lunes, 9 de mayo de 2022

TURBULÊNCIA

 

                                              

 

Diziam que tudo em volta dele sempre era turbulento, chegava a concordar, embora ele como pessoa fosse um remanso de tranquilidade na hora de trabalhar, a sensação de quem estava a volta era que a adrenalina não fazia parte de sua vida, que a frialdade predominava.

Voltava agora a uma delegacia, tinha passado os últimos meses, trabalhando como interno, devido a uma ferida a bala, que lhe impossibilitava no momento atirar.   Foram meses de reabilitação, para poder voltar outra vez ao batente.

Enquanto isso lhe deram um encargo, checar os relatórios dos agentes, ultimamente esses relatórios eram incompletos, ocasionando que os advogados se aproveitavam disso, para liberarem seus clientes.

Ele era conhecido por seus relatórios, bem como conclusões perfeitas, isso talvez, por ter feito universidade de direito. Saiu com louvor, mas a vida dá muitas voltas, não gostava de estar do outro lado da lei, livrando criminosos.

Optou pela polícia para depois de estar trabalhando algum tempo num escritório de advogados. Seu trabalho era justamente esse analisar os relatórios da polícia.

Pelo menos aproveitou isso, saber analisar um relatório, ver os erros cometidos pelos policiais, saber nas entre linhas do que escreviam.

Na hora de analisar o relatório, pedia que a caderneta que tinham usado estivesse ao seu dispor, quando um deles se negou, apenas lhe disse que estava lhe ajudando, imagina que aparece algum erro, serás o culpado, todos virão em cima de ti.

Ele conversando com esse policial, todos riram, ele tinha 1,90 metro de altura, o outro era baixinho, tinham trabalhando anteriormente juntos.

Analisou o relatório do mesmo, encontrou lacunas, o chamou para verificar, que o tinha feito mudar certas coisas.

Andrew, lhe comentou que o relatório tinha sido feito pelo outro detetive, ele sempre muda tudo, nunca entendo por quê. Tem muitos amigos advogados.

Pediu a caderneta do outro, esse se negou, disse que quem escrevia era seu companheiro.

Ficou com a pulga atrás da orelha, se um fazia anotações, porque era o outro que escrevia o relatório.

Falou com o chefe deles, mas esse tirou o corpo fora.

Mostrou a esse, aonde os advogados poderiam usar para livrar seu cliente.

Mas nem assim, conseguiu nada.

Como quem tinha lhe dado esse trabalho era o chefe de polícia, foi falar com ele, este abriu os braços quando o viu, salve Drew Sacktis, vamos ver o que me trazes, porque eu espero de ti a verdade.

Comentou com ele o que tinha descoberto, que em pelo menos três casos, seria batalha perdida nos tribunais.  Inclusive, seu amigo tinha anotado certas peças para provas, essas não existiam ou tinham sido perdidas.

Há algo de estranho nisso tudo.  Segundo um deles, o chefe da equipe tem muitos amigos advogados, mas que o inspetor chefe fique quieto é muito estranho.

Quero que acompanhes esses julgamentos, quero ver como se comportam como testemunhas, direi ao fiscal que os cite como tal.

Marcou a data de cada julgamento, compareceu com todas suas anotações, para checar.

Procurou passar desapercebido, o que no seu caso, era difícil.   Mas de tonto não tinha um pelo, antes procurou na sala um lugar que fosse discreto.  Chegava antes se identificava, se sentava ali.   Nunca era o responsável pelo que estava escrito que testemunhava, sempre sobrava para alguém, que na verdade se perdia ao responder as perguntas.  Dando clara vantagem ao advogado.

Tinha gravado tudo isso, comparado o depoimento, com o que estava escrito, nunca nada batia.

Voltou a falar com o chefe de polícia, foi o que eu imaginei meu caro, agora vem o pior, quero que você como já tem a alta, se integre nessa delegacia.  Observe tudo, me faça um relatório semanal do que acontece.

Quando se apresentou, lhe olharam de esquerda, pois sabiam do trabalho que tinha feito antes, ninguém queria ser seu companheiro.  Se ele tinha uma coisa a seu favor, era o fato de ser bom observador, bem como saber usar sua intuição.  Lhe tocou durante um tempo ser justamente companheiro do cabeça da história, ainda pensou era como estar infiltrado numa quadrilha de traficantes.   Este examinava a cena do crime, sempre com pressa, não lhe interessava muito, dizia que ele escrevesse tudo, depois ele faria o relatório.

Para surpresa deste, ele mesmo fazia o relatório, a partir que tinham o mesmo status, o fazia corretamente, agregando tudo, analisava as provas, as catalogava, em seguida apresentava para o chefe.  Este dizia, quem tem que fazer o relatório é o teu companheiro.

Nada disso, eu faço o relatório do que vi, se ele quiser faça outro, pois em nenhum momento prestou atenção em nada.  Tenho o mesmo status dele, ele não é meu chefe, sim meu companheiro.    O outro ficou uma fera.

Em seguida o descartou, logo lhe tocou o Andrew como companheiro, ai foi mais fácil, mesmo assim o outro queria ver o relatório, não o permitia, quando os casos foram levados a julgamento, claro os advogados não encontraram nenhuma brecha.

O fiscal o chamou, lhe agradeceu, tudo que vem desta delegacia, é sempre uma merda, o teu é perfeito.

Um dia encontrou o mesmo fuçando, colocando uma coisa no bolso, de sua caixa de provas, o encostou na parede, retirou o que tinha colhido dali.  Nunca mais te atrevas a fazer isso, se eres corrupto, é um problema teu, mas nos meus casos, cuido eu.

Revisou tudo, faltavam duas coisas, deu queixa ao chefe, esse levantou os ombros, por sorte relatou isso ao chefe de polícia.

Já se corria rumor, que toda a delegacia seria trocada.

Estava no carro como Andrew, que justamente lhe dizia, que trabalhar com ele, era melhor, estava livre das merdas do outro.

Foram chamados todos os carros, para uma troca de tiros num lugar complicado.

Segundo a chamada, tinham cercado um traficante de drogas.

Mal chegaram apesar de proteger o carro, era como se alguém o estivesse esperando, Andrew levou um tiro certeiro na testa.  Como um relâmpago, se jogou fora do carro, tratou de se proteger, avistou na parte mais alta, um franco atirador.  Que merda é essa, pensou, os traficantes não têm franco atirador.

Foi procurando dar a volta ao carro, mas pareciam que todos os carros, seja de que lado fosse, atiravam na mesma direção, olhou para uma lateral, estavam pelo menos uns cinco policiais mortos, memorizou suas caras.

Justo nesse hiato de distração, recebeu uma bala no mesmo braço ferido anteriormente, o que o jogou no chão.

A partir desse momento tudo foi uma confusão geral, pois os traficantes, passaram a atirar com metralhadoras, na outra direção.  Alguém o arrastou, o deixou junto aos outros policiais, disse baixinho, velho amigo, te cuide, coloquei no teu casaco um número de celular, entre em contato comigo.  Como num relâmpago, reconheceu Robert Smith, um velho companheiro de orfanato.

Em seguida perdeu os sentidos.   Escutou longe, o filho da puta, que tinha chamado todos os carros, reclamando que tinham raptado um deles.  Mas não dizia qual.

Nesse momento a ambulância, recolhia os feridos, uma enfermeira deu com ele, chamou os outros para a ajudarem, escutou o mesmo dizendo, esse desgraçado era para estar morto.

Então entendeu, era uma emboscada.

Foi direto para a sala de operações, lhe retiraram a bala, teria que colocar uma prótese, o fizeram em seguida.  Despertou no quarto, que estava vigiado, ainda meio sonolento, o médico lhe disse que desta vez tinha uma prótese, que iria demorar mais tempo em reabilitação.

Tornou a dormir, viu que entravam dois enfermeiros, que faziam uma coisa, estranha, abriam uma porta ao lado da cama, lhe retiravam dali, colocando outra pessoa no seu lugar.

Reconheceu pela voz, pois estava de máscara cirúrgica, o Robert Smith, que lhe fez sinal de silêncio, viu que ele, se escondia, tinha uma pequena câmera de vídeo.

Depois escutou tiros abafados no outro quarto. Uma voz irada dizendo, mas não é ele, o filho da puta conseguiu escapar, mas isso não fica assim.  Nesse momento, uma grande confusão, pois apareceram vários agentes do FBI, prendendo quem estava no outro quarto.

Robert, chegou-se à cama, colocou a câmera de vídeo embaixo do braço ferido, depois me contata, que te conto mais coisas.

Até descobrirem aonde ele estava foi demorado. Disse não saber de nada, porque o tinham trocado de quarto, tampouco sabia o que tinha acontecido ali.

No dia seguinte o chefe de policia o veio ver.  Desculpe essa confusão que te meti, agora estão atrás das grades, todos eles, incluindo o chefe da delegacia.

Todos estavam envolvidos em uma série de merdas, tu estavas dentro, me fazia os relatórios, conforme isso, pedi ajuda ao FBI.   Mas de qualquer maneira alguém creio que te ajudou, o tiroteio era para te matar sem duvida nenhuma, teu companheiro o Andrew, pagou o pato, embora anteriormente fizesse parte da coisa.

O duro agora será levar todos eles a julgamento, a quantidade de advogados que apareceram para os defender, foi grande.

São os que se beneficiam do que fazem de errado.

De qualquer maneira, foram requisitados todos as anotações das cadernetas.

Quando pode se sentar, finalmente pode ver o que tinha na câmera de vídeo, avisou o chefe de polícia, este veio, ficou rindo, o dito cujo alega que entrou para te proteger.

Depois lhe contou por celular, que na hora que viu a prova, o advogado que o defendia, desistiu do caso.

De noite, apareceu o Robert, vestido de enfermeiro, lhe agradeceu ter salvado a sua vida.

Meu amigo, se desde crianças vinhas salvando a minha, lembra-se eu era o gordinho da turma, todos se metiam comigo, tu o mais alto, nunca permitia que ninguém abusasse de mim, ou fizesse bullying, eu nunca me esqueci disso, os dois saímos ao mesmo tempo do orfanato, tu com uma bolsa de estudos, eu tive que ir para o exército, foi lá que aprendi a fazer o que faço hoje, não imaginas a quantidade de trafico que se faz dentro das forças armadas, camuflado em várias coisas.

Te trouxe um vídeo definitivo, mostrou o que era numa cópia que tinha no seu celular, conseguimos entrar por detrás capturar o que estava de franco atirador, que matou teu companheiro, só o entregaremos na hora que diga.   Era o mesmo confessando como tudo se tinha tramado, quem era o cabeça da história.                  Incluía inclusive o chefe da delegacia. 

Extorsionava todos os traficantes que trabalhavam na zona, recebiam dinheiro dos advogados, ele tem tudo anotado, num caderno que está embaixo de sua mesa, é necessário retirar um pequeno ladrilho, está debaixo.

Passou isso ao chefe de polícia, bem como a cópia do vídeo.

Quando o caso foi levado a julgamento, o advogado estava nervoso, evidentemente que sabia que perderia a causa.  Não sabia desse vídeo, que o fiscal guardou até o último momento.

O mesmo entrou totalmente arrogante, como dizendo não podem fazer nada contra mim.

Mal sabia que com os nomes de todos os advogados, os escritórios dos mesmos, estavam nesse momento sobre intervenção do FBI.

Justo na hora que entrava o Juiz, alguém disse ao seu advogado o que acontecia.

Quando foram apresentado as provas, dele inclusive entrando no quarto, atirando na cama, que tinha já um morto, o que ele dizia, o advogado deveria dizer que não aceitava essa prova, estava estático.  Quando o fiscal, apresentou o depoimento do que era franco atirador, contando tudo, inclusive aonde estavam as anotações dos nomes dos advogados, o quanto tinha recebido de cada um por ajudarem a perder o processo.

Ficou com a boca aberta, ia dizer protesto, mas nesse momento o juiz, declarou, que o julgamento estava finalizado, o condenava a cadeia perpetua, bem como seu advogado, que estava preso por comprar resultados nos julgamentos, saíram os dois algemados da sala, viu que ele o procurava, mas estava sentado justamente atrás de dois policiais mais altos do que ele.

Voltou ainda para o hospital, fazendo fisioterapia, quando finalmente pode voltar para casa, teve que rir, tinham invadido seu apartamento, talvez esperando encontrar alguma coisa lá, devem ter pensado, esse idiota mora mal.   Ele vivia num último andar de um velho edifício sem elevador, minúsculo, era um quarto pequeno, a sala com uma varanda também pequena, uma cozinha, o banheiro era pequeno, mas com um box de chuveiro grande.   Ele usava o apartamento a muitos anos, tinha pintado a última vez ele mesmo.   Todo que devem ter encontrado, pois estavam todos atirados no chão, era uma quantidade absurda de livros, suas roupas tampouco eram muitas, 90% roupa de trabalho, quando muito tinha duas calças jeans, umas quantas camisetas, que agora estavam prontas para irem para o lixo, de tão pisadas que estavam.

Virou as costas, desceu as escadas, amanhã mando alguém fazer uma limpeza, separar os livros colocar numa caixa, fica perigoso voltar a viver aqui.

Foi para um hotel, aonde conhecia o dono.  Ligou para o Robert Smith, disse aonde estava, que tinham destruído sua casa, mas não importava.

Estava jogado na cama quando este chegou, escutou uma batida na porta, pegou seu revólver, foi olhar quem era, levou um susto, ele entrou o abraçou, ah amigo, quanto tempo, atrás dele tinha outra pessoa, não lhe era desconhecido.

Este estava louco para te ver, quando o puxou para a luz, ele gritou, “Bolinha”, era outro companheiro que ele defendia, por ser baixinho, usar óculos.  Tinha crescido, estava magro, tinha uma cara boa.

Sentaram no chão, não havia outro lugar, era como faziam quando criança, sentar-se em algum lugar do imenso pátio, principalmente quando já eram adolescentes, como nunca tinha querido adota-los, nem eles tampouco queriam ser separados.

Ele conseguiu sua bolsa de estudos para a universidade, segundo os dois era o mais inteligente deles.

O que fazes Bolinha?

Tomo conta para que esse senhor, não estrague sua vida, ele foi para o exército, eu fui estudar ao mesmo tempo trabalhar, fui aprender contabilidade.

Junto montamos uma empresa, durante muitos anos lavamos dinheiro dos traficantes, agora estamos fora, foi por isso que o filho da puta do teu colega, nos queria morto, sabíamos aonde tinha seu dinheiro.

Mas vocês se casaram, tem família, um olhou para o outro começaram a rir, sim temos família, formamos um casal de delinquentes que se ama.

Se lembra da vez que nos pegaste, eu o estava masturbando?

Sim claro que me lembro, fiquei furioso, mas depois entendi que vocês se gostavam, era iguais, eu também sou gay, mas nunca dei certo em nenhum relacionamento.  Tentei me casar, mas graças a deus, terminei antes, não achava justo enganar a coitada, se casou com um outro companheiro, agora está viúva.

Se procura apartamentos, temos muitos, em vez de ficar levando dinheiro para fora, fomos comprando apartamentos, reformando, inclusive temos um que se parece contigo, me lembro que dizias que teu sonho era ter um apartamento que tivesse uma biblioteca, tínhamos visto um filme no orfanato, em que aparecei um garoto sentado na poltrona do avô, na biblioteca, dizia que esse era teu sonho.

Temos um assim, verdade Robert?

A maneira como os dois se olhava, se via que eram realmente duas pessoas que se amavam.

Robert se levantou para ir ao banheiro, o Bolinha soltou, ele sempre foi apaixonado por ti, mas tinha medo.  Uma vez se meteu na tua cama, mas ou dormia ou fingia dormir.

Pense bem Bolinha, como podia alimentar uma coisa, se íamos cada um para um lado diferente depois.

Que estão falando de mim?

Da noite que te meteste na cama dele, esperando que algo acontecesse.

Cheguei a pegar no piru desse filho da puta, mas era como se eu não existisse.

Não podia alimentar nada, sabia que me querias, mas eu sonhava com coisas, como conquistar o mundo, mas claro na realidade o buraco é mais em baixo.

Realizei tudo pela metade, sou bom no que faço analisando situações.

Se estivesse no nosso lugar agora, o que farias?

Se vocês já tem esse capital, sairia do pais durante um tempo, inclusive se pudesse mudaria de nome, voltem diferentes, construam algo, tenham filhos, adotem já sei que iam dizer que era impossível.    Se lembram quantas crianças saiam, voltavam frustradas, pois se sentiam rejeitadas, mesmos as que por algum motivo tinham sido motivo de abusos.  Todos queriam uma família, menos nós que juramos ser uma família.

Veja, agora, as coisas serão mais duras, por isso lhes digo, se mandem daqui, passem um tempo fora, mudem de nome, façam algo diferente.

Temos um edifício, queríamos transformar num hotel, para homens solteiros, já sabes, quem sabe.

Brincando o Robert disse, para comemorar devíamos os três ir para a cama, fazer sexo.

Ficaram rindo, mas realmente era a vontade deles, quem encontrou a saída foi Drew, nem posso imaginar, com o braço como tenho, segurar o pau dos dois.

Mas sem querer acabaram os três na cama, foi uma coisa fantástica, ele no meio dos dois, se sentiu querido como nunca tinha sentido na vida.

Acabaram dormindo ali os três agarrados um ao outro.  Despertou com o braço doendo muito, merda, exagerei, mas claro, era porque o Bolinha estava dormido em cima do mesmo.

Tentou se levantar, mas estava no meio dos dois.

Acabaram se despertando, um olhava para o outro com uma certa vergonha, depois começaram a rir, imagina se a polícia entra agora, íamos presos.

Bolinha ficou para ir mostrar o apartamento para ele.  No carro foi dizendo, realizaste um sonho dele, fazer sexo contigo.   Sempre falava nisso para mim.

Ele me salvou a vida outro dia, se não fosse ele estaria morto.

Pois ele diz que salvaste a vida dele, muitas vezes no orfanato.  Sempre nos defendia, acabamos formando nosso grupo.

Dos três ele sempre foi o mais triste, pois sabia que tinha família, mas não entendia por que tinha colocado no orfanato.  Era muito pequeno para se lembrar.

Nos dois claro fomos bebês para lá, aprendi a me defender desde pequeno, soltou o Drew tudo que deixaram foi um bilhete com meu nome, mas nunca encontrei ninguém com esse sobrenome.  Depois pensei, para que, se me deixaram deviam ter algum motivo.

Não entendo, porque não tens ninguém contigo, tem um porte, uma presença impressionante.

Tampouco, acho que as pessoas querem isso, essa presença, mas quando me conhecem realmente, fogem.

Lhe mostrou o apartamento, Bolinha disse, não se preocupe, pertence a minha empresa, não tem nada de irregular aqui.  Era muito bom, estava também num último andar, o edifício tinha sido reformado a algum tempo, tinha elevador.  Realmente se deslumbrou, no que seria uma sala, era uma biblioteca, além de dois quartos, banheiro, cozinha, uma boa varanda, lhe perguntou se podia fechar a mesma para usar nos meses de inverno.

Bolinha, lhe mostrou, que atrás de uma estante, tinha um cofre.

Os herdeiros, venderam toda a biblioteca, parece que era uma coleção impressionante, quando comprei, essa estante estava afastada, o cofre, limpo, mas quando reformei, fechei isso, para ninguém ver, terás que chamar alguém que saiba manejar isso, para colocar um novo segredo.

Quanto queres de aluguel?

Quanto pagavas no outro, estava mais central?

Lhe disse o valor, te cobro 10% mais se fazemos sexo agora.

Nada disso, prefiro pagar mais, mas fazer sexo só contigo, seria criar problemas com o Robert, isso nunca.  O que aconteceu ontem não vai se repetir.

Vamos ao meu escritório para fazer o contrato.

Nisso o chamaram, era o chefe de Polícia, disse o nome de um Juiz, o hospital que estava, foi operado a dois dias, quer falar contigo, para oferecer um trabalho.

Mas antes passou pelo escritório do Bolinha, que era bem situado, com várias pessoas trabalhando para ele.   Assinou o contrato, bem como lhe deu o número de sua conta para cobrar todos os meses, com as chaves no bolso foi para o hospital.

Perguntou pelo Juiz Ferguson, lhe disseram o número do quarto.

Quando entrou o encontrou de mãos dadas com um homem muito bonito.

Entre disse este, devia ter uns cinquenta a sessenta anos.

Ele se apresentou.  O juiz apresentou ao outro, Justin Brown, meu marido.

Tens algum problema trabalhar com um juiz gay?

Riu, se contasse da noite anterior, mas respondeu, não senhor, eu também sou gay, era a primeira ver que verbalizava isso.

Sente-se, lhe explicou, eu assim que sair do hospital, vou chefiar um novo sistema de julgado, vamos atender pessoas que foram injustamente, ou justamente presas.   Teremos que examinar todo o expediente com lupas, para saber realmente se foi culpa da pessoa, se não tem nenhuma prova manipulada, coisa assim.  Seria trabalhar diretamente comigo.  Pelo que sei, o teu chefe te elogiou muito, a não ser que queira se livrar de ti.  Que nisso eres muito bom analisando os perfis, bem como os documentos.

Mas o primeiro caso que quero, é resolver um problema pendente, seu antigo companheiro, prendeu um rapaz, surdo mudo, que se parece com um traficante de armas, deu-lhe uma surra de fazer gosto, pois o mesmo não respondia a nada.   Agora seu advogado, recorreu, pois ele nem americano é.    Sim inglês, que veio aqui procurando seu pai, pelo visto o mesmo é um traficante procurado.

Nisso chegou sua secretária o apresentou, Elizabeth Schuster, melhor não podia ser, disse que ele ia trabalhar na nova fase, terás que o atender também.   Trazia um folio, tudo que encontrei a respeito do rapaz.   Riz Richard, tem uma foto de quem seria seu pai, a dele, pouco mais, pois parece que o prenderam por não entender a situação.

Se pudesses entrevistar com ele, seria ótimo, firmou uma autorização, para essa entrevista, veja o que podemos fazer, leve junto um que fale a língua dos signos, pois é como ele se comunica.

Eu quando estava no orfanato, tínhamos dois rapazes surdos, aprendi a língua dos sinais.

Sim me informei a respeito de ti, dizem que eras o defensor de muitos deles, para que não sofressem bullying.

Eu aprendi a me defender desde pequeno, nunca suportei os abusos.

Tentarei ir hoje, depois tenho que fazer minha mudança, arrasaram meu apartamento, pensando que tivesse ali alguma documentação.  Arrumei outro apartamento, assim não sabem aonde estou.

Foi a prisão, era tipo prisão preventiva, mas o rapaz já estava a mais de um mês ali.

A aparência do mesmo era lamentável, se identificou, ele sorriu, finalmente um que fala como eu.

Lhe disse que fizesse os sinais devagar, pois fazia tempo que não usava a linguagem dos signos.

Lhe contou que sua mãe tinha morrido a pouco tempo, esteve quando jovem estudando aqui, conheceu um homem paquistanês, se apaixonou, só tenho uma foto dele, os policiais me pegaram justamente mostrando a fotografia, perguntando pelas pessoas.  Me deram uma surra, porque não falo, estudei, sou formado em literatura, mas não falo direito.

Vou verificar tudo, aonde estavas hospedado, ele deu a direção. 

Dali foi ao hotel, o mesmo foi considerado como abandonado, suas coisas estavam numa bolsa.

Ele apresentou seu distintivo, levou tudo com ele.   Não sabia por que mas já sentia pelo mesmo um carinho especial.

Voltou a hospital, encontrou o juiz sozinho, falou com ele, o que o rapaz tinha explicado, creio que roubaram todo o dinheiro que tinha, pois na bolsa do hotel, está vazia.

Esses filhos da puta, sempre abusaram das pessoas que prendiam.

O Juiz escreveu uma ordem de soltura, mas veja se o coloca num lugar que possa depois ir ao fórum, eu volto dentro de dois dias.

Arrume tua casa, depois falamos.

Telefonou ao Robert, ele saberia quem era o pai do rapaz.

Ficaram de ir com um furgão, buscar suas coisas.

Conseguiu num supermercado perto, caixas de papelão, comprou adesivos largos para lacrar as caixas.

Ia separar por temas ou ideias os livros, mas na verdade, estavam antes metade em pilhas pelo chão, porque na estante não cabiam mais.  A verdade era que cada vez que ia procurar alguma coisa, batia nisso.  Estarem misturados, aí tinha que procurar, um fato que gostava, pois acabava encontrando algum livro, que relia outra vez.

Resolveu, que na hora que fosse colocar nas estantes da biblioteca de sua nova casa, faria isso.

Guardou tudo, no dia seguinte, teria que comprar camas para os dois quartos, bem como colchões, ainda pensou em um deles, forrar com tatame, para fazer exercícios, quando o braço ficasse bom.

Ali não sobrava mais nada, nem roupa, que estavam todas rasgadas, nada da cozinha era aproveitável, falou com uma senhora, que disse que limparia o apartamento.

Depois falou com o proprietário, avisou que se ia, que a senhora ia atirar tudo, depois podia mandar pintar, arrumar o que estava quebrado, debitar na sua conta.

Não se preocupe, foste o melhor cliente que tive, nesses anos todos vivendo aqui, nunca deste trabalho.

Mal pode ajudar os dois a descerem as caixas, seu braço não permitia. Mas Robert, chamou uns garotos que estavam por ali, lhes deu dinheiro.

Não me diga que tudo isso é caixa de livros?

Sim, meus bens mais preciosos, sempre foi minha paixão desde que aprendi a ler.

No outro apartamento ele fez a mesma coisa.  Disse o que estava pensando em fazer no segundo quarto.

A cara do Robert era de gozo, melhor para sexo a três.

Robert, já disse ao Bolinha, isso não vai se repetir.

Foram jantar, ele mostrou a foto para o Robert, conhece esse sujeito.

Uau, de aonde tiraste isso, esse sujeito é super perigoso.   Vende armas para todos os traficantes.

Lhe contou o que tinha acontecido, o pobre rapaz levou uma surra do meu querido companheiro, pois estava nas ruas mostrando a fotografia, perguntando se alguém o conhecia.

Imagina o ingênuo que foi, além de tudo é surdo/mudo.

Lá vai o defensor dos fracos e comprimidos, soltou o Bolinha.

Amanhã tenho que o tirar da prisão, ficou comentando do novo trabalho, vou ganhar mais, bem como tem muita responsabilidade, analisar caso por caso, ver aonde tem erros, eu sempre fui considerado um dos melhores nos meus relatórios, contou a história que quando tinha trabalhando com o outro, sumiam provas, etc.

Imagina, o rapaz diz que tinha dinheiro, consta que não tinha nenhum, na bolsa que estava no hotel, tampouco. Não sei o que tem na prisão.   Menos mal que aonde está as celas são individuais, pois senão teriam abusado dele.

O deixaram no hotel, Robert insinuou outra vez, mas ele cortou, tinha sido interessante, mas seguir em frente seria um erro.

Amanhã, vou fazer contatos, tinha uma foto do mesmo jovem, bem como do filho.

Logo de manhã, comprou o que queria, ficaram de entregar no final do dia, tinha comprado para o salão/biblioteca, três cadeirões, desses bons para ler, os colocaria perto da janela, depois teria que comprar um abajur, ou mais de um.   Comprou uma mesa, antiga que viu na loja, para ser sua mesa de trabalho, tinha desistido do tatame, pois sabia que acabaria indo fazer exercício em algum lugar da polícia.

Depois foi para a prisão, primeiro falou com o encarregado, lhe dando a ordem do juiz, esse comentou que todos sabiam que ia trabalhar para ele.  Viu que ainda tinha o braço no cabresto, lhe comentou que seus antigos colegas tinha estado nessa prisão uma semana. Não sabe a confusão que aprontaram.  Não se podia colocar todos juntos, pois saiam no braço.

Quase mataram um que os denunciou, o jeito foi colocar o mesmo numa cela longe deles.

Enquanto isso foram buscar o rapaz, esse quando o viu, sorriu, falou com ele em linguagem de signos, vim te buscar.

No carro comentou, que não tinha encontrado o seu dinheiro, ele tirou a carteira verificou que ainda tinha seu cartão de crédito, disse que sem problemas, lhe comentou que estava num hotel, se quisesse podia ficar lá, assim poderiam conversar.

Claro que sim, eres meu anjo da guarda.

Comentou com ele, que tinha pedido um amigo, que verificasse aonde estava seu pai, mas antes que tenhas uma decepção, te aviso, me parece que é um traficante de armas, há que ir com cuidado.   Acho que, os que te prenderam pretendiam fazer chantagem com ele.

Portanto toda cautela é pouco, vamos esperar o que diz meu amigo.

Foram almoçar os dois, disse que tinha que ir para o seu apartamento novo.  Enquanto esperavam os moveis, abriu a caixa de livros.

Meus melhores amigos disse Riz, ficou rindo.

Melhor ir separando os assuntos, vou te ajudar.  Trabalhei muito tempo na biblioteca da universidade.

Volta e meia as mão se tocavam, gostava desse contato, era uma coisa diferente.

Depois foram colocando tudo nas estantes, iam sobrar espaço para mais livros. Riu pensando nisso.

Explicou ao Riz, porque ria, como estavam esses livros em sua casa antiga.

Quando chegaram os moveis, foram colocando no lugar, os homens montaram as camas, tenho que comprar lençóis, pois os meus estavam muito velhos, toalhas de banho, até roupa preciso.

Tinha mandado lavar a que estava no hotel, pois não tinha outras, nem sabia como devia se vestir para trabalhar.

Levou depois o Riz até o hospital para falar com o juiz, foi traduzindo o que o juiz perguntava, ele soltou que podia ler os lábios das pessoas.

Explicou ao juiz que nunca tinha visto seu pai, nem sabia quem era, pois em seus documentos, constava só o sobrenome da mãe, ela mesma não sabia o nome dele direito.

Fui educado na igreja católica, como ela, mas agora que ela morreu de um câncer fulminante, só teve tempo de me contar isso, que ele vivia aqui na cidade, que tinha sido uma aventura fugaz, que só se deu conta, quando estava em Londres outra vez.

Ai já era tarde, resolveu levar a gravidez até o final, depois decidia, se apaixonou por mim, foi a melhor mãe do mundo.

Tinha um excelente emprego no governo, herdei dela a casa que vivíamos, bem como alguma coisa de dinheiro.   Trabalhei sempre depois da universidade, numa biblioteca.

Drew contou ao juiz, que ele acabava de o ajudar a montar a sua, da casa antiga não sobrou nada, só meus livros.

Também gosto de livros.   Comentou o que Drew já tinha comentado, ao parecer teu pai, é um traficante de armas, se for assim, é perigoso.   Melhor deixar para lá.

Riz concordou.  Ficarei o que resta das minhas férias, depois penso no que fazer.

Drew perguntou como devia ir vestido.

O Ferguson de brincadeira disse que de smoking.  Olha eu vou por livre, como quando estou em presença do publico estou de toga, mas o resto do tempo uso uma gola alta, um casaco, mas nada de gravatas que odeio, portanto estas livre.

Tampouco terás que te fazer público, pode ser que algumas vezes, precisarei de ti, para os julgamentos, ter um traje com gravata ira bem.

Tinha mais um dia ainda para aproveitar, resolveu mostrar a cidade para o Riz, esse ria dizendo que era um policial diferente.

Depois de comprar roupa de cama, coisas para a cozinha, uma maquina de fazer café, sem o qual ele não podia passar, tinha o carro cheio, Riz o ajudou a subir tudo, a arrumar as camas, lhe disse que podia ficar ali na sua casa.

Confias em mim?

Claro que sim. Já tinha agilidade outra vez, em falar com a linguagem dos signos.

Teria que perguntar ao Robert, se sabia alguma coisa desses meninos, eles tinham saído do orfanato, eles tinham continuado.

Não tinha sido infeliz no orfanato, mas tampouco feliz, de pequeno, tinha sofrido abusos dos maiores, mas com o tempo tinha aprendido a se defender, por isso sempre defendia os outros quando via alguém querendo fazer maldade com eles.

Foram ao hotel, recolheram suas coisas, pagar a conta, etc.

Tinham comprado coisas para fazer um bom sanduiche para a noite, se sentaram nas poltronas novas, contou sua história para o Riz.

Ele disse que sua mãe, graças a deus tinha ficado com ele, imagina nasci surdo/mudo, num orfanato.

Quando disse que tinham alguns aonde estava, que os defendia dos maiores, pois claro queriam abusar deles, por não poderem depois reclamar.   Por isso aprendi a falar a linguagem dos signos, para falar com eles.   Tinha um professor que vinha três vezes durante a semana, eu escapava das outras aulas, ia aprender.

Vejo que eres amigo de seus amigos.

Procuro ser, se andam na linha comigo.

Já eram quase meia noite, quando Robert chamou pelo celular, tinha conseguido falar com o pai do rapaz, esse disse que não sabia que tinha um filho, que era melhor não se aproximar dele.

Acho que está certo, principalmente agora, que creio que o FBI ou mesmo a CIA, está atrás dele.   Se fosse tu, colocava esse rapaz no avião amanhã mesmo.

Foi o que ele fez, o convenceu a voltar para Londres.

Começou a trabalhar com o Ferguson, lhe deram uma sala, ao lado da sua, tudo que pediu a secretária, foi um laptop, bem como blocos para fazer anotações. Claro muitos lapises.

Ela lhe avisou que os casos, estavam por ordem de entrada, na frente de cada um tinha um número, além da data de entrada.

Analisando o primeiro, deu logo de cara com que estava incompleto, anotou de que delegacia era, bem como os detectives. 

Perguntou ao Ferguson como agiria nos casos assim?

O Chefe de Polícia disse que nos ajudaria, consiga uma ordem dele, para que se entreguem as cadernetas, bem como entreviste os detetives.

Quando falou com o chefe de polícia, este anotou o nome dos dois, bem como que as provas deveriam ser entregues a ele, para analisar.

No outro dia apareceram os dois detetives, pela cara, estavam de má vontade, lhes entregaram as cadernetas, mas foi esperto, não entrevistou os dois juntos.

Quando se viram separados, a coisa ficou feia.

Primeiro não queriam responder as perguntas, foi direto ao que entrou ou me responde, sou como uma víbora que grudara no teu pé, não vou soltar até descobrir o que falta.

Este disse que ele só escrevia o que lhe mandavam escrever. Pediu para ele descrever tudo que tinha acontecido nesse dia, comece contigo levantando.  A cara do outro era de espanto, me conte como é tua rotina diária?

Que tem a ver isso com o caso?

Faça como estou pedindo, era uma maneira de saber como o mesmo se comportava no seu dia a dia. De má vontade o outro começou. Quando chegou o momento de descrever o que tinha visto no lugar do crime, o obrigou a descrever, como tinha entrado na sala, fazia perguntas, como colocaste luvas para não tocar nada com tuas mãos, em determinado momento viu que o outro ficava nervoso.  Perguntou se tinha conversado com o assassino?

Sim fiz algumas perguntas, mas meu companheiro foi quem levou a maior parte das perguntas.

Me conta o que falaste com ele, está escrito em sua caderneta?

Sim, escrevi tudo o que ele respondeu.

Seguiu, nisso de passaram duas horas, tinha descoberto que sua sala tinha uma saída pela outra lateral, mandou que ele esperasse ali.

Imediatamente fez o outro entrar, ou seja não dava tempo de se falarem.

Fez a mesma coisa, esse já estava nervoso de esperar, além do que o outro podia ter falado. Mas seguiu calmamente, esse disse que não tinha colocado luvas, ele perguntou se o seu companheiro tinha, não reparei, essas duas palavras, cada vez que mencionava o companheiro, se tornaram normal, tudo que se referia ao outro, era assim.

Ele perguntou, não reparaste, ou simplesmente não olhas para o teu companheiro.

Pelas anotações, a chamadas foram num horário, vocês demoraram para chegar quase uma hora depois.  Mesmo assim o assassino estava dentro da casa?

Sim, custodiado por dois policiais que tinha chegado primeiro.

No vosso relatório não existe o nome desses policiais, tampouco a hora que eles chegaram.

Pois já estavam lá, putos da vida pelo nosso atraso.

Por que do atraso?

Não vem ao caso, problemas particulares.

Quando perguntou se ele tinha interrogado o suspeito, disse que só o seu companheiro, mas você é o encarregado.  Não anotei nada.

Fez o outro entrar o mais interessante, foi que começaram uma discussão justo na frente dele, um acusando o outro.

Apertou um botão, entrou um guarda, mandou que ele ficasse do lado de fora.

Caramba vocês estão chamando muita atenção.

Vamos chegar a um acordo ou terei que mandar os dois para prisão.

Foi uma santa palavra.  Demoramos porque ficamos discutindo um assunto particular, por isso chegamos ao local nervosos.

Vou colocar cada um num lugar diferente, anotem tudo que viram ou ouviram nesse dia desde o momento que pisaram o local, reflexionem.

Enquanto estavam cada um numa sala, sozinhos, ele deu uma olhada nas cadernetas, realmente só uma tinha anotações com perguntas, a outra estava em branco.  Uma hora depois fez os dois entrarem, quase começou a rir, tudo que não tinha colocado estava ali, com pontos de vistas diferentes.

A quanto tempo trabalham juntos.  Os dois disseram 4 anos.

Uma pergunta, vocês tem um relacionamento, visto os dois serem solteiros?  Ficaram como um pimentão.  Aqui podem falar o que quiserem, não os estou julgando, tampouco posso comentar nada.

Sim, por isso discutimos, soltou um, ele andava saindo com outro companheiro, me deixando de lado.

Bom só posso dar um conselho, peça para trabalhar com outros companheiros.

Agora sim as coisas estavam mais completas.

Analisou cada uma, claro o advogado tinha percebido algo errado, achava que tinha poucas informações a respeito.  Depois analisou as mostras de tudo, além de tudo relacionado a vítima, bem quem a tinha matado, o motivo alegado, o laudo do perito, a análise da casa.

Agora tinha um cartão que lhe dava direito a entrar na prisão para falar com quem lhe interessasse, só tinha que avisar que iria, para que levassem o prisioneiro a uma sala especial.

Quanto entrevistou o mesmo, colocou um gravador, quando esse permitiu.

Conversou com ele a respeito.   Este contou sua história, sabia que cada vez que viajava, ela trazia alguém para dentro de casa.  Desta vez o tinha pegado em fragrante, pois tinha deixado as roupas lá.  Fugiu só com uma cueca. Anotou a hora, nada disso constava nos relatórios, os encontrei em plena discussão do que iam fazer com o dinheiro que iriam roubar de mim.

Quando me viram, o sujeito saiu, me deu um soco, mas me desviei pois tinha uma navalha na mão.

Me fez um corte aqui, quando os policiais chegaram, eles me atenderam, chamaram uma ambulância, só uma hora depois chegaram os inspetores.  Vinha com uma cara de quem tinham discutido.  Só um me fez perguntas, o outro não, examinaram muito por alto tudo.

Chamou os dois outra vez, as roupas que constavam na perícia, era como, fosse dele, mas seria impossível, pois eram um tamanho maior que do acusado.

Perguntou sobre o amante, nem sabiam disso, bom pelo que ele descreveu, o homem saiu, em cuecas da casa, olhem todas as câmeras de vídeo desse dia, desde duas horas antes de vocês chegarem, analisem cada uma.

Os dois deixam de ter qualquer caso, se quiserem arrumo uma sala para isso aqui.

Preferimos.

Falou com o juiz, omitiu o motivo da briga dos dois, por enquanto era melhor ficar calado.

Ia várias vezes por dia aonde estavam revisando o vídeo, até que deram com o sujeito, que entrava num carro, dava para ver o numero da matricula, agora façam vosso serviço direito, atrás desse sujeito.

O mesmo acabou confessando que na hora que entrou o marido, ele tinha passado a navalha no pescoço dela, por o meter nessa situação, como o outro foi preso, relaxou. Inclusive no vídeo se via aonde tinha jogado a navalha.

Quando acabou o processo, o marido solto, os dois detetives, foram separados em duas delegacias diferentes.

Vamos por bom caminho lhe disse o juiz.

Sempre recebia a visita do Robert com o Bolinha, insinuava fazer o que tinha feito antes, mas se negava. Não era o que queria para sua vida, estar sempre sozinho, já era um costume dele, gostava de ficar trabalhando ali no silencio de sua casa.

Estava analisando um processo complicado, pois envolviam vários policiais, em que suas histórias não encaixavam.  Tinha analisado os dois primeiros, suas cadernetas estava organizadas, bem como tinham feito um bom relatório, tinha atendido uma chamada, da porta a senhora da casa tinha dito que estava tudo bem, que tinha sido um mal entendido.

Já as outras chamadas era confusa, a última, quando chegaram a mulher estava como uma louca, com uma faca na mão.  Foi dada como louca, estava internada num hospital.

Os médicos diziam que não tinha nada, apenas um ataque de nervos.

Os que tinham atendido a segunda chamada, foram rápidos em sua análise, pois já sabiam da chamada anterior.

Os últimos totalmente relapsos.  Finalmente quem atendeu a última foi a mesma equipe do primeiro, viram que a coisa se escapava de suas mãos, chamaram mais agentes.  A mulher estava fora de si, ameaçava qualquer um que entrasse na casa.  Um grupo entrou por detrás encontrou toda a família morta na cozinha, a facadas.

Tentava agora encaixar tudo isso, pois muitos escreveram à sua maneira o que viram.

Estava pensando nisso, quando chamaram a porta, no momento lhe pareceu Riz, quando abriu entrou seu pai.  Ficou gelado, ao contrário do filho, o pai, parecia um bloque de gelo, queria saber se era verdade o do filho.

Sim contou a história, que o tinham confundido com ele, mas era surdo/mudo, um bom garoto.

Lastima, nunca soube de sua existência.  Talvez tivesse tomado outro rumo.

Achas que devo procura-lo, lhe deu o mesmo conselho, esqueça, deixe que ele siga seu rumo na vida.

O homem foi embora, semanas depois recebeu um e-mail do Riz dizendo que seu pai tinha feito contato, queria vê-lo.

Tentou faze-lo ver que podia ser perigoso, pois agora sabiam quem ele era, podia o seguir até seu pai.  Acho melhor você ficar em Londres.

Mas uma semana depois bateu em sua porta, pois ele era o único que o entendia.

Dito e feito, no dia seguinte o FBI fez contato, queria saber o que tinha vindo fazer o rapaz outra vez em San Francisco.

Veio me visitar, afinal sou seu amigo.

Não convenceu muito, o pai não apareceu nem fez contato, ele voltou para Londres com o rabo entre as pernas, o convenceu de ir-se, ficava com pena dele, mas era o melhor.

Contou tudo para o Juiz, não entendi a jogada desse homem, creio que o que queria era criar uma grande confusão nisso tudo.

Para continuar seu trabalho, foi até a clínica que a senhora estava, se sentava regia numa cadeira, não falava com ninguém, ele nesse dia vestiu um uniforme, ficou sentado como os outros internos a observando de longe. Notou que ela fazia o mesmo com todos dali.  Quando via que não havia ninguém por perto, provocava alguém para que essa pessoa perdesse os nervos, quando fazia isso, ela aproveitava para roubar coisas do carrinho dos enfermeiros.

Não se preocupe, pois temos tudo isso gravado, mas ela rouba, o recolhemos de volta, mostrou o vídeo desse dia, dois enfermeiros tinha lutado com ela, pelo que tinha retirado do carrinho, uma faca de plástico.

Quando a entrevistou, se mostrou apática, fez cara de vítima, ele usou seu método, ficou ali sentado sem fazer nenhum movimento, até que ela começou a ficar nervosa, perguntando se tinham sido eles quem o tinham mandado.  Que a deixassem tranquila, agora estava em paz.

De quem esta falando, ela recitou os nomes dos filhos, do marido.

Ah, não se preocupe, pediram o divorcio da senhora, ficaram com a casa, fazem festas muito bonitas.

Ela ficou aos gritos, por isso os matei, um a um, queriam viver, não podia permitir.

Mas seguia tendo a ideia de que alguma coisa não funcionava, foi entrevistar, apesar dos policiais terem feito isso, cada um dos vizinhos, todos falavam das enormes broncas na casa.

Perguntava sempre quantos filhos era. Falavam sempre de três, mas uma falou que o mais velho, filho do casamento anterior, nunca estava ali, devia viver fora.

Foi checar, não deu outra. Procurou saber se existia algum seguro de vida da família, sempre esse mais velho era o que devia receber tudo.

Conseguiu localizar uma prima da senhora, essa contou que sempre tinha sido desequilibrada, do primeiro filho, ficou meses deprimida, quando morreu o marido num acidente, recebeu uma boa fortuna, que investiu nessa casa.  Até se casar novamente, vivia bem com o filho, quando se casou outra vez, teve em seguida dois filhos, os meninos, desta vez estava eufórica, mas quando ficou gravida outra vez, nasceu a menina.  A depressão foi brutal, esteve em tratamento muito tempo.

O filho mais velho tinha saído de casa já a tempo, não tinha ideia de aonde ele estava.

Chamou os dois primeiros policiais, eles não tinha alertado nenhum inspetor. Chamou em seguida os que tinham atendido no final.

O trabalho de vocês foi uma merda, a mulher tinha outro filho, que ninguém sabe aonde está. Sofria depressão pós parto, vejo que as entrevistas com os vizinhos está mal organizada, creio que devem voltar a analisar tudo.  Lhes deu uma cópia do que já tinha descoberto, agora façam um trabalho como deve ser.  Quero um relatório diário dos passos.

Saíram dali foram fazer uma queixa contra ele, se deram mal, receberam ordens de acatar tudo que tinha sido dito.

Levaram uma semana caçando o filho.  Este vivia nas drogas, quando o trouxeram, mandou que os detetives ficassem numa sala ao lado.

Fez o mesmo de sempre ficou em silencio, o garoto estourou, imagina viver com uma mãe desequilibrada, que te policia todos os dias, te segue quando sais com teus amigos, arma escândalos, assim que os gêmeos nasceram fui embora, vinha cada semana para receber minha mesada, cada vez era motivo de escândalo.

Todas as outras vezes que os agentes tinham ido atender, não era uma briga com o marido, esse não se metia, o filho não era dele.

Da última vez, estava como louca, me ameaçou com uma faca, ou eu voltava para casa, ou me mataria. Quando ia sair, ela avançou como sempre fazia querendo me pegar, nisso seu marido tentou intervir, dizendo que me deixasse em paz.   Ela se virou dizendo que a culpa era dele, que seu filho querido vivia nas drogas.  Eu fui saído rápido pela porta da cozinha, quando olhei para trás ela tinha dado uma facada nele, gritava com os meninos que eram culpados de terem um irmão drogado, fui eu que chamei a polícia.

Não tentaste salvar nenhum?

Se eu entrasse ela me mataria.

Perguntou que horas tinha sido isso, ele disse uma hora, não coincidia com a chamada, inclusive a voz era de mulher.  Colocou numa gravadora.   Era ela gritando que ele tinha matado todos.

Ele ficou gelado, sabes o que isso significa?

Sim, fui eu que os matei, na verdade ela avançou para cima de mim, eu me esquivei, ela deu uma facada no marido, creio que na jugular, pois o sangue esguichava.  A cada vez que ela se aproximava de mim, eu colocava um filho na minha frente, assim ela matou todos eles, de repente se resvalou no sangue, eu fugi.

Lhe perguntou se ele ela canhoto.

Não senhor, ela sim. Bem como os outros.

Ele realmente não tinha sido ferido em nenhum momento, fez uma coisa, o levou com os dois policiais ao hospital, ela quando o viu, apesar de estar medicada, avançou em cima dele, dizendo por tua culpa fui matando um a um.

O rapaz se escondeu atrás dos policiais, ela verbalizou tudo que tinha acontecido.

Ele também ficou preso, por usar os irmãos como escudo.

A cara dos inspetores era ótima no final de tudo, tinham feito um trabalho de merda, bem como os anteriores, que não entraram na casa, nem tampouco procuraram saber realmente o que tinha acontecido dentro.

Um ano depois, estava exausto, o juiz tirou férias, ele também, foi até Londres ver o Riz, o viu completamente diferente, mais agressivo.  Quando conversou com ele, respondeu que o pai tinha vindo, tinham feito uma prova de ADN, em seguida foi embora sem se despedir de mim.

Antes me contou uma história nada romântica sobre minha mãe, que ela fazia sexo com todos, uma série de coisas, achava que ele não era seu filho.

Tampouco queria um herdeiro para seus negócios que fosse surdo/mudo.  Estou indo a um psicólogo.  Tenho agora por causa de uma burrice minha, um problema de agressividade horrível.

Quando voltou, encontrou-se com um problema, tinha havido um acidente, os dois amigos estavam em coma no hospital.  Alguém tinha tentado elimina-los.  Tinham dado um tiro nos pneus do carro com os dois dentro.

Estavam em coma induzido, com o quarto vigiado.

Começou a analisar tudo, ficou surpreso em descobrir que o Robert não tinha propriedade nenhuma, ao falar com os empregados, ficou surpreso, pois disseram que ultimamente discutiam muito, uma delas, que era a secretária, dizia que o Bolinha reclamava que não devia ter se metido com esse traficante de armas, que o outro alegava que era muito dinheiro.

Nem tudo era trigo limpo na história, pois apertando o banco, descobriu que Robert fazia grandes investimentos fora dos Estados Unidos, que o dinheiro nunca voltava para cá.

Dos dois o que estava pior era o Bolinha, ficou com lastima dele, afinal, era o mais equilibrado na relação, era quem segurava o outro.

Foi a casa deles, com um mandato, analisou a casa inteira, dormiam em quartos separados, o Bolinha como um adolescente escrevia um diário.  Falava do encontro entre os dois, pulava sempre para quando tinha alguma novidade. 

Falava do atentado que ele tinha sofrido, desconfiava que o Robert sabia que ele era o alvo, mas não tinha provas, só descartou quando raptaram o franco atirador, esse contou tudo.

Mas o de se aproximar, tentar um relacionamento era ideia sempre do Robert.  Nunca o conseguiu tirar da cabeça, os homens com quem gostava de fazer sexo, tinham que ser parecidos com o Drew.  Citava vários nomes, ele pensa que me engana, mas sou mais esperto.

Realmente os bens com a desculpa de estarem protegidos estavam no nome dele.

Falava do contato com o pai do Riz, que agora Robert lavava dinheiro para ele, acho que isso vai acabar mal.

Depois falava das visitas do FBI, da CIA, que estavam atrás do Robert por causa disso.

Nessa semana o Robert veio falecer, alguém tinha entrado de noite no hospital, cortado o tubo que ligava ao respiradouro.

Dois dias depois o Bolinha morreu, mas de causas naturais.

Levou uma puta surpresa, pois era o herdeiro dele, todos os bens passavam a ser seus.

Ficou horrorizado, pois nunca tinha imaginado nada disso.  Fez uma coisa, conversou com o advogado que o tinha procurado, ele ficaria provisoriamente só com o apartamento que vivia, o resto devia ser vendido, que esse dinheiro fosse entregue ao orfanato todos os meses, como uma doação dos dois.  Assim com o que era dinheiro sujo, ficava limpo.

Quanto ao dinheiro do Robert, ele não tinha menor ideia, ele não tinha testamento.

A partir daí, começou a visitar o orfanato, uma empresa organizava reforma do mesmo. Ria com a freira que sempre tinha tido carinho por ele.

Um dia lhe disse, hoje ele não esta na escola, tenho outro Drew, foram para o pátio, ficou rindo, era exatamente como ele se comportava. É um caso parecido com o teu, foi deixado aqui, tinha dias, ficou meses entre a vida e a morte, é um lutador, é o melhor aluno na escola que vai, fora daqui, mas volta todos os dias, defende os pequenos de todos os abusadores.

Drew venha aqui, o apresentou, esse é o Drew que te falo sempre.  Ele ficou parado na frente dele, em silencio, o observando.

Lhe soltou, esse truque fui eu quem inventou, estás esperando que eu fale primeiro, verdade?

Sim como sabe. Pois era o que eu fazia nessa época, uso esse truque até hoje.

Funciona?

Sim, mas veja, você parpadeou duas vezes.  Isso te faz perder o jogo, porque eu esperei para poder falar.

Choca aqui amigo, lhe disse o garoto.

Perguntou o que ele gostava de fazer?

Ler, para fazer com que minha mente saia daqui, vague pelo mundo afora.

Depois de meses o visitando, levando os livros que ele lhe pedia, o adotou.

Agora de brincadeira o chamava de Jr, porque dois com o mesmo nome era difícil na mesma casa.  O deixou arrumar seu quarto como queria, mas quando chegava em casa, ele sempre estava sentado com um livro, lhe dizia vou ser escritor, verás.

Mas iam sempre ao orfanato, ele não se esquecia dos amigos.  Eram mais dois, os adotou também, assim poderiam ter um futuro.   Saia com os três, sempre nos finais de semana, se acabou o tempo debruçado em cima de papeis, procurando erros dos outros, nunca mais os trouxe para casa.  As noites agora, eram com conversas, vendo algum filme na televisão, os três eram inteligentes.

Quando se aposentou, eles já estavam na universidade, todos com bolsas de estudos.

Ele nunca mais trouxe nenhuma aventura para casa.  Adorava os domingos quando ainda era pequenos, que corriam para sua cama, para planejarem o que fazer nesse dia.

Foi a formatura dos três, nenhum saiu de casa, todos estudaram na cidade para não se afastarem.  Drew, realmente virou um bom escritor, os outros um era médico o outro arquiteto.

Quando os dois se casaram, Drew disse para ele, pai, eu fico contigo, afinal sou gay, mas não quero confusão com ninguém.

Quando trouxe seu primeiro namorado sério, ficou rindo, parecia com o Bolinha, pensou isso não vai durar, mas estavam juntos a mais de 10 anos.

Ele uma vez por mês se reunia com o juiz, conversavam, esse de brincadeira dizia que devia ter-se casado era com ele, que o entendia.

Agora é tarde demais para isso, seguiam bons amigos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

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