lunes, 13 de enero de 2020

BULL HEAD - CABEÇA DE TOURO


                                             BULL HEAD  - CABEÇA DE TOURO



Tudo que se lembrava era a ação final. Ter voltado para resgatar seu companheiro ferido, ele nunca deixava um companheiro para trás.  Escutou como que muito longe gritos que diziam para voltar.  Nesse momento estourou a bomba. Não sabia se era terrestre ou uma bomba jogada pelo inimigo.  Depois disso nada, negrura total.  Sonhou com seu pai, este falava tranquilamente, uma coisa rara nele.     Tens que voltar, ele não sabia a que se referia, voltar para aonde, se estava pela primeira vez em sua vida num entorno tranquilo, coisa rara para ele que sempre tinha buscado uma paz interior.

Foi sugado por uma força maior que ele, pensou que ainda estava na batalha.  Como era isso, se num momento estava em paz, no outro numa batalha.

Sentiu que uma mão apertava a sua, uma voz conhecida que dizia, filho da puta, desperta de uma vez.  Não posso mais te ver assim, esquece esse puto passado de uma vez.  Recomeça tua vida.  Sentia uma dor na perna esquerda, insuportável. Foi abrindo os olhos devagar, que apertava sua mão era seu irmão Valknut, seu imenso corpo esse cabelo loiro completamente despenteado como sempre.  Por mais que sua mãe passasse pente ou escova em seguida estava como se nada. Dizia em seguida, esse tua sangue ruim não deixa nem o cabelo em paz.

Tentou sorrir, com a lembrança, mas não podia tinha algo na boca.  Em seguida viu uma enfermeira, com um médico negro, retirando um tubo de sua boca.   Seja bem vindo ao mundos dos vivos Gudbrand.  Agora sorriu, fazia muito tempo que ninguém dizia seu nome completo, todos o chamavam de Bull Head, ou Espada de Deus, que era o que significava seu nome.

Filho da puta, tornou a dizer seu irmão, tens que parar com isso, não aguento mais, ter que correr ao um hospital para ficar segurando sua mão. Levantou a mesma, estava cheia de tubos.

Até quando vou ter que lembrar-te que não eres um deus nórdico como dizia papai.  Eres um simples mortal como qualquer outro. Estou farto disso, na hora que estiveres bem, vou te dar uma surra de fazer gosto.

Estive com papai agora mesmo, me disse para voltar.  Só não entendi para onde?

Sabes que estas em coma a mais de 20 dias.  Te trouxeram de tua última missão diretamente para cá.

Se lembrou do companheiro, lhe perguntou se tinha conseguido salva-lo?

Já estava morto antes de chegares até ele, segundo teus companheiros, foste um louco indo por ele.

Não ia deixar um companheiro nas mãos de fanáticos.  Sabe-se lá o que poderiam fazer com seu corpo.

Ele já está enterrado, quase que temos que enterrar a ti também.

Que passa com minha perna esquerda que doí muito. Tentou se levantar para olhar, mas seu irmão colocou a mão sobre seu peito impedindo. Nisso viu do outro lado do quarto, um homem moreno.

Ah, te apresentou Gunter, meu namorado.

Como, é isso.

Oras te esquece que estou divorciado a mais de 10 anos, finalmente encontrei uma pessoa que gosta de mim como sou, um bruto. Fez um sinal, o homem se aproximou.  Era tão alto como seu irmão, mas uma versão morena. Um sorriso de dentes brancos, olhos azuis. Gostou do sujeito de momento.  Deu um sorriso, cuide bem deste meu irmão, com mania de me proteger de tudo.

A voz do outro era rouca, notou que tinha uma cicatriz no pescoço. Claro que cuido, creio que isso de proteger é uma coisa dos irmãos.  Sem ele não estaria vivo.  Olhou para Valknut com um olhar de adoração.

Puxou uma cadeira se sentou do outro lado da cama, segurando sua mão.  Parece que a família cresceu, verdade, três marmanjos loucos.

Voltou a dormir, foi como estar se afundando, naquela cama de sua infância, um colchão de plumas de ganso, feitos por sua mãe, viviam num campo perto de Blue Ridge, Virginia, seu pais parecia um deus nórdico, dois metros de altura, cabelos vermelhos, uns braços dignos de Thor, um deus da mitologia Viking, essa era sua origem, um emigrante, tinha se casado ao chegar aos estados unidos, com uma mulher loira, olhos azuis, muito simples.  Minha mãe era uma viúva de guerra, tinha as terras que tinha herdado do marido.  Quando viu aquele homem tão grande se apaixonou perdidamente por ele.  O adorava, respeitava, mas ficava uma fúria quando ele bebia, ficava violento.  Ela conseguia coloca-lo rapidamente em ordem lhe gritando.  Nunca levantou a mão para ela, mas eu, meu irmão, os animais conhecíamos sua violência.  Nada se sabia sobre seu passado na Noruega, nunca falava nisso.  Para ser real, era de poucas palavras, trabalhava sim, por 10 pessoas. Mas quando se tratava de relações humanas ele era uma negação.  Quem levava o negócio da família era sua mãe  Elizabeth, tinha uma cabeça privilegiada.   Os dois irmão tinham que ir à escola impecáveis. Sempre estavam limpos, esfregados como dizia seu irmão.  Antes de saírem de casa para a escola, os esperava na porta com um pano úmido, limpava qualquer coisa que estivesse suja, esfregando.

Por seu pai, estariam trabalhando no campo, mas ela não queria isso, queria que seus filhos pudessem ir à universidade, coisa que ela não tinha podido ir.  Na verdade, somente Valknut tinha ido.   Aquele homem imenso, era professor de historia da Universidade de Virginia.  Ele imaginava sempre o irmão entrando numa sala de aula, com todo seu tamanho, 2 metros de altura, com os cabelos loiros eternamente despenteado, com uma voz poderosa. Os alunos deviam temer que os matassem.    Ao contrário, era uma pessoa carinhosa, no trato pessoal, falava baixo, nunca levantava a voz.   Talvez por isso, quando se casou com sua namorada de toda vida, creio que ela esperava outra coisa.  Um ano depois de casados, o abandonou sem dizer uma palavra, pediu divórcio, desapareceu no mapa.   A partir de então viveu sozinho, na casa que tinham.  Nunca o tinha escutado falar de romances nada, agora aparecia com um homem,  era gay como ele.

Iam os dois a escolas, na porta de casa, depois de serem esfregados, sua mãe dizia Valknut, cuide de seu irmão, não o deixe fazer besteiras, quero os dois de volta a casa, imaculados entenderam, nada de brigas.   Dizia isso, porque destoávamos completamente dos outros garotos, erámos altos, grandes, fortes para nossa idade.  Tínhamos que sentar no final da classe, porque segundo diziam os professores, atrapalhávamos a visão dos outros alunos.

Na minha turma, sempre tinha um que queria me desafiar.  Eu nunca entendi por que, passava deles.  No recreio logo procurava meu irmão, para comermos o lanche que minha mãe preparava todos os dias.   Eram grandes sanduiches, no pão que ela mesma fazia, tinha sempre um pedaço de carne assada, cortada em finas fatias, ovos cozidos cortados finos, alface de sua horta.   Os outros garotos sempre olhavam com inveja.  Depois os dois, íamos para a quadra de basquete, jogar juntos.  Ele sempre ganhava é claro.  Era tão fechado, que basicamente respondia aos outros companheiros por monossílabos.

Eu tinha que esperar que acabasse suas aulas, pois sempre tinha uma ou duas mais do que eu. O que ele dizia que eu tinha que esquecer, aconteceu justamente num dia desses que eu o esperava.  Tirei uma pequena bola que levava sempre na mochila, comecei a jogar com ela, um grupo de garotos entre 16 a 17 anos, se aproximou, começaram a me provocar, coitado hoje não tem seu santo protetor, me empurravam.  Eu estava proibido pela minha mãe de usar violência.  Só tinha 12 anos, mas era forte, nunca tinha noção da minha força.  Era a terceira regra ao sair de casa, nunca brigar na escola.

Resolvi, como as vezes fazia, tomar o caminho de casa, assim deixariam de me incomodar, a escola estava justamente ao final da pequena cidade,  logo estava uma floresta.  Pensei, me escondo ali até que meu irmão venha.  Mas o grupo de garotos aumentou, eram uns 10, todos fortes, pois trabalhavam no campo junto com seus pais.

Num dado momento, um deles me acertou com uma pedra na cabeça, cai, meio desmaiado, não tiveram dúvidas, me arrastaram para fora da estrada, me abaixaram as calças, me seguravam pelos braços, pernas, riam dizendo olha que bunda branca tem esse idiota.  Pensa que é um Viking, mas não passa de uma bunda branca.  Um a um forma abusando de mim, quando tentei reagir, me deram com uma pedra na cabeça, perdi completamente o conhecimento.

Despertei, com a cabeça no colo do meu irmão que chorava.  Como vou explicar isso em casa, não cuidei de ti como devia.  Só entendi, pela dor que sentia, quando passei a mão pela minha bunda, veio cheia de sangue.  Levei um susto, de repente tudo me doía, mal conseguia me mover.  Levei um tempo para entender o que tinha me passado.  A ira tomou conta de mim, os ia matar um a um. Meu irmão me levantou, arrumou minhas calças, tirou uma toalha aonde sempre vinham os sanduiches, que devíamos usar depois de comer para lavarmos as mãos. Me limpou para não sujar as calças.  Antes de chegar em casa passávamos por um riacho que fazia justamente a divisa da propriedade com a do vizinho.  Tirou minha roupa, a sua, me levou para a parte mais funda, sempre fazíamos isso no verão, era outono, a agua estava fria. Me lavou, eu parecia um boneco em suas mãos.  Lavou minhas cuecas, até não ter nenhuma mancha de sangue, a toalha.  Parecia que estava fazendo uma ladainha, vamos nos vingar, mas não conte nada ao pai.  Ele vai te bater porque não te defendeste, a mim pelo menos. Depois ira brigar com o pai de cada um.  Mas vamos nos vingar, pegaremos cada um, nenhum vai escapar.

Eu sabia cada um que tinha feito isso, tinha ficado na minha cabeça, quem ia se vingar era eu. Sentia um ódio que tinha medo de estourar.  Nunca ia poder perdoar o que tinham feito comigo. Eu era uma criança, grande, mas criança.  As lagrimas agora escorriam pela minha cara, de um lado pela vergonha que sentia perante meu irmão, outra a humilhação que seria vítima na escola.   Tinham feito isso com outro garoto, a família foi embora da cidade de vergonha.  Na minha cabeça parecia uma máquina elaborando a minha vingança.

Eu tinha uma pequena mania, fazer bonecos de troncos de madeira que esculpia, os escondia todos por imaginar que iriam gozar de mim.   Nas horas que me escondia embaixo da casa, tinha meu esconderijo.

Quando meu irmão achou que tudo estava bem, fomos para casa, por sorte nossa mãe estava na sua horta, meu pai no campo.   Me fez tomar outro banho, buscou na lata que minha mãe, guardava produtos para curativo, achou mercúrio cromo, me disse vai doer, mas é melhor desinfetar.   Doeu muito, mas aguentei.

Estivemos nervosos os dois o resto do dia, sem dizer uma palavra.   Em casa isso era normal, nunca falar muito.  No dia seguinte os dois tínhamos febre, minha mãe pensou que tínhamos gripe, nos obrigou a ficar na cama.  Isso durou dois dias.  Mal minha mãe virava as costas, ele vinha segurar minha mão, as vezes chorava, não te protegi, beijava minha mão pedindo desculpas.   A culpa não tinha sido dele, pois se eu não tivesse tomado o caminho para casa nada tinha acontecido.   Por mais que lhe dissesse isso, não lhe convencia.

Voltamos a escola.  Ele imaginava os que tinham sido, mas eu não dizia quem tinha sido.  Estávamos comendo, o que tinha chefiado o grupo se aproximou para fazer uma gozação, meu irmão se levantou irado, lhe deu um murro na boca, quebrando todos seus dentes da frente. Se dizes mais uma palavra, corto teu membro seu idiota.

Foram os dois parar no gabinete do diretor.  O outro saiu mal parado, pois era mais velho que meu irmão, todos o tinham visto a provocação.  

Isso que dá querer ir de macho por cima dos mais jovens que tu.  Estas expulso por uma semana. Que o idiota de teu pai, nem tua mãe apareçam aqui.  Pois te tem mal educado, pensado que eres melhor que o resto da escola.    Seu pai tinha sido prefeito da cidade, tinha roubado muito, agora era o mais rico.  Se achava acima do bem e do mal.

O idiota em vez de ficar quieto, contou ao pai dele, que meu irmão o tinha pegado, foi até ao campo que meu pai estava arando, reclamar,  teve uma doble despesa, comprar dentadura para ele, outra para seu filho.  Meu pai deu uma surra no homem de fazer gosto.  Quando chegou em casa, apertou a mão do meu irmão.  Nunca deixe ninguém te humilhar.  Quando o xerife apareceu com a reclamação, meu pai contou, que estava trabalhando, que o idiota tinha chegado com um carro último tipo, parado na frente do seu trator, pedindo satisfação, como meu irmão se atrevia bater no filho dele.  Mal educado como sempre.  O Xerife que detestava o homem, riu muito, contou para todo mundo, o homem virou uma gozação na cidade.

Mas minha vingança não estava consumada.  Tive a paciência de procurar um tronco de madeira grosso, esculpir em forma de um caralho, lixei bem, ficou completamente liso.  Eu agora saia pela noite, ia até a cidade, de bicicleta que meu pai tinha comprado uma para cada um por não levarmos desafios para casa.

Descobri a casa do sujeito.  Observei aonde era seu quarto, subia numa das noites, a janela estava meio aberta, fui andando sem fazer ruído, dei-lhe um soco na cabeça como tinha feito comigo,  o arrastei até a praça principal, o amarrei com uma corda, abaixei suas calças, enfiei o caralho de madeira no seu cu, o deixei ali, amarado no coreto.

No dia seguinte na escola não se falava em outra coisa.  Quem poderia ter feito isso.  Nem meu irmão que dormia como uma pedra, tinha me escutado sair nesses dias.  Cada semana fazia com um dos que tinham abusado de mim.  Achavam que era um maníaco que estava atacando os garotos de mais idade da cidade.  Nenhum deles tinha visto quem tinha sido.  Alguns tiveram que levar pontos no cu.  Mas afinal meu irmão desconfiou, entrou um dia embaixo da casa, encontrou meu trabalho.    Quando voltávamos da escola, me fez parar no riacho, com alguma desculpa.   Me perguntou por que tinha feito isso.

Não sei do que estas falando.

Tirou da mochila, o último que estava esculpindo.  Tornou a perguntar por quê?

Só lhe respondi o que seria minha máxima durante anos.  Quem com ferro fere, com ferro será ferido.

Me abraçou, não faças mais nada. Por favor.

A sorte do último que faltava, deve ter contado a família, esta se foi da cidade na calada da noite, só o fui encontrar já adulto.  Mas me vinguei igual.  Era o mais frágil do grupo, me disse que queria se enturmar, que só tinha me segurado.  Mas me vinguei de outra maneira, o levei a um hotel, lhe penetrei tantas vezes durante dois dias, que chorava ao final, me pedia mais.

Acabamos amigos, durante um tempo foi meu amante secreto, pois era militar como eu.  Morreu num combate no Iraque.

Acordei com um sabor amargo na boca, parecia sangue. Alguma coisa tinha se rompido dentro de mim.  Tive que ir para a sala de operações.

Quando voltei a consciência na habitação, lá estava meu irmão sozinho.  Tiveste pesadelo todo o tempo depois de voltar a si.  Creio que isso te fez rebentar alguma úlcera que estava ai escondida.  Sentou-se na cama, me levantou, passando o braço atrás de mim. Falava no meu ouvido, pelo amor de deus, tudo isso tem que acabar.  Tu achas que matando todo mundo, vai recuperar o mal que te fizeram.   Tens que te perdoar de uma puta vez.

Mudou de assunto, gostaste do Gunter?

Lhe disse que sim, mas me explica como aconteceu isso.

Quando meu casamento acabou, fiquei muito abalado, não podia entender o que tinha acontecido, tampouco pedir explicações, pois ela se foi com outro.

Comecei ir a um psicólogo.  Era uma consulta, de três psicólogos, um dia conheci o Gunter que esperava hora no seu.   Começamos a conversar, rimos, temos o mesmo sentido de humor, os silêncios prolongados como sempre tivemos.   Foi casado também, sua mulher lhe abandonou com um filho pequeno que tem paralisia cerebral.   Como não tem família, poucos amigos, não tinha com quem falar, começou a ir ao psicólogo.   Na segunda vez que coincidimos, o convidei para tomar café.  Começamos a sair como dois namorados, um dia acabamos na cama, gostamos até de fazer sexo da mesma maneira.  Finalmente me encontrei, sou feliz com ele. O ajudo a cuidar do menino. Tem uma inteligência fora do normal, a paralisia só lhe afeta um braço, as pernas, mas parece que não o incomoda.

Como agora estava sentado, ia dizer que a perna me seguia doendo, foi quando olhei para baixo, a pergunta estourou na minha cara, aonde estava o resto da minha perna.

Fiquei desesperado, perdão me esqueci que não devia te levantar, enquanto o médico não falasse contigo. Apertou um botão, o médico apareceu em seguida.

Me explicou que quando me recuperaram, faltava a perna do joelho para baixo, não podiam voltar para procurar, o jeito foi fechar a amputação.   Durante muito tempo, vais sentir falta dessa perna, vai doer parecendo que esta ai. Mas logo poderemos colocar uma prótese moderna, seguiras andando como se nada.

Eu só pensava como ia fazer, pois era um SEAL, da unidade de Dam Neck, em Oceania em Virginia, nunca tinha saído do meu próprio estado.  Tinha conhecido meio mundo em operações da companhia.   Tinha entrado para a marinha, pois tinha que encontrar uma maneira de extravasar minha agressividade.   Logo fui chamado para ser um Seal.  Era conhecido como Bull, ou Bull Head, pela minha força, tamanho, cabeça dura.   Pois levava sempre até as últimas consequências uma operação, nunca deixava nenhum dos meus homens para trás.

Vão te condecorar por esta última operação, mais uma medalha no teu peito, te aposentas com um bom salário, agora terás que encontrar o que fazer.

Numa das noites que meu irmão ficou comigo, falando como sempre do Gunter de seu filho, acabei lhe contando do único que tinha escapado da minha vingança na cidade.   Um dia estávamos comemorando uma operação, estavam ali um pessoal da aeronáutica.  Reconheci o único que tinha escapado.

Fiquei transtornado, tinha bebido um pouco. O segui, o golpeei, o levei para o hotel barato que me hospedava, entrei pela entrada de serviço, o algemei na cama. Esperei que voltasse a si, tinha lhe amordaçado.  Lhe perguntei se lembrava de mim, fez que sim, que tinha saído do bar por isso, que o passado lhe tinha voltado como um tapa na cara.  Sei o que fizeste com os outros. Confessei ao meu pai, ele resolveu ir embora.  Era um fraco como eu.

Me perdoe, eu não te penetrei, apenas te segurei. Sinto muito tudo isso. Tornei a amordaça-lo, o penetrei muita vezes durante dois dias.   Ao final, ele pedia que eu repetisse, pois gostava, ficou apaixonado por mim, eu por ele, nunca tinha sentido isso por ninguém.  Passamos a nos encontrar,  ele tinha um apartamento.  Adorávamos fazer sexo um com o outro, mas sabes como é tudo que é bom dura pouco.  Sua equipe foi para a guerra do Iraque, seu avião caiu, morreu queimado.

Nunca mais pude estar com ninguém.  O tinha perdoado, mas ainda sinto seu cheiro, quando penso em sexo.

Meu irmão me abraçou.   Passou um tempo, pude começar a fisioterapia, não queria ir a entrega de medalhas em cadeiras de rodas, iria de muletas, mas nunca numa cadeira de rodas.

Começaram os testes com as próteses, tinham que encontrar uma que eu me adaptasse.  Era uma coisa incomoda.  O enfermeiro que me atendia, usava uma.  Fizemos amizade, me contou o que tinha acontecido, uma bomba tinha explodido, junto ao hospital de campanha, ele tinha saído para fumar um cigarro, me pegou de surpresa.

Mas amo esse trabalho, ficamos amigos, agora podia sair com muletas ainda, acabamos em sua casa na cama.  Tinha um boa bunda, eu ficava como louco, depois de tanto tempo sem fazer sexo.

Fui receber a medalha, pois tinha que resolver minha situação, meu irmão veio com o Gunter, o filho, meu namorado também foi. Os apresentei aos dois, Valknut, Gunter, esse é meu namorado, Pablo.   Ficamos amigos os quatro.

Meses depois já podia andar com a prótese, com uma simples bengala, mas me saia bem, teria revisões médicas tanto por isso, como pela operação.  Resolvi seguir os conselhos de meu irmão, comecei a ir a um psicólogo.  O mesmo era um homem com um sorriso simples, tinha creio que uns sessenta anos.  Quando consegui verbalizar minha história, a vingança, o que tinha acontecido com o único que tinha escapado.  Falava sem parar com ele. Um dia me disse, já pensaste em que queres fazer de tua vida?

Não sabia o que responder, afinal tinha passado dos meus 18 anos, até os 35 na marinha, na Seal, sabia executar ordens, matar, me vingar do mundo, lutar, lutar, dar tiros, apunhalar se fizesse falta.  Mas nunca tinha imaginado que isso acabaria um dia.

Voltou a me falar do passado, me disseste que fazia esculturas de madeira, porque não tentas isso outra vez. Nem que seja para te relaxar.

Nessa época, Pablo foi transferido, ou pediu transferência, fiquei sem saber.  Me disse que as vezes quando estava nervoso, fazer sexo comigo era difícil, pois me tornava violento.  Tenho medo de me acostumar a isso a tua violência.

Não me tinha dado conta, mas analisando, vi que tinha razão, quando tinha que lhe penetrar era com violência.  Parei para analisar, com o outro era isso, ele adorava violência, por isso me pedia que o penetrasse uma, outra vez, outra vez, quanto mais violento eu era, mas satisfação tinha.

Conversei isso com meu irmão, relaxa, já encontraras um meio de que isso pare de acontecer. Porque não vens ficar um tempo comigo, a casa é grande.  Gunter esta o dia inteiro fora, o garoto na escola especial que via.  Comentei com ele o que me tinha dito o psicólogo.

Fui viver com eles, comecei a passear pela cidade, até que encontrei um pequeno bosque, procurei encontra ramos que pudesse esculpir.

A primeira coisa que fiz, lembrando de minha infância, foi um cavalo, para o Bruno, filho do Gunter, este como tinha me visto um dia com a prótese,  creio que identificou comigo, falava muito, contava da escola.  Queria ir a uma escola normal, não quero que me veja como uma pessoa doente.  Sem saber muito por que, comecei a lhe fazer massagens, exercícios que tinha aprendido com Pablo, para lhe ativar a circulação das pernas. Ele ria dizendo que um dia iria correr uma maratona.

Quando perguntei ao Gunter porque não ia a uma escola normal, já que tinha uma inteligência superior.  

E que nesta está o dia inteiro, nas outras, teria que levar, depois ir busca-lo. Lá ele almoça, cuidam dele. Aqui teria que mudar de emprego.  Custa caro sustenta-lo nessa escola, é a melhor da cidade.

Gunter, não estou fazendo nada, isso para mim seria quase uma distração.  Queres experimentar.  No ano seguinte, ele foi para uma escola normal, eu levava, ia busca-lo, lhe fazia comida, lhe dava banho, me lembrava sempre de meu irmão cuidado de mim, quando me feriram na alma.

Lhe inscrevi numa escola de natação, eu tinha que fazer exercícios, assim íamos os dois.  Todos nos tomavam por pai e filho.   Ele ria, dizia que era verdade.  Sempre me pedia uma escultura para algum amigo que fazia aniversário.   Agora, quando não estava estudando, ficava comigo no sótão da casa, me vendo fazer esculturas.  Agora faça uma boneca para uma amiga.   Isso foi fazendo que começassem a me pedir pequenas esculturas para presente.

Porque não fazes todos enfeites de uma arvore de natal me pediu.   Fizemos uma foto, mandou para todo mundo.  Com ele falava coisas de adultos.  Ele achava o máximo, seu pai viver com meu irmão, chamava os dois de pai.

Nos dias que estavam os dois com o menino, eu saia para tomar uma cerveja com algum companheiro do Seal, mas descobri que isso me fazia mal.   Um dia voltando de um encontro com alguns desses companheiros.   Vi um bar gay.  Sem saber por que entrei.  Eu destoava completamente do local.   Tinha um show,  um homem grande, com barba fazia um show, quando me viu, disse, meninas a atacar, um gigante esta aqui. Mas cuidado eu vi primeiro.

Fiquei no balcão, tomando uma cerveja, ninguém se aproximou, devia ter uma cara ameaçante. Até que um homem alto de barba se aproximou, levei um tempo para reconhecer o que estava em cena vestido de mulher.

Ah, agora sabes quem sou não é.  Estava te observando, creio que ninguém se aproximou, porque lhe disse que tinha te visto primeiro.  Quando entraste, do palco te vi.  Pensei, que homem.  Fiquei com curiosidade, nunca te vi por aqui.

Fiz uma pergunta em vez de responder, por que fazes show?

Porque me diverte, gosto de contar piadas, não me vejo como mulher, mas se me visto assim com a barba, posso contar coisas, as pessoas riem, se esquecem um pouco de suas vidas dramáticas.

Pedi uma bebida para ele.

Não posso, sou alcoólatra, levo sem beber fazem cinco anos, mas aceito uma coca cola.

Ficamos conversando, pela primeira vez, ria com o sentido de humor que tinha, num intervalo de show,  todos olhavam os dois rindo. Virou-se dizendo, eu não disse que tinha visto primeiro, passou os braços pelos meus, agora é meu.

Fomos para sua casa que não era longe.  Esperava uma autêntica casa de um mariquita, ao contrário, tinham um salão imenso, mais parecia uma biblioteca, me contou que era professor de historia da arte na universidade.  Ri, porque não podia imaginar isso, lhe disse que imaginava todos os professores de arte, com cara de intelectual, óculos, fechados em si mesmo.

Isso me dizem todos. Pois sempre tive humor. Creio que de família.  Sou descendente de italianos, em minha casa, a que tem mais humor é minha mãe.  Nos começamos a beijar, ele não era para nada efeminado. Sem querer na cama, comecei a ser um pouco agressivo. Parou me olhou nos olhos, se vais ser agressivo, sinal de que não sabes fazer sexo.  Deixa comigo, me levou a loucura, quando vi tinha me penetrado.   Ia reagir, mas estava gostando.  Passamos uma noite fantástica.   Lhe perguntei se não tinha ninguém em sua vida.

As pessoas acabam irritadas com meu sentido de humor, quando digo que quero apresentar a família, fogem.  Depois sou uma pessoa tranquila, ou seja, dois extremos.  Gosto de falar, contar piadas, mas também gosto de ficar quieto lendo, estudando.

Lhe contei das pequenas esculturas que fazia. 

Se levantou nu, tinha o corpo como eu, cheio de pelos,  voltou com uma escultura minha nas mãos.  De onde tiraste isso, é minha.

Eu quando ganhei isso da filha de uma aluna, fiquei imaginando quem poderia ser o escultor, pois é um primor.  Se foi tu, tens uma coisa na tua alma, que é muito grande, cheio de delicadeza.  Voltamos a fazer sexo, me levava sempre a loucura, com sua tranquilidade, nada a ver com a experiencias que tinha.  Desta vez se sentou em cima de mim, me fez penetrar-lhe, mas um olhando na cada do outro. Pela primeira vez me emocionei fazendo sexo.

Depois abraçados na cama, lhe disse ao ouvido, quero conhecer tua família, vais gostar da minha também.  Vivo com meu irmão, seu companheiro, o filho deste, para quem comecei a fazer esses pequenas esculturas, que ele distribuiu na escola.

Estas me pedindo em matrimonio, rimos muito, imagina nos dois com esse tamanho, nos casando. 

No dia seguinte um domingo, acordei com o celular, era meu irmão preocupado aonde poderia estar.  Em vez de responder lhe disse que tal se fossemos comer num restaurante italiano.

Riu dizendo, estas apaixonado?

Sem comentários, ele despertava ao escutar minha voz. Me deu um beijo, bom dia.

Meu irmão respondeu do outro lado.  Espero que seja uma pessoa maravilhosa. Nos vemos no almoço, depois me dizes aonde é.

Caramba desculpas, estavas falando com teu irmão?

Antes de mais nada, nenhum dos dois até agora falou seu nome, lhe disse o meu, ele soltou em seguida a Espada de Deus. Quando lhe disse como me chamavam, ria, encaixa contigo.

O meu, mais italiano não pode ser Antonio Grassieto, todos me chamam de Toni, tu como me queres chamar.

Um dia te direi ao ouvido, ok.  Os convidei para comer num restaurante italiano, mencionaste um ontem, podíamos reservar uma mesa.

Ele tinha me olhando diferente quando tirei a prótese para ir a cama, uma das coisas que tinha me excitado, foi que tinha passado a língua aonde tinha a perna cortada.  Lhe comentei isso, riu foi impulsivo.

Tomamos banho, ou prefere outra coisa.  

Não lhe respondi, comecei a provoca-lo.

Tu eres uma caixa de surpresa.  Na hora que descobri que não sabias fazer sexo, verbalizei, pensei, esse se levanta vai embora imediatamente.

Pois realmente descobri que não sei fazer sexo, mas as classes desta noite foram ótimas, fizemos sexo calmamente, saboreei cada momento.  Lhe disse, ao ouvido, não queres que saída da tua cama, da tua casa, da tua vida.

Olha Bull, realmente para minha surpresa, não quero, nunca estive tão à vontade com alguém. Falamos, posso fazer uma piada, as vezes fazes cara de não entender, para, pensa, ri.

Em minha casa não havia muito humor, tampouco palavras.

Tomamos, banho, ficou preocupado, me perguntou se necessitava de um banco para me sentar no chuveiro.

Não posso me equilibrar, mas ele me lavou inteiro, nunca tinha tido isso, contei para ele o que tinha me acontecido, porque me lembrei do meu irmão no riacho me dando banho. Ficou me olhando sério.  Por isso te assustaste quando te penetrei?

Sim, nunca permiti isso a ninguém.

Nos vestimos, minha roupa cheirava a cigarro, lhe disse que teria que passar em casa para trocar de roupa.   Te levo, assim vamos todos ao restaurante.  Telefonou, enquanto me vestia, voltou rindo.  Lhe perguntei o que era, riu, depois te conto, senão estrago a surpresa.

Quando chegamos a casa do meu irmão, nem precisei apresenta-lo, foi entrando, disse seu nome, beijou os dois, agarrou Bruno o levantou ao ar, garoto que distribuiu esculturas que fazem milagre.

Disse aos dois que ele tinha uma escultura minha, que tinha lhe chegado através da filha de uma aluna dele.

Bruno ria muito com ele, pareciam duas crianças.

Fui trocar de roupa, só escutava risadas na sala. Quando voltei, já estavam todos prontos. Teríamos que ir em dois carros.  Ajudamos a colocar a cadeira de rodas no carro do Gunter, que era especial para isso.  Bruno disse quem manda serem grandes não cabem aqui.

Quando chegamos ao restaurante, ficamos fora esperando eles chegarem.  Saiu uma outra copia do Toni, só que mais moreno. Foi logo soltando, filho di uma putana, só assim apareces.

Abraçou, pareciam dois ursos se abraçando. Me abraçou também, com dois beijos estalados na cara.  Quando viu o carro estacionando, os dois descerem, caralho, preciso montar uma mesa imensa para essa família.

Ajudou a tirar o Bruno do carro, esse ria dizendo outro barbudo, será que papai Noel está dentro.

Quando entraram no restaurante,  Gino começou a gritar, Mama, veja quem está aqui, teu filho querido, mas não vem sozinho. Ele esperava uma mulher imensa, mas não era uma mulher normal, com os cabelos brancos apanhados num coque a maneira antiga, sentada na caixa do restaurante.  Saiu dali, foi direta ao Bruno. Vem acompanhado de um neto para mim.  Este ria, tinha um sorriso cativante.  Toni apresento meu irmão seu companheiro, a mim. Ela segurou minha cara com as duas mãos, me estalou dois beijos, gosto, boa escolha filho.

Nos levou para uma sala a parte, avisou Gino, diga a tua mulher para tomar conta do caixa, vou estar com minha nova família.  Esse desgraçado do Gino não me deixa comer Bruno, falava com o garoto, como sempre o tivesse conhecido.  São uns mal agradecidos, imagina tive quatro filhos, viveram a vida para comer, por isso são tão grandes, mas para sua mãe, nunca dão comida, tens que me ajudar a colocar esses sem vergonhas na ordem.

Era ótimo ver o Bruno rindo.  Disse tens nome de italiano. Bruno, começou a dizer nome de italianos que se chamavam Bruno.

Que gosta de comer. Fale no meu ouvido.   Ele lhe disse alguma coisa, se levantou dizendo já volto.

Gunter ria, caramba, que família movimentada.

Toni, disse, não viste nada. Quer apostar que ela vai fazer a comida para ele, ao mesmo tempo vai chamar os outros dois com a família para tomarem o café. Pior eles que se atrevam dizer que não, escutaras um escândalo.  Dito e feito, devia falar com alguém em italiano, uma imposição que estejas aqui dentro de duas horas, ou vai ter.

Sempre foi assim, podíamos fazer o que queríamos, mas dava dois gritos, ficávamos quietos. Ela nos criou nesse restaurante, até hoje o restaurante é seu, do Gino, o único que gosta de cozinhar.

Iam perguntar pelo menu, para fazerem os pedidos.  Toni disse, esqueçam, verão o que vai acontecer.  Em seguida, começaram a aparecer coisas na mesa, Gino da porta disse, a mama disse que todos são grandes, que nos vão levar a falência, devem comer muito.

Mas veio ela trazendo, um prato especial para o Bruno, a carne estava cortada tão pequena, pequenos pedaços de pizza. Depois comes macarrão feito por mim.

Perguntou se ele comia sozinho, ele orgulhoso disse que sim.  Sentou-se ao lado dele, olhou Gunter, disse eres um grande homem. 

Bruno contou que eu lhe levava na escola, ia busca-lo, íamos nadar.

Mas Bruno, esse gigante não trabalha?

Não tem uma perna postiça, me obrigou a levantar a calça, mostrando minha prótese.

Sabe mama, aquela pequena escultura que a senhora adorou quando foi lá em casa, é ele quem faz.

Se levantou, me beijou na testa, aprovado, pode casar com meu filho.

Todo mundo ria, eu não sabia aonde me enfiar. 

Vais ter que te acostumar, falo tudo o que penso. 

Comeram até se fartar, Bruno batia a mão boa na barriga dizendo que estava cheia,

Espera um pouco, eu fiz Tiramisu hoje, vamos esperar chegar o resto da quadrilha, esses mafiosos só veem me visitar para comer.

Quando chegaram os outros, ele teve que rir, era como Toni tinha comentado, ruidosos, riam, contavam coisas.  O maior, era engenheiro, tinha dois filhos, mais ou menos da idade do Bruno, em seguida começara a conversar com ele, normalmente.  É primo de vocês, italiano, Bruno.

O outro irmão parecia o mais quieto, casado com uma loira oxigenada, cintura fina, bons peitos, mas se via que era quem tinha as calças na casa.

Virou-se para o Toni, perguntando a quanto tempo nos conhecíamos.

Ele contou com detalhe, estava no meio do show, contando uma das minhas piadas preferidas, vejo aquele homem imenso entrando, se colocou no balcão, o imitava, lá do palco disse para todo mundo, meninas um gigante, mas eu vi primeiro, é meu.

Todos riam com naturalidade.  Esse meu filho, sempre foi assim. Todos são inteligentes, práticos, mas ele foi gostar da arte.  Sabe tudo sobre arte.  Essa casa, parece um museu. Uma vez fui a Itália, queria me arrastar a todos os museus.  Lhe disse que de coisa velha, bastava me olhar no espelho.

Realmente o humor vinha da mama.

Já foste a Itália Bull?

Foi ponto de partida de uma missão, mas como sempre não vi nada.

Mama, Bull foi Seal, por isso usa essa prótese, agora está retirado, voltou a sua infância, fazendo essas esculturas.

As crianças imediatamente orientadas por Bruno, le levantaram a calça para olharem a prótese, pela primeira vez não lhe incomodava.

Quando viram Gino, a mulher tinham se juntado ao grupo.  Esse tinham um filho que estudava em New York na universidade. 

Ficaram ali até tarde da noite.  Bruno estava feliz, não queria ir para casa. Me despedi de todos, a mama falou no meu ouvido, ele nunca fez isso, apresentar logo no segundo dia, sinal que gosta de ti.  Não te assustamos muito verdade?  Porque depois que nos apresenta, os namorados desaparecem.  Somos muito unidos, sempre estamos juntos.

A beijei, encontrei uma família, agora terei que apreender italiano.

Foram todos até o carro, para ajudarem, a confusão era grande, Bruno se matava de rir.

Lhe disse, amanhã cedo vou te buscar para a escola ok.

Meu irmão me olhou rindo, não vens para casa.

Não posso me embruxaram.

Fomos para sua casa.  Por deus isso me dá, medo nessa hora sempre me dizem, é impossível conviver com tua família. Vão embora, nunca mais vejo a sombra deles.

Desta vez deste com os burros na água. Quero ficar contigo.

Estivemos conversando até tarde, menos mal que não tenho aulas amanhã, senão ia aparecer com olheiras.  Tenho que preservar minha imagem de um professor sério,  bonito.

O agarrei, lhe estampei um bom beijo.  Falar nisso professor, queria continuar com as aulas, em que o senhor é mestre.  Fomos para a cama, estava louco por ele, ao mesmo tempo tinha medo. Mas resolvi arriscar.   Não tinha nada a perder na verdade.

Pedi somente que pusesse um despertador, pois tinha que ir em casa, trocar de roupa, levar o Bruno a escola, fazer meu dia a dia.   Me perguntou aonde ia nadar.  Lhe disse. Posso ir junto.

Claro que sim, hoje podes ir como convidado se gostas podes ficar como socio, se paga pouco.

Levamos Bruno a escola, lhe perguntei se queria que ficasse na sua casa, vou trabalhar se não te incomoda, estou estudando algumas coisas para ensinar.  Bom posso levar o que estou fazendo, quero te mostrar o meu lugar de trabalho.

Tinha uma série de pequenas esculturas prontas, escolhi umas para sua mãe.

Ela vai adorar.   Me falou das esculturas africanas, um dia deste podemos ir ao museu, gostaria de te mostrar.

Contigo vou ao inferno Toni. Como sempre acabamos nos beijando.  Assim nunca nos desgrudamos, creio que é melhor ficar aqui, senão vou te atrapalhar.

Nada disso, teremos que apreender a conviver.

Mas acabamos no meu quarto, pois comecei a separar alguma roupa, ele começou a cheirar minhas cuecas, não resisti.  Lhe disse para cheirar a que tinha posta. Me tirou a roupa completamente fizemos sexo sem sequer tirar a prótese.     

A partir desse dia, não queria faltar com o compromisso ao irmão, vivia na casa de Toni, mas ia todos os dias levar, depois buscar, natação, depois o trazia para a casa, até os pais chegarem, quando estava Toni era fácil, faziam de carro.

Um dia que foram busca-lo ele viu um garoto esperando com o Bruno, este pediu para esperarem um pouco, pois o carro que vinha buscar seu amigo estava atrasado.  Era um garoto moreno, com uns olhos verdes, Toni ficou conversando com ele.

Quando chegou o carro, viram que era de um Orfanato.  Teu amigo vive num orfanato?

Sim, não tem menor ideia de quem eram seus pais. Porque vocês, não o adotam, tenho certeza de que a mama vai gostar.  Um ficou olhando para a cara do outro sem dizer nada.

Na volta para casa o silencio era pesado.   Em que estas pensando Toni?

Naquele garoto.  Fiquei impressionando com a sua conversa, é inteligente, respeitoso.

Não me diga que queres adotar o garoto?

A resposta foi única.  A mama ia amar.  Uma pausa longa, eu também, mas se descobrirem do show, nem me deixaram chegar mais perto do garoto.

E se nos casamos?

Como, não estas falando em sério?

Sim, escuta Toni, levamos um ano juntos, não temos segredos, eu vou assistir teus shows, não me escondo mais de ninguém. Te adoro, contigo encontrei uma paz, gosto de estar contigo, o resto é coisa tua.

Bull, me emociona isso.   Realmente, veja, chegaste, ocupaste um lugar vazio, aonde nunca nada aconteceu.  Quando sabiam que eu fazia o Show, ou viam a minha família, corriam feito coelhos com uma matilha de cães atrás.  Não só ficaste, como adora estas reuniões, inclusive com a família do teu irmão junto. Agora na verdade somos todos família.

Toni, na verdade nunca pensei em ter filhos, pensava que não estaria vivo para ama-los como devia.   Depois quase nunca estive com mulheres.   Portanto, não sei. Vamos falar primeiro com a professora do garoto, para ver o que diz.

A professora, disse que o garoto por ser muito fechado, ficaram admirados dele fazer amizade com o Bruno.  Nenhum dos dois jogavam futebol.   O temos aqui, porque a escola do orfanato é muito fraca para o nível que tem.

Te dou o telefone da pessoa responsável por ele no orfanato.

Ele resolveu ir até lá.   Se apresentou, mostrou sua carteira de identidade, fui do Seal, mostrou que estava fora por causa disso.  Tenho uma boa aposentadoria, ganho dinheiro fazendo esculturas de madeira, olhou atrás dela, viu uma, como essa veio parar aqui.  Seu sobrinho deu para o Bill, ele deixou aqui, porque sabes que os outros garotos não têm nada.  Seu que teu irmão cria junto com seu companheiro um filho, em cadeiras de Rodas.   Foi o Bill que me contou.   Quero deixar claro que sou gay, meu companheiro é professor de historia da Arte, esta apaixonado pelo garoto. Se puder adota-lo, eu ou ele, gostaria de saber.

Ela disse que ia se informar, depois falaria com ele.

Ela levantou sua ficha no Seal, o chamou dizendo que sem problemas, perguntou se eram casados. 

Estamos nisso, pedido está, mas ainda não sabemos.  Com o garoto junto pode ser quer sim.

Bruno saiu da escola o dia seguinte, que seu amigo estava feliz da vida.  Que queria ser adotado por eles.

Sugiro apenas que seu companheiro deixe de fazer shows, pois isso podia ser um problema. Comentou isso com o Toni.  Mas tu é quem sabe, eu te admiro por fazer.

No seu último dia de show, quando estava na metade do espetáculo, ele saiu do fundo aonde ficava sempre, subiu ao palco, todo mundo levou um susto, se ajoelhou, abriu uma caixa, com um anel de compromisso.  Queres te casar comigo.

Toni virou-se para a plateia, Quem se lembra no dia que ele entrou aqui, eu disse, eu o vi primeiro. Estamos juntos a muito tempo.  Agora nos casamos.

Claro que quero amor de minha vida.   Nunca o tinha beijado, vestido de mulher.

A festa foi ótima, nunca mais se esqueceriam de uma festa ao grande italiana, foi no restaurante, a mistura, família, pessoal da universidade, gente que fazia show, foi grande.  Bill estava deslumbrado, de estar sozinho, tinha uma família imensa.  La Mama, não o soltava, agora sou tua Nona, como sou do Bruno, realmente dizia que gostava mais dos dois que de seus netos mal-educados.  Valknut, Gunter, resolveram casar na mesma cerimônia.  A coisa foi grande.

Em casa, Toni tinha arrumado um quarto só para o Bill, este agora deslumbrado tinha dois pais, como seu amigo Bruno.   Os dois se sentaram com ele explicando tudo.  Não me importo, melhor dois pais que nenhum.  A diretora disse que se vê que os dois se amam. Então agora tenho uma família, um primo que adoro, que mais quero.

As vezes de noite tinha pesadelo, quem corria era Bull, com uma perna só, em segundo estava lá segurando sua mão.  Contava-lhe uma história, esperava que dormisse outra vez.

Toni dizia que não esperava que ele se tornasse um pai dessa maneira. 

Para quem teve um pai, como tivemos, que as palavras pareciam tiradas com um abridor de garrafas.     O vocabulário de meu pai era muito restrito, as palavras mais conhecidas, eram sim, não, talvez, vou pensar.

Então nunca sabíamos quando estávamos agradando ou não.

Bill, sabia que não devia entrar quando a porta do quarto estivesse fechada.  Respeitava isso, dizia ao Bruno, sei que estão fazendo amor.  Gostam demais disso.

A vida seguiu adiante, agora velhos, iam a formatura de universidade dos dois.  Era impressionante ver o Bruno na sua cadeira de rodas, fazendo o discurso de sua turma,  seu nível era impressionante.  Na semana seguinte foram no do Bill, se formava em arquitetura.

A mama estava feliz da vida, Queria que fossem a Itália conhecer a cidade aonde tinha nascido.

Mas morreu antes, eles tinham prometido levar suas cinzas para enterrar lá.   Foram os três, durante umas férias.  Falaram com o padre da igreja, Toni explicou a vontade de sua mãe,  não criou nenhum problema, arrumou um nicho para colocar suas cinzas.

Depois estiveram viajando pela Itália inteira. Se deram conta que eram felizes.  Quando voltaram, seguiram suas vidas.  Bill jamais se esquecia do Bruno, o amigo que tinha encontrado seus pais.

Bull quando encontrava algum conhecido do Seal, apresentava o Toni meu marido, este é meu filho Bill.  Alguns rapidamente partiam, outros vinham em seguida conversar com o Bull, para saber como levar seus  romances escondidos.

Uma lastima, disse um dia ao Toni, que os machistas não permitam, isso, viverem com liberdade individual.
















No hay comentarios: