OBSOLETO
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Tinha vindo ao aeroporto com muito mal humor, pois sua avó pediu que
fosse recolher um rapaz, que ficaria um tempo em sua casa. Era filho de uma amiga sua, ia começar a
contar a história, mas soltou olhando bem em sua cara, pois sabia que era
curiosa, bah isso não te interessa, tampouco quero que saibas, pois em seguida
todo mundo saberia.
O que não era
verdade, quando lhe contavam alguma coisa, em seguida guardava para si, sem
comentários. Se visse também, nunca
dizia nada. Tinha essa fama, por culpa
de sua mãe, pois quando se divorciou de seu pai, contava que ela ficasse ao seu
lado, se esquecendo que era ela que torturava o marido com suas loucuras.
O juiz a chamou a depor, quando começaram as perguntas, respondeu
olhando ao juiz, ninguém perguntou se eu queria estar aqui. O que o advogado de minha mãe quer que eu diga,
é mentira. Desde que tenho uso da razão,
ela atormenta meu pai, nunca nada está bom.
Além dos vários amantes que teve todo esse tempo, que levou para dentro
de casa.
Foi como um jorro
de água fria, nas pretensões de sua mãe, só lhe restou ir viver com sua avó
paterna.
Essa ria de sua
cara, quando lhe diziam que era uma fofoqueira, mas ficava quieta, não tinha
para onde ir, seu pai, estava no momento trabalhando fora, em uma cidade
pequena no Canadá, aonde só existia escola primaria.
Entrou no metro, sua
avó lhe tinha dado dinheiro para ir de taxi, mas resolveu guardar, assim teria
algo de dinheiro para o final de semana, queria sair com suas amigas, todas no
momento estava num período crucial, pois tinham que escolher aonde estudar,
tinha conversado com seu pai, este disse que ela era quem tinha que escolher,
pois viveria o resto da vida com isso.
Tinha pensado em
mil opções, mas na verdade queria passar um tempo pensando, talvez conseguir
algum emprego para ganhar um pouco de dinheiro. A mesada que seu pai lhe dava, era justa. Sabia que ele dava dinheiro a sua avó, para
ela ficar na sua casa.
A casa da avó
Rosemary, ou Rose, ou Mary, era imensa no Brooklyn, ela vivia no andar de
baixo, nos outros dois andares, tinham mais quartos que ela alugava, para
estudantes, pessoas que viviam só.
Era muito
rigorosa, só tinha uma coisa, não aceitava negros, não sabia por que, tinha um
preconceito muito complicado, no momento no último andar, que tinham dois
quartos que compartiam um banheiro, viviam um estudante chinês, o outro quarto
estava vazio. No andar do meio, viviam
duas garotas canadenses que eram da mesma cidade, estudavam na Parsons,
compartiam um quarto grande. Nos outros
dois quartos viviam, uma senhora que trabalhava no Macy’s, que saia de manhã, voltava
de noite. Além de uma outra que era
bibliotecária ali mesmo no Brooklyn. No
térreo, vivia sua avó, ela, tinha um quarto que era de seu pai quando ele
estava. Esse era o único que tinha um banheiro privado.
Seu pai passava
basicamente quase que o ano inteiro fora, trabalhava para uma companhia que
tinha sucursais em toda América do Norte, Canadá, China, inclusive no Japão,
fazia um trabalho interessante que era ficar um tempo em cada um, observando
como era o funcionamento.
O rapaz chinês,
era filho de um conhecido que o tinha hospedado quando esteve trabalhando em
Hong Kong, assim iam as coisas.
Estava com a
cabeça voando, enquanto ia no trem do metrô, normalmente não gostava de usar o
Subway, gostava de ir observando como a cidade ia mudando, preferia andar de
ônibus, ou de carro.
Poder olhar tudo,
a vazia divagar sobre os lugares, quem vivia ali, o que pensavam da vida,
observava sua maneira de vestir, as vezes se perguntava de onde tiraram essa
roupa estapafúrdia, observava as pessoas sentadas esperando o ônibus, coisas
assim. Mas estava um pouco atrasada,
por isso ia de Metrô.
Quando chegou,
olhou no quadro, aonde era o desembarque do voo, tudo que sabia era que se
chamava Bill Stanton, nada mais, nem como era.
Mas vinha desde Irlanda, portanto devia ter alguma característica.
Tinha sempre
imaginado que em cada lugar as pessoas se vestiam diferentes. Quando pensava em Paris, acreditava que as
pessoas todas se vestiam como se via nos filmes, com roupas de marcas. Sua avó quando comentava isso de um filme,
soltava, acorda garota, lá também existe pessoas normais que vivem de um
salário de fome.
Elas compravam as
roupas no Macy’s, pois a inquilina de sua avó, lhes avisava quando tinha algum
saldo bom.
Seu uniforme
predileto era calças jeans, camisetas com alguma estampa, um abrigo com capuz,
no inverno botas, abrigos desses com pele por dentro.
Já estavam no
começo do inverno, imaginava que esse rapaz vinha para se adaptar, pois as faculdades
agora entrariam em férias.
Ficou imaginando
como seria, loiro de olhos azuis, alto, em seguida borrava a imagem. Levava na mochila um cartaz com o nome de
Bill Stanton. Ficou parada ali, olhando
as pessoas saírem, no mesmo horário tinha chegado aviões de vários lugares do
mundo, então estava se deliciando com as caras diferentes, procurava adivinhar
de aonde tinham saído.
Sentiu baterem no
seu ombro, quando se voltou, deu de cara com um rapaz altíssimo, devia ter pelo
menos dois metros de altura, muito magro, sua avó diria que estava passando
fome, tinha os olhos verdes, bem como um cabelo crespos, vermelhos fogo, não
estranharia que fosse pintados, mas quando olhou o nariz, pensou, esse tem
alguma coisa de negro, pois tinha o nariz meio achatado, largo como os
africanos. Quando ele sorriu, mostrou um fileira de dentes que pareciam de
anúncios de pasta de dentes.
Percebeu que ela
o estava analisando, riu, sim sou eu Bill Stanton, perguntou se ela era filha
ou neta da senhora Rosemary.
Ela só balançou a
cabeça.
Só tinha como
bagagem uma mochila, uma pasta dessas de levar desenhos, que estava pelo visto
pesada, pois tinha inclusive duas fitas de adesivos segurando, se cruzavam
fazendo uma cruz. Uma mochila grande do exército,
nada mais. Estava vestido exatamente
como ela.
Saiu do seu letargo,
dizendo, venha vamos tomar um taxi, minha avó me deu dinheiro.
Ele saiu andando
atrás dela, quis ajuda-lo a levar a tal pasta, mas ele disse que pesava
muito. Entraram na fila do taxi, ele
comentou enquanto isso, estavas te divertindo, olhando as pessoas que saiam, eu
já estava fora quando chegaste, mas fiz o mesmo exercício mental que tu, de
aonde tinham saído.
Dentro do taxi, ia
olhando tudo com curiosidade, lhe perguntou se conhecia bem a cidade, para
depois lhe mostrar. Creio que vou
adorar viver aqui, trabalhei duro durante dois anos, para juntar dinheiro para
vir para cá.
Achas que consigo
um emprego fácil, preciso trabalhar, para poder pagar a faculdade.
O taxista que se
via emigrante soltou, aqui, basta querer trabalhar que arrumas alguma coisa.
Que fazias aonde
vivias?
Eu trabalhei em
muitas coisas, inclusive descarregando caminhões, fui garçom, vendedor, de tudo
um pouco, pois precisava do dinheiro. Aonde
tinha trabalho eu ia atrás, o homem sentado diante, sorriu, então não terás
problema.
Isso pareceu lhe
relaxar. Quando parou o taxi diante da
casa, ela pagou, ia lhe sobrar um bom dinheiro.
Ele agradeceu a informação do taxista.
Estirou os braços para pegar sua pasta de desenhos, ou que fosse.
Na pequena
varanda da frente estava sua avó, agora seriam a prova dos nove, será que ia
perceber que era descendentes de negros.
Ficou quieta observando, pois sabia que sua avó estava fazendo exatamente
isso.
Mas para sua
surpresa, mexeu nos cabelos dele, quando subia a escada, tua mãe me falou que
eras alto, mas não pensei que fosse tanto. Terás que dormir no quarto que é do
meu filho, pois o de cima a cama é pequena para ti.
A senhora não se
preocupe, foi falando dando dois beijos no rosto, sempre dormi com os pés fora
da cama.
Ultimamente
então, nem podia reclamar, uma larga história.
Ela queria que
ele ficasse embaixo, mas disse que não, não poderia pagar um quarto desses,
tinha que ser um quarto normal, só preciso uma mesa para desenhar. Subiu em
duas vezes suas coisas, uma levando os seus desenhos, outra levando a mochila
do exército, é tudo que tenho. Terei que
comprar roupa de inverno, só tenho esse casaco que era do meu irmão mais velho.
Mas o importante,
contava quando tomava café sentando na cozinha entre as duas, é conseguir
rapidamente um emprego, espero que nessa época seja fácil, assim na hora que
tiver que pagar a matrícula da escola aonde quero estudar, seja mais fácil.
Essas coisas eram
com minha avó, pois imediatamente passou a mão no seu velho celular, tinha sido
de meu pai, como ela dizia que só queria para chamar, dava igual. Falou com a inquilina que trabalhava no
Macy’s, se tinham aberto vagas para trabalhar no final do ano.
Ela disse que ia
se informar.
Depois falou com
mais duas pessoas, bom tens uma coisa, podemos ver se conseguimos no Macy’s
explicou o que era, um desses trabalhos de final de ano, bem como o Jerry um
conhecido tem um restaurante, disse que no momento precisa de alguém para a
cozinha, mas não sei se tens experiencia.
O outro é de um
amigo de meu filho que tem uma loja de material de desenho, perto da Parsons,
creio que esse te interessa mais. Disse
que tem uma vaga, creio que para ti seria excelente. Podias leva-lo até lá, Mariah, conheces bem o
lugar, sempre vais lá quando teu pai está.
Esse amigo de seu
pai, era uma pessoa divertida, quando ela era criança, sempre lhe dava caixa de
lápis de cores, material para a escola, esses eram seus presente. Quando a via lhe perguntava se precisava de
alguma coisa, fazia um gesto mostrando a loja inteira, o que queiras.
Bill disse que ia
tomar um banho, se arrumar um pouco, depois estava preparado, porque dormir
agora será um atraso, preciso colocar tudo em ação imediatamente.
Enquanto ele
subiu para isso, sua avó lhe contou a historia dele que ela sabia, ele era neto
de um irlandês, com uma mulher de Trinidad Tobago, uma antiga colônia inglesa,
sua avô paterna era negra, mas não se acostumou a viver na Irlanda.
Quando os filhos
ficaram grandes, voltou com o marido para viver na sua terra. Minha amiga casou com seu filho mais velho, é
moreno, mas não negro. Esse garoto teve
um problema, pois o pai o expulsou de casa, foi viver de favor com um vizinho,
trabalha desde os 15 anos como um louco para realizar seu sonho. Sua mãe o ajudou as escondidas do marido,
bem como seu irmão mais velho.
Sua mãe viveu um
tempo aqui em NYC, quando jovem, se casou com o pai dele, que na época
trabalhava num navio, voltando para Irlanda.
Foi uma grande
amiga minha, viveu aqui em casa, ocupando justamente esse quarto que ele está.
Ele desceu,
parecia que estava exatamente igual, só a camiseta parecia diferente, um pouco
grande para ele, disse que era do irmão mais velho.
Foram de metro
que era mais fácil, conseguiu para ele um mapa do metro, como tinha recomendado
sua avó. Tens sempre que prestar
atenção, principalmente no final do dia, ou de semana, que mudam os roteiros
avisam pelo som, tens que imaginar como faras os transbordos.
Ele riu, terei
que prestar atenção, sou meio desligado, além de vir de uma cidade
relativamente pequena. Vivia perto de
Cork, mas tive que ir a Dublin, pois o bilhete que consegui era a partir de lá.
Estava
deslumbrado com a cidade. Quando
chegaram a loja, ela teve que rir, como sempre o dono fez o mesmo gesto que
fazia sempre, tinha lhe contado a história no caminho, o gesto que fazia.
Se fosse comigo
ficaria louco, nunca tive muito acesso ao material que gostaria de trabalhar.
O deixou
conversando com Boris, enquanto olhava pela loja, no final vinha super feliz,
imagina, começo segunda feira de manhã, depois quando começarem as aulas,
trabalharei de tarde até fechar a loja.
Boris tinha andado com ele a loja inteira. Ela aproveitou que tinha comprado
uma coisas, pagou no caixa. Lhe dava
vergonha que o Boris a fizesse levar grátis.
Saíram os dois dali
o levou para ver a escola aonde ia estudar, ele ficou de boca aberta, entraram,
era uma movimentação incrível de jovens como eles.
Pensei em estudar
aqui, mas ainda não consegui me definir, meu pai diz que tenho que escolher
direito, pois é do meu futuro que estou tratando.
O meu ao
contrário, ficaria furioso, iria dizer que isso é coisa de viado.
Andaram por tudo
aonde era permitido andar, olharam de longe algumas classes, foram a
secretária, ele perguntou por uma senhora.
Apareceu em seguida, era gorda, com os cabelos iguais aos dele. Tinham
se correspondido a meses, saiu da sala foi ao corredor abraça-lo, agora já nos
conhecemos. Ele lhe contou que já tinha
um trabalho, para o final do ano, assim terei dinheiro para pagar o cursos que
queria fazer. Quando disse o nome do Boris, ela riu, esse tem um humor
incrível, vende inclusive aqui para a escola.
E tu lindeza, pegou na mão da Mariah, vens também?
Ainda não tenho
decidido.
Venham comigo,
estou no meu horário de tomar um café, falou com uma companheira, vou mostrar a
escola a estes dois postulantes.
Foi falando de
tudo que viam, algumas classe ainda funcionavam, abria a porta, dizia ao
professor, dois postulantes a cursos. Viram
de tudo, ela estava elétrica, parecia que seus sonhos se realizavam. Viu cursos de moda, de um grupo fazendo
fotografias, um professor ensinando como focar uma câmera a um manequim,
discutia com o aluno, ângulos.
Ficou ali de boca
aberta, adoraria fazer isso. Soltou sem querer, ia amar fazer esse curso.
Depois voltaram,
ela lhes deu uma série de papeis para estudarem, bem como se informar. Qualquer coisa venha me visitar.
Quando saíram
Bill, disse, imagina, a meses eu escrevi uma carta pedindo informação, comecei
a me corresponder com essa senhora que me animava a vir. Parece mais minha família que a que tenho.
Mostrou para ele Washington
Square, ele parecia deslumbrado com tudo, nem percebia que chamava muita
atenção com seus cabelos flamejantes.
Foram comer
sanduiches num lugar que ela tinha ido com umas amigas. Gostaria de fazer um curso de fotografia, mas
só tenho câmera quando meu pai está aqui, vou falar com ele, pedirei a um
professor que me oriente no que devo comprar.
Já havia uma
certa cumplicidade entre os dois, era como se dois náufragos se encontrassem no
mesmo troco de madeira flutuando.
Havia momentos
que o olhar dele era triste, se lembrou do momento que ficou parado na frente
do edifício da escola, era como estivesse paralisado.
Sonhamos tanto com isso, dizia ele depois, eu meu melhor amigo
imaginamos isso desde basicamente que entramos na escola, como não encaixávamos
com o resto, nos grudamos um no outro.
Sem querer,
perguntou aonde estava ele agora?
Morreu, se
suicidou, me deixou uma carta, dizendo que não desistisse de meus sonhos como
ele tinha feito. Na verdade, não
desistiu, o fizeram desistir na marra, o pai era marinheiro, o colocou num
navio mercante para aprender a ser homem, não se sabe o que aconteceu, mas se
atirou do barco, em pleno pacífico. Ele
tinha horror a lugares fechados, imagino o que seria viver num barco.
Seu irmão me
trouxe uma carta de despedida, claro estava aberta, mas nos dois tínhamos um
código para falarmos das coisas sem que ninguém percebesse. Entendi por que tinha se suicidado. Me deu mais força para juntar cada tostão
para vir embora. No fundo realizo o
sonho dos dois, ele queria estudar para ser designer de moda. Adorava olhar revistas de moda de sua mãe,
que era costureira. Isso na cabeça de
seu pai era impensável, isso numa vila da Irlanda.
Por isso, fiz de
tudo, até esfregar de noite a escola em que estudava, apesar da gozação dos
outros alunos.
Graças a deus,
isso me deu força, para saber o que queria realmente. Quero pintar, desenhar, depois te mostro meu
trabalho.
O que acho
interessante desse lugar, é que todos os professores, alunos, parecem que
chegaram de algum lugar, buscando uma coisa que significa seu futuro. Naquela sala que entramos, viste que desde o
professor, cada aluno, parece ter vindo de algum lugar do mundo. Se vão vencer, não sabemos, mas estão aqui
para lutar.
Sim, senti uma
descarga de adrenalina, como me dizendo, garota, aqui é o teu lugar. Tenho que trazer minha melhor amiga, para ver
se encaixa.
Sua mãe a vive
atormentando que o que tem que fazer é arrumar um rapaz decente com trabalho,
para casar, ter filhos, como se fosse isso a coisa mais importante de sua vida.
Até minha avó
acha um absurdo isso, diz que a coisa mais obsoleta do mundo. Para que
procriar, se já tem criança de sobra no mundo, principalmente abandonadas por
pais incompetentes.
Já vi que tem uma
cabeça, muito bem colocada, minha mãe que a conheceu a muito tempo, quando
vivia aqui, disse que o único comentário que a fez pensar muito foi, que tinha
horror a negros. Quando minha mãe
conheceu meu pai, disse que fez um comentário, “vais te casar com esse meio
negro, metido a machão, te transformara a vida num inferno”.
No fundo estava
certa, é isso mesmo, metido a machão, faz da sua vida um horror, pior que sabe
que ele tem uma outra família em Cork, com uma mulher negra. Quando descobri que tinha um irmão negro, fui
lá para ver como era. Ele é igual a mim,
mas só que seus cabelos são negros. Parecíamos
um reverso de um espelho, rimos muito, mantivemos segredo, ele finge que faz o
que meu pai lhe diz, mas caga para ele.
A tempos vive com um rapaz chinês, para todos os efeitos trabalha em seu
restaurante, mas vivem um para o outro. Foi ele quem me ajudou a vir para cá.
Inclusive o
último lugar que trabalhei foi no restaurante deles, me deu a maior força para
vir embora. Já meu irmão mais velho,
sempre fez da minha vida um inferno. Nem
desconfia dessa outra família, minha mãe, finge que não vê.
Mas diz sempre
que tua avó a avisou muito sobre isso. Dizia que um tipo como ele, nunca ia ter
o piru fechado dentro da braguilha.
Quando chegaram
em casa ele comentou, além de agradecer a ela, sobre o emprego, que tínhamos
ido à escola.
Ela riu, pois viu
que eu estava excitada, encontraste teu pouso, bom pelo menos vais poder
conversar com teu pai esse final de semana, ele está vindo para cá.
Chega no domingo
de manhã, creio que aconteceu alguma coisa, para ele voltar tão cedo.
Saíram de noite
pois ela o queria apresentar para seus amigos, sempre se encontravam num bar
que tinha um horário especial para menores.
Ele logo se
tornou amigo de sua melhor amiga, Ingrid, ficaram conversando do que tinha
visto na escola.
Eu adoraria, mas
minha mãe, nunca vai permitir, tenho que pegar meu pai de jeito, pois sei que
ele não concorda com ela.
Foram para casa
juntos, conversando, estranhou em ver a luz da sala acesa, pois sua avó
costumava estar na cozinha, aonde tinha uma poltrona, além de outra televisão.
Quando entrou deu
de cara com seu pai, que tinha um braço engessado. Agora entendia por que tinha voltado, sua avô
apresentou o Bill. Ele se lembrava de
sua mãe.
Comentou que
tinha sofrido um acidente de carro, alguém tinha cortado os freios do
mesmo. Agora a polícia estava
investigando. Pelo menos estarei algum
tempo sem trabalhar, além de uma movimentação estranha na central da empresa,
se fala que vai ser vendida, que estão oferecendo aos funcionários que falta
pouco tempo para aposentadoria, uma antecipação da mesma como acordo. Se isso for verdade, aceitarei, estou farto
desse trabalho.
Quando comentou
com o pai, que tinham estado com o Boris, ele começou a rir, imitou o gesto que
fazia para ela, que pegasse o que quisesse.
Mas quero
conversar com o senhor sobre meu futuro.
Ele riu, como sei
que estiveste na escola que vai estudar o Bill, imagino que queiras ir também,
venha, vamos para o meu quarto que já é tarde, assim me contas tudo.
Despediu-se do Bill, deves estar cansando, vá dormir garoto, amanhã
conversamos mais.
O tempo as vezes
é desagradável, pois voa, quando viram já estava no momento de finalizar o
curso, Bill fazia sua primeira exposição na própria escola, por ter sido
considerado o melhor aluno na sua área, segundo um vídeo feito por uma aluna da
escola, dizia que a mudança de cidade, ter visto tanta coisa, absorvido o
movimento da própria cidade, tinha feito que sua cabeça mudasse muito. Dedicava a exposição ao seu amigo de infância,
com quem tinha sonhado tudo isso.
A exposição
duraria ali 15 dias, depois iria para uma galeria de arte, em seguida entraria
a exposição de Mariah, com o título Street, ou rua, tinha fotografado a cidade
que amava, nos três períodos do dia, tinha levado meses nisso. Agora com a ajuda do pai, junto com Bill,
tinham alugado de um armazém vazio perto da casa de sua avó, a parte de cima do
mesmo, transformando em studio, cada um tinha sua parte.
Joe Jones, agora
aposentado, se dedicava a representar aos dois, bem como alguns amigos deles da
escola, que saiam para o mundo. Era bom
negociando contratos com galerias, divulgado os mesmos.
Mariah, iria para
Paris, quase em seguida, pela primeira vez fotografar para uma revista desfiles
de moda, tinha uma encomenda especial, que era fotografar um dos grandes
desenhadores americanos, suas roupas nas ruas da cidade Luz.
Seria seu
lançamento no mundo editorial.
Joe quando não
estava fazendo isso, ajudava o Boris com a loja, Bill, dizia que tinham um
relacionamento mal resolvido, pois por vezes viu os dois de mãos dadas.
Uma dia, Joe
avisou a sua mãe, bem como a filha que iria viver com o Boris, estamos a anos,
deixando de lado a vida que podemos ter juntos, tenho direito de experimentar.
O único
comentário de Rosemary foi, “já não era hora”.
Eu já teria te mandado a merda a muito tempo, ele teve sempre paciência
de te esperar.
Fizeram um almoço
no apartamento do Boris. Esse fazia
sempre uma brincadeira com o Bill, de quando ia ter um namorado.
Bill tinha
conhecido muita gente, mas em sua cabeça, nenhum era como seu grande amor de
infância. Boris dizia que isso era uma
utopia. Não podes ficar esperando que
uma pessoa se pareça a que idealizastes.
Tinha sim suas aventuras, mas nada durava muito.
A exposição na
galeria funcionou, pois era uma pintura fresca, diferente, misturava abstrato
com figuração, como se as figuras estivessem escondidas detrás de alguma coisa
totalmente abstrata. Seu professor
dizia que era um retrato dele, sempre se escondendo de algo.
A serie tinha
saído sem mais nem menos, pensando justamente nisso, o tempo que tinha perdido
de sua vida, se escondendo de tudo. Preferia
assim do que assumir totalmente sua vida sexual.
Quando acabou o
trabalho de Mariah, ele foi com Ingrid que tinha escapado de casa para estudar
moda, passar uns 10 dias em Paris, alugaram um pequeno apartamento, se
divertiram descobrindo a cidade.
Estavam vendo uma
exposição no museu Picasso, quando Bill se sentiu observado, no que virou deu
de cara com o irmão de seu amigo, alguns anos mais velho que ele. Estava completamente diferente com roupas
mais modernas, cabelos largos, teve que fazer uma busca em sua memória.
O outro ficou
parado, esperando o reconhecimento.
Abriu os braços para ele, finalmente nos encontramos.
Deixastes a
marinha mercante, foi tudo que perguntou.
Vocês sem querer
me deram um empurrão, isso de estar fazendo o que meu pai queria, acabou
matando meu irmão. Tinha que encontrar
meu próprio caminho. Estive muitos
anos, principalmente no barco, escondido dentro de um armário muito escuro,
feio, desconfortável.
Depois da morte
do meu irmão, entrei em pânico, seria esse o caminho que me esperava?
Bill, num
rompante, o apresentou as amigas, mas saíram os dois para tomar um café. Falaram muito de tudo que tinha
acontecido.
Brandon, lhe
contou que tinha realmente descoberto o que tinha acontecido, não estava nessa
viagem pois tinha ficado doente. Descobri
que dois sujeitos tinham abusado dele, claro com essa fragilidade que ele
demonstrava, tinha que desembocar em alguma coisa. Falei muito para meu pai, que isso não era
para ele, mas me disse que ele tinha que se transformar em homem de qualquer maneira. Que não podia seguir essa relação que tinha
contigo.
Bill sorriu
tristemente, imagina tínhamos um namoro sem consequências nunca fizemos sexo,
nem nada, apenas nos apoiávamos um ao outro em nossos sonhos, eu imaginava sim
ter algo com ele. Então acredito que
esse abuso, tenha quebrado todo seu sonho romântico de ter alguém para gostar.
Foi meu melhor,
amigo, companheiro de juventude, os dois juntávamos dinheiro para sair da
cidade, ir para NYC realizar nossos sonhos.
Quando morreu, vi que não tinha escapatória, tinha que ir de qualquer
maneira.
Graças a minha
mãe, meu irmão, filho do meu pai com sua outra família, que me deu trabalho, um
lugar para dormir, pude ir. Encontrei
nessa família que me acolheu, uma outra família, Mariah é neta da senhora que
me hospedou, se tornou a melhor amiga que alguém possa ter, agora acabamos o
curso que fizemos, tenho que te mostrar o catalogo da exposição que fiz, de
final de curso, como melhor aluno, depois a mesma foi para uma galeria, aonde
se vendeu tudo, por isso tive dinheiro para viajar.
Quero ver, eu
tenho um studio em Montmartre, desenhei anos seguidos, escondido de meu pai,
inclusive de meu irmão, tinha medo de que alguma indiscrição, chegasse ao meu
pai. Ele não iria me perdoar. Quando o enfrentei, dizendo que ele era o
culpado da morte de meu irmão, quis tirar o corpo fora. Foi um pai relapso, nunca estava em casa,
claro só tínhamos minha mãe, que trabalhava fora o dia inteiro, costurando.
O dia que teu
pai, pegou vocês dois se beijando, contou ao meu, sei que foi um escândalo,
pois os dois são da mesma laia, mas daí, o teu te expulsou de casa, o outro fez
meu irmão embarcar num navio mercante.
Claro foram dois relapsos, nunca estiveram presentes na educação de
vocês.
O mais
interessante Brandon, é que esse irmão, da outra relação de meu pai, que é um
mulato lindo, vive a anos com um chinês, foram eles que me ajudaram. Ele sempre cagou para meu pai, primeiro disse
que trabalhava para o outro, depois quando foram viver juntos, agora estão
casados, o velho segundo ele ficou uma fera. Ele se vingou de uma maneira muito própria,
mandou o convite para meu irmão mais velho, bem como para minha mãe. Só assim ela viu que era verdade que tinha
outra família. Pediu divórcio, sua mãe
tampouco o aceitou mais, meu irmão foi para Londres. Ele ficou sozinho. Mas como diz Rosemary, seu piru não pode
ficar dentro das calças.
Minha mãe, bem
como esse meu irmão vieram a exposição em NYC, afinal tinha que agradecer terem
me ajudado. Minha mãe ficou, arrumou um emprego
no Macy’s, diz que jamais deveria ter saído de lá.
Tens algum
namorado? Pois contínuas fantástico com
esse cabelos vermelhos. Sou honesto de
dizer que tinha ciúmes de vocês dois, ou melhor mais bem inveja.
Não e tu?
Algum que outro
namorado, mas antes tinha que me situar nesse mundo da arte, já fiz duas
exposições aqui, mas desenho estampas para uma empresa que tecido. Talvez de tanto ter visto revistas de moda,
isso esta dentro da minha cabeça. O que
faço, agora que tudo se modernizou, é criar padrões através de computador.
O convidou para
ir ao seu studio, avisou as amigas, foi com ele.
Sem querer
acabaram na cama. No princípio, se
sentiu confuso, talvez por querer comparar com seu amigo, mas tinha noção que
eram pessoas distintas. Talvez por ter
trabalhado tanto tempo em navios, Brandon tinha um corpo espetacular, não era
tão alto quanto ele, mas se encaixaram.
Brandon mostrou
para eles, a Paris fora do circuito de turismo, adoraram. Mariah, queria explorar justamente isso,
Ingrid dizia que sua câmera, parecia mais uma metralhadora, descobrindo
lugares. Quando lhe surgiu uma
oportunidade, lhe pediram desde NYC, uma reportagem com roupas jovens, guiada
por Brandon, visitou desde os bairros pobres, até os de mais poder aquisitivo,
como se vestiam os jovens pelas ruas.
A revista falou
dela, com sua central em Paris, logo foi contratada. Bill o mesmo, tinha conseguido apresentando
seu catálogo, um contrato para montar uma exposição numa galeria dedicada a
gente jovem. A única que voltou para
NYC foi a Ingrid.
Mariah não
parava, a mandavam para fotografar pelo mundo inteiro, tinha uma maneira
especial de mostrar como se comportavam os jovens. A parte de fazer isso para a moda,
fotografava as pessoas como tinha feito em NYC, logo tinha uma boa coleção para
apresentar em alguma galeria.
Bill, estava
sempre com Brandon, este confessou que sempre tinha estado apaixonado por ele,
com esses cabelos vermelhos. Muita gente
pensava que ele pintava, lhe paravam na rua, para alguma fotografia.
Um dia estavam
sentados os três num café, um homem se aproximou, perguntou se Bill, não
gostaria de fazer prova para um filme, se tratava de um personagem que
imediatamente lhe apaixonou, Van Gogh, por causa dos cabelos vermelhos, se
tratava de uma época que tinha estado em Paris. O homem olhou Mariah, tinha coincidido com
ela em Jacarta, quando fazia um filme por lá.
Perguntou se não queria vir fazer a fotografia do filme.
Foi o mesmo que
abrir novas portas, janelas para um mundo novo.
O diretor ficou encantado com Bill, que leu tudo que lhe caiu nas mãos
sobre esse período da vida de Van Gogh, bem como sua personalidade. Abordava com certa cautela, sua vida gay.
Já para Mariah,
foi como descobrir um mundo novo. Nem
tinham acabado o filme, lhe chamaram para outro, mal tinha tempo para
pintar. Ao mesmo o diretor conseguiu uma
super galeria para Mariah, expor suas fotos de jovens do mundo inteiro.
Quem ficou com
ciúmes foi o Brandon, pois mal tinham tempo para ele.
Quando o filme
estreou, aí a porca torceu o rabo, pois entrevistas, jornais, televisão, foi o
ponto final no relacionamento, era possessivo.
Eles ao contrário,
estavam vivendo em outro mundo. Mas uma
coisa combinaram, nada de ceder a drogas.
Justo nesse momento que entravam nesse mundo, dois jovens atores
morreram de sobre dose de alguma merda que consumiam.
Bill aceitou a
fazer um filme que quando leu o roteiro, chorou muito, falava justamente de um
jovem que entra para a marinha, como é bonito, logo é abusado por outro marinheiro,
em grau superior, o levando a desgraça.
Foi um filme
emocional, pois se fez pensando em seu amigo, como ele era.
Acabou ganhando
um César o grande prêmio do cinema francês.
Logo era chamado para fazer filmes na Inglaterra, bem como nos Estados
Unidos. Não parou mais. Mas quando estava em NYC, sempre ficava na
casa da Rosemary, está dizia que nem se atrevesse ficar num hotel cinco estrelas,
na verdade ficava para estar junto da mãe.
Numa entrevista
que tinha num canal de televisão, sua mãe estava na plateia, o apresentador a
viu, pediu que subisse para estar ao lado dele na entrevista. Foi convidada para fazer um filme com ele no
Canadá, justo no papel de sua mãe, mas ao contrário do que ela era. Uma mãe
possessiva. Logo a chamaram para uma
série.
Ela ria muito
dizendo que quando jovem sonhava em ser artista de cinema, mas nunca tive
oportunidade.
Seu irmão
apareceu, talvez para tentar algo junto deles, mas não colou, Bill foi para
Paris, fazer um filme, sua mãe, para Hollywood fazer um filme de cowboy, em que
fazia o papel da dona de um bordel.
Mariah, concorria
agora a um César pela fotografia de um filme que tinha feito, sua avó vivia
reclamando que só sabia dela por telefone, pelas revistas, nada mais.
Todos se reuniram
quando Rosemary morreu, deixou tudo para sua neta, foi uma cerimônia emotiva,
pois apareceu muita gente que ela tinha ajudado. Muitos quiseram falar na cerimônia, foi
emocionante.
Joe, justamente
era o que mais sentia, pois estava muito unido a mãe. Falou diante de todo mundo, que ela tinha
dado um empurrão na sua vida, não só o acolhendo quando necessitou, mas
cuidando de sua filha, hoje uma mulher famosa.
Relembrou o dia que lhe disse que ia viver com Boris, o que tinha falado
a respeito.
Bill, contou como
foi ter chegado a NYC, sem conhecer ninguém, de como tinha sido com ele, os
anos seguinte.
Sua morte como que significou que todos perdiam seu pouso em NYC, atualmente
Bill, trabalhava mais em Paris, agora tinha um bom studio, quando não estava
pintando, estava fazendo algum filme. Foi chamado para uma série policial
francesa, em que o personagem tinha os cabelos como ele. O interessante era que lhe apareciam agora
fios brancos. Nesta filmagem conheceu
um figurinista já famoso por outros filmes, sem saber como fizeram primeiro
amizade, depois iniciaram um romance. A série durou 7 anos, o que lhe permitiu
compaginar com sua pintura, uma exposição por ano. Mariah, sempre estava com ele, se tinha
realmente transformado amigos de toda a vida.
Anos depois como
cada vez mais trabalhava na França, recebeu Legión de Honor do governo francês.
Era considerado um ator querido do
público, não só seus filmes ou séries faziam sucesso, bem como suas exposições,
muita gente pensava que tinha começado a pintura depois de ser famoso como ator,
sempre estava explicando isso.
Os dois tinham
encontrado na França seu pouso, Joe quando vinha com Boris, comentava que eles passavam
por franceses o tempo todo. Que sair com
Bill as vezes era complicado, pois principalmente os turistas vinham lhe pedir
autógrafos. Ele de um rapaz fechado,
tinha se transformado em uma pessoa afável.
Mariah sempre se
lembrava de quando tinha ido ao aeroporto para lhe esperar, o que tinha pensado
o caminho inteiro, nunca tinha imaginado que ao conhece-lo minha vida ia tomar
um rumo, pois estava era preocupada com o que ia fazer justamente dela.
Reclamava sempre
que o tempo passava rápido, quando o pai lhe cobrava que tivesse um romance ou
algo parecido. Dizia que seguia os
conselhos de sua avô que isso de viver junto, acordar junto, com os anos era
completamente aborrecido.
Seu pai, bem como
Bill, Boris discordavam, mas ela preferia isso.
A muitos anos, tinha comprado um casa em Saint-Malo, na Bretagne que era
seu refúgio predileto.
Bill ao
contrário, ia visita-la, mas logo sentia falta de Paris. Ali era seu mundo, nunca tinha de jovem
pensado nisso, sempre tinha sonhado com NYC, veja como as coisas mudam, não
podia pensar em estar em outro lugar.
Mesmo quando
estavam longe um do outro se falavam todos os dias. Joe comentava, que lastima que entre esses
dois não tivesse surgido nada mais além da amizade profunda que os unia.
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