Ele era o quarto
filho, sua mãe queria desesperadamente uma menina, naquela época não se fazia
exames para saber, nem ela queria. O
pior disso tudo, é que tudo que tinha sonhado era fazer uma universidade,
detestava ser dona de casa, muito mais cuidar de crianças. Não tinha paciência.
Já no terceiro
filho, chegou para viver com eles, Lotte uma amiga de infância de sua mãe que
tinha ficado solteira, essa foi nossa mãe verdadeira, a que todos respeitavam,
acatavam suas ordens, todo mundo dizia que devia ter sido militar, pois só
faltava nos colocar em ordem, fazer revisão, isso ela fazia, antes de irmos à
escola.
Minha mãe quando
me esperava fez um enxoval todo em cor de rosa, queria desesperadamente talvez
uma filha, para brincar de boneca, como dizia Lotte.
Mas nasci eu, talvez
como dizia o médico, nunca tinha visto uma criança tão feia, nem tão
cabeluda. Era ao contrário dos meus
irmãos, todos eles loiros de olhos azuis, como meu pai, eu ao contrário devo
ter saído o lado de minha mãe, moreno, cabelos negros, olhos negros.
Ela imediatamente
fez uma cirurgia para não ter mais filhos, com isso basta.
Ficou frustrada
por não ter uma filha, Lotte estava sempre brigando com ela, pois me queria
vestir de menina. Para o batizado, tinha
mandado fazer uma roupa cor de rosa, toda bordada, na véspera, Lotte que nunca
tinha sido tonta, colocou a roupa para descolorir, para ficar branca, retirou
todas os apliques de rosinhas que tinha, foi minha salvação, imaginava depois
com essa história ter todo mundo me gozando quando visse, uma foto.
Ao contrário do
esperado, era o querido do meu pai, eu o olhava com admiração, aquele homem
alto, quase dois metros de altura, loiros com os olhos transparente, quando era
criança pensava não me admira que ela tenha se apaixonado por ele.
Morávamos numa
bela casa no Boulevard John F. Kennedy, em Weehawken, em frente ao Hamilton
Park. Da varanda da casa, bem como os
quartos da frente se tinha uma vista fantástica de NYC, eu tive o privilégio de
dormir num deles, dividia quarto com meu irmão mais velho Brian. Ele se apaixonou por mim desde que
nasci. Dizia sempre me gozando, era o
bebe mais feio que tinha visto em minha vida.
Ele ao contrário era o homem mais bonito que conheci, não me admira que
acabasse como ator de cinema.
O outro quarto da
frente era da Lotte, meus pais ocupavam um quarto que dava para o quintal da
casa, que era uma suíte, no outro quarto meus irmãos Boris, Billy. Eu quando era pequeno não entendia, todos os
nomes começavam com “B”, menos o meu que era Sam, um dia meu irmão me contou em
segredo, minha mãe queria que me chamasse Samantha, daí me chamar de Sam.
Não fui a típica
criança bonita, tampouco na adolescência, olhava meus irmãos com inveja, pois eles
sim eram bonitos, eu tinha uma cara dura, na adolescência cheia de grãos, Lotte
sempre me passava produtos, mas fiquei com a pele toda esburacada, tinha um
nariz como os da família de minha mãe, grande, ela era descendente de
turcos. De meus irmãos, todos iguais
ao do meu pai. Eles não entendiam por que eu era seu
favorito. Talvez por ser diferente
deles, no final da sua vida não os reconhecia, dizia que eu era seu único
filho. Talvez porque era o único que
ficou em casa.
Brian era o mais
divertido, já tinha nascido para o cinema, essa era uma verdade, alto, tinha, 1,95
de altura, encorpado pelo esporte, era capitão do time de futebol, era bom no
atletismo, o querido de todas as garotas, mas ao contrário dos outros
participava do teatro da escola. Eu era
obrigado a ler com ele os textos, fazendo o papel feminino.
O mais
interessante, era que eu o pegava na cama, ora com garotas, ora com algum amigo
seu, quando lhe perguntei sobre isso, me disse que gostava de variar, não me
admira que esteja hoje em seu terceiro matrimonio, mas todos sem filhos, nunca
os quis ter. Eu sempre fui seu
confidente, achava ótimo isso, me contava as coisas, eu o escutava muito sério,
nunca comentei com nenhum dos outros, tampouco com meus pais, ele sabia que em
mim podia confiar.
As vezes estava
com algum amigo seu no quarto, me mandava vigiar a escada, assim não tinha
perigo. Uma vez o vi com o outro rapaz
mais bonito da escola, os dois se rivalizavam nos esportes, nas garotas, os
dois estavam fazendo um sessenta e nove, eu devia ter uma 12 anos, lhe
perguntei depois que tal era isso. Me
respondeu rindo, já chegara teu tempo, é divertido.
Quando foi
estudar arte dramático, minha mãe, virou para ele na mesa, soltou, está na hora
de voares de casa. Isso ela sempre fez
com todos, menos comigo, não teve essa oportunidade.
Meu pai não
queria, ela batia a mão na mesa, dizendo, os filhos são como os pássaros, tem
que voar, ir em busca de outro ninho.
Eu fiquei desesperado, ia perder o único amigo que tinha, mas ela foi com
ele, procurar um apartamento pequeno, perto de aonde ia estudar.
Depois foi Boris,
resolveu fazer belas artes, foi a mesma coisa, lhe disse na cara, não quero que
minha casa vire um studio de pintor, ou o que seja. Lotte se matava de rir.
Hoje Boris vive
em Paris, fez duas exposições com sucesso em NYC, se mandou para Paris, só
voltava quando tinha algum enterro, primeiro minha mãe, depois do velho, por
último da Lotte.
Billy, foi o
único meio louco da família, se metia em milhões de confusões, gostava de uma
boa erva, um belo dia, ninguém precisou falar para ele voar, se mandou, de vez
em quando mandava um cartão desses turísticos, dizendo aonde estava. Trabalhava em poços de petróleo, seu negócio
não era estudar. Eu ao contrário deles,
tinha encontrado meu refúgio nos livros, comecei lendo os da Lotte, ela adorava
os romances água com açúcar, no escritório só tinham livros de direito, pois
meu pai era advogado num dos escritórios mais famosos da cidade.
Nenhum filho quis
fazer direito. Quando só fiquei eu em
casa, ele sempre falava nessa frustação que tinha. Queria que todos estudassem direito, para
montar um escritório só com seus filhos.
Justo nessa época
morreu minha mãe, sem sofrimento, nada, estava vendo televisão na sala ao lado
da cozinha, aonde as duas ficavam horas falando. Lotte contava uma história de uma vizinha que
tinha encontrado na rua, começou a rir, estranhou que minha mãe não o fizesse,
estava com a cabeça caída sobre o peito.
Tinha morrido silenciosamente.
Não posso falar
muito nos meus sentimentos, pois as vezes pensava que Lotte era minha mãe, pois
sempre tinha sido ela que cuidava de mim, me levava a escola, até ter idade
para ir com meus irmãos. Era quem nos
acompanhava a alguma festa, que ia resolver os problemas na escola, quem fazia
compra, ou seja ela era a dona da casa.
Então só ficamos
os três. Eu subia a rua, na avenida
tomava um ônibus, ia para a universidade, só voltava de noite, porque fazia ao
mesmo tempo direito, literatura. Eu
queria fazer só literatura, mas para agradar meu pai, fiz direito.
No enterro de
minha mãe, o Brian, que veio acompanhado de uma mulher linda, era sua namorada
em Hollywood, já tinha feito dois filmes, eu quase o beijei na boca, como o via
fazendo com seus amigos. Estava lindo.
Passou dois dias
foi embora, logo em seguida Boris foi para Paris, minha mãe ainda teve a
oportunidade de ver sua exposição mais importante na cidade, uma individual que
vendeu tudo, mas disse que não se satisfazia, que iria estudar para escultor em
Paris.
Meses depois o
Billy desapareceu pela primeira vez.
Ficou mais de anos fora, as vezes telefonava para Lotte pedindo
dinheiro, se dizia algum absurdo, ela lhe perguntava se tinha cara de banco,
repense o valor, torne a me chamar, ainda soltava, vá trabalhar sem vergonha.
Passavam uns dois
dias, chamava outra vez, diminuindo o valor.
Ela perguntava aonde ele estava, mandava o dinheiro escondida de meu
pai. Depois que desligava essas ligações
balançava a cabeça me dizendo, meu querido, esse jamais vai assentar a cabeça.
Tempos depois meu
pai, pediu que ela se cassasse com ele, ela aceitou desde que eu concordasse,
mas que ela seguiria vivendo em seu quarto, ele no dele. Eu achava natural, era ela que fazia tudo. Nessa época, ele fez uma coisa que nunca
tinha feito com minha mãe, me explicou que ela odiava isso, já Lotte gostava.
A levava a todas
as festas que era convidado, ela se arrumava toda, ia ao cabelereiro, fazia
tudo que tinha direito, comprava um vestido novo, discreto como ela, mas
bonito, alguns descobri depois que eram de segunda mão que ela arrumava.
Mas eu sabia que
ao chegar em casa, que tinham saído, porque encontrava um bilhete dizendo a
comida aonde estava.
Eu me apaixonava
por todos os homens que me dessem atenção, mas confundia tudo. Ninguém queria
nada comigo, eu era o feio da universidade, era grande isso sim, pelo esporte,
forte, tinha um belo corpo, mas de cara, até diziam que eu sorrindo ficava mais
feio.
Tinha os cabelos
crespos muito escuro, algumas vezes me confundiam com algum mexicano, ou
sul-americano. A polícia me parava volta
e meia. Um dia, depois de mostrar meu
cartão de universitário, um ficou me olhando, como dizendo que não
acreditava. Fiquei apaixonado por esse
homem, ele era descendente de irlandeses, era tão feio como eu. Como estavam sempre no mesmo lugar, o via
sempre, um dia estava lendo um livro na praça em frente a universidade, se
aproximou, perguntando o que eu lia, lhe mostrei, era para um trabalho que
fazia sobre James Joyce, Ulysses, ele comentou que não tinha conseguido passar
das dez primeiras páginas, começamos a falar sobre isso, me convidou para um
café, acabamos em seu apartamento em Queens.
Lhe perguntei o
que fazia no seu dia de folga tão longe de casa, me disse que tinha ido atrás
de mim. Na cama erámos como um embate de
dois machos alfas, pois o tamanho era o mesmo, quando tinha uma folga no final
de semana, passávamos na cama. Um dia
sem mais nem menos me disse que ia se casar.
Fiquei surpreso, mas aceitei.
Nessa época já pensava
em entrar para a polícia, não queria ser advogado, achava um saco, literatura
só arrumaria um emprego de professor, eu queria aventura.
Acabei literatura
antes, tomei a decisão, falei primeiro com a Lotte, ela riu, me contou pela
primeira vez um detalhe de sua família original, seu pai era xerife na cidade
aonde tinha nascido, nunca me disse qual.
Ajudou que eu
falasse com meu pai, ele ficou frustrado, nessa época ele também já estava
farto de ser advogado, aceitou rapidamente.
Fui para a academia, como tinha formação universitária, foi mais
fácil. Quando sai, patrulhei algum
tempo, logo passei para inspetor, pois era bom em descobrir coisas, diziam que
eu assustava no interrogatório, claro fazia um pouco de teatro, me fazia de
mau, a cara ajudava, era fácil.
Voltei a
encontrar meu antigo namorado, tinha se casado, divorciado, tinha um filho,
andamos mais algumas vezes na cama, mas tinha perdido meu interesse. Não sei se foi por vingança, espalhou que eu
era gay. Na época isso era uma merda.
Mas fiz que não
era comigo, fui transferido depois para a delegacia mais importante de Manhattan,
era uma espécie em extinção como dizia, pois era difícil de compartir com um
colega. Gostava de fazer as coisas
sozinho.
O chefe um dia de
castigo, depois de uma briga com meu companheiro, me colocou uma mulher para
andar comigo. Se deram mal,
funcionávamos juntos. Ela gostava de
conduzir, eu não, era uma louca ao volante.
Sabia que eu
falava pouco, estava sempre atento a tudo, não tinha tempo para conversas
triviais. Nessa época morreu meu pai, já muito mal de Alzheimer, na época se
dizia demência, só reconhecia a mim, Lotte morreu antes, vieram o Brian com sua
segunda esposa, bem como Boris, acompanhando de um japonês, com quem vivia. O problema ficava sendo o velho, os dois
renunciaram a casa, pois era necessário vende-la, para pagar uma residência
para ele, eu nunca estava em casa, tinha um pequeno apartamento perto da
delegacia. Localizei o Billy que mandava uma procuração, mas queria a metade de
sua parte, primeiro pensei em comprar, tinha um dinheiro de um livro que tinha
escrito sobre um caso que tinha resolvido. Mas claro que ia fazer com essa casa
tão grande. Nessa época minha
companheira Brittany, me acompanhou para resolver tudo, quando viu a casa ficou
como louca, me chamou de garoto suburbano, ela tinha nascido e crescido no
Harlen, me dizia, porque não comprávamos a casa os dois juntos. Mas nem precisamos mandar o velho para a
residência, ele morreu antes.
Nesses dias
conversei como Brian, viu que eu estava escrevendo outro livro, pediu para ler,
depois me perguntou se eu podia transformar num roteiro de cinema. Não tinha prática, mas fiz um curso de noite
para isso, nesse período pedi ao chefe que me deixasse num horário fixo.
Nunca ninguém reclamou
nada, pois as vezes usava nos textos histórias que tinha passado comigo
resolvendo um caso. Porque mudava o nome
das pessoas, o bairro, trocava algumas, coisas, imaginava como a pessoa podia
ter chegado até ali.
Fiz o curso,
criei a figura do inspetor, que depois seria durante anos, o personagem
predileto do Brian. Com o dinheiro que
ganhei, comprei um apartamento melhor o West Side.
Justamente, nessa
época me apaixonei outra vez, mas claro, nem chegou a durar semanas, um tio
complicado, advogado, escondido dentro de uma armário escuro.
Eu nunca falava
da minha vida particular com ninguém, Bella reclamava que falava de seus
namorados, que eu só dizia hum, hum.
Até que tempos depois a vi num momento que tomávamos café, olhando uma
revista de vestidos de noivas. Lhe
perguntei se ia se casar, disse que seu atual namorado a tinha pedido em
matrimônio. Perguntei como o tinha
conhecido, me contou que num desses encontros a cegas com outra pessoa.
Meses mais tardes
quando o vi de longe, era o tal do romance que tinha tido durante algumas
semanas, o sujeito era bonito, mas como uma mulher na cama.
Fiquei quieto,
ela sempre estava com uma revista nova, eu de brincadeira perguntava se era tão
difícil escolher. Ela dizia que as vezes
ele falava no assunto, para depois dar um tempo.
Um dia sem querer
me dei de cara com os dois, tinha ido fazer compras antes de ir para casa num
supermercado, quando sai, dei de cara com eles, ele fingiu não me conhecer, eu
também.
Tinha sempre uma
dúvida de falar qualquer coisa para ela, pois nunca tinha mencionado meus
relacionamentos. Sabia que os outros da
delegacia comentavam, porque estava sempre só.
Mas claro estava
ocupado, do meu último livro, mandei uma cópia para o Brian, ele disse que eu
pensasse em transformar numa série, uma coisa que se colocava de moda, pois
precisava trabalhar sempre, pois agora tinha três pensões de ex-mulheres para
pagar.
Quando veio da
última vez, tinha me perguntado se não tinha nenhuma namorada, ou se tinha
relações com a Bella, me abri com ele, te via mais feliz, quando estavas com
algum amigo teu na cama, que sempre quis isso para mim. Mas claro até hoje não deu certo.
Ele me abraçou,
dizendo que exemplo que te dei.
Não esperava
minha resposta, pois eu acho que devias sair do armário, eras mais feliz pelo
menos, essas mulheres realmente as amas, ou porque as tens, não tens filho,
nada disso.
Me confessou que
seguia tendo sexo com homens, mas sempre que fossem fora do circuito.
Vives
escondido. Fiz uma maldade com ele,
transformei o personagem num inspetor que sai do armário. Quando leu o primeiro capítulo da série, me
telefonou as gargalhadas, filho da puta, queres me obrigar a sair do
armário. Lhe disse que não, se o
personagem tinha a ver comigo, tinha que ser assim.
Por incrível que
pareça, os produtores gostaram, porque não era uma coisa escandalosa, apenas um
homem que tem relações, durante sua investigação.
Foi quando
aconteceu o terremoto da Bella. Estava
um dia em casa, quando recebi um vídeo, bem como uma chamada dela com urgência.
Tinha chegado na
casa do namorado, o tinha encontrado na cama com outro, se escondeu, filmou um
vídeo, mas ela era uma mulher dura, desceu, foi ao seu carro, colocou umas
luvas, uma máscara, um gorro, pegou um revolver, mas antes descarregou o
mesmo. Uma porra que era da época que
patrulhava nas ruas. Entrou no
apartamento outra vez, eu namorado estava de quatro algemado na cabeceira da
cama, os prendeu um ao outro, não deixou o outro tirar o pau do cu dele. Mas
colocou, de uma certa maneira a porra no outro, que não podia mover-se que a
mesma entrava mais, pegou o celular dos dois, colocou para gravar, mandou para
todos os da lista do celular. Amigos, clientes do escritório, para todo mundo.
Mas os deixou ali
algemados, presos um no outro. Retirou sua porra, pois podia ser uma prova
contra ela, limpou todas as impressões da sua entrada antes, foi embora
tranquilamente, me encontrei com ela no bar da esquina, me mostrou o vídeo.
Por isso essa
filho da puta, sempre mudava a época do casamento. Mas foi uma bela vingança.
Mesmo assim não
contei nada para ela.
Vi o vídeo, dos
dois, me matava de rir, pareciam dois cachorros fazendo sexo, se poder se
separar, ela tinha feito de tal maneira que se via a cara dos dois o tempo
todo.
Tinha deixado a
porta aberta, uma vizinha que era dona do apartamento, além de fofoqueira do
mesmo, também tirou fotos, além de pedir ao namorado que saísse do apartamento.
Eu fiquei
imaginando o caso, ela fez uma coisa que achei demais, ficou furiosa, o encarou
no dia seguinte, pois tinha mandado o vídeo para si mesma.
O sujeito estava
arrasado, tinha perdido o emprego, os dois trabalhavam no mesmo escritório, o
outro era filho do dono, todos os clientes, colegas, tinham recebido o vídeo.
Resolveram sair
da cidade. Pediu desculpas a ela,
chorando, mas ela era perfeita para ele se esconder, ela gravou tudo isso,
depois me mostrou.
Bela como podes
ser tão má?
Se ele tivesse me
falado que era gay, sem problemas, mas me usar, nem pensar.
Na verdade eu
sempre tinha pensado que ela era lesbiana, pois tinha um tipo meio
masculinizado, por isso a tinha colocado comigo, por detrás todo mundo dizia
que pelo menos os dois gays do departamento estavam juntos.
Ela nunca tinha
desconfiado, contei isso para ela. Ficou
furiosa, queria pedir transferência de delegacia. Reclamei dizendo como podia pensar em me
deixar, ela era minha amiga.
Me respondeu, eu
sou tua amiga, mas tu não, nunca me contas nada.
Isso é verdade
Bella, mas minha vida é trabalhar, escrever, aqueles romances de uma noite,
nada mais. Não tenho parte romântica na
minha vida.
Mostrei o roteiro
da série, ela disse que só ficava, se eu inventasse um personagem baseado
nela. Refiz todo o roteiro.
Os produtores
gostaram, assim eu lhe dava também uma parte do dinheiro, ela comprou um
apartamento pequeno perto do meu, pode sair do Harlem, aonde ainda vivia com
sua família.
Por essa época
chegou à delegacia, um sujeito, com a cara como a minha, tinha cara de mau,
vinha da DEA, de narcóticos, tinha estado infiltrado anos.
Os dois juntos,
podia se dizer que era meu parente.
Desde o primeiro dia vi que me olhava, um dia me agarrou, me colocou ao
seu lado diante de um espelho. Realmente
nos parecíamos.
Ficamos amigos,
lhe falaram que suspeitavam que eu era gay, mas ele mandou quem tinha falado,
cuidar de sua vida que ganhava mais.
Saímos tomávamos
cerveja os três, ele estava sempre conversando com a Bella, um dia veio com uma
notícia bomba, tinha sido convidada, para trabalhar como ajudante de um fiscal,
ela tinha o curso de direito, seria a inspetora da mesma, iria ganhar quase o
dobro.
Quando vi, tinha
como companheiro o Raul, era como eu, falava pouco quando estava trabalhando,
gostava de dirigir o carro como um louco, eu me matava de rir, parecia um
gangster dirigindo.
Todo mundo falava
dos dois, mas importava uma merda.
Ninguém sabia nada dele, eu ao contrário sim, tinha estado infiltrado
muito tempo, tinha tido muitos problemas depois, pois quase fica enganchado nas
drogas. Mas conseguiu resolver o caso.
Depois tinha
passado mais de dois anos em tratamento, tenho pesadelos, com coisas que vi,
que fiz, que não me orgulheço.
Para mim, tinha
encontrado um companheiro igual a mim.
Os bandidos
tinham medo dos dois, pois parecíamos mais bandidos do que eles, pela nossa
cara feia. Ele era descendente de
mexicanos.
Um dia me levou a
casa de seus pais, no Bronx, era uma família imensa, mas como eu, ele era o
mais feio de todos.
A casa de meus
pais, estava alugada, pois não a vendemos.
Do Boris eu não
sabia nunca nada, ele sempre telefonava ao Brian, para quem contava tudo,
seguia com o japonês, Brian ria, dizendo em nossa família alguma coisa saiu
errada, todos homens mas a não ser o Jimmy, que não sabemos, somos todos gays.
Brian seguia
mantendo o seu personagem próprio de macho alfa, as mulheres mesmo sabendo que
seu personagem na série era gay, isso não parecia lhes importar.
Uma vez por
semana, nos reuníamos com a Bella, para tomar uma cerveja. Ela agora se vestia melhor, tinha mudado
tudo, cortado os cabelos mais modernos, a roupa também era outro tipo, uma vez
brinquei que devia estar muito enamorada.
Me respondeu, aprendi contigo uma coisa, amar a mim mesma.
Um dia me perguntou
se já tinha ido para a cama com o Raul.
Nem tinha me
passado isso pela cabeça.
Estas perdendo o
tempo, pois ele te olha de uma maneira especial.
Um domingo, ele
apareceu lá em casa, nos tinham dado um caso importante, um assassinato de um
rico banqueiro. Passamos horas
revisando o caso, não fomos os primeiros a ver o mesmo, estava parado.
Ele examinou
minha casa, inteira, me soltou na cara de gozação, imaginei um apartamento,
daqueles cheio de coisas, mas por aonde olho, só vejo livro, passou a mão pela
minha mesa de trabalho, uma mesa bruta, que tinha encontrado uma vez num desses
lugares que vendem coisas de segunda mão.
Me olhou nos
olhos, já fizeste sexo em cima dela.
Eu só respondi
“como”, sem entender a pergunta.
Me pegou de
surpresa, me empurrou para cima da mesma, fizemos sexo com urgência.
Ficou olhando
para minha cara.
Desculpa, mas não
podia aguentar mais, quando vi essa mesa, fiquei imaginando fazer sexo contigo
aqui. Foi bom demais.
Eu estava sem
respiração, fazer sexo com ele, era como estar numa montanha russa.
Ele seguiu indo a
sua casa para trocar de roupa, mas dormíamos juntos, eu morto de medo, pois
adorava trabalhar com ele. Quando
escrevia, ele agora se sentava numa poltrona, lhe passava o capitulo, as vezes
fazia alguma sugestão.
Sempre imaginei
uma vida assim, me dizia, dois homens como nós vivendo suas vidas.
Tempos depois,
após um inverno de merda, acabávamos de resolver o crime do banqueiro,
demoramos que descobrir que o relatório inicial estava malfeito, o detetive
tinha escondido detalhes, pois era amigo da mulher do banqueiro, mas mesmo assim
resolvemos o problema.
Fazia calor, como
se de repente o inverno tivesse acabado, em seguida tivesse começado o verão,
sem passar pela primavera.
Olhávamos, o rio
Hudson, lhe mostrei do outro lado aonde tinha sido criado. Me disse que sempre tinha gostado disso.
Faziam quase um
ano que estávamos juntos, olhei para ele, lhe perguntei o que pensava de nós.
Segurou minha
mão, ficou me olhando, eu não sei você, mas estou apaixonado, quero viver
sempre contigo, quando te vi no primeiro dia na delegacia, mesmo no dia que te
coloquei ao meu lado, era mais para dizer, nos completamos.
Tive um problema
com os inquilinos, ele foi comigo até lá, a casa estava um desastre. Ele amou a
mesma, mas eu lhe disse, para viver aqui, trabalhar do outro lado é complicado.
Depois tenho que
vender, tem a parte dos meus irmãos. Só
então ele ficou sabendo que o Brian que sempre falava era um ator de cinema que
ele gostava, falei do Boris, que vivia em Paris, do Billy que ninguém sabia
aonde estava. A última vez que tinha sabido dele, estava no
Dubai, num campo de petróleo.
Quando Brian veio
a NYC, para uma entrevista na televisão, os apresentei, fiquei com ciúmes, pois
o meu irmão passou metade da noite falando com ele. Ao leva-lo ao hotel, pensei agora vai convidar
o Raul para subir.
Virou-se para
ele, o segurou pelos ombros, gostei da tua escolha irmão, mas tu Raul, nem te
atreva a fazer alguma maldade com meu irmão, venho aqui te encho de
porrada. Me beijou dizendo, finalmente
encontraste tua meia laranja, estou com inveja.
Fomos embora
rindo, gostei de ver tua cara com ciúmes do teu irmão, me soltou na cara, era
uma verdade.
Mas estávamos
conversando, na verdade ele estava fazendo um inquérito para saber se sirvo
para ti.
Brian tinha
comprado uma casa em Malibu, pois finalmente agora só tinha uma ex-mulher
solteira, as outras tinham se casado, lhe sobrava dinheiro.
Tiramos férias
juntos, fomos passar uns dias lá. Adoramos,
descobrimos que ele tinha uma aventura com um surfista de uns 40 anos, os dois
juntos eram um monumento.
Era como me
lembrava dele, quando jovem com seus namorados.
Quando comentei isso, ele riu muito, chamou o James, ele não te
reconheceu.
Era realmente um
dos seus namorados de jovem. Todos os
dois tinha se casado, se divorciado, se reencontrado. Raul de sacanagem dizia que parecia um conto
de fadas.
De noite na cama,
disse, poderia dizer que imagino os dois na cama. Mas nunca será nada parecido com o que temos.
Eu tinha um bom
dinheiro, guardado das últimas temporadas da série. Rindo lhe disse, que adoraria viver lá.
Vamos um dia os
quatro comer num restaurante de uma amigo de Brian, em Venice Beach, foi um
amor à primeira vista, adorei o lugar. Era
verão, estávamos sentados no restaurante, na calçada, quando vimos um ladrão
escapado da polícia, o Raul, somente estendeu a perna o sujeito caiu, ele
rapidamente colocou o pé em cima da mão do mesmo, com a arma.
Nos
identificamos, para o policial. Esse
filho da puta, sempre me faz correr, menos mal que falta pouco para me
aposentar. Levou o mesmo a delegacia
dali, voltou para conversar conosco.
Depois nos levou
para conhecer a delegacia, todo mundo queria autografo do Brian, ele soltava
que quem escrevia a história era eu.
O capitão, nos
ofereceu trabalho, Raul disse que gostaria de tentar, eu soltei que queria
parar de trabalhar, ajudaria mas queria estar fora escrevendo, estava fazendo
um livro novo.
Conversei com
Brian sobre a casa, temos que vender a mesma, está uma merda fechada.
Tu como o mais
velho devia tomar rédeas no assunto. Raul,
conhecia gente em muitos lugares, começou a procurar pelo Billy, o último que
sabíamos era do Dubai.
Acabamos descobrindo
que estava na Indonésia preso por drogas.
Movemos mundo e fundo, mas já era tarde, ele estava no último estágio da
Aids, contraída através de seringas contaminadas. Fomos até lá, para tentar liberta-lo para
morrer fora da prisão, mas essas coisas lá eram difíceis, com muito custo
subornando muita gente conseguimos, o levamos para um hospital, que parecia o
mais limpo, nos revezamos Brian, James, Raul e eu, para cuidar dele, Boris não
se moveu, disse que estava fazendo um trabalho imenso, antes de morrer assinou
os papeis da sua parte.
Quando voltamos,
com suas cinzas, a enterramos junto com nossos pais, com a Lotte, me lembrava
dela, o chamando de bala perdida. Na
verdade era um belo desconhecido para nós, nunca soubemos nada de sua
vida. Nos dias no hospital, disse que
tinha vivido como queria, que tinha experimentado todas as drogas possíveis,
acabarei morrendo por causa de um seringa contaminada.
Mandamos a parte
do Boris, na verdade nunca mais o vimos, dez anos depois fomos avisados pelo
seu namorado, que sequer sabíamos o nome, os dois sempre falavam tudo em
japonês, nem sabíamos que Boris tinha vivido um tempo por lá. Já o
tinha cremado, o ia levar para o Japão, para um lugar aonde os dois tinham se
conhecido.
Ainda disse ao
Brian, realmente nossa mãe nos mandou voar.
Ele me disse, tu
foste o único que ficou para trás.
James um dia me
contou que se lembrava de mim olhando pela fresta da porta os dois fazendo
sexo. O amava desde essa época.
Agora vivemos em
Venice Beach, consegui com a venda do apartamento de NYC, bem com minha parte
da casa, algo de dinheiro do Raul, comprar uma casa no canal. Vivemos bem os
dois, ele trabalha como investigador, as vezes me conta o caso, porque diz que
tenho sempre uma maneira de pensar aguda.
Vejo coisas que ele não vê.
A tempos atrás
levou um tiro, quando soube, fiquei muito nervoso, porque de pensar em
perde-lo, ia ser difícil.
Meu irmão ria,
dizendo os dois são mais feios que a mãe da miséria, mas quando estão juntos,
vocês se olham, ficam bonitos. Nunca alguém diria que são gays.
Um dia recebemos
o convite do casamente da Bella, se casava com uma fiscal de NYC, rimos muito,
fomos os dois, lhe disse ao ouvido, nunca me enganaste.
Fomos visitar a
família do Raul, que sempre fazia uma festa imensa quando nos via.
Sua mãe que dizia
que estava velha, nos perguntou na mesa na frente de toda a família, quando
vocês dois vão se casar, quero morrer tranquila, que meu Raul, esteja com
alguém que o cuide.
Seus irmão nunca
tinha desconfiado que vivíamos juntos a tantos anos.
Eram metidos a
machões.
Ele ria muito
essa noite, estamos fudidos me soltou, terás que se casar comigo na marra, pois
ela não vai desistir.
Um dia apareceu
com duas alianças, que tinha visto, muito masculinas, me pediu em casamento,
estávamos só os dois em casa. Eu ri
muito, viva tua mãe, estou esperando a muito tempo esse pedido, embora para mim
não seja importante.
Teria que ser em
NYC, lá fomos os quatro, imaginem a festa que faziam com o Brian, um ator
famoso na festa deles.
Foi uma festa
familiar, como dizia sua mãe, muito simples, mas quando nos tocamos, tinham
pelo menos umas cem pessoas na festa, num salão que ela tinha arrumado, tudo
com comida mexicana, com direito a mariachis, família imensa, Brian se divertiu
horrores, aquele homem imenso, loiro, ninguém acreditava que era meu irmão,
muitos pensavam que eu era mexicano, principalmente agora que por causa do sol
da praia, estava muito queimado.
Um dos sobrinhos
do Raul, destoava dos outros. Era filho
do primeiro casamento de um de seus irmãos, até a pouco tempo tinha vivido com
sua mãe. Era moreno com olhos verdes.
Estava embaixo
das asas da mãe do Raul.
No final da festa
quando os dois estávamos sentados com ela, o chamou Antonio, venha aqui meu
filho. Na frente dos dois lhe perguntou
se gostaria de ser nosso filho. Levamos
um susto danado. Ela como sempre foi
clara, não tenho muito tempo de vida. Esse menino precisa de dois homens como
pais, ele é gay, teu irmão o aceitou porque a mãe do Antonio morreu, ele sempre
viveu com ela, não encaixa aqui.
Olhei para o
garoto, que nos olhava com adoração. Eu
disse que com uma condição, iria conversar com o Raul, mas se fosse assim o queria
de papel passado, nada de filho emprestado.
Ela me dava mil
beijos na cara. Quando te vi a primeira
vez com o Raul, vocês nem estavam juntos, pensei, esse é o homem perfeito para
meu filho, eu sempre soube que ele era gay.
Se escondia no
meio dessa família de brutos, os dois podem ser feios como dizem os outros, mas
são belos por dentro.
Nessa noite
levamos horas conversando. Raul tinha
medo, conhecia bem seu irmão, era um sujeito complicado. Meu argumento era, se dizemos sim, falamos
com tua mãe, deixe tudo nas mãos dela.
O pai nem se aproxima dele, os irmãos tampouco.
Ainda ficamos
mais dias ali na casa dela, um dia ela disse que estava tudo resolvido, que
tinha conversado com o filho, bem com a nora, que dava graças a deus em se
livrar do garoto.
Nos deram de
papel passado o Antonio.
O levamos
conosco, ele tinha nessa época 13 anos, era alto, mas desengonçado, tinha saído
a nós dois, pois não era um garoto bonito.
Quando chegamos a
Venice Beach, ele adorou, logo tinha amigos na praia, fazia exercícios nas
barras com os conhecidos, era muito agarrado aos dois. Talvez porque não queria perder nenhum minuto
da vida do nosso filho, Raul se aposentou.
Agora tinha uma
horta no fundo da casa, ia fazer surf com o Antonio, sua mãe, tinha razão ele
mudou, era um paizão. Era tudo que o
Antonio precisavam um pai, no caso dois.
Talvez por sermos
como erámos, nada afetados, ele também deixou de ser. Anos depois participou de um filme do Brian,
fazia um papel bom, de um rapaz mexicano, que quer escapar das drogas, o
roteiro era meu.
Daí não parou
mais, mas a única coisa que pedi, foi que fizesse universidade, ele obedeceu,
lhe disse que escolhesse o que queria, foi fazer uma de cinema, logo estava
trabalhando como um louco num projeto.
Escrevi seu
primeiro roteiro, os dois ajudamos em tudo, Raul fazia um pequeno papel, ficava
bem no cinema. Ele ria dizendo, eu
agora velho, gostoso, os homens ficaram como loucos atrás de mim, eu de gozação
o ameaçava de cortar seu piru.
Estamos até hoje
levando a vida. Antes da mãe dele
morrer, fomos várias vezes vê-la, ela dizia que sabia que não tinha errado.
Seu enterro foi
impressionante, muita gente, que os filhos nem sabiam que existia, uma das
noras disse, que toda essa gente sempre vinha pedir auxílio para ela, orientação,
era como uma dessas velhas da vilas do México, que cuidam da comunidade.
Fui com Raul, mas
dois irmãos deles, além do Antonio, levar suas cinzas para a vila de aonde
tinha saído, ela dizia que não queria que enterrassem suas cinzas em NYC, pois
odiava os invernos. Foi uma coisa muito
emotiva, tinha saído jovem de lá, agora voltava.
Acabamos ficando
quase dois meses, pois Antonio estava de férias, os dois, começamos a alinhavar
uma história dela, para o cinema.
Contamos sua
infância, a partir da memória do pessoal da vila, até ela partir para Estados
Unidos com o namorado. Até eu fiz uma
participação, fazendo papel de um bandido da fronteira. Brian foi um dos
produtores, Antonio ganhou uma série de prêmios, principalmente como diretor
jovem.
James sentia
ciúmes do relacionamento que Brian tinha com o Antônio, pois ele tinha filhos
do seu casamento, mas Brian nunca tinha tido filhos, se identificava com o
Antonio, porque o fazia me lembrar quando jovem.
Um dia brigaram,
Brian apareceu em casa, chateado, foi ficando.
Embora a casa fosse sua, James levou um tempo para ir embora, soubemos
depois com um jovem que podia ser seu filho.
Brian nunca mais
foi embora, ficou vivendo em casa, trabalhando com o Antonio, agora era seu
protegido, quando lhe perguntavam se tinha alguma coisa entre eles, ficava
horrorizado, pode ser meu neto, nem pensar.
Os dois amavam a mesma coisa, o cinema, isso os unia.
Agora estão
preparando um filme, Brian tinha uma coisa guardada que nunca soube existia, um
diário da Lotte, que falava dela, de nossa mãe, quando me entregou, ele pediu
se eu podia escrever um roteiro.
Com o diário
entendi muitas coisas, mas escrevi a história.
Ia desde quando se conheceram na cidade pequena que viviam, até se
reencontrarem outra vez, em NYC.
Brian caçoava de
mim, dizia que eu tinha nascido errado, que tinha alma de mulher para poder
entende-las dessa maneira.
Agora estamos
esperando a estreia, deu muito trabalho a montagem, pois tinham os dois filmado
demais.
Seguimos em
frente, sempre.
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