lunes, 25 de abril de 2022

THESE GUYS - ESSES MOÇOS

 

                              THESE GUYS – ESSES MOÇOS

 

Esses moços, pobre moços, ah se soubessem o que eu sei?

 

As vezes olhava para a juventude de agora, não entendia nada, sabia claro que os tempos eram outros, mais modernidade, sempre a palavra mais na frente.

Mesmo seu filho, que em criança parecia adora-lo com loucura, hoje estava longe dele, cada um vivendo de um lado dos Estados Unidos.  Quando se divorciou, ficou contra ele, claro descontava que sua ex-mulher, fazia jogadas com ele, o manipulava.

De um lado, tinha saído do que para ele era um inferno, pois ela era uma pessoa possessiva, dominante, menos mal que tinham se casado com separações de bens, sua família era muito rica.

Imaginava agora o filho vivendo no luxo do apartamento dos avôs no Central Park.  Ele sempre tinha vivido igual, num bom apartamento, num edifício construído por ele mesmo, afinal era engenheiro para alguma coisa.   Sua empresa ia bem, não podia reclamar, embora cada vez mais se cansasse das idiotices dos outros.

Estava numa idade, que se arrependia de não ter desfrutado mais da vida, ter sido um jovem inconsequente, mas evidentemente isso era quase impossível, vinha de uma educação firme, quase germânica.

Tinha passado boa parte de sua juventude em bons colégios, misturado com jovens de família bem, o que lhe enchia o saco de tanta pose.

Quando acabou a universidade, entrou para trabalhar na empresa do pai, que construiu os maiores edifícios da cidade.  Quando morreu, herdou sua parte na empresa, era proprietário de 55% da mesma, então seu voto era decisivo.

De jovem tinha verdadeira adoração pelos que podiam fazer surf, mas essa palavra em sua casa era uma blasfêmia.

Aonde já se viu perder tempo se equilibrando em cima de uma prancha com a possibilidade de quebrar o pescoço, isso eram os argumentos de sua mãe.    Já os de seu pai, era como gastar tempo em nada.

Escutava seus amigos que faziam com inveja, nunca tinha se enturmado com eles.   Quando entrou para a empresa, lhe arrumaram um casamento, basicamente foi isso, selar duas boas fortunas num matrimônio.

Ela era super simpática quando se conheceram, depois se tornou uma mulher azeda, preocupada sempre com o que vão dizer, que a sociedade de San Francisco era inculta, essa merdas, passava mais tempo em NYC que com ele.

Quando ficou gravida, inclusive pensou que o filho não era dele, mas o menino desde pequeno era sua cara.

Mal seu pai morreu, ela pediu o divórcio, ou ele vendia tudo vinha morar num lugar culto, ou se divorciavam.   Ele preferiu o divórcio.    Embora claro que isso significasse ficar sem o filho. Pagava pontualmente a mesada do mesmo, conforme decisão do Juiz.  Ia sempre até lá só para vê-lo, mas claro quando chegou a adolescência a coisa torceu o rabo.  Já não queria se encontrar com ele.   Sua mãe tinha se casado outra vez, com um milionário, ao que ele chamava de pai.

Tomou talvez uma decisão errada, pois deixou de ir, lhe mandava o dinheiro, inclusive lhe pagou a universidade, tinha estudado arquitetura.    Sabia dele por um amigo, estava trabalhando em sua empresa.

Ele ao contrário, estava estagnado, nem tinha refeito sua vida, tinha tido romance com homens, mulheres, mas nunca tinha se encontrado. Alguns inclusive chegavam a dizer que ele não sabia amar.

Tinha quase certeza disso, tinha sido criado num distanciamento amoroso de seus pais, seu casamento era igual, a única pessoa que conseguia demonstrar carinho era seu filho, mas esse não o queria.

Estava pensando nisso, preso no engarrafamento de todos os dias.  Puta merda, isso não é viver.

O celular começou a tocar, era um antigo cliente, ex-senador, que alguns diziam que tinha negócios sujos, mas com ele sempre tinha sido super atencioso, fizeram bons negócios juntos, tinha deixado a política, porque teve que cuidar de sua mulher.

Sabia que tinha um filho, um pouco mais jovem que ele, mas nunca o tinha visto.

Esse como sempre foi direto ao assunto, queria saber se podia atender seu filho, este tinha uma ideia para uns terrenos que tinha herdado da mãe, mas precisava de alguém que o orientasse.

Sem problemas, marcou uma hora, justo depois da reunião que tinha nesse dia.

Mal chegou ao escritório mal humorado, sua secretária de muitos anos, o esperava como sempre na porta, alguém claro a avisava que ele estava subindo.  Foi relatando todos os problemas de obras, ele se perguntava, porque seus punheteros sócios não se enfrentavam a isso, tentassem pelo menos resolver os mais simples.   Alguns mal saiam do escritório.

Pegou todos as anotações de sua mão, estava mais irritado ainda.

Entrou na sala, todos estavam ali fumando, com uma taça de café na mão.

Ele simplesmente atirou os papeis em cima da mesa, dizendo, já que estão coçando o saco, acho melhor trabalharem, resolvam todos esses problemas, já que sou o chefe dessa merda, façam alguma coisa, para fazerem jus aos benefícios que meu trabalho dá.

Saiu batendo a porta, entrou em sua sala, fechou a porta, disse a secretária que a hora que chegasse o filho do senador, um tal de Henry Jr. Que o avisasse.

Abaixou as persianas, ficando no escuro.   Não sabia quanto tempo mais aguentaria tudo isso.

Tinha muito medo sempre de suas próprias explosões.

Na noite anterior, tinha sido obrigado a ir a um jantar de negócios, tinha escutado reclamações de todos, ele não dizia uma palavra, com o atual governo a coisa estava difícil, era necessário ser amigo de alguém de dentro.

Ele tinha obras ainda por algum tempo, mas seus melhores homens de apoio, estavam todos se aposentando, por idade.

Caralho, eu daqui a pouco também estou, se a coisa segue assim, nem chegarei vivo a isso.

Quando a secretária avisou da chegada do Henry Jr, abriu as persianas, se sentiu um pouco tonto, mas abriu a porta, estendeu a mão, pensando que homem bonito, caiu redondo no chão.

Quando despertou, estava numa ambulância a caminho do hospital, com o tal Henry segurando sua mão, dizendo não se preocupe vai dar tudo certo.

Mas não foi bem assim, depois de todos os exames, resolveram que ficaria mais uns dias para fazerem um check up total.

Quando o levaram para o quarto, o homem estava lá.

Já avisei teu filho, pedi o telefone dele para tua secretária, ele disse que vem para cá. Mas não se preocupe, fico aqui fazendo companhia para ti.

Nem tinha falado sequer bom dia ao homem, este ficava com ele, por algum motivo, não conseguia falar.

Pediu um papel, uma caneta, escreveu, bom dia, obrigado.

Em seguida dormiu outra vez.  Estava num túnel escuro, muito escuro, escutava as vozes longe, mas não via ninguém.   Sentiu que caia num poço muito profundo.

Quando despertou outra vez, estava, com tubos na boca, cheio de coisas no braço.

Henry chamou imediatamente a enfermeira, que acionou o médico que o tinha atendido.

Tiveste um enfarte, tivemos que fazer uma operação de peito aberto, para fazer uma plastia, além de colocarmos dois by pass.

Lhe deram um sedante, ali em pé estava ainda o Henry.

Pensou outra vez, como é bonito esse homem, seria seu anjo da guarda, pois não tinha saído de seu lado todo esse tempo.

Só despertou no dia seguinte, viu que ele falava com outra pessoa, não via seu filho a tanto tempo que quase não o reconheceu.

Esse segurou sua mão, estou aqui, pai.

Henry disse que ia a sua casa descansar um pouco, que voltava para passar a noite com ele.

Quase gritou, não me deixe aqui, me leve contigo.

Seu filho ficou ali segurando sua mão, quase perguntou quem eres, pois agora não passava de um belo desconhecido, nem saberia o que falar com ele, não se falavam desde que ele tinha ido à universidade, isso já se fazia muito, quase 10 anos, todos esses anos, talvez por desencargo de consciência depositava todos os anos uma parte dos seus rendimentos na empresa.

Como não podia falar, ficou quieto, sentia ainda muito cansaço.  Fechou os olhos pensando, no que poderia dizer ao filho.   Tipo olá meu filho senti falta de ti, mas esse que vejo não conheço.

De noite, quando despertou, vieram lhe retirar os tubos, que lhe incomodavam a garganta.

O médico ria, dizendo se não é teu anjo da guarda, indicou o Henry, já estava no outro lado.

Ele piscou para o Henry, obrigado disse com uma voz rouca.

Não fale muito, espere um pouco, pois acabamos de te retirar o tubo.

Lhe deram água, viu que seu filho não estava.

Ele foi a tua casa, trocar de roupa, bem como tomar um banho, já voltara.

Quando ficou a sós com o Henry, ele de brincadeira disse, sei que sou bonito, mas que isso provocasse um enfarte não.

Sorriu para ele, não seja cabotino.

Não se preocupe, tenho justa noção do problema que tive sempre, as pessoas olham a minha cara de bonito, pensam logo alguma merda, mas minha cabeça ninguém quer, nem meu pai acredita nela.

Tenha paciência com teu filho, ele me disse que faz muitos anos que não fala contigo.

Realmente eu ontem me perguntei quem era esse, nem o reconheço mais, realmente não sei o que dizer para ele.

Achou melhor quando ele apareceu de noite para ficar com ele, deixar que ele falasse tudo que queria.  O escutou, algumas vezes, por ter sempre acreditado no seu sexto sentido, ou intuição pensava, está mentindo.   Mas ficou quieto.

Sabia através do amigo que tinha dado emprego ao seu filho, que sua ex-mulher bem como o novo marido, tinham perdido quase toda sua fortuna, em mal empreendimento.  Mas isso na verdade não era com ele.    Além de que seu filho, não era muito experiente no trabalho, claro tinha se formado, lhe ofereceram uma viagem pela Europa, só depois então é que foi procurar emprego, na época ainda pensou, coisas da cabeça de sua mãe.

O deixou falar à vontade, até que acabou dormindo.  De uma certa maneira, pensou, não tenho nada a ver com isso.

No dia seguinte, o médico com o Henry de um lado, seu filho Major do outro lhe explicou que tinha que ficar afastado do trabalho por um bom tempo.  Teria que levar uma vida mais tranquila.

Ele só foi concordando com a cabeça.  Resolverei tudo isso quando o senhor me der a alta, na verdade creio que isso se passou, pois estava pensando justamente nisso.

Não tinha falado nada com os sócios, mas tinha tido uma oferta muito boa, para comprarem sua parte, justamente uma empresa de NYC.

Era seu ás na manga.

Uma semana depois, quando já estava em casa, perguntou ao filho, o que pensava em fazer da sua vida.  Nunca poderia esperar a resposta que escutou.

Acabo de receber a herança dos meus avós, irei passar um tempo na Europa, quando o Henry me chamou, eu estava justamente numa agência de viagem, comprando um bilhete de avião, por pouco ele não me pega.

Vais para lá trabalhar, ou simplesmente passear.

Ainda não sei, acabo de me livrar de minha mãe, do meu padrasto, a morte dos velhos lhes salvou, mas quero estar longe do seu tipo de vida.

Pensei que irias ficar um tempo aqui comigo?

Sinto muito pai, mas quero aproveitar, para descobrir na verdade quem sou, esses anos todos fui um brinquedo nas mãos da minha mãe, nem sei se deveria ter feito arquitetura, pois não gosto muito, gosto mesmo é de pintar, desenhar, talvez faça algum curso por lá.

Não lhe disse mais nada.

Como ele tampouco lhe perguntou de sua empresa, ou nada disso, só lhe soltou que ele não precisava ficar mandando dinheiro como fazia, que ele já era grande para se virar sozinho.

Só balançou a cabeça.

Quando esteve a sos com o Henry, que tinha se tornado um amigo com quem falar, esse riu, ele não viveu nada ainda, nem sabe quem é na realidade.  Deixe o ir, sempre é melhor.  Eu por exemplo, fui viver longe de meu pai, para poder ser eu mesmo, não o filho do senador.

Usei durante muitos anos só o sobrenome de minha mãe, assim não me ligavam a ele.  Ele sempre foi um político controverso, que dirá na sua própria vida particular, por isso me mantive a margem.

Eu estou agora, assumindo a herança da minha mãe, ela me deixou terras, algumas coisas que gosto muito.  Nesses anos todos, estive trabalhando com jovens, sou psicólogo, trabalhei com jovens problemáticos.  Meus companheiros me diziam que como tinha cara de anjo, acreditavam em mim.

Por isso, deixe teu filho ir, não diga nada, além de que ele tem uma idade, mas tampouco foi feliz esses anos todos ao lado de tua ex-mulher.

Quero saber o que pensas fazer de tua vida?

Pois é não falamos o tempo todo do assunto que teu pai queria que eu escutasse.

Isso ainda pode esperar, quem sabe o mais fácil, seria ires comigo até lá, para ver o que quero fazer, sim me aconselhar.  Iras gostar do lugar.  Primeiro porque não é aqui, não sei se sabias que minha mãe era da Africa do sul.  Então tudo que herdei está lá, bem como eu vivi todo esse tempo lá.   A muitos anos administrava tudo para ela.

Ele já tinha entrado em contato com a empresa que queria comprar sua parte, marcou em sua casa com o representante, justo no dia que seu filho foi embora, esse ficou de lhe dar noticias de aonde fizesse seu pouso.

O representante da companhia, veio até sua casa, sabia do que tinha acontecido, a proposta continuava a mesma.  Já tinha consultado seu advogado particular, se tinha ou não obrigação de oferecer primeiro aos seus sócios.    Comentou com ele, que nenhum deles tinha ido visita-lo no hospital, tinham si discutido, pois sua secretária vinha lhe passando as notícias, que estavam mais preocupados com quem ia ficar no meu lugar.

Que ele podia vender tranquilamente, sem consultar.

Assim na segunda-feira, com todos os documentos de transpasso de sua parte para a outra empresa, foi para o escritório, sua secretária como sempre com uma quantidade imensa de papeis na mão, foi falando com ele, mas fez um gesto, que agora não.

Quando entrou na sala, se fez um silencio, o que queria seu lugar, sem lhe dizer sequer bom dia, lhe perguntou se não era pronto para assumir outra vez o trabalho.

Só fez um gesto pedindo silencio, abriu a porta, fez o outro entrar, me retiro da empresa, vendi minha parte a empresa desse senhor, passarem bem, disse boa sorte para o outro.

Saiu, sua secretária estava com a boca aberta, não se preocupe, falei bem de ti para ele.  Retire tudo o que é meu no escritório mande para minha casa.

Não guardava nunca nenhum documento particular ali, sempre colocava tudo num caixa forte no banco, bem como num cofre em sua casa.

O dinheiro já estava depositado em sua conta no banco.  O resto não lhe importava, era como se tivesse tirado um fardo de cima. Olhou em volta, sua mesa sempre impoluta, só tinha uma foto de seu filho quando garoto, nem esse existe mais, com ela ao lado, abriu as gavetas, não precisava de nada dali, olhou o quadro que ficava atrás da mesa, era uma cópia de uma foto de um projeto que tinha dirigido. Tampouco queria isso.

Na verdade, não precisa mandar nada para mim, pegou o porta retrato, retirou a foto do filho, colocou no bolso, riu para ela, nem ele é mais assim.

Tomou um taxi, foi para casa, telefonou para o Henry, perguntou se podia vir a sua casa.

Contou rindo para ele o que tinha feito, estou livre de tudo, só farei uma coisa, antes de te acompanhar até as terras que queres me mostrar,

Vou me livrar de tudo que tenho de valor aqui.  A metade das obras de artes que tinha ali, não representava nada para ele, eram herança de seus pais.

Tinha um amigo antiquário que a muitos anos queria tudo isso.

Foram almoçar com ele, queria que o livrasse de tudo aquilo, era um peso morto na sua vida.

Esse quando viu o Henry, ficou de boca aberta, já sabia o que tinha feito com a empresa, num momento que Henry foi ao banheiro, comentou, vais abandonar tudo por esse pedaço de homem, riu, eu também o faria.

Não disse nada, depois foram até sua casa, ele foi colocando uma marca em tudo que lhe interessavam, disse que estimava, em uns quanto milhões.   Ia contatar os clientes interessados, assim iria recolhendo.

Depois só com o Henry ele falou do comentário do outro.

Era mais fácil eu te seguir ao fim do mundo, que tu a mim.  Me apaixonei desde o momento que caíste em meus braços.

Por isso não te pude deixar nenhum momento, esperava esse momento, para fazer isso.

Se aproximou, segurou seu rosto com suas mãos, lhe deu um beijo, institivamente, segurou sua cabeça com medo de que ele se afastasse.

Da mesma maneira que começou o Henry Jr. Parou, não posso sem que saibas como sou, lhe contou sua vida, porque tinha ido para a Africa do Sul, além da herança de sua mãe.

Por culpa de meu pai, fui sequestrado a primeira vez, tinha uns dez anos, ele negou-se a pagar resgate, sempre disse que não tinha certeza que era seu filho.   Resultado, dez homens abusaram de mim.  Depois anos mais tardes para provocarem um escândalo, para que ele não fosse eleito, aconteceu outra vez, mas desta vez, me relaxei, deixei que fizessem tudo que queriam porque sentia prazer nisso.  Ele não saiu da política por causa da minha mãe, saiu pelo escândalo que foi ele não ter feito nada.  Estive internado muito tempo ele achava que eu estava louco ter prazer com muitos homens ao mesmo tempo, mas já era tarde.

Mesmo com todo tratamento, não posso controlar isso, acho melhor não começarmos nada que depois eu possa fazer alguma coisa que te pode prejudicar.

Ficou horrorizado com a conversa, vê no que dá ser bonito, como me dizem, sou sexualmente retorcido, me apaixono, mas não posso retribuir da maneira que querem, preciso sempre de muito.

Podia agora estar chorando aqui perto de ti, mas até essa capacidade perdi, a dor já não faz nenhum sentido para mim, preciso como você de um amigo em quem confiar, nunca disse nada disso a ninguém.

Por isso vivo numa mansão, numa cidade perto da capital, em cuja praia tem muitos surfistas, mas a maioria não quer nada comigo, uma das poucas maneira de me relaxar é justamente fazendo surf.

Como não tinha nada a perder, resolveu ver o que ele queria fazer, saíram de San Francisco, rumo a Paris, assim viu seu filho de passada, estava estudando artes como queria.  De lá foram para Africa do Sul, se espantou, não imaginava nada disso.

Henry pagou o que devia por ter deixado o carro estacionado no aeroporto, foram saindo da cidade.   Quando chegaram assim que viu a praia se deslumbrou, viu um hotel ali, no começo, perguntou se não se incomodava, ele queria estar só para pensar em tudo, que no dia seguinte olharia o que ele queria.

Conseguiu se registrar no hotel, na única suíte que não estava ocupada, ficou preocupado, suíte, devia ser imenso, mas nada era um quarto amplo, com uma saleta pequena, banheiro incluído.  Riu muito, pensou que estava sendo esnobe.

Deixou a bagagem, foi andar pela praia, viu uma mansão no alto do penhasco, entendia agora mais ou menos o que lhe tinha falado o Henry, toda essa parte baixa do penhasco pertencia a ele, queria fazer cabanas para os surfistas, uma coisa moderna.  Só de pensar que estariam na frente da praia, lhe agradava a ideia.

Perguntou a um surfista que saia, quando a maré subia muito até aonde chegava.

Este sinalizou que quando muito chegaria até o muro de contenção ao lado da estrada.

Mas o que gostou mesmo, foi de uma parte que estava justo ao começo, como fizesse parte da vila, não da montanha que tinha atrás, perguntou a um senhor de uma loja ao outro lado da rua, a quem pertencia, ao dono de tudo o resto ou a alguém da vila.

Esse era muito bonachão.  Ali tinha minha casa, está vendo que a montanha soltou uma parte, caiu em cima da minha casa, acabou com tudo. Talvez agora consiga vender essa parte, se o Henry construir o que quer.

Quanto quer por esse terreno?

Ele disse o preço tinha dinheiro para isso, imaginou uma cabana como gostaria de fazer, o homem mostrou a casa que tinha ali, era muito tradicional.  O bom é que está ligada a vila, fica mais fácil, podemos fazer negócio, mas antes falarei com o Henry, pois ele me trouxe para fazer o projeto.

Se apresentou ao homem, Paul Nez, o senhor tem algum celular desse de carga, pois o meu americano não funciona aqui.

Entraram dois surfistas, com um corpo de fazer inveja, ele os apresentou, esse é o senhor Paul Nez, que talvez faça o projeto das cabanas.

Esses dois são os veteranos, tem uma escola de surf do outro lado da rua.

Pois estou interessado em aprender, embora tenha passado minha época, sempre sonhei em fazer, nado bem, fui campeão na universidade.

Os dois lhe deram as mãos, Andrew e Jack Sparrow, riram mas não temos nada a ver com o pirata.

Ele ficou com uma cara de interrogação.

Não me diga que sendo americano não viste o filme.

Foi honesto a muito tempo não tempo para nada, para ver um filme menos ainda, estou por fora das coisas relativamente novas.

Ficaram conversando, o convidaram para tomar uma cerveja, ele aproveitou para perguntar sobre mão de obra, se era fácil de arrumar.

Podes arrumar muita gente jovem que trabalha em construção, mas normalmente, quem vem são negros que vivem nas vilas por perto.

Não notou nenhum preconceito nisso.

Eles não vem surfar?

Sim o campeão daqui é descendentes deles.    Andrew disse meus filhos são todos mulatos, minha mulher é negra.

Vou dar uma olhada nas casas da cidade, ver se tem algum estilo próprio.

Nada, aqui tudo é imitação de coisas inglesas, holandesas.

Precisava comprar roupa, perguntou aonde podia comprar camisetas, bermudas, pois não trouxe nada no gênero, não tinha tempo de usar.

Eles o levaram na loja da mulher do Andrew, que era uma negra lindíssima, gostou de duas camisetas, olhou as bermudas, disse que até tinha vergonha, pois estava branco demais.

Não se preocupe, logo chega o inverno, esse pessoal todo desaparece, as aulas começam, o hotel ficara praticamente vazio, mas são as melhores ondas, claro há que usar Neoprene.

Tiveram que lhe mostrar o material, disse honestamente, sempre vi as pessoa usando, mas nunca toquei em nenhuma.

Nunca tiraste férias?

Na verdade não, não tinha com quem viajar, estava sozinho, me joguei no trabalho.

Pensou para si mesmo, como perdi tempo, em voz alta soltou agora penso em recuperar esse tempo perdido, a primeira coisa é aprender a fazer surf.

Viu que Henry estava ali, falando com algumas pessoas, os apresentou, o engenheiro que fui buscar.

Foi honesto de dizer que tinha adorado o lugar, vim de um lugar cheio de praias, mas as que nunca ia, agora estou perto de um lugar como sempre sonhei.

Foram comer alguma coisa, viu que todo o mundo conhecia o Henry, cheguei aqui como um belo desconhecido, mas a mansão da família da minha mãe, voltou a se abrir, temos plantação do outro lado de laranjas, então comecei a melhorar a vida do pessoal.

Comentou com ele do lugar que era do homem da loja.

Ele está louco para vender, mas não faz parte dos meus interesses.

Então posso comprar para construir uma casa para mim.

Pensas em ficar aqui.

Pode ser que sim, senão será um investimento.  Estive olhando de longe, teríamos que proteger toda a encosta, forrar com uma tela de metal, recobrir por cima com concreto, alisar tudo, seria necessário um estudo geológico da área, não sei como funciona aqui.

Foi ao mesmo tempo desenhando na toalha de papel o que pensava, seria necessário fazer uma vala, na parte baixa, para que a agua da chuva escorra para outro lado, pois senão poderia inundar as cabanas.

Henry ria, foi o que meu pai dizia, tu olhas, em seguida começas a imaginar.

Agora era o Henry que desenhava, uma parte mais larga, faria cabanas mais grandes, tipo que uma pessoa pudesse morar com a família, depois essa parte vai ficando estreita, seria pequenas para os surfistas, as últimas na parte mais estreita mesmo, seriam mínimas para o pessoal que vive fora guardar suas pranchas.

Amanhã de manhã te mostro desde cima, creio que vais gostar, inclusive tem uma parte que se pode construir a cabana que pensaste para cá.   Já verás.

O deixou no hotel, voltou a falar, que esperava que não o tivesse assustado com sua história.

Henry, eu só quero dar uma volta na minha vida, aproveitar o que não aproveitei, sonhei quando jovem fazer surf, mas meus pais eram controladores não permitiam, creio que será o primeiro que farei.

Quando caiu na cama, teve o sonho dos justos, apagou.

Despertou de madrugada com um temporal de fazer gosto, olhou pela janela, os relâmpagos sobre o mar, era como se duas forças da natureza se encontrassem, ficou ali sentado numa poltrona olhando, acabou dormindo ali.

Logo pela manhã, depois de tomar café como gostava, só comeu umas tostadas com um pouco de queijo, nada mais.

Henry o estava esperando, foram olhar pela parte de cima, a vista era impressionante, eu construiria as cabanas aqui, disse rindo devem valer mais.

Foi mostrando a ele o ponto aonde se devia colher amostras para a prova de resistência do terreno, de qualquer maneira, como não conheço os custos daqui, isso pode ser um projeto seguinte se te interessa.

Explicou como devia ser toda a parte de cobertura, terás que chamar um especialista em terreno, que conheça a terra daqui.   Isso eu não posso fazer, o que farei em seguida, será desenhar para ti as ideias que eu tenho das cabanas.

Quando o deixou de volta no hotel, viu do outro lado o Jack Sparrow, atravessou a rua, foi falar com ele, se por um acaso, não conhecia uma casa ou apartamento que ele pudesse alugar para montar um escritório de engenharia, precisava desenhar.

Pensei que Henry fosse te ajudar nisso?

Eu vou por livre ele sabe disso, odeio que as pessoas tentem me controlar, queria um lugar calmo, com alguma vista, pois para pensar gosto de ficar olhando o horizonte.

Venha comigo, deu um grito para dentro da escola que já voltava, viraram a esquina, passaram pela praça, logo mais à frente era o monte que fechava a baia da praia do outro lado.

Eu vivo por aqui, minha casa é recente, voltei para cá a muito pouco tempo, depois de deixar os circuitos de campeonatos de surf.  Sentia falta aqui da cidade, de uma vida mais tranquila.

Com teu irmão, não te casaste?

Não esperava a resposta dele, sou gay, imagina nesses circuitos aonde só escutas merdas, eu sendo um dos mais velhos no ranking, dizer publicamente sou gay.

Nada, levei uma vida de merda no armário, até que há dez anos atrás voltei para cá, mas aqui é uma cidade pequena.   Henry ainda me tentou para participar de suas festas dizendo que talvez eu encontrasse alguém que gostasse.   Mas nem pensar, eu sei que sou gay, gosto de homens, mas não quero nada disso para minha vida.  O que vou lhe mostrar, são duas casas iguais, uma delas é a minha, a outra mandei construir, para vender num futuro.  O arquiteto que as desenho, construiu a minha, antes de terminar totalmente a segunda, começou a andar com o Henry, se fudeu totalmente, não estava preparado para essas loucuras, com drogas, sexo etc.

Acabou indo embora, antes de ficar louco como ele dizia.

Deram com uma pequena enseada, aqui do lado oposto ainda vivem os pescadores, indicou para ele, nessa praia quase não faz ondas para o surf, então é como uma praia familiar, no verão durante o dia, se escuta barulho, mas no final do dia é um remanso de paz.

Viu as duas casas, eram modernas, uma estava pronta, moro aqui, a outra, tem a parte de baixo pronta, imagina estão inclusive encomendadas as janelas, vidros que a fechavam, mas como ele foi embora, fiquei sem dinheiro, pois tive que pagar a obra.  A coloquei a venda, venha ver, entrou correndo em sua casa, para buscar as chaves.

A porta de entrada se via que era provisória. No andar de baixo, faltava alguns acabamentos, por exemplo o salão tinha o chão de uma madeira muito bonito, mas não estava ainda lixado, o quarto era nos fundos, dava para a outra praia.  Era um quarto imenso, com banheiro. Tudo isso estava pronto, inclusive tinha uma cama ali, mas faltava o colchão.   O louco do arquiteto se olhares no andar de cima há uma marca no chão de um colchão queimado, ele quase morreu ali, pois estava tão drogado, que dormiu com o cigarro acesso. A cozinha também estava montada, era americana aberta para o salão, faltava era na parte detrás da ilha que separava do salão colocar madeira no chão.

Subiram a escada faltava revestimento, ele já tinha começado a imaginar como fazer, aqui não se chegou a acabar, o coitado trazia aqui todos os homens que encontrava, ficou alucinado, queria fazer sexo todo o tempo. Era como um loft, faltava terminar o banho, não havia divisória nenhuma. Mas claro faltavam as janelas, por uma escada subiram na parte de cima, a sua tinha uma cobertura muito moderna de painéis solares, assim era a ideia, que o sol que temos aqui servisse para sustentar a parte elétrica, como na minha casa.

Quanto você quer por pela casa?

Ele disse um preço, ele fez o cálculo, transformando para dólares. Teria que saber se seu apartamento tinha sido vendido ou não, pelo preço dele, essa casa como estava, custaria um terço do valor.

Foi até a parte frontal da casa, se sentou, ficou ali olhando a paisagem, Jack fez o mesmo, adoro fazer isso, se olhas para minha casa, eu tenho duas poltronas com uma mesa, justo aqui para poder olhar o mar.

Já eu viveria na parte de baixo, aqui seria meu studio, penso em voltar a pintar, desenhar, recuperar algo da minha juventude.

Nem reparou que a mão do Jack estava pousada em cima da dele.

Quando viu, começou a rir, desculpe, estava com a cabeça como sempre funcionando a mil, as vezes fico totalmente abstraído.

Fazes o meu tipo de homem, te tenho na cabeça desde que vi, mas pela primeira ver estou sendo afoito.

Se viraram um para o outro, trocaram um beijo prolongado.   Se sentiu super bem.

Ele explicou quando estava com alguma coisa na cabeça, tinha que resolver.

Podemos nos sentar para conversar, ou preferes primeiro ir para a cama, para saber se valemos juntos.

Venha até minha casa.  Ele o seguiu como um cachorro abandonado.

Da porta um foi tirando a roupa do outro, ele tinha a pele curtida do sol, que o excitava, não se cansava de passar a mão por ela. Quando se deu conta, estavam na cama, se explorando, riu, caralho, não sinto isso desde que era um jovem idiota.

Seguiram em frente, quando tiveram um orgasmo simultâneo, ficaram abraçados se olhando.

Só uma coisa Jack, nunca vivi com ninguém a não ser a época que estive casado, estou acostumado a estar sozinho para poder trabalhar, mas o fato de podermos viver lado a lado, gosto, assim podemos viver uma aventura.

Nus como estavam se sentaram ficaram conversando, falou tudo o que tinha pensado. Terei que falar com meu advogado, teria que ver como transferir dinheiro para ti.

Mas de momento posso sinalizar, isso posso, ao mesmo tempo podes mandar entregarem e colocarem as janelas, pois se são iguais as tuas, gosto.

Tens credito comigo, voltaram a fazer sexo. Desta vez o penetrou, foi como uma coisa louca, não queria parar, quando Jack gozou, ele ficou como louco o beijando.

Foram tomar um banho juntos, ele perguntou se não tinha tido uma aventura com o arquiteto.

Eu não fazia o tipo dele, além de que ele logo se enrolou com o Henry.  Era um tipo bonito.

Mas creio que eu esperava algo especial, como o que tivemos hoje, é a primeira vez que me sinto assim.

Escutaram alguém abrindo a porta, era o André, que ficou rindo, pela demora fiquei preocupado, os dois seguiam nus.  Ele apontou para o Paul, cuide bem do meu irmão, é o bem mais apreciado que tenho.

Foi embora rindo.

Sempre temi esse momento, em que ele me visse com alguém, mas reagiu bem.   Ele ao contrario de mim, quando estava nos torneios de surf, fazia sexo com todas as garotas que apareciam, mas quando voltou para cá, muito antes de mim, se casou com sua companheira de escola.  Nunca escondeu dela nada.

Se tens um advogado aqui, podemos fazer isso, além de que, eu preciso autorização para viver no pais.

Não voltou ao hotel nesse dia, ficaram disfrutando tudo que podia juntos, nunca tinha se sentido tão bem em sua vida, era como pensava as vezes, estava num porto seguro.

Jack o pegou de manhã sentado anotando coisas, enquanto preparava café para os dois, ele foi dizendo como queria fazer tudo, uma parte do andar de cima ia revestir de madeira a parede, mas o chão ia mandar passar cimento, alisar, pois como seria seu studio, futuramente tinha que ter algo que se pudesse limpar facilmente.

O resto pintaria tudo de branco. 

Estas decidido mesmo a comprar, ficarás aqui?

Queres que vá embora?

Não ao contrário, quero que fiques, quero te conhecer direito, ir em frente.

Voltaram a se beijar, esqueceram do café, voltaram para a cama.

Tomaram banhos juntos outra vez, gostava demais de estar com ele.

O café estava horroroso, fizeram outro, nunca tenho nada em casa, como na escola.

Podemos ir até lá, assim vou ao hotel, troca de roupa.

Uma proposta para pensares, enquanto fazes a obra, porque não ficas aqui em casa, use a parte de baixo da outra por enquanto para fazer o projeto, se não me engano numa das paredes tem um mesa dessas de projetos, que podes usar.

Mas enquanto isso ficas aqui. Depois se quiseres, quando tudo estiver pronto passas a dormir na tua casa.

Ficaram rindo, mas uma coisa tens que fazer?

O que disse o Jack?

Me ensinar a fazer surf, um velho sonho, já te contei.

Mas para te ensinar, terei que me deitar em cima de ti.

Nada mais justo.

Saíram rindo como duas crianças, se aproximaram várias crianças que iam para a escola.

Olhou para a praia, viu que estavam chegando barcos de pesca, se quero se pode ir comprar quando chegam os barcos.

Sim, claro, nunca te cobraram muito, se gostam de ti.  Mas nenhum fara nada grátis contigo como eu.

Para de me provocar, se encontraram com a cunhada do Jack, que riu, caramba Jack nunca te vi com esse sorriso imenso na cara.

Estou apaixonado, essa é a verdade.

Foram tomar café, ele comentou que precisava de um carro, bem como alguém para ser seu guia na cidade para ir comprar material.

Posso te levar, assim se quiseres podemos falar com o advogado, para tu conseguires a residência.

Perfeito, vou até o hotel, trocar de roupa volto.

Me espere lá, vou falar com meu irmão, depois vou buscar meu carro, mas cuidado é velho.

Subiu para seu quarto rindo, tinha vontade de gritar de felicidade.

Colocou uma das roupas que tinha comprado na loja da mulher do André.

Desceu cantando pela escada, entregou a chave, tinha deixado a maleta pronta, para a hora que fosse voltar.

Foram primeiro ao advogado, na cidade do Cabo, esse tirou cópia do seu passaporte, de todos os documentos que tinha, número de conta do Banco, lhe deu o contato com seu advogado, lhe perguntou se podia chamar dali o seu de San Francisco.

Claro, sem dúvida nenhuma, lhe estendeu um cartão com o nome de Jasper Van Brouken, falou com o advogado, lhe passou seu número de celular, bem como o do Jasper, falou que era o advogado que tinha acabado de contratar, iria tirar um autorização de residência, talvez precise falar contigo.   Alguma boa notícia?

Sim, vendi teu apartamento, o dinheiro está depositado no banco.

Comentou com ele que estava comprando uma casa, queria que ele combinasse com o Jasper como transferir esse valor para a conta do proprietário, para poder fechar negócio.

Os deixaram falando, a secretária do Jasper, lhes indicou aonde podia comprar material. Avisou que era mais caro que nos outros lugares, pois tudo é importado.

Teria que voltar ao escritório, assim chamaria seu filho, lhe pediria que lhe mandasse material.

Comprou tudo que podia comprar, folhas grandes para desenhar, viu umas mesas de trabalho, bem feitas, em que podia guardar papel embaixo, a compra foi grande, perguntou se podiam mandar para ele.   Realmente quando fechou a conta, ficava caro, mas foda-se pensou.

Quando voltaram para o escritório, Jasper estava contente, tinha conseguido um cliente que tinha dinheiro, iria providenciar tudo.  Assim que o dinheiro fosse transferido, ele prepararia a escritura do local.

Pediu se podia abusar, precisava falar com seu filho em Paris, esperava encontra-lo acordado.

Atendeu no primeiro momento, ficou conversando como iam as coisas com ele, ia expor em breve, estava contente.

Por tua culpa, um dia te conto a história, resolvi voltar a pintar, desenhar, que sempre gostei. Precisavam que me comprasses aí pigmentos, papeis para pintar a óleo ou acrílica por cima.

Uma coisa, quando é a tua exposição?

Daqui uma semana, por quê?

Gostaria que eu fosse?

Seria genial pai, minha mãe nunca me incentivou, mas tu sim. 

Então reserve um hotel por perto do teu studio, assim vou compro o que quero, além de poder conversar contigo, quero trocar ideias contigo.

Quando saiu da sala, olhou Jack de frente, lhe perguntou, queres fazer uma viagem comigo?

Ir aonde?

Meu filho inaugura uma exposição em Paris, assim aproveito para comprar material, olhar coisas, quem sabe encarar como uma lua de mel.

Ficaram um olhando para o outro rindo.

Não estamos indo rápido demais?

Olha Jack, já não sou jovem, viste minha cicatriz, quero aproveitar minha vida, nem sempre aconteceu isso, encontrar uma pessoa que gosto.   Quero tentar.

Então vou, podemos reservar avião lá mesmo da cidade, uso sempre uma amiga que tem uma agência.

Antes passaram na empresa que tinha pronta as janelas, pagou tudo, mandou instalar, a resposta do visa foi rápida, disseram só que iam confirmar as medidas, para saber se não tinha dilatado nada.

Ele disse que estaria lá, pois tinha que esperar que chegasse as coisas que tinha comprado.

Foram almoçar os dois num lugar que ele amou, na beira da praia, comendo mariscos.

O Jack relaxado era mais bonito ainda, sem querer, querendo esbarrava na sua pele, para sentir que era real o que lhe acontecia.

Jack lhe disse que nunca tinha ido a Paris, que só conhecia o aeroporto, para trocar de avião nada mais.

Eu tampouco conheço muito, mas podemos descobrir as coisas juntos.

Quando chegaram ainda passaram numa loja de colchões, aonde comprou um para a cama de sua casa.    

Iam comprar as passagens, mas Jack antes fez questão de falar como o irmão, esse ria muito, só de ver tua cara, fico feliz, minha mulher disse que nunca tinha visto esse sorriso permanente em tua cara.

Se encontraram com ela, lhe contou ao ouvido que iam a Paris?  Ela soltou uma gargalhada contagiosa, o abraçou, meu querido não era sem tempo.

Aproveitou, perguntou se não conseguia uma pessoa para limpar a casa.

Jack lhe explicou que tinha comprado a casa ao lado da sua para trabalhar.

Claro que arrumo, falo com a senhora que limpa lá em casa, com certeza arruma uma. Tem problema que seja uma senhora negra.

Nenhum, não tenho preconceitos.

Passaram pela agência, reservaram os bilhetes, em executiva.  Ele queria pagar a do Jack, mas ele se negou.

Podíamos tomar um banho de mar, que te parece?

Passaram na loja da Daisy, comprou uma sunga de praia, Jack disse que ninguém usava assim, escolheu para ele, uma bem estampada, dessas que usam os turistas.

Acabou levando as duas, passaram pelo hotel, ele fechou a conta, tinha um recado do Henry, avisando que ia de viagem, que ele fosse tocando o barco em frente.

Levou suas coisas para a casa do Jack, de lá foram para a praia ali na frente, nessa hora de final da tarde não tinha ninguém na praia.  Quase fizeram sexo na água, mas lhe dava vergonha, um dia desse faremos ok.

Nessa noite enquanto comia, contou para o Jack basicamente sua vida, o que tinha acabado de deixar, o reencontro com seu filho, durante o tempo no hospital, depois o tinha visitado em Paris, gosto do trabalho dele.

Finalmente conseguiu se livrar das garras de sua mãe.

Fizeram sexo, dormiram agarrados uma ao outro.   Sentia que isso podia virar realmente um relacionamento.

No dia seguinte apareceu a Daisy com uma senhora negra, que devia ter mais ou menos sua idade, com o cabelo todo em tranças.  Gostou dela de imediato, tinha um sorriso cativante, explicou o que queria, hoje limpar todo o andar de baixo, pois enquanto o de cima na estivesse pronto, trabalharia ali.  Comentando com a Daisy o que faria como acabamento em cima, a senhora disse que seu marido tinha um equipe de obras.

Diga que venha até aqui.

Ela se chamava Baby, dizia que era uma diminutivo.  Lhe deu dinheiro para comprar material de limpeza, tudo o que precisava.

Queria limpar a parte da frente, enquanto esperava a entrega da papelaria, montaria uma mesa ali.

Falando com a Daisy, disse que adoraria ter ali duas poltronas dessas antigas de orelhas, mas que não tinha visto nenhuma nas lojas.

Quando a senhora voltou, ela disse que a acompanhasse, tenho um amigo que tem uma loja de antiguidades, vamos até lá quem sabe encontra o que queres.

Não era muito longe, no caminho Daisy soltou que estava feliz, por Jack, fazia muitos anos que não o via sorrir como agora, sei que está apaixonado por ti, ele seguiu o irmão nos circuitos, mas claro não era feliz, enquanto o André era um sem vergonha, ele se guardava para amar alguém.  Mas claro nunca encontrou a pessoa certa, isso que ele já tem certa idade.

Acabas de me chamar de velho, pois tenho alguns bons anos mais que ele.  Mas estamos descobrindo isso de viver juntos.

Comentou do porquê ir a Paris, estou tentando recuperar o relacionamento com meu filho, estivemos muitos anos afastados.

Ah se eu pudesse iria junto.

Chegaram à loja, saiu um mulato muito bonito, olhou para ele de cima a baixo, como dizendo UAU, mas Daisy cortou o barato, dizendo tem dono.

Ficou encantado com a loja, encontrou duas poltronas com queria, de couro marrom escuro, o outro comentou que tinham chegado ali em péssimas condições, mas que as tinha recuperado, gostava como estavam arrumadas, com uma mesa redonda no meio, um abajur de pé de cada lado.   Bela composição.

Eu gosto de montar assim para as pessoas terem uma ideia.

Ok, fico com o conjunto se me entregas em minha casa, hoje à tarde.

Claro que sim, mais alguma coisa, ele achou duas mesas de cabeceira antigas, com um tampo de mármore verde, foi separando as coisas que gostava.

O outro só torcia a mão.

Queres dizer que viveras aqui?

Tenho que viver aqui, está a pessoa que amo, além de não ter mais casa em San Francisco, vendi meu apartamento lá.

Viu uma escultura muito bonita negra, o rapaz logo disse que não era antiga, mas sim de um rapaz dali. 

Fico com ela também. Não se cansava de olhar para a mesma, era uma figura estilizada, em estilo africano, mas moderno.

Ele vai ficar feliz da vida, trabalha com o pai, faz isso quando pode, aí me traz, ou para a Daisy, colocar na loja para vender.

Depois de pagar, ele disse que tinha que voltar para casa, pois iam começar a chegar as coisas.

Mal chegaram viu descarregando as armações das janelas de cima.

Tinha um senhor ajudando, Baby o apresentou, meu marido Peter.

Ele disse que tinha trabalhando na obra da casa, pena que o homem foi embora, parou tudo.

Pois acabo de comprar a mesma, mostrou o que queria fazer embaixo. Acabar o revestimento de madeira do chão.

Depois subiu com ele, disse como queria o chão, bem como terminasse o banheiro, ele perguntou sobre as paredes.

Riu, nenhuma, aqui vai ser meu studio, vou desenhar, pintar, aqui, sou sozinho, a parte de baixo me basta, aqui usarei para trabalhar.

Depois mostrou aonde estavam colocando o vidro na frente, aqui quero que alguém construa para mim com um banco largo de madeira.

Quando chegaram as mesas da papelaria, ele perguntou se iam colocar os vidros pela tarde, pois assim já montaria ali.   Como confirmaram, o Peter passou a mão no celular, ligou, pediu para trazerem ferramentas, apareceu uns vinte minutos depois, um rapaz que era a cara da Baby, meu filho apresentou ela.

Deixou os dois montando a mesa, a moveriam quando fizessem o chão.

Se eles fecham as janelas hoje, amanhã posso começar a colocar o cimento como o senhor quer, alisar, vamos fazendo aos poucos para ficar bem feito.

Depois desceram, em cima da bancada da cozinha, estavam os papeis o material que tinha comprado, viu o rapaz lavar a mão, alisar os papeis com gramatura.

Imaginou que seria ele o escultor.

Nisso, chegou os moveis, Baby já tinha limpado a parte que ele queria, foram colocando as poltronas já no lugar, viu que faltava aonde ligar os abajures, o Peter anotava num bloco pequeno isso.

Quando o rapaz viu chegar à escultura, abriu um sorriso imenso.  O pai tinha lagrima nos olhos, é meu filho, quem tem bom gosto sabe apreciar teu trabalho.

Ele perguntou ao Bradford, se ele tinha mais pequenas, disse aonde gostaria de colocar, bem como gostaria de levar alguma para meu filho, ele é pintor, vive em Paris.

Meu sonho de consumo, soltou ele, adoraria poder estudar arte.  Trabalho por instinto.

Claro depois posso trazer para o senhor ver, ou se quiser ir até lá em casa, tenho bastante.

Vamos acabar aqui, eu nunca deixo para amanhã o que posso fazer hoje.

Colocaram tudo no lugar, ele ainda perguntou a Baby, se podia cozinhar para ele, deixar na geladeira.   Eu normalmente me esqueço de comer, quando estou trabalhando.

Claro que sim, quantas vezes o senhor quer que venha por semana.

Que tal se começamos três vezes por semana, para começar, eu em San Francisco, tinha uma senhora que ia todos os dias, nem a via, reclamava como eu estava fora, que acabava esquecendo de comer.   Era uma verdade, sempre trabalhei demais.

Mas aqui, como vou trabalhar em casa, já veremos.

Lhe perguntou quanto cobrava, acertou com ela já o dia, agora vou com o garoto, olhar suas obras, tens carro, eu preciso comprar um, pois ando abusando dos outros, sou muito independente.

Baby soltou que seu irmão vendia de segunda mão.

Perfeito, isso de carros modernos, cheios de merdas, para aparentar não é comigo.

Ele entendeu quando iam chegando, que entrava na parte da cidade que era negra, ainda pensou eu sou branco demais para essa gente.

Viviam numa casa modesta, mas se via perfeitamente limpa, arrumada, o rapaz trabalhava na garagem.  Ficou encantado, viu uma escultura pequena de um surfista, separou para dar de presente ao Jack.

Separou as que gostava, as imaginou na casa.  Adorou uma mesinha esculpida num tronco, em que os pés era um homem como um atlas segurando a parte de cima.

Ia ficar perfeita ali, ao lado das poltronas, já arrumaria lugar para a que tinha comprado.

Perguntou quanto era tudo, teria que tirar dinheiro de um caixeiro desse para lhe pagar.

A cara do rapaz era de felicidade, nunca vendi tanto, meu pai vive dizendo que se vou viver, morrerei de fome.

Eu ao contrário, acho que tens talento, gosto do seu trabalho.  Podia sair comprando essas imitações de esculturas antigas, as tuas tem um toque muito moderno.

Vou agora a Paris, assistir a vernizasse de meu filho, vou aproveitar comprar material.

Queres alguma coisa?

A cara do rapaz era ótima, o senhor nem me conhece, já comprou muitas coisas, que mais posso pedir.

Bom eu quero que um dia poses para mim. Ok.

Voltaram, ele o ajudou a subir o material que tinha comprado para as duas mesas já prontas.

Depois chegou o colchão, abriu os armários, viu que não tinha roupa de cama. Anotou isso.

Preparou uma mesa para desenhar como queria, separando lápis essas coisas.

Quando chegou o Jack na hora do almoço, não viu o Brad, como ele gostava de ser chamado, o beijou.  Caramba, já fizeste uma grande confusão pelo visto, ficou ótimo, depois podias dar um jeito na minha casa.

Lhe entregou a pequena escultura do surfista, foi então que viu o Brad, ficou vermelho, olá colega, fazemos surf no mesmo grupo.

Subiu com os dois atrás dele, o Peter ainda estava por ali, tirando medidas do banheiro, ele lhe explicou que não queria uma pia normal, queria uma dessas feitas, explicou para o que era, para lavar pinceis, coisas brutas, rindo soltou, um lugar para cagar em paz, um chuveiro, pois gosto muito de tomar banhos.

Depois lhe mostrou duas paredes, queria revestir de placas, pois gosto muito de pintar na parede, era o que fazia quando era jovem, como teu filho, mas meu pai me cortou as asas, dizendo que não tinha futuro.

Peter tirou as medidas. Posso encomendar, vir colocar.

Olha Peter dentro de dias, vou de viagem, mas deixo a chaves com tua mulher, que vira limpar essas coisas, assim vais fazendo as coisas que te pedi.

No final do dia, estava feliz como a muito tempo não estava.

Ficou desenhando o rosto do Jack que tinha em sua cabeça, principalmente quando ele falava, com seus cabelos largos, de cor indefinida, todo raiado do sol.

Este quando chegou viu a luz acessa, subiu. Ficou parado na porta, chegou por detrás dele, dizendo quem é esse sujeito. Depois ficou olhando seu retrato, mas se eu não posei para ti?

Eu tenho a tua imagem gravada na minha cabeça.

Venha vamos jantar, hoje jantaremos na casa do meu irmão, mas antes temos que tomar banho.

Foi um banho demorado.  Segurou a cara do Jack, nunca fui tão feliz, como estes dias contigo, estamos indo a galope, mas não quero me separar de ti.

O jantar foi super agradável, as crianças adoravam o tio, o aceitaram de imediato como amigo dele.

André, riu, minha mulher diz que tens um ritmo impressionante.

Talvez, mas sempre fui assim, talvez por isso carreguei muito tempo a empresa, era socio principal, os outros se aproveitavam, pois sempre tomei decisões rápidas, sou consciente que a culpa numa parte é minha, por ser assim.  Nunca deixo para depois o que posso fazer imediatamente.

Jack soltou, eu imaginei que íamos namorar meses até surgir algo.

Todos riram, eu guardei tua figura quando conheci os dois, acho que foi quando me apaixonei, nisso eu sou lento, pois quando me divorciei, levei muito tempo magoado, não a amava, mas perder meu filho que adorava foi muito para mim.  Vivia em San Francisco, ela foi viver com ele em NYC, ia sempre que podia, mas ela jogou o garoto contra mim, sempre foi possessiva.

Agora ele se livrou dela, vive em Paris, quando passei mal o Henry conseguiu localiza-lo, ele veio ficar alguns dias comigo, mas claro falta muito para a antiga camaradagem que tinha com ele.

Mais tarde em casa, os dois combinaram que iriam se revezar de casa, um dia dormiriam na sua, outra na dele.  Os dois adoravam ficarem deitados conversando na cama, depois de fazerem sexo.

Se aproximou do Jack, lhe disse ao ouvido, eu nunca me deixei possuírem, mas quero isso contigo, pois não é justo só eu te penetrar, mas terás que ter paciência.

Foi o mesmo que acender a chama outra vez, Jack o provocou tanto, mas tanto, que quando viu já estava dentro dele, se mexia devagar, lentamente, ele alucinou, teve um orgasmo, sem tocar-se.

Caramba, nunca pensei nisso, ficaram se beijando, foram tomar um banho para dormir.

Contigo vivo tomando banhos.

No dia seguinte perguntou se ele tinha roupas de inverno, pois em Paris estaria frio.

Sim, tenho alguma coisa desses abrigos de plumas,

Ele também tinha um, depois compramos alguma coisa lá, pois tampouco tenho roupa.

No dia seguinte tudo estava em movimento, colocavam os vidros, como já tinham colocado na traseira, Peter com mais dois homens faziam o banheiro.

Se isolou totalmente, como sempre fazia, os homens falando, ou fazendo barulho não le incomodavam.   Estava desenhando as cabanas como imaginava.  Ao lado detalhava como uma planta baixa como seriam.

Não viu que Brad, estava ali ao lado prestando atenção.

Sorriu, disse que era o projeto que tinha vindo fazer.  Explicou o que era.

Tenho inveja, mas no bom sentido, sempre quis desenhar, mas claro nunca sobrou dinheiro em casa para isso, meus irmãos agora têm sua vida, eu fiquei para trás.

Dois dias depois embarcaram, a felicidade do Jack era uma coisa patente, ia fazer uma viagem de lua de mel, com o homem que amava.

Major os foi buscar no aeroporto, os apresentou, mas não disse nada.  Ele pediu desculpas mas estava montando a exposição, precisamos de roupa para ir, como é.

Sei lá pai, eu irei como gosto de andar, alias uma maneira que o senhor sempre fez no inverno, uma gola alta, um casaco, calças negras, para mim é perfeito.

Os deixou no hotel, eles depois de um banho, riram porque não podiam tomar banho junto, o espaço só cabia uma pessoa.

Enquanto um fazia a barba, outro tomava banho.

Se vestiram, saíram. Vou te mostrar uma zona que gostei muito quando aqui estive.

Pegaram um mapa na recepção do hotel, aproveitaram para trocar dinheiro.

Foram para Saint Germain de Prés, ficaram vagabundeando o dia inteiro, acabaram encontrando o que queriam comprar. Já tinham roupa para ir a vernissage.

No dia seguinte, foram fazer os lugares turísticos, riam como duas crianças, ele tinha ido com o Henry, mas era diferente.

Do hotel falou com o filho, ele passaria para pega-los, o esperaram na recepção, ele chegou acompanhado de uma garota linda, apresentou como sua namorada.

Ele rindo apresentou o Jack como seu namorado.  A cara do filho era ótima.

Quando chegaram, os apresentou ao dono da galeria, imediatamente alguém ofereceu champagne, mas eles dois disseram que não bebiam.  Foram olhando os quadros, estava feliz, o trabalho de seu filho era ótimo.  Ficou parado na frente de um que era ele quando jovem, justamente quando o filho tinha ido embora.  As lagrimas rolava na sua cara, sentiu que o filho estava atrás dele.  Lhe disse, quando fui embora, essa era a imagem que ficou na minha cabeça, tu me dizendo para ter coragem.

Que pena que foi vendido, já tinha uma marca vermelha no mesmo.

Não está a venda papai, é para o senhor.

Se virou, abraçou o filho, estou emocionado, teu trabalho realmente é super, como dizem os franceses.

Depois aquilo foi enchendo, percebeu que se começava a vender.

Lá pelas tantas estava aturdido, viu a cara do Jack, saíram de fininho, na porta falou com o filho, ele lhe disse, depois vamos jantar, lhe indicou um bar na esquina, me espere lá.

Ficaram conversando, sobre o que o quadro tinha significado para ele.

Fico imaginando a cabeça do meu filho ao longo desses anos, sua mãe falando mal de mim, essas merdas que acontece, primeiro porque foi um casamento arrumando entre famílias, depois ela não encaixava em San Francisco, ou não queria encaixar.  Erámos dois estranho vivendo na mesma casa, eu adorava meu filho, ela tinha ciúmes disso.

Estou muito feliz que estas aqui comigo, Jack, muito mesmo.

Ele sorria, mais feliz estou eu.

Seu filho chegou sozinho, disse que a namorada tinha ido embora com seus pais, assim podemos conversar.   Olhou para o Jack, então eres o namorado do meu pai?

Si nos conhecemos, ele me comprou uma casa ao lado da minha, aí foi um passo.

Ele contou para o filho o que estava fazendo na casa, quando quiseres podes vir, sei que vais gostar do lugar.  Por tua culpa, voltei a desenhar, mostrou no celular o retrato do Jack, nada como tu, pois estou enferrujado, pois faz muitos anos que não fazia isso.

Trouxe um presente para ti, amanhã te entrego, pensei que ias sair com teus amigos.

Na verdade pai, não tenho muitos, alguns vieram a vernissage, alias a garota, não é minha namorada, mas sim uma colega de Belas Artes, sou como o senhor gay, por isso fiquei surpreso.

Ele abraçou o filho, espero que encontres alguém de quem gostar meu filho, eu passei muitos anos sozinho, meio amargado, sentia tua falta, o fato de não poder me comunicar contigo direito me afetava muito, mas quando te vi no hospital, pensei, ainda sou importante para ele.

Porque não vens conosco, se o studio estiver pronto, podes trabalhar lá também.

Já vi que como eu, gostas de trabalhar no papel, alias aonde posso ir comprar material, depois mandar para lá.

Amanhã levo vocês lá.

Ficaram conversando até tarde, tomaram um taxi para o hotel, o filho ia caminhando a pé para seu studio.

Nessa noite fazendo sexo com Jack, era como se ele brilhasse, na penumbra do quarto.

Estavam felizes, isso lhe dava um pouco de medo, mas queria aproveitar esses momentos.

No dia seguinte, foram tomar café com Major, este estava feliz, o dono da galeria, tinha lhe telefonado, tinham vendido 80 por cento da exposição. 

Lhe disse que ia a Africa do Sul, com o senhor, para buscar novas inspirações. Lhe entregou a pequena escultura do Brad, lhe disse que tinha comprado várias, um rapaz sem oportunidades, penso em ajuda-lo.

Mal entraram na loja que ele levou, disse que ir ali, era melhor que ir a Disney.  Lembra-se quando fomos os dois.   Major ria, nunca me esqueci, como nos divertíamos.

Ele tinha uma lista do que queria, comprou tudo além de pigmentos, em embalagem grandes, tinha perguntado se podiam despachar para ele. Deu endereço, lhe deram um cartão se quando quisesse encomendar, lhe mandariam.

Saíram dali felizes, ficaram passeando, Major, lhe foi mostrar os lugares que gostava de Paris, eram lugares simples, entraram numa livraria, comprou alguns livros, dois de esculturas modernas.

Comprou também uma câmera de fotografia, com um bom zoom, assim podia registrar o que queria.

Depois foram ver bilhete para o Major, voltar com eles. 

Jack tinha falado com o irmão, que na obra a parte de cima já estava basicamente terminada, estava era secando o local. Quando chegarem já estará tudo em ordem.

Acabou-se a semana, tinham comprado presente para todos.

Quando chegaram, Jack retirou seu Jeep do estacionamento, Major disse que adorava o jeep, o melhor é quando tenho a capota arriada, com o vento na cabeça.

Quando foram chegando, Major, se deliciou com a praia.

Quando chegaram em casa, ele disse que podia ficar no que seria seu quarto, que ele dormia na casa do Jack normalmente. Aliás nunca dormi aí.

Não tinham roupas de cama, mas Jack resolveu o problema. Seja bem-vindo, garoto.

Sabia que os dois tinha conversado durante o voo, pois ele estava cansado, tinha dormido.

Logo apareceu a Daisy com as crianças, correram para os dois, apresentou seu filho, um dos garotos virou-se para o outro, que pensa, pensávamos que era da nossa idade, que ia brincar com a gente.

Jack soltou, vocês vão ter que lhe ensinar a fazer surf, se animaram.

De noite dariam o presente para todo mundo.   Mais tarde apareceu a Baby, que arrumou a cama para o Major. Se surpreendeu, que ele trazia a escultura pequena que lhe tinha dado, colocou na mesa de cabeceira.

Depois andou pela sala, olhando cada uma, são geniais pai.

A parte de cima da casa, lhe encantou, ufa, realmente devia ter trazido material.

Esqueça tem esses, depois chegam o que comprei, podemos compartir.

Depois apareceu o Peter com o Brad, lhe entregou os livros que ele abraçou, mas não tirava o olho do Major, este dele, falou que tinha gostado do seu trabalho, eres muito bom, desenhas também. 

Sim, fico contente com isso, mas disponho de pouco material.

Bom teremos material de sobra, podes vir trabalhar aqui também.

Depois foram comer com o André, que abraçou o irmão, estava sentido sua falta, embora seja baixa temporada, teremos mais alunos.

Depois ficaram sentados na praia olhando o mar. Ao final caíram todos n’agua para um banho.

Isso sim é vida disse o Major, em Paris não se pode fazer nada disso.

No dia seguinte, depois de despertar com o homem que amava em seus braços, tomou banho foi trabalhar, Jack apareceu depois com uma taça de café, precisava comprar tudo isso, daria dinheiro a Baby para isso, ele era terrível com essas coisas.

Estava de costa, quando entrou o filho, ah são essas cabanas que está projetando, na verdade serão todas iguais, essas pequenas serão para alugar aos surfistas.  Não sei aonde anda o Henry, pois foi de viagem, não voltou ainda.

Depois começou a desenhar, como sempre a figura do Jack estava em sua cabeça, era como seu tronco emergindo d’água, mas na verdade o estava era penetrando, a cara de prazer que tinha era imensa.

Pai o senhor está ficando erótico.

Gostei do rapaz o Brad, muito simpático, realmente agora vendo seus trabalhos aqui na sua casa, a grande então é perfeita, imaginando que ele se supera com o que tem a mão.

Escutaram ruido, desceram, era a Baby, se apresentou, esse é seu menino, regula com o Brad, verdade.   Ele não parou de falar de ti, imaginava que ia encontrar um desses franceses chatos, mas ficou encantado com os livros, a conversa.   Infelizmente ele como foi o último pegou o tempo das vacas magras.

Aproveitou para falar com ela, para fazer uma lista do que faltava ali na cozinha, cafeteira ele sabia, pois teve que ir a casa do Jack para fazer café.

Podemos fazer uma lista, depois vou com o senhor para comprar.

Tínhamos que comprar um carro, verdade que começa fazer falta.

Um de segunda mão como o que tenho em Paris, todo mundo pensou que eu ia comprar um desses modernos, mas pensei, se vai ficar a maior parte do tempo na garagem.

É o que penso, nada de luxo, para que ostentar.  Somos assim é pronto.

Brad veio com a caminhonete, trazer os bancos que tinha feito para ficarem na frente da janela, se ofereceu para ir de compras com eles.

Melhor ires tu Major, com a Baby, use meu cartão de visa.

Quando ficou sozinho, queria ver como ia se desenvolver o romance dos dois.  Sentia que a atração era forte.

Seguiu seu trabalho, colocou na parede forrada um papel, o maior que tinha encontrado, estava louco que chegassem os próprios para pintar, começou a esboçar o desenho que tinha feito. Jack quando entrou, disse que era uma coisa pornográfica.

Ficou ali agarrado com ele, dizendo ao seu ouvido, nunca me imaginei assim com ninguém, primeiro porque era tímido, depois me aconteceram coisas que me fecharam.

Nessa noite contou o que tinha lhe acontecido, num dos muitos lugares que tinha estado, na Austrália, competindo, tinha uns 18 anos, imagina, fui a uma festa, estavam todos bêbados, quando sai, uns homens que não sei de aonde saíram, me agarraram, abusaram de mim, fiquei muitos anos com vergonha, bem como fechado a qualquer coisa, o único que sabe disso é o meu irmão, pois ele me encontrou depois desacordado.

Agora contigo as coisas são diferentes.

Perguntou se ele se incomodaria em posar para ele.

Sim, posso.

Para algumas ideias, gostaria que fossem fotografias.

No dia seguinte o acompanhou a praia, o fotografou em cima da prancha, sentado na mesma, outras numa pedras, horas depois disse que tinha o suficiente.

Depois de colocar no computador foi a uma loja, imprimiu todas em tamanho A3, já tinha material para trabalhar.

Eram três trabalhando no studio, seu filho, Brad que aprendia com ele desenho, ele, tinham combinado uma coisa, não falar alto, que os celulares estivessem em vibração, nada de música.

Viu que uma duas vezes seu filho parava para olhar o imenso desenho que estava fazendo do Jack em cima da prancha, ali estavam todos os detalhes, era uma foto que ele estava com os braços abertos, ele como desenhista gostava dos detalhes, esses estava todos ali, ele sabia de cabeça todos os traços do rosto do amado.

Pintou finalmente o mesmo, encontrando o tom de pele do Jack, bem como as ondas, a cor do mar, tudo.

O Tapou com um lençol, começou o segundo que era o da pedra, o fez como se fosse um sereio, com a parte de baixo como se imagina um peixe, os detalhes do rosto era impressionante, com esse sorriso quando tinha seu orgasmo.

Um outro que fez, mas aí usando sua imaginação, era ele nu deitado em cima da prancha, em diagonal.

Esse quando o Jack viu, disse, vais me mostrar assim, todo mundo vira atrás de mim, terás que me defender.

Tinha o projeto do Henry, pronto, mas cada vez que perguntava por ele, diziam está viajando.

Quando finalmente apareceu, levou um susto, estava magro, olhos fundos. Lhe contou que tinha estado numa clínica, por vontade própria, tentando se encontrar, mal sai da clínica, meu pai ficou doente, estive cuidando dele esse tempo todo.

Depois cuidando de seus negócios, tornei a recair, voltei para a clínica, agora descobri que tenho Aids, estou fazendo o tratamento, mas creem que descobri muito tarde, sinto muito, mas vim só para assinar papeis, vendi tudo do meu pai, o daqui, vou passar a propriedade para os empregados, pois não vale a pena ter esse dinheiro.  Estão fazendo uma cooperativa, divido com os empregados que acreditaram em mim.

Quando soube que ele estava vivendo com o Jack, teve um sorriso triste, uma vez o convidei para uma das minhas festas, me olhou com horror, nunca apareceu.

Os dois são boas pessoas fico contente por ti.

Contou que estava fazendo, estou todos esses meses pintando, meu filho veio para cá, estamos trabalhando no mesmo studio, além de um rapaz que está aprendendo, mas em breve será um grande artista daqui.

Não pensas em voltar?

Não, já não saberia viver sem o Jack, encontrei o amor de minha vida, graças a ti que me arrastou para cá.  Obrigado.

Pelo menos fiz algo bom na vida.

Eu doei todo o dinheiro que tinha meu pai, para fundações de assistência a doentes de Aids, ele que odiava isso, paga seu preço.

Foi embora sem se despedir de ninguém.

Conseguiu que o dono da melhor galeria de Cidade do Cabo, viesse ver os trabalhos dos três, nada podia ser mais diferente, eram três pessoas trabalhando no mesmo lugar.

Ficou impressionado, um dos quadros de seu filho, ele não tinha visto, era ele pintando, se via um pedaço do que fazia, mas o importante era o rosto dele, sério, observando os detalhes que acabava de pintar.

O trabalho do Brad, era completamente diferente, um em si impressionava, era uma pessoa emergindo do mar, com os cabelos largos, abertos pela água, cercado de peixes. De imediato identificou o Major.   Era como uma declaração de amor.

Vocês combinem entre vocês como querem expor.

No dia seguinte quando entrou na casa, tudo estava em silencio, escutou duas pessoas conversando, quando entrou no quarto, estavam os dois nus na cama.  Começou a rir, bem que eu desconfiava.

Se sentou ao pés da cama, como se nada, fizeram a reunião ali. Pai honestamente gostaria que fosse uma exposição única, mandei as fotos de tudo para Paris, o de lá nos oferece sua galeria, lembra-se como era grande.

Mas o daqui quer um contrato, que nos prenderia a ele, isso nem pensar, se expomos um de cada vez, o trabalho não terá logica.

Chamaram o André, Daisy, Jack para conversarem, eles viram todos os trabalhos, concordavam que tinha que ser expostos ao mesmo tempo.

André ainda brincava com o irmão, ser muso de um artista, isso é amor demais. Nessa noite, ele ofereceu ao Paul, um anel, para selar definitivamente o amor dos dois.

Nunca se cansavam um do outro. 

Levaram uma surpresa, na semana seguinte chegou o dono da galeria de Paris, olhou tudo, conheço uma pessoa que gostaria de expor aqui, depois eu levaria para Paris, ou vice versa.

Telefonou, logo apareceu, um homem que parecia um leão, uns cabelos imensos crespos, faziam uma juba.  Se conheciam a muitos anos de feiras de arte pelo mundo inteiro.

Não sou o mais famoso da cidade, mas minha galeria trabalho com gente jovem.

Quando viu todos os quadros, de vez em quando batia as mãos nas pernas. Fantástico.

Minha galeria, tem a mesma forma deste studio, podemos fazer igual, colocar em ordem como vocês queiram, depois usarmos painéis nas laterais.

Quando Jack entrou, ele ria, eu fico com o original, apesar de ser uma brincadeira, ele rosnou, eu sou do Paul de mais ninguém.

Quase correu para se esconder atrás dele.

Foram olhar a galeria, Jack pediu desculpas, mas não queria ir à inauguração, vão me olhar como um objeto.  Me perdoa.

Claro que sim, eu quis demonstrar meu amor por ti, com estas dentro da minha cabeça.  Farei o seguinte os quadros vão, mas eu fico contigo aqui, eles que brilhem sozinhos.

Os outros foram a vernissage, mas ele ficou com o Jack.

Seu seguinte trabalho, foi ajudado por ele, bem como Baby, ia pela zona que viviam os negros, ia retratando as pessoas, pedia antes licença educadamente, mas por estarem com ela, serem conhecidos, era fácil.

Foi um dia numa obra que fazia o Peter, com todos os homens suados pelo calor trabalhando, fotografou cada um depois o conjunto de todos juntos.

Major foi com Brad a Paris, para fechar seu apartamento, ao mesmo tempo comprar material, aproveitou, fez contatos em Berlin, Londres, foram os dois a muitos museus.

Quando chegaram contaram que tinham se casado em Paris, ali não valia, mas tudo bem.

Ver seu filho feliz era o que lhe importava.

Já tinha o trabalho bem adiantado, estava trabalhando de uma maneira diferente, todos os quadros eram em sépia, como se fosse fotografias de antigamente.

Fez uns cinquenta quadros, Major de novo mandou tudo para Paris, mas antes fez a exposição na mesma galeria, deste vez foram os dois. Metade se vendeu ali, ele encaixou mais uns quantos que foram para Paris.

Todo o dinheiro foi dado para a escola da vila ao lado, bem como montar um centro de saúde, o dinheiro era administrado por uma associação presidida pela Baby.   Ele não ficou com nenhum tostão, explicou ao Jack que não precisava.

Estava se sentindo muito cansado, foi a um médico, depois dos exames, não eram muito entusiasta, teria que fazer um transplante, esperavam um doador que fosse compatível com ele.

Mas faleceu dormindo nos braços do Jack.

O advogado tinha a distribuição de sua fortuna.   A casa além do studio, eram de seu filho, para o Brad uma soma em dinheiro para que ele continuasse aprendo sempre.  Seu filho não precisava, uma parte era para o Jack, mas a maior parte era para a fundação da Baby.

Deixou uma carta ao Jack, pedindo desculpas por ir embora, mas tinham sido os melhores anos de sua vida, nunca deixarei de te amar.

Este esteve fechado em si mesmo muito tempo.  Um dia de temporal, desapareceu com sua prancha. Deixou uma carta dizendo que para ele era impossível viver sem o Paul, sentia muito, mas era o melhor.

Foi encontrado dias depois deitado em cima de sua prancha, em alto mar, por um navio.

Paul tinha sido cremado, suas cinzas no mar, ele pedia igual fim.

Na cerimônia o André dizia que seu irmão só tinha sido feliz, desde o dia que encontrou o Paul, esses anos deles juntos foram fantásticos, recuperei meu irmão, com alegria de viver. Mas entendo o que fez, só se é feliz junto a pessoas que amas.

Major que tinha ficado abalado com a morte do pai, que tinha recuperado, seguiu vivendo ali para sempre com o Brad, estava feliz.