lunes, 31 de octubre de 2022

REVANCHE

 


 

Tinha um gosto amargo na boca, sempre se dizia que a vingança ou a revanche, era um prato para comer frio, mas a ele, não lhe fazia graça nenhuma, pois sabia que no meio disso tudo, sempre saia alguém perdendo.

Ele na verdade tinha perdido desde o começo, Jean Scalde, ou Jean Boy, já perdia desde o momento que tinha nascido.  Era o segundo filho de sua mãe, o primeiro Trayrone, que todos chamavam Tray, era filho do casamento de sua mãe, com um cabo do exército, morreu em combate, lhe deixando uma pequena pensão, que ela aumentava cozinhando em casa de gente rica.  Era uma cozinheira de mão cheia como se dizia, tinha aprendido primeiro com sua avó, depois tinha trabalhado em muitos restaurantes finos.

Ele ao contrário era filho dela, com um cozinheiro francês, com quem fez um curso, ele só estava de passagem, nunca sequer soube que era pai, tudo que ela sabia dele, era que se chamava Jean.  O patrão a colocou no olho da rua, levou os meninos com ela para viver na casa de sua irmã, que também era viúva.

Tia Mary, era uma mulher daquelas de armas a tomar, cantava no coro da igreja, era batista das ferrenhas.   Na verdade foi ela que o tinha criado, pois sua mãe passava o dia inteiro na casas em que cozinhava.  Só não o fazia aos domingos para poder ir à igreja.

Ele aprendeu a ler, escrever, com sua tia, antes do tempo, ao contrário dos outros garotos, não gostava de estar na frente da televisão, também seria impossível, porque Tray, passava o tempo todo vendo programas de brigas, era louco por tudo que fosse lutas.  Mas estudar não gostava, achava que sabendo lutar, ele chegaria ao topo.

Eram a água e o vinho, um negro totalmente, ele um mulato claro, de olhos azuis, cabelos crespos loiros, a única coisa que o podia identificar como negro era o nariz, que era como de sua mãe.

O irmão, sempre estava disputando com ele a atenção dela, por isso desde pequeno levava surras do irmão.  Mas ao contrário, gostava do irmão.

Quando entrou na escola, era o melhor aluno, principalmente que já sabia ler, escrever, num bairro como esse, eram poucos os alunos que se destacavam.   Portanto sofria bullying, a tordo e a direito.  Mas aprendeu a se defender, usando a inteligência, bem como os punhos.

Sua mãe morreu quando ele tinha uns 12 anos.  Tray nessas alturas, tinha quase 18 anos, resolveu que era ele, quem tinha direito a pensão que recebia sua mãe, conseguiu convencer sua tia que dissesse no banco que sua mãe estava doente, seguiu recebendo a pensão dela, foi viver com uma namorada, muito mais velha que ele, que tinha uma casa pequena.

Ele ficou com a tia, mas o melhor, foi que no dia que foi embora, lhe deu uma porrada tão grande na cara, que quase lhe desloca a mandíbula.     Soltou na sua cara, “vê se me esquece”, eu sou negro, tu branco, não podemos ser irmãos.

Sua tia o consolou, continuou cuidando dele como fosse seu filho.  Na verdade, foi ele quem viu sua mãe morrer.  Durante uma guerra de bandas, com a polícia, era um domingo, tinham voltado da igreja, a mãe estava fazendo o almoço, ele estava sentado na mesa da cozinha estudando.  Dê repente os vidros da janela se estilhaçaram, ela caiu no chão, a tia veio correndo mas não havia nada o que fazer.   Sua tia que era enfermeira, a primeira coisa que fez, foi tomar o pulso, balançou a cabeça, o obrigou a se abaixar, pois o tiroteio continuava firme.

Dois dias depois conseguiram enterra-la.

Ele sentiu muito, pois adorava a mãe, gostava de vê-la cozinhar, a única coisa que lhe sobrou foi justamente seu único tesouro, seu livro de receitas francesas.

Raramente via o irmão, tampouco sua tia sabia dele.

Uma das coisas que sua tia fazia questão, era que ele se levantasse na mesma hora que ela, para tomar um banho antes de ir à escola, o luxo da casa era uma maquina de lavar roupa, ele devia estar sempre com roupa limpa, não tinha muitas, mas estavam sempre limpa.

No dia que recebeu a notícia, que era o único aluno da escola, que por causa de suas notas poderia ter uma bolsa de estudos, foi como um presente de aniversário, tinha acabado de fazer 17 anos.

Voltava da escola, quando viu o irmão debruçado num 4X4, lhe passavam um pacote, ele ficou parado, entendeu rapidamente, o irmão estava traficando com drogas.  Sua mãe odiava isso, os tinha educado, usava uma ladainha para dizer, que nunca chegasse sequer perto das drogas.

Seu irmão estava gordo, ao contrario dele, que tinha 1,80, mas cheio de músculos, pois trabalhava de tarde descarregando caminhões, num armazém ali perto, para guardar dinheiro para ir à universidade.  Ele e sua tia guardavam todo o dinheiro que sobrava, numa caixa, de metal, muito bem escondida, era o grande segredo dos dois.

Foi chamar a atenção do irmão, como ele podia fazer isso, esse estava ainda com o pacote, cheio de outros tantos já distribuídos.

O irmão disse que tinha que sustentar a mulher e o filho.   Nisso apareceu um carro de polícia, ele se distraiu, o irmão, enfiou o que tinha na mão na sua mochila.

Desceram dois policiais do carro, foram diretos até ele, seu irmão se afastou com os braços abertos, com as palmas da mão para cima.

Um dos policiais foi direto a ele, abriu a mochila, perguntou se ele era traficante?

Não senhor, só passava por aqui para ir para casa.

Me explica então isso? Mostrou o que estava na sua mochila.

Ele só soltou um filho da puta, olhando para o irmão.

Simplesmente lhe puseram uma algema, enfiaram no carro, o irmão ficou ali rindo.

Os dois policiais começaram a discutir, um claro era o chefe, disse que ele ficasse calado, que hoje tinham ganho pontos, tinham trincado um distribuidor de drogas.

O outro dizia que tinha visto o gordo colocar o pacote na mochila dele.

Mas o chefe o mandou calar a boca, aqui quem decide tudo sou eu.

Resultado, avisou sua tia, quando o deixaram, o chefe já o tinha enchido de porradas, para confessar, mas ele se negava.

Sua tia escutou sua história foi tomar satisfação com seu irmão, esse mandou um advogado da gang, que lhe disse que assumisse a culpa.  

Se negou redondamente, então lhe tocou um desses de oficio.  Nunca falou com ele, no julgamento, por mais que tivesse conseguido testemunhos de professores, inclusive que tinha ganhado uma bolsa de estudos para à universidade, foi condenado por ser ainda menor de 18 anos, a seis anos de prisão.

No julgamento, só depôs o chefe, dizendo que ele tinha na bolsa uma quantidade suficiente de cocaína para ser condenado.

Tampouco o chamaram para depor.   Estava na verdade apavorado, via seu futuro todo indo para o brejo, por culpa mais uma vez de seu irmão.

Sua tia foi visita-lo, não entendia como seu irmão podia fazer isso com ele.  Fui falar com ele, disse que ele tinha roubado sua mãe, desde que nascera. Que não ia mexer um dedo por esse idiota, afinal, tinha um filho para criar.

Mal entrou no presidio, logo no primeiro dia, abusaram dele, foi direto para a enfermaria.

Sua inocência, era muito grande, não tinha nunca passado esse tipo de apuros.

Um ajudante de enfermeiro, que também era prisioneiro, um senhor de muita idade, que cumpria cadeia perpetua, o ajudou.   Mesmo assim, voltou várias vezes a enfermaria, a última vez, o primeiro que se debruçou sobre ele, lhe disse ao ouvido, seu irmão foi quem mandou fazer isso, agora é o chefe das drogas.

O velho agora dividia cela com ele, era mulçumano, apesar de ser branco, o fez entrar para seu grupo, assim o defendiam.  Talvez ali, o único a falar, ler, escrever em árabe era o velho, lhe contou por que seu pai, segundo ele era árabe negro.  Foi lhe ensinando tudo sobre o corão.

Agora o grupo o defendia, os acompanhava em tudo, uma parte, cuidava da cozinha, dois deles, cozinhavam para o chefe, para os oficiais de mais rango, que comia ali.  Quando um deles morreu num briga, ele assumiu seu lugar, se lembrava das receitas da mãe, de cabeça, começou a fazer essas comidas, que o chefe adora.  Os outros oficiais por isso, passaram a protege-lo.

Quando cumpriu sua pena de seis anos, saiu da prisão, sua tia o esperava, era ela que todos os meses, ia visita-lo.  Mas a essas alturas, ele já tinha perdido o direito a ir a universidade, já seria muito difícil, arrumar um emprego, embora o chefe da prisão, lhe tivesse dado uma carta de recomendação para um amigo seu, que tinha um restaurante.

Se sentia perdido, sua tia, só estava chateada, porque ele tinha se convertido, o primeiro dia livre foi a uma mesquita rezar.  Mas só gostava de ir, quando não tinha ninguém para rezar nada mais.

Tentava não sentir ódio com relação ao irmão.  Se esbarrou um dia ao sair do supermercado, ele com uma mulher diferente, com uma barriga imensa. Riu na cara dele.

Depois de uns quinze dias, passeando pelos lugares que amava antes, se tocou, nada tinha que fazer ali.  Sua tia em breve iria trabalhar numa residência de maiores, lhe disse, tenho várias opções, uma é ir para San Francisco, assim saímos daqui.

Ele aceitou, com a carta do diretor, foi falar com o dono do restaurante. Esse o colocou na cozinha, lhe perguntou se sabia fazer um prato francês.  Disse que sim, na sua cabeça, buscou a receita de sua mãe, a fez como ela fazia, segundo ela para dar mais sabor.

O homem, provou, não o tinha visto fazer, lhe disse acrescentaste mais, foi dizendo todas as espécies a mais que ele tinha colocado, realmente o sabor fica melhor.

O contratou por seis meses.  No final do mês, depositou seu salário, junto com o que tinha dentro da caixa, que eram suas economias, que tinha ficado escondidas, quem sabe um dia, teria dinheiro suficiente para abrir um restaurante.

Saia logo cedo de casa, tomava dois ônibus para chegar ao trabalho, sua tia na verdade, poderia estar vivendo na residência, mas tinham alugado uma casa pequena perto.

Quando lhe fizeram o contrato definitivo, ele basicamente levava a cozinha com o chefe, tinha se adaptado à sua maneira de trabalhar.

Chegava cedo, no dia anterior, tinha deixado a massa de pães, descansando, era o que fazia as seis da manhã, colocar os mesmo para assar.  Brioches, cakes que depois eram servidos com saladas.  Os companheiros tinha ciúmes dele porque era o querido do chefe.

Já estava ali a três anos, quando decidiu finalmente arrumar um quarto perto do restaurante, assim não se cansava tanto. 

Nunca saia para se divertir, os momentos livres que tinha, estudava francês, fazia cursos que lhe recomendava o chefe.

Dois anos depois quando este ficou doente, necessitavam de gente para doar sangue, o seu era um dos poucos compatíveis.  Um dos médicos, mandou fazer um teste de ADN, descobriu que ele era filho do mesmo.

Quando falou com os dois, pois ele ia todos os dias visitar o chefe, ficaram os dois de boca aberta.    Realmente conheci sua mãe, ela era linda, me apaixonei por ela, continuei meus cursos em outras cidade, quando voltei, não descobri nada dela.

O reconheceu como filho, embora tivesse se casado, não tinha filhos, na verdade no momento estava divorciado.

Agora compartiam a cozinha, era pai e filho trabalhando juntos.

Ele mantinha correspondência com o homem que o tinha ensinado a falar árabe, se escrevinham nessa língua, lhe contou que tinha encontrado seu pai, foi através dele que soube que seu irmão estava preso, que agora chefiava dentro da prisão, um dos piores grupos dali.

Mas não vou comentar nada com ele.

Seu pai e ele, procuraram recuperar a falta de vivência que tinham, um dia o convidou para viver com ele.   Muitos pensaram que eram amantes, mas o velho ria dizendo que era seu filho.

Os dois quando estavam juntos, conversavam em francês.

Quando estranhou que ele não tivesse namoradas, ele contou o que tinha acontecido com ele na prisão, a quantidade de abusos, o mal que tinha passado, até o velho enfermeiro lhe ajudar.

Não me sinto a vontade fazendo sexo, quem sabe no futuro, sim.

Quando fez 30 anos, o pai morreu, deixou tudo para ele.  Mas ele achava o restaurante muito grande para levar.  Tinha sonhos por realizar, mais uma vez conversou com sua tia.

Ela lhe deu uma ideia. Que vende-se o local, estava bem situado, colocasse esse dinheiro para render, que fosse para Paris fazer cursos, que voltasse, só quando tivesse vencido por lá.

Foi o que ele fez, nas vésperas de ir embora, foi procurado por uma mulher, com três crianças, era a primeira mulher do seu irmão.  Queria que a ajudasse, pois seu irmão não fazia nada pelos filhos.   A levou para falar com sua tia, que lhe arrumou um emprego na residência, bem como a ajudou com ele, a ter um pequeno apartamento.

Ele foi embora, ficou três anos fora. Tinha trabalhado em vários restaurantes, inclusive tinha uma estrela Michelin como chefe.

Quando sua tia morreu, de um enfarte repentino, voltou para cuidar de suas coisas, a mulher de seu irmão contou que ele tinha saído da prisão, mas tinha mais filhos de outras mulheres.

Ali ela estava bem.  Com o dinheiro que sua tinha deixado de suas economias, fez um fundo para os meninos irem à escola, para terem um futuro.

Recebeu um convite de um homem que tinha conhecido durante um curso em Paris, que tinha um restaurante em NYC, arrumou um apartamento, fazia o mesmo de sempre, chegava cedo, preparava pães, brioches, antes ia ao mercado com um furgão do restaurante, fazia compras, seguia a linha de comida de mercado, a carta era pequena, mas só os melhores pratos era fixos, o resto ele improvisava ao momento.

Os pratos que era aceitos, ele escrevia e fotografava a receita.  Um dos clientes assíduo era um editor de livros, elogiava sempre sua comida.  Uma vez veio para jantar, ficou esperando a pessoa que vinha jantar com ele, que não apareceu.   Quando o restaurante ficou vazio, sentou-se com ele, para tomar um copo de vinho.

George White, lhe perguntou por que não lançava um livro de receitas, ele foi buscar seu caderno, bem como a fotografia das receitas.

Vê seria perfeito, podíamos fazer assim como está, um caderno, com as fotografias, amanhã, vou trazer o rapaz que faz a montagem de livros, para preparar para a edição.  Assim ele dá uma olhada no material.

Depois conversavam sobre as suas vidas.

George lhe perguntou se nunca tinha pensado em fazer uma universidade, foi honesto contou para ele o que lhe tinha acontecido.   Talvez até tenha sido bom, pois descobri minha paixão pela cozinha.

Pelo que ele sabia o irmão estava outra vez na prisão, não era tão inteligente como pensava.

O George, passou a vir várias vezes no final da noite, lhe perguntou se ele não tinha nenhum dia livres.

Ele aos domingos não trabalhava.   O convidou para saírem, foram almoçar em outro lugar, depois saíram andando pelas ruas.  Não tens ninguém, se atreveu a perguntar?

Não, inclusive aquele dia que conversamos pela primeira vez, eu tinha um encontro marcado, mas a pessoa não compareceu, veja eu tenho 45 anos, não gosto de discotecas, de ficar bebendo por beber, gosto de ler, então não encaixo nos padrões de hoje em dia.

E tu?

Lhe contou que apesar dos abusos que tinha sofrido, isso deixou uma amargura em minha vida, fui a muitos psicólogos, mas tenho medo, tentei na época que vivia em Paris, mas não me saio bem na cama, sou como tu, não gosto de nada disse que hoje em dia fazem.

Um dia resolveram experimentar.  George tinha imensa paciência com ele, mas acabaram dando certo.   Quando viu, estavam apaixonados um pelo outro.

O livro fez sucesso, lhe chamaram para fazer um programa de televisão.   Aceitou desde que fosse só um dia da semana.   O vídeo começava com ele no mercado, fazendo compras, mostrando o que comprar, como examinar a mercadoria, coisas que tinha aprendido com seu pai, depois como preparar, como servir, que vinho devia ser servido junto.

O programa fazia sucesso, o queriam contratar, para fazer mais dias da semana, mas ele adorava seu restaurante.

George um dia lhe perguntou se ele, não tinha sentido uma sede de vingança, com relação ao seu irmão?

Olha George se fizesse isso, eu estaria no mesmo barco que ele, caindo.  Minha revanche foi ir em frente, ter o que tenho hoje, ainda ajudo a primeira mulher dele com os garotos, o pequeno é o mais inteligente deles.

Sempre telefonava para saber como iam.  Um dia ela telefonou aos prantos, ele tinha aparecido, tinha levado os dois maiores, que não queriam estudar, para trabalhar com ele.

O pequeno se negou, nunca o tinha visto na vida, pois tinha nascido depois que ele a abandonou.   Disse na cara dela, que o garoto não era dele.

Mas tenho medo.  

Perguntou se ela confiava nele?

Claro você foi a única pessoa que me ajudou, bem como tua tia.

Converse com seu filho, se ele quiser pode vir viver comigo. Lhe darei educação.

Falou com o George, esse sempre quis ser pai.   Mas disse uma coisa.

Como estava só registrado no nome da sua cunhada, que ela o desse em adoção aos dois, assim não teriam problemas.

Tirou uma semana de férias, foram os dois a San Francisco.  Tinha conversado antes com sua cunhada.  O menino era alto, magro, usava uns óculos fundo de garrafa, era estudioso.  O semestre acabava agora, assim era mais fácil.

Ela estava tão apavorada, que concordou, ele quando soube por um dos maiores do fundo que tinhas criado para eles, me obrigou a lhe dar esse dinheiro.  Nesse dia olhou para o outro, soltou, não deves se filho meu, pois é mais claro, como o filho da puta do meu irmão, por isso não te quero, agora resta saber sem dinheiro como iras em frente.

Por isso assinou o documento.   Iremos telefonando toda a semana, para saberes dele.

Inclusive como tinha adotado pelo George, passou a ter o nome dele, Bradford White.

George conseguiu para ele, logo uma escola boa, aonde ele pudesse crescer com boas notas para ir à universidade.  Queria ser médico, no momento que ficou sozinho, ajudava na residência, fazendo curativos, cuidado das pessoas.

Quando anos mais tardes foi para a Universidade, era um dos melhores.

A mãe dele faleceu em estranhas circunstâncias, anos mais tarde saberiam que tinha se negado a dizer aonde estava o outro filho.   Talvez por isso.

Os outros dois mais velhos, mais parecidos com o pai, estavam metidos até as orelhas no que seu irmão fazia.

Eles estavam felizes, Jonny tinha já duas estrelas Michelin, mas não dava muita bola para isso, queria sim manter as coisas como tinha.  O restaurante sempre tinha reservas, por semanas adiantadas.

Seu programa funcionava muito bem, mas os domingos era o dia que os três se sentavam para tomar o café da manhã, colocarem a conversa em dia.

Bradford, um dia quando já fazia práticas em urgências disse que estava apaixonado por uma companheira.    Um sábado a trouxe para jantar no restaurante, depois ficaram sentados conversando.  Ele sem querer olhou o George, já com muitos cabelos brancos nas têmporas, ainda pensou, como tiver sorte de encontrar esse homem. O amava muito.

A garota, era mulata como o Bradford, tinha feito medicina com bolsa de estudos, se queriam era verdade.

Bradford fez especialidade em Paris, num dos hospitais mais famosos, na sua área, ela foi com ele, também para fazerem isso.  Receberam convite para ficar.   Agora eram eles que iam passar as férias lá.

Um dia, recebeu a visita de um dos sobrinhos, queria saber do irmão.

Ele disse que pensava que estava com eles.   Quis saber por quê?

Eu agora tomo conta dos negócios, meu pai precisa de um transplante de medula, pode ser que o senhor ou meu irmão sejam compatíveis.

Ele fez uma coisa que jamais tinha imaginado fazer, fez as provas, era compatível.

Mas no último momento, disse ao irmão, aos sobrinhos, que se negava a ceder sua medula, que o irmão fizesse um exame de consciência por tudo que tinha feito na vida contra ele, que procura-se outra pessoa.

Quando o sobrinho o ameaçou, gravou todas as ameaças, o denunciou, inclusive, o idiota não sabia, falou o que fazia com suas vítimas, como tinha aprendido com o pai.

Claro foi preso, junto com o pai.

George se aposentava, ele também queria outra vida.  Venderam tudo, foram viver em Paris, perto do filho deles, agora fazia papel de babás, dos netos, eram dois, muito inteligentes, já sabiam ler, escrever, porque George adorava ensinar.

Nunca mais voltaram para os Estados Unidos.

 

 

 

 

 

 

 

 

lunes, 24 de octubre de 2022

TRANS-FORMAÇÃO

 

           

 

Eram três amigas de toda a vida, tinham se conhecido no jardim de infância, sempre tinham compartido tudo.  Principalmente o que queriam de suas vidas, seus sonhos, coisas típicas da idade.   Mas no resto eram diferentes.  Billie era a mais bonita, um rosto perfeito, cabelos maravilhosos, alta, a mais atlética das três, mas com uma vida complicada desde infância.

Sarah, era bonita, simpática, atrativa, já se levantava como dizia a mãe, preparada para uma festa, mas isso tudo para ir ao instituto.

Jessica era a que usava óculos, desengonçada, cabelos sempre encrespados, mal vestida, não tinha gosto nenhum para escolher roupa, tinha saído a sua mãe.

A história gira mais em torno a Billie.  Vivia com seu pai, sua avó, sua mãe tinha desaparecido no mapa, nada sabia por aonde andava.   Tinha sido o grande problema da vida de Billie desde criança.   Seus pais eram companheiros no instituto.  O sonho de sua mãe, que era lindíssima, era ser Miss Estados Unidos.  Era miss da cidade, é do estado.  Nas vésperas de partir para o concurso final, resolveu que tinha que perder a virgindade a qualquer preço.  Seu pai, também era virgem, acreditava que tinha que chegar ao casamento assim.  Ela ao contrário não sonhava em casar-se, queria ser atriz, ser famosa, sair da merda daquela cidade.  Ele era o mais alto da escola, o mais bonito, atlético, capitão da equipe de basquete, de futebol americano.    As garotas ficavam loucas por ele, pois além de tudo era muito educado.   Ele passava, elas suspiravam por ele, mas só tinha os olhos para Beth, que conhecia desde garoto.   Ela voltou no meio do concurso, estava gravida.  Alias a expulsaram do mesmo, pois começaram os vômitos, todos os problemas de uma gravidez.   Voltou para casa furiosa, seus sonhos tinha ido a merda.

Se casaram, não entendiam tinham usado camisinha.  Ele reconheceu que esta estava a tanto tempo na sua carteira que devia estar velha, tinha visto vazar por baixo, mas não se preocupou.

Para ela começava a desgraça, uma gravidez extremamente complicada, ir viver com os sogros, que não gostavam dela.   Sua avô tinha visto seu sonho do filho ir a universidade, frustrado, tudo por culpa desta tonta. 

Seu pai teve que ir trabalhar na loja de ferragens do seu avô, desde casa sua avô fazia a parte de contabilidade.  Nos finais de semana trabalhava com eles, pois era o dia de mais movimento.

Richard, viu seus sonhos irem por água abaixo, mas não reclamou, todos seus companheiros foram a universidade, ele ficou para trás.   Continuava jogando basquete no time da cidade, era bom nisso.  Mas suas possibilidades de irem em frente eram nulas.

Billie quando nasceu, era uma boneca de tão bonita,  sua mãe, primeiro a rejeitou, mas depois encontrou um brinquedo. Vivia fazendo roupas cheias de fitas, tudo sempre cor de rosa. 

Marie sua avó dizia que quando fosse maior teria horror a essa cor, nisso não ia errar.

Seu avô ao contrário, desde o momento que estava em casa, ela era sua. Sempre se lembraria dele, pelo seu cheiro a cigarros, sua loção de barba, o contato daquela pele dura.

Sua mãe quando ela ficou maior, a metia em todos os concursos de crianças bonitas, ela sempre ganhava.   Odiava isso, mas sua mãe a convencia.  Seu sonho, era que ela realizasse os seus que tinha sido frustrados.   Desde que ela entrava em casa, até a hora de ir dormir, sua mãe estava martelando na sua cabeça a mesma coisa.    Não lhe estava permitido jogar com suas amigas, sentar-se no chão, subir em arvores, todas as brincadeiras que as outras faziam.  Era o brinquedo de sua mãe, até suas bonecas se vestiam iguais a ela.  Ela odiava bonecas, adoraria jogar bola com os meninos. 

A única que a defendia era sua avó que reclamava que não a deixava ser uma criança normal.

Mas quando chegava na escola, colocava seu uniforme de ginastica, não havia quem conseguisse que tirasse, só colocava o vestido na hora que sua mãe, vinha toda maquilada, com um vestido feito por ela mesma, justo que não deixava imaginação de homem nenhum tranquila.

Billie, ao contrário morria de vergonha.  Mas ao mesmo tempo aguentava, pois seu pai a convencia, afinal era a única saída do dia, que fazia sua mãe.  Na verdade, estava todo santo o dia assim, maquilada, vestida como se fosse ir a uma festa.

Comia pouquíssimo, pois dizia que a comida da velha, como chamava sua avó, a faria engordar, perder sua cintura.

Quando tinha 12 anos, estava farta, estavam estudando na escola as partes femininas, numa classe de orientação sexual.  Quando se falou em útero,  ela se virou para as amigas, dizendo, tirem-me do útero de minha mãe, não aguento mais.

Sarah, riu, dizendo, vamos trocar de mães, pois a minha só me compra roupas feias, a da Jessica é pior.   Foi da escola direta a loja aonde sabia que a estas horas, só estaria seu pai.  Falou com ele, não queria participar de nenhum concurso.  Seu pai sempre tinha falado com ela, como se fosse uma pessoa adulta, não a tratava como sua mãe, como uma boneca.   Não aguento mais pai, quero jogar bola, basquete o que me dê vontade, ela não permite, me enfiou nessas aulas de ballet que odeio.  Essas roupas que ela faz, morro de vergonha de usar.  Todo mundo ri de mim, menos minhas amigas.  Um dia vou explodir.

Ah, filha, isso me temo que vai realmente acontecer.   Um dia eu também vou explodir, estou cansado de tudo isso, pior, cansado de que está noite tenho dor de cabeça, hoje me doí o estomago, nunca fazemos nada. Aquele quarto com tantas cortinas de babados, colchas cor de rosa, tudo isso me dá ânsia de vomito.  As vezes prefiro dormir no sofá da sala, para não me encherem o saco.

Billie, tomou uma resolução, enquanto voltava para casa, na caminhonete ao lado de seu pai, ali ia tranquila, pois sabia que sua mãe, não entrava nela, com seu perfume fedorento.

Depois do almoço, sua mãe, começou com a historia de uma roupa nova para o concurso.  Ela disse que estava com dor de cabeça, que tinha que estudar para uma prova.

Pegou o vestido novo, que sua mãe insistia que ela provasse.   Se olhou no espelho, parecia uma puta.   Sua mãe, saiu para comprar alguma coisa para colocar no vestido, o retirou, pegou a tesoura, picotou o vestido inteiro, tirou todas as roupas do armário, fez o mesmo, abriu as gavetas do seu quarto, picotou todas as calcinhas, as meias, fitas de cabelo, tudo que fosse cor de rosa, virou confete.  Sapatos para combinar, não sobrou nada de sua raiva.    Depois se colocou na frente de um espelho, com a tesoura cortou todo seu cabelo, quase pegado ao couro cabeludo.  Tudo mal cortado.   Quando sua mãe chegou, estava tranquilamente deitada na cama, estudando. 

Esta teve um ataque, telefonou ao seu pai, gritando que tinha acontecido uma desgraça, totalmente histérica.   Quando ele chegou acompanhado de Marie.  Ele ficou de boca aberta, Marie desatou a rir.  Billie continuava estudando como se não fosse com ela.

Seu pai tentou acalma-la. Mas sua mãe, não queria entender de maneira nenhuma, que naquela casa, nem sua filha a respeitava.

Vou dormir hoje na casa de meus pais.

No dia seguinte tinha desaparecido.  Limpou as economias de toda vida de seus pais, desapareceu no mapa.

Ela foi a escola com a roupa de fazer ginastica, as amigas não a reconheceram, ela parecia um garoto.

Riram com ela até não poder mais.

Nessa noite, houve uma reunião familiar.  Sua avó dizia ao filho, ela fez o que deveria ter feito a tanto tempo. Ir embora.   Não era feliz aqui mesmo.

Dois dias depois, aconteceu outra tragédia, seu pai saiu para buscar uma encomenda numa companhia de petróleo, sua avó tinha sido encarregada de levar o dinheiro do dia anterior ao banco, saiu pela porta detrás pois tinha deixado o carro ali.  Justo nesse momento, pela porta da frente entravam dois sujeitos para roubar.   Seu avô, resolveu se defender, pois não passavam de dois garotos.   Um deles lhe deu um tiro direto ao coração.

Sua avó quando escutou o tiro, entrou de novo, pegando no escritório um revolver, atirou em um dos garotos, o outro conseguiu escapar.

Quando a polícia chegou, tinha dois mortos para sua contabilidade, numa cidade que nunca acontecia nada.   Encontraram sua avó sentada no chão, com a cabeça de seu avô nos seus braços, tentando limpar o sangue que tinha na camisa.  O outro não lhe interessava nem saber quem era.  Quando meu pai entrou, se lembrou do dinheiro que estava no carro.  Lhe deu a ordem para ir ao banco depositar, antes de fechasse.

A partir desse dia, ela passou a trabalhar na loja, com um macacão, justo igual ao de seu pai.

Ia mais cedo para casa.  O enterro foi uma coisa normal, nada demais, uma cerimônia simples, nada de reunião familiar em casa.  Ela simplesmente avisou os pais de seu marido, que viviam em San Francisco, do que tinha acontecido.  Lá eles tinham uma loja igual, com o outro filho.

Sequer vieram ao enterro.  Tudo tão, mas tão simples, que ninguém falou muito no assunto.

No dia seguinte ela, subiu a camionete com Billie, foram a um grande supermercado que havia na estrada na entrada da cidade.  Deu o carrinho para sua neta, querida, compre roupa para ti, tudo como queira.  Claro o carrinho, só tinha camisetas, tênis, um uniforme para jogar basquete, calcinhas normais, mas nada cor de rosa, comprou tudo na seção de meninos.  Sua avó não disse nada, pois estava fazendo a mesma coisa.   Depois foram as duas ao barbeiro, cortaram o cabelo.  Sua avó disse, quero os cabelos como da minha neta.  Aproveite corte o seu bem pequeno pois está mal cortado.   Saíram dali idênticas.

Isso sim foi comentário, a garota que um dia andava de cor de rosa, agora parecia um garoto.

Tudo lhe estava permitido, ia jogar com os garotos, os que lhe enchiam o saco lhes dava um bom murro. Subia em todas as árvores, corria atrás das amigas, só não as acompanhava nas brincadeiras com bonecas.   Ia aos jogos que lhe estavam proibida antes, com seu pai, estavam sempre os dois juntos.

Nos finais de semana, agora ajudava na loja, ninguém se atrevia a nenhuma piada, pois conheciam a língua de sua avó, que podia soltar prontamente um filha da puta, como dizer graças a deus.

Um dia conversando com o pai, soltou, finalmente sou feliz, sei que o senhor gostava da mamãe, mas ela era infeliz aqui, nos fazia infeliz com ela.

Agora posso enfim sonhar que sou na verdade um garoto, nunca quis ser uma menina.

Seu pai ficou impressionado com isso. Resolveu leva-la a um médico, mas em Sacramento, que era uma cidade maior.  Este lhe recomendou um psicólogo infantil.

Este a entendeu perfeitamente, todas as análises davam igual, se sentia um homem preso num corpo de mulher.   Conversou com seu pai.  O pior será quando comece a sentir o sistema feminino, as regras, o peito a crescer.  Teremos que pensar nisso tudo.  Aconselho que o senhor fale com sua esposa.

Impossível, desapareceu no mapa.

O psicólogo sorriu tristemente, entendo, o mesmo se passou comigo.  Um casamento errado, sempre é assim.

Agora ia a cada quinze dias conversar com o psicólogo, este tinha se informado bem a respeito, para poder orientar aos dois.   Ao mesmo tempo que sempre tinha tempo para conversar com Rick, como chamava seu pai, os dois se entendiam.

Sua avó, ao contrário lhe deu toda força.  Suas duas amigas, lhe apoiaram, fizeram as três um juramento, que nunca iam criticar qualquer coisa que fizesse.

Já no instituto, as três andavam sempre juntas, ela apresentava as amigas aos seus companheiros de equipe, jogava com os garotos.  As amigas tinham namorados por causa dela, mas o mais bonito, o capitão, era louco por ela.  Cada vez que tentava se aproximar para a convidar para sair.  Ela lhe cortava, dizendo, prefiro estar com minhas amigas.

Uma vez, tentou beija-la, lhe deu um murro quebrando o tabique do nariz.  Isso o deixou mais apaixonado.

Nunca lhe dava importância.  Quando chegou a época da cerimônia de graduação, seu pai foi chamado por um advogado.  Seu tio que levava a loja dos avôs em San Francisco, tinha morrido de Aids, então ele era o herdeiro de tudo.

Fizeram uma reunião os três.  Sua avô comentou que um chinês estava interessado na loja, era na verdade o principal fornecedor deles.   Ela teria que seguir um tratamento, se realmente queria se transformar em homem.  Faculdade etc.  Tu poderias finalmente ir a universidade, realizar teus sonhos.

Seu pai todo tempo que estava livre estava escrevendo.  Uma vez deixou um dos cadernos que usava, abandonado.   Billie, sentou-se, começou a ler.  Ficou impressionada, ele falava da solidão, do medo de nunca ser entendido.   Da atração que sentia pelo psicólogo, enfim falava que tinha errado se escondendo no armário, atrás de uma mulher belíssima, que não tinha sabido satisfazer.

Ficou impressionada com isso, quando depois de um partido, voltavam os dois na caminhonete, mandou que ele parasse na beira da estrada, falou francamente com ele.  Perguntou se era por isso que algumas tardes ele desaparecia.

Pai, já estamos numa época que não precisas mais te esconder.  Eu não me escondo, porque tu, minha avó, me apoiam.  Um dia serei um garoto, serei feliz.  Quero que o senhor também seja.

Isso o levou a decidir o que dizia sua mãe.  Embora achasse que já não tinha idade para ir a faculdade, pelo menos poderia fazer um curso de escritura, nem que fosse para satisfazer seu ego.

Herdavam também a casa dos avôs, não teriam problema.  Foram até San Francisco, para ver a casa.  Era velha, mas numa zona muito boa.  Tinham inclusive uma parque em frente.  Mas claro precisava de reformas.   Depois foram ver a loja, que continuava funcionando. Conversaram com o gerente. 

Esse era um homem divertido, disse que na verdade seu tio mal aparecia na loja, eu a levo a anos.  Quando os velhos morreram, passei a leva-la em definitivo.  Mas creio que será um prazer continuar trabalhando com os senhores.  

Minha avó foi direta, eu levarei a contabilidade como sempre fiz, me dará tempo de fazer outras coisas, tu, faças o que querias, estudar ou esse curso que vives falando.  Conversaram com o homem que precisavam reformar a casa.  Ele disse não se preocupe, vamos lá me dizem o que querem fazer, em seguida eu arrumo gente que faça. 

O homem apesar de estar desde garoto nos Estados Unidos, tinha coisas de seu pais de origem, México, meu nome é Godofredo Ortega, mas pode me chamar como queiram, teu tio me chamava de Ortega, isso me basta.

Atrás da casa, havia uma casinha de ferramentas, meu pai perguntou se não podia ser ampliada, para ele poder ter um lugar para ler, escrever.

Ortega o que fez, foi arrumar uma equipe de homens que conhecia, a maioria imigrantes, ele mesmo cuidou de tudo.  Quando ficou tudo pronto, foram embora.   O mais interessante, foi que sua avó resolveu não levar nada da casa velha, a não ser as fotos que sempre estiveram no salão.    Billie, só tinha uma maleta, nada demais.  Seu pai, livros que colocou em caixas, seus cadernos de escritura.  Pouca roupa. 

Chamaram uma associação beneficente, lhes entregaram o resto da casa.  A própria venderam ao chinês que comprou a loja.   Assim estavam livre de tudo. 

Ortega que os esperava, ficou preocupado, pois não havia lugar para dormirem nas primeiras noites, pois não tinham chegado as camas, colchões, eletrodomésticos nada como tinham prometido.

O jeito foi irem para um hotel, perto da loja.  Nessa noite saíram para comer com o Ortega, esse vivia nos fundos da loja.   Vivo aí, desde que teus avôs, me deram trabalho.  Nunca me casei, na verdade fui o primeiro homem de teu tio.   Depois me abandonou por alguém, caiu na vida como eu digo.  Mas sempre fomos amigos.  Espero que isso não seja um problema.

Minha avó que estava ao seu lado, colocou a mão em cima da sua, nem pense nisso, então eres parte de nossa família.   Porque não vens morar conosco.  Na casa há lugar para todos.

Ele ficou olhando para ela.    Na verdade, pensei que me deixariam alguma coisa, pelos anos que trabalhei na loja.  Depois pensei que o louco do teu tio, ia reconhecer, que afinal sem mim a loja tinha ido ao brejo, pois a ele nada disso lhe interessava.  Tampouco pensou em mim, agora vem a senhora, me faz essa proposta sem sequer me conhecer.

Homem, viver no fundo de uma loja tantos anos, essa solidão, não está bem.  Nossa família o senhor vê somos nós três.   Porque não compartir, estamos os três começando uma vida nova, venha recomece a tua também.   Depois mais tarde conversando, perguntou ao filho, o que achas de damos uma porcentagem no negócio para ele.  Se vais estudar, precisaras de tempo livre, nada mais justo.   Já lhe exploraram muitos anos.  Acho que lhe é de direito.  Daqui alguns nós não poderei ajudar muito, você precisa de alguém em quem confiar.

Rick concordou, no dia seguinte, pegaram o Ortega de calças curtas, com a proposta, ele ria, chorava ao mesmo tempo.  Dizia vamos nos dar bem.

Oficializaram nos papeis tudo isso.  Assim, não era só conversa de palavras ao vento.

Ele era uma ótima companhia, na casa nova, sempre havia partidas de poker, com Marie que adorava jogar.

Billie, começou as consultas com os médicos, dizia ao pai, que primeiro tinha que encontrar um que sentisse confiança.  Até que entrou numa clínica, viu outros garotos da sua idade ali. Só havia um homem mais velho, o resto todos eram da sua idade.

Sentou-se ao lado de um garoto, que estava com seu pai. Começaram a conversar, ela se sentia homem, ele se sentia mulher.  Rick, se relaxou, começo a conversar com o pai do mesmo.

Ufa, foi a resposta do outro, pela primeira vez, não fico extremamente nervoso, pois na consulta que íamos, eram sempre muitos adultos.

Minha ex-mulher não suportou nada disso, nos divorciamos, consegui a guarda do meu filho, pois o entendo, já é difícil ser quem somos, pior é quando não nos aceitam.

Receberam formulários para preencher, antes da consulta, trocaram número de celulares, embora tivessem descoberto que viviam muito próximos um do outro.   Inclusive comentou, vi os homens trabalhando na reforma.  Aqui é uma coisa complicada, mas estes homens trabalhavam firmes.  Pedi para falar com o encarregado, me disse para falar com um tal de Ortega.

Sim esse é meu sócio na loja que temos, claro se precisas de reforma te ajudamos.

Já tinham conhecidos novos para conversarem.   O garoto, marcou com Billie de se encontrarem para que lhe mostrasse a cidade.

A consulta foi bem, tinham passado por um psicólogo, lhe entregaram todo o processo que Billie já vinha fazendo a anos.   Depois com o médico a coisa foi hiper bem, fizeram um calendário, de procedimentos.   Ele mesmo era um, transgénero, era uma pessoa aberta, contou para a Billie, como tinha sido seu processo.  Bom começaremos com a terapia com Testosterona, deves ter um lugar, para ir anotando todas as reações que te provoca.  Seja mau humor, ou qualquer coisa que te preocupe.  Terás a princípio que vir todas as semanas para isso.  Examinou seus seios, não tinham se desenvolvido, seria fácil de tirar quando chegasse o momento.

Quando iam sair, lhes apertou a mão, já chutamos a primeira bola, agora é acompanhar todo o processo tranquilamente.   Fico contente que teu pai te apoie, pois eu fiz tudo sem apoio, confesso que é mais complicado.

Billie estava eufórica, conversou com as amigas.  Cada uma esperava o começo das aulas, já te decidiste o que vais fazer?

Sim, vou fazer engenharia mecânica.

Não podia ser de outra maneira, disseram as duas, pois nos dois últimos anos, Billie tinha passado as férias trabalhando numa oficina mecânica, destrinchando carro como dizia, para poder entende-los.

Em casa quem consertava tudo era ela.

Bom, agora como passaremos a te chamar, Billie ou Bill?

Calma, falta muito ainda, estou no princípio dos procedimentos, terei todas as semanas aplicações de testosterona, psicólogo, exames médicos, mas isso tiro de letra.

Já estavam bem instalados, Rick, tinha encontrado um curso de escritura na universidade, como queria, tinha já assistido uma aula.  Billie, ia começar as suas na universidade.  Seu pai lhe comprou um carro.  Escolhido por ela é claro, um velho jeep que estava fuçando as entranhas como dizia. Assim se poderia mover mais rapidamente da universidade, a clínica médica.

 Ortega fez uma brincadeira com seu pai, se ele não pensava em se desfazer de sua velha caminhoneta.

Nem pensar Ortega, a tenho desde os 16 anos, foi presente do meu pai.  Billie, vive remexendo o motor, diz que melhor impossível.   Para que trocar.

No primeiro dia de aula, Billie, chegou atrasada 10 minutos, primeiro por ser difícil estacionar, segundo porque não sabia aonde era a classe.

Quando entrou o professor lhe olhou feio, lhe indicou os fundos da classe se sentou, ficou quieta examinando tudo.  Escutou atentamente, fazendo anotação de tudo que ele falava, motores de combustão.   Era um assunto que lhe interessava muito, tinha lido a respeito, de vários autores, enquanto seu pai comprava romances, ela comprava livros sobre motores, então sabia do assunto, a primeira pergunta caiu nela, ele frisou porque tinha chegado atrasada.   Claro era o que tinha falado no começo da aula, se surpreendeu, porque ela imaginou o que ele tinha falado nos primeiros dez minutos, tinha feito uma anotação a margem do caderno.  Imagino que falou isso.   Não deu outra coisa.  Respondeu a pergunta tranquilamente. 

Se você chegou atrasada, como sabe do assunto?

Quando me matriculei especialmente nessa matéria, estudei a fundo tudo que existe de publicações, inclusive o livro escrito pelo senhor.  Portanto imaginei por aonde tinha começado.

A resposta esta certa, mas se eu mudasse de conceito, imagina que estivesse falando ao contrário, fez uma outra pergunta, que tinha dito que futuramente se centrariam nesse tema mais profundamente.   

Ela respondeu à pergunta, embora discorde do senhor em certo ponto, porque imaginemos que um motor das característica que o senhor mencione, estivesse em pleno espaço, a situação seria outra. A partir do texto fiz uma experiencia não muito fácil, destruí um motor inteiro para construir outro, fica um problema sério pois se está no espaço, existiria uma propulsão defeituosa.  Isso poderia estragar toda a experiência.

Vou ter que aceitar que serás a melhor aluna que vou ter esse ano, nos falamos para a aula seguinte.   Deixou um exercício para a fazerem depois, mas à medida que ele escrevia o problema, ela avançava já a resposta, acompanhando tudo o que ele fazia.

Escutou uma voz ao seu lado que era conhecida.

Besteira fazer esse exercício, porque ela já resolveu.

O professor foi até aonde estava sentada, olhou todos os cálculos que ela tinha feito, escreveu em cima. Nota dez.   Tens certeza de que queres fazer essa aula, vais estar sempre adiantada aos outros.

Não professor, tenho coisas para aprender com o senhor.

Ele se afastou, ela olhou justo para o companheiro que estava sentado ao seu lado, não tinha prestado atenção nele.

Era seu velho conhecido da escola, o que sempre estava atrás dela, dizendo-se apaixonado.

Contínuas brilhante garota.  Sempre admirei tua cabeça.  Adorei encontrar alguma cara conhecida, quando entraste, pensei, aí vem minha heroína.

Nunca imaginei que te interessasse mecânica?

Pois sim, embora tenhas me frustrado em algumas coisas.

Que coisas?

No ano que passaste a fazer práticas na oficina mecânica, eu tinha chamado, me disseram para passar, quando te vi pendurada em cima de um motor de caminhão, pensei, aqui ninguém vai me dar atenção, pois todos estavam de boca aberta, o que fazia aquela mulher linda, em cima de um motor.  Te viraste, levantando uma peça defeituosa, como quem levanta o Oscar.  Tinhas encontrado o defeito em menos de um minuto segundo um companheiro teu.  Eles estavam examinando o caminhão a dois dias.

Soube nesse momento que ali não tinha chance nenhuma, além de ser um perdedor nato.  Me apaixonei por ti, levei cano.   Cada vez que disputava uma bola jogando Basquete, a tiravas da minha mão sem sequer olhar na minha cara. A lista é imensa, venha vamos tomar um café, assim me contas as novidades das tuas amigas.

Desta vez aceitou, não conhecia ninguém.

Contou que tinha vindo com seu pai, sua avô, que estavam todos bem, que Sarah estava fazendo universidade em Oxford,  Jessica estava no MIT, dizem que fui modesta, porque poderia ter escolhido qualquer coisa, mas escolhi fazer engenharia mecânica.  Meus sonhos são outros.

Mas tu, não imaginava essa ideia.  Estava sempre jogando, pensei que ias te transformar em um jogador da NBA.

Nunca pensei nisso, usava o basquete para me relaxar, muitos problemas em casa, precisava de algo que me fizesse centrar, como conseguir passar uma bola por ti, fazer uma canastra na tua frente, para me olhares.

Antes que siga por esse caminho, tens que saber de uma coisa.  Estou em processo de resignação de sexo.   Sempre me senti um homem, venho fazendo terapia a anos, a semanas comecei os tratamentos com testosterona.   Portanto não vá por aí, daqui um tempo serei um homem, a não ser que queiras ser meu escravo sexual.

Aceito, digo sem pensar.

Ela ficou olhando para ele.

Como podes dizer isso’

Olha, me apaixonei por ti, no dia que rompeste com o útero de tua mãe, apareceste na escola com os cabelos mal cortados, de calças jeans pela primeira vez, camiseta, tênis, soube nesse instante que te amava.  Uma garota que rompe com tudo o que tem, que os outros acham bonito, para ser ela mesma. Me serviu de exemplo, um dia te conto minha história, saberás por quê.

Enquanto todo mundo dizia que eras uma lesbiana, eu sabia que não era.  Era outra coisa mais profunda.  Agora me contas isso, só posso aplaudir, contínuas rompendo moldes.  Creio que podemos ser amigos.

Nunca nos apresentaram, tampouco apesar de jogarmos juntos, nos falamos pelo nome.

James Hunter, a teus pés, desbravadora do mundo.  O teu eu já sei, foi a primeira coisa que procurei saber.

Assistiram outra aula, de cálculo de estruturas mecânicas.  Enquanto todo mundo fazia com computador, ou calculadora, ela fazia na ponta do lápis.   É mais rápido que o próprio professor.

Isso ela sempre tinha tido que manejar, os professores não gostam que os alunos saibam mais do que eles.  Atrasou-se de propósito para que a solução final dissesse um outro aluno.

James lhe perguntou baixinho, mas tu foste mais rápida, por que ficaste quieta?

Ninguém gosta de competir com mulheres, no meu caso por enquanto, segundo os professores não gostam que saibas mais do que eles.  Eu fiz esse exercício mil vezes, até conseguir raciocinar com precisão.

Tens que me ensinar a fazer ou melhor pensar assim.

Saiam da aula com camaradagem.  Ela lhe perguntou aonde estava vivendo?

Numa pensão em que as baratas te dizem bom dia, boa noite, perguntam que sanduiches traz para comeres. Essas coisas.

Venha comigo. 

Ele quando viu o Jeep, ficou como louco. 

Ainda estou mexendo no motor, para fazer com que renda mais, pensei em trocar umas peças, tenho que procurar um ferro velho, para ver se encontro peças, para substituir.

Adoraria, mexer nesse jeep contigo. Estava sério, creio que posso aprender muito de ti.

Quando chegaram em casa, o apresentou a sua avó.    James foi companheiro na escola aonde vivíamos.  Disputei muitas bolas nos jogos com ele.

Senhora ela está mentindo.  Me tirava todas as bolas, justo quando ia fazer algum ponto, sempre foi melhor do que eu jogando.

Essa é minha neta.

Agora estamos estudando a mesma coisa, mas já vi que vai numa dianteira muito mais avançada do que podia esperar.

Bom, o caso que ele está vivendo numa espelunca, podíamos ceder aquele quarto do sótão, para ele, o que a senhora acha?

Por mim, estupendo, assim tens companhia para estudar.

Venha vou te mostrar o sótão.   Ele subiu imaginando um lugar cheio de tralhas, estava vazio, só tinha uma cama, uma mesa de estudos.

Caramba, imaginei ao contrário.  Que estava cheio de tralhas como o da casa dos meus pais.  Eu usava as tralhas para fazer um fortim para que não me encontrassem.

Estaria estupendo viver aqui, mas achas que teu pai vai consentir.  Depois preciso encontrar um trabalho pela tarde, pois minha bolsa de estudos não dá para muito.

Isso falamos depois.  Vamos falar com a baratas, para saber se permitem que saias de lá.

Ele foi perguntando como funcionavam as injeções de testosterona, se doíam muito, como funcionavam.

Ela lhe foi explicando mais ou menos o processo.    O duro e que as vezes meu pai tem curso justo no dia que me escalam para tomar os medicamentos, ou tenho que falar com o psicólogo. Nos dias do medicamento, tenho que ficar um tempo depois por la, esperando passar os efeitos mais imediatos.  Nesse dia não devo conduzir.

Não seja por isso, posso te acompanhar.

Porque estas aceitando tudo com normalidade.

Gostar de ti, sempre gostei.  Mas quando me disseste não, entendi que havia alguma coisa que eu não sabia.  Podia até ser que tivesses algum romance com alguma das tuas amigas, ou fosse alguma coisa completamente diferente.   Um dos meus companheiros, um dia disse que tinhas alma de homem.  Agora vejo que tinha razão.   Nesse dia fiquei furioso com ele, se os outros não nos separam tinha metido a mão nele.  Se é isso que sentes, tenho que respeitar, não me toca outra coisa.   Serei teu amigo, já me contento com isso.

Sempre tive companheiros, nunca tive amigos.  Primeiro porque erámos de outra cidade, depois em casa sempre faltava tudo.  Trabalhei muito tempo fazendo entregas para o supermercado, depois das aulas.  No último ano, trabalhei direto na oficina mecânica que me aceitaram.  Estudava como um louco para poder ganhar uma bolsa de estudos.  Queria seguir em frente, não ser um nômade como meu pai.  Ficamos na cidade, porque minha mãe já estava muito doente, não queria mais ir de um lugar para outro.  Meus três irmãos, nesse momento cada um está num lugar diferente.  Dois seguiram a vida com meu pai.  Eu sou o último, a primeira coisa que fiz, foi ir estudar.  Minha irmã mais velha do que eu, um belo dia conheceu um tipo, tinha 17 anos, desapareceu.  Depois morreu minha mãe, fiquei sozinho, para acabar o último ano.  Dormia nos fundos da oficina, mas ia as aulas todos os dias.   Quando pedi a bolsa de estudos, me disseram que tocava a ti, mas que não tinhas pedido. O que foi um milagre, sempre estiveste presente na minha vida.

Essa foi minha vida.   Me admirava da tua coragem, enfrentavas todos aqueles companheiros, não existia uma equipe feminina, mas enfrentaste o técnico, ele se desesperava, uma mulher na sua equipe, até que viu que eras melhor que os outros.   Com os cabelos curtos, sempre enganavas, ele te chamava de Bill, as escondidas, jogava na cara da gente que não tínhamos vergonha de ter uma companheira melhor.

Os outros as vezes te odiavam, mas aprenderam a te respeitar.  Na minha frente diziam, que não estava permitido falar mal de ti, porque eu perdia a paciência muito fácil.

Realmente era uma pensão horrível.  Ele só tinha um saco velho militar, com suas coisas.

Quando chegaram em casa, todo estavam esperando para jantar.  Ele viu que ninguém rezava, o fez sozinho, sem cobrar dos outros.

Seu pai lhe fez milhões de perguntas.  Ele educadamente respondeu a todas. 

Agora só preciso arrumar um emprego para ter um dinheiro além do da bolsa de estudos, Billie viu a espelunca que estava.  Isso aqui me parece um palácio.

Ortega lhe perguntou seus horários livres?

Depois das aulas estou livre, estudarei de noite. Posso trabalhar inclusive sábados e domingos se fizer falta.

Quem soltou a solução foi sua avó.   Ele poderia levar os livros, preparar referencias de mercadorias, ajudar a descarregar caminhões, pois o vejo forte para isso.

Obrigado, a senhora está sendo gentil demais.  Eu nunca renego nenhum trabalho.  Trabalho a muitos anos, para sustentar minha mãe.  Quando ela morreu, fiquei morando nos fundos da oficina que trabalhava.   Não era tão boa como aonde Billie fazia seus trabalhos.  Mas se fosse ficar lá, viveria na sombra dela.  É boa demais.

Nem se atreva a ficar contanto papos sobre mim James, de dou uns cascudos que veras.

Seu pai ficou olhando os dois, soltou de repente, já sei quem eres.   Um dia Billie veio me contar que um companheiro da equipe de basquete a tinha convidado para sair, tipo namorados, que ela o tinha mandado as favas.  Esse eras tu.

Ele riu, pronto meus segredos todos amanhã estarão nos jornais.  Sim era eu.  Não me arrependo em nenhum momento.   Como hoje ela me contou o que está fazendo, a admiro suficiente para respeitar suas vontades.  

Admitido na família, aqui não precisas pagar nada, terás comida, cama grátis, iras ajudar o Ortega todos os dias pela tarde.  Ele é nosso sócio na loja.

Ortega ria, sabes que cada vez que me a presentas alguém eu fico rindo como um bobo, porque sou teu sócio.  Fazes questão disso.

Ora Ortega, mantiveste a loja, como poderias a ter esvaziado completamente, nos deixando arruinados.  Mas ao contrário, tudo seguiu igual.   Não reconheceram teus méritos, por isso agora faço questão disso.  Aliás queria que pensasses numa coisa.   Porque não montamos um serviço de assistência aos clientes com os homens que arrumas sempre para as obras, os melhores poderíamos ter diretamente ligados a loja.  Assim quando vem alguém comprar podemos oferecer o serviço técnico.  Faríamos um cartaz falando sobre isso.

O cartaz posso fazer, soltou o James, sempre fiz para os lugares aonde trabalhava.

Estude isso Ortega, já tens um novo ajudante de como organizar isso. 

A cara do Ortega era curiosa.   Sabes quantas vezes falei isso para o teu tio?   Nunca me escutou, eu dizia que perdíamos uma chance de ganhar dinheiro.  Mas isso não era com ele.  Queria estar na farra. 

Bom agora somos outros teus sócios, vamos tocar isso para frente. 

Minha mãe, está ficando cansada para se locomover todos os dias a loja, passe esse trabalho para o James.

Pai, ele se ofereceu para ir me buscar nos dias que o senhor não pode, lá na clínica.  Seria coisa rápida, lhe aviso, vai me buscar, me traz para casa.

Só te aconselho uma coisa filho.  Não coloque música no Jeep, nem fale nada, ela vem com um humor de cachorro.  É capaz de morder todo mundo.  

Eu aguento, já levei muita porrada na vida seu Rick, sou capaz de aguentar muita coisa.

Agora iam as aulas juntos, de noite se sentavam no sótão estudando, até a hora do sono bater.

O que ele não tinha entendido da aula, ela lhe explicava.   Debatiam as ideias até ficarem com sono.

Algum comentários na faculdade, se estavam namorando, ou coisa similar.  Ele descartou rápido as perguntas, dizendo que eram grandes amigos de infância.

Os professores estavam contentes com os dois.   Nos sábados, saiam procurando peças para montar um motor que tinha realizado em classe.   Usavam a garagem que ficava embaixo da casa para isso.

O jeep, agora parecia um carro zero quilômetros, já não fazia o ruído de antes.

A primeira vez que ele foi busca-la, entendeu o que passava.  Estava sentido dores, tinha tido uma reação não esperada a injeção.  Quando ele chegou estava deitada num dos quartos da clínica.   Ele ficou ali quieto até ela melhorar.  Depois a ajudou a subir no jeep.

Na vez seguinte, que tinha psicólogo, comentou com ele o encontro dos dois.  Imagina, eu pensava naquela época que os garotos se contentavam me chamar lesbiana.  Ele vem se declara para mim.  Evidentemente tirei o corpo fora.  Agora, estudamos juntos, ontem veio me buscar na clínica.  Diz que me aceita.   Não sei o que pensar.  Embora seja no momento o único amigo que tenho.  Estudamos juntos conversamos.

Gostas dele para viver a vida inteira com ele?

Nem pensar. Quero ser um homem. Como sempre sonhei.

Bom nesse caso, não vejo problemas de convivência.

Dias depois notou o crescimento do seu clitóris, anotou no caderno isso, viu que seu bigode começava a surgir do nada.  Uma leve penugem perto das orelhas.

Dias depois levantou com dor de garganta, antes de ir à universidade, James a levou a clínica. O médico a examinou, disse que era efeitos colaterais do tratamento.  Ainda brincou que dentro de um tempo teria bigodes tão grandes como os mariachis.   Seu corpo todo estava se transformando.

Anotava, mas os outros também.  Um dia estava falando com o James de um exercício que estavam fazendo, quando notou que sua voz mudava de tom.  Ficava mais rouca, aveludada, mais masculina.

James ainda brincou, pois tinha percebido sua própria reação.  Se me falas com esse tom no ouvido, te deixarei me penetrar com suavidade.

Ela lhe deu um tapa na cabeça.   Só pensas nisso?

Na verdade, não.  Tenho pensado que enfocamos errado o propulsor do motor, creio que devíamos experimentar outro tipo de material.

Por curiosidade insistiu.  Nunca pensas em sexo?

Sim, como todo ser humano, principalmente na nossa idade.  Mas sempre me contive com relação as mulheres.   Vou ser honesto, sempre tive medo dos relacionamentos, via a vida dos meus pais.  Eles não encaixavam.  Ele não podia estar quieto em nenhum lugar, tinha que estar sempre em movimento.  Ela acabou se cansando, usou como desculpas que eu, minha irmã precisávamos ir à escola.  Disse que depois o seguiria.  Mas nunca mais moveu um dedo para procura-lo.    Nunca mais soubemos dele, nem dos meus irmãos.   Depois escutava meus colegas falando dos pais, escutava os famosos choque de gerações.  Bom histórias que não nos falta, como mal exemplo.    Sou jovem, tenho um outro problema, nunca pensei em ter filhos.

Uma vez na escola, já no último ano, numas entrevistas que nos faziam, me perguntaram meus objetivos.  Eu respondi que era estudar, até finalmente me sentir realizado com o que fazia.  Meus companheiros de equipe, sempre saiam de festas, me convidavam, mas sempre tinha desculpas.   Não encaixava no modo de vida deles, eram superficiais, com mamãe, papai soltando a pasta, vida fácil.   Eu não tinha isso, tampouco invejava.  Pois sempre gostei de trabalhar, me sentia útil.  A única lastima que tenho, foi de não ter percebido que minha irmã, era totalmente oposta a mim.   Não gostava de estudar, queria boa vida.  Seus companheiros de escola, eram sempre maus elementos.  Não adiantava falar, me dizia que era mais velha do que eu, tinha mais experiência.    Mas creio que não.

Você foi a única pessoa que me atraiu.  Hoje fico pensando, que talvez te seguia como exemplo, as vezes te via como um homem.  Muitas vezes me perguntei se tu fosses homem, se ia me interessar por ti.   A resposta hoje seria sim.  Creio que estou é precisando falar com um psicólogo.

Na próxima vez que eu for, marco hora para ti. Ok.

Justo nessa noite por ter pensado tanto no assunto.  Em seus sonhos, a viu como homem, se desnudando, ele admirando seu sexo. Sua voz por detrás dele gemendo de prazer, que teve um orgasmo.  Acordou assustado. Ficou andando pelo quarto, pensando nisso.

Quando foi falar com o psicólogo, contou o sonho.   Nunca me senti atraído por nenhum companheiro.   Isso que tinham corpos bonitos, mas quando abriam a boca, só se escutava asneiras.    O mesmo pensava quando escutava uma mulher de voz estridente, ficava imaginando a mesma na cama com o marido.  Como ele podia suportar escutar aquela voz.

O sexo nunca esteve muito presente em meus pensamentos, pois minha necessidade real era sair de aonde estava, conseguir entrar para a universidade.   Poder estudar.  Tive a sorte de encontrar a Billie, que me ajudou a encontrar um lugar para viver, aliás mais claramente, uma família, como eu nunca tive.

Contou todas as coisas que se lembrava da juventude deles, nunca tinha pensado nada de mal a respeito dela.   Seus amigos ficavam furiosos porque ela roubava a bola na cara deles, sem prestar atenção quem eram.  Eu admirava sua maneira de se comportar.  Ficava furioso quando diziam que era lesbiana.   Pensava comigo mesmo, se ela é, isso é parte de sua vida.

Quando me contou o tratamento, fiquei surpreso, mas logo entendi uma série de coisas, agora as coisas se encaixavam.    De brincadeira lhe disse que a deixaria me penetrar para usar seu novo piru.   Mas no fundo era verdade, agora tenho consciência disso, se escuto sua voz como esta agora, meio rouca, falando no meu ouvido, sou capaz de deixar que faça comigo o que quiser.

Nunca te sentiste atraído por nenhum outro homem?

Como comentei, creio que a cabeça das pessoas, influi muito na possível atração que sinta, numa equipe de basquete, as vezes fica difícil.  Principalmente se são jovens.  Não pelos companheiros nunca senti atração nenhuma.   Outro dia, pela primeira vez me interessei por alguém, um professor.  Sua cabeça é brilhante em termos de física.   Mas depois ao escutar um comentário que fez com relação a uma professora, fiquei decepcionado.  Tem um físico bonito, mas tirando a inteligência, quando fala as coisas, tudo toma um cariz vulgar.

Mas a verdade, é que sou virgem, nunca tive experiencias sexuais.  Tampouco sobrava tempo. Me masturbava é claro, mas nunca usei imagens, revistas, vídeos, essas coisas.  Estava sempre interessado em explorar meu próprio corpo.

Descobri meus pontos sensíveis sozinho.   Uma vez escutei uma garota comentando, ela fazia sexo com o capitão do time de futebol americano.  Um tipo imenso, mas ao comentar com a amiga dizia que acabaria casando com ele, porque sua família tinha um bom patrimônio, que seria político ou coisa que o valha.  Mas que na cama, ele só estava interessado em seu próprio prazer, nunca tinha se preocupado com o dela.   Para meu prazer prefiro me explorar com meus dedos, ganho mais.

Marcaram de seguir conversando.

Quando ele saiu, agradeceu a ela ter conseguido marcar a entrevista.

Estou me sentindo melhor, creio que coloquei para fora muitas coisas, agora começo a ver com claridade uns certos detalhes que passei por alto, ao só me preocupar em estudar.

Um dia ao sair de classe, notou que ela ria.  Perdi alguma coisa, para estares rindo?

Sim, tem alguém interessado em ti.  Quando respondia a pergunta do professor, te olhava com adoração.

Quem?

Aquele aluno moreno, outro dia na lanchonete, vinha com a bandeja, em nossa direção, mas deve ter pensado bem, voltou atrás.   Tu não viste por que estavas de costa.

Se me interesso por ele, ficaras com ciúmes?

Não tenho por que ficar com ciúmes, é a tua vida.  Só não quero perder essa amizade entre nós dois, isso sim me faria mal.

Na semana seguinte, ela foi ao médico de manhã muito cedo, teria uma revisão, com muitos exames para fazer.

Ele foi sozinho a universidade.   Estava sentado no claustro da universidade pensando, olhando para o celular se tinha algum recado dela.  Quando o rapaz se aproximou. 

Hoje não estas com tua namorada?

Não tenho namorada, Billie é minha melhor amiga, nada mais.

Ah, sentando-se ao seu lado, soltou, então tenho esperanças. 

Começaram a conversar, disse que tinha inveja, pois os companheiros que lhe tocavam para fazer projetos tudo sempre recaia para ele.   Alguns não fazem o mínimo esforço para compartilharem.  Pior que acabas fazendo, eles ganhando nota a tuas custas.  Não gosto muito disso.

Tenho até inveja do projeto de vocês, quando apresentam alguma coisa, se vê de debateram muito, estudaram as razões etc.

Podemos sair uma noite dessas para tomar umas cervejas.

James foi claro, não bebo, nem socialmente, perdão, mas tenho falta de tempo, ou estou trabalhando, ou estudando.

O outro colocou mão em cima da sua, não tens que pedir perdão, eu entendo.

Ficou com vontade de lhe dar um beijo, ali mesmo, se sentia atraído agora pelo rapaz.

Merda soltou.

O outro se assustou, que foi que eu disse errado.

Ele acostumado a verbalizar com a Billie, disse que sentia vontade de lhe dar um beijo, que agora não poderia se levantar da mesa, pois estava excitado.

O rapaz riu, pois gostaria das duas coisas.  queres vir ao meu apartamento?

Gostaria, mas pode ser que tenha que sair correndo, pois tenho que ir buscar a Billie no médico.

Estavam nas preliminares, quando está lhe mandou uma mensagem que iria demorar mais uma hora. Que já lhe avisava.

Teve sua primeira relação sexual com um homem. Gostava do cheiro do corpo do outro, seu toque, seus beijos.  Mas teria que descobrir até que ponto isso era importante para ele.

Quando foi buscar a Billie não lhe contou nada, pois estava com um humor horroroso, reclamou que ele tinha se atrasado.  De maus modos perguntou pelas aulas.   Ele foi falando o temário, ela o mandou calar a boca, pois sua voz estava lhe dando dor de cabeça.

Ficou quieto até chegarem em casa, sem dizer nada ela desceu do jeep, subiu, se fechou em seu quarto.

Um daqueles dias comentou sua avó.   Esse processo é doloroso.  Está deixando de ter a menstruação, se sente confusa, irritada, devem doer os peitos, uma serie de reações aos medicamentos.

Não a viu até o dia seguinte.   De noite foi dormir com seu novo amigo.

Quando ela o encontrou estava com ele, lhe apresentou, Peter, um novo amigo.

Ela sorriu, eu não te disse.  Está apaixonado por ti.   Depois ele comentou que tinham dormido juntos, que se sentia bem.

A mesma conversa teve com o psicólogo.  Este sorria, pois tinha atendido a Billie antes, esta tinha comentado o assunto.  Lhe perguntou se tinha ciúmes.

Claro é o único amigo que tenho, se o outro me rouba esse amigo estou ferrada.  Mas claro é um direito dele.  Tem sua necessidade de alguém.  Eu imagino que daqui um tempo também terei.

Ele ao conversar, contou a experiencia. Creio que cheguei tarde ao mercado do sexo.  Claro que Peter tem mais experiencia do que tenho.   Mas creio que me sai bem.  Gosto de seu contato.  Mas lhe avisei que a amizade da Billie é muito importante para mim.    Ele entendeu.

Terei que lidar com isso, das necessidades dela, das minhas, das do Peter.  Creio que será complicado, pois estarei no meio do fogo cruzado.

Peter o convidou para sair com alguns amigos dele.  Voltou decepcionado.

Quando Billie perguntou por quê?

Quando está com os amigos, não sei por que pensam que sendo gays, as conversas têm que ser tontas.  Quem dorme com quem, tamanho do piru, coisas do gênero.  Isso me é irritante.  Acabei bancando o idiota, me levantei para ir ao banheiro, desapareci.   Ele me chamou várias vezes, mas não respondi.

Acho que as pessoas têm essa tendência.   Ninguém quer conversar serias.  Outro dia na consulta aconteceu o mesmo.  Um rapaz que se está transformando em mulher, sua preocupação era se o futuro namorado que espera ter, se tiver o piru grande como vai ser.  Na hora não entendi.  Devo ter ficado de boca aberta pensando, pois riu dizendo, vais pedir um piru de quantos centímetros.   Juro não sabia o que responder.

Ou sou imatura demais, ou como nunca me preocupei com o assunto, me verei falando do mesmo.

Isso foi conversa dos dois com o psicólogo.  Creio que é natural isso, as garotas quando se encontram também comentam essas coisas, pode ser uma coisa de idade.   As mulheres solteiras, também fazem esse tipo de comentário, imaginem os homens, que contam entre si todas as relações que têm, para se ufanar.   Creio realmente que tudo isso começa nessa idade. Pode ser que te sintas deslocado, por isso.

Mesmo comigo, chegaste aqui, disseste que tinha dormido com Peter, que ele tinha mais experiencia que tu, mas não entraste em detalhes.   Alguns clientes, são capazes de quererem contar todos os detalhes, lhes dá morbo.

Creio que comigo, é por uma falta de hábito, estive sempre preocupado com me sair bem, para conseguir uma bolsa de estudos.

Quanto a Billie, ele recomendou que ela fosse a uma reunião em grupos de transexual, pois tinham todos os mesmos problemas, escutasse, se quisesse falar.  Lhe comentou que tinha um grupo que ele dirigia, lhe deu o endereço.

Quando ela comentou com o James, lhe perguntou se não se incomodava em ir com ela, nem que fosse só a primeira vez.

Ok, vou contigo.   Chegaram justo quando começava a reunião, ela se sentou na roda, ele mais atrás, mas o psicólogo, o chamou para a roda.  Avisou o James, não está em fase nenhuma, pois está contente com o que tem.

Ele ficou ali escutando cada pessoa, as dúvidas, as vezes de um, esclarecia as dos outros que estavam ali.  Como seria a operação, se depois preocupava todo mundo.  Por mais que os médicos explicassem, eram muitas informações, estás já surgiam quando a pessoa estava já no processo. 

Ele explicou que dependia de cada um, conhecia casos de pessoas que já estavam operadas a tempos, mas que não tinham tido nenhuma relação, estavam aproveitando o momento da liberação, se conhecendo, para saber quem finalmente eram.

Um deles perguntou se alguém se arrependia?

Claro que sim, por isso o processo é lento, mas mesmo assim, isso é possível de acontecer.

Tu por exemplo estás no processo final.  De que tem medo?

De muitas coisas, nunca falei nada disso a minha família.  Levei esperando essa oportunidade a muito tempo.   Não creio que eles aceitassem, pois, são ultra religiosos.   Creio que tudo isso iria contra suas crenças.

No final, Billie falou, disse que em vista do que tinha escutado, ela era agraciada, pois sua família sabia desde o princípio.    Que seu pai, sua avô, a apoiavam desde o princípio, meu amigo, sabe, por isso me acompanha.

Quando o psicólogo perguntou ao James o que lhe tinha parecido a reunião a resposta foi sincera.   É tudo muito complicado, pois não só os problemas pessoais, incluem o futuro problema de aceitação.   Talvez o medo de frustração, a pergunta no fundo é vai funcionar?

Porque não ficam, agora, tenho um grupo de pessoas que já fizeram a transição, escutaram coisas boas outras nem tanto.

Ao parecer, eram pessoas já mais maduras.   Uma das mulheres, que começou primeiro, disse que seu filho, mesmo depois de dois anos de ter-se transformado em mulher, não aceitava.  Mas acreditava que tudo era devido as frustrações de sua mãe, que sentia ter sido usada por ele, durante anos.

Quando chegou a vez de um homem lindo que estava ali, este comentou que tinha sido promovido no exército.    Mas creio mesmo que fizeram isso, para me colocar num escritório, para que os outros não tenham tanto contato comigo.   O que estou fazendo agora, é me preparar, para voltar a universidade.  Tenho que encontrar alguma outra profissão em que possa sobreviver como estou agora.

James, estava louco, pois não conseguia tirar os olhos do outro.  Se sentia atraído pela sua beleza, a maneira clara como falava.   O psicólogo tinha se esquecido de dizer que o James acompanhava sua amiga, que não estava no processo.

Quando ia falar isso, James, se virou para o outro rapaz, lhe perguntou, te sentes agora mais atraído por homens ou por mulheres?

Isso as vezes me confunde.  Estou te vendo me olhar, imediatamente me senti atraído por ti, mas nunca tive nenhuma relação com ninguém.  Estive após a operação, lambendo minhas feridas, tentando ser aceito pela minha família que é imensa.  Alguns aceitaram bem, outros nem tanto.

Na última reunião de família, as perguntas dos mais jovens era como me deviam chamar agora, eu não mudei meu nome porque tanto pode ser masculino como feminino.  Mas sinto que eles tem mais problemas do que eu, para encararem com normalidade.

Um único irmão que me apoiou desde o princípio é gay, talvez por isso me aceitou, me acompanhou na operação.  Com ele posso me abrir, mas com os outros não.    Funciona como, não te pergunto, tu não me explicas.

O que era mais velho do grupo, disse que tinha demorado demais tomar a decisão, ao mesmo tempo estive tanto tempo escondido num armário escuro. Que todo o processo o fiz, só para mim.  Ninguém me acompanhou, mas quando tudo terminou, que voltei a trabalhar, a princípio foi um escândalo, alguns pensavam que fazia isso para provocar.  Que só me vestia de mulher, se não fosse competente no que trabalho, basicamente teria perdido meu emprego.

A princípio queriam que eu ensinasse alguém a trabalhar, mas me neguei, agora tudo funciona mais ou menos 80%, alguns ainda me olha de esquerda.  As mulheres quando me veem entrar no banheiro feminino, são as que menos me aceitam.

Se sentiam melhor com esse grupo mais maduro.  Billie, comentou todas suas dúvidas, esclareceu que não podia, nem queria se preocupar com o depois, pois queria ter a cabeça totalmente voltada para isso.

Disso ao psicólogo que se sentia melhor nesse grupo, apesar de ser a única que não tinha ainda feito todo o processo.  Mas era mais maduros.  Havia ansiedade, mas no outro grupo a ansiedade era impressionante, lhe deixava nervosa.

Venham quando queriam.

Se encontraram na saída com o rapaz bonito.  Começaram a conversar, foram tomar um café, este riu quando James disse que se sentia atraído por ele, que tinha saído do armário a pouco tempo, mas tinha curiosidade. 

Eu trabalho num bar gay, tomo conta do local, ajudo na barra, por que não aparecem?

Os dois riram, nunca fomos a um lugar desses, somos virgens nessa história.

Mas ficaram de ir, Billie, comentou que levaria seu pai, além do tio Ortega.

Mas vai levar teu pai por quê?

Ele saiu do armário depois que viemos para cá, até então se dedicou ao negócio de família, a me cria, coisas do gênero.

No sábado foram todos, nenhum dos dois queria ir, mas acabaram aceitando.

Eles, olharam tudo de boca aberta.  Rusty, como se chamava o rapaz do grupo, veio falar com eles, o melhor lugar é perto de aonde eu fico, na barra, junto ao caixa, ali, vocês podem observar tudo, dançar.

Ortega a princípio estava meio incomodo, disse ao Rick que vinha antes a esses lugares com seu tio.  Que depois ele começou a tomar drogas, queria fazer sexo com todos.

Rick olhou tudo, examinou, virou-se para o Ortega, disse que se tivesse que escolher, ficaria com ele.

São muitos jovens para mim, os que regulam com minha idade, querem estar com esses jovens como se fossem recuperar a juventude.   Eu ao contrário sei que minha juventude, ficou para trás, que mesmo que queira recuperar não será possível.

Estavam os dois bebendo tranquilamente, quando o Rusty que estava basicamente ao lado deles, mas dentro do balcão, perguntou se os dois tinham uma relação.  Fazem um belo par.

Disse que concordava com o Rick, pois era isso mesmo.   Ele mesmo tinha pensando muito a respeito, quando comecei a me transformar, as pessoas me olhavam diferente, eu não encaixava em nenhum tipo.  Trabalhei de tudo que foi possível, para ter dinheiro para virar um homem.  Até em obras trabalhei. Por isso fiquei com esse físico.   Mas tive que aquentar todos os tipos de maldades, brincadeiras de mau gosto.   A maioria pensava que eu era um lesbiana.  Mas realmente me sentia um homem.   Mas não pensei que depois me sentiria atraído por outro homem.  Mas não sei se é pelo ambiente fica mais difícil.    Estou procurando emprego, para deixar de estar aqui.    Se souberem de algo me digam.  Faço a contabilidade daqui, as compras, uma série de coisas.  

Ortega lhe deu um cartão da loja, disse que passasse por lá para conversar.

Rusty, riu, ok, irei, mas vocês dois, deviam experimentar estarem juntos.

Rick olhou Ortega nos olhos, ele bem vestido, era muito bonito, moreno, atrativo.  Agora já não usava a barba de quando o tinha conhecido, estava mais cuidado. Ficaram ali, um ao lado do outro, os mais jovens não paravam de dançar.    Nunca tinham se divertido tanto, Rusty da barra comentou, hoje me interessei por esse garoto, mas me contou que não tem experiencia, eu por princípio tento não machucar ninguém.   São jovens, olha como se diverte os dois.

Ele foi apaixonado pela minha filha, contou que a atração que sentia, era porque ela parecia um menino.   Os dois sempre viveram para estudar.  Agora dá gosto ver os dois estudando, criando coisas juntos.   Estão trabalhando num motor para alta competição, dá gosto de ver.  Adoram mecânica.

Estavam ele, Ortega, olhando para o Rusty, quando se viraram, estavam frente a frente um do outro, daí para um beijo, foi só um passo.

Quando chamaram os meninos para irem embora, pois Rick ficava preocupado com sua mãe, sozinha em casa.   Os dois estava super suados.  Se despediram do Rusty, todos lhe beijando, o Ortega disse que passasse pela loja.

Quando chegaram em casa, cada um foi para seu quarto, Rick, resolveu tomar um copo de leite, quando chegou a cozinha, encontrou o Ortega sentado na mesa, com os cotovelos apoiado a mesma, com a cara apoiada nas mãos.

Em que estas pensando?

Em ti, em como eres diferente do teu tio.  Claro nos dois somos mais ou menos da mesma idade, imagine, eu fui trabalhar na loja, para o teu avô.  Ele logo que me viu, me atraiu, nossa diferença de idade era grande, mas isso não impediu que eu me apaixonasse por ele.   Mas me colocou todos os cornos possíveis.   Me deixou plantado, vivendo ali nos fundos da loja, cuidado de tudo para ele.    Quando descobriu que estava fudido, voltou para que eu cuidasse dele.   Mas era tarde nos dois sentidos.  Não sentia mais nada por ele, tampouco durou tanto assim para que lhe cuidasse.

Mas desde que estou aqui, me sinto em família, vocês me tratam bem, mas desde que te vi, fiquei com medo de me apaixonar.

Rick sentou-se na frente dele, pegou sua mão.  Eu também, mas falavas tanto no meu tio, que guardei distância.    Eu quero mais é estudar Ortega, gosto de escrever, se quiseres um dia te mostro meu trabalho.

Ia adorar Rick.  Sempre gostei de ler.  Tiro da biblioteca muitos livros para ter o que ler de noite na cama.

Estavam os dois de mãos dadas, mas a mesa os impedia de mais coisas.  Quando se levantaram, estavam os dois excitados, Rick perguntou, no teu quarto ou no meu.  Foram abraçados para o quarto do Rick.

Meses depois, nas vésperas da operação as amigas Sarah, Jessica, avisaram que vinham passar um final de semana.   Billie nem reconheceu a Jessica, estava completamente diferente, se vestia bem, os cabelos bem penteados, Sarah ao contrário mais relaxada, não tinha deixado seu glamour, mas estava como ela dizia trabalhando sua cabeça para mudar, deixar de ser tão superficial.

Jessica, comentou, como estava em fase de práticas, lhe aconselharam mudar sua aparência, pois como estava antes, não ia conseguir nada.

Estiveram as três conversando até tarde, Ortega tinha oferecido seu quarto para elas, já que basicamente dormia no de Rick.  Mas elas tinham se surpreendido com encontrar o James, não contaste que ele estava vivendo aqui.

Pois se revelou um grande amigo, me acompanha nos dias que tenho que tomar injeções, compartimos trabalhos na faculdade, saímos para dançar, para me relaxar, nunca sai com ninguém, faz questão de vir comigo para casa. 

Sarah brincou dizendo que isso era história de amor velho.  Mas o que mais me surpreendeu foi saber do teu pai.

Minha avô esta super feliz, pois gosta muito do Ortega.  Esse leva hoje diretamente os negócios, os dois o fizeram sócio.

Nessa noite saíram todos para irem ao bar do Rusty, esse abraçou a todos, ficou encantado com a Sarah.  Ela também.   Peter falou com Billie, resolveram lhe avisar.   Mas ela não se importou.

No final da noite, estava super feliz, tinham desaparecido durante um tempo, voltaram rindo.

Lastima que vou embora, senão ia ter uma relação com o Rusty.  É como fazer sexo com uma pessoa que sabe literalmente como te dar prazer.

Ortega na hora de saírem, voltou a dizer ao Rusty que ainda estava lhe esperando para uma entrevista de trabalho.

As três ficaram até tarde conversando, no domingo saíram para passear somente as três.  Ortega ainda brincou com o James, tens que te juntar com a turma dos velhos.

Ortega, não sabes o que estas falando, eu me sinto muito melhor com vocês, que com o grupo de gente jovem.  Com os de mais idade, posso conversar, sem estar preocupado em escutar conversas que me enchem o saco.   Sei que é próprio da idade, mas como amadureci na porrada, me parece tudo superficial.   Não tenho tempo para isso.

Na reunião seguinte que foram com os que já estavam no estágio depois da operação, aonde se sentiam melhor.  Notou um rapaz que como ele se sentava mais afastado.   Viu que era uma mistura de chinês ou japonês com alguém mulato ou negro.   Tinha a pele azeitonada, cabelos negros escorridos, uns olhos negros impressionantes.

Estava acompanhando um amigo que tinha feito a operação.  Era a primeira vez, estava justo sentada ao lado de Billie.  Todos estavam voltados para a Billie, lhe davam coragem para a operação.  Justo esta, lhe dizia que finalmente quando se tinha olhado no espelho, nua de corpo inteiro, pela primeira vez me senti livre.  Se virou, disse que seu amigo Jacques, era quem tinha acompanhado tudo, imagina, minhas primeiras dúvidas contei a ele, quando vivíamos num orfanato.  Nunca me quiseram adotar porque me vestia como uma menina, ele por ser uma mistura de raça.  Mas isso nos fortaleceu a amizade.  Escolhi o nome de Corine, agora estou mudando meus documentos, que como sempre é complicado.  Depois da reunião os apresentou ao Jacques.

De perto era mais interessante.  James, estava de boca aberta, quando escutou sua voz.  Era impressionante.  Uma voz profunda, ao mesmo tempo forte.

Foram tomar um café os quatros.  Na conversa os dois contaram que sua amizade vinha desde criança.  Sempre fomos diferente dos demais.  Quando saímos do orfanato, arrumamos empregos, estudando de noite alguma coisa que nos colocasse para frente.  Jacques dizia que podíamos fazer de tudo menos prostituirmos.

Nunca me considerei um travesti, mas me sentia uma mulher.  Ele com seu tipo exótico, o corpo que tem pelos trabalhos pesados que teve que aceitar para sobreviver, atrai muita gente.  Mas tampouco nunca tivemos tempo para ficar indo a festas, coisas assim.  Ele me ajudou com o dinheiro que tinha economizado.  Agora tirou férias para cuidar de mim no pós operatório.

Jacques perguntou ao James, se ia se operar também?

Não, sou como tu, só acompanho a Billie, somo amigos desde a escola.   Me apaixonei por ela quando a vi vestida de menino.  Não entendia muito bem por que, agora sim.

Nós vamos esse final de semana para relaxar a praia, querem vir. Para ti será bom Billie, para se relaxar antes da operação, pois na nossa cabeça surgem milhões de dúvidas, angústias, coisas assim.

James não escondeu que tinha ficado interessado no Jacques, trocaram número de celular.   O melhor foi quando contaram o que estavam estudando, o trabalho particular que faziam, Jacques contou que trabalhava justamente com isso, construir motores especiais, para carros de corrida.

Não queres ir até a nossa garagem, para ver o que estamos fazendo?

Os apresentaram a Beth, que agora tinha uma senhora mexicana ajudando em casa.  Mandou preparar um lanche para eles.

Tua avó, é impressionante.

Sim me dá todo apoio, espera que eu realize meu sonho.

Num dado momento em que faziam uma experiência com o motor, James ia pedir uma chave para apertar um parafuso, quem lhe estendeu foi o Jacques, o contato foi prolongado.

Ficaram se olhando, Jacques se debruçou junto com ele, roçando seu braço no do James, esse não sabia aonde se colocar, se concentrou.

No final, Jacques disse que estavam construindo um motor super interessante, que se quisessem poderia trazer um engenheiro de fórmula um para ver, podia ser interessante.  Ele está construindo um carro muito especial.   Mas o motor não funciona direito.

Quando num momento ficaram os dois sozinhos, lhe perguntou se queriam tomar uma cerveja de noite com ele.  

Claro que sim, aproveitaram para se dar um beijo.  A vontade era se agarrarem mesmo ali.

Contou a Billie o que tinha acontecido.  Creio que foi uma atração mútua.

Que vida tiveram esses dois, abandonados, criaram um vínculo familiar entre eles. Isso é muito bonito.

Foi se encontrar com Jacques, mas nem chegaram a beber, procuraram um lugar aonde podiam estar só os dois.  Não posso te levar para casa porque Corine está lá.  Dorme muito mal depois da operação, o apartamento é pequeno.

Vou perguntar ao Rick se te posso levar para casa.  Afinal nunca levei ninguém, a casa é dele, tenho que pedir licença.   Rick junto com Ortega estavam vendo um jogo de basquete, os dois gostavam muito, quando eles chegaram.  Ficaram vendo com eles o jogo de mãos dadas como eles estavam.  Depois subiram.  Jacques disse, que lugar ideal tens.

Aproveitou a dizer ao James, que não queria ter com ele uma relação de dormir, no dia seguinte desaparecer.  Estou querendo te conhecer.

Entre eles a coisa fluiu, James com seu corpo super branco, ao encostar nu no corpo moreno do Jacques, alucinou.  Fizeram sexo se explorando, cada um procurando no outro seu ponto de prazer.  Isso nunca tinha acontecido com o James.

A partir desse dia nunca mais se largaram, ele trouxe o engenheiro para ver o motor deles, lhes interessou, conversaram sobre todas as possibilidades.

Billie, estava mais involucrada agora em sua operação, já que a data se aproximava, embora tivesse que ter visto bom do psicólogo.

Deixou nas mãos do James a decisão de vender ou não o projeto dos dois, depois de muitas conversas as vezes varavam a noite a respeito.

Decidiram vender, pois assim pagava sua operação, já tinha outras ideias na cabeça sobre motores.

Nas reuniões, agora tinha se juntado um rapaz de uns 28 anos, que tinha vindo de NYC, eram moreno, com uma cara, resultado da mistura de raças.  Dario, no primeiro dia de reunião contou que seguia com as reuniões com psicólogos, porque depois de sua operação tinha surgido muitas coisas.   Desde menina, se sentia um homem, no meio de um bando de irmãos, todos homens, a princípio pensei que o motivo era esse, mas me sentia como eles, para mim brincar de bonecas, era chato.  Queria outra vida.

Fui para a Universidade, conheci uma garota, logo estávamos vivendo juntas.  Mas não me satisfazia, eu queria ser homem.   Como estudava literatura, comecei a fazer um curso de escritura criativa.  Foi quando comecei o processo, coloquei tudo no papel, fazia como um diário anotando todas minhas reações, não no a nível corporal, mas a nível psicológico, minhas transformações, como começava a ver o mundo. 

A garota com quem eu vivia, a princípio não gostou.  Mas acabou aceitando, sempre dizia que eu era muito másculo para ser mulher.

Um dos meus professores, leu o meu texto, mandou para uma editora, que comprou a ideia, revi todo o texto, com o dinheiro que me pagaram, fiz a operação, mas queria que eu continuasse com um seguinte livro.

Nessa época fiz amizades, num grupo como este, éramos cinco amigos, com transformações todas de homens.  Me permitiram escrever sobre eles, pois cada um tinha um ponto de vista diferente de como iam as coisas.   Mas sobre cada um, antes lhes dei um borrador, sobre o assunto.

O pior nesse momento, que já era um homem, a garota, me rejeitou, fiquei completamente perdido.   Estava confuso emocionalmente, sabia que isso acontecia.

Me pediram de uma revista, que eu entrevistasse um jogador de basquete, negro.  Eu sempre tinha tido uma certa aversão aos negros.

Ele quando soube que era um transexual, ficou parado me olhando.  Mas a entrevista foi ótima, trocamos número de celular.

Na surdina começou a me chamar, para conversar, falávamos muito, um dia se abriu comigo, se sentia atraído por homens, mas no esporte isso era complicado, tinha feito universidade, com bolsa de estudos de esporte.

Um dia sem querer, quando vimos estávamos fazendo sexo.

Em minha cabeça foi uma coisa impressionante, os homens nunca tinham me interessado, de repente estava fazendo sexo com outro, quando tinha me proposto ser homem para fazer sexo com mulheres.

Ele era um pouco mais velho do que eu.  Não deixávamos de nos ver, para todos eu era seu amigo.  Mas quando estava comigo, as conversas poderiam durar horas, me contou de todas suas paixões, tinha uma de adolescência, que tinha ficado mal resolvida.

Porque claro era precisava se dedicar ao esporte para sair em frente.

Mas o pior que meu grupo de amigos justo na véspera do lançamento do livro que escrevia sobre eles, descobriram que eu agora homem, fazia sexo com outro homem.

Não entendiam, foi um largo debate nas reuniões com o psicólogo, esse disse que isso era possível.  Nos colocou no grupo uma serie de exemplos.

Meu melhor amigo do grupo, tinha se transformado em homem, por causa de sua garota, descobriu que ela o traia com outra mulher foi uma pancada na sua cabeça, se suicidou.

Tudo isso virou uma bela confusão na minha cabeça.

Um amigo do meu namorado, descobriu, comentou com os outros jogadores, ele com medo como sempre me abandonou.

Por isso resolvi me afastar, para escrever justamente sobre isso, o fato de ter passado minha vida inteira querendo ser homem, quando consigo, me interesso por outro homem.

Dario ficou amigo de Billie, tinham papos larguíssimos.

Me dizia de brincadeira, que um dia faria sexo com James, pois ele tinha uma bunda que o atraia.   Mas respeitava os dois.

Quando Jacques foi trabalhar, porque precisava de dinheiro para uma escuderia de formula 1 na Inglaterra, James se sentiu abandonado.

Mas justamente ocorreu a operação de Billie, se revezavam todos para estar com ela no hospital, inclusive suas amigas vieram para lhe dar apoio.

Quando voltou para casa, um dia sua avó lhe pediu que o queria ver nu.  Billie, que resolveu não mudar de nome, riu da curiosidade de sua avó.

Mas satisfez seu desejo, depois ficaram as duas horas conversando.   Sua avó lhe disse ao final, que esperava que ela encontrasse um companheiro.

O apoio de seu pai, bem como de Ortega, agora num relacionamento completo, pois tinham se casado.   Seu pai ia pela segunda edição de dois livros que tinha escrito, estava feliz, sempre tinha um sorriso na cara.

Com James tinham começado um outro projeto, um motor ligado a propulsão de energia alternativa.

As conversas com Dario, lhe eram estimulante, continuava indo as reuniões.

Um dia se enrolou com Dario, ele disse que não podia dar certo, mas quis experimentar.

Quando contou ao James, ele ficou furioso, como ela podia criar sempre problemas para ela mesma, as vezes se confundia, a seguia tratando como mulher.

Ele com o dinheiro que tinha resolveu, ir morar num pequeno apartamento, pois lhe confundia muito tudo isso.

Voltava agora a sentir a paixão que tinha de adolescente.

Um dia foram a praia, pois seguiam trabalhando juntos, quando Billie tirou a roupa pela primeira vez na frente dele, mostrando seu novo corpo, ele ficou como louco.

No meio da tarde, falaram sério sobre eles, ele foi franco, me sinto confuso, estou indo ao psicólogo, pois me sinto terrivelmente atraído, agora representas realmente o que eu via quando me apaixonei por ti.   Agora eres o homem que eu queria.

Nesse tarde, depois de terem discutido, ele dizendo que era o final do curso, que tinha algumas propostas, que talvez fosse melhor se separarem.

Billie foi a seu apartamento, ficou impressionado, como era bem arrumado, simples, mas tudo no seu devido lugar.

Estava ali, segurando uma cerveja não mão, quando James passou por perto.

O segurou, puxou para sim, o beijando delicadamente na boca, dali foi um pulo para a cama, James ria, quando Billie falou na sua orelha com voz rouca.  Com perdi tempo estavas sempre ao meu lado.

Era a primeira vez que Billie penetrava outro homem, para ele foi uma realização de um sonho, sem querer para os dois a coisa foi bem.

Se despertaram abraçados um ao outro.

Nesse dia Billie, pediu uma consulta extra com o psicólogo.  Tinha medo de que fosse uma coisa passageira, perder o único amigo mais próximo que tinha.

Nunca saberás, se não vais em frente, ele te queria como um homem, eres a realização do sonho dele.

Sem querer do meu também, comentou que quando Dario, falou da bunda do James, tinha passado a observar, que lhe excitava muito o ver desnudo, que na cama os dois eram iguais.

Quando contou ao seu pai, esse ria, levaste tempo, esse rapaz te ama com loucura desde sempre, tu nunca percebeste, mas o querias também.

Nessa época sua avó morreu, mais uma vez James estava ao seu lado para tudo.

Voltou a viver na parte de cima da casa, os dois agora dormiam juntos, cada dia descobriam uma maneira nova de fazer sexo.

Levam nisso anos, agora os dois são engenheiros mecânicos, suas máquinas são um sucesso.

As amigas quando descobriram se mataram de rir, as duas de brincadeira, diziam que queriam fazer sexo com os dois ao mesmo tempo.

Mas Bill, agora tinha mudado seus documentos, deixou de ser Billie, para ser Bill, não podia pensar diferente, se sentia um homem em seu potencial.

Quando Jacques voltou, por um tempo, foi procurar o James, mas viu que tinha perdido o amor de sua vida, mas respeitava os dois.

Iam agora a uma terapia de apoio os dois juntos, conversavam entre si, a união dos dois era fantástica.

Um dia quiça adotassem um garoto, ou garota que quisesse ser transexual, para ajudar.