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Tinha um nome
meio idiota, North Smith, as vezes dizia que seu nome devia ser Lost North,
pois as vezes estava literalmente perdido.
Quem o visse, ali
trabalhando em Urgências de um grande hospital, nunca ia acreditar nisso, pois
era rápido no que fazia, tomava decisões, apoiado em seu instinto.
Talvez tivesse a
medicina de uma coisa hereditária, pois seus pais eram médicos, a única coisa
era que não tinha planejado ter filhos, queriam ir pelo mundo salvando as
pessoas.
Quando ele
nasceu, ainda se aguentaram uns dois anos na cidade, depois o largaram com os
avôs maternos, que eram mais jovens, com a desculpa, vamos até Africa fazer uma
experiência de trabalhar com uma ONG, de médicos, nunca mais voltaram.
Ah anos foram
dados como sequestrados com algum grupo de Islamistas, seus avôs ficaram
furiosos, porque ele era um garoto cabeça dura, quando metia uma coisa na
cabeça ia até o fundo.
Era alto, magro,
para sua idade na escola, quando começaram os Bullying ele se defendia, mas era
fraco. Um dia entrou no ginásio, se
encantou com o trabalho que fazia um professor, com ginástica, perguntou se
podia se inscrever?
O professor olhou
bem para ele, perguntou se sabia que iam fazer bullying.
Mas isso já
fazem, vim aqui, para pedir o que podia fazer, para fazer as barras paralelas,
há que ter força verdade?
Se apontou nas
classes, os avôs foram contra, mas ele insistiu, fazia natação também, no que
era bom. Não se importou muito com as
gozação, lhe chamava de marica, coisas do gênero.
Mas foi
adquirindo um corpo fantástico, criando músculos, ganhando força.
Para ele a barra
paralela, era uma coisa que fazia para se relaxar, era capaz de ficar horas
ali, era muito bom, treinava até conseguir a perfeição, seguindo seu exemplo,
um rapaz novo na escola um chines, começou a fazer, mais tarde mais dois
entraram para a equipe.
Representavam a
escola em muitas competições, ele tinha em seu quarto medalhas, taças, coisas
assim. Na natação era igual. Mas os avôs jamais iam as competições. Quando se sentiram velhos demais para cuidar
dele, no que entrava a adolescência, o internaram numa escola moderna.
Isso foi um
castigo, para alguém que adorava andar pela cidade, descobrindo coisas novas,
falar com as pessoas.
Era uma escola
masculina, ele fazia os exercícios que tinha aprendido sozinho, ali só podia
fazer natação. Tinha um corpo
espetacular, quadris estreito, ombros largos, cabelos compridos como todo
adolescente complicado.
Mas tinha em
mente o que queria fazer, queria ser médico, nunca tinha entendido seus pais,
se no pais os pobres necessitavam de médicos, porque tinham que ir para longe.
Basicamente
falava com os professores, os outros alunos de sua idade, lhe pareciam
infantis, estudava porque queria conseguir uma bolsa para estudar medicina.
Um dia de noite,
que estava treinando para uma competição, um grupo o cercou, só conseguiram o
jogar no chão, quando um deles, deu com um pau na sua cabeça, ali abusaram
dele, mas ele criou uma confusão tremenda, pois os denunciou a todos. Mesmo o diretor da escola querendo tapar
isso, chamou o advogado da família, esse disse que ele ficaria com fama, mas
seu alegado foi, ficarei de qualquer maneira com o rotulo de gay.
Mas eles vão
pagar caro. Denunciou inclusive o diretor que tinha gravado dizendo de deixasse
passar, que os pais desses alunos eram ricos.
Moveu uma ação
contra eles, ganhou, o juiz disse que ele era um jovem de muita coragem, quando
muitos ficam quietos.
O que não quero
senhor é guardar isso dentro de mim, para que futuramente tenha a cabeça
retorcida.
Tiveram que lhe
pagar uma indenização gorda, bem como foram expulsos da escola, constando nas
suas fichas a agressão.
Pois ele
continuou lá, quando alguém se atrevia a fazer uma brincadeira, ele se
plantava, tirava o pau para fora, queres provar isso.
Saiu da escola
com as notas mais altas, conseguiu entrar para a universidade de medicina com
uma bolsa de estudos. Seus avôs
preferiram conseguir um apartamento pequeno, para que ele vivesse sua vida.
Era considerado o
melhor aluno, desde o primeiro ano, nas férias arrumava alguma coisa para
fazer, trabalhar com homeless, ajudar alguma ONG, que cuidava desses homens que
voltavam destroçados da guerra.
Não tinha
vergonha de dar banho em algum, que não podia, por lhe faltar os braços, ou as
pernas, quando começou a trabalhar como interno no hospital, para as práticas,
pediu logo para trabalhar em Urgências, quando todo mundo queria escapar.
Ele era sempre o
primeiro em chegar, o último a sair. Ajudava todos os médicos, aprendendo,
prestando atenção.
As enfermeiras
eram loucas por ele, mas era educado com todas, só uma ficou sua amiga, com ela
saia para tomar alguma coisa, não gostava de bebidas, tampouco fumava.
A escutava com
seus problemas, também tinha feito a universidade com uma bolsa de estudos,
primeiro porque era negra, as outras negras, quando muito chegavam a
enfermeiras.
Era cardiologa,
tinham trabalhado juntos em Urgências, mas ele preferiu ficar.
As vezes saia
exausto, depois de 24 horas trabalhando, chegava em casa, tomava um banho, caia
na cama.
Nesse dia, estava chateado, pois tinha aparecido
uma garota, em pleno parto, não devia ter 16 anos, estava de drogas até a
alma. Sua agressividade era
impressionante, não queria deixar a criança sair, pois o mundo era cruel.
Concordava com ela, tiveram que dopa-la para fazer
uma cesárea, mas era tarde o feto estava morto, a dose de cocaína que
encontraram no bebê, era impressionante.
A tinham atada a cama, conseguiram interna-la em um
hospital, para tratamento psiquiátrico.
Ele tinha segurado o feto nos braços, tentou
reanima-lo porque era sua obrigação, mas sabia que não teria futuro.
Não queria ir para casa, pois sua cabeça não o deixaria
em paz.
Sentou-se numa praça, colocou a cara entre as mãos,
sem querer deixou suas emoções aflorarem, começou a chorar, viu que alguém
sentava ao seu lado, colocava a mão no seu ombro, lhe perguntando se precisava
de ajuda.
Obrigado, só estou me desabafando, vi coisas feias
hoje.
Quando levantou a cabeça, viu ao lado dele, um
negro imenso, de sua mesma altura, mas com uma cara linda de bebê chorão.
Viu que tinha um ferimento no braço, perguntou o
que tinha acontecido.
Fui aparta um briga, me feriram, mas não importa,
para quem esteve na guerra, isso não é nada.
Estavam do lado da sua casa, venha, moro aqui do
lado, sou médico, tenho material em casa, limpo, costuro a ferida para ti.
Foi contando para ele o que tinha visto hoje,
imagino que na guerra viste coisas piores?
Sim, algumas vezes não me deixam dormir, crianças
mortas, nos braços das mães, tudo é um horror.
Quando chegou a sua casa, perguntou se antes podia
tomar um banho, pois fazia dois dias que não tinha conseguido chegar ao
albergue para isso. Por enquanto vivo
na rua, até que encontre o que fazer.
Para ele era uma coisa natural, tinha lidado tanto
tempo com homeless, que sabia, que a maioria eram boas pessoas, apenas
atravessavam um mal momento.
Tinham mais ou menos o mesmo tamanho, as calças que
seriam um problema.
Pegou a roupa dele, colocou na máquina de lavar
roupa, depois as secaria.
Sem querer tirou as suas também, colocou junto,
ficou ali olhando as dois tipos de roupa, como que se abraçando.
Ah estás lavando a minha roupa.
Lhe estendeu a camiseta, que ficava apertada, mas
servia, as cuecas ficavam pequenas, o jeito era ele ficar com a toalha.
Vou tomar um banho, já lhe faço o curativo.
Como no apartamento, ele tinha mandado tirar as
portas, se via a pessoa tomando banho, quando saiu viu que ele estava excitado.
Fingiu que não via. Sentou-se preparou o curativo. Pediu uma pizza gigante para os dois, assim
esperamos tua roupa secar na máquina.
Ficaram conversando, o outro disse como fazes isso,
nem sabe meu nome, de aonde venho, nada.
Isso não importa, outra pessoa teria passado por
ali, sequer parando para perguntar se eu estava bem. Tens cara de honesto, confio em ti.
Ele disse obrigado, colocando suas mãos imensas em
cima da deles.
Ficaram se olhando, foram se aproximando, aquele
homem imenso, era tremendamente carinhoso, segurou sua cara entre suas mãos,
foi lhe beijando os olhos, o nariz a boca, ah foi um sentimento único.
Quando se deram conta, estavam os dois
excitados. Nisso chegou à pizza que
rompeu o momento magico. Ficaram rindo, quase não posso abrir a porta.
Em seguida estavam os dois na cama, que era pequena
para eles, acabaram no chão, lhe colocou uma camisinha, deixou que ele o
penetrasse, o fez com tamanha delicadeza que ele sentiu um prazer imenso.
Depois pararam para comer, ele estendeu sua mão,
sou Paul Ander, eu North Smith.
Ficaram se olhando outra vez, tinham colocado o
colchão no chão, voltaram outra vez a fazer sexo. Nunca tinha se sentido assim.
Lhe disse, tenho dois dias de folga, fique aqui
comigo.
Tens certeza, eu as vezes tenho pesadelos de noite,
podes te assustar.
Tenho experiencias, contou que sempre tinha ajudado
uma ONG que cuidava dos que estavam nas ruas.
Quando foram dormir, quem se sentiu protegido foi
ele, pois o outro era mais forte, maior do que ele.
Despertaram de manhã os dois excitados, fizeram
sexo, um olhando na cara do outro.
Desta vez, ele pediu que o penetrasse, o levou a
loucura, tiveram orgasmo os dois, um agarrado ao outro.
Tomaram banho juntos, um lavando o outro rindo.
Pelo menos meu irmão, lhe dizia Paul, fui feliz uma
noite, uma manhã, saíram para tomar um café, ele lhe perguntou se não tinha
vergonha de andar com ele.
Não vejo por que, não sou melhor do que tu, além de
que, me fizeste imensamente feliz.
Mas claro no dia seguinte de noite teria que ir
trabalhar, queria lhe deixar a chave do apartamento, assim tens aonde ficar.
Nada disso, vou procurar emprego, de noite te
espero na saída do hospital.
De fato de noite estava lá, ele tinha saído num
momento, comprado roupas no tamanho dele.
Estas me acostumando mal, nunca ninguém cuidou de
mim.
Ficaram assim uma semana, ele sempre voltava
chateado, pois não conseguia emprego.
Disse que era advogado, que tinha servido no posto
de Policia Militar, mas nem para policial me querem.
Mas saia todos os dias, ele lhe dava dinheiro para
comer durante o dia.
Um dia estava em urgência, quando avisaram que iam
chegar ambulâncias com alguns manifestantes feridos.
Um dos primeiros era o Paul. Lhe contou que tinha parado para ver a
manifestação, que um policial, o tinha confundido com um deles, desceram o
cacete em cima de mim, creio que rompeu uma perna.
Quando começou a examinar o mesmo, viu que nada,
levaste também um tiro no quadril.
Ah então foi por isso que cai. Um policial que estava ali, disse que isso
podia ter acontecido. No que olharam tinha destroçado o quadril dele, seria
necessário colocar uma prótese.
Mas não tenho dinheiro North.
Não se preocupe, subiu com ele, falou com a
diretora do hospital, disse que era seu amigo, que ele pagaria tudo.
Lhe fizeram a operação.
Estava esperando fora, depois o acompanhou a
reanimação, quando viu um negro parecido com ele, muito bem vestido, se
apresentou como fiscal, vi o nome do meu irmão na lista dos que a polícia
agrediu.
Creio que na confusão, lhe deram um tiro no
quadril, pois tiveram que colocar uma prótese.
Quem é o senhor, ele se apresentou, North Smith,
sou amigo do Paul.
Ele sorriu, esse menino não tem jeito.
Não entendo por que não me procurou, podia ter
arrumando um emprego para ele, mas não, sempre foi orgulhoso. Podia ter ficado na minha casa, mas não
apareceu.
Estendeu sua mão, imensa como a de Paul, Robert ou
Rob Ander.
Ficaram os dois ali conversando, esperando que ele
se despertasse.
Não viram que estava com os olhos abertos,
escutando a conversa deles. Riu muito,
já estão planejado toda minha vida.
O irmão se jogou em cima dele, filho da puta,
sempre tenho que saber depois que as coisas acontecem.
Não se preocupe, tenho um anjo de guarda bom, ele
cuida de mim.
Aonde tens dormido, espero que na rua não?
Sim dormi muitas vezes na rua desde que cheguei,
mas agora durmo em sua casa, ele me ajuda.
Vieram lhe dar uma medicação para dormir.
Tenho que voltar ao trabalho, avisei que estaria
aqui em cima, mas meu horário não acabou ainda.
Pode deixar, eu cuido dele.
Depois subo outra vez.
Quando voltou, era tarde, tinha acabado seu
horário, estavam os dois conversando, pode deixar passo com ele a noite, estou
acostumado.
Eu agradeço tenho um julgamento complicado
amanhã. Sou um dos fiscais do estado.
Ele nem se preocupou que o pessoal do hospital, os
vissem de mãos dadas.
No dia seguinte, tomou um banho no próprio, sempre
tinha roupa limpa no seu armário.
Desceu para trabalhar, todos comentavam de seu
amigo. Ele antes que a fofoca se
estendesse, é meu amante também.
Ninguém falou mais nada. Só sua amiga, que soltou na cara dele, que
desperdício eu me casava com os dois, mas rindo.
Escutei um dos rapazes falando com o outro, que os
imaginava na cama, que devia ser fantástico.
Quando Paul se restabeleceu, seu irmão lhe arrumou
um lugar para ser polícia especial no fórum, estava feliz da vida, viviam os
dois juntos, North nunca tinha imaginado nada semelhante, nunca tinha vivido
com ninguém.
Seguia seu trabalho, que dividia em duas frentes,
ajudar a ONG que já fazia antes, com Urgência um dos médicos disse que ele
devia se especializar em operar, pois já o tinha visto fazer isso na urgências.
Acabou aceitando depois de conversar muito com
Paul, mas quando não estava operando, estava lá ajudando os companheiros.
Um dia as notícias correram rápido, avisaram que
chegariam ambulâncias, tinha havido um tiroteio do Fórum, alguém de uma banda
ia ser julgado, não parava de chegar ambulâncias, com pessoas feridas. Ele ia ajudando, menos mal que Paul não
aparecia, sinal que devia estar bem.
Quando encontrou um policial conhecido, lhe perguntou o que tinha
acontecido, esse sem saber de nada, disse que o Paul tinha sido o primeiro a
ser atingido, que tinha morrido no ato.
Mas que seu irmão estava a salvo.
Sentiu que lhe tinham puxado o tapete, se veio abaixo,
justo quando chegava o Robert, correu para ele, com o policial, o levaram para
dentro.
Não sentia nada, apenas as lagrimas corriam pela
sua cara, nem as sentia, era como se o mundo tivesse parado, que Paul do outro
lado dissesse, desce daí, vem ficar comigo.
Ele era seu bem mais precioso, em sua cabeça, era
como se a felicidade fosse algo proibido para ele.
Encostou a cabeça no peito do Robert, não conseguia
controlar suas lagrimas.
Sua amiga avisada, veio correndo, confundiu o
Robert com o Paul, mas ele se identificou, contou o que tinha acontecido. Pensei que nesse trabalho meu irmão estaria
seguro, nem estava armado, vinha de tomar um café, quando saiu o tiroteio, ele
foi o primeiro atingido.
Ninguém sabe ainda como as duas bandas entraram ao
mesmo tempo no edifício, uma de cada lado.
Conseguimos evacuar a sala de julgamentos, eu pensava menos mal que a
cinco minutos tinha falado com ele, que me perguntava se queria que trouxesse
um café.
Já volto me disse, agora o perdi para sempre.
Agora chorava ele, North o consolou, eram duas
pessoas se consolando mutuamente.
O enterro foi emotivo, alguns amigos do hospital
foram, sua melhor amiga Mel Ambrosium, foi, não tinha saído nenhum dia de seu
lado.
Ele não podia se concentrar para fazer nenhuma
operação, mas pouco a pouco, voltou a trabalhar, as pessoas lhe cuidavam bem.
Trabalhava tudo que podia para se ocupar. Meses depois encontrou Mel, bem vestida que
saia, uau, foi o que lhe disse, aonde vais assim?
Vou jantar com Robert, estamos saindo já ah algumas
semanas. Ele é impressionante, esta
saindo da baixa que foi a morte do irmão para ele.
Boa sorte aos dois, se ele for como o Paul, tens
sorte.
Só tinha sobrado uma foto dos dois, abraçados no
mesmo banco do parque aonde tinham se conhecido.
Chegava em casa, olhava para a foto, tinha vontade
de sumir.
Nessa mesma época a empregada de seus avôs, o
chamou, os dois estavam com princípio de Alzheimer, ela dizia que não conseguia
controlar os dois. Quando foi visita-los
com um médico do hospital, ele disse que o melhor era internar os dois.
Para isso, precisava de uma autorização do Juiz,
pois tinha que entrar nas economias dos dois para pagar um lugar bom.
Robert o ajudou, ficou pasmo, pois tinha muito
dinheiro guardado no banco, a senhora que os cuidava, pagava ele, pois alegavam
não ter dinheiro.
Não duraram muito, quando foi a leitura do
testamento, ele herdava tudo deles, dois apartamentos, uma cabana perto de um
lago, que ele nem sabia que existia, bem como o dinheiro do banco.
Vendeu o que eles viviam que era muito grande,
ficou com o outro, não entendia, ele vivia de aluguel, os dois sempre
reclamavam que não tinham dinheiro, tanto que teve que fazer a universidade com
bolsa de estudos, agora tinham tudo isso guardado?
Mandou reformar o outro apartamento, se mudou para
lá, só levou sua roupa, a fotografia dos dois juntos.
Mobiliou o apartamento simplesmente, podia ir a pé
para o hospital.
Procurou com o advogado saber sobre a cabana, ele a
localizou, estava numa cidadezinha perto, mas estava alugado.
Um final de semana que não tinha o que fazer, tirou
seu carro da garagem, foi até lá.
Ficou pasmo com o lugar, era de uma beleza
impressionante. Uma voz atrás dele
disse, imagine o por do sol, é melhor ainda.
Quando se virou, deu de cara com um homem de sua
altura.
Disse quem era, queria saber que cabana era essa,
pois nunca me falaram nela, viviam reclamando que não tinham dinheiro.
Nick Sanders, se apresentou o homem, eu a alugo,
diretamente da imobiliária, não vivo aqui, nunca venho no inverno, aqui tenho
paz para escrever.
Venha tomar um café na varanda, que é uma
maravilha.
Quando a aluguei a primeira vez, tudo estava sujo,
mandei fazer uma limpeza, mas os moveis são os mesmo.
Mostrou a cabana inteira para ele, tinha a sala com
uma lareira, atrás da lareira ficava um quarto, depois o banheiro, uma cozinha
mínima.
Não preciso de mais, quando estou aqui.
Espero que não queiras roubar meu remanso de paz.
Imagina eu trabalho em Urgências, bem como opero
também, herdei dois apartamentos deles, um aonde viviam, o vendi, o outro nem
sabia que existia, eu vivendo de aluguel.
Reformei este outro porque fica perto do hospital.
Já sei quem eres, sou amigo do Robert Ander, eres o
namorado de seu irmão. Que merda o que
aconteceu.
É verdade, agora estou entrando nos eixos outra
vez, o trabalho me distrai disso.
Imagina, nem me lembro como era a cara dos meus
pais, me deixaram com os velhos quando tinha dois anos, desapareceram na
Africa.
Por isso herdei, porque senão tudo seria da minha
mãe. Mas escutei sempre a mesma
ladainha, que eram velhos, pobres, etc.
Estudei interno, porque meus avôs paternos pagavam, depois fui a
universidade com bolsa de estudos, porque não havia dinheiro.
Nunca falavam sobre a vida deles, antes, agora
ultimamente que soltavam alguma coisa, pois não se lembravam do que tinham
comido, mas algumas coisas do passado sim.
Acredito que fugiram da parte comunista da
Alemanha, por isso, se chamavam Smith, eu sempre usei esse nome, pois meus pais
não eram casados.
Estava ficando tarde para voltar para a cidade, o Nick
o convidou para ficar para dormir, esse sofá que estas sentado é uma cama,
podes ficar aqui. Eu estarei uma semana
mais, quando acabe esse artigo que estou escrevendo vou embora.
Acabou aceitando, comendo dois bons sanduiches,
tomando coca cola, os dois não bebiam.
Ficaram vendo o pôr do sol, que realmente era
maravilhoso. Sentiu uma paz interior
impressionante.
Fazia muito tempo que não dormia assim.
No dia seguinte quando viu Nick saindo do banheiro,
ficou impressionado com a quantidade de cicatrizes que tinha nas costas.
Fui jornalista de guerras. Efeitos colaterais.
Teve que se controlar, queria passar a mão sobre as
cicatrizes, passar a mão em seu peito.
Mas se conteve.
Tomou um banho também, Nick o acompanhou a pequena cidade para
conversarem com o homem que administrava a cabana.
Esse disse que sabia quem ele era, não te lembras
de mim, mas a primeira vez que te vi, eras um bebê, vieste com teus pais. Depois teus avôs ainda apareceram algumas
vezes, essa cabana na verdade não era deles, mas sim de teus pais.
O velho reclamava, que não gostava daqui, ficar
sentado olhando tanta água, não era com ele, me deram a liberdade de cuidar do
lugar, o Nick quando alugou a primeira vez, estava uma merda, anos demais fechada.
Na verdade só alugo para ele, um acordo de
cavalheiros.
Eu avisarei se venho, tenho que conseguir encaixar
como aconteceu esse final de semana, os meus plantões em Urgências, com o de
operações.
Ah, eres médico, aqui falta um pelo menos, temos
que ir até a cidade mais próxima para isso, só temos um ambulatório com uma
enfermeira, que é muito velha por sinal, está sempre mal humorada.
Almoçaram num pequeno restaurante que tinha ali,
depois ele foi embora.
Estava relaxado no dia seguinte, quando foi
trabalhar, sua casa nova, o deixava contente.
Conseguiu mudar umas datas, queria passar uns dias
na cabana, tinha se sentido bem lá, Nick lhe telefonou, num dia livre seu foram
almoçar, depois foi mostrar se novo apartamento, pela primeira vez comprei um
quadro para minha casa. Nunca tive tempo
para essas coisas.
Quando tentava mudar datas para ter dias livres a
responsável disse que ele tinha duas férias para tirar, nem se lembrava
disso. Nunca as tinha tirado,
normalmente as vendia, seguia trabalhando.
Pensou, antes que o inverno chegue, posso passa
umas duas semanas lá.
Avisou ao homem da imobiliária, que estaria lá uns
15 dias.
Um dia encontrou na saída o Robert, tinha vindo
buscar Mel, que bom que te encontro, tem um assunto que queria falar
contigo. Na autopsia do Paul,
descobriram um tumor na cabeça, acreditam que inoperável, que ele não viveria
muito tempo.
Isso não o consolava, mas que importava agora.
No dia seguinte, foi para a cabana, tinha parado no
meio do caminho, quando Nick chamou, disse que precisava ir até a cabana, pois
tinha deixado lá um texto que estava trabalhando.
Vou ficar 15 dias lá, mas apareças, gostava de
estar com ele.
Os primeiros dias esteve sozinho, o por do sol cada
vez era mais bonito, porque as árvores também estavam mudando de cor. Ficava ali sentado, perdia a noção do tempo.
Estava assim um dia quando Nick apareceu, tinha
preparado uma sopa, para o jantar, os dois comeram depois ficaram sentados na
sala.
Começaram falando do que estava escrevendo, para
muitos pode ser a história de alguém, mas no fundo é a minha.
Numa das últimas vezes que estive na frente, ia num
carro que sofreu uma explosão, eu voei longe, só me dei conta que sangrava, do
pessoal, do meu carro, fui o único a sobreviver, o resto morreram todos, me
chamava de avô, pois era muito mais velho do que eles. Me levaram para um hospital militar, embora
eu dissesse que não o era, apenas estava num veículo militar.
Me operaram várias vezes. O pior foi saber que tinha perdido meus
ovos. Isso acontece muito com os
militares que tem seu veículo, que passam por uma bomba.
Não tenho esperma, mas em contra partida, tenho
ereções monumentais. Posso levar horas
excitado. Mas fiz uma coisa, me neguei a tomar medicinas para a dor, todo o
tempo, nada de remédios para dormir, ou para qualquer outra coisa. Fui sim a um psicólogo para poder enfrentar
isso, mas ele se surpreendeu que eu não me importasse que não poderia ter filhos,
lhe soltei, que depois de tudo que tinha visto no mundo, nunca teria filhos.
Ele contou a história da garota que o bebe tinha
nascido morto, por causa das drogas.
Eu também não os teria, pois o mundo está cada vez
pior.
Sem querer suas mãos se tocaram, ficaram olhando um
para o outro, não sabia dizer quem puxou o outro, logo estava se beijando.
Em seguida na cama, realmente fazer sexo com ele,
não tinha fim, depois de ter-lhe penetrado, pediu que fizesse isso com ele,
pois era uma das poucas formas que podia sentir prazer.
Sempre tenho medo, lhe disse, pois as pessoas não
entendem muito disso.
Nas minha entrevistas para escrever esse artigo,
conheci um que era sargento, lhe aconteceu a mesma coisa, só tem prazer, se
muita gente lhe penetra seguidamente, toma muitas drogas, pois perdeu a mulher
e os filhos nessa história.
Vai a esses clubes aonde as pessoas estão vestidas
de couro, se oferece a todo mundo, eu o acompanhei para ver como fazia, fiquei
literalmente horrorizado, ele grita de prazer quando são duas pessoas ao mesmo
tempo.
Fora disso, é uma pessoa séria, faz trabalhos
juntos aos ex-combatentes, mas esconde que usa drogas para se controlar.
Dormiram abraçados, despertou com ele fazendo café.
O levou para a cama, começaram a brincar, voltaram a fazer sexo.
Depois foram nadar na água fria do lago, riam como
duas crianças.
Iria embora nesse dia, lhe perguntou por que não
ficava, ele estava de férias.
Foi ficando, nem prestou a atenção nos dias
passando.
Um dia muito sério lhe perguntou se o satisfazia
como ele necessitava?
O olhou sério, sim adoro estar contigo na cama,
sinto muito prazer quando estou contigo.
Mas sou honesto de dizer que tenho medo.
Não creio que seja a pessoa indicada para ficar,
construir uma relação contigo, aqui estou relaxado, mas na cidade, entro em
neura.
Querem que vá para a Síria, mas ainda não resolvi. Necessito dessa adrenalina toda, por mais
que me resulte perigoso, quero ir.
Mesmo que eu peça para ficares?
Sim, mesmo assim eu nunca fiquei com ninguém por
isso, necessito dessa adrenalina como do
ar.
Entendeu, era como ele sentia nas Urgências,
gostava de estar ali, sem saber o que aconteceria no momento seguinte, tudo
sempre era assim, não era como uma consulta, era o aqui te pego, aqui te mato.
Mas antes dele partir, lançava seu livro em NYC, o
convidou para ir, mas tinha operações agendadas, se despediram, me procure
quando volte.
Mas na verdade sabia que nunca o faria.
Mas desta vez, pelo menos sabia o que ia acontecer.
Foi levando a vida, um dia atendeu um paciente em
urgência, bem podia ser irmão do Paul, era grande como ele, trabalhava num
banco, houve um assalto, lhe feriram.
Tinha duas balas do corpo, uma era complicada de
extrair, mas ele conseguiu.
Quando o foi olhar em recuperação, tinha uma
sensação estranha, como se o conhecesse de muito. Dias depois quando voltou, viu que estava
bem, ele perguntou North, não me reconheces verdade?
Outro dia tive a sensação que sim. Ele soltou
erámos vizinhos do teu avô, eu cheguei a entrar nas classe de ginásticas por
tua causa, se você podia eu também podia.
Estava literalmente apaixonado por ti, mas nessa
época teus avós diziam que estava rebelde, logo te internaram, numa mais te vi,
a não ser algum tempo atrás quando foste visitar teu avôs.
Mas não me viste, te achei bonito como sempre.
O examinou, como vai tua vida?
Bom como sempre, sozinho, as pessoa olham para todo
esse meu tamanho, esperam uma pessoa agressiva, mas não sou.
Ele ia, outra vez para a cabana, queria ver como era
estar lá no inverno.
Lhe iam dar alta no dia seguinte, perguntou se não
queria ir com ele, nesses dias tinham conversado muito, lhe contou do Paul, o
que tinha acontecido.
Minha mãe falou a respeito, até prefiro ir contigo,
pois vai querer que vá para sua casa.
O que fazes no Banco?
Sou advogado do mesmo, sabe aquela história de
estar no lugar errado na hora errada, foi o que aconteceu comigo, fui até lá
para resolver o problema de uma cliente, quando entrei, levei o primeiro tiro,
em seguida o segundo.
Pelo que soube essa cliente que ia atender, levou
um tiro na cabeça, nem sei do que se tratava.
Mas foi com ele, Roger, se lembrava de detalhes das
competições que tinham participado, que em sua cabeça tinha borrado.
Passaram uns cinco dias, rindo muito, ele
agradeceu, me livraste de ter que aguentar minha mãe, me dizendo que tenho que
conseguir uma família. Mas nunca me
apaixonei por ninguém, quem sabe um dia.
O deixou na sua casa, riu muito com sua mãe,
reclamando que isso não se fazia, ela preparada para cuidar dele, ele escapava.
Agora iam sempre que podiam para a cabana, podiam
ficar horas conversando. Quando
finalmente se encontraram na cama, foi como um embate de dois homens, tinha a
mesma altura, força, temperamento.
O sexo foi o melhor que lhe tinha acontecido,
despertou no dia seguinte com ele lhe olhando.
Pensar que nunca te pude tirar da minha cabeça.
Do meu quarto podia ver o teu, chegavas tiravas
toda a roupa ficavas nu, eu como um louco me masturbava, mas não tinha coragem
de chegar perto de ti.
Só na equipe, conversávamos, mas sempre eras muito
sério.
Segurou sua cara, começaram a se beijar com gosto
de ontem, foi ótimo.
Conseguiram tirar férias juntos, passaram o tempo
todo lá, quando chegou a primavera, adoravam ver tudo brotando, estavam sempre
juntos, agora ele viviam no mesmo apartamento, sua mãe, não gostou, pois, se ia
a merda o sonho de ser avó.
Mas o mundo sempre escreve tudo por linhas tortas,
estavam na cabana, o xerife apareceu quase pega os dois nus, no lago.
Precisamos da sua ajuda, apareceu na vila uma
garota, está parindo, o médico não está, tampouco a enfermeira.
Foram para lá, ele usou o ambulatório para ajudar a
garota, examinou bem, disse que teria que fazer uma cessaria pois não tinha
suficiente abertura, além da criança ser grande.
Improvisou uma maneira dela dormir com clorofórmio,
pois ali nunca faziam operações.
A criança estava bem, era um garoto, mulato, a
menina era branca. Mas não importava.
Depois que voltou a si, ela disse que não podia
ficar com a criança, pois seus pais a matariam, pensavam que estava na casa de
uma prima. Terei que voltar, pois sou
menor de idade, meus pais muito religiosos.
Num impulso, perguntou se queria dar em adoção para
ele, afinal a tinha ajudado, ela concordou imediatamente, o xerife, bem como o
juiz da cidade mais próxima, concordaram, pois, senão a criança entraria numa
larga lista para adoção, ali ele era conhecido.
Perguntou se podia ser em nome dos dois, o juiz
perguntou se eram casados, não, mas se o senhor quiser nos casar,
perfeito. Os dois riram, era a pedida
em casamento mais desastradas das conhecidas.
Assim começaram a vida de casados, já com um filho.
Não saberia dizer quem era o mais paizão.
A mãe do Roger, logo queria que a criança ficasse na sua casa, se
negaram, nada disso ficará conosco.
Então o jeito era ela ir quase todos os dias para ficar uma parte do dia
lá com a baba, uma enfermeira aposentada do hospital, que adorava crianças.
Menos mal que se deram bem, pois assim não tinham
que aguentar fofocas.
Chegavam em casa, corriam para perto do garoto, lhe
deram o nome North Roger Smith Snaith, assim teria o nome dos dois, todo mundo
dizia que coitado do garoto.
Mas eles se adoravam, compartiam tudo, ver o garoto
crescer, os finais de semana que passavam na cabana, lá o ensinaram a nadar, logo
tinham um cachorro que não se desgrudava do mesmo, era impressionante.
Quando chegou a época de ir para a escola, ia de
manhã, ficava até a hora que Roger ia busca-lo, ele nos dias que estava de
folga também ia.
Fazia exames periódicos no garoto, numa souberam de
aonde tinha saído a garota, nem como tinha acontecido sua gravidez, ela se
negou a falar.
Os dois foram envelhecendo juntos, iam em todas as
coisas para comemorar a vida do filho, quando ele finalmente entrou para
universidade, Roger se aposentou, ele lhe faltava pouco, mas já não estava em
urgência, pois se cansava muito, já não tinha idade.
Fez um acordo com o hospital, le liberam, para
trabalhar na vila, assim passaram a viver na cabana. O filho vivia na cidade, mas estava sempre com
eles.
Quando se
formou em medicina, foi uma comemoração por todo o alto, a mãe do Roger tinha
falecido uns anos antes, com o sonho cumprido, de ver seu neto na universidade.
Ele que a adorava, ficou chateado, mas claro a vida
segue em frente.
Ele agora de manhã, atendia no consultório da vila,
qualquer coisa o chamavam em casa. Adoravam estar ali, tinham passado os
melhores anos de suas vidas ali.
O filho, sempre que podia estava ali.
Agora era ele que cada vez que vinha, examinava os
pais, por um lado eles adoravam, saber-se cuidados.
Quando ele trouxe uma namorada, acharam graça, pois
ele sempre estava falando num companheiro.
Na vez seguinte, veio com o mesmo, riram outra vez,
pois os dois encaixavam. Acabou se
confessando a eles, adorava o amigo, mas tinha vergonha de falar qualquer
coisa.
Não faça isso, olha o que aconteceu comigo, soltava
o Roger, não me declarei na nossa juventude, tive que esperar muitos anos para
o reencontrar.
Ele se declarou, o outro só respondeu, não era sem
tempo, estou esperando a muito isso.
Agora sempre vinha os dois para estarem com eles.
Tinha aumentado a cabana, assim se podia alojar à
vontade.
Nunca esconderam do filho que o tinha adotado ali
na vila.
Numa época de sua adolescência, fez muitas
perguntas a respeito, mas depois desistiu.
Tenho os melhores pais do mundo.
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