Diziam que tudo
em volta dele sempre era turbulento, chegava a concordar, embora ele como
pessoa fosse um remanso de tranquilidade na hora de trabalhar, a sensação de
quem estava a volta era que a adrenalina não fazia parte de sua vida, que a
frialdade predominava.
Voltava agora a uma
delegacia, tinha passado os últimos meses, trabalhando como interno, devido a
uma ferida a bala, que lhe impossibilitava no momento atirar. Foram meses de reabilitação, para poder
voltar outra vez ao batente.
Enquanto isso lhe
deram um encargo, checar os relatórios dos agentes, ultimamente esses
relatórios eram incompletos, ocasionando que os advogados se aproveitavam
disso, para liberarem seus clientes.
Ele era conhecido
por seus relatórios, bem como conclusões perfeitas, isso talvez, por ter feito
universidade de direito. Saiu com louvor, mas a vida dá muitas voltas, não
gostava de estar do outro lado da lei, livrando criminosos.
Optou pela
polícia para depois de estar trabalhando algum tempo num escritório de
advogados. Seu trabalho era justamente esse analisar os relatórios da polícia.
Pelo menos
aproveitou isso, saber analisar um relatório, ver os erros cometidos pelos
policiais, saber nas entre linhas do que escreviam.
Na hora de
analisar o relatório, pedia que a caderneta que tinham usado estivesse ao seu
dispor, quando um deles se negou, apenas lhe disse que estava lhe ajudando,
imagina que aparece algum erro, serás o culpado, todos virão em cima de ti.
Ele conversando
com esse policial, todos riram, ele tinha 1,90 metro de altura, o outro era baixinho,
tinham trabalhando anteriormente juntos.
Analisou o
relatório do mesmo, encontrou lacunas, o chamou para verificar, que o tinha
feito mudar certas coisas.
Andrew, lhe
comentou que o relatório tinha sido feito pelo outro detetive, ele sempre muda
tudo, nunca entendo por quê. Tem muitos amigos advogados.
Pediu a caderneta
do outro, esse se negou, disse que quem escrevia era seu companheiro.
Ficou com a pulga
atrás da orelha, se um fazia anotações, porque era o outro que escrevia o
relatório.
Falou com o chefe
deles, mas esse tirou o corpo fora.
Mostrou a esse,
aonde os advogados poderiam usar para livrar seu cliente.
Mas nem assim,
conseguiu nada.
Como quem tinha
lhe dado esse trabalho era o chefe de polícia, foi falar com ele, este abriu os
braços quando o viu, salve Drew Sacktis, vamos ver o que me trazes, porque eu
espero de ti a verdade.
Comentou com ele
o que tinha descoberto, que em pelo menos três casos, seria batalha perdida nos
tribunais. Inclusive, seu amigo tinha
anotado certas peças para provas, essas não existiam ou tinham sido perdidas.
Há algo de estranho
nisso tudo. Segundo um deles, o chefe da
equipe tem muitos amigos advogados, mas que o inspetor chefe fique quieto é
muito estranho.
Quero que
acompanhes esses julgamentos, quero ver como se comportam como testemunhas,
direi ao fiscal que os cite como tal.
Marcou a data de
cada julgamento, compareceu com todas suas anotações, para checar.
Procurou passar
desapercebido, o que no seu caso, era difícil.
Mas de tonto não tinha um pelo, antes procurou na sala um lugar que fosse
discreto. Chegava antes se identificava,
se sentava ali. Nunca era o responsável
pelo que estava escrito que testemunhava, sempre sobrava para alguém, que na
verdade se perdia ao responder as perguntas.
Dando clara vantagem ao advogado.
Tinha gravado
tudo isso, comparado o depoimento, com o que estava escrito, nunca nada batia.
Voltou a falar
com o chefe de polícia, foi o que eu imaginei meu caro, agora vem o pior, quero
que você como já tem a alta, se integre nessa delegacia. Observe tudo, me faça um relatório semanal do
que acontece.
Quando se
apresentou, lhe olharam de esquerda, pois sabiam do trabalho que tinha feito
antes, ninguém queria ser seu companheiro.
Se ele tinha uma coisa a seu favor, era o fato de ser bom observador,
bem como saber usar sua intuição. Lhe
tocou durante um tempo ser justamente companheiro do cabeça da história, ainda
pensou era como estar infiltrado numa quadrilha de traficantes. Este examinava a cena do crime, sempre com
pressa, não lhe interessava muito, dizia que ele escrevesse tudo, depois ele
faria o relatório.
Para surpresa
deste, ele mesmo fazia o relatório, a partir que tinham o mesmo status, o fazia
corretamente, agregando tudo, analisava as provas, as catalogava, em seguida
apresentava para o chefe. Este dizia,
quem tem que fazer o relatório é o teu companheiro.
Nada disso, eu
faço o relatório do que vi, se ele quiser faça outro, pois em nenhum momento
prestou atenção em nada. Tenho o mesmo
status dele, ele não é meu chefe, sim meu companheiro. O outro ficou uma fera.
Em seguida o
descartou, logo lhe tocou o Andrew como companheiro, ai foi mais fácil, mesmo
assim o outro queria ver o relatório, não o permitia, quando os casos foram
levados a julgamento, claro os advogados não encontraram nenhuma brecha.
O fiscal o chamou,
lhe agradeceu, tudo que vem desta delegacia, é sempre uma merda, o teu é
perfeito.
Um dia encontrou
o mesmo fuçando, colocando uma coisa no bolso, de sua caixa de provas, o
encostou na parede, retirou o que tinha colhido dali. Nunca mais te atrevas a fazer isso, se eres
corrupto, é um problema teu, mas nos meus casos, cuido eu.
Revisou tudo,
faltavam duas coisas, deu queixa ao chefe, esse levantou os ombros, por sorte
relatou isso ao chefe de polícia.
Já se corria
rumor, que toda a delegacia seria trocada.
Estava no carro
como Andrew, que justamente lhe dizia, que trabalhar com ele, era melhor,
estava livre das merdas do outro.
Foram chamados
todos os carros, para uma troca de tiros num lugar complicado.
Segundo a
chamada, tinham cercado um traficante de drogas.
Mal chegaram
apesar de proteger o carro, era como se alguém o estivesse esperando, Andrew
levou um tiro certeiro na testa. Como um
relâmpago, se jogou fora do carro, tratou de se proteger, avistou na parte mais
alta, um franco atirador. Que merda é
essa, pensou, os traficantes não têm franco atirador.
Foi procurando
dar a volta ao carro, mas pareciam que todos os carros, seja de que lado fosse,
atiravam na mesma direção, olhou para uma lateral, estavam pelo menos uns cinco
policiais mortos, memorizou suas caras.
Justo nesse hiato
de distração, recebeu uma bala no mesmo braço ferido anteriormente, o que o
jogou no chão.
A partir desse
momento tudo foi uma confusão geral, pois os traficantes, passaram a atirar com
metralhadoras, na outra direção. Alguém
o arrastou, o deixou junto aos outros policiais, disse baixinho, velho amigo,
te cuide, coloquei no teu casaco um número de celular, entre em contato
comigo. Como num relâmpago, reconheceu
Robert Smith, um velho companheiro de orfanato.
Em seguida perdeu
os sentidos. Escutou longe, o filho da
puta, que tinha chamado todos os carros, reclamando que tinham raptado um
deles. Mas não dizia qual.
Nesse momento a
ambulância, recolhia os feridos, uma enfermeira deu com ele, chamou os outros
para a ajudarem, escutou o mesmo dizendo, esse desgraçado era para estar morto.
Então entendeu,
era uma emboscada.
Foi direto para a
sala de operações, lhe retiraram a bala, teria que colocar uma prótese, o
fizeram em seguida. Despertou no quarto,
que estava vigiado, ainda meio sonolento, o médico lhe disse que desta vez
tinha uma prótese, que iria demorar mais tempo em reabilitação.
Tornou a dormir,
viu que entravam dois enfermeiros, que faziam uma coisa, estranha, abriam uma
porta ao lado da cama, lhe retiravam dali, colocando outra pessoa no seu lugar.
Reconheceu pela
voz, pois estava de máscara cirúrgica, o Robert Smith, que lhe fez sinal de
silêncio, viu que ele, se escondia, tinha uma pequena câmera de vídeo.
Depois escutou
tiros abafados no outro quarto. Uma voz irada dizendo, mas não é ele, o filho
da puta conseguiu escapar, mas isso não fica assim. Nesse momento, uma grande confusão, pois
apareceram vários agentes do FBI, prendendo quem estava no outro quarto.
Robert, chegou-se
à cama, colocou a câmera de vídeo embaixo do braço ferido, depois me contata,
que te conto mais coisas.
Até descobrirem
aonde ele estava foi demorado. Disse não saber de nada, porque o tinham trocado
de quarto, tampouco sabia o que tinha acontecido ali.
No dia seguinte o
chefe de policia o veio ver. Desculpe essa
confusão que te meti, agora estão atrás das grades, todos eles, incluindo o
chefe da delegacia.
Todos estavam
envolvidos em uma série de merdas, tu estavas dentro, me fazia os relatórios,
conforme isso, pedi ajuda ao FBI. Mas de
qualquer maneira alguém creio que te ajudou, o tiroteio era para te matar sem
duvida nenhuma, teu companheiro o Andrew, pagou o pato, embora anteriormente
fizesse parte da coisa.
O duro agora será
levar todos eles a julgamento, a quantidade de advogados que apareceram para os
defender, foi grande.
São os que se
beneficiam do que fazem de errado.
De qualquer
maneira, foram requisitados todos as anotações das cadernetas.
Quando pode se
sentar, finalmente pode ver o que tinha na câmera de vídeo, avisou o chefe de
polícia, este veio, ficou rindo, o dito cujo alega que entrou para te proteger.
Depois lhe contou
por celular, que na hora que viu a prova, o advogado que o defendia, desistiu
do caso.
De noite,
apareceu o Robert, vestido de enfermeiro, lhe agradeceu ter salvado a sua vida.
Meu amigo, se
desde crianças vinhas salvando a minha, lembra-se eu era o gordinho da turma,
todos se metiam comigo, tu o mais alto, nunca permitia que ninguém abusasse de
mim, ou fizesse bullying, eu nunca me esqueci disso, os dois saímos ao mesmo
tempo do orfanato, tu com uma bolsa de estudos, eu tive que ir para o exército,
foi lá que aprendi a fazer o que faço hoje, não imaginas a quantidade de
trafico que se faz dentro das forças armadas, camuflado em várias coisas.
Te trouxe um
vídeo definitivo, mostrou o que era numa cópia que tinha no seu celular, conseguimos
entrar por detrás capturar o que estava de franco atirador, que matou teu
companheiro, só o entregaremos na hora que diga. Era o mesmo confessando como tudo se tinha
tramado, quem era o cabeça da história. Incluía inclusive o chefe da
delegacia.
Extorsionava
todos os traficantes que trabalhavam na zona, recebiam dinheiro dos advogados,
ele tem tudo anotado, num caderno que está embaixo de sua mesa, é necessário
retirar um pequeno ladrilho, está debaixo.
Passou isso ao
chefe de polícia, bem como a cópia do vídeo.
Quando o caso foi
levado a julgamento, o advogado estava nervoso, evidentemente que sabia que
perderia a causa. Não sabia desse vídeo,
que o fiscal guardou até o último momento.
O mesmo entrou
totalmente arrogante, como dizendo não podem fazer nada contra mim.
Mal sabia que com
os nomes de todos os advogados, os escritórios dos mesmos, estavam nesse
momento sobre intervenção do FBI.
Justo na hora que
entrava o Juiz, alguém disse ao seu advogado o que acontecia.
Quando foram
apresentado as provas, dele inclusive entrando no quarto, atirando na cama, que
tinha já um morto, o que ele dizia, o advogado deveria dizer que não aceitava
essa prova, estava estático. Quando o
fiscal, apresentou o depoimento do que era franco atirador, contando tudo, inclusive
aonde estavam as anotações dos nomes dos advogados, o quanto tinha recebido de
cada um por ajudarem a perder o processo.
Ficou com a boca
aberta, ia dizer protesto, mas nesse momento o juiz, declarou, que o julgamento
estava finalizado, o condenava a cadeia perpetua, bem como seu advogado, que
estava preso por comprar resultados nos julgamentos, saíram os dois algemados
da sala, viu que ele o procurava, mas estava sentado justamente atrás de dois
policiais mais altos do que ele.
Voltou ainda para
o hospital, fazendo fisioterapia, quando finalmente pode voltar para casa, teve
que rir, tinham invadido seu apartamento, talvez esperando encontrar alguma
coisa lá, devem ter pensado, esse idiota mora mal. Ele vivia num último andar de um velho
edifício sem elevador, minúsculo, era um quarto pequeno, a sala com uma varanda
também pequena, uma cozinha, o banheiro era pequeno, mas com um box de chuveiro
grande. Ele usava o apartamento a
muitos anos, tinha pintado a última vez ele mesmo. Todo que devem ter encontrado, pois estavam
todos atirados no chão, era uma quantidade absurda de livros, suas roupas
tampouco eram muitas, 90% roupa de trabalho, quando muito tinha duas calças
jeans, umas quantas camisetas, que agora estavam prontas para irem para o lixo,
de tão pisadas que estavam.
Virou as costas,
desceu as escadas, amanhã mando alguém fazer uma limpeza, separar os livros
colocar numa caixa, fica perigoso voltar a viver aqui.
Foi para um
hotel, aonde conhecia o dono. Ligou para
o Robert Smith, disse aonde estava, que tinham destruído sua casa, mas não
importava.
Estava jogado na
cama quando este chegou, escutou uma batida na porta, pegou seu revólver, foi
olhar quem era, levou um susto, ele entrou o abraçou, ah amigo, quanto tempo,
atrás dele tinha outra pessoa, não lhe era desconhecido.
Este estava louco
para te ver, quando o puxou para a luz, ele gritou, “Bolinha”, era outro
companheiro que ele defendia, por ser baixinho, usar óculos. Tinha crescido, estava magro, tinha uma cara
boa.
Sentaram no chão,
não havia outro lugar, era como faziam quando criança, sentar-se em algum lugar
do imenso pátio, principalmente quando já eram adolescentes, como nunca tinha
querido adota-los, nem eles tampouco queriam ser separados.
Ele conseguiu sua
bolsa de estudos para a universidade, segundo os dois era o mais inteligente
deles.
O que fazes
Bolinha?
Tomo conta para
que esse senhor, não estrague sua vida, ele foi para o exército, eu fui estudar
ao mesmo tempo trabalhar, fui aprender contabilidade.
Junto montamos
uma empresa, durante muitos anos lavamos dinheiro dos traficantes, agora
estamos fora, foi por isso que o filho da puta do teu colega, nos queria morto,
sabíamos aonde tinha seu dinheiro.
Mas vocês se
casaram, tem família, um olhou para o outro começaram a rir, sim temos família,
formamos um casal de delinquentes que se ama.
Se lembra da vez
que nos pegaste, eu o estava masturbando?
Sim claro que me
lembro, fiquei furioso, mas depois entendi que vocês se gostavam, era iguais,
eu também sou gay, mas nunca dei certo em nenhum relacionamento. Tentei me casar, mas graças a deus, terminei
antes, não achava justo enganar a coitada, se casou com um outro companheiro,
agora está viúva.
Se procura
apartamentos, temos muitos, em vez de ficar levando dinheiro para fora, fomos
comprando apartamentos, reformando, inclusive temos um que se parece contigo,
me lembro que dizias que teu sonho era ter um apartamento que tivesse uma
biblioteca, tínhamos visto um filme no orfanato, em que aparecei um garoto
sentado na poltrona do avô, na biblioteca, dizia que esse era teu sonho.
Temos um assim,
verdade Robert?
A maneira como os
dois se olhava, se via que eram realmente duas pessoas que se amavam.
Robert se
levantou para ir ao banheiro, o Bolinha soltou, ele sempre foi apaixonado por
ti, mas tinha medo. Uma vez se meteu na
tua cama, mas ou dormia ou fingia dormir.
Pense bem
Bolinha, como podia alimentar uma coisa, se íamos cada um para um lado
diferente depois.
Que estão falando
de mim?
Da noite que te
meteste na cama dele, esperando que algo acontecesse.
Cheguei a pegar
no piru desse filho da puta, mas era como se eu não existisse.
Não podia
alimentar nada, sabia que me querias, mas eu sonhava com coisas, como
conquistar o mundo, mas claro na realidade o buraco é mais em baixo.
Realizei tudo
pela metade, sou bom no que faço analisando situações.
Se estivesse no
nosso lugar agora, o que farias?
Se vocês já tem
esse capital, sairia do pais durante um tempo, inclusive se pudesse mudaria de
nome, voltem diferentes, construam algo, tenham filhos, adotem já sei que iam
dizer que era impossível. Se lembram
quantas crianças saiam, voltavam frustradas, pois se sentiam rejeitadas, mesmos
as que por algum motivo tinham sido motivo de abusos. Todos queriam uma família, menos nós que juramos
ser uma família.
Veja, agora, as
coisas serão mais duras, por isso lhes digo, se mandem daqui, passem um tempo
fora, mudem de nome, façam algo diferente.
Temos um
edifício, queríamos transformar num hotel, para homens solteiros, já sabes,
quem sabe.
Brincando o
Robert disse, para comemorar devíamos os três ir para a cama, fazer sexo.
Ficaram rindo,
mas realmente era a vontade deles, quem encontrou a saída foi Drew, nem posso
imaginar, com o braço como tenho, segurar o pau dos dois.
Mas sem querer
acabaram os três na cama, foi uma coisa fantástica, ele no meio dos dois, se
sentiu querido como nunca tinha sentido na vida.
Acabaram dormindo
ali os três agarrados um ao outro.
Despertou com o braço doendo muito, merda, exagerei, mas claro, era
porque o Bolinha estava dormido em cima do mesmo.
Tentou se
levantar, mas estava no meio dos dois.
Acabaram se
despertando, um olhava para o outro com uma certa vergonha, depois começaram a
rir, imagina se a polícia entra agora, íamos presos.
Bolinha ficou
para ir mostrar o apartamento para ele.
No carro foi dizendo, realizaste um sonho dele, fazer sexo contigo. Sempre falava nisso para mim.
Ele me salvou a
vida outro dia, se não fosse ele estaria morto.
Pois ele diz que
salvaste a vida dele, muitas vezes no orfanato.
Sempre nos defendia, acabamos formando nosso grupo.
Dos três ele
sempre foi o mais triste, pois sabia que tinha família, mas não entendia por
que tinha colocado no orfanato. Era
muito pequeno para se lembrar.
Nos dois claro
fomos bebês para lá, aprendi a me defender desde pequeno, soltou o Drew tudo
que deixaram foi um bilhete com meu nome, mas nunca encontrei ninguém com esse
sobrenome. Depois pensei, para que, se
me deixaram deviam ter algum motivo.
Não entendo,
porque não tens ninguém contigo, tem um porte, uma presença impressionante.
Tampouco, acho
que as pessoas querem isso, essa presença, mas quando me conhecem realmente,
fogem.
Lhe mostrou o
apartamento, Bolinha disse, não se preocupe, pertence a minha empresa, não tem
nada de irregular aqui. Era muito bom,
estava também num último andar, o edifício tinha sido reformado a algum tempo,
tinha elevador. Realmente se deslumbrou,
no que seria uma sala, era uma biblioteca, além de dois quartos, banheiro,
cozinha, uma boa varanda, lhe perguntou se podia fechar a mesma para usar nos
meses de inverno.
Bolinha, lhe
mostrou, que atrás de uma estante, tinha um cofre.
Os herdeiros,
venderam toda a biblioteca, parece que era uma coleção impressionante, quando
comprei, essa estante estava afastada, o cofre, limpo, mas quando reformei,
fechei isso, para ninguém ver, terás que chamar alguém que saiba manejar isso,
para colocar um novo segredo.
Quanto queres de
aluguel?
Quanto pagavas no
outro, estava mais central?
Lhe disse o
valor, te cobro 10% mais se fazemos sexo agora.
Nada disso,
prefiro pagar mais, mas fazer sexo só contigo, seria criar problemas com o
Robert, isso nunca. O que aconteceu
ontem não vai se repetir.
Vamos ao meu
escritório para fazer o contrato.
Nisso o chamaram,
era o chefe de Polícia, disse o nome de um Juiz, o hospital que estava, foi
operado a dois dias, quer falar contigo, para oferecer um trabalho.
Mas antes passou
pelo escritório do Bolinha, que era bem situado, com várias pessoas trabalhando
para ele. Assinou o contrato, bem como
lhe deu o número de sua conta para cobrar todos os meses, com as chaves no
bolso foi para o hospital.
Perguntou pelo
Juiz Ferguson, lhe disseram o número do quarto.
Quando entrou o
encontrou de mãos dadas com um homem muito bonito.
Entre disse este,
devia ter uns cinquenta a sessenta anos.
Ele se
apresentou. O juiz apresentou ao outro,
Justin Brown, meu marido.
Tens algum
problema trabalhar com um juiz gay?
Riu, se contasse
da noite anterior, mas respondeu, não senhor, eu também sou gay, era a primeira
ver que verbalizava isso.
Sente-se, lhe
explicou, eu assim que sair do hospital, vou chefiar um novo sistema de
julgado, vamos atender pessoas que foram injustamente, ou justamente
presas. Teremos que examinar todo o
expediente com lupas, para saber realmente se foi culpa da pessoa, se não tem
nenhuma prova manipulada, coisa assim. Seria
trabalhar diretamente comigo. Pelo que
sei, o teu chefe te elogiou muito, a não ser que queira se livrar de ti. Que nisso eres muito bom analisando os
perfis, bem como os documentos.
Mas o primeiro
caso que quero, é resolver um problema pendente, seu antigo companheiro,
prendeu um rapaz, surdo mudo, que se parece com um traficante de armas, deu-lhe
uma surra de fazer gosto, pois o mesmo não respondia a nada. Agora seu advogado, recorreu, pois ele nem
americano é. Sim inglês, que veio aqui
procurando seu pai, pelo visto o mesmo é um traficante procurado.
Nisso chegou sua secretária
o apresentou, Elizabeth Schuster, melhor não podia ser, disse que ele ia
trabalhar na nova fase, terás que o atender também. Trazia
um folio, tudo que encontrei a respeito do rapaz. Riz Richard, tem uma foto de quem seria seu
pai, a dele, pouco mais, pois parece que o prenderam por não entender a
situação.
Se pudesses
entrevistar com ele, seria ótimo, firmou uma autorização, para essa entrevista,
veja o que podemos fazer, leve junto um que fale a língua dos signos, pois é
como ele se comunica.
Eu quando estava
no orfanato, tínhamos dois rapazes surdos, aprendi a língua dos sinais.
Sim me informei a
respeito de ti, dizem que eras o defensor de muitos deles, para que não
sofressem bullying.
Eu aprendi a me
defender desde pequeno, nunca suportei os abusos.
Tentarei ir hoje,
depois tenho que fazer minha mudança, arrasaram meu apartamento, pensando que
tivesse ali alguma documentação. Arrumei
outro apartamento, assim não sabem aonde estou.
Foi a prisão, era
tipo prisão preventiva, mas o rapaz já estava a mais de um mês ali.
A aparência do
mesmo era lamentável, se identificou, ele sorriu, finalmente um que fala como
eu.
Lhe disse que
fizesse os sinais devagar, pois fazia tempo que não usava a linguagem dos
signos.
Lhe contou que
sua mãe tinha morrido a pouco tempo, esteve quando jovem estudando aqui,
conheceu um homem paquistanês, se apaixonou, só tenho uma foto dele, os
policiais me pegaram justamente mostrando a fotografia, perguntando pelas
pessoas. Me deram uma surra, porque não
falo, estudei, sou formado em literatura, mas não falo direito.
Vou verificar
tudo, aonde estavas hospedado, ele deu a direção.
Dali foi ao
hotel, o mesmo foi considerado como abandonado, suas coisas estavam numa bolsa.
Ele apresentou
seu distintivo, levou tudo com ele. Não
sabia por que mas já sentia pelo mesmo um carinho especial.
Voltou a
hospital, encontrou o juiz sozinho, falou com ele, o que o rapaz tinha
explicado, creio que roubaram todo o dinheiro que tinha, pois na bolsa do
hotel, está vazia.
Esses filhos da
puta, sempre abusaram das pessoas que prendiam.
O Juiz escreveu
uma ordem de soltura, mas veja se o coloca num lugar que possa depois ir ao
fórum, eu volto dentro de dois dias.
Arrume tua casa,
depois falamos.
Telefonou ao
Robert, ele saberia quem era o pai do rapaz.
Ficaram de ir com
um furgão, buscar suas coisas.
Conseguiu num
supermercado perto, caixas de papelão, comprou adesivos largos para lacrar as
caixas.
Ia separar por
temas ou ideias os livros, mas na verdade, estavam antes metade em pilhas pelo
chão, porque na estante não cabiam mais.
A verdade era que cada vez que ia procurar alguma coisa, batia
nisso. Estarem misturados, aí tinha que
procurar, um fato que gostava, pois acabava encontrando algum livro, que relia
outra vez.
Resolveu, que na
hora que fosse colocar nas estantes da biblioteca de sua nova casa, faria isso.
Guardou tudo, no
dia seguinte, teria que comprar camas para os dois quartos, bem como colchões,
ainda pensou em um deles, forrar com tatame, para fazer exercícios, quando o
braço ficasse bom.
Ali não sobrava
mais nada, nem roupa, que estavam todas rasgadas, nada da cozinha era
aproveitável, falou com uma senhora, que disse que limparia o apartamento.
Depois falou com
o proprietário, avisou que se ia, que a senhora ia atirar tudo, depois podia
mandar pintar, arrumar o que estava quebrado, debitar na sua conta.
Não se preocupe,
foste o melhor cliente que tive, nesses anos todos vivendo aqui, nunca deste
trabalho.
Mal pode ajudar
os dois a descerem as caixas, seu braço não permitia. Mas Robert, chamou uns
garotos que estavam por ali, lhes deu dinheiro.
Não me diga que
tudo isso é caixa de livros?
Sim, meus bens
mais preciosos, sempre foi minha paixão desde que aprendi a ler.
No outro
apartamento ele fez a mesma coisa. Disse
o que estava pensando em fazer no segundo quarto.
A cara do Robert
era de gozo, melhor para sexo a três.
Robert, já disse
ao Bolinha, isso não vai se repetir.
Foram jantar, ele
mostrou a foto para o Robert, conhece esse sujeito.
Uau, de aonde tiraste
isso, esse sujeito é super perigoso.
Vende armas para todos os traficantes.
Lhe contou o que
tinha acontecido, o pobre rapaz levou uma surra do meu querido companheiro, pois
estava nas ruas mostrando a fotografia, perguntando se alguém o conhecia.
Imagina o ingênuo
que foi, além de tudo é surdo/mudo.
Lá vai o defensor
dos fracos e comprimidos, soltou o Bolinha.
Amanhã tenho que
o tirar da prisão, ficou comentando do novo trabalho, vou ganhar mais, bem como
tem muita responsabilidade, analisar caso por caso, ver aonde tem erros, eu
sempre fui considerado um dos melhores nos meus relatórios, contou a história
que quando tinha trabalhando com o outro, sumiam provas, etc.
Imagina, o rapaz
diz que tinha dinheiro, consta que não tinha nenhum, na bolsa que estava no
hotel, tampouco. Não sei o que tem na prisão.
Menos mal que aonde está as celas são individuais, pois senão teriam
abusado dele.
O deixaram no
hotel, Robert insinuou outra vez, mas ele cortou, tinha sido interessante, mas
seguir em frente seria um erro.
Amanhã, vou fazer
contatos, tinha uma foto do mesmo jovem, bem como do filho.
Logo de manhã,
comprou o que queria, ficaram de entregar no final do dia, tinha comprado para
o salão/biblioteca, três cadeirões, desses bons para ler, os colocaria perto da
janela, depois teria que comprar um abajur, ou mais de um. Comprou uma mesa, antiga que viu na loja,
para ser sua mesa de trabalho, tinha desistido do tatame, pois sabia que
acabaria indo fazer exercício em algum lugar da polícia.
Depois foi para a
prisão, primeiro falou com o encarregado, lhe dando a ordem do juiz, esse
comentou que todos sabiam que ia trabalhar para ele. Viu que ainda tinha o braço no cabresto, lhe
comentou que seus antigos colegas tinha estado nessa prisão uma semana. Não sabe
a confusão que aprontaram. Não se podia
colocar todos juntos, pois saiam no braço.
Quase mataram um
que os denunciou, o jeito foi colocar o mesmo numa cela longe deles.
Enquanto isso
foram buscar o rapaz, esse quando o viu, sorriu, falou com ele em linguagem de
signos, vim te buscar.
No carro
comentou, que não tinha encontrado o seu dinheiro, ele tirou a carteira
verificou que ainda tinha seu cartão de crédito, disse que sem problemas, lhe
comentou que estava num hotel, se quisesse podia ficar lá, assim poderiam
conversar.
Claro que sim,
eres meu anjo da guarda.
Comentou com ele,
que tinha pedido um amigo, que verificasse aonde estava seu pai, mas antes que
tenhas uma decepção, te aviso, me parece que é um traficante de armas, há que
ir com cuidado. Acho que, os que te prenderam pretendiam fazer
chantagem com ele.
Portanto toda
cautela é pouco, vamos esperar o que diz meu amigo.
Foram almoçar os
dois, disse que tinha que ir para o seu apartamento novo. Enquanto esperavam os moveis, abriu a caixa
de livros.
Meus melhores
amigos disse Riz, ficou rindo.
Melhor ir
separando os assuntos, vou te ajudar.
Trabalhei muito tempo na biblioteca da universidade.
Volta e meia as
mão se tocavam, gostava desse contato, era uma coisa diferente.
Depois foram
colocando tudo nas estantes, iam sobrar espaço para mais livros. Riu pensando
nisso.
Explicou ao Riz,
porque ria, como estavam esses livros em sua casa antiga.
Quando chegaram
os moveis, foram colocando no lugar, os homens montaram as camas, tenho que
comprar lençóis, pois os meus estavam muito velhos, toalhas de banho, até roupa
preciso.
Tinha mandado
lavar a que estava no hotel, pois não tinha outras, nem sabia como devia se
vestir para trabalhar.
Levou depois o
Riz até o hospital para falar com o juiz, foi traduzindo o que o juiz
perguntava, ele soltou que podia ler os lábios das pessoas.
Explicou ao juiz
que nunca tinha visto seu pai, nem sabia quem era, pois em seus documentos,
constava só o sobrenome da mãe, ela mesma não sabia o nome dele direito.
Fui educado na
igreja católica, como ela, mas agora que ela morreu de um câncer fulminante, só
teve tempo de me contar isso, que ele vivia aqui na cidade, que tinha sido uma
aventura fugaz, que só se deu conta, quando estava em Londres outra vez.
Ai já era tarde,
resolveu levar a gravidez até o final, depois decidia, se apaixonou por mim,
foi a melhor mãe do mundo.
Tinha um
excelente emprego no governo, herdei dela a casa que vivíamos, bem como alguma
coisa de dinheiro. Trabalhei sempre
depois da universidade, numa biblioteca.
Drew contou ao
juiz, que ele acabava de o ajudar a montar a sua, da casa antiga não sobrou
nada, só meus livros.
Também gosto de
livros. Comentou o que Drew já tinha
comentado, ao parecer teu pai, é um traficante de armas, se for assim, é perigoso. Melhor deixar para lá.
Riz
concordou. Ficarei o que resta das
minhas férias, depois penso no que fazer.
Drew perguntou
como devia ir vestido.
O Ferguson de
brincadeira disse que de smoking. Olha
eu vou por livre, como quando estou em presença do publico estou de toga, mas o
resto do tempo uso uma gola alta, um casaco, mas nada de gravatas que odeio,
portanto estas livre.
Tampouco terás
que te fazer público, pode ser que algumas vezes, precisarei de ti, para os
julgamentos, ter um traje com gravata ira bem.
Tinha mais um dia
ainda para aproveitar, resolveu mostrar a cidade para o Riz, esse ria dizendo
que era um policial diferente.
Depois de comprar
roupa de cama, coisas para a cozinha, uma maquina de fazer café, sem o qual ele
não podia passar, tinha o carro cheio, Riz o ajudou a subir tudo, a arrumar as
camas, lhe disse que podia ficar ali na sua casa.
Confias em mim?
Claro que sim. Já
tinha agilidade outra vez, em falar com a linguagem dos signos.
Teria que
perguntar ao Robert, se sabia alguma coisa desses meninos, eles tinham saído do
orfanato, eles tinham continuado.
Não tinha sido
infeliz no orfanato, mas tampouco feliz, de pequeno, tinha sofrido abusos dos
maiores, mas com o tempo tinha aprendido a se defender, por isso sempre defendia
os outros quando via alguém querendo fazer maldade com eles.
Foram ao hotel,
recolheram suas coisas, pagar a conta, etc.
Tinham comprado
coisas para fazer um bom sanduiche para a noite, se sentaram nas poltronas
novas, contou sua história para o Riz.
Ele disse que sua
mãe, graças a deus tinha ficado com ele, imagina nasci surdo/mudo, num
orfanato.
Quando disse que
tinham alguns aonde estava, que os defendia dos maiores, pois claro queriam
abusar deles, por não poderem depois reclamar.
Por isso aprendi a falar a linguagem dos signos, para falar com eles. Tinha um professor que vinha três vezes
durante a semana, eu escapava das outras aulas, ia aprender.
Vejo que eres
amigo de seus amigos.
Procuro ser, se
andam na linha comigo.
Já eram quase
meia noite, quando Robert chamou pelo celular, tinha conseguido falar com o pai
do rapaz, esse disse que não sabia que tinha um filho, que era melhor não se
aproximar dele.
Acho que está
certo, principalmente agora, que creio que o FBI ou mesmo a CIA, está atrás
dele. Se fosse tu, colocava esse rapaz
no avião amanhã mesmo.
Foi o que ele
fez, o convenceu a voltar para Londres.
Começou a
trabalhar com o Ferguson, lhe deram uma sala, ao lado da sua, tudo que pediu a
secretária, foi um laptop, bem como blocos para fazer anotações. Claro muitos
lapises.
Ela lhe avisou
que os casos, estavam por ordem de entrada, na frente de cada um tinha um
número, além da data de entrada.
Analisando o
primeiro, deu logo de cara com que estava incompleto, anotou de que delegacia
era, bem como os detectives.
Perguntou ao
Ferguson como agiria nos casos assim?
O Chefe de
Polícia disse que nos ajudaria, consiga uma ordem dele, para que se entreguem
as cadernetas, bem como entreviste os detetives.
Quando falou com
o chefe de polícia, este anotou o nome dos dois, bem como que as provas
deveriam ser entregues a ele, para analisar.
No outro dia
apareceram os dois detetives, pela cara, estavam de má vontade, lhes entregaram
as cadernetas, mas foi esperto, não entrevistou os dois juntos.
Quando se viram
separados, a coisa ficou feia.
Primeiro não
queriam responder as perguntas, foi direto ao que entrou ou me responde, sou
como uma víbora que grudara no teu pé, não vou soltar até descobrir o que
falta.
Este disse que
ele só escrevia o que lhe mandavam escrever. Pediu para ele descrever tudo que
tinha acontecido nesse dia, comece contigo levantando. A cara do outro era de espanto, me conte como
é tua rotina diária?
Que tem a ver
isso com o caso?
Faça como estou
pedindo, era uma maneira de saber como o mesmo se comportava no seu dia a dia.
De má vontade o outro começou. Quando chegou o momento de descrever o que tinha
visto no lugar do crime, o obrigou a descrever, como tinha entrado na sala,
fazia perguntas, como colocaste luvas para não tocar nada com tuas mãos, em
determinado momento viu que o outro ficava nervoso. Perguntou se tinha conversado com o
assassino?
Sim fiz algumas
perguntas, mas meu companheiro foi quem levou a maior parte das perguntas.
Me conta o que
falaste com ele, está escrito em sua caderneta?
Sim, escrevi tudo
o que ele respondeu.
Seguiu, nisso de
passaram duas horas, tinha descoberto que sua sala tinha uma saída pela outra
lateral, mandou que ele esperasse ali.
Imediatamente fez
o outro entrar, ou seja não dava tempo de se falarem.
Fez a mesma
coisa, esse já estava nervoso de esperar, além do que o outro podia ter falado.
Mas seguiu calmamente, esse disse que não tinha colocado luvas, ele perguntou
se o seu companheiro tinha, não reparei, essas duas palavras, cada vez que
mencionava o companheiro, se tornaram normal, tudo que se referia ao outro, era
assim.
Ele perguntou,
não reparaste, ou simplesmente não olhas para o teu companheiro.
Pelas anotações,
a chamadas foram num horário, vocês demoraram para chegar quase uma hora
depois. Mesmo assim o assassino estava
dentro da casa?
Sim, custodiado
por dois policiais que tinha chegado primeiro.
No vosso
relatório não existe o nome desses policiais, tampouco a hora que eles
chegaram.
Pois já estavam
lá, putos da vida pelo nosso atraso.
Por que do
atraso?
Não vem ao caso,
problemas particulares.
Quando perguntou
se ele tinha interrogado o suspeito, disse que só o seu companheiro, mas você é
o encarregado. Não anotei nada.
Fez o outro
entrar o mais interessante, foi que começaram uma discussão justo na frente
dele, um acusando o outro.
Apertou um botão,
entrou um guarda, mandou que ele ficasse do lado de fora.
Caramba vocês
estão chamando muita atenção.
Vamos chegar a um
acordo ou terei que mandar os dois para prisão.
Foi uma santa
palavra. Demoramos porque ficamos
discutindo um assunto particular, por isso chegamos ao local nervosos.
Vou colocar cada
um num lugar diferente, anotem tudo que viram ou ouviram nesse dia desde o
momento que pisaram o local, reflexionem.
Enquanto estavam
cada um numa sala, sozinhos, ele deu uma olhada nas cadernetas, realmente só
uma tinha anotações com perguntas, a outra estava em branco. Uma hora depois fez os dois entrarem, quase começou
a rir, tudo que não tinha colocado estava ali, com pontos de vistas diferentes.
A quanto tempo
trabalham juntos. Os dois disseram 4
anos.
Uma pergunta,
vocês tem um relacionamento, visto os dois serem solteiros? Ficaram como um pimentão. Aqui podem falar o que quiserem, não os estou
julgando, tampouco posso comentar nada.
Sim, por isso
discutimos, soltou um, ele andava saindo com outro companheiro, me deixando de
lado.
Bom só posso dar
um conselho, peça para trabalhar com outros companheiros.
Agora sim as coisas
estavam mais completas.
Analisou cada
uma, claro o advogado tinha percebido algo errado, achava que tinha poucas
informações a respeito. Depois analisou
as mostras de tudo, além de tudo relacionado a vítima, bem quem a tinha matado,
o motivo alegado, o laudo do perito, a análise da casa.
Agora tinha um
cartão que lhe dava direito a entrar na prisão para falar com quem lhe
interessasse, só tinha que avisar que iria, para que levassem o prisioneiro a
uma sala especial.
Quanto
entrevistou o mesmo, colocou um gravador, quando esse permitiu.
Conversou com ele
a respeito. Este contou sua história,
sabia que cada vez que viajava, ela trazia alguém para dentro de casa. Desta vez o tinha pegado em fragrante, pois
tinha deixado as roupas lá. Fugiu só com
uma cueca. Anotou a hora, nada disso constava nos relatórios, os encontrei em
plena discussão do que iam fazer com o dinheiro que iriam roubar de mim.
Quando me viram,
o sujeito saiu, me deu um soco, mas me desviei pois tinha uma navalha na mão.
Me fez um corte
aqui, quando os policiais chegaram, eles me atenderam, chamaram uma ambulância,
só uma hora depois chegaram os inspetores.
Vinha com uma cara de quem tinham discutido. Só um me fez perguntas, o outro não,
examinaram muito por alto tudo.
Chamou os dois
outra vez, as roupas que constavam na perícia, era como, fosse dele, mas seria
impossível, pois eram um tamanho maior que do acusado.
Perguntou sobre o
amante, nem sabiam disso, bom pelo que ele descreveu, o homem saiu, em cuecas
da casa, olhem todas as câmeras de vídeo desse dia, desde duas horas antes de
vocês chegarem, analisem cada uma.
Os dois deixam de
ter qualquer caso, se quiserem arrumo uma sala para isso aqui.
Preferimos.
Falou com o juiz,
omitiu o motivo da briga dos dois, por enquanto era melhor ficar calado.
Ia várias vezes
por dia aonde estavam revisando o vídeo, até que deram com o sujeito, que
entrava num carro, dava para ver o numero da matricula, agora façam vosso
serviço direito, atrás desse sujeito.
O mesmo acabou
confessando que na hora que entrou o marido, ele tinha passado a navalha no
pescoço dela, por o meter nessa situação, como o outro foi preso, relaxou.
Inclusive no vídeo se via aonde tinha jogado a navalha.
Quando acabou o
processo, o marido solto, os dois detetives, foram separados em duas delegacias
diferentes.
Vamos por bom
caminho lhe disse o juiz.
Sempre recebia a
visita do Robert com o Bolinha, insinuava fazer o que tinha feito antes, mas se
negava. Não era o que queria para sua vida, estar sempre sozinho, já era um
costume dele, gostava de ficar trabalhando ali no silencio de sua casa.
Estava analisando
um processo complicado, pois envolviam vários policiais, em que suas histórias
não encaixavam. Tinha analisado os dois
primeiros, suas cadernetas estava organizadas, bem como tinham feito um bom
relatório, tinha atendido uma chamada, da porta a senhora da casa tinha dito
que estava tudo bem, que tinha sido um mal entendido.
Já as outras
chamadas era confusa, a última, quando chegaram a mulher estava como uma louca,
com uma faca na mão. Foi dada como louca,
estava internada num hospital.
Os médicos diziam
que não tinha nada, apenas um ataque de nervos.
Os que tinham
atendido a segunda chamada, foram rápidos em sua análise, pois já sabiam da
chamada anterior.
Os últimos
totalmente relapsos. Finalmente quem
atendeu a última foi a mesma equipe do primeiro, viram que a coisa se escapava
de suas mãos, chamaram mais agentes. A
mulher estava fora de si, ameaçava qualquer um que entrasse na casa. Um grupo entrou por detrás encontrou toda a
família morta na cozinha, a facadas.
Tentava agora
encaixar tudo isso, pois muitos escreveram à sua maneira o que viram.
Estava pensando
nisso, quando chamaram a porta, no momento lhe pareceu Riz, quando abriu entrou
seu pai. Ficou gelado, ao contrário do
filho, o pai, parecia um bloque de gelo, queria saber se era verdade o do
filho.
Sim contou a
história, que o tinham confundido com ele, mas era surdo/mudo, um bom garoto.
Lastima, nunca
soube de sua existência. Talvez tivesse tomado
outro rumo.
Achas que devo
procura-lo, lhe deu o mesmo conselho, esqueça, deixe que ele siga seu rumo na
vida.
O homem foi
embora, semanas depois recebeu um e-mail do Riz dizendo que seu pai tinha feito
contato, queria vê-lo.
Tentou faze-lo
ver que podia ser perigoso, pois agora sabiam quem ele era, podia o seguir até
seu pai. Acho melhor você ficar em
Londres.
Mas uma semana
depois bateu em sua porta, pois ele era o único que o entendia.
Dito e feito, no
dia seguinte o FBI fez contato, queria saber o que tinha vindo fazer o rapaz
outra vez em San Francisco.
Veio me visitar,
afinal sou seu amigo.
Não convenceu
muito, o pai não apareceu nem fez contato, ele voltou para Londres com o rabo
entre as pernas, o convenceu de ir-se, ficava com pena dele, mas era o melhor.
Contou tudo para
o Juiz, não entendi a jogada desse homem, creio que o que queria era criar uma
grande confusão nisso tudo.
Para continuar
seu trabalho, foi até a clínica que a senhora estava, se sentava regia numa
cadeira, não falava com ninguém, ele nesse dia vestiu um uniforme, ficou
sentado como os outros internos a observando de longe. Notou que ela fazia o
mesmo com todos dali. Quando via que não
havia ninguém por perto, provocava alguém para que essa pessoa perdesse os
nervos, quando fazia isso, ela aproveitava para roubar coisas do carrinho dos
enfermeiros.
Não se preocupe,
pois temos tudo isso gravado, mas ela rouba, o recolhemos de volta, mostrou o
vídeo desse dia, dois enfermeiros tinha lutado com ela, pelo que tinha retirado
do carrinho, uma faca de plástico.
Quando a
entrevistou, se mostrou apática, fez cara de vítima, ele usou seu método, ficou
ali sentado sem fazer nenhum movimento, até que ela começou a ficar nervosa,
perguntando se tinham sido eles quem o tinham mandado. Que a deixassem tranquila, agora estava em
paz.
De quem esta
falando, ela recitou os nomes dos filhos, do marido.
Ah, não se
preocupe, pediram o divorcio da senhora, ficaram com a casa, fazem festas muito
bonitas.
Ela ficou aos
gritos, por isso os matei, um a um, queriam viver, não podia permitir.
Mas seguia tendo
a ideia de que alguma coisa não funcionava, foi entrevistar, apesar dos
policiais terem feito isso, cada um dos vizinhos, todos falavam das enormes
broncas na casa.
Perguntava sempre
quantos filhos era. Falavam sempre de três, mas uma falou que o mais velho,
filho do casamento anterior, nunca estava ali, devia viver fora.
Foi checar, não
deu outra. Procurou saber se existia algum seguro de vida da família, sempre
esse mais velho era o que devia receber tudo.
Conseguiu
localizar uma prima da senhora, essa contou que sempre tinha sido
desequilibrada, do primeiro filho, ficou meses deprimida, quando morreu o
marido num acidente, recebeu uma boa fortuna, que investiu nessa casa. Até se casar novamente, vivia bem com o
filho, quando se casou outra vez, teve em seguida dois filhos, os meninos,
desta vez estava eufórica, mas quando ficou gravida outra vez, nasceu a
menina. A depressão foi brutal, esteve
em tratamento muito tempo.
O filho mais
velho tinha saído de casa já a tempo, não tinha ideia de aonde ele estava.
Chamou os dois
primeiros policiais, eles não tinha alertado nenhum inspetor. Chamou em seguida
os que tinham atendido no final.
O trabalho de
vocês foi uma merda, a mulher tinha outro filho, que ninguém sabe aonde está. Sofria
depressão pós parto, vejo que as entrevistas com os vizinhos está mal
organizada, creio que devem voltar a analisar tudo. Lhes deu uma cópia do que já tinha
descoberto, agora façam um trabalho como deve ser. Quero um relatório diário dos passos.
Saíram dali foram
fazer uma queixa contra ele, se deram mal, receberam ordens de acatar tudo que
tinha sido dito.
Levaram uma
semana caçando o filho. Este vivia nas
drogas, quando o trouxeram, mandou que os detetives ficassem numa sala ao lado.
Fez o mesmo de
sempre ficou em silencio, o garoto estourou, imagina viver com uma mãe
desequilibrada, que te policia todos os dias, te segue quando sais com teus
amigos, arma escândalos, assim que os gêmeos nasceram fui embora, vinha cada
semana para receber minha mesada, cada vez era motivo de escândalo.
Todas as outras
vezes que os agentes tinham ido atender, não era uma briga com o marido, esse
não se metia, o filho não era dele.
Da última vez, estava
como louca, me ameaçou com uma faca, ou eu voltava para casa, ou me mataria.
Quando ia sair, ela avançou como sempre fazia querendo me pegar, nisso seu
marido tentou intervir, dizendo que me deixasse em paz. Ela se virou dizendo que a culpa era dele,
que seu filho querido vivia nas drogas.
Eu fui saído rápido pela porta da cozinha, quando olhei para trás ela
tinha dado uma facada nele, gritava com os meninos que eram culpados de terem
um irmão drogado, fui eu que chamei a polícia.
Não tentaste
salvar nenhum?
Se eu entrasse
ela me mataria.
Perguntou que
horas tinha sido isso, ele disse uma hora, não coincidia com a chamada,
inclusive a voz era de mulher. Colocou
numa gravadora. Era ela gritando que
ele tinha matado todos.
Ele ficou gelado,
sabes o que isso significa?
Sim, fui eu que
os matei, na verdade ela avançou para cima de mim, eu me esquivei, ela deu uma
facada no marido, creio que na jugular, pois o sangue esguichava. A cada vez que ela se aproximava de mim, eu
colocava um filho na minha frente, assim ela matou todos eles, de repente se
resvalou no sangue, eu fugi.
Lhe perguntou se
ele ela canhoto.
Não senhor, ela
sim. Bem como os outros.
Ele realmente não
tinha sido ferido em nenhum momento, fez uma coisa, o levou com os dois
policiais ao hospital, ela quando o viu, apesar de estar medicada, avançou em
cima dele, dizendo por tua culpa fui matando um a um.
O rapaz se
escondeu atrás dos policiais, ela verbalizou tudo que tinha acontecido.
Ele também ficou
preso, por usar os irmãos como escudo.
A cara dos
inspetores era ótima no final de tudo, tinham feito um trabalho de merda, bem
como os anteriores, que não entraram na casa, nem tampouco procuraram saber
realmente o que tinha acontecido dentro.
Um ano depois,
estava exausto, o juiz tirou férias, ele também, foi até Londres ver o Riz, o
viu completamente diferente, mais agressivo.
Quando conversou com ele, respondeu que o pai tinha vindo, tinham feito
uma prova de ADN, em seguida foi embora sem se despedir de mim.
Antes me contou
uma história nada romântica sobre minha mãe, que ela fazia sexo com todos, uma
série de coisas, achava que ele não era seu filho.
Tampouco queria
um herdeiro para seus negócios que fosse surdo/mudo. Estou indo a um psicólogo. Tenho agora por causa de uma burrice minha,
um problema de agressividade horrível.
Quando voltou,
encontrou-se com um problema, tinha havido um acidente, os dois amigos estavam
em coma no hospital. Alguém tinha
tentado elimina-los. Tinham dado um tiro
nos pneus do carro com os dois dentro.
Estavam em coma
induzido, com o quarto vigiado.
Começou a
analisar tudo, ficou surpreso em descobrir que o Robert não tinha propriedade
nenhuma, ao falar com os empregados, ficou surpreso, pois disseram que ultimamente
discutiam muito, uma delas, que era a secretária, dizia que o Bolinha reclamava
que não devia ter se metido com esse traficante de armas, que o outro alegava
que era muito dinheiro.
Nem tudo era
trigo limpo na história, pois apertando o banco, descobriu que Robert fazia
grandes investimentos fora dos Estados Unidos, que o dinheiro nunca voltava
para cá.
Dos dois o que
estava pior era o Bolinha, ficou com lastima dele, afinal, era o mais
equilibrado na relação, era quem segurava o outro.
Foi a casa deles,
com um mandato, analisou a casa inteira, dormiam em quartos separados, o
Bolinha como um adolescente escrevia um diário. Falava do encontro entre os dois, pulava
sempre para quando tinha alguma novidade.
Falava do
atentado que ele tinha sofrido, desconfiava que o Robert sabia que ele era o
alvo, mas não tinha provas, só descartou quando raptaram o franco atirador,
esse contou tudo.
Mas o de se
aproximar, tentar um relacionamento era ideia sempre do Robert. Nunca o conseguiu tirar da cabeça, os homens
com quem gostava de fazer sexo, tinham que ser parecidos com o Drew. Citava vários nomes, ele pensa que me engana,
mas sou mais esperto.
Realmente os bens
com a desculpa de estarem protegidos estavam no nome dele.
Falava do contato
com o pai do Riz, que agora Robert lavava dinheiro para ele, acho que isso vai
acabar mal.
Depois falava das
visitas do FBI, da CIA, que estavam atrás do Robert por causa disso.
Nessa semana o
Robert veio falecer, alguém tinha entrado de noite no hospital, cortado o tubo
que ligava ao respiradouro.
Dois dias depois
o Bolinha morreu, mas de causas naturais.
Levou uma puta
surpresa, pois era o herdeiro dele, todos os bens passavam a ser seus.
Ficou
horrorizado, pois nunca tinha imaginado nada disso. Fez uma coisa, conversou com o advogado que o
tinha procurado, ele ficaria provisoriamente só com o apartamento que vivia, o
resto devia ser vendido, que esse dinheiro fosse entregue ao orfanato todos os
meses, como uma doação dos dois. Assim
com o que era dinheiro sujo, ficava limpo.
Quanto ao
dinheiro do Robert, ele não tinha menor ideia, ele não tinha testamento.
A partir daí,
começou a visitar o orfanato, uma empresa organizava reforma do mesmo. Ria com
a freira que sempre tinha tido carinho por ele.
Um dia lhe disse,
hoje ele não esta na escola, tenho outro Drew, foram para o pátio, ficou rindo,
era exatamente como ele se comportava. É um caso parecido com o teu, foi
deixado aqui, tinha dias, ficou meses entre a vida e a morte, é um lutador, é o
melhor aluno na escola que vai, fora daqui, mas volta todos os dias, defende os
pequenos de todos os abusadores.
Drew venha aqui,
o apresentou, esse é o Drew que te falo sempre.
Ele ficou parado na frente dele, em silencio, o observando.
Lhe soltou, esse
truque fui eu quem inventou, estás esperando que eu fale primeiro, verdade?
Sim como sabe.
Pois era o que eu fazia nessa época, uso esse truque até hoje.
Funciona?
Sim, mas veja,
você parpadeou duas vezes. Isso te faz
perder o jogo, porque eu esperei para poder falar.
Choca aqui amigo,
lhe disse o garoto.
Perguntou o que
ele gostava de fazer?
Ler, para fazer
com que minha mente saia daqui, vague pelo mundo afora.
Depois de meses o
visitando, levando os livros que ele lhe pedia, o adotou.
Agora de
brincadeira o chamava de Jr, porque dois com o mesmo nome era difícil na mesma
casa. O deixou arrumar seu quarto como
queria, mas quando chegava em casa, ele sempre estava sentado com um livro, lhe
dizia vou ser escritor, verás.
Mas iam sempre ao
orfanato, ele não se esquecia dos amigos.
Eram mais dois, os adotou também, assim poderiam ter um futuro. Saia com os três, sempre nos finais de
semana, se acabou o tempo debruçado em cima de papeis, procurando erros dos
outros, nunca mais os trouxe para casa.
As noites agora, eram com conversas, vendo algum filme na televisão, os
três eram inteligentes.
Quando se
aposentou, eles já estavam na universidade, todos com bolsas de estudos.
Ele nunca mais
trouxe nenhuma aventura para casa. Adorava os domingos quando ainda era pequenos,
que corriam para sua cama, para planejarem o que fazer nesse dia.
Foi a formatura
dos três, nenhum saiu de casa, todos estudaram na cidade para não se
afastarem. Drew, realmente virou um bom
escritor, os outros um era médico o outro arquiteto.
Quando os dois se
casaram, Drew disse para ele, pai, eu fico contigo, afinal sou gay, mas não
quero confusão com ninguém.
Quando trouxe seu
primeiro namorado sério, ficou rindo, parecia com o Bolinha, pensou isso não
vai durar, mas estavam juntos a mais de 10 anos.
Ele uma vez por
mês se reunia com o juiz, conversavam, esse de brincadeira dizia que devia
ter-se casado era com ele, que o entendia.
Agora é tarde
demais para isso, seguiam bons amigos.
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