WALT
Os tiros nunca vão para aonde se pensa, as vezes fazem uma
curva, ou então um zig-zag.
Foi o que aconteceu com Walt.
Era um dos melhores alunos do curso de Tecnologia de Manchester, era
completamente diferente dos seus companheiros, estava sempre atento a tudo,
nunca usava o celular ou um laptop em aula, a não ser que fosse
necessário. Usava o velho sistema de
anotar tudo. Tinha uma rapidez
surpreendente em fazer isso. Discutia
com os professores que farto dos alunos não prestarem atenção, mandavam ler no
livro, ele se negava, nada disso, eu quero aprender direito, não penso de
maneira nenhuma fazer isso. Ou o senhor
me ensina direito ou vou reclamar. Os
companheiros o olhavam com pena, sabiam que ele tinha um laptop velho na
mochila, mas insistia em ter aula como era devido.
Argumentava com o professor sobre os assuntos, discutia a um
ponto como diziam os amigos, dos dois, um se apoiando na mesa com os punhos
fechados, ele em sua mesa de estudantes, diziam que pareciam dois cachorros
preste a se lançar na jugular do outro.
Quando procuraram alguém para os famosos concursos de
debates, o indicaram, ele tentou tirar o corpo fora, mas acabou aceitando. Destruiu completamente seus colegas da
faculdade.
Procurava ser sempre o último, assistia os debates dos
outros, ficava prestando atenção nos pontos fracos do que poderia ser seu
adversário, depois o arrasava.
O concurso continuava primeiro a nível da universidade,
depois a nível de combate entre universidades.
Ele chegou à final.
Essa seria em Oxford. Se dizia
que era a pior bancada possível, pois os professores eram ilustres.
Ficou esperando os combates, nos dois primeiros já conhecia
de certa maneira os adversários, tinha convivido com eles nos dois dias
anteriores, tinha analisado o comportamento de cada um.
Os arrasou, quando ficou para a final, com um aluno de
Oxford, pensou isso vai ser uma merda.
O debate seria sobre imigrantes.
O aluno de Oxford, foi pedante, considerava os emigrantes, um
mal menor, nunca sairiam dessa classificação.
Quando ele tomou a palavra, soltou logo de cara, eu devia tomar tuas
palavras como ofensa, sou neto de emigrantes, o outro não esperava, porque ele
era branco, cabelos loiros, olhos azuis.
Te colocaste numa postura cômoda, quando me olhas imagina,
esse não sabe nada sobre emigrantes. Mas
te enganaste, sou neto de emigrantes, que na verdade não se dirigiam a
Manchester, sim a Noruega, tinha sido contratados por uma empresa de lá. Eram especialistas em trabalharem com
Lã. Em seu pais teciam lã, não só das
ovelhas, bem como da Vicuña um animal com a lã, mais cara do mundo. Tinham sido contratados no Equador para
justamente trabalharem com fiação de lã.
Eram recém casado quando embarcaram, por um problema de
avaria, o navio ficou vários dias em Liverpool. Descobriram que em Manchester tinha uma
fábrica de lã, foram até lá para ver como funcionava. Acabaram sendo contratados, lhes cederam uma
dessas casas de obreiros que para eles era um luxo, segundo minha avó, sempre
tinha vivido em casebres nas montanhas.
Ela tinha um tear construído com ele, de noite sempre estava tecendo com
a lã que conseguia comprar, minhas primeiras roupas de lã, foram feitas por
ela.
Levaram dois anos em ter uma filha. Minha mãe, odiava tudo o que eles
representavam, bem como seus amigos, ser filhos de obreiros. Eles economizavam para que ela fosse a
universidade, era boa aluna, mas todo mundo dizia que não era muito certa da
cabeça, gostava sim de costurar, fazia sua própria roupa.
Quando chegou a época dos hippies, embarcou direto,
contrariando os pais. Nas vésperas de
fazer uma matrícula na universidade, foi a um concerto de Rock, voltou
gravida. Desistiu da Universidade para
me parir, depois foi um deus nos acuda, porque estava sempre mudando de moda,
não estava feita para viver numa casa de obreiros, mas foi para Londres,
trabalhar numa empresa de modas, se tornou adepta ao Yoga, depois desapareceu.
Eu um descendente de Equatorianos, fui a máxima nota da minha
escola, podendo ir à universidade que quisesse, com uma bolsa de estudos. Que mais sabe dos emigrantes?
O outro estava desconsertados, eres um caso único.
Replicou, começou a citar nomes de empresários de vários
setores, mesmo da área de informática, todos descendentes de emigrantes. Creio companheiro que estiveste sempre tão
fechado no seu círculo de amigos da sociedade, creio que nunca frequentaste
prostitutas, negras, asiáticas, etc. Há
muitas ganhando a vida de emigrante assim. Bem como crianças marginadas desde a
infância na escola, evidentemente por motivos de que a sociedade não os ajuda,
poucos chegam a um nível mais alto. Uma
grande maioria, se torna traficante de drogas para deleite de ti, dos teus
amigos refinados. Outros matam para
conseguir sobreviver, outros morrem em lugar dos brancos, nas guerras que nem
foram eles que inventaram.
A cara do outro era boa demais. Estava ficando furioso. Tudo o que pode fazer foi lhe perguntar que
curso fazia.
Sou da área de Tecnologia da universidade de Manchester,
posso construir um computador com os olhos fechados, ou de um fazer dois. O outro ficou rindo.
Ele fez um sinal, ali havia um quadro branco para projetar cálculos
coisas assim, projetaram ele montando um computador. Sou uma mão de obra altamente qualificada,
pois quando sair da universidade, serei engenheiro de Tecnologias. Tenho duas ofertas de fabricantes de tecnologia.
Tu, que estudas.
Estudo filosofia, sociologia.
Mas não aprendeu nada, com certeza acabara como professor em
alguma escola, ou se tua família for rica, será o filosofo de moda, sem nunca
ter convivido com os problemas reais das pessoas.
Como podes falar isso, todos os filósofos, foram homens que
contribuíram para a sociedade.
Te enganas, os filósofos, só contribuem para a sociedade dos
ricos. Porque todos vem de famílias
acomodadas, nunca viveram com a ralé, nem passaram fome. Todos se analisares um por um, acabam como
professores de universidade, explicando teoria, que nem sabem como aplicar.
O aluno olhou para a banca, que estava imutável, olhou
diretamente para um deles, tinha a sensação de conhece-lo.
O tempo acabou, disse o reitor, vamos ver agora quem venceu
esse debate.
Anunciaram o ganhador é Walt Garcia, da universidade de
Tecnologia de Manchester. O prêmio era
além de uma boa soma em dinheiro, laptop de última geração, celular, tudo
oferecido por empresas.
Um dos estudantes, perguntou como tinha sido a pontuação?
10 a zero, o outro aluno não tinha pontuação nenhuma, mesmo
assim foi até ele o cumprimentou, mas o outro rapidamente virou as costas, não
sabia perder.
O seu professor que o acompanhava, lhe disse que um dos
professores queria falar com ele.
Ok, não tinha ideia do que queriam falar com ele.
O levaram a um gabinete, ficou frente a frente com o
professor da banca, a quem o outro tinha olhado.
Lhe disse sou Walt Graham, ou Walt G. professor de filosofia,
línguas antigas da universidade.
Ficou olhando para ele.
Este indicou a cadeira, gostei muito como defendeste os
emigrantes, o tema quem escolheu fui eu.
Tirou a carteira do bolso, lhe estendeu uma foto.
Aonde conseguiste essa foto minha?
Não é tua, sim minha quando tinha mais ou menos tua
idade. Pela nossa semelhança, creio que
pode haver algum vínculo entre nós.
Bom, minha mãe diz que escolheu o meu nome, porque era o que
estava escrito num livro que roubou de meu pai.
Era um livro de Walt Whitman, dedicado a um Walt G. com uma letra
feminina, dizendo que desfrutasse desse homem que escreve muito bem.
O livro era meu. Uma
larga história, fui de férias com uns companheiros, eles quiseram ir a um
concerto em Liverpool, de rock, todos bebiam muito, durante toda a viagem de
férias que tínhamos feito, o único que continuava virgem era eu. Um deles começou a gritar, que se oferecia
um virgem para primeira experiencia, se aproximou uma garota morena, que disse
que queria perder a virgindade. Nos
colocaram num quarto, foi uma sensação molesta, nem sabia quem era, nada de
informação. Acabamos fazendo sexo, foi o
pior de minha vida.
No dia seguinte quando despertei, ela já não estava, mas
tinha levado meu livro. Tu es a minha
cara. Fiquei muito impressionado com tua maneira de falar. Es seguro de ti
mesmo, vejo que te hás lavrado tudo sozinho.
De certa maneira sim, olhava o outro Walt, sem ainda
acreditar que aquele homem um pouco pomposo podia ser seu pai.
Este viu que ele o olhava desconfiado, se queres podemos
fazer um teste de ADN, que seria o primeiro que minha velha mãe ia exigir. Aceitas?
Tenho que falar com o professor que me acompanha, tenho aulas
daqui dez dias, sou um aluno que não perde nenhuma aula.
Ele me disse que tu eres o terror dos professores, que exiges
que deem aula como se deve fazer. Ficou
com um sorriso na cara. Que inveja
tenho de ti. A maioria dos meus alunos,
nunca chegaram a nada, mas acredito que tu sim.
Venha, vamos a uma clínica, o professor vai junto, assim
depois podem ir embora, mas claro vamos trocar nossos números de
celulares. Saíram da sala, ele fechou a
porta a chave, a pouco tempo roubaram as provas que eu ia dar. Tempos modernos em que não se respeita a
verdade.
Começava lhe cair bem.
Com quem vives, pois disseste que tua mãe, desapareceu na
Índia, pelo que entendi.
Até a um ano atrás vivia com meus avôs, mas os dois morreram
num incêndio na fábrica que trabalhavam.
Descobriram que tinha sido provocado, pois os donos estavam falidos.
Tiveram que indenizar a família de todos os funcionários que morreram, eu no
caso recebi por dois, mas logo me expulsaram da casa que pertencia a fábrica,
bem como a todos os empregados que viviam ali,
Foi a salvação deles, agora é um quarteirão de edifícios de apartamento
modernos.
Como ia para a Universidade, aluguei um pequeno apartamento
com esse dinheiro.
Não iria contar, que dentro do armário de sua avô tinha duas
caixas de metal, cheias de dinheiro, eles não confiavam nos bancos, guardavam
tudo em casa. Ele foi o primeiro da
família a ter uma conta num banco.
Colocou esse dinheiro para aplicar, isso lhe dava uma segurança
perfeita.
Quando acabes a universidade, o que vais fazer.
O professor respondeu por ele, ele na verdade, fez todos os
anos da universidade ao mesmo tempo. É
um gênio, acaba esse segundo semestre.
Com certeza Cum Laude.
Qual tua distração favorita?
Ir a biblioteca, sentar-me numa mesa que acabou de ser usada,
que deixaram um livro aberto de qualquer assunto. Devorar esse livro, entender ao máximo tudo
isso.
Fazes apontamentos?
Sim, ele tirou um bloco, veja desde o primeiro concursante,
fui anotando os pontos fracos de cada um, assim sabia que o que me tocasse,
fosse qual fosse o assunto, eu poderia enfiar o dedo na ferida.
Muito esperto.
Chegaram ao hospital, ele pediu para falar com seu
médico. Quando este o atendeu, soltou eu
não sabia que tinhas um filho. Walt
Graham respondeu, eu tampouco. Mas
queremos tirar a prova dos noves, podes nos fazer um teste de ADN, porque ele
tem que ir para Manchester.
Depois ficaram se olhando nos olhos, no momento que lhes
tiravam sangue, um ficou segurando a mão do outro. Se olhavam fixamente.
Tens outros filhos, lhe perguntou Walt Garcia.
Não nenhum, sai do armário faz uns dez anos, sou gay.
Ele só respondeu ah.
Se despediram, trocando números de celulares. Me chama quando chegar, para saber se a
viagem foi boa.
Mas ele não o fez, estava um pouco velho demais, tempo demais
acostumado a ser sozinho, para agora ter um pai.
Sentado no seu apartamento novo, perto da universidade, mas
os moveis, eram todos velhos, a maioria feita pelo seu avô a quem ele adorava,
o velho Miguel, sempre tinha um jeito para tudo, fez ele mesmo a mesa da sala,
cadeiras, anos mais tarde fez para seu quarto uma mesa de estudos que ele usava
até hoje, bem como a cama que tinha. Não
se lembrava da cara da mãe, ela tinha horror a sair em fotografia, segundo sua
avô Carmen, dizia que nunca saia perfeita.
Então só existia uma foto dela em criança, muito morena, com
os cabelos crespos, única coisa que tinha herdado dela.
Quando ele era apenas um bebê, as pessoas perguntavam se
tinham certeza de que era dela o garoto, pois era loiro de olhos azuis. Claro que sabiam, pois ela tinha parido em
casa, ajudada pela mãe.
Ele sempre se divertida com isso, mas tinha sido criado pelos
seus avôs, desde pequeno, ela dizia que não tinha nascido para ser mãe, nunca
parava quieta, fazendo roupas para as amigas, criando as mesmas, indo as aulas
de Yoga, até que foi embora para Londres, nos dois primeiros anos, mandou um
cartão de natal, dizendo que era
impossível ir.
Ele estava tão acostumado os velhos, que nem se tocou que ela
não estava ali. Os dois trabalhavam por
turnos, as vezes tinham turnos juntos, outras ele trabalhava de noite, ela de
manhã, mas tinham um hábito, levar o outro até o ônibus da fábrica. Quando os dois trabalhavam o mesmo turno ele
ia busca-los, com o passar dos anos, o pessoal ria, aquele menino branco alto,
loiro, andando de mãos dadas com o casal de maiores, baixinhos, morenos, mas
havia tanto carinho ali, que os invejavam.
Por isso quando morreram, ele sentiu muito, se tivesse
falado, tua mãe morreu, ele talvez perguntasse que?
Mas os velhos era o centro de sua vida, por sorte não teve
que ir para nenhum centro de menores, pois já tinha 18 anos, administrava sua
vida, tinha dinheiro no banco, sabia levar as coisas. Quando pediram que deixasse a casa, buscou
um apartamento perto da universidade, levando todos os moveis que seu avô
Miguel tinha feito.
Na sala tinha sem vergonha nenhuma, por ser daquelas fotos de
feiras, uma foto já muito amarelada dos três juntos.
Tinha que pensar agora, em que iria fazer, tinha planos, mas
todos precisavam de dinheiro, tinha, mas não bastava, talvez aceitasse algum
convite que tinha para trabalhar, mas o mais importantes era para ir para a
América, isso não o entusiasmava muito.
Os companheiros caçoavam dele, pois nunca saia em grupo com
nenhum deles, que estavam na universidade, na farra.
Estava nesse dia discutindo com o professor que o tinha
acompanhado, sobre um livro que tinha encontrado aberto em cima de uma mesa da biblioteca,
tinha um sistema rápido de leitura, foi direto ao objetivo, não concordava com
a resolução do problema.
Tinha colocado o mesmo no quadro, explicava ao professor, que
estava balançando a cabeça, como que concordando, ele soltou, vê, aqui tem algo
errado, essa resposta é idiota, ou esse sujeito fez mal de proposito o livro,
para ninguém descobrir a formula, ou acredita que as pessoas vão ver, como o
texto é chato, passaram por cima desse erro.
Vê, colocou a resposta certa no trabalho, agora, se faço
assim, veja, começo antes de mais nada argumentando, quem vai usar esse
programa, será um simples idiota da internet, ou se alguém que tem preguiça de
ler nas entre linhas. Começou a colocar
no quadro, toda uma argumentação, vê assim seria certo. Porque o outro raciocínio, criaria um
espaço virtual, para qualquer pessoa invadir o programa. Vamos supor se esse programa é usado pelo
sistema de segurança do governo, qualquer Hacker pode entrar. Eu mesmo entrei ontem, ninguém prestou
atenção, quer ver, virou seu laptop que tinha ganhado no concurso, ele
conseguia ver as sala todas do MI5. Vê
como é fácil. Vou borrar isso, antes de
ser preso.
Escutou umas palmas na parte alta do auditório, olharam para
cima, vinha descendo o Walt Graham.
Estou aqui a algum tempo, tenho amigos no MI5, que adorariam saber
disso.
Olá, lembra-se de mim, perguntou ao professor?
Sim, você quis falar com o Walt verdade? Ele se negou a comentar comigo o que queria
o senhor.
Pode me chamar de Walt, temos o mesmo nome.
Entregou um envelope ao Walt Garcia. Através dessa prova,
quero dizer que o senhor está intimado, fez uma pausa larga, a jantar comigo.
Ele não abriu o envelope, não o faria na frente do professor.
Saíram os dois, admiro teu trabalho, podemos conversar. Sei que para ti, nada disso deve ser
importante, mas para mim sim.
Moro aqui perto, podemos ir até lá.
Entraram, o convidou para sentar, foi meu avô que me criou
quem fez esses moveis, ele era pau para toda obra, essa mesa, as cadeiras tudo
foi feito por ele. Mas a que mais amo a
tenho no meu quarto, fez para que eu estudasse.
Me dizia para estudar todos os dias, para ser alguém. Nunca perguntei a minha mãe, quem era meu
pai, pois nunca tive esse oportunidade, ela desapareceu antes, a única coisa
que me deixou foi o livro que te falei.
Deduzi que o Walt G. era meu pai.
Sim eu sou teu pai, abres o envelope, verás que deu positivo
em 100 por cento, um caso até raro, temos as mesmas colunas genéticas, porque
saíste mais a mim que tua mãe. Seria
ridículo dizer que me lembro dela, por mais que tente, não me lembro.
Nem eu, em casa só tinha uma foto dela em criança, nada mais. Não gostava de fotografias.
Quero te dizer que tens uma avó, minha mãe, aliás foi ela
quem te viu primeiro, me mandou um bilhete, olha esse novo candidato, é a tua
cara, tens certeza de que não tens um filho.
Ficou super feliz em saber que tem um neto. É meio complicada, mas as vezes chega a ser
divertida. Vive num mundo que ela criou
só para ela. Seu sonho era ter um título
de nobreza, depois da morte de meu pai, se casou com um Conde Sepentrau, isso
faz que tenha uma vida social como sonhou, mas claro toda sua geração morreu,
já não a convidam para nada, a não ser enterros.
De repente, me redescobriu, o filho gay, que deixou para
trás. Não a culpo, cada um escolhe a
vida que quer levar. Tenho mais pena
dela, que amor na verdade.
Mas quando te viu, disse que eu era igual na tua idade. Foi como uma louca a sua casa, trouxe aquela
foto que viste.
Eu gostaria imensamente de te conhecer direito. Vivo em Oxford, aonde dou aulas, vivo só, não
tenho ninguém, já te disse que sou gay.
Mas sempre estive só. Gostaria
que aceitasse um convite para me visitar, nunca poderei impor minha presença
para ti.
Ficou olhando aquele homem, que era como ele mais velho. Solitário como ele, sem amigos com quem
falar. Lhe respondeu, farei força para
isso.
Vamos sair para comer alguma coisa?
Não, ficamos aqui, preparo uma comida para o senhor.
Não me chame de senhor, pode me chamar de Walt G. Tens o livro, gostaria de matar a saudade
dele.
Quando o entregou, viu que ele chorava, foi o único presente
honesto que ela me deu, sabia que eu gostava dos textos.
Somos os dois ao contrário, se o analiso hoje, o acho tonto,
nunca gostei desse livro, talvez porque como minha avó Carmen dizia, minha mãe
como estavam com uma gravidez complicada, passava o dia lendo o livro em voz
alta para mim.
Ficaram os dois rindo. De repente Walt G. começou a dizer com
uma voz de criança, caralho ela não vai parar de ler essas besteira, vou odiar
esse homem quando sair daqui.
Ele também começou a rir, já pensei nisso também.
Me contaram de uma mania que tens, a princípio não entendi,
mas depois gostei da ideia, procurei praticar, é interessante.
De que estas falando?
Isso de entrar na biblioteca, ler os livros que estão abertos
em cima da mesa, tentar entender o que a pessoa está procurando, analisar o
texto. Fiz isso, a bibliotecária, riu
muito, pois sem querer sentou justamente na minha frente a pessoa que estava
lendo o livro, comecei a debater o que ele estava lendo, até ele entender o que
procurava.
Continuaram conversando, ele cozinhando, não estranhe é
comidas que minha avó fazia, ela me ensinou muitas coisas, inclusive a tecer,
olha o que estou fazendo nas horas que estou tenso, dê uma olhada no tear.
Caramba, é como um labirinto, muito interessante. Eu também as vezes penso que estamos num
labirinto, que as pessoas, as coisas passam por nós, mas não temos tempo para assimilar.
Isso aconteceu com o homem que eu pensei que amava, era
professor como eu, só que casado, com filhos.
Eu pensava que o conhecia, um dia recebi uma bela surpresa, se escapou
de tudo com um aluno seu. Deixou a
mulher os filhos, retirou todas as economias que tinha no banco, que eram para
seus filhos irem à universidade, a mim sequer se despediu, fazia mais de um mês
que eu não o via. Tinha sempre uma desculpa para me evitar. Nem tomei conhecimento que tudo entre nós
estava morto a muito tempo. Não passavam de fodas, rápidas entre dois
homens que tem que se ocultar. Isso
me forçou a sair do armário, mas estou sozinho, embora note avanço de pessoas.
Tu tens alguém, já gostaste de alguém.
Não, me interessei por um companheiro da faculdade, mas quando
vi que era um tonto, apesar de um corpo bonito, sequer quis fazer sexo com
ele. Não lhe dei chance nenhuma a ele,
nem a mim.
Depois pensei que tinha sido um idiota, sigo virgem, buscando
uma pessoa a quem querer, mas dizem, pois já ouvi críticas, que na verdade
sequer vejo as pessoas que estão por perto, pois estou sempre mergulhado nas
minhas pesquisas.
Queres que marque com esse meu amigo, do MI5. Ele tenho certeza vai se interessar
pelo assunto, é uma pessoa que confio, o conheço desde garoto.
Depois penso nisso.
Esta semana para mim, terminou a universidade, tenho agora que decidir o
que quero fazer. Acho que aceitarei um
convite que me fizeram para conhecer minha família.
O Walt G. deu um pulo na cadeira de contente. Eu também estou de férias, se quiseres
podemos fazer uma viagem, para conhecermos.
Tua avó está louca, hoje já me mandou duas mensagens, se já falei
contigo. Justo nesse momento o celular
dele tocou, vê é ela. Vou colocar em viva voz, assim escutas.
A mulher parecia uma metralhadora. Walt G. lhe disse, respire fundo, vamos
respire fundo, que estas causando má impressão, ele está te escutando.
Estava com vontade de rir.
Se escutou que ela respirava fundo, mais clama começou a falar com ele
perguntando como estava, soube pelo meu filho dos teus avôs, sinto muito, mas
eu estou aqui para o que necessites ok.
Quero muito te conhecer, não deixe que meu filho te esconda de mim. Ele tem motivos eu sei, mas fui eu que te
descobri no meio da multidão.
Eres como ele muito parecido com teu avô, um homem
fantástico. Um dia te conto a história
dele.
Quando vens ver-me, por favor?
Assim que arrume a bagagem, partiremos, tenho só que amanhã
entregar uns papeis, depois podemos nos ver.
Desligaram a ligação, estamos perdido, amanhã, tornara a
chamar, mil vezes.
Meu filho, deixei o carro no estacionamento da faculdade,
será que tem problema?
Era a primeira vez que lhe chamava de meu filho, mas ele
ainda teria dificuldade de lhe chamar de pai, talvez porque não estava
acostumado.
Creio que não, vou falar com os da vigilância. Telefonou, disse aonde estava o carro, como
seu pai tinha indicado.
Bom terei que procurar um hotel para dormir.
Nada disso, podes usar o outro quarto, o trouxe exatamente
como era na casa, era o dos meus avôs.
Verás a cama foi feita por ele.
Ficaram conversando até tarde, lhe pediu para falar do tal
programa, o deixou falar tudo como queria, era um bom ouvinte.
Depois decidimos se queres ou não falar com meu amigo. Ele poderia arrumar um emprego para ti na
central, essa área é muito crítica para eles.
Podes rir, mas como disse no debate, eu não quero estar preso
a nenhum emprego público, posso dar consultoria, mas ficar fixo nem pensar.
No dia seguinte, arrumou uma mochila, quando seu pai se
levantou, viu que ele tinha dormido atravessado na cama, porra, me esqueci que
os velhos eram pequenos. Mostrou a foto
dele com os dois. Nem chegavam ao seu
ombro.
Que cara ótima tinham.
Sabe minha avó era muito interessante, muito inteligente, um
dia me disse, que sempre queria ter tido um filho, mas que ao contrário tinha
tido uma filha complicada desde criança, não se adaptava a nada, queria ser
como os outros, não da sua família. Mas
através dela, nasci, então fui seu filho querido sempre. Guardava cada tostão que sobrava para minha
ida a universidade, embora tenha feito a mesma com bolsa de estudos, esse
dinheiro me ajudou a ter meu próprio apartamento, o tenho aplicado, meus gastos
são mínimos. Minha roupa dura muito,
não gosto de comprar nada que não seja necessário.
O que estas levando nessa mochila?
Outra calça, uma camiseta, cuecas, meia, uma jaqueta de
couro, nada mais, de noite lavo a camiseta, o resto, estou pronto outra vez.
Seu pai ria até. Não conte isso para tua avó que vai querer
ir de compras contigo. Tenta fazer isso
comigo, mas sou como tu, tenho por causa do me trabalho, uma série de roupas,
mas tenho que tomar cuidado, pois sou capaz de vestir sempre a mesma roupa.
Meu apartamento não é muito diferente do teu, apenas tem mais
livros.
Quando chegaram, ele riu, mais livros, isso mais parece uma
biblioteca, havia livros por todas as partes.
Ficaram rindo os dois, não me
sobra tempo como tu de ir à biblioteca.
As vezes vou quando preciso de algum para consulta, mas acabo comprando,
pois levo para casa, não devolvo. Uma
vez me deram uma lista imensa de livros que tinha retirado, não tinha
devolvido, encomendei todos, pois nem tinha ideia aonde estava.
Terei que arrumar o quarto para ti, a cama estava cheia de
livros, ficaram rindo, mudou a roupa de cama, nisso tocou o celular dele. Era sua mãe para saber se tinham
chegado. Lhe disse que não que
chegariam no dia seguinte, depois iriam a sua casa.
Se digo que estas aqui, entrara como um furacão, casa adentro
dizendo que não é salutar viver num lugar assim, que tens que ir para sua
casa. Vive numa mansão imensa, sozinha.
Eu as vezes me pergunto por pude ser seu filho, tudo bem, me
pareço totalmente ao meu pai, que era como eu, calmo, gostava de tranquilidade,
quando ela ultrapassava seu limite, ele pegava uma vara de pesca, dizia que ia
molhar os anzóis, pois na verdade nunca trazia peixe nenhum.
Uma vez o encontrei, sentado numa pedra com a vara de pescar
do lado, olhando a agua, fumando tranquilamente. Nesse ponto sou como ele, gosto de pensar,
analisar as coisas.
Embora quando te conheci, falaste do livro, já sabia que era
meu filho, queria te abraçar, beijar, mas pensei pelo que tinha visto de ti,
que iria te assustar. Quero que me
abraces me chame de pai, quando tiveres vontade disso.
No dia seguinte, foram tomar café, no bar que ia sempre, as
pessoas vinham falar com ele, apresentava seu filho, se notava na voz, com
orgulho.
Depois deram um passeio por Oxford, para ele conhecer. Tenho
outro carro, se depois queres um, está na oficina, era de meu pai. Um jeep do exército, quando saiu, roubou o
jeep, dizendo que o exército não tinha dado nada a ele, trocou as placas ficou
por isso mesmo.
Tocou o celular, mostrou quem era, disse que estavam quase
chegando. Entraram no carro do Walt G.
saíram do centro, vais rir muito, é exagerada.
Quando chegaram numa zona que se via de gente com dinheiro,
entraram por um caminho arborizado, saíram ao pé de uma mansão imensa.
Ela vive aqui sozinha?
Sim com os criados que estão aqui de toda vida, tem muito
dinheiro que herdou do marido.
Mal pararam o carro, saiu da casa uma mulher alta, magra, com
os cabelos pintados de vermelho, num vestido espantoso, se lembrou de a ter
visto no dia do debate, pois não tirava olhos dele.
Ela avançou com os braços abertos, não teve como escapar, o
abraçou mil vezes, beijou tudo o que quis.
Aonde está tua bagagem, pois acho de deverias ficar aqui, não naquele
antro cheio de livros.
Mãe, ele é igual a mim, estive em sua casa, somos
iguais. Desista.
Venha mandei preparar algo para comerem, enquanto esperamos o
almoço, atravessou a casa toda com eles atrás dela, até a parte detrás aonde
estava uma piscina.
Sentaram-se ali. Ele
olhou a mesa, ficou de boca aberta, mas levou uma cotovelada de seu pai, fecha
a boca, que ela é capaz de te enfiar um sanduiche dizendo que estas magro.
Ela mesma preparou um prato para ele com tudo que estava ali,
estás muito magro.
Ele para agradar aceitou café puro, comeu um sanduiche
pequeno de pepino, porque nunca tinha comido.
Ela não parou de falar nenhum momento, o jeito foi seu pai
lhe dizer que ia mostrar a biblioteca para ele.
Estava completamente atordoado.
Ela é sempre assim?
Sempre, mas depois se acostuma, eu na verdade se me
perguntares o que disse, não sei, porque não escutei.
Ficaram rindo os dois.
Ele ficou olhando a biblioteca, era destas que aparecem nos filmes, ele
riu, abra uma, tire um livro, ele tentou, mas não saiam. Tudo é só para inglês ver, não tem nenhum
livro a não ser estes em cima da mesa, que são da administração da casa.
Quando voltaram ela os arrastou a um salão, com uma mesa de
jantar imensa, aonde serviram uma comida copiosa. Ele se serviu de um pouco de cada coisa, para
não fazer desfeita, mas mesmo assim não comeu tudo.
Walt G. inventou que tinha que ir a uma entrevista com o
Reitor, para lhe apresentar seu filho.
Não deixe que te enganem, peça um bom salário.
Que merda de entrevista é essa?
Nenhuma, porque senão não conseguíamos sair, venha, vamos
sentar no lago, como sempre faço, para limpar minha cabeça, se sentaram perto
de um lago, num banco, ficaram os dois em silencio.
Como aguentava quando era criança?
Se fosse no verão, subia correndo, fechava a porta do meu
quarto por dentro, saia pela janela, me sentava no telhado, ela ficava falando
sem parar do lado de fora da porta.
Quem me deu a dica foi meu pai, ele fazia o mesmo. Ela não se atrevia subir no telhado, pois tem
medo de cair.
Ficaram os dois a gargalhada.
Eu ao contrário, os ia buscar no ônibus se os dois tinham o
mesmo horário, vinhamos conversando como tinha sido o dia de cada um, mas
bastava entramos em casa, deixávamos de falar inglês, para falar espanhol. Era o idioma da casa. Jantávamos em silencio, em casa não tinha
televisão, depois ele se sentava com um livro, ela ia para seu tear, ele sempre
lhe dizia a mesma frase, passaste o dia inteiro com um, tens que continuar, mas
sempre estava fazendo alguma coisa para alguém.
Creio que cada criança que nasceu na vizinhança tinha uma
manta de lã feita por ela.
A que usaste de noite, foi feita por ela.
Ficaram ali, olhando a água, até que seu pai disse, já tenho
a cabeça limpa, tu?
Riu, dizendo que sim, que aonde queria ir.
Foram jantar num restaurante, mas todos ali eram estranhos,
venho aqui para não encontrar ninguém da universidade. Era de comida Indiana.
Os donos vieram lhe atender pessoalmente, ele explicou depois
que seu filho mais velho tinha sido aluno seu, agora dava aulas numa universidade
na Índia. Nisso se aproximou um rapaz de
sua idade, os cumprimentou, foi logo dizendo, professor, sinto não ter
escolhido sua cadeira para estudar, mas estou estudando Tecnologia em Londres, meus
pais queriam que eu fosse aluno seu, para seguir os passos do meu irmão.
Este é meu filho, sente-se, os dois tem alguma coisa em
comum, ele acabou Tecnologia em Manchester.
Enquanto anos fizeste o curso, pois era mais ou menos da
minha idade?
Fiz trampa, as aulas me aborreciam, fui fazendo as provas dos
cursos, me adiantei, fiz em dois anos.
Caramba boa ideia, tem aulas que tenho vontade de dormir. Estudar teoria com quem mal sabe escrever ou
analisar um programa, é uma merda.
Estendeu a mão, eu sou Nasir, nasci aqui, mas em casa só
falamos indiano.
Contou que ele era igual, em casa só falavam espanhol.
Ele olhou para um, para o outro. Walt G. explicou, eu não sabia que tinha um
filho, nos encontramos a pouco tempo.
Ficou ali conversando com eles. Puxa a muito tempo não converso assim, as
pessoas na universidade ou são tontas, ou estão agarradas ao celular, falando
sem parar besteiras. Não tenho paciência.
Walt Garcia, olhava para o outro com interesse, primeiro porque
a sua maneira era bonito.
Na hora de sair, trocaram número de celular.
Já vi que os dois ficaram interessados um no outro.
Walt, defendeu dizendo que tinham uma maneira de ver a
universidade, mais ou menos igual.
Foram para casa dormir.
No dia seguinte, seu pai logo de manhã, lhe mostrou um WhatsApp,
de seu amigo do MI5, dizendo que tinham invadido seu programa.
Eu o avisei, mas não acreditaram, disse que o programa tinha
sido feito especialmente para eles. Agora
não sabem o que fazer, dependem do programa para contatar todos seus agentes.
Posso falar de ti.
Olhou o pai, dizendo fizeste de propósito para me obrigar a
resolver o problema, não gosto muito disso não. Mas vou fazer, se falares algo mais, vou
embora entendeu.
Foram para a estação de trem, sentiu ao sair de casa que
estavam sendo seguidos, ficou puto da vida, não gostou nada da situação, não
queria viver sua vida assim sempre com medo.
Quando chegaram a estação, disse ao pai que comprava ele o
bilhete, fez que o homem lhe mostrasse as cabines, escolheu uma que ficava numa
posição sem saída.
Mal entraram na cabine, um homem entrou junto, estou aqui
para garantir vossa segurança. Ele se levantou deu um murro tão forte no homem
que esse desmaiou, retirou sua arma, disse ao pai, anda, desceram do trem, que
nem tinha saído ainda, andaram rápido aonde o pai tinha um carro. Lhe disse, entra, a partir de agora mando eu.
Estou impressionado com o teu murro. Aonde aprendeste isso?
Quando era garoto, sofria bullying na escola, minha avó sabiá
como sempre, me matriculou numa escola de boxe. Após aprender os primeiros golpes, o
primeiro que me encheu o saco dei um murro como esse no nariz, que ele foi
parar na enfermaria da escola. Nunca
mais me encheram o saco, mas continuei indo à escola de boxe, depois fui
campeão pela mesma, na universidade se tivesse lido meu lado de esportivo
saberia disso, também sou bom na esgrima.
A cara do pai era fantástica.
Entendes agora por que não queria fazer contato, não gosto do
sistema. Quando chegaram a Londres,
colocou no GPS a direção que tinham.
Quando chegaram o sujeito com o nariz vendado lhes esperavam.
Puto gancho de direita tens garoto.
Se negou a falar, apresentar documentos, seu pai chamou seu
amigo, temos aqui um filho que não gosta de controles, tem que vir até aqui
para buscar-nos. Ele não tinha permitido
que lhe vistoriassem sua bolsa de ferramentas, nem que lhe passassem o
controle.
O homem que desceu, lhe caiu mal imediatamente, se apresentou
aos dois como mão direita do chefe. Os
levou por uma lateral, até chegaram ao quinto piso baixo a terra.
Viu que todos os computadores estavam apagados. O amigo de seu pai, se apresentou sorridente,
lhe estendeu a mão, soube que eres um gênio na informática.
Não sei nada disso, vim porque meu pai me colocou nessa
sinuca, eu se fosse o senhor dava uma olhada na ficha de seu assessor, ele faz
parte da internet escura.
A cara do outro era de espanto. Não lhe deu tempo de falar, aonde está a
central, venha só o senhor comigo, virou-se para o pai, como me meteste nisso,
fique ai sentado como um pai esperando seu filho que faz aula de dança.
Fazias aulas de dança?
Ele foi embora com o outro rindo. Que maldade fazes com o Walt G. ele não agiu
por mal, mas porque dizes isso do meu assessor?
Ele deve estar saindo correndo daqui, diga que o detenham.
Ele com a boca aberta fez isso, porra tens razão estava quase
na porta de saída.
Ele olhou toda a linha
de computadores, que estavam ligados ao mundo inteiro, foi olhando estante por
estante até que encontrou o que procurava.
Olha aqui. Ali estava uma ligação
como se fosse um pin.
O retirou, vamos ver quanto conseguiu copiar, bem como
distribuir.
Abriu seu laptop velho que servia para isso, se sentou no
chão com o homem ao seu lado, por sorte vocês desligaram a central, senão
teriam passado toda a lista de gente que trabalha para si, no mundo inteiro.
Ele conseguiu passar os da Rússia, do Irã, avise
imediatamente ao seu pessoal que se retire para a embaixadas.
Enquanto ele se distraia com isso, entrou na internet
profunda, até encontrar o tal sujeito, quando o chefe voltou, disse, olha aqui
seu ajudante, o outro ficou de boca aberta, como sabias disso?
Isso, me desculpe, não é da sua conta.
Bom vamos fazer tudo através do meu laptop, ficou rindo com a
cara do outro, a carcaça do laptop era velha, mas dentro era a mais sofisticada
que poderia existir, construída por ele.
Veja, mostrou, aqui está a brecha do programa, qualquer um
pode entrar, inclusive se ele tivesse tido tempo de sair, poderia fazer isso
quer ver. Digitou uma série de coisas, fez com que a central voltasse a
funcionar. Se ele tivesse saído daqui
teria copiado do mesmo jeito.
Agora podemos ir para a sala, tem algum informático com experiencia
aqui.
Ele lhe apresentou o mais jovem de todos, sente-se ao meu
lado, como te chamas, Ted Osborne, muito bem Ted, ligou outra vez a internet
profunda, uau vejo que eras um hacker.
O outro estava vermelho, sim fui condenado a prisão, mas me comutaram
se eu viesse a trabalhar aqui. Quase um
prisioneiro, me faltam seis meses para escapar.
Bom, vou te mostrar aonde está o furo. Ficaram os dois ali, ombro com ombro, sendo
observados pelo chefe. Vamos construir
um corta-fogo, mas eu se fosse vocês acionava a empresa que construiu o
programa. Eu avisei que o programa era
uma merda.
Quer ver uma coisa, digitou uma serie de signos, entrou no
gabinete do primeiro-ministro que estava irritadíssimo. Gritava, estão me gravando. O chefe deu a cara, estamos fiscalizando,
senhor, entraram no nosso sistema. Esse
programa que o governo comprou, tem uma falha imensa na segurança. Temos que remontar tudo outra vez. Segundo o experto que está aqui, a coisa é
séria. Já capturamos quem fez isso, bem como
retiramos os agentes da Rússia e do Irã, que estavam ao descoberto.
Vê como é fácil, quem comprou essa merda de programa?
Ele, o primeiro-ministro é amigo do dono da empresa.
Eu não pertenço ao teu quadro, mas mandaria prender todo
mundo de lá, para tomarem vergonha.
No final do dia, ele junto com o Ted Osborne, tinham
resolvido o programa, seu pai estava em cólicas pois não tinham deixado ele se
mover do lugar, só para ir ao banheiro acompanhado.
Quando saiu, riu lhe dizendo, gostou do castigo?
Não lhe respondeu, o chefe o levou para uma sala especial,
lhe ofereceu trabalho imediatamente.
Agradeço, nem perca tempo falando em servir a pátria, todas
essas baboseiras, não me interessa, não gosto do sistema político, mais um
pouco lhe mostro a rainha cagando, pois se não sabes ela caga como todo
mundo. A cara do outro era fantástica.
Lhe ofereço um salário como o meu, te dou a chefia disso
tudo.
Meu muito obrigado, mas sou jovem demais para ficar aqui
fechado como numa jaula, quero viver a vida.
Vamos embora pai, ao passar por Ted Osborne, lhe disse
baixinho, todo o processo contra ti vai desaparecer, já tenho tuas coordenadas.
Quero trabalhar contigo.
Antes acione teu advogado, o processo desapareceu enquanto eu
estava aqui, não podem te usar mais.
Seu pai estava boquiaberto, nunca tinha visto uma pessoa
decidida como ele.
No carro, antes de entrar, ele passou um pequeno aparelho, se
abaixou, retirou um sistema de escuta, bem como de rastreio, foi até o guarda
que estava na porta, entregue isso ao chefe, diga que mandei dizer para enfiar
no cu.
Deu uma bronca no pai, para um filosofo, o senhor é mais
imaturo que uma criança de cinco anos. Nunca conseguiu fazer tua própria mãe
calar a boca.
O pai levou um tempo quieto, nunca pensei que por baixo dessa
calma tua, existisse uma pessoa decidida.
Te tomei por um filho, que era igual a mim.
Quando chegaram em casa, o amigo de seu pai, estava ali,
furioso. Me tornei a chacota de todos.
Problema teu, confiei em ti, me colocas um sistema no nosso
carro, agora aguente, passar bem.
Bateu a porta na cara dele.
Assim se faz meu pai.
Walt G. ficou parado, era a primeira vez que o chamava de
pai.
Ele passou o aparelho, pela casa inteira, encontrou duas
escutas, uma na sala que costumavam estar reunidos, no meio de livros, se
aproximou gritando “FUCK YOU”, repetiram porque seu pai também queria
gritar. Depois encontram outro, também
num livro, quase na entrada da casa.
Soltou um peido no mesmo, seu pai se matava de rir. Examinou
o telefone fixo da casa, tinha outro também.
Fez uma coisa, perguntou ao pai o número da avó, quando ela atendeu, a
deixou falando sem parar. Se mataram
de rir os dois. Ela ficou falando umas
duas horas no telefone, até que ele ficou com pena, desligou, retirou a
escuta. Imagina, eles tentando analisar
toda a loucura dela.
Despertaram no dia seguinte, com o barulho da porta se
abrindo, era ela furiosa, o MI5, tinha ido a sua casa, querendo saber o que
tanto ela falava no telefone, que não tinham entendido.
Ele apontou, coisas do teu neto.
Quando ela ia começar a falar, ele se virou para ela
tranquilamente, respire fundo avó, falas demais, vê, nem o MI5 entendeu merda
nenhuma do que falas. Acredito que
deverias ir a um psicólogo. Walt G.
ficou pasmo, porque ela começou a falar tranquilamente, pedindo um copo de
água.
Venha avó, venha sentar-se à mesa, vamos tomar o café da
manhã, o da senhora eu sei que é forte com muito açúcar.
Merda esse menino presta atenção em tudo.
No café com ela tranquila, perguntou ao seu filho se já tinha
resolvido o problema.
Qual problema meu pai?
Vê, ele já me chama de pai, ria com um sorriso de cara
inteira.
Queria te reconhecer, assim terias meu sobrenome, serias meu
filho definitivamente.
Estou muito contente com o que tenho. Riu imenso da cara do pai e da avó.
Um dia subindo as escadas perguntou ao pai, se vou morar
aqui, tenho que ter um lugar para trabalhar, na tua casa isso é impossível.
De quem é essa loja aqui embaixo, que está fechada, mas tem
produtos na vitrine.
O pai, começou a rir, é minha, pertencia ao pai do Nasir, vendia
produtos indianos, tinham esse apartamento alugado para mim, estavam em
dificuldades para mandarem seu filho mais velho estudar a pós graduação,
precisavam de dinheiro, usei o dinheiro da herança do meu pai, que estava no
banco, comprei, mas simplesmente fechei a porta deixei como estava.
Podes me dar a chave para dar uma olhada?
Claro, se for do teu agrado, podes usar. Espere aqui que vou
buscar. Ele ficou na rua olhando para
tudo, viu um carro vigiando a casa, foi até eles, olá querem um café, ou um
sanduiche, vocês já estavam aqui de manhã, faz calor, espera melhor uma coca
cola. Viu que tinham um transmissor, falou para o transmissor, se não param de
vigiar, publicarei nos jornais a Rainha cagando.
Os dois receberam ordem de ir embora rapidamente.
Sabia que tinha, mais os vigiando, inclusive talvez via
aérea.
Tinha encontrado o lugar dos seus sonhos, era um loja antiga,
antes já tinha sido um local de produtos,
estantes antigas de madeira, uma porta, dava para um armazém, dali
sutilmente se descia por uma escada, para um porão, do mesmo tamanho, estava
vazio, depois na parte detrás tinha como uma varanda fechada, um pouco de terra
que já tinha visto de cima, como um jardim abandonado.
Me alugas esse lugar?
Filho, um dia será teu de qualquer jeito, eres meu único
herdeiro.
Posso fazer o que quiser aqui?
Prefiro nem saber, tu as vezes es como um caixa de pandora,
quando se abre, vão saltando coisas que é melhor não saber.
Conheces alguém que possa fazer obras?
Sim, tem um grupo de homens da Polônia, que fazem isso.
Conseguiram a licença, quando lhe perguntaram o que ia fazer
ali, disse que uma oficina de conserto de computadores, celulares. Por isso ia precisar de uma carga maior de
eletricidade.
Quando o Nasir, soube, veio falar com ele, estava ali,
ajudando seu pai no restaurante, estou louco para escapar. A puta faculdade me tem farto, não se
aprende nada, sei sem querer mais que os professores.
Gosto de reparar computadores, se quiseres posso trabalhar
para ti.
Ele já tinha vistoriado o Nasir quando se interessou por ele,
viu que não tinha pelo menos nada oculto.
Manteve a loja como era, apenas abriu, colocando tudo dentro
de caixas, mandou tudo para o lixo, pois eram comidas caducadas. Na segunda parte do armazém, disse que
poderiam jogar todas as estantes de metal fora, compraria novas, Mandou fazer uma porta que se camuflava justo
atrás de uma estante, para o porão,
Manteria uma parte, para ter uma cama, bem como reformou a varanda
fechada, com novas vidraças. Mandou
limpar atrás, iria plantar coisas como fazia sua avó.
Arrumou um furgão, foi com Nasir a Londres, comprar material,
estiveram em distribuidores Coreanos, chineses, japoneses, comprando
material. Quase gastou seu dinheiro
inteiro.
No segundo dia, viu que estavam sendo seguidos, vistoriou o
furgão com cuidado, descobriu um aparelho de seguimento, o soltou, disse ao
Nasir, distraia os idiotas daquele carro, viu que saia um caminhão de entrega,
colocou nele o aparelho, a princípio ficaram confusos, mas foram atrás.
Contou ao Nasir o que se passava. Perguntou aonde estavam fazendo compras se
podiam entregar tudo para a direção do restaurante do pai do Nasir.
Chamou por celular o Ted Osborne, lhe perguntou se estava
pronto para fugir.
Estou em minha casa, me vigiam o tempo todo.
Faça uma coisa, que sei que eres capaz. Passe com seu
celular, aberto perto deles, verás que todos saíram correndo, arrume tua
maletas, estou te esperando num furgão branco de aluguel, a volta da esquina.
Ted foi até o elevador, mas voltou para casa, em seguida
todos começaram a receber uma mensagem de uma urgência em 10 de Downing Street,
ele é Nasir ficaram rindo da debandada geral, abriram a porta do furgão, Ted
entrou. Saíram da cidade
tranquilamente, quando chegou em casa, seu pai se assustou de encontrar o Ted
ali.
Preciso esconde-lo por uns dias. Até a oficina ficar
pronta, preciso de um advogado excepcional, para ajudar meu mais novo ajudante.
Ted tinha contado que o chefe, queria que ele entrasse no seu
laptop, mas lhe disse que passava todo o tempo fechado, que tu devias ter
outro, mas não encontrava como saber.
Nasir soltou que ia aprender mais com eles, que na
universidade.
Quando seu pai apareceu com o advogado, Ted contou seu caso,
Walt Garcia, lhe apresentou os documentos que tinha usado para o obrigar a
trabalhar para o governo.
Primeiro há que fazer um escândalo. Montar um vídeo que se espalhe como brasa,
tanto pela internet, como internet profunda como vocês dizem. Depois apresentar todos esses despachos, do
juiz, vasculhar a vida do mesmo, enfim o deixamos nus.
Ele foi sozinho com seu jeep, a casa da avó, vistoriou a casa
inteira com seu aparelho, tinha escutas em todos os lados. Disse para ela, vai falando como antes, mas
no seu ouvido.
Ia usar sua casa, mas está cheia de escutas. Eu se fosse a senhora, me divertia, convide
suas amigas, falem de sexo, falem mal dos políticos, de todo mundo.
Fora da casa ela, disse, se vais por esse caminho, tem a casa
do antigo guarda bosque, não é usada a muito tempo, mas um bom lugar para
esconder alguém. Não me fale nada,
sabes que falo demais.
Os três limparam a casa do guarda bosque, esconderam o Ted
ali, Nasir que ele via interessado no outro ficou com ele. Brincando disse não gemam alto demais que
pode escutar.
Os dois ficaram olhando para ele, que ria.
Quando sua avô foi visita-lo para ver o que estava
construindo, lhe passou instruções, chame suas amigas por este celular, lhe deu
um novo, cor de rosa, ele tinha encontrado no lixo, o tinha remontado
todo. Marque com suas amigas, diga que é
por uma brincadeira. Comecem falando que
todos do MI5 são gays. Que o Primeiro-ministro
também, inclusive que o Príncipe herdeiro, foi pego de calças abaixadas com seu
novo mordomo. Coisas assim, falem mal da
vida de todo mundo.
Assim ela fez, as amigas adoraram, quando chegou o MI5, ela
foi mostrando aonde tinham colocado escutas na casa inteira, ao mesmo tempo
eram filmados por uma delas, que subiu imediatamente na internet. Botaram o rabo entre as pernas, foram
embora.
Mas claro já estava na internet, MI5 se dedica a escutar
senhoras da sociedade, em vez de ir atrás de espiões. Como tinha gravado toda a conversa,
publicaram a mesma, eram filmadas se matando de rir, do que diziam.
Claro o amigo de seu pai, perdeu seu cargo, sendo mandado
para a China.
Mas claro não podiam baixar a guarda.
Entre os trabalhadores polacos, viu que um tinha habilidades
com eletricidade, outras coisas, que prestou atenção em tudo que chegava.
Como é teu nome lhe perguntou?
Jan Pekina, sei que o senhor gosta de informática, eu também
estudo nas horas vagas.
Queres trabalhar comigo, eu vou consertar computadores,
celulares, entre outras coisas.
Claro que sim, isso esperava fazer num futuro.
Tens residência concedida?
Sim, já estou aqui a mais de 10 anos com toda minha família.
Bom, hoje quero montar o sistema de vigilância da parte de
fora. Colocaremos os bem visíveis, mas
ao mesmo tempo vamos colocar alguns que acabei de montar, que pode vigiar o
outro lado da rua, bem como a entrada do edifício, a traseira, são minúsculos,
mas mais potentes que esse grande. Isso
fizeram os dois no final do dia.
Se os estivesse vigiando, parecia que estavam colocando um
letreiro, mas no meio das letras estavam os sistema de vigilância. A placa só dizia Walt G.G.
Os pontos eram exatamente o sistema de vigilância, cada um
abrangendo l80 graus. Na traseira
fizeram o mesmo. Estavam conectados a um
sistema que ele tinha montado no meio do armazém, uma torre. Mas
claro na nota só constava a compra de material para uma torre, em negro tinha
comprado para mais duas, que ficariam em baixo.
Quando o processo do Ted foi aberto, seu advogado acabou com
o juiz, bem como o sistema do Governo.
Ele ficou em liberdade, já não precisava se esconder, mas os dois
continuaram a viver na casa que a avó tinha emprestado. Sabia que tinham um romance, mas nunca
perguntou.
Quando abriu a loja, todo material que entrava, antes passava
por um sistema de filtragem para saber se não tinha nada oculto. Cada pessoa que entrava era filmada sem
saber. Bem como passava por um detector oculto
na porta.
O pai, estava mais uma vez boquiaberto.
Vais usar meu nome então, pois vejo o Walt G.G., nada me
faria mais feliz. Abraçou o pai, ele que
era parco em carinho, usarei. Mas me
deixa te proteger direito. Tinha se
acostumado ao pai. Este agora convivia
com os jovens, parecia também ter rejuvenescido, porque as conversas lhe
interessavam.
Falavam todos de assuntos inclusive de gays, sem se preocupar
com ele. Um dia soltou, nasci em época
errada, tudo era proibido, escondido, morboso.
Nenhum carinho em público, com o risco de sermos presos. Imagina um professor de Oxford metido em
algum assunto obscuro, acabava sua vida acadêmica.
Insistiu muito para seu pai visitar sua avó, quando ele
reclamou que ela falava muito.
Não se esqueça que ela mudou, me ajudou, bem como ao Ted, foi
fantástica com a história do MI5, inclusive tem admiradores, participou em um programa
de televisão, debatendo a respeito dessa invasão de intimidade. Foi contundente, falou o necessário. Creio que seu problema era que ninguém lhe
punha um freio.
Seu pai voltou boquiaberto, imagine, me recebeu, no seu
escritório, nunca tinha entrado lá, conversou muito comigo, a respeito do
futuro. Como me neguei ser adotado por
seu último marido, o título se perde.
Ela riu muito, persegui esse título que não passa de um pedaço da
lembrança do passado. Mas realizei meu
sonho, uma mulher do povo, virei uma lady.
Mas estou feliz, essa é a verdade, teu filho vem me visitar
todas as semanas para tomar chá, conversar comigo. Tens sorte, é um garoto estupendo. Mais esperto que tu.
Quando me disse isso seria, na hora pensei, agora vai
começar, mas colocou a mão no meu joelho, riu dizendo, mas tens uma cabeça
privilegiada para pensar em coisas supérfluas, como a filosofia.
Juro que fiquei sem entender se me elogiava ou me sacaneava.
Irei vê-la mais vezes, pois agora se pode conversar com ela.
Mas não pode realizar isso, dois dias depois ela morreu
dormindo, ele tinha insistido com o pai, pois sabia que ela estava morrendo,
tinha lhe contando.
O enterro foi como ela tinha deixado em seu testamento, sem
muita confusão como tinha sido sua vida, umas poucas amigas, depois se ofereceu
um chá para elas na mansão.
Dois dias depois foi a leitura do testamento.
Os dois ficaram surpresos.
Numa conta particular, ela deixava um dinheirinho como ela dizia ao seu
neto, para que ele pudesse realizar suas façanhas tranquilamente. Bem como uma carta para ele. Para seu pai deixou a mansão, com a
responsabilidade de trazer todos seus livros, tirar toda essa porcaria que seu
finado marido tinha na biblioteca, dinheiro de uma outra conta. Claro uma carta
também.
Havia dinheiro para cada empregado que a tinha acompanhado ao
longo dos anos, aguentando suas loucuras.
Os dois ficaram ali, cada um abriu a sua carta.
Para Walt G.G., ela se dizia contente em o ter descoberto no
meio da multidão do concurso, meu coração bateu mais depressa, sabia que tinha
encontrado um neto.
Primeiro fiquei, mas relaxada, pois sabia que meu filho nunca
estaria sozinho na sua velhice. Depois me colocaste na ordem. Confesso que estava cansada desse meu
personagem, que afastava as pessoas, creio que era uma auto defesa minha, para
não mostrar minha ignorância. Mas o que mais amei meu filho, foi a história do
MI5, nunca me diverti tanto, foi o melhor que me aconteceu. Nunca saberei se é verdade ou não se tens uma
gravação da rainha cagando, eu sempre imaginei que ela devia ter prisão de
ventre, deve ter que fazer muita força, vou me embora rindo. Sei que não contaste ao teu pai, que tenho
câncer, que resolvi não me cuidar, não quero ficar, como muita gente, tomando
terapias que me mataram de qualquer jeito.
Me fizeste muito feliz, no final da minha vida,
Obrigado.
Acabou de ler, olhou seu pai, que chorava como uma Madalena,
ele lhe passou a carta.
Filho de minha vida.
Foste a melhor coisa do meu casamento com teu pai, eu nunca o
amei, casei pensando numa posição social, uma garota bonita, mas sem cultura
nenhuma, ele era um oficial, respeitado, achei que com isso bastava.
Me enganei, mas te tive a ti.
A princípio fiquei histérica, não estava preparada para ser
mãe, tudo que tinha aprendido era fazer um coquetel razoável, dar ordens aos
empregados, ter uma postura refinada.
Mas limpar bunda de criança, não.
Depois quando chegaste a juventude, te odiava porque me fazia sentir
velha, além da tua inteligência que era demais para mim.
Tua maneira de falar pomposa me irritava, por isso quando
estava contigo, falava sem parar, para não ter que te escutar. Mas ao mesmo tempo admirava que ter um filho
que era doutor em filosofia, que tinha livros escritos, nunca consegui passar
da segunda página. Mas porque não sou
versada nessas coisas.
Quando me casei de novo, sei que ficaste furioso, mas era a
culminação dos meus sonhos de jovem, mas claro tudo tem um preço, ele era um
chato de galocha, tive que aguentar essa coisa pomposa, de caças, reuniões com
gente chata, falando coisas que eu não entendia, mas graças a deus aqui em
Oxford fiz um círculo de amigas, que me ajudaram a aguentar.
Nada como um jogo de poker, regado a coquetéis, gin tônica,
fofocas sobre as não presentes, isso aliviou a minha vida, depois que fiquei
viúva.
Durante muito tempo tentei te casar com qualquer idiota que
aparecei, até que me dei conta que eras gay.
Fiquei com pena de ti, pois no nosso pais, isso é tratado de forma
horrível, principalmente naquela época.
Hoje em dia é diferente, espero realmente que um dia encontres uma
pessoa que te ame, pelo que es.
Mas o melhor na verdade me deste, quando descobrimos que
tinhas um filho. Ah naquele dia no
concurso, vi esse garoto brilhante, pensei, ele tem a quem sair. Mas é mais esperto que seu pai. Seus avós o criaram para enfrentar o mundo,
fico com inveja disso. Não fiz isso
contigo, perdoa.
Mas vejo que ele te faz bem.
Agora espero que deixes essa merda da Oxford, estas sempre reclamando
dos alunos de hoje. Aproveite o dinheiro
que te deixei, jogue fora toda essa biblioteca falsa da minha casa. Ali tem
lugar para todos teus livros. Deixe tua
casa para o meu jovem neto.
O amo de paixão, me fez me divertir como nunca com a história
da espionagem. Minhas amigas adoraram,
fui até um programa de televisão.
Deixe de ser tão sério, levar a vida a ponta de faca, relaxa
e aproveita, seja feliz que é o que importa.
Beijo da mãe que te quer.
Vê no fundo ela não era nada do que estavas pensando, nunca
ninguém descobriu como se sentia insegura, num mundo que ela inventou ser ir
mais longe.
Não tive tempo de conviver com essa nova mãe.
Ele fez o que ela tinha falado, no dia seguinte entrou com um
pedido de demissão em Oxford, nunca ninguém tinha feito isso. Ou eram expulsos, ou morriam no cargo. Ela bem sabia ele, estava farto de não
ensinar nada.
Não sabia ainda o que ia fazer, a primeira coisa foi pedir
ajuda aos rapazes para começar a tirar todo a falsa biblioteca, foram levando para um descampado, para fazer
uma fogueira pela noite, mas o melhor foi descobrir sim, uma das estantes era
verdadeira, com livros fantásticos, manuscritos antigos, no que começara a
mexer nos livros a estante se mexeu de lugar, dando para um passadiço, que
descia ao porão, ficaram surpreso
limparam tudo em segredo, quem sabe no futuro instalaria ali uma central.
Seu pai não queria se mudar, nunca tinha estado tão à vontade
como agora.
Ora meu pai, a vida é tua, decida o que decidir, estou
contente contigo.
Walt G. sentado em sua
poltrona favorita, escutava os jovens debatendo um futuro a seguir, seu corpo
estava presente, mas sua mente não.
Nunca tinha imaginado que um ato do passado, pudesse vir
alterar o presente. Tinha metido em sua
cabeça, que chegaria um dia que se suicidaria de aborrecimento.
No fundo estava farto de sua vida insipida, nenhum romance
dava certo, nem as putas escapadas de um noite para no dia seguinte despertar,
sozinho outra vez.
Ele era um dos organizadores da final, como sempre ganhava
Oxford, tocava a ele organizar o evento.
Como sempre acontecia no salão nobre da antiga universidade. Sempre tinha muitos candidatos, ele
organizou de tal maneira que os temas fossem sérios. Pedia aos professores dos outros
departamentos, que colocassem numa urna as propostas para o debate.
No segundo dia estava ali, observando os candidatos, passou o
olho por eles, viu um rapaz, teve a sensação de o conhecer. Justo nesse momento, recebeu um envelope,
era de sua mãe, levantou os olhos para ela que estava mais ao fundo. Fez um sinal que abrisse o mesmo, pensou se
não abro, ela vai começar a falar sem parar, é melhor fazer.
Dentro havia uma foto dele, na mesma idade dos concorrentes,
olhou a mesma levou um choque, o rapaz era idêntico a ele. Ficou assustado, primeiro pensou, será um
filho tardio do meu pai. Não era
possível, o pai tinha já morrido a muitos anos.
Justo nesse momento acontecia a final, o rapaz tomou posição, em frente
ao que era o mais forte de todos, um concorrente da Oxford. Tinha antipatia total com esse aluno. Era grosseiro, discutia por tudo e por nada,
nem sabia o que ele estava fazendo ali, era um prepotente, visto seu pai ser um
membro da junta, achava que tinha direito a tudo.
Tocava a ele, enfiar a mão na urna, retirar o tema do
debate. Ficou pasmo, um tema pouco
frequente ali. Emigrantes. Sorriu, ia ser de lascar, tinha visto várias
vezes o candidato de sua universidade, humilhando os descendentes de emigrantes
que chegavam a estudar.
Quando ele começou a falar com sua prepotência, pensou, vai
humilhar o rapaz, mas quando esse rebateu com virulência, ficou pasmo, ele
quando jovem tinha sido assim, tinha um jeito de passar a mão pelos cabelos
como ele mesmo.
Ao final humilhou o candidato de Oxford, que só ganhou um
voto da banca, do reitor, comprometido como estava com o pai do rapaz. Ficou puto, mais uma vez o jogo de comadres
como ele dizia da função de angariar fundo para conseguir manter a universidade.
Pediu na saída ao professor responsável por acompanhar o
ganhador que queria falar com ele.
Gostou que era uma pessoa direta ao objetivo. Mas quando falou no livro de Walt Whitman
que sua mãe tinha lhe dado, seu nome Walt G. soube imediatamente que era seu filho. Mas lhe propôs fazer um teste de ADN, apenas
para ter tempo para pensar.
Quando se despediram, lhe deu seu número de celular, sabia
que ele não o chamaria. Mas sabia de aonde vinha. Sua mãe fez um escândalo, como tinha deixado
escapar seu próprio filho, soltou na cara dela, como ela tinha deixado escapar
a ele. Nunca tinha vivido com ela, desde
que tinha se divorciado de seu pai, para casar com um conde. Depois se negou a ser adotado por ele, para
ficar com o título dele, quando morresse.
Quando saiu o resultado, pensou em telefonar, mas sabia que
isso e nada seria a mesma coisa, foi sim atrás dele. Não tinha parado de pensar nenhum dia no
rapaz, isso para ele era novo, uma sensação de que tinha algo em sua vida.
O encontro foi inicialmente frio, mas quando o convidou para
sua casa, viu que era quase similar a sua, sentiu que pisava terreno
firme. Sua inteligência lhe superava,
tinha noção que era mais do que ele.
Que se questionava mais. Ficou
surpreso depois da história de Londres, quando dominou todo mundo. Se negando a trabalhar para um dos lugares
mais famosos do mundo internacional em espionagem. Desmascarou seu amigo. Viu que seu filho era contundente, que não
tinha sequer arranhado a superfície da personalidade dele.
Não tinha dúvida, jamais iria viver naquele casarão, não queria estar longe do filho nenhum minuto
de sua vida, agora tinha se acostumado, a sentar-se para escrever, no andar de
baixo junto aos jovens, não que eles falassem muito, discutiam sim no final do
dia como faziam agora.
Via que seu filho amava o Jan, torcia realmente que desse
certo algo entre eles, faziam um casal interessante.
Ele teria dias desses que encontrar alguém para ele, quem
sabe.
Seu filho lhe tocou o joelho, estás em outro mundo. Que está acontecendo?
Nada estava pensando nas voltas que a vida dá. Tentando tomar uma decisão com respeito a
mansão, tudo bem os livros que já não me interessavam, estão lá, agora falta
fazer um catálogo deles. Mas realmente
viver naquele lugar me assusta, amo viver aqui em cima, estar perto de vocês.
Escute o que estamos discutindo, tinham lhe trazido um
computador, de um dos reitores da universidade, olha o que descobrimos dentro
dele.
Era como um pen-drive, que piscava todo tempo.
Sabe o que isto faz, analisa cada aluno do reitor, cada
estudante do qual ele é responsável, para futuramente o caçarem.
Conheces o mesmo?
Sim, vive aqui perto por suposto. Vou chama-lo.
Não, seu celular pode estar clonado, melhor vá até sua casa,
fale com ele fora, o traz até aqui, se o celular estiver clonado, na porta
saberemos.
O pai, fez, bateu na porta do mesmo, James Godwing, era um
tipo interessante, solteiro, muito fechado em si mesmo, tinham se encontrado
várias vezes, mas sempre a nível social.
Falou que era pai do Walt da loja de consertos de
computadores, deixaste o teu lá, me pediu que viesse busca-lo.
Bastava me chamar.
Creio que é melhor que não, disse para trazer teu celular,
acredita que o mesmo está clonado.
Caralho isso parece coisa de filme americano.
Sorriu, espera vou me vestir direito.
Não é necessário, é aqui perto, venha como estas, sem querer
soltou, estas bonito da mesma forma. Já
não estava na universidade, podia falar o que quisesse. James olhou para ele rindo, fizeste bem em
deixar essa merda.
Foram andando conversando como ele se sentia agora, sendo um
pássaro livre para voar.
Quando chegaram a loja, ao passar o James, soou o
alarme. Imediatamente Ted, passou um
aparelho pelo celular, vamos fazer o seguinte, me siga para ver que não estou
fazendo nada demais, abriu a carcaça, mostrou uma pequena peça negra, a
retirou. Quando passaram deixou de soar.
Walt G.G. lhe perguntou a que seus alunos estavam sendo
preparados.
Lhes disse, talvez alguns sejam o futuro do pais, estudamos
política, analisamos o que acontece pelo mundo. Mostrou para ele, vê isso daqui cada, observação
que o senhor escreve sobre algum aluno, imediatamente é captado por alguém, mas
vamos ver quem é.
Pediu para ele começar a teclear, como se estivesse
escrevendo sobre um aluno, começou a fazer sobre o aluno mais medíocre que
tinha. Foi escrevendo que achava que o
mesmo seria futuramente um político da oposição que iria brigar por cada verba
do governo.
Nisso apareceu numa tela em cima uma pessoa, que observava
tudo. Foram filmando o mesmo falando com
outra pessoa. “Epa, está hoje falando do aluno que sempre diz que é medíocre,
que será de esquerda, mais um para a lista de eliminação de qualquer possibilidade
de futuro”.
Mas de aonde vem isso, aonde está esse homem. Continue
escrevendo, agora fale do melhor deles todos, diga que teve um deslize, estamos
seguindo o rastro desse homem.
Não estava muito longe, chamaram a polícia, mostraram o
reitor escrevendo, agora o vamos levar aonde está esse homem. Segundo a pista está nessa casa. Entraram ali estavam dois ministros do
governo atual, com um dos homens que trabalhava para o reitor, esse era quem
tinha colocado o pen-drive, usavam esse processo para selecionar jovens para o
partido.
Queriam o melhor para formar seu quadro, assim estarem
permanentemente no governo.
A polícia os prendeu a todos, foi um escândalo, também um
aumento de trabalho pois todos os professores, queriam que revissasem seus
computadores. Conseguiram assim um
número grande de clientes.
James, agora tomava café pela tarde com seu pai, daí para um
jantar, para a cama, foi um pulo logo ele também saiu da universidade.
Conversando com o uso da mansão, os dois resolveram montar um
lugar de debate de pessoas que queriam melhorar o pais.
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