DOMINGO
Veja, meu bem
Que hoje é
domingo
Domingo eu não
choro
Domingo eu não
sofro
Domingo eu sou de
paz e alegria
Se o amor quer me
deixar
Me deixe num
domingo
Eu não vou
reclamar
E posso até achar
Que ficar só é
lindo.
Estava inquieto,
acho que aqui cheguei ao máximo, daqui para frente esse que se acham ótimos vão
fazer da minha vida um inferno, menos mal que era sexta-feira, tinha o final de
semana para pensar.
Saiu da puta
reunião furioso.
Sua secretária
lhe avisou que tinha uma pessoa lhe esperando.
Olhou para ela, o
conhecia bem eram cinco anos trabalhando juntos, pela cara dele, sabia que não
estava para atender ninguém.
Sinto muito que
volte na segunda, amanhã, peça a Doris que faça a reunião no meu lugar, tenho
que pensar em muitas coisas. Hoje já não
quero ver ninguém na minha frente.
Pegou o casaco,
afrouxou a gravata, nem sua pasta pegou, queria era ir embora, desceu com a
cabeça em outro lugar, as pessoas diziam até logo, ele nem sabia quem era.
Só escutou uma
voz perguntando que era ele.
Foi andando, o
escritório central ficava ali perto da Cinelândia. Tinha poucas opções, se fosse tomar um
chopps, logo se sentaria algum conhecido para fazer fofocas ou contar lorotas,
não estava para isso, na verdade a fúria que sentia interna, era o que o movia,
anos atrás anos.
Não tinha chegado
aonde estava só pela sua estampa, ou pelo seu nome, que no fundo enganava
muito, Carlos Alberto Alcântara Vasconcelos.
Para muita gente nesse pais, esses nome duplos, sobre nomes que parecem
importante, no fundo tudo é a mesma merda.
Quando lhe
perguntavam se era parente de fulano de tal, Alcântara Vasconcelos, de não sei
aonde, ele tinha vontade de dizer, não moço sai ali de Caxias mesmo, dos
subúrbios, mas chegarei ao mais alto disso tudo.
Era diretor de
criação de uma grande empresa, tinha a capacidade de descobrir gente, aglutinar
pessoas criativas, as ensinar a trabalhar, a serem práticas, a inventarem
produtos para essa empresa. Tinha
chegado, por convite de um outro diretor, mas esse acabava de pedir demissão,
pois também já estava de saco cheio. O
novo presidente da empresa, era um jumento, que tinha subido à custa de puxar
saco de todo mundo, não entendia nada de nada.
Passou na frente
de um cinema, passava um filme desses de muita pancada, era o que ele precisava
no momento, ver pancadaria, não gostava do gênero, mas com isso colocava para
fora o que estava sentindo.
Comprou uma
entrada, foi sentar na ultima fila, bem escondido, não queria que ninguém o
visse, sabia que nesse cinema tinha muita pegação, mas ele queria se soltar.
Nem bem quinze
minutos depois, um homem veio, pediu para passar, ele estava na primeira
poltrona, quase ao lado da parede, olhou para o outro lado não tinha ninguém
mais nessa fila, ia dizer, por que não entras para o outro lado. Viu que era um tipão, contra a vontade se
levantou, o homem passou por ele roçando a mão no seu caralho.
Sentou-se justo
ao seu lado, ele se inclinou para frente, pois justo nessa hora o mochinho do
filme começava da dar porradas. Se
imaginou fazendo isso na reunião, sua cara saiu um sorriso, como gostaria de
fazer isso, a coisa estava feia, com a saída do amigo, ele estava fadado a cair
fora também, tinha uma meta, tudo bem tinha chegado ao mais alto que podia na
empresa, mas acreditava que lhe faltavam convites para ir para outro lugar, os
últimos eram para lugares longe, fabricas no cu do mundo, isso ele não estava
disposto.
Sentiu que a mão
do sujeito, deslizava pela sua perna, com ligeiros apertos, deixou, mal não ia
fazer.
Quando agarrou o
seu caralho, sentiu um corrente subindo pela virilha, olhou para o mesmo, era
muito bonito.
Bom programa para
uma sexta-feira pensou, mas não ia dar gosto de algum conhecido o ver ali no
cinema sovando um sujeito.
Com a voz rouca,
perguntou se o outro queria algo mais forte, podemos sair daqui.
A voz do outro
também estava rouca, disse que sim.
Arrumou seu
caralho para cima, assim não chamava atenção, perguntou ao outro se ele tinha
algum lugar para irem, ele nunca levava ninguém para seu apartamento, ali era
seu santuário, nem os amigos convidava.
Ele na verdade
estava atravessando a Cinelândia, para ir buscar seu carro no estacionamento,
foram para lá, vamos para um motel, tinha um que levava os homens com que
queria fazer sexo.
Viu que o outro
estava nervoso, não se preocupe, é tudo bem feito.
Não era longe, parou
o carro ao lado, justo nesse momento saia um carro dali, era um hotel barato,
mas limpo, só para homens.
Pegou a mão do
outro, estava suada de nervoso.
Pagou, mas
chegaram ao quarto, foram um tirando a roupa do outro, tinha um corpo como o
dele, magro, mas musculoso, transaram uma, duas vezes, queria mais, fizeram uma
pausa, o outro soltou, porra estar contigo é como estar numa montanha russa,
dessas que queres gritar.
Ficou rindo,
menos mal que o outro não fumava, odiava isso, alguém ter que fumar depois de
fazer sexo.
Tinha sede isso
sim, numa pequena geladeira, tinha garrafinhas de água gelada, estava incluída
no preço.
Levou uma para o
outro, só uma luz na cabeceira da cama, iluminava seu corpo perfeito, sem
pensar duas vezes, começou a provoca-lo.
Depois disso, uma luz se acendeu, ou vamos embora, ou pagamos a noite
inteira.
Vamos embora,
porque senão vamos nos matar de fazer sexo.
Trocaram de
telefone o levou até a Cinelândia, o outro o convidou para tomar alguma coisa,
sinto muito, tive um dia de merda, não seria boa companhia para conversar.
Foi para casa,
vivia em Santa Tereza, num belo apartamento, com uma vista maravilhosa, ali
tinha seu studio de pintura, tinha acabado de fazer uma exposição, a dois meses
atrás, mas já estava numa nova fase, se apresentava com seu nome artístico de
Duda Vasconcelos.
Que homem,
pensou, tinha guardado o cartão que o outro tinha dado, mas não olhou, tinha na
verdade se desafogado, o homem era nota deis, bom de cama, além de bonito, bem
seu tipo.
Tinha que tomar
uma resolução, se serviu de um copo de whisky que era a única bebida que tinha
em casa, com um cubo de gelo, se sentou na varanda, olhando lá para longe o
Museu de Arte Moderna, o Pão de Açúcar, sempre pensava um dia terei um
apartamento que fique em frente ao Pão de Açúcar. Riu, quem tinha saído da puta que pariu,
isso seria o máximo.
As coisas com ele
nunca aconteciam por um acaso. Seu pai
era um bom filho da puta, desde garoto, olhava para o velho, como dizendo o que
esse faz pela vida. Quem dava um duro ali
era sua mãe, sua irmã mais velha que tinha deixado de estudar para trabalhar na
fábrica que ficava perto de casa.
A irmã de sua
mãe, era solteira, odiava seu pai, trabalhava na fábrica também, mas tinha um
cargo importante, era coordenadora de moda, bem como desenhava as estampas.
Conversou com ela,
pois agora lhe tocava, ou ir trabalhar na fábrica, ou estudar alguma coisa,
levou desenhos que tinha feito para ela.
Examinou um a um, esses dois, compro para a fábrica, estou montando uma
linha de camisetas com estampas nesse sentido, será algum dinheiro para ti, mas
esconda, teu pai é capaz de roubar para tomar cachaça. Isso era verdade.
Mas voltando, eu
fiz vários cursos no Senai Cetiqt, explicou para ele o que era, podes aprender
de tudo, tendo em conta se vais trabalhar com moda. Posso te ajudar, mas saiba que na hora que
teu pai, escute que vais trabalhar com moda, vai de dar uma puta surra.
Falo com tua mãe,
vens viver aqui em casa. Só tem um
problema, domingo é meu único dia de descanso, não se fala em trabalho,
romances, merdas nenhuma, quando muito escuto uma música, leio, penso, mas é
raro falar, isso eu faço para chegar na segunda feira com as baterias
recarregada. Algumas pessoas, vão a
praia, outras se metem a encher a cara, mas eu quero chegar à diretora da
fábrica, por isso necessito desse espaço.
Se souberes me respeitar bem.
Ele achou a ideia
interessante, topo, pode deixar no domingo, eu fico no meu quarto desenhando.
Quando falaram
com a mãe e sua irmã, as duas apoiaram, se a tia dizia que ia ajudar, era
porque ia.
No dia que se
mudava, seu pai o pegou no ato, quando disse que ia embora, logo agora que ele
pensava mais um para me soltar dinheiro, lhe deu uma bofetada que o jogou no
chão, pela primeira vez, se levantou, lhe deu um murro na barriga de bebedor,
um soco na cara, o atirou no chão, a próxima vez, lhe darei uma surra de fazer
gosto, velho bêbado.
Foi embora.
Foi fazendo
cursos, a tia o trouxe para trabalhar, meio-dia na fábrica, lhe explicou o
melhor que fazes, eres ir aprendendo tudo, desde como se faz uma estampa, como
se imprime, vai começar lá última fila, tens que saber como se faz tudo, desde
preparar pigmentos, tudo, entendeu.
Ela ainda pensou,
esse garoto não vai aguentar dois dias nesse lugar.
Mas se enganou,
ele prestava atenção, uma semana depois o chefe disse para ela, ele já sabe
fazer o serviço, é melhor do que qualquer um que eu tenho lá, uma pena que
passe para outro departamento.
Assim foi
subindo, quando chegou na parte que ele adorou, ela preparar os desenhos para
enquadrar na estamparia, já era o braço direito dela. Tinha feito vários
cursos, a cada um novo, aprendia o que lhe interessava justamente para ir em
frente. Uma empresa tinha pedido para sua
tia desenvolver uma coleção de estampas, baseada nas antigas chitas que se
usava desde a época da escravatura, eram em tecidos baratos.
Ela mostrou para
ele, aqui copiar não vale, a ideia e recriar em cima disso, essa empresa vende
roupas para uma gama de pessoas de dinheiro, ele levou o livro para casa,
passou o sábado e domingo fechado no seu quarto, desenhando, sua tia tinha
razão, o domingo era um dia, para pensar, limpar a cabeça.
Ele tinha feito
os desenhos, já pensando na estampa para tecidos, para cortar, como montar os
modelos. Era uma coisa super tropical,
sem querer começou a desenhar modelos, em que usar isso, inclusive em
camisetas, com detalhes da estampa.
Na segunda-feira,
apesar de ter uma aula, que não lhe interessava muito, na verdade queria era o
diploma disso, pois a prática já tinha da fábrica.
Apresentou os
desenhos para a tia, essa falou, você entendeu perfeitamente a ideia.
Telefonou para
seu contato na empresa, lhe disse que poderia ir levando algumas ideias de
estampas, falava isso com um sorriso na cara, olhando os desenhos das roupas.
Pegou tudo,
avisou sua secretária, que ia atender um cliente, o arrastou com ela.
O apresentou ao
diretor da empresa, Duda Vasconcelos, não disse que era seu sobrinho, disse
apenas que era seu braço direito na fábrica, na sexta-feira, lhe falei da ideia
que vocês tinham me pedido, hoje me trouxe tudo pronto, primeiro mostrou as
estampas, o sorriso na cara do sujeito era imenso. Pensou consigo mesmo, se eu estivesse no
lugar dele, não demonstraria nada, assim ninguém saberia se gostei ou não,
ficaria mais fácil para negociar.
Quando acabou,
ele esfregava as mãos. Ela mostrou as ideias das roupas, o
homem só faltava babar, esse é um departamento que falta aqui na empresa,
alguém que cuide da criação de tudo.
Quantos anos tens meu rapaz?
Acabo de fazer 21
senhor.
Queres trabalhar
comigo?
Depende, tinha
escutado uma conversa entre dois professores, que reclamavam que quando
contratavam os jovens esses não estavam preparados, para saber ler nenhum
contrato de trabalho, depois ficavam sem saber como se virar, pois as empresas
sugavam os mesmos, depois atiravam na rua como resto de uma fruta podre.
Depende de que?
Se eu puder ver a
oferta, o contrato de trabalho, tem que ser à minha maneira. Quero saber tudo
que a empresa oferece, bem como meus próprios benefícios nela.
A cara da tia, do
homem era impressionante como dizendo o que diz esse fedelho.
Eu compro os
desenhos das roupas.
Ele disse que
não, como funcionário da fábrica, tinha desenvolvido os desenhos para a mesma,
então ela tinha que fabricar tudo. Foi
catando os desenhos das estampas, das roupas, viu que um estava na mão do
homem, que com uma cara de sem vergonha, esse fica para mim, como prova de que ninguém
vai copiar.
O senhor não
soltou nem um tostão, tudo bem a ideia é sua, mas eu sempre tenho uma cópia de
tudo, que está na fábrica, nesse momento a secretária da minha chefe, está
registrando os mesmo, então seria roubo.
Menina, de aonde
sacaste esse garoto, para a idade dele, é bom, muito bom mesmo.
Ainda teve a
petulância de dizer, o senhor tem certeza de que sabe dirigir essa empresa,
veja, foi apontando todos os erros do homem, que estava de boca aberta, se
fosse trabalhar aqui, ia proibir o senhor de fazer isso com as pessoas que
fossem trabalhar comigo.
Há que manter uma
hierarquia. O senhor é o chefe, não pode se comportar dessa maneira.
Ele se sentou
atrás da mesa, em vez de ficar furioso, ria muito. Tens toda a razão, herdei essa empresa, todo
mundo me puxa o saco, ninguém diz a verdade, eu com medo de errar faço
exatamente isso que dizes.
A tia inclusive
tinha se sentado, estava com a boca aberta. Só soltou uma coisa “cria Cuervos”.
Ele chamou uma
pessoa do departamento pessoal, ele não gostou da mulher imediatamente, lhe
disse para trazer um contrato, para o rapaz olhar como era.
Ele quando o teve
na sua frente, foi riscando tudo que tinha escutado dos professores.
Perguntou quanto
ganhava essa senhora que não sabe trabalhar?
Pois quero cinco
vezes o salário dela, não quero que escolha nenhuma pessoa que vá trabalhar
comigo, só eu escolho as pessoas, quero uma carta firmada pelo senhor, para
isso.
Ele só balançava
a cabeça.
Ok. Vou mandar
redigir um novo contrato, quando falou com a mulher, essa soltou de jeito
nenhum, aqui quem escolhe quem vai trabalhar, sou eu. Ficou com a boca aberta, quando o diretor
disse, o dono sou eu, estás despedida.
Ele mesmo foi
buscar outra pessoa do departamento.
Amanhã podes vir
de manhã, assistir uma reunião com o resto do pessoa, te sentas ao meu lado,
assim saberão que a partir de agora serás meu braço direito.
No carro a tia se
matava de rir, aonde aprendeste tudo isso?
Eu, vendo a
senhora trabalhar, dá um duro desgraçado para manter seu lugar. Sei o quanto é difícil, principalmente com os
homens todos querendo o seu cargo.
Cria Cuervos,
soltou ela de novo.
O que quer dizer
isso?
Lhe disse para
ver um filme, como ela fazia, alugava filmes para ver no domingo, sozinha. Disse que na verdade o filme era
interessante, mas que ela usava isso, para ter a cabeça dividida, fico
prestando atenção no filme, mas faço o resto da minha cabeça funcionar em outra
sintonia, assim quando me reúno com alguém sei tudo que passa em minha
volta. Mas hoje me surpreendeste.
Eu é que tenho
que agradecer a senhora de me ter dado todas essas oportunidades, imagina, eu
vou a maioria das aulas para ter um diploma, mas a maior parte do tempo, tudo
eu já aprendi na prática na fábrica.
Antes de pedires
demissão, amanhã assista essa reunião, ele espera que seja honesto com ele.
Vamos comprar uma
roupa boa para ti ir nessa reunião.
Não esperava o
que ia dizer, como esse homem que trabalha numa empresa voltada para a moda
pode se vestir tão mal.
Ela caiu na
gargalhada. Talvez tenha uma mulher que
lhe faça isso. Ele assumiu a empresa a
pouco tempo, esteve fora do pais, o pai faleceu, junto com seu irmão mais velho
que levava a empresa, teve que voltar para assumir tudo.
No outro dia, foi
vestido com uma calça jeans escura, com uma camiseta escura mas de boa
qualidade que se fabricava na fábrica para exportação, uma jaqueta da mesma
coleção, cortou o cabelo, num corte mais moderno em Ipanema.
Chegou antes da
hora, disse que seu nome era Duda Vasconcelos, que o chefe o esperava.
Ah, sim, mas ele
não chegou ainda, o levaram para uma sala, a segunda senhora, chegou com o
contrato para ele ver se estava bom, foi riscando uma série de coisas, eu disse
que nada disso podia constar no contrato.
Por isso a que era tua chefe foi para a rua.
Ninguém me
orientou. A fez sentar-se, falou com ela
francamente, como ele funcionava, ele sabia como se comportar, pois seu último
trabalho na fábrica tinha sido exatamente esse, montar uma equipe. Esse contrato dessa maneira funciona para todos
que vão trabalhar comigo, não quero ninguém ao meu lado pensando que é um
funcionário público.
Ela riu, eu me
sinto assim, venho trabalhar de mau humor, pois essa mulher não deixava ninguém
ir para a frente.
Quando o chefe
chegou, vejo que já estas dirigindo a empresa.
Não, apenas por falta
de orientação, ela me apresentou o mesmo contrato que a outra.
Ele riu a bessa,
erro meu, não tenho nenhuma experiencia nessa área.
Fui diretor de
ações de um banco em Londres, só sei pensar assim, gostei de ti, pois me
colocaste com os pés no chão.
Ao entrar na
sala, parecia, uma reunião de professores de uma escola pública, que todos
contam tempo para se aposentar. O examinaram de cima a baixo, ficou horrorizado
como podia trabalhar com moda se todos se vestiam mal.
Primeiro ele
passou os desenhos para todo mundo, a maioria não disse nada, só uma que
aparentemente era a mais jovem que disse, foi o que eu lhe disse senhor, essas
estampas em sua época eram lindas, mas retirando todos os detalhes em volta,
fica excelente.
Ele passou os
desenhos das roupas que ele tinha feito. Foi a mesma coisa, a única que se
deliciou com tudo foi ela. Isso numa
vitrine vai ficar espetacular, a muito precisamos dessa renovação, estamos
ficando com clientes velhos demais.
Bom agora eu
apresento, ia dizer Duda, ele soltou Carlos Alberto Alcântara Vasconcelos, as
pessoas me conhecem com Alberto Vasconcelos, ou só pelo sobrenome.
Ele será a partir
de agora, o diretor de criação. Os
outros não gostaram.
Senhor me
permite, gostaria que as pessoas aqui dessa sala dessem o exemplo, todos se
vestem muito mal, parecem velhos a beira de ir para um asilo. Só a senhora, embora esteja comedida, parece
entender de moda, pois citou como ficaria numa vitrine.
Todos estava com
cara de ofendidos.
Já escutaram,
apresentou a que tinha gostado de tudo, Dejanira Machado, ela riu, aqui me
chamam de Maria Machadão, por causa de uma novela.
Realmente já
tinha falado com o chefe, essa gente está fora do mercado.
Foi até a sala do
chefe, aonde vou trabalhar, ele indicou uma sala ao lado, daqui posso te ver.
Senhor outra
coisa, ontem a primeira coisa que reparei, é que o senhor é o culpado disso, se
veste muito mal. Nem parece alguém que
trabalha com moda.
Isso lá é
verdade, imagina, eu estou usando as roupas do meu irmão, pois não tenho trajes
de verão para usar aqui. Gosto na
verdade como você se apresentou hoje.
Foi uma coleção
que fiz com minha tia, pela cara dele, viu que não sabia, sim ela é minha tia,
mas sei tudo como funciona numa fábrica, pois aprendi desde baixo, quando tinha
16 anos, trabalhei em tudo na fábrica.
Bom como eu
dizia, essa coleção era para exportação, mas os vendedores internacionais,
estão acostumados com coisas não tão finas.
Gostaria de ir à
loja mais importante que vocês tem.
Venha, chamou a
Dejanira, eu a descobri justamente nessa loja, brigando com uma chefe, que
fazia uma combinação horrível das roupas.
Agora é meu braço esquerdo, você será o direito.
Entraram no
carro, ele pediu desculpas, mas esse carro era do meu pai, acho uma merda, tem
cara de velho, imagine um Mercedes para mostrar que é importante.
Dejanira foi
mostrando tudo na loja que ficava no centro da cidade, ele tirou uma caderneta,
foi anotando tudo, entrou na loja, as chefes de departamento já sabiam que
tinha acontecido na reunião, só faltaram abrir suas calças para lamber seus
ovos.
Estavam numa
parte, veio a chefe, com uma roupa antiga, com os cabelos presos, num coque
antigo. Dejanira foi mostrando as roupas
novas que ela tinha introduzido, ele separou duas roupas, uma saia, uma blusa,
arrastou a chefe para o vestidor, a mandou vestir, quando ela saiu era outra
pessoa, ele foi lhe soltou o coque, viu uma tesoura por ali, cortou metade de
seus cabelos, num corte Chanel, assim fica melhor, a partir de amanhã quero
todas vestidas assim com roupas mais soltas, mais modernas, tinha notado que
todas usavam um coque.
Quem inventou
isso?
Fui eu, ele olhou
para trás, estava a que era gerente da loja, com uma cara de azeda.
Ele soltou sem
querer, temos uma memeia aqui.
Quem é memeia?
Uma bruxa de
história de quadrinhos, senhora.
Temos que ter
compostura para atender os clientes.
A senhora ou veio
de um orfanato de irmãs de caridade, ou estudou numa escola assim, nada disso,
os clientes querem ser bem atendidos, se vão comprar temos que ser agradáveis,
eu só compro com um vendedor que me agrade, se ele não está vou embora.
O importante é
isso, saber atender.
Quantos anos a
senhora tem?
Ela disse
baixinho.
Mas muito pouco
para estar assim tão amargada, sugiro que a senhora tire a tarde livre, vá
primeiro a um cabelereiro, solte essas melenas, depois a uma ótica, procure um
óculos mais jovem para alegrar a cara, quero todas as vendedoras maquiladas
para trabalhar, nada com essa cara de xuxu murcho na cerca. As vendedoras que estava por ali, riam,
aplaudiam.
Bom disse o
diretor que estava em silencio, já viram quem vai cuidar de vocês a partir de
hoje.
Saiu dali as
gargalhadas, memeia, caramba tens um vocabulário, impressionante.
Vamos voltar para
a central.
Nada disso, foram
a uma loja ali perto, disse ao vendedor, que o conhecia lá do bairro, te estou
trazendo um cliente, quero disse a roupa como queria, um traje azul, mas nada
de escuro, camisas brancas, azuis, mandou o chefe para o vestidor, o arrumou,
Ajustava uma
casaco no seu corpo quando ele disse, pare. Estava sério, veja o que você fez,
estava de pau duro.
Perdão, eu deixo
o senhor se vestir sozinho.
Ele comprou toda
as roupas que ele tinha separado.
Que carro vocês
acham que eu devia comprar?
Ele soltou, eu
não entendo nada de carros, só sei que tem um motor, quatro rodas.
Dejanira soltou o
verbo, uma das minhas paixões, mas acho que o senhor devia fazer através de um
banco, assim pode ir trocando de carro, quase todos os anos. Leasing se chama
isso.
Estou perdido nas
mãos dos dois.
Quando entraram
na central viram o chefe sorrindo com outro tipo de roupa, mais jovem, mais
moderno, entenderam que tinham que mudar ou caiam fora.
Já sabiam também
o que tinha acontecido na loja.
Sergio Andrade, o
dono da empresa depois lhe chamou para olhar o contrato novo, ele riscou duas
coisas.
Espera fui eu que
coloquei isso.
Chefe, imagina,
daqui seis anos, estarei pensando quanto tempo falta para me aposentar, quero
um contrato de cinco anos, se no final disso, o departamento estiver
funcionando, com certeza irei embora.
O mesmo deve
fazer com a Dejanira, a deves ir passando de departamento em departamento para
modernizar tudo.
O que tanto
anotaste?
Isso, eu vou
trazer depois de assinar o contrato, mas antes tenho que ir até a Fábrica,
pedir demissão.
Esta semana tenho
que arrumar um apartamento mais ou menos perto, para poder me mover melhor, eu
moro com minha tia, perto da Fábrica.
Diga para ela vir
amanhã fechar o contrato da coleção, é dela.
Me chame de Sergio ou de Andrade.
Nada disso, temos
que ter essa distância, porque senão dentro em breve eu não o respeitaria.
Bom vou embora
fiz muita confusão hoje, começou a rir, te acostume sou assim mesmo.
Sergio ficou
rindo com ele.
Chegou na fábrica
como sempre, foi falando com todo mundo, depois foi para o escritório da tia,
mostrou o contrato para ela.
Espera chamou o
advogado da empresa.
Quando esse leu o
contrato, ficou de boca aberta, que grande coisa conseguiste.
Depois a tia
mandou chamar sua mãe, bem como sua irmã.
Disse para elas o
menino, vai voar. Vai trabalhar com
uns grandes clientes que temos, vendeu toda uma coleção para eles, temos
trabalho muito trabalho.
A mãe, sua irmã
chorava, bendita hora que saíste de casa.
Temos boa novas, a mãe, colocou o sem vergonha para fora de casa. Disse basta.
Ele só disse
cuidado, ele pode ser perigoso.
Vamos ficar um
tempo na casa da tia.
No dia seguinte
foi trabalhar, o chefe estava todo vestido com a roupa azul que ele tinha
escolhido.
Que tal estou,
lhe perguntou.
Perfeito chefe.
Vamos para a sala
de reunião, as pessoas parecem que tinham recebido o recado, estavam melhor
vestidos, as mulheres com o cabelo cortado, os homens de barba feita.
Quero avisar, que
a partir de amanhã, Dejanira vai passar um tempo em cada departamento, temos
que modernizar tudo. A cara foi ótima,
de quem essa ideia, perguntaram?
Minha porque,
disse o chefe, afinal a trouxe para cá por isso.
Depois ficaram os
três, creio que em breve vamos ter muita gente pedindo as contas ou
aposentadoria.
Bom vamos ao que
você tanto escreveu ontem.
Vais pensar que
sou louco. A marca, está consolidada,
verdade?
Isso fizeram teu
pai, teu irmão, pois agora chegou a hora de sacudir essa poeira.
Veja, pelo que
anotei, todas as clientes, são de uma idade x, sempre se vestiram ali, mas
vamos manter isso, mas introduzindo coisas novas, como a loja que fomos ontem é
a principal, creio que se deveria começar por lá. Primeiro mudar o letreiro, que é velho, dá
pena, precisa de aposentadoria, segundo fazer uma reforma geral, agora vai
pensar, vou perder dinheiro, mas eu digo, ganhar mais em seguida. Fechar a loja, reformar inteira, tudo, tirar
essa coisa velha que é esse chão de alcatifa, colocar um chão de madeira
moderna, iluminar os provadores, novas maneiras de expor, fazer uma reciclagem
com os vitrinistas, já vi que todos são velhos também, sempre tiveram só esse
emprego, sugiro que eu tenha no departamento alguém que os oriente.
Tenho um
conhecido, que dá aulas no Senai Cetiqt, trabalhou um tempo na Europa, podemos começar
pedindo que treine esse pessoal, que aprenda a olhar a loja de outra maneira.
Dejanira, podia
selecionar todo o pessoal que está lá, não digo mandar ninguém embora, mas
receber um treinamento. Devíamos ter setor de perfumaria, que vendesse
perfumes, creio que qualquer marca gostaria de entrar, que tenha uma linha de
maquilagem para senhoras, com pessoas para ensinar as mesmas a se maquilar.
A cara do Sergio
era incrível. Menino vou para casa, tu,
Dejanira, levam isso em frente.
Nada disso, você
entende de cifras, precisamos alguém para nos parar os pés quando voarmos alto.
Para encontrar outra solução.
A partir dessa
semana, irei a cada loja com ela, vamos olhar tudo, anotar, mas veja, essa
primeira é a cobaia, as outras podemos fazer reformas com as mesmas abertas, ou
trabalhando de noite, principalmente já vi que temos várias nos shoppings, eles
permitem isso.
O senhor terá que
negociar isso, teremos que chamar uma empresa que faça, isso, negociar com ela,
ajudamos, mas tem que ter tua figura na frente.
Quando foram cada
um para sua sala o Sergio, lhe apertou a mão, eu estava perdido, a Dejanira me
mostrou um caminho, mas tu, entrou como um furacão, me sacudiu, eu já pensava
em vender tudo voltar para Londres, aonde estava minha vida, aborrecido como
aqui, obrigado.
Não te dou um
beijo, porque iria chamar a atenção.
Um ano depois as
vendas eram fantásticas, ele tinha montado um departamento, tinha reciclado o
pessoal das lojas, os velhos realmente tinham ido embora, Dejanira tinha
conseguido outras pessoas para o lugar delas, mas usando seu contrato, de cinco
anos. Se a pessoa não se acomodasse,
ficava. Inventaram inclusive, que a cada
x tempo, todos trocavam de departamentos, para mudar tudo.
Agora a loja
tinha um departamento masculino que funcionava bem.
Sergio Andrade,
fez uma festa na empresa, para comemorar as mudanças.
Ele agora, a cada
fornecedor, exigia conhecer a fábrica, queria ver como funcionava cada uma, se
valia a pena trabalhar, se fossem fazer uma coleção, queria saber aonde estavam
pisando, se ninguém ia copiar o que tinha feito.
No dia dessa
festa o Sergio, disse que o levava para casa, mas o levou para a sua, não posso
mais esperar. Começaram um
relacionamento, que ele como no seu contrato, incluiu clausulas, nunca viveriam
juntos, os domingos eram dele, que não queria ser apresentado a ninguém como
seu namorado. Na empresa sou um
empregado como todos os outros, senão perderam o respeito por ti.
Ele sempre dava
um jeito de o arrastar para sua casa. Mas viver juntos não, adorava fazer sexo
com ele, mas nada de romance, ele tinha um objetivo a conseguir.
Quase cinco anos
depois, estava com Dejanira num shopping comentando uma coleção que estava mal
exposta. Isso não pode acontecer
Dejanira, o meu departamento, mandou como devia estar exposto, se falo com a
gerente, estarei passando por cima de ti.
Vinha os dois de
braços dados, andando pelo corredor, se encontraram com uns senhores bem
vestidos, todos a cumprimentaram, ela o apresentou.
Ah, o rapaz que
revolucionou a marca. Queríamos falar
com os dois. Quando podemos marcar uma
hora.
Entregou um
cartão a cada um, foram embora, ele lhe perguntou quem são esses?
Donos da
competência, estão atrás de mim a tempo, mas querem os dois. Teu contrato acaba dentro de meses, mas o meu,
não.
Ele cortou
rápido, por que a gerente dessa loja não obedece as orientações do meu
departamento?
Porque é minha
namorada, soltou Dejanira.
Isso não importa
nada, diga a ela que se não se comporta, eu a coloco no olho da rua. Que ela olhe direito o contrato novo, eu
posso fazer isso.
Ou arrumas o
problema ou faço eu.
Ela ria, já usei
esse argumento, mas se acha acima de todos os outros gerentes, diz que se a
pressiono contara nosso relacionamento.
Voltaram, ele
entrou na sala da gerente, que estava fumando.
Ele parou na porta, curioso tem um aviso aqui, dizendo que é proibido
fumar. Você devia dar o exemplo.
Mas sou curto e
grosso, estás despedidas, pegue suas coisas, vá até a central, para tratar de
seus papeis.
Ela olhou para a
Dejanira, essa só disse, eu te avisei.
Amanhã, quero que
as regras aqui sejam obedecidas.
A mulher foi
falar logo com quem, com o Sergio Andrade.
Querendo caluniar a Dejanira, disse que esta tinha se aproveitado dela.
Eu duvido muito,
teve sim o mau gosto de se meter com uma fulana. Estas despedida.
Ela ventilou para
quem quisesse escutar a história.
Ele ficou duas
semanas sem ver o Sergio Andrade, um domingo ele apareceu no seu apartamento,
era muito simples ali no centro da cidade, perto relativamente do escritórios.
Abriu a porta o
convidou para entrar, viu que ele estava só de bermuda.
Quis passar a mão
no seu corpo.
Sergio, aqui é
meu santuário, te disse que os domingos eram meus.
Quero que vás
viver comigo, nos outros dias fico imaginando que tens outra pessoa.
Ele riu, como seria
possível, trabalho como uma besta, estou morto de cansado quando chego em casa,
preciso parar para pensar.
Nada disso
Sergio, temos um romance, mas não estamos casados, nem quero isso, sou jovem,
tenho sonhos ambições, você me abriu as portas disso tudo, isso jamais
esquecerei, mas dai a querer me controlar, nem pensar.
Eu vivo recebendo
convites para trabalhar pelas fabricas que vou conhecendo, querem se
modernizar, me convidam, me oferecem inclusive mais dinheiro, mas nunca aceito,
porque tenho um contrato contigo para cumprir.
Sim eu sei,
sempre foste a única pessoa honesta comigo, mas estou numa enrascada, de um
lado minha mãe, querendo que me case, que tenha herdeiros, sempre soubeste que
tenho uma noiva, se vais morar comigo, posso romper tudo isso.
Ou seja, me
queres para isso, usar de aríete para romper teus compromissos.
Nem pensar.
Eu te adoro, tu
sabes disso.
Sim sei que na
cama, nos damos bem, trabalhamos bem juntos, mas dai dar esse passo, seria
cortar todos meus planos.
Vinha economizando
dinheiro, tinha ajudado sua mãe, bem como sua irmã, pagava cursos para ela,
melhorar sua vida.
Sergio queria
fazer sexo, ele se negou, é meu domingo, não abro mão.
Então tudo está
terminado entre nós.
Quando ele saiu,
cantou um pedaço de uma música que sua tia gostava.
Se o amor me
deixar
Me deixe num
domingo
Eu não vou
reclamar
E posso até achar
Que ficar só é
lindo.
De uma certa
maneira, era o melhor, pois Sergio nunca se controlava, as vezes o queria
beijar no escritório, isso ia contra todas suas regras.
Duas semanas
depois trouxe sua noiva para trabalhar com eles, a coisa se torceu, pois ela
não gostava nem da Dejanira, nem dele.
Tinham ido ao
shopping para ver como ia a nova gerente, a loja estava perfeita. Foram almoçar, quando apareceu o que ela
tinha dito que era o diretor presidente da companhia.
Quando vamos ter
a tal entrevista, disse o homem.
Ele cortou,
porque não agora, já acabamos de almoçar, se sua loja tiver uma sala podemos
conversar.
O homem se
apresentou novamente Rodrigo Sintra.
Foi direto ao
assunto, gosto de como vocês dois mudaram tudo, renovaram todo um conceito de
loja, as nossas são maiores.
Mas o que o
senhor nos oferece?
Ele começou a
desfiar um papo de cerca tonto.
Pare, primeiro,
não somos tontos, temos nossas regras de trabalho, o meu contrato redigo eu, se
não se cumprem me dá direito a uma indenização grande, isso primeiro, a minha
maneira de trabalhar, não admito interferências de ninguém, analisaremos vossas
lojas, aí pensaremos no assunto, de qualquer maneira mando uma cópia do nosso
contrato de trabalho, através do meu advogado.
Nós não
trabalhamos assim.
Então nada feito,
temos outras ofertas muito boas de trabalho, citou uma série de fábricas que
ele visitava com ela, aceitam qualquer termo de nosso contrato, lhe estendeu o
cartão com seu número de telefone. Ah
uma coisa, o senhor é o presidente, mas só negocio como dono da empresa.
Essa fez uma
sorriso de mofa, esse não entende de nada. Que dirige tudo sou eu.
Que filho da
puta, não daria certo Dejanira, ele gosta de andar com esse grupo de homens, lambendo
seus ovos.
Eu conheço a
filha do dono, estudamos juntas num curso agora a pouco tempo, ela está se
preparando para dirigir a empresa.
Ligue para ela,
vamos bater um papo com ela.
Assim foi começaram
na nova empresa, colocando para fora o presidente da companhia, com carta
branca, junto a filha do dono.
Agora ela se
tinha casado com um idiota, que tudo que pensava era em vender a empresa.
Tava na hora de
mudar.
Seu celular tocou
várias vezes, mas nem pensar em atender. Tinha que pensar.
Na segunda-feira,
já tinha uma decisão, o senhor que tinha hora marcada contigo, está aí na sala
ao lado, como disseste para vir hoje, acho bom atender porque é de São Paulo.
Ok, o leve para
minha sala de reuniões. Depois quando
acabar quero falar com todos.
Dejanira falou
com ele, quando se cruzaram no corredor, recebi uma oferta, vou para outra
empresa, uma cadeia de boutiques, desculpe não falar antes, mas tanta confusão,
agora preciso voar sozinha, me entendes.
Sim, acho que
tens razão.
Quando entrou na
sala, ficou parado na porta, sentado na mesa, estava o homem de sexta-feira.
Vê o que dá não
se apresentar. Se levantou estendeu a
mão.
Pior, olhou para
sua mão, viu uma aliança.
Foi direto ao
assunto, tentei falar muitas vezes contigo, mas nunca consegui. A tempos atrás eu não estava, estiveste em
nossas duas fábricas em São Paulo, estiveram com minha irmã, vocês não quiseram
fazer negócios, pois acharam a empresa antiquada.
Disse o nome da
empresa, ele se lembrou imediatamente da mulher. Ela disse que estava assumindo a empresa, que
seu irmão estava fora, nosso pai morreu a questão de um mês meu irmão trabalha
em Paris, está lá pedindo demissão, sabemos que isso aqui necessita de uma
modernização, os dois saímos do pais, agora retornamos, meu pai ficou à mercê
dos diretores, como sempre acontece nesse pais. Quase levaram a empresa a falência, mas
pagamos todas as dívidas, agora toca renovar tudo.
Ele disse que o
maquinário era excelente, mas o que necessitavam era de uma equipe de criação,
para modernizar o produto. Explicou
para ela tudo.
Por isso vim
aqui, para te convidar para trabalhar conosco, conheço tua fama, além da carta
branca que exiges, mas veja bem, eu trabalhava em Paris, na Printemps, mas na
parte administrativa, fui para lá fazer um estágio, acabei ficando, me casei
por lá.
Minha mulher
ficou, eu voltei, não viram durante um bom tempo, tenho dois filhos.
Era como se estivesse
colocando os pingos nos I.
Bom qual a tua
proposta?
Queremos que nos
ajude a modernizar as duas empresas, sabemos de tua forma de contrato, nos
informamos a respeito de ti, eres jovem, mas tem uma maneira especial de
trabalhar, se for nessas condições, pagamos o dobro do que ganhas aqui.
Ele era o salário
mais alto da empresa. Por isso o queriam
fora, para poderem negociar a venda.
Faz uma coisa,
tenho uma reunião com meu pessoal, me espere, lhe deu a direção de um
restaurante, ou melhor, sabes aonde fica meu carro, me dê uma hora, te dou a
respostas, bem o que quero para ir para São Paulo.
Fez a reunião com
seu pessoal, avisou Doris, sua mão direita, que iria para São Paulo, morar lá,
trabalhar em uma empresa, começar do zero, perguntou se queria ir.
Contigo vou ao
inferno.
Ok, agora o pior,
ou o melhor, vou falar com o novo manda mais, pedirei as contas, ele não sabe
que se me mandar embora, tem que pagar uma multa.
Foi se encontrar
com o mesmo, disse que não concordava como rumo da empresa, que ele estava
destruindo todo seu trabalho. Me importa
uma merda, o melhor preciso me desfazer de ti para poder vender a empresa. Estas despedido.
Assina aqui, que
me estas despedindo.
O idiota assinou,
como papel na mão, disse adeus, passou pelo departamento pessoal, o diretor
levou as mãos a cabeça, essa multa vai acabar de afundar tudo.
Telefonou para o
outro, esse confirmou que o tinha despedido, o próximo serás tu.
Vê, é um idiota, porque
se veste bem, tem boa pinta, não quer é trabalhar, mal sabe que o dinheiro
acaba num dias destes. Eu a avisei para
casar com separação de bens, mas ele acha que metendo a mão no dinheiro da
empresa é dele. Nada mais longe da verdade.
Ok, pagamos a
multa, a culpa é dele.
Autorizou o
pagamento, bem como avisou o banco.
Ele foi
rapidamente com o novo amigo o seguindo, desculpa, mas tenho que ir ao banco
imediatamente. Mal tinham acabado de
lhe transferir o dinheiro para sua conta, o idiota, estava chamando porque
tinha descoberto que tinha sido enganado.
O diretor do
banco, disse foste esperto, porque se ele cancela o cheque não íamos te pagar,
isso seria uma longa batalha judicial, como anda a empresa, ias perder.
Venha, vamos
almoçar, o convido eu, o levou, num largo passeio, atravessaram a ponte, foi
para Charitas, num restaurante que a anos tinha descoberto como Sergio Andrade.
Logo o
reconheceram, o levaram para um sala, com vista para a praia.
Um dia virei
viver aqui, nesse remanso de paz.
Bom, me conta o
que acabaste de fazer, ele contou a história, remodelei a empresa inteira,
agora ela vale mais, mas a filha do dono casou com um idiota, que não sabe
trabalhar, é o novo presidente da companhia, para vender bem tinha que me
colocar na rua, por causa do meu salário.
O que ele não sabia que se me mandasse embora, teria que me pagar 20
vezes minha indenização, é uma clausula do meu contrato.
Quem me contrata,
tem que me engolir, resta saber se vocês estão dispostos a isso.
Se me contrata
agora, não gostam da minha maneira de trabalhar, mas assinaram que tenho carta
branca, eu saio ganhando.
É uma coisa para
se pensar.
A merda é que
estou apaixonado por você Alberto Vasconcelos.
Pode parar o
carro, eu não misturo alhos com bugalhos.
Gostei de fazer sexo contigo, mas isso de me apaixonar nunca.
Tenho normas, uma
você já conheceu, pois vi que me chamou todo o final de semana. O domingo é meu dia, não trabalho, é um dia
totalmente meu, não admito interferências nesse dia, não quero ninguém por
perto, nem um amante, nada.
Depois tu eres
casado, tudo bem tua mulher não esta aqui agora, mas não tenho pinta de ser o
amante. Portanto podes pensar se me
queres realmente na empresa.
Aviso, não rompo
nunca minhas promessas, posso fuder contigo quanto queiras, mas no trabalho,
nem um olhar, nada. Eres o Patrão, te
respeitarei como tal, discutiremos, mas nada de romance. Pense bem.
Na volta, pararam
num motel, ficaram fazendo sexo o resto do dia, o celular dele não parava, mas
não atendeu, tirou o som.
Ah, um detalhe, não
sei teu nome.
Caralho te dei um
cartão.
Se levantou nu,
lhe estendeu a mão Joseph Stein, judeu, já viste meu piru cortado, por isso é
gostoso, mas será só teu.
Mais algum
detalhe?
Sim, minha
assistente pessoal tem que vir junto, além de que quero a casa paga pela
empresa, o que não te permite entrar. Já
disse minha casa é meu santuário, nunca permito a entrada de ninguém.
Como vamos fazer
para ter isso.
Ah não conheço
São Paulo, nunca sai com ninguém de lá.
Ah aviso, nunca faço sexo com outra pessoa, se estou contigo.
De noite o levou
ao hotel, para buscar sua bagagem, lhe deu um beijo, antes de chegar ao
aeroporto, nos falamos, conversarei com minha irmã.
Depois ele olhou
as chamadas, tinha de todos que trabalhavam com ele, tinham sido todos
despedidos. Mas ele não podia fazer
nada, escreveu para todos, ele não sabe do contrato, exijam que pague.
Uma que entrou em
seguida, era da proprietária verdadeira, essa ria, eu sabia que ias aprontar,
bom, o pior é que o idiota não sabe que não pode vender a empresa, eu já a
vendi a uma firma americana, o dinheiro já esta na minha conta. Somos casados com separações de bens.
Dejanira fica
dirigindo a nova empresa.
Ah essa era a
ideia, coisa de mulheres, deixaram ele fazer o serviço sujo, agora dirigem as
duas a empresa. Boa jogada Dejanira,
esperava que ela soubesse levantar a empresa, o pai da nova proprietária tinha
feito muita merda.
Eles levantavam
de um lado, ele destruía do outro.
Com o dinheiro
ganho, falou rapidamente com um bom amigo, advogado, disse que queria um lugar
para guardar suas coisas, que era possível que se mudasse para São Paulo.
Pagas tão pouco
de aluguel, que acho que vale a pena deixares aí.
Ele tinha bom
gosto, com o dinheiro de suas exposições, tinha comprado obras de artes de
outros artistas, coisas que ele gostava.
Bom ia esperar,
avisou a Doris que estivesse pronta, pois os podiam chamar de São Paulo, significa
muita coisa. A tinha preparado como
tinha feito sua tia, a tinha feito ir as melhores empresas, aprender desde zero
dentro delas para saber como funcionavam.
Esta noite,
recebeu uma chamada do Joseph, isso posso fazer, foi o primeiro que perguntou?
Sim, desde que
não seja domingo, nesse dia pode acabar o mundo, que não me importo.
Pior é que
gostava dele, mas casado não sabia, nunca tinha sentido essa sensação de quero
mais. Querer estar com ele.
Mas me conta?
Falei com minha
irmã do seu contrato, ficou assustada, mas é isso ou temos que vender a
empresa, tudo bem é muito dinheiro, mas o velho nos fez ir para fora para isso.
Afinal somos
Judeus, vou conversar com ela, pode ser que te chame antes que eu.
Como tinha uns
trabalhos para acabar, tinha que entregar mais quatro quadros para uma
exposição. Se dedicou a isso, olhou bem
o apartamento, vivia ali a tempos, podia ser negocio deixar tudo ali, ou levar
tudo para São paulo.
Dois dias depois
a irmã ligou, perguntou se podia ir esse final de semana a São Paulo, ele só
disse, fale com teu irmão, domingo, não trabalho jamais.
Ela riu, ele me
disse, mas tinha que tentar.
Olhe, segunda as
nove da manhã estarei na fábrica, levo meu braço direito. Reserve um hotel simples, nada de luxo, para
os dois, quartos separados.
Avisou a Doris, a
esperava no Santos Dumont, para o primeiro voo para São Paulo na segunda-feira.
Durante três
anos, foi uma maravilha, refizeram basicamente tudo na fábrica, voltaram a ter
clientes, grandes empresas, inclusive a que ele trabalhava antes.
Uma vez foi ao
Rio para falar com o Sergio Andrade, ficou horrorizado, estava gordo, como quem
esta no fundo de um poço. Só lhe
perguntou cadê aquele homem maravilhoso que conheci?
Morreu quando me
deixaste.
Conversou muito
com ele, tens que te amar primeiro, se não deu certo teu casamento, peça o
divórcio, sabia que ele também tinha casado com separação de bens, refaça tua
vida.
Mesmo com tudo
isso, nunca deixaste de ser honesto comigo. Foste o única pessoa que amei na
minha vida. Mas tem razão vou tentar,
faremos negócios, assim te vejo, mas um detalhe que seja sempre você, assim
vais vendo se supero tudo isso.
Ok, prometido.
Vejo que precisas
de uma coleção bomba, posso fazer para ti.
Em um mês lhe
apresentou a coleção, o convidou para conhecer a fábrica, quando o apresentou
ao Joseph, disse, foi esse homem que me descobriu, me deu a primeira chance na
vida.
Depois Joseph
comentaria, ele te ama muito.
Sim é verdade,
mas me queria seu prisioneiro, isso não pode ser, tenho sonhos ainda por
realizar.
Um dia tens que
me falar em teus sonhos.
Não me falaste de
tua exposição no Rio, mas consegui comprar um quadro para minha coleção, fiquei
apaixonado.
Qual compraste?
Ele tirou o
celular, mostrou a foto, Duda começou a rir, sabem que é essa figura.
Sim, sou eu.
Não seja sem
vergonha.
Dormiram juntos
essa noite, no apartamento que Joseph tinha alugado para esses encontros, de
manhã passou pelo seu, para trocar de roupa, chegou antes dele ainda na
fábrica.
Avisou sua irmã
que tinha fechado negócios no Rio, que a coleção da loja era deles, toca a
funcionar.
Tinha não só
recuperado antigos clientes, Doris agora, preparava a segunda fábrica para
fazer coisas novas. A equipe era maior
que a do Rio, mas ela a dirigia com mãos de ferro.
Mas claro nem
tudo era perfeito, quando chegou a mulher do Joseph, com os meninos, ele agora
tinha pouco tempo.
Não reclamava,
pois sabia que teria isso desde o começo. Nos finais de semana, se fechava no
seu studio, para pintar, tinha escolhido um apartamento, bem perto da fábrica,
no Belém, era um último andar, mas tinha um quarto, banheiro, uma cozinha
pequena, o resto era um imenso salão, aonde trabalhava. Nunca admitia ninguém lá, nem a Doris sabia
aonde era.
Muito tempo
depois estava trabalhando, quando escutou a companhia da porta, achou estranho,
quando abriu a porta, estava a mulher do Joseph.
Entrou procurando
por ele.
Aonde está?
Não sei do que
esta falando, a senhora esta rompendo um detalhe do contrato que tenho com a
empresa, aqui não pode entrar ninguém, principalmente num domingo que não
atendo ninguém.
Não vejo por que
o Joseph devia estar aqui.
Hoje me contou a
história dos dois, quer o divórcio para ficar contigo.
Perdão, mas não
sei nada disso, além de que, isso jamais aconteceria, não me permitiria isso.
Não tinha contado
ao Joseph, que quando um dos diretores do Printemps tinha vindo a São Paulo
para conhecer a fábrica, tinha ficado impressionado com ele. Tinha lhe feito uma oferta, para trabalhar
em Paris. Isso seria seu sonho.
A senhora me
desculpe, mas estou trabalhando, olhe o que quiser, mas amanhã irei a empresa
por rompimento de contrato, irei com meu advogado.
Ela foi embora,
depois mais tarde viu as chamadas do Joseph, mas não atendeu nenhuma como
sempre.
Segunda quando
saiu, estava esperando embaixo. Desesperado, não faça isso, já arrumei a
situação, sem querer caguei tudo. Estou
loucamente apaixonado por ti, mas tenho os meninos, que adoro.
Olha Joseph, vou
cumprir o final do contrato que acaba em Dezembro, faltam dois meses, por favor
vamos nos limitar ao profissional. A
tempos te disse que não quero estar preso a ninguém, foste a única pessoa que
cheguei a dizer que te quero, mas não estrague tua vida por mim.
Quando acabou o
contrato, foi com Doris para Paris, era todo um outro conceito de trabalho, fez
um contrato curto, só de dois anos, queriam apenas que montasse uma equipe de
criação, ele teve algumas aventuras, como tinha antigamente, mas nunca mais
quis sequer encontrar a pessoa no dia seguinte.
Ninguém era como
o Joseph, quando foi embora, realmente descobriu que o tinha amado, mas não se
achava capaz de arruinar sua família.
De Paris,
passaram dois anos trabalhando em Amsterdam, para uma cadeia de Boutiques, foi
quando perdeu Doris que se apaixonou por um dos que trabalhavam com ela, quando
ficou gravida, disse aqui fico.
Ele de lá foi
para NYC, fazer a mesma coisa, mas chegou à conclusão que não funcionava, a
anos tinha conhecido uma manager, que fazia uma coisa, preparava as coleções,
vendia as grandes cadeias, mas mandava fabricar na China, era um negócio
redondo.
Ele disse que
isso acabaria com a indústria americana, a largo prazo foi o que aconteceu.
Ao longo dos
anos, ele ganhou muito dinheiro, era conhecido também como Duda Vasconcelos,
tinha feito várias exposições em Paris, inclusive com obras nos museus.
Ele dizia quando
falava com Doris, NYC, é fake, tudo tenho que ir a China olhar as fábricas, me
da nojo, é uma exploração do ser humano total.
Menos mal que
aprendi a assinar contratos curtos, estou farto.
Falava agora
muito com seu amigo advogado no Rio, tinha muito dinheiro aplicado lá, bem como
o que tinha em Paris, tinha mandado para lá, com a diferença em cambio, valia
muito, podia ter uma vida tranquila, tinha perdido a vontade de trabalhar, mas
cumpriu seu contrato até o final. Lhe chamaram de novo para Paris, ia ter uma
exposição sua lá. Levou um susto, pois
o dono da galeria, disse que um quadro tinha sido vendido para o Brasil, um
cliente que viveu aqui, sempre compra um dos teus quadros.
Perguntou se era
Joseph Stein.
Sim ele mesmo.
Depois do
vernissage, saiu andando pela laterais do Sena, pensando na vida, nunca mais
tinha tido um homem como ele. Puta
merda, caguei tudo.
No dia seguinte
foi ao Printemps, para saber o que queriam, queriam que ele fosse o
intermediario em criação com as fabricas chinesas.
Ele disse que
isso era um absurdo, iam matar as fabricas francesas, que eram excelentes.
Sinto muito, me
retiro do mercado.
Passou pela
galeria, depositariam o dinheiro em Luxemburgo, aonde ele tinha uma conta.
Passou o dia
andando pelas ruas sem direção, agora estava livre, riu pensando no garoto
ambicioso de Caxias, que tinha chegado aonde queria, mas estava sozinho, além
de tudo, triste, louco para chegar um domingo.
Tomou um avião
para o Rio, ficou primeiro num hotel, foi visitar sua tia, sua mãe, a irmã
tinha se casado indo viver no interior.
Sua tia lhe disse
o mesmo, que as empresas agora compravam da China, poucas eram as que
conseguiam seguir trabalhando.
As duas estavam
aposentadas. Perguntaram aonde ele ia
viver.
Estou olhando
algum apartamento para comprar, aonde todos os dias serão domingo.
Sua tia lhe pegou
pelo braço, seguiste um mal conselho meu, pois veja aonde estou agora, sozinha,
se não fosse a companhia de tua mãe, nem sei o que seria de mim.
Deixe os domingos
de lado, viva a tua vida.
Tinha todas suas
coisas no antigo apartamento que tinha seguido pagando todos os meses, o que
estava vindo dos Estados Unidos, iria, para um armazém, até ele comprar uma
casa.
Estava
melancólico. Quando escutou tocarem a companhia, olhou pelo visor, viu um rapaz
jovem, deve ter errado de apartamento.
Quando abriu a porta, atrás do rapaz estava o Joseph, sem querer abriu
um sorriso imenso, fez os dois entrarem, que bom te ver, soube que compraste
mais um quadro meu.
O rapaz se
apresentou, sou filho dele, ele queria te ver, por isso o trouxe.
Parece contigo
quando te conheci, ele agora tinha os cabelos brancos, os dele também começavam
a ficar.
Que pensas em
fazer da tua vida?
Joseph, pela
primeira ver não sei te dizer. Estou
decepcionado com tudo, principalmente dessa minha etapa Americana, pois tudo é
feito na China, cada vez que tinha que ir até lá me revoltava com a exploração
do homem pelo homem.
Desisti, me
convidaram de novo para Paris, mas para fazer a mesma coisa, ser um negociador
em criatividade com a China.
Chega, tenho
dinheiro suficiente. Imagina nem toquei
ainda no dinheiro que ganhei com vocês, tudo está aplicado num banco, agora me
pergunto para que domingos, se estou sozinho.
Te perdi, o único
homem que amei, agora é tarde eu sei.
Nada disso, te
espero todos esses anos. Me divorciei,
ela voltou para França faz tempo, meu outro filho está lá, mas esse gosta da
fábrica. O ensinei a trabalhar como tu
me ensinaste.
Agora o timão
está com ele. Esta levando lambadas nas costas.
Mas antes que
fales com ele, quero te dizer, que continuo te amando, te esperando.
Começaram a se
beijar, ficaram abraçados como gostavam, puta merda que perda de tempo.
Desceram os dois
de mãos dadas. O filho ficou rindo.
Venham vamos
comer alguma coisa, vamos conversar.
Como descobriste
meu endereço?
Eu sempre soube
de ti, pelo teu advogado.
Ele sabia que eu
era apaixonado por ti, por isso me avisava das exposições, da última vez que
fomos a Paris, fui olhar os quadros que tem no museu. Chegaste aonde querias.
Mas estou
sozinho, meu amigo. Sozinho.
O rapaz no
almoço, num restaurante na barra, falou que queria que o orientasse, as coisas
estão indo a merda, todo mundo compra na China, o que farias.
Ainda tens as
duas fabricas funcionando?
Sim, por quê?
Eu fecharia uma,
vendes aquele terreno que deve valer uma fortuna, com esse dinheiro, começava a
fabricar para ti mesmo, abra uma cadeia de boutiques, fabrique tudo você mesmo,
em pequeno para começar, com coleções, rápidas, começou a desenhar como
pensava. A muito tempo aprendi isso, lojas pequenas, preços nem caros, nem
baratos, não tens intermediários.
A coleção entra,
na primeira semana está na vitrine, depois passa para o meio da loja, quando
chega na terceira semana está em saldos.
Assim sempre em sequência, nada de grandes quantidades. Sempre coisas rápidas, se um cliente, não
compra de imediato, não saberá se o tamanho que quer, estará na loja na
terceira semana.
Comece com o
shoppings em São Paulo, depois faça uma expansão para o Rio, mas coisas que
possas controlar.
Tua tia ainda
trabalha com vocês?
Não se casou,
voltou a viver em NYC, te viu uma vez numa exposição, foi quando descobriu que
tu era os Duda Vasconcelos.
Por que não vens
para São Paulo?
Só vou com uma
condição.
Não me diga dos
malditos domingos, que eu ficava desesperado.
Não, que a gente
possa viver juntos, mas numa casa que eu possa seguir pintando.
O beijou na
frente do filho, esse de brincadeira, tapou a cara, dizendo papai, me respeite.
Ele sempre fala
nesses malditos domingo, que não sabia que fazer, pois queria estar contigo.
Eu sei, mas era
quando podia pintar, achava que isso era sagrado para mim.
Agora sei que
errei.
Estavam os dois
de mãos dadas em cima da mesa.
Joseph, queres te
casar comigo?
Claro que sim.
Mas com uma
condição, nada de separações de bens.
Caíram na
gargalhada.
Os domingos
passaremos sempre juntos.
Agora entendo o
amor de meu pai por ti, soltou o filho do Joseph. Nunca te esqueceu, falava de ti na frente da
minha mãe, pois foi ela que acabou com o que vocês tinham. Mas no fundo não amava meu pai, gostava de
controlar como todas as mulheres judias.
Teremos que
arrumar um apartamento que possa caber tudo, isso que tenho aqui, fora o que
vai chegar, minhas obras de artes, que fui comprando ao longo desse largo
viagem.
Logo o filho do
Joseph casou, com uma moça que gostava desde que tinha chegado a São Paulo, que
não era judia.
O ajudou a montar
o negócio, como tinha sugerido, o ensinou a gerenciar isso, mas ele com o
Joseph, viviam agora sua lua de mel.
Iam de viagem
sempre que podia, passavam alguns meses do ano no apartamento que esse tinha em
Paris.
Quando alguém
olhava para o Joseph, era ele que tinha ciúmes.
Esse ria muito
com ele, quando conheceu seu filho pequeno, que era um homem de 1,90 de altura,
viu que o coitado estava perdido, uma mãe castradora.
Conversando com
eles, se abriu, sou gay, mas não sei o que fazer da minha vida, o levaram com
eles para São Paulo, logo estava trabalhando com o irmão. Ia se livrando aos poucos dos anos
complicados de sua vida.
Mas os dois
estavam ali para ajudar. Vinham de outra época que isso não era tão as claras.
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