martes, 7 de enero de 2020

NEGRO AZULADO


                                                  



Sua cor de pele era de um negro azulado profundo, olhos negros, lábios vermelhos como se tivesse passado batom.  Tinha 1,85 de altura, forte, encorpado de quem vai muito ao ginásio fazer exercícios.

Estava nervoso, tinha que falar com um fiscal, sobre uma denúncia sobre o testamento que tinha deixado seu amante.  Nem tinha ideia de com quem ia falar.  O advogado com quem ele contava, na última hora, lhe avisou que tinha um filho no hospital.  Que ele escutasse o fiscal, depois falariam.

Quando a secretário o chamou, se ajeitou dentro do terno que estava um pouco ajustado demais como era moda atualmente.  Era como um complemento da cor de sua pele. Um azul intenso, camisa azul, bem como a gravata.  Ainda olhou os sapatos, para ver se estavam brilhando, era como gostava de andar.  Atualmente era um empresário, tinha dois ginásios.

Quando entrou parou na porta, foi como ter levado uma bofetada muito forte, entre mil pessoas reconheceria está.  Nunca saia da sua cabeça.  Ficou parado não podia mover-se.  A outra pessoa levantou a cabeça, também o reconheceu. Vamos, entre.

Ao escutar sua voz, foi pior, não podia mover-se, a vontade de sair correndo, não podia enfrentar a verdade desses anos todos, com ele não.

Viu que este se levantava. Era um pouco mais alto que ele, tinham a mesma cor, motivo de terem sofrido Bullying, no orfanato que viviam. Se aproximou dele, lhe estendeu a mão, não sou um fantasma. Venha sentar-se.  Pegou-lhe pelo cotovelo, foi como receber uma descarga elétrica.  As lágrimas não caiam, jorravam pela sua cara, como uma cascata.  Não podia falar, andar, tinha virado uma estátua de sal negra.

Vamos, esteja calmo, o ajudou a sentar-se, lhe deu um copo de água, que para beber, teve que fazer com as duas mãos.

Quando foi devolver a mesa, viu que tinha um porta retrato, virado para a pessoa que se sentasse ali.

Mas não, o fiscal se sentou na frente dele.  Antes teve o cuidado de fechar a porta a chave, pegou as duas mãos.  Quanto tempo te procurando, vais aparece aqui por um problema judicial.

Seguia sem poder falar, tinha medo de tentar olhar a fotografia, ver que tinha uma família, mulher, filhos, que ele não tinha.   Nem sabia de aonde tinha saído, fora deixado na frente do orfanato com dias de nascido, somente vestia uma fralda das de supermercado, as mais baratas, era tudo que se sabia dele.

Já estava ali a muito tempo, quando trouxeram o hoje fiscal, este já tinha pelo menos cinco anos, os dois tinham a mesma idade.  Mas ele tinha um passado, pais que morreram por serem viciados em drogas.    Por pior que fosse, tinha uma história.   Ele nem podia imaginar que a virgem fosse sua mãe, porque era branca.  Alguns meninos, imaginavam isso, porque as monjas diziam, eres filho da virgem Maria, mas ele negro como a noite não era.

Viu que o outro continuava falando, mas não tinha escutado nada.  Tudo o que sentia era o calor das suas mãos.   As lagrimas continuavam jorrando pela sua cara.  O outro tirou um lenço do bolso as secava.   Agora sentia todo o corpo se sacudir, não podia controlar, se alguns dos seus conhecidos  o vissem iam se rir dele.  Porque amigos ele não tinha, o único amigo que tinha tido na vida, estava agora na frente dele.

Só escutou agora, voltei para te buscar, tinha convencido aos que me adotaram, que o deviam fazer contigo também, mas tinha fugido.

Sim tinha fugido, tinha ido atrás dele, sem saber para aonde ir.  Pensava que ia morrer se ficasse ali sem ele.

Se soltou das mãos do outro, colocou as duas mãos na cara, por favor pare de falar, tu falando, as imagens que tenho na cabeça, vão me levar a loucura, pare por favor, me deixe fica um tempo em silencio.    Tenho que tentar que minha cabeça pare de me torturar.  Tudo voltou, pensei que tinha colocado uma pedra nesse passado.  Mas tudo se escapa por debaixo dela.

Se levantou de repente, volto quando estiver melhor, não posso ficar aqui.  Não posso respirar te olhando, doí muito, doí muito, se repetia.

O outro lhe estendeu um cartão, tem meu celular particular, qualquer coisa me telefona.

Saiu tropeçando da sala, parecia que seus pés estavam amarrados com lianas, que não lhe soltavam.  Continuava chorando, isso chamava a atenção das pessoas pelas quais passava. Se sentia sujo, parou numa ponte de um viaduto, não tinha noção de aonde estava seu carro. Tentava respirar, mas a coisa ia a pior.   A primeira ideia que teve foi, me jogo daqui tudo isso se acaba.  Fico livre de todos os pesadelos que tenho dentro da minha cabeça.

Foi se debruçando, mas se deu conta que não podia, agora que o tinha encontrado, não podia fazer isso.  Seu desespero foi em aumento, como encarar agora diante da única pessoa que respeitava, quem ele era.  Um nada, um zero à parte.

O grito que tinha preso na garganta desde que o vira, ameaçava sair, colocou a mão na boca, a outra também, mas a força que vinha de dentro era maior.  Sentia que o grito, vinha da profundeza de sua alma. Vinha saído de fininho passando pelos dedos que tentava não escapar nada. Não gritou, urrou, cada vez mais alto, até que sua cabeça estalou, caiu ao chão.  Tudo ficou negro, como sua pele.

Não soube quanto tempo esteve inconsciente, até que despertou no hospital, ali, estava ele segurando sua mão.  Chamou rapidamente a enfermeira.

Menos mal que voltou a si. Espera vou chamar o médico. Este o examinou, mas ele tinha voltado a chorar. A mão que o consolava, dizia, calma, calma.

Mas o ar, lhe voltava a faltar, lhe colocaram uma máscara de oxigênio, o médico mandou lhe dar uma injeção para lhe relaxar.

O outro falou, lembra-se como tinhas medo de tomar injeções, eu tinha que estar ao teu lado para te incentivar a relaxar.

Tudo que pode dizer, não vá embora por favor, fique aqui.   Voltou a dormir, embora sem saber como as lagrimas continuava caído pela sua cara.   Eram lagrimas guardadas a tanto tempo, que agora ao mesmo tempo da tristeza por tudo que tinha passado, a alegria de encontrar a pessoa que tinha amado todo esse tempo na sua cabeça.

Não soube quanto tempo esteve desacordado, quando abriu os olhos novamente, ele não estava,  mas agora sabia aonde encontra-lo, com o lençol tentou secar suas lagrimas, viu que o lençol, estava totalmente molhado.   Uma enfermeira entrou, os médico não conseguem descobrir por que o senhor não para de chorar. Rapidamente lhe trocou o lençol, tirou a bata com que estava vestido, viu que estava nu por baixo, fez um gesto de tapar, mas ela disse, já vi tantas que uma mais não faz diferença.

Não se preocupe, seu amigo, disse que iria a sua casa, depois voltaria para estar com o senhor.

Respirou fundo, veio o médico novamente, tomou seu pulso que continuava acelerado.  O senhor deve ter sofrido um choque imenso para estar assim.  Fizemos todos os exames, estas perfeitamente, é de fundo emocional tudo.

Escutou a voz que amava dizendo, foi o nosso reencontro que o deixou assim, fazem muito mais de 25 anos que nos procuramos.   Para ele deve ter sido difícil, mas agora estou aqui, tudo vai ficar bem, verdade Ben.

O nome dele doutor é Benjamin, é como se fosse meu irmão.  Se apresentou Brendan Haustoper, sou o novo fiscal do distrito 12.  Lhe estendeu um cartão de visita.  Corre tudo por minha conta.

Ele ia reclamar que tinha dinheiro para isso.

Sentou-se ali tranquilo, com uma bonita camisa polo que acentuava sua negritude.  Tantas perguntas por fazer, mas não conseguia verbalizar nenhuma.

Dê-lhe tempo para se recuperar, seu problema é emocional.  Que fique aqui esta noite, amanhã lhe damos alta.

O olhar dele, era amoroso.  Nunca, nenhum dia de minha vida, deixei de pensar em ti, aonde estava, o que lhe acontecia.  Ben, que bom que te encontrei, não importa as circunstâncias, estou ao teu lado. Continuava sem conseguir falar direito, pediu um papel, escreveu um número de telefone, um nome, avise que estou no hospital, que amanhã dou notícias.

Brendan tirou o celular do bolso, chamou, pediu para falar com a pessoa, Lourdes Maria, avisou, sou amigo do Ben.   Ela quase não o deixou falar, aonde está, porque foi ao julgado, desapareceu. Algumas pessoas procuram por ele, não sei o que dizer.

Diga simplesmente que está indisposto, que esta no hospital, amanhã ira para casa.

Tua mulher, lhe perguntou?

Ele escreveu, secretária.  Não sou casado.  Queria dizer, como vou ser casado, se tenho a ti permanentemente em minha cabeça.

Tu eres casado?

Não sou viúvo, o homem com quem eu vivia, morreu a alguns meses atrás, motivo por que fui transferido para cá.  Como todo mundo sabia do nosso relacionamento, acharam melhor.  Um dia deste te conto o que aconteceu.

É uma foto dele que está em tua mesa?

Não é uma dos meus pais adotivos.  Já morreram fazem alguns anos, ela morreu primeiro, ele não suportou viver sem ela, morreu quase em seguida.  Me deram amor, educação, estudos, tudo que alguém poderia desejar na vida.   Nunca cansaram de me ajudar a te procurar.

Me procuraram?  Sim, eu os convenci que eras meu irmão, que não podia te deixar para trás, mas tinhas fugido, não se conseguia nenhuma notícia de ti.

Teria sido melhor que tivesse morrido.  Assim pelo menos me teriam encontrado.

Que dizes, como podes falar assim, acabamos nos encontrando.

Agora não posso falar, talvez um dia tenha coragem de te contar minha vida.

No dia seguinte, saíram do hospital.   Brendan lhe disse que tinha férias acumuladas, que as tinha tirado, te levarei para minha casa, assim posso cuidar de ti.

Agora conseguia falar muito baixo, as cordas vocais, doíam, sabia agora pelos médicos pelos seus urros.

Brendan vivia, numa casa nas colinas de Los Angeles, tinha uma vista estupenda da cidade. A casa originalmente não é minha, sim da pessoa com quem vivi, desde a época da Universidade. Nunca o amei, mas ele sim a mim, me ajudou todos esses anos.

Lhe mostrou a foto, de um homem com uma cara séria, cabelos brancos, com uma toga.  Era Juiz aqui em Los Angeles.  Foi meu professor, mentor. Sentia carinho com ele, mas sempre lhe disse que não podia te esquecer.   Era compreensivo, a medida do possível, retribui o que ele me deu.  Cuidei dele até que morreu, tinha Parkinson.  No final, mal podia falar, mas notava no seu olhar o amor que tinha comigo.   Nunca soube por quê?  Ele era amigo dos meus pais, mostrou a foto de um casal, se via que eram descendentes de afro americanos.  Quando morreram, vim viver com ele.

Tive sorte, com meus pais, com ele.  Me deixou essa casa, é dinheiro, não gostava de usar. Todos seus luxos eram isso, mostrou a biblioteca.

Queres descansar, arrumei um quarto para ti, tem uma vista bonita.   Eu passo mais tempo numa pequena casa que tenho em Venice Beach, sempre gostei do mar, além de nunca ter me esquecido de nossa promessa, iriamos viver em Venice Beach.

Eu vivo lá, soltou o Ben, tenho uma academia lá, vivo quase ao lado, pelo mesmo motivo, esperava um dia te encontrar por lá.

Eu imaginei pelo teu corpo, que deves frequentar muito ao ginásio.  Eu ao contrário, detesto. Quando muito saio para andar, ou correr na praia.   O que me fascina sempre é o mar, vou a alguma praia, fazer surf, aprendi com  George ele sempre foi surfista, amava o mar. Nossas viagens eram sempre para lugares, aonde pudesse fazer surf.  Peguei a paixão por ele.

Tu dizes que no o amaste, para mim isso é amor.   A maneira como falas dele, se nota que o querias.

Sim, mas amar como a ti, nunca. Creio que ambos ficamos impregnados um do outro, além do nosso pacto.   Mostrou a cicatriz que tinha na mão.  Lembra-se, eu todas as noites antes de dormir a beijo pensando em ti.

Antes de mais nada Brendan quero que saibas que tenho Aids. Sempre estive em tratamento, agora os médicos dizem que estou basicamente curado.

Entenderas por que, quando conheças a minha história.   Quanto ao processo, estive pensando, creio que  se a sobrinha desse homem, que reclama sua parte, sem problemas, eu com esse dinheiro tripliquei meu patrimônio.   Posso prescindir disso tudo.  É dinheiro sujo, mas uma parte dele, ele ganhou em cima de mim.   Era um ladrão, assassino, um grande filho da puta, mas poupou a minha vida, para que cuidasse dele.

De qualquer maneira, creio que o melhor é que eu vá embora, tens um cargo público, minha companhia, pode estragar tua vida.

Que estas dizendo, agora que te encontrei, não penso de maneira nenhuma te perder de vista.

Olha Brendan, se escutas minha história, duas coisas podem acontecer, ou sentiras muita pena, ou nojo, asco, não sei o que mais posso dizer.   Minha vida não foi um jardim de flores, mas foi a que tive.  Tenho vergonha dela, por isso tenho minha vida, guardada num cofre com sete chaves, na minha cabeça.   Por isso ao te ver, foi como que tudo escapasse.   Me doera muito falar nisso tudo. Me deixa ir embora por favor.

Nem pensar, eu sou forte, posso aguentar tudo isso.

Se aproximou dele, lhe começou a beijar os lábios,  nunca me esqueci desse seu sabor, tenho a sensação de que eram como morangos, que nunca podíamos comer.  Era como eu imaginava, continua igual.

Foram tirando a roupa um do outro lentamente, excitados, aqueles dois corpos negros, mas sem nenhum pelo.  O contato das duas peles, só faltavam soltar faíscas.  Tiveram um orgasmo ao mesmo tempo, sem sequer ter penetrações.

Ficaram abraçados na cama, agora quem chorava era o Brendan, não sabes das vezes que me masturbei pensando em ti, era a única maneira que eu tinha de te preservar em minha memória.

As vezes que nos masturbamos um ao outro, no nosso esconderijo, lembra-se?

Sim, mas a mim me doía lembrar dessas coisas que tinha perdido.  Em mim ficou um vazio imenso quando foste adotado.  Eu fiquei para trás, não pude suportar ficar ali sem ti.  Tinha que fazer alguma coisa,  Sai correndo atrás do carro, que te levava, num dado momento cai numa valeta, fiquei desacordado.  Ninguém deu por minha falta, me levantei segui em frente, até chegar aquela encruzilhada com a estrada.  Por ali sempre tínhamos pensado em escapar.

Ali começou toda minha desgraça. Eu não sabia para que lado tinha ido o carro que te levava, se para direita ou esquerda.  Olhava para um lado ora para o outro, te procurando.  Quando apareceu o primeiro carro fiz sinal, o homem parou. Tudo se fudeu, pois virei seu prisioneiro.

Já que queres saber, porque não posso ficar ao teu lado, escute sem me interromper momento algum. Ok

Ele me levou com ele, estava usando uma casa num campo não muito distante do orfanato.  Era alto, muito mais que nos dois hoje em dia.  Os braços pareciam dois troncos de arvore.  Abusou de mim todo o que quis.  Depois me deu de comer, passou a mão pela minha cabeça, me disse ao ouvido, tu serás meu ébano preferido. Depois me deu um banho, com muito carinho, tornou a abusar de mim.  Já nem pus resistência, não via como escapar.  Pensei depois que ele durma, vou conseguir.   Me levou para a cama, me colocou um pijama enorme seu. Me abraçou, dormi preso nos seus braços, cada vez que tentava escapar, apertava simplesmente, fique comigo, pois irei te amar sempre.  No dia seguinte, enquanto me dava café da manhã, me disse vamos embora, antes que comecem a te procurar.   Lhe disse que não queria ir.   Me levou para fora, mostrou uma pequenas covas, me disse, queres ficar aqui com estes pelos quais perdi o interesse.

Sabia que se tentava fugir, me mataria.  Quando saímos, ele viu que eu sangrava pelos anus, fez um curativo, colocou algodão, cuidou de mim, no carro colocou uma almofada para não doer, segundo ele.  Não podia entender que a dor que eu sentia era outra.  Tinha te perdido para sempre.   Me deu descanso alguns dias, foi me ensinando como gostava que eu me comportasse na cama.   Tudo que eu nunca tinha podia imaginar que dois homens pudessem fazer.  Me levou com ele, sempre íamos mudando de cidade.  Depois passou a filmar o que fazíamos, me mandava lhe chupar o caralho, tudo sendo filmado, se não mostrava prazer me pegava. Então achei melhor fingir.  Me levantava no alto, chupava o meu até ficar realmente excitado, não podia me controlar, me sentia sujo, mas era incontrolável.   Filmava sempre minhas penetrações.  Depois reproduzia em CDs, vendia por correio, na época.  Tirava fotos minhas em todas as posições, guardava numa caixa de metal, que escondia quando nos movíamos , embaixo do carro. Numa terceira cidade, me perguntou se eu sabia ler e escrever, lhe disse que sim.   Me fazia sentar no seu colo, me ensinava matemática.  Se eu errava a resposta, me beliscava os mamilos, ou apertava os meus ovos.

Perdi a noção do tempo, sentia o meu corpo se desenvolver, meu caralho aumentou de tamanho, ele o fotografava, oferecia a velhos conhecidos. Depois marcava com esses homens, eu era obrigado a deixar que me penetrassem, ao mesmo tempo depois tinha que penetra-los, quando fazia isso, ele ia por detrás, dizia, o que é meu é meu.

Todos pagavam para fazerem isso.   As vezes era obrigado a me deixarem penetrar três ou quatro homens diferentes.  Todos eram adultos.    Um dia depois de uma chamada, me levou para uma cidade maior, creio que era no Oregon.  Tinha recebido uma herança.  Me deixou fechado num quarto a chave.  Escutava que discutia com algumas pessoas.   Depois me contou que era o irmão mais velho, portanto lhe tocava toda a herança.  Expulsou os outros dali, ficamos um tempo vivendo nessa fazenda, mandou todos os empregados embora, vendeu o gado, cavalos tudo que tinha ali.  Agora andava nu pela casa, me dizia que eu tinha sorte, pois amava o contato com minha pele, que bastava encostar que lhe excitava.

Tinha que aguentar, pelo menos duas vezes ao dia me penetrasse.  Era um inferno.  Mas como tudo na vida a gente se acostuma.  Enquanto sentisse interesse por mim, não me mataria.

Só mais tarde descobri que tinha saído desse lugar porque tinha abusado de algum garoto, ele só gostava de garotos.

Um belo dia quando me ofereceu a um homem mais jovem, viu que este ficava louco quando via o meu caralho.  Não permitiu o homem transar comigo.  Disse que eu era dele, agora, me penetrava, depois me fazia penetrar nele,  nos primeiros tempos me fazia cheirar uma coisa que eu tonto não entendia. Mas ficava excitadíssimo. Conseguia lhe penetrar muitas vezes seguidas, ele ficava louco.

Um dia voltou, me mandou arrumar as malas, vendi tudo, vamos embora, na estrada cruzamos com uma família que chegava com uma mudança.

Descobri depois que tinha esperado justo o tempo, que sabia que o irmão ia reclamar sua parte.

Quando chegamos aqui, não sei como conseguiu uns papeis que era como se tivesse me adotado, me fez estudar, íamos ao ginásio juntos.  Comprou um, de repente, já não me penetrava, mas exigia sempre que eu o fizesse com ele.

No fundo os homens se sentiam atraídos por ele, era um homem com um corpo perfeito, alto forte, tinha uma força descomunal.   Me acostumei, sabia que nunca mais ia te ver, depois montava orgias regadas a cocaína, drogas pesadas.  Nunca me deixou provar nada, graças a deus. Mas me filmava penetrando ou me fazia penetrar, agora tínhamos internet, vendia os vídeos por internet.  Até um dia que um rapaz do ginásio, me disse que tinha visto um vídeo meu num desses lugares que vendem vídeo.   Todo mundo sabia que eu era gay. Ele montou uma produtora, que ficava escondida atrás do ginásio, aonde distribuía essa coisa que fazia que todos se desinibissem, ganhassem um dinheiro fazendo sexo.  Eu claro estava sempre no meio.

Um deles um dia me viu tomando banho, estranhou, porque eu me esfregava tanto, tinha por acaso nojo do que fazia.   Eu o fazia inconscientemente.  

Agora me deixava ter um quarto meu, pois levava outros para fazerem sexo com ele, sempre eram jovens demais.  Quando não lhe excitavam, me chamava, me fazia penetrar o rapaz em seguida me penetrava.

Isso durou muito tempo.  Mas aproveitei o pouco que tinha de liberdade, um dia falei com um policial, me perguntou minha idade. Quando lhe disse. Me olhou na cara, me dizendo se fazes isso é porque queres, já eres maior de idade.

Eu agora me escondia, quando ele estava com um menor, o filmava. Um dia lhe disse que deixasse de me tocar, pois eu tinha os vídeos escondidos, o entregaria a polícia, quiz me bater, mas agora o forte era eu. Dei-lhe uma surra tremenda.   Chegara a hora da vingança, ele estava velho, fiz que colocasse os dois ginásios em meu nome.  Mudei tudo, nunca mais se usou para fazes vídeos, nada, lhe fiz soltar dinheiro, reorganizei o negócio, modernizei.   Foi quando descobri que tinha um testamento, deixando tudo para sua sobrinha.  Que os ginásios em meu nome era para me enganar.  Briguei com ele, caiu pela escada, ficou em cadeira de rodas, o único que cuidava dele era eu.   Então, virei um filho da puta, obriguei que mudasse o testamento na minha frente, deixando tudo  para mim, pois senão não cuidaria mais dele.

Primeiro me desafiou, o deixei ficar dias na cama cheirando a merda, urina, não lhe dava comida, nada.  Acabou concordando.  Quando veio o advogado, tinha lhe dado um banho, asseado, mesmo assim, sua urina agora cheirava por causa das medicinas que tomava.

Agora sim tudo estava no meu nome.  Arrumei essa secretária que me ajudava a cuidar dele.

Um dia fui tratar de negócios no banco, afinal agora me vestia bem, controlava suas contas, o dinheiro aumentava,  Ele já estava num grau de Alzaimer, violento, ela saiu para comprar alguma coisa, quando voltou, ele tinha rolado com a cadeira de rodas, pela escada abaixo, um dos ferros cortou sua jugular.  Ela tinha um álibi estava no supermercado, eu estava no banco.

Na frente da casa, havia uma câmera de vídeo.  Quando a polícia foi ver, se via uma mulher entrando na casa, depois saindo correndo.  Era essa sobrinha, que agora pede sua parte. Como era sua sobrinha, queria dinheiro.   Não sabia que ele tinha Alzaimer, não a reconheceu, tampouco sabia que quando contrariado, tinha acessos de violência. Parece que ele lhe deu uma bofetada, ela lhe empurrou, caindo pela escada.

No julgamento, podia ter ficado quieto, mas comentei que ela não sabia desse detalhe, que a empregada, não o devia ter deixado sozinho.  Embora a outra tivesse esperado justamente isso.

Ficou cheia de dívidas.  Quis me chantagear, dizendo que sabia dos vídeos gays.  Eu reconheci que os fazia, a mando dele. Que sempre o tinha obedecido, pois era meu pai adotivo.

 Eu tinha destruído tudo que existia na casa, no ginásio que ele usava para isso, só as que eu o tinha filmado com menores, é que estavam numa caixa forte de um banco, como minha segurança.  Ela esta presa, cumprindo pena pela morte do tio.  A pouco tempo tirei tudo do banco levei para uma praia, queimei tudo, fiquei até o final vendo os vídeos se queimarem.

Mas ela continuou insistindo, por isso o processo chegou até você.

Embora hoje, possa devolver o dinheiro que ela acha que é dela.  Se eu o fizer, ela não vai parar nunca de pedir dinheiro.  Afinal a fazenda o pai dela não viu um tostão, morreram na miséria.

Meu advogado aconselhou que fizéssemos um acordo, eu dava o dinheiro que ela queria, mas nunca mais me pediria nada.   Este tampouco é tonto, conseguiu subornar um guarda, que a gravou dizendo que ia me desplumar completamente, que eu não passava de gay sujo que dava o cu para todo mundo.  Não está errada os vídeos estão pelo mundo, não posso fazer nada.

Mas tampouco agora, posso estragar tua carreira.  Se ficamos juntos escondidos, algum dia nos descobriram.  Terei estragado tua vida completamente.  Não me peça para fazer isso, pois não suportaria.  Agora você sabe no que me transformei, sou um puto gay, que fez vídeos pornôs, serviu a todos os homens que me mandaram servir.  Algumas vezes tive prazer, a maioria não.

Nada comparado a estes breves instantes contigo.  É verdade, tenho, dinheiro, deixei a casa que vivia com ele, comprei essa que vivo agora simplesmente.  Mas não prático sexo, fazem gozação comigo por isso.  Mas as vezes que tentei, me sentia sujo.  Contigo não, porque nossa história é outra.  Estou indo a um psiquiatra, que diz que minhas feridas são mais profundas, porque fui guardando tudo dentro de mim.  Me disse que tinha medo de que um dia isso explodisse, como aconteceu.  Tenho medo de ficar desequilibrado, afinal não tenho ninguém no mundo para me cuidar.   A pouco tempo um rapaz da praia que me perseguia, me disse que eu lhe desse uma chance, cuidaria de mim.

Só de escutar isso, tive asco de mim, vomitei como um louco, se assustou, saiu correndo pela rua.   Estou fazendo um tratamento sério.  Mas meu passado está a volta da esquina, serás que poderia aguentar dizerem, “olhem o fiscal que tem uma vida com um ator pornô”.

Nunca poderias chegar a Juiz, realizar teus sonhos.   Sou filho de uma puta qualquer, mas contigo não posso fazer nada disso.   Saber que estas bem, te olhar de longe, terei que me contentar com isso.   Espero que encontres alguém que te ame, como te amei todos esses anos. Rezava cada dia por ti.  Eras minha esperança, mas agora que te encontro, vejo que eram esperanças que não pode existir.

Seus olhos, estavam doloridos de tanto chorar.  Fechou os olhos, deu um suspiro largo. Nem quero ver tua cara, me dá medo.  Tudo isso tinha contado olhando para frente.  Não posso te olhar porque tenho vergonha.

Brendan o apertava em seus braços. O consolava, venha, vamos dormir, amanhã, pensaremos nisso tudo.

Mas quando despertou de manhã se assustou, pois ele não estava na cama, ficou desesperado, saiu pela casa o chamando. Seu coração doía, não o podia perder outra vez.  Ao caralho um cargo que ele não queria, uma carreira que tinha feito para agradar os outros.  Seria mais feliz andando pela praia.

Se relaxou, quando o viu sentado na varanda, olhando para frente quieto. Estava completamente vestido.  Não tive coragem de ir embora, estava chorando, sou uma Madalena arrependida, não consigo parar de chorar.

Ele se sentou ao seu lado. Segurou sua mão.  Olha contaste tua história, não escutaste a minha, por favor, não vá embora, eu não aguentaria viver sem ti novamente.  Tenho guardado no peito todos os momentos de nossa infância, juventude, que as vezes tiro, como que abre um álbum de fotografia.  Venha, quero te mostrar uma coisa.

Preparou café, colocou cadernos na frente dele, veja esses de desenho.  

Ele abriu, eram a imagem dele sempre, de quando eram garotos, ele sentado numa escada, os dois no seu esconderijo.   Os dois nus abraçados.  Tudo isso ao longo dos anos, fui fazendo tinha medo de te esquecer, de nunca poder te encontrar.  Agora leia o meu diária.  Sempre começava com a mesma frase, mais um dia sem minha alma, mais um dia que tento não me desesperar. Meus pais não podem entender como eras importante para mim.  Eras a única família que eu conhecia.  

Agora aqui na adolescência, mais uma noite sonhei que estava fazendo sexo com ele.  Os companheiro de escola, me gozam porque as meninas sempre estão atrás de mim, mas que vou dizer, que o amor de minha vida não sei aonde está.

Uma vez, o homem com quem eu vivia, encontrou tudo isso, quando o vi, estava chorando, me disse, sinto muito tudo isso.   Nunca poderás me amar, nem um decimo do que amas teu amigo, um dia tenho certeza vocês se encontraram.   Ele entendia por que eu não o amava.  Estava com ele, porque estava sozinho. Não queria fazer sexo por com qualquer um para me satisfazer, me guardava para ti.  Ser fiscal, ou juiz, não era nem nunca foram meus sonhos, o fazia em forma de agradecimento.   Ao mesmo tempo que amava, amaldiçoava o casal que me adotou, que nunca chamei de papai ou mamãe, porque tinham me separado de ti.   Eles não entendiam isso, era bom estudante, comportado, mas nunca, nunca disse que os amava.

Às vezes, deitado no meu quarto, ficava pensando em ti, conseguia te trazer da minha memória, do único lugar que erámos felizes, no nosso esconderijo.

Uma vez, voltei ao orfanato, para ver se sabiam de ti.  Está em ruinas, andei por ali, como te procurando, fui até nosso lugar secreto, todas as coisas que juntávamos, ainda estavam ali, quer ver.  Abra essa caixa velha.

Caramba, é a nossa caixa, o sorriso na cara do Ben, era imenso, la dentro estava tudo que compartiam. As bolas de gude, alguma que outra figurinha de algum álbum que eles gostavam. Declaração de amor, de um para o outro.  Letra infantil, hoje senti medo, mas pensei ele esta aqui na cama ao lado, vai me proteger.

Um olhava para o outro.  Sorriram, sabes bem mesmo com tudo isso que te aconteceu, te transformaste num homem formidável.  Honesto contigo mesmo, uma coisa que admiro nas pessoas. Eu sempre procuro falar tudo que penso, mas as vezes me contenho.  George sabia que eu não gostava de fazer sexo com ele.  Uma vez me pediu que o fizesse, nem que imaginasse que fosse contigo.   Sai correndo daqui, andei pela praia horas e horas, me sentei olhado as ondas, rezando para ter coragem de voltar para casa.  Quando voltei lhe disse não posso, agora me será impossível tocar em ti.   Posso ir embora se queres, mas eres o único homem que me quer como sou.  Ele aceitou.   Quando ficou doente, me dizia que não deixasse de te procurar.  Talvez não desse em nada, mas que tivéssemos uma chance de provar.

Concordo contigo, quanto ao processo, porque já vi muito disso acontecer.  Se deres dinheiro uma vez, ela pedira outras vezes, porque já li seu expediente, é viciada em drogas, não interessa como chegou a isso.  Nunca te deixará em paz.  Eu fiz um entrevista com ela na cadeia, diz que não se arrepende de ter provocado a morte do tio.  Ele merecia.

Vou deferir o pedido, depois esperarei uma semana avisarei que me retiro por motivos de saúde, do trabalho.   Tenho meus sonhos estacionados, esperando. Posso finalmente me dedicar a pintar, como sempre sonhei.   Nunca esbanjei meu dinheiro, nem a herança que recebi dos meus pais.   Adoraria ir viver mais abaixo, em algum lugar que o mar me despertasse pela manhã.   

Eu me lembro desses sonhos, vimos num filme que passou no orfanato,  nos dois sentados na última fila, de mãos dadas, quando aparece a cena da cabana na praia, apertamos nossas mãos ao mesmo tempo.  

Ah, queria saber se ias lembrar. Anos atrás encontrei o filme, consegui que transferissem para um CD, sempre que posso vejo.  Sinto tua mão apertando a minha.   Agora vais rir, tentei descobrir aonde tinham feito o filme, com muito custo consegui saber.  Fui lá olhar, infelizmente nada é perfeito.  Hoje é uma vila, que no verão fica abarrotada de surfistas.  Já fiz surf lá.

Será que podias me ensinar a fazer surf?

Claro que te ensino. Que pensas a respeito?

Quando minha secretária ficou nervosa no celular, era porque eu tinha uma reunião para vender a um grupo os dois ginásios.  Me traem más recordações.

Mas preciso de um lugar, aonde eu possa continuar por mais algum tempo meu tratamento, tenho muitos pesadelos, das pessoas abusando de mim.  Podes aguentar isso.

Aquele dia passaram sentados na cama, trocando caricias, lembrando detalhes da infância, do esconderijo.  Incrível que ninguém tenha encontrado essa caixa.

Como ia encontrar, se a enterrávamos sempre, o lugar estava intacto.

Se dariam uma semana sem se ver, mas falando pelo celular.  Cada um cumpriu sua parte, Ben, vendeu os ginásio, colocou sua casa a venda também. Guardou tudo numa conta separada. Exigiu por contrato, que os que compravam os ginásios mantivessem sua secretária cuidando de tudo.

Brendan por sua parte, despachou os processos mais importantes, inclusive o dele, falou com seu chefe que chegava ao final de uma etapa.  Não servia para o trabalho, ia realizar seu sonho de ser pintor.  Este que conhecia seu trabalho aceito a demissão.  Também colocou sua casa a venda.   Entregou o carro que usava, que pertencia ao governo.

Voltou a usar seu velho Jeep. Com a parte de cima própria para colocar prancha de surf.   Quando estiveram livres disso tudo, se encontraram.  Foi outra vez emocionante.  Tinham ânsia um do outro.  Gostavam de ficar na cama conversando abraçados, como faziam em criança.

Creio que começamos fazer isso, porque nos sentíamos rejeitados pelas monjas, pelos outros garotos.  Erámos diferente deles.

Te lembra como foi nosso primeiro beijo?

Sim, me deste tu Brendan.   Estávamos na cozinha, roubando pão, para comer no esconderijo, quando entrou aquela gorda da monja, que falava sempre no pecado da gula,  mas ela era  mais pecadora do que a gente.  Nos escondemos, ela entrou com uma cesta de morangos, comeu todos lambendo os dedos, ficou com a boca vermelha.  Quando entrou uma outra monja, disse que alguém tinha roubado os morangos, a outra acreditou, a filha da puta com a boca vermelha de ter comido tudo.   Quando chegamos no esconderijo, me olhaste bem, seguraste minha cara entre tuas mão, me dizendo, prefiro este morango, me deste nosso primeiro beijo.

Confessa que foi bom?

Sempre gostei, porque sempre seguravas com as duas mãos minha cara, dizia, te amo, me beijava.

Fez isso prontamente. Olhando nos olhos dele.  Quanto tempo perdido meu deus.

No final de semana, arrumaram o Jeep, levavam uma tenda para acamparem na praia, ali não havia hotéis.   Na viajem comentou que sempre alugava um quarto na casa de uma pintora, tinha inclusive posado para ela.  Vás gostar dela, é tão alta como a gente, é muito boa no surf.  Dizem que era de uma família rica, mas que deixou tudo para seguir o amor de sua vida, que desapareceu no mar.

Quando chegaram, vê como te disse, já não existe só uma cabana.   A senhora que te falei, me contou a mesma história, tinham visto o filme, procuraram acharam o lugar das filmagens, mas outros surfista tinham chegado primeiro.   Ela mesma fez o projeto da casa.   Na parte detrás, tem como uma garagem que é seu atelier, em cima um pequeno apartamento que aluga na temporada.  Ninguém quer, porque diz que o cheiro do  óleo, da terebintina, todo o material de pintura passa pelas frestas do chão.

Foram até lá mais a casa estava fechada.   Mais adiante tinha uma outra casa, foram perguntar, saiu dela um homem muito magro, com uns cabelos imensos, queimados do sol, uns olhos impressionantes azuis.  A primeira coisa que disse foi, benvindos ao paraíso.  Garotos vocês são duas joias.

Lhe perguntaram da vizinha.

Uma pena, morreu a pouco tempo, teve um enfarte no studio, ninguém sabia que estava doente, no dia anterior tínhamos surfado juntos, ela como sempre uma figura.

A casa está à venda, a família só retirou alguns quadros, vendem com tudo que está dentro.

Com quem podemos falar a respeito?

Se querem olhar antes, tenho as chaves.

Brendan não disse nada que conhecia a casa, queria era que Ben, a visse.  Claro adoraríamos, estamos mesmo procurando um lugar para morar.

Se vocês andam nus, podem ser meus vizinhos.   Me desculpe, meu sentido de humor, sempre toca o lado do sexo.  Se apresentou, sou escritor, Gus para os íntimos, Gustav para os chatos.

Entrou, os dois riram de seu jeito espalhafatoso.  Voltou com a chave, foram caminhando, ele perguntou se o Jeep era deles?

Sim por quê?

Tem que ficar protegido, o sal do mar acaba com o metal deles.  Apontou um que estava num coberto, o meu está para ser jogado fora.

Abriu a casa, eles entraram, a cara do Ben, era fantástica, apesar de ser a casa de uma mulher, era totalmente desprovida que coisas femininas.  Ela não gostava dessas coisas.  Depois que seu marido morreu, a cada verão escolhia um surfista para ficar dentro de casa.  Alguns se apaixonavam por ela, mas sempre dizia que não.  Preferia um consolador, a fazer sexo com um jovem.   Me dava bem com ela porque tinha um senso de humor parecido comigo. 

Ben, andou a casa inteira. Ufa, é perfeita.  Tem de tudo, não precisamos trazer nada. Brendan perguntou pelo atelier?

Esta igual, só levaram os quadros que interessavam.  Abriu a porta para eles, o cheiro inundou o pulmão do Brendan, adorava aquilo.  Viu seu quadro encostado numa parede.  Esse sou eu.

Ficaram horrorizados, porque ela adorava pintar homens negros.   Seu marido era negro.

Aonde podemos nos informar quanto custa, queremos comprar.

É comigo mesmo, me deixou a casa, mas me disse em especial, escolha uma pessoa que realmente goste da casa, algum pintor.

Disse o preço, era uma ganga.  Queremos ficar com ela imediatamente.

Sem problemas, tens sorte, porque como aqui é pequeno dependemos da cidade mais próxima, o cartório, tudo está lá. Venham, descarreguem suas coisas, vamos até lá, assim passo as chaves para vocês.   Os dois riam como duas crianças.

Como vieste parar aqui Gus?

Me apaixonei como ela por um surfista, quando viemos, em seguida, descobriu que tinha Aids, mas conseguimos tratamento para ele, sempre tomamos cuidado.   Viveu quase dez anos mais, fomos super felizes.  Depois não tive coragem de ir embora.  Se aparece algum surfista que queira fazer sexo, estou disponível.  Normalmente entre uma casa e outra, no verão fica cheio de tendas de surfistas.  Mas nos dois aceitávamos que estivesse aqui, apesar que a terra era nossa, nunca cobramos nada.   Mas havia um código, nada de festas, essas tinham que ser na praia.  Imagina as duas casas são de madeira, uma pequena chispa, e fogo.

Todos aceitam, primeiro porque só deixamos as pessoas que conhecemos.

Este ano vai ser triste, porque quando cheguem verão que ela não esta mais aqui, alguns posavam para ela, como tu.

Eu quero pintar,  realizar meus sonhos.

Gus soltou rapidamente, que só posava se o pintor ficasse nu.  Soltou uma gargalhada.

Estava sentado  atrás, mas totalmente apoiado nos assentos dianteiros, viu que volta e meia os dois se davam as mãos.  

Não me diga que vocês são amantes?

A muito tempo, desde criança.   Nos amamos.

Já não vendo mais a casa, soltando uma gargalhada, terei que ser um sanduiche no meio dos dois.   Brendan que era o mais sério disse, nem pensar.  Eu o quero só para mim.  O mesmo digo, soltou Ben,  temos que recuperar o tempo que estivemos separados.

Fecharam negócio no tabelião, pagaram todas as despesas, ficavam prontos os papeis dentro de uma semana.

Um olhou para o outro, ali na frente de todo mundo, se beijaram, finalmente nossos sonhos se concretizam.  Convidaram Gus para almoçar, ele disse que tinha um restaurante na praia excelente.  Fica em frente aonde dou aulas de surf.  Eu quero aprender soltou o Ben, ao mesmo tempo tenho que apreender a nadar.

Passaram num supermercado, compraram coisas, Gus aproveitou para fazer compras também.

Quando chegaram, este ficou rindo, Brendan entregou as chaves para o Ben, faça as honras de abrir nossa casa. Entraram de mãos dadas.

Nessa mesma tarde, Brendan estava já arrumando o atelier, Gus passou dizendo que tinha dois alunos, se ele queria ir.  

Vá com ele Ben, leve o longboard, será melhor para ti.  Gus mostre para ele qual é, pois creio que não tem ideia.

Na praia, quando o viu sem camisa, Gus fez uma brincadeira, estou suando vou entrar na agua fria para esfriar certas partes do corpo.  Mas Ben, nem um sorriso  esboçou.  O chamou a parte, por favor, não faça essas brincadeiras comigo, pois tenho problemas relativo ao sexo. Quero ser teu amigo ok.  Como estavam pertos um do outro, lhe disse, eu te conheço, já vi vídeos contigo.

Gus pelo amor de deus, nunca mostre esses vídeos ao Brendan, ele sabe de tudo isso, mas nunca viu nenhum, eu morreria de vergonha.

Tens que me contar essa historia um dia quando queira, prometo me comportar.

Lhes ensinou o básico, agora o principal, vamos nadar, aproveitar que o mar está uma piscina.

Lhe ensinou os movimentos, viu que ele aprendia rapidamente.   Já não terei um peso na consciência se te afogas.  Brendan descia, vim tomar um descanso, usava uma sunga pequena, que mostrava todo seu corpo. Gus ia fazer uma brincadeira, mas só disse venha ver como este senhor já sabe nadar.   Ele se atirou perfeitamente na água, nadava como um peixe. 

Lembra-se nosso sonho de criança, era estar no mar, que só tínhamos visto no cinema do orfanato.

Ah, vocês se conheceram num orfanato?

Sim, mas nos separaram, nunca esquecemos um do outro. Sempre nos amamos, desde crianças.

Realmente vocês tem história, um dia tem que me contar, sou bom ouvinte.

Quando chegou o verão, com o sol, o calor, eles amavam andar nus pela casa.  Não alugaram nenhuma parte dela, não queriam compartilhar o que tinham.

Um dia estavam os dois na cama, Brendan encostado na cabeceira, Ben, entre suas pernas os dois nus, quando entrou o Gus.   Da porta, ficou de boca, aberta, saiu de fininho. Puta que pariu eu adoraria fazer sexo com os dois, que merda, eles nunca vão aceitar.

Brendan já tinha vários quadros, Gus lhe disse que tinha uma pequena loja na vila, que ele podia alugar nos verões para vender seu trabalho.  Talvez o ano que vem, preciso de material.

Estava pintando um quadro imenso, mas que sempre quando alguém entrava ele tapava com um lençol.  Quando Gus perguntou o tema, ele respondeu que era uma surpresa para o Ben.

Fico impressionado com o amor de vocês.  Ele só tem olhos para ti, tu para ele.  Não me admira, os dois são dois monumentos.

Quando chegou o inverno, compraram roupas próprias para ficar lá, a vila ficava deserta, Ben, tinha conseguido um psiquiatra na cidade próxima, seguia seu tratamento. Ao mesmo tempo que fazia exames periódicos de Aids.   Brendan também.

Não tens por que fazer Brendan, não tens nada.  Nem fizemos ainda nenhuma penetração um no outro. E o dia que fizermos, o faremos com proteção.

Passaram-se seis meses, até que um dia, Ben disse que estava pronto para tentar.  Estiveram fazendo como sempre, quando ele penetrou em Brendan, este sentiu como que explodia de prazer. Deixou ele fazer tudo que queria. Quando terminaram num orgasmo, que eles sempre riam depois pois eram escandalosos.  Tudo que Brendan disse, foi, valeu a pena esperar, nunca me senti tão feliz.  Nessa noite dormiram mais agarrados do que nunca.   Ele só penetraria Ben, quando esse quisesse.  Mas tampouco demorou muito, eles agora, faziam isso, um penetrava ao outro várias vezes. Com o calor ficavam suados, vestiam uma sunga, desciam para a praia para um banho de mar.   Um rapaz que estava acampado ao lado da casa disse, no primeiro dia que escutei o grito de vocês, pensei que acontecia alguma coisa, mas meu companheiro me disse, não vê que acabaram de ter um orgasmo.

Agora sempre se banhavam de noite, depois se sentavam com os que estavam ali, em volta de alguma fogueira,  Gus sempre estava rindo, brincando com o pessoal.  Algumas vezes subia com algum para sua casa.   Um dia disse aos dois, adoro fazer sexo.  Todo muito cuidado, aviso que não quero compromissos, espero, meu príncipe encantado. Mas sou honesto, queria mesmo era fazer sexo com vocês.

Riam da insistência dele.   Gus, aprenda de uma vez, sei que o Ben, fez filmes pornôs, mas queremos fazer só entre nós, estamos recuperando o tempo perdido.

Gostavam de fazer sexo, com uma luz difusa, que os relaxava.   Mas faziam sexo todos os dias. A sede que tinham um do outro era inesgotável.

Estavam sempre conversando, mal levantavam, se sentavam para tomar café da manhã, já falando, Ben, estava fazendo uma horta por detrás do atelier, para a proteger do frio no inverno. Chegou a montar um invernadeiro.

Estavam ocupados todo o tempo.  Ben, se encarregava de ir fazer compras na cidade, ao mesmo tempo que ia ao psiquiatra.  As vezes Gus ia com ele para aproveitar.   Esse um dia lhe perguntou por que ia a um psiquiatra,

Gus, quando levaram Brendan adotado,  eu fugi atrás dele, fui raptado por um homem que abusou de mim, me vendeu a outros homens, fizeram de mim o que quiseram até eu ter corpo de homem, poder me defender.  Fiz mil coisas, que estragaram minha cabeça.  Me reencontrar com o Brendan me ajudou a me reencontrar.  O amo com toda minha alma.  Nos conhecemos desde garotos,  erámos os diferentes da escola.  Dois negros, retintos, os outros brancos. Encontrei um esconderijo, aonde nos masturbamos pela primeira vez, nos beijamos, tivemos as primeiras experiencias um com o outro.   Mas ninguém está preparado para a brutalidade de um estrupo, abusos continuados.  Mas ele teve a paciência de me esperar todos esses anos, bem desde que estamos juntos, só agora ousamos a penetração, posso te dizer que nos completamos.

Que puta inveja tenho, eu amei com loucura meu querido surfista.  Me liberou de um mundo que eu não queria, o amei também com loucura.  Mas encontrar alguém para preencher esse vazio que fica depois é duro.

Eu também tenho Aids, embora o tratamento funcione, não posso me descuidar.  Nos protegemos ao máximo. Quero viver o que possa ao lado dele.

Nunca mais o Gus fez nenhuma brincadeira, principalmente no inverno, comiam juntos, as vezes jogavam cartas, mas chegada determinada hora, dizia, tenho que subir a montanha, com essa neve, nunca chegarei.  Os beijava, ia para sua casa.

Havia uma coordenação entre os dois, que arrumavam tudo sem dizer uma palavra, só se roçando como uma provocação.  Se passaram seis anos, Brendan tinha medo disso, pensava para sim mesmo, espero continuar assim.

Ben, começou a se sentir mal, numa das vezes que estava surfando com Gus, desmaiou deitado na prancha.   Este o rebocou para a praia.  Fez Gus prometer que não diria nada ao Brendan.

Esteve arrumando desculpas para ir à cidade, fazendo exames.  Os primeiros resultados  eram horríveis.  Mudou de médico, de hospitais, nada tudo igual.   A única pessoa que ficou sabendo foi o Gus, contou tudo que lhe estava acontecendo, pedindo que ainda não contasse nada para o Brendan.   Fez esse jurar.   Se preparou a consciência, foi ao banco, como ele administrava a conta dos dois, fechou a sua, depositou todo o dinheiro na conta do Brendan. Assim não precisava fazer mais nada.

Um dia Brendan tinha que ir à cidade para comprar tintas, telas, coisas de seu trabalho. Gus ia junto para fazer compras.   O dia estava horrível, ondas altas, nenhum surfista se atrevia a entrar, também havia muita neblina.  Ben, disse que tinha dor de cabeça, ficaria em casa fazendo comida.

No caminho de volta, Gus com a desculpa da dor de cabeça, começou a perguntar Ben, como estava de saúde, que o via abatido.  Não podia entrar no assunto, pois tinha jurado não contar nada.  Brendan disse que estava preocupado.  Está calado, sempre que tem algum problema fica calado.  Estou realmente preocupado.

Quando voltaram o sol já tinha saído, as ondas estavam melhores.  Não estava em casa, Brendan guardou as coisas, escutou que batiam na porta, foi atender era um dos garotos que estavam sempre na praia.   Aconteceu alguma coisa, a prancha do Ben, apareceu toda rebentada.

Aonde, seu coração parecia que ia sair pela boca.  Da porta, gritou pelo Gus, este ia perguntar o que passava, o garoto já estava contando.  Que Ben, tinha entrado no mar, sem escutar o aviso de ninguém.   Em que direção foi.   Numa das laterais, aonde subia a montanha, que fazia a enseada, tinha muitas pedras ninguém se atrevia a nadar ou fazer surf por ali.

O garoto disse diretamente, como a prancha esta toda arrebentada, ele deve ter ido por ali, como havia nevoeiro, ou se esqueceu, ou foi de propósito.

Isso ao Brendan parecia sem sentido.

De qualquer maneira ele foi bordeando a lateral da praia junto com o Gus.  Quando chegaram aonde estava as pedras o viram mais abaixo.  Descer era complicado,  Algumas aves tinham sentido o cheiro de sangue, estavam bicando o Ben,  Brendan gritava desesperado, foram descendo, se arranhando.  Espantou as aves, mas tudo era tarde, tinha o pescoço partido, o garoto o tinha seguido, Lhe disse que avisasse salvamento marítimo, pois não havia condições para subir.    Quando chegou o helicóptero, Brendan estava sentado nas pedras com o corpo dele no seu colo.  Chorava, gritava, filho da puta, como pode ter-me abandonado de novo.  Quando desceram a maca, não queria solta-lo.  Gus teve um trabalho imenso.  Com a ajuda do garoto, que jogou uma corda, ele ajudou Brendan a subir.  Este desceu para a praia como um louco.

Os dois iam ao seu lado, porque perceberam que não via nada, chorava, corria ao mesmo tempo, falava coisas desconexas.    Quando chegaram a ambulância tinha chegado.  Mas o médico dizia que não havia nada a fazer. Teriam que leva-lo para fazer uma autopsia, para saber o que tinha acontecido.   Gus chamou o mesmo de lado, lhe disse que parecia um suicídio.  Ele estava muito mal. Creio que preferiu morrer no mar que amava.

Sinto muito, tenho que seguir o protocolo. O levaram, ele foi buscar o Jeep do Brendan  para irem até a morgue.

Esse agora soluçava, como se as lagrimas tivessem acabado.  De vez em quando dizia por que, por que, fez isso.

No hospital, Gus pediu um tranquilizante para ele.  Ai lhe contou o que sabia.  Que ele tinha descoberto que estava com um tumor no estomago, que tinha se espalhado por todo corpo, bem como dois na cabeça que lhe causavam as dores de cabeça.   Conto que ele tinha desmaiado outro dia na praia. Fez todos os exames.  Me dizia que não queria ser uma carga para ti.  Tu já tinhas aguentado um.   Ele não suportaria morrer lentamente.   Preferia encontrar um jeito de partir.  No hospital tinham oferecido cuidados paliativos para ele.  Disse que não, queria morrer em plena forma.

Creio Brendan que essa foi a sua saída de cena.

Os legistas confirmaram, ficaram assombrados, com o tamanhos do tumores.  Fizeram um escâner da cabeça igual.

Agora restava saber o que fazer.  Falaram com seu advogado, que só disse tenho uma carta com seus últimos desejos.

Na sala da casa, tinha um pequeno barco de madeira, da proprietária anterior.   Ele o adorava, queria ser cremado, que suas cinzas fossem colocadas nesse barco, que todos os surfista o levassem para além das ondas, o soltassem ali.  Ele iria para o seu Valhalla particular, o mar. Era a única cerimonia que queria, ele não tinha fé nenhuma.  Deus o tinha abandonado quando criança.  Seu único deus era Brendan.

Este quando finalmente concordou em casa tomar mais um comprimido, quando foi arrumar seu travesseiro encontrou uma carta.  Começou a ler, mas desmaiou.

Quando acordou no dia seguinte todas as folhas estavam espalhadas pela cama.

Era uma carta de despedida.  Agradecia esses 6 anos de felicidade.  Mas minha hora chegou, não quero te ver sofrer, nem sofrer tampouco.   Já basta o que fizeram com meu corpo, minha mente.  Pude me recuperar graças a ti.  Não vá embora nunca daqui, pois esse é o nosso paraíso sonhado.  Te amo.

Num ps. Dizia que tinha transferido todo o dinheiro que tinha para sua conta.  Assim não teriam problemas de herança.

Fizeram tudo como ele tinha pedido.   Ajudado pelo Gus, que não tinha saído nem um minuto de perto dele.

Os amigos surfistas, compareceram em peso.  Parecia uma procissão entrando no mar.  O dia estava estupendo, um sol maravilhoso.  Todos em silencio, quando normalmente falavam, brincavam um com o outros.

Depois de soltar o barco, Brendan, rezou por ele, que aonde estivesse encontrasse a paz que merecia.

Pediu ajuda ao Gus, levantou finalmente o lenço de cima do quadro, era para o dia do seu aniversário.  Era um quadro imenso, ele tinha feito uma foto do Ben, sorrindo em cima da prancha.  Estava sentado, com as pernas dentro d’água. As nuvens do céu, o azul da água, contrastavam com o negro de sua pele, com sua boca vermelha.  Gus ficou de boca aberta, impressionante, escondes bem teu trabalho. Ocupava toda uma parede.  Assim posso vê-lo todos os dias.  Gus fez uma foto do quadro. Iria colocar num jornal de surfista que ele escrevia.

Sempre gostei dessa boca vermelha que ele tinha. Sabes da historia do nosso primeiro beijo.

Estávamos roubando pão, contou a história do morango.

Tens razão a boca dele lembrava sempre um morango.  Que pensas em fazer Brendan?

Ele disse que eu ficasse aqui, era o nosso paraíso, como o nosso esconderijo no orfanato.

Não penso sair daqui nunca. Foram os melhores anos de minha vida, com calma irei recuperando a vontade de viver.  Sei que ele queria isso.

Gus se mostrou um amigo sincero.  Os dois criaram uma cumplicidade, um dia ele comia na casa do Gus, outra ele vinha comer com ele.

Finalmente, um dia pediu para posar para ele.  Caramba Brendan, pensei que nunca ias pedir.

Era um quadro relativamente grande.  Lhe disse uma posição, pediu que tirasse a camisa, mas Gus, muito à vontade ficou nu completamente.  Primeiro o desenhou, várias vezes, pronto agora já tenho o que quero fazer.

Merda, eu pensando em ficar dias e dias aqui nu na tua frente para me perceberes.  Nada, sabes que a muito tempo deixei de me interessar pelos surfistas, só pensava em fazer sexo com os dois.  Uma noite vim escondido, olhei pela janela vocês dois fazendo sexo.  Entendi por que não me incluíam.   Nunca tinha visto alguém fazer sexo assim, um olhando o outro fixamente, vocês se comiam com os olhos.  A força dos dois era impressionante.   Poderia dizer que fui para casa me masturbar.  Mas  seria mentira.  Fui para a praia chorar o amor que perdi. Por isso deixei de brincar a respeito.  Depois Ben, me contou o que tinha acontecido com ele, o porque ia a um psiquiatra.

Foste genial com ele?

Não ele que foi genial comigo,  sempre me protegeu, só não esperávamos que me adotassem tínhamos sonhos, os dele foram destroçados, mas ele soube se recompor, para me amar.

Um dia gostaria de escrever a historia de vocês.

Não creio que valha a pena, muita gente tomaria como uma historia de sexo, amor gay. Não quero isso para nossa história.

Quando chegou o verão, a praia estava cheia novamente de turistas, surfistas, Gus o convenceu de colocar seus quadros na tal loja fechada.  Arrumou um grupo, pintaram tudo de branco, foram colocando os quadros nas paredes.  Muitos estavam por ali.  Brendan, gostava de se sentar na praia ir desenhando a cara dos garotos, conversando, gestos que faziam, risadas.

Mas no fundo da galeria, numa grande parede colocou o quadro que tinha pintado do Gus, combinou com os garotos, dizendo ele ainda não viu, um grupo o chamou para alguma coisa, quando ele voltou se viu na parede do fundo, como um fauno, metade homem, metade animal, ficou impressionado.  Não se atreva a vender esse quadro é meu.  Dou o cu o resto da vida para pagar, mas é meu.   Se aproximou do amigo, lhe deu um beijo na boca, o fez por impulso, viu que ele ficava espantado.  É a coisa mais bonita que já vi, depois claro do quadro do Ben.

Apareceu um dono de galeria de San Francisco, queria comprar metade dos quadros, ele disse para negociar com o Gus,  amigo sou uma merda negociando dinheiro, faça por mim por favor.

Este arrastou o homem para a casa do Brendan, quando este viu o quadro do Ben, queria comprar de qualquer maneira.  Ele disse que nem pensar, era o homem de sua vida, por nada do mundo o deixaria cair nas mãos de ninguém.

Porque não preparas uma exposição para minha galeria.  Creio que podemos negociar, verdade Gus?

O dono da galeria, tinha um nome italiano Marcus Gentille, olha venha ver tudo que ele esconde.  Realmente só tinha exposto os dos meninos da praia.   Mas alguns tinha usado com outro sentido. Tinha um que Marcus ficou babando, pago o que quiser por esse quadro.

Era uma serie de surfistas, com cabelos descoloridos, deitados em cima das pranchas, dentro da água, tinha transformado todos em sereias.  Este ainda estou terminando, mas se fazemos a exposição, prometo ter mais coisas.

Passou todo o verão trabalhando, os surfistas vinham posar, como se ouvissem o canto da ondina.   Gus tinha conseguido vender tudo da galeria da vila.  Avisava da exposição em San Francisco.   Ao mesmo tempo, ficava com ciúmes, desses garotos todos posarem desnudos para Brendan. 

Podes perguntar a qualquer um deles, se os toquei.  Se tiver que fazer sexo, será contigo Gus.

Serio, estou esperando a tanto tempo. 

Sim se tiver que fazer sexo, primeiro será contigo, prometo.

Uma noite que ele estava fazendo um relatório de tudo que tinham vendido na galeria, agora teria depois da de San Francisco, preparar para o ano seguinte.

Estava contando ao Gus, que um dos garotos da vila tinha se insinuado para ele, enquanto posava.  Me disse com a maior simplicidade do mundo.  Gosto de fazer sexo, o seu deve ser imenso.  Lhe disse para se comportar, porque iria contar aos seus pais, eu tinha idade para ser seu pai.  Ele riu na minha cara dizendo, tens é medo que o Gus descubra.   Pois é se ele descobre estas perdido, é capaz de te afogar quando forem fazer surf.

A cara do Gus era ótima.  Não sabia se ria, ou se ficava com ciúmes.  Quem foi esse garoto, vou lhe dar uma surra.

Colocou a mão em cima das do Gus, venha, vamos experimentar.  O levantou do chão, pois era mais alto e mais forte que ele.  O levou para a cama, o levando praticamente a loucura.  Gus só pedia mais por favor.  Puta merda é melhor do que eu imaginei.

Eu te amo desde que te vi, morria de ciúmes do Ben, quando ele me escolheu para confidente, vi que confiava em mim.  Tive que guardar tudo que sentia por ti.

Ele vinha dormir todas as noites, mas nunca viver com ele.  Cada um com seu trabalho.  Para o verão quando saia o jornal dos Surfistas, fez uma bela historia do amor dos dois, com a foto do quadro.

Foi com Brendan para a montagem e inauguração da exposição.   Evidentemente todos queriam os dois quadros, o do Ben, como o do Gus.  Estes não estavam a venda.  Os dos surfistas sereias, foi o primeiro a ser vendido.   Não sobrou nenhum já no primeiro dia, só os que não estavam a venda.   No dia seguinte os jornais diziam, nasce um novo pintor para o mundo.

Ele se ria do Gus, porque este era ciumento.  Todos os homens que se aproximavam dele, soltava logo é meu.   Foi contatado para uma exposição em New York, muito badalada, nos programas culturais,  Gus não foi porque na ultima hora não estava bem.  Tiveram que o internar.   Teve que voltar correndo, no que fazia os exames, teve três enfartes seguidos, morrendo.   Fez todas as vontades dele.  A casa ficou para um sobrinho que queria vende-la, ele a comprou.   No dia que examinava a casa para pensar em que fazer, encontrou os vídeos do Ben, escondidos.  Cavou um buraco na areia, colocou fogo.   Mandou arrumar a casa, seria um lugar de pouso para os surfistas amigos.

Quando voltou a New York, para fechar a exposição, foi finalmente entrevistado por vários canais, a exposição ficaria mais dias.

O dono da galeria, disse que dois quadros tinham sido comprados por um colecionista que queria conhecer.   Pensou, deve ser um desses ricos, que acham que podem, contudo.

Estava na galeria de costas, ouviu uma voz atrás dele.  Deves achar que sou uma pessoa chata, sem conversa, idiota. Quando se virou viu um negro mais alto do que ele, tinha a cara mais afilada, com um cavanhaque.  Fui eu quem comprou os quadros.  Vi a de San Francisco também,  gostei demais.

Podemos sair para tomar alguma coisa.

Desde o primeiro momento, os dois se entrosaram. Acabaram na cama.   Fazer sexo para os dois era um tour de force.

Quando acabou a exposição o outro disse que ele ficasse em New York.

Não posso, tenho minha vida, meu studio na praia, não poderia viver aqui.  Minhas melhores lembranças estão lá, não tinha falado do Ben, tampouco do Gus.   Os dois homens que mais amei, foram lá.

Posso ir te visitar?

Quando queira.  Mas nunca apareceu ou chamou.

Ele estava fazendo uma série agora, desde os desenho do esconderijo, até a partida. Era de um realismo impressionante, se emocionava ele mesmo de olhar.

A última um quadro de quase dois metros, tomava uma parede imensa. Era ele no banco detrás do carro, Ben, na estrada correndo atrás do carro.  Era como um recorte, de um lado, os dois sentados nus, ele tinha feito essa foto através do espelho do quarto.  Estava ele encostado na cama, Ben, deitado de costa para ele, com a cabeça apoiada no seu peito, se lembrando dessa cena.  A cena só detalhava o vidro traseiro do carro, ele gritando Ben, este de costa correndo atrás do carro.

Estava dando os últimos retoques quando apareceu o garoto que queria transar com ele, mais uma vez repetiu que podia ser seu pai.  Ia dizer que iria reclamar com seu pai esse seu comportamento, quando um homem entrou.  Eu te segui, para saber o que andas tramando, não podes deixar as pessoas em paz.  Além de não trabalhar, incomoda as pessoas.  Falou com Brendan, pedindo desculpas.  Fora da temporada, esse menino fica louco, sei que é gay, mas é meu filho.   Não consigo controlar seus impulsos.

O garoto foi embora, ele começou a conversar com o pai, tranquilamente. Perguntou o que este fazia. Durante o inverno pesco, no verão também, mas trabalho num restaurante assando peixes na brasa.

Era um tipo impressionante, como podia ter aquele menino frágil como filho.

Pediu se podia fazer um esboço dele, pediu que tirasse a camisa.  Seu corpo era impressionante, musculatura de quem trabalha duro.   Se quiser posso posar nu, eu fiz isso para a pintora.  Não o que queria era saber se podes me levar no teu barco enquanto pesca para que fizesse umas fotos para uma ideia.  Quanto ela te pagava.  Ele disse um valor irrisório.

Ok. então amanhã a que horas?

Cinco da manhã.   Nesse dia foi para cama cedo, colocou um despertador velho que tinha encontrado, tomou café, pegou o material que tinha deixado pronto no dia anterior, foi se encontrar com ele, de onde ele disse que saia.

Era um barco pequeno, ele lhe disse, sente-se frente, assim equilibramos o barco, as ondas essa hora eram baixas, partiram.  Fez fotos, desenho o homem que se chamava Robert, ou Rob como ele dizia com um sotaque diferente.  Conforme o barco ia ficando cheio de peixes das redes que ele ia jogando, puxavam com todas suas forças, seus braços brilhavam de músculos, pediu para ele tirar a camiseta, continuou trabalhando,  num dado momento sentiu que estava excitado. O outro percebeu.  Antes de voltarmos, vamos tomar um banho naquela praia, era uma enseada pequena, com uma praia de areias brancas, por detrás uma mata.

Prendeu o barco na areia, tirou as calças rasgadas, ficou inteiramente nu, virou-se para ele, disse vens comigo. Ficou nu também, na agua, primeiro nadaram.  Depois  voltando, se virou eu gosto de fazer sexo com homens também.  Aquele homem bruto era extremamente carinhoso, fizeram sexo uma e outra vez.  Voltaram rindo para casa. Quando necessitar te aviso.

Se queres qualquer dia deste posso subir para fazermos sexo.   Mas sou casado, não quero complicações.   Lhe pagou como combinado. Foi para casa, com os esboços embaixo do braço. Ampliou as fotos.  Primeiro o retratou como Poseidon, o deus dos mares, como se estivesse saindo da água nu, com uma rede, aonde estavam os peixes brilhando.  Depois como um humilde pescador, em que aparecia a barca, os peixes todos espalhados por ali.  E um quadro muito grande, ele tinha feito essa foto, pedindo que ele mergulhasse, saísse da água lentamente.  Era sua cara surgindo da água, com seus cabelos largos abertos em leque.

Cada vez que terminava um trabalho, estava excitado.  Mas nem podia pensar numa relação com um tio casado.   Um dia voltando da cidade aonde tinha ido comprar material, precisava urgentemente te telas, tinha encomendado rolos de diversos tipos que estavam amarrados em cima do Jeep.   Falou com ele que seus quadros já estavam prontos.  Se ele quisesse ver, subisse.

Então vou contigo, assim te ajudo a descarregar o material, de longe pensei, comprou uns belos longboard.    Quando viu seus quadros, arregalou os olhos, são teus olhos que me veem assim.

Estava de caralho tenso, até eu tenho vontade de fazer sexo comigo mesmo.  O levantou do chão, o beijou, fizeram sexo.  Não estou fazendo isso para cobrar nada, mas tua pele me excita.  Depois do sexo, disse que seu filho tinha falado com a mãe, que ele estava transando com o pintor.  Bom meu casamento que estava uma merda, foi pro brejo. Mas é melhor assim, ela levou o garoto para uma cidade grande, que era o que ele queria.

Posso dormir contigo. Na sua cabeça viu o Gus, dizendo aproveita a vida.   Tu eres diferentes dos outros que aparecem por  aqui, não porque sejas negro.  Educado, respeitas as pessoas, lastima que não posso ter um relacionamento contigo.  Temos uma diferença cultural muito grande, eu adoro estar no mar pescando.  Não quero fazer outra vida.

Dormir com ele, era como faze-lo com o mar, sua pele cheirava a mar, suas mãos calejadas, era de um homem forte, mas no contato, era educado, quase frágil.

Ficou um largo tempo sem vê-lo.   Recebeu uma chamada do Galerista de San Francisco, tem um galerista em Los Angeles, interessado em fazer uma exposição contigo.   Ele é duro na queda.  Mas garanto que se fizeres uma exposição lá, será um sucesso.   Ele conhece todo mundo.

Telefonou, atendeu uma voz rouca, pediu desculpas, pois tinha um problema com a voz.

Se identificou, o outro disse que tinha visto a exposição de San Francisco, a de New York.  Se ele pudesse vir agradecia, porque no momento não tinha ninguém para ajudá-lo.

Lá foi ele no velho Jeep, ia saindo da vila quando viu Robert, disse que ia a Los Angeles, tratar de uma exposição. 

Quando voltares, me procure, tenho pensado muito em ti

Ok, Robert, pode deixar.

Quando chegou a Los Angeles, viu que a galeria era imensa, numa zona muito bem situada, com várias galerias em volta.

Como sempre Los Angeles, era uma merda para estacionar.  Conseguiu num edifício próprio para isso.  Chegava por isso minutos atrasado para o encontro.  Entrou, a galeria estava  vazia só havia um homem de costa, vestindo um macacão, pintando a parede dos fundos.

Por favor, tenho uma hora marcada com o proprietário, aonde posso encontra-lo.

O homem sem se virar, disse aqui mesmo, espere que desço da escada.  Viu que era negro, mas quando se virou, sua boca era igual do Ben, parecia um morango.

Ficou sem movimentos.  Estas bem?

Se recuperou, levei um susto, você tem detalhes de uma pessoa que amei demais.

Imagino, vi as fotos, quadros do teu amigo.  Temos o mesmo tipo de lábios, não é?

Sim.  Um minuto que tiro essa roupa, lavo as mãos podemos conversar, venha comigo, o levou para uma sala cheia de luz.   Na sala tinha na parede de frente para a mesa, um quadro seu, talvez comprado em New York. Saiu ajeitando um laço de gravata.

A já descobriste teu quadro.   Me apaixonei por ele, vi dois mais, na casa de um com que tive um relacionamento.   Um idiota rematado, faz sexo de maravilha, mas depois foge.

Resolveu ficar quieto.  Tem mania de ir dizendo para todo mundo, transei com fulano, com sicrano, etc. 

Tinha feito fotos dos quadros, todas em tamanho A3, assim se via melhor. Tinha levado tudo para ser impresso na cidade.  Assim podia fazer boa apresentação.  Quando viu os do Robert, ficou louco.  Esse homem parece que tem sexo escrito na cara. Que olhar, ou será que estava olhando para ti.   Ia dizer que sim.  Mas ficou quieto.  Quando viu a foto do quadro dele com o Ben, alucinou.  Caramba, mais sexi impossível.  Quer dizer que sou como um doublé desse homem.  Foram amantes?

Sim desta vez respondeu corretamente.  O amor de minha vida. Esse quadro conta a história do nosso reencontro, ao mesmo tempo da época que nos separaram.  Mas não está a venda.

Esse quadro merecia ir para um museu.  Tenho vários museus como clientes, vou mostrar, quem sabe vale a pena,

Quanto quadros precisa, é para que época. 

Gostaria de inaugurar no final da primavera, antes que comece o verão em si, todo mundo desaparece.

Queres ir jantar comigo?

Disse não diretamente. Se for vou acabar na cama contigo, isso fara que eu reabra um ferida muito dolorida, vou confundir você com o Ben.

Voltou pensando no Robert, ele não era realmente desse mundo, era simples, honesto, tinha feito tudo para satisfaze-lo na cama.  Conversava com ele normalmente, sem tentar ser inteligente, ou demonstrar nada.

Quando chegou a vila, parou na frente de sua casa, chamou, uma vizinha disse que tinha sofrido um acidente, arrumando alguma coisa no barco, estava no hospital na cidade.  Lhe disse aonde.

Ele já conhecia, pois tinha sofrido muito ali.   Este homem não tem ninguém, deve estar sendo tratado como um indigente. Virou o Jeep em direção da cidade.   Ele estava em urgência.   Quando lhe disseram que como não tinha seguro, teriam que esperar, para operar, para um quarto particular.   Senhora, tudo corre por minha conta, é meu amigo.   Em seguida foi atendido, tinha um corte feio na mão, outro na perna.  Tinham le dado tranquilizantes.  Uma das enfermeiras reclamou que esse homem cheirava a peixe.   Perdeu a paciência, senhora, ele é pescador, meu amigo, favor deixar desses comentários.

Tiveram que lhe operar o braço, ligar os tendões da mão, durante um tempo creio que não poderá fazer força.

Robert, despertou com ele segurando sua mão.  Estava sonhando contigo.  Me dizias que passaria na volta.  Fui a praia fazer uns concertos no meu barco, um idiota veio me dizer que o que estava fazendo não estava bem. Quando lhe perguntei de que falava.  Me chamou de Gay, que eu devia estar te explorando.  Soltei na cara dele um soco que o jogou para trás.  Gosto de fazer sexo com esse homem sim.  Além de tudo é meu amigo.  Se queres saber, estou apaixonado por ele. Algum problema. Virei de costa, continuei trabalhando, o filho da puta se levantou, me jogou contra o barco, estava com uma faca na mão, o que me fez cortar a outra o da perna fez ele.

Tudo por minha culpa?

Não no momento que ele disse isso tudo, o que falei foi verdade, não consigo te tirar da minha cabeça.   Sei que nossas diferenças sociais seriam um problema.  Mas na verdade estou apaixonado por ti.

Venha descansa, amanhã te levo para minha casa, cuido de ti.

Foi o que ele fez, as pessoas falavam, mas ele sabia, porque era uma novidade, quando ficou melhor, iam fazer surf juntos,  Perguntou se ele não queria mudar de emprego.  Fazer o que. Tomar conta da casa de hospedes.  A reforma da casa do Gus já acabou, virou uma casa de hospedes, tu conheces todos esses surfistas, podes controlar a situação.   Mas de vez em quando podemos sair para pescar, ir tomar banho na nossa praia.

Agora dormiam todas as noites juntos. Sentiu que finalmente tinha encontrado uma pessoa que podia passar o resto dos seus dias.  Ele construiu um varanda na lateral do Studio, dali podiam ficar olhando o mar, no entardecer, tomando uma cerveja.  Ele retomou a horta do Ben, assim podiam ajudar na alimentação da casa de hospedes.  Quando o pessoal chegou, adorou a ideia, inclusive ele arrumou uma senhora para cozinhar, arrumar quartos.  Avisava roupas pelo chão não que ela coloca no lixo.

Quando os quadros estavam prontos, avisou o galerista de Los Angeles. Gostou de tudo, queria o quadro do  Ben, sinto, mas não sai daqui.   Quando viu o Robert, podias leva-lo, vai deixar a mulherada louca.

Pergunte para ele se quer ir?

Robert, respondeu simplesmente não.  Não gosto de ser objeto sexual de ninguém, meu companheiro me entende.

Então não quiseste fazer sexo comigo por causa dele?

Sim, algum problema.  É meu companheiro. Se isso impede a exposição, sinto muito, posso leva-la para San Francisco.

Nada disso, Terei que mandar um caminhão para levar as obras grandes.

Eu aviso, se for ter entrevistas, que seja todas no mesmo dia da exposição, porque no dia seguinte volto para o paraíso.

Eu também voltaria, correndo, nem que fosse de joelhos, disse rindo.

Na véspera, ele perguntou ao Robert, não queres vir comigo?

Não te espero aqui.  Tú sabes que te amo.  Estarei esperando.

O caminhão veio buscar as pinturas, Robert tinha ajudado a embalar todas.   Ele só pediu uma coisa, esse quadro da minha cabeça saindo d’água gosto muito, não o venda, tem um significado especial para mim.

Qual é, posso saber?

E que cada vez que saia te via, creio que já estava apaixonado por ti.

Voltou dois dias depois, lhe disse, menos mal, que gente mais idiota, se vendeu todos os quadros, o do Posseidon, vai para um museu de Los Angeles, depois quando lá estiver, iremos ver nos dois juntos.

Todo mundo queria teu quadro saindo d’água, mas me neguei em vender.

Agora, o relacionamento era completo, ele também penetrava o Robert, no início achavam que o deixava para satisfaze-lo, mas quando viu que tinha orgasmo com ele, relaxou.

Agora no verão as noites de calor, os dois dormiam nus na varanda, mas abraçados um ao outro.

Quando o galerista de San Francisco veio pedir outra exposição, ele disse que fazia, mas com uma condição, não iria até lá para a inauguração.   Invente qualquer coisa, que estou velho, que sou ranzinza, desagradável, mas não me faça sair daqui.

Saiam todas as semanas para pescar. Depois iam tomar banho na praia secreta deles.  Quando Brendan fez setenta anos, Robert, fazia 65, se casaram, sem avisar ninguém, só os dois no cartório.  Depois foram a Los Angeles para ver o quadro do Posseidon.  Caramba virei eterno. Inclusive tinha uma foto postal com o quadro. 

Ficaram vivendo no Paraiso até o final dos seus dias.  Sempre se lembrava da sua infância com Ben, tinha contado tudo ao Robert, quando soube o que tinha acontecido com ele, chorou, que lastima fazer isso com uma criança.  Isso mostrava o coração que tinha, podia ficar com ciúmes, mas ao contrário, tinha aprendido ama suas lembranças.

























  










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