suas cinzas fossem jogadas no mar, aonde tinha ido uma vez com a Edna, Birdie, levem os meninos vão adorar o mar.

Ai começou a contar como era sua vida na Índia, vivia numa cidade a beira mar, seu pai tinha barcos de pescas, além de uma bela casa, de aonde se via o mar.   Meu quarto era em cima, sonhava em ir navegando a qualquer lugar do mundo.   Quando vim para cá, já casada com o pai de vocês, vim num camarote pequeno, mas passava o dia na coberta olhando o infinito.

Meu pai escutava tudo isso, nunca tinha perguntado de aonde tinha vindo.   Mas o mais interessante, não importava a hora, ele estava ali ao seu lado, ou lendo um livro para ela, ou comentando alguma coisa, segurava suas mãos, dormia de noite na sua poltrona, com os pés em cima de uma banqueta que Birdie trouxe de sua casa.

As duas sempre estavam por ali.   Ela me levava aos jogos de futebol, íamos as duas, com a camiseta da equipe que éramos fans, com o cachecol igual.  Pelo menos nos divertíamos.

Um dia minha mãe não despertou, o velório foi na igreja católica que ela ia, estava cheia de gente, que a conhecia, de ir as compras, da rua, as vizinhas.  Meu pai descobriu então que a queriam, mesmo sendo difícil entender o que falava. Para nos quando diziam sua mãe fala complicado, não entendíamos, a compreendíamos perfeitamente.

Da família de meu pai, só apareceu sua irmã mais velha com o marido. 

No dia seguinte,  minha avó bateu na porta dizendo que vinha nos levar para sua casa, pois agora ela cuidaria como devia ser dos seus netos.

Meu pai que estava no andar de cima descansando, desceu feito uma fúria, nem te atrevas a tocar nos meus filhos, aqui é nossa casa, não a quero aqui megera.  Fora daqui, dos meus filhos cuido eu.

Edna não sabia aonde se meter.   De tarde vieram os homens da empresa aonde ele tinha alugado a cama de hospital, a desmontaram, a levaram embora. Ele mesmo recolheu tudo que tinha na casa que lembrava deste período, colocando tudo no lixo.

Nessa noite com a sala outra vez como era, fez uma reunião, conosco, com nossa família, perguntou a Edna, se podia tomar conta de nós como vinha fazendo, se Birdie podia seguir me levando ao futebol, pois tinha que recuperar o tempo fora da empresa.  Como  uma família unida assim foi.

Um ano depois foi a um congresso em Edimburgo, lá sem querer se encontrou com o John, quando se viram só apartaram as mãos, mas levaram muito tempo apertando as mesmas.

Depois foram conversar, colocar a vida em dia.  John estava divorciado, chegou um momento que não aguentei mais, soltou, sem filhos, uma vida de fachada, quase morri de tedio.

Meu pai lhe contou de minha mãe, lhe mostrou nossas fotos, diz meu pai que ele ficou alisando a mesma. 

Nessa noite, já não conseguiam se separar, foi como reascender a chama do amor deles.

Quando meu pai voltou, estava diferente, sorria, os olhos brilhavam.  Nos reuniu a todos, ficamos os cinco ali sentados, contou a história de sua vida.

Seu avô não queria que ele fosse como as filhas, metidas nessa vida de perpetuar a vida como na Índia.   O mandou estudar numa escola particular em Londres, afinal tinha dinheiro para alguma coisa.   Lá ele conheceu o John, este o defendeu quando um grupo o queria excluir num jogo.  Ficaram super amigos.  Quando foram para a faculdade, dividiam quarto, pois ninguém queria compartir um com nosso pai.   Mas aí o John saiu com a sua, exigiam um dos poucos quartos que tinham banheiro privado.

Depois tentava fazer meu pai se relaxar, que ele bebesse, este ria dizendo que ele tinha mas intenções, um dia meu pai pensou que ele estava num treinamento, quando saiu do banheiro nu, ele estava ali, a partir desse dia, dormiam juntos, eram inseparáveis. Tinham sonhos conjuntos.

Pensavam quando terminassem o curso, fazer uma grande viagem os dois pela França, falavam muito nisso.  Antes de terminar o curso meu pai foi informado que o seu morria, foi as pressas para casa, teve uma conversa muito particular com seu pai.   Na verdade, ele era filho do velho com outra mulher, já que a sua só lhe dava filhas.  Não se preocupe, no meu testamento tudo que é teu está separado.  Ficou acompanhando seu pai nos últimos dias de sua vida, segurando sua mão.  Depois da leitura do testamento, em que deixava para ele, bens materiais, a casa aonde viveria com sua mulher depois, apartamentos por Londres, dinheiro no banco.  Para a mulher e as filhas deixava o negócio, que já era dirigido pelo marido de sua irmã mais velha.

Por isso não podia admitir que a que considerava sua mãe, interferisse em sua vida, ela tinha armado uma arapuca para ele se casar.            Não se importou, pois quando voltou encontrou somente uma carta do John, estava se casando com uma rica herdeira, para poder salvar sua família da bancarrota.   Fez a viagem, quando voltou estava casado, podia pedir a anulação, mas vi como sofria com tudo isso, fiz sim uma coisa, contei tudo para ela, se ela queria ficar casada comigo tinha saber quem eu era.     Vossa mãe foi uma mulher maravilhosa, podia falar qualquer coisa com ela.

Não esperava encontrar o John outra vez, ele ao contrário de mim, foi muito infeliz nesse casamento, com uma mulher fútil, que não queria filhos, por isso acabou se divorciando.  Estou contando isso, porque quero que o conheçam.  Vocês em breve irão para a faculdade, seguiram o rumo das suas vidas, eu acabarei ficando sozinho, não posso perder a oportunidade, sempre o amei, quero que entendam isso.

Birdie, Edna, tinham lagrimas nos olhos.                  Nós estávamos surpresos, não sabíamos o que pensar.

Quero que vocês o conheçam, afinal são minha família.  Ele nos convida para almoçar amanhã, depois irmos tomar um café em sua casa.   Os parece bem?

Concordamos em ir já pensando  deve ser um grande filho da puta, abandonou nosso pai. Quando comentei com Birdie, ela me disse francamente, se ele não tivesse abandonado seu pai, vocês não existiam, não tínhamos conhecido vossa mãe, nem eu a vocês.   Me admira, eu que te ensinei a não ser egoísta, tenho justamente um ataque de egoísmo.   O mesmo aconteceu com Bernie quando falou com Edna.

Foram almoçar com John, ele estava mais nervoso que os garotos, pediu desculpas, não tinha filhos, não sabia como tratar os da vossa idade. Os abraçou e beijou, bem como a Edna, Birdie, ele era alto, forte, tremendamente bonito.

Mas ao olhar como olhava nosso pai, concordei que me caia bem.

Respondeu a todas as perguntas da Birdie que era muito curiosa.  Tinha realmente salvado seus pais da bancarrota, mas não pense que me disseram obrigado, achavam que era minha obrigação, arruinar minha vida, para salva-los.   Nunca pude amar a que foi minha mulher, quando muito aceitar que era uma pessoa educada para isso, ser superficial.

Quando foram ao apartamento, ele avisou, não se assustem, esta a venda, mas foi decorado por ela, dentro de semanas tudo irá a leilão, para repartimos o dinheiro.  Nos casamos com separação de bens, mas acho justo que receba a metade disso tudo.

O apartamento era num dos lugares mais chic de Londres, um apartamento imenso, decorado com gosto, mas tudo excessivo,  estou louco para ir para outro lugar.  Meu irmão que adorava arte, ia enumerando os quadros de artistas famosos.  Vais de desprender disso tudo, lhe perguntou.

Gostas de alguma coisa perguntou o John?

Claro esse aqui do Francis Bacon, ia amar olhar para ele todos os dias.

Pois é teu, o retirarei do leilão.    Eu achava tudo horroroso,  viverias aqui pai?

Não minha filha, daqui quero ir com vocês a outro lugar, foram para um lugar atrás do British Museum, numa rua larga, mais curta.    Depois que vivemos um tempo na casa, nunca quis me mudar para cá, pois tínhamos uma família.  Era uma casa imensa, três andares, com uma parte traseira.   Estava alugada até a pouco tempo por um embaixador, ainda sobraram alguns moveis que eles deixaram.  Precisa de uma grande reforma, se quiserem todos podemos viver aqui.  Birdie vai se aposentar, podemos seguir juntos, mas todos temos tempo para pensar, afinal até que isso fique pronto, vai levar tempo.

Realmente, ia levar um tempo,  Birdie no caminho para casa, ria, eu me imagino vivendo por ali, ia ter aonde fazer exercícios, podíamos ir ao Museu milhões de vezes para realmente conhece-lo como é.   Tem Opera, uma vida diferente.

Na semana seguinte fomos para a Universidade, sem falar nada com meu pai, estávamos confuso,  não sabia se queria sair daquela casa que tínhamos vivido a vida inteira.

Dois meses depois Birdie morreu, teve um enfarte dormindo, todos ficamos triste, fomos ao seu enterro, na igreja dela, não tinha tido tempo de fazer um testamento, nada.  Seus irmãos queriam a casa para eles, Edna ficava sem nada.   Meu pai a acolheu em casa, afinal era sua família.  John estava ali também, os irmão queriam tudo, mas nem apareceram no enterro. Queriam vender a casa rapidamente .   Meu pai perguntou a Edna se queria que ele comprasse.

Lhe respondeu que não valia a pena, pois Birdie não estava mais ali.

Ficou vivendo lá em casa.

Quando voltamos nas férias, saímos várias vezes para ir a lugares novos, levados pelo John, Edna disse que precisávamos falar com nosso pai, ele não quer tomar nenhuma decisão, sem vocês.    Pensem que pai faz isso?

Gostávamos do John  era verdade, mas que ele fosse como nosso pai, estávamos confusos, mas na universidade, acabamos nos esclarecendo.   Bernie, fazia arquitetura como tinha sonhado, eu fui fazer Educação Física, como tinha sonhado com Birdie, gostava do esporte.

Quando voltamos, encontramos a casa silenciosa, sem a Edna, em cima de cada cama, tinha um envelope.  Era uma carta dele para nós.

Cansei de esperar, fui honesto com vocês, não me deram respostas, a casa já ficou pronta, estou esperando vocês lá,  ou se quiserem viver aí, sozinhos, eu aceitarei, irei visita-los sempre, mas tenho direito a ser feliz.  No final uma crítica, estão parecendo a velha.

Ficamos dois dias os dois conversando, coisa que fazíamos sempre.   Contei ao meu irmão de colegas problemáticos, em que os pais levavam suas vidas sem dizer nada aos filhos, se separavam eles só sabiam no último momento.   Meu irmão me contou que estava apaixonado pelo seu companheiro de quarto, mas que esse não lhe dava atenção, porque era descendente de Índios. 

Lhe cobrei porque não falaste comigo?

Porque tenho que resolver essas coisas sozinhos, agora entendo nosso pai.  Olhamos a casa inteira, pedimos um taxi, fomos para a casa nova, quem abriu a porta foi uma Edna remoçada, estava moderna, quando lhe comentei, me disse, coisas do John.

Meu pai desceu a escadaria correndo, nos agarrou, estava morto de saudade, seus sem vergonhas, nem uma notícia todos esses meses.  Nos levou para a cozinha que tinha ficado imensa, John, estava com um avental, fazendo comida.  Correu a nos abraçar e beijar, fez mil perguntas sobre a universidade.   Isso sempre tive vontade de fazer se tivesse um filho.

Meu pai nos mostrou a casa inteira, a decoramos entre os três, tinham tirado todo o papel de parede velho que tinha, todas as paredes eram brancas, nos levou a nosso quarto, o meu tinha decorado, com as coisas da casa antiga, com coisas que eu gostava da Birdie, no do meu irmão ele deu um puto de um grito, numa das paredes estava o quadro do Francis Bacon, que ele gostava.

Não esqueci, te disse que o faria.

Mostrou o quarto deles, a Edna nos levou ao seu, era como se tivesse transportado um pedaço da casa delas, para lá.

Dias depois incentivei meu irmão a falar com meu pai.  Mas o vi foi falando com o John, senão de teu atenção é que não te merece. Talvez, seja porque eres diferente em tudo.

Olhe, eu de longe o via fazer uma coisa que tinha vontade a muito tempo.   Esse teus cabelos são lindos, mas falta um corte, tua roupa igual, não andas como os outros da tua idade, pode usar roupas atuais sem ser igual a todo mundo. Se confias em mim, vou te levar a um local que vai dar um jeito no teu cabelo.

Quando voltou de tarde, fiquei um tempo o olhando, rindo, meu irmão nunca tinha estado mais bonito, no alto da cabeça, tinham mantido seu cabelos compridos, mas as laterais tinham desaparecido.  Estava usando um brinco que tinha sido de nossa mãe, uma argola de ouro, tinham feito compras, usava agora um jeans negro, mais ajustado ao corpo, com uma camiseta muito moderna.

Nunca o tinha visto mais feliz.

No ano seguinte eu teria que me inscrever para conseguir um lugar numa escola. Nessa noite, John nos contou que finalmente tinha resolvido a batalha com sua família, ficava para ele uma casa na praia aonde tinha passado os momentos mais felizes de sua vida.   Poderemos ir para tomar posse.  Creio que vais gostar, piscou o olho. 

Como conseguiste perguntou meu pai?

Deixei a mansão familiar para eles, nunca gostaram da casa da praia, não sabiam se divertir, a não ser em festas, drogas e outras merdas.

Seu pai avisou o escritório que tinha problemas para resolver, no carro fui escutando a conversa dos dois, lhe faltava 3 anos para aposentar-se, mas tinham oferecido para comprar o escritório, se fosse assim, ele seguiria pagando por fora com o dinheiro que tinha, podia deixar de trabalhar, quero disfrutar a vida.

Levamos um tempo até chegar a casa, mesmo chegando a vila, que era muito bonita, por um caminho estreito, se ia dar numa parte alta, a casa estava em cima de um penhasco, nos aproximamos para ver, havia uma escada de madeira, que se bifurcava, de um lado para uma pequena praia, familiar, do outro para uma praia imensa, com ondas mais altas, havia garotos fazendo surf.   Fiquei alucinada, sempre tinha querido aprender surf.

Nesse últimos anos quem sempre vem aqui sou eu.  Quando preciso de paz para pensar, meu pai comprou de um cliente, mas não gostava do mar.  Foi meu paraíso de juventude, lembra-se queria vir aqui contigo.

Se aproximou um senhor, este é o George, cuida da casa, pedi que fizesse compra para termos comidas para hoje.

Mostrou a casa, ele vem todos os dias de sol abrir, para que não fique com cheiro.  Meu pai amou um canto da biblioteca, aonde havia um cadeirão com uma repousa pés.  Gritou esse lugar é meu.

John nos foi ensinar aonde estavam as pranchas de surf, tinham várias, me mostrou um traje de Neoprene, creio que uma amiga o esqueceu aqui, vê se te serve.  Abaixamos os três para a praia, vimos que meu pai, Edna olhava lá de cima.   Mais tarde desceriam.

Primeiro na areia nos ensinou como fazer, um grupo de jovens de nossa idade, saiu da água, veio nos ajudar, logo aprendemos o básico, entramos todos na água, mesmo meu irmão que sempre tinha medo, entrou.

Nos divertimos horrores, John saiu quando viu meu pai chegando, tirou seu Neoprene, tinha um corpo fantástico, meu pai, quando tirou sua camiseta não ficava atrás, se via que agora estava fazendo exercício para acompanhar o homem que amava.   Isso era patente nos dois.  Não ia ser eu que interferisse na vida deles.

Na hora do almoço que foi tarde, comemos camarões que Edna tinha preparado, bem como uma bela salada.  Isso sentado numa varanda fechada que dava para o lado da praia pequena.

Meu irmão que normalmente era quieto, estava excitado, nunca me senti tão bem na vida, teve um momento que fiquei deitado em cima da prancha, foi como se todas minhas lembranças ruins dos últimos tempo tivessem evaporado.

Estava sentado ao lado do John, colocou a cabeça no seu ombro, dizendo, obrigado amigo.

Meu pai estava feliz, se notava em seus movimentos.   Edna, disse que depois desceria a praia pequena, se eu a acompanhasse para um banho de mar.

Bernie soltou sem querer, se Birdie estivesse aqui, ia se divertir horrores,  Edna concordou, ia me arrastar para aprender surf.

Depois meu pai ficou falando no celular na  biblioteca, um largo tempo, depois ao final sorria.

Estava falando com o escritório, fecharam com a proposta, receberei minha parte, os outros continuam, eu disse que precisava repensar minha vida, queria outros rumos.

John o levantou do chão, pela primeira vez o beijou na nossa frente.  Eu também vou deixar o escritório, podemos desfrutar da nossas vidas.  Quem sabe os dois podemos abrir um escritório aqui na vila para nos ocuparmos mais à frente.

Do final de semana, acabamos ficando mais de 15 dias.  Aqui só é pesado no inverno, mas eu gosto, apesar do vento frio, as ondas são maravilhosas.   Eu convenci a Edna de aprender, fazia um surf simples, mais fazia.

Dava para ir a Vila de bicicleta, íamos as duas fazer compras, algumas pessoas pensavam que éramos mãe e filha.   Nunca desmentimos.

O melhor foi meu irmão, arrumou um namorado, um rapaz alto, desengonçado, mas quando estava em cima de uma prancha, era elegante.

Ficavam horas conversando, as vezes descíamos todos, havia uma curva nas pedras, ali acendíamos uma fogueira na praia, se a noite estava estrelada, ficávamos conversando.

Num dos dias que estávamos fazendo compras, escutei que uma senhora dizendo que a professora de educação física ia embora, nunca para ninguém aqui, querem ir para perto de Londres.

Fui a escola no dia seguinte sem falar nada, disse que precisava de um lugar para fazer estágio no ano seguinte.  Depois da entrevista, sai, vi um grupo de garotas jogando futebol, me lembrei de Birdie, perguntei se podia jogar, fiquei jogando com elas, quando levantei os olhos, o diretor fez um gesto afirmativo.   Antes de ir embora, passei por seu gabinete.   Me disse que a anterior não gostava de futebol, pelo menos sei que você sim.

Ia poder aplicar tudo que Birdie tinha me ensinado.

Quando comentei em casa, o mais contente foi o John, vais gostar de viver aqui.  Edna já tinha feito amigas também por ali, tinha ido num encontro que as senhoras faziam, numa loja de lãs, ficavam ali tecendo, conversando sobre a vida.  Quando perguntaram sobre sua vida, ela disse que era uma larga história, já contarei um dia desses.

O único fora de jogo, era meu irmão, aparentemente, foi a casa do seu amigo, este tinha terminado artes plásticas no ano anterior, usava a velha casa dos pais, para ter seu atelier, para Bernie, era como encontrar de novo com seu jogo de casas de madeira.

Os dois não se largavam, sempre iam fazer surf juntos, um dia estava meu pai com John na biblioteca, sentou-se com os dois, soltou já não sou mais o raro, já não sou virgem.

Os dois deixaram o que estavam fazendo, para prestar atenção nele, isso era a gloria para quem era tão introvertido.

Agora Boris, vinha sempre que podia comer conosco,   Trouxe uma pequena escultura que tinha acabado de fazer para dar de presente a Edna pelo seu aniversário.   Fizemos duas festas, uma só a família, outra levamos doces, salgados, refrigerantes, champagne para o lugar aonde ela ia todas as tardes.

Boris um dia, comentou como ia se sentir, já que todos íamos embora, as féria acabavam, eu disse que voltaria em breve para trabalhar na escola. Meu pai, John, Edna, queriam arriscar passar o inverno para ver como era.  Todos olharam para o Bernie, que fazia um desenho na mesa.  Claro eu ficarei também, estou achando ótimo aprender e trabalhar para ti.

Ficamos surpresos, quem perguntou fui eu, se ele achava conveniente, largar arquitetura.

Me olhou sério, iria descobrir que não conhecia tanto meu irmão assim.  Tenho achado o curso um saco, talvez faça uma coisa, vi uma loja que foi de antiguidades, na vila, está para alugar, gostaria de arrumar, para ser uma loja que abrisse durante os finais de semana no inverno, no verão sempre, posso vender as coisas que o Boris faz, bem como ele diz tem muitos artistas por aqui.  Pode dar certo.

Fomos ficando, hoje já fazem 10 anos que estamos aqui, Edna encontrou o que gosta de fazer, trabalha na loja de lãs, ajuda as amigas que fez.  Esta sempre em movimento, meu irmão deu certo no que tinha pensado, foi pelas vilas perto, visitando os ateliers de artistas, colocando suas pequenas peças a venda, estava vivendo com Boris, eu quando comecei a trabalhar na escola, me senti um peixe dentro do mar, as crianças me adoravam, montei uma equipe de futebol com as garotas,  outra com os garotos, ela sempre ganhavam.  Inclui fazer surf como matéria da escola, todos gostavam.   Acabei o curso, fui contratada pela escola, fizeram um contrato de um ano.  Mas fui ficando, mas gostava mesmo era de ver meu pai e John trabalhando no seu pequeno escritório. Os dois eram fantásticos juntos.  Se entendiam pelo olhar, queria um dia encontrar uma pessoa assim para mim.   Edna me dizia encontraras veras, encontraras.

 

 

 

 

 

 

  

 

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