OBERON MACTOSH
A primeira parte
de minha vida, só fui descobrir com uns 12 anos, quando uns garotos começaram a
querer fazer bullying comigo. Primeiro
dizia que minha mãe era uma puta, depois diziam mil coisas. Meti a mão na cara deles sem remordimento
algum.
Claro a chamaram
na escola.
Nesse dia me
contou sem problema algum, minha história, porque diziam isso, os dois sentados
na mesa da cozinha grande lá de casa, tomando café com leite, pequenas
madalenas que ela fazia. Sempre sentirei
o cheiro delas em minha vida, porque tinham sempre canela.
A história
começava em Montana, aonde ela era uma garota que vivia com uma família imensa,
que se escapava para ir ao cinema ver musicais, na verdade em casa a música era
uma coisa permanente. Um dia se escapou com suas economias de
caixeira de um supermercado, para NYC, queria tentar fazer musicais na
Broadway. Era bonita, sabia cantar,
tinha uma boa voz.
Mas claro como
ela tinha muitas, loiras, morenas, altas, baixas, ou seja, ela era uma das
muitas candidatas. Mas para ganhar a
vida enquanto não surgiam oportunidade, trabalhava num restaurante de luxo,
tinha um aspecto excelente, bem como educação.
Loira, de quase 1,80 de altura, olhos verdes fortes, um corpo de fazer
gosto.
Nas horas vagas
estudava música, para aperfeiçoar sua voz.
No restaurante
sempre cheio de personalidades de todos os tipos, levava muita cantadas,
algumas companheiras, cediam a troco de algum dinheiro a mais, ou mesmo a
possibilidade se serem amantes de alguém.
Mas ela se negava, era virgem, não ia por aí dizendo isso, mas não
estava para aventuras.
Um dos homens que
era sempre educado com ela, normalmente vinha a algum almoço de negócios, ou de
política. Pedia sempre um reservado, que
fosse ela a atender, pois sabia que se escutasse alguma coisa, nunca falaria nada. Dizia isso, porque sabia que ela tinha
escutado conversas comprometedoras, mas nunca tinha vazado nada aos jornais.
Nesse dia estava
discutindo com um advogado seu divórcio, se via que para ele era algo
doloroso. O escutou dizendo ao mesmo,
sei que tenho culpa, minha família aqui, eu vivendo em Washington, mas
descobrir que me coloca cornos, isso não, vivem num senhor apartamento, as
melhores escolas para os garotos, ainda me quer colocar de culpado em tudo,
para me tirar dinheiro. Nem pensar, pagarei
quando muito a pensão dos garotos, desde que seja administrada por outra
pessoa, não por ela, pois sei que passara a mão em tudo.
Depois que o
advogado foi embora, ele ainda pediu uma sobremesa, era um tipo de 1,90 metros
de altura, senador, metade de sua cabeça estava branca. Mas não era tão velho assim, beirava os 55
anos.
Ficou com pena
dele, lhe disse honestamente que sentia muito.
O pior Trichie, não
é perder teu casamento, é a solidão que sinto a muito tempo, uns filhos que
estão contra mim, são uns adolescente mimados, nunca serão nada na vida, pois a
mãe os educa para gastar dinheiro como ela, superficiais, outro dia mencionei
um escritor para meu filho mais velho, me perguntou diretamente, quem é esse
idiota. Não me contive, lhe disse que
idiota era ele, pois era o escritor mais importante dos Estados Unidos. Walt Whitman.
Ela recitou de
cabeça uma frase dele. Estudei quando
jovem, adoro ler, me sobra pouco tempo, pois faço aulas de canto, bem como de
música, assim se não consigo ser cantora, posso pelo menos dar aulas.
Ele lhe perguntou
seu sobrenome, no dia seguinte, recebeu uma das primeiras edições do Walt. Ficou como boba, dentro tinha uma
dedicatória dele, dizendo que pelo menos nem tudo estava perdido no mundo.
Agora ele ia mais
ao restaurante, a negócios ou não. Uma
das últimas vezes, com o advogado para comemorar seu divórcio.
Ela se despediu
dele, pois deixava de trabalhar, ia fazer um pequeno papel numa obra de teatro,
um musical em cima de uma obra se Shakespeare, “sonho de uma noite de verão.
Ela fazia o papel
pequeno, bem como cantava no coro.
Se admirou no dia
da estreia, receber um ramo de rosas vermelhas, suas preferidas. Era do Senador. A
obra não foi muito bem, entendeu então que não adiantava, ela era uma das
muitas, como tinha acabado a universidade, estava procurando uma colocação de
professora de música.
Vivia num pequeno
apartamento, enquanto isso tinha voltado a trabalhar no restaurante, não se
incomodava, pelo menos era um trabalho honesto.
Meses depois o senador apareceu outra vez, estava discutindo com uns
companheiros, que ele se retirava da carreira política, tenho minha fazenda
para cuidar, ele tinha deixado o apartamento de NYC para sua mulher e filhos, a
fazenda nunca tinha feito parte de nada disso, a herdou de seu pai, depois que
se divorciou.
Os outros foram
embora, ele ficou, sozinho, comendo um das sobremesas que era sua preferida,
ela lhe trouxe café.
Ele começou a
conversar com ela, sinto que não tenha sido um sucesso seu trabalho, mas não se
deve desistir. Ela contou que estava
tentando algum lugar para dar aula de música, mas que era difícil.
Sem querer soltou
para ele, que os castings as vezes eram complicados, pois algum produtor sempre
queria se aproveitar das jovens que sonhavam com o estrelado.
Ainda soltou no
seu entusiasmo de falar com ele, que se mantinha virgem, não era para pagar
nada disso, imagina, depois nunca mais poderia me respeitar. Contou que um deles, lhe tinha dito que
ninguém saberia. Mas eu saberia o que
tinha feito, vendido meu corpo por uma oportunidade. Não condeno ninguém que o faça, por isso fiz
universidade, estudei, dei um duro aqui.
Quantas garotas daqui saíram pelo mesmo, uma oportunidade de serem
amantes de alguém.
Quando deixou seu
trabalho nesse dia, ele a estava esperando, saíram conversando como se fosse a
coisa mais natural do mundo. Ele não
avanço nenhuma vez com ela, foram ao teatro, ao cinema, ele disse que não fazia
isso a muito tempo.
Depois a avisou
que iria para Albany, a capital do estado, perto de onde tinha sua fazenda.
Voltou tempo
depois rindo, graças a deus não sou tonto, meu pai tinha deixado nas mãos de
seus empregados, tudo estava mal organizado.
Nesse dia,
comentou que não poderia estar sempre por lá, sentaram-se numa praça, a pediu
em casamento. Ela se espantou, pois o
tinha como um amigo com quem partilhar coisas, nunca tinha tido nenhum. Lhe disse que teriam ir com cuidado, pois
iriam pensar que ela estava dando o golpe do baú.
Ele agora vinha pelo
menos uma vez por mês, para corteja-la, até que ela aceitou. Perguntou como ela queria o casamento. Esperando que ela quisesse alguma coisa toda
por alto.
Sejamos práticos,
lhe soltou, eu quando muito convidaria duas amigas para uma festa, tu não sei,
eres conhecido, eu não tenho ninguém.
Concordaram se
casaram num registro civil, ele concordou com tudo que ela quis. Com suas economias, comprou uma traje branco,
num saldos, não escondeu isso para ele.
A muito tempo tinha aprendido a administrar suas economias.
Foram viver na
fazenda. Ela o ajudava a administrar,
afinal tinha crescido em uma, a casa era imensa. Foram segundo ela os dez anos
mais felizes de sua vida, mas não entendia por que nunca ficava gravida. Fez milhões de exames, nada. Quando ele teve pela primeira vez câncer,
ficou furiosa com ele, pois acabou sabendo a verdade, ele tinha feito uma
operação de vasectomia, na época que era político, quando via os políticos
tendo filhos fora do casamento.
Com os dois que
tinha de seu matrimonio, já tinha o bastante.
Ela ficou furiosa, nunca tinha falado para ela. Mas mesmo assim não saiu do lado dele. Tempos depois ficou pior, o câncer tinha
resistido a todos os tratamentos.
No dia que eu
nasci, segundo ela, voltava de NYC, depois da leitura de testamento dele,
deixava para ela a fazenda, bem como dinheiro da conta conjunta que tinha no
banco, tudo que estava na fazenda era dela.
Ela sabia que no cofre do mesmo, tinha muito dinheiro.
Seus filhos
fizeram um escândalo, pois para eles deixava pouca coisa, teve que se conter na
leitura, pois mandava um recado para os mesmo, paguei as melhores universidade,
que eles fossem à luta com o dinheiro que tinha deixado para eles.
Estava com todos
os papeis que o advogado tinha entregado em suas mãos, agora teria que decidir
sua vida, sabia que os filhos iriam entrar com algum processo, para lhe retirar
tudo.
Era de noite,
chovia muito, ela voltava para casa, como chamava a fazenda.
Na estrava, não
vinha rápido, escutava uma música baixinho, para não se distrair, quando um
carro lhe cortou pela frente atravessando a estrada, indo se chocar com uma
árvore. Vi que era uma garota que
conduzia a caminhonete, carregada de engradados de galinhas, pois disse que viu
pelo retrovisor, as galinhas voando por todos os lados.
Parou o carro ao
lado da estrada, saiu correndo, até a caminhonete, a menina tinha a cara cheia
de vidro, mas respirava, viu que tinha uma barriga de gestante, um caminhão que
parou atrás dela, desceram dois homens.
Um a ajudou a tirar a garota que sangrava muito, o senhor nos leva até
Albani, disse o hospital que ela tinha sua conta de seguro.
Foram embora, o
caminhão os seguia. No hospital, a conheciam pelo tempo que seu marido esteve
lá, pediu para avisarem a polícia. Enquanto
atendiam a garota, esta não tinha nenhum documento, nada que comprovasse quem
era. Estava vestida com um vestido que
se via pequeno para ela, com a barriga dilatada, o médico veio falar com ela,
está em coma, não creio que escape, teríamos que fazer uma cirurgia, retirar a
criança, deve estar de sete meses.
Fizeram uma
cesárea, as enfermeiras diziam que criança feia, diziam que era muito moreno,
que talvez fosse filho de algum emigrante.
A policia já
tinha recebido a queixa do proprietário da caminhonete, disse que estava num
posto de gasolina, que foi pagar, quando a roubaram. Ali perto tinha um prostibulo, mas claro,
ninguém reconheceu a garota, pelo que dizia o médico era menor de idade.
Ela foi até sua
casa, mas voltava todos os dias, segundo ela, me apaixonei por ti nesses dias,
ficava comigo no berçário, fazendo com que me alimentasse.
Tua mãe
verdadeira, durou uma semana em coma, mas morreu. Ela ajudada pela enfermeira chefe, bem como
pelo chefe de polícia, conseguiu me adotar.
Me registrou com seu nome de solteira que voltava a usar, Oberon Mactosh. Quando tinha uns meses, resolveu voltar a
NYC, o sonho da fazenda era do marido, não dela. Queria voltar a trabalhar com música.
Vendeu a fazenda,
guardou tudo que estava no cofre numa boa maleta, só levou seus objetos
pessoais. Transferiu todo seu dinheiro
para a NYC, alugou um pequeno apartamento, saiu procurando um para comprar,
claro não podia comprar em Manhattan, pois seria perder muito dinheiro. Encontrou um num edifício antigo, tinha sido
de um músico, tinha inclusive um piano, se vendia com tudo que estava dentro,
era um segundo andar, de frente para a Rua, com muito sol como ela gostava, o
edifício tinha cinco andares, mas sem elevador.
O da imobiliária
disse que o único problema era que o administrador, não era muito de fiar.
Ela mandou
retirar todo o papel de parede velho, repintar tudo de branco, os móveis que
não queria, deu para uma ONG, o resto adaptou, a parte que mais gostava era a
cozinha do mesmo que era grande, bem como o salão, aonde pensava dar aulas.
Montou um quarto
para mim, ao lado do seu, embora nos primeiros anos, dormia no seu. Gostava também porque havia uma pequena praça
perto, aonde podia passear comigo.
Sempre escutava um comentário que respondia de mal humor, como uma
mulher tão bonita podia ter um filho tão feio.
Mandava tocar conta da vida delas, que a deixassem em paz.
Logo descobriu o
que o da imobiliária tinha falado, o administrador, engava o resto dos
vizinhos, ela começou a brigar com eles, exigindo a apresentação de gastos como
devia ser, teve apoio de todos. Acabaram
pedindo que ela administrasse o edifício, com isso deixava de pagar o
condomínio. Dois anos depois tinham dinheiro
para pagar a colocação de um elevador pequeno, no espaço entre a escada que
subia até o último andar. Os velhos
adoravam, assim não sofriam tanto, bem como valorizavam os apartamentos.
Ela mandou
arrumar a parte elétrica dos corredores, bem como pintar tudo, uma vez por ano,
para que fosse mais claro possível.
O último andar,
era uma maravilha, pois eram como dois apartamentos em um só, quando os velhos
que viviam ali, foram para uma residência, ela o comprou, reformou
transformando em dois apartamentos melhores, para alugar. Assim engordava suas economias.
Eu de feio, fui me
transformando, ela dizia que parecia que saia de um casulo, uma coisa seja
verdade era a melhor mãe do mundo.
Começou a dar aulas numa academia de música ali perto, as vezes dava
aulas em casa, me ensinou a tocar piano, a cantar desde garoto.
Só não fazia uma
coisa, ir à igreja, seja qual fosse, não era com ela. Lhe perguntei um dia, por isso, pois meus
companheiros de escola, a maioria eram católicos, iam fazer primeira comunhão. Me explicou que não era católica, mas porque
eu queria fazer essa parte, como toda criança, pensava na festa, nos presentes
que diziam que ia receber. Riu muito, para
isso é necessário uma família imensa, nossa família somos nós dois. Mas no meu aniversário, ela sempre convidava
todos do edifício, para fazer um lanche em casa. Todos me davam presentes, mas exigia que
fossem úteis, livros, jogos que podiam se jogar a duas pessoas, nada do que
ganhavam meus companheiros de classe.
Se candidatou ao
cargo de professora de música na escola, conseguiu. Montou um coro com os alunos,
mas a maioria queria era jogar futebol, basquete, eu não gostava de nada
disso. Fazia parte do coro.
Nossa casa era um
exemplo de democracia como ela dizia, eu tinha direito a pedir as coisas,
argumentar, mas ela sempre ganhava, pois me obrigava a pensar. Se pedia alguma coisa tonta porque os outros
tinham, me perguntava por quê?
Se meus
argumentos vencessem, ganhava, me dizia tens que saber argumentar.
Fui me
transformando cada vez mais, era mais moreno que ela, cabelos lisos, olhos
escuros, mas fui crescendo, ficando bonito.
As velhas do edifício me adoravam, pois nos momentos livres, me chamava
para comprar alguma coisa para elas, me davam um dinheiro por isso.
Sabia o que cada
uma gostava, a marca tudo isso, ia ao supermercado perto, com a lista, o
dinheiro que me dava, minha mãe me ensinou a administrar, quando tive um bom
dinheiro comprei uma das muitas besteiras que os garotos que conhecia tinham,
mas logo me desencantei do mesmo, pois surgia outro modelo mais caro, mais
moderno. Se eu nem gostava desse, ela
tinha deixado que eu comprasse, pois o dinheiro era meu.
Tens que usar a
cabeça, me fez sentar como sempre na nossa mesa da cozinha, pegou a propaganda
do que eu tinha, ali dizia que era o mais moderno do mundo, essa baboseiras
todas, depois a propagando do novo, era a mesma coisa, agora o mais importante,
vamos olhar a parte técnica, me mostrava, na verdade tinha mudado um pouco algumas
coisas, mas no fundo era igual ao anterior, me explicou o que era isso, um
engana tonto.
Nunca mais gastei
dinheiro em besteira. Houve um concurso
de corais entre os colégios, o nosso ganhou.
Eu fazia dois solos, logo vinham me dizer que tinha uma voz muito
bonita.
Eu agora estuda
num conservatório, depois iria a faculdade como ela tinha feito, tocava piano,
bem como sabia ler, escrever músicas.
Mas gostava mesmo
era de me sentar ao piano, cantar junto.
No último ano de escola, no show final, sem que ela soubesse, me
apresentei, sentado ao piano, cantando sua música preferida, “Over de Rainbow”,
os aplausos foram muitos. Depois toquei
minha preferida Moon River, mas a minha maneira. As pessoas diziam, filho de peixe, peixinho
é, pois todo mundo pensava que realmente era filho dela. Mas claro tinha escutado música a vida
inteira, em casa a rádio só se desligava na hora de ir dormir, meu despertador
não fazia aquele barulho costumeiro, estava conectado a uma rádio de jazz, me
despertava sempre alguma música bonita.
Na universidade,
vários caçadores de talento, se apresentaram, mas ela dizia, tenhas cuidado,
desconfie sempre de tantos louvores, propostas, analise cada uma.
Acabei formando
com uns companheiros um grupo, tocávamos as músicas do momento, era a época dos
Beatles, do The Rolling Stones, Elton John, mas me faltava algo, fizemos uma
música que foi um sucesso, nos convidaram para ir a um programa de televisão
sobre música.
Me perguntaram,
como era o cantor do grupo, o que me gostava na realidade, vocês tocam as
músicas do momento, mas todos tem formação musical.
Cada um falou a
sua, a mim me disseram, cante alguma coisa, eu sabia que ela estava em casa
vendo pela televisão. Falei que a música
estava presente na minha casa, desde que abria os olhos, até a hora de ir
dormir, que minha mãe era professora de música, 80% do que sabia tinha
aprendido dela.
Me pediram para
cantar alguma coisa que gostasse, eu nunca poderia depois que sabia da minha
história agradecer a ela, pois poderia ter ido a um orfanato, ser abandonado,
ou coisa assim.
Por isso, me
sentei ao piano, como sempre cantei duas músicas suas preferidas. O pequeno público aplaudiu de pé. Houve um intervalo, os outros disseram que
tinha sido o máximo, um dos companheiros soltou, estamos no caminho errado.
O mesmo disse o
apresentador depois, tens timbre, bem como formação para cantar Jazz.
Eu ri, ela vive
me dizendo isso, mas temos que viver nossa juventude, eu nunca parei de cantar
nenhuma música que escuto.
Me pediram para
cantar outra, ri muito. Comentei vão
dizer que essa música foi feita para uma mulher, mas eu a adoro, podia mudar o
contexto da mesma, mas gosto como está, cantei “My Man”, o publico ficou
alucinado, pois abaixei o tom da minha voz, cantando quase num sussurro. O apresentador, riu muito, disse,
encontramos no meio de tanto rock, descobrimos um futuro cantor de jazz. Logo choviam chamadas telefônicas.
Alguém importante
me viu cantando, procuravam um cantor para um musical, sobre Jazz, o resto dos
cantores eram negros, queriam alguém diferente no meio.
Ela conhecia o
musical, tinha feito muito sucesso anos atrás.
Me incentivou a ir fazer o casting, sabia duas músicas do mesmo que
tinham feito sucesso, fora do espetáculo.
Ensaiamos os dois
em casa, eu cantando ao piano, depois no centro da sala, me dizia, mova-se
dentro do ritmo.
Fomos os dois,
disse que por nada do mundo ia perder isso.
Se sentou ao fundo do teatro, depois durante anos, fui a gozação das
pessoas por isso, o rapaz que vai com sua mãe, ao casting. Nunca me desculpei, ou consertei isso, tinha
orgulho dela.
Fiz como tínhamos
ensaiado, fui aprovado de primeira, me disseram que somente teria que fazer
aulas de dança para me mover melhor no palco.
Acabou que o
espetáculo, era metade de negros, o resto de todas as raças. Tinha uma música que eu cantava juntos com os
outros, o principal deste grupo era um negro com uma voz impressionante. O rapaz se deslumbrou com a fama, foi
encontrado drogado num beco, com uma facada no coração. Me perguntaram se podia cantar no tom que
ele fazia. Ensaiei duas vezes os outros não gostaram porque era a chance deles,
o diretor deu oportunidade a todos, mas quem se saia melhor era eu. A temporada também estava acabando, fiz até
o final, emendei com um outro musical da Broadway, sem querer estava realizando
o sonho dela.
Se fosse outro,
seria o momento de voar do ninho, mas estava tão acostumado a viver com ela,
que não tinha por quê. Tinha aprendido a
administrar meu dinheiro, gastava somente o necessário. Se ia algum programa de televisão, usava uma
das roupas do show.
Era para ficar um
ano em cartaz, seis meses depois, lhe disse para ela um dia, tomando café da
manhã, creio que isso não é para mim, fico chateado de cantar a mesma música
todos os dias, ontem me peguei cantando como quem está no chuveiro, com a
cabeça em outro lugar, ninguém percebeu, mas eu sim.
Ela sem querer
tinha voltado ao meio, montamos um show, os dois cantando, um pequeno grupo, eu
ou ela no piano, um contrabaixo, um saxofone, um baterista. Todos tinham sido alunos dela, nos
apresentamos para uma das melhores casa noturna, fomos contratados, para fazer
o show, nos dias de semana com menos público, para começar estava bem.
Meses depois
fazíamos todos os dias, descansávamos, segunda e terça, mas assinamos o
contrato com uma condição, podíamos mudar as músicas sempre que tivéssemos
vontade.
As que ficavam
melhor, ficavam no show, outras trocávamos, como ela dizia num sistema
democrático, todos opinavam. Logo nos
convidavam para apresentar na televisão, a casa estava sempre cheia. Um dia cantamos os dois nossas músicas
preferidos, nos chamaram para gravar nosso primeiro CD, os lucros repartíamos
entre todos.
Me chamaram para
fazer um filme, era o papel de um cantor de orquestra de jazz. A principio não queria muito, mas lá fomos
para Hollywood, alugamos os dois uma casa em Venice Beach, era longe, mas tinha
me apaixonado pelo mar, pelo clima.
O filme fez um
sucesso incrível, o que eu não gostava muito eram das músicas, eram boas, mas exigi
que fosse com a minha voz natural, nada de imitar o cantor.
Fomos ficando,
algumas vezes fazíamos temporada em Las Vegas, outras nas casas noturnas de Los
Angeles, nunca parávamos. Meus dias
livres eram para a praia, aprendi a muito custo a fazer surf. Me apaixonei pela primeira vez, por um homem
que também o fazia, tinha um problema no braço, tinha sido militar, ficamos
primeiros amigos. Depois ele aparecia em
casa para me escutar cantando.
Minha mãe ao
contrário de mim sentia falta de NYC, quando acabamos a última temporada que
fazíamos em Los Angeles, me disse, agora tens que seguir sozinho o teu caminho,
tinha percebido que eu estava apaixonado, mas não me atrevia a dar um passo em
frente, sempre tinha tido namoradas de uma noite, nada mais. Se acabava também a licença que ela tinha na
escola aonde trabalhava. Sentia falta
da sua casa, a tinha tão a sua maneira que lhe fazia falta.
Comecei a me
apresentar sozinho, tocando piano, cantando minhas músicas preferidas, nem
tinha uma sequência, cantava o que me saia no momento.
Finalmente Brown
tomou conta da ação, um dia me disse na cara, como é, vamos ficar nesse lenga,
lenga, estou apaixonado por ti, tu também, vamos ficar nesse jogo. Nesse dia acabamos na cama. Nunca tinha podido imaginar o que seria algo
tão forte.
Fui para uma casa
noturna de Las Vegas, ele foi comigo, enquanto cantava, ele fazia a
contabilidade do local. Um dia me disse,
esse sujeito é um tonto, se não tomar cuidado vai perder o local. O dono todos os dias, saia depois de fechar,
gastava metade do dinheiro nas mesas de jogo.
Um dia perguntou se não queríamos comprar. Nos sentamos os dois, tínhamos economias,
mas estava longe do mar. Arrumamos uma
casa, nas aforas, numa urbanização, não era grande, mas tinha um bom jardim,
bem como piscina. Nos apanhávamos, minha
mãe veio para a remodelação, a convenci de tocar em dias alternados
comigo. Se acostumou a viver com os
dois. Dizia que eu tinha sorte, basta
ver como o Brown te olha, te ama muito.
Eu também a ele,
essa era a verdade, estava com 35 anos, me sentia completo com ele, volta e
meia um casino pedia que eu cantasse com sua orquestra, pois os cantores nunca
paravam.
Como o show,
tinha um horário concreto, aceitei, não por dinheiro, mas sim pela orquestra,
democraticamente como ela dizia, com a sua orientação, fizemos o reportório, eu
cantava no nosso local, ela tomava meu relevo, a elogiavam sempre, estava
perfeita, seus cabelos bem penteados, uma maquilagem suave, roupas de bom
gosto.
Fiz sucesso,
Brown ficou com um pouco de ciúmes, pois levava muitas cantadas, mas não me
interessavam, acabava o show, ia para o nosso local.
Quando acabou a
temporada, estávamos exaustos, vendemos o local, a casa não era problema, fomos
passar uma temporada em NYC, chegamos em plena canícula de verão, adorava andar
de bermudas, camiseta pela cidade. Um
dia numa praça, encontrei o meu saxofonista tocando ali, estava mal, me parei
ao seu lado, ele tocava uma das nossas músicas, comecei a cantar, primeiro
ficou espantado, depois se animou, ficamos ali quase uma hora, tocando todo o
reportório que fazíamos antes, ele ria, porque a caixa de seu instrumento não
parava de cair moedas, notas de cinco.
Quando paramos, Brown,
ria, deviam ter aqui um cd para vender, os dois juntos nem precisam trabalhar
muito.
Soube que estava
vivendo um abrigo, tinha perdido tudo, pelas drogas, mas estava recuperado,
nesse dia, comprei um piano elétrico, desses fáceis de levar, aluguei um
pequeno apartamento perto de casa para ele, ia comer conosco todos os dias.
Nos dias de
verão, nos apresentávamos em vários lugares, até que um dia um repórter nos
viu, ficou espantado, porque eu fazia isso.
Tomamos um café, contei a história.
Estou me
divertindo, ele ganhando dinheiro, pois lhe dava toda a arrecadação. Brown descobriu os cds numa loja em saldos,
comprou todos, colocava ali para vender.
O puto reporte
trouxe gente da televisão para nos gravar, logo choveram convites para nos
apresentar. Voltamos ao mesmo club de
aonde saímos, Simba era negro como um carvão um dia soltou quando estávamos
ensaiando uma música que sempre tinha sido apaixonado por mim, mas não tinha
tido coragem de se aproximar, agora que tenho, tens o Brown.
Brown fazia toda
a parte administrativa, aplicava nosso dinheiro, ia aos bancos, os dois
vivíamos num dos apartamentos do último andar, minha mãe continuava no seu.
Quando do outro lado ficou livre, Simba veio viver nele, as vezes me dizia que
lhe doía nos ver juntos, mas Brown o tratava de maneira especial, como se
soubesse de alguma coisa, eu nunca falei nada.
Estava ele um dia
num banco, depositando nosso dinheiro, quando o mesmo foi assaltado, ele com
seu tipo de militar, se mexeu quando não devia, pensaram que tinha uma arma,
atiraram na cabeça dele. Morreu no ato,
quando a policia apareceu, não sabia o que fazer, quem me ajudou foi minha mãe,
bem como o Simba.
Fiquei no fundo
muitos dias, não era capaz de cantar, tocar, de fazer nada. A casa rescindiu nosso contrato, me vi de
novo cantando com Simba pelas ruas, como para me recuperar.
Gostava de fazer
isso, ninguém nunca ia imaginar que precisasse de dinheiro, era pelo prazer.
Nos convidaram
para participar numa cidade costeira, de um festival de Jazz, ao ar livres.
Era o fim do
verão, fomos, eu sentia uma falta incrível de Venice Beach, aonde tinha sido
tão feliz. Logo depois do festival,
enquanto pensava na vida, minha mãe morreu.
Desci para tomar
café, nos últimos meses ficava mais tempo na cama, estava agora com os cabelos
todos brancos, mas sempre arrumados como ela gostava. Entrei, a chamei, não me respondeu, fui até
seu quarto, a vi na cama, dormindo placidamente, a chamei outra vez, mas era
tarde, tinha morrido dormindo.
Na leitura do
testamento, fiquei vendo como tinha dinheiro, ela sabia investir muito bem seu
dinheiro. Ri muito quando descobri uma
conta que entendi que era o dinheiro dos shows que fazíamos juntos.
Desci para viver
em sua casa, convidei o Simba para viver comigo, ele entendeu outra coisa, lhe
disse que me desculpasse, mas ainda me doía a falta do Brown, não era capaz de
me interessar, ele recebeu um convite para tocar em Toronto, resolveu aceitar.
Fiquei
literalmente sozinho. Aluguei os
apartamentos de cima, com uma parte do meu dinheiro e do Brown, voltei para
Venice Beach. Recomecei outra vez a tocar nos lugares, agora
com quase quarenta anos, era um belo desconhecido outra vez.
O que me
surpreendeu que pela primeira vez, conseguia compor músicas, tinha aprendido
isso quando estudava, mas era como se tivesse ficado guardado um alguma caixa
esquecida da minha mente.
Quando tinha um
bom número delas me apresentei num casa de jazz, aonde tinha tocado em Los
Angeles, fez sucesso, logo gravaram todas as músicas. Ganhei um prêmio, gostava dessa nova faceta,
me chamaram para fazer a trilha sonora de um filme, li o argumento, bem como
tinha uma ideia para musica incidental, preparei com queria o projeto.
Tive que ir a
NYC, por um problema com um inquilino, resolvi vender tudo, tinha saído do
clima de Venice Beach, para o puto inverno de NYC, pensei já não quero viver
aqui, fiquei com um dos apartamentos de cima, mandei transportar para lá o
piano da minha mãe, meus livros, nada mais. Vendi o grande, bem como o outro,
assim se precisasse tinha um pouso.
Transferi toda a
conta para perto de casa. Um dia
conversando com um amigo na praia, esse me contou que ajudava num orfanato, se
eu não queria dar aulas de música lá.
Contei para ele, que se não fosse minha mãe teria acabado num, falei do
que tinha acontecido.
Passei a ir,
fazia sucesso com os garotos, chegava com meu piano elétrico, dava aulas,
encontrei uns dois com alma de músicos, fiz uma coisa, institui bolsa de
estudos, em nome da minha mãe, assim esses garotos podiam ir a um conservatório
de música, entre meu amigo Donald e eu, os levamos para as aulas.
Um dia apareceu
um menino novo no lugar. Seus pais
tinham sido artistas, morreram nas drogas, o garoto me viu ao piano, se sentou
ao lado, sem saber por que comecei a cantar para a garotada “Over de Rainbow”,
ele sabia a letra, começou a cantar comigo.
Me apaixonei por
ele, perguntei se podia adota-lo. A
diretora, disse que estavam tentando localizar algum familiar dos pais, mas não
encontraram nada. Ela moveu seus
contatos, o consegui adotar, lhe dei meu sobrenome. O dele era divertido, era Punk, como um
personagem do Shakespeare, ri muito com isso, era tudo que ele sabia dele.
Agora tinha uma
família outra vez.