CLIFFLORD
Uns o chamavam de
Cliff, outros de Lord, mas ele era tudo igual, atendia a todos, dava os
autógrafos que lhe pediam depois de cada espetáculo.
Estava já a muito
tempo na Europa, tinha feito espetáculos em todas as cidades importantes, sua
pequena banda original, foi mudando, pois muitos queriam voltar para a América,
tinham família, ele ao contrário, não tinha nada, por isso seguia em frente.
Estavam a mais de um mês na mesma sala de espetáculos em Paris,
sempre com as quatro noites completas.
Tinha dado entrevistas na televisão, jornais, por causa desse sucesso,
mas tinha percorrido Lyon, Marseille, Nantes, Nancy, todas estas durante muito
tempo, pedia sempre um hotel bem simples, mas que a roupa de cama fosse sempre
limpa.
Tratada a todos
com cortesia, bom dia, boa noite, quando chegava, gostava de cair na cama
dormir como um anjo. Isso quando não
tinha pesadelos.
Agora com o tempo era cada vez menos frequentes.
Teve que dar dois
bises a mais, pois o pessoal não parava de pedir.
Esta noite tinha
finalizado não sabia por que com Moon River, que não cantava a muito tempo,
talvez por causas da lembranças.
Saiu caminhando,
ainda foi parado na rua por algumas pessoas que saiam da casa de show, era
interessante, as pessoas se ofereciam para ele, homens, mulheres, ele com um
sorriso agradecia, dizendo que estava cansado.
Tinha chovido, as
ruas estavam molhadas, mas ele estava triste, hoje era seu aniversário, ninguém
poderia ter se lembrando. Acabava de
fazer trinta anos.
Sua mãe o tinha
colocado para fora de casa, quando tinha 17 anos, lhe colocou um envelope com
dinheiro na mão, para que ele se apanhasse, mas que não queria mais passar
vergonha por causa dele.
O tinha pegado no
fraga com seu melhor amigo, fazendo sexo, o pior é que o amava, ou acreditava
nisso. Quando o foi procurar, a
família, nem abriu a porta, dizendo que o tinham mandado para outro lugar.
Ou seja, estava
na merda, agora tudo dependia dele.
Não seja por isso
pensou, só tinha uma bolsa com um pouco de roupa, seu violão, um abrigo desses
de plumas que roubou, na porta do hotel de sua mãe.
Como não queria
gastar dinheiro, comprou um bilhete de ônibus para NYC, ali fez de tudo, quando
tinha tempo depois do trabalho que estivesse fazendo, se metia no metrô ficava
cantando, desfiava toda sua coleção de músicas, até que um dia um homem que
passava, muito bem vestido parou, escutou o que cantava.
Já faziam dois
anos que estava ali, no momento trabalhava num Macdonald da vida, era perto do
Times Square, quando era verão tentava cantar na praça, até descobrir que o
barulho ninguém o ouvia, nessa estação pelo menos, tinha acústica.
O homem escutou
umas duas músicas, viu que seu celular tocava, mas que ele apagava, soltou a
última música, Moon River, ele cantava à sua maneira, com sua voz
aveludada. Imaginem um negro de 1,98
metros, quase dois na verdade, com a cabeça raspada, porque senão o cheiro das
frituras ficava nos seus cabelos, mas tinha uns olhos verdes, que diziam que
pareciam falsos de cristal, além do bom corpo que tinha adquirido como trabalho
pesado.
O homem se
aproximou, lhe perguntou o que fazia ali perdendo tempo quando devia estar
cantando em algum lugar especial.
Na hora não
entendeu, até que lhe apresentou um cartão, era agente de artistas. Venha comigo.
Foram para seu
escritório, quando entraram sua secretária, estava nervosa, estou te chamando a
horas, me disseste que vinhas de metrô que seria mais rápido, mas isso já faz
tempo, ele fez um gesto que o impressionou, colocou um dedo na boca, com sinal
de silencio.
O arrastou atrás
dele, na sala, estavam dois homens sentados irritados. O que devia ser um chefe se levantou, lhe
perguntando, quer me explicar, como vamos sair dessa enrascada?
Ele apontou para
ele, aqui tens a resposta.
Lhe explicou, um
cantor que representava, acabava de abandonar o show que fazia, porque estava
ultimamente de drogas até a alma. Esses
senhores são donos de uma casa de jazz, precisam de um cantor.
Cante para eles
Moon River.
Ele abriu a caixa
do seu violão, ficou parado como sempre fazia, soltou sua voz, sabia que o
local era pequeno, modulou sua voz. Cantou
até o final, com os dois o olhando.
Podes repetir aquela da Billie Holiday que cantaste antes, My Man.
Ele cantou, no
final os homens perguntaram, se podia ensaiar no dia seguinte de tarde para
fazer o show de noite.
Como é teu nome
filho, perguntou um deles, Clifflord, alguns me chamam de Cliff, outros de
Lord, meu sobrenome é Brown.
Tens roupa para
te apresentar?
Ia dizer que não,
mas o agente lhe fez um sinal.
Como fazemos o
contrato, ele indicou o homem, teria que ler o nome outra vez no cartão, era
André qualquer coisa, mas não se lembrava.
O mesmo do cantor
que saiu do show. Nem mais, nem menos. Inclusive ele é melhor que o outro mil
vezes.
Os homens lhe apertaram
a mão, disseram o horário do ensaio, as 4 da tarde.
O Agente ria, me
tiraste de um apuro, pois todos que conheço, estão trabalhando, quando escutei
tua voz, fiquei impressionado.
Mostrou um
contrato para ele, leia bem, antes de assinar.
Trabalhas em algum lugar, aonde vives.
Contou para ele
que trabalhava num Macdonald, que vivia num apartamento em Queens, com mais
dois amigos.
Quando viu quando
ia ganhar, era o que ganhava, quanto muito em um ano.
Amanhã peças
demissão, venhas para cá, temos que comprar dois trajes para ti pelo menos, ficas
bonito assim com a cabeça raspada. Lhe
deu um CD, tens como escutar?
Disse que não,
espera, chamou sua secretária, coloque essas músicas no celular dele.
Ele riu, era um
antigo que tinha. Mas ela devia estar acostumada,
pois em seguida trouxe, ele estava escutando a orientação do outro. Tocas alguma coisa além do violão?
Sim toco todas
essas músicas no piano também.
Leu o contrato,
estava assinando por um ano, se dentro de um ano ele não desse lucro o agente
podia colocá-lo na rua. Este cobrava 15%
da faturação.
Quase beijou o
homem, amanhã pode contar comigo. Este
ainda disse, arrume uma bolsa ou maleta com tuas coisas, amanhã ficas num
hotel, até que te consiga um apartamento.
Saiu dali,
andando nas nuvens, depois de tantas merdas, finalmente tirava o pé da lama.
Ficou escutando
no caminho até em casa, todas as músicas, viu como eram os arranjos, mas depois
ele ia tentar colocar à sua maneira.
Se despediu dos
amigos, de manhã, consegui um emprego, vou embora, ele sempre tinha o
apartamento todo para ele de noite, esses trabalhavam a noite, chegavam de
manhã quando ele saia. Mas claro fez uma
coisa que tinha aprendido, agradeceu muito a ajuda dos dois.
Foi primeiro ao
escritório do Macdonald, pediu as contas, lhe pagaram o que deviam, era uma
miséria mas tinha vivido disto até agora.
Depois foi para o
escritório, a secretária o fez sentar-se, ele como sempre está atrasado, mal
falou ele entrou pela porta.
Venha comigo,
disse a ela, não estou para ninguém hoje.
Primeiro foram a
uma loja, o fez experimentar vários trajes, escolheu dois, que combinavam com
seus olhos segundo ele. Preferes usar
camisa branco com gravata.
Disse que não que
preferia uma camisa sem gola ou gola alta, tenho uma negra, esta velha mas dá
para disfarçar.
Nada disso,
compraram duas de algodão, compraram sapatos numa loja ali perto, mas o deixou
escolher, de camurça negra, que eram mais confortáveis.
Depois o levou a
um apartamento, que ficava na Broadway Avenue, quase Village, era de fundos,
pequeno, mas confortável, sala, quarto, cozinha, banheiro, o tenho sempre para
alguém no começo de carreira, hoje de manhã tirei as coisas do outro rapaz, ele
está internado.
Tens dinheiro
para comer?
Sim tenho o que
acabei de receber do Macdonald, receberas todo final de semana, aguentas ou
queres algum?
Não, preferia
aguentar, a já começar devendo dinheiro.
Siga escutando as
músicas, depois com os músicos poderás trocar algumas.
Passo aqui as
três da tarde ok. Como costumo estar atrasado, me espere, lhe deu o endereço,
além das chaves do apartamento.
Tomou um bom
banho, colocou a roupa nova no armário, sabia que ia suar embaixo do focos,
desceu, comprou um desodorante bom, bem como raspou o sovaco.
Olhou sua cara no
espelho, tinha uma cara bonita, sempre lhe diziam isso, fazia dois anos que
estava virgem, não tinha feito sexo com ninguém. Não queria meter-se em confusões.
Se deitou na
cama, com os fones no ouvido, escutou todas as músicas inclusive a respiração
que o outro fazia em algumas músicas, ficava sexi.
Experimentou
cantar a mais complicada, soltou sua voz, prestando atenção na respiração que o
outro fazia.
Foi para o
endereço, na hora combinada. Era um
clube com uma bela fachada.
Levava uma roupa
já completa, inclusive tinha comprado cuecas negras, como meias também.
Estava ali já
bastante tempo quando chegaram os homens que o tinham contratado, sorriram,
pelo menos eres pontual.
Logo chegaram os
músicos, se colocaram no palco, um estava no piano. Que musica queres começar a trabalhar, ele
disse a mais complicada. Um minuto, iam
começar a tocar, escutem minha voz primeiro, depois colocamos como vocês
queiram.
Cantou a música,
fazendo a puta respiração, que acabaria se tornando sua marca, acabou a música
com um suspiro, coisa que o outro não fazia.
Os músicos,
gostaram a partir desse momento, foi como costurar uma camisa, se entenderam de
maravilha, passaram todas as músicas. O
dono do local, disse se ele podia incluir no final as duas que tinham lhe
escutado cantando. Moon River, além de
My Man.
Os músicos
gostaram, ele perguntou ao pianista se o incomodava, se nessa música, ele
cantasse só o piano, com um foco em cima.
Cantou quase
sussurrando, como um orgasmo. Os mesmo
aplaudiram.
Depois se
apresentaram. Renê tocava piano, o Jean, era do contrabaixo, Boris da bateria.
Lhes ofereceram
uma bebida, todos pediram alguma coisa com álcool, ele disse que nunca bebia,
só água.
Marcaram a hora
que deveria estar ali, Jean disse que o esperaria fora, o levou inclusive ao
camarim, aonde deixou sua roupa. Depois
saiu para comer alguma coisa. Não
gostava de jantar pesado.
Ficou por ali,
andando conhecendo a redondeza, viu um anuncio de um apartamento para alugar,
perguntou quanto era, na portaria do mesmo. Mas antes de dizer o preço o homem
fez questão de lhe mostrar, era como o outro, só que mais claro, a janelas do
quarto, bem como da sala dava para uma pequena praça.
Perguntou quanto
era, o homem disse o preço. Para o que
ia ganhar estava bem, eu só recebo no final de semana, começo hoje a cantar,
disse o local.
Puxa vais cantar
lá, eu adoro jazz, mas claro esse lugar é caro.
Me deixa
acostumar, logo o levo comigo.
Eu poderia dar o
primeiro mês como sinal, era quase todo o dinheiro que tinha, mas que importa o
lugar era excelente, não queria ficar devendo favores ao agente. Assim tampouco poderia cobrar muito dele.
O homem aceitou,
foi até o apartamento rápido, levo suas coisas para este. Teria que comprar inclusive roupas de cama,
mas isso como era verão ele aguentava.
Chegou
pontualmente, soube que tinham um contrato de 3 meses, que poderia se renovar
se fizessem sucesso.
Essa noite, pode
ter gente como ou pouca, ele tinha visto seu nome no cartaz, mas para ele era
igual.
Se vestiu, viu
que os músicos sorriam. Perguntou por quê?
Não sabes do
apuro que nos salvaste, porque o filho da puta, só entrava em cena depois de
cheirar muito.
Eu passo das
drogas. Pediu ao dono que no piano
tivesse uma garrafinha de água.
Quando o
anunciaram, os músicos tinha feito uma introdução. Parou no meio do palco, soltou um sorriso com
seus dentes branquíssimos, começou a cantar, cantou as dez músicas sem parar.
Quando terminou, os aplausos eram fortes, diminuíram a luz para que ele visse a
plateia.
Cantou Moon
River, quase comendo o microfone, bem a sua maneira, depois se sentou no piano,
começou a cantar baixinho My man.
O público
aplaudia de pé. Quando saíram, entregou
a chaves ao agente, dizendo que tinha conseguido um apartamento ali perto.
Dois dias depois
perguntou se podia trazer um convidado, sentou o porteiro na barra do bar, lhe
pagou um whisky, foi se vestir.
Quando terminou o
show, o homem veio falar, com ele, não me disseste que era tão bom.
No sábado a
noite, o proprietário avisou que viriam uns convidados especiais, mas não disse
quem.
Ele nem se
preocupou, cantou como sempre, ao final depois de My Man, lhe pediram outra,
ele sem se incomodar, devolveu o piano, tinha ensaiado de tarde outra música,
cantou Hallelujah de Cohen, mas a sua maneira como tinham ensaiado, o grupo
fazia o coro. Aplaudiram muito, ele se
sentou no piano, sozinho no palco, começou a cantar uma música que amava desde
criança, pela primeira vez falou com sua voz meio rouca, essa é da minha infância,
sempre a amei, começou a tocar Somewhere over de Rainbow, o público afinal
cantava com ele.
Chamou os outros,
foram aplaudidos de pé.
No domingo,
quando chegou, o local estava transbordando de gente. Riu de contente, o Jean,
disse não leste os jornais. Disse que
não tinha esse hábito.
Lhe mostrou um
texto. Nasce um grande cantor.
Lhe deu igual,
perguntou se essa semana podia ensaiar músicas, novas, queria eliminar as do
cantor anterior fazer um trabalho mais deles.
Acho que podemos
incluir improvisações de vocês, afinal estamos no mesmo show.
Todos gostaram da
ideia, o proprietário no início foi contra, mas ele o convenceu.
Me apresentem
cada uma, ele que já tinha combinado com os músicos, disse que cada dia,
tirariam uma do show anterior, colocariam uma nova.
Já tinha recebido
sua primeira semana de trabalho, guardou a parte do agente, pois não sabia como
fazer. Telefonou para ele, este disse
que não se preocupasse, que o clube pagava diretamente a ele.
Mas resolveu
guardar esse dinheiro, comprou roupa de cama, toalhas de banho, comida, café
como gostava de antigamente em New Orleans, se sentia melhor, quase pensou em
telefonar para sua mãe dizendo que tinha conseguido sair em frente.
Depois pensou
para que, como vingança, se lembrou que sua avó dizia, que a melhor vingança é
ignorar a outra pessoa, incomoda mais.
Acabaram ficando
seis meses, em seguida tinham outro contrato, para outro local, o pianista
saiu, ele assumiu, com os outros dois, renovaram todas as músicas, perguntou ao
proprietário do novo local, se ele podia mudar sua maneira de se apresentar,
como era verão, cortou as mangas das camisas de gola alta, apareciam seus
braços imensos, não gostava de tocar piano de casaco.
Os três
discutiram muito o novo show, Jean queria que ele escutasse uma música que
tinha composto, a incluíram no show, as vezes ele cantava no centro do palco,
só com a bateria e o contra baixo de contra ponto.
Depois de um ano,
já tinham aparecido em show da televisão, Jean, sempre conseguia músicas novas,
pois conhecia muita gente.
Uma das novas
disse que tinham que mudar, tinha sido composta para uma cantora, mas que está
não gostava da letra. Era de uma mulher
lamentando o rompimento de uma relação.
Vamos ver como me
saio com ela, disse ao Jean, me acompanhes só tu.
Assim fizeram,
ele resolveu não mudar a letra, disse que tanto podia ser um homem sendo
abandonado por outro.
Passando por uma
loja, viu umas calças, que lhe encantaram, olhou o preço, achou um absurdo, o
dono da loja, disse, para ti faço um preço especial, já assisti teu show, várias
vezes, adoro a tua voz, venha, experimente a mesma, trouxe uma blusa como ele
gostava, é de mulher mas encaixa com essa calça. Era uma calça negra larguíssima, quando ele
estava com as pernas juntas parecia que estava de saia, a blusa ficava mais
curta, apareciam os pelos do umbigo. O outro soltou, caralho, te jogaria no
chão agora mesmo para fazer sexo.
Mas antes melhor
tirar a roupa foi sua resposta. Venha me
ver essa noite cantarei para ti, como é teu nome, o outro agora estava
encabulado.
Stuart, os dois
se apertaram as mãos, era um homem muito bonito, tens compromisso, lhe
perguntou?
Não estou
solteiro.
Lhe deu um beijo
na boca, se sentia atraído pelo sujeito.
Pagou, dizendo vou reservar uma mesa para ti.
Esse disse levo
uns amigos, que vão adorar ver você cantando.
No meio do show,
ele saiu, foi até a coxias, voltou vestido diferente, enquanto isso, os dois
tocavam outra música.
Entrou em cena
outra vez, cantando só com o Jean, lhe acompanhando, no meio da música, é para
dar obrigado a um novo amigo que fiz hoje Stuart. Seguiu cantando, mas fazia como se tivesse se
rasgando todo, pela frustração de um amor que terminava.
Em seguida passou
para uma mais alegre, tinha incluído também nas novas músicas Wave, que diziam
que ele tirava de letra.
O público veio
abaixo, quando terminaram, estava com a roupa toda molhada pois fazia calor,
ele tomou água. Escutou uma voz dizendo
o Stuart gosta de Moon River.
Se sentou ao
piano, então para o Stuart novamente, cantou a música como gostava, mais duas
outras com os músicos. Quando terminaram
no camarim, Boris virou-se para ele, ficou parecendo um show gay. Essa tua roupa.
Jean o defendeu,
se queres ser alguém tem que ser diferente.
Quando saíram
Stuart veio falar com ele, vamos sair para tomar alguma coisa, queres vir, ele
se desculpou, eu não bebo, já chega à fumaça que tinha dentro do local pelos
cigarros.
Se quiseres andar
um pouco comigo, tudo bem. Foi para a
cama com ele, viviam na verdade um perto do outro. Outro dia te vi no
supermercado, queria falar contigo, mas fiquei com vergonha. Passavam agora, segunda, terça juntos, no
domingo ele ia para ver o show.
Adorava estar com
ele. Boris avisou que quando acabasse a
temporada, ele iria fazer show com outro grupo.
Um dia
conversando com o Jean, como iriam fazer, escutaram um rapaz, fazendo percussão
em muitas coisas diferentes. Foram falar
com o mesmo, perguntaram se podia assistir o show deles, pois o baterista ia
embora.
Eu também toco
bateria, iria adorar poder trabalhar, eu sei quem eres, uma vez fiquei na
porta, dá para escutar você cantando.
Sou brasileiro, escutei você cantando Wave, meu nome é Marcos Azambuja. Quando ensaiaram a primeira vez, encaixaram
rapidamente mais músicas novas, foram os três tocaram por três meses no mesmo
local que ele tinha começado.
Seu contrato com
o agente acabou, ele disse pago o sujeito 15% ele não faz merda nenhuma, tudo
bem me descobriu, mas publicidade, jornais, ou televisão, saíram daqui, não por
força dele.
Foram até lá
falaram com ele, que seguiriam por conta própria, este na verdade pediu
desculpas tenho problemas agora, estou doente. Talvez feche a agência.
Jean passou a ser
o agente deles. Desde o começo era com
quem tinha mais afinidade.
Como começava o
inverno, resolveram fazer um show movimentado, escutou todas as subgerências do
Marcos, incluiu músicas brasileiras, algumas coisas em francês que ele falava,
o Stuart arrumou umas roupas para ele mais colorida, bem como para os outros
dois, quando um jornalista perguntou sua resposta ficou conhecida por todos.
É inverno, saio
de casa com frio, coloco um casaco escuro, quero ver coisas coloridas, quentes,
para entrar o calor em minha alma.
O show era de
três meses, ficaram outros seis.
Cinco anos
depois, já tinham tocado em San Francisco, Los Angeles, Las Vegas, numa casa de
show muito particular.
Foi quando
aconteceu o Katrina, sem querer ficou preocupado com sua mãe, mas o telefone do
hotel dela, não funcionava, mas leu no jornais que tinha sobrevivido.
Telefonou quando
se restabeleceram as linhas, para uma tia única irmã do seu pai, está soltou o
verbo, jararaca nunca morre meu filho, seca mas não morre. Ficou aqui em casa, foi embora, sem dizer
obrigado. Já sei do teu sucesso, vi
duas vezes você cantando, me fez lembrar teu pai, mas eres melhor que ele.
Seu pai tinha
morrido quando ele tinha uns dez anos, diziam de overdose, cantava muito jazz,
tinha aprendido a cantar com ele. Pois ensaiava com ele no colo. Foi ele quem lhe ensinou a tocar piano.
Jean recebeu
convite para irem para Paris, não teve dúvidas, ele foi fiel ao Stuart esse
tempo todo, agora eram na verdade mais amigos.
Era aquele sexo entre camaradas.
Lhe deu uma série de contatos em Paris, para comprar roupas. Inclusive chegou a chamar as pessoas na frente
dele, para confirmar o endereço.
Agora depois de
cinco anos fora, talvez fosse a hora de voltar, se deu conta disso, de como
gostava caminhar pelas ruas de NYC, depois da chuva, ficou parado na beira do
Sena, olhando a água passando embaixo da ponte, riu, da famosa frase, muita
água passou em baixo da ponte, fazia 12 anos que tinha saído de casa, se
analisasse ele não tinha nada a ver com aquele rapaz, que se sentia ali
perdido, com uma mãe que não lhe queria, que tinha que escapar de noite para
escutar jazz na porta dos lugares de música ao vivo, porque era menor de idade,
mas tinha uma que adorava, era a mais velha das três, se perguntava se tinha
sobrevivido, era aonde seu pai gostava de cantar, ficava na entrada dos
artistas, que tinha sempre a porta entreaberta, ali escutando, algumas vezes
cantando junto para guardar a música.
Vivia com sua
mãe, numa parte do hotel, aonde era fácil de escapar. Quando o pegou com seu amigo Charlie, mal
sabia que faziam sexo a muito tempo, este era um mulato bem claro, pois sua mãe
era sueca, adorava que o penetrasse, mas nesse dia por acaso era ele que o
penetrava.
Nunca tinha tido
isso com mais ninguém. Pensou, estou
mentindo, pois com o Stuart tinha, este sempre lhe chamava, perguntando o lugar
que estava. Por duas vezes perguntou se
tinha alguém, quando lhe respondeu que depois dele ninguém, disse que vinha
passar suas férias com ele, uma vez em Berlin, outra em Paris, foi genial,
afinal conhecia a cidade.
Tirou o celular
do bolso, o chamou, ele atendeu ao primeiro toque, estava pensando em ti, me
masturbando, quando voltas sinto tua falta.
O contrato
termina agora, Jean quer voltar para casa, o Marcos também, afinal eu estou um
pouco cansado desses cinco anos sem parar, vivendo em hotéis.
Já te aviso,
estou na rua, senão me masturbaria pensando em ti.
Quando chegou ao
hotel, tinham uma mensagem, coisa rara, era do consulado americano.
Anotou para
chamar no dia seguinte.
Caiu na cama,
desmaiando, despertou eram as 11 da manhã, com o celular tocando, era do
consulado, uma pessoa queria falar com ele.
Pediu que chamassem dentro de 15 minutos, pois tinha acabado de acordar,
foi dar a célebre mijada matutina, lavou a cara com água fria, que por sinal
estava gelada.
Quando tocou o
celular outra vez, atendeu, agora era uma voz de homem, lhe comunicou, que
tinha um advogado de New Orleans que o estava procurando. Deu seu número de telefone, ainda perguntou
se antes de ir embora ele podia fazer uma apresentação com seu grupo na
embaixada. Passou o celular do Jean,
pois era ele que decidia essas coisas.
Estava intrigado,
pois o nome do advogado era o do pai do Charlie. Ali seria de madrugada, pensou
de sacanagem chamar a estas horas, mas não era dado a fazer maldades.
Tomou um banho
muito quente como gostava, depois virou para o frio. Se vestiu, adorava andar a
essas horas, queria já que ia embora, comprar uma roupa nova para finalizar o
show. Quase nunca gastava dinheiro,
tinha sim, as roupas que usava no show, várias, no hotel sempre lavavam para
ele. Escutou um toque na porta, era
justamente uma das senhoras que cuidava disso, lhe deu um dinheiro por fora,
pois sabia que fazia com amor e carinho.
Era tão negra como ele. Olhou bem
para ele, não se preocupe com o que vem, vais mudar tua vida completamente, mas
sempre serás um sucesso.
Ficou olhando
para ela, que riu, era uma mensagem de Exu para ti.
Telefonou para um
amigo do Stuart, aonde comprava roupas, lhe perguntou se tinha alguma coisa
moderna.
Esse riu, moderna
ou escandalosa, uma vez o tinha feito vestir uma roupa totalmente transparente,
quando o viu, disse, agora entendo por que o Stuart é apaixonado por ti. Claro que sim, para ti sempre tenho alguma
coisa, tenho alguma coisa de Jean Paul Gaultier, venha assim tomamos café, pois
sei que acabas de levantar.
Ele uma vez tinha
se insinuado, mas sabia que o Stuart saberia disso, preferia deixar a nível
profissional. Chegou a sua loja,
saíram para tomar café, na esquina, era um bar gay, muita gente vinha falar com
ele. Quando dizia que ia embora, então
vou ver o show mais uma vez.
Um negro muito
magro, com um cabelo afro, curto, se aproximou, vi teu show ontem, é
impressionante a tua presença em cena.
Não te lembras de mim, mas estudamos na mesma escola em New Orleans, mas
claro estavas sempre como Charlie, nunca me aproximei.
Ficou olhando
para o mesmo, pois não se lembrava dele.
Meu pai tocava
com o teu.
Foi como um
estalo, disse o nome do pai, que fazes aqui em Paris?
Venho de férias, vivo
ainda em New Orleans, sou médico, lhe deu o seu cartão se voltas alguma vez por
lá. Me indicas um lugar para comprar
roupas?
O convidou para
sentar-se lhe apresentou o dono da loja, vamos para lá em seguida. Comeu um croissant, com um café muito forte.
Pela fresta viu o
outro só de cuecas, tinha um puto corpo. Experimentou as roupas que o dono
trouxe, realmente eram ótimas para um show, separou várias, o outro que ele não
se conseguia lembrar o nome, até que deixou a vergonha de lado, perguntou.
Jean Marie, minha
mãe era francesa, mas meu pai, era de lá mesmo.
Espere, assim
saímos para almoçar, te levarei num dos meus restaurantes prediletos.
O dono da loja,
soltou baixinho, vou contar para o Stuart.
Ele riu, imagina
é meu conhecido de infância.
O dono da loja
anotou o hotel que ele estava, era o mesmo aonde ele se hospedava. Mandaria as
compras para eles. Assim não tinha que
ficar carregando o dia inteiro.
Saíram andando,
eu quando vi teu nome no jornal, falando do teu show, não pude resistir, me
lembrei de meu pai, do teu cantando, eres muito melhor do que ele.
Mais tarde
almoçando, lhe perguntou por que nunca tinha se aproximado.
Eu estava
apaixonado por ti, mas todo mundo dizia que tinhas algo a ver com o Charlie, então
não ia me meter.
Tens alguém em
New Orleans?
Acabo de sair de
um relacionamento, verdadeiramente mal, com outro médico do hospital, mas eu
desconfiava, ele estava roubando opiáceos da farmácia do hospital, para se
drogar, com sempre as drogas na cidade, acabam com uma parte da população.
Estou fora já
algum tempo, umas férias prolongadas.
Acabaram na cama,
ficou como um louco por ele, era uma montanha russa, das loucas, fizeram sexo
duas vezes.
Acordaram
agarrados um com o outro, com o Stuart nunca, pois esse não gostava, fazia
sexo, ia embora para seu apartamento.
Nessa noite tinha
show, tinha se esquecido de ligar para o advogado, mas colocou um papel na
carteira. O convidou para ir, mas ele
disse que infelizmente o seu voo sairia esta noite.
Voltaram a fazer
sexo, com a voz rouca, no seu ouvido lhe disse, se voltas a New Orleans me
procure pois adoro fazer sexo contigo.
Depois do show,
que já tinha sabor de despedida, saiu para telefonar para o advogado, este lhe
avisava da morte de sua mãe, bem como o esperava para fazer a leitura do
testamento.
Lhe explicou que
estava acabando a temporada, depois iria.
No dia seguinte
explicou aos dois que teria que ir para os Estados Unidos, mas que iria para
New Orleans, via Miami. Como eles
queriam fazer?
Iremos para NYC,
para fazer contatos para shows, tu depois se encontra conosco.
Assim fizeram,
quando chegou em Miami, claro a diferença de temperatura era grande, fazia um
dia de sol estupendo. Tomou o voo
seguinte para New Orleans, tinha telefonado para sua tia, que lhe ofereceu a
casa para ficar, já que o hotel estava fechado.
Sua casa não
tinha sofrido nada no Katrina, visto estar na parte alta da cidade, mais para o
interior, era um mansão das antigas, tinha sido a casa de sua avô.
A tia o recebeu
com um grande abraço, caramba, com ficaste grande, saíste daqui um garoto, olha
todo um homem agora, ela tinha sido a única que lhe disse para ficar, que podia
ficar morando na sua casa, mas ele tinha ido embora.
Olhou para o
outro lado da rua, uma mansão velha, caindo aos pedaços, as madrinhas vão bem?
Eram duas
senhoras, que tinha sido amigas de seu pai, bem como eram suas madrinhas de primeira
comunhão.
Que nada filho,
só resta uma delas, por incrível que pareça a mais velha, deve estar com quase
100 anos, os vizinhos e que fazem as compras, nem sai mais de casa.
Ele se lembrava
delas, todas as duas vestidas de linho branco, com a roupa engomada, com uma
gola de renda, seu chapéu correspondente para ir à missa.
Tem uma senhora
que cuida dela, mas é tão velha como a outra.
Porque ninguém me
avisou que minha mãe tinha morrido. A
tia levantou os ombros, ela só fez inimigos, tampouco ninguém sabia aonde
estavas, a última vez que me falaste estavas em NYC, tinha fechado uma
temporada fantásticas, ia para a Europa.
É verdade, o
tempo passa muito rápido, andei pela Europa inteira fazendo shows, por isso
preciso descansar um pouco. Avisou o advogado
que já estava na cidade, marcou com ele para o dia seguinte, assim que
levantasse, avisou que normalmente levantava tarde.
Mas claro tinha o
Jet Lang, acordou cedo, o que era raro nele, telefonou, tomou um café com a
tia, foi para lá. A senhora não vem
junto?
Para nada, não
tenho nada a ver com tua mãe.
Nunca tinha se
dado bem, era muito mais clara do que ele, coisa de New Orleans, filhos de dois
pais diferentes.
Quando chegou ao
advogado era realmente o pai do Charlie.
Não disse nada,
pensou águas passada não movem moinho.
Tudo que pensava era que ela devia ter deixado o hotel para ele.
O que escutou em
seguida, foram uma série de notícias que ele nunca tinha imaginado, toda a
herança, vinha na verdade de seu pai, ele era o dono do hotel, ela nunca pode
fazer nada com isso. Na verdade tu eras
filho do casamento do teu pai, tua mãe morreu logo que nasceste, ela era sua
amante, se casou com ele assumindo a ti.
A herança, era o
hotel, três locais que eram casas de shows, um inclusive aonde ele costumava
cantar, o que ele gostava, esse foi o que mais sofreu com o Katrina, foi
arrumado, mas está fechado pois o antigo inquilino, não pagou aluguel durante
um ano. Ela não quis fazer nada pois já
estava doente.
Os outros dois
sobrevivem, pagam o aluguel antigo, pois dizem que não podem com as despesas,
apesar do tempo ter passado, ainda é difícil, todos precisam de obras.
O hotel também,
está defasado, inclusive tem um grupo horteleiro que o quer, mas para demolir,
construir um moderno. A prefeitura não
quer.
Ela na verdade
não podia vender nada, sempre foi tudo teu.
Isso foi uma
bofetada na cara dele, ele tinha passado apuros em NYC até ter sucesso, com
tudo isso de herança. Lhe deu um
envelope, tens direito a contas do hotel no banco, ele nunca foi mal, se
estivesse aberto, ainda teria clientes. Uma
conta dela, conjunta com teu pai, que ela nunca mexeu. Além de uma conta particular dela.
Aqui tens uma
escritura da casa das madrinhas que era de teu pai, bem como tens direito a
metade da casa de tua tia, pela parte dele.
Puta merda,
soltou, é muita coisa, terei que pensar antes.
Ele claro tinha dinheiro, seu único luxo eram as roupas do show, os
hotéis estavam incluído nos gastos deles.
Sempre dividiam o que tinha ganhado entre os três. Ele sempre tinha 40% os outros dois 30% cada
um.
Mas antes de
sair, por causa do atendimento, o homem tinha sido um pouco rude com ele, lhe
perguntou por Charlie.
É médico em
Dallas, aonde foi estudar, nunca mais voltou.
Não disse mais nada.
De imediato,
tinha uma pasta cheia de papeis para olhar.
O do banco iria com calma.
Foi para o
centro, olhou o hotel, dava pena estar fechado, um homem parou ao seu lado,
disse o mesmo, este hotel na época do proprietário, era um ponto de
encontro. Aqui só se hospedava gente
famosa, que vinha fazer show nas suas casas de música ao vivo.
Era um homem
fantástico, com a herança que recebeu, podia ter feito outra coisa, mas não
investiu nesse hotel, na sua casa de shows preferida.
Vejo que o
conheceste muito?
Sim era meu
melhor amigo, cada vez que venho pelo centro, fico triste, pois tudo foi para a
casa do caralho.
Eu sou o filho
dele, estava aqui parado olhando isso tudo, que acabo de saber que é meu por
direito.
Essa jararaca, nunca
podia ter-te expulsado, pois ela era na verdade uma inquilina.
O homem estendeu
a mão, se apresentou, George Simenon, eu era o advogado de teu pai, mas ela
passou tudo a esse lambe botas.
Pois estou
pensando em tirar tudo dele, me atendeu como se estivesse fazendo um favor.
Pois volte, agora
quem leva tudo é meu filho mais velho, venha, é aqui ao lado, ele achou graça,
pois o homem o pegou pelo braço. Foi
contando coisas que ele se lembrava, de ter visto seu pai lhe ensinando a tocar
e cantar. Ouvi dizer que cantas
muito melhor do que ele.
Na verdade canto
da maneira como ele me ensinou, mas claro nossa voz é diferente, acabo de
chegar depois de passar cinco anos pela Europa.
O velho antes de
entrar, disse rindo que no enterro dela, tinham cinco gatos pingados, essa
gente que vivia puxando o saco dela, para viver bem.
Quando viu o
filho do advogado, fez um esforço de memória, estudamos juntos?
Não, eu estava
dois anos na tua frente, era nessa época o capitão da equipe de futebol, com
isso fui a universidade.
Entregou os
papeis para ele, dê uma olhada nisso tudo, hoje não tenho cabeça para ir aos
bancos, mas amanhã se podes me acompanhar, te agradeceria. O homem falou tanto, que fiquei com a cabeça
zonza, eu na verdade nunca me preocupo com essas coisas, meu agente é meu músico
preferido o Jean, ele faz os contratos, dividimos o dinheiro, para teres uma
ideia, fui depositando tudo que ganhei num banco de NYC, tenho que pensar muito
no que quero fazer.
Queria as chaves
do local, que ele disse que está fechado, que era a casa de shows, aonde meu
pai cantava, aonde aprendi tudo com ele.
O velho bateu a
bengala no chão. Até nisso te pareces
com ele.
Bem vou entrar em
contato com ele, nem te disse meu nome, Ambrose, riu olhando para o pai, nunca
entendi por que desse nome. Todos me
conhecem por Simenon, ele ficou imaginando o mesmo nu.
Telefonou quando
saiu, para o Jean, precisava dele, estava tão acostumado a resolver tudo, consultar
o mesmo, que precisava dele ao seu lado.
O atendeu de
imediato, o que aconteceu, te puseram preso, se matou de rir.
Preciso que
venhas para New Orleans, preciso de ti ao meu lado, muita coisa para resolver.
Sabes, ontem sai
de noite, somos belos desconhecidos aqui, aquela velha história, rei morto, rei
posto. Claro cinco anos fora, deixamos
de existir para a maioria.
Marcos foi
chamado para tocar com um grupo novo. O que acho bom, assim também me livro um
pouco dele, entre nós as coisas não iam bem.
Os dois dividiam
quartos de hotéis, até que surgiu um relacionamento entre eles, mas sempre
discutiam sobre os arranjos das músicas, principalmente se fossem brasileiras.
Ok, vou ao banco
agora de manhã, para depositar como combinamos o dinheiro desse último show,
depois compro um bilhete de avião.
Ia perguntar a
tia se podiam hospedar o Jean.
Passou por diante
da casa de show, precisava de uma reforma urgente.
Telefonou para
seu amigo Jean Marie, quando disse que estava na cidade, ele disse oba.
Queria conversar
contigo, faz muito tempo que estou fora, me tocou uma série de coisas de
herança.
Melhor estas
rico, vou viver as tuas custas.
Estou saindo de
um plantão, já almoçaste?
Não, tinha até me
esquecido disso.
Aonde te espero,
o outro disse um restaurante, que não era longe de aonde estava.
Quando chegou,
lhe perguntaram se tinha reserva, disse que não, que vinha se encontrar com
Jean Marie, o médico. A esse tem mesa sempre,
é filho da dona.
O levou para uma
mesa, ao lado de uma janela imensa, ficou olhando para fora, muitas coisas
ainda em reconstrução, nem notou que Jean Marie estava ali. Se levantou, esse lhe tascou um beijo na
boca, venha comigo.
Entraram pela
cozinha adentro, o apresentou a sua mãe.
Ela disse, me lembro da tua mãe verdadeira, tinham uma voz
impressionante, lastima que tenha morrido no parto, ficaste nas mãos da
jararaca. Todo mundo se referia a que
pensava que era sua mãe, como jararaca.
Realmente era uma
mulher difícil.
Depois voltaram
para a mesa, já tinha uma garrafa de água, como tinha pedido.
Nem se preocupe
em pedir comida, ela mandará servir o que lhe passe pela cabeça. Mas me conta tudo.
Quando disse que
para sua surpresa o advogado de sua suposta mãe, era o pai do Charlie, esse
riu, um bom filho da puta, não sei o que aconteceu, mandou ele estudar em
Dallas, nunca mais voltou para cá, seu preferido é o outro filho de seu segundo
casamento.
Imagina que
quando fui embora, a jararaca, me deu um envelope cheio de dinheiro, ainda
pensei que estava sendo boa comigo. Mas
que nada, eu era o dono do hotel, ela nunca pode fazer nada, pois meu pai
deixou tudo amarado, era tudo meu, além da casa de show que gostava de cantar,
mais duas, o hotel, além de dinheiro no banco que nem imagino o que seja.
Me disse que tem
um grupo que quer comprar o hotel.
Nisso tocou seu
celular, era sua tia para saber se vinha almoçar, disse que estava justamente
fazendo isso, lhe disse aonde.
Ela soltou um
hum, comida dos deuses.
Aproveitou lhe
perguntou se podiam hospedar o Jean, ele trabalha comigo, trata de todos os
negócios.
Claro que pode,
mando arrumar um dos quartos para ele.
Imagina, disse ao
Jean Marie, eu pergunto, mas descobri que essa casa metade é minha, além da
casa da madrinha que ficam em frente, mas essas tem que ser reconstruída, pelo
visto tudo precisa de obras.
Tenho a pessoa
certa para ti, deve estar chegando, pois sempre aparece por aqui. Mandou o
garçon perguntar a sua mãe se Jules ia aparecer hoje.
Um homem tão
grande como o Jean Marie, soltou, o agarrando por detrás, minha mariquita
preferida.
Ele os
apresentou, Jules, Cliff Brown, o dono do hotel, disse o nome.
Espera vou dar um
beijo em mamãe, volto.
Bom de qualquer
maneira, o Jean chega hoje, pelo menos tenho uma pessoa com quem estou
acostumado a trabalhar a dez anos pelo menos, confio nele.
Já estou com
ciúmes.
Esqueça, nunca
rolou nada entre a gente.
Quando o irmão
voltou, viu que eram completamente diferentes, Jules era bonachão, sempre com
um sorriso na cara.
Estas olhando o
homem que mais ganhou dinheiro com o Katrina.
Isso não é
verdade mano, trabalhei como um desgraçado isso sim, enquanto fazias costuras
no corpo das pessoas. Riram muito.
Contou para ele o
que tinha herdado, o hotel, todos dizem que precisa de uma reforma, nem
imagino, fazem 12 anos que nem me lembro de nada. Se fico, prefiro restaurar, viver nele como
sempre.
Sabe tua
madrasta, reformou o térreo e o primeiro andar, mas os de cima são iguais, como
sempre foram, tudo precisa ser modernizado.
A última vez que me chamou, era porque aquele elevador velho de grades
não funcionava, as maquinas precisavam ser trocadas.
Foi quando ela
que já estava doente, desistiu, não vou gastar dinheiro nisso para ver
funcionar, nem sei se estarei viva.
Quando tenhas a
chave de tudo, podemos dar uma olhada. Aquela suíte imensa do térreo aonde
vivia, melhorou só o banheiro, o resto está igual, o papel de parede todo
manchado, um horror.
Que me diz da
casa de show, que meu pai cantava, hoje em dia nem tem placa.
Bom essa também
precisa de reforma, o antigo inquilino não tinha muita sorte com os artistas,
trazia gente diferente. Pelo que se
fala, na época de teu pai, ele atraia um tipo diferente de cantores de jazz. Nada de hip hop, tampouco do swing do delta,
era um lugar seletivo.
Eu o reformaria,
além disso tem o andar de cima, que me parece que foi um studio de música, ali
se gravava todo o sucesso que acontecia nessa cidade, ele lançou muitos
músicos.
Tenho um amigo,
que é meio louco, sabe tudo sobre isso, sua casa, parece um labirinto de estantes
de cds, ele também compõe, aliás me falou que te viu em NYC a alguns anos atrás
disse que tinha uma voz incrível, ainda me soltou assim aquele homem com aquela
roupa meio transparente, era capaz de deita-lo no chão fazer sexo ali mesmo na
frente de todo mundo.
Continuas tendo
sexo com ele mano?
Não tanto como
queria, sabes que o adoro, mas claro ele é amante da maria, quando está muito
fumado, parece um louco. Já o
conheceras, quando escute que estas aqui, ira atrás de ti, para se oferecer,
para apresentar músicos, etc. Nada, ei vi primeiro, colocou a mão em cima da do
Cliff.
Realmente ele não
se esquecia da noite que passaram juntos, tinha sido fantástico, ele como nunca
teve irmãos, adorava essa conversa deles.
Tai Jean Marie, o
Jean, é como teu irmão contigo.
Parecemos irmãos, só que um negro outro branco.
Terei que ir ao
aeroporto, busca-lo, olhou o horário do voo que ele tinha mandado por WhatsApp,
porra é daqui uns 45 minutos.
Clama eu te levo,
disse o Jean, se vou para casa dormir, acordo de mal humor.
Aonde vives, o
outro entrou na sacanagem, na casa de mamãe, ficaram rindo os dois.
Porque meu irmão
tem um bordel na sua, o Jean que tome cuidado.
Foram conversando
no carro, minha mãe, reclama que com dois filhos gays, nunca terá netos a quem
ensinar a cozinhar. Mas veja nos educou
bem. Tínhamos que tirar boas notas, para
conseguir bolsa de estudos, para a universidade, um sonho que ela não teve.
Jean, mal o viu,
finalmente me livrei da cidade, está cheia de neve até os tubos.
Imagine meu
apartamento fechado todos esses anos, água suja que saia.
Ele apresentou ao
Jean Marie, que os foi levar a casa de sua tia.
Esta quando o viu, disse que precisava ir a sua consulta, mas eu ficava
com preguiça, afinal estou é velha.
Beijou o Jean,
riu quando viu que ele trazia um contrabaixo com ele, ah uma das minhas
paixões, eu toco o violoncelo, mas ensinei a esse menino muita música, verdade?
Verdade tia, tudo
de música aprendi com meu pai, contigo.
Ela ria, para
desespero de nosso pai, que queria que tivéssemos uma carreira. Eu guardei o
dinheiro da herança, apliquei, teu pai comprou aquele hotel, sua primeira sala
de música pois queria cantar como ele pensava.
Jules, trouxe sua
bolsa de médico a examinou, gritou, Therese, venha aproveitar, sempre que tua
tia vai a minha consulta no hospital, a Therese se esconde, não gosta de ser
examinada.
Diz que eu apalpo
seu corpo.
As duas tinha a
mesma idade, ela entrou, deixa de brincadeira garoto, conto tudo para tua mãe,
a vi de manhã no mercado de peixe.
Preparei um peixe para o senhorito, mas ele foi comer lá.
Comemos agora de
noite.
Jean Marie, foi
embora, ficaram de se falar. Ficaram vendo como ele atravessava para o outro
lado da rua, chamando na porta, ninguém atendia.
O que será que
aconteceu com essas velhas, lhe disse sua tia.
Viram que ele
voltava falando pelo celular, disse que estava tudo trancado, chamaram a polícia
e os bombeiros.
Quando
conseguiram abrir a porta, encontraram a empregada caída, tinha ainda os pés na
escada. Desceram com a madrinha que
ainda estava viva, numa maca da ambulância, lá vou eu outra vez para o
hospital, está completamente desidratada, com a cabeça um pouco ida.
Depois comunico,
a polícia prendeu a porta.
Sua tia disse que
isso era um perigo, pois se sabiam que não estavam mais ali, podia aparecer
gente para roubar.
Ele falou com o
policial, se identificou, disse que era o proprietário, esse disse que o melhor
era ele chamar alguém para trocar a fechadura.
Mas Therese que
conhecia todo mundo, chamou um em seguida.
Porra minha vida
de tranquila de só pensar em música, virou uma puta confusão.
Sentou na sala
com o Jean, sua tia, Therese trouxe café para eles.
Bom minha tia,
muita surpresa, porque nunca disseste que a Jararaca não era minha mãe
verdadeira.
Na verdade ela te
criou desde que tinhas dois meses. Teu pai não gostava que se falasse no
assunto, ficou por isso mesmo.
Bom por sorte ela
não pode vender nada.
Jean é o
seguinte, sai daqui com um envelope cheio de dinheiro, como se fosse tudo que
me tocava, fui embora. Bom na verdade
teve seu lado bom, aprendi a me defender, a trabalhar, a ganhar dinheiro.
O único dos três
que gastava mais dinheiro durante as temporadas era o Marcos, que gostava
sempre de andar com roupa nova.
Bom além do
hotel, que já escutaste falar, herdei, três casa de música ao vivo, a que está
fechada, era a que me lembro, pois era o templo do meu pai, ali ele cantava
todas as noites, pelo que escutei, tem um studio no andar de cima.
Mas está fechada
a bastante tempo, o homem que alugava, deixou de pagar, ela o colocou para
fora, mas parece que já estava mal nessa época.
Sua tia soltou,
morreu sozinha, fechada na sua suíte, se não fosse um velho empregado que
insistiu que a despertassem, ninguém ia saber que estava já do outro lado.
Além da casa das
madrinhas, essa deve precisar de uma puta reforma.
Metade dessa
também meu querido sobrinho, na hora que eu morra, a casa inteira, só tenho
você na vida.
Teu pai não
gostava de viver aqui, gostava do hotel, dizia que lá tinha movimento, que aqui
nada, parecia um templo da solteirice.
A cara do Jean
era de cansado, o levou até seu quarto, lá ele soltou a história do Marcos,
imagina a minha surpresa, quando chegamos a NYC, lhe perguntei se ia para minha
casa, olhou na minha cara soltou, já estamos fartos um do outro, só queria seu
pagamento para ingressar no banco, depois me soltou que já tinha um contrato
com um grupo novo.
Entendes por que
procuro não ter ninguém, sempre pensamos se formos os dois músicos com esses
horários que temos, será mais fácil, mas não é.
Bem fizeste tu, com o Stuart, nem vivia na tua casa. Mas não me contaste
nada do Jean Marie.
Foi só uma noite
em Paris, contou para ele, é demais.
Vais gostar de seu irmão arquiteto.
O que quero saber
de ti, embora fale isso, para teres como pensar, é se reformamos essa casa de
show, ficamos por aqui, podes agenciar novos cantores, gente que goste de
música como nós, termos uma vida mais tranquila, que te parece?
Riu muito, de
imediato digo que sim, mas vamos ver se essa maldição de ter o pé na estrada
ajuda a ficar quieto.
Depois o chamou
para jantar.
Realmente a
comida da Therese era dos anjos, Jean disse que nunca tinha comido bem assim,
nem em Paris.
Depois se
sentaram numa parte da varanda de trás que era fechada, aqui tomamos o café de
manhã, olha que tranquilidade, ainda dava para ver a horta que tinha Therese,
só vou ao mercado comprar o que não planto, verdade sinhá, sua tia se matou de
rir, disse que é minha mucama.
Outra vez caiu,
na cama, sentia vontade de estar com o Jean Marie, telefonou antes de dormir
para saber como ia a madrinha.
Creio que quando
saia do hospital, tenha que ir para uma casa de pessoas maiores, para que
cuidem dela, afinal tem muita idade.
Que estas
fazendo?
Nada, pensava em
ti, que pensamos em passar a noite juntos, mas tudo foi para o brejo, crê que
sua tia vai incomodar que vá para passar a noite.
Digo que estou
doente.
Daqui dez minutos
estou chegando.
Ele desceu,
encontrou sua tia sentada na sala, passa alguma coisa.
Nada coisas de
velha, estou aqui cismando com a vida.
Nunca gostei desse advogado que foste, acho que tem mais coisa, me
lembro do teu pai, quando ele estava em apuros com seu divórcio, lhe emprestar
dinheiro para comprar essa casa que vive.
Fale com teu novo advogado.
Teu pai tinha uma
coisa, cuidava muito de suas finanças, senão não teria comprado tudo isso.
Tia, o Jean
Marie, vem dormir aqui comigo. Esperava
o que ia dizer.
Soltou uma coisa
que ele não imaginava, que inveja, é um homem espetacular, aproveite,
divirtam-se. Vou dormir.
Quando ele
chegou, contou para ele, ficou rindo.
Todo mundo sabe
que eu, bem como meu irmão somos gays, se elas se dão com minha mãe, sabem
disso.
A cama fazia
ruido, se deitaram no tapete, ficaram nus abraçados, fazem poucos dias, mas não
te tirei da minha cabeça. O mesmo
respondeu ele. Cheguei a ficar de pau
duro quando me chamaste que vinhas.
Fizeram sexo como
gostavam, um satisfazendo o outro nos mínimos detalhes.
No dia seguinte,
ao descerem viram que tinha mais um lugar na mesa, Therese, riu dizendo que
consulta demorada, soltou uma gargalhada.
Entrei tua mãe no mercado, me disse que tinhas vindo dormir aqui. Ainda soltou, espero que pelo menos um dos
dois assente a cabeça.
Me disse
inclusive o que gosta no café da manhã, depois chegou o Jean, que quando viu o
outro riu.
Quase em seguida
o advogado chamou, para marcarem uma hora para irem ao banco, tenho que me
vestir para ir ao Banco.
Jean Marie
soltou, porque não colocas uma daquelas roupas do show de Paris.
O outro Jean,
caiu na gargalhada, estou imaginando.
Venha que deixo
vocês na cidade.
Temos que comprar
um carro, Jean.
Te lembras
daquele furgão que usamos na França, que íamos a todos lugares, compramos
depois vendemos na última cidade, porque em Paris, para que um carro.
Pode ser que
realmente precisamos de um furgão, quem sabe não encontramos um de segunda
mão.
Jean Marie, riu,
o rico é mão fechada.
Nunca gostei de
carros novos, dizia o Jean, os usados dão bom caldo.
Riram muito da
ideia os três.
Os deixou, mas
ali mesmo no meio da rua, deu um beijo longo no Cliff.
Me chama, vou
trabalhar de tarde, pode ser que tenha que ficar a noite inteira, mas me chama,
verei pelo menos o recado.
Quando ficou
sozinho com o Jean, esse riu, estou imaginando os dois na cama.
Esse homem é uma
montanha russa, além de carinhoso. Gosto dele.
Diz que fui sua primeira paixão, mas que Charlie, estava sempre grudado
comigo, que nunca se aproximou.
Ambrose, os
recebeu na porta da sua sala, o apresentou ao Jean, que soltou eu nessa cidade
vou a loucura.
Como, disse o
outro.
Nada.
Bom, o filho da
puta, ficou com as chaves, para que fosse pedir a ele, nunca esperou que outro
advogado, fosse até lá dizer que não precisavas mais dos serviços dele.
Minha tia ontem
soltou, que meu pai, deu dinheiro para ele comprar a casa que tem, toque nesse
assunto com ele.
Bom temos aqui,
as chaves do hotel, da casa de show, os outros dois tem os que alugam,
aconselho te apresentares lá, só abrem no final da tarde para a noite. Comentou da casa da madrinha, o Jean Marie,
disse que talvez tenha que ir para uma casa de pessoas de idade, não pode estar
sozinha pela sua idade, além de viver numa cadeira de rodas, contou o que tinha
acontecido com a mulher que a cuidava.
Se informe, mande fazer um enterro decente, não a conhecia.
Foram ao Banco
que tinha a conta do hotel. O gerente
depois de ser apresentado pelo Ambrose, abriu um sorriso imenso. Tens uma bela conta, todo o dinheiro está
aplicado continuamente, se quiseres reformar o mesmo, podemos fazer um
empréstimo, a largo prazo, baseado nesses investimento, mandou que trouxesse o
valor investido ao largo desse anos.
Quando olhou os
valores, ia abrir a boca, mas passou os papeis para o Jean, que anotou como
sempre fazia numa caderneta.
Quando queria
mandamos fazer um cartão de crédito.
Já veria como
vamos fazer, agradeceu.
Comentou com o
Ambrose que tinha conhecido o Jules, ele riu, um grande arquiteto, tive uma
aventura com ele, que acabou com meu casamento.
Mas ele se assustou, mas é uma boa pessoa.
Fez muitos
trabalhos depois do Katrina, ficou conhecido, mas te digo uma coisa, é um
sujeito honesto, foram bem educado os dois, pela mãe que tem.
Foram ao outro
banco, novamente era uma quantidade de dinheiro da conta de seu pai, aplicado
todos esses anos, ele nunca teria necessidade de trabalhar se fosse por isso,
acabarei tendo que agradecer a jararaca, por ter-me mandado embora. De novo ofereceram um empréstimo para o caso
dele querer reformar o hotel.
Quem será que
levava a contabilidade disso tudo.
Creio que ela
mesma, pois era antes de se casar com teu pai, creio que continuou fazendo.
Bom agora os
deixo.
De brincadeira,
disse que agora ia chamar o Jules.
Deem um abraço no
meu nome.
Quando este
chegou, estava ali, perto, viu que Ambrose se afastava.
Ufa, me assusto
sempre que o vejo. Me vi metido num
escândalo por causa dele, pois sua mulher ventilou que estava comigo, quando
tínhamos dormidos duas noites. Ele se apaixonou, mas me assustei com a
confusão, era jovem também.
O apresentou ao
Jean, que estava de boca aberta.
Foram olhar o
hotel. Tudo estava coberto com velhos
lençóis pareciam essas coisas de filme, se via claro que tinha uma camada de
pó. O chão aqui desse piso, foi
trocado, pois o outro apodreceu, além do cheiro. Quem levou a pior parte foram
as caldeiras do sótão, pois era o que dava água quente para o hotel, aí chamou
um especialista, esse recomendou umas novas.
As maquinas de
lavar roupas, tudo isso é novo, foi comprado quando fiz a reforma dos dois
primeiros andares. O duro foi
convence-la de não colocar papel de parede mais, deixar tudo pintado de branco.
Foram olhar o
apartamento que eles tinham vivido, sua casa sempre seria essa. Tinha inclusive
uma entrada particular pela outra rua.
Esse é o primeiro
a ser reformado, como tu disseste outro dia, só o banheiro é novo. Sim olhe, mas eu tiraria essa banheira, se
não pensas em usa-la.
Depois subiram
para os outros andares, ele comentou que não era difícil, por debaixo dos
tapetes, tem uma boa madeira, é só lixar, outra vez, passar verniz
protetor. As camas isso sim precisam de
colchões novos, além é claro, os banheiros como você viu embaixo, tiramos as
banheiras, por chuveiros. No último
andar, era os dormitórios dos empregados, esse sim eram uma calamidade, nesse
ponto ela era unha de fome, dizia que já dava cama, comida, que queriam mais.
Desceram foram ao
escritório, lá viram o livros de contabilidade, então era ela mesma que fazia.
Precisavam contratar alguém para olhar tudo aquilo, saber dos impostos. Etc.
Pelo visto, disse
o Jean que tinha uma cópia do banco, os mesmos eram debitados no banco que pagava
tudo, veja aqui.
Depois foram para
a sala de show, até a porta para abrir era dura. Terão que trocar pelas portas que exigem
agora, parecia um lugar fantasma, pois tudo estava vazio, só restava a barra do
bar, mesmo por dentro não tinha nada.
Eu imagino de
milhões de maneiras isso, depende o que vai querer fazer.
Se tivesse fotos
daquela época do meu pai, eu a colocaria igual. Escutaram ruido de alguém
abrindo as janelas em cima, era o Jean que tinha subido. Ria muito.
Subiram, ele ria,
porque era um estúdio antigo, sem dúvida nenhuma, o sonho de qualquer músico.
Só por causa
disso, se me deixar colocar à minha maneira, eu fico aqui para sempre.
Escutou o Jules,
dizendo que bom, baixinho.
Para comemorar,
vou dizer a minha tia, que desça com a Therese, para almoçarmos na tua mãe,
podes fazer a reserva.
Telefonou para a
tia, disse que chamasse um taxi, que viesse almoçar ali para comemorar, que a
Therese venha junto, afinal ela é da família.
Ainda conversou
com o Jules, se valia vender a casa da madrinha como estava, ou reforma-la para
alugar.
Nem pensar em
alugar, nem reformar para vender. Se colocas uma placa que vai se vender, verás
aparecer muita gente. Aliás é maior que
a da tua tia, porque naquela casa, tinham muitos trabalhando, eu sei por que
tive que ir arrumar o banheiro, a velha insistia em viver no andar de cima,
imagina com cadeiras de rodas, ela é a mulher que vivia com ela, só usava dois
quartos, um terceiro que transformaram em sala, a cozinha debaixo. Se queres
saber o que eu faria, era esperar acabar tudo isso, reforma-la para um pequeno
hotel com encanto.
Entro de sócio se
quiseres.
Podemos pensar
nisso, porque imagino quem compre vai construir um edifício, verdade.
Ele só balançou a
cabeça.
De noite podemos
ir, ver as outras duas salas, de uma eu conheço o dono, porque teve que fazer
obras, o outro não sei quem é.
Foram andando
para o restaurante, viu que ele conversava sem parar com o Jean, riam de vez em
quando.
Quando chegaram
ao restaurante, tinham reservado uma mesa grande redonda, perto de uma janela,
do outro lado do restaurante, era como um reservado.
Telefonou ao Jean
Marie, se ele podia vir.
Vou ver se
consigo que alguém fique no meu lugar, com uma voz rouca disse, pelo meu garoto
faço qualquer coisa.
Estavam conversando,
quando chegou sua tia com a Therese que estava com cara de brava, foi ajudar a
tia a descer do carro. Parecia que tinha
a roupa de domingo.
Tenho que comprar
roupa para sair, essas são velhas.
Therese reclamava disso, levou duas horas para se vestir.
A mãe do Jules,
veio até a porta para recebe-las, se beijaram, esta virou-se para a Therese,
verás o pescado que vou fazer, lembra-se daquela receita que me ensinaste, pois
essa, depois me dizes, os clientes adoram quando me elogiam, digo que foste tu,
pareceu se relaxar.
Quando chegou
Jean Marie, o irmão soltou, comigo se o chamo para comer, tem sempre que
trabalhar, ah o amor.
Todos riram, mas
ele tinha conseguido sentar-se ao lado do Jean, conversavam.
Escutava a
conversa dos que estavam na mesa, mas ele estava em silencio, tinha que pensar
no que faria da sua vida. Tinha levado
fora 12 anos, solitários, agora parecia que tinha uma família alegre
barulhenta, mas que estava ao seu lado.
Ainda não tinha
certeza de amar o Jean Marie, mas pensava que sim, pois sentia que a presença
dele era importante, ter seu amigo Jean ao seu lado também o era, tinha visto a
emoção nos olhos dele quando viu o studio, ao mesmo tempo recuperar os sonhos
do seu pai, ali estava sua tia para lembra-se disso, claro só de saber que a
jararaca não era sua mãe, que o tinha feito sentir-se culpado de alguma coisa
todos esses anos, agora se sentia melhor com isso.
Sentiu que Jean
Marie, apertava sua mão, o olhou sorriu, sabia que ele estava entendendo,
sussurrou, é difícil tomar decisões na vida, já o fizeste uma vez, deu certo, a
segunda também dará, nada é fácil, mas vais conseguir.
Teriam agora que
saber o que tocar primeiro, a sala de música, o hotel. Para sala de música
tinha do seu próprio dinheiro, com certeza Jean ia querer entrar de sócio, o
que era merecido, ele seguiria dono do lugar.
Teriam que arrumar uma empresa de contabilidade, para levantar tudo do
hotel.
O problema
soltou, é o que tocar primeiro. A sala
de música, ou o hotel.
O hotel, tens que
basicamente comprar coisas novas para a cozinha, quando chames um cozinheiro
para isso, já se verá.
Precisava
encaixar as coisas.
De noite depois
de levar a tia para casa, se encontraram para ir à primeira como tinham
combinado. Jean era interessante, o primeiro que sempre fazia, quando eram
contratados para algum casa de show, era sentir o cheiro.
Disso logo na
cara, aqui corre drogas, isso é impensável. Olharam tudo, cada um foi pelo seu
lado examinado, o lugar era decadente.
Quando se apresentou o primeiro cantor, ficara horrorizados, era hip
hop, mas de quinta categoria, o bar segundo o Jean, cheirava a merda, ficou ali
encostado, vendo como o garçon passa pastilha para a garotada.
Saíram, logo ali
perto, estava um carro da polícia, foi até lá soltou a dica, viu que não iam
fazer nada, anotou o número da placa do policial, se não fazes nada te
denuncio.
Quem vai assinar
a denúncia sobre o local. Cliff se
adiantou, eu alugo esse local, mas não para isso, quero que seja interditado.
Em seguida
chegaram mais dois carros, inclusive um vinha o chefe de polícia, ele se
identificou, quero que fechem esse local, vendem drogas, disse inclusive aonde
estavam, pedi a esse policial que fizesse isso não se moveu, foi preciso meu
socio chamar a central para aparecerem.
Em seguida o
local foi fechado, apareceu o que alugava o mesmo.
Estava na cara
que ele molhava a mão dos policiais para fazerem isso. Ele se apresentou, amanhã meu advogado vai
trazer um novo contrato de arrendamento, esse local é meu, ou melhora isso, ou
pedirei que o senhor saia do mesmo.
A velha permitia.
Ela está morta,
bem enterrada, agora mando eu, tua música é uma merda, essa casa de show,
pertenceu ao meu pai, que foi um dos melhores dessa cidade.
Foram para a
outra, o chefe de polícia foi também, da porta Jean cheirou, esse parece um
pouco melhor, mas o que havia ali, era música de qualquer bar, cheio de putas,
o ambiente era terrível.
Apareceu a dona,
ele se apresentou, sou o dono do local, no seu contrato, diz que será uma sala
de música, o que vejo aqui é um bordel.
Eu na verdade sub
alugo o local, o que tem o nome no contrato, me aluga para o que eu quiser.
Chamou o Ambrose,
desculpe incomodar, mas poderia vir até aqui, lhe deu o endereço.
Quando ele
chegou, esta senhora está dizendo que sub aluga o local, pela licença seria uma
sala de música, mas é um bordel. Não
quero isso em minha propriedade.
Ela nervosa
chamou o que lhe subalugava. Era o
mesmo do outro local.
Ele apresentou seu
advogado, em um este senhor vende drogas, no outro é um bordel, quero que
fechem os dois lugares, se quiserem comprar o mesmo, posso analisar, mas
enquanto o local for meu, os quero fora daqui.
O chefe de
policial, ria sentado ao lado, pelo rádio chamou a patrulha, esvaziaram o
local.
Amanhã o senhor, pode
falar com meu advogado, mas antes, saiba que não quero drogas, além do aluguel
ser muito barato, se quiser ficar, tem que reformar tudo, desde os banheiros, o
bar, tudo. Ainda pensou aqui vinha bem
uma loja do Stuart.
Olhou a rua em
volta, não deviam reclamar porque isso acontecia de noite, mas as lojas em
volta era ótimas.
Disse ao
advogado, quero transformar os dois locais em lojas.
Basta uma casa de
show. Jean concordou com ele
imediatamente.
Chamou o Stuart.
Este levou um
susto que passa para me chamar a esta hora.
Lhe contou
rapidamente tudo, queria ver se te interessa abrir uma loja tua aqui, venha me
visitar, mas te aviso, tenho namorado.
Posso te hospedar em minha casa enquanto isso.
Todas as duas
tinha um andar em cima, como ainda estavam ali, pediu ao policial, para olhar o
que tinha em cima. Era um puteiro em
toda a regra, em cima dividido por umas paredes finas, eram quartos para aqui
te pego, aqui te mato.
Disse ao chefe de
polícia, como isso podia passar.
Tua mãe, não
vistoriava nunca, creio, por isso, faziam o que queria, o que ela queria era o
alugue no final do mês.
Ambrose analise
esses contratos, se podem ser rescindido.
Quando chegaram
em casa rindo, o que faltava, eu ser dono de um putero. Não tenho nada contra
as putas, mas isso.
Na varanda estava
sentado o Jean Marie. Me deram a noite
livre, não tiro você, da minha cabeça, quero falar contigo.
Subiram de mãos
dadas, quando se sentaram ele foi direto.
Quando te encontrei em Paris, pensei, realizei meu sonho de jovem, era o
cara que eu gostava. Mas foi muito
melhor que isso, senti um prazer incrível, quando me chamaste para dizer que
vinha, te disse fiquei como louco.
Agora esses dias
junto contigo, como hoje no restaurante, quero fazer parte da tua vida, estou
apaixonado, meu irmão tem razão.
Agora quero saber
se queres, pois não quero me machucar.
Estou aprendendo
a gostar pela primeira vez Jean Marie, quando te chamei, era porque sentia
saudades de ti. Agora, quero estar
contigo, vejo que me entendes. Amanhã ou
depois, talvez venha um que foi o único namorado em NYC, nunca vivemos juntos,
acabamos amigos, gosto dele como pessoa.
Mas já lhe avisei
que tinha um namorado, isso significa que vou em sério contigo.
E se de repente
aparece o Charlie?
Isso não posso te
dizer, se passaram 12 anos, erámos uns garotos, na verdade, ele sem querer foi
meu primeiro homem, mas também causou que eu tivesse que ir embora, nunca o
culpei de nada, mas fui à luta, sou honesto quando estas tentando sobreviver,
não ficas pensando no que perdeste, tens que sobreviver, para comer, dormir,
meu único sonho não era ele, mas sim a música, portanto eu não o amava. Hoje tenho você, mas tu sabes que a música
para mim é como respirar, sem ela sim, sou incapaz de amar.
Se me aceitas
assim, quero continuar contigo.
Foram tirando a
roupa um do outro, o montou, quero ser teu outra vez, pode ser. Fizeram sexo,
um olhado na cara do outro.
Depois abraçados,
contou o que tinha feito essa noite. Não
sabia, que esse locais era meus, o último um verdadeiro bordel, uma casa de
putas num lugar que vale uma fortuna segundo teu irmão. Prefiro recuperar o
lugar que meu pai amava, do que ter lugares demais para dirigir.
O sonho do Jean, é
esse studio que tem em cima, ele não sabe ainda, mas vou lhe propor sociedade.
Teu irmão tem a
ideia genial de transformar a casa da frente num hotel de luxo para as pessoas,
longe da confusão do centro da cidade.
Seriamos sócios.
Eu tenho dinheiro
para viver minha vida, mas não quero estar preso a negócios que me impeçam de
cantar, entende.
Quero ter uma
vida, estou um pouco cansado de viver em hotéis, isso ainda vou conversar com
teu irmão.
Quero uma casa,
com uma pessoa junto, construir alguma coisa.
Sem querer
provocou o Jean Marie, este estava excitadíssimo. Eu adoraria poder compartir
minha vida contigo. Cante ao meu ouvido
My man. Quando viu o estava penetrando outra vez, o levou a loucura, quase
gritou, mas depois ficou rindo.
Sim isso eu quero,
tens folego para todos os dias.
Podemos tentar.
Temos que
encontrar um lugar para viver, que fique entre a casa de show, tua consulta, o
hospital.
Porque com essa
cama fazendo barulho, é impossível viver, colocaram o colchão no chão dormiram
agarrados, nus. De manhã tomaram banho
juntos.
Ele telefonou
primeiro ao Ambrose, para saber como estava o problema da madrinha,
Estava tentando
conseguir um lugar bom para ela ficar.
Ela nem tem consciência, não creio que tenha muito tempo de vida.
Depois falou com
Jules, queria uma reunião com ele, bem como o Jean. Esse disse que ok, tinha planos para falar
com ele. Se o Jean vem, melhor.
Para ajudar, ele
soltou, o Jean demora a se arriscar, se fosse tu, avança o sinal.
Depois ficou
tomando café, a tia ali, escutando seus planos, falou com o Jean, se abrimos o
local que está fechado, queres ser meu sócio nisso. O Studio será todo teu, sei que é um sonho
antigo, contou para a tia dos outros dois locais. Coisas da jararaca, desde que pagassem o
aluguel, para ela devia estar bem.
Depois de se
vestirem, foram para o escritório do Jules, não tinha imaginado que fosse tão
grande, ocupava todo um andar de um edifico que tinha sido reconstruído por
ele.
O deixou falar
tudo. Queria devolver o velho esplendor do hotel, estive olhando, ele foi em
seu tempo, uma coisa fantástica. Pode
voltar a ser, se for restaurado com gosto, tua madrasta era pelo mais
barato. O mesmo a casa, se me aceita
podemos entrar como sócios nas duas coisas.
O problema Jules,
é quem vai administrar tudo isso, eu não posso, nem gosto, por outro lado, não
quero vender, por causa do meu pai.
Teríamos que ter uma
empresa ou alguém que controlasse a parte administrativa, bem como uma pessoa
que fosse gerente.
Pense em tudo
isso. Jules, foi colocando na frente dele, os
quartos como eram, ela depois o transformou numa coisa para dar dinheiro fácil,
se dizia que permitia inclusive que os ricos viessem com suas putas para usar
durante horas. Não sei se era verdade ou
não isso.
Antes vamos fazer
a reforma da velha casa de show do meu pai. Isso será o primeiro, preciso
trabalhar, não sei ficar quieto, tenho que estudar as músicas, precisamos
encontrar músicos.
Para nos
acompanhar. Mas ao contrário das outras
casas de músicas, sem faltar a respeito, quero fazer uma coisa clássica, de bom
gosto.
Falar nisso
comentei com meu amigo que te disse que conheceu teu pai, ele me deu uma coisa
para te entregar, ele pode ajudar o Jean, com os músicos pois conhece todos da
cidade.
Caralho, aonde
vou encontrar um sistema desses antigos de cassete, era uma fita.
Ele chamou um
rapaz, que trabalhava ali, pode colocar essa música num sistema moderno.
Que usas para
escutar música comentou ele.
Normalmente um
CD, ou no celular, para ir escutando por aí, não tenho muita gente com quem
falar.
Bom primeiro vou
passar para teu celular, depois já vemos.
Foram com Jules
outra vez a casa de show, Jean como sempre correu para a parte de cima, abrir
as janelas ventilar o local.
Mas o chamou,
foram escutando as ideias do Jules, algumas coisas ele já tinha falado, essas
mesas não são as originais.
Jean disse que
estavam empilhadas no andar de cima, foram olhar, algumas precisavam de
restauro nas pernas, mas eram bonitas. Os tampos de mármore verdes ou rosa,
eram perfeitos, ele disse que com uma lixada, com verniz outra vez estariam
perfeitas, ele tinha uma pessoa para isso, bem como restaurar a barra, os
armários do bar. As portas de vidro
também estavam em cima. Mas colocariam um
sistema novo para os copos, taças etc. o
bar ficava numa parte mais alta, aonde tinha como uma varanda, ele queria
manter como estava.
Queria conhecer
teu amigo, para falar de música, ele que conhece todo mundo, preciso de gente
para trabalhar, tenho que falar com o Ambrose sobre contratos essas
coisas. Pois não tenho ideia dos
salários aqui. Bem como músicos
Nisso ele saiu
correndo, levou um susto, escutou gritar o nome de uma pessoa, voltou com ela,
era um sujeito singular, tinha um cabelo Black Power diferente, era uma mistura
de cabelos brancos com negros. Os olhos
eram de um azul espetacular.
Ia estender a mão
para ele, mas foi agarrado pelo outro, um bom filho a casa torna, teu pai
ficaria orgulhoso de ti. Tua voz é
espetacular.
Nisso desceu o
Jean, que ele apresentou como seu sócio, estava falando do senhor como Jules.
Senhor é o
caralho, meu nome é Alcides Monjardin, ao seu dispor.
Mas esse filho da
puta, falava bem ou mal de mim, deve ter dito que eu agarro seu piru, não
parava de rir. Olhou bem para o Jean,
você é o que faz os arranjos, verdade, do violoncelo.
Bom, se sentaram
na beira do palco, o que necessitas de mim, estou ao teu dispor.
Vamos reformar o
local, quero que tenha o brilho, quando meu pai cantava aqui.
Eu tenho fotos
dessa época, devo ter alguma coisa também de jornais. Depois que te mandei a fita K7, busquei,
tenho um disco que canta tua mãe verdadeira, além de uma lindeza, cantava como
os anjos. Vou passar para um CD, tudo
que tenho dele.
Eu adoraria, pois
gostaria que o primeiro show fosse uma homenagem a eles.
Que mais queres,
além de ir comigo para a cama? Dizia
isso as gargalhadas.
Eu se fosse você,
lhe disse o Jules, ele tem dono, é namorado do meu irmão.
Ui, ele pode
cortar meu piru, já não quero nada contigo.
Necessito de
músicos, você como conhece muita gente, sabe como trabalho também, seria um
prazer que nos ajudasse.
Farei isso como
maior prazer, mas aviso, essa minha maneira de falar as pessoas não gostam.
Para o show
seguinte queria te mostrar umas músicas minhas, fazem teu gênero, nessa fita,
que te mandei, teu pai canta uma das minhas, me fez rico.
Que vais fazer com
o andar de cima, eu trabalhei muitos anos no studio.
Isso já é com o
Jean, é o sonho da vida dele.
Precisa claro ser
modernizado, mas eu tenho muito material em casa, Jean, eu conheço muitos bons
músicos daqui, irei te apresentando. Te
dou a ficha de cada um.
Ia fumar um
porro, mas Cliff lhe disse que ali era um templo, era proibido fumar ervas ali,
a emoção tem que vir de dentro sem ajudas.
Ele pegou a cara
do Cliff, como teu pai. Quando dizem que
teu pai morreu de overdose, é mentira, ele não fumava, só bebia um Bourbon
durante o show, drogas nunca, creio que foi é envenenado pela mulher.
Se precisa de um
gerente, tem um muito bom, que estava até agora em NYC, que quer voltar para
cá, se queres digo para vir, para uma entrevista.
Até agora Jules
estava quieto, pegou o celular, chamou alguém que disse que viria em seguida.
Os homens
chegaram, ele começou a tirar medidas de tudo, precisamos ver o porão, para ver
o que tem ali.
Ah, Jules, me
faça um banheiro novo decente, como deve ser, além dos camarins que estão uma
merda.
Desceram, aquilo
estava cheio de mesas velhas, de outra época, tudo lixo, além de maquinas de
bar. Chame alguém para levar tudo
isso. Tudo cheirava a mofo.
Amanhã mesmo,
sabendo o que queres limpo tudo, vou dar entrada na prefeitura para conseguir a
licença.
Quanto aos dois
locais, que queres fazer?
O que é um
puteiro, falei com um amigo de NYC, que tem um tipo de roupa diferente, eu
sempre usei suas coisas no show. Ele
ficou de pensar, tivemos um romance, ele pensou que eu queria isso, mas disse
que tenho namorado.
Hoje torno a
falar com ele, mas também tenho um amigo em Paris, que talvez lhe interesse,
ele vende roupa reciclada de segunda mão, feita por ele mesmo.
Do andar de cima
só escutava Uau.
Não deixe que o
coroa, avance no Jean, não perca tempo, porque não o convidas para jantar por aí,
nada do restaurante de tua mãe, ele adora mariscos.
É tão patente que
me interessa?
Sim, já te disse,
é tímido.
Inclua na obra,
uma reforma na fachada, colocando como era antigamente, inclusive a calçada,
teremos sim, que falar em dinheiro.
Prefiro que me
detalhes, explicou como pensava.
Subiram para o andar de cima, Alcides estava explicando como era quando
trabalhava, inclusive, tínhamos uma rádio aqui, que só emitia jazz, coisas do
teu pai, imagina eu tinha 16 ou 17 anos, era louco por ele. Um dia me insinuei,
me deu um tabefe na cara, dizendo que eu o respeitasse, que era seu patrão.
Bom, já contei ao
Jean como era tudo aqui, se precisar de ajuda estou sempre disponível.
Ah, farei os
contatos, me de um número de celular, Jean deu o seu.
Depois que ele
foi embora, Jean disse, me deixou tonto, é muita informação, ele conhece o
assunto. Me mostrou aonde era a rádio,
acredita que a licença ainda está em vigor.
Ele já estava
separando muita coisa que já não valiam, vou separar o que posso readaptar, mas
preciso de alguém para limpar tudo isso das merdas. Hoje a tarde já vem um
homem buscar as mesas para restaurar.
Vou buscar cadeiras como as da foto.
Pode ser que um antiquário tenho, senão consigo alguém para fazer.
Sem que o Jean,
esperasse, ele o convidou para irem almoçar, para conversarem sobre o studio,
como pensava fazer.
Vens Cliff?
Não prometi que iria
com minha tia, visitar a madrinha. Vou
passar agora no advogado para saber dos dois locais.
Colocou o fone
nos ouvidos, quando escutou a voz de seu pai cantando a primeira música,
começou a chorar, ficou parado no meio da calçada chorando. Achou melhor
desligar, escutar quando estivesse em casa.
Enxugando as
lagrimas, chegou ao escritório.
Ambrose estava
cheio de papeis em cima de uma mesa grande.
Estou analisando
todos os contratos dos locais, esse homem é um filho da puta, disse que
comprava os dois, ofereceu uma merda.
Não quero vender
a esse senhor, já te direi o que vamos fazer.
Aproveitou para
chamar o Stuart pelo fixo, Ambrose lhe ofereceu uma sala para isso. Falou com ele, se tinha pensado no que tinha
lhe proposto.
Me pegas saindo
para uma agência de viagem aqui ao lado, reserva um hotel para mim.
Nada disso
ficarás, na casa de minha tia, aonde vivo, além do Jean, vais amar. Mas quero
que vejas tudo com o meu advogado, o vais jogar no chão, ele entendi o que
dizia. Até eu tenho vontade de seguir
teus conselhos. Tenho uma ideia, debato
quando chegares aqui.
Se é assim vou
hoje mesmo, consegui que meu gerente assuma a loja.
Tenho muitas
frentes abertas, mas posso ser teu sócio se quiseres.
Então deixaras de
ficar viajando pelo mundo?
De momento sim,
estava meio cansado disso, Stuart, precisava de um pouso, saber da minha
herança, me balançou muito. Já
começamos a restaurar a casa de shows aonde meu pai cantava, tem um studio em
cima, que fica por conta do Jean, creio que hoje já tem namorado também, estou
feito uma celestina.
Avise que voo
vens que vou te buscar no aeroporto.
Depois falou com
o amigo de Paris, sobre uns trajes que tinha provado, que o mandasse, lhe deu o
numero de seu cartão visa, além do novo endereço.
Este comentou que
tinha falado com o Stuart, ficou pensando que voltavas para ele, o fato de
estares namorando o rapaz com que vieste aqui, lhe disse que me pareceu boa
pessoa.
Se ele não
quiser, ia te convidar para abrir aqui alguma coisa.
Já falamos, mas
te mando as roupas.
Chamou pelo
celular, o Jean Marie, perguntou se estava trabalhando de tarde, queria ir alguma
praia, para escutar as músicas, assim poderia chorar à vontade. Lhe disse que só de escutar a primeira,
fiquei parado na rua, imagina a cara das pessoas. Acabou rindo da imagem.
Que tal tudo com
meu irmão?
Ele é genial,
acho que vou trocar de namorado.
Corto o piru
dele, já rindo também.
Se não puderes
sair de tarde, te vejo de noite, verdade.
Por nada do mundo
deixaria isso.
Quando chegou em casa, estavam as duas na parte de cima, foi até lá,
estavam com uma porta aberta, venha disse sua tia. Aqui era o quarto dos seus pais, o mantenho
fechado, mas talvez quisesse passar para ele.
Era imenso, tirando as cortinas, a colcha, que eram femininas, era uma
cama imensa, verificou se fazia ruido.
Abriu o armário, as roupas de sua mãe estavam todas lá. Colocou o celular tocando seu pai
cantando. Sua tia tinha lagrimas nos
olhos, adorava meu irmão, só briguei com ele quando casou com a jararaca.
Tinha uma parte,
com poltronas que ficava de frente para uma pequena varanda, nunca tinha
entrado ali, na parede tinha um retrato de sua mãe, realmente era linda. Na
cômoda tinha uma foto dos dois cantando.
Falou do Alcides,
ele acha que tem registro disso, dela cantando.
Quero fazer um show de inauguração, cantando as músicas dele. Já tinha a primeira na cabeça.
Pediu só para a Therese,
trocar a roupa de cama por coisas mais simples, talvez fosse o único quarto que
não tinha papel de paredes, tudo era branco, o chão de madeira, era perfeito.
Essa disse
finalmente, esse vai ser usado. Tinha até um banheiro incorporado, ele mandou
fazer para ela. Futuramente tiraria a
banheira.
Se deitou na cama
como estava, escutando a voz de seu pai, em seguida cantava quase todas. Era
emocionante isso, adoraria poder escutar a voz de sua mãe.
Acabou dormindo,
despertou com Jean Marie, deitado ao seu lado, tua tia me disse que devo trazer
alguma roupa para cá, assim não tenho sempre que sair correndo.
Por mim perfeito,
ah, Stuart deve chegar amanhã, vou pedir que arrumem o quarto que estávamos
usando para ele.
Meu irmão esteve
falando dos locais, porque eu não abria uma consulta ali, podia ser melhor,
pois é maior que a minha. Terei que ir olhar com ele, para saber de sua ideia,
disse que dá para montar uma clínica.
Por mim perfeito,
quero que tenha um bom uso.
Mas venha, dê-me
uns bons beijos, colocou o celular para escutar seu pai cantando.
Tem quase a mesma
maneira dele cantar, mas tu tens uma personalidade quando canta, pois eres um
intérprete mais profundo, naquela época era mais leve a coisa.
Gosto desse, cantou
baixinho para ele.
Que puta
privilegio, estavam se beijando quando escutaram da escada a Therese os
chamando para almoçar.
No que desciam,
lhe disse, Jean foi almoçar com o Jules.
Ficaram rindo os
dois.
Comentou com a
tia que tinha adorado o quarto, que levaria depois suas coisas para lá, que se
a Therese podia arrumar o quarto para o Stuart, explicou quem era, se ele
gostar, seu estilo de roupa é fantástico, representa aqui nos Estados Unidos,
um costureiro que sempre usei suas roupas, ele recicla tudo, de repente tem
roupas que a senhora gostaria.
É muito boa
gente.
Já estou com
ciúmes, soltou o Jean Marie, as duas ficaram as gargalhadas, ah como é bom ter
vocês aqui.
Tia como era os
dias de show com meu pai, se servia alguma coisa para as pessoas tomarem com a
bebida?
Quando muito
amendoim, antes sim tinha uma cozinheira, que fazia pequenas coisas, de um
livro de receita da nossa mãe. Coisas com ares franceses.
Eu gostaria de
ter isso.
Vou procurar o livro.
Quando Jean
voltou tarde, vinha com um furgão, como o que tinha usado na França, Therese
lhe ensinou como entrar pela rua detrás, aonde tinha uma garagem vazia.
Tua tia tinha
mania de guardar ali coisas velhas, eu um dia chamei um desses que recolhiam
coisas do Katrina, mandei levar tudo, se ela souber, me mata.
Como foi o
almoço.
A cara do Jean
era um gozo, vou dormir na sua casa hoje a noite, já estive lá, que diferença
do Marcos, ele se despoja de tudo, fazer sexo com ele é uma maravilha.
Fico feliz por ti.
Creio que Stuart
chega amanhã, tens algum compromisso, ou podemos ir busca-lo.
Quando ele diga a
hora que chega, me avisa. Estou pedindo
a empresas de material de som, que me mandem um catalogo, como estou vendo
aonde posso comprar um piano para ti, o Jules disse de um antiquário, que
tem. Quando vamos, seria bom ires também
para escolher.
Tomei a liberdade
de falar com o Ambrose, para saber que a licença da rádio ainda vale, gostaria
de ativar, só com jazz do bom.
Lhe passou ao seu
celular as músicas do pai.
Quando Stuart
chegou, fez uma festa imensa, o considerava seu amigo, como tal o tratou,
depois de instalado na casa, que ele adorou, o levou para conversar com o
Ambrose, quando o viu ficou de boca aberta, realmente era um monumento.
Os deixou sozinho
para tratar de tudo, lhes deu a chave do local.
Não voltou para
dormir essa noite, o conhecendo como conhecia, sabia que estavam juntos.
No outro dia,
brincava com ele, dizendo em que me meteste, esse homem na cama é uma fera, mas
o melhor é que é carinhoso, inteligente, tem conversa, não é um tonto que vais
para cama, em seguida pode ser a melhor foda, vai embora.
Olhei as lojas
por ali, a minha encaixa perfeitamente, agora tenho uma linha exclusiva de roupas
recicladas vinda diretamente de Paris.
Já tinha
contratado o Jules para fazer a Obra, disse o que queria, a parte de cima seria
um armazém, bem como um pequeno apartamento para ele mesmo.
Sabe que as vezes
gosto de estar sozinho, embora pela primeira vez quero viver com alguém.
Um dia marcaram
os seis para jantar, foi ótimo. Jean Marie, logo ficou amigo do Stuart, tinha
um humor impressionante.
No dia seguinte
se encontrou com o Alcides, desculpe a demora, mas encontrei a gravação, se
visse minha casa, parece uma madrigueira, de tanta lps, cds, tudo que se refere
à música, a vida de New Orleans. É uma
gravação antiga, mas as músicas são fantásticas.
Apesar das obras
ele já estava trabalhando em cima das músicas do pai, o que o surpreendia era
que ele cantava músicas da Billie Holiday, bem como de outras cantoras negras,
mas a sua maneira.
Finalmente 3
meses depois, de conseguirem licença, vistoria que como dizia o Jules, os
empregados públicos adora um suborno.
Ajudados pelo Alcides, tinham uma equipe boa, bem como dois músicos. Embora estivessem acostumados as big bands de
New Orleans, se adaptaram.
A rádio já estava
funcionando, com o Alcides, que trouxe gente para trabalhar, se dava bem com o
Jean. Gravaram tudo que seria o primeiro
show como experiencia.
Assim podiam
revisar o material.
Tinha arrumado
inclusive um jovem para fazer a iluminação.
A decoração era
basicamente igual da época de seu pai.
Ele concordou com
os Alcides, bem como Jean, fez uma primeira noite de pré estreia, para
convidados oficiais, convidaram o prefeito, o governador, jornalistas, tanto da
televisão, como dos jornais, todas as pessoas que tinham a ver com música na
cidade, não esquecendo é claro de sua tia, a mãe do Jean Marie, Therese que
estavam numa mesa a parte.
A luz se apagava,
ele aparecia sentado no palco, com uma roupa de seu pai. Se lembrava
perfeitamente como ele se apresentava.
Tinham tido a
sorte, de encontrar o piano original, num antiquário, a jararaca o tinha
vendido.
Depois de
afinado, ele sentia uma coisa elétrica dele com o piano.
Começava dizendo
que tinha aprendido a fazer música, sentado no colo do pai, justamente nesse
piano, a primeira música que me ensinou, resgatei num show que já fiz, mas
agora seremos ele colocou o dedo para cima, eu, o piano.
Começou a cantar
baixinho como seu pai fazia com ele Over the Rainbow, era como uma prece,
depois entravam os músicos, ele cantava a sua maneira, em seguida cantou todas
as musicas que seu pai cantava, mas de outra maneira, num dado momento,
enquanto improvisavam, saiu de cena, voltou com uma das suas roupas
fantásticas, em que parecia que estava nu.
Cantou mais dez
canções. Quando acabou o público estava
em pé rendido a ele.
Deu várias
entrevistas ali mesmo. Quando lhe
perguntaram se as músicas das big bands não lhe interessavam, respondeu
tranquilamente, nunca digo dessa água não beberei, mas amo esse tipo de show, o
vi desde criança, com meu pai, essa casa era para isso, mas entre espetáculos,
claro que teremos algum grupo que represente justamente isso.
No dia seguinte
os jornais bem como a televisão, falavam do show, a noite da estreia estava
completa, inclusive com jornalistas de outros lugares.
Desta vez ele
trocou de roupa duas vezes, pois a roupa de seu pai fazia um calor infernal. A
do dia anterior tinha levado para casa totalmente molhada. O melhor mesmo foi comemorar na cama com o
Jean Marie. Lhe contou o que fazia,
depois do show normalmente, ir andar pelas ruas para relaxar, mas estar com ele
era muito melhor.
Nesse dia nos
bises, cantou uma música que duas pessoas que quero muito gostam. Moon River.
O fez como
sempre, só acompanhado pelo Jean. Com uma roupa nova, que parecia que estava
nu, pois tinha suado muito ela tinha ficado pegada ao seu corpo.
Stuart virou-se
para o Jean Marie, lhe perguntou se vinha armado, pois olha a cara dessa gente,
já estão com ele na cama.
Um jornalista
perguntou a ele numa entrevista depois, se esse tipo de roupa era para agradar
a plateia gay. Se eles gostam bem, se os
outros também, melhor. Veja bem, esse é
o tipo de show que fiz pela Europa inteira, sempre com sucesso, creio que New
Orleans merece.
Para os dias que
ele não atuava, já tinham um outro grupo selecionado pelo Jean, ajudado pelo
Alcides. O programa de rádio
funcionava. Alcides fez uma entrevista
com ele, que foi ao ar num dia que ele não trabalhava. Cantou umas quantas músicas do show, a
capela.
Alcides um dia
lhe entregou uma maqueta, de músicas cajun, como ele dizia. Creio que posso encontrar mais, com a tua
voz, creio que ficariam fantástica.
Foi um trabalho
duro de quase três meses. O Stuart criou
um cenário para o mesmo, quando lhe perguntou aonde tinha tirado isso, ele
disse que num dos passeios que fazia com o Ambrose.
Estava vivendo
junto com ele, feliz da vida. Inclusive participava das reuniões da família
dele.
Sua loja ia a
pleno vapor, principalmente que as pessoas sabiam que as roupas que ele usavam
era todas exclusiva dali, que tudo era exclusivo, se não ficava bem na pessoa,
ele sempre encontrava algo. Os outros
artistas da cidade vinha sempre comprar ou fazer encomendas.
Fazia uma gozação
dizendo que em breve teria um voo direto New Orleans/Paris.
Acabou vendendo a
loja de NYC, comprou o local que estava, não penso em abandonar esse homem
nunca.
Iria ajudar o
Jules na decoração do hotel. Numa
reunião, ele soltou com muita propriedade, somos todos gays aqui, porque não
recuperar ao máximo o esplendor dessa época, já que os gays adoram isso. Se fazemos divulgação do hotel, nas revistas
gays, em breve estaremos no lucro.
A obra em si,
ficou pronta antes que a decoração. Ele tinha pensado em se mudar para o que
era a suíte familiar, mas resolveram entre ele, Jean Marie, que adoravam estar
com a Tia bem como a Therese, que os cuidava com mimo, sua roupa dos shows,
estava sempre impecáveis.
A tia tinha até
remoçado, Stuart, tinha conseguido uns trajes para as duas, que as outras
senhora morriam de inveja. Quando
terminaram a temporada, Jean trouxe uma cantora de NYC, com seu grupo, fizeram
uma temporada pequena, com a casa cheia, agora as pessoas já sabiam o que iam
ver.
Resolveram fazer
no lugar da suíte, um lugar para o café da manhã, tinha uma entrada pela rua
detrás, era um pequeno Bristô Frances, seu amigo de Paris, mandou um amigo,
senegalês, para ser o chefe. Esse se
sentiu em casa, depois trouxe sua família, mulher com dois filhos.
Era outro
sucesso, pois dava um novo ar ao restaurante.
Quando inauguraram o Hotel, com as personalidades do lugar, o mesmo
velho elevador de grades, mas com uma maquina moderna, que tinha levado meses
de adaptação. Os quartos eram todos
cópias dos antigos, mas sem papel de paredes, com banheiros modernos.
Para o grande
Carnaval de New Orleans ele estava lotado a meses de antecedência.
Quando passou o
carnaval, lançou seu novo espetáculo, mas antes, um dia, Alcides, disse para
ele, se confiava nele. O meteu no seu
velho carro, o foi levando para os subúrbios da cidade, aonde vivia a gente
pobre. O levou para falar com um senhor,
de idade indefinida, todo vestido de linho branco, uma coisa rara ali. O homem
o abraçou de maneira especial, demoraste mas vieste. Era uma casa muito simples de madeira, cheia
de esculturas negras, o homem o levou para uma sala vazia, ali, pediu que ele
tirasse toda a roupa, em cima de um grande alguidar de madeira, lhe deu um
banho, pediu para ele cantar uma música das que tinha mandado, ele cantou uma
que adorava. Esse riu dizendo, é
perfeita, continue cantando, sem parar, o homem ia rezando enquanto isso, num
momento ele não estava mais ali, era de novo garoto, ia num carro com seu pai,
chegavam a essa casa, o pai o recomendava ao homem, que algum orixá cuide do
meu filho, sinto que vou morrer, não quero que fique desamparado.
O homem era o
mesmo, mais jovem. Disse ao seu pai o
que ele seria, um cantor, famoso, mais do que ele, conquistaria a Europa. Seria dono de sua própria vida.
Quando voltou a
si, seguia cantando, pois a música que o homem cantava nesse dia era essa.
Se lembrou. Ele chorava.
Sei que o show
está pronto, mas sugiro que seja a música de abertura, nada de roupas
coloridas, só use roupa brancas. Lhe deu uma guia imensa, cheia de coisas
penduradas, para usares com essa música, depois o retire, coloque em cima do
piano.
Ele mudou o show,
Stuart teve que se virar como um louco para conseguir roupas brancas de linho
para ele, finalmente tinha três.
Não contaram a
ninguém como seria o show. Fez como da
outra vez, uma pré estreia, os clientes mais assíduos foram convidados, bem
como as autoridades, ele não gostava, pois bebiam sem pagar.
Mas fez como o
homem tinha falado, ele parado no meio do palco, com uma luz sobre sua cabeça,
com a guia atravessada no corpo, cantando aquele lamento em cajun, quando
acabou o publico veio abaixo. O resto do show, ao final de cada música era
aplaudido.
Antes do bis, ele
agradeceu ao Alcides Monjardin, que tinha sido seu guia por estas músicas
maravilhosas das terras do Delta do Mississipi.
Quando deu
entrevista na rádio, Alcides lhe perguntou pela experiencia.
Tenho que ser
realista, quando voltei, não sabia o que queria fazer, minha ideia era fazer um
show, como já fazia, mas me deste uma fita K7 com as músicas do meu pai. Foi como reencontrar com a minha
infância. Essa agora, me guiaste com as
tuas mãos outra vez, foi maravilhoso.
Agora ia sempre
que podia, falar com o velho. Um dia
acabou descobrindo que era seu avô, pai de sua mãe. Ai o xodó, foi maior, perguntou se não queria
ir viver com ele.
Não posso meu
filho, tenho outros filhos para cuidar.
Começou a ajudar
todo o pessoal dali, um dia levou o Jules, para que aproveitasse as férias para
reformar a escola do local, coisa que a prefeitura não fazia.
Um dia o velho
lhe apresentou, uma garota, magra, desengonçada, não era bonita.
Cante aquela
música que gostas, como ele canta.
A garota, cantou
Moon River como ele cantava, quando viu cantava junto com ela.
Perguntou se
tinha família?
Vivo com uma tia,
por caridade.
Ele olhou para o
velho, posso leva-la.
Fazes esse
favor. A levou para sua casa, sua tia,
bem como Therese, se tomaram de amores com a menina. A colocou nas mãos do Stuart, que a
transformou, quando acabou o três meses de espetáculos, junto com o Jean, mais
o Alcides, escolheram todo um repertorio, tinham recuperado tudo que sua mãe
cantava.
Incluíram pela
primeira vez um saxofone, no grupo. Tinham que escolher um nome para ela, pois
nem documentos ela tinha. Tens certeza
de que não sabes teu nome.
Falou com o
velho, ele foi simples, porque não a adotas, é uma filha grande, mas pode ser
tua filha.
Contou a história
dela, os pais, eram jovens demais, andaram nas drogas, quando ela nasceu, logo
em seguida desapareceram, morreram no Katrina, foram encontrados muito longe
daqui.
Nunca a
registraram. Ele falou com o Ambrose,
ele conseguiu com um juiz que sabia da história, que ela fosse adotada por
ele. O juiz tinha ido várias vezes ver
seu show.
Nesse o colocaram
na pré estreia, na mesma mesa que sua tia, as duas senhoras de sempre.
Ela estava um
pouco nervosa, ele disse, não se esqueça que estas comigo, a tinha ensinado a
respirar para cantar, bem como interpretar a músicas, alguma cantava os dois,
outras ela sozinha, Stuart tinha caprichado no figurino. Uma das músicas de sua mãe, cantava ela, era
um lamento, muito conhecido das mulheres do Delta do Mississipi, que lamentavam
a perda de algum filho.
Ele agora só se
vestia de branco para os shows, bem como cantava sem sapatos, ela fazia igual,
abria o espetáculo, só em cena, toda vestida de branco, com os cabelos apanhado
em tranças, cheios de contas brilhantes, que pareciam formar uma coroa em sua
cabeça.
Antes se escutava
sua voz dizendo, quero os apresentar minha filha Marie Brown, uma digna herdeira
da saga da minha família. Tem o nome de
minha mãe, que cantou um tempo, depois nasci, ela morreu. Agora sua neta canta uma música que ela
cantava, lá nos arrabaldes do Delta.
Acendia a luz em cima dela, ela cantava acompanhada do Jean, bem como o
rapaz da clarineta, parecia que esta estava chorando.
Depois do final
dos aplausos, ele entrava cantava um blues que sua mãe gostava. Sem querer sua voz mudava, cantando blues.
Os dois primeiros
shows, foram gravados, se vendiam os CDs, nas lojas, mesmo ali no local, mas
este estourou de venda.
Veio uma equipe
de um programa de NYC, que era de uma amigo do Stuart, que gravou, mandou para
este, ele veio com uma equipe completa, gravaram o show inteiro, além de
entrevistar os dois. Ela muito simples,
disse que o tinha escutado na rádio que eles divulgavam o Jazz, se tornou meu
momento particular de me sentir viva.
Nunca fui a escola, mas minhas madrinhas me ensinaram a ler, estava se
referindo a sua tia, a Therese. Sou como
da família.
Lhe perguntaram
quando iria alçar voo sozinha. Nem
pensar, ainda estou aprendendo a andar na música.
Ele sabia disso,
um dia ela alçaria voo, seria alguém de sucesso, como tinha acontecido com ele.
Logo apareceram
ofertas para NYC, se sentaram como faziam sempre para definir alguma coisa.
Ele não estava
disposto a sair dali, se afastar do Jean Marie, o outros tampouco.
Vamos fazer o
seguinte, o próximo show, será totalmente dela. Depois de estrear aqui, podemos acompanha-la
por um tempo em NYC, se for bem, ela pode alçar o voo sozinha.
Ele fez ao
contrario uma coisa, era as noites de inverno em New Orleans, chovia muito, ele
agora com um público cativo, se sentava no piano, cantava o que lhe saia dos
ovos como ele dizia. Alguém lhe pedia
alguma música, se ele soubesse tocava.
Sabia que seu pai
tinha feito muito isso, principalmente antes de sua morte. Falou disso na
entrevista do rádio.
Alcides, um dia
lhe trouxe um recortes de jornais daquela época, se falava que seu pai não
tinha morrido de over dose como se falava, pois não tomava drogas.
Para tirarem
duvidas Ambrose, conseguiu exumar o corpo, nos restos de roupa, analisados, sim
se encontrou veneno. Acho que tua
madrasta, segundo tu mesmo, viviam discutindo, o envenenou.
O melhor foi
descobrir através do avô, que sim era verdade, ele tinha se apaixonado por um
músico, queria se divorciar para viver com esse homem. Ele ainda é vivo, vou procurar por ele.
Ela tinha feito
da sua vida um inferno, ameaçando a divulgar na cidade que ele era gay, naquela
época significava muito. Agora entendia
o que tinha passado quando ela o pegou com o Charlie.
O velho localizou
o homem, numa residência do Delta, o encontro deles foi emocionante, quando ele
morreu, eu perdi tudo, ela me perseguiu, não deixava ninguém me contratar, tocava
nos bares do Delta, mas um dia ficou doente. O levou para viver com eles, o homem o
abraçava, eres igual a ele, tens um coração imenso.
Adorava ficar
sentado na varanda de trás conversando com eles, ele tinha sua clarineta
guardada, ao escutar começou a tocar outra vez, o levava com ele, aos ensaios,
do show novo que preparava. Ele chorava
de emoção.
Preparou um só
eles dois, me conta as músicas que tocavas com meu pai, era da sua última faze
vivo. Já estava mal, não sabia que
vinha sendo envenenado por ela.
Quando o show da
Marie estreou, Jean convidou donos de casa de NYC, para escuta-la, todos a
queriam contratar, Jean voltou ao seu oficio de agente, negociou com todos,
conhecia as letras miúdas dos contratos.
Eles foram a
estreia dela na cidade, foi um sucesso, era chamada para todos os programas de
músicas, entrevistas nos jornais, se encantavam com a naturalidade dela em
responder as perguntas. Uma jornalista
perguntou se tinha namorados.
A senhora me
desculpe, mas parece as fofoqueiras do Delta, minha vida particular é minha,
disso não falo, meu pai me aconselhou bem.
Venho falar de música, do meu trabalho.
Ele tinha
voltado, montou um show, só ele, com o Gerard, no saxofone. Cantando as músicas que ele, bem como seu pai
amavam.
Veio descobrir
que naquela época, seu pai desafiava o preconceito, cantando My Man, olhando
para ele.
Na estreia cantou
olhando para o Jean Marie. Quando o
estado aprovou os matrimônios gays, se casaram os três amigos, foi uma grande
festa só com os amigos.
Marie veio para a
cerimônia, queria ajuda também do Jean para montar um novo show, isso ela faria
sempre. Ele ia uma vez por mês,
assistir o show, encaixar alguma música nova.
Um dia o velho o
chamou, queria que ele escutasse algo, o levou a igreja protestante dali, o fez
sentar-se quieto na última fila, escute o garoto.
Ele ficou
arrepiado quando escutou um garoto de uns 12 anos cantando. Sua voz era
impressionante. Quando saíram o velho contou sua história, era a mesma
tragedia, os pais tinha morrido no Katrina, levaram meses para descobrir, ele
ficou jogado na rua, sofreu abusos, agora está aqui numa casa de acolhida. Se quiseres pode o adotar.
Falou com o Juiz,
este aconselhou a que falasse antes com o garoto.
O garoto foi
levado a casa do velho, quando o viu, soltou, ele me disse que ias me resgatar.
Quem disse isso?
Teu pai, ele vem
sempre nos meus sonhos, diz que cantas como os anjos, que vais me querer.
Queres ser meu
filho, o garoto o abraçou chorando, quero.
O adotou, o
colocou na escola, agora tinha duas avós também, um dia ousou perguntar a sua
tia quantos anos tinha, ela ficou furiosa, nunca se pergunta isso a uma dama.
Porque nos
aniversários, o bolo nunca tinha velas.
Jean Marie, se
revelou um paizão, arrumou ele mesmo escola para o garoto, o levava nos seus
dias livres a escola de música. Era como
se este dia fosse seu dia de ser pai.
Cliff dizia que
ia sentir ciúmes. Nesse momento ele o
chamava assim “marido, que coisa feia, sentir ciúmes do nosso filho”. Acabavam rindo, nos dias que iam almoçar no
restaurante da mãe do Jean, era igual, o prato dele sempre era especial, bem
como a sobremesa.
Quando a chamava
de avô, ela se derretia. Um dia disse
que ele tinha que arrumar um filho para o Jules, o levou para ver o velho. Este
ficou muito sério, vais perder um ser querido, mas não se preocupe, pois não
estarás só.
Jean tinha aberto
uma conta num banco de NYC, para Marie, quando ia até lá, cuidava do dinheiro
dela, como sempre tinha feito com o dele.
Agora se relaxava mais, pois tinha arrumando um garoto para ajudar no
studio.
Ninguém sabia de
aonde tinha saído esse garoto, um dia ele entrou, sem querer tinha deixado a
janela aberta, encontrou o mesmo dormindo no chão do studio, dai a virar seu
ajudante. Foi um pulo. Descobriram que
o mesmo tinha fugido de um orfanato, o menino tinha um dom fantástico para a
música, conseguiram adotar o mesmo, quando lhe disseram para escolher um nome,
pois ele mesmo não sabia, escolheu como Salomão, Jean Jules, JJ. Os dois o
adoravam.
Mas voltando ao
assunto, estava no banco, quando entraram para roubar, acabou levando um tiro,
morreu no ato.
Foi um horror
para todos, Jules, perdia o amor de sua vida, o filho o pai que o entendia,
Cliff o amigo de muitos anos.
Mas se
surpreenderam, logo depois de adotar o garoto, como estavam casados, criou um fideicomisso
para o garoto, para que ele pudesse estudar música, ser alguém na vida.
Alcides, perdia
sua alma gêmea na rádio, mas ninguém deixou a peteca cair. Se uniram em torno
do Jules, o filho estava sempre com ele.
Menos mal que me
deixou essa criança incrível. É sua viva imagem. Embora fosse mulato tinha os mesmos olhos do
Jean, que isso o tinha cativado quando o descobriu dormindo no studio.
Tinha conversa de
um adulto, ia super bem na escola de música, Jules no entanto tinha saído a sua
mãe, se sentava com ele para estudar, ele reclamava que os outros garotos eram
infantis.
O único com quem
se dava era com o Jean Marie Junior, os dois eram uma pinha, em quando se
tratava de música, coincidiam em cursos na escola de músico, agora nos dias
livres do Jean Marie, eram quatro os dois irmãos, seus filhos, depois Cliff se
juntava a eles para almoçar.
A avó os
mimava. Os filhos reclamavam que ela
devia se aposentar, passar o restaurante para frente. Mas nem pensar, dizia. Tenho eu ganhar
dinheiro para esses meninos irem à universidade.
Agora ele contava
com o Alcides, mas até que esse arrumou um ajudante, a coisa ficou
apertada. Agora ajudava ele ao Cliff,
fazer repertorio.
Estou velho mas
não estou gaga.
Sua surpresa foi
o dia que a Marie, apareceu de mala e cuia, em casa, estou farta de NYC, gosto
de cantar, mas viver longe de vocês é um castigo. Agora ela ajudava nos Shows, faziam sempre
coisas novas. Cantavam juntos, quando
Jean Marie Jr. Fez 15 anos, conseguiram incorporar num show que faziam aos
sábados.
Mas se
surpreenderam no dia que ele como Jean Jules, apresentaram um show completo os
dois, um no piano outro no contra baixo.
Cantavam uns
blues melancólicos, nada próprio da idade deles, lhes perguntou aonde tinham
tirado essa letra, ele apontaram para o Alcides, que levantou o ombro, dizendo
o que se vai fazer, uns vão ficando velho, ensina o que pode.
Alguns blues eram
tão velhos que ninguém mais se lembrava deles.
Alguns era do próprio Alcides, cantando algum amor perdido de sua
juventude.
Era difícil naquela
época ser gay, fui preso muitas vezes, pois me apaixonava todos os dias. Ria
muito falando, mas nessa época esteve comigo o único homem, que amei, vivemos
dois anos de amor escondido, da família dele, como da minha. Mas um dia morreu, tinha começado a gostar de
drogas, porque sua família era uma merda.
Quase morri de
dor. Mas sobrevivo só até hoje.
Um dia se
surpreendeu, era quase natal, estava ali sentado no bar, com uma garrafinha de
água como sempre, pensando na vida.
Quando uma pessoa falou com ele.
Cliff Boy, era
assim que o Charlie o chamava. Se virou, ficou surpreso, na frente dele estava
um homem velho, consumido, com os cabelos brancos, olhos tristes.
Vim ao enterro de
meu pai, tomei coragem vim te procurar.
Contou sua vida,
tinha se casado, nunca fui feliz, tive dois filhos, que foram com ela embora,
quando nos divorciamos, ela se casou de novo, vive com eles no Canadá, depois
passei pela mão de muitos homens que me fuderam a vida.
Agora depois de
um tempo, recolhido num tratamento psicológico, estou retornando a vida.
Nunca superei a
sacanagem que fizeram com a gente, sempre te amei, mas não sabia controlar
minha vida, deixei que me mandassem para Dallas, lá sempre fui infeliz, quando
me casei fui para San Francisco. Nem sei como não contrai o Aids. Justo nesse
momento chegou o Jean Marie, com o Junior, ele apresentou, meu marido, meu
filho.
Tenho inveja de
ti, conseguiste dar a volta por cima, depois se despediu foi embora.
Ficou com pena
dele. Jean Marie, fez uma coisa que
sempre fazia, colocava as mãos no ombro dele, dava um beijo na sua cabeça,
depois foi trabalhar.
Agora entendia o
que tinha sentido seu pai, quando o separaram do amor da vida dele.
Pediu que Jean
Jules podia gravar de novo uma música, era uma que seu pai tinha feito para o
seu amor perdido.
Soltou a voz num
lamento profundo, com muita dor. No final da gravação se o podia ver chorando.
Regravou todo o
disco que tinha feito com homem de seu pai, mas só ele no piano, Jr na voz, o
Jean Jules no contra baixo. Só os três, que sabiam o que era perder alguém.
O Alcides dizia,
as mesas vão ficar molhadas de tantas lágrimas.
Anos depois,
passaram a ir muito a NYC, para verem os garotos, agora estudavam juntos na Juilliard,
era impressionante os ver juntos, compunham músicas, tinham uma cabeça
privilegiada.
Aos poucos os
velhos foram morrendo, sua tia primeiro, depois o homem que seu pai tinha
amado, os enterrou juntos, depois a Therese.
A casa ficou imensa para só os dois, já que os garotos não estavam,
Jules veio viver com eles, pelo menos os irmão mantinham o humor da casa. Marie tinha um namorado, que era advogado,
vivia com ele, mas ajudava administrar tudo. Estariam bem, quando eles
morressem. O mais interessante era que
ninguém se interessava pelo hotel, o acabaram vendendo para uma cadeia de
hotéis para gays.
Os criticaram por
isso, mas com a casa de show, já tinham bastante.
Stuart com o
Ambrose também sempre estavam com eles, tinham agora um casal de filhos
adotados também, se matavam de rir, pois o Stuart parecia uma galinha com os
filhos.
Não os mimava, os
colocava em ordem.
Um dia colocou a
mão sobre a sua, dizendo, te amei, mas a esse homem que tenho, amo com loucura,
meus filhos, tudo isso devo a ti.
Eles pensaram
esses meninos, depois desse tempo em NYC, nunca mais vão querer voltar para
cá. Se enganaram, ficaram um tempo
trabalhando por lá, fazendo tudo junto.
Voltaram cheios
de planos, entendiam mais de música que eles todos juntos. O Alcides que estava muito velho, era o guru
deles. Quando morreu, num enterro
impressionante, afinal ele conhecia todo mundo, deixou tudo para os dois, todo
seu acervo de música.
Eles organizaram
toda sua bagunça, transformara a casa dele, num lugar para as pessoas irem
pesquisar música.
Um dia para
surpresa de todos, anunciaram que iriam se casar, estamos tão acostumados um ao
outro, que não podemos viver separados.
Viviam com eles,
Jean Marie, que tinha bom humor, dizia que a Mansão familiar, tinha virado uma
comunidade gay.
Um dia chegaria a
hora de irem partindo, agora era só esperar, mas nenhum parava.