lunes, 26 de julio de 2021

SIMPLE MAN

 

                                                             SIMPLE MAN

 

Nunca tinha esperado nada da vida, tinha sido educado assim, tudo era muito simples em sua casa, luxo era comer todos os dias.  Seus pais tinham os empregos mais comuns possíveis, ele trabalhava num banco, ela era caixa numa grande superfície.

Todos os dois tinham vindo do interior, portanto, isso era o máximo que podia esperar da vida, a casa era confortável no ponto de vista que não faltava nada, tudo durava muito tempo.

Mesmo na escola ele era considerado pelos professores, um simplório, pois suas notas nem eram alta, tampouco baixas. Diziam que era razoável, visto conhecerem seus pais, pensavam esse não vai a lugar nenhum.   Mesmo quando chegou a fase de que todos se preparam para ir a Universidade, isso parecia não lhe tocar.   Uma noite na mesa de jantar, perguntou aos seus pais como fazia, se devia batalhar para isso, a resposta foi como ele esperava, não tinham dinheiro sobrando, tudo que economizavam era para sua aposentadoria.  Teve que se conformar, em arrumar um emprego, ao mesmo tempo que estudou para ser professor de primaria.

No curso, basicamente só haviam mulheres, homens mais três como ele.  Aprendeu como devia trabalhar com crianças pequenas, as primeiras letras, essas coisas.

Para um homem de sua altura, 1,80, ele tinha uma voz pausada, com uma maneira de falar, que se entedia perfeitamente tudo que dizia.

As garotas que faziam o curso, estavam esperando um casamento razoável.  Nenhum, tinha sido brilhante suficiente para ir à universidade.  Seriam simplesmente mães, que criam seus filhos na normalidade.

Quando fez concurso para ser professor, lhe tocou uma escola no meio do nada, tinham naquela vila, 10 crianças, na idade escolar, nada mais.  Tinha que lidar, entre ensinar a escrever, ao mesmo tempo que os que passavam de curso, iam para uma escola na cidade vizinha.

Logo ficou sem emprego, sem saber muito como, se viu transferido para San Francisco, em plena metrópole, ficou assustado no primeiro momento, conseguiu um quarto pequeno, que era tudo que ele precisava, a um quarteirão da escola que iria trabalhar, num bairro residencial.

Aos poucos se aventurou em conhecer a cidade, foi aos museus, andar pelas ruas no sábado, enfim saber aonde estava.   Escutava a maneira das pessoas falarem, mas se deslumbrou o dia que foi a Castro, nunca tinha visto tanta gente sorrindo, conversando nos bares.   Entrou em um para tomar um café, logo foi abordado por outro homem.

Até nisso, sexualmente era um simples, tinha escutado falar nos prostibulos, consultou seu pai, uma vez por mês ia, para desafogar como diziam os de sua cidade, mas dentro da maior higiene.

Quando o outro falou com ele, levou um tempo para entender ao que se referia.  Primeiro ficou horrorizado, pagou a conta foi embora, como se tivesse atrás dele uma multidão de demônios.

Mas não conseguiu tirar da cabeça isso, quando estava sozinho, pensava como devia ser esse homem na cama, até que se apanhou se masturbando pensando nisso.

Um dia ao entrar na sala de professores do colégio que trabalhava, escutou uma professora comentando como ele era simples, inclusive no nome, imagine John Smith, nada mais corriqueiro.

Ficou parado na porta, até que uma outra tossiu, quiça por isso, acabou de entrar, foi ao seu cacifo, pegou suas coisas, foi para casa.   No meio do caminho, foi como um choque, realmente dele nada ficava além das regras, era uma pessoa normal, no dia anterior sua mãe tinha falado com ele, como fazia todas as semanas, as conversas eram as mesmas, sobre os conhecidos, quem tinha se casado, quem estava esperando um bebê, se ele vinha passar o natal em casa.

Não havia muita surpresa em nada. Ficou parado um tempo no semáforo, para atravessar a rua sem se mover, uma senhora chegou a lhe perguntar se lhe passava algo.

Se sentou num banco, de um jardim que nem sabia que existia por ali.   Pois fazia o mesmo caminho, que tinha feito desde o primeiro dia, sem prestar muita atenção no que havia por ali.

Se sentia, culpado, descuidei de mim mesmo desde que nasci, sentia sim uma certa frustação de não ter ido a faculdade, mas o dinheiro como ele pensava era ganho pelos seus pais, que sonhavam em voltar a cidade de aonde tinham saído, por todo o alto, comprar uma boa casa, viver o resto de suas vidas ali.

Sem querer soltou alto, que pobreza de espírito.

A primeira vez que tinha ido ao museu, tinha se sentido minúsculo, primeiro porque algumas tendências ele não entendia, em sua casa tudo que havia de quadros era uma santa ceia, tirada de uma folhinha dessas em que representa o mês de dezembro.   Seus pais nunca o tinham incentivado a nada, algumas vezes que se questionava, se perguntava se era realmente filho deles.  Via os companheiros de escola, em que os pais, iam as competições desportivas, vibrando pelos filhos, os dele nunca.

Quando entrou no seu quarto, ainda pensou, parece um quarto ou uma cela de prisão, ou de um monge.  Quanto muito em cima da mesinha, tinha alguns livros que tinha ousado a comprar quando foi a Castro. Sentiu-se sacudido por um espasmo, como se tudo que visse lhe inspirasse terror, tomou uma decisão que mudaria sua vida, tinha que ter um lugar para ele, uma nova vida.

No dia seguinte saiu buscando uma casa nova, sem querer se viu ao lado da universidade.   Olhou os cursos, foi a secretária, disse o que era, o que tinha estudado, está lhe deu uma lista de documentos.  Ia começar um curso de filosofia, para ver como se saia, precisava sair do marasmo.

Mal caminhou um quarteirão, parou num semáforo, olhou para cima, viu um cartaz de aluga-se.  Foi informar-se na portaria, o homem sorriu, lhe levou até o apartamento.   Acabam de reformá-lo, pois aqui vivia um estudante que nunca foi as aulas, se drogava o dia inteiro, um dia caiu escada abaixo, cheio de drogas, foi morte instantânea.  O proprietário resolveu reformar, pois o pessoal vinha ver, ficava horrorizado.   Disse o preço, o mesmo como ficava de esquina, tinha muita claridade.  Constava de um studio, com uma pequena cozinha americana, um banheiro todo novo, claro, mas sem moveis.   Perguntou ao homem aonde podia comprar móveis, este lhe indicou, pagou com o dinheiro que tinha economizado na escola anterior, três meses de aluguel, quase em frente tinha uma parada de ônibus que o deixaria diante da escola que dava aulas.

O senhor me olhou diferente lhe perguntou por quê?

Pela sua maneira de vestir, se vê que é de fora, tem mais idade que um estudante.   Ou é um professor, lhe falta se soltar.

Depois de comprar moveis, roupa de cama aonde o homem tinha falado, fez uma coisa que pensava, pois tinha visto nos filmes, comprou um cadeirão de orelhas, para sentar-se para ler.   Viu a lista dos livros que discutiriam no curso, numa livraria que vendia livros usados, comprou todos, eram edições anteriores.  Dias depois se mudou, passou a ver como andavam as pessoas, descobriu que no edifício tinham máquinas no subsolo, para lavar, secar a roupa, o que lhe facilitava.  Quando começou a ir à escola com roupas diferentes, tipo camisetas, em vez de camisa social, chamou atenção inclusive dos alunos.

Nos primeiros dias do curso da universidade, simplesmente pela primeira vez, observou, prestou atenção, na discussão proposta pelo professor, fez com que sua cabeça analisasse o que tinha escutado, anotou algumas coisas, nessa noite se dedicou com um sanduiche na mão, que ficou muito tempo suspenso no ar, a analisar cada detalhe do que o professor tinha falado, bem como dois alunos tinha discutido.

Como ele mesmo era professor, resolveu no dia seguinte comprar um quadro negro para escrever isso, na parede do apartamento.

Como não tinha aula esse, dia, se dedicou depois de dar aulas a colocar o que cada um tinha falado, analisar as ideias, buscou nos livros.  Teve uma sensação de repente, como se ouvisse um ruído em sua própria cabeça, como rompesse alguma coisa.

Nas aulas seguintes, escutou atentamente cada um, anotou o que lhe pareceu importante, mas reparou que ninguém anotava nada.  Mas o fazia por hábito.  Num dado momento o professor lhe perguntou o que pensava do assunto.

Soltou, eu escutei o que o senhor explicou, analisei, mas vejo uma análise díspar dos dois colegas.   Sem se dar conta, começou ele a analisar, o que pensava do assunto, o levou para uma linguagem simples, pediu desculpas, mas essa era a maneira dele se expressar.

A cara dos outros alunos, que tinham usado palavras rebuscadas era ótima, como se alguém tivesse retirado as suas máscaras de homens do mundo.

Ao final o professor o elogiou.   Normalmente nessa classe todos querem se mostrarem eruditos.   Talvez porque os que escrevem sobre esses assuntos, o façam.   Mas se esquecem sempre que as pessoas, vivem uma vida simples, trabalhando todo o dia para levar dinheiro para casa, quando leem isso, não entendem pois não usam essa linguagem.

Ficou sem saber se era uma crítica ou um elogio.

Mas a partir desse dia, sempre no meio de alguma discussão o professor perguntava o que ele pensava.

Um dia lhe deu uma lista, já vi que leste os livros que recomendo, esses garotos leem o assunto que vou falar no dia, se esmeram, pois, esperam chamar a atenção.

Leia esses outros, que tem uma visão diferente de encarar o mesmo assunto, assim talvez te atrevas a debater com eles. Lhe deu um cartão de uma livraria, que estava justamente na universidade, te farão bom preço.

Perguntou se ele era professor, disse que sim, explicou o que fazia.

Leu os livros de uma maneira que lhe fascinavam no final de semana, saiu a caminhar pelo parque que ficava perto de sua casa, se sentou num banco, coisa rara nele, leu, releu o que tinha escrito um filosofo francês, concordava ao mesmo tempo que lhe provocava uma serie que questões a respeito de si mesmo.

Estava imerso em seus pensamentos, quando viu uma sombra em pé na sua frente.

A melhor maneira de digerir os pensamentos, é caminhando, soltou o professor que estava em pé.

Venha vamos andar, me fale o que estava lendo, porque te perturbava.  

Sem querer como se estivesse num psicólogo, soltou tudo, os anos todos perdidos, na simplicidade com que tinha sido criado, o que fazia essa linha de pensamento do francês em sua cabeça.

Como fazia para entender todos que comentava nas aulas, os exercícios comparativos que fazia.

Espremo todas essas palavras bonitas, me parecem vazias, pois nem sempre são reais.

O professor riu, veja esse filosofo, fala sobre a vida cotidiana, mas se fores buscar quem é esse homem, funcionário público, professor de uma universidade da qual ele será funcionário a vida inteira, de família acomodada, então para ele, isso não passa de um exercício mental, por isso usa palavras complicadas, para mostrar que é inteligente.

Procure agora com todas essas informações a analisar isso.

Sem querer fez um gesto como fazia quando escrevia no quadro negro em sua casa.

Criou vários personagens, como se os mesmos estivessem discutindo entre si. O professor ria, tens uma mente, em que as coisas ficaram fechadas muitos anos, agora explodem, por isso podes criar várias maneiras de pensar, uma oposta a outra.

Perguntou se a casa dele era perto, gostaria de ver como fazes.

Compraram café, sanduiches, quando entrou com o professor no prédio o porteiro o olhou achando estranho, pois sempre o via sozinho, ainda por cima vinha falando.  Uma pessoa que dizia quando muito bom dia.

Se desculpou, pois, só tinha uma poltrona.

O apartamento não podia ser mais espartano, tudo era diferente eram os livros apilhados em volta da poltrona, o que estava escrito no quadro.

Ele mesmo começou a borrar o que estava, sem que o professor dissesse nada, começo a esboçar o que cada um diria, usou os companheiros que mais falavam, já sabia como era a reação de cada um conforme o assunto.

Colocou o próprio professor, como ele colocaria o tema, foi escrevendo.   Só quando terminou é que parou.

Para quem teve tanto tempo fechado ao mundo, analisa muito o comportamento de cada um.

Quero que transcreva isso no teu laptop, para passar para o resto do pessoal.

A cara do professor era ótima, quando ele disse que não tenho laptop, eu simplesmente escrevo.

Tens que ser mais moderno, comprar um, nem que seja o mais simples ou mesmo um de segunda mão.

O levou a uma loja relativamente perto, falou com o dono que era seu amigo, lhe indicou um que estava em oferta, lhe ensinou o funcionamento, que programa devia usar para escrever sobre tudo isso.

Simplesmente tinham se esquecido de comer, o professor o convidou a um restaurante ali perto.

Sabes meu nome pelo menos, lhe perguntou, pois todo esse tempo o vinha chamando de senhor.

Ele balançou a cabeça, tinha lido no primeiro dia, mas não lhe pareceu importante, tinha sempre chamado todos os professores de senhor.

Clint Hutson, lhe estendeu a mão.  Ficou rindo da cara dele, eu sempre te chamo de Smith.

Era um restaurante italiano, ele nunca tinha entrado em nenhum, nem sabia o que comer, verbalizou isso.

Peço pelos dois, uma salada, bem como raviólis.

Nunca tinha comido isso, tinha a sensação de que a comida de sua mãe, eram como fabricadas todas no mesmo lugar, pois o sabor sempre era o mesmo.

Amou o sabor.

O professor, lhe perguntou se conhecia Luigi Pirandelo?

Não senhor, nem sei quem é.

Bom é um escritor, dramaturgo italiano, quero que leia uma obra sua de teatro, “seis personagens em busca de um autor”.

Ele escrevia o que depois se chamou o teatro do absurdo.

Creio que será interessante isso.   Leia, analise o que ele quer dizer.

Comprou quase em seguida o livro ao sair do restaurante.

Ages sempre assim por impulso.

Isso é uma coisa de agora, fui criado para comprar simplesmente o básico, o que poderia durar a vida inteira, estou mudando desde minha maneira de pensar, me vestir, ser eu mesmo.

Combinaram de se encontrar no final de semana.

Antes de tocar o livro, fez uma coisa, transcreveu como o professor tinha lhe ensinado o texto, queria lhe mandar, descobriu então que nem e-mail como os outros, tinha.

O professor tinha lhe dado o seu, procurou saber como se fazia isso.

Quando conseguiu ter um, mandou o texto para o professor.

Passou todo o domingo lendo o livro de Pirandelo.  Anotou para si mesmo duas, coisas, precisava de uma mesa para estudar, para ter maior conforto em escrever as coisas, além de mais uma poltrona para o Clint.

Foi o que fez na tarde da segunda, depois das aulas.

O Clint lhe devolveu o texto, com algumas análises de como ele pensava para que ele pudesse reescrever o texto.

No dia tinha aula com ele, se surpreendeu, quando disse, acho que vocês as vezes leem demais os filósofos, sem analisarem quem são essas pessoas na realidade, de aonde saíram, porque escreviam sobre esses assunto, se na realidade usavam isso no seu dia a dia.

Um exercício para a próxima aula, uma análise de “seis personagens em busca de um autor de Pirandelo”.

O chamou para o quadro. Soltou sem mais, gostaria que você, colocasse no quadro, três pessoas que observas como exporiam de maneira diferente, soltou um tema.

Ele fez, um dos alunos que mais falava, soltou, parece que estou me escutando falar.   Tenho essa mania de usar as palavras.

O professor soltou que ele as usava, mas se perguntava se sabia realmente o que significavam.

Uma palavra se pode usar de muitas maneiras diferentes, então conforme a entonação, podem sugerir coisas, ou então uma completa bazófia.

Temos que analisar cada palavra que escrevemos ou vocalizamos, para não sermos ridículos.

O exercício que dedicou essa semana foi justamente sobre Pirandelo, analisou como ele via cada personagem, além do que escrevia o autor.

Levaram uma semana inteira discutindo sobre isso, ao final o aluno que pensava que era um erudito, chegou à conclusão que não tinha entendido o subtexto de cada personagem.   O via só como descrevia o autor.

Quando terminou o curso, como só tinha escolhido essa matéria, lhe deram um diploma, apresentou ao conselho de professores, logo o chamaram para trabalhar em uma escola perto da universidade.

Agora saia sempre para comer com o Clint, nunca falavam em vida pessoal.

Levaram mais a fundo a análise dos personagens de Pirandelo, Clint falou que era fanático por cinema e teatro italiano.  Quando saíram para jantar numa outra semana lhe deu um livro, encontrei numa livraria, de segunda mão.  Mishima de Marguerite Yourcenar, leia depois discutimos.

Quando discutiam alguma coisa agora o faziam em sua casa, Clint sentado o vendo explanar sobre o assunto.

Ele estava se preparando para o próximo ano letivo, aonde daria classe de filosofia aos adolescentes, conversou muito com o Clint sobre o que abordar realmente.

Depois de meses de aulas, lhe disse um dia, que estava aprendendo mais com seus alunos, que com os companheiros de universidade.

Depois aconteceu uma coisa entre eles, que pensou que iria estragar tudo, mas ao contrário fez com que se aproximassem mais, um dia sem querer se viram frente a frente, embora Clint fosse muito mais velho do que ele, lhe deu um beijo, a energia que surgiu foi tão forte que acabaram na cama.

Clint ria, dizendo que tinha esperado isso muito tempo.

Ele se sentia como uma criança que comete o pecado, nunca tinha lhe passado pela cabeça isso.

Clint lhe contou coisas sobre ele, sou divorciado a muitos anos, tenho um filho, que tem agora 18 anos, é um rapaz muito complicado, vive com a mãe.

Mas entre os dois além da amizade que tinham a coisa ficou mais forte.

Nos anos que esteve na universidade, usou isso como desculpas de não ir visitar os pais.  Desta vez sua mãe disse que seu pai não estava bem.   Quando chegou ela o examinou de cima a baixo, como perguntando quem é esse.

Viviam na mesma casa, nada tinha trocado de lugar, seu quarto inclusive estava como que igual.  Tudo lhe pareceu um absurdo.

Sua mãe fez um comentário, agora que ele ia se aposentar, acontecia isso.  Tantos anos esperando para voltarmos a cidade de aonde saímos, isso vem transtornar nossos planos.

Seu pai morreu justo no ano novo.   Viu que sua mãe se sentia completamente perdida.  Quando perguntou se queria ir para San Francisco com ele, sua única resposta foi, o que ia fazer lá.

Acabou voltando para sua cidade, para viver com uma irmã que era solteira.

Ela retirou dinheiro do banco, queria lhe dar a parte de seu pai, mas ele disse que não necessitava.  Tinha um bom emprego.

Ele de tanto analisar como via a cabeça dos alunos, com os temas que seriam considerados tabus.   Encontrava que para eles tudo isso já era uma coisa normal, aprendia com eles a entender melhor até a sim mesmo.

Lastima na sua época de escola, não ter classe de filosofia.

As opiniões eram sempre dispares.   Seu trabalho consistia em fazer que chegassem a um denominador comum.

Quando chegou finalmente o final do curso, lhe pediram para dar para uma turma que estava atrasada nos estudos.

Ficou surpreso que o filho de Clint, estivesse nesta turma.

Descobriu analisando sua ficha, que tinha perdido vários anos de estudos, por problemas pessoais.

Um dia se atreveu a conversar com ele.   Ficou surpreso, o rapaz era como ele, em outras circunstâncias, ele mesmo tinha se fechado ao mundo.  Sua mãe o tinha manipulado contra o pai.   Quando verbalizou isso.  Lhe sugeriu procurar seu pai, ele foi meu professor, é uma pessoa com a mente aberta.

Logo o mesmo estava morando com o pai.

Claro que isso interferiu na vida deles, mas souberam contornar, o filho o via como um amigo íntimo de seu pai.

Clint sugeriu que ele agora com uma bagagem dupla, de aluno e professor, fizesse uma pós graduação na área.

Podia pedir uma excedência na escola, mas não o fez, compaginou tudo.

Desta vez compartia aulas com alunos mais ou menos de sua idade, ou porque queriam ser professores universitários, ou isso melhoraria seus salários.  Pelo menos os debates eram mais interessantes.

Sua tese foi publicada, um dos seus professores, lhe indicou para a universidade de Santa Fé.   Ficou cheio de dúvidas, pois isso de uma certa maneira o separaria de Clint.

Este ao contrário, o incentivou a aceitar, no momento estava tentando ajudar o filho a encontrar seu caminho também.

Ele se sentiu bem, logo se adaptou, ao novo sistema de vida, depois de algum tempo conheceu um professor de artes, começaram a conversar, tiveram um relacionamento.  Sempre gostava de homens mais velhos do que ele.

Talvez porque tivessem mais experiencia de vida que ele não tinha.

Quando a mãe morreu, herdou todo o dinheiro que tinham economizado a vida inteira.  Tirou um ano sabático, foi conhecer os lugares de Itália que ele tinha aprendido a amar. Bem como os lugares que tinham frequentado os filósofos franceses.

Retomou o curso, agora com uma outra visão de muitas coisas.  Tinha feito essa viagem sozinho, para descobrir quem era finalmente, o quanto tinha crescido.

Anos depois foi para Los Angeles, dar aulas na universidade, a estas alturas, já tinha escrito três livros.

Quando finalmente se reencontrou com Clint, era como se nunca tivessem se separado, pois o que existia entre eles era mais forte.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

lunes, 19 de julio de 2021

OBSOLETO

 

                                OBSOLETO

 

Tinha vindo ao aeroporto com muito mal humor, pois sua avó pediu que fosse recolher um rapaz, que ficaria um tempo em sua casa.  Era filho de uma amiga sua, ia começar a contar a história, mas soltou olhando bem em sua cara, pois sabia que era curiosa, bah isso não te interessa, tampouco quero que saibas, pois em seguida todo mundo saberia.

O que não era verdade, quando lhe contavam alguma coisa, em seguida guardava para si, sem comentários.     Se visse também, nunca dizia nada.   Tinha essa fama, por culpa de sua mãe, pois quando se divorciou de seu pai, contava que ela ficasse ao seu lado, se esquecendo que era ela que torturava o marido com suas loucuras.

O juiz a chamou a depor, quando começaram as perguntas, respondeu olhando ao juiz, ninguém perguntou se eu queria estar aqui.  O que o advogado de minha mãe quer que eu diga, é mentira.  Desde que tenho uso da razão, ela atormenta meu pai, nunca nada está bom.   Além dos vários amantes que teve todo esse tempo, que levou para dentro de casa.

Foi como um jorro de água fria, nas pretensões de sua mãe, só lhe restou ir viver com sua avó paterna.

Essa ria de sua cara, quando lhe diziam que era uma fofoqueira, mas ficava quieta, não tinha para onde ir, seu pai, estava no momento trabalhando fora, em uma cidade pequena no Canadá, aonde só existia escola primaria.

Entrou no metro, sua avó lhe tinha dado dinheiro para ir de taxi, mas resolveu guardar, assim teria algo de dinheiro para o final de semana, queria sair com suas amigas, todas no momento estava num período crucial, pois tinham que escolher aonde estudar, tinha conversado com seu pai, este disse que ela era quem tinha que escolher, pois viveria o resto da vida com isso.

Tinha pensado em mil opções, mas na verdade queria passar um tempo pensando, talvez conseguir algum emprego para ganhar um pouco de dinheiro.   A mesada que seu pai lhe dava, era justa.   Sabia que ele dava dinheiro a sua avó, para ela ficar na sua casa.

A casa da avó Rosemary, ou Rose, ou Mary, era imensa no Brooklyn, ela vivia no andar de baixo, nos outros dois andares, tinham mais quartos que ela alugava, para estudantes, pessoas que viviam só.

Era muito rigorosa, só tinha uma coisa, não aceitava negros, não sabia por que, tinha um preconceito muito complicado, no momento no último andar, que tinham dois quartos que compartiam um banheiro, viviam um estudante chinês, o outro quarto estava vazio.  No andar do meio, viviam duas garotas canadenses que eram da mesma cidade, estudavam na Parsons, compartiam um quarto grande.  Nos outros dois quartos viviam, uma senhora que trabalhava no Macy’s, que saia de manhã, voltava de noite.  Além de uma outra que era bibliotecária ali mesmo no Brooklyn.   No térreo, vivia sua avó, ela, tinha um quarto que era de seu pai quando ele estava. Esse era o único que tinha um banheiro privado.

Seu pai passava basicamente quase que o ano inteiro fora, trabalhava para uma companhia que tinha sucursais em toda América do Norte, Canadá, China, inclusive no Japão, fazia um trabalho interessante que era ficar um tempo em cada um, observando como era o funcionamento.

O rapaz chinês, era filho de um conhecido que o tinha hospedado quando esteve trabalhando em Hong Kong, assim iam as coisas.

Estava com a cabeça voando, enquanto ia no trem do metrô, normalmente não gostava de usar o Subway, gostava de ir observando como a cidade ia mudando, preferia andar de ônibus, ou de carro.

Poder olhar tudo, a vazia divagar sobre os lugares, quem vivia ali, o que pensavam da vida, observava sua maneira de vestir, as vezes se perguntava de onde tiraram essa roupa estapafúrdia, observava as pessoas sentadas esperando o ônibus, coisas assim.   Mas estava um pouco atrasada, por isso ia de Metrô.

Quando chegou, olhou no quadro, aonde era o desembarque do voo, tudo que sabia era que se chamava Bill Stanton, nada mais, nem como era.   Mas vinha desde Irlanda, portanto devia ter alguma característica.

Tinha sempre imaginado que em cada lugar as pessoas se vestiam diferentes.  Quando pensava em Paris, acreditava que as pessoas todas se vestiam como se via nos filmes, com roupas de marcas.  Sua avó quando comentava isso de um filme, soltava, acorda garota, lá também existe pessoas normais que vivem de um salário de fome.

Elas compravam as roupas no Macy’s, pois a inquilina de sua avó, lhes avisava quando tinha algum saldo bom.

Seu uniforme predileto era calças jeans, camisetas com alguma estampa, um abrigo com capuz, no inverno botas, abrigos desses com pele por dentro.

Já estavam no começo do inverno, imaginava que esse rapaz vinha para se adaptar, pois as faculdades agora entrariam em férias.

Ficou imaginando como seria, loiro de olhos azuis, alto, em seguida borrava a imagem.  Levava na mochila um cartaz com o nome de Bill Stanton.  Ficou parada ali, olhando as pessoas saírem, no mesmo horário tinha chegado aviões de vários lugares do mundo, então estava se deliciando com as caras diferentes, procurava adivinhar de aonde tinham saído.

Sentiu baterem no seu ombro, quando se voltou, deu de cara com um rapaz altíssimo, devia ter pelo menos dois metros de altura, muito magro, sua avó diria que estava passando fome, tinha os olhos verdes, bem como um cabelo crespos, vermelhos fogo, não estranharia que fosse pintados, mas quando olhou o nariz, pensou, esse tem alguma coisa de negro, pois tinha o nariz meio achatado, largo como os africanos. Quando ele sorriu, mostrou um fileira de dentes que pareciam de anúncios de pasta de dentes.

Percebeu que ela o estava analisando, riu, sim sou eu Bill Stanton, perguntou se ela era filha ou neta da senhora Rosemary.

Ela só balançou a cabeça.

Só tinha como bagagem uma mochila, uma pasta dessas de levar desenhos, que estava pelo visto pesada, pois tinha inclusive duas fitas de adesivos segurando, se cruzavam fazendo uma cruz.  Uma mochila grande do exército, nada mais.   Estava vestido exatamente como ela.

Saiu do seu letargo, dizendo, venha vamos tomar um taxi, minha avó me deu dinheiro.

Ele saiu andando atrás dela, quis ajuda-lo a levar a tal pasta, mas ele disse que pesava muito.  Entraram na fila do taxi, ele comentou enquanto isso, estavas te divertindo, olhando as pessoas que saiam, eu já estava fora quando chegaste, mas fiz o mesmo exercício mental que tu, de aonde tinham saído.

Dentro do taxi, ia olhando tudo com curiosidade, lhe perguntou se conhecia bem a cidade, para depois lhe mostrar.   Creio que vou adorar viver aqui, trabalhei duro durante dois anos, para juntar dinheiro para vir para cá.

Achas que consigo um emprego fácil, preciso trabalhar, para poder pagar a faculdade.

O taxista que se via emigrante soltou, aqui, basta querer trabalhar que arrumas alguma coisa.

Que fazias aonde vivias?

Eu trabalhei em muitas coisas, inclusive descarregando caminhões, fui garçom, vendedor, de tudo um pouco, pois precisava do dinheiro.  Aonde tinha trabalho eu ia atrás, o homem sentado diante, sorriu, então não terás problema.

Isso pareceu lhe relaxar.  Quando parou o taxi diante da casa, ela pagou, ia lhe sobrar um bom dinheiro.  Ele agradeceu a informação do taxista.  Estirou os braços para pegar sua pasta de desenhos, ou que fosse.

Na pequena varanda da frente estava sua avó, agora seriam a prova dos nove, será que ia perceber que era descendentes de negros.   Ficou quieta observando, pois sabia que sua avó estava fazendo exatamente isso.

Mas para sua surpresa, mexeu nos cabelos dele, quando subia a escada, tua mãe me falou que eras alto, mas não pensei que fosse tanto. Terás que dormir no quarto que é do meu filho, pois o de cima a cama é pequena para ti.

A senhora não se preocupe, foi falando dando dois beijos no rosto, sempre dormi com os pés fora da cama.

Ultimamente então, nem podia reclamar, uma larga história.

Ela queria que ele ficasse embaixo, mas disse que não, não poderia pagar um quarto desses, tinha que ser um quarto normal, só preciso uma mesa para desenhar. Subiu em duas vezes suas coisas, uma levando os seus desenhos, outra levando a mochila do exército, é tudo que tenho.  Terei que comprar roupa de inverno, só tenho esse casaco que era do meu irmão mais velho.

Mas o importante, contava quando tomava café sentando na cozinha entre as duas, é conseguir rapidamente um emprego, espero que nessa época seja fácil, assim na hora que tiver que pagar a matrícula da escola aonde quero estudar, seja mais fácil.

Essas coisas eram com minha avó, pois imediatamente passou a mão no seu velho celular, tinha sido de meu pai, como ela dizia que só queria para chamar, dava igual.  Falou com a inquilina que trabalhava no Macy’s, se tinham aberto vagas para trabalhar no final do ano. 

Ela disse que ia se informar.

Depois falou com mais duas pessoas, bom tens uma coisa, podemos ver se conseguimos no Macy’s explicou o que era, um desses trabalhos de final de ano, bem como o Jerry um conhecido tem um restaurante, disse que no momento precisa de alguém para a cozinha, mas não sei se tens experiencia.

O outro é de um amigo de meu filho que tem uma loja de material de desenho, perto da Parsons, creio que esse te interessa mais.  Disse que tem uma vaga, creio que para ti seria excelente.  Podias leva-lo até lá, Mariah, conheces bem o lugar, sempre vais lá quando teu pai está.

Esse amigo de seu pai, era uma pessoa divertida, quando ela era criança, sempre lhe dava caixa de lápis de cores, material para a escola, esses eram seus presente.  Quando a via lhe perguntava se precisava de alguma coisa, fazia um gesto mostrando a loja inteira, o que queiras.

Bill disse que ia tomar um banho, se arrumar um pouco, depois estava preparado, porque dormir agora será um atraso, preciso colocar tudo em ação imediatamente.

Enquanto ele subiu para isso, sua avó lhe contou a historia dele que ela sabia, ele era neto de um irlandês, com uma mulher de Trinidad Tobago, uma antiga colônia inglesa, sua avô paterna era negra, mas não se acostumou a viver na Irlanda.

Quando os filhos ficaram grandes, voltou com o marido para viver na sua terra.  Minha amiga casou com seu filho mais velho, é moreno, mas não negro.  Esse garoto teve um problema, pois o pai o expulsou de casa, foi viver de favor com um vizinho, trabalha desde os 15 anos como um louco para realizar seu sonho.   Sua mãe o ajudou as escondidas do marido, bem como seu irmão mais velho.

Sua mãe viveu um tempo aqui em NYC, quando jovem, se casou com o pai dele, que na época trabalhava num navio, voltando para Irlanda.

Foi uma grande amiga minha, viveu aqui em casa, ocupando justamente esse quarto que ele está.

Ele desceu, parecia que estava exatamente igual, só a camiseta parecia diferente, um pouco grande para ele, disse que era do irmão mais velho.

Foram de metro que era mais fácil, conseguiu para ele um mapa do metro, como tinha recomendado sua avó.  Tens sempre que prestar atenção, principalmente no final do dia, ou de semana, que mudam os roteiros avisam pelo som, tens que imaginar como faras os transbordos.

Ele riu, terei que prestar atenção, sou meio desligado, além de vir de uma cidade relativamente pequena.  Vivia perto de Cork, mas tive que ir a Dublin, pois o bilhete que consegui era a partir de lá.

Estava deslumbrado com a cidade.  Quando chegaram a loja, ela teve que rir, como sempre o dono fez o mesmo gesto que fazia sempre, tinha lhe contado a história no caminho, o gesto que fazia.

Se fosse comigo ficaria louco, nunca tive muito acesso ao material que gostaria de trabalhar.

O deixou conversando com Boris, enquanto olhava pela loja, no final vinha super feliz, imagina, começo segunda feira de manhã, depois quando começarem as aulas, trabalharei de tarde até fechar a loja.   Boris tinha andado com ele a loja inteira. Ela aproveitou que tinha comprado uma coisas, pagou no caixa.  Lhe dava vergonha que o Boris a fizesse levar grátis.

Saíram os dois dali o levou para ver a escola aonde ia estudar, ele ficou de boca aberta, entraram, era uma movimentação incrível de jovens como eles. 

Pensei em estudar aqui, mas ainda não consegui me definir, meu pai diz que tenho que escolher direito, pois é do meu futuro que estou tratando.

O meu ao contrário, ficaria furioso, iria dizer que isso é coisa de viado.  

Andaram por tudo aonde era permitido andar, olharam de longe algumas classes, foram a secretária, ele perguntou por uma senhora.   Apareceu em seguida, era gorda, com os cabelos iguais aos dele. Tinham se correspondido a meses, saiu da sala foi ao corredor abraça-lo, agora já nos conhecemos.   Ele lhe contou que já tinha um trabalho, para o final do ano, assim terei dinheiro para pagar o cursos que queria fazer. Quando disse o nome do Boris, ela riu, esse tem um humor incrível, vende inclusive aqui para a escola.

E tu lindeza, pegou na mão da Mariah, vens também?

Ainda não tenho decidido.

Venham comigo, estou no meu horário de tomar um café, falou com uma companheira, vou mostrar a escola a estes dois postulantes.

Foi falando de tudo que viam, algumas classe ainda funcionavam, abria a porta, dizia ao professor, dois postulantes a cursos.  Viram de tudo, ela estava elétrica, parecia que seus sonhos se realizavam.  Viu cursos de moda, de um grupo fazendo fotografias, um professor ensinando como focar uma câmera a um manequim, discutia com o aluno, ângulos.

Ficou ali de boca aberta, adoraria fazer isso. Soltou sem querer, ia amar fazer esse curso.

Depois voltaram, ela lhes deu uma série de papeis para estudarem, bem como se informar.   Qualquer coisa venha me visitar.

Quando saíram Bill, disse, imagina, a meses eu escrevi uma carta pedindo informação, comecei a me corresponder com essa senhora que me animava a vir.  Parece mais minha família que a que tenho.

Mostrou para ele Washington Square, ele parecia deslumbrado com tudo, nem percebia que chamava muita atenção com seus cabelos flamejantes.

Foram comer sanduiches num lugar que ela tinha ido com umas amigas.  Gostaria de fazer um curso de fotografia, mas só tenho câmera quando meu pai está aqui, vou falar com ele, pedirei a um professor que me oriente no que devo comprar.

Já havia uma certa cumplicidade entre os dois, era como se dois náufragos se encontrassem no mesmo troco de madeira flutuando.

Havia momentos que o olhar dele era triste, se lembrou do momento que ficou parado na frente do edifício da escola, era como estivesse paralisado.

Sonhamos tanto com isso, dizia ele depois, eu meu melhor amigo imaginamos isso desde basicamente que entramos na escola, como não encaixávamos com o resto, nos grudamos um no outro.

Sem querer, perguntou aonde estava ele agora?

Morreu, se suicidou, me deixou uma carta, dizendo que não desistisse de meus sonhos como ele tinha feito.  Na verdade, não desistiu, o fizeram desistir na marra, o pai era marinheiro, o colocou num navio mercante para aprender a ser homem, não se sabe o que aconteceu, mas se atirou do barco, em pleno pacífico.  Ele tinha horror a lugares fechados, imagino o que seria viver num barco. 

Seu irmão me trouxe uma carta de despedida, claro estava aberta, mas nos dois tínhamos um código para falarmos das coisas sem que ninguém percebesse.  Entendi por que tinha se suicidado.   Me deu mais força para juntar cada tostão para vir embora.   No fundo realizo o sonho dos dois, ele queria estudar para ser designer de moda.  Adorava olhar revistas de moda de sua mãe, que era costureira.  Isso na cabeça de seu pai era impensável, isso numa vila da Irlanda.

Por isso, fiz de tudo, até esfregar de noite a escola em que estudava, apesar da gozação dos outros alunos.

Graças a deus, isso me deu força, para saber o que queria realmente.  Quero pintar, desenhar, depois te mostro meu trabalho.

O que acho interessante desse lugar, é que todos os professores, alunos, parecem que chegaram de algum lugar, buscando uma coisa que significa seu futuro.  Naquela sala que entramos, viste que desde o professor, cada aluno, parece ter vindo de algum lugar do mundo.  Se vão vencer, não sabemos, mas estão aqui para lutar.

Sim, senti uma descarga de adrenalina, como me dizendo, garota, aqui é o teu lugar.  Tenho que trazer minha melhor amiga, para ver se encaixa.

Sua mãe a vive atormentando que o que tem que fazer é arrumar um rapaz decente com trabalho, para casar, ter filhos, como se fosse isso a coisa mais importante de sua vida.

Até minha avó acha um absurdo isso, diz que a coisa mais obsoleta do mundo. Para que procriar, se já tem criança de sobra no mundo, principalmente abandonadas por pais incompetentes.

Já vi que tem uma cabeça, muito bem colocada, minha mãe que a conheceu a muito tempo, quando vivia aqui, disse que o único comentário que a fez pensar muito foi, que tinha horror a negros.  Quando minha mãe conheceu meu pai, disse que fez um comentário, “vais te casar com esse meio negro, metido a machão, te transformara a vida num inferno”.

No fundo estava certa, é isso mesmo, metido a machão, faz da sua vida um horror, pior que sabe que ele tem uma outra família em Cork, com uma mulher negra.  Quando descobri que tinha um irmão negro, fui lá para ver como era.  Ele é igual a mim, mas só que seus cabelos são negros.  Parecíamos um reverso de um espelho, rimos muito, mantivemos segredo, ele finge que faz o que meu pai lhe diz, mas caga para ele.  A tempos vive com um rapaz chinês, para todos os efeitos trabalha em seu restaurante, mas vivem um para o outro. Foi ele quem me ajudou a vir para cá.

Inclusive o último lugar que trabalhei foi no restaurante deles, me deu a maior força para vir embora.   Já meu irmão mais velho, sempre fez da minha vida um inferno.  Nem desconfia dessa outra família, minha mãe, finge que não vê.

Mas diz sempre que tua avó a avisou muito sobre isso. Dizia que um tipo como ele, nunca ia ter o piru fechado dentro da braguilha.

Quando chegaram em casa ele comentou, além de agradecer a ela, sobre o emprego, que tínhamos ido à escola.

Ela riu, pois viu que eu estava excitada, encontraste teu pouso, bom pelo menos vais poder conversar com teu pai esse final de semana, ele está vindo para cá.

Chega no domingo de manhã, creio que aconteceu alguma coisa, para ele voltar tão cedo.

Saíram de noite pois ela o queria apresentar para seus amigos, sempre se encontravam num bar que tinha um horário especial para menores.

Ele logo se tornou amigo de sua melhor amiga, Ingrid, ficaram conversando do que tinha visto na escola.

Eu adoraria, mas minha mãe, nunca vai permitir, tenho que pegar meu pai de jeito, pois sei que ele não concorda com ela.

Foram para casa juntos, conversando, estranhou em ver a luz da sala acesa, pois sua avó costumava estar na cozinha, aonde tinha uma poltrona, além de outra televisão.

Quando entrou deu de cara com seu pai, que tinha um braço engessado.  Agora entendia por que tinha voltado, sua avô apresentou o Bill.   Ele se lembrava de sua mãe.

Comentou que tinha sofrido um acidente de carro, alguém tinha cortado os freios do mesmo.  Agora a polícia estava investigando.  Pelo menos estarei algum tempo sem trabalhar, além de uma movimentação estranha na central da empresa, se fala que vai ser vendida, que estão oferecendo aos funcionários que falta pouco tempo para aposentadoria, uma antecipação da mesma como acordo.  Se isso for verdade, aceitarei, estou farto desse trabalho.

Quando comentou com o pai, que tinham estado com o Boris, ele começou a rir, imitou o gesto que fazia para ela, que pegasse o que quisesse.

Mas quero conversar com o senhor sobre meu futuro.

Ele riu, como sei que estiveste na escola que vai estudar o Bill, imagino que queiras ir também, venha, vamos para o meu quarto que já é tarde, assim me contas tudo.

Despediu-se do Bill, deves estar cansando, vá dormir garoto, amanhã conversamos mais.

O tempo as vezes é desagradável, pois voa, quando viram já estava no momento de finalizar o curso, Bill fazia sua primeira exposição na própria escola, por ter sido considerado o melhor aluno na sua área, segundo um vídeo feito por uma aluna da escola, dizia que a mudança de cidade, ter visto tanta coisa, absorvido o movimento da própria cidade, tinha feito que sua cabeça mudasse muito.   Dedicava a exposição ao seu amigo de infância, com quem tinha sonhado tudo isso.

A exposição duraria ali 15 dias, depois iria para uma galeria de arte, em seguida entraria a exposição de Mariah, com o título Street, ou rua, tinha fotografado a cidade que amava, nos três períodos do dia, tinha levado meses nisso.    Agora com a ajuda do pai, junto com Bill, tinham alugado de um armazém vazio perto da casa de sua avó, a parte de cima do mesmo, transformando em studio, cada um tinha sua parte.

Joe Jones, agora aposentado, se dedicava a representar aos dois, bem como alguns amigos deles da escola, que saiam para o mundo.   Era bom negociando contratos com galerias, divulgado os mesmos.

Mariah, iria para Paris, quase em seguida, pela primeira vez fotografar para uma revista desfiles de moda, tinha uma encomenda especial, que era fotografar um dos grandes desenhadores americanos, suas roupas nas ruas da cidade Luz.

Seria seu lançamento no mundo editorial.

Joe quando não estava fazendo isso, ajudava o Boris com a loja, Bill, dizia que tinham um relacionamento mal resolvido, pois por vezes viu os dois de mãos dadas.

Uma dia, Joe avisou a sua mãe, bem como a filha que iria viver com o Boris, estamos a anos, deixando de lado a vida que podemos ter juntos, tenho direito de experimentar.

O único comentário de Rosemary foi, “já não era hora”.   Eu já teria te mandado a merda a muito tempo, ele teve sempre paciência de te esperar.

Fizeram um almoço no apartamento do Boris.  Esse fazia sempre uma brincadeira com o Bill, de quando ia ter um namorado.

Bill tinha conhecido muita gente, mas em sua cabeça, nenhum era como seu grande amor de infância.   Boris dizia que isso era uma utopia.   Não podes ficar esperando que uma pessoa se pareça a que idealizastes.   Tinha sim suas aventuras, mas nada durava muito.

A exposição na galeria funcionou, pois era uma pintura fresca, diferente, misturava abstrato com figuração, como se as figuras estivessem escondidas detrás de alguma coisa totalmente abstrata.   Seu professor dizia que era um retrato dele, sempre se escondendo de algo.

A serie tinha saído sem mais nem menos, pensando justamente nisso, o tempo que tinha perdido de sua vida, se escondendo de tudo.  Preferia assim do que assumir totalmente sua vida sexual.

Quando acabou o trabalho de Mariah, ele foi com Ingrid que tinha escapado de casa para estudar moda, passar uns 10 dias em Paris, alugaram um pequeno apartamento, se divertiram descobrindo a cidade.

Estavam vendo uma exposição no museu Picasso, quando Bill se sentiu observado, no que virou deu de cara com o irmão de seu amigo, alguns anos mais velho que ele.   Estava completamente diferente com roupas mais modernas, cabelos largos, teve que fazer uma busca em sua memória.

O outro ficou parado, esperando o reconhecimento.  Abriu os braços para ele, finalmente nos encontramos.

Deixastes a marinha mercante, foi tudo que perguntou.

Vocês sem querer me deram um empurrão, isso de estar fazendo o que meu pai queria, acabou matando meu irmão.   Tinha que encontrar meu próprio caminho.   Estive muitos anos, principalmente no barco, escondido dentro de um armário muito escuro, feio, desconfortável.

Depois da morte do meu irmão, entrei em pânico, seria esse o caminho que me esperava?

Bill, num rompante, o apresentou as amigas, mas saíram os dois para tomar um café.  Falaram muito de tudo que tinha acontecido. 

Brandon, lhe contou que tinha realmente descoberto o que tinha acontecido, não estava nessa viagem pois tinha ficado doente.  Descobri que dois sujeitos tinham abusado dele, claro com essa fragilidade que ele demonstrava, tinha que desembocar em alguma coisa.  Falei muito para meu pai, que isso não era para ele, mas me disse que ele tinha que se transformar em homem de qualquer maneira.   Que não podia seguir essa relação que tinha contigo.

Bill sorriu tristemente, imagina tínhamos um namoro sem consequências nunca fizemos sexo, nem nada, apenas nos apoiávamos um ao outro em nossos sonhos, eu imaginava sim ter algo com ele.  Então acredito que esse abuso, tenha quebrado todo seu sonho romântico de ter alguém para gostar.

Foi meu melhor, amigo, companheiro de juventude, os dois juntávamos dinheiro para sair da cidade, ir para NYC realizar nossos sonhos.  Quando morreu, vi que não tinha escapatória, tinha que ir de qualquer maneira.

Graças a minha mãe, meu irmão, filho do meu pai com sua outra família, que me deu trabalho, um lugar para dormir, pude ir.   Encontrei nessa família que me acolheu, uma outra família, Mariah é neta da senhora que me hospedou, se tornou a melhor amiga que alguém possa ter, agora acabamos o curso que fizemos, tenho que te mostrar o catalogo da exposição que fiz, de final de curso, como melhor aluno, depois a mesma foi para uma galeria, aonde se vendeu tudo, por isso tive dinheiro para viajar.

Quero ver, eu tenho um studio em Montmartre, desenhei anos seguidos, escondido de meu pai, inclusive de meu irmão, tinha medo de que alguma indiscrição, chegasse ao meu pai.  Ele não iria me perdoar.  Quando o enfrentei, dizendo que ele era o culpado da morte de meu irmão, quis tirar o corpo fora.  Foi um pai relapso, nunca estava em casa, claro só tínhamos minha mãe, que trabalhava fora o dia inteiro, costurando.

O dia que teu pai, pegou vocês dois se beijando, contou ao meu, sei que foi um escândalo, pois os dois são da mesma laia, mas daí, o teu te expulsou de casa, o outro fez meu irmão embarcar num navio mercante.  Claro foram dois relapsos, nunca estiveram presentes na educação de vocês.

O mais interessante Brandon, é que esse irmão, da outra relação de meu pai, que é um mulato lindo, vive a anos com um chinês, foram eles que me ajudaram.  Ele sempre cagou para meu pai, primeiro disse que trabalhava para o outro, depois quando foram viver juntos, agora estão casados, o velho segundo ele ficou uma fera.  Ele se vingou de uma maneira muito própria, mandou o convite para meu irmão mais velho, bem como para minha mãe.  Só assim ela viu que era verdade que tinha outra família.   Pediu divórcio, sua mãe tampouco o aceitou mais, meu irmão foi para Londres.   Ele ficou sozinho.   Mas como diz Rosemary, seu piru não pode ficar dentro das calças.

Minha mãe, bem como esse meu irmão vieram a exposição em NYC, afinal tinha que agradecer terem me ajudado.  Minha mãe ficou, arrumou um emprego no Macy’s, diz que jamais deveria ter saído de lá.

Tens algum namorado?   Pois contínuas fantástico com esse cabelos vermelhos.  Sou honesto de dizer que tinha ciúmes de vocês dois, ou melhor mais bem inveja.

Não e tu?

Algum que outro namorado, mas antes tinha que me situar nesse mundo da arte, já fiz duas exposições aqui, mas desenho estampas para uma empresa que tecido.  Talvez de tanto ter visto revistas de moda, isso esta dentro da minha cabeça.  O que faço, agora que tudo se modernizou, é criar padrões através de computador.

O convidou para ir ao seu studio, avisou as amigas, foi com ele.

Sem querer acabaram na cama.  No princípio, se sentiu confuso, talvez por querer comparar com seu amigo, mas tinha noção que eram pessoas distintas.   Talvez por ter trabalhado tanto tempo em navios, Brandon tinha um corpo espetacular, não era tão alto quanto ele, mas se encaixaram.

Brandon mostrou para eles, a Paris fora do circuito de turismo, adoraram.  Mariah, queria explorar justamente isso, Ingrid dizia que sua câmera, parecia mais uma metralhadora, descobrindo lugares.   Quando lhe surgiu uma oportunidade, lhe pediram desde NYC, uma reportagem com roupas jovens, guiada por Brandon, visitou desde os bairros pobres, até os de mais poder aquisitivo, como se vestiam os jovens pelas ruas.

A revista falou dela, com sua central em Paris, logo foi contratada.   Bill o mesmo, tinha conseguido apresentando seu catálogo, um contrato para montar uma exposição numa galeria dedicada a gente jovem.   A única que voltou para NYC foi a Ingrid.

Mariah não parava, a mandavam para fotografar pelo mundo inteiro, tinha uma maneira especial de mostrar como se comportavam os jovens.   A parte de fazer isso para a moda, fotografava as pessoas como tinha feito em NYC, logo tinha uma boa coleção para apresentar em alguma galeria.

Bill, estava sempre com Brandon, este confessou que sempre tinha estado apaixonado por ele, com esses cabelos vermelhos.  Muita gente pensava que ele pintava, lhe paravam na rua, para alguma fotografia.

Um dia estavam sentados os três num café, um homem se aproximou, perguntou se Bill, não gostaria de fazer prova para um filme, se tratava de um personagem que imediatamente lhe apaixonou, Van Gogh, por causa dos cabelos vermelhos, se tratava de uma época que tinha estado em Paris.   O homem olhou Mariah, tinha coincidido com ela em Jacarta, quando fazia um filme por lá.   Perguntou se não queria vir fazer a fotografia do filme.

Foi o mesmo que abrir novas portas, janelas para um mundo novo.  O diretor ficou encantado com Bill, que leu tudo que lhe caiu nas mãos sobre esse período da vida de Van Gogh, bem como sua personalidade.  Abordava com certa cautela, sua vida gay.

Já para Mariah, foi como descobrir um mundo novo.  Nem tinham acabado o filme, lhe chamaram para outro, mal tinha tempo para pintar.  Ao mesmo o diretor conseguiu uma super galeria para Mariah, expor suas fotos de jovens do mundo inteiro.

Quem ficou com ciúmes foi o Brandon, pois mal tinham tempo para ele.

Quando o filme estreou, aí a porca torceu o rabo, pois entrevistas, jornais, televisão, foi o ponto final no relacionamento, era possessivo.

Eles ao contrário, estavam vivendo em outro mundo.  Mas uma coisa combinaram, nada de ceder a drogas.  Justo nesse momento que entravam nesse mundo, dois jovens atores morreram de sobre dose de alguma merda que consumiam.

Bill aceitou a fazer um filme que quando leu o roteiro, chorou muito, falava justamente de um jovem que entra para a marinha, como é bonito, logo é abusado por outro marinheiro, em grau superior, o levando a desgraça.

Foi um filme emocional, pois se fez pensando em seu amigo, como ele era.

Acabou ganhando um César o grande prêmio do cinema francês.  Logo era chamado para fazer filmes na Inglaterra, bem como nos Estados Unidos.  Não parou mais.   Mas quando estava em NYC, sempre ficava na casa da Rosemary, está dizia que nem se atrevesse ficar num hotel cinco estrelas, na verdade ficava para estar junto da mãe.

Numa entrevista que tinha num canal de televisão, sua mãe estava na plateia, o apresentador a viu, pediu que subisse para estar ao lado dele na entrevista.   Foi convidada para fazer um filme com ele no Canadá, justo no papel de sua mãe, mas ao contrário do que ela era. Uma mãe possessiva.   Logo a chamaram para uma série.

Ela ria muito dizendo que quando jovem sonhava em ser artista de cinema, mas nunca tive oportunidade.

Seu irmão apareceu, talvez para tentar algo junto deles, mas não colou, Bill foi para Paris, fazer um filme, sua mãe, para Hollywood fazer um filme de cowboy, em que fazia o papel da dona de um bordel.

Mariah, concorria agora a um César pela fotografia de um filme que tinha feito, sua avó vivia reclamando que só sabia dela por telefone, pelas revistas, nada mais.

Todos se reuniram quando Rosemary morreu, deixou tudo para sua neta, foi uma cerimônia emotiva, pois apareceu muita gente que ela tinha ajudado.  Muitos quiseram falar na cerimônia, foi emocionante.

Joe, justamente era o que mais sentia, pois estava muito unido a mãe.  Falou diante de todo mundo, que ela tinha dado um empurrão na sua vida, não só o acolhendo quando necessitou, mas cuidando de sua filha, hoje uma mulher famosa.  Relembrou o dia que lhe disse que ia viver com Boris, o que tinha falado a respeito.

Bill, contou como foi ter chegado a NYC, sem conhecer ninguém, de como tinha sido com ele, os anos seguinte.

Sua morte como que significou que todos perdiam seu pouso em NYC, atualmente Bill, trabalhava mais em Paris, agora tinha um bom studio, quando não estava pintando, estava fazendo algum filme. Foi chamado para uma série policial francesa, em que o personagem tinha os cabelos como ele.   O interessante era que lhe apareciam agora fios brancos.   Nesta filmagem conheceu um figurinista já famoso por outros filmes, sem saber como fizeram primeiro amizade, depois iniciaram um romance.   A série durou 7 anos, o que lhe permitiu compaginar com sua pintura, uma exposição por ano.   Mariah, sempre estava com ele, se tinha realmente transformado amigos de toda a vida.

Anos depois como cada vez mais trabalhava na França, recebeu Legión de Honor do governo francês.   Era considerado um ator querido do público, não só seus filmes ou séries faziam sucesso, bem como suas exposições, muita gente pensava que tinha começado a pintura depois de ser famoso como ator, sempre estava explicando isso.

Os dois tinham encontrado na França seu pouso, Joe quando vinha com Boris, comentava que eles passavam por franceses o tempo todo.  Que sair com Bill as vezes era complicado, pois principalmente os turistas vinham lhe pedir autógrafos.   Ele de um rapaz fechado, tinha se transformado em uma pessoa afável.

Mariah sempre se lembrava de quando tinha ido ao aeroporto para lhe esperar, o que tinha pensado o caminho inteiro, nunca tinha imaginado que ao conhece-lo minha vida ia tomar um rumo, pois estava era preocupada com o que ia fazer justamente dela.

Reclamava sempre que o tempo passava rápido, quando o pai lhe cobrava que tivesse um romance ou algo parecido.  Dizia que seguia os conselhos de sua avô que isso de viver junto, acordar junto, com os anos era completamente aborrecido.

Seu pai, bem como Bill, Boris discordavam, mas ela preferia isso.  A muitos anos, tinha comprado um casa em Saint-Malo, na Bretagne que era seu refúgio predileto.

Bill ao contrário, ia visita-la, mas logo sentia falta de Paris.  Ali era seu mundo, nunca tinha de jovem pensado nisso, sempre tinha sonhado com NYC, veja como as coisas mudam, não podia pensar em estar em outro lugar.

Mesmo quando estavam longe um do outro se falavam todos os dias.  Joe comentava, que lastima que entre esses dois não tivesse surgido nada mais além da amizade profunda que os unia.