domingo, 22 de noviembre de 2020

STRUGGLE - TENTAR DURAMENTE

 

                                             STRUGGLE  

                                   TENTAR  DURAMENTE

 

Estava parado com o telefone caído ao seu lado, a voz continuava a falar, mas ele nem tinha movimentos.  As notícias não podiam ser piores.  Tinha acabado de se reincorporar para seguir trabalhando.   Era oficial com grado de capitão, cuidava de toda a enfermaria, além de ajudar nas operações.   Seu sonho seria ter sido médico, mas isso tinha sido impossível.

A notícia era que seu irmão pequeno, a quem ele tinha cuidado como seu bebê, durante sua infância, juventude, até entrar para o exército.   Sempre tinha sido complicado ele nem saberia diagnosticar porque ele era assim.  A notícia era que tinha assassinado sua tia, que basicamente os tinha criado.   Como só tinha 17 anos, estava recluído num reformatório.

Nem sabia o que fazer, se chorar, gritar ou mandar tudo a casa do caralho, sair correndo para lá. Mas claro era impossível, estava num posto avançado perto de Kandahar, era no meio do nada, tinham lhe avisado da chamada, saiu do hospital que mantinham ali, ele cuidava dos enfermeiros, que eram poucos, ajudava os médicos, fazia das tripas coração, por aqueles garotos que deviam estar fazendo surf, ou trabalhando no campo com sua família.

Sentiu o chão tremer, estavam sendo atacados, ele estava sem proteção nenhuma, correu para se abrigar, mais por instinto que outra coisa.   Por ele ficaria ali parado, para ver se uma bomba o livrava do peso de tudo isso que vinha acontecendo desde que se entendia por gente, o que tinha sido muito cedo.

Se sentiu atingido por algum estilhaço, passou a mão na cara, tirou o sangue, se encolheu o mais que pode, grudado a um container, como para proteger-se.  Depois de três novas explosões, sentiu uma dor no quadril imensa, queria gritar, já nem sabia se pela notícia, ou se pela dor.

Tentou mover-se, mas ao se virar, a dor era insuportável.  Puta que pariu, pensou, mais essa agora.  Nesse momento um enfermeiro novo, com os olhos arregalados, chegou perto dele, disse que encontrasse alguém com uma maca, que estava ferido, o rapaz olhava para ele como se não entendesse.   Fez uma coisa que fazia, batia palmas a centímetros da cara do enfermeiro, como se o tivesse pegando, mas o ruído, fazia com que as pessoas atendessem.

A médica, que o atendeu, só lhe perguntou o que estava fazendo lá fora sem proteção?

Honestamente, disse, antes dessa merda, tinha acabado de receber uma péssima notícia, creio que fiquei parado sem saber o que fazer, quando começou o bombardeio, me refugiei perto de um container.   Eles usavam container que vinham com produtos, para fazer uma barreira em volta do hospital de campanha.

Enquanto um lhe dava pontos no da cara, ela cortava suas calças, para fazerem um scanners, ei cuidado, essas calças são novas.

Quer dizer eram novas, estão boas para se atirar no lixo.  Mandou que uma enfermeira, recolhesse tudo que estava ali nos bolsos, o que era pouca coisa.  Foi fazendo o scanner, ele pediu para ir vendo junto.    Puta merda pensou, os troços de bomba que voaram, tinha estilhaçado totalmente o quadril, a coisa agora era parar a hemorragia, manda-lo para um hospital maior, aonde teriam que lhe colocar uma prótese de cadeira.

Isso sem querer fazia com que voltasse para casa.   Não conseguia tirar o irmão da cabeça, se estava nervoso não aparamentava, sempre tinha sido assim, tinha que tomar decisões.

A médica disse que o principal, era ir para um hospital maior, pois aqui será impossível te operar, corres o risco de perder a perna.    Avisaram que um helicóptero estava para sair, saíram arrastando a maca até o helicóptero,  lhe pediu que não lhe desse morfina, ele aguentava.   Sempre tinha se negado a isso, sabia que tudo era um problema, depois se ficava viciado, ele precisava de sua cabeça funcionando.

Quando o desembarcaram no hospital maior, foi direto para cirurgia.   A médica era muito boa, levou horas operando, as fazer além da prótese, arrumar o que tinha acontecido com a perna era difícil.

Brincando com ele disse, pelo menos vai para casa, a mim me toca pelo menos mais 365 dias.

Ele pensou, nem sei se preferia ficar aqui, do que ter que enfrentar a situação.

Na sua última licença, quando foi a casa, o irmão ao contrário de o receber bem, lhe deu um murro dizendo, me abandonaste outra vez.   Isso não se faz.

Ele tinha sido mãe e pai do irmão.   Era uma larga história.

Sua mãe, bem como seu pai, eram dois desajustados da vida.   Primeiro se juntaram, tinha nascido sua irmã mais velho, depois ele, depois teve uns quantos abortos, mais tarde viria a saber que tinham sido provocados por ela.  Depois dele, tinha mais cinco, contando com o pequeno.  Ele achava que tinha tido mais abortos pelo meio do caminho.  Pois sempre se recordava dela, com a barriga de gravida.

Era uma lastima, com 45 anos, parecia uma velha de 70, o trabalho duro do campo, os problemas, muitos filhos, ela tinha que se virar para colocar comida em casa, seu pai era muito desajeitado para as coisas da vida.   Sua tia sempre dizia que a ele lhe faltava um parafuso.

Agora pensando bem, tinha que ter tido abortos no meio de tanto filhos, pois mal paria um já estava outra vez com barriga.

Claro não parava de trabalhar no campo.   Quando resolveram viver juntos, ela com sua tia, tinham uma boa fazenda, minha tia comprou a parte dela, pois não queria que a irmã se casasse com esse idiota como ela dizia.   Foi a sorte dela, manteve o patrimônio intacto.

Quando meu irmão nasceu eu tinha uns 12 anos, estava no campo ajudando a recolher batatas, o chão estava duro da neve do dia anterior.  Tudo isso me fez ficar com os músculos que tenho hoje.   Ela começou a gritar que a criança não parava de dar patadas muito fortes, eu gritei ao meu pai para ir buscar a caminhonete que se caia aos pedaços, tínhamos que ir ao hospital, ele fez uma coisa comum nele, ficar olhando parado, com os olhos bem abertos, que depois vi muitas vezes com o pessoal que andava nas drogas.

Só havia uma maneira de desperta-lo, tinha visto minha mãe fazer isso, lhe deu um tapa tão forte na cara, que se tocou, que está acontecendo perguntou.    Gritei que tínhamos que levar minha mãe para o hospital.     Tive que fazer força para a colocar na cabine da caminhonete, ele nem se mexeu de seu lugar, lá estava outra vez estático.

Lhe empurrei para o lado, assumi o mando da mesma, mal entramos na cidade, nos parou uma patrulha, lhe disse que tinha que levar minha mãe para o hospital, o policial quando olho, viu que estava se esvaindo em sangue.

Quando chegamos foi direta para a sala de cirurgia.   A médica depois me disse que nunca tinha visto uma coisa igual, o bebê, tinha dado tantas patadas, que tinha arrebentado a placenta.

Tiveram que fazer uma Cesária porque ela não tinha dilatação nenhuma, ela morreu na mesa de operações, pois tinha sangrado demais,  além de ter alguma coisa errada, se descobriu que tinha um câncer enorme nos rins.

Minha tia chegou como uma fera, entre os dentes, dizia esse filho da puta, só pensa em fazer filhos, porque não usa camisinha.   Tinha falado com a irmã muito disso, eu sabia por que escutava as conversas.

Minha irmã mais velha, já vivia um tempo com ela, pois alegava que meu pai, queria abusar dela.  Até eu acreditava nisso.   Era normal vê-lo no campo, apoiado numa enxada, com o caralho fora das calças se masturbando.

Pegou o bebê que não parava de chorar, o que fazia com que os outros pequenos chorassem também, o jeito foi colocá-lo nos meus braços, imediatamente parou de chorar, em seguida procurava meu peito querendo mamar.   Eu tive que rir, garoto lhe disse, não sou mulher, tampouco tenho peito.

Uma enfermeira me ensinou a lhe dar leite que usavam no hospital.  Mas quando o tentavam tirar dos meus braços, ele chorava.  Pensei com 12 anos, virei mulher, tenho um filho.

Os maiores voltamos com meu pai, para ajudar no seu campo, os pequenos ficaram com minha tia.  Dois dias depois me chamou, era impossível fazer o pequeno se calar, só fica quieto quando escuta tua voz.

Ela o trouxe, eu andava com ele, como tinha visto minha mãe andar com os outros quando pequeno, ia como que acoplado ao meu corpo.  Por causa dele, aprendi a dormir sem me mover na cama, pois se não ficava ao meu lado, não dormia, chorava.

Eu tinha que fazer de tudo, abandonei a escola, seguia estudando em casa de noite, consegui os livros de uns conhecidos que estavam um ano na minha frente.    Um deles quando me veio trazer os livros, me viu com o pequeno, grudado no meu peito.

Assim me caso contigo, me disse, pode ser que daqui algum tempo possas amamentar também.

Anos mais tarde tivemos uma aventura, uma das coisas que gostava de fazer, me dava um prazer imenso era mamar meus mamilos.   Dizia que tinha vontade disse desde aquela época, mas no mais quando agarrava meu caralho, não o soltava.

Nessa época eu tinha 1,90 metros de altura, ele também.

Meu dia, era levantar de madrugada, tirar leite da vaca que minha tia tinha nos dado, fazer um barulho incrível, para meu pai se levantar da cama, pois por ele era capaz de ficar o dia inteiro sem fazer nada.

Arrumava meus irmão para irem a escola, os acompanhava até próximo aonde passava o ônibus, não me aproximava muito senão tinha que aguentar a gozação de todo mundo, por ter meu irmão grudado comigo.

Eu tinha uns 16 para 17 anos, ele ainda teimava que tinha que dormir comigo.  Mas tinha aprendido a lidar com ele, lhe falava seriamente olhando seus olhos.  Mas algumas noites despertavam com ele se ajeitando ao meu lado.

Com essa idade, basicamente fazia tudo da fazenda, arava, semeava milho, batatas, a maioria para nosso consumo.  Tudo era a base de batata, sobras de milho, minha tia algumas vezes trazia carne, mas preferia que os meninos se alimentassem.    Meu pai estava cada vez, mais no seu mundo.    As vezes tinha que brigar com ele, pois andava nu pela casa, eu lhe dizia das meninas, me respondia mal, um dia elas terão alguém lhe enfiando um pelo meio das pernas.

Falei com minha tia, ela levou as meninas para viver com ela.  Nem sei o que faria se não fosse ela. 

Um dia apareceu um homem com um carabina, só tive tempo de chamar o xerife, queria matar meu pai, ele nem se deu conta, estava como sempre parado no meio do campo, com os braços apoiado na sua enxada, não era com ele.

Quando chegou a polícia, o levou, o homem alegava que tinha feito sexo com sua filha.

Depois a garota se desculpou, tinha usado o nome do meu pai, pois ele as vezes ficava parado na beira da estrada com o piru para fora.

Nessa época apareceu uma fábrica, que antes comprava de todos da região o milho que plantavam, bem como tomates.     Resolveram eles mesmo ganhar mais dinheiro.  Foram comprando as terras.

Meu pai foi o primeiro a vender, nos levou a casa de minha tia, lhe deu uma parte do dinheiro, o resto embolsou, disse que não  sabia cuidar de crianças.   Me apontou, quem faz isso é ele, assim vai acabar virando gay.   Eu vou tentar seguir a vida, não posso

O campo de minha tia era mais próximo a cidade, além de que ela tinha empregados. Assim pude fazer os exames dos anos letivos anteriores, os professore ficaram impressionados, pois estudando sozinho, era melhor que os outros alunos.

Um dia caminhado para casa, vi no meio do um bosque que fazia divisa das propriedades, um bando de aves, entrei pelo bosque para ver que animal estava ferido.

Nada, se via um homem, quando me aproximei, vi que era meu pai, tinham lhe cortado a jugular, mas os pássaros pelo tempo que ele devia estar ali, já tinham comido os olhos, as orelhas, o reconheci mais pela roupa que usava.    Deviam fazer mais de três semanas que nos tinha deixado.   Examinei com cuidado suas roupas, para saber se era um roubo, nada seu dinheiro estava ali, o meti na mochila, o resto deixei como estava.

Corri até em casa, chamei a polícia, Tamar, como se chamava meu irmão, estava rindo, lhe perguntei de que ria, ele com seus sete anos de idade, disse que tinha menos um filho da puta no mundo.

Aquilo foi um escândalo, eu peguei todo o dinheiro que ele tinha, guardei numa lata, enterrei bem longe da casa.  Assim teria um dinheiro de emergência.

Minha tia foi uma das últimas a vender a propriedade, pois sabia quanto valiam suas terras, de todas era a mais produtiva, conseguiu um bom dinheiro com ela.  Nos mudamos para a cidade.

Eu agora, era o cabeça de família, minha irmã mais velha nunca se interessou pelos outros, o primeiro que fez, era uma boa aluna, diga-se de passagem, foi conseguir uma bolsa para ir a Universidade, minha tia lhe deu dinheiro.  Foi como se tivesse desaparecido no mapa.

Minha tia arrumou um emprego na fábrica, eu também, um dia o chefe dos mecânicos me viu arrumando uma máquina que estava operando.   Me perguntou por que o fazia.

Lhe respondi que até que aparecesse os mecânicos, demorava muito, isso é coisa simples, lhe mostrei que sempre tinha ao meu lado, algumas ferramentas.   Essa engrenagem está mal montada, lhe mostrei aonde estava o defeito, pelo menos umas duas vezes por semana para.

Mas para consertar, teríamos que parar esse lado da produção remontar tudo.

Ficou me olhando, rindo, Ok, vamos fazer isso no final de semana, quer ganhar uns extras?

Claro fui trabalhar.  Apesar da birra do Tamar, a quem tinha prometido jogar bola.

O meu salário ia todo para o banco, por se acaso eu tivesse oportunidade de ir à universidade, não sabia como.  Fui aproveitando disfarçadamente, fui depositando o dinheiro que estava com meu pai.  Depositava todas as horas extras que fazia, carros que consertava.  Estava sempre por alguma coisa extra.

Nessa época o Tamar começou a me seguir por todas as partes, parecia um cachorro que não sabe o que fazer sem o dono.    O deixava na escola, nem uma hora depois, estava me espiando trabalhar em algum carro dos chefes ou consertando alguma máquina.   Não adiantava brigar com ele, dizia que as aulas era uma merda, que não conseguia aprender nada.

Por duas vezes o vi como uma navalha, a retirava de suas posses, lá estava ele outra vez com uma.

O meu chefe, me disse, porque não entras para o exército, diz que queres estudar, vou te indicar ao meu irmão, ver o que ele pode fazer por ti.  Tive que fazer tudo escondido, pois já imaginava o escândalo do garoto.

Resultado entrei, direto para um curso de enfermagem do exército, me saia bem, bastava olhar para aprender, mas ir embora foi um drama.    Tamar aprontou um escândalo monumental, um dia vou ter que te matar me disse, porque estas sempre tentando escapar de mim.   Ficou dois dias desaparecido.

Eu de certa maneira, gostei de me livrar dele, me sentia sempre na obrigação de protege-lo, mas claro isso tinha um preço, não vivia a minha vida.

Estava sempre falando com minha tia, que reclamava dele, que era difícil, que agora desaparecia um dia ou dois, quando voltava ria muito.   Na primeira oportunidade, fui passar uma semana em casa, quando fui me arrumar para ir embora, meu macuto tinha desaparecido, o fui encontrar atrás da casa enterrado.   Na sua cabeça ele achava que sem isso, não ia me deixar voltar.

Uma das últimas noites estava dormindo, ele se deitou ao meu lado, começo a segurar meu caralho, levei um susto de fazer gosto.   O que estas fazendo?

Alguma coisa para que me queiras. 

Fiquei uma fera com ele, disse que isso não se fazia, tocar o sexo do irmão.

Caramba pensei que assim ias me querer para sempre, mencionou o colega da escola, nos tinha visto fazendo sexo.   Hoje penso que sorte que a família dele foi embora, pois Tamar poderia ter feito alguma coisa.

Fui em outra missão, fiquei dois anos fora, quando voltei, minha tia tinha envelhecido, meus outros irmão, cada um para um lado, não aguentam conviver com Tamar.  Ele está cada vez mais complicado, não tem nenhum amigo ou conhecido, vive vagabundeando pelas ruas, ou mesmo desaparece nos bosques. 

Como da outra vez, só se aproximou dois dias depois, como se estivesse se acostumando comigo, tentei conversar com ele, mas era quase impossível, me ficava escutando olhando nos meus olhos, era como se o tempo tivesse parado, não dizia nenhuma palavra, em seguida se levantava ia embora.    Comecei a segui-lo, vi que tinha construído um barracão , num dos bosques mais frondosos que tinha em volta da cidade, falei isso para o xerife.

Minha tia confessou que já não aguentava mais, que tinha pensado em interna-lo, mas nenhuma escola o tinha aceitado, pois as anotações dos professores eram, difícil aprendizagem, agressividade, quando viam isso as escolas internas não queriam.

Agora, passa quase o tempo todo fora, vai em casa só para roubar mantimentos, tenho feito uma coisa, todo o dinheiro da minha conta, transferi para a tua, assim se me pede dinheiro tenho pouca coisa na minha conta.     

A tempos perguntou aonde era que estava, quando lhe expliquei que estavas na guerra, me olhou fixamente, então esta matando, lhe disse que não, que eras enfermeiro, que cuidava das pessoas.   Ficou decepcionado, errei, pensei que matava, é mais interessante.

Não era tonto, pois quando tentei me aproximar da cabana, estava a vários metros protegida por uma série de obstáculos, feito por ele, inclusive, com artefatos de caça que deve ter encontrado pelo bosque.

Fiquei observando o espaço que existia, era como se o barracão fosse um castelo, estava mais elevado, dali ele podia observar quem se aproximava.

Fiquei tentado a descobrir o que lhe ia pela cabeça, mas falar com ele, era como se dirigir a um muro de pedra, podias falar, perguntar, argumentar, a cara ficava imutável. Nenhum musculo, nada, somente os olhos fixo em ti, esperando talvez um descuido ou uma fraqueza.

Tentei reunir meus irmão para conversar, era a mesma coisa, você nos abandonou, se enganavam eu mandava dinheiro para que minha tia cuidasse deles.  Pois nenhum deles trabalhou até sair ou escapar de casa.

Quando argumentei isso, se lhes tinha faltado de algo, comida, roupas. 

Não faltou nada, o que faltou era que nos protegesse de Tamar.  

Nunca entendi por que meu pai escolheu esse nome para ele.  Eu o achava horrível.

Tive que partir, podia dizer o dever me chama, mas o mais certo seria, uma maneira de escapar dos problemas, que me acompanharam.  Todo o tempo que estava livre, estava ruminando como resolver o problema.   Conversei com médicos, com psicólogos, todos me diziam que se seu comportamento tinha sido sempre diferente porque nunca tinha ido fazer exames.

Lhes disse que os exames nunca deram nada, inclusive os scanners de cérebro, não aparecia nada diferente.

Foi quando me chamaram ao telefone, foi tudo como uma grande tormenta, aonde acontece tudo ao mesmo tempo.

Do hospital chamei a irmã, com quem tinha feito contato, me disse que a vila inteira tinha ido ao enterro da tia, que a cena do que tinha acontecido, tinha perturbado todo mundo.  O que impressionou aos policiais, foi a tranquilidade com que ele cortou sua jugular, porque se negou a dar-lhe dinheiro, ninguém sabe como estava consumindo drogas.

Mesmo sendo magro como era, mais baixo que a maioria de nós, derrubou 10 policiais que tentavam segura-lo.   Ninguém sabia de aonde vinha essa força.

Quando por fim consegui andar novamente, tinham me transladado a um hospital na Alemanha, aonde me recuperei.   Andava agora com um simples bastão, me iriam transladar para trabalhar no hospital de San Francisco.   Não queria deixar o exército.

Quando o fui visitar, me olhou primeiro, examinado minha cara, ficou olhando fixo para minha cicatriz, o que soltou em seguida me deixou frio.   Vê o que dá, em tentar ajudar as pessoas, em vez de mata-las.

Tentei conversar com ele, porque tinha feito essa maldade com minha tia. 

Ela não queria que eu fosse te procurar, iria para matar aos que te perseguem na guerra, mas me disse que eu era menor de idade, mais fraco, provei para ela que posso matar qualquer pessoa.   Não tinha como argumentar, que ele sempre repetia o mesmo, como um mantra.

Quando fez dezoito anos, tinha uma condena de 20 anos, tentei de todos os meios que não fosse para uma prisão normal, mas seu comportamento no reformatório não ajudou.  Era violente com qualquer um que se aproximasse dele.

Os que tentaram abusar dele, por aparentemente ser mais frágil, saíram mal parados, pelos menos dois deles foram parar na enfermaria.

Era como se fosse ele contra o mundo.

No segundo dia no presidio, fui vê-lo, teria que me apresentar em San Francisco, aonde ia trabalhar.  Me olhou de cima a baixo, quando me viu com um bastão para andar, me chamou de aleijado, ficou rindo, me disse que o grande senhor da justiça tinha caído do pedestal.

Lhe perguntei que pedestal era esse. 

Me olhou friamente, você sempre cuidou de todos enquanto pode, achavam que essa era sua obrigação, mas não era, o velho, aquele filho da puta, bem como nossa irmã mais velha que desapareceu, escaparam de suas responsabilidades, jogaram tudo nas suas costas.  Você foi para o exército, para que todos fossem a universidade.   Os que foram, nunca mais voltaram pois seguiram suas vidas longe, para trás só fiquei eu, com a velha tia.   Temos que pensar, que ela não construiu uma família própria, porque tinha a da sua irmã para cuidar.

Isso a transformava numa mulher infeliz.  Não entendia por que eu precisava de ti.  Às vezes me dizia, deixe teu irmão em paz, está dando duro, para que teus irmão possam ir a universidade.  

Quando me dizia que estavas salvado vidas ao mesmo tempo que trabalhava, eu lhe dizia que devia deixar morrer, que sua obrigação era comigo.   Me tinha deixado viver, quando eu deveria ter morrido com nossa mãe.

Contei para ela, que o garoto chupava teus peitos, quando devia ser eu a fazer isso, que não me permitias ter sexo contigo.   Ficou horrorizada, como eu podia falar isso de ti, falou que desde o primeiro momento, tu tinhas cuidado de mim.  Mil coisas, queria me confundir.

Por isso a matei, pelo menos nunca mais escutarei sua voz me perguntando, porque fazes isso.

Sai do presidio arrasado, era como se ele não tivesse malicia no que fazia.  Falei com o xerife, que fosse ao Bosque, procurasse por lá, existia uma zona estranha por detrás da cabana.

Dias depois me chamou a San Francisco, sua tia não foi a primeira pessoa que ele matou, encontramos ali atrás aonde disseste, pelo menos cinco tumbas, homens, mulheres, que não sabemos quem seja, além de animais que ele deve ter matado.

Quando me contou tudo isso, tive sorte de estar sentado, será que tinha sido ele que tinha matado meu pai.  Era impossível, era muito pequeno para isso.  Só me lembrava que quando o velho tinha vindo ele estava com uma roupa, depois nunca mais encontrei essa roupa.

O xerife tinha sempre pensado que tinha sido um assalto que saiu mal, pois tinham lhe cortado a garganta, não como uma pessoa que vem por detrás, mas sim pela frente.

Aproveitei que tinha que fazer um exame para estudar medicina, era uma convalidação de enfermagem, em que não precisava fazer todas as matérias.

Fui ao presidio, estava na solitária, por ter agredido um guarda que o chamou de carne fresca no pedaço.

Fiz meu exame, menos mal que tinha tido sempre a capacidade de isolar os problemas numa parte da minha cabeça, para poder trabalhar, ou para qualquer outra coisa, depois podia tornar a raciocinar sobre o assunto.

Fui falar com um psicólogo clínico, a respeito.  Ou ele tem uma distorção da realidade muito grande, alguns filhos pensam assim, como a mãe os cuida desde pequenos, pensam que a mesma seja sua propriedade, que tem obrigação de fazer isso.

Disse que de posse de seus scanners iria falar com médicos a respeito.

Finalmente consegui falar com ele.  Desta vez o enfrentei da mesma maneira que ele fazia comigo.   Me conta como mataste nosso pai.  

Ficou me olhando entre surpreso, sorriu, era algo demoníaco.  Imagina, ele foi embora, para refazer sua vida, muito contente, passei pela cozinha, peguei uma faca que usavas muito afiada, a que me vivias dizendo, nunca pegue esse faca, corta muito.   Fui atrás dele, quando o alcancei, pois tinha se sentado como sempre fazia, para ficar quieto, alisando seu membro, lembra quando fazia isso no campo, podia ficar horas parado, com o queixo em cima da enxada, passando a mão pelo seu sexo.  Assim estava, quando me viu, sorriu,

Ah, estas aqui, queres ir embora comigo, meu pequeno.  O deixei me abraçar, então me empurrei para trás, com todas as forças, lhe enfiei a faca na garganta, começou a se engasgar com o sangue, quando caiu para trás, me soltou, ai lhe cortei o pescoço, como te vi fazer tantas vezes com as galinhas.

Eu devia estar de boca aberta, pois nessa época, ele era uma criança.  Tentava fazer cálculos qual era sua idade nessa época.   Riu dizendo, você nunca entenderá, pois desde pequeno eu pensava, me lembro de quando queria chupar teu peito, mesmo sabendo que ali não tinha leite.

Que isso te fazia graça, por isso tentava, das noites que dormia contigo, me sentia protegido, em que ninguém podia tirar você de mim.   Eras meu, só meu, assim seria a vida inteira, mas estragaste tudo.

Quem são essas pessoas que encontramos atrás da cabana?

Eu sabia que ias descobrir, te vi muitas vezes indo atrás de mim, pensei que ias te atrever a entrar, eu estava preparado para te matar,  mas só observaste, como respeitando meu espaço.

Quando sai, tive que me sentar num banco, ficar fazendo exercício de respiração, tudo escapava do meu raciocínio, como uma criança podia fazer isso.  Como tinha força para enfiar uma faca no pescoço de um adulto.

Chamei o xerife que a estas alturas, tinha virado um bom amigo, perguntei se tinha a análise do assassinato de meu pai.  Me leu, era como ele tinha falado.   Achas que uma criança poderia ter feito isso.  Essa facada do pescoço, não exige tanta força como pensas, depois deve ter perdido muito sangue, a roupa diz isso, caiu de costa no chão, tentando respirar, o corte da jugular aconteceu depois, como quisessem matar uma galinha.

Contei para ele, o que tinha surgido na minha cabeça, bem como o que ele tinha me contado.

Essa faca estava na cabana, tinha muitos tipos de sangue nela, todas a vítimas foram assassinadas da mesma maneira, primeiro de frente um corte profundo no pescoço, o que faz a pessoa não conseguir respirar, ao mesmo tempo a perda de sangue. Só depois cortava de lado a lado.

Já conseguimos descobrir quem era uma das vítimas.  Eram pessoas que andavam pelas estradas sem rumo, desorientadas.  Como captava a mesma, não sabemos.

Vou tentar descobrir, não sabe como tem sido difícil digerir tudo isso.

Imagino, que não consiga entender, eu mesmo fico pensando, se o olhas de uma maneira diferente, quando se fala com ele o interroga, comenta as coisas sem prejuízo nenhum, como se contasse uma história.

A coisa piorou, fui chamado pelo diretor do presidio.  Desde que entrara, como sempre acontecia, tentaram abusar dele, mas ele conseguia se livrar, ao mesmo tempo, começou a juntar em volta dele todos os jovens abusados dentro do presidio.   Pelo que nos contou um disse, verão como quem vai mandar aqui sou eu.  Todo os presos têm seu chefe principal o que controla tudo, normalmente alguém cadeia perpetua.

Pois ele entrou no lugar que estavam todos, sorrindo, se aproximou do manda mais, falou alguma coisa ao seu ouvido, como se fosse o beijar na frente de todos, o matou tranquilamente, depois disse aos outros que matassem aos abusadores.

Tudo isso ele fez sorrindo para as câmeras que gravam tudo.   Sabia que todos estávamos vendo.

Foram preciso dez homens para colocá-lo na solitária.   Depois disso já matou mais dois dos abusadores.  Então tem de seu lado, como um harem de jovens que foram abusados aqui dentro.  Ninguém se aproxima dele.  Ele tampouco permite que sejam abusados.

Já pedi reforços, pois as coisas irão a pior.

Dias depois já em San Francisco, saia da universidade, quando viu na primeira página do jornal, uma revolta na prisão, que os mais jovens chefiados por um deles, tinha atacado todos os guardas para tomarem o mando da prisão, que pelo menos o cabeça, bem como outros tinham sido metralhados.

Sabia que não me dariam notícias, o jeito foi falar com o xerife, sim foi ele quem liderou tudo, mas o pior não, sabes, pegou um policial de sua mesma estatura, o matou, roubou sua roupa, sai do presidio como se nada.   Ninguém sabe aonde está.   Estamos vigiando o bosque, pois se volta para cá.

Ficou num estado de ansiedade, analisando cada coisa com o psicólogo que ia tentando encontrar uma brecha para entender sua cabeça.    Se lembrou do momento que estava por nascer, que sua mãe reclamava que dava tantas patadas, tão forte, que mal conseguia respirar.

Será que tentava matá-la, para não nascer.  Então o culpado era ele, que tinha feito todo o possível para que ele nascesse.

O duro foi quando meses depois chegando de uma aula, o encontrou sentado tranquilamente em seu apartamento.  Ficou gelado.

Apertou um botão do seu celular que gravava tudo.

Então acreditavas que ias escapar de mim, verdade, que não ias pagar por me ter trazido ao mundo.  

Sim sou o culpado, rememorou em voz alta tudo o que tinha visto na época, nossa mãe, caída no campo, dizendo que as patadas eram muito fortes, que querias sair de qualquer maneira.

O idiota de nosso pai como sempre com a cabeça apoiada na enxada sem trabalhar, como corri para buscar a caminhonete, os levando para o hospital. 

Vê, finalmente chegaste ao começo, eu já nasci consciente de tudo, não queria nascer, para viver outra vez essa vida, queria ficar quieto aonde estava, mas diziam que eu tinha que cumprir meu Karma.    Me fizeram entrar nesse corpo pequeno dentro de uma barriga, odiei tudo nesse mesmo instante.

Agora vou acabar contigo, seu idiota, pensavas que te amava, verdade, eu te manipulava, quando imaginavas que eram meu sustentáculo, em que eu queria mamar de teus peitos, sabia que te dava prazer, se tivesses deixado, chegaria um dia, que farias sexo comigo.   Mas isso nunca seria possível, porque foste sempre um idiota, preocupado em cuidar dos outros.

Mas quando de ti com aquele garoto, te chupando os peitos, o prazer que sentias, perdeu a graça, qualquer um podia te manipular.

Quem são essas pessoas que estavam atrás da cabana?

Eram pessoas que estavam perdidas para a vida, eu as ajudava a morrer, para uma nova vida.

Mal sabem eles que a nova vida, sempre será uma merda, nunca nada é como sonhamos.

Essa puta lei do Karma, vamos, voltamos sempre, se não melhoramos, voltamos outra vez, mas desta vez, vou te levar comigo.

Fiquei sentado, olhando diretamente aos olhos dele, então, vens me cobrar a vida, porque fiz com que viveste.   Mas lembre-se tinhas a oportunidade de ter uma vida melhor, melhorar teu Karma como dizes, mas fizeste tudo ao contrário, aumentaste teu Karma, eu numa valorização, acho que já alcançaste o 100 por cento, então se me matas vais te superar, vão te mandar de volta mais umas quinhentas vezes até limpar tua barra.

Nem sei de aonde estava tirando tanta calma, ao meu lado tinha um abajur, sabia que estavam vigiando meu apartamento, comecei a mandar código Morse.

Estas nervoso sim, não paras de brincar com esse abajur. 

Sim talvez para me distrair, nisso colocaram porta abaixo. Todos estavam armados até os dentes.

Rosnou, me traíste outra vez, fez pontaria para atirar em mim, mas levou um tiro na testa antes.

Desmaiei, sabia depois que me sentiria culpado o resto de minha vida, segui fazendo terapia, pois era a única solução que eu tinha.

Um dia fui abordado na rua por um senhor negro muito velho, o ajudei a atravessar a rua, do outro lado me agradeceu, me disse, tudo isso que estas sofrendo, vem de vidas passadas, tentaste ajudar, mas nem sempre as pessoas querem ajuda.   Siga em frente trabalhando como médico, eres muito bom.  Quando fui falar o velho tinha desaparecido.

Toquei minha vida em frente, nunca quis me casar ou ter um romance, tampouco amar ninguém, pois na verdade, eu tinha dado todo meu amor a essa criança.  Mas não tinha funcionado.

Vivia para meu trabalho, agora era um médico respeitado, o dinheiro que existia no banco, doei para crianças necessitadas, para que tivessem uma vida melhor.

Tinha um pequeno apartamento, que era meu pouso depois do trabalho.   Isso bastava.

 

 

 

 

 

 

 

lunes, 16 de noviembre de 2020

PROVA DE ADN

 

                       

A meses atrás quando sua mãe morreu, ele correu apesar da vida difícil que tinha lhe dado a ficar ao seu lado, na verdade quando desembarcou, correu para atende-la, tinha pratica nisso, pois era enfermeiro a bordo de um porta-avião, não tinha podido estudar outra coisa, mas quando a marinha lhe ofereceu essa oportunidade aceitou.

Primeiro ela lhe pediu desculpas por tudo, sei que não tiveste uma infância, nem juventude boa, mas minha cabeça sempre foi louca.    Abra esse armário,  lhe indicou que abaixo do fundo tinha uma caixa de metal.  Com dificuldade a retirou.

Ela tinha um cordão com uma chave, lhe entregou, isso agora é teu, tem minhas economias, documentos que provam quem é teu pai.

A primeira briga que tinha tido com ela, tinha sido por isso, todos os garotos tinham pai, menos ele, quando perguntou quem era, levou uma bofetada.

Morreu dois dias depois inconsciente em seus braços.  Evidentemente não havia testamentos, para que, se eram pobres, o dono do apartamento estava esperando sair o corpo para alugar o mesmo, ainda pensou fico com ele, mas quando viu o preço pelo qual estava alugando, viu que não dava com seu salário.

Quando finalmente ficou sozinho, em um quarto de hotel barato, viu que além de dinheiro, tinha uma serie de documentos, bem como uma certidão de nascimento, como pai constava o nome de Tim Scalde, sabia que era um homem muito rico.   Falou com um advogado, ele viu o nome, balançou a cabeça, vai ser difícil, esse homem tem 10 filhos, um pior que o outro, de qualquer maneira vou dar entrada para que ele reconheça oficialmente.

Foi difícil conseguir que o homem aceitasse fazer um teste de ADN, como o juiz odiava esse homem prepotente, fez fazerem o exame na frente dele.   Ele de longe olhava esse homem que poderia ser seu pai.

O ADN, foi confirmado, mas ele se negava a recebe-lo, dizia que já tinha filho demasiado, que ele contentasse em levar o nome.

Ele preferiu ficar com o que tinha, afinal tinha servido a vida inteira, para que agora ter um novo nome, se o que ele necessitava era de um pai.

Na última viagem, o comandante ficou ferido, ele cuidou do homem,  o que criou um vínculo entre eles.  Contou sua história.

Entendo disso, fui criado num orfanato. Sempre quis uma família, quando formei uma deu tudo errado, minha mulher pediu divórcio, levou os meninos para o Canadá, hoje são homens, quando os chamo por telefone, é como se falasse com uns desconhecidos, na minha última férias, fui para conhecer meus netos.  Eu era um idiota que tentava comprar as crianças com presentes, como não sabia direito, levei presente de criança pequena, eles já querem coisas de informática.

Nunca mais voltei, eles chamam de pai, o homem que na verdade os criou.  Para que vou me aborrecer.

O comandante deu baixa na marinha ao mesmo tempo que ele, lhe ofereceu um quarto em sua casa em Venice Beach, era um terceiro andar, mas que da pequena varanda dava para ver o mar.

Ele como no barco tinha aprendido fazer pão nas horas que estava livre, arrumou um emprego de padeiro, para aumentar seu salário.  Logo aproveitou, fez cursos para melhorar o que sabia, gostava disso.

Dois anos depois leu num jornal que o velho estava muito mal, sabia aonde ele vivia, pois tinha ido até lá espiar, numa bela mansão em Pacific Palisades,  levou dias observando como funcionava as coisas, durante o dia tinha um enfermeiro, que o levantava, lhe dava banho, cuidava dele, de noite tinha uma enfermeira que lhe dava medicina para dormir, que mal ela virava as costas, cuspia, passava a noite inteira acordado.

Um dia que fazia muito calor, a porta da varanda estava entreaberta, entrou, se sentou num cadeirão que estava ao lado da cama.   O velho olhou para ele, dizendo não te reconheço.

Eu sou o filho que tiveste que reconhecer por ADN, a uns anos atrás, lembra-se, disse o nome de sua mãe.  

O velho sorriu, ela era uma beleza, mas não servia para ser minha esposa, não sabia se comportar, nem tampouco queria se casar comigo como as outras,  Tenho tantos filhos que nem sei se a maioria é minha.   Só meu filho menor, que leva os negócios, tenho certeza, sua mãe morreu no parto, fiz prova de ADN,  não era meu filho, mas não queria que fosse para um orfanato,  esse sim se comporta como um filho, me cuida durante seus horários, livres, vem sempre ver como eu estou pela manhã, antes de dormir também, os outros chegam aqui na porta, olham, mas a pergunta que tem nos olhos é “será que esse filho da puta vai demorar muito para morrer, quero botar a mão no dinheiro”.

Que vens fazer aqui? Rir de mim, ou pedir dinheiro?

Nenhuma coisa nem outra, talvez disfrutar de alguns momentos com meu pai.  Eu sempre sonhei em ter um.   Já sei que o senhor cospe os comprimidos, fica acordado a noite inteira, creio que pensando o que fizeste de sua vida.

Eu só trabalho a partir das cinco da manhã, posso passar as noites aqui, assim aproveito para disfrutar do que não tive.

Venha mais para perto, assim te verei melhor.  Teu advogado me mandou uma foto tua de marinheiro, abra aquela gaveta, lá estava a foto, com outra de uma pessoa também como uniforme,  Era iguais, acho que de todos meus filhos, eres o único que se parece fisicamente comigo.

Agora passavam as noites conversando, contou dos horrores da guerra, do que tinha passado, falou do comandante, me fez o favor de oferecer um quarto em seu apartamento, eu normalmente saio de madrugada para ir trabalhar, volto por volta das 10 da manhã, quando estou fazendo algum curso chego mais tarde em casa.   Ele passa o dia na praia com seus amigos fazendo surf.   Eu gosto, mas só no sábado e domingo é que vou.

Eu também sempre gostei do mar.  Por isso construí essa casa.

Meus filhos não vivem aqui, dei um apartamento para cada um, para ficarem longe de mim.

As cinco da manhã, o relógio militar que usava dava uma vibração, mesmo que a conversa estivesse boa, se levantava dizendo tenho que trabalhar.

Nas últimas semanas ficavam de mãos dadas, ele tinha sonhado com isso muito, na hora de ir embora dava um beijo na testa do velho.

Um dia lhe perguntou se tinha magoa dele?

Não senhor, esse último mês, foram fantásticos, pois realmente conheci meu pai, com o que sonhei a vida inteira.  Se fosse para viver com aquele homem que conheci no fórum, não iria querer conviver com ele.

Dois dias depois, tirou uma chave do pescoço, vê aquele quadro.  Na lateral tem um lugar para colocar essa chave, passe o dedo, vais sentir.

Enfie a chave, tem um cofre por detrás,  deu um código, o cofre tinha dinheiro, papeis, muitos, a maioria ele viu que eram provas de ADN,  dos outros filhos.   Pegue esse dinheiro, coloque num banco, fique quieto enquanto eu for vivo.  Tinha uma caixa, bem como dois sacos negros pequenos.  Pegue um saco para ti, a caixa é um colar que comprei para a mãe do meu filho menor.  Portanto pertence a ele, eles receberam o dinheiro que esta no banco.   Passe a mão pelos fundo, verás uma chave pequena,   pegue para ti, me traga um papel, caneta.

Fez um documento, dizendo que autorizava ao seu filho, a usar a caixa que estava nesse banco.

Assim quem sabes possas montar um negócio para ti.

Perguntou se ele fazia croissant?

Sim faço, dizem que sai muito bem.

Amanhã quando venhas, podes me trazer um?

Levou para sua casa tudo, chegou uns 15 minutos atrasado na padaria, o chefe lhe chamou a atenção.   Mas trabalhou duro.    Depois, aproveitou, foi ao tal banco, levando a bolsa, o aceitaram imediatamente, porque o velho tinha chamado por telefone.  Como ele tinha a chave, tudo bem.  Viu que tinha muito dinheiro, alguns documentos, riu sozinho.

Quando foi para casa, preparou uma bandeja de croissant. Guardou alguns numa bolsa, quando saiu de casa para a casa do seu pai, os levou,   estavam os dois comendo o croissant, quando entrou o filho pequeno, levou um susto um homem ali sentado com seu pai, comendo era raro.

O velho os apresentou, esse é meu filho, contou a história, vem ficar comigo pelas noites para me fazer companhia.  Sente-se, ele me trouxe croissant que faz na padaria que trabalha.

Puxou uma cadeira, se sentou do outro lado.  Perguntou como tinha sido o dia, o velho riu, agora estou melhor, estou com as duas pessoas que quero.  Espero que vocês se conheçam melhor para o futuro.

Ficaram ali os dois, até as cinco da manhã, ficou olhando como ele se despedia do velho, um beijo na testa.

Ele estendeu a mão para o outro, desculpe, mas tenho que ir trabalhar.

Nada de aperto de mãos, abrace teu irmão, o fizeram meio acanhados, o outro lhe deu um beijo no rosto. Nos vemos de noite.

Trabalhou feliz, agora também tinha um irmão, se o velho aceitava como filho um que não o era, lhe dava igual, tinha visto que ele sempre tinha carinho pelo seu pai.

De noite quando chegou viu um movimento inusual, viu o outro falando com um médico na porta, se aproximou, perguntando o que tinha acontecido.

Morreu durante o dia.

Venha, vamos entrar, ficaram os dois a noite inteira velando pelo pai.   O James ficou conversando com ele, cada um contando sua vida.    Amanhã isso vai virar um circo, o que querem mesmo é a leitura do testamento, que o advogado abra o cofre que esta ai.

São como aves de rapina, querem tudo, não trabalham, eu levo a empresa do velho, mas não sei o que diz o testamento.

Vamos ver, estou louco para me livrar, poder estudar o que sempre quis, mas ele não permitiu, queria que alguém levasse a empresa.    Mas se vou ter que levar com os outros, minha vida vai virar um inferno.

As cinco, se despediu, deu um beijo na testa do velho, agradeceu ter podido passar esse tempo com ele. Que sua alma descanse.   Apertou a mão do James, se beijaram.  Trocaram o número de celular, me avise a hora do enterro.

Estava trabalhando, quando seu celular tocou, era o advogado do velho, que o avisava do enterro, bem como da leitura do testamento, o James me deu seu número de celular.

Se vestiu a rigor de marinheiro para ir ao enterro. Todo mundo olhava para ele, mas o único que se aproximou foi o James, que o levou para se sentar ao seu lado.

Creio que vão pensar que eres meu namorado, disse este.

O único que falou foi o James, indicou a ele, nas últimas semana tive o prazer de conhecer um filho do velho, que vinha ficar todas as noites com ele.  Nunca tinha visto meu pai mais feliz, em estar com um filho, os dois conversavam horas.   Ele nunca conviveu com o velho, mas foi reconhecido depois de uma prova de ADN.

Os apresento Gerard Scalde.  Fale algo sobre nosso pai.

Sem querer soltou, o conheci somente no dia da prova de ADN, reconheceu que era meu pai, de uma aventura que teve.  Sempre quis ter um pai, mas não esse que virou-se para mim dizendo que já tinha filhos demais,  que não lhe interessava mais um.   Quando ficou doente, entrei um dia que o vi cuspindo a medicação que lhe dava a enfermeira para dormir.  Entrei, começamos a conversar, vinha todos os dias para estar com ele até as cinco da manhã, hora que vou trabalhar.   Eu não sei os outros, mas finalmente conheci meu pai.   Agradeço a deus pela oportunidade.

A cara com que o olhavam era, mais um para dividir a herança.

A vinte dias atrás, o velho me chamou disse o advogado na hora de ler o testamento, mudou algumas coisas.

Para os filhos todos deixava 10% das ações da empresa, que somando por 10, eram o grosso para eles se estivessem unidos.   Para o Gerard não deixava nenhuma ação, não o quero metido com esses.

Deixava seu apartamento no centro de Los Angeles, para ser dividido entre os herdeiros, mas a casa aonde tinha morrido, deixava para seus filhos Gerard e James, que eles decidam o que querem fazer com ela.

James tampouco entrava na partilha do apartamento  de Los Angeles, valia uma verdadeira fortuna.

James, ficou de fora da empresa, na hora que os outros somaram suas ações,  vendeu rapidamente sua parte para um fundo que se interessava em comprar a empresa, como precisavam de uns dez por cento para entrarem, pagaram a mais o James por isso, aos outros pagariam menos.

Ufa, me livrei dessa merda, a levava pelo velho, mas agora estou livre.

O que vais fazer?

Ainda não sei Gerard, tu queres a casa ou não?

A verdade é que não quero, não saberia viver aqui, acho que deve ficar para ti, afinal vives nela.

Não, eu tenho meu apartamento, como os outros, viveria sim, se vivesse tu também.  Tens casa tu?

Não vivo no quarto na casa de um amigo, mas tudo aqui é ostentoso demais, não faz minha cara, quero sim no futuro poder abrir minha padaria.   Tenho planos, mas ainda não sei.

Ah, precisa ver a cara do pessoal, que imaginou que no quarto do velho, o cofre estaria cheio de barras de ouro. Sei lá o que.   Mas só tinha uma caixa com um colar que ele dizia que comprou para minha mãe, uma bolsa de diamante para dividir entre todos.

Só então decidiu ver o que era tantos papeis.  Levou os do cofre primeiro  para casa, os olhou atentamente, eram os exames de ADN, de todos os filhos, só o filho mais velho e uma filha eram dele, os outros não.  Caso precise de provas dizia o bilhete.

Depois era a escritura de um local em Venice Beach, se resolves montar a padaria.

Com a escritura foi olhar o lugar.  No apartamento de cima, vivia um senhor, a eres filho do velho.  Me ajudou comprando o local, agora vou vender o apartamento de cima, pois meu filho precisa de dinheiro para um tratamento.  Vou viver com ele. 

Quanto o senhor quer pelo apartamento?   Ele disse um valor, o mesmo era pequeno, mas como ficava no meio de uma rua que dava para a praia, tinha vista para o mar.

Eu o compro do senhor, sem discutir, já que é por causa de uma doença. Vou abrir aqui uma padaria.   Tinha dinheiro guardado no banco para isso.   Mas o mais fácil seria vender sua parte da casa, para isso.   Falou com o James.

Já a coloquei a venda, aqui é fácil vender, pois não se pode construir mais, assim dividimos o dinheiro.

Sua parte daria para comprar, bem como reformar o apartamento, como a loja embaixo.

Falou com o James, ele achou excelente a ideia.  Tenho um conhecido que é arquiteto, assim podemos falar com ele.

Sem querer estava participando.

Levou os documentos outra vez para o banco, retirou os que estavam ali, se surpreendeu, pois se tratavam de dois apartamentos em NYC, caso você precise para transformar em dinheiro, não fazem parte do testamento, mas sim, basta apresentar esses documentos ao advogado, ele sabe que existem.

Pediu as contas na padaria, iria agora pensar na sua.  James trouxe o arquiteto, que examinou tudo, se quiseres, podemos fazer como o do lado,  mostrou, ele tinha a mesma altura que esse, o dono, fez um projeto, reforçou as estruturas, aumentou o apartamento de cima, fazendo como uma anexo, uma suíte, espera, conheço o dono, vamos ver se esta em casa.   Era um homem simpático, quando soube que ele ia abrir uma padaria, ficou rindo, minha paixão, pão.

Contou que tinha ido uma vez a Paris, fazer um curso de doces franceses.   Lhe explicou como e aonde.    Enquanto espera as reformas podias ir.

Não sei falar francês?

O senhor lhe explicou que tinha cursos em inglês.   Ficou de olhar.

Realmente tinha acrescentado uma escada, em caracol, levado o quarto para cima, com varanda que se via o mar, na parte de baixo, tinha ficado maior a sala, pois também colocou uma cozinha americana, eliminou o banheiro de baixo, ficando em cima como uma suíte.

Se fazes o projeto assim, lhe explicou Adam, o arquiteto, vai ficar excelente, reforçamos também toda a parte de baixo.

Explicou como queria a padaria, que os clientes vissem as pessoas trabalhando.   Aonde tinha estudado era assim.

Foram almoçar juntos, sentiu um certo ciúmes do James com o Adam.  Este lhe perguntou se não tinham um Ipad ou um laptop.

Nunca, mas sei usar, pois na marinha tinha que saber.

Lhe mostrou no seu o lugar do curso, viu as datas de cursos em inglês, seria justamente quando começassem as obras.

A casa foi vendida rapidamente, ele só quis o cadeirão aonde ficava sentado falando com o pai, o resto não lhe interessavam

Quando estiveram a sos, disse que não entendia por que tinha ficado com ciúmes do James com o Adam.

Este riu, de mim, isso seria raro.   O tivemos um romance que não deu certo.  Não diga que estas apaixonado por mim. 

Me atrais, nunca soube analisar minhas emoções direito.

Agora tinha dinheiro para a obra, bem como para fazer o curso. James disse que tinha planos senão iria com ele a Paris.   Depois lá isso podia nos fazer a cabeça, imagine dois irmãos fazendo sexo.

Ia soltar que ele não era filho do velho, mas resolveu ficar quieto. 

Ficou pelo menos três meses, quando voltou, encontrou uma grande confusão, quando viu o James este estava nervoso, pois os irmão tinham saído mal parados na venda do negócio familiar.  Queriam uma indenização por parte do James, a partir de que ele não era filho do velho.

Sempre desconfiei, mas atirarem isso na minha cara, foi demais.

Quem está fazendo essa confusão?

Ele disse o nome do irmão.   Ficou quieto.  Na primeira oportunidade, foi ao banco, buscou os documentos, tirou uma cópia, entregou ao James,  o velho me pediu para guardar isso, para te proteger.  Legítimos só ele, o irmão mais velho que ele não sabia quem era, bem como a irmã, o resto tinham o teste negativo.

Fizeram um escândalo de fazer gosto, ele se lembrou que o advogado devia ter acesso do caso, Não deu em nada.

Estava sempre com  o Adam, esse um dia comentou do ciúmes, eu quando vi vocês dois juntos me senti assim.   Mas o James não quer nada comigo.

Pois eu senti ao contrário, Adam comentava que tinha vindo mais refinado de Paris.

Pois é conheci pessoas, convivi com gente que trabalha no que eu gosto, íamos  comer em restaurantes que a princípio nem sabia como me comportar, mas sou bom observador, aprendo rápido.  Estavam  no que seria seu quarto, parados olhando a paisagem.  Adam chegou por detrás dizendo, assim vou ficar imaginando o que andaste fazendo por lá.   

Nada demais, além de aprender novas técnicas que estou louco para usar, um professor me passou uma cantada, mas não estava interessado.

E se eu te passo uma cantada, falou isso na sua orelha, se voltou, ficaram cara a cara, achas que daria certo?

Podemos tentar, foi a resposta.  Os dois tinham um corpo estupendo, um por ter sido militar o outro pelos ginásio que frequentava.    Foi um embate interessante, depois ficaram rindo abraçados.  Caramba estar contigo é como estar numa montanha russa.

Começaram a sair, Adam foi ajudando a montar a confeitaria, era pequena, uma barra, com o fundo a meia altura, se podia ver as máquinas funcionando.    Sugeriu colocar duas pequenas mesas como nos bistrôs de Paris, a encontraram num antiquário,  se quiserem com tens uma calçada grande mais tarde podes conseguir uma licença para ter mesas fora.  

Por enquanto não, quero ir devagar, pois preciso sentir os pés no chão.  Terei uma pessoa me ajudando a atender, pois estarei mais atrás fazendo coisas.  Estou estudando, lá ensinam a fazer o que vai sair primeiro, depois o do meio dia, quero ter sanduiches preparados para o pessoal levar para a praia.  Depois o do final do dia para o lanche.    Além claro de encomendas para bolos, conforme for, depois preparo uma pessoa para me ajudar.

Adam também ajudou a montar sua casa, sabia que ele gostava de coisas simples,  nada de grandes sofás, mas sim um jogo de poltronas de orelha, com uma mesa redonda, um abajur, um repousa pés.  Uma mesa redonda de madeira que encontraram num lugar que ao mesmo tempo reparava moveis.   Uma cama grande, o quarto era perfeito, com seu banheiro.

Adam se matava de rir, que ele gostava de fazer sexo cedo, antes de dormir, porque lhe dizia tenho que me levantar as cinco.   Se acostumou, cada vez a intimidade dos dois iam em crescendo.  Quando tudo ficou pronto, fez a inauguração, convidou o James, que chegou acompanhado de uma amiga, que escrevia no jornal de Malibu.   Ficou prestando atenção o que rolava entre ele e Adam,  depois confessou que tinha ciúmes.

Sinto muito, mas temos um relacionamento, espero que não fiques chateado, ele diz que te esperou muito tempo.

Isso é verdade, estou tão confuso com tudo que aconteceu, não perceber que ele não era meu pai, mas ao mesmo tempo era o único filho que tinha carinho, até você aparecer.  Te quero, mas é como se tivesses roubado alguma coisa minha.  Esses papeis que tinhas guardado, ao mesmo tempo me salvaram, mas fuderam com a minha cabeça.   Me sentia atraído por ti, mas não sabia como racionar a tudo isso.  Estou indo a um psicólogo.

Um dia apareceu meio desnorteado, tinha sido procurado pelo sobrinho, filho do irmão que queria mover a ação contra ele.  É viciado no jogo, a mãe dele é uma mulher superficial, ele perdeu tudo que recebeu, bem como dinheiro da família dela.

O menino me disse que faz insinuações, que ele deveria fazer sexo com homens para ajudar seu pai.  Fiquei horrorizado,  me informei aonde ele joga, fez uma aposta alta outro dia, oferecendo o filho como garantia.

O menino fugiu de casa por causa disso.

Ele está como louco.

Espera, tenho dois conhecidos da marinha que são inspetores de polícia, vou falar com eles.  Dez minutos depois estavam lá.  Escutou a historia inteira, temos que seguir para saber, vamos fazer o seguinte, um de nos entrara de incógnito, se sentara na mesa de jogo, vamos ver se isso segue. 

Assim fizeram, o pai chegou com o garoto, que colocou numa cadeira ao seu lado.  Quando perguntaram o que ele apostava, ele apontou o garoto, dizendo que era virgem, alguns homens se levantaram da mesa enojados, ficaram somente os que tinham uma cara de pédofilos.

Ele foi perdendo, ao final disse que quem ganhasse ficava com o garoto.   O que era policial, pediu para então assinar um documento, dizendo isso, o filho da puta fez, estava como alucinado,   jogou, perdeu outra vez, no final estava como louco. No local não se podia entrar com armas,  ele jogou o filho em cima da mesa.  Aqui está o pagamento.

O policial acionou os que estavam fora, entrou nesse momento.   O que tinha ganhado o garoto no jogo, queria escapar com ele, mas o outro impediu. Lhe colocou uma algemas,  Foram todos para a delegacia,  Quando apareceu a mãe, extremamente maquilada, disse que ele não estava errado, que filhos eram para isso.

O garoto ficou numa casa de  jovens.  

Adam comentou, com o Gerard, vão acabar com esse garoto lá, eu conheço o juiz, vamos ver o que podemos fazer.   Porque o James estava como em choque, não se movia.

Gerard, se apresentou como tio do garoto, disse sua profissão, o juiz riu, nem acredito, consultamos todos, ninguém trabalha, um dos problemas do James no momento, estava como que perdido, sem trabalhar, só aplicando dinheiro, sem saber que rumo dar a sua vida.

O juiz o deixou falar com o garoto.   Esse sorriu, o padeiro, todo mundo fala mal de ti, pois recebeste uma merda de dinheiro.  Eles só pensam nisso dinheiro.  Coitado do velho, quem mandou ter tantos filhos.

Queres vir ficar comigo?  Posso ter tua guarda, falta pouco para seres independente.

Vou com uma condição.   Gerard pensou, pronto vou ajudar, ele vem com condições.

Qual é a condição?

Que me ensines a fazer pão, a trabalhar, quero ser independente desta família horrível, estou como um louco, meu pai queria me vender ao primeiro velho, para pagar suas dívidas de jogo, que filho da puta é esse?

O juiz lhe deu a guarda do garoto, no primeiro dia ele dormiu num saco de dormir, no dia seguinte comprou um sofá cama, para ele ter aonde dormir.   Nesse dia, o fez se levantar as cinco da manhã, sempre é bom tomar um banho frio ao levantar, eu já fiz isso, assim saímos revigorados para o trabalho.    Lhe foi ensinando como preparar certos pães, retirar da máquina, amassar, moldar, colocar no forno.   Ele fazia isso tudo prestando atenção, depois que colocaram os pães nas vitrines, começaram a preparar croissant, a massa estava feita do dia seguinte, de tarde preparo mais massa.   Fizeram bolos, ele ia absorvendo como esponja.

Quando entrou o primeiro cliente, ajudou a garota atender. De vez em quando olhava para o tio como esperando uma aprovação.   Mas estava feliz.

Depois de atenderem o último cliente da manhã, a garota agora ficaria só vendendo o que estava feito, anotaria encomendas.  Ele  o levou para a praia, vamos tomar um banho de mar, fazer um pouco de surf.

O garoto alucinou.   Quando chegaram em casa, o James estava fazendo a comida, lhe disse que se acostumasse, o James, era seu namorado, nem sempre dormia todos os dias lá, mas estava sempre que podia.

Se sentaram os três para comer.  O garoto estava morto de sono, caiu no sofá do jeito que estava, os dois arrumaram a cozinha, subiram para conversar.

Adam disse que tinha estado com o James, está catatônico,  essas coisas para ele é difícil, desde que descobriu que não era filho do velho, que todos seus irmãos são filhos da puta, pois ninguém criticou ou moveu um dedo para ajudar o garoto.   O que me disse, foi, menos mal que nessa família temos um com o pé no chão.   Falou com ele por telefone, para ver se queria vir jantar.  

Preciso ficar sozinho, me afastar disso tudo, tinha razão ao ir fazer teu curso, a vida continua, temos que seguir adiante, perguntou do sobrinho,

Bobby está bem, dormindo como um louco, se levantou as cinco da manhã, para trabalhar comigo na padaria, depois fomos fazer surf.  Me pediu que o chamasse, para aprender a fazer a massa de croissant.    É um bom menino, espero poder realmente fazer algo por ele.

Tomou um bom banho, Adam o sacaneava pois tomava muitos banhos.  Tinha lhe respondido, que aonde trabalhava no porta aviões o calor era infernal, nunca entendi uma enfermaria, em cima da casa de máquinas.   Quando saiu do banho Bobby estava esperando para tomar uma ducha.

Desceram os dois, foi lhe ensinando passo a passo a fazer a massa, o mais difícil lhe explicava era combinar a quantidade de manteiga para que nem ficasse seco demais, tampouco com muita grassa.

Fizeram juntos dois bolos de encomenda, ele ia anotando como o tio o fazia,  sempre acrescento um pouco mais de claras dessas embalagens só de claras, para o bolo ficar mais fofo, mas agradável ao paladar.

Ele comentou que gostava muito de madalenas.  

Boa ideia, vamos aproveitar que temos a mão na massa, preparamos uma quantidade, eu vou te dizendo vai fazendo.  Ele na verdade só tinha ditado as quantidades, para que ele fosse misturando.   Quando comentou que as crianças gostam daquelas que vem com pepitas, lhe ensinou a colocar as pepitas de chocolate só no final.

Já tinha ele feito seu primeiro trabalho sozinho, quando retirou do forno, guardou duas para levar para o tio Adam, esse sujeito é muito legal, tiveste sorte.

Toda semana vinha um psicólogo conversar com ele, quando chegou dezembro, prepararam uma série de doces de natal, italianos, panetones, tranças de frutos secos, ele agora era como seu braço direito, lhe ensinava, ele anotava, mas depois já tinha tudo memorizado.

Nos domingos, era mais complicado, pois dava um pouco de preguiça, mas também só trabalhavam até o meio dia.  Depois iam para a praia os três fazer surf, almoçavam em algum restaurante.

Adam sempre tinha alguma coisa nova para mostrar.  Quando chegou o aniversário dele, seus amigos queriam fazer uma grande festa, mas fizeram uma festa em Petit comitê, só eles, James veio também.  Bobby lhe serviu orgulhoso o bolo, fui eu que fiz, sugeri ao tio Gerard servir com um pouco de sorvete, acho que fica fantástico.

Antes de ir embora, James comentou que tinha finalmente fechado um negócio, iria trabalhar durante um tempo em Berlin, numa empresa, depois abriria em Los Angeles a filial.

O negócio tinha dado certo, agora o vizinho tinha lhe oferecido a loja ao lado, para se ele quisesse ampliar seu negócio. Sentaram-se os três para conversar.   Bobby ainda perguntou por que ele tinha que participar.  

Porque você é como se fosse meu sócio, trabalhamos lado a lado diariamente, creio que mereces participar, podes ter uma visão diferente da minha, isso é interessante.

Adam pensava que ampliar tinha dois lados, um que lhe faltaria mais tempo de lazer, pois teria que trabalhar muito, o outro também mau, seria como controlar tudo.

Bobby foi quem falou muito sério.  Tio, se o senhor aumenta, o negócio, daqui a pouco terás que aumentar de novo, sempre será assim.  O pior, que o trabalho fica mecânico, perdes a criatividade,  vira um trabalho cansativo, como diz o Adam, não terás tempo para conviver com ele nem comigo,  deixaremos de ser essa família que criamos.

Ele quase chorou, mas agradeceu, a opinião, ele pensava o mesmo.  Quando comecei, queria ter comando de tudo, se cresço muito, perco como tu dizes.   Não vale a pena.  Depois outro maior vai me encher o saco para vender, transformando o que eu sonhei numa confeitaria como outra qualquer.

Agradeceu muito ao vizinho, mas preferia continuar como estava.   A loja ao lado levou um bom tempo fechada, pois ele queria muito dinheiro.

Quando Bobby fez 18 anos, foram os três passar um mês em Paris, queria ideias novas, foram a todas as confeitarias, locais que trabalhavam com chocolate.   Bobby ficou alucinado, ficou mais um mês fazendo um curso com um famoso chocolatier, voltou cheio de ideias, agora sim, valia a pena abrir ao lado, mas era tarde tinha sido alugado para uma senhora que ia vender vinhos.

Resolveram usar a ideia do chocolate, para bolos, pascoa, ele preparava algumas coisas para festas de criança, mas idealizou, uma coisa, pequenos doces de chocolate para festas que fossem alegres, cara de animais,  figuras de futebol, que ele mesmo preparou moldes, depois pintava com colorantes.  Choviam encomendas para as festas.   Do outro lado da rua ficou vago um apartamento maior.  Tinha três quartos, dois banheiros, uma cozinha imensa, e o melhor uma espécie de escritório.  Assim poderiam usar a parte de cima da padaria, para preparar todo esse material.  Contrataram mais duas pessoas para trabalhar.

O que lhe fazia rir, era que o Bobby era mais rígido que ele com o pessoal.   Seguia se levantando as cinco sem uma crítica a isso, enquanto os empregados reclamava, ele era o primeiro a dar exemplo.  Tinha aberto uma conta para ele no banco, assim depositava seu salario lá.   Ao contrário da família, ele não era de gastos, devia ter visto tantos gastos inúteis que nem pensar.    Investia sim em moldes.  Foi outra vez a Paris, para fazer um curso só de doces pequenos.   Agora tinham para oferecer biscoitos, pequenos doces de festas com ou sem chocolate,  na padaria agora trabalhavam mais duas pessoas na venda, a garota que estava desde o começo agora era a gerente.   Agora aceitavam encomendas para preparar uma festa inteira.  Bobby tinha uma maneira especial de conversar com a criança que seria aniversariante, para fazer o que ela queria.

Preparam a festa da casa de um diretor do jornal de Los Angeles,  ele mandou filmar tudo, além de fotografar cada coisa.   Então tinham encomendas impressionantes.

Um diretor de cinema que estava fazendo um filme baseado numa historia em quadrinhos, pediu que el preparasse os personagens todos de chocolate, assim usaria para fazer a promoção.   Embaixo agora, Gerard tinha dois ajudantes, ele dois também, quem escutasse o Bobby falando, parecia um homem de mais idade.

James dava notícias de vez em quando, logo voltou, não tinha nada dado certo, no fundo tinha sonhado tanto com o projeto, demorado muito em arriscar-se, para no fundo ter uma puta decepção.

Confessou que tinha inveja de como  eles tinham resolvido suas vidas, estive tanto tempo trabalhando como um idiota para satisfazer meu pai, aguentando meus irmãos, que esqueci de mim mesmo.   Acabei de descobrir que sou inseguro, me fechei tanto em mim mesmo que sou frágil em termos de relacionamento.

Sem ciúmes algum digo a vocês, podia ter arriscado uma vida com o Adam, mas o teria feito totalmente infeliz.   Os três são uma família.

As pessoas reclamavam porque não abria uma filiar em Los Angeles, ou mesmo NYC,  diziam sempre que não.   Uma panificadora imensa, falou com eles de compra, queriam o negócio para incluir em suas  lojas.   Sem pensar duas vezes disseram não.

James, agora estava sempre com eles, Adam tentou faze-lo trabalhar junto com ele, mas não deu certo.   Não era o que queria.

Um dia um vizinho de apartamento dele, viu a porta aberta, avisou a polícia, o encontraram enforcado,  primeiro pensaram que tinha sido um homicídio, por causa da porta aberta, mas uma carta dizia ao contrário.   Ele tinha gasto como os outros todo o dinheiro que tinha tentando encontrar algo para fazer.   Critiquei os outros, esqueci que não fui educado diferente deles.

Só tinha lhe sobrado o apartamento, que serviu ao final para pagar suas dívidas.   Isso abalou muito os três.   Resolveram finalmente vender a empresa que queria tudo.

Mas nunca lhes venderam o pulo do gato como dizia o Adam, venderam inclusive os locais.

Foram para Paris, fizeram novos cursos, se especializando em chocolate, ao mesmo tempo misturando com o que já tinham em forma de doces, bolos, etc.

Gerard resolveu acionar o advogado com respeito aos apartamentos de NYC, os dois ficavam no Soho, um deles em cima de um local que estava fechado a tempo, era uma esquina, um local grande.  O apartamento era maior do que o que eles tinham em Venice Beach, o outro era surpreendente, vivia nele uma velha gloria do cinema.  O apartamento era um luxo, todo o aluguel que este tinha depositado mês a mês, estava guardado no banco.    Com ele podiam alugar o local de abaixo do outro.

Adam tomou frente de tudo, preparou um projeto como eles tinha discutido muitos meses, voltavam a trabalhar como antes, em pequeno, nada de crescer.  Sabiam que isso era um perigo.

Só que desta vez, teriam uma linha de sanduiches para  os turistas, o pão tudo fabricado por eles, já em formas próprias para sanduiches.  Convidaram a garota que tinha sido gerente em Venice Beach, esta nem pensou duas vezes.   Logo estava treinando dois grupos para atenderem o pessoal.  Mal inaugurou, virou um lugar de moda, mantiveram a linha de festas, agora inclusive aceitavam trabalhos para outros lugares.   Os clientes os viam preparando bolos, doces, decoração de festas.   Bastou fazerem uma festa para umas pessoas de dinheiro para aparecerem clientes em peso.   Mas ao contrário dos outros lugares, aceitavam se podiam fazer eles mesmo, tampouco para agradar ninguém.   Rosie a gerente, olhava a agenda, pedia muitas desculpas, mas aquelas datas estavam coberta, só aceitavam encomendas para festas para  dois meses depois.

Sempre tinha aquele cliente que aparecia, quando lhe negava, dizia sabe quem sou?

Rosie era impecável, educadamente dizia que não queria que sua festa fosse um fracasso, portanto ou a pessoa transferia a festa, ou não faziam.   Os que conseguiam, adoravam o trabalho.  Gerard sempre brigava com Bobby, que este nunca tinha um namorado ou namorada, dizia que não tinha tempo.   Um dia Adam o pegou de jeito, do que ele fugia.

Tio o senhor sabe que é ficar sentado ao lado de um bando de homens que te olham com cobiça, imaginando o que vai fazer contigo, não podes fazer nada, porque teu pai está te vendendo como se fosse um animal.   Já tentei, mas não consigo confiar nas pessoas. Um dia eu sei que vou me apaixonar, mas leva tempo.

Um dia apareceu um homem de uns trinta anos, queria fazer a festa do aniversário do filho que tinha, era pai solteiro, a namorada o tinha abandonado, pois não suportava crianças, tinha sido segundo ele um horror aguentar a gravidez dela, que tentou abortar inclusive no oitavo mês.  Pariu em seguida desapareceu no mapa.   Bom o senhor traz seu filho aqui, vou conversar com ele, esse é meu sistema de trabalho.   Se apaixonou tanto pelo pai, como pelo filho.

A festa seria na escola do garoto, foi um sucesso, cada  criança levava ainda para casa uma caixa com o emblema da loja, com um pedaço de bolo, doces pequenos de chocolate, barrinhas com o nome do aniversariante.

Tinha feito um imenso elefante de chocolate, que quando os garotos avançaram para comer, ao abrirem caiam pequenos presentes outros elefantes pequenos, coloridos.

Logo as mães correram na loja para encomendar as festas, riam muito quando tinham que se colocar na fila.

O jovem que tinha pedido a festa, convidou Bobby para sair, foram jantar, depois saíram outras vezes, ele foi honesto contou seu trauma, o outro teve paciência de lhe esperar.  Um dia o trouxe em casa os apresentou aos seus tios,  Os dois riram horrores com o garoto, dizendo uma para o outro, já somos avôs.

O duro foi o Geoffrey  se acostumar aos horários do Bobby, pois isso de se levantar tão cedo, lhe fazia confusão, mas se acostumou.

O garoto gostava de estar ali, vendo o namorado do pai, preparar coisas gostosas, aquela coisa da criança que passa o dedo para lamber.

Gerard, Bobby e Rosie, inventaram uma coisa que tinha sempre que ser num sábado, dava trabalho, mas era divertido, tipo um aniversário, em que o aniversariante, convidava seus amigos mais chegados, eles mesmos preparavam os doces, se divertiam criando os personagens, na verdade era como ajudantes, mas se sentiam felizes, dava a sensação que estavam fazendo tudo eles mesmo.  Escolhiam as cores dos animais, os desenhos, isso faziam eles.    Era um sucesso, se podia dizer que cobrariam mais barato por fazerem assim, mas era ao contrário,  como passavam o dia inteiro, cobravam mais caro.

Seu tipo de cliente nunca poupava em dinheiro.

Logo foram chamados pelos professores da França que queriam aprender isso.  Resolveram fazer o seguinte, como eles tinham ido, que se quisessem aprender a ideia, viessem eles.

Assim se tornaram conhecidos dando cursos.    Queriam que fizessem curso na televisão, mas isso tomava tempo.

A coisa como dizia a Rosie, era ter pés no chão, pois quando se quer segurar o mundo com as pernas, ele escapava.

Alguns copiavam a ideia, mas como eles faziam era perfeito.

Bobby acabou se casando, Gerard e Adam aproveitaram a cerimonia se casaram também, já que tinham durado tantos anos juntos era o melhor.

Conseguiu trazer tudo que estava no cofre em Los Angeles, nunca tinha tocado nesse dinheiro, quando o marido do Bobby, foi chamado para dirigir sua empresa em Vancouver, ele ficou na dúvida, chegaram a brigar.

Mas quando se sentaram, Gerard disse que ele devia seguir, porque não abres um negócio lá, eu quero me aposentar, estou cansado, o Adam também, queremos desfrutar da vida, iremos viver perto do mar. 

Foi ao banco, trouxe tudo que estava na caixa.   Poderia te deixar de herança, mas vamos fazer o seguinte.  Vou dividir em três partes iguais, todo esse dinheiro está guardado a muito tempo, não sei de aonde saiu, nem porque o velho o tinha assim.   Então tens tua parte para montar teu negócio lá.  A outra parte vai para a Rosie que todos esses anos mantem a loja, ela conhece tudo, pode continuar, era a paixão dela.

A terceira parte, vamos comprar um lugar para nos dois na praia, iremos te visitar sempre, para ver nosso neto.   Mas vocês merecem a oportunidade de começarem uma vida só de vocês.

Mas lhe deu em mãos a bolsa cheia de diamantes, isso você guarda para uma emergência.  Adam foi logo em seguida quando ele conseguiu um local para fazer um projeto.

Eles agora viviam na praia, numa casa pequena, mas confortável, em frente ao mar.   Quem diria que iriamos viver assim tanto tempo juntos.  Adam dizia que se lembrava até hoje do primeiro dia, que diziam que iam experimentar para ver se dava certo,  Gerard brincando dizia creio que devíamos tentar mais.

Passavam as festas juntos com o filho como consideravam o Bobby, sempre seriam uma família, só lamentavam o que tinha acontecido com o James, tinham feito de tudo para o ajudar, mas ele era cabeça dura, nunca se abriu realmente com eles, qual era o problema.