HOOP
VAN VALK
Como podia um índio
americano, ter um nome como esse, se ria sempre quando comentavam isso, mas
entendia a confusão, pois era diferente dos demais. A um ponto que seu avô que era um homem sábio
o mandou estudar fora para escapar do bullying da reserva indígena.
Sentou-se com ele
nos joelhos, era um homem imenso, de quase dois metros de altura, forte como um
touro. Sorriu triste, sinto que me
arrancam o coração, mas para teu bem, quero que sejas forte, iras para Saint
Paul, na casa de uns holandeses, vais estudar lá. Aqui nunca te deixaram em paz.
Lhe contou por
quê. Teu pai era um tonto, desde
criança, quis ser cowboy, estar nos rodeios, como isso fosse a coisa mais
importante do mundo. Era alto como eu,
como um dia serás tu, moreno do sol, com uns cabelos negros como de uma
águia. Seus olhos fascinavam as garotas
desprevenidas. Conheceu tua mãe,
justamente em Saint Paul, numa feira agrícola aonde se apresentava com um grupo
de rodeio. Ele fazia a cavalo, o que
faziam os antigos índios, saltando de um lado a outro. Uma jovem holandesa que estava aqui
estudando, ficou fascinada com ele, caiu na conversa dele. Um dia apareceu aqui contigo, não podia
voltar a Holanda, com uma criança nos braços, já que a esperavam para um
casamento combinado de duas famílias ricas.
Me pareceu uma
jovem fria, pois te colocou nos meus braços, sequer sorriu ou te fez um afago,
virou as costas se foi. Tampouco
perguntou pelo teu pai, que no momento estava no Texas, eu ao contrário me
apaixonei por ti no mesmo momento. Já
tinha te visto nos meus sonhos.
Teu pai como apareceu,
sorriu, te pegou nos braços, fez um afago, em seguida passou para os braços da
senhora que te amamentava, no dia seguinte desapareceu novamente. Nunca mais o vi.
Eres diferente
dos demais, tens os olhos azuis, teus cabelos são castanhos, quase loiros,
então para os outros garotos não eres daqui.
Seu avô vinha
vê-lo toda semana, enquanto teve saúde, quando fez 20 anos, teve um derrame,
agora era ele quem ia visita-lo. Sem se
importar com o que diziam os demais.
Assumia que era diferente, mas também agora tinha dois metros de altura,
os cabelos cortados rente a cabeça, estudava direito, com uma bolsa de estudos
de atletismo, bem como por suas boas notas.
Acabou a
universidade, semanas depois seu avô já muito frágil morreu, mas ele estava ali
ao seu lado segurando sua mão. Lhe
disse baixinho, nunca deixe teu filho desatendido.
Na hora pensou
que o avô estava delirando, pois era assumidamente gay. Acompanhou todo o ritual de seu enterramento,
foi como ele queria. Muitos cânticos na
língua ancestral. Ele se comoveu muito
com isso.
Mas tinha um
problema com empregos, primeiro olhavam o seu nome, tão holandês, depois viam
que só constava o nome do seu pai no registro, nunca o de sua mãe, que nem ele
sabia como chamava.
Ficava um tempo,
como ajudante, logo encontravam uma maneira de o colocarem na rua, o jeito foi
entrar para a polícia. Tinha corpo,
falava línguas, inclusive a de sua tribo, isso lhe facilitava, logo era
inspetor, tinha um excelente raciocínio, bem como sentido de observação. As vezes saia para beber, caiu na mesma
esparrela de seu pai, conheceu uma garota linda, loira, fez sexo com ela uma só
vez. Em seguida apareceu grávida. Ficou vivendo com ele, mas sentia falta da
Holanda. Quando seu filho nasceu, lhe
deu o mesmo nome, mas desta vez a criança tinha o nome do pai e da mãe. Nunca se casaram, mas ela não perdoava seus
deslizes com outros homens. Um dia
anunciou que tinha falado com um advogado, tinha direito a ir embora com seu
filho. Ele não teve jeito, adorava o
garoto, mas abriu mão. Agora todas as
férias ia até lá para ver, passar uns dias com ele. Ela se casou com um homem rico, que queria
adotar seu filho, isso ele se recusou.
Agora trabalhava
com o Governador, que tinha sido um companheiro de universidade. Quando esse fez uma viagem a Holanda, ele foi
junto, assim poderia ver seu filho. Se
escreviam sempre, nada de e-mails, o Hope, não Hoop, como lhe chamava, era
muito inteligente. Faria agora 15
anos. Quando o viu, quase de seu
tamanho, tinha esticado muito no último ano, ficou emocionado. O apertou contra o peito, era muito parecido
com ele, a grande diferença era, que tinha os cabelos loiros.
De noite no hotel
numa conversa franca, perguntou ao pai, porque não ficava, queria viver com
ele, o conhecer. Estava farto da vida
que levava com sua mãe, o marido desta era o mais superficial possível. Viviam de festa em festa, o queriam mandar
para um internato.
Falou com seu
chefe o governador de Minnesota que acompanhava, esse lhe conseguiu que como a
mãe holandesa, além de seu filho, um emprego como policial, mas logo se
destacou, o duro foi conseguir que seu filho viesse viver com ele. Mas o garoto falou seriamente com o juiz,
estava farto da vida que levava, tudo é supérfluo, quero ter os pés na terra,
como meus ancestrais índios. O juiz
lhe concedeu a custódia do garoto, mas teriam que se apresentar a cada seis
meses, com as notas do colégio.
Hope, não só teve
que se adaptar ao novo colégio, bem como ao apartamento que iriam viver, era
pequeno em comparação com a casa que vivia antes, ria dizendo aos seus colegas
que o apartamento inteiro, cabia no seu antigo quarto. Mas estava feliz. Seu pai lhe ensinava a língua da tribo a qual
pertencia.
Os dois juntos na
rua chamavam atenção, eram super parecidos, altura, maneira de andar, de
sorrir. Um dia foram parados na rua,
queriam que posassem para uma revista de moda, Hoop disse que era policial,
tinha que pedir licença, falou com os superiores, lhe permitiram, comentou com
o juiz, esse riu, realmente juntos vocês formam um par incrível.
Os dois posaram
lado a lado, para uma coleção. Hoop não
aparentava a idade que tinha, logo foram chamados para fazer um filme, Hope
fazendo de jovem ele de mais velho.
Logo apareceu outro contrato, para um filme aonde faziam pai e filho. A mãe não gostou muito, no fundo tinha
ciúmes, pois eram mais conhecidos do que ela.
Se o filho estava
junto, pediam autógrafos a ele, ela deixava de existir, apesar de estar na
moda, ser bonita. Um dia uma garota que
pedia autógrafo a ele, disse que poderia ter uma namorada mais jovem, que esta
estava velha. Ficou furiosa, primeiro
porque disse que era sua mãe, isso a fazia aparecer mais velha ainda.
Quando foram
chamados para um filme no Canadá, precisavam de sua autorização, se negou,
apesar do Hope estar de férias. Quem deu
a licença foi o Juiz. Depois da
filmagem, foram a Minnesota, passar uns dias com a tribo. Tinham visto os filmes que tinham feito.
Dali foi um pulo
para fazerem um filme em NYC, mas antes, respeitando a lei, foram a Amsterdam
pedir autorização ao Juiz. Seria a
última vez, pois meses depois Hope faria 18 anos.
Hoop fez seu
primeiro filme sozinho, pois seu filho tinha entrado na universidade, disse que
seu pai tinha direito a voar só.
O filme foi um
sucesso, fazia o papel de um detective baseado num livro de um escritor, era um
personagem que tinha a ver com ele, pois era rejeitado pela sua família, bem
como pela comunidade indígena, nada mais perfeito em sua vida.
O filme fez tanto
sucesso, que imaginaram transformar em série.
Com o filho vivendo com ele, seus romances era de beija flor como ele
dizia, de aventuras de uma noite. Até o
dia que Hope, apareceu com um namorado.
Ficou surpreso. Pois era um
rapaz com antepassados índios também.
Estudavam juntos, tinham planos de abrirem um escritório de
designer.
Hoop, vinha
economizando dinheiro de todos os filmes, para o futuro de seu filho, não
queria que ele passasse pelo que tinha passado.
Admirava o talento do filho, para
o desenho, era um rapaz criativo, sabia se mover nos meios de comunicação,
falava várias línguas.
Quando expuseram
seu primeiro trabalho, conseguiu que saísse publicado no Vogue, porque conhecia
o pessoal da redação, tinha posado para eles no passado. Lhes davam força, pois não tinha ficado
preso ao peso da fama de manequim, tampouco de ator.
Se viravam em
vários meios, tanto podiam fazer um cenário, como compor um figurino de um
espetáculo. Hoop estava sempre atento, falava sempre com
ele, que tivesse cuidado com as drogas.
Um dia apareceu
chorando em casa, seu namorado, estava preso, por porte de drogas, nunca
suspeitei, embora ultimamente o visse agitado demais. Não sei o que fazer?
Primeiro vamos o
ajudar a sair dessa, se podemos, segundo fale seriamente com ele. Se não consegue viver sem isso, acho melhor
voltares para casa. Até agora vocês não
abriram oficialmente uma agência. Podes
fazer isso sozinho.
O rapaz como
todos, prometeu se comportar, mas um mês depois de Hope ter voltado a viver com
o pai, apareceu morto numa sarjeta, com uma over dose.
Ele não deixou o
filho um instante sequer, aceitou fazer um filme em Paris, o levou com ele,
logo eram requisitados para trabalhar juntos.
Mas Hope não queria, conseguiu um contrato para fazer justamente o
figurino do filme que o pai fazia.
As revistas
comentavam que era impressionante, como Hoop se mantinha jovem, ele sem pensar,
tirava uma foto do avô, com 90 anos, com pouquíssimas arrugas na cara, bem como
um corpo fantástico. Na foto estava sem
camisa numa cerimônia. Ele agora
contracenava com companheiras que podiam ser sua filha.
Mas voltaram para
NYC, Hope, abriu seu escritório, seu pai fez questão de ajudar, venho
economizando a muitos anos para isso. Siga seu caminho, já sabes o que acontece
se te desvia para as drogas. Ele tinha
visto a caída do homem que tinha amado, passou a ter horror a qualquer contato
com pessoas que usavam drogas.
Hoop, conheceu um
diretor de cinema, o queria contratar para fazer um filme de conotação gay, um
professor de universidade que se apaixona por um aluno. Ele se apaixonou foi pelo diretor do filme. Começaram uma relação, nunca tinha tido
nenhuma, mas avisou, meu filho está em primeiro lugar.
Geoffrey, ou Geo
Turner, respeitava isso, em seguida rodaram um filme pesado, no meio da neve,
foi um sucesso incrível. Quando o
chamaram para dirigir um filme de cowboys, índios, ele aceitou, desde que Hoop
fizesse o papel principal. Deixou os
cabelos crescerem, brincando o chamavam de centauro, pois parecia fazer parte
do cavalo. Ao fazer esse filme, sentiu
que a partir do momento que o avô o tinha mandado estudar em Saint Paul,
perdido o elo com sua cultura. Tinha
dinheiro suficiente, comprou umas terras ao lado da reserva. A casa caia de podre, trouxe o filho para ver
como arrumar tudo.
Quando Geo Turner
foi para Hollywood fazer um filme, ele desta vez ficou, disse ao filho, creio
que ele deve seguir seu caminho, eu já percorri o meu, é hora que me reconcilie
com meu passado. As terras tinha umas
montanhas no fundo, estava pensando em criar cavalos, foi até lá, encontrou
gente de sua tribo colocando numa caverna, um morto, se lembrou que tinha vindo
trazendo seu avô. Concordou com a tribo que podiam seguir seus
ritos.
Um dia foi lá com
Hope, explicando que tinha permitido, apesar da montanha estar em suas terras
que continuassem usando para os ritos.
Ele agora tinha o
hábito de ir até lá, voltava diferente, mas não comentava com o pai o que era,
um dia foi a reserva falar com o xamã, voltou alterado.
O senhor sabia
que seu avô era xamã?
Acho que sim, nos
separamos eu era um garoto, pois ele não queria que eu sofresse o bullying dos
outros meninos da reserva. Antes de
morrer, me disse uma coisa que me impressionou, que eu cuidasse de meu filho, coisa
que não tinham feito meus pais.
Pois cada vez que
vou a caverna, os espíritos vem falar comigo, o senhor me ensinou a língua de
nossa tribo, mas a língua que falam comigo é mais antiga, como falam em minha
cabeça, entendo tudo.
Um deles que é
alto, descreveu o bisavô, sempre fica sentado ao meu lado, sou capaz de sentir
a mão dele em cima da minha. Diz que
lamenta não ter podido me esperar, mas que era muito velho. Que eu sou a reencarnação, do único xamã da
tribo, que era um garoto loiro, que tinha sido raptado dos homens brancos. Nessa noite sonhei com ele, quando os homens
brancos o recuperaram, ele não se adaptou a viver com eles, sentia que os
espíritos o chamava, veio para estas terras, se escondeu nessa caverna, até que
desistiram de procura-lo.
Aqui se assentou
depois com sua tribo. Fala em minha
cabeça, essa língua tão antiga, por exemplo está dizendo agora que não deves
misturar essa raça de cavalo, que deves procurar depois das montanhas em tuas
terras, que existem um grupo de Mustang, que deves trazer para cá, éguas, uns
quantos potros, criar uma manada tua com eles.
Te farão famosos, em especial um malhado que corre como o vento.
Reuniram mais
dois cowboys índios, sabiam aonde estava essa manada, os encurralaram numa
ravina, conseguiram fazer o que ele dizia, mas o Mustang que os velhos tinham
falado, sequer deixavam chegar perto.
Hope desceu do cavalo, deixou que a voz que falava em sua cabeça, fosse
falando com o animal, este se tornou dócil ao momento, foi seguindo Hope em seu
cavalo, até a fazenda. Tinham montado
um espaço muito grande para eles, ele primeiro o acostumou que se aproximasse
para passar uma escova, pois tinha o pelo mais largo que os outros, parecia um
gato quando ele fazia isso. Um dia Hope
de um salto, subiu ao mesmo, não precisou ser domado. Mas nenhum dos cowboys se atrevia, sequer se
aproximar, pois ele investia. Um dia um
desses índios, trouxe seu filho, um garoto de uns 12 anos, que todos diziam que
era retrasado mental. Quando viram ele
estava no cercado com o Mustang com a cabeça apoiada no seu ombro. Deram
o nome do Mustang de Happy, o garoto ficou na fazenda, no primeiro dia queria
dormir na varanda. Com muito custo Hope
o convenceu a dormir num sofá de couro do salão ao lado da lareira. Quando o inverno chegou, tinha um celeiro
grande para os Mustang, outro mais afastado para os outros cavalos. Não houve jeito, o garoto levava uma manta,
dormia ao lado do animal, quando viam pela manhã, metade da manta estava em
cima do mesmo. O pai estranhava pois o
garoto nunca tinha falado uma palavra em sua vida, agora falava a língua
ancestral com o mesmo. Hope um dia o
levou a caverna. Ele foi direto a uns
desenhos na parede, disse que tinham sido feitos por ele. Que era filho do
índio branco.
Nunca mais voltou
para a reserva. Quando lhe perguntavam o
nome, ele dizia o que tinha antes, que era difícil de falar. Acabou ficando com o nome de Appaloosa.
Depois que Hope
fez instalar uma antena, podia trabalhar desde ali, com internet, porque volta
e meia aparecia alguém com uma criança para ele olhar.
Começou a
cultivar com Appaloosa uma horta de ervas, que ele mesmo preparava coisas.
Foram a uma
encontro de tribos, levando alguns cavalos Mustang já domados para vender, pois
se reproduziam bem. Foi difícil
convencer o Appaloosa de ir, queria ficar ali com seu companheiro. Dava gosto ver os dois cavalgando pelos
campos.
O encontro foi
produtivo, mas era interessante ver o Hope, com uns cabelos imensos loiros,
presos numa trança ou duas, conversando sentados com os velhos. A maioria eram
xamã de suas tribos. Uma noite um grupo
de jovens com tapa rabos, dançavam em volta da fogueira, sem se dar conta Hope
tirou a roupa, agarrou um tapa rabos que estava por ali, soltou os cabelos,
começou a dançar, cantar com uma voz impressionante, com a cabeça jogada para
trás, os velhos diziam que ele estava falando com a lua que estava cheia. Os outros jovens primeiro ficaram parados,
mas depois se incorporaram.
Hoop já estava
novamente também com os cabelos largos, mas completamente brancos, de um canal
de televisão vieram gravar um vídeo de notícias, saiu em muitos tele jornais.
Dias depois,
recebeu uma chamada do Geoffrey, perguntando se podia ir até lá.
Aparentemente
estava mais velho do que ele. Mas foi
como reencontrar com um velho amigo.
Este pensava que
o encontro seria como reencontrar um velho amante, mas se deu mal, pois
encontrou só um amigo. Hoop já não
estava interessado.
Tinha uma espécie
de relacionamento com o pai do Appaloosa, coisas sem compromissos,
principalmente quando acampavam no campo.
Foram ficando cada vez mais próximos, até que o mesmo veio viver ali,
com a desculpa de estar perto do filho.
Os dois amavam
ficarem sentados de noite, na varanda da casa, falavam sobre cavalos, sobre as
éguas que estavam para parir, quem as apontava era Appaloosa, os cavalos vinha
comer em sua mão, os potros o seguiam como se fosse seus companheiros de jogos.
Ficaram sabendo
quem era sua mãe, uma mulher que o pai tinha conhecido de outra tribo, que
viveu só para que ele nascesse, não chorou após o parto, só foi falar quando
veio para ficar ali.
O romance dos
dois era impressionante, quando Hoop comentou com o pai, este respondeu
honestamente, o conheci quando era garoto, era um bom estudante, mas não teve
oportunidades, já amava os cavalos, como o filho. Fazer sexo com ele, é uma coisa
impressionante, pois me sinto realizado, já não posso despertar de manhã, se
ele não está na cama, nunca pensei em querer uma pessoa assim. Agora na minha velhice, tenho um companheiro
que conheci em garoto, acho isso fantástico, perguntou isso ao filho, pois
sempre o via sozinho.
Pai, pouco me
sobra de tempo, os do clã querem que eu participe das reuniões, já não me veem
como um estranho. Pois falo a língua
ancestral com os velhos, se esses me aceitam, os outros se calam. Mas a verdade nem sei por que não sinto
necessidade de ter alguém, um dia isso acontecera, já veremos.
Ele vinha
ensinando ao Appaloosa a estudar, começou quando o viu com um livro na mão
olhando os desenhos, perguntou se queria saber o que dizia as palavras. O ensinou a ler e escrever, descobriu que
tinha uma inteligência superior. O
convenceu de fazer uma prova para o situar na escola. Na escola indígena ele superava a todos. O
jeito era o levar todos os dias a Saint Paul, para ir à escola, nunca tentaram
fazer bullying com ele, por seu tamanho, sua força. Acabou indo fazer veterinária, todo mundo
ria, porque os cachorros, gatos, animais de estimação, quando o viam, corriam
para ele, como se soubesse, ele vai nos entender.
Raros era os
animais que tocava que não se curavam.
Os cavalos, isso já era normal.
Um dia um proprietário pediu que fosse ver seu cavalo. Era um negro imenso, estava deitado no chão
se negava a se levantar. Ele se deitou
ao lado do cavalo, começou a falar com ele.
Quando se
levantou, disse ao proprietário, o senhor o tem para procriar, pois foi um
cavalo de corrida, não o deixa correr livremente, seu semem pela idade já não
funciona direito, já não te dá lucros.
Então não me
serve mais.
Acabou o
vendendo, o levou para a fazenda, o soltou com o Happy, esses pareciam correr
como loucos, estavam sempre juntos.
Quando os colocavam com as éguas, as montavam como numa disputa, de quem
fazia mais. Logo a reprodução dos dois
era impressionante.
Black como o
chamava Appaloosa, voltava a se sentir vivo.
Seu antigo dono
quando soube ficou uma fera, se sentia ludibriado. Mas ele não permitia que o cavalo montasse as
éguas, simplesmente sacava seu semem.
Um dia apareceu com uma escopeta lhe deu um tiro na cabeça, Happy
reagiu lhe dando um coice na cabeça, foi uma confusão geral. Appaloosa, nada pode fazer pelo Black, ficou
ali com a cabeça do cavalo no seu colo.
O xerife quando os herdeiros reclamaram, disse que o culpado era seu
pai, pois tinha vendido o cavalo de papel passado, então não tinha direito a
mata-lo.
Se o outro cavalo
tinha reagido, era porque estava no lugar errado.
Happy agora
andava triste, até que os potros, nasceram, corriam livres com ele, todos ou
eram malhados como ele, ou meio negros como o Black.
Os velhos
escolheram Hope para ser o xamã da tribo, a partir do que lhe ensinava as
coisas, disse que não tinha mais idade.
Era ele agora que tentava segurar os jovens, orienta-los para estudarem,
que não bebesse, falava com eles sobre as drogas, que não eram outros que
traziam, mas sim alguns da tribos que iam para a cidade, se perdiam.
Quando voltaram a
reunião das tribos, pediram ao Hope para conversar com um rapaz, de outra
tribo, estava destinado a ser um xamã.
Hoop quando viu o rapaz, pensou que era uma mulher, voltou com eles no
carro sem dizer nenhuma palavra. Depois
em casa, Hope conversou com o pai, o caso era complicado, normalmente as tribos
escolhiam como chamam, um índio que não iria se casar, para dedicar-se
completamente a tribo. No caso do rapaz, ele era hermafrodita, se
conhecia muitos casos nas tribos, por os casamentos consanguíneos, na
atualidade, se tratavam, escolhiam o que gostaria de ser, mas nesse caso a
complicação era que o rapaz, dizia que tinha dias que se levantava se sentindo
homem, outros dias se sentia mulher. Não
queria se operar, mas sim seguir a tradição, ser xamã.
Hope o levou a
caverna, para ver se ele podia ver os espíritos. Nada, esses ao contrário falaram com ele,
que o levasse até uma parte aonde se via um outro enterramento, coberto com
barro. Bata no barro foi o que lhe
disseram para fazer.
O rapaz o fez,
esse se rompeu, apareceu uma figura coberta de barro, como mumificada, era o
próprio. Era hermafrodita, também, este
imediatamente pode finalmente ver espíritos.
Ficou dois dias ali acompanhado do Hope, somente bebendo água.
Agradeceu muito a
ajuda, mas tinha decidido ficar como estava, embora sofresse de vez em quando
bullying dos outros. Ficou na fazenda,
apesar do inverno, dormia no celeiro, junto com Appaloosa, no meio dos cavalos,
montava como ele a pelo, nunca usando cela.
Conversava com
Appaloosa, sobre sua situação, este disse ao Hoop, que tinha até uma certa
inveja, pois o via como uma pessoa completa, um homem e mulher ao mesmo tempo.
Agora os
acompanhava a caverna para a iniciação, quando Hope lhe perguntou, ele quis
fazer a iniciação junto. Um dia caminhando por ali, encontrou uma
entrada de outra caverna, escondida por espinheiros. Era como se ali tivesse vivido alguém
escondido muito tempo ou mesmo numa iniciação.
Os desenhos na parede contavam uma história. Hope fotografou tudo para poder analisar com
calma. Descobriu que se tratava
justamente da figura da múmia, contando sua história. Ao parecer, vinha fugindo de outra tribo,
ficou escondido anos ali na gruta, até que a tribo voltou para esse lugar, foi
durante muitos anos xamã da tribo.
Tinha morrido
justamente nessa gruta, depois levado para a outra.
O mais
interessante é que entre Appaloosa e Yupi, como se chamava o outro índio,
nasceu um relacionamento, os dois eram loucos por cavalos. Hoop nunca perguntou como faziam sexo, os
dois construíram entre eles, numa parte que lhes deu, uma casa, passaram a
viver no meio do campo, com os cavalos soltos em volta. Eram como seus guias, aonde iam, os cavalos
acompanhavam. Os da reserva, quando
tinham problemas com qualquer animal, trazia até os dois.
Hoop já estava
com quase 85 anos, quando começou a sentir os achaques da velhice, embora ainda
montasse. Agora entendia o avô, quando
o visitava na reserva. Já queria passar
mais tempo sentado da varanda, observando os outros trabalhando. Hope passava com o pai, todo tempo possível,
tinha agora como ele, seus cabelos compridos, cinzentos, o branco misturado com
o loiro. Continuava indo as reuniões
dos índios, era respeitado como um xamã especial.
Hoop morreu
sentado na varanda, vendo os cavalos correrem livremente no pasto, tinha
realizado muitas coisas na vida, se sentia tranquilo. Como tinha pedido, o ritual foi todo na
caverna, envolveram seu corpo nu em um pano fino, depois foi coberto do barro
que existia ali, vestido, deixado numa espécie de lugar cerimonial. Appaloosa com Yupi, desenharam na parede a história
de sua vida, para ser perpetuado.
Hope, anos depois
voltou a vê-lo em espírito, ficava feliz em poder falar com o pai que tanto
amava.
Seguia cuidado
dos índios da reserva, ao mesmo tempo que ajudado por Appaloosa, cuidava da
fazenda. Anos depois adotou duas crianças gêmeas, que
a mãe tinha morrido no parto, ninguém sabia quem era o pai. Como ninguém os queria, assumiu ele a
educação dos meninos.
Um tinha o nome
de seu pai, Hoop, outro o seu Hope. Se divertiam confundindo as pessoas, mas
não enganavam Appaloosa, nem ao pai.
O rebanho de
Mustang agora era grande, a grande maioria eram descendentes de Happy, bem como
de Black, até que nasceu um que era como o brinquedo dos meninos, era tão
especial como eles, tinha a metade do corpo para a cabeça branco, do meio do
corpo para traz negro, os olhos azuis quase brancos. Aonde os meninos iam, ele ia atrás.
A Hope parecia
como uma continuidade de tudo que tinha visto com os cavalos.
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