SON SUN
Respirou fundo, agora estava sozinho,
teria que tomar todas as decisões, arcar com elas como tinha ensinado seu avô.
Mais que avô tinha sido seu pai, lhe havia ensinado a
sobreviver, todas as coisas que sabia da vida.
O vazio era imenso, olhou em volta abaixo da grande superfície que era o
lugar aonde viviam. Só não sabia com
certeza que era um dos únicos que restavam na face da terra.
Pelas histórias que lhe contava o avô, tudo tinha começado a
muitos anos atrás, aliás contar dias, anos tinha terminado, portanto não sabia
dizer sua idade. Os dirigentes do mundo
queriam poder, por isso viviam brigando entre si.
Ameaçavam sempre uns aos outros com suas armas atômicas. Mas
quem acabou desencadeando tudo foi o universo.
O homem já estava habitando a lua. Seu avô tinha feito parte do projeto de como
colonizar aquela terra tão difícil. Ele
mais uma equipe de cientistas tinha analisado as amostras, encontrado um lugar
com terra semelhante. Estava num grande
vale, uma parte deserta, outra não tanto.
Encontraram enquanto buscavam o lugar ideal, uma grande cova dentro de
uma antiga cratera de vulcão, extinto a séculos. Nele construíram um lugar abrigado de tudo, a
luz era obtida do sol, criaram em seu interior uma autentica cidade aonde
poderiam viver os novos habitantes da lua.
Quando o projeto foi aplicado na lua com sucesso, o ser humano como
dizia ele, sempre tão superficial, fecharam o recinto, o desativaram.
Seus pais também eram científicos, foram um dos primeiros a
serem destinados a Lua. Ele, seu irmão
ficaram sob a custodia de seu avô.
Viviam num internato, uma vida cheia de regras, sonhavam se reunirem com
seus pais.
Um belo dia o avô apareceu no internato, mandou que
reunissem todas suas roupas, livros.
Quando saíram da prisão, como dizia seu irmão, finalmente se sentaram no
banco traseiro da 4X4 velha de seu avô, na frente sentava-se seu melhor amigo, científico
como ele, Melton, este com sua cara de louco, com os cabelos brancos, sujos, os
óculos cheios de adesivos, com sua habitual roupa de laboratório.
Quando seu avô entrou no carro, o outro lhe perguntou se ele
tinha certeza do que estava fazendo.
Sem dúvida nenhuma não temos escapatória, ou é agora ou
nunca mais.
Passaram por sua casa, colocaram um reboque no carro, se via
que estava carregado, pelo peso. Saíram
da cidade, ligaram a rádio do carro. O
comentarista estava nervoso, dizia que até agora os grandes cientistas, a NASA,
o governo não tinham solução nenhuma para o grande meteorito que se aproximava.
As pessoas faziam perguntas pelo telefone, etc. O avô abaixou o volume, contou aos dois, o
que estava acontecendo, desde um observatório na lua, tinham descoberto um
imenso asteroide, do qual nunca tinham falado, que se dirigia a terra. Portanto seria como um grande choque, não se
sabia dizer qual o tamanho da catástrofe.
Seu avô, mantinha a chaves do local que tinha servido para
pesquisar sobre a vida na lua.
Creio que lá estaremos a salvo, tem de tudo. Vou muitas vezes até lá para me relaxar,
continuar minhas pesquisas.
Entraram no deserto, a radio continuava sua confusa
conversa, as pessoas procuravam fugir das grandes cidades, a maioria não sabia
o que fazer. O governo estava tentando
controlar a situação nas ruas, mas se não encontrassem uma solução
imediatamente, seria o caos.
Menos mal que saímos antes desse caos, com certeza isso se
transformara numa grande confusão.
Levaram um dia para chegar até o local, estavam
cansados. Tudo o que viram primeiro foi
uma cabana com cara de que caia aos pedaços.
Mas quando se aproximaram viram que parecia cair de uma hora a outra.
Ledo engano, pois quando se observava de perto, era toda de
concreto armado, imitando troços de madeira velha, atrás tinha uma grande porta
metálica. Os dois velhos, acionaram um
sistema elétrico, a porta se abriu, entraram com o carro com tudo que traziam,
num grande espaço, como um salão, estava vazio, estava cavado em plena roca.
Tornaram a acionar o mando, a porta se fechou.
Imediatamente se fez luz, como num passe de mágica.
Nada como imaginavam aconteceu, a NASA, decidiu bombardear o
asteroide, não imaginava a merda que fez, de uma parte salvaram a terra, mas
não os habitantes, ou pelo menos a maioria deles.
A explosão liberou trilhões de partículas que foram
penetrando na terra, mas foram ao mesmo tempo caindo em todo planeta.
As pessoas começaram a morrer, primeiro se tentou de tudo,
todos os tipos de vacinas, mas cada vez mais esse vírus se mutava, quando
conseguiam descobrir alguma coisa o vírus se modificava, como se fosse uma
espécie humana. Países inteiros, não
sabiam que fazer.
Por sorte meu avô decidiu que ficaríamos mais tempo ali.
Na parte alta, era hermeticamente fechada, o mesmo com
respeito a porta, esse grande salão desenvolvido para os que habitariam a lua
se confraternizarem, virou nosso campo de batalha de brinquedos, fazíamos de
tudo, patinávamos, jogávamos futebol, coisas de crianças.
Mas nos andares abaixo, tínhamos nossas obrigações. Tudo funcionava como um relógio, o
despertador nos chamava as 6 da manhã, tínhamos que tomar banho, numa água que
levaríamos anos para saber que vinha do fundo da cratera, a mesma era filtrada,
por isso tinha um cheiro inicial desagradável.
A água usada era reaproveitada mil vezes, sendo de novo purificada, para
servir de regadio das plantas de Melton, ali tínhamos tudo que ele tinha
explorado antes para alimentar as pessoas na lua.
Eu adorava os tipos de tomates que ele, plantava,
replantava, mas era como se estivessem sempre em mutação. Atualmente são enormes, como se fossem uma
abobora, posso comer durante uma semana um.
Todos os tipos de raízes que ele tinha recolhido durante sua
vida, em distintos lugares da terra, eu adorava escutar suas histórias. Era preferíveis as do meu avô Cesar, que era
louco por histórias da época romana. Por
sua culpa nos chamávamos Julius, meu irmão, a mim tinha tocado Darius da
Grécia.
Enquanto funcionou, rádio, televisão, se ia vendo as
notícias, mas creio que chegou um momento que não existia ninguém para fazer
isso. Aguentou um tempo, escutando
noticias do exército, que só falavam no fechamento dos países, do pouco que
sobrava de população. Sem saber muito por
que as vezes as notícias falavam de gente que sim sobrevivia, por alguma
mutação em seu próprio organismo.
Fomos sobrevivendo, mas claro chegou um momento também, que
não havia nada, ele dedicava horas de seu dia para observar se alguma rádio
ainda funcionava.
Até que um dia deu um murro na mesa, dizendo que o bicho
homem era um tremendo idiota, veja a situação que estamos. Quatro pessoas sem futuro, ou será que
teremos.
Claro chegou um momento que deixamos de contar os dias,
apenas seguíamos o ritmo do sol, lua, que se via pelas câmeras de
vigilância. Quando muito, na primeira
época, víamos chegar famílias até a cabana, partirem em seguida, ela enganava
bem.
Mas depois isso terminou.
Era uma rotina monótona, eu trabalhava com Melton, nas
plantas, comidas, aprendi a preparar uma quantidade impressionante de
tubérculos, me deliciava com as árvores com frutos, ao mesmo tempo aprendi a
como manter tudo isso funcionando. Por
ter sido preparado para a lua, nada ali funcionava com gasolina ou outro tipo
de componente químico. Tudo era gerado
pela luz do sol.
A pior notícia, que tinha sido uma das últimas a que ele
conseguiu escutar, era que o vírus tinha chegado à colônia da lua, matando todo
mundo.
Julius que sonhava em reencontrar nossos pais, ficou
tremendamente frustrado, a partir desse dia foi se fechado cada vez mais. As vezes podia passar um ou dois dias, sem
emitir nenhum som, como descobrir no seu diário, abria os olhos, mijava,
cagava, tomava banho, se olhava no espelho, via que o tempo passava para ele,
fazia suas obrigações, comer, dormir, cagar, seus últimos escritos era de
desesperação.
Ele me ensinou a cuidar da maquinaria que fazia que tudo
funcionasse ali, não me dei conta que fazia isso, para justamente poder partir,
ninguém sabe para aonde.
Nesse meio tempo, Melton morreu, um dia o vi caído no chão,
mas já não havia nada que fazer.
Até nisso tinham pensado, a pessoa era levada a uma sala que
foi uma das últimas que meu avô nos levou.
Ali, existiam como umas capsulas, que tanto te mantinha vivo, como se
cremava as pessoas.
Mostrou aos dois como funcionavam. Em segundos Melton tinha deixado de existir,
recolhi suas cinzas para colocar nas plantas como tinha me ensinado.
A partir dai meu Julius piorou, passava todo o tempo,
agarrado a rádio, para fazer algum contato em qualquer parte da terra.
Sua última anotação, dizia que tinha encontrado
sobreviventes no que restava de NYC, estava feliz, meu avô, tentou de todos os
meios o convencer a ficar. Esses
sobreviventes, tem alguma coisa que não sabemos o que é. Mas como ficamos aqui fechados, não sabemos
se seremos capaz de sobreviver ao vírus.
Um dia me fez segui-lo, até um lugar na casa de maquinas que
ele tinha descoberto, uma saída, que ia dar a quilômetros dali.
Tinha uma mochila preparada, tentei convence-lo, mas me
disse que não podia mais, acabarei ficado louco aqui, se morro, pelo menos sei
que fiz alguma coisa.
Queres vir comigo?
Minha gratidão, o fato de cuidar das plantas eram uma coisa
que eu amava fazer, gostava de estar sozinho ali no imenso salão que era a
incubação dessas plantas. Não podia
imaginar deixar meu avô que tinha nos salvado, estava muito velho. Nem sabia mais sua idade, dependia de nós
para tudo. Agora usava uma cadeira de
rodas, movida a luz solar, que tinha inventado.
Lhe desejei sorte, me fez afastar, ficar numa porta de
vidro, pois o sistema era compartimentado, o vi colocar uma máscara como se
usava antigamente para ir ao espaço, que limpava o ar.
A única coisa que ficou na minha cabeça, foi, porque os que
viviam na Lua, não tinha feito isso. Se
sabia que as pessoas tinha se adaptado ao ar de lá, como? Menor ideia.
No final só vi a sombra dele, desaparecendo.
Contei ao meu avô, pensei que ia ficar zangado, mas não, ele
acabaria criando problemas, claro que ele sabia dessa saída, fui eu que
construí isso daqui, que esperavas.
Agora me toca cuidar das máquinas.
Ele riu, eu inventei isso para se ocupar, elas se cuidam
sozinhas, nunca precisaram de ninguém, no tempo que isso ficou vazio, elas
seguiram funcionando, seguirão assim, a não ser que o sol se apague.
Quando ele se sentiu doente, me disse, creio que chegou a
hora, de te hibernar, para saber se o futuro realmente vai existir.
Me fez vestir uma roupa especial, havia muitas ali
penduradas no salão que me parecia sempre tétrico, pois ali tínhamos incinerado
o Melton.
Me fez, entrar, me explicou como tudo funcionária, verás o
tempo passar, terás noção de tudo, vou programar para daqui cinquenta anos, não
perderas nada.
Me beijou, sabia que era seu preferido, pois me tinha
adaptado até mais que o Melton, que vivia reclamando, que sentia falta de
sentar-se frente ao mar,
Ele mesmo as vezes reclamava da comida, o que não daria para
comer um bom pescado, ou marisco.
Quando entrei na capsula, ela foi se enchendo de um liquido,
me cobriu completamente, sabia que estava protegido, pois tinha tubos, que
faziam entrar ar limpo nos meu pulmões.
A partir desse momento, era como se tudo funcionasse em
câmera lenta. Se os dias antes eram monótonos
ficou pior, então a maquina me injetava alguma coisa, que me fazia dormir, por
semanas, as vezes meses.
Um dia ele deixou de aparecer ali, para me olhar, entendi
que tinha morrido.
Fechei os olhos, pedi que me deixassem dormir, um boa
temporada.
Um dia despertei, acredito, como segui sendo alimentado,
tinha crescido, a capsula ficou pequena para mim, se abriu automaticamente, me
expulsando.
Falava comigo. Tivemos que fazer isso antes do tempo, para
que pudesses sobreviver. A mesma me
falava como nunca tinha ouvido, entendi que a própria máquina que comandava
tudo, tinha evoluído por si mesma.
Me livrei daquela roupa, já parecia estar podre, tinha uma
camada de pele morta que cobria o meu corpo, tomar um banho, foi uma maravilha,
só não entendi por que não tinha cabelos.
A maquina me respondeu.
Demorei para me dar conta, porque ela fazia isso, tive que me relembrar
do momento que entrava, meu avô tinha implantado um chips na minha cabeça que
dizia que seria minha proteção.
Se quiseres tirar pode tirar, mas seguiremos convivendo
contigo.
Tinha fome, ri muito quando cheguei aonde estavam as
plantas, aquilo agora era como uma floresta, as plantas tinha crescido, invadido
o espaço central, era impressionante.
Tudo tinha um tamanho imenso, as aboboras, daria para
alimentar uma dezenas de pessoas, as frutas igual. A laranja, tinha que segurar
com as duas mãos. Ah meus queridos
tomates, eram imensos, mas não tinha perdido seu sabor.
A maquina me explicou, que toda a água reciclada da capsula,
inclusive tudo que saia do meu corpo era automaticamente levado a plantação,
tudo é gerado por ti.
As flores como que se inclinavam para mim.
Tinha que usar as roupas do meu avô, pois as minhas eram
pequenas demais.
Perguntei a máquina se meu irmão tinha retornado.
Me mostrou um resumo dos vídeos de quando muito, algum grupo
de nômades, passando pela estrada, achei meio estranho, pedi que fizesse um
zoo, para ver essas pessoas.
Tinham mutado também, talvez para sobreviver ao vírus. Eram menores, mais corpulentas, tinha mais
pelos pelo corpo, musculosas, feias, era como se fossem uma mutação dos
gorilas.
Fiquei com isso na cabeça.
Meu avô dizia que erámos a evolução dos macacos, talvez, fossem uma
outra raça nascendo.
Mais tempo depois, outro vídeo, era como o mesmo grupo
anterior, mas mais altos, como se tivessem evolucionados. Vi que um homem os comandava, na hora pensei
que fosse meu irmão, mas pelo zoom, não podia reconhece-lo.
Num lapso de tempo que pensei que era ele, imaginei, está
tentando nos localizar, mas passava pela estrada, sem parar.
Agora os ciclos eram diferentes, se chovia, o fazia durante
semanas, em seguida se via que brotavam coisas, uma semana depois o calor era
insuportável, tudo se queimava, comecei a medir as horas. Tinha mudado também.
A máquina me avisou que as explosão solares, queriam indicar
que essa estrela que nos iluminava ia se apagar.
Agora entendi o que meu irmão por ser mais velho dizia, a
solidão, minhas conversas era com a máquina.
Já não tinha noção que era dia ou noite, pois os ciclos mutavam
constantemente.
Na estrada já não passava ninguém, nem animais, o que antes
era deserto, foi ficando cada vez pior.
Fora o calor devia ser insuportável.
Por duas vezes o sistema de ar tinha deixado de funcionar, fui avisado
de que em breve teríamos um colapso.
O que vai passar quando isso acontecer?
Não tenho menor ideia, pois como ficaremos sem abastecimento
de energia, deixaremos de funcionar.
As frutas agora apodreciam rapidamente.
Eu poderia sair, mas tinha medo, era uma coisa crônica, o
que tinha acontecido com meu irmão, deixava o rádio transistor ligado
continuamente. Mas estava sempre mudo.
As noites agora eram imensas, o dia curtíssimo, com isso o
frio aumentava, mas de repente, como se o sol explodisse aos poucos, quando
havia sol, fazia um calor impressionante.
Fui cada vez mais, ficando na parte baixa do local, me
colocava diante da câmera de vídeo para ver algum movimento. Um dia me olhando no espelho, vi que tinha
uma barba imensa branca, os poucos fios de cabelos rebeldes que tinham voltado
a nascer também. Quando olhava via meu
avô me olhando.
A comida agora ficava podre antes do tempo por causa do
calor dentro do bunker, não podia fazer nada, pois se abrisse a porta seria
pior, o calor que entraria seria infernal, seguido do gelo, ou era frio
extremo, ou calor. Nunca havia meio
termo. Chover nem pensar.
Quando o gelo derretia, parecia que ia brotar algo, mas o
calor em seguida era insuportável.
Agora as noites, o frio era uma constante, cheguei a medir,
dois metros de altura da neve, em breve eram três. Me preocupava o peso em cima
da cúpula, claro chegaria o momento que isso seria insuportável.
A máquina como me consolando, creio que o ciclo deste
planeta esta chegando ao final, o homem fez tantas barbáries, que sem querer
destruiu tudo.
Chegou um momento, que sentia como que as maquinas rangendo,
como se estivessem fazendo um último esforço para se manterem.
O melhor seria encurtar tudo. Programei a máquina para me queimar. Me disse
que era impossível, não o podiam fazer.
Quando a noite agora, eram de semanas, ou meses, não sabia
dizer, o que foi restando da máquina me dizia que estava em mutação, que
estavam se alimentando do brilho da neve, mas que tinha que diminuir tudo. Passava os dias agora no escuro, meus olhos
foram se acostumando, um dia levei um susto, por ao passar diante de um
espelho, brilhavam como de um animal. Pois conseguia ver na escuridão. A máquina disse que era meu chips, que fazia
com que meu corpo fosse se readaptando as novas circunstâncias. Pelo meu corpo agora nasciam pelos largos,
como se fossem para me proteger do frio.
Com o frio, só algumas espécies geravam frutos. Os comia, por obrigação.
As maquinas pouco a pouco recuperaram algo, dizia que meu
sangue estava mudando, pela adaptação que estava sofrendo. Já não
era o sangue quente de antes, mas sim azulado, frio.
Em breve poderás sair, sobreviver a todo esse frio, sem
problemas.
Começou-se a detectar movimentos sísmicos, como se o vulcão
aonde estava o bunker voltasse a funcionar, na última capa do mesmo, notei
rachaduras.
Creio que em breve terás que sair, pois vai haver um choque,
entre a capa subterrânea e tudo que está aqui, o bunker explodira.
Como vou fazer sem você?
Terás que sobreviver.
Fui guardando coisas na porta de saída, quando notei que a mesma tinha
sofrido problemas, de um lado o calor interno, de outro o frio extremo, fora.
A única maneira de sair, era por aonde meu irmão tinha
escapado.
Me preparei, a máquina me avisou, creio que chegou a hora,
foi bom conviver contigo.
Falava devagar, como se algo a impedisse de seguir. Chegou o momento, munido de lanternas, embora
pudesse ver na escuridão, segui pelo corredor, que ou me levaria a morte, ou a
vida.
Quando estava chegando à saída, vi um vulto no chão, agora o
ar era do exterior.
Quando iluminei direito, reconheci as roupas, a mochila do
meu irmão. Tinha morrido ali, ao
respirar o ar, meu avô tinha razão, não tínhamos defesas para o vírus.
Sair, levei um tempo em me adaptar a escuridão de fora, bem
como ao ar, que me parecia mais pesado. Fui me afastando, não podia dizer
quanto tinha caminhado, quando senti a terra tremer.
Só vi o bunker subir, para depois se assentar de novo, as
lavas que saiam da terra, rapidamente eram esfriadas, durou muito tempo, talvez
dias. Encontrei um abrigo, fiquei
esperando o tempo passar.
Como se a explosão tivesse feito alto, quando voltei, para
minha surpresa, as árvores, renasciam outra vez, como se seu organismo tivesse sido
reprogramado, ou se adaptado ao mundo exterior, logo tinha ali uma floresta
para viver até o final dos meus dias.
Foi quando notou luzes diferentes no céu, as estas alturas
naves espaciais, sabia que não o podia localizar porque seu sangue agora era
frio.
Mas podia os observar a eles. Um grupo se dirigiu ao bunker, examinaram
tudo que tinha sobrado. Foi então que
notou que eram soldados americanos.
Pensou em se aproximar, mas viu que eram como pessoas normais.
Serei um macaco de feira, essa é a realidade, alguém eu
sobreviveu fora. Ficaram dias ali, logo notou que chegavam novas naves, para
reabilitar o bunker. Uma noite ele entrou no bunker, rapidamente a maquina
começou a falar com ele, são metade humanos, metade vindos de outros planetas,
sabem que você existiu. Querem te caçar,
para fazer experimentos. Cuidado.
Voltou a profundidade da floresta que tinha nascido. Se manteve ali escondido, foi o que ele tinha
pensado, prefiro a morte a servir de cobaia.
Era como se a própria floresta o protegesse. Quando talvez provocado pela máquina, que
lhe tinha dito que faria algo, começaram de novo os terremotos, desta vez notou
que a explosão se dava justamente aonde estavam as máquinas, ela se suicidou
pensou.
Viu que rastreadores, avançavam em sua direção, não teve
dúvida, se enterrou na neve, foi interessante escutar a voz humana falando,
esperou avançarem, atacou o último. Ficou literalmente surpreso, eram metade
maquinas. Tinha destruído seu circuito, mas viu que tinha gravado sua cara.
Se embrenhou para o outro lado, nessa noite, entrou no
bunker, a parte anterior, aonde antigamente estava a expansão da plantas, agora
era como um lugar para o exército.
Um homem gritava, é totalmente humano, estamos tentado reviver
a máquina que o mantinha vivo, assim poderemos o caçar.
Partiu em rumo contrário ao que estavam. Não sabiam que ele podia ver durante a noite,
na parte mais clara dela, mergulhava na neve, ficava escondido.
Mas já não havia nada que comer, até que encontrou outra
floresta, outra sobrevivente. Se abrigou
ali, comeu, pode beber água.
Retirou, apesar de doer muito, o chip que estava tão
entranhado em sua cabeça que parecia ter raízes. O atirou numa fonte termal,
por esse motivo não o encontraria.
Passou um tempo com febres, enquanto cicatrizava a ferida.
Seu chip devia seguir funcionando, pois logo apareceram
naves por ali, a batida seria larga, ele foi se aprofundando cada vez mais.
Um dia estava em cima de uma árvore, quando viu um homem,
estava dentro de um traje especial, que o fazia mover-se. Parecia seu pai. Queria gritar seu nome, mas se deu conta que
não se lembrava.
Desta vez o localizaram, sentiu que as balas que atiravam na
verdade eram dardos, quando caiu do alto da árvore a neve amorteceu sua queda.
O levaram até o Bunker. Começaram o interrogatório, foi
exaustivo, falou do avô, do Melton, de seu irmão Julius, mas não tinha ideia de
tempo, passei anos dentro de uma máquina. Sim me comunicava com ela, através de
um chips.
Ela se negou a ser reativada, provocou a última explosão que
destruiu todos os dados que poderia estar aqui.
Nos somos uma missão, do que restou na lua, na terra já não
existe mais nada, ficas o vem conosco.
Era uma decisão crucial.
Fico, não sei quanto tempo tenho de vida.
Lhe mostraram um scanner que tinha feito dele, a maquina
transformou parte de teu corpo, como o nosso, teu coração hoje é uma
máquina. Viveras muitos anos,
Acabou pensando em ir com eles. Mas algo lhe fazia desconfiar, na véspera se
afastou para entrar numa nave. Ali
estavam os resto da máquina, o seu centro.
Imediatamente as portas se fecharam, nos querem destruir,
sentiu que a nave se elevava sem fazer ruído nenhum, não preciso do chips para
me comunicar contigo, aos poucos fomos transformando teu corpo em máquina
pensando na tua sobrevivência. O que queres fazer.
Que nos elevamos no espaço, explodir.
Foi o que aconteceu, ninguém depois saberia explicar, como a
nave podia ter explodido.
Foi um fim glorioso para ele. Sabia que seria examinado mil
vezes, dessecado, como um animal, sua amiga a máquina o tinha salvado.
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