BRUCE STORM
Seu verdadeiro nome
era Ray Dern, resolveu mudar, quando chegou a Los Angeles, pensando em fazer
carreira no cinema.
Tinha saído de
Montana, a bem dizer expulsado por sua família, que era super religiosa, com 15
anos tinha levado surras homéricas de seu pai, pois queria ser diferente. Quando lhe perguntavam ele não sabia
explicar, apenas sabia que não encaixava ali.
Desde criança,
tinha uma imaginação fértil, em sua casa estava proibida a televisão, livros, nada
de ir ao cinema.
Quando descobriu
a biblioteca da pequena cidade, dizia que tinha sido uma farra de fazer gosto,
as pessoas não entendiam, ele com um simples livro, soltava sua imaginação, se
o escritor descrevia uma cidade, ele já se sentia andando por ela, gravava em
sua cabeça a imagem que tinha. Na cidade
o único cinema tinha fechado as portas a muito tempo, os livros na biblioteca
eram censurados, mas a senhora que tomava conta da mesma, quando descobriu seu
gosto pelos livros, ele com sua voz rouca, lhe explicou como se sentia, começou
a lhe emprestar livros que ela tinha escondido depois da purga que fizeram lá.
Ele os colocava
dentro de um saco plástico, os enterrava ao pé de uma árvore, no meio do bosque
nos fundos do rancho que seu pai tinha.
Mas claro nem
tudo é perfeito, seu irmão mais velho, o detestava, nunca tinha entendido por
quê. Contou para o velho, esse lhe deu uma surra, que não pode se sentar em
dias.
Mas nem por isso
se revoltou contra o mesmo. A
bibliotecária quando soube, ficou horrorizada, pensou tenho que fazer por esse
garoto, o que não fiz por mim.
Tinha suas
economias, mas ficou chocada, quando ele disse que a única forma de escapar
dali era entrar para o exército.
Ela justamente
tinha ficado para trás por causa disso, seu único irmão entrou para o exército,
nunca mais voltou, morreu em combate. A
ela tocou cuidar de seus pais, já muito velhos.
Tinha uma caixa
desses de biscoitos que alguém lhe tinha dado de presente, ali guardava tudo
que sobrava de seu salário, não pagava aluguel, a casa era própria, suas roupas
duravam muito, a chamava de agarrada por isso.
Mas na verdade pensava, para que comprar roupa nova, se a que tenho
basta, só ia as missa ao domingo, depois voltava para casa.
Falou com o Ray,
invés de levar os livros venha ler aqui, assim me contas como imagina.
Os dois tinham
uma simbiose perfeita, ele lia os livros, depois se sentavam na mesa da
cozinha, assim ninguém os via, ele falava do primeiro capitulo, como imaginava
a cena, ela delirava.
Ele entrava por
detrás da casa, assim ninguém via, ou pensavam que passavam desapercebidos.
O que não era
verdade, numa cidades dessas perdidas no meio do nada, todo mundo sabe de tudo,
até a cor do peido que soltas.
Logo chegou aos
ouvidos do pai dele. Tinha acabado de
fazer 17 anos, sem futuro, que não fosse trabalhar no campo. Por isso apesar de
não ser muito alto, tinha um corpo fantástico.
Era moreno,
cabelos crespos, olhos escuros, uma boca sensual, ombros largos, cintura
estreitas, pernas muito firmes.
Quando seu pai, o
ameaçou de novo, segurou o cinturão, quem deu a surra foi ele, se vingando de
tudo que já tinha apanhado.
Nesse dia ela lhe
deu as chaves do velho carro de seu pai, dias antes ela tinha levado a oficina
mecânica, mandou arrumar o mesmo.
Lhe deu a caixa
de biscoitos, isso dará para arrumares um emprego, vá para o mais longe que
esse carro aguente. Ela tinha feito uma
montagem, na carteira de motorista do irmão, colou uma foto dele, assim não
teria problema. Passou a se chamar
Bruce.
Saiu da cidade de
noite, antes que seu irmão ou seu pai pudessem fazer qualquer coisa, sua mãe
era uma mulher apática, parecia viver num mundo à parte, só a escutava falar
alguma coisa, quando rezava, fora isso, nenhum carinho, ou mesmo um gesto.
A velha bibliotecária,
sabia que depois toda culpa recairia sobre ela, mas não se importou, estava
velha, ele a tinha feito reviver seus sonhos de juventude, de escapar dali,
nada mais justo pensava, que ele pelo menos possa escapar.
Ao sair da
pequena cidade, ao entrar numa estrada interestadual, sentiu uma euforia, ainda
pensou, deve ser assim que se sentem os pássaros, quando voam pela primeira
vez.
Foi economizando
o dinheiro todo o que pode, precisava de ter o máximo para quando chegasse a
uma cidade que resolvesse, aqui quero viver.
Quando chegou
finalmente a Los Angeles, o primeiro era encontrar um lugar para viver, tinha
que ser muito simples. Seus sonhos de
Hollywood ainda lhe pareciam distantes.
Os primeiros dias
ficou num hotel desse que se alugam uma parte dos quartos por horas, para as
putas, andando por uma avenida, descobriu uma livraria, sua sede de ler era
imensa, mas viu um cartaz de que procuravam pessoas para trabalharem.
Se apresentou no
caixa, a mulher o olhou de cima a baixo, perguntou o que estava fazendo na
cidade, pela maneira que falava sabia que não era dali. Sentiu confiança nela, contou mais ou menos
sua história. Ela disse que pagava por
semana, pois aqui nunca para ninguém, todos vem atrás dos sonhos de Hollywood, mal
conseguem uma ponta num filme, se acham atores para o resto da vida.
Lhe disse, que a
volta da esquina, alugavam um pequeno apartamento, disse isso rindo, porque
como ele viu depois era mínimo, mas que era melhor que o hotel não tinha
dúvida. Ela explicou que podia descontar
no seu salário.
Fez um trato com
ela, trabalharia o dia inteiro, mas podia pintar o apartamento de branco, pois
estava precisando. Levou dois dias
fazendo uma faxina total no mesmo.
Ela ria muito, de
como ele tratava os livros, as vezes o pegava, alisando a capa do mesmo com
respeito. Lia de tudo que lhe
despertasse curiosidade.
Ela abria
inclusive no domingo, pois por ali andavam muitos turistas. Ele a sua maneira, se lembrou de conversas
com a bibliotecária, separava os livros por autores, por temas, arrumou uma
mesa, só com mapas da cidade, outra com livros de fotografia de estrelas de
cinema, mas sempre abria um em especial, falava para os clientes, esse
fotografo, é o melhor, olhem como consegue captar a figura do artista,
realmente tinha um que, que o transformava num dos melhores ao seu ver.
Uma vez uma
cliente perguntou se ainda era vivo?
Não sei, mas vou
descobrir.
Realmente o homem
era vivo, vivia retirado em Malibu, mas vivo.
Um domingo pediu
licença a senhora para ter a parte da tarde livre, se atreveu, agora sua sede
de conhecer as coisas era maior.
Tinha descoberto
aonde ele morava, foi até lá. Bateu na
porta, atendeu um homem de uns 60 anos, muito queimado do sol. Ele perguntou pelo senhor Barry Lyveston?
Sou eu mesmo,
algum problema?
Explicou, admiro
seu trabalho, outro dia vendendo seu livro uma cliente perguntou se ainda era
vivo, pois nunca mais tinha ouvido falar no senhor.
Pode me chamar de
Barry. Vendeste o livro?
Sim, claro, pedi
inclusive mais para a editora. Adoro
poder dizer que é um dos melhores que vejo na livraria.
O levou para uma
varanda que dava para o mar.
Começou a
perguntar pela vida dele, era ao contrário, ele tinha ido para fazer perguntas,
mas era o homem que lhe fazia.
Contou o que lhe
tinha acontecido, sentia absoluta confiança nele.
Tinha um livro em
cima da mesa, eu quando vejo essa foto por exemplo, me parece que o senhor está
contando uma história, não é uma simples fotografia. A artista faz a pose, o senhor faz a foto.
Senhor não,
Barry. Sim é mais ou menos isso, como
vim do cinema, para mim sempre foi importante esse detalhe, contar uma
história.
Odeio as poses,
principalmente as falsas. Lhe explicou
o que queria dizer.
Barry, ainda fazes
cinema?
Quando me chamam
sim, mas hoje em dia com a moda de filmes de ação, cada vez menos.
Mostrou uma série
de fotos que estava fazendo nesse momento.
Quero conseguir captar a sensualidade, sem ser vulgar. Mas a maioria das pessoas não entendem.
Mostrou a foto de
um rapaz em cima de uma cama, nu. Veja
ele está fazendo uma pose, perdi horas lhe explicando o que queria, mas ele não
entendeu.
Estou montando um
livro sobre isso, a sensualidade, sem ser nada vulgar. Senão contrataria um ator pornográfico, mas
esse não é meu negócio.
Já entendi o
Barry quer naturalidade, que a pessoa esteja em cima dessa cama, relaxada,
talvez pensando em algo, verdade.
Contou para ele,
que quando começou a ler, que como nunca tinha ido ao cinema, tampouco tinha
visto nunca uma televisão, gostava que o autor descrevesse o lugar.
Por exemplo se
essa foto fosse perfeita, o relato seria que depois de uma relação sexual, a
pessoa estivesse contente, relaxada, pois tinha realizado algo.
Barry ficou
olhando para ele. Estas no caminho certo.
Minha ideia era
ter uma pessoa, para posar para uma série de fotos, para transformar num livro.
Passou para ele, uma série de anotações, ele se esqueceu que o Barry estava
ali, começou a ler o texto, eram todos de uma sensualidade impressionante, lhe
excitavam.
Não notou que Barry
estava com uma câmera na mão o filmando, quando finalmente levantou a cabeça,
com a sua boca sensual meio aberta, sem querer riu.
Barry mostrou
para ele, o que tinha feito, era como se tivesse captado tudo que ele estava
lendo. Num determinado momento, ele
passando a língua pelos lábios lentamente, nada de pressa, o texto falava de
passar a língua, lentamente pelo corpo da outra pessoa, isso o tinha excitado.
Você deve ser
muito experimentado na cama, soltou.
Ele teve um
ataque de riso, se engana Barry, sou virgem ainda, nunca fiz sexo com ninguém.
Barry riu, não
posso acreditar, hoje os jovens aos vinte anos, parecem velhos sexualmente, já
exploraram de tudo, todas as drogas, são como desencantados.
Mostrou uma foto,
pelo vista feita num lugar de ocupa, um rapaz bonito, mas se via que estava
drogado. Disse que eram fotos de um
projeto, que estava em edição. A ideia
saiu de um filme, o ator não conseguia interpretar o personagem, que acaba nas
drogas, o filho da puta, sabia se drogar, mas como ficava não. O diretor não queria que ele tivesse dopado
no momento, então o levei a este lugar.
Mesmo assim não conseguiu.
Eu quando li os
livros proibidos na minha cidade, contou da sua amiga, li os de Jack Kerouac,
fiquei imaginando essa viagem que fez, primeiro pensei que era imaginaria como
as minhas, mas quando falava do encontro com os amigos da mesma geração, fui
sentindo uma inveja incrível, entendia que era como se estivessem perdidos numa
época que não era a sua, por isso usavam drogas. Depois fui lendo tudo que havia sobre essa
famosa geração, estava tudo escondido no sótão da casa dessa senhora, Allen
Ginsberg, Willian Burroughs, Charles Bukowski, alguns tinha que ler mais vezes,
pois claro no meu conceito de rapaz provinciano não entendia aonde queriam
chegar, mas ao mesmo tempo, faziam com que minha imaginação estivesse solta na
vida que levavam.
Foi uma
experiencia impressionante, foram os únicos livros que trouxe comigo, me
acompanharam no velho carro, até aqui.
Algumas vezes parei em lugares que tinham passado, evidentemente não
tinha nada a ver com o que tinham escrito.
Então imaginava, como seria o mesmo seu eu estivesse sobre o efeito de
alguma droga. Acho que a mente tem esse
fator de nos possibilitar, imaginar.
Para eles devia
ser difícil se soltar num mundo que não admitia a liberdade sexual, nada disso.
Eu imaginava como seria.
A cara do Barry
era impressionante, me fala tudo isso um rapaz que diz que nunca fez sexo, na
cidade do pecado.
Sim, vejo pelas
ruas, as putas, os rapazes que se prostituem, não me imagino no lugar deles, é
uma vida difícil, aonde se mistura, fome, desespero, drogas, tudo, espero poder
seguir trabalhando no que seja, para não passar por isso.
Barry soltou que
a muito tempo não tinha uma conversa interessante, lhe perguntou o que mais o
tinha excitado, as fotos, ou o texto.
Sem dúvida o
texto, se foste tu que os escreveste, deves ter uma sensibilidade a flor da
pele.
Estava morto de
fome, disse que ia embora, porque tinha que comer alguma coisa.
Merda, me perdoe,
a conversa estava interessante, que me esqueci desse detalhe.
Comes alguma
coisa comigo?
Foram os dois
para a cozinha, Barry preparou sanduiches de pastrami, de outras coisas que ele
nunca tinha comido, lhe ofereceu uma cerveja.
Ele perguntou se não tinha uma coca cola, pois não bebia. Tenho horror a isso, gosto de estar sóbrio
para saber o que estou fazendo.
Sentaram-se numa
mesa na varada, a luz batia diretamente nas mãos do Barry. Eram tremendas, grandes como ele, mostravam
claro sua idade, mas o que ele via, eram que tinham experiencias.
Falou disso, há
uma diferença grande, quando olhamos uma pessoa, falou da sua amiga, ela
poderia ser considerada como uma velha, claro tinha idade, mas na verdade,
tinha ficado jovem na mente, nossas conversas podiam durar horas, ela dizia que
eu a tinha feito recuperar sua juventude guardada em alguma caixa de sua mente,
de seus sonhos. Os quais eram velhos
demais para realizar.
Depois disso foi
embora, disse que tinha que levantar cedo para ir trabalhar. Olhou diretamente
os olhos do Barry, perguntou se podia voltar.
Claro, quando
queira, lhe deu o número do seu celular.
Ele agora fazia
uma coisa, cada livro novo que sabia que ia interessar a sua amiga, Mrs. White,
mandava para ela, na direção da biblioteca, embrulhava claro no papel da
livraria, dentro do livro colocava uma carta.
Queria saber como estava, contava o que tinha feito naquele tempo, o que
ia conhecendo, a cidade, os novos autores que tinha descoberto. Mesmo autores estrangeiros, quando mandou um
livro de Camus, comentou com ela o que tinha sentido, o mesmo com Simone de
Beauvoir, que gostava mais que Jean-Paul Sartre. Ia agora sempre que podia escapar a casa do
Barry.
Ficou duas vezes
para dormir. Um dia, sabia que tinha que
partir dele isso, fez um pedido, eu fico imaginando como será fazer sexo
contigo, não quero perder minha virgindade com nenhum idiota, fico imaginando
essas tuas mãos sábias explorando meu corpo, pode me fazer esse favor.
A cara do Barry
era fantástica, lhe explicou que ele tinha tido relações com homens, com
mulheres principalmente, mas que ansiava isso, estar na cama com ele, pois já
ansiava cada visita dele. Pela primeira
vez tenho com quem falar, expor minhas ideias, que me entende, não faz cara
pensando, velho idiota.
Foi uma coisa
maravilhosa para ele, tinha sido muito, mas muito mais do que tinha imaginado,
Barry tomou seu tempo para lhe deixar como louco, lhe penetrou suavemente, como
depois se deixou penetrar, no final chegaram a um orgasmo ao mesmo tempo.
Ele ficou ali
jogado na cama, se lembrando de cada detalhe que sua mente tinha guardado.
Barry tinha
levantado para ir ao banheiro, quando voltou, ele estava como ele tinha
imaginado a foto, que não tinha conseguido fazer com o outro rapaz. Se dedicou a faze-la, por último subiu em
cima da cama, para fotografar seu rosto desde cima, pediu que ele continuasse
com o que estava fazendo, ele seguiu.
Depois foram
revelar a foto, viu todo o processo, já tinham surgidos as câmeras digitais,
mas Barry gostava de trabalhar a moda antiga, com as analógicas. Foi um gozo, se ver surgindo foi ficando
excitado, voltaram outra vez para a cama.
Depois os dois
ali deitados um nos braço do outro, era isso que ele imaginava, os segredos de
alcova. Barry perguntou se ele queria
posar para ele, para toda a ideia do livro, te dou o texto, assim poderás
imaginar o que eu quero.
Agora já podia
ver as fotos já secas.
Barry comentou,
que hoje em dia, as pessoas, faziam sexo, em seguida desapareciam, era a famosa
foda de uma noite, já que não tinham nada para compartir, para falar.
Mas ele estava
ali.
Na noite
seguinte, leu os textos curtos de cada ideia do Barry, pela primeira vez, tinha
ideia do que era o sexo entre dois homens, fechou os olhos, nu, jogado na cama,
começou a imaginar cada texto dele, era como se seu corpo entendesse a
mensagem.
No dia seguinte,
comentou com a dona da livraria, o que tinha feito, ir conhecer o Barry, tenho
ido a sua casa sempre que posso. É uma
pessoa que entende a minha cabeça, bem como eu entendo a dele. Me perguntou se eu poderia posar para
ele, eu adoraria, o que achas disso?
Ela sorriu, não
eres um jovem corrente, que veio para Hollywood, para fazer filmes idiotas,
como os que se fazem agora, ou filmes de ação, a tua cabeça exige que tenha
consistência no que fazes, acabaras fazendo filmes no underground.
Como por instigação,
voltou a ler Jack Kerouac, mas agora com outra perspectiva, acabou relendo
todos. Quando falou com Barry a respeito
do cinema underground, ele começou a mostrar sua coleção a respeito.
As fotos tinham
ficado excelente, ele as estava montando com o texto dessa parte, agora sempre
dormia com ele quando ia a sua casa, as sessões de sexo eram incríveis.
Lhe disse que
concordava em posar para as fotos, desde que pudesse ler o texto antes,
discutir o mesmo.
Claro, nada ia me
agradar mais.
Foram fazer umas
fotos no campo de um amigo dele. Montou
um fundo infinito com um pano sujo, perguntou se tinha medo a cavalos.
Imagina vim do
campo, como vou ter medo a cavalo.
Lhe trouxeram um,
o dono, amigo do Barry, disse que era o perfeito para o que queria, pois estava
surdo. Tinha participado de alguma
filmagem, não sabia o que tinha acontecido o mesmo estava surdo.
Bruce pediu uma
escova, passou pelo cavalo, lhe deu cenouras, quando leu o que Barry queria, se
imaginou um guerreio de alguma tribo de antigamente. Possou nu em cima da cavalo, o que seria
talvez as melhores fotos, que acabariam merecendo um livro a parte. A mais famosa era ele deitado em cima do
cavalo de costas, a fizeram em uma série de lugares, ao mesmo tempo fizeram
sexo no campo com o cavalo olhando para os dois.
Quando viu as
fotos, arrastou literalmente Barry para a cama, o cavalgou, como imaginava que
faria um índio, usando-o como se fosse um cavalo, fez dele um brinquedo em suas
mãos.
Barry disse que já
podia morrer, pois nunca tinha tido um prazer como esse.
Semanas depois
lhe avisou que estava fazendo um filme, que havia uma parte muda, mas que o
ator não entendia o conceito. Lhe
explicou, o levou para falar com uma conhecida sua, Sarah Jameson que tinha
possado para ele, era famosa como stripper, não como as atuais, tinha feito
muitas fotografias em revistas.
Era uma mulher
fantástica, de quase 1,90 metros, morena, com uma pele azeitonada, bem como uns
cabelos, agora com fios brancos.
Ela lhe explicou
como funcionava em sua cabeça. Quando me
contratavam para fazer um stripper para algum homem, primeiro conversava com
ele, para entender o que queria, 80% das vezes nem fazia sexo com o mesmo, eram
voyeurs, queriam observar. Então
entendia que tinha que alimentar com cada gesto seus desejos, tudo muito
lentamente.
Ali sentada em
sua sala, estava completamente vestida, se colocou numa diagonal, foi falando
lentamente um texto que conhecia do Barry, retirando cada parte de sua roupa. Bruce
estava como louco, excitado, porque a ideia era essa excitar, sem tocar.
No filme, se
tratava de uma mulher jovem, casada com um homem muito mais velho, que não
sabia realizar seus desejos. A história
se passava numa fazenda de gado, um cowboy lhe chama a atenção.
A primeira cena, ela
está escondida, ele vai tomar banho num rio.
Isto a excita, pois ele se sabe observado, pensa que é outro cowboy,
então está pensando em outro homem.
Numa outra
sequência, ele está se preparando para tomar um banho, ela o observa através de
um fresta na parede de madeira. Nessa
ele imagina que o faz para seu amigo.
Bruce ensaiou a
mesma mil vezes, fazendo isso para o Barry, que o filmou através de uma
cortina. Quando ele conseguiu fazer
completamente, filmaram no studio.
O diretor lhe
pagou um bom dinheiro para isso, apareceria nos créditos, o mesmo disse que ele
deveria estudar dicção, pois tinha uma voz complicada, ele sabia que sim, se
devia um soco que seu irmão lhe tinha dado quando criança no pescoço. Era uma voz rouca, quebrada como diziam
alguns.
Barry dizia que
era perfeita, que o alucinava na cama, escutar ele falando alguma coisa que
tinha escrito, no seu ouvido.
O filme quando
estreou, ele não gostou, tinham cortado certas partes, Barry, tinha essa parte
completa de, quando tinham feito em sua casa.
Logo era
procurado por produtores, diretores de filmes pornográficos, ficou furioso, não
entendia, nem queria fazer isso.
Conversou com Barry sua ideia era outra.
Gostava da ideia intima de sexo com ele, não pensava em fazer sexo com
mais ninguém, tenho a ti, para que preciso mostrar-me fazendo sexo com outro
homem ou mulher.
Barry tinha feito
a montagem do livro de fotos, com os textos, dele como o cavalo, era tudo em
branco e negro, eram perfeitas. No livro
pela primeira vez, Barry colocava seu nome, como se fosse uma dupla. A primeira crítica que saiu num jornal, o
considerou um livro erótico, perfeito, a conjunção de dois machos, o homem, bem
como o cavalo.
Já nessa época
vivia praticamente na casa dele, se levantava muito cedo, para ir trabalhar,
pois levava mais tempo para chegar.
Quando o livro chegou à livraria, algumas pessoas percebiam que era ele
o da foto. Demorou a entender o preço
de uma certa fama, pois a maioria o convidava para fazer sexo. As primeiras vezes ficou horrorizado, a dona
da livraria soltou que ela mesma se dispunha a isso, mas falou as gargalhadas.
Mas ele seguiu
fiel, ao Barry, não sabia que o que sentia era amor, mas só queria estar com
ele.
Barry que tinha
mais vivência lhe disse que devia experimentar com outra pessoa, para ter
certeza.
Foi uma merda,
pois a outra pessoa queria simplesmente sexo, mais nada, o erotismo não
figurava na imaginação do coitado como ele chamaria o outro. Se levantou, se vestiu foi embora, não sentia
nada.
Fiz o que me
propuseste soltou ao Barry, contou como tinha acontecido. Me levantei, me vesti
fui embora. Não sou uma puta, quero o
erotismo.
Barry mostrou um
texto que tinha escrito, para sua amiga Sara Jameson, ia fazer um vídeo, ela
precisava de dinheiro para uma operação.
Ele se ofereceu para fazer o parceiro.
Os dois se
encaixaram a perfeição, apesar dela ser muito mais alta do que ele.
Barry montou o
cenário, perfeito, a meia luz, com uma iluminação perfeita, nada era de mal
gosto, sim de um erotismo total, mesmo o sexo que fizeram a maior parte na
estava na montagem final. Ela ria ao
final, quando ficaram os dois deitados lado a lado, segurando a mãos, que era o
fecho do vídeo, quando ele acabou de montar, colocar a música, o apresentou
para uma série de produtores, pois precisava do dinheiro para ela.
Todos queriam,
mas que incluísse as cenas de sexo puro.
Nenhum deles concordou.
Quando foi
apresentado finalmente num cinema de filmes eróticos, foi um sucesso, o vídeo
foi reproduzido mil vezes.
Ele agora era
Bruce Storm, escreveu para sua amiga, contando do filme, ela disse que sonhava
ver, mas que não tinha aonde fazer isso.
Os dois eram
chamados para entrevistas, queriam saber como era fazer o vídeo como tinha
sido.
Ele com sua voz
particular, contou que ela o tinha ensinado a se preparar para o filme que
tinha feito, lamentava as cenas cortadas, porque completo era mais bonito.
Comentou que
Barry tinha ensaiado com ele em casa, tinha feito principalmente a cena do
banheiro. Este conseguiu autorização,
para publicar esse ensaio.
Mas fez uma
coisa, refez fotografias que tinha feito ao mesmo tempo, vinham como num
pequeno livro, um cd com o vídeo, além das fotos como post cards soltos. Era um sucesso de venda, agora ganhava
dinheiro suficiente para ter uma casa maior, mas o que fez foi comprar o rancho
do amigo do Barry, ali o cavalo surdo era o rei.
Fez outra série
de fotos como se fosse um cowboy que vai fazendo um stripper.
Não podiam
classificar como ator pornô, pois não fazia cenas de sexo, mas sim eróticas.
Foi ficando
conhecido, Barry voltou a crista da onda, porque existiam muitas chamadas para
fazer filmes, mas tinha encontrado seu lugar no que queria fazer. Dizia brincando tiveste que aparecer em minha
vida, para saber o que queria fazer.
Escreveu um texto
sobre a dualidade do sexo, baseado num texto de um dos escritores Beat, fizeram
um vídeo imenso, ele tinha visto o trabalho de um ator de origem índio, com
seus cabelos lisos imensos, eram ele, Sarah, Toni, o filmaram no seu pequeno
rancho, no meio dos cavalos, ela a princípio tinha medo, mas a ensinou a se
comportar com eles.
O final fizeram
uma repetição, da cena da mulher o vendo tomar banho num lago, ele ao mesmo
tempo se oferecia para ela, como para ele. Não havia sexo, simplesmente insinuavam.
O vídeo ganhou um
prêmio.
Barry resolveu
fazer seu primeiro longa-metragem como diretor, o queria como protagonista, foi
um trabalho lento, misturava sua história, com a famosa viagem de Jack Kerouac,
no seu velho carro, se lembrou de um dia na viagem em que tinha escutado uma
música no posto de gasolina, em que foi cantando pela primeira vez na vida uma
música que não conhecia.
Quando a fez para
o Barry, ele achou ótimo, então nessa cena, é como se tivesse estacionado o
carro, numa lateral da estrada, ele começa a imaginar a música, que fala de
sexo, entre homens, ele canta a música imaginando o prazer que seria fazer sexo
com o homem amado. Algumas partes estava
em close, ele imaginando o Barry a primeira vez que fizeram sexo, que primeiro
beijou seu corpo inteiro, depois com a ponta da língua ia passando pelos
lugares eróticos, no meio da filmagem teve um orgasmo. Barry só filmava a cara dele, sentido isso.
Depois lhe diria
que tinha ficado com ciúmes do homem que ele estava imaginando.
Não podes ter
ciúmes, na cama essa noite, contou o que tinha imaginado, fez com o Barry o que
ele tinha feito com ele no primeiro dia, o levando a loucura. Os dois na cama, tinham um sexo
impressionante.
Barry tinha um
certo ciúmes dele com Toni, pois ele via este olhar Bruce como que querendo
alguma coisa. No filme que tinham feito
juntos, via que estava excitado basicamente todo o tempo. Chegou a dizer ao Barry, morro de inveja de
ti, pois ele só pensa estar contigo.
Era uma verdade,
já levavam bastante anos juntos, ele não podia imaginar fazendo sexo com outra
pessoa.
Agora quando
tinham tempo iam para o rancho, agora existiam dois homens lá cuidado dos
cavalos, mas quando ele chegava, Storm, seu cavalo surdo, vinha ficar perto
dele.
O último filme
deles, fez muito sucesso, como sempre era todo em branco e negro, ele
contracenava com um ator negro, que Barry tinha descoberto, entre eles rolava
uma sensualidade impressionante, as cenas de sexo eram sugeridas, Mark Oliver,
disse que tinha aprendido como devia ser o sexo entre duas pessoas. Passou em vários festivais de cinema.
Ele foi
aprendendo com o Barry todas as técnicas de como fazer um filme.
Em seguida
escreveu um roteiro, bem como imaginou tudo, a partir de um livro que tinha
lido, sobre raças, os atores eram o Mark Oliver com o Tony, era como dois
cowboys, que levam um rebanho de cavalos, se descobrem, ele num certo ponto foi
mais explicito que o Barry.
Fez uma cena dos
dois se explorando, no meio do deserto, jogados em cima de uma manta, explicou
aos dois como queria a cena, fez antes vários exercícios com eles, para que
descobrisse o ponto fraco do outro.
Gravou a cena, durante duas horas, quando estavam se penetrando, ele
apagou a câmera, dos deixou sozinhos fazendo sexo. Só acendeu a câmera de novo, quando chegavam
ao orgasmo, mas filmou somente a cara dos dois, um em cima do outro, com a cara
quase encostada.
Barry era como
seu assistente. Ria muito, conseguiste
que alguém fizesse o que fazes melhor.
Menos mal que
tenho um aluno privilegiado. A crítica
foi super bem, ele só sugeria o que tinha acontecido de verdade, mas não
aparecia, o filme acabava justamente nessa cena, com os dois com a boca quase
se encostando num beijo, o prazer que sentia.
Mark Oliver, que
se dizia heterossexual, na verdade tinha se deixado penetrar pelo Toni. Ria muito com isso. Durante um tempo mantiveram para sossego do
Barry, um relacionamento.
Estavam juntos já
a mais de 10 anos, quando Barry morreu dormindo, tinha feito sexo antes de
dormir, ele comentou com ele, que devia ir ao médico, pois o via muito cansado.
Não despertou no
dia seguinte. Foi um choque, ele nunca
tinha visto a morte de tão perto. De uma maneira espontânea, ficou sentado ao
lado dele, fazendo carinho como ele gostava na sua cabeça, só depois de horas
chamou um médico para fazer o atestado de óbito.
Barry lhe deixou
tudo que tinha, inclusive as licenças de sua obra. Ele nunca mais deixaria de falar delas, muita
gente pensava que se aproveitava para promocionar. Quando lhe perguntavam em alguma entrevista,
ele dizia que o que sabia tinha aprendido com ele, me ensinou a compartilhar. Sabia por que se falava muito, que Barry
durante os anos que esteve na cima como fotografo de cinema, guardava a sete
chaves a maneira como filmava ou dirigia a luz, as ideias.
Mas com ele,
tinha sido generoso. A pedido de uma revista, escreveu um artigo, falando sobre
isso, como o tinha ido conhecer, por curiosidade se ainda era vivo. Como olhou a mão dele, as ideias compartidas,
inclusive comentava que ele tinha sido o único homem de sua vida, no momento
não sabia que chegaria a sentir o que tinha com ele com outra pessoa.
Quem sempre
estava junto com ele agora o escutando, compartindo ideias era Sarah, ela tinha
conhecido os dois, compartilhado muita coisa juntos.
Seu primeiro
vídeo em seguida, foi em cima de um filme japonês, em que via uma Mama Sama,
explicando a uma discipula como devia se comportar, se maquilar, não escondia a
influência, mas o filme era erótico, Sarah ensinando duas jovens, uma branca
outra negra, como fazer um stripper, como seduzir um homem.
Sarah, já tinha
nessa época quase 70 anos, pois era da mesma idade do Barry, em algumas cenas, a
crítica dizia que ela superava as alunas que eram jovens.
Agora ele
assinava sozinho a direção, em casa as vezes se pegava, se virando para
comentar com o Barry uma ideia.
Fez um filme que
muitos diziam que era imperdível, era como uma homenagem ao Barry, fazia o seu
papel, ele era como o Barry. O mesmo começava como ele tinha feito na hora
da morte do Barry, o tempo que o teve só para ele, antes de chamar o médico, a
ambulância, o que tinha sentido. Depois
como acontecia, ele estando sentado nu na varanda, sentia a chegada do Barry
para estar com ele, como o fantasma o levava para a cama.
Fez um trabalho
impressionante com o Mark, tens que sentir que eu estou te tocando, mas o público
nunca verá, pois é um fantasma. Por
duas vezes teve que parar a filmagem, porque Mark começava a chorar. No filme sugeria que ele se masturbava
pensando no outro, nesse momento, Sarah filmava para ele, estava nu em cima do
Mark, um olhando para o outro, sentindo um orgasmo sem penetrações.
Quando acabou a
filmagem da cena, Mark realmente tinha ejaculado.
Nunca mais me
peça para fazer isso, mais um pouco me descontrolo, ia te penetrar.
Numa das noites
que ele ficava ali com ele, comentou que o relacionamento dele com o Toni tinha
ido a merda por isso, a meses atrás quando fazíamos sexo, em vez de dizer o
nome dele, falei o teu. Ficou furioso,
mas era uma verdade, queria estar contigo.
Quando estiveram
juntos na cama, ele saberia imediatamente, que não tinha nada a ver, tampouco
comparar com o que tinha antes, tampouco esperava.
Mark era ardente,
queria possuir de maneira completa, as vezes era afoito, o foi colocando à sua
maneira de sentir o sexo. Ele dizia
assim me levas a loucura.
Estiveram juntos
muito tempo, uma dia desconfiou que ele estava tomando drogas, foi honesto, lhe
perguntou por quê?
Era complicado,
ele no começo não era gay, era um homem hetero, de repente com ele aprendeu a
sentir outra coisa, as vezes se perdia nisso, sem saber bem aonde se situar,
saia para procurar sexo com mulheres, mas já não se encontrava.
As vezes sinto
que como me tiveste vampirizado, só consigo sentir prazer se me penetras ou te
penetro. O resto deixa de existir.
Não podia
esquecer que ele vinha de um mundo totalmente diferente, com o começo de sua
vida como um marginal. Agora tinha um
nome, era conhecido, as fotos que tinha feito dele para um livro, já eram
famosas, os homens queria fazer sexo com ele, bem como as mulheres. Isso o confundia. Cada vez mais era dependente dele.
Cada vez que
alguém se insinuava para ele, corria para casa para estar com Bruce, pedir para
fazer sexo, não queria ceder à tentação de fazer sexo com outra pessoa. Como sabia que se fizesse, iria se
perder.
Sua vida se
cortou no melhor momento de sua carreira, tinha acabado de fazer um filme como
tinha sonhado, para um grande estúdio de Hollywood, mas morreu num acidente de
carro, voltando para casa. Vinha como um
louco, pois um dos atores famosos, tinha tentado fazer sexo com ele. Corria para sua proteção, se desconcentrou
perdeu o controle do carro. Ficou quase
duas semanas entre a vida e a morte, com Bruce ao seu lado.
Ele parou para
analisar tudo isso, talvez ele por todo seu percurso, Mark vinha de uma família
complicada, metida nas drogas, a princípio tinha se prostituido com mulheres,
por que tinha um corpo realmente fantástico, mas quando descobriu filmado com
eles o outro lado, ficou confuso, mas se apaixonou como um louco por Bruce, no
hospital, lhe dizia uma vez me perguntaste se eu estava usando drogas, eu não
precisava, eras minha droga, queria estar as 24 do dia agarrado a ti, fazendo
um sexo interminável.
Morreu agarrando
forte sua mão, Bruce tinha chegado a sentir dor, pela força dele, mas não
soltou sua mão, suas últimas palavras impressionaram, disse que Barry estava
ali, que agora iria com ele fazer um filme deus sabe aonde.
As enfermeiras
queriam lhe tampar, mas ele pediu para ficar sozinho com ele, fez a sua despedida,
deitado ao seu lado na cama, acariciando o rosto que tinha aprendido a amar.
Agora sabia que tinha amado o Barry, como tinha amado esses anos o Mark, era
duas pessoas completamente diferente.
Barry era seguro
de si, sabia quem era, Mark ao contrário, com todo seu corpo forte, bem como uma
vivência diferente, era frágil, agora o sabia, pela conversa dos últimos
dias. Pois estava sempre lhe dizendo, aprendi
contigo a ser forte, mas no fundo sempre fui como uma criança que precisa da
proteção que não tive na minha infância.
Quando o filme
estreou, claro, se via que tinha aprendido a ser um personagem. Ganhou dois prêmios póstumos. Mas era mais famoso com os filmes que tinha
feito com ele, bem com o Barry.
Toni apareceu
para o enterro, mas foi honesto, eu sempre te quis, mas tinhas ao Barry, depois
quando te vi escolhendo o Mark, morri de ciúmes, me afastei de tudo, voltei
para aonde estava a minha família, mas claro lá tampouco encaixei, sabiam o que
eu tinha feito por aqui. Eu era uma
pessoa que os incomodava na sua masculinidade.
Ele pegou essa
ideia, fez um roteiro sobre o assunto, uma pessoa de uma etnia, que se afasta,
vai pelo mundo, quando volta, não encaixa no mundo antigo.
Toni era o ator
principal, agora era suficientemente conhecido dos studios para poder fazer
esse tipo de filme que não encaixava dentro dos padrões tido como normais pelas
grandes produtoras.
O filme fez muito
sucesso, Toni voltou a ser conhecido, recebendo convites para outros filmes,
mas sempre o consultava sobre o que devia fazer.
Pela primeira vez
tinha medo de ceder, fazer sexo com ele, acreditava que ele tinha imaginado ao
logo dos anos, terem um relacionamento, se não funcionasse podia acabar com a
amizade deles, estava sempre ali, na sua casa, para que ele viesse lhe falar.
Estava escrevendo
como uma biografia de sua vida, desde que tinha saído de casa, da amiga que o
tinha ajudado a ter uma cabeça inteira em termos de aprender dos livros. Ainda seguia como sempre indo à livraria,
para encontrar livros novos.
As vezes sentia
que buscava desesperadamente um escritor que despertasse nele esse sentimento
que tinha ao ler os que tinha lido com atraso, de gerações.
Um produtor lhe
mandou o roteiro de um filme, dizia que encaixava com ele, sua maneira de
pensar, era de um escritor jovem.
Quando leu o
roteiro, gostou, mas via que existiam personagens demais, que isso fazia que o
sentido da história se perdesse.
Perguntou se
podia marcar uma entrevista com a pessoa.
Lhe avisaram que
a pessoa o iria lhe procurar. Deixou de
lado o roteiro, seguiu escrevendo, mas claro a pessoa nunca apareceu. Fez o filme com outro diretor, aconteceu o
que ele pensava, que o filme se perdia com tantos personagens.
Quando o
conheceu, sem querer sentiu como se estivesse vendo no espelho. Mas ele de uma determinada maneira, tinha
aprendido com humildade, tudo que podia com o Barry, mesmo depois quando
começou a fazer os seus filmes, ele estava ali para compartilhar.
Finalmente o
rapaz veio falar com ele, quando me comentaram o que tinhas dito, não podia em
minha cabeça aceitar que colocassem defeito no que tinha criado.
Conversou
longamente com ele, tinha feito uma serie de anotações ao longo do roteiro.
No filme o
personagem que tinha menos desenvolvimento, era justamente o personagem mais forte,
que no fundo era o próprio escritor.
Começou a
reescrever um texto só com esse personagem, um dia Toni chegou para conversar
com ele, os viu juntos, ficou furioso, disse, estou te esperando a muito tempo,
vejo que estou de fora.
Por mais que
tentasse argumentar com ele, que não queria perder sua amizade que era
importante para ele, não entendeu.
Tempos depois soube que estava internado para uma desintoxicação de
drogas. Foi visita-lo, este disse que
não queria nenhuma visita dele.
Ao rapaz com quem
estava reescrevendo o texto, sentiu muito ter interferido sem querer no
relacionamento deles.
Contou a
história, quando me conheceu, eu vivia com o Barry, não sou uma pessoa de
aventuras, ao contrário do que dizem de mim, sou só de uma pessoa, depois estive
com o Mark, que ao contrário do Barry era inseguro.
Então quando Toni
reapareceu, tinha me esperado todo esse tempo, fui franco, precisava de um
tempo, sua amizade para mim era importante, mas ele queria mais, isso era
impossível em minha cabeça, pois não sentia o mesmo que ele, tampouco queria
alimentar isso, mas ele sim alimentou.
Quando te viu
comigo, pensou que tinha perdido outra vez.
Ninguém é culpado de nada, cada um estava na verdade defendendo seu
terreno.
Max O ‘Smith,
entendia, talvez quando ouvi falar de ti para dirigir o filme, já tinha visto
todos seus trabalhos na pinacoteca. Me
deu medo, pensei esse tio vai me descobrir, vai saber que personagem sou eu,
por isso fiquei com medo.
Como sabia que
esse personagem sou eu no fundo?
Porque o pouco
que aparece, ele é forte, está tendo coragem de se colocar para fora, isso hoje
em dia deveria ser mais fácil com todos os avances que podes imaginar.
Mas veja bem, tem
seu erotismo, pois o colocas de uma maneira que parece um voyeur, ele observa
os outros, mas não se compromete.
Começaram os dois
a desenvolverem o personagem, Max depois de um tempo já quando tinham mais
intimidade, contou que uma vez o filme que ele aparecia, se desnudando, fazendo
o stripper, me masturbei muito, imaginando que te mostrava para mim.
Como o Mark,
tenho medo de me colocar para fora, depois não poder controlar.
Essas coisas Max,
controlar é uma idiotice, eu sempre fui sempre de uma pessoa só, imagina,
apesar de falarem horrores de mim, só tive realmente dois homens na minha vida,
estou com 46 anos, o que se fossemos colocar nos paramentos de hoje, eu seria
uma vergonha nacional, os mais jovens, hoje já fizeram sexo com muitos outros,
mas me pergunto será que se entregaram realmente a cada um, o que sentiram,
analise por ai, verás que dentro de algum tempo estarão vazios, porque no fundo
é a solidão.
Cimentei minha
relação com Harry, com a cabeça, isso era o principal, nos entendíamos,
podíamos discutir sem medo textos, coisas que ele escrevia, ele sabia que não
ia dizer que era bonito só para agradar, eu queria entender o que ele
fazia. Aprendi fotografia analógica,
que sigo usando até hoje, a dominar uma câmera de vídeo, bem como das
poderosas, que ninguém usa mais, enfim, foi meu mestre, meu amigo, amante. Sou no fundo o fruto da nossa relação.
Quando finalmente
foram para a cama, foi porque Max pediu, lhe disse rindo, estou cansado de
chegar em casa me masturbar pensando em ti.
O ensinou a fazer
sexo como ele gostava, ele ao final dizia, agora entendo. Quando se deram conta, já tinha se passado
mais de dez anos, com vários filmes, na bagagem. A maioria dos roteiros faziam juntos, a
partir da ideia de um ou de outro.
Ganharam muitos
prêmios pelos festivais pelo mundo, era um filme totalmente diferente do que
tinha feito antes, mas eram sérios, de maneira nenhuma vulgares.
Um dia um
marinheiro, se aproximou dos dois na praia, era um negro de 1,90 de altura,
contou que tinha visto em vídeos os filmes deles.
Queria contar
minha história para vocês.
Ficaram
escutando, ele voltou várias vezes, contou que fazia um tratamento psicológico,
por uma série de motivos, mais seu psicólogo disse que ele tinha que colocar
esse primeiro para fora. Sua vida
tinha começado cedo, sua mãe, tinha um amante, trabalhava, esse era distribuidor
de drogas, mas nunca permitiu que ele se envolvesse nisso. As vezes chegava em casa, tirava toda a roupa
ia tomar banho, quando ele tinha uns 13 anos, notou que ele se excitava com
isso. Me levou para a cama, dizendo que
ia me ensinar a fazer sexo, virei sua puta, minha mãe levou anos para
suspeitar.
Como chegava
antes dela em casa, sempre fazia sexo comigo, me acostumei, uma pessoa que
nunca teve carinho na vida, confundi isso com carinho, amor. Mas no fundo para ele era somente sexo.
Um dia ela chegou
antes, me escutou gemendo de prazer com ele.
Ficou uma fera, ele se desculpou dizendo que o culpado era eu.
Me colocaram para
fora de casa, a princípio, aguentei, dormindo na praia, mas depois descobri que
ele tinha contado para todos seus amigos, alguns me procuravam atrás de
sexo. Só um me ajudou, me levou até a
frente de um desses lugares, em que entras para o exército, me mandou a
vida.
Assim foi com
entrei para a marinha, desenvolvi meu corpo a força, de menino frágil virei o
que eu sou, mas não estava mentalmente preparado para a guerra, tudo que sabia
de violência, era os vídeos jogos. Mas
a realidade nua e crua, quando bate na tua cara, é muito difícil superar.
Nunca me droguei
como fazia meus companheiros para aguentar, até que fui ferido o ano passado,
finalmente me devolveram para cá. Mas
claro, nesse meio tempo, passei nas mãos de muitos companheiros, isso
desequilibrou totalmente minha cabeça.
Nem sei quem sou,
trouxe o que venho escrevendo, dessa primeira parte da minha vida, o psicólogo
diz que daria um filme.
Se tornou como o
filho deles, lhe deram um quarto para dormir, começaram a trabalhar com ele o
texto, até terem um roteiro realmente de cinema, ia até seu descobrimento do
sexo com esse homem, até a hora que entra para o exército.
O filme foi um
sucesso, concorreu ao Oscar, o rapaz mudou de nome, pois temia ser reconhecido
pelos companheiros da marinha.
Mas depois com os
anos, se relaxou, começou a fazer surf com o pessoal da praia, fez amigos, até
se apaixonou várias vezes, com muita cautela, se reconstruiu outra vez.
Nunca quis fazer
uma segunda parte da história, dizia que era ainda muito doloroso falar nisso.
Os dois tinham
agora um filho adulto, os ajudava em tudo, desde montar um cenário, inclusive
ao momento que escreviam algo, ele acompanhava.
Muitos pensavam
que fazia sexo os três, mas isso nem pensar.
Max dizia que
finalmente sabia o que ele queria dizer com alguns de seus filmes, precisei
despertar uma manhã na tua cama, me perguntando se isso que tive durante a noite
foi realmente realidade.
O mesmo se passou
comigo, no dia seguinte que fiz pela primeira vez sexo com Barry, ele me tornou
o homem que sou.
No hay comentarios:
Publicar un comentario