TROMPOSO
Tirou o rosto fora d’agua, respirou profundamente,
tornou a mergulhar, procurou passar por baixo do fogo que ardia na parte de
cima, quando avistou finalmente somente água, tornou a sair respirar novamente.
Não se via nem rastro do navio, nenhum bote
salva-vidas, nada.
Estava deitado em seu beliche quando escutou a
primeira explosão. Por sorte estava
vestido, não era o ponto que devia desembarcar, mas de qualquer maneira tinha
todas suas coisas preparadas, isso se chamasse seu saco de marinheiro com tudo
o que ia precisar na sua nova vida. Escutou os gritos, a correria.
Respirou fundo, fechou bem o seu saco de
marinheiro, uma invenção sua, impermeável, tinha preparado um sistema que o
colocava em suas costas, passava pela cintura, fechava-se como um cinturão. Tinha
tentado vender a ideia, mas ninguém se interessou.
Quando chegou a coberta o barco já estava fazendo água,
do outro barco, metralhavam todas as pessoas, o jeito foi, correr para o outro
lado se esquivando dos cadáveres. Fingiu que tinha sido atingido, quando o barco
começou a virar, caiu na água junto aos outros marinheiros, que já estavam
mortos.
Procurou nadar de tal maneira, que saísse do raio
de visão do outro barco. Havia fogo
sobre a água, tinha que sair desse círculo de fogo, tentar sobreviver.
Já mais afastado, ainda com o resplendor do fogo,
procurou avistar algum bote salva-vidas, nada.
Não sabia se haveriam
sobreviventes além dele. Mas isso já não importava. Em
sua cabeça veio a imagem da conversa que tivera com o comandante, que lhe
comentava que era uma zona perigosa, que estavam perto da costa, que o perigo
se reduzia as correntes.
Muito ao longe, viu por segundos a luz de um farol,
porra estou perto da costa, tenho que ter cuidado. Se deixou levar algum tempo pela corrente,
que lhe facilitava nadar tranquilamente.
Sem dúvida ter sido praticante de natação desde criança, lhe ajudava.
Tinha sido campeão de natação desde infância, se
sentia um peixe na água. Toda sua
juventude, tinha sido dentro de uma piscina, quando entrou para a universidade,
participou dos campeonatos dentro, fora do pais.
Estava numa enrascada, sabia que desta vez tinha
passado do limite de aceitação da agência.
Mas tinha tomado a resolução de não cometer mais nenhuma atrocidade em
nome do pais, a não ser que fosse para se defender.
A mochila lhe servia de boia, se deixou arrastar,
ao longe observava algumas aldeias nas costas da montanha.
Finalmente avistou a parte que lhe interessava,
começou a nadar, embora sentisse suas mãos geladas, com compasso, sem pressa. Quando chegou a praia, ficou
deitado, um tempo recuperando o folego.
Pensou numa sopa quente, com um copo de conhaque na mão, mas se deu
pressa, logo começaria a amanhecer. Tirou
os tênis molhados, meias, a calça que estava empapada, os documentos, carteira
estavam todos na mochila. Abriu tirou
uma bermuda, camiseta, sandálias, colocou os documentos no bolso, bem como
dinheiro, nunca usava carteiras, era mais fácil se desprender de alguma coisa,
se não estava guardada. Tranquilamente, saiu andando pela calçada, na primeira
lixeira, atirou toda a roupa molhada, caminhava tranquilamente, como se
estivesse fazendo um passeio pela manhã na praia, indo em direção a sua casa. Sabia que ao momento que soubessem do barco,
o primeiro lugar que iriam checar era a casa oficial. Não sabiam desta no bairro com mais gays de
Tel Aviv, ficava na parte traseira de uma loja, aparentemente estava sempre
alugada para Airbnb como lugar de férias, mas não era verdade. Antigamente essa loja pertencia a um amigo,
este fez esse puxado na traseira, pois era um terreno que pertencia ao
edifício. Não tinha ligação com a loja,
constava de uma sala, com cozinha
americana, pequena, mas funcional, um banheiro,
uma pequena varanda, depois o muro, com a porta de madeira. Ele tinha acrescentado uma saída pelo outro
lado, mas as vezes até se esquecia que existia.
Tomou um banho quente, procurou algo de comer na
pequena geladeira, de manhã rasparia sua cabeleira, esses meses tinha deixado
seus cabelos crespos crescerem até formar uma mata, bem como rasparia a barba
que usava desde o tempo de universidade.
Tinha saído do serviço militar, com honrarias, era bom atirador, se dava
bem em situações extremas.
Quando lhe chamaram para trabalhar para a Mossad, hoje em dia se
arrependia da ideia. Estava aborrecido
com a universidade, lhe parecia tudo igual, os companheiros eram passivos,
concordavam com tudo como cordeiros, assim tinha ido para os campos de
concentração, pensava.
Ele era ao contrário, seus pais diziam que ele era
contra todo o estabelecido desde criança, gostava de inventar coisas, de ser
produtivo. Na época o convite lhe
pareceu o ideal para ele, mas não concordava com uma série de coisas. Mas imagine se rebelar contra os de cima, que
eram pequenos ditadores, dispunham da vida das pessoas como se fosse um fosforo
que se tem que apagar.
Esse último trabalho não estava sozinho, estava com
mais dois colegas. Estavam a ponto de
cumprir a missão quando alguma coisa saiu errada. Por sorte sua, tinha saído para comprar
comida, ele parecia com qualquer árabe, tinha uma estatura boa, mas não era
alto demais, forte sim, músculos bem definidos pelos anos de natação, quadril
estreitos, pernas musculosas, mantinha seu treinamento sempre que podia, nos dias de folga, podia ser encontrado na
piscina do bairro aonde vivia. Sua
saída foi providencial, pois ia vestido de árabe, no Yemen, a missão era
descobrir, quem estava vendendo armas de Israel aos que livravam uma guerra que
parecia não ter fim.
Como os tinham descoberto, isso não sabia. Quando
viu que matavam seus companheiros, viu entre os policiais, um dos homens da
Mossad, filho da puta pensou, ele dava ordens para o procurarem pela vila, se
escondeu. Quando a situação ficou
calma, saiu do seu esconderijo, ali nas sombras comeu alguma coisa, depois,
como um gato, foi aonde tinha por hábito esconder sua mochila, pronta para
qualquer emergência. Esperou fechar a
noite, as sombras da parte traseira do edifício ajudavam. Foi atravessando alguns edifícios em
escombros, até chegar ao porto. Um barco
os esperava para dentro de dois dias, para o retorno a Israel. Imaginou que estava disfarçado de
pesqueiro. Ficou um longo tempo o
observando, quando as luzes se apagaram, correu, subiu ao mesmo, pensou, pareço
uma ratazana de esgoto. Foi até a
cabine do comandante, entrou fechou a porta.
Este se assustou, acendeu a luz com uma mão, com a outra procurou sua
arma.
Mas já estava na mão dele. Precisas
melhorar teu esconderijo, demoras muito a te defender Mosher. Alguém
nos denunciou, mataram meus companheiros.
Tenho um problema, não posso sair do porto de
repente, tem que ser na mesma hora que saiam os barcos de pesca no final da
tarde. O teu esconderijo está
pronto. O mesmo era, do armário, uma
parte traseira se movia, dava a um outro camarote pequeno, mas sem janelas, era
como uma jaula. Mas conhecia Mosher a
tantos anos que confiava nele.
Já estiveram aqui hoje revisando o barco, claro
todos os marinheiros são naturais daqui, não sou idiota, me visto como eles,
assim passamos desapercebido. O filho da
puta que estava caçando foi direto a mim, falando em nossa língua, fiz que não
entendia. Perguntou por três forasteiros,
se tinham feito contato. Me fiz de
desentendido, disse ao tradutor, que isso era um barco de pesca, isso fazemos
para distrair. Foi embora resmungando
teu nome, te chamou de todos os nomes possíveis.
No final da tarde, quando saiam os barcos, se
misturaram, conseguindo sair do porto, os pescadores tinham a obrigação de
trazer peixes para alimentar as tropas.
Ele tomaram o rumo subindo o mar rojo, pelo meio
dele, pararam em algum porto para se abastecer, mas já em terras Etíopes, ele
ainda pensou em dali fazer contato com a agência para que fossem recolher. Mas comandante, disse que não, desta vez ele
retornaria a casa, estava cansado. Era
sua última missão, não iria mais colaborar com Mossad. Estou velho demais para isso, não tenho
família, mas tenho uma casa dentro da parte antiga de Acre, de lá posso ver o mar. É
quanto quero para minha velhice. Mostrou fotografias da casa,
se um dia tens problemas pode me procurar.
Ele esperto como era, viu o número da casa, bem
como nome da rua, já sabia aonde se esconder depois. Sentiu lastima pelo comandante, tinham
acabado com sua aposentadoria, quando caiu na água, olhou bem o nome do
barco. Sabia a quem pertencia, a um
milionário, que fabricava armas, a muitos anos estava sendo controlado pela
Mossad. Tinha certeza de que havia algo
estranho nessa história. Com certeza o
homem que tinham ido procurar, ao não ver o barco retornar, tinha acionado seu
cumplice.
Ia se vingar, esses não conheciam sua ira. Sabia que se denunciasse a Mossad, tudo iria
parar nas mãos do chefe desse indivíduo.
Ele sairia perdendo.
Caiu num sono pesado, dormiu com a arma na mão para
um caso de emergência.
Quando despertou, olhou o relógio, eram meio-dia, rememorou
tudo, chegou à conclusão de que devia haver mais gente nesse negócio.
Não iria aparecer durante um tempo, para que
pensasse que estava morto. Por sua
sorte, já estavam chegando a Tel Aviv quando foram atacados.
Primeira coisa que fez, foi passar a máquina a zero
na sua cabeça, lhe dava lastima que esse cabelo todo fosse para a merda. Raspou a barba deixando somente um
bigode. Procurou no armário, roupas
modernas, como usava o pessoal dali, por cima como fazia vento fresco, colocou
uma jaqueta com capuz, tapou a cabeça com um gorro, óculos escuros. Varreu todo o cabelo, para um saco
plástico. O deixaria no lixo de algum
restaurante. Preparou a mochila para
qualquer emergência, a ideia tinha funcionado bem. Depois procurou, embaixo de um ladrilho que
estava na cozinha, retirou um passaporte, bem como documentos em nome de outra
pessoa. Retirou as fotos que tinha feito do traidor,
enfiou num envelope, escreveu com a mão mais inclinada possível, como se fosse
a caligrafia de uma criança, o nome de seu contato no Mossad. Saiu, fez como tinha planejado, jogou a
bolsa com o lixo nos fundos de um restaurante de peixe. Sabia que as agências de correio tinham
câmeras de vídeo, ficou esperando, passou um grupo de estudantes, falavam em
dinheiro para uma festa. Se colou a eles
dizendo que se queriam dinheiro ele podia dar, mas em troca tinha que colocar
essa carta no buraco de recepção de cartas, já tinha selo.
O olharam desconfiado, mas quando viram o dinheiro,
esqueceram de qualquer escrúpulos, mas foram esperto, foram em bando, não se
via se tinham ou não colocado a carta.
Despistou, fazendo um zig-zag pela cidade, para
escapar de qualquer vigilância.
Voltou a casa, mas não ficou nem 15 minutos, tempo
para dar uma mijada, bem como trocar de roupa, pegar a mochila, em seguida,
entrou na garagem de um edifício que tinha ali perto, retirou um carro velho
que usava quando precisava de um despiste.
Tomou estrada em direção a Acre, ou São João de
Acre. Queria chegar de noite pois seria
mais fácil entrar na casa. Antes
observaria a vizinhança para saber se valia a pena se esconder ali um tempo.
A rua estava deserta, a casa ficava justamente numa
curva, nenhuma janela da casa em frente dava para a mesma, estava tão treinado,
que não levou nem um minuto para entrar.
O comandante tinha descrito a casa tão bem que era
capaz de andar no escuro. Lhe contou que
a tinha mobiliado, que pensava em alugar por Airbnb, durante um tempo para
pagar o gasto, só depois mudaria de sua casa no porto de Tel Aviv.
Acendeu as luzes, viu que a casa, estava toda
virada para trás, ou seja o única coisa que dava para a rua, era a porta, as
persianas estavam abaixadas. Procurou
uma duplicata das chaves, sempre havia, as encontrou fácil.
Escondeu bem a mochila, quando abriu a porta, a da
casa vizinha, se abriu também. Um tipo
jovem lhe disse olá, com um forte sotaque francês. Perguntou se ele tinha alugado a casa por
Airbnb, pois ele tinha, tive que fazer uma verdadeira limpeza na mesma, estava
suja, irei reclamar, mas a vista é impressionante.
Ele como se fosse um turista, perguntou aonde
comprar comida.
Vou fazer o mesmo, tenho comido ali na praça, as
vezes por preguiça, compro só para o café da manhã. Perdão por meu inglês é muito mal. Se apresentou, Marcel, vivo em Paris, vim
descansar uns dias, além de fugir de um relacionamento, mal resolvido.
Sentados comendo, foi como um confessionário, o
outro basicamente contou sua vida. Seu
namorado era possessivo, desde o começo foi perdendo suas amizades, pois não
suportava ninguém em minha volta.
Trabalho desde casa, sou leitor de textos para editora. Faço seleção de livros novos. Mal podia botar o pé fora de casa, lá estava
ele, me esperando. Chegou um tempo que
me senti sufocado. Pior na cama o
sujeito era um desastre. O único jeito
de escapar, foi saindo de fininho como num filme de espionagem. Vim para cá, pois sei que tem horror aos
judeus.
É tu, ele inventou uma história aplausível, que
estava de férias, de um trabalho enfadonho, que na volta ainda voltaria pela
Europa.
Fez as compras, guardou tudo na geladeira, teria
tudo para primeira necessidades, o restaurante da praça não era mau, dali podia
observar toda movimentação desse pequeno canto da cidade.
Mesmo assim no dia seguinte atravessou a cidade,
entrou num cyber-café, entrou na página da Mossad, para funcionários, usando
uma credencial roubada. Tinha ser
rápido, objetivo, foi direto, verificou que nada tinha acontecido. Somente uma nota
avisando do seu falecimento num atentado no barco no qual regressava de uma
missão.
Tinha agora duas opções, sair pelo Líbano, ou
atravessar toda Palestina, sair pelo Egito. Nenhuma das duas lhe atraia muito,
pois implicava muitas coisas, não podia sair por Tel Aviv, pelo controle do
aeroporto. Podia levantar suspeitas.
Quando voltava mal estacionou, viu o vizinho,
acenou para ele, este fez um gesto como o convidando para tomar café, apesar
que este falava muito, resolveu aceitar.
Tinha que encontrar um jeito de sair do país.
Sem querer o outro lhe deu a ideia que lhe pareceu
perfeita. Disse que tinha comprado o
bilhete para uma excursão a Petra na Jordânia, primeiro iriam a Ammán, de lá a
Petra.
Puxa pensei em ir, mas fiquei na dúvida, me parece
uma grande ideia.
O levou a agência de viagem que organizava. Disse
que voltaria no dia seguinte para finalizar a compra. Nessa noite foi até Tel Aviv, entrou na
casa outra vez. Procurou um passaporte
que tinha usado a muito tempo para fazer um trabalho em NYC. Precisava de uma coisa que estava escondido
na outra casa. Tomou um taxi, foi pela
rua detrás, mas fez o mesmo dar uma volta, percebeu logo que a casa estava
vigiada. Eles não sabiam que ele podia
entrar pelo edifício ao lado, apagou rapidamente o sistema de alarma, não
poderia demorar muito, pois era um sistema que ele tinha inventado, o sistema
se apagava por minutos, se alguém entrasse ao mesmo tempo o alarma iria
disparar. Foi rapidamente aonde estavam
o que procurava, era o seu laptop, viu que tinham mexido na casa, mas aonde
escondia o mesmo, era o esconderijo perfeito, estava baixo o chão do armário, esse
era forrado de tapeçaria, notaria logo se alguém tivesse mexido ali. Retirou o mesmo, saiu tão rápido como tinha
entrado.
Subiu a rua dois quarteirões, tomou outro taxi, ao
passar pela frente da casa, viu que estava iluminada. Mal sabiam que ele tinha ativado um sistema,
já estavam a mais de um quarteirão quando escutaram uma explosão. Tinham sem querer ativado uma bomba, faria
muito barulho, chamaria atenção, não só da polícia, como de todos os vizinhos,
na casa não restava nada que o interessasse.
Seu passado estava todo no laptop.
O senhor do Taxi chegou a parar, ele olhou para
trás, viu a confusão armada, só disse mais um atentado sem logica. Talvez agora fossem estranhar,
por terem entrado antes, não ter acontecido nada, mas da maneira que tinha a
bomba, era como se alguém tivesse pisado aonde não devia.
Também já tinha retirado tudo da outra casa, agora
estava livre, iria destruir o que não lhe interessava. No dia seguinte pela manhã, comprou a
viagem a Petra. Ao mesmo tempo com o
Hi Fi, roubado de um vizinho, comprou um bilhete de Ammán a Paris, a viagem era
para o dia seguinte, saíram logo cedo num ônibus modernos, dormiriam essa noite
em Ammán, no dia seguinte um passeio pela cidade, depois Petra. Era perfeito.
Sentou-se ao lado do seu vizinho, antes de sair tinha borrado sua
passagem pela casa. Mal chegaram a
Ammán, ele alegou uma indisposição, para não sair para jantar, como tinha
pedido um quarto só para ele, ficou tudo bem.
Mais tarde saiu do quarto, carregando sua mochila, saiu por uma das
portas laterais, viu que o grupo saia pela outra. Tomou um taxi para o aeroporto. Embarcou em seguida com seu passaporte
francês com o nome de Michael Cohen. De
manhã já estava em Paris, foi direto a um balcão, comprou um bilhete para
Suiça, com o mesmo nome.
Foi direto a Zúrich, tomou um taxi, ao banco que
tinha conta, se apresentou com o passaporte que usava para a conta que tinha
lá, verificou o valor, pediu um cartão de crédito, estranharam a princípio, era
uma conta para deposito, mas alegou que estariam vivendo um tempo em New
Zeland, seria bom ter um cartão para usar sua conta. Depois desceu, foi até uma caixa forte que
tinha pertencido a sua família a gerações.
Abriu a mesma, retirou dinheiro, foi colocando tudo no fundo da mochila,
retirou a roupa suja que tinha para dar lugar.
Das bolsas de diamantes que tinha de serviços que tinha feito por fora
da Mossad, pegou uma pequena. Agradeceu
a atenção quando lhe entregaram o cartão de crédito. Saiu
dali, foi direto para agencia de aluguel de carros, alugou um, foi para
Liechtenstein, lá fez a mesma coisa, com outro passaporte, se apresentou no
banco, para mover a conta, bem como pediu outro cartão de crédito, desceu
também para olhar sua caixa, era pequena, mas estava cheia de dinheiro, tirou a
metade, subiu, depositou na conta, o cartão de crédito era com valor ilimitado.
Voltou outra vez a Zúrich, com o passaporte que
tinha usado para entrar no Estados Unidos, comprou um bilhete para NYC. Embarcou no último voo da noite, em primeira
classe, uma oferta de última hora. Foi
perfeito, por estar cansado da movimentação.
De manhã passou os controles do aeroporto. Foi direto para Manhatan, se alojou num hotel
pequeno. Agora era conseguir um
apartamento. Depois de tomar um banho,
colocar a última roupa limpa que tinha na mochila, fez a barba, rasurou outra
vez a cabeça. Foi direto a um banco
ligado ao de Liechtenstein, tirou dinheiro da mochila, abriu uma conta, ao
mesmo tempo que fazia funcionar o cartão de crédito. Segundo passo, era conseguir um apartamento.
Entrou numa agência, não queria nada na ilha,
preferia ficar mais afastado. Pensou em Long Island, ou outro lugar. Lhe ofereceram um bom apartamento no Upper
West Side, 88th street, um recém renovado, pequeno, mas muito confortável. Foi dar uma olhada no mesmo, viu que havia
um anúncio no próprio edifício, falou com o porteiro que era o responsável,
alugou por três meses, pagando cash, estava pronto para usar, tinha de tudo,
roupa de cama, banho. Não pensou duas vezes.
Voltou a agência devolveu as chaves, saiu para fazer compras, precisava
de roupa básica, além de roupa de esporte, pois podia correr pelo Central Park,
logo conseguiria um trabalho para se distrair.
Nem precisava voltar ao hotel, tinha sua mochila com ele. Foi para o apartamento, o porteiro lhe
explicou aonde fazer compras, farmácias, metro, etc. Trocou de roupa, precisava comprar um abrigo
de meia estação, mas logo chegaria o inverno, nem sabia se ficaria lá. A
coisa agora era vigiar bem seus passos.
Seu passo seguinte, foi visitar um lugar que
adorava na cidade, ficou andando, jantou num restaurante antigo. Comprou um casaco moderno, que ao mesmo
tempo que tinha uma gola que podia levantar tampando metade da cara, como tinha
capuz.
Ficou uns dias observado o consulado de Israel na
cidade, para ver se via algum agente da Mossad por lá.
Dias depois, foi vendendo os diamantes em vários
lugares diferentes. Com todo dinheiro
que tinha, depositou no banco. Agora
seria importante conseguir documentos.
Sempre tinha escutado os companheiros falarem num sujeito, o único
problema, era amigo dos homens da Mossad. Viu que um sujeito saia irritado do local,
falando mal do homem, seguiu o mesmo, esse com certeza conhece algum
outro. Dito e feito, entrou num
edifício, viu que descia ao subsolo, fez como se fosse a garagem. Depois viu que ali funcionava alguma coisa
clandestina.
Quando o outro saiu, rindo com um passaporte na
mão, esperou o final do dia, quando o homem saiu da sala, fechando tudo. Esperou escondido. Entrou facilmente, viu um sistema de alarma,
tirou do bolso um spray, viu as teclas mais apertadas, rapidamente, desbloqueou
o sistema, buscou todos os papeis que necessitava, viu como o sujeito
trabalhava, imediatamente criou um novo nome, registo de nascimento, serviço
militar, fez todos os papeis que poderia necessitar. Ainda pensou o sujeito nem código tem de
bloqueio de acesso ao que faz. Simplesmente
apagou seus passos. Saiu dali, tornou a
colocar o sistema de alarma. Na saída
da garagem, cruzou com o sujeito que voltava, com alguns papeis na mão.
Usou os primeiros documentos, como carteira de
identidade, para ver se funcionava, tudo em ordem. O primeiro que fez, foi fechar a conta no
banco, retirar todo o dinheiro, depositar em outro com o novo nome. Lhe deu a direção para que lhe mandassem o
cartão de crédito.
Dias depois abriu a caixa de correio, lá
estava. Andou muito pela cidade, sempre
mantendo sua aparência. Andava pelas
ruas principalmente por aonde normalmente circulavam agentes que vigiavam os
judeus americanos. Esbarrou com dois que
conheciam, mas sequer o olharam.
Sabia as cidades menos vigiadas do País. Teria que escolher, adoraria viver em San
Francisco, mas tinha uma quantidade grande de judeus. Seu novo nome, não tinha nada de judeu, isso
o tranquilizava um pouco.
Pensou muito em se arriscar. Volta e meia andava olhando através da chave
de acesso que tinha seu amigo o que acontecia na Mossad. Uma
semana antes, tinha visto, que tinham aberto justamente uma investigação ao
sujeito que ele tinha denunciado. Na vez
seguinte, a chave de acesso, tinha um aviso, atualizar para nova chave. Grifo cortado pensou, ou aconteceu alguma
coisa com ele. Mas claro, sempre usava
cybercafés, diferentes.
Creio que chegou a hora de me mandar daqui. Sem se despedir sequer do porteiro do
edifício, sabia o horário que nunca estava na porta. Se mandou de mansinho. Conseguiu um voo para San Francisco pela
United. Chegou no final do dia.
Agora ia começar uma vida sua totalmente nova. Teria sim que encontrar uma atividade, começou
a procurar nas cidades em volta, observava, para ver se alguma coisa lhe
atraia, nunca tinha feito outra coisa que trabalhar, ler aliás era uma de suas
paixões desde criança, foi a Sausalito, foi de ferry, gostou do lugar, passando
por uma livraria, viu um cartaz que procuravam vendedor, entrou para perguntar,
era um senhor já muito maior, com uma cara de judeu, pronto me dei mal. Começou a conversar com o mesmo, como quem
não quer nada, perguntou de aonde era.
Não me diga, que me estas confundindo com um judeu,
sempre me perguntam isso, na verdade sou irlandês, mas vivo a muitos anos aqui,
me casei, criei dois filhos, um morreu na guerra do Golfo, outro é médico no
Texas, acabei ficando sozinho. Acho que
me confundem por causa dos cabelos crespos, pelo nariz. Já procurei nos meus antepassados, mas
honestamente não encontrei judeus, aliás os detesto, querem sempre levar
vantagem.
Vi o cartaz, estou procurando emprego, venho da
suíça, mostrou sua documentação, procurando um lugar confortável para
viver. Estive muitos anos dando aulas,
mas já não tenho paciência, um dos meus grandes prazeres é ler. Citou seus escritores favoritos, alguns
antigos, outros mais modernos, não mencionou nenhum judeu.
Preciso sim encontrar um lugar para viver.
Se quiseres, tem a casa do meu filho, fez essa
loucura, pois queria ser independente, foi antes de entrar para o exército,
está como ele deixou, espera, vou fechar para comer alguma coisa, te mostro,
não é longe daqui. Como eres jovem, pode
se que gostes, é uma casa de palafita, está em cima da água, dizia que gostava
do som da mesma se movendo por baixo da casa.
Foi com ele até lá.
Realmente em comparação com as outras era pequena, um salão não muito
grande com uma pequena cozinha incorporada, um quarto que dava para o mar, um
banheiro moderno, esclareceu que ele tinha reformado, uma varanda que estava
imunda de cagada de pássaros, precisando de uma mão de pintura.
Gostou do lugar, perguntou quanto custava o
aluguel?
Se vais trabalhar para mim, posso te cobrar barato,
realmente a proposta foi insignificante, pelo ao menos alguém cuida daqui.
Se mudou no dia seguinte, era um final de semana,
dia de movimento na livraria, foi se ambientando, a maioria eram pessoas que
vinham passar o final de semana em sua segunda casa, Jimmy Macdoug, era
falador, o foi apresentando aos clientes que vinham sempre, Robert Thompson, ou
Bob, acabou ficando conhecido como Bob, nada mais americano.
Manteve a cabeça raspada, agora usava um boné de
uma equipe da cidade que o Jimmy adorava.
Ele vivia em cima da livraria, depois da morte de minha mulher que
adorava uma quinquilharia, limpei tudo, quando os meninos foram embora, mais a
fundo ainda, tinha pintado tudo de branco, disse que sua mulher adorava um
papel de parede, tinha sim algumas estantes de livros raros. Guardo aqui, para algum cliente que procure,
quando for o caso, me consulte.
Já estava trabalhando lá a seis meses, com raras
saídas noturnas, foi se ambientando devagar, ia as vezes tomar uma cerveja com
os velhos, ele se juntava com os amigos para jogar poker, ficava ao lado, sabia
jogar, mas preferia observar o comportamento dos senhores.
Um deles, o mais divertido de todos, sempre dizia
que estava fazendo ali, mencionava um nome de um bar, lá deve ser mais
divertido, pois tem mais gente da tua idade.
Bah, dizia o Jimmy, isso agora é um bar gay,
disfarçado. O outro fez uma cara de
surpreendido, como sabes disso.
Ora meu caro, quando tens um filho gay, sempre
sabes dessas coisas, quando John foi para o Texas, um dos motivos era esquecer
um relacionamento mau que teve por aqui.
Um dia desses volta, é meu filho predileto, me chama todas as semanas,
está trabalhando em urgências, diz que precisa de adrenalina.
Um dia resolveu dar uma olhada no local, na verdade
era um bar normal, se via alguns gays por ali, mas também casais normais. Estava na barra tomando uma cerveja, quando
se aproximou um cliente da livraria, sabia que o mesmo era professor, nem se
lembrava o nome dele, ao contrário dele que foi direto.
Caramba Bob, nunca te vi pela noite da cidade,
saíste da toca?
Nunca tive muito tempo para vida noturna, tenho
saído com Jimmy, seu grupo de amigos.
Sim os conheço, são boa gente, mas um tanto velhos
para ti.
Ficaram conversando, mas estava com a pulga atrás
da orelha, pois não se lembrava do nome do sujeito.
Esse ria, porque ele procurava de todas as maneiras,
falava você, mas não mencionava nome, como ele fazia.
Já sei que não sabes meu nome, na verdade todo
mundo me chama pelo meu sobrenome, pois os dois juntos não combinam, Jerome
Smith, nada mais estranho, até parece que arrumei ou roubei o nome. Jerome era o nome do meu avô, Smith era o
sobrenome de meu pai. Uma larga linhagem
de Smith, vieram da Alemanha depois da primeira guerra, como não conseguiam
escrever o sobrenome que era imenso, abreviaram para Smith, ficou isso para
sempre.
Soltou um nome imenso, desses que pareciam que
tinham o alfabeto inteiro.
Ficaram rindo dessa brincadeira dele. Perguntou se ele era casado.
Jamais, já tenho filhos suficiente, nos meus
alunos. Gosto de chegar em casa ficar sem
ruídos de crianças, na verdade Bob, sou gay, foi apontando discretamente para
quem era.
Eu me dou bem com o Jimmy pois fui um dos primeiros
namorado de seu filho, nos conhecíamos desde criança, pois minha família sempre
viveu aqui. Mas chegou um momento que
ele foi para San Francisco estudar medicina, nos afastamos. Nunca vivemos juntos, lá ele começou um
romance com um colega de hospital, que acabou mal, pois o outro era possessivo,
ele só pensava no seu trabalho, por isso foi para o Texas por algum tempo.
Sim o Jimmy me contou, falou isso para cortar o
assunto, não gostava muito de fofocas, viu que o Jerome ao contrário sabia da
vida de todo mundo. Entrou um sujeito
barbudo, com uma roupa negra, se aproximou dele, viu que ele fazia uma cara de
asco.
Falou com o sujeito, mas se livrou do mesmo
rapidamente. Judeu, esse filho da puta,
vive de emprestar dinheiro aos outros, dizem que seu pai é mafioso, na verdade
está sempre acompanhado de uns capangas.
Viu que o sujeito se dirigia a um grupo no fundo do bar.
Seu grupo de amigos, todos da pesada.
Um do grupo lhe chamou a atenção pois o tinha visto
na livraria umas quantas vezes, destoava dos outros. Perguntou ao Jerome quem era.
Ah, esse coitado já passou pela mão de todos eles,
dizem que é retardado, o que não é verdade, pois foi meu aluno. Vem sim de uma família complicada. Pais alcoólatras, irmão mais velho nas
drogas, isso que passou pela mão de todos, nem sei se é verdade, observe ele
fica quieto quando todo mundo não para de falar. Seu pai é irlandês, sua mãe mexicana. Esteve um tempo, numa casa de menores, até
que arrumou um emprego com esse sem vergonha, leva uma loja de empenho do
outro, pois não pode ir à universidade.
Se despediu, dizendo que tinha que levantar muito
cedo no dia seguinte, é sábado, sabes como é, muitos clientes.
Foi andando tranquilamente em direção a sua casa-barco,
como dizia.
Viu andando pelo outro lado da rua, o tal rapaz com
as mãos no bolso, pois fazia um vento gelado.
Viu que ele subia a rua, ficava quase em frente de
sua casa, mas era uma rua empinada.
Dias depois o viu conversando com o Jimmy, lástima
que não aceitei o emprego quando me ofereceste, pois não aguento mais trabalhar
para esse filho da puta. Outro dia cismou que faltava dinheiro no caixa, quando
foi ele mesmo que tinha retirado o dinheiro, pensa que sou tonto, simplesmente
o levei para a traseira, mostrei o vídeo dele retirando o valor que faltava.
Ficou puto da vida comigo, como eu atrevia, dizer
que ele roubava ao seu pai.
Agora está na marcação comigo.
Me chamou, Bob, venha até aqui, Marcus, me disse o
nome do rapaz, está procurando emprego, eu gostaria de tirar pelo menos um mês
para ficar com meu filho no Texas, podias ensinar a ele o trabalho, assim
quando volte, posso ter mais tempo livre para mim mesmo. Nos últimos tempos ficava mais tempo no bar
com os amigos, pois estavam todos aposentados.
Claro que sim.
Marcus Douglas, sorriu, mas vou fazer as coisas
certas, vou até lá dizer que não fico na merda desse emprego. Voltou no dia seguinte com um olho negro, o
filho da puta não quis me pagar o mês, ainda me deu um murro na cara.
Na seguinte saída, estava novamente conversando com
o Jerome, quando viu o sujeito entrar, veio passando meio bêbado, dando
empurrão nos outros, ele como disfarçadamente estendeu o pé. O dito
cujo foi ao chão com todo seu peso.
Filho da puta, veio em sua direção, quando viu que
ele ia lhe dar um murro, segurou seu punho, torceu seu braço, dando com a
cabeça dele na barra. Disse ao barman,
se fosse você chamava a polícia, pois esse sujeito é agressivo. Ia me dar um murro, sem motivos, só porque
caiu.
Ele tentava se levantar, mas o mantinha preso a
barra.
Jerome se afastou, como querendo dizer, não tenho
nada com isso.
Chegou a polícia, ele contou sua versão, que este
tinha passado por ele, tropeçado em alguma coisa, caído porque estava bêbado,
depois tinha vindo em sua direção para lhe dar um murro.
Mas fiz defesa pessoal, pois estes tipos sempre me
veem assim magro, querem me dar uma surra.
O policial se apresentou, lhe entregou um cartão, qualquer
coisa, fale comigo.
Jerome voltou, não me meto com esse tipo, pois é
vingativo, se junta com esses tipos aí, estão sempre em busca de confusão.
Quando saiu, viu que dois o seguiam, mas os
idiotas, não sabiam com quem se metiam, numa volta da esquina, se escondeu
atrás de uma parede, ficou quieto esperando por eles. Vinham resmungando que essas gente vinha de
fora, já querendo confusão que a cidade era deles.
Pegou a tampa de metal de um cubo de lixo, deu com
ela na cabeça do que estava mais próximo, o mesmo em sentido contrário ao
outro. Caíram no chão, deu um murro em
cada um, os arrastou até o outro lado da rua, jogou na água suja que saia de um
esgoto.
Foi embora tranquilamente.
Marcus no dia seguinte veio falar com ele. Cuidado com essa gente, se acham donos da
cidade. Eles tem uma casa, ali na parte alta, aonde preparam seus golpes, a
maioria das coisas da casa de empenho, são coisas roubadas por eles.
Nessa noite, se vestiu de negro, ficou observando
aonde o grupo se dirigia. Viu a tal
casa, eles entravam pela garagem. Quando
a porta se levantou, se via televisores, além de outras coisas.
Deu a volta examinando a casa, viu que estavam
todos reunidos num salão que tinha uma Lareira, começou a preparar sua
estratégia. Preparou várias bombas de
fumaça, encontrou uma maneira de subir ao telhado. Na semana seguinte, viu que chegavam com um
furgão cheio de coisas roubadas. Descarregaram, quebrou a luz da rua, trancou a
porta da garagem por fora, bem como a porta da rua, subiu no telhado, soltou
cinco bombas de fumaça, para realmente chamar a atenção, quando o alarma da
casa disparou, chamou a polícia. Tinham
tentado sair pela garagem, mas não conseguiram, pela porta também, então
começaram a quebrar os vidros do salão para saírem, no momento que chegaram
dois carros de polícia, quando abriram a porta da garagem, deram com todas
aquelas mercadorias roubadas nessa mesma noite.
Foram todos presos.
Mas alguma coisa estava errada, pois no dia
seguinte estavam na rua. Observou que o
policial que parecia o chefe, era amigo deles.
Passou a segui-lo, vivia numa casa acima de suas
posses, um dia entrou para examinar tudo, encontrou bolsas de dinheiro, bem
como duas armas, estava mesmo necessitando de uma.
Levou tudo com ele, de longe ficou observando
quando o sujeito voltava, tinha deixado de propósito as coisas fora de lugar,
bem como tinha instalados duas escutas, que iam direto a um gravador. Viu que ficava nervoso, chamava por celular
aos outros, começava a discutir, que algum deles o devia ter roubado, que não
ia, mas protege-los, que queria o valor que lhe tinham roubado. A conversa foi mais longa que devia.
No dia seguinte mandou a
fita de vídeo, para o fiscal responsável pela área, bem como uma cópia para o
juiz. Queria ver se mexiam. Logo foram todos presos. Tinham colocado um vigia na casa, quando se
reuniram para resolver o problema de quem tinha roubado o dinheiro, o FBI
entrou.
Justamente o Jimmy voltou de viagem, a confusão na
cidade era grande, ninguém sabia quem tinha montado a captura do bando que
vinha roubando a muito tempo as casas das pessoas ricas que vinham passar o
final de semana.
Jimmy soltou que era algum Robin Hood, ele riu a
bessa, agora teremos um que é do asfalto.
Contou depois para ele a viagem, o filho estava
muito bem no Texas, queria que ele fosse viver lá, mas lhe disse que não podia
ficar muito tempo longe do mar.
Ele tinha descoberto um alçapão, que ficava embaixo
do tapete, guardou ali sua bolsa, de vez em quando a tirava do esconderijo para
limpar, pois a sujeira embaixo da casa era infernal, comprou uma máscara de
mergulho para ter ali, caso necessitasse escapar. O velho judeu, apareceu pela livraria, para
falar com o Marcus, se ele sabia alguma coisa, o FBI tinha devastado a loja de
penhores, inclusive com o vídeo do filho roubando na caixa.
Marcus muito inocente, contou que tinha levado um
murro por causa disso.
Ficou olhando o Bob, como perguntando quem era
esse, ele se aproximou, perguntando se precisava de alguma coisa, estendeu a
mão dizendo Bob Thompson, ao seu dispor.
No dia seguinte notou que tinha entrado em sua
casa, mas claro, lá só tinha um pouco de roupa, comida, livros, nada mais. Rebuscou para ver se tinham deixado algum
microfone ou coisa parecida. Nada, com
certeza estão verificando. Precisava de um rifle de precisão, tinha que
conseguir sem chamar a atenção. Dois
dias depois, estava escutando a conversa dos velhos um contou que a polícia
tinha devolvido a um dos proprietários, um rifle de precisão, que já tinha sido
roubado duas vezes. Descobriu quem era o
proprietário, realmente a casa era fácil de entrar, tinham instalado um sistema
de vigilância que era fácil de sabotar. Entrou
tranquilamente, examinou tudo.
Encontrou na parte debaixo do armário, um outro rifle, mais antigo, o
levou, tinha um pequeno defeito, o corrigiu.
Pensou consigo mesmo, este comprou um novo, para não ter que arrumar o
melhor.
Raspou a marca de registro, tão profundamente, que
mesmo uma análise mais profunda não descobriria a quem pertencia.
Esperou sua oportunidade, o velho agora, estava
sempre ali, vigiando como uma águia seus negócios. Tinha oferecido ao Marcus o trabalho
novamente, inclusive feito chantagem com ele na frente do Jimmy. Este ficou uma fera, colocando o velho para
fora da livraria.
Enquanto isso, ele descobriu aonde o velho se
hospedava, um ponto que pudesse atirar, levou seu tempo, tinha tranquilidade
suficiente para isso.
Viu que esse tinha o hábito de se colocar numa
posição na janela, que dava para a loja de penhores, bem como a uma outra de
sua propriedade, essa tinha nos fundos uma fileira de caixas de lixo, examinou
a mesma, ali era escuro, encontrou uma posição que desse para a janela, pintou
todo o rifle de negro, assim não se veria no escuro.
Na primeira oportunidade, que o velho se colocou na
janela, com um copo de whisky, lhe acertou um tiro entre as sobrancelhas. Se podia ver como caia para trás, escapou
rapidamente. Escondeu o rifle, junto com
sua mochila. Tinha colocado de uma
maneira a lâmpada de chegada a sua casa, com um mando a distância, podia apagar
a mesma, era tão rápido fazendo isso que era difícil alguém perceber. Levaram dois dias para desconfiar, isso
porque o velho não abriu a loja. O FBI
quando levantou, toda pesquisa, o mesmo era quem comandava os roubos, estava
selecionando gente nova para seguir fazendo a mesma coisa do filho.
Descobriu que todos os velhos, não gostavam dos
judeus por isso, a maioria era como uma máfia.
Ele cada vez tomava mais conta da livraria, Marcus
tinha tentado se aproximar dele, mas foi franco preferia ser seu amigo. Embora a muito tempo não fizesse sexo com
ninguém.
Perto de ação de graça o filho do Jimmy veio passar
alguns dias com o pai. Foi como levar um
choque na hora que lhe apertou a mão, Brad era mais alto que ele, bem
musculoso, ficou olhando na cara dele, o velho falou muito em ti.
Nessa noite Jimmy chamou todos os amigos para
jantar, num dos restaurantes ali da praia, o filho adorava ostras, coisas do
mar, convidou a ele, bem como o Marcus, este estava de queijo caído pelo Brad,
como estava sentado ao seu lado, suas pernas ficaram encostada, sentiu que
estava de pau duro.
Se controlou na bebida, pois percebeu que os outros
bebiam muito, tomou um copo de vinho, depois pediu água. Brad que só tomava água, perguntou se não
gostava de beber?
Gosto de estar lúcido o tempo todo, o máximo é isso
um copo de vinho, mas prefiro água. Imagine quando entro num bar peço uma
garrafinha de água todo mundo olha como se eu tivesse pedido leite.
Foram os dois levar o Marcus que tinha bebido muito
a sua casa. Depois voltaram descendo a
rua. Soltou uma pergunta, que tal é
viver na casa do meu irmão. O velho o
controlava muito, por isso foi viver lá.
Gosto muito, se dorme bem.
Só entrei uma vez, um dia desse me convidas para ir
ver a casa.
Nunca deixes para depois o que podes fazer agora,
lhe soltou.
Tudo bem, vamos lá. Os dois já sabiam que tudo não passava de
uma desculpa.
Fizeram um sexo fantástico, lhe perguntou ao final
se era circuncidado?
Não fiz a operação de fimose com um médico judeu,
que me fez assim.
Ficaram conversando baixinho, até que Brad explodiu
numa gargalhada, estamos falando baixinho por quê?
Em resposta falou no seu ouvido com voz rouca, para
começar tudo de novo.
No dia seguinte, a cara do Jimmy era ótima, pois o
filho tinha aparecido de manhã em casa, como o Marcus apareceu de ressaca,
sabia que não era com ele.
Mas fez para ele um gesto aprovando.
O que lhe dava medo agora era que Brad resolvesse
voltar para a cidade, ele não queria compromisso, apesar de se sentir
atraído. Mas estar preso a uma pessoa,
não era muito seu sistema. Sempre
tivera receio disso, estar preso a uma pessoa.
No momento que ele falou isso, ficou com um pé
atrás. Lendo um dia o jornal, viu um anúncio de venda de uma livraria em Portland. Comprou um furgão velho, o levou para as
aforas da cidade, examinou o motor, sempre tinha gostado disso, deixou o mesmo
numa garagem perto de sua casa, tirou 15 de férias, disse que não gostava do Natal,
nem Ano Novo, queria conhecer por ali.
Jimmy deu o endereço do Brad no Texas pensando que ele ia para lá, não
disse nada.
Tomou rumo a Portland, apesar do frio, neve, gostou
da cidade. Era uma livraria antiga, o
proprietário, ia se aposentar, o local era dele, bem como o apartamento de
cima. Gostou logo do lugar, ficava meio
caminho entre as duas universidades.
Ninguém aqui se interessou, nem um rapaz que trabalhou aqui muito tempo. Diz que dá muito trabalho tudo isso.
Negociou com o velho, ficar com o apartamento, já
que ele iria viver em Newport com sua irmã, se depois desse certo, ele
compraria tudo.
Mandou uma carta para o Jimmy, dizendo que ia mudar
de vida, como já tinha recebido o último salário, mandou dinheiro do
aluguel. Mas fez isso desde Newport,
quando foi conhecer a cidade, levando umas coisas do velho. Acertaram tudo, pagou o mesmo, abriu uma
conta no banco, transferiu dinheiro para se aguentar um bom tempo.
Quando apareceram os representantes de livros, ele
estava em plena ebulição de Natal, tinha mudado já a vitrine, a maneira de
expor os livros, futuramente mandaria fazer novos moveis. Logo depois do ano
novo. Fechou uns dias para pintar tudo,
arrancou velhos papeis de parede, com um pintor que contratou, deu uma cara
nova na livraria, como no apartamento.
Quando reabriu, os representantes voltaram, a
primeira coisa que diziam era justamente isso, precisava de uma cara nova. Mudou o nome da livraria para Thompson,
assim ficaria conhecido. Saia de noite
para jantar, por perto estava cheio de restaurantes frequentados por
estudantes, professores universitários.
Fez um cartão novo da livraria, bem como um folheto. Deixava nos
restaurantes desse tipo, dava boa gorjetas, então o pessoal do caixa que sabia
quem era aluno ou professores lhes entregava.
Aos professores quando aparecia, lhes dizia logo
que podia conseguir os livros que queriam. Alguns riam, o velho logo dizia que
não, pois acreditava que muitos encomendava, depois não vinham buscar.
Pois eu peço cinquenta por cento do valor do livro,
bem como o endereço, telefone da pessoa, ria para o professor, se não vem, vou
a sua casa, faço um escândalo nu completamente na porta.
Os professores riam, alguns diziam que o abrigariam
rapidamente, entendia que falava assim, queriam alguma coisa.
Os estudantes era ao contrário queria comprar, para
pagar em duas vezes, alguns tinham bolsas de estudos, tinham que trabalhar para
completar. Um inclusive, soltou, estou
como louco procurando emprego. Era um
jovem Nativo da reserva Umatilla, explicou que sua mãe era da reserva, seu pai
ao contrário era um Nez Percé, tinha sido cowboy de rodeios, ele tinha vivido a
maior parte de sua vida fora da reserva, estudado, quando os pais se separaram a
mãe voltou para a reserva, mas o deixou estudando internado num colégio
religioso. Para mim foi um choque depois
voltar, não encaixava em absoluto, passei minha vida estudando, não tinha nem o
que conversar. Minha mãe se casou outra
vez, tem outra família. Consegui essa
bolsa de estudos, mas preciso trabalhar.
Ele estava estudando literatura,
bem como filosofia. Vê até nisso não
encaixo.
Riu muito pois tinha um sentido de humor bom, usava
os cabelos curtos, a maioria das pessoas pensam que sou descendente de
chineses, outros de filipinos, eu deixo cada um pensar o que queria.
Combinou com ele, o salário, pediu seus documentos
para mandar para o contador. Riu do seu nome George Washington
Bom, mas pode me chamar de Geo ou George.
Perfeito, falou com a senhora que cuidava da
contabilidade da livraria, o mandou para lá para fazer o contrato. Eu abro as oito da manhã, sinalizou um café
do outro lado da rua, disse que o podia encontrar ali, assim tomamos café juntos
para começar a nos entender.
O rapaz se vestia simplesmente, gostou disso. No dia seguinte apareceu, quando ele ia se
sentar, estava te esperando, avisou ao garçom que o George ia trabalhar com
ele, perguntou como gostava o café da manhã, eu só tomo um café bem forte, com
croissant, mas tu peças como gosta.
George explicou que na semana seguinte começavam
suas aulas, que poderia trabalhar na primeira hora, depois tinha aulas de 10 ao
meio-dia, não estou fazendo todas as matérias pois o preço da matrícula é caro,
a bolsa não cobre tudo.
Quanto lhe perguntou?
Esse disse o valor.
Olha George, se vais fazer, faça direito, vou
contigo até lá, se trabalhas de tarde, eu fecho a livraria as 9 da noite, isso está
bem, não tenho tanto movimento de manhã, esse movimento começa a partir do
meio-dia, até de noite. Para mim estaria
perfeito.
Uma semana depois, o rapaz tinha uma olheiras de
fazer gosto. Durmo muito mal aonde
estou, pois o pessoal vive de farra, estou procurando outro lugar.
Venha comigo, disse no final do dia, pois observou
que ele quando não tinha nada que fazer, estudava. Subiu
com ele, mostrou um dos quartos vazio do apartamento. Podemos comprar uma cama, uma mesa para
estudares. Mas um detalhe, não gosto de
mexam nas minhas coisas. Na verdade,
sua mochila, bem como o rifle, estavam bem escondidos. Dentro de casa não tinha nada. Viu que ele ficava com um pé atrás.
Que estas pensando, comigo sempre podes falar tudo.
Perguntou se ele era gay, pois não queria fazer
sexo com ninguém, nem sei o que sou, estou ainda confuso sobre minha
identidade.
Poderão confundir que ao viver comigo, eres meu amante,
mas isso é contigo.
Depois de muito hesitar, aceitou o convite. Agora as vezes se sentavam de noite
discutindo algum livro, algo que ele estivesse estudando. Quando era sobre filosofia, normalmente
discordavam de tudo, mas ao final se matavam de rir.
Os dois nunca bebiam, George dizia que já tinha
visto muita gente bêbada na vida, para ser ele um mais na história.
Saiam para jantar, agora que ele tinha um salário,
dividiam as despesas. George fazia
questão no final do mês ir descontando o dinheiro que ele tinha colocado para
pagar sua matrícula. Ao mesmo tempo que
juntava para a do ano seguinte.
O inverno era mais longo que em San Francisco, mas
procurou não ter contato.
Um dos professores que vinha
sempre comprar ou encomendar livros, era judeu, lhe encomendou uma série de
livros, de escritores de Israel. Como quem não quer nada, lhe perguntou se
tinha algum livro sobre a Mossad em inglês.
Como se não soubesse do que se tratava, disse que
ia consultar os editores, que na loja ele não tinha nada a respeito. Nisso foram interrompidos por um homem parecido
com o George, soltou isso é para disciplinar seus asseclas. O professor saiu como uma ratazana de esgoto
da livraria. O homem se apresentou como investigador
da polícia, estou atrás desse sujeito a muito tempo, creio que está aqui na
cidade para vigiar os estudantes que são filhos de judeus, em sua classe só tem
dois alunos, mas não sai das reuniões de estudantes, sempre incentivando a
confusão.
Ofereceu um café ao homem, avisou ao George, foram
ao café em frente. Ficaram conversando, Jim Prats, soltou que tinha tido duas denúncias
contra ele, por dono de locais, aonde ele ficava incitando os alunos da
universidade contra alguma coisa.
Vou consultar os nomes dos escritores que ele pede,
pois assim posso ter uma ideia, lhe passarei do que falam. Uma das vezes que veio, me disse que eu
parecia um judeu, lhe perguntei em que se baseava isso, me disse que pelo meu
nariz. Lhe respondi que parecia mais
árabe que judeu. Para lhe encher o
saco, disse que era mulçumano, ficou parado me olhando, lhe recitei um sutra
que fala da inveja.
Jim lhe deu seu cartão, o elogiou por ter um jovem como
o George na loja.
Não podia ter feito melhor escolha, é aplicado,
inteligente, não posso reclamar, inclusive cedi um quarto do apartamento de
cima, da minha casa para ele viver. Tudo muito ordenado, limpo, mais do que eu
mesmo.
Apareça quando quiser tomar um café.
Mas ele ficou com a pulga atrás da orelha, tinha
seus meios para se informar, procurou saber do professor, que dizia que tinha
se formado na universidade Ben Gurion, seu nome não constava em expediente
nenhum. O seu nome pertencia a um sabra
morto a muitos anos. Ou seja, era falso, mas não podia falar isso com o
Jim. Descobriu aonde ele morava, mas ao
tentar entrar, viu logo signos que marcava qualquer entrada. Tinha duas opções, ou rompia tudo isso, ou se
denunciava. Disse ao George que
escutasse o que ele dizia, que gravasse as conversas.
Voltou horrorizado, é como se fizesse um chamamento
do pessoal, contra todos os mulçumanos que estudam na universidade. Dizendo aos estudantes que estão invadindo a
américa, que podem ser uma ameaça.
Filho da puta pensou. Tenho que pegar o mesmo, descobrir o que faz
aqui.
Um dia que o seguia, viu que o Jim fazia o mesmo,
talvez com menos discrição para que o outro percebesse, isso lhe facilitava,
pois estava com a atenção posta no Jim.
Descobriu um armazém abandonado na saída da cidade,
examinou o mesmo, decidiu que seria ali, o aqui te pego, aqui te mato.
Com a desculpas de lhe entregar sua encomenda, foi
até sua casa, sabia que não estava sendo vigiado. Quando abriu a porta, lhe colocou no nariz,
um lenço com clorofórmio, assim pode examinar todo apartamento. Encontrou uma série de panfletos contra os
mulçumanos.
Esse sujeito não é da Mossad, que não faz esse tipo
de trabalho. O retirou do apartamento,
limpando tudo ao seu passo, o colocou no furgão, levando para o armazém. Ali começou um interrogatório como fazia a
Mossad. O outro se assustou, primeiro
mijou nas calças, acabou confessando que trabalhava para um grupo de judeus
americanos, que queriam expulsar do pais todo os mulçumanos, se fazia passar
por um rabino, quando no fundo era simplesmente um americano, contratado pelos
outros,
Ele estava preso num sistema de roldanas, de cabeça
para baixo, fez isso funcionar, colocando seu corpo dentro de um tonel cheio de
água, como fazia a Mossad para matar alguém.
O deixou assim, até que se afogou. Limpou tudo, o deixando ali, até seu rastro
limpou. Nada o denunciava. Dois dias depois o Jim apareceu, dizendo que
tinha sumido.
Pois é nem seus livros veio buscar, realmente são
pelo que li, agitadores sociais, que clamam contra os mulçumanos. Pedi ao George que fosse assisti uma das
suas reuniões, olhe o que ele conseguiu gravar.
Não sei se a Mossad, faz esse tipo de coisa, qual o interesse aqui
nisso.
Uns garotos que foram brincar no armazém,
encontraram seu corpo.
Jim comentou, que tinham usado o método com ele da
Mossad, que isso devia ser outra coisa.
O serviço secreto americano, informou que ele era
americano, não tinha nada de judeu, que já tinha causado problemas em outro
lugar, se fazendo passar por judeu, nem circuncidado era.
Ele para passar desapercebido, disse que os livros
agora ficariam sem comprador, que ele ia perder dinheiro. Deixe na vitrine, para saber se alguém vai
se interessar.
Se acostumou aos café com o Jim, notava alguma
coisa, mas não sabia dizer o que era.
Tinham vindo de Washington, investigadores do FBI,
para analisar a morte, mas tampouco descobriram nada.
Sabia que seu tempo ali, já estava passando. Disse ao George como as férias estavam
próxima que ia visitar uns parentes na Suiça, tomou um voo para NYC, de lá
outro para a Suiça. Tinha deixado uma
carta com um advogado, com dinheiro suficiente para o George levar mais um
tempo a livraria.
Queria voltar a NYC, para descobrir quem eram esses
judeus, que fomentavam isso. Tinha a
sensação de que nunca ia se livrar do seu passado de agente. Tinha que decidir, se deixava a coisa correr
ou se dedicaria para sempre a vida nova que tinha escolhido.
Resolveu optar pela segunda.
Voltou para Portland, como se nada tivesse
acontecido, George, disse que tudo tinha corrido normal, que não tinha sido
necessário o uso do dinheiro, quem tinha aparecido perguntando por ele tinha
sido o Jim.
Lhe telefonou, marcaram de tomar um café.
Esse foi direto, primeiro pensei que tivesses
desaparecido, depois que quem matou o sem vergonha tinha sido tu.
Caramba, tudo porque fui resolver um problema
familiar na Suiça.
Para brincar, lhe perguntou se realmente tinha
sentido sua falta, todo o resto devem ser conjecturas tuas.
Riram muito com a brincadeira, depois ficou sério,
senti tua falta sim, sou um covarde quando se trata de relações. Estou interessando em ti, desde que te
conheci.
Nessa noite foram jantar juntos, depois foram para
a casa do Jim, era super organizada, o único lugar que destoava era sua pequena
biblioteca, que tinha uma parede cheia de recortes do professor. Coisas que ele tinha ido descobrindo ao longo
do tempo.
O FBI, chegou até um grupo de ultra ortodoxos que o
contratava, para fazer isso. Dizem que
para salvar a América.
Mas creio que há algo mais, pois dois estudantes
reclamaram dele, dizendo que com tudo isso os tentava para fazer sexo. Então estou investigando por aonde andou.
Quando se beijaram, foi uma sensação diferente, era
além da paixão, como ele tivesse chegado a um porto seguro.
Agora quando ele tinha tempo livre dormia em sua
casa, tinha um corpo espetacular, sem um pelo sequer. Confirmou que era descendente de índios, mas
que tinha sido criado por pastores metodistas, mas que não acreditava em
nenhuma religião, menos ainda quando querem provocar confusões.
Quando tinha alguma folga, iam velejar em Newport,
o que ele gostava imensamente, já tinham um relacionamento a pelo menos dois quase
três anos. Falavam de tudo, ele achava
que não podia contar ao Jim sua vida anterior. Pois tinha receio.
Os livros seguiam na vitrine, até que um homem
alto, barbudo apareceu, se interessando por eles. Era o novo professor da universidade, ia
ocupar o lugar do anterior. Esse sim era de Israel, desconfiou imediatamente
dele, por certas coisas que tinha comentado.
Quando comentou com o Jim, esse disse que realmente
o sujeito era da Mossad, que estava ali, para investigar, pois o assassinato do
outro tinha sido por um método, usado por eles.
Tinha duas possibilidades, ou escapar, ou contar
tudo ao Jim, queria ver no que dava.
Um dia foram velejar, quando pararam para pescar,
sentou-se contou sua vida para ele. Sua
cara era ótima. Quando começamos,
encontrei em ti, meu porto seguro, mas se vais me entregar, terei que escapar,
isso posso fazer, pois fui treinado para isso.
Ou a outra opção, é ficar, aguentar tudo, contigo ao meu lado. Você escolhe, eu confiei em ti, porque gosto
de ti. Tome sua decisão.
Ele ria, desconfiei de ti, quando te vi atendendo o
professor, fingias que consultava os editores, sabendo é claro que existia
livros sobre a Mossad. Depois duas
vezes te vi me seguindo, quando ia atrás dele, descoberto totalmente.
O que não sabias, é que dois armazéns tinham
câmeras de vídeo, se via teu furgão passando em direção do armazém, eu já te
amava, resolvi ficar quieto.
Agora, se vais ficar comigo, para sempre, ficarei
quieto, venha cá, o atraiu para perto dele.
As várias vezes que o tal professor veio, uma delas
perguntou por que tinha esses livros, ele contou que o anterior professor tinha
encomendado, mas morreu antes de vir pagar, ou mesmo recolher os mesmo.
Ninguém mais se interessou por eles?
Não, a não ser o senhor, inclusive falei com o
Inspetor Jim a respeito, pois foi ele que seguiu o caso.
De súbito o professor foi embora.
Ficou de guarda, esperando qualquer reação, nada.
Segundo o Jim, tinham
descoberto outro professor falso, pertencente ao grupo ultra ortodoxo, ele foi
para lá. Agora tinha paz, nunca
tinha tido tempo para pensar nisso, um relacionamento, os dois gostavam das
mesma coisas, mar, livros, conversar.
Acabou comprando uma casa em Newport, para passarem os final de semana,
um dia descobriu no porto uma livraria especializada em cartas náuticas, no que
olhava, entrou uma senhora procurando um livro do momento, para ler a
bordo. Não existia nenhuma outra por
ali, o dono um senhor de idade, disse que não tinha tempo para estas besteiras,
que nem as cartas náuticas ele vendia, tudo agora era por gps. Propôs ao homem comprar seu negócio, montou
uma diferente, com as cartas náuticas que já existiam, livros do momento, bem
como revistas, jornais, tudo que uma pessoa podia levar para bordo.
Modernizou como tinha feito com a outra, propôs ao
George ficar com a outra como gerente, bem como usando o apartamento, o queria
como seu filho. Se passaram 10 anos, Jim
se aposentou da polícia, o ajudava na livraria, menos quando colocavam um
cartaz, fomos pescar, o pessoal ria, como podiam colocar um cartaz assim, até
que conseguiram um garoto que vivia sempre por ali, para tomar conta, este não
tinha família, acabou sendo adotado por eles.
Um dia ele foi até Portland, preparou a consciência com o advogado, seu
legado, deixava metade para cada um, suas respectivas livrarias, bem como
dinheiro para o futuro.
Um dia os dois desapareceram no mar, nunca souberam
se tinham ido para outro lugar, mas alguns barcos diziam que tinham visto o
iate navegando sozinho, tinha virado um barco fantasma. Nunca ninguém conseguiu abordar o mesmo, pois
só era visível em dia de tempestade. Se
contavam milhões de histórias a respeito, que tinha feito um pacto, o médico do
hospital, dizia que Jim estava com um câncer incurável, que deviam ter feito
algum acordo, outros diziam milhões de besteira, alimentando a história do
barco fantasma.