ZERO A ESQUERDA
Omar,
estava aturdido, nas vésperas do seu casamento sua mãe, morreu de um enfarte,
depois de receber uma chamada de telefone dos Estados Unidos, ninguém sabia o
que era a chamada.
De uma
certa maneira ele estava contente, assim se adiava o casamento, seu pai, dizia
que não tinha cabeça no momento para isso.
Ele
precisava de uns documentos, para agilizar os papeis.
Eles
viviam perto de Safed, numa colônia ultra ortodoxa, reunida em volta de um
rabino, que ele achava que estava louco.
Desde que tinha consciência, usava aquelas roupas negras, que no verão
eram um inferno. Aqueles rabichos
laterais, eram para ele como uma praga.
Esse casamento, em que só tinha visto a noiva duas vezes assim mesmo
sentada entre mulheres, a tinha achado horrorosa. Quando falou isso para sua mãe, levou uma
bofetada na cara.
Sua
mãe Shira, com seu pai Ariel, tinham emigrado para Israel, ele era um
bebê. Não se lembrava de nada disso.
Era
rara a sensação que tinha, se ver livre de sua mãe, afinal era ela que
comandava a casa, se fazia passar por uma esposa dócil, uma mãe carinhosa, mas
na verdade era tudo ao contrário.
A tempo
atrás tinha lido um livro, que encontrou abandonado num banco de jardim, falava
sobre isso a hipocrisia. Ele concordou
com o livro inteiro, o tinha escondido em seu quarto, atrás de um armário
velho.
Alias
ele sempre tinha sido do contra, mas isso em silencio, tudo que era proibido
lhe encantava, nunca tinha tentado arrastar ninguém para suas aventuras, pois
sabia que falariam do assunto. Era
coisas que não estava disposto a compartir com ninguém.
Achou
uma caixa dentro do armário dela, seu pai estava na rua preparando o enterro,
falando com o rabino para oficializar a cerimônia.
Nunca
tinha visto a caixa, abrira o armário, porque seu pai na confusão o deixou
aberto.
Viu
uma série de papeis, documentos de seus pais, com outros nomes, mas bem
americanos que de judeus, encontrou uma
certidão de nascimento de Yosef Ben Cohen, com todos os datos que se referiam a
ele. Mas os nome dos pais, não
correspondiam com ninguém.
Depois
recortes de jornais, contando como dois avós tinham fugido com seu neto,
procurado pelo seu genro. Depois cartas
de chantagens, ameaçando contar tudo para as autoridades.
Parou
como sempre fazia analisou tudo. Sempre
os tinha achado velhos demais para serem seus pais. Sua mãe quando alguém comentava, dizia que
era um milagre da natureza, de acreditar em Deus.
Agora
certas coisas na sua cabeça faziam sentido,
por debaixo disso, encontrou envelopes com dinheiro, tanto séquel,
dólares, quantidades, correu ao seu quarto, encheu uma mochila com eles, tempos
atrás para suas escapadas, tinha roubado numa casa, em que as roupas estavam no
varal, umas duas camisetas, calças jeans, um tênis.
Foi ao
banheiro, sem contemplação nenhuma, cortou os rabichos, tirou toda sua roupa, alisou seu piru, vais
ser livre bandido disse para o mesmo, adorava se masturbar, o que era um grave
delito. Bem como gostava de ficar olhando
a bunda dos homens, mas sempre o fazia discretamente, adorava ver os garotos
com calças apertadas, ficava imaginando tira-las, passar a mão naquelas bundas,
começou a rir baixinho. Tens que ser
rápido, chamou a atenção dele mesmo.
Passou
uma água pelo seus cabelos crespos, passou o pente. Nunca mais ia usar gomas
para segurar. Atirou o Kipa pela janela, foda-se coisa fedorenta.
Saiu
de mansinho pela porta traseira que dava a uma pequena varanda, fez como fazia
sempre que escapava, como um gato, atravessou o muro até a casa vizinha, desceu
por um tubo. Correu rua acima, seu pai
passou por ele do outro lado da rua, de cabeça baixa.
Entrou
no primeiro ónibus que viu para a estação de ônibus, foi tudo uma correria
louca, entrou em outro em direção a Tel Aviv, iria a embaixada americana com
todos esses documentos.
Só relaxou quando estava chegando a Tel Aviv,
sabia que talvez não conseguisse entrar pois não tinha hora marcada.
Chegou
no embaixada, viu que um homem olhava o relógio, este o confundiu com alguém,
venha temos que aproveitar nossa hora.
Só
depois entendeu que o mesmo era um advogado.
Entrou, com ele, até a sala de alguém importante. Quando o homem começou a falar no seu caso,
pediu licença. O senhor me confundiu
com seu cliente, mas estou mesmo precisando de um advogado, retirou da mochila,
todos os recortes, os documentos, as cartas de chantagem.
Hoje a
pessoa que pensava que era minha mãe morreu, com o sentimento de me livrar de
algo, fui procurar meus documentos, era uma casa que tudo estava sempre fechado
a chave, as perguntas nunca foram respondidas, quando alguém perguntava como
tinha conseguido ter filhos tão velhos, contavam que era um milagre de Deus, creio
que o rabino sabe, os acobertando. Nunca
me senti filho deles, odeio ser ultra ortodoxo, queriam me obrigar a casar, eu
só tenho 16 anos nada mais.
Gostaria
que pudessem verificar isso.
O
homem o olhava, te vejo muito maduro, me conta que mais fizeste, ele riu, meu
símbolo de liberdade, tirou um vidro pequeno da bolsa, a mecha de cabelo que
tinha cortado do seu lado direito.
E essa
roupa?
Posso
ser honesto?
Claro
que sim.
Eu
desde que soube que tinha que me casar, passei a escapar de noite, quando
estavam em alguma reunião, roubei uma calças jeans, duas camisetas, um
tênis, que ficaram me servindo para
minhas escapadas.
O
homem da embaixada ria, pelo que vejo gostas de aventura?
O
senhor já se sentiu ameaçado?
Pois
eu fui a vida inteira, tudo era motivo para castigo, se não lia a tora,
castigo, se não decorava castigo, tudo era motivo para me pegarem. Quando disse que a noiva era muito feia,
levei uma bofetada, cada vez que me negava a isso, uma dele, outra dela.
Fora
as vezes que me pegavam com cinturão, sem a menor cerimônia, tirou a camiseta,
bem como abaixou as calças, se viam
muitas marcas por ali.
Havia
um furo numa das partes da bunda, aqui a fivela se enterrou. Mas o castigo seguia, porque não havia
curativos, para todos efeitos, estava com febre em casa. Nesses dias me davam água, um troço de pão
velho. O senhor acha que os pais fazem
isso.
O
homem, que depois ficou sabendo que se chamava Robert Daltrige, o advogado que
olhava sua maneira de falar, com a boca aberta, Sr. Wailler.
O
senhor Robert, chamou um homem que disse que era do serviço secreto americano,
lhe passou a informação, veja se consegue descobrir alguma coisa desses
recortes, é urgente.
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Já comeste hoje lhe perguntou?
Não
senhor, não como nada deste ontem.
Venha
comigo ao refeitório dos funcionários.
Estavam já fechando, mas pediu que lhe fizessem um sanduiche. Perguntou de que queria. Ele riu, pois tinha provado na sua última
escapada, um cheeseburger. Provei um da
última vez que escapei.
Lhe
trouxeram uma coca cola, o sanduiche.
Estavam
ali, conversando, o advogado aproveitando falando do seu caso, que era similar
ao seu, uma mãe que tinha fugido para Israel com seu filho, sem autorização do
pai.
Uma
hora depois, apareceu o homem do serviço secreto, pensou como podem ser do
serviço secreto, se basta olhar para saber que é.
Falou
ao ouvido do Robert, que ele depois descobriu que era o cônsul americano.
É
parece que tua história tem fundamento.
O homem que diz ser teu pai, está tomando imediatamente um avião, para
cá. Conheces alguém, tens aonde ficar?
Não
senhor, mas posso dormir na praça, me escondo bem, ninguém vai me descobrir.
Deixa
disso, chamou o mesmo homem, lhe disse para arrumar um lugar para ele ficar.
Mandou
preparar outro sanduiche pois ele poderia ter fome de noite. Acredito que o homem que pode ser seu pai,
estará aqui amanhã. Pediremos um teste
de ADN, para confirmar, ao mesmo tempo que mandaremos reter o que disse ser seu
pai.
Ele
agradeceu ao senhor Roberto, muito obrigado, me arrisquei, a história podia ser
tonta, mas tinha que tentar saber quem eu sou.
O do
serviço secreto, deu um sorriso torto,
me siga. O foi seguindo,
observando sua bunda apertada nas calças, morria de vontade de passar a
mão. Num dado momento, lhe disse sem se
voltar, para de ficar olhando a minha bunda, não tens vergonha.
Não
gosto de olhar, ela é muito bonita, me atrai.
O outro parou, olhou para ele disse que era muito sem vergonha.
O que
não sou, é hipócrita. Disse uma verdade.
O
outro, fez sinal que o seguisse, mas nem se atreva a passar a mão nela, o
último que tentou ficou sem mãos. Ele
riu da ameaça, estou imaginando a cena, que maldade.
Na
verdade, estou tão acostumado a ser castigado por dizer o que penso, que talvez
me atrevesse ficar sem mãos.
O
outro o fez entrar num quarto ali no pátio, eu vivo no quarto ao lado, qualquer
coisa me chame, meu nome é Jameson. Viu
que no quarto tinha uma geladeira, não tinha fome no momento, colocou o
sanduiche lá, por causa do calor, tirou sua roupa, tomou um banho, se masturbou
pensando na bunda do Jameson. Como era
bom pecar. Queria ter perguntado a ele
quem era o homem que dizia ser seu pai.
Vestiu
outra vez a calça jeans, colocou a outra camiseta que estava na mochila. Bateu
porta ao lado. Jameson, pode me dar
alguma informação sobre esse homem que vem amanhã que diz ser meu pai.
Boa
tentativa, mas não tenho autorização para falar, melhor esperar, para não
fazeres ilusão.
As
vezes a realidade é outra coisa completamente diferente.
Vá
descansar, sem pensar besteiras.
Já fiz
uma besteira, me masturbei pensando em ti.
O
Jameson, não sabia se ria ou não. Deixa
de ser atrevido, porque senão te levo para a masmorra.
Ele
voltou ao quarto, se jogou na cama, nem queria ver televisão. Sempre tinha morrido de vontade de ver
filmes, essas coisas, mas era proibido.
Acabou
dormindo, por tanta confusão, como se relaxou, a adrenalina também foi
abaixando.
Se
despertou de madrugada, ficou pensando se estava louco, será que era realmente
filho desse homem que vinha.
Afinal
não sabia o que podia ser tantas coisas.
O que lhe intrigava era a quantidade de dinheiro, o deixaria escondido enrolado
na camiseta suja, para caso necessitasse de um plano B.
Logo
de manhã o Consul Robert mandou lhe chamar, tinham prendido o que se fazia
passar por seu pai. Este confessou que
realmente não era filho dele, mas se recusou a falar mais nenhuma coisa.
Estavam
levantando a vida do casal nos Estados Unidos.
Se
concentrou, procurando retalhos da sua infância, se lembrou que de vez em
quando ela se ausentava, voltava com alguma criança, que desaparecia em
seguida. Ficou lembrando que quando isso
acontecia, o trancavam no quarto, só abrindo para deixar comida, quando ele
saia a criança tinha desaparecido. Tinha que mijar num pinico, quando vinha
levar a comida, levavam, depois traziam limpo.
Será
que o dinheiro era disso. Por enquanto
tinha que ficar quieto.
Pediu
para falar com o Consul outra vez, disse que tinha se lembrado desse detalhe,
das crianças, que o rabino, sempre estava presente nessas ocasiões em que
chegavam crianças.
Mandaram
prender o Rabino, esse montou uma grande confusão.
Quando
foi apresentado ao homem, não sabia bem por que, não gostou dele.
Lhe
tiraram sangue, bem como do mesmo. Este
queria ir para um hotel com ele, lhe contar toda a história. O Jameson, disse
que enquanto não saísse o teste do ADN, não podia ficar a sos, precisavam ter
certeza.
Quando
o levava para o quarto, disse ao Jameson, não gostei desse sujeito, tem cara de
complicado.
Estamos
levantando o desaparecimento de jovens entre a época do teu nascimento, se
existem mais denúncias. Principalmente
se eram crianças judias.
Mais
tarde, já quase final do dia, veio o Jameson, com um agente da Mossad, já
sabiam que ele não era filho do tal sujeito.
O Rabino tinha contado que o casal, ajudava as famílias que não tinham
filhos, trazendo em adoção dos Estados Unidos.
Que ele Omar, não tinha sido aceito pela família que estava destinado,
porque sem querer souberam que a mãe, tinha sido viciada em drogas. Normalmente, as crianças mal nasciam, eram
embarcadas para Israel.
Localizaram
o filho do sujeito, atualmente servia no exército. Já tinha se rebelado contra o sistema ultra
ortodoxo. Nessa confusão, ele descobriu
que tinha já 18 anos, não 16 como pensava.
Tinham inventado um nome para ele, nada era verdadeiro, quem tinha o
nome de sua família americana era o Rabino.
Ao ser
contatada, a família disse que sentia muito, mas que sua filha tinha morrido
depois do parto, que tinha já uma família grande. Não o iriam reclamar.
Pediu
ao Jameson que o ajudasse, não vão me deixar sair daqui. Preciso de um passaporte para ir embora.
Ele
disse que ia ver o que podia fazer, já que ele era maior de idade. Brincando disse que com essa podia pensar em
deixar passar a mão na sua bunda. Ficou
de pau duro imediatamente.
Dois
dias depois, lhe trouxe um bilhete de avião, bem como um passaporte. Aqui tem o
nome de tua família, mas terás que usar esse nome que tens Omar Ben Simon.
Amanhã
vou levar-te ao aeroporto.
Ok,
nem sei como te agradecer.
Não é
preciso nada. Riu que ele continuava ficando excitado cada vez que falava com
ele.
Perdão
não posso controlar, sinto uma atração incrível por ti.
Nessa
noite, bateram na porta, Jameson entrou.
Sentou-se numa poltrona, estava de bermuda e camiseta.
Foi
direto, perguntou se ele era virgem.
Claro
que sim, mas sempre me senti atraído por homens, sempre gostei de ficar
observando na rua a bunda deles.
Como
fizeste com a minha?
A tua
é muito bonita, mas sou honesto de te dizer que nem sei como se faz sexo com
outro homem.
Quando
Jameson se levantou, pensou que ia embora, ia lhe pedir para conversar mais um
pouco, o que ele fez foi tirar toda sua roupa, o corpo era um espetáculo, foi
até ele, foi tirando a sua lentamente, tens um caralho considerável, vais fazer
sucesso.
O
colocou na boca, ele enlouqueceu, chegou a colocar a mão na boca, pois tinha
medo do ruído que podia fazer de prazer.
Teve
uma ejaculação de tanto prazer que sentia, mas seguiu com o mesmo duro, Jameson
se deitou do lado dele, você é muito bonito.
Não
sei fazer essas considerações.
Tens
um corpo de garoto, talvez pela má alimentação, mas faça exercício. O que pretendes fazer quando chegar lá.
Sou
sincero em dizer para ti, que não sei.
Pois se essa família não me quer, porque vou procura-los, quero fazer
uma universidade, estudar algo. Mas tudo
é complicado, preciso de um emprego. Um lugar estável.
O que
sempre nos impressionou desde o primeiro momento, é que tens uma inteligência
superior, uma linha de pensamento maduro, descobriste algo errado desde o
momento que resolveste fugir.
Para
de falar, falamos depois, não posso me controlar, se agarrou a ele, passando a
mão por aquele corpo perfeito, ia fazer exercício sim para ficar igual, pois
parecia um garoto, só o seu caralho era de um adulto.
Como
eres sem vergonha. A culpa é tua
Jameson, desde que te vi, fiquei interessado em ti. O Jameson se deixou
penetrar por ele, queria gritar de prazer, isso ele não faria com aquela garota
feia que tinham arrumado para ser sua mulher.
Fizeram
mais uma vez, até que Jameson, eres incansável.
Vou
fazer uma coisa, meus pais vivem sozinhos, em New Jersey, ele tem um negócio de
madeiras, minha irmã acabou de casar-se, vou perguntar se podem te receber, até
decidires o que vai fazer da tua vida.
Quem sabe podes trabalhar para ele.
Gostei
da ideia, assim terei esperança ver-te novamente.
Pode
ser, estou meio farto disso, não era o que eu pensava. Talvez volte para fazer um doutorado, mas
ainda são planos.
Ele
ia, embora, pediu que ficasse para dormir com ele, se agarrou a ele como uma
tabua de salvação. Calma, disse rindo,
assim não posso respirar.
Se
despertaram os dois super excitados, fizeram sexo outra vez, Jameson, disse ao
seu ouvido, nunca ninguém entrou assim tantas vezes em mim, nem me deu tanto
prazer. Não vás chegar agora em NYC
sair fazendo sexo com todo mundo.
Não,
vou te esperar, prometo.
Jameson,
voltou vestido, ele estava com a mesma roupa. Não tens um casaco, em NYC vai
estar nevando.
Não só
tenho isso. Espera, logo voltou com um
casaco de plumas, tem um rapaz da cozinha que tem um corpo igual ao teu.
Ele
ficou furioso, não queria aceitar.
Por
que isso?
Sinal
de que fazes sexo com ele.
Nem
pensar, não é interessante, tampouco inteligente como tu, além de saber me
deixar louco.
No
meio do caminho, ele passou várias vezes a mão pelas pernas, pelo sexo do
Jameson. Quando chegaram ao aeroporto, foram
ao banheiro, ele pediu se podia chupar seu sexo outra vez, acabaram transando
no banheiro.
Menino,
comporte-se.
Se
ficas comigo Jameson, fico aqui.
Não o
melhor é ires embora antes que comecem a te chamar para depor nos juízo contra
o Rabino, e o velho. Podem acontecer
muitas coisas, o Consul acha que é a melhor maneira de te proteger.
Mostrou
uma foto para ele, meu pai vai te buscar no aeroporto,
Ele de
brincadeira disse que era mais bonito do que ele, vou me jogar em cima dele.
Jameson
disse ao seu ouvido, irei em breve para casa, pedi licença para passar o natal,
aí resolvo minha vida.
Menos
mal, vou estar louco de saudade de partes do teu corpo.
Garoto
deixa de ser sem vergonha. O arrastou
para trás de uma coluna lhe deu um beijo na boca. Cuida-te, deixe que meus velhos te ajudem,
são boas pessoas.
Queria
se agarrar a ele, para ficar, ficou olhando ele se afastar, pois tinha que
passar para o embarque, de manhã sozinho
tinha contado o dinheiro, tinha suficiente para um bom tempo, mas ficaria na
casa dos pais do Jameson, para poder espera-lo, estava desesperadamente
apaixonado.
No
avião escutou alguém reclamando que tinham lhe retirado o dinheiro que pensava
levar.
Ufa
tive sorte, pois como o Jameson o tinha levado, não passou no controle, afinal
só tinha a mochila, meio vazia, o dinheiro tudo nota grande, estava enrolado na
camiseta suja.
Acabou
dormindo, só despertando em NYC. Saiu
confuso do avião, ainda com sono, passou os controles, quando finalmente chegou
fora, viu o pai do Jameson, era ele mais velho.
Pensou com um sorriso na cara, se ele ficar assim continuarei o amando.
O
homem se apresentou, Jimmy.
Ele pediu
que falasse devagar com ele, pois não dominava muito a língua, nem se tinha
dado conta que sempre conversava com o Jameson em sua língua. Nunca em inglês.
Ficou embasbacado
com a visão da cidade. Jimmy lhe
perguntou se nunca tinha visto nada da cidade, na televisão, no cinema.
Não
senhor, em casa não tinha televisão, era pecado, cinema nem pensar, eram muito
estritos.
Ele
avisou, minha mulher fala muito rápido, mas é um anjo de pessoa. Vamos passar na escola, aonde trabalha para
irmos almoçar. Tinham passado dois
tuneis, isso o tinha feito rir, era como uma criança descobrindo coisas novas.
Jimmy
ria com ele, procurou entender como devia ser uma pessoa em que tudo está
proibido.
Parou
o carro, subiu uma mulher morena, linda, o abraçou e beijou, ele não estava
acostumado, explicou isso. Posso parecer desajeitado conforme o tratamento
amoroso das pessoas.
Ela
era muito diferente do Jameson, pois era morena. Quando verbalizou isso, ela riu, saiu a ele,
disse que ele era descendente de irlandeses, ela de italiano, uma bela
combinação.
Jimmy
pediu que ela falasse mais devagar, pois ele não tinha vocabulário, precisa
pensar para responder.
Foram
a um restaurante italiano, da irmã da Maria, as duas falando, o deixaram tonto,
não entendia nada. Jimmy ria a bessa,
não se preocupe que as vezes eu tampouco entendo.
Quando
viu tanta comida, não sabia aonde atacar primeiro. Na casa de seus falsos pais,
comiam normalmente uma sopa, cheia de pão velho, uma salada, nada mais. Carne nunca.
Maria
percebeu, explicou para ela o que comia na sua casa.
Por
isso meu Jameson disse que estavas desnutrido, mas eu vou cuidar de ti.
Quando
chegaram em casa, ela perguntou pela sua maleta.
Só
tenho essa mochila com uma camiseta, nada mais.
Está o
olhou de cima a baixo, saiu. Ele não
entendia.
Aqui
todos somos amigos, com certeza ela já sabe teu tamanho, deve ter ido pedir
roupa que esteja pequena para suas amigas.
De
verdade voltou com duas bolsas de roupa, roupa de inverno, camisetas, calças
jeans.
Ele
agradeceu.
Não
acredito, ele agradece, o Jameson, ficava furioso, não gostava aproveitar roupa
dos outros.
Venha,
vou deixar você descansar um pouco. Quando
iam subir, tocou o telefone, era ele falou com os pais. Depois falou com ele em
hebraico. Como sabia que os pais não entendiam, disse sem pensar, tenho
saudades de ti.
Eu
também, perguntou da viagem, da primeira impressão, logo estarei aí, um beijo.
Ele
sentiu realmente o beijo. Quando chegou
no quarto, Maria disse que era o quarto do Jameson, o que era da minha filha,
vamos reformar, está cheio de coisas.
Ela
tentava falar devagar, mas se atropelava.
Mostrou
o banheiro, tome um bom banho, descanse.
Ele
queria ficar dentro do quarto, abriu o armário, tinha roupa do Jameson ali,
sentir seu perfume o deixava doido. Viu
fotos dele, em cima de uma estante, uma em traje de banho, abraçou a fotografia,
podia sentir sua pele junta a dele.
Se
deitou na cama, imaginando que estava ali com ele, começou a chorar baixinho,
lhe doía o corpo todo, talvez tenha pensado, ele é a única pessoa que me quis,
me deu carinho em tão poucos dias, mas foram verdadeiros.
Desceu
depois vestido, conversou com a Maria, preciso de umas aulas de conversação.
Vamos
ver o que podemos fazer. Eu dou aula de
teatro na escola, queres vir, assim escuta as pessoas falando, estou como todos
os anos montando um espetáculo de final de ano, esse para ser diferente,
resolvemos fazer um apanhado de tudo que já fizemos.
Foi
com ela, estava com problemas, ninguém queria fazer Yentl, cantar “papa can you
hear me” que segundo ela cantava Barbra Streisand, quando montamos, quem cantou
foi o Jameson, pois ninguém queria cantar.
Meu filho tem uma voz linda.
Ele
disse que não sabia quem era a cantora.
Quando
ela lhe perguntou se tinha visto o filme, afinal era uma história judia.
Teve
que contar outra vez que em casa não tinham televisão, era proibido ir ao
cinema.
De
noite estava irritada, com isso, o Jimmy estava vendo um futebol americano na
televisão, perguntou se ele gostava?
Nunca
joguei nada disso, acho um absurdo ficarem brigando por causa de uma bola.
Maria
ria horrores, penso o mesmo.
Tirou
toda sua roupa na hora de dormir, ficando nu, pegou um blusa de capuz do
Jameson, vestiu, tudo para poder sentir o cheiro dele.
Despertou
de madrugada, com alguém cantando, se vestiu, desceu, era Maria vendo o pedaço
do filme que cantavam a música que ela queria que os alunos cantassem.
Ficou
sentado na escada prestando atenção, buscando entender a história. Ela o viu, ele perguntou o que era a
história. Lhe explicou, ele riu, eu
querendo escapar disso tudo.
Realmente
as mulheres na sinagoga ultra ortodoxa, é como se não existissem. Ficam totalmente a parte. Os cantores são
homens. Quer ver como é. Começou a
cantar baixinho, uma das coisas que eles cantavam.
Que
voz tens?
Vê se
consegues cantar essa. Eu escutei três
vezes, mas posso tentar. Cantou de um
folego só a capela.
Maria
ria, me salvaste, mais mostrar a esses meninos como se faz, mas vamos fazer
diferente, imagina que estas na sinagoga, em vez de ser essa música religiosa,
cante a do filme.
Ele
fechou os olhos, começou baixinho. Na
sua cabeça traduziu para o Hebreu, quando terminou recomeçou cantando em sua
língua.
Ela
batia tantas palmas que Jimmy se levantou para ver o que acontecia.
Ela
comentou, que era um segredo dele, dela, ele ia salvar a apresentação, para o
final de semana. O bom que o Jameson já
estará aqui.
Ele
abriu os olhos, como?
Jimmy,
soltou, eu disse que não contasse para ti, não sabes ficar de boca fechada.
Ele
voltou para a cama, estava excitado só de imaginar ele ao seu lado. Fechou os olhos imaginando passar as mãos
pelo seu corpo, ejaculou sem sequer segurar seu caralho.
Voltou
com ela a escola no dia seguinte, ela trabalhou com os alunos, sem comentar
nada, quando todos foram embora, ela falou com os que a ajudavam. Vamos fazer um Yentl diferente. O Omar, vai cantar em hebreu e inglês.
Vamos
tentar encaixa-lo na música.
Ele
disse que não, tinha que ser a capela, porque senão não fazia sentido.
Assim
fez, fechou os olhos tentou imaginar que estava na sinagoga, cantando uma música
profana.
Ela
gravou para depois mostrar para ele.
A
pergunta dele, era se o Jameson ia gostar?
Claro
que sim.
Sem se
preocupar, então soltou, vou cantar para ele, o meu salvador.
A
semana passou voando, Maria conseguiu a roupa como ele disse, inclusive os
chales usado pelo cantor.
Era
uma segredo entre os dois. Jameson,
chegou na sexta feira de manhã, mas tinha ido diretamente a Washington, para
resolver suas coisas.
No
sábado de manhã, tinha chegado muito cedo, ele ainda estava dormindo, depois de
falar com os pais, disse vou ver meu menino.
A mãe
soltou, ele te ama muito, todos os dois sabiam que ele era gay, sempre tinha
confiado nos pais.
Tome
cuidado para não magoa-lo, pois se vê que não sabe que caminho tomar.
Subiu
descalço para não fazer barulho, abriu a porta do quarto, riu quando o viu
vestido com sua roupa, deu a volta na cama, tirou toda sua roupa, se deitou ao
lado dele, falou no seu ouvido, estou aqui em carne e osso.
Ele
soltou um grito de felicidade. Mas já
estava sendo beijado, não posso deixar de pensar em ti. Nem pensei que soubesse o que era amor. Senti tua falta, falava com você na minha
cabeça.
Calma,
estas parecendo minha mãe falando, só que ele falava hebreu.
Estavam
os dois de pau duro, mas se contiveram.
Vou tomar banho, para descermos para tomar café, estão esperando.
Posso
ir contigo, ele ficou sentado enquanto Jameson tomava banho, não entrava,
porque sabia que acabariam fazendo sexo.
Depois tomou banho frio, Jameson disse que estava louco, ele mostrou seu
sexo duro, é o jeito.
Quando
desceram os pais os esperavam sentados. Tentou acompanhar a conversa deles, não
tinha entendido uma coisa. Lhe perguntou
o que tinha dito aos pais em Hebreu.
Que
deixei meu emprego, não quero mais fazer esse tipo de trabalho, vou fazer uma
pós graduação em filologia, lhe explicou o que era, em língua árabe, tenho um
posto vacante na universidade, volto a dar aulas que gosto. Não gosto disso de ser espião, não vai
comigo.
Não
gostaram muito, mas disse que não queria continuar.
Não
vais mais embora?
Não,
estas contente.
Nem
precisava perguntar a cara dele, era de felicidade.
Almoçaram,
depois ele e Maria foram ensaiar, Jameson foi dormir, pois estava cansando.
Gostas
do meu filho, verdade Omar.
Eu o
adoro, ele me entendeu desde o primeiro momento, se negou a fazer sexo comigo,
porque pensava que eu era menor de idade, eu também pensava, só aceitou porque
viu que eu já tinha 18 anos, que realmente estava apaixonado por ele.
Ela
ria, tenho medo pelos dois, pois eres mais jovem que ele, não tens vivência.
Senhora
Maria, sim sou jovem, estou inclusive descobrindo quem sou, pois na verdade não
sei, a única coisa que tenho certeza, que é o que me salva, é saber que o
quero.
No
final do dia Jimmy junto com o filho, vieram assistir o espetáculo, estava
lotado, sabiam que Maria, convidava muita gente das escolas de música e
teatro. Dali já tinham saído dois
atores, uma cantora que já era conhecida.
Ela tinha telefonado para dois professores da Juilliard que eram seus
amigos. Quero que conheçam uma pessoa
diferente ao cantar.
Tinha
deixado o número dele, para o final.
Este ano, fizemos diferente, em vez de montar um musical, fizemos um
apanhado de tudo que já fizemos. Agora
para o final, o rapaz não é aluno da escola, acabou de chegar ao pais, uma
larga história. Como ninguém queria
cantar essa música, ele resolveu me ajudar, me convenceu a fazer de outra
maneira.
As
luzes se apagaram, ele apareceu no meio do palco, com a indumentaria completa
de um cantor de sinagoga. Se concentrou
como tinha aprendido a fazer, mentalmente pensou isso é para ti Jameson.
Começou
a cantar a música a capela, como faria um cantor durante uma cerimônia, mais ou
menos no meio, passava para o hebreu, o silencio em volta dele era
impressionante, voltou a cantar em inglês.
O público
aplaudiu em pé. Ele viu quase no final o
Jameson ao lado do Jimmy, sorriu para ele.
Batiam
tantas palmas, queriam que cantasse outra vez.
Ele tinha escutado num walkman velho uma música, que na caixa estava
escrito, minha música preferida. Concordou
em cantar outra música. Cantou Moon
River a capela, olhando em direção aonde o Jameson estava sentado.
Quando
acabou tudo, viu que Maria falava com dois homens, um muito branco, outro muito
negro. Apresentou os dois, são
professores de música da melhor escola daqui.
Querem que te apresentes lá para conseguir uma bolsa de estudo, a
seleção é depois do ano novo. Queres
fazer.
Ele
foi honesto, como não sei o que fazer da minha vida, aceito, pelo menos movo a
inercia.
Ficaram
olhando para ele, Jameson que chegava, explicou o que ele queria dizer, a história
do Omar, é muito especial, nem meus pais sabem direito. Ele conhecia os dois, se quiserem venham
amanhã almoçar, eu conto, junto com o Omar sua história.
Iam
comer no restaurante, ele disse que seria impossível, do lado de fora se
escutava todo o ruído, fico confuso.
Prefiro comer um hamburguer como aquele que me conseguiste no primeiro
dia.
Passaram
num Mcdonalds, compraram para levar, nem sabia que existia isso. Depois ficaram os quatros comendo em
silencio.
Jimmy
foi quem soltou, eu entendo nada de música, mas a Maria entende, se não tivesse
casado comigo, teria sido uma grande cantora, colocou a mão sobre a dele, te
amo meu coração.
Como
sabias que aquela música era minha preferida?
Estava
escrito na caixa da fita do walkman.
Dormi dois dias escutando a mesma. Me fazia sentir mais perto de ti.
Nessa
noite fizeram sexo com cuidado, porque ele disse que seus pais podiam escutar.
Mas só
o fato dele estar ali, lhe completava.
Temos
que ir ver um apartamento perto de aonde vou estudar e trabalhar, se entras
para a Juilliard, também. Queres viver
comigo?
Mas
tenho que arrumar um emprego, como vamos repartir as despesas.
Eu sei
que pegaste o dinheiro da caixa dos velhos, ele disse que só podia ter sido
tu. Tanto reclamou que a polícia lhe
disse que não ia precisar dele mais, pois ia passar o resto dos dias presos,
pois trazer crianças de contrabando para Israel, é crime.
Eles
tinham um complô com o rabino, os jovens que fossem parentes próximos demais,
eles conseguiam crianças, para não terem na comunidade risco de crianças
retardadas.
É
verdade, tem muito retardado, mas eles escondem.
De
manhã, sabiam que seus pais iam a missa, fizeram sexo como aos dois gostavam, disse
ao Jameson, eres meu primeiro homem, espero que sejas o último.
Jameson
disse que ele já estava diferente, mais gordinho. Terás que fazer exercício,
para ficar com um corpo como o meu.
Começaram
tudo de novo, um determinado momento, perguntou se ele podia lhe penetrar,
tenho que saber como é, pois não é justo só eu fazer isso.
Com
muito cuidado Jameson o penetrou, ficou alucinado, sentado em cima dele, os
olhos dele, brilhavam. Se sentiu em
fogo, a cara do Jameson o excitava, era como uma roda viva, quanto mais um
ficava excitado, mais ficava o outro.
Terminaram ao mesmo tempo. Beijando-se como loucos.
Jameson
soltou que nunca em sua vida tinha tido uma experiencia assim.
Só posso
dizer que te quero, meu homem.
Depois
Jameson percebeu que tinha livros fora da estante.
Sim
estou lendo esses dois ao mesmo tempo, porque os assuntos, são contrários entre
si, mas ao mesmo tempo se completam.
Como
chegaste a essa conclusão, depois ele ficou admirado com a logica que ele
usava, acredito que serias um excelente aluno ou de filosofia, ou de literatura
comparada. Buscou entre seus livros,
dois de autores demasiados extremistas, lhe deu para ler, vamos ver como se sai
nessas.
Omar
colocou os dois na sua mochila, sorriu dizendo que teria que passar numa
papelaria para fazer compras
Ele
achou graça como ele se comportava. Mas foram olhar apartamentos perto da
Universidade, Jameson, no seu trabalho tinha conhecido muita gente, foi falar
com um agente imobiliário que tinha conhecido numa investigação. Explicou o que queria.
Tenho
um exatamente como queres, o venho guardando para um cliente especial, visto
pertencer a minha tia, ela vive no mesmo edifício, só a pouco tempo descobriu
que esse apartamento lhe pertencia, mas claro, nesse tempo o inquilino não
pagou nada, sequer o condomínio. Ela se
viu num aperto, depois de muita briga, conseguiu colocar o mesmo para fora.
Ficava
no último andar de um edifício antigo, precisava de uma boa mão de pintura, no
salão que tinha o chão de tabuas de madeiras, inteiras, teria que pedir ao seu
pai para conseguir arranjar, tinham arrancado todas. Tinha dois quartos, dois banheiros, uma
cozinha americana pequena, uma parte da varanda era fechada, mas o chão estava
estragado porque tinha deixado aberta, com chuva e neve, foi a merda.
Chamou
seu pai, Jimmy, olhou examinou tudo, sorriu , deixa comigo, no dia seguinte
começaram a arrumar tudo. Jameson tinha
os moveis de seu antigo apartamento guardados no armazém do pai.
Iriam
usar o segundo quarto para uma sala de estudos.
Mas claro nem tudo era perfeito, tudo era em número singular, pois ele
sempre tinha vivido sozinho. Então o
jeito foi comprar uma nova poltrona para o salão, mas deixou que Omar
escolhesse tudo.
No dia
5 de janeiro, ele tinha a prova na Juilliard, estava nervoso, tinha ensaiado
muito, Maria o tinha acompanhado ao piano, para se apresentar. Escolheu bem as músicas, que se adaptassem a
sua voz.
Mas
ele se apaixonou por uma das músicas preferidas do Jameson, “Good Morning
Heartch”, lhe cantava no ouvido de manhã, este ficava louco, lhe dizia com voz
rouca, assim não saímos da cama.
A
outra que preparou sozinho, foi Summertime, mas a fazia a capela, como um
cantor de Sinagoga, como que declamando a mesma com uma voz rouca. Teve o trabalho de mudar a letra para o
Hebreu, Maria quando descobriu, incluiu tocar para ele.
Acabava
ela chorando como uma Madalena.
Ele
tinha crescido, o médico tinha dito que seu estado de desnutrição, era
perigoso, pois podia ter uma tuberculose, que devia se proteger bem no inverno.
Nesse
dia fazia um frio infernal, nevava. Ela
tinha comprado para ele em segredo, uma calças negras, bem como uma blusa de lã
do gola alta. Parecia um brinquedo nas
mãos dela.
Estava
no fundo mais nervosa que ele. Teria que
cantar três músicas, ele começou com Good Morning Heartch, depois passou para
Moon River, ai fez o Summertime, a cara da banca era impressionante, duas
professoras tinham a boca aberta, pois a vocalização dele era perfeita, quando
terminou, uma senhora de cabelos brancos perguntou emocionada se ele podia
cantar Hasidic Kadish, ele fechou os
olhos, se lembrou de uma vez que tinham ido visitar uma sinagoga no centro de
Jerusalém, que um cantor cantava essa música, fez um sinal de um minuto.
Com os
olhos fechados cantou, com todas as nuances dessa música, ficou cantando como
fosse para a mãe que não tinha conhecido, já morta.
Quando
terminou, a mulher chorava copiosamente, se levantou da mesa, foi abraça-lo,
meu pai morreu ontem em Israel, não pude ir ao enterro. Muito obrigado meu filho.
Maria
ria, agora os professores disputavam entre si quem ia ser seu professor. A senhora perguntou se ele sabia ler
partituras.
Nem
sei o que é isso, lhe respondeu.
Pois
serás meu aluno de aprender a ler, escrever partituras. Estava feliz da vida.
Entregaram
a Maria, cada um, uma folha do que podiam ensinar, ele que escolhesse.
Ela
ria como uma louca, venha, vamos visitar um parente meu, Jameson e Jimmy já
estão lá nos esperando. Era um
restaurante dos antigos de Little Italy, depois do Soho, ela só faltava dançar
pelas ruas, ele estava aturdido, lhe dizia para falar com calma, pois estava
confuso, as paredes o escutavam, mas ela dizia, depois te explicarei, mas preciso falar, desabafar. Pararam numa praça, ela tirou uma garrafinha
de água da bolsa, tomou uns goles, passou para ele, que a olhava assustado.
Verás,
eu fiz essa prova, fui classificada, mas já estava gravida do Jameson, tinha
que escolher entre meu filho que ia nascer ou uma carreira. Escolhi meu filho. Agora você se classifica melhor do que
eu. É um sonho.
Quando
chegaram ao restaurante, ela falou com os parentes, quando sentou-se à mesa,
perguntaram então.
Omar,
estendeu a mão, ela responde.
A cara
dos dois era ótima, parecia que tinham aberto uma comporta de palavras, ela
misturava italiano com inglês. Quando
fez uma pausa para tomar água, Jimmy tomou as rédeas, não entendemos nada,
respire fundo, fale devagar, sabia como controlá-la, olhe estão todos olhando
para cá, pensam que estas louca.
Ela
respirou fundo, começou a falar lentamente.
Os professores no final, estavam brigando por causa dele, todos o querem
como seu aluno. Sinal que tem
potencial. Contou o que ele tinha
cantado para a professora de partituras.
A mulher chorou muito, pois não ido ao enterro de seu pai em Israel.
Jimmy
de gozação disse, vais precisar rápido de um agente, pois quando começarem os
contratos, tem que ser alguém que te conheça bem. Ele olhou para o Jameson, este ria, o Jimmy a
mesma coisa. Mas ao responder a
pergunta, foi com outra.
O que
faz essa pessoa, nunca ouvi falar num agente, só conheço do de polícia.
Riram
horrores com sua inocência. Maria lhe
estalou dois beijos na cara. Agora já
estava se acostumando a esses arranques dela.
Quando
lhe explicaram, ele balançou a cabeça, mas se é isso já tenho um, sinalizou a
Maria, foi ela que arrumou toda essa loucura para minha vida.
Ai de
ti se não me escolhesse.
Jameson
ria dizendo, salvo pelo gongo.
Dali
iriam a Universidade, já tinha seus papeis da escola Hebraica. Tinha resolvido fazer Literatura, depois
faria literatura comparada.
Novamente
Jameson tinha mexido seus conhecimentos, o levou para ser entrevistado por um
senhor muito maior.
Simplesmente
perguntou o que ele estava lendo, ele tirou os dois livros da mochila, Jameson
me disse para ler isso.
Sem
parar, foi falando, fico pensando como duas pessoas, em época distintas, podem
falar a mesma coisa, mas com palavras diferentes, à primeira vista, parece que
esse mais moderno está renovando alguma coisa, mas tudo é uma manipulação
exclusiva da palavra.
Falou
durante cinco minutos, o senhor, lhe estendeu um copo d’água, estava rindo, ele
deve ter feito isso de propósito, o muito filho da puta. Sabe que eu batalho com esses dois livros
com os alunos, nenhum faz o que você acabou de fazer.
Ele me
disse que lês a muito pouco tempo?
Sim,
era pecado ler livros que não fosse os sagrados.
Contou
do livro que tinha achado, e que tinha lido mil vezes escondido, tem uma página
que gosto muito, repetiu de cabeça tudo que tinha lido. Desde que cheguei aqui fui lendo por
sequência, os livros que estão na estante do quarto, da primeira, li primeiro
os que via muito manuseados, pois era evidente que ele gostava desses textos.
Mas o
que gostei mesmo, pois parece uma história de um homem se debatendo
continuamente com suas próprias ideias, porque se paro para analisar, cada
momento, no fundo ele está analisando seus atos, mesmo quando se pode imaginar
que está louco, não está, analisa essa loucura transitória.
De que
livro falas tu?
Don
Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes, fiz uma série de anotações sobre
o assunto, mostrou ao professor, a cada capitulo, ele analisava o que realmente
entendia do personagem.
Quando
lhe perguntou a idade, respondeu, eu pensava que tinha 16, resulta que tenho
mais de 18 anos, uma larga história. Me
aborrecia nas aulas, com 10 anos sabia a Torá totalmente decorada folha por
folha.
O
homem fechou os olhos, lhe perguntou a página 134, o que diz?
Ele em
hebraico, recitou a página inteira.
Acreditas
nisso?
Honestamente
não, pois prega uma inverdade, o homem não é piedoso nunca, ao contrário, é
hipócrita, mentiroso, invejoso, muitas coisas mais.
Ok,
pode chamar teus pais, ele chamou a Maria, com o Jimmy, eles são o mais próximo que tenho de pais.
Bom
posso conseguir uma bolsa de estudos para ele sem problema nenhum, pois
demonstrou que tem uma cabeça privilegiada, mas exijo que faça aulas comigo de
literatura comparada, não posso perder a oportunidade, de dar os dois últimos
anos de aulas nessa faculdade, sem ter um aluno brilhante.
Ele
não tinha entendido muito bem? Que quis
dizer com tudo isso.
Bom,
terás uma bolsa de estudo, financiada por algum homem rico, que deduz isso dos
seus impostos, o que terás é dinheiro para estudar. Vivendo com o Jameson, estarás coberto.
Depois
te explicou direito, vendo que ele ficava confuso.
Foram
passar um final de semana fora, para relaxar de arrumar apartamento, transferir
os livros do Jameson.
Este
viu que ele já tinha uma caixa de cadernos, perguntou o que era.
Você
não vai querer que eu escreva nas laterais do livros, comprei isso, assim vou
anotando o que penso.
Veja,
como aqui a página é dupla, de um lado anoto o que pensei de um sobre o
assunto, busco o mesmo assunto no outro, escrevo do outro lado, depois analiso
os dois. Tudo era muito organizado.
Tiveram
que alugar roupa de frio, para andar na neve, mas ele adorou, finalmente tinha
uma família.
Quando
voltaram foram para o apartamento novo, havia alguns momentos, principalmente
na hora de comer que sentia falta da Maria, o som de sua voz, era sempre
quente. Quando disse isso ao Jameson,
ele riu. As vezes também sentia falta
disso, principalmente quando estava sozinho.
Uma vez no deserto, imaginei ela ali falando aos quatro ventos.
Iam
sempre comer no domingo com eles, sabiam que hora voltava da missa.
Omar
lhe perguntou por que não ia a missa?
Deixei
de acreditar em Deus.
Porque,
eu apesar de tudo continuo acreditando, imagina, se ele não tivesse me ajudado,
não teria te encontrado, nem a essa família que ansiava.
Quando
começaram as aulas, umas fazia de manhã, outras de tarde, de noite os dois se
reunião para jantar. Maria tinha uma
chave do apartamento, levava comida para eles.
Ele
dizia que era como estar em casa, ao mesmo tempo sentia falta dela. Jameson dizia a Jimmy, esse sem vergonha
quer roubar minha mãe. Ela como boa italiano, batia no peito dizendo
nesse coração tem lugar igual para os dois.
Estavam
preparando na Juilliard um especial, pela morte de Leonard Cohen, ele cantaria
duas músicas, agora já sabia cantar com a orquestra feita pelos companheiros, a
primeira seria Hallelujah, a cantaria em Hebreu, a outra cantaria com o grupo.
Tinha
lhe pedido que cantasse o Kadish, por ele ao final, mas que ele fizesse a
música. Ficou semanas ensaiando,
construindo uma letra com a Maria, ia todos os dias a sua casa pela manhã,
voltava no final do dia. Nos dois
últimos dias, dormiu lá.
Jameson
não gostou muito, me tens abandonado, não vê, que não posso viver sem ti.
Ele
ria, já te compenso esta noite depois do espetáculo.
O
mesmo foi um sucesso, o cantor anterior foi muito literal, a música deixava as
pessoas distraídas, quando ele começou a cantar Hallelujah, fez uma coisa que
tinha escutado, mas nunca tinha feito, o ruído que faziam os homens e mulheres
com a língua. Todo mundo parou o que
estava olhando ou falando, ai então começou a cantar.
No
final, quando disseram que ele ia cantar um Kadish, muita gente ia começar a se
levantar, quando ele entrou paramentado de cantor de sinagoga, fazendo o som
com a língua. Mostrem respeito por um
grande compositor, escritor, cantor, um homem que honrava sua música, sua
língua.
Parou
no meio do palco, vazio, só ele sem acompanhamento nenhum começou a falar
primeiro o Kadish, soltando a voz, mas não cantando, para que as pessoas
entendesse o que ele iria dizer, isso o tinha preparado com a Maria, depois
soltou sua voz maleável cantando a ode que tinha preparado. Terminou com Hallelujah, a parte final.
Tinham combinado que entraria todos os cantores com Hava Maguila, os jovens da
orquestra, entravam tocando, dançado ao mesmo tempo.
O público
se levantou cantando junto.
Quando
saiu do palco, Maria, o abraçava, ficou perfeito. Estava ao lado dela, um homem, viu logo que
era um rabino, ela o apresentou, Abed Wailler, rabino de uma sinagoga, pequena,
integrada por negros, bem como alguns drusos.
Queria que no domingo fosses cantar para eles. Não podem pagar muito.
Gostou
da cara do homem, se via que era jovem.
Estava rindo com ele, quando Jameson chegou, se conheciam, disse que
tinham estudado juntos na universidade.
Maria
acertou sua agenda, iriam todos.
A cara
do Jameson, mamãe, a senhora precisa perder essa mania de organizar tudo,
incluindo todos. Não nos perguntou a
mim, nem ao papai se queremos ir.
Eu
quero ir, conheci o pai desse garoto, ele teve uma vida complicada, pai
alcoólatra, uma mãe que esfregava o chão de muito judeu rico. Ela era drusa, se sentia rejeitada por todos
da comunidade deles. Tua mãe era a
única amiga que ela tinha. Todos
esperavam que esse garoto fosse cair na
drogas ou nas más companhia, ao contrário, era a melhor nota da escola,
conseguiu uma bolsa de estudos para fazer universidade. Se tornou rabino, de uma comunidade de
excluídos, negros, judeus pobres marroquinos, etiopês, drusos. É uma pessoa muito séria.
Jameson
não teve outra maneira que ir também.
Ele
não cantou paramentado, pois sabia que a comunidade era pobre.
Quando
chegaram, viu que uma família chorava muito, perguntou o que se passava, o pai
tinha morrido na rua a um dia atrás, tiveram que o enterrar rápido, nenhum
filho tinha rezado o Kadish, pois não sabiam como rezar.
O
fazemos no final, o senhor reúne todos os filhos, faço junto com eles.
O
templo era pequeno, uma velha igreja católica que tinha sido cedida a anos pela
prefeitura, não tinha dinheiro para recuperar a estrutura.
Ele
oficializou com o rabino toda a cerimônia cantando. Ao final o rabino chamou a família, para o
Kadish. Ele primeiro falou, façam comigo
todos os primeiros movimentos, da oração, faremos juntos, devagar, depois ele começou
a cantar em hebreu.
No
final, junto ao rabino, ficaram ali apertando as mãos de todas as cores. Tinha se sentido emocionado, isso para ele
era mais comunhão que tinha sentido aonde tinha sido criado. Sabia todo o ritual porque era um observador.
Dois
jovens se aproximaram, podíamos falar contigo.
Sim
claro, que posso fazer por vocês.
Éramos
um grupo, mas nosso cantor virou cantor Pop, entrou para um concurso, também
precisamos alguém na percussão, mas que entenda de música árabe/judia.
Um
indicou ao outro, ele é druso, eu descendente de judeus com árabes, gostaríamos
que escutasse nossa música. Para ver se
podemos nos encaixar, queríamos cantar aqui na sinagoga, o rabino já nos
ofereceu o lugar, a acústica você viu é maravilhosa.
Em vez
de dizer vou pensar, soltou quando nos vemos?
Amanhã
a noite pode ser, por volta das seis, pois os dois trabalhamos.
Ok,
estarei aqui, o rabino que estava ao lado sorria, assim poderia captar mais
jovens para sua comunidade.
Vou
ver se na Juilliard encontro um percussionista.
Jameson,
no caminho de volta ia reclamando, agora isso, daqui a pouco não sobrara tempo
para mim.
Maria
estalou, deixa de ser egoísta, devias te juntar para ajudar esses jovens,
tiveste tudo, eles lutam por uma vida melhor.
Toma vergonha na cara, eu não te criei para que fosses o melhor do
mundo, mas sim para que fosse um homem justo.
O
silencio até em casa foi ótimo.
Quando
Jimmy, que tinha saído para comprar pão voltou, o silencio na casa era
ótimo. Mas foi dizendo que tinha encontrado
o padre da paroquia, que tinha perguntado aonde tinha estado que Maria não
tinha ido à missa. Era um homem muito
estrito, além de velho rabugento.
Devia
ter dito que mudei de religião, agora sou de uma religião que é o mundo de
Deus. Estou farta de estar fechada numa
igreja que não faz nada pelos outros.
Ninguém
ousava discutir quando ela ficava irada.
Omar
não disse nada, mas não estava disposto a perder a abertura que tudo isso
estava lhe dando, era o melhor aluno da universidade, as discussões com o velho
professor, era ótimas, os outros alunos, a princípio não entenderam. Estavam os dois discutindo numa análise de
dois livros que ele tinha indicado, buscando uma terceira via para entender o
que os dois escritores tinha realmente buscado transmitir. Aulas mais tarde, ele provocava que algum
outro estudante comentasse com ele como tinha feito anteriormente. Poucos se destacava, porque havia realmente
que ler profundamente um livro, analisar as frases, procurar um duplo sentido
nelas.
Com o
tempo alguns aderiram, se preparavam profundamente, porque sabiam que a batalha
com o Omar não seria fácil. Um dia
Jameson que passava pela classe do velho professor, ficou parado na porta, sem
que o visse, como Omar defendia as suas ideias, ele mesmo tinha lido e relido
os dois livros, não tinha entendido o que ele explicava.
Um dos
colegas dizia, que não estava escrito exatamente isso.
Ora,
soltou o Omar, esse escritor esteve sob o julgo da censura em seu Pais muitos
anos, tu crés que ele seria idiota de escrever realmente o que pensava. Ah, que ler o subtexto, bem como nas entre
linhas. Se pegas esta frase, a solta pelo
ar, escreveu a mesma no quadro. Ela não
quer dizer nada, é banal, idiota até, mas se a dividimos assim. Cortou a frase em quatro, leia só esse pedaço
da frase, quer dizer uma coisa totalmente diferente, agora o segundo, o
silencio era impressionante, o professor no fundo da sala, ria. Falou, eu sempre achei essa frase perdida
nesse mar de palavras, mas como você analisa, parecem formar ondas.
Jameson,
percebeu, que até a voz do professor estava mais jovem.
Quando
chegaram ao final, a frase resultava totalmente diferente, fazendo um sentido,
como uma mensagem em código.
Cada
escritor, espero não estar sendo louco ao dizer isso, principalmente dos países
complicados, sempre usaram uma linguagem dupla. Estou enganado professor.
Ah,
quero dar uma notícia antes de responder, hoje foi aprovado, ficarei mais dois
anos na universidade.
Meu
filho não estas errado, se analisamos a primeira edição de Arquipélago Gulag,
de Aleksandr Solzhenitsyn, verificamos, que tem pontos diferentes da segunda
edição.
O
primeiro foi mandado para fora da Rússia, ele ainda era um prisioneiro, muitas
coisas estavam em doble sentido, nas entre linhas. Por mais aberta que era a escritura, muitos
intelectuais ficaram sem entender, principalmente os que se diziam comunista.
Para
estes era uma bofetada em tudo que acreditavam.
Vou
ver se consigo uma cópia da primeira para analisarmos.
Ficou
sentado no pátio de longe, quando viu o professor saindo com a mão nos ombros
do Omar, falava com ele, como se fosse um igual a ele em tudo.
Ele estava
orgulhoso, agora entendia, que já não tinha só um garoto na cama para fuder,
mas sim um homem, com uma cabeça privilegiada.
Nesse momento se deu conta que o amava profundamente. Os dois continuavam fazendo um sexo, que
nenhuma experiencia anterior tinha conseguido chegar. Com ele era uma coisa completa.
Ele
conseguiu um rapaz que tocava guitarra, que também tocava o alaúde árabe, o
percussionista foi fácil, viu um rapaz moreno, uma cor distinta, não era negro,
disse que era da Etiópia, concordou levar dois aparelhos que ele gostava de
tocar para ver se encaixava.
Um
logo na primeira reunião, Maria compareceu, riram muito, pensava que ela seria
cantora, mas como todos eram jovens se encaixaram. Cada um mostrou o que sabia tocar. Gostaram do local de ensaio, bem como o
horário, todos tinham outras ocupações.
Um dos dois que ele tinha conhecido primeiro, pediram que cantasse a
capela, como tinha feito outro dia, vamos ver como nos saímos te acompanhando. Ensaiavam
todos os dias, ele estava ficando com um horário complicado, de manhã uma parte
Universidade, depois Juilliard, depois ensaio.
Estava
entre os tempos, escrevendo tudo que se lembrava da sua infância. Queria
escrever sobre isso, para ao mesmo tempo entender as coisas, achava que tinha
que preencher lacunas.
Dormia
agarrado ao Jameson, como se tivesse medo de perde-lo. Um dia esse despertou, com ele no meio de um
pesadelo. Estava sonhando com o dia,
que o velho tinha lhe dado a primeira surra, o chamava de bastardo, lhe retirava
o prato de comida, hoje não comes, ele não conseguia saber qual o motivo, era
como se aí tivesse alguma coisa oculta. Se fixou que a mulher, tinha uma folha
de papel nas mãos.
Ele
dizia a ela, vês, tudo porque não deste atenção ao atestado do hospital, aonde
informava que a mãe deste bastardo, vivia nas drogas. Está tudo escrito nessa página. Essa tua sede de ganhar dinheiro, ainda nos
vai levar a ruína. Agora infelizmente
ficamos com o idiota, pois seus avos dizem que não o querem, tampouco temos
documentos de nada disso.
Ela se
levantava da cadeira, olhava para ele, lhe dava uma bofetada, escutou o velho
falando, nem pense em mata-lo, pois nos comprometeria.
Estava
nisso, quando despertou com o Jameson o sacudindo.
Lhe
contou tudo do sonho, acho que tenho que saber a verdade ao fundo. Quem são esses daqui que são meus avôs,
porque não me queriam.
Entre
tudo isso que tenho em mãos, estou escrevendo tudo que me lembro a respeito,
foi o que me pediu o psicólogo, creio que sem querer abri uma gaveta que estava
fechada a chave na minha cabeça.
Eu te
ajudo, tenho os contatos, podemos ir dar uma olhada, verificar o porquê
rejeitaram a filha e a ti.
Ficou
agarrado a ele para dormir, mas sua cabeça dava voltas e voltas.
Pela
primeira vez, perdeu a hora de levantar-se, teve que se arrumar as pressas para
a faculdade. Se as aulas estiverem
chatas, ou não conseguir se concentrar me manda um WhatsApp, vamos dar uma
olhada no endereço que tenho.
Realmente
não conseguia se concentrar. Avisou que
podia sair.
Jameson
levava os papeis que tinha com o endereço.
Era em
Williamburg, Jameson, estava com o furgão do pai, lograram localizar o
endereço, era um prédio humilde, cheio de crianças, mães com carrinhos de
bebês, reunidas fazendo fofocas.
Perguntaram
pela família, uma das mulheres torceu o nariz, dizendo o andar o apartamento.
Quando
tocaram a campainha, se escutou um barulho incrível de crianças. Abriu uma mulher despenteada, uma roupa que
cheirava a usada, o cheiro da casa era igual.
Pediram para falar com ela, precisavam de uma orientação. Ela os fez entrar, a sala era uma confusão
incrível de roupas jogadas por todos os lados.
Ela
foi arrebanhando tudo, pensaram que ia levar para outro lugar, mas que nada
jogou tudo num canto.
Tenho
horror a casa, arrumar casa. Saíram duas
criança de idade indefinidas, meio desnutridas, são meus netos, meu filho está
no exército, sua mulher também, como estão de missão, as deixam aqui.
A senhora
tem mais netos?
Mais
dois, de meu outro filho.
Não
tem nenhuma filha, a cara dela se torceu.
Tinha uma, morreu com 16 anos, nunca soubemos realmente o que se passou,
a casamos, porque era uma boca a mais para alimentar, mas meses depois de
casada, sumiu de casa, se escapou do marido, veio pedir para ficar aqui, lhe
disse que tinha sua casa. Não soubemos
mais, até que vieram da polícia, que estava no hospital parindo. Nesse tempo o marido já tinha pedido o
divórcio, por abandono, nunca soubemos se o filho era dele ou não. Ela morreu no parto, ele não se interessou,
apareceu uma mulher nos ofereceu dinheiro por ele. Tudo que sabíamos era que vivia na rua, aonde
parece ser que se drogava.
Porque
a senhora não a ajudou, era sua filha.
Nós
quando uma filha se vai de casa, é um alívio, porque não servem para muita
coisa.
E seu
neto, nunca procurou por ele?
Bom o
dinheiro que ganhamos por ele, nos ajudou durante um tempo, para que os meninos
estudassem, nada mais.
Tudo
era de uma simplicidade absoluta, nem se preocupava com o que estava contando.
Omar
fervia de raiva.
Bom eu
sou o seu neto, fui maltratado, tive milhões de problemas, pois como na ficha
dela constava que tomava drogas, ninguém me quis em adoção. Durante quase toda minha vida, pensei que a
bruxa que chamava de mãe, o era de verdade.
Levei muitas surras, fui sacudido, mas nada disso me impediu, seguir
adiante.
Aonde
está seu marido.
A cara
dela era de espanto. Trabalhando, é
alfaiate, mande um desses meninos ir chama-lo.
Eu telefono,
falou com o homem em hebreu pensando que ele não entendia. Ele cortou o que ela falava, pegou no
telefone, creio que o senhor deve vir imediatamente a sua casa, pois vou chamar
a polícia.
Dez
minutos depois chegava um homem gordo, com os cabelos sebentos, mal vestido
para quem era um alfaiate. Chegou sem
folego.
Estive
aqui conversando com essa senhora, sobre sua filha. Ele repetiu mais ou menos o que tinha falado
ela, apenas disse que sua filha e seu neto tinham morrido.
A
mulher fazia sinal para ficarem quietos.
Bom
senhor, eu sou seu neto, sua mulher me vendeu a uma mulher que levava crianças
daqui para Israel, para casais que fosse consanguíneos, para que estes tivessem
filhos.
Qual a
satisfação que deram ao marido?
Nunca
soubemos se ele era o pai da criança ou não, pelo tempo acreditamos que sim,
ele apenas sabe que ela morreu. Ele era
muito mais velho do que ela, estava solteiro, nunca tinha se casado.
Pode o
senhor telefonar, para saber se podemos visita-lo, não diga nada os dois falamos
hebreu, portanto, somente pergunta se podemos ir até sua casa, o senhor nos
leva.
Escutaram
a conversa, quando saíram o marido disse para a mulher, conversamos quando
volte.
Estava
furioso, andei como um louco procurando minha filha pelo bairro, depois pela
cidade, mas nunca encontrei, era o proprietário do atelier, acabei tendo que
vender, por não conseguir trabalhar. Quando
minha mulher chamou do hospital, dizendo que estava morta, foi tudo uma grande
confusão. Ela sempre toma a frente de
tudo, menos da casa, é relaxada. Disse
que enterrariam minha filha com o bebê, já que era um bastardo.
Agora
entendo, porque enquanto eu estive deprimido, havia dinheiro em casa para
tudo. Pensei que tivesse sido a
comunidade que tivesse ajudado. Hoje
trabalho no atelier, que foi meu, passei a ser um simples ajudante.
Olhava
para o seu neto, tens coisas dela, essa maneira de olhar inquisitória, ela era
frágil, mas inteligente, era a melhor de sua classe. Até que a mãe quando fez 16 anos resolveu
que tinha que se casar. Quando ela
mete uma coisa na cabeça, não há maneira de tirar a ideia de lugar.
Tinham
oferecido esse professor, para ser seu marido, ele tinha cuidado dos pais, que
vieram da Polônia, depois da guerra. Seria raro que uma mulher quisesse se casar
com ele, pois além de nunca ir a sinagoga, vinha com uma bagagem pesada. Seus pais tinham perdido o juízo.
A casa
estava toda fechada com grades.
Quando
o homem abriu a porta, foi para o Omar, como se ver num espelho. O homem ficou confuso, meu nome é Yosef
Rabkin, em que posso ajudar.
A casa
estava em perfeita ordem, nada fora de lugar, tudo limpo. Mas realmente as janelas tinham grades.
Contou
a história, escondeu a cara entre as mãos, nunca pude pedir perdão a ela, pela
minha brutalidade. Estava destroçado,
meus pais tinham morrido, vim com eles desde a Polônia, estávamos subnutridos,
aqui nos ajudaram, eu comecei a estudar, mas eles, nunca conseguiram voltar a
realidade, pareciam crianças, que se perderam num labirinto, era muito difícil
cuidar deles, eu tinha que trabalhar para sustentar os dois, me esqueci de
casar, de manter um relacionamento com uma mulher.
Só fui
me preocupar com isso, quando fiquei literalmente sozinho, essas mulheres que
arrumam casamento, ficaram o tempo todo atrás de mim. Quando conheci sua filha, se dirigia ao seu
avô, vi que era querida pelo senhor, pensei é uma pessoa amorosa. Era ela quem mantinha a casa em ordem.
Foi
tudo muito rápido quando vi, já estávamos casado, nem sabia como me comportar
com uma mulher na cama. Ao mesmo tempo
era brusco, sentia minha intimidade invadida.
Estava acostumado que tudo estivesse no seu lugar como antes. Nem lhe dei tempo de pensar que era a dona
da casa. Tudo que eu sabia de sexo era a masturbação, com isso me contentava,
até que tentei por todos os meios fazer sexo com ela, não da forma essa idiota
dos que vão a sinagoga, rasguei suas roupas, a penetrei sem preparação nenhuma,
como te masturbas estava pensando só no
meu prazer, o dela achava que era igual ao meu.
Foi um verdadeiro horror, descobrir a cama cheia de sangue. Fiquei fora de mim, pois tinha me comportado
como um selvagem, a partir dai não houve remédio, ela morria de medo de
mim. No fundo eu também pois me sentia
um mal nascido, um bruto. Por mais que
tentasse, não me deixava me aproximar, um dia voltei para casa não estava,
procurei, falei com a polícia nada. Fui
a casa deles, tampouco sabiam nada. Sua
mulher disse que por lá não tinha aparecido.
Mas
ela a viu sim, sequer a deixou entrar, disse que ali não era mais sua casa. A cara do velho era de ódio absoluto.
Só me
avisaram quando o caixão já estava fechado, com ela, o bebê dentro.
Só
ela, o bebê sou eu.
Por
isso eres parecido comigo. Olhava para
Omar com verdadeira adoração, ignorando o resto começou a lhe perguntar, gostas
de ler? Música, parecia um garoto que
encontra outro que tem afinidades.
Lhe
deu pena dele imensa, não sabia que de sua brutalidade tinha nascido um filho,
não tinha tido tempo de se desculpar.
Bem
tua sogra me vendeu a uma mulher que comprava bebês, para casais em Israel,
tinham que ser judeus. Mas claro, ela
viveu na rua, constava que tinha usado drogas, nunca saberemos se era
verdade. Então ninguém quis me adotar,
me criaram eles, me deram uma vida de merda até que consegui escapar. Aqui estou.
O
homem tinha sede de saber tudo desse filho que pensava morto. Podemos nos ver mais vezes, trocaram
celular. Ficou com pena dele. Tinha culpa, mas nem sabia basicamente que ele
tinha existido.
Foram
levar o outro para casa, quando chegaram viram uma baita confusão na porta, era
a mulher arrastando malas imensas, para ir embora.
Um
detalhe importante, sem sair do carro, fez um gesto ela que se apanhe, tua mãe,
não era filha dessa bruxa, era filha do meu primeiro casamento, por isso a
casou, para se livrar dela, meu sonho era que minha filha fosse para a
universidade, os filhos desta são um vago, o que está no exército, foi obrigado
a ir, ou iria para a cadeia. Tem dois
filhos, cada um de uma mulher diferente.
O outro nem ideia de aonde anda. A Casa é esse chiqueiro que vocês veem.
Ainda
por cima essa filha da puta, te vendeu ao melhor postor, melhor que vá embora,
antes que tenha que passar o resto da vida na cadeia. Já não tenho forças. Começou a hiper ventilar, o levaram para o
hospital. Avisaram seu pai verdadeiro,
Yosef, apareceu em seguida, contaram o sucedido, ele tampouco sabia que sua
mulher era filha do primeiro casamento, daí a pressa da outra casa-la.
Veja
te trouxe isso, era a foto dos dois no dia do casamento, ela era uma menina
frágil, se via na foto, ele estava incomodo, olhando para o chão.
Jameson
foi falar mais afastado com seus pais.
Teu
amigo é especial, te olha com um amor imenso.
Sei por que já amei um homem, hoje não tenho vergonha de dizer isso.
Segurou as mãos do Omar, quero pelo menos te conhecer, saber o que fazes.
Ele
contou, que estava terminando a faculdade, que tinha procurado por isso, pois
estava escrevendo sobre ele, o que tinha vivido.
Se
quiseres saber sobre a história da minha família, eu posso te contar tudo,
depois da guerra estava tudo muito desestruturado. Imagina chegar a essa terra desconhecida,
com dois pais, que se agarravam das mãos, como duas crianças, eu tinha ficado escondido com uma senhora,
ela os encontrou, num deposito de retornados dos campos. Mas aqui, foram perdendo gradativamente a
cordura, ao final eram como crianças, passavam o dia, vendo televisão, todos os
programas infantis. Eu só pude ir a
universidade, depois que fiquei literalmente sozinho, mas isso já falaremos.
Que
mais fazes, lhe contou da música, isso é herança genética, meus pais eram
músicos, ele tocava violoncelo, ela tocava harpa, cantava muito bem. Mas o interessante que depois não
suportavam a música.
A
música me salvou, quando estava para explodir, se conseguia comprava um bilhete
para o poleiro, do teatro, ia assistir um concerto, para tentar me relaxar,
muitas vezes pensei em me jogar no rio,
mas nem por isso, não podia me dar o luxo de deixar os dois sozinhos.
Agora
me sinto só, as vezes passo dias em silencio, lendo, o som do silencio é mais
profundo.
Ficou
olhando para ele, quando tinha muita gente junta, ele gostava disso também o
som do silencio.
Vieram
avisar que seu avô estava fora de perigo.
Pode deixar eu passo a noite com ele, assim creio que podes descansar,
muitas notícias, muita coisa para pensar, colocou as mãos em cima das
dele. Estou muito emocionado em saber
que tenho um filho. Ficarei contente que me deixe participar, nem que seja de
longe da tua vida.
Nesse
momento chegava Maria com Jimmy. Maria o
beijou, o que fazes aqui Yosef?
Ele é
o meu pai Maria, o conheces?
Sim é
diretor da escola que trabalho. Você viu
teu filho cantando, não se deu conta ainda.
A cara
do Yosef era ótima, era você meu filho cantando como os anjos. As lagrimas
corriam pela sua cara.
Jameson,
comentou, bem que me parecia conhece-lo, mas nunca tinha sido apresentados.
Contou
que o médico já tinha vindo, que estava fora de perigo. Yosef diz que vai passar a noite com ele. Depois se ele quiser o levo para minha casa.
Ele
depois no carro, ficou quieto, era muita informação na sua cabeça, precisava
digerir, Maria queria que fosse para a casa deles, mas disse que não, que
precisava de silencio, da companhia do Jameson, estaria tranquilo.
Tomou
um banho, quando voltou para o salão, Jameson, estava sentado em sua poltrona,
olhando para fora, se sentou em cima dele, se acocorou como uma criança, ficou
chorando, abraçado a ele.
Tiveste
o azar de ter duas bruxas na tua vida, ou melhor antes de nasceres, mas agora
estamos em paz. O carregou nos seus braços para a cama, ficaram ali abraçados,
até que ele conseguiu dormir. Jameson
ficou preocupado, pois era como se ele continuasse chorando dormindo.
No dia
seguinte, arrumou um tempo para passar no hospital, o avô já estava num quarto,
com outra pessoa. Yosef tinha resolvido
tudo.
Tens
algumas coisas de tua mãe, essa maneira de olhar, me encanta saber que
sobreviveste a tudo isso. Yosef me
convidou para ficar na casa dele, quando sair daqui. Preciso de paz, para recuperar minha vida. Talvez aceite.
Disse
a Yosef que tinha que ir ensaiar.
Posso
ir contigo, adoraria ver, escutar outra vez você cantando.
Foi
junto com ele. Ontem mal preguei o olho
pensando em ti. Não posso dizer que
senti tua falta, porque pensava que estavas morto. Portanto, nunca tinha te visto. Mas as vezes pensava a se meu filho tivesse
sobrevivido, como seria.
Quando
viu Maria lá no ensaio, ficou sentado ao seu lado, no fundo da sinagoga.
Esta
lhe disse tens que vir domingo, eles cantam durante a cerimônia. O interessante é que teu filho não é
religioso.
Passou
a ir todos os dias ao ensaio. No
sábado, Omar disse a ele, que no domingo rezaria um Kadish atrasado pela sua
mãe, se ele queria participar.
Não
sei rezar, mas estarei ao teu lado. Vou
trazer teu avô também, ele vai gostar, disse que depois da morte da tua mãe,
nunca mais voltou a sinagoga. Eu só
fui no meu casamento, estive buscando para ver se encontrava alguma foto dela,
encontrei essa, que foi a que a casamenteira me mostrou. Vive na mesa de cabeceira,
Era
sua mãe, que parecia um bibelô, sentada num desses cenários de fotógrafos, com
a cabeça cheia de laços. Como se usava na época.
No
domingo quando eles chegaram, ele abraçou o avô que se sentou entre o Yosef e
Maria, no Final disse que hoje cantaria um Kadish pela sua mãe, que não chegou
a conhecer, que sofreu muito nos poucos anos de vida que teve. Chamou seu avô,
o apresentou, bem como seu pai, por último ao meu companheiro Jameson. Foi um Kadish emocional, pois pela cara de
todos eles corriam lagrimas.
Agora
que a verdade tinha vindo a tona, o que valia era seguir adiante.
A
cumplicidade que surgiu entre ele e seu pai, foi boa, conseguiam aparar suas
arestas, agora a família tinha ficado maior, segundo a Maria, podia comemorar,
tanto as festividades católica como as judias.
Para ela isso era um luxo.
Jameson
apesar do ciúmes, defendia seu espaço com unhas e dentes. Lhe dizia sempre eu te amo, nunca pensei em
dizer isso a ninguém, mas eres a coisa mais importante da minha vida, agora ele
era professor adjunto da universidade.
A ele
quando convidaram para ser cantor de outra sinagoga, disse que nem pensar, ele
era daquela, aonde o povo as pessoas simples me necessitam.
Tinham
conseguido, através de seu pai, da Maria, mesmo do Jimmy que conseguia material
bom mais barato, restaurar as partes mais estragadas da sinagoga. Todos os dias que tinham canto, agora
estavam cheios, não havia separações de famílias, estavam ali todos juntos, sem
distinção de raças, credos. Segundo o
rabino, era uma sinagoga ecumênica, recebia todo mundo que precisava de paz de
espírito.
Outras
sinagogas, ajudavam a melhorar essa.
Tinham agora na antiga casa do padre, feito um lugar para os que estavam
na rua dormir. Davam preferencias as
famílias, as que tentavam a ajudar a se colocarem de novo em pé, para enfrentar
a vida.
Ele
estava feliz, tinha agora uma família, grande, como sempre tinha sonhado. Agora sabia o rosto de sua mãe, a mulher que
as vezes aparecia em seu sonhos, agora tinha cara.
No ano
seguinte, conseguiram que um sacerdote viesse fazer uma missa de final de ano,
ecumênica, assim valia para todos. O
grupo atuou, ele fez questão de cantar uma coisa que preparou com cuidado um
Kyrie para a Missa. As pessoas ficaram
com os cabelos em pé, foi alguma coisa emocional. Era sua maneira de dizer a sua mãe, que
agora, aonde estivesse, que ele estava bem.