Adrian, não espera um castigo tão severo, nem tão surpreendente. O choque o teve vários dias trancado em seu quarto, esperando quando embarcar. Somente lhe abriam a porta para passar a comida, água, mais nada. Tudo bem que seu pai não quisesse escândalo, mas as revelações depois de todos esses anos tinham sido cruéis.
Na verdade, nunca tinha visto seu pai sorrir na vida, a não ser quando tinha interesse por alguma coisa, que trouxesse dinheiro para a Universidade de Oslo. Ele era reitor, tinha sempre que angariar fundos.
Não se lembrava de nenhum carinho, uma palavra incentivadora, que o tivesse colocado na cama, contado um conto infantil, literalmente nada.
Tinha sido criado por uma senhora já entrada nos anos, que quando ele fez dez anos, foi despedida, porque o pai já achava que tinha que se virar sozinho. O que não esperava, tampouco fez algum elogio a respeito, que ele tivesse um consciente elevado.
No primeiro dia de aula, basicamente já sabia todos os assuntos que iriam ser tratados, isso o aborrecia mortalmente. Mas se comportava, pois isso lhe dava oportunidade de fazer uma coisa que gostava, fantasiar. Escrever sobre isso.
Quando lhe perguntava por sua mãe, afinal todos seus companheiros de classe tinham uma, que os acompanhava a escola. Ele não, tinha que ir sozinho, embora fosse apenas duas casa da mansão familiar. Todos tinham inveja da casa que vivia. A vontade que tinha de dizer era, queres trocar comigo, quero uma família como a tua. Mas imagina dizer isso, nunca entenderiam. Além de que seu pai dizia que a intimidade familiar, sempre deviam ficar entre 4 paredes. Era o que se fazia naquela casa.
Tinha sido construída pelo seu avô, que não conheceu por suposto. A parte principal, ficava como num primeiro andar, se subia por uma escada imensa que havia na frente da casa, o que seria a parte baixa, eram a cozinha, um comedor dos empregados, lavanderia, o quarto dos mesmos, banheiro. Não lhe estava permitido descer. Quando criança, em seu quarto que era o mesmo de hoje, muito grande, no que seria o segundo andar, na verdade se usava somente esse andar, apesar te ter outro em cima. O quarto da frente imenso era de seu pai. O dele, incluía um quarto a parte, aonde dormia a mulher que cuidava dele, mas nunca teve um berço, uma cama normal, decoração infantil nem pensar. Brinquedos, usava os dos colegas de escola, no recreio, quando era pequeno, pegava não queria devolver. Como era alto, grande logo aprendeu a defender-se.
Com 12 anos, um dia escutou uma discussão na biblioteca, era seu pai com uma mulher, coisa rara naquela casa. Foi até a porta, a mulher estava muito pintada, mais tarde saberia dizer que se parecia uma puta, ele se negava a lhe dar mais dinheiro. Assinaste um acordo, fora disto nada. Melhor que saias, antes que chame a polícia, além de que Adrian esta para voltar da escola. Estranhou porque ele estava de férias. Quem era essa mulher, saiu pisando forte o chamando de filho da puta para baixo. Abriu ela mesma a porta principal, bateu a mesma, ele saiu de casa de fininho, começou a segui-la. Quem era essa mulher? Era a pergunta que foi se fazendo, porque queria dinheiro. Viu que mais adiante havia alguém a esperando fora de um carro, em frente a um jardim. Se escondeu no jardim, escutou a conversa dos dois. Ela se lamentava ter assinado o acordo, de ter entregue a criança. O outro lhe respondeu que teriam que ir-se de Oslo, pois agora ele sabia que ela estava ali, mandaria a polícia vigia-los. Terás que trabalhar mais, se queres chegar a velhice com alguma coisa de dinheiro. Ela entrou no carro, tornando a dizer filho da puta. Ele gostava dessa palavra, será que era sua mãe, também era uma puta.
Ficou quase as férias inteira sem ver seu pai, estava em congressos, viagens para ver outras universidades. Ele para não se aborrecer, ia a piscina que ficava quase ao lado de sua casa. Gostava de nadar no interior na água quente. Viu um dia um nadador treinando o estilo crol, pediu que lhe ensinasse. Aprendeu rapidamente, notou que todo o tempo o outro olhava para sua sunga, ele sabia que a tinha grande, grossa para os meninos de sua idade. Um dia que tomava banho depois de nadar, se chegou a ele, a segurou, se ajoelhou, mamou. Mas ele sequer tinha esperma. O outro estranhou, perguntou sua idade, quando disse 12 anos, se assustou, nunca mais se aproximou dele. Mas ele ao contrário tinha gostado do contato.
Num exame físico da escola, o médico estranhou o mesmo, quando perguntaram ao seu pai, ele simplesmente abriu as calças na frente do médico, mostrando a sua, é de família, sempre a temos grande.
Com 14 anos já tinha terminado o a escola. Agora lhe tocaria universidade, foi a única vez que seu pai lhe perguntou o que queria fazer. Ele não era tonto, já tinha estudado o assunto. De algumas, gostava de uma assinatura, de outras duas, mas uma inteira não lhe interessava para nada. Quando lhe disse isso, coçou a cabeça, dizendo quem sai aos seus, não degenera. Conseguiu como ele era jovem demais, que fizesse somente o que lhe interessava. Isso lhe abriu um leque mental fantástico. Mas claro, não encaixava com os demais estudantes, pois era o mais jovem, mais inteligente, na verdade, tampouco fazia como os outros, estudava. Aprendia escutando, escrevendo, formando suas próprias opiniões. Não lhe interessava em absoluto que um professor dissesse que o assunto terminava ali. Em seguida aparecia na aula seguinte com uma série de questões. Os mais espertos, quando terminavam que teriam que dar por finalizado o assunto, lhe perguntavam se achava que o assunto estava fechado. Ele argumentava que no dia seguinte, teria a resposta, se metia na biblioteca da universidade, estudava todos que tinham falado no assunto, procurando uma brecha para não dar o assunto por terminado. Terminava o ano com louvor sempre. O difícil seria lhe conseguir um diploma, pois não tinha feito nenhum curso na verdade completo. Mas como dizia seu pai, ele é jovem, um dia escolhera alguma coisa.
Quando estava para fazer 18 anos, seguia indo a piscina, um dia um professor de esporte o viu nadar, lhe corrigiu sua sincronização, até que um aluno lhe alertou que ele não era aluno do professor. Mas pelo menos estava na piscina por duas horas. Um dia já meio tarde da noite, saia se secando da zona de chuveiros, quando o professor o observou. Ele como vinha com a toalha secando seus cabelos, não o tinha visto, o professor, fez que esbarrava nele, para raspar a mão pelo seu caralho. Levou um susto. O professor se desculpou, os dois ficaram olhando um para o outro parados. Nessa hora, já não havia ninguém nessa zona. Tiveram sexo ali mesmo. Ele sabia pelo que os outros alunos falava, mas nunca tinha feito sexo. Isso lhe abriu a cabeça. Não disseram nenhuma palavra, tampouco se beijaram, simplesmente fizeram sexo.
Ele pensou se isso era amor. Agora esperava o professor quase todos os dias, os dias que ele não aparecia ficava decepcionado. Nem sabia seu nome. Todo final de ano, o reitor, reunia todos os professores na sua casa para um coquetel de despedida. Pela primeira vez o professor foi. Ele tinha comprado um terno, com gravata, por se acaso seu pai o considerasse maduro para assistir. Quando lhe perguntou, disse que ele era muito jovem, essa gente velha, que tudo isso era aborrecido inclusive para ele.
Foi a piscina, ficou ali nadando duas horas, voltou como sempre totalmente molhado, quando passou pelo hall, viu o professor, fez sinal que subisse. Este foi atrás, ele tirou toda sua roupa, se secou, abaixou as calças do outro, quando um dos empregados, abriu a porta para lhe trazer comida. Viu o professor de costas, ele com tudo dentro do professor, só fez um gesto dizendo, feche a porta.
Quase em seguida entrou seu pai. Ficou parado na porta horrorizado, pois em momento algum ele parou, o professor gemia, agarrado a porta. Quando se virou, deu de cara com o reitor, ele ao contrário, achava natural fazer sexo. Continuou ali nu. Seu pai só disse ao outro, sabe que ele é menor de idade, poderias ir preso por isso.
O professor saiu correndo, seu pai, com o pé enfiou a bandeja para dentro do quarto, fechando a mesma a chave, pelo ruído a festa continuava.
Ele tomou calmamente um banho, não achava que tivesse feito nada de errado. Gostava de fazer sexo, já sabia que isso não era amor, porque nunca trocavam um carinho, um beijo nada.
Depois de comer, ficou jogado na cama, como se nada, imaginava que seu pai lhe daria um sermão.
Mas ao contrário, quando entrou no quarto, foi ríspido. Vejo que tens a mesma tara de teu pai, o mandei para longe, para ver se te educava realmente. Mas nada, tens o mesmo problema que ele, não sabe conter essa coisa grande dentro das calças.
Ficarás aqui, até que eu tome uma resolução.
Não tinha entendido nada a respeito de que falava da tara de seu pai. Mas se ele era seu pai.
Uma semana depois, estava desesperado, de estar preso ali, abriu a janela, conseguiu descer, foi a piscina, esteve nadando como sempre. Escutou dois garotos dizendo que o professor tinha se demitido, tinha desaparecido da face da terra, deixando para trás sua mulher. O sujeito era casado, ele não tinha desconfiado, porque não usava nenhum anel.
Quando voltou para casa, seu pai estava furioso por ele ter escapado. O fez sentar-se na biblioteca molhado como estava, ele ficou aguardando, um ataque de fúria. Mas nada, quem sentou-se diante dele, foi uma pessoa racional. Antes de mais nada, não eres meu filho, sim meu sobrinho. Teu pai verdadeiro, o imbecil de meu irmão, era alucinado com o sexo, não lhe escapavam homens ou mulheres. Por isso engravidou tua mãe. Tive que comprar seu silencio, além de ti, lhe fiz assinar um contrato, por muito dinheiro para que ela desaparecesse. Hoje é uma puta. Teu pai verdadeiro, vive em NYC, num apartamento que comprei, vive na farra. Antes que me faças passar vergonha, vou te mandar para ele, estou farto.
Ele tentou falar, mas não lhe permitiu, escute até o final. Não acabei.
Falei com o reitor da Universidade de New York, que é meu amigo, poderás continuar fazendo cursos lá como aqui. Eles gostam de gente que tenha cérebro como tu. Teu pai que se vire para acabar de educar.
Ele estava ali sentado, as lagrimas escorriam pela sua cara, todos esses anos, ele esperado um carinho, mas claro não podia ter.
Mandei um telegrama para teu pai, avisando que vais para lá. Vais esperar no teu quarto, sem sair, até a hora que tenha um navio para lá. Não quero te escutar, tampouco tente escapar, pois mandei pregar todas as janelas, não vão se abrir.
E que nadar me relaxa. Por favor não me negue isso.
Está bem, poderás ir, mas acompanhado de uma pessoa.
Ainda teve a audácia de perguntar pelo professor, ele não tem culpa, fui eu que abusei dele.
Mas ele não sabia que eras menor de idade. Podia ser preso por isso. Acabaste com seu casamento, porque todo mundo ficou sabendo. Já nem está na Noruega. O amavas por acaso.
Não sei o que isso significa.
Contratou um homem imenso, forte, antes lhe perguntou se ele gostava de fazer sexo com jovens. O homem era um puritano, lhe disse que jamais.
Todos os dias, vinha abrir a ponta do quarto, o levava a piscina, se sentava numa cadeira, o ficava observando nadar.
Ele ficava pelo menos duas horas, ali dando braçadas de um lado para o outro.
Um belo dia o que agora sabia que era seu tio, entrou no quarto, lhe disse para preparar três maletas, uma com roupa de verão, outra com roupa de inverno, a outra com o que quisesse. Que o navio saia no dia seguinte, faria uma parada no porto de Dublin, dali direto para New York.
No dia seguinte, ele se apresentou na biblioteca, muito cínico, disse ao tio que obrigado por tê-lo criado tão bem, ter-lhe permitido estudar como gostava, isso não posso negar, foi a única coisa que o senhor fez bem.
Este lhe deu um passaporte, já com visado de estudante por dois anos, nunca soube como ele tinha conseguido, um envelope grande, grosso. Ele mandou que o abrisse. Estava cheio de pacote de dólares, com isso tens que tomar cuidado. Abrirás, uma conta em teu nome num banco, dará esse dinheiro por um bom tempo. Vais me informar que banco é esse, a cada seis meses te depositarei dinheiro.
Não dê, nenhum ao teu pai, pois ele já tem uma paga mensal, além do apartamento. Por sorte tua, esta perto da Universidade, no Village. Procure pelo amor de deus, te comportares bem.
Ele se virou para o tio é perguntou, o que ele tinha contra o sexo.
Quando descobrir essa tara da família por sexo, fiz um tratamento, que me esterilizou, aprendi a controlar meus impulsos, vou uma vez ou duas num lugar de putas, faço sexo uma noite inteira, depois fico tranquilo.
Devias tentar fazer o mesmo. Ir a um psicólogo, NYC tem muitos. Quem sabe isso te ajuda. Porque teu pai não sabe se controlar.
O levou até o barco, recomendou que tivesse o dinheiro sempre vigiado, numa das maletas que tinha um fecho a chaves. Fez o único gesto que o tornou humano para ele. O abraçou, dizendo que amava sua inteligência. Sigas estudando, um dia serás herdeiro disso tudo que tenho. Tinha descoberto dias atrás ao escutar uma conversa entre os empregados, que seu avô tinha sido imensamente rico, que seu tio vivia de aplicar esse dinheiro em coisas seguras.
Agora entendia muitas coisas. subiu a bordo, se virou para acenar como via as pessoas fazendo, mas ele já não estava mais ali. Tinha um bom camarote, com certeza seu tio diria, para uma pessoa da tua posição. Durante a viagem até Dublin, teve tempo de pensar em muitas coisas. Se sentava no convés, quando ficava vazio, analisando tudo que tinha acontecido. Nunca tinha amado o professor, queria era fazer sexo com ele, penetra-lo, já que ele pensava que estava fazendo um carinho no outro. Adorava esfregar seu corpo no dele.
Quanto ao seu tio, acreditava agora, que o fato dele ter-se esterilizado, o tinha transformado numa pessoa fria, distante. Isso não quero ser.
Um moço de bordo, sempre vinha lhe trazer uma manta, lhe perguntava se necessitava de algo, notou que ele tinha uma bunda bonita. Um dia quando lhe perguntou se necessitava algo, lhe respondeu que o precisava ver nu.
Finalmente, estas todos os dias pensando, já vi teu vulto na calças. Me perguntava que faz esse desperdiçado o tempo. Essa noite passo no camarote.
Estava desperto, quando escutou uma batida ligeira na porta. Abriu era o mesmo, com uma bandeja, trouxe a água com gás que o senhor pediu, disse alto. Entrou fechou a porta, em segundos estava nu, não tinha nenhum pelo no corpo inteiro, só na zona do sexo. Pela primeira vez alguém lhe deu um beijo de língua, gostou. O rapaz era carinhoso, tinha outra maneira de fazer sexo. Era tudo diferente ao que estava acostumado. Lhe perguntou o seu nome?
Bert White, para lhe servir, fazendo uma inclinação.
Agora vinha todas as noites. Um dia brincando, disse que chegaria a NYC, com um rombo na bunda. Um dia, lhe disse que não lhe podia penetrar, pois estava machucado, hoje le tocaria a ele.
Disse que nunca tinha feito isso. O outro tinha experiencia, lhe penetrou suavemente, isso tens que aprender a fazer, suavemente. Seu prazer foi imenso. Gostou demais. Depois ficaram conversando, lhe contou ao outro o que estava acontecendo com sua vida.
Vais gostar de NYC, mas terás que ter cuidado, agora com a AIDS, pois isso esta fazendo que muita gente morra. Ele tinha escutado sobre o assunto. Tens que usar camisinha. No dia seguinte trouxe duas, uma grande para ele, outra normal.
Agora faziam um ao outro.
Quando chegaram em Dublin, o navio ficaria dois dias no porto, para fazer um reparo ligeiro. Venha vou te mostrar a cidade. Desceram separados, se encontraram um quarteirão distante do porto. O levou a todos os lugares gays da cidade. Acabaram fazendo sexo em três, até em quatro pessoas. Mas na volta disse ao outro, não gostei, gosto do que tenho contigo. Assim é uma coisa banal, fria, mecânica.
Muito bem. Eu tampouco gosto, mas tinha que te ensinar a diferença.
Quero é isso, ter sexo, carinho, poder falar, conhecer a pessoa que esta comigo. De lá mandou um telegrama ao tio, dizendo que chegaria com dois dias de atraso.
Na noite anterior, estiveram a noite inteira fazendo sexo, conversando, o outro lhe deu o seu número de telefone. Ficarei agora seis meses em terra, podemos sair, conhecer a cidade. Gostaria disso?
Sim, nunca tive amigos para compartir nada, gosto de estar contigo, se não for incomodo, eu gostaria.
Quando desceu do barco, não havia ninguém lhe esperando, achou estranho, ficou ali, meia hora parado com suas maletas. Como tinha o endereço que seu tio lhe tinha dado, conseguiu um taxi, lhe deu a direção, sempre tinha falado inglês bem. Esse tempo no navio, só tinha falado inglês com seu amigo Bert.
Quando chegou, era um edifício imenso antigo, em Oslo não havia nada disso. Na portaria se identificou, um senhor negro muito alto, o ajudou com a bagagem, disse uma coisa, cuidado, qualquer coisa venha falar comigo. Na hora não entendeu.
Quando tocou a campainha, a porta se abriu, apareceu um homem, moreno, com um roupão de mulher, não estava esperando ninguém. Nisso da outra porta saiu um jovem mais ou menos da sua idade completamente nu. Se vai ser a três, cobro mais caro. Ele não entendeu nada, perguntou pelo seu pai, o outro levantou o ombro, disse simplesmente se fudeu. Ficou ali parado, o rapaz, entrou, saiu fechando o cinturão, nessas confusões eu não me meto. Olhou bem para suas calças, soltou caramba isso deve ser a bomba.
O outro homem, lhe disse, a casa agora é minha, pois teu pai morreu, mandei as cinzas para o irmão dele.
Deixou as maletas no corredor, desceu. Quando chegou embaixo, o senhor negro, estava expulsando da entrada o jovem. Mais um que vai morrer cedo, vendem o corpo por qualquer dois tostões.
Já imagino que baita surpresa a tua, espere que já chamei o advogado de seu pai. Virá dentro de instantes, aonde deixaste a bagagem.
No corredor.
Aqui não podes fazer isso, espere aqui, subiu, voltou com a bagagem. A guardou atrás da mesa da entrada.
Esse homem que vivia com teu pai, é uma péssima pessoa. Não consegui expulsa-lo daqui. Esperava que teu tio ou teu pai viesse para fazer isso. Afinal o apartamento é dele.
Nisso entrava um homem com cara de mafioso, como ele tinha visto no cinema. Se apresentou como advogado de seu pai. Vinham com ele dois policiais, que tinham parado o carro diante do edifício.
Você fica aqui, subimos nós. Desceram vinte minutos depois, com o homem, arrastando duas malas, uma delas se abriu, aparecendo muita coisas em prata. O policial, não teve conversa, ainda por cima podemos te acusar de roubo. Eram coisas que jamais iriam lhe interessar, só um porta foto lhe chamou atenção, era de uma pessoa idêntica a que ele pensava que era seu pai.
Quem é esse perguntou. O outro muito desaforado, o veado do teu pai. Pode ficar com ele.
Não obrigado, pode levar tudo, não quero nada disso, nunca o vi na minha vida, agora tampouco o quero morto. Pode levar tudo isso, virou-se para o policial, pode deixar ele levar isso, deve ter aguentado alguém de minha família, o que não é fácil. O homem olhava para ele, se endireitou, finalmente alguém decente, teu pai morreu de tanto fazer sexo, com qualquer um por esta cidade. Morreu num beco, sangrando como um porco, eu cuidei dele anos. Mereço consideração.
Espere, vamos nos dois até lá em cima. O advogado, os policiais, ficaram olhando. Pode pegar tudo que queira nos armários, tinha uma mesa cheia de merdas de prata que lhe lembravam a casa de Oslo. Isso tudo também. Em cima num dos armários, estava cheio de maletas, encha essas maletas, de o fora daqui, comece vida nova como eu.
Caramba, tu eres diferente dele completamente. Era uma pessoa má, vivia nas drogas, sexo, volta e meia tinha que tira-lo da cadeia.
Espero ser um homem diferente dele, de seu irmão que pensei que era meu pai.
Tens dinheiro para começar a vida?
Sim ele me deixou alguma coisa de dinheiro. Então use esse dinheiro para começar tua nova vida, esqueça desses jovens, se te arrumas direito, não vais precisar pagar sexo. Fez uma última coisa na entrada do edifício, avisou a polícia que as outras malas, fora ele que tinha dado tudo que não lhe interessava, esse senhor merece começar vida nova. Lhe abraçou, lhe disse olhando na cara, não se esqueça do que te disse. Esqueça o passado, vida nova. Não sabia se estava falando para o homem, ou para si mesmo.
O advogado, lhe deu um cartão, tens dinheiro no banco na conta de teu pai, ele era um excelente escritor, ganhou dinheiro com isso. Me procure.
O homem negro o ajudou com as malas outra vez. No apartamento, abriu a carteira, tirou uma nota de cem dólares, lhe agradecendo a ajuda.
Meu nome é Samuel senhor, qualquer coisa fale comigo.
Primeiro me trate de Adrian, nada mais. Olhou bem o apartamento, será que conseguiria uma pessoa para limpar tudo. Tirar essas cortinas velhas, mandar pintar o apartamento todo de branco, as paredes se via papel de parede velhos. Já que vou viver aqui, vou reformar tudo.
Vou pedir a minha mulher para limpar tudo. Vou conseguir um homem que pinta os apartamentos, mas deixa que eu trato do preço, pois senão vão ver que o senhor é estrangeiro, vão querer cobrar os olhos da cara.
Ia chamar seu tio, pensou na diferença do fuso horário. Depois pensou, foda-se.
O outro atendeu com voz de sono.
Espero que tenhas recebido meu pai como é devido. Dê-lhe apesar de tudo um enterro digno. Sei que o apartamento é teu, mas vou reformar essa merda toda. Adeus.
Não deu tempo do outro falar. Este lhe chamou umas quantas vezes, mas não atendeu.
Na mesa do recebedor, viu uma carta de seu tio para seu pai, telegramas, que ao abrir viu que anunciavam sua chegada, contas para pagar. Só separou a carta de seu tio.
Era bem dele, uma letra perfeita, sem uma saudação sequer, mais parecia uma carta comercial. “te informo que estou enviando seu filho, ele tem a mesma tara que tu pelo sexo. Não quero viver com isso, já basta os problemas que causastes aqui. Ajude-o se for capaz.” Inclusive sem assinatura.
Uma carta comercial, seria mais humana. Teve que rir, eu me ajudarei a mim mesmo, pode deixar velho filho da puta. No que dizia isso tocou a campainha. Era uma senhora negra, meu marido pediu que lhe ajudasse. Venho limpar o apartamento.
Pediu que limpasse o banheiro, que o desinfetasse, abrisse todas as janelas, vamos retirar essas cortinas todas, vou limpar isso tudo. Foi abrindo as estantes cheias de livros, isso lhe interessava, o resto não, examinou as obras de arte, eram todas voltadas para o sexo. Algumas ele gostava, as deixou, as outras foi tirando da parede, encostando no chão. Havia uma mesa cheia de fotografias, agora prestando atenção, viu que eram fotos dele, em diversas fases de sua vida. Como ele tinha conseguido isso?
As guardou na estante de livros. Usaria essa mesa para escrever. Disse a senhora, que toda roupa de cama devia ser jogada fora, que ele ia inclusive comprar um colchão novo. Lhe dava nojo imaginar o que poderia ter acontecido ali.
Pergunte ao meu marido, com certeza poderá lhe ajudar. Antes de sair, telefonou ao Bert, esse riu muito quando ele disse que estava fudido. Depois te conto. Se quiseres almoçar ou jantar, eu agradeço, sabes que não conheço ninguém.
Almoçar eu não posso, pois, minha mãe, está fazendo meus pratos prediletos, mas jantar sim.
Falou com o Samuel, lhe explicou o que necessitava. Se podes esperar uns dez minutos, posso ir contigo, há uma loja de um amigo aqui perto. Apareceu com um terno, lhe caia bem, ficava com uma cara muito séria.
Que decepção a tua chegada?
Olha Samuel, eu não conhecia meu pai verdadeiro, pensei a vida inteira que meu tio era meu pai. Um homem educado, mas seco, sem graça, nunca me tratou como seu filho, ou o que eu penso que é um pai. Me mandou para cá, porque se decepcionou comigo. Nunca escondo a verdade, me pegou fazendo sexo com um professor, disse que sou degenerado. Eu nunca tive amor, nem sabia a diferença de sexo e carinho, creio que confundi isso. Mas não vou ser como ele, nem como meu pai. Serei eu mesmo, vim estudar, quero ser alguém por mim mesmo.
Quantos anos tens garoto?
Vou fazer 18 anos Samuel, mas faz dois anos que estudo na Universidade.
O levou numa loja, comprou desde uma cama, colchão, roupas de cama, um edredom, perguntou se podiam entregar hoje mesmo.
Só posso amanhã. Não tem importância, durmo no sofá.
Tinha dinheiro no bolso suficiente. Na volta perguntou ao Samuel, algum banco para abrir uma conta, voltaram ao apartamento, ele pegou o envelope, foi com o mesmo ao banco.
Samuel, conhecia o gerente, vivia no edifício ao lado. Ele entregou o envelope, o homem ficou de boca aberta, foi honesto em dizer que não sabia quanto tinha. Segundo o advogado do meu pai, há dinheiro em outro banco, depois terei que transferir para cá.
Em seguida tinha um cartão de crédito. Era hora do almoço, o convidou para almoçar.
Meu filho sou pobre, não vais ter vergonha de mim?
Imagine, eu nunca tive nem com quem falar na vida, me importa um rabano, a diferença social, para mim as pessoas simples são melhores que as cheias de pompa.
Quando voltaram ele vestiu o uniforme outra vez. Adrian subiu, o apartamento até cheirava a limpo, a cozinha estava limpa, ela tinha feito uma lista de coisas para comprar. Material de limpeza, tudo, a geladeira estava vazia, estava cheia de coisa podre, joguei tudo fora. Viu que havia uma lavadora de pratos, uma de roupa, foi honesto com ela, não sei usar nada. Nunca tive que fazer nada. A senhora podia cuidar disso para mim. Quanto cobra para vir três vezes por semana. Ela disse um valor, ele disse outro mais alto, a partir de amanhã quando chegam os moveis que comprei, podemos começar. Ela tinha enrolado todos os tapetes, falarei com o homem da tintureira, que venha buscar. Lhe mostrou um telefone na cozinha, isso é um interfone, quando quiser falar com o Samuel, fale por aqui.
Nem perguntei o nome da senhora?
Rose, eu limpo quase todos apartamentos do edifício, é a primeira vez que me perguntam meu nome.
Rose, vou avisar o Samuel, que troque as fechaduras, nunca se sabe, pode aparecer algum louco amigo do meu pai. Assim ele te dá uma chave, semana que vem começo minhas aulas na universidade, ainda não sei os horários.
Não sabia por que , mas o quarto de seu pai lhe horrorizava, mais parecia o quarto de uma puta, talvez pintado de branco ficasse melhor. Teria que pedir a Rose que tirasse toda roupa que estava ali, para dar para alguém. Talvez fosse melhor assim, não ter conhecido seu pai, podia ter-se decepcionado mais.
O apartamento era grande, era um salão grande, um quarto com banheiro também todo grande, a cozinha e uma pequena varanda que dava para a 5ªavenue, descobriria depois. Tomou um bom banho, usou uma toalha limpa que estava ali. Já compraria outras. Algo lhe fazia ficar repugnado com tudo.
Quando ia sair, o telefone tocou. Era seu tio. Vou fazer o que me pediste, um enterro como ele merecia como meu irmão. Queres voltar?
Não ficarei aqui, vou hoje para um hotel, pois este apartamento me repugna, depois que tiver limpo, arrumado como quero, voltarei para cá. Não se preocupe por mim, jamais, serei como o senhor, nem como o meu pai. Infelizmente até agora, não entendia a diferença entre, sexo, amor, carinho. O que fiz com o professor, era porque precisava de carinho de alguém. Ele não tem culpa de nada. Agora já sei a diferença.
Vou crescer, amanhã me apresentarei ao reitor da universidade daqui. Espero começar a estudar a semana que vem. Obrigado assim mesmo por ter me criado. Vou procurar também um psicólogo, para me entender melhor.
Seu tio escutou tudo sem dizer uma palavra. Me desculpe, mas eu, teu pai, fomos criados assim, então acredito que não sei me expressar em termos afetivos.
Ia lhe dizer que nunca era tarde para aprender, mas desistiu.
Antes de sair, ligou outra vez para o Bert, lhe disse que chamaria mais tarde para marcar o jantar, agora ia procurar um hotel, enquanto arrumavam o apartamento. Depois te conto.
Desceu, tinha uma lista de coisas para o Samuel. Pediu para que trocassem a fechadura do apartamento, que abrisse se viessem buscar os tapetes. Lhe falou da roupa do seu pai que estava no armário, queria que retirassem, se a ti te serve, aproveite. Queria ver tudo vazio. Contou o que tinha combinado com a Rose, me sinto seguro com vocês. Mas hoje, ou até que esteja tudo pronto, dormirei num hotel. Tem algum por perto.
Ele lhe indicou um. Espera, telefonou, pediu para falar com alguém. Explicou a situação. Ok, lhe mando agora mesmo. Eu mesmo levarei depois sua bagagem.
Ah Samuel, gostaria que retirassem todo papel de parede, parece uma casa de putas, embora eu não conheça nenhuma imagino que seja assim. Quero tudo pintado de branco. Os quadros que estão no chão pode dar um sumiço neles. Ah o senhor tem direito a um lugar na garagem para guardar coisas, creio que a de seu pai esta vazio. Mandarei levar tudo para lá. Os moveis do quarto também.
Saiu dizendo que ia ao hotel, Quando entrou, deu de cara com um jovem a cara do Samuel. Me chamo Marc, sou filho do Samuel, da Rose. Tinha um sorriso imenso. Gostou dele em seguida. Meu pai sempre me manda gente para cá. Eu trabalho uma parte do dia, no resto vou a Universidade. Venha escolhi um quarto que vais gostar. Realmente gostou.
Vais agora a universidade?
Vou a biblioteca, não conhece o lugar?
Não cheguei hoje da Noruega? Tenho uma entrevista amanhã com o reitor, para ver se consigo me manter como agora.
Que estudavas?
Posso ir contigo, assim vou te explicando como estudo.
Um minuto, vou trocar de roupa, nos vemos fora.
Era completamente diferente sem o uniforme. Usava calças jeans, camiseta, um blusão.
Terei que mudar minha maneira de vestir também. Só tenho roupas mais formais, que me comprava meu pai. Marc aonde posso ir nadar. É uma coisa que necessito, me relaxa. Além disso preciso de um psicólogo.
Lhe contou tudo que tinha acontecido.
Caramba, tudo isso num dia só. Entendo que precise de um psicólogo. Outra coisa, cuidado que podes não ser bem visto que andes com um negro.
Por quê? Alias antes que responda, me importa um caralho.
Quantos anos tem Adrian?
Vou fazer 18, mas parecem que hoje tive que amadurecer a porrada. Viu uma confeitaria, vamos tomar um café ou uma coca cola, te conto.
Tu quantos anos tem Marc?
Tenho 22 anos, foi muito difícil entrar na Universidade, tive que trabalhar para pagar as matricular.
Entendo, nunca tive esses problemas, mas entendo. Como o que pensava que era meu pai, era o reitor, eu estudava o que queria. Espero conseguir aqui. Escolhia as classe que queria frequentar, tinha aulas de manhã, de tarde, no final do dia ia a piscina.
Quando chegar o verão podemos ir à praia? Viu que Marc se retraia.
Te ofendi de alguma maneira Marc.
Falas como se nunca tivesses vivido. Minha vida é dura. Quero que saibas antes que alguém te diga, que uma vez teu pai drogado, tentou me agarrar, abriu minhas calças, queria fazer sexo comigo a força.
Merda, sempre acabo esbarrando em algo. Mas eu não sou ele. Só faria sexo contigo, se você quisesse, gosto de homens sim. Não me olhe desse jeito. Vou ser franco contigo. Meu tio me mandou para cá, porque me viu fazendo sexo com um professor. Minha confusão era grande, pois achei que isso era uma forma de buscar afeto. Até dias atrás, não sabia a diferença, de sexo, carinho, querer alguém. Quando me disseram que eu não sabia estar com alguém, foi que entendi que tudo que tinha estava errado.
Tens toda liberdade de falar comigo, como eu estou falando contigo, preciso desesperadamente de amigos, me importa uma merda a cor das pessoas. Conheci até agora muita gente branca, podre por dentro e por fora.
Marc bateu na mão dele, vamos dar um passeio pela universidade. Andou por todos os lugares com ele, num determinado momento, prestou a atenção, realmente precisas aprender a se vestir. Viu que todos olhavam para eles. Foi prestar atenção, viu o que era. Tens que usar slip mais apertadas, colocar todo esse volume para cima, calças jeans ajudam. Todo mundo olha seu caralho.
Isso é uma merda Marc, o tenho grande, grosso, todo mundo quer é isso.
Tenho o mesmo problema. Venha te levo numa loja aonde compro jeans, slip, camisetas. Assim podes comprar alguma coisa nova para começar nova vida. Era ali perto, lhe mostrou a Broadway Avenue, aqui podes encontrar tudo que precisas. Ele comprou vários slip, entrou numa cabina para provar os jeans, depois mostrou ao Marc. Viu que este ficava excitado. Ia lhe provocar, mas achou melhor não fazê-lo.
Quando saíram cheios de bolsas, ele entregou uma ao Marc, vi que gostaste desta camiseta, acho que te fica bem. É para agradecer que me ajudaste. Não estou te comprando, por favor nem pense nisso. Achei legal que te prestasses a isso, me ajudar. Marc, na cabine, quase coloco o caralho para fora, para te mostrar, mas achei que iria ser uma provocação. Um dia quem sabe, quando queiras, eu gostaria de fazer sexo contigo, mas somente quando tivermos a certeza, que podemos ser amigos, que tenhas confiança em mim.
Hoje marquei de jantar com um companheiro de viagem, mas pelo visto, ele esta tirando o corpo fora, creio que tem namorado por aqui.
Veja vou telefonar, escute comigo, sou muito inocente nessas coisas. Chamou o número do Bert, este atendeu com voz rouca de quem esta fazendo sexo. Foi logo dizendo que ia sair de viagem hoje mesmo, que não podia se encontrar com ele.
Não tem problemas, um dia a gente se encontra.
Vê, eu tinha certeza de que me escondia alguma coisa. Imagina, foi a primeira pessoa que permiti, que me penetrasse, nunca soube como me comportar numa cama. Riu dizendo, com o professor, fazíamos sexo em pé.
Marc, ria, tens uma maneira franca de falar que gosto. Podemos jantar mais tarde, queria comprar uns livros, depois de deixo no hotel.
Riram, comentaram livros, ele lhe recomendou alguns, anotou, iria estudar esses escritores.
Foram jantar num restaurante pequeno, diferente de tudo que ele conhecia, finalmente reparou no que Marc tinha dito, todos olhavam o fato dele ser extremamente branco, o outro negro.
Riu dizendo, eles devem nos imaginar na cama, devem ficar excitados. Vou até lá perguntar se é isso que pensam.
Não faça isso, as pessoas aqui não estão acostumadas a sinceridade. Para provocar, pegou a mão do Adrian, ele sentiu como um choque. Viu que Marc também, soltaram rapidamente a mão um do outro.
Marc, vou ser honesto, teu pai, Rose, foram geniais comigo, não gostaria de estragar isso, pois podiam me querer mal.
Não, eles sabem que sou gay, sabem que sofri por um garoto que gostei, que me usou, depois atirou fora, podem esperar que faças o mesmo.
O que gostava do Marc, este parecia apreciar, era que podia falar livremente. Antes de chegarem ao hotel soltou, para um dia que começou uma merda, acabou de uma maneira fantástica. Posso falar contigo, nunca tive amigos, só conhecia gente mais velha do que eu. Na universidade, riam de mim, pois pensavam esse idiota, só porque é filho do reitor, pensa que pode falar o quer. Nada mais longe da verdade, falo o que penso, por necessidade. Imagina até dias atrás pensava que meu tio era o me pai. Nem sabia que havia outro no pedaço. Fisicamente são iguais. Passei desde a infância, sozinho, rodeado de gente mais velha, cheias de regras que odeio. Nunca ninguém fez um gesto de carinho, ou mesmo me afagou a cabeça, então tenho medo de embarcar em qualquer coisa errada.
Ficaram sentados no hall do hotel conversando. Acho que o chefe não vai gostar de me ver conversando contigo. Acha que não podemos nos misturar com os clientes. Antes de ir embora, ele o apresentou ao gerente dizendo o Adrian, acaba de chegar, vai viver no edifício que meu pai toma conta. Ele lhe recomendou o hotel, até que seu apartamento esteja pronto. Por favor cuide bem dele. Se despediu do Adrian com um abraço, se podia sentir a corrente elétrica de um para o outro.
Finalmente no quarto, tomou um banho, sentou-se na cama, rodeado das roupas que tinha comprado, nada era de marca cara. Era um novo eu que começava a brotar. Teria que comprar roupas como o pessoal usava. Experimentou fazer o que Marc tinha dito, colocar o volume para cima, realmente a calça jeans ajudava. Quando foi dormir, teve um sono dos justos.
Se levantou de manhã, para ir à reitoria, o Marc tinha lhe mostrado aonde era, para a entrevista com o Reitor. Quando desceu Marc, já estava trabalhando, lhe deu bom dia respeitosamente, espero que tenhas descansado. Boa sorte com a entrevista com o reitor. Meu pai lhe mandou dizer, que metade das coisas já estão em ordem.
Saiu tomou um café com Croisant, foi para a reitoria.
Além do Reitor, lhe esperava como uma banca examinadora, chefes de departamentos de todos os cursos que ele tinha feito em Oslo. Explicaram que iriam fazer perguntas, que ele respondesse como quisesse.
Ao final realmente ficaram impressionado com ele, lhe perguntaram se sabia que isso ia ocorrer. Um deles, lhe perguntou como fazia para estudar. A resposta o deixou surpreso.
Primeiro observo o professor. Tento absorver tudo que ele diz. Se menciona algum escritor, ou filosofo, em seguida busco informação a respeito na biblioteca. Procuro resposta ao que se mencionou. Segundo se o professor não sabe explicar, nunca mais volto a sua aula, sinal que não me interessa. Também posso pegar um detalhe do que ele disse, que possa discordar, irei me aprofundar no assunto, estudando vários livros ou artigos publicado a respeito. No final posso inclusive discordar de todos, criar meu próprio conceito.
Com quantos anos entraste na universidade?
Com 16 anos. Nunca me interessei por um curso só. Embora tenham me avisado que jamais poderiam me dar um diploma de alguma coisa. Não importa, tenho que formar uma base para meu próprio conhecimento do homem, desde estudar o que ele já fez, seus conceitos, como imaginar um futuro, com opiniões próprias.
Aqui já sabes o que queres estudar?
Não tenho a menor ideia, ia pedir hoje o curriculum de cada curso, para escolher o que me interessa. Uma vez me perguntaram por que nunca tinha me interessado pela matemática. Minha resposta foi simples, tinha feito todo o curso de matemática com 12 anos. Me aborrecia nas aulas, porque já sabia o que ia ensinar, aproveitava, para estudar os anos seguintes. Aprendi sozinho. Cheguei a conclusão por mais que eu estudasse matemática, a não ser que fosse ser um físico nuclear, ou estudar matemática pura, coisa que não me interessa. Vou mais por outro lado, filosofia, história, arte, línguas, psicologia, tudo o resto que me absorve. Tenho por hábito analisar minhas emoções. Parto do princípio de que se não for honesto comigo mesmo, não ter vergonha das minhas emoções. Não poderei ir em frente. Evidentemente tenho problemas, como a imaturidade, a formação da minha família, minha educação. Antes que me pergunte, descobri a semanas, quem considerava meu pai era meu tio, quando cheguei aqui para viver com meu pai, este tinha morrido, sua cinzas se encaminhavam para Oslo. Nunca o conhecerei, a não ser pelos livros que ele escreveu. Até a dias, não entendia o conceito de amor. Pensava, porque nunca recebi afeto, tudo o que com leva essa palavra, confundia fazer sexo somente, com amor, carinho. Cheguei a conclusão inclusive que não sabia fazer sexo.
Por isso uma das minhas prioridade é encontrar um psicólogo, para discutir esses meus conceitos, para que não cometa os erros anteriores de minha família.
A cara dos professores era ótima, não estavam acostumados que um aluno de menos de 18 anos, falasse abertamente sobre tudo isso.
Uma das coisas primordiais para mim, minha maneira de relaxar, é nadar pelo menos duas horas por dia, principalmente se a piscina está vazia. Quero avisa-los também, que normalmente, por serem os outros alunos mais velhos do que eu, sintam dificuldade de conviverem comigo. Ou eu com eles, a partir que vivi basicamente sozinho minha vida inteira. Mas os professores podem me criticar, ou tentar me ajudar, desde que não me ofendam.
O chefe do departamento de filosofia, lhe perguntou quais filósofos modernos admirava.
O senhor me pegou de calças curtas. Acho que todos os filósofos modernos, vieram de famílias acomodadas, portanto ter uma visão parcial do homem. Porque o homem verdadeiro é o trabalha dia a dia para pagar suas dívidas, sustentar uma família, educar seus filhos. Então seus conceitos são meramente pessoais, não globais. Quando discutem por exemplo Liberdade. Creem que sua definição é a correta, em seu pleno egoísmo, não aceita outras fontes que não seja de suas vivencias. Mas os estudei a todos por conta própria, analisei cada livro deles. Como com 14 anos, estudei, analisei todos os filósofos antigos, desde Grécia.
Quantas línguas falas
Inglês que apreendi sozinho, vendo filmes antigos, americanos, ingleses. Francês, Aramaico que aprendi este último ano. A língua da minha terra. E todas as outras que me interessam.
O professor de cinema que estava na mesa perguntou que tipo de filmes gostava.
Todos, americanos, citou vários, franceses, italianos, judeus, alemães, evidentemente o retorcido do meu próprio pais.
Aprendi algo sobre sexualidade, sendo eu mesmo uma pessoa gay, em filmes com essa temática. Não gosto das comedias sobre o assunto. Mas as que discute sobre a solidão que faz com que as pessoas se afastem da sociedade.
Creio que como você é tão aberto, que podemos discutir isso tudo na tua frente, em vez de ficar esperando sentando no corredor.
Claro, terei prazer que esclarecer qualquer dúvida.
Os que o aprovam em seus departamento, fazendo os cursos que lhe interessem, levantem a mão. Todos levantaram. Tomou a palavra o reitor, agora te toca esses dias se entrevistar com cada um, discutir o que te interessa, falar ou assistir as aulas, para depois decidires o que quer fazer.
Te vamos oferecer uma bolsa de estudos.
Posso sugerir um favor, eu posso pagar minha bolsa de estudos, mas conheci o filho do senhor que toma conta do edifício que vou morar, seu filho trabalha duro para pagar o curso que faz. Poderiam oferecer essa bolsa para ele, sei que é um aluno aplicado, pois ontem estivemos discutindo cursos é opções, sei que ele adoraria fazer o que eu faço, pois esta aberto a várias frentes. Pode não ter a mesma base que tenho, mas seria genial, poder evolucionar com ele.
A cara do reitor era interessante. Não precisa de bolsa de estudo.
Tenho dinheiro de minha família, parece que acabo de receber dinheiro deixado pelo meu pai. Serei futuramente herdeiro de toda fortuna deixada pelo meu avô. Porque tomar o lugar de alguém que precisa.
Muito bem, pode trazer esse aluno para conversar.
Teria a primeira entrevista no final do dia com o departamento de filosofia. Na saída abordou o chefe de departamento de psicologia, se ele podia lhe indicar um psicólogo para conversar.
Eu mesmo o atenderia, pois essa abertura tua, me impressiona, infelizmente não atendo pacientes, mas posso indicar o meu filho. Que é jovem, creio que ele vai adorar ter um cliente como tu. Espera, vou lhe passar o telefone, para poderes marcar.
Saiu dali correndo, foi até o hotel, disse ao Marc, creio que consegui uma bolsa de estudos para ti.
Como é isso?
Me ofereceram, eu não aceitei pois não preciso. Lhes disse que gostarias de estudar como eu, ter opção de escolher teu próprio curriculum. Terás que ir comigo, para ser entrevistado pelo reitor.
Queres?
Tu me mete medo Adrian, te jogas ao mundo, sem medo. E se ele não me aceita?
Tudo que tens que fazer é ser honesto contigo, com ele mesmo. Contou como ele tinha feito a entrevista, cheguei pensando que ia falar com o reitor, me deparo com uma banca de chefes de departamento da universidade. Oras falei tudo o que eu penso, fui honesto, falei de sexualidade, filosofia, tudo o que me é importante.
Espera, estarei livre dentro de dez minutos para o almoço, me contas tudo.
Ele subiu ao seu quarto, aproveitou para lavar a cara, trocar de camisa por camiseta. Tinha comprado todas mais compridas, assim esconderia seu volume.
Marc a primeira coisa que disse, foi estas diferente.
Ficou parado na frente dele, ah, arrumaste uma maneira de esconder o volume, para que as pessoas não fiquem olhando.
Riram os dois, assim me deixam em paz.
Foram comer, ficaram sentados um em frente ao outro, lhe contou cada detalhe que se lembrava da entrevista. Marc de vez em quando dizia, não acredito que disseste isso. Riam os dois. Nunca tinha se sentido assim próximo de um amigo, na verdade nunca tinha tido nenhum. Agradecia o Bert, por ter-lhe aberto os olhos, mas tinha lhe mentido.
Marc, uma coisa que não suporto mais é a mentira, vivi tantos anos em uma que não poderei suportar mais. Portanto te dou a liberdade de sempre me dizer o que pensas de mim. Não quero ser um filho da puta como meu pai, nem meu tio.
Se apertaram as mãos, sentindo a eletricidade entre eles. Prometo, inclusive me apavora essa eletricidade que passa entre a gente, chegara uma hora, que teremos que ir para a cama, para ver se é isso.
Vindo do Marc isso, era interessante. Verbalizou que nunca tinha falado assim com ninguém.
Foram a universidade, pediu para falar com o Reitor, lhe apresentou o Marc, se o puderes atender, agradeço. O deixou ali, foi a sua entrevista com todo o departamento de filosofia. O bombardearam com todas as perguntas possíveis, mas ele não se incomodou, respondeu como pensava. Dois professores o convidaram para assistir suas aulas, outros, não disseram nada. Um dos que o tinha convidado, disse que num congresso tinha conhecido seu professor, ele me contou como tinhas revolucionado sua aula.
Falou o nome, ah este, uma vez ficou furioso comigo, pois discordei dele, me deu um trabalho para analisar, comparar todos os filósofos modernos. Levei semanas lendo cada um, analisando suas definições, fazendo comparações um com o outro.
Foi esse o trabalho que ele apresentou no congresso. Nos contou como funcionava tua cabeça, todos suspiramos, ansiamos por alunos assim.
Quando saiu Marc estava esperando, me admitiu, já poderei pedir demissão do meu emprego, obrigado meu amigo. Vamos contar ao meu pai. Quando chegaram ele estava no apartamento, orientando como pintar as paredes como ele queria. Rose, empacotava todas as roupas, tinha separado pelos dois homens que estavam ali pintando.
Deixou que Marc contasse aos pais em particular. Rose voltou com um sorriso imenso na cara, obrigado garoto. Samuel, entrou colocou a mão sobre seus ombros, dizendo, eres melhor que o filho da puta de teu pai. Ficaram rindo do comentário. Como conseguiste conversar com meu filho, a quem é tão difícil tirar uma palavra as vezes.
Creio que nos encontramos depois de várias encarnações.
Como disse o Samuel.
Não sei Samuel, nos entendemos imediatamente, o que ele fez por mim ontem, nesses anos todos ninguém fez. O mesmo fizeram tu, Rose. Não me conheciam, mas me ajudaram. Eu não preciso dessa bolsa de estudos, portanto porque não passar para alguém que luta por estudar.
Quando saiu no corredor, Marc, estava encostado numa parede chorando. Desculpa, mas em algum momento tinha que sair.
Venha vamos dar uma volta. Assim conversamos mais. Ficaram sentados na praça da Universidade, observando as pessoas que estavam ali. Vê Marc, somos diferentes por muitos motivos dessa gente, mas quem sabe encontramos similares a nós.
Num determinado momento, percebeu que estavam de mãos dadas. Riram, pois tinha sido espontâneo.
No dia seguinte foi assistir a aula de filosofia. O professor só disse que tinham um novo companheiro, vindo de outro pais. Percebeu que todos procuravam uma pessoa do terceiro mundo vamos dizer assim. Fisicamente ele era igual a eles.
Prestou atenção na aula, principalmente porque era em outra língua.
Fez anotações, sobre tudo que observou. A maioria dos alunos, encarava a aula com superficialidade, se via que vinham de família de classe média rica. Se vestiam bem, algum com roupas de marcas modernas, outros eram como ele, de calças jeans, camiseta.
O professor perguntou se alguém tinha descoberto o aluno novo, nem o que estava sentado ao seu lado o tinha percebido. A pessoa vai fazer um exame de vocês na próxima aula.
Alguns levantaram os ombros. Atenção vamos falar de espaço vital.
Ele esperou todos saírem para falar com o professor, me colocaste numa posição estranha.
Só quero que vejas isso, nem o que estava ao teu lado sentiu diferença. Mas se fosses um mexicano, ou indiano, teriam percebido. Não tem noção de espaço, alguns são inteligentes, mas tem preguiça, pois tem tudo de bandeja.
Esteve comentando com Marc sobre a aula, o quanto sem imaginação lhe parecia. O tema da próxima é espaço vital. Nesse dia já estarás ali me acompanhando. Já pediste demissão do hotel.
Sim, não queriam que me fosse. Me propuseram trabalhar nas férias. Eu disse que sim é claro, sempre é um dinheiro a mais.
O apartamento estava quase como ele queria. Esteve olhando a sala com o Marc. Gostaria de tirar todos esses moveis velhos daqui. Colocar no centro uma mesa imensa para estudar, ter aonde colocar os livros, na estante, olhar os livros que me interessam, separar os do meu pai para ir lendo, o que não me interessasse vender para colocar novos. Ter cadeiras para trabalhar. Não penso ficar recebendo visitas para almoçar nada disso. Ah duas poltronas ali, sinalizou a porta da varanda, para ver o cair da noite com meu amigo preferido Marc.
Este ficou rindo. Que estas planejando tu?
Planejar não tinha planejado nada, mas acabo de me lembrar dos anos todos que estive sozinho estudando, sem tem com quem discutir ideias. Uma coisa é pensar, outra debater. Pois as vezes vejo que minhas ideias ficam incompletas, pois necessito alguém com outra visão, outra vivência que não seja a minha.
Ainda não entendi?
Caramba, que difícil te dizer as coisas. Gostaria que viesses estudar aqui comigo, debatermos os assuntos, tudo o que pode ser compartir.
Aceitas, podemos comprar livros, trocar ideias, ou mesmo planejar exercícios em comum. Eu tinha pensado num exercício para esse dia, teria apenas que avisar o professor antes.
Contou a ideia para ele.
Riu, estas completamente louco. Achas que a turma vai entender isso?
Se for uma surpresa, vão demorar a entender. O que eu gostaria era de filmar em vídeo, não sei se a universidade tem. Topas falar comigo com o professor?
Claro que sim, de qualquer maneira tenho que me apresentar a ele.
Marcou com o professor, este os convidou para sua sala. Quando explicou a ideia, ele ficou olhando, vejo que não me enganaram quando fui ao congresso.
Marc perguntou que congresso?
O professor falou de um professor de Adrian que tinha apresentado um trabalho dele, que tinha movimentado a turma.
Muito bem, vou providenciar que exista um ou dois da universidade gravando em vídeo, bem como os alunos que propões tu.
Na aula seguinte os alunos entraram, Adrian entrou com eles como um mais.
Hoje temos dois alunos novos, além dos que veem gravar em vídeo um exercício de vocês. Quando disse dois alunos novos, alguns olharam em volta, mas a maioria nem se moveu.
Perguntou se alguém tinha feito o trabalho sobre espaço vital. A maioria não tinha nem se preocupado, um ainda relaxado perguntou se valia nota.
Bom vamos ao exercício do espaço vital sugerido por um dos alunos novos. Marc, entrou na sala seguido por todos os estudantes negros da universidade. Eles foram apertando os alunos que estavam ali, para conseguirem espaço, cada vez apertavam mais. Estes estavam incômodos, pois não paravam de entrar alunos negros, alguns agora como faltava espaço, se sentavam na escada.
Agora podem me dizer o que é espaço vital. Só uma aluna levantou a mão dizendo, é o meu espaço particular.
Sim, exatamente, vosso espaço vital, foi invadido, vocês sequer se deram conta, porque a aula para vocês é um mero caminho para o diploma. Creio segundo a pessoa que analisou vocês, que a maioria sequer pretende fazer uso do que poderia aprender aqui. Vocês se consideram a maioria, mas agora no caso, vocês são a minoria branca. Vosso espaço foi restringido, mal podem se mover. Mesmo assim, o que esta acontecendo parece não os incomodar.
Eu sim estou incomodo, vim fazer essa aula, porque aqui não havia alunos negros. Creio que a universidade devia selecionar melhor seus alunos.
Quer dizer descrimina-los, se levantou Adrian, primeiro peço desculpas por qualquer falha em inglês. Na última aula, estive sentado aqui, nem esse rapaz que esta sentado ao meu lado, percebeu que não fazia parte do grupo original, mesmo que o professor tenha dito que havia um estranho no ninho.
Para vocês realmente dá igual, o único fator que talvez os incomode, é os que tem prejuízo de color, não sei se a palavra correta é essa. Ou será porque são racista. Eu venho de um pais, em que nos últimos anos, estamos recebendo emigrantes, mas o vosso pais é um pais de emigrantes. Aqui não existe raça pura, mas uma pequena minoria, vive insistindo que são raça pura. Você que se sentiu incomodado, pode me dizer seu nome? O outro disse.
Quero inteiro, com sobrenome incluído. Quando o outro disse Cohen. Eres de origem judia, que se misturou em todo seu passeio por toda Europa, existem poucos judeus que andaram por todos esses países sem serem contaminados com a mistura de raça. Analisando suas narinas, creio que tem influencia árabes, talvez Marroquinas, que no fundo tem uma mescla de Africa. Portanto seu sangue se analisado tem uma parte negra. Nenhum de nós esta a salvo da mistura de raças. Estudando a historia americana, me fascinava o sobrenome Smith, que no fundo tem todos que ou esconderam suas origens, ou não se sabe de aonde saíram. Durante a época negra da América, os escravos recebiam o nome dos patrões. Mas se uma pessoa encontra outra com seu mesmo sobrenome, faz questão de desviar o assunto. Ou através dos anos, seu sangue foi purificado, sendo sempre misturado com brancos, ou descende de uma pessoa que maltratava os negros. No meu pais, hoje as mulheres sentem atração, pelos negros, árabes de uma maneira geral, porque os emigrantes, são mais carinhosos, dados a fazer o amor com mais paixão. Temos um conceito errado de demonstração de carinho.
Gostaria que todos agora, trocassem de lugar, misturando, um negro, um branco, para ficarmos parecido com um tabuleiro de xadrez. O dito aluno, se levantou sem pedir licença a ninguém saiu da classe.
Em contrapartida, os outros se misturaram. Agora pergunte ao seus vizinhos, seus nomes, compare com o de vocês, o único estrangeiro sou eu, meu nome é Adrian Svendsen, que é tão normal em meu pais como Smith. Na população americana, tem muitos com esse sobrenome, basta olhar na lista telefônica, eu tive essa curiosidade.
Virou-se para um rapaz negro perguntou seu sobrenome?
Meu nome é Carl Njord, minha mãe é negra, meu pai finlandês. A garota do lado que tinha entendido o jogo, o meu Marie Laforet, como uma famosa atriz francesa.
Veja, temos dois vizinhos que acumulam nesse momento dois países de origem, Carl tem uma parte de sangue africano, não sabemos a origem, com finlandês, Marie, de um lado tem sobrenome francês.
Ela tornou a levantar a mão, minha mãe é de origem argelina, meu pai francês, mas nasci aqui. Ou seja, ela tem sangue argelino, francês, é com orgulho americana.
Tu sabes de aonde vem sua família Carl, digo de parte de sua mãe?
Ela mesma não tem certeza, pois cresceu num orfanato.
Bom, eu que pareço tão norueguês, meu pai tem ascendência diz ele Viking, que eu não acredito, é minha mãe é uma puta alemã. Todos estavam de boca aberta.
O professor fez um sinal, vocês hoje conheceram o Adrian, ele vai fazer 18 anos, começou a fazer cursos livres como aqui, na universidade de seu pais com 16. Escutei falar dele a primeira vez, num congresso que assisti. Ele foi entrevistado de surpresa por uma bancada de chefes de departamentos da universidade, respondeu todas as perguntas com extrema franqueza. Veio conhecer seu pai que não conhecia, um famosos escritor aqui na américa, sem um livro publicado em seu pais. Teve o azar que seu pai morreu antes de chegar, seu corpo cremado, no momento que desembarcou do navio, as cinzas de seu pai iam a caminho de Oslo. Mas nada disso o impede de seguir em frente. A ele não importa se ao final do curso tenha ou não diploma, tenho a certeza de que continuará estudando eternamente, por curiosidade sobre o ser humano.
Agradeço ao professor me ter aceitado nesta turma. Minha ideia, é que espaço vital, não é o espaço só que ocupamos na sociedade, esse espaço faz parte de nossos ancestrais, portanto é imenso, maior do que podemos ter noção. Esse trabalho foi imaginado, por mim, pelo outro aluno que ninguém descobriu ainda.
Um começou realmente a olhar para o outro.
O professor agradeceu a todos alunos da universidade que tinha concordado em participar do trabalho, se alguém quiser, pode se inscrever, ou ir ao meu gabinete, se inscrever para seguir com o curso, que garanto que a partir de agora terá mais surpresas, pois espero que meus alunos despertem para o mundo. Uns cinco levantaram a mão. Os outros se levantaram se despediram dos que estavam por perto, saíram. Só ficou o Marc na outra ponta.
Se levantou, creio que agora serei visível, sou Marc Rosenberg, sim um sobrenome alemão, conheci Adrian no primeiro dia que ele chegou a esta cidade, me convenceu de abrir meu leque de estudos. Agora sou bolsista, penso em fazer como ele, assistir aulas que me interessem.
Sentou-se, rindo, realmente a cabeça do Adrian era fantástica. Tinha movido todos alunos, inclusive o que tinha saído ofendido.
Esse vídeo será apresentado a todos professores, ao próprio reitor, os que participaram de tudo, terão pontos para os exames. Todos aplaudiram.
Agora um exercício para a próxima aula. Quem se atreve preparar um exercício que nos faça discutir, lembrem-se que Adrian, deixou o seu muito alto.
Cinco se levantaram, dois rapazes, três garotas. Perguntaram qual era o exercício.
Será sobre liberdade sexual, o que está acontecendo hoje no nosso pais com a Aids, todas as formas de liberdades sexuais.
Eles iam desistir, o professor para incentivar, perguntou querem que o Adrian, o Marc, discutam com vocês?
Todos disseram que sim.
Já tinha um novo grupo de conhecidos, amigos Adrian sabia que era outra coisa.
Quando os que faziam os vídeos, desmontavam o material, Adrian se aproximou, perguntando aonde poderia comprar uma câmera de fácil manejo, que ele pudesse usar. O rapaz lhe deu a direção de uma loja.
Todos se agruparam em volta dele, do Marc, para marcarem uma reunião. Nada disso, isso já começa agora, alguém tem mais alguma aula, o único que tinha disse que já tinha sobressalente na mesma.
Se sentaram ali mesmo, começando a discutir.
Primeiro ponto, temos que definir o que somos sexualmente, se queremos falar de liberdade sexual. Não podemos prejulgar os outros, apenas analisar cada perspectiva. Todos concordaram.
Gostaria de gravar um vídeo, de nos trabalhando, discutindo. Cada um vai eleger um tema, para poder discutir. Podemos tentar inclusive fazer um contato com alguma das associações que hoje trabalham com os que tem Aids, para que nos informe sobre o assunto. Mas lembrem-se nada de perguntas cretinas, como pegaram a doença etc. Vamos deixar que se conseguimos, nos contém sua história. Cada um assumiu seu encargo. Podemos inclusive trazer pessoas que julguemos interessante para falar, ou fazer um vídeo.
Adrian, comentou, vou realizar um velho sonho meu, comprar uma câmera de vídeo, para registar tudo que faço.
Marcaram de se reunir no dia seguinte. Todos pareciam entusiasmado.
Quando saíram para comer, Marc comentou, já tens novos amigos, seguidores.
Amigos Marc, só tenho tu por enquanto, não sou uma pessoa de muitos amigos, prefiro ter os que eu escolho. Apertou a mão dele do outro lado da mesa, continuava acontecendo sentir a energia.
Me conte como te sentiste Marc?
A princípio meio deslocado, em alguns se notava a famosa discriminação racial, mas depois, quando começaste a falar me relaxei. Tínhamos planejado tudo isso. Mas não esperei realmente que analisasse alguma das pessoas, pensei que falarias em termos gerais.
Me desculpa, terás sempre que perdoar meu impulso, pois isso faz parte de mim, ele foi o único a rejeitar todo mundo, desde que começaram a entrar, fiquei observando seu comportamento. Algumas vezes fui atacado na universidade de Oslo por isso, sem querer colocar uma pessoa em evidência. Diziam logo que eu era um protegido, pois meu pai/tio era o reitor da universidade. Mas eu sempre procurei me comportar sem me preocupar com isso. Queria sim meus méritos, os dele me importavam um caralho.
Nunca tinha imaginado que o professor da turma que eu frequentava tivesse escrito ou falado sobre mim num congresso. Só posso te disser que depois, todos alunos, até os mais preguiçosos aprontavam exercícios sobre vários temas.
Marc, soltou um comentário que ele não esperava, tenho medo de me apaixonar por ti, eres desde o primeiro aperto de mão como um furacão na minha vida.
Marc, só faremos sexo, estaremos juntos, quando os dois tivermos certeza de que isso será possível, como uma maneira de ir adiante numa vida juntos.
Em momento algum, quero mais confundir fazer sexo, com amor, tudo que isso significa.
Riram um para o outro, combinado, se apertaram as mãos. Ah, meu pai disse que sabe aonde podemos conseguir uma mesa como você imaginou. Disse que todas as coisas velhas, ele chamou uma organização que recolhe os moveis, reformam, vendem.
Menos mal, as roupas do meu pai, foram para os pintores, eles que aproveitem, pois esteja aonde esteja, não vai poder usa-las.
Vamos ver que descobrimos de livros sobre o assunto. Pedimos na biblioteca, os que forem mais interessante compramos. Que te parece, iremos formando nossa biblioteca.
Porque sempre dizes no plural, me consulta das coisas?
Sei que no momento que tomemos a decisão, estaremos juntos para o resto dos nossos dias.
Falar em comprar, preciso, falar com o advogado, para saber desse dinheiro que ele diz que é meu. Assim faremos um fundo para nossa biblioteca. Marcou por telefone de casa um encontro com ele, não tinha menor ideia da quantidade de dinheiro. Ainda pensou, se ele tinha dinheiro, porque vivia deste jeito.
Resolveu dar uma olhada nos livros dele que tinha separado. Os colocou por ordem de lançamento, mas uma coisa lhe chamou atenção. O último na verdade era como uma biografia, contava de seus começos.
Sentou-se, começou a ler. Falava de sua infância, com um pai, que não dava atenção nenhuma aos seus filhos. Dizia que isso era para os fazerem duros. Depois da morte da mãe, cada noite havia uma mulher diferente na mansão aonde viviam. Ele mencionava que junto com seu irmão tinham visto o pai fazendo sexo em qualquer lugar, sem pudor nenhum. Esta casa é uma casa de homens, não devemos ter segredo do que fazemos. Ele achava divertido, mas seu irmão mais velho, ficava horrorizado. Começou a sair com seus colegas, ia de putas, uma vez foram a um bar gay, teve sua primeira experiencia. Descobriu que gostava mais de transar com homens que com mulheres. Mesmo assim, um dia apareceu em casa uma das namoradas que tinha tido, estava gravida, dizia que o filho era dele. Nunca tinha realmente tomado cuidado como usar camisinha. Seu pai disse que queria um teste de paternidade, que custavam uma fortuna.
Quando a criança nasceu, ele estava na cama com seu novo amante, não escondia nem do pai, tampouco do irmão sua preferência. Seu pai aceitava, mas seu irmão achava tudo um horror. A mulher tornou a aparecer de novo, agora com uma criança. Seu irmão, que agora era o cabeça da família, pois o pai tinha tido um enfarte, estava mal.
Mandou fazer o teste de paternidade, mas recolheu a criança. Ele agora tinha um filho, se sentia feliz com isso, o teste demorou para ficar pronto, quando finalmente comprovaram que o filho era dele. O irmão ofereceu uma fortuna para a mulher desaparecer. Ao mesmo tempo lhe internou para uma serie de exames, tens que tomar cuidado com o que fazes. Só depois descobriu que o tarado do irmão tinha mandado esteriliza-lo. Assim não apareceriam mais filhos.
Estava com um novo namorado, quando descobriu que era um menor de idade. Foi denunciado, descobriu depois que tinha sido o próprio irmão. Este exigiu que fosse embora da cidade, pois com seus escândalos impedia que pudesse ser reitor da universidade. Foi com ele a NYC, comprou o apartamento, lhe mandava uma mesada mensal. Foi quando começou a escrever. Ter renunciado ao filho que começava amar, lhe provocou uma sensação se fracasso. Dai nasceu seu primeiro livro. Era uma analise se podia ser bom pai ou não. Ao mesmo tempo reconhecia que tinha mergulhado numa espiral de drogas, sexo, com todo mundo que via pela frente. Chegou um momento que se deu conta que tinha tocado fundo. Resolveu se internar, quando escreve seu segundo livro, um sucesso de vendas. Parecia de auto ajuda, mas na verdade, simplesmente contava como uma pessoa se sentia estando em reabilitação. Reconhecia que tinha conseguido controlar seu desejo de sexo, que na verdade tinha sido provocado pela conduta paterna, não era nenhum viciado em sexo, apenas tinha pensado que isso era o certo, pelo comportamento paterno.
Agora entendia que nunca tinha amado ninguém, a não ser o filho, do qual recebia fotos sempre, através de um homem que tinha contratado para lhe mandar fotos do mesmo. Quando finalmente teve um companheiro estável, descobriu que tinha aids, mas tudo já era tarde. Tentou falar com o irmão, gostaria de viver o resto dos meus dias com meu filho. A terrível resposta dele, me fez escrever esse livro. O garoto não sabe que eu existo.
Na última página, repetia várias vezes isto, eu não existo. Não conseguia entender por que o irmão tinha o relegado a isso.
Viu que existiam pelo menos mais dois livros, pegou um é mandou para seu tio. Escreveu um bilhete, dizendo, lhe faço a mesma pergunta, porque tinha feito o irmão desaparecer. Finalmente entendia que o tarado da família não era seu pai, mas sim seu tio. Nunca poderei te perdoar por isso.
Deu o livro para o Marc ler, este ficou chocado, tampouco entendo.
Sai de Oslo com a sensação, de que era um doente sexual. Estou aqui a meses, não fiz sexo com ninguém, tu sabes disso, pois estas sempre ao meu lado. Estou esperando, apaixonadamente que um dia, os dois possamos desfrutar disso. Mas quero que seja tudo o que eu nunca tive.
Agora tinham o hábito de ficarem conversando até tarde, de mãos dadas. Falavam abertamente de tudo.
Quando o trabalho foi apresentado, a parte referente a uma das meninas, foi sensacional. Ela conversando com sua mãe, esta lhe falou de uma amiga de toda vida. Esta concordou em dar uma entrevista.
Era uma mulher de uma certa idade, nunca tinha tido orgasmos com o marido, teve dois filhos, o primeiro morreu numa das guerras, sequer recuperaram seu corpo. Como única lembrança tinha uma bandeira. O outro mais jovem, morreu de Aids. Ela ia todos os dias ao hospital para levar uma sopa que o filho gostava, quando não teve mais dinheiro para o manter num quarto individual, passou a levar sopa para todos do quarto. Cuidava de todos, comprava cremes, para a pele, ela mesma passava. As enfermeiras ficavam preocupadas, pois o fazia sem luvas, essas pessoas precisam de carinho, uma luva impede nosso contato físico. O filho morreu, mas ela continuou indo todos os dias. Um dia encontrou um vizinho do mesmo edifício que sabia gay. Tinha sido professor da universidade, ia para cuidar dos jovens, embora ele mesmo não tivesse nenhum conhecido ali. Tinha estado toda sua vida dentro do armário, Quando sai do mesmo, voltei correndo, pois sempre encontrei satisfação sexual comigo mesmo.
Começara a sair do hospital, irem tomar alguma coisa, para se livrarem do horror que viam todos os dias, um dia ela se desabafou, estou velha demais para procurar um companheiro. Um homem que me faça sentir realmente prazer que nunca tive. Ele lhe contou que cada vez que um amigo ou conhecido ia de viagem a Amsterdam, lhe pedia que comprasse um consolador num sexi shop. Se satisfazia vendo vídeos como tinha feito a vida inteira, usando o consolador. Tenho imaginação suficiente para imaginar uma cena. Minhas experiencias sexuais foram verdadeiro fracasso. Creio que a outra pessoa esta mais preocupada em se satisfazer sem se preocupar com o companheiro. Voltei para o armário. A amizade dos dois cresceu, lhe deu de presente um consolador, lhe ensinou como usar. Atualmente dividiam apartamento, fazendo companhia um ao outro.
Além do vídeo, concordaram vieram falar pessoalmente com os alunos.
Quando finalizou o ano letivo, o professor os agradeceu pela colaboração, pois tinham motivado os alunos.
Agora os dois estavam num impasse o que fazer nas férias. Marc levou um susto, um dia que chegou ao apartamento, o encontrou sentado diante de uma máquina de escrever que tinha encontrado, ao seu lado tinha um monte de fólios escritos. Só fez um sinal que lesse, vou fazer café. Estava sem tomar banho, ele que era pulcro, se notava que tinha transpirado muito, pois tinha a pele molhada de suor.
Tinha já escrito para mais de cinquenta páginas. Durante o tempo que estavam preparando o trabalho, tinham ido a hospitais, conversar, falar com os que estavam já em fase terminal, alguns concordaram em dar entrevista, mas não serem filmados. Mas gravou as conversas. Queria saber como cada um se sentia, ao terem sido os liberadores do sexo gay. Apesar da doença, a maioria, na verdade tinha sido corajosos de assumirem sua identidade. Conversou com todo tipo de pessoas. Cada vez que ia entrevistar um, levavam uma bolsa de lanches de uma lista que lhe deram do que podiam comer. As conversas as vezes se generalizavam, pois todos começavam a falar. Ele se sentava junto com Marc no meio do quarto, escutando o debate de cada um, alguns contando a sua história, de como tinha chegado até ali. Se identificou com muitos, porque falavam sempre muito num tema, uma infância carente de carinho. A confusão que sentiam em não conseguir separar sexo disso.
Não mencionava nome de nenhum deles, porque assim o pediam, mas analisava justamente isso. Ah parei agora numa pergunta que nos fizeram, lembra.se?
Sim o dia que nos perguntaram, se estávamos sempre juntos, se compartilhávamos tudo, nos olhávamos com amor, porque não estávamos juntos sexualmente. Nos recomendando que usássemos camisinhas.
Nenhum dos dois tinha respondido a isso. Creio que temos medo, não praticamos sexo com ninguém, mas ao mesmo tempo tampouco fazemos.
Marc se levantou, lhe disse ao ouvido, tenho me masturbado sempre pensado em ti. Creio que me cansei disso.
Foi o primeiro beijo deles. Espero, estou suado, não escovei os dentes, estou sujo. Nada disso importou, tiveram seu primeiro encontro amoroso. Passaram horas primeiro na cama, fazendo carinho, conversando sobre o texto. Porque não fazemos uma coisa Marc, escrevemos os dois ao mesmo tempo. Trocamos ideias sobre o assunto, falando o que cada um sentiu de determinada frase que nos disseram?
Podemos tentar. Mas agora, quero fazer outra coisa. Fizeram sexo pela primeira vez, embaixo do chuveiro, rindo como duas crianças. Devíamos filmar para vender como filme pornográfico.
Creio que ia ser um fracasso Adrian, pois eles só colocam uma coisa na outra, poucos beijos, carinhos nada.
Achavam que ainda era cedo para penetrações. Mas agora, se sentavam na imensa mesa, um ao lado do outro, escrevendo, tiveram que comprar outra máquina de escrever, assim faziam ao mesmo tempo, as vezes numa pausa, enquanto um lia o que o outro tinha escrito, estavam de mãos dadas. Se beijavam, ficavam abraçados lendo ao mesmo tempo.
Rose ou Samuel, entravam, ficavam espantados, quem os visse, pareciam que estavam brigando, mas estavam discutindo sobre o que escreviam. Rasuravam, tornavam a escrever, agora um ao lado do outro. Rose vinha trazer comida, pois se preocupava com eles. Mas comiam, mesmo com os pais ali, discutindo o assunto que estavam no momento. Uma frase que tinham escutado, como entender o que a pessoa que tinha falado, queria realmente dizer.
Um dia Samuel entrou para trazer a correspondência, os encontrou nus, mas trabalhando, abraçados um ao outro. Se sentaram os quatro, vocês tem certeza do que estão fazendo?
Não entenderam a pergunta.
Evidentemente um é branco como uma folha de papel, outro é negro, não acham o que podem falar.
Riram, o senhor acha que não discutimos isso milhões de vezes, antes de começar tudo isso, pai? A quanto tempo nos conhecemos. Ou melhor, estamos juntos desde o dia que o Adrian chegou aqui, mas nunca tivemos sexo, primeiro cimentamos nossa amizade, só agora fazemos sexo. Mesmo assim, ainda estamos na fase de namorados.
Rose ria muito da maneira como os dois falavam. Ao mesmo tempo que respondia que tomavam cuidado.
Quando Adrian, soube que tudo que o pai tinha deixado, se referia a anos de remessa de dinheiro do irmão, bem como dinheiro dos livros, de suas palestras, na verdade quase não gastava dinheiro.
Adrian, escreveu ao tio que não lhe mandasse mais dinheiro, que ele tinha suficiente por muito tempo, mesmo sabendo que o dinheiro que seu pai tinha lhe deixado, a maior parte vinha de seu irmão, não necessito de dinheiro.
Quando apresentaram ao editor de seu pai, só a metade do livro escrito, a quatro mãos, o homem ficou curioso para saber como faziam. Lhe explicaram, vivemos juntos, dormimos juntos, discutimos cada frase, muitas vezes uma palavra solta por alguém que tínhamos entrevistado. Temos a nossa maneira de escrever.
No último capítulo revelavam que quando foram levar o livro para os que tinham dado entrevista, a maioria já estava morta. Se sentiram mal, devíamos ter ido compartir com eles, cada capítulo que escrevíamos, estivemos voltados tão somente analisando tudo, que como humanos erramos . Agradeciam aos personagens que tinham conhecido, falavam os números do quarto, mas não mencionavam nomes.
Já estava quase terminando o verão, quando o livro ficou pronto. Finalmente agora aproveitavam para ir à praia, foram os dois uma semana diariamente a praia. O mais interessante, era como continuar a falar e falar do que achavam que podiam escrever.
Falavam sobretudo de sexualidade. Havia noites que acabavam dormindo, fazendo carinho um no outro, sempre estavam juntos. Adrian percebeu que os pais do Marc ficavam preocupados. Foi conversar com eles.
Sim estamos preocupados, vocês dois vivem intensamente tudo, o trabalho, o amor de vocês, se acontecer alguma coisa, não queremos nem imaginar o que pode acontecer.
Depois os dois conversaram sobre isso. Falavam inclusive imaturamente, depois se deram conta, que eram almas gêmeas que se tinham encontrado.
Mas uma coisa, era nunca se cansavam de estarem juntos. Para eles não existia a necessidade material que os outros jovens tinham, de sair de discotecas, beberem até cair, de usarem roupas na última moda, ao contrário, compravam roupas em lojas de segunda mão. Quando o livro foi lançado, o editor avisou que receberiam muitas perguntas sobre o fato de um ser branco, o outro negro. Já sabemos disso, verás como vamos levar o assunto. Lhes diziam que deveriam se vestir de outra maneira. Mas se negaram, somos assim. Na primeira entrevista de televisão que fizeram, a primeira pergunta foi quando tinham se conhecido?
No dia que Adrian chegou a New York, depois disso sempre estivemos juntos. Nem tinha percebido que o tempo tinha passado, estavam a três anos juntos. Começaram a rir, o entrevistador não entendeu, o senhor nos fez lembrar a quanto tempo estamos unidos. Contaram como tinham feito o livro, as entrevistas nos quartos de hospitais. As conversas que as vezes começava com um falando, ao final o quarto inteiro participava. Como todo ser humano, as pessoas quando contam suas histórias, usam uma frase, ou mesmo uma palavra para definir, o que sente, o que les molestas, o que a fizeram sofrer. Procuramos nessas conversas descobrir nossos entrevistados. Falar com eles, escutar o que realmente diziam. Infelizmente a maioria já morreu. Alguns ficaram de nos ver hoje falando pela televisão. Agradecemos de coração, terem deixado que entrássemos em suas vidas.
Pelo visto a primeira edição se vendeu toda na primeira semana, somente em NYC, as outras cidades do pais, pedem o livro.
Não sabíamos disso. Metade do nosso lucro, vai para o hospital que está tratando dos enfermos. Alguns programas, recebiam chamadas das pessoas. Tinham a surpresa de receber chamada do pessoal da universidade, quando vocês voltam?
Eles era sincero, não sabemos. O professor chamou, dizendo que a aplicação dos exercícios continuavam em vento e popa. O entrevistador, o convidou para ir ao programa com os dois para falarem nisso.
Alguns do hospital chamavam para agradecerem por terem mostrado que eram simples humanos, com uma doença rara.
Só voltaram a dar entrevista, outra vez, quando foram com o professor, a turma toda estava no auditório, falaram de como a chegada do Adrian tinha mudado muita coisa. Ninguém dos entrevistadores, sabia que realmente ele tinha chegado a três anos atrás, com quase 18 anos para estudar. Que não era americano.
O professor apresentou vários alunos, inclusive a aluna, me descobri falando sobre sexo com pessoas com mais idade, todas procurando ainda, encontrar sua própria sexualidade. Acredito, que a grande maioria dos jovens da minha idade, imaginam que fazem sexo como deviam, o que não é verdade. Vemos toda uma geração ou muitas anteriores, em que as pessoas numa relação, só estão preocupadas com seu próprio prazer, esse exercício de falar com os outros, nos desvelaram que na verdade não sabemos nada do companheiro com quem compartilhamos sexo. Pois a maioria faz o sexo, vira para o lado e dorme.
A cara do entrevistador, que não tinha imaginado que o assunto mudaria, era de pasmo. A audiência do canal subiu como espuma.
O professor voltou ao fio da meada, contando como na verdade tinha conhecido o Adrian, contou a história do congresso que tinha ido.
O entrevistador perguntou ao Adrian, porque tinha saído de Oslo.
Não sai, saíram comigo. Tive uma aventura com um professor, em que eu por carências afetivas, confundi fazer sexo, com amor, carinho etc. Sem querer prejudiquei ao mesmo, porque o que pensava que era meu pai, era o reitor da universidade, exigiu sua demissão. Sigo hoje sem entender, quem envolveu quem na história. Eu não dei o primeiro passo, aconteceu. Não fiz nada que não quisesse fazer. Mas dai acusar esse homem de me corromper, foi um passo muito largo. Meu tio, só pensou realmente na sua posição de reitor, ele fez o mesmo com meu pai. É uma pessoa amarga, que nunca enfrentou sua própria sexualidade. Quer controlar a dos outros. Mais me fez um grande favor, encontrei uma pessoa que respeito, amo, compartilho pensamentos, escrevemos juntos, me deu uma família, que eu nunca tive. Falou essa parte segurando a mão do Marc.
Não temos nada a esconder. Sei que as pessoas nos olham com uma certa maneira, porque ele é negro eu sou branco. Em algumas coisas ele é muito mais inteligente do que eu. Eu vou fazer 21 anos, ele tem 24, temos um mundo pela frente.
A entrevista acabou passando na televisão da Noruega. Seu tio telefonou irritadíssimo, tudo o que lhe respondeu foi uma coisa que Rose vivia dizendo. Quem planta colhe, desligou o telefone.
Nunca mais tinha tocado no dinheiro do tio, usava quando precisava o dinheiro do seu pai. Agora, recebiam metade do valor dos livros, como a outra ia para o hospital, abriram uma conta conjunta, embora o único que tinha cartão dessa conta fosse o Marc. Queria que ele tivesse seu próprio dinheiro.
Uma vez por semana agora, saiam para comer com Samuel, Rose, iam a restaurantes que ela tinha escutado falar. Eram uma família.
Estavam os dois trabalhando num livro novo. Partindo do depoimento dos dois velhos amigos. A senhora, tinha mudado completamente sua maneira de ser, seu amigo o velho professor. Concordaram em conversar com eles mais profundamente. Os dois sem querer tinham movimentado, agrupado uma série de pessoas maiores de idade, que pensavam que suas vidas terminaria, ser nunca ter tido prazer. Queriam falar nisso.
Os dois por exemplo, buscavam dar ao outro todo prazer possível, encontrar um equilíbrio, de satisfação na relação. Tiveram que agir com calma, a partir do tamanho de seus membros. Acho que as pessoas não sabem brincar com seus próprios sexos.
Quando o livro saiu, em alguns lugares foi censurado. Mas isso não lhes importou, os dois acertaram em dizer que isso despertaria mais curiosidade. Com efeito, as encomendas em livrarias, para os lugares aonde tinham sido censurados era grande. Sempre pediam que os livros fossem bem embalados.
Não tocaram no assunto em nenhuma entrevista. Avisavam aos entrevistadores, falaremos como pensamos, não queremos perguntas feitas, nem respostas programadas. Como tinham ficado amigos do entrevistador que tinha feito a entrevista com o professor, os alunos. Exigiam que ele tivesse apontamentos, mas não usasse o ponto. Faziam ele mostrar isso no ar. Este ria, esses dois criaram minha liberdade de imprensa.
Não tinham pudor de falar das coisas que não fossem com o nome real delas. Caralho, buceta, coisas normais na linguagem das pessoas.
Um jornalista, ousou depois de ter assinado um contrato, modificar o que tinham dito, como estava gravado processaram o jornal. O jornalista acabou na rua. Reconheceu que ele sendo um católico, não gostava do que falavam, nem como pensavam.
Exigiram que a entrevista fosse publicada novamente como tinha sido gravada na casa deles.
Eram espertos, tudo o que falavam, gravavam. Agora, faziam os dois palestras nas universidades, convidados pelos professores.
Um belo dia o tio apareceu. Chegou com mala e tudo para se instalar com eles, ele pediu desculpas, mas ali era o lugar que viviam, trabalhavam. Que ele ficasse num hotel. Quando ele tivesse tempo livre, falaria com ele.
Quando se sentou, era como falar com uma pessoa desconhecida para ele. Lhe disse isso, incrível, tendo convivido contigo quase 18 anos, não passas de um belo desconhecido. Sinto mais amor pelo Samuel que me acolheu, ajudou desde o primeiro dia, me incorporou a sua família, do que falar contigo.
Qual o problema afinal? Porque se me procuras é porque tens algum problema.
Sim realmente tenho um problema, acredito que terei poucos meses de vida, tenho um câncer inoperável, queria que voltasses a Oslo, perdoasse meus erros.
Perdoar seus erros posso perdoar, por ter conseguido com isso encontrar o amor de minha vida, não ter caído como tu imaginava, numa vida de sexo, drogas como imaginavas que era a vida de meu pai.
Mas voltar a Oslo, só se for para o lançamento do primeiro livro lá. Mas cuidar de ti, nem pensar, nunca fizeste isso comigo. Eu fazia parte do mobiliário da casa, nada mais. Minha inteligência te fazia sentir que era superior aos outros professores. Sequer escutaste quando te disse, que aquele professor, não me fez nada mal. Eu consenti, porque necessitava de amor, carinho, que me negaste.
Creio que deverias te internar numa casa de pessoas terminais, aproveitar o resto de teus dias, para reconhecer que meu pai não fez nada de errado a partir do exemplo dado pelo pai dos dois.
O outro o olhava, sabes que vais herdar tudo, não é? Encontrarei um jeito de usar bem esse dinheiro, coisa que você não fez. Depois meu tio, quem tem que te perdoar é algum ser superior. Porque eu só sou um simples mortal que tem inteligência suficiente para saber que não posso perdoar ter vivido quase 18 anos numa mentira. Tinha pedido que Samuel, Marc lhe acompanhassem. Podia até sentir pena daquele velho que estava diante dele, mas que no fundo era um belo desconhecido para ele.
Imagino que não tens amigos nessa hora. Sinto por ti, mas tampouco os necessitavas todos esses anos. Gostava que te bajulassem nada mais. Eras superior, deve ser difícil isso, de repente descobrir que não passas de um simples mortal.
Que ia visita-lo, saindo com ele para andar era o Samuel. Ele um homem simples, tinha lastima do outro.
Contou que ao contrário do que ele podia imaginar, seu irmão nunca deu escândalos. Podia trocar de companheiro sim, mas escândalos nunca. O único que tinha dado um escândalo, tinha sido seu último companheiro. Mas Adrian nesse dia me mostrou quem era. Uma pessoa que respeitava os outros, contou como tinha sido tudo.
Creio que o senhor prejulgou mal seu sobrinho. É uma pessoa maravilhosa, não porque esta com meu filho, mas tem um respeito imenso pelos outros. É respeitado por professores da universidade, pela sua maneira de pensar. Sua inteligência, supera, porque além de tudo, não nega nada, tem uma personalidade integra.
Reconhece que nunca teve amigos, pois aqui, embora ele reconheça essa dificuldade, nunca se nega a conversar com seus companheiros da universidade. Dialogar com eles.
Acredito que o senhor errou feio com ele, bem como com seu irmão, com o qual convivi anos, mesmo quando se drogava tinha respeito com as pessoas.
Um dia estava descontrolado, tentou agarrar meu filho, porque se lembrava do dele, no elevador, meu filho pensou que queria sexo. Ele veio imediatamente falar comigo, sentou-se na minha casa humilde, me contou do seu filho, me mostrou as fotografias, pagava um fotografo para sempre lhe mandar fotos do garoto, quando viu meu filho no elevador, tentou abraça-lo, para sentir o calor do seu filho.
Tudo isso o senhor o negou, nada mais justo que agora seu sobrinho também lhe negue o que o senhor le pede.
Ele foi embora mais consolado, Samuel o levou ao aeroporto. Adrian, Marc, estavam em San Francisco fazendo conferências na Universidade de lá, bem como atendendo a entrevistas. Tinham escrito a pouco tempo um artigo publicado no jornal, pela falta de atenção que o governo dava aos enfermos de Aids.
Adrian, sentia muita falta de nadar, quando se encontrou com o mar do Pacífico, ficou deslumbrado, foi claro com Marc, adoraria morar aqui. Não em San Francisco, nem Los Angeles, mas numa pequena cidade aonde pudéssemos escrever. Sei que queres escrever alguma coisa somente tu. Sem a minha interferência. Seria interessante essa experiencia.
Primeiro alugaram uma casa num dos lugares que tinham gostado nos seus passeios, em Davenport, ali encontram a paz que queriam para escrever. A casa era grande, logo Samuel, Rose vieram viver com eles, quando tinha feito 28 anos, foi chamado pela residência aonde vivia seu tio em Oslo, para dizer que tinha falecido. Avisou que levaria pelo menos dois dias para chegar. Ele foi com Marc, a velha mansão estava fechada a anos, ficaram num hotel, não queria recordar de nada do passado.
Quando foi chamado para a leitura do testamento, viu que havia muito dinheiro. Doou para uma associação, já que o Aids tinha chegado lá também, a mansão para transforma-la em residência de enfermos.
O resto do dinheiro seria lentamente transferido para os Estados Unidos.
Pensou em procurar o professor, falou muito com Marc a respeito. Quando o descobriram viviam com um homem em Estocolmo, foram até lá falar com ele.
O encontro foi interessante, tinha medo de ter ofendido o mesmo. Mas ao contrário, ele lhe agradecia ter encontrado finalmente sua vida, ter saído do armário aonde era infeliz. Tampouco tinha imaginado que o amava. Era uma necessidade de sexo que tinha. Sei que eras um garoto, mas tua inteligência me atraia, quando te vi nu pela primeira vez fiquei louco de desejo, não vou esconder. Li o livros de vocês, sinto inveja de não ter sido assim desde jovem. Mas busco recuperar junto ao meu companheiro.
Voltaram para casa, ele destinava uma grande parte do dinheiro para as pesquisas da cura do aids, nunca se negava falar ou fazer uma palestra para arrecadar dinheiro para alguma associação.
O livro do Marc, fez um sucesso impressionante. Ele tinha lido cada capítulo escrito, discutido o assunto, como faziam sempre. Ele ao contrário, escrevia mais artigos para jornais, revistas, falando sobre educação sexual dos jovens. Para que não aprendesse nas ruas criando problemas para seu futuro.
Tinham vários filhos adotivos, de raças diferentes, o amor entre os dois era uma coisa impressionante, estiveram muitos anos com Samuel, Rose, lhes dando alegrias.
Marc hoje era um escritor respeitado. Ele uma pessoa tranquila, que gostava de nadar horas e horas, no mar quando estava calmo. Ia com os filhos, a quem ensinava desde pequenos adorarem o mar.
Quando deram conta estavam a tantos anos juntos que não tinham visto o tempo passar. Samuel já muito velho dizia sempre, nunca entendi o que esses dois tem sempre tanto assunto para conversar. Estão sempre falando de alguma coisa, horas e horas. Fazem o mesmo com as crianças. As escutam, falam com elas até que entendam o que perguntaram.
Quando Samuel fez 90 anos, fizeram uma foto de família, Rose ria, dizendo que jamais tinham imaginado uma família, assim, netos de várias raças, um filho casado com outro homem, todos sempre juntos.
O que todo mundo não entendiam eram que jamais brigavam os dois. Nunca tiveram outros amantes, não o necessitavam, o sexo que tinham um com o outro era bom demais para ficar adormecido.
O medo deles era um morrer antes do outro. Quando Marc morreu, por sorte as crianças já eram adultos, ele disse aos filhos, a dor que estou sentindo é tão grande, mas tão grande, não sei se poderei sobreviver.
Uma noite Marc veio lhe buscar, os filhos o encontraram morto pela manhã com um sorriso na cara. Um deles disse, já se encontraram.
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