martes, 29 de marzo de 2022

OH LORD

 

                                              OH  LORD

 

 

Tinha acabado de desembarcar em Londres, quando colocou seu celular no ar, em seguida entraram muitas mensagens repetidas da governanta da casa de sua tia.

Quando ele chamou, estava nervosa, disse que sua tia estava mal, na mansão familiar, voltou correndo para dentro do aeroporto, pegou a próximo voo para Plymouth, que era o aeroporto mais perto da mansão.

Voltava de uma larga temporada na Índia, agora entendia por que sua tia insistiu que fizesse um curso de administração de empresas, seu avô tinha terras em vários lugares, quase tudo herança familiar, em três lugares da Índia tinha plantações de chá.  Vinha sendo administrada a distância por ele, que já não tinha idade.   

Evidentemente sem o olho do patrão em cima, isso não dava certo, sua tia acabava na época de receber o título, bem como a herança familiar, mas claro isso a pegava já com uma idade, seu avô tinha morrido as vésperas dos 100 anos, lúcidos com uma maneira de olhar feroz.

Quando criança quando o viu a primeira vez, ficou com tanto medo que se mijou nas calças.

Mas no fundo era uma boa pessoa, agora sabia que até boa demais, pois confiava nos homens que administravam suas terras.   Claro não podia dar certo.

Sua tia quis avisar aos administradores que ele ia, mas disse a ela que não, queria chegar de surpresa.

Passou primeiro uns dias se informando, como se fosse um comprador de terras, como passava um tempo na praia, sua pele como sempre ficou mais escura, além dos cabelos crespos, negros, nunca passaria por um inglês.

Seu pai, tinha ido administrar as propriedades do seu avô na Jamaica, ficou louco pela minha mãe, uma mulata para ninguém botar defeito.

Quando morreram num acidente de carro, seu avô materno que era o administrador das terras o trouxe para a Inglaterra.  Foi quando viu seu avô pela primeira vez.

A casa de Londres, era suntuosa, ficava num dos melhores lugares da capital, sempre aparecia em filmes de época.   Ali vivia sua tia, seu avô quando ia a Londres se hospedava ali.

Olhou para ele, foi quando se mijou nas calças de medo.   Mas sua tia se apaixonou por ele no mesmo momento.  Ela foi sua tia, sua mãe, tudo na sua vida.

Bom deixo o garoto contigo, mas quero que tenha uma educação de primeira, afinal, quer queira quer não, ele será no futuro o herdeiro de tudo, já que não tens filho.

Ali ficou ele, quando chegou a idade escolar, de brincar com tia Millie, só descobriu mais tarde que era a amante de sua tia, aprendeu a ler, escrever antes do tempo.

Quando entrou para uma dessas escolas da elite, não gostou, um dia disse que esses garotos eram muito chatos, ficavam implicando com ele, por ser mais moreno do que eles.

Um dia passaram perto de sua casa, numa escolas dessas mistas, disse para a tia, quero estudar aqui.   Não houve jeito, ele quando metia uma coisa na cabeça era difícil de convence-lo. Entrou num acordo com ela, terminava aonde estava fazendo o curso, no ano seguinte estudaria ali.

Sua tia conversou com a diretora, de quem ficou amiga, não queria que o sobrenome pesasse, então usou uma parte de seu nome, para todos os efeitos ele era Angus Sheridan.

Foi uma época feliz, ali se sentia bem, era um aluno exemplar, suas notas eram as melhores, pois se tinha uma coisa que gostava, essa era aprender.   Amava Geografia, mas também era o melhor aluno em matemática.    Com o tempo conheceu o avô, ele quando soube da mudança de escola, não gostou, mas teve uma conversa franca com o velho, se ele não fosse o melhor da escola, podia voltar para a outra.

Depois na secundaria foi igual, o avô o queria colocar interno, mas sua tia não permitiu, mandou o avô passar um dia com ele, o velho ficou de boca aberta, ele nos seus momentos livres, passeava cachorro para ganhar dinheiro.  Os cachorros quando o viam ficavam loucos, nisso era como o avô, que amava os animais.

O velho perguntou que fazia com o dinheiro, ele respondia sério, guardar para o futuro, preciso ir à universidade, para aprender a administrar suas terras, repetia isso, pois escutava sempre sua tia falando nisso.

Sua tia tinha sempre uma desculpa para não ir até a mansão, dizia que tinha sido muito infeliz ali, obrigava o pai a vir passar o Natal e ano novo em Londres.

Quando ele ficou muito velho, foi que começaram a ir.   Ele se divertia horrores, com os cachorros do avô, os levava para correr, mas cobrava do velho o mesmo que cobrava em Londres, esse ria dizendo que o ia levar a falência.  Os cavalos quando ele entrava nas cavalariças, ficavam como loucos, pois sabia que ele escolheria um para ir pelo campo, era como se disputassem o privilégio.  Ia com todos os cachorros juntos, passeavam pela vila que na verdade pertencia ao avô, dizia bom dia para todo mundo, parava sempre numa fruteira para comprar cenouras para os cavalos.

Todo mundo ria com ele, a maioria pensava que era o novo rapaz das cavalariças, ele não desmentia, pois sabia que se o fizesse o iam tratar com cerimonia.

Depois chegou o tempo de ir a Universidade, poderia ir com uma bolsa de estudos, sua tia disse que assim ele tirava o privilégio de algum outro estudante.

Foi estudar administração de empresas, que saiu com louvor, foi a última vez que seu avô veio a Londres, logo em seguida morreu.

Foi então que na vila se deram conta que aquele jovem, moreno, de cabelos compridos amarados num rabo de cavalo, seria o futuro herdeiro de tudo.

Alguns não gostavam pelo fato dele ser moreno, sabiam de sua mãe.

Ele comentava com sua tia, como podiam ser preconceituosos.

Em seguida foi para a Índia, aonde ficou três anos, colocando tudo em ordem, arrumando novos administradores, ensinando como queria que fosse a coisa, ao final os empregados o adoravam, tinha mandado construir uma escola na vila, aonde ficavam as terras, para que as crianças aprendessem a ler, escrever, os administradores achavam que sem saber, era melhor para conduzir as pessoas, como se fossem gados.

Mandou melhorar as casas, colocou uma bomba de água no poço para levar água até as casas, comprou cabras, ovelhas para que os homens pudessem ter com que alimentar a família, que cada um tivesse uma horta no fundo de suas casas.   Teve uma briga imensa com o velho advogado, pois insistiu que cada um fosse proprietário de suas casas, assim nunca iriam embora. A produção aumentou, um dos senhores mais antigo como administrador, ajudado pelo seu neto.

Agora voltava, sabia que em breve teria que ir a Jamaica, para fazer o mesmo.  Mas lá não tinha tantos problemas.    Se mantinha informado com as propriedades da Inglaterra, só ficou triste nesse tempo, com a morte de Millie, pois imaginava como devia isso ter pesado para sua tia.

O avião foi jogando muito, pois o tempo como sempre estava horrível, já sentia falta do calor, do sol da Índia.

Alugou um carro no aeroporto, a mansão ficava perto do mar, junto com uma vila que ficava mais abaixo, justo ao lado do mar.

Chegou tarde da noite, o mordomo o velho Jones, lhe abriu a porta, o abraçou o levou para cima, para o quarto de sua tia, ali estava o velho médico, lhe apresentou o outro que era seu filho, médico também, balançou a cabeça como dizendo que não havia muito que fazer.

Ele se sentou na beira da cama, falou baixinho Tia Bertie, ela se chama Alberta, esse era o diminutivo que sempre a tinha chamado, estou aqui.

Ela abriu os olhos devagar, como para se situar, estava te esperando, não podia ir embora sem me despedir do meu filho.  Ele a abraçou como pode, ficou segurando sua mão, os outros saíram do quarto.  Ela começou a falar baixinho, não confie no advogado, este vem roubando a muito tempo, foi falando tudo o que ele devia fazer, que ela não tinha tido forças depois da morte de Millie.    Que confiasse no Jones, que era quem administrava tudo com mãos de ferro.

Quero ser cremada, que uma parte fique ao lado da Millie em Londres, a outra podes trazer para cá, odeio o cemitério, bem como o mausoléu familiar.  Ainda riu disso, pois era o normal a cerimônia na igreja da vila, o velho pároco vai ficar furioso, ela e o mesmo viviam às turras.

Em seguida parou de respirar, ele ficou ali ainda um tempo segurando sua mão. Depois chamou o médico, quando esse entrou já trazia seu atestado da morte dela.

Pediu ao Jones, tu vens comigo, disse tudo que tinha que fazer, conseguir um caixão como ela gostaria, que o mesmo fosse para Londres, ele ia alugar um avião para isso, que ela como queria ser cremada, seria lá.   Na verdade era aonde tinha amigos.

Avisou a governanta da casa, que colocasse uma nota na coluna fúnebre, que marcasse uma cerimônia, na igreja que ela ia com a Millie.

Jones, soltou o pessoal da vila não vai gostar.

Eu sei Jones, mas era a vontade dela, depois trago as cinzas para cá, faremos uma outra cerimônia aqui.   Avise o advogado, só depois que tivermos saído daqui, assim não enche o saco.

Saíram na calada da noite, se despediu do Jones, como sempre com um abraço, ele ficava sempre desajeitado com isso, mas tinha feito isso desde jovem.

Já nos vemos meu velho, pois sei que terei que passar aqui muito tempo.

Um avião pequeno os esperava, chegou a Londres, morto de cansado, a levou para a funerária aonde seria feita a cerimônia, falou com o senhor, queria que as cinzas fossem divididas em duas urnas iguais, escolheu uma que achou que ela gostaria.

Quando chegou em casa, a governanta, tinha lagrimas nos olhos, estava ali a muitos anos, lhe disse que o advogado da vila, não parava de chamar.

Se chama de novo diz que estou dormindo, estou muito cansado, me chame umas duas horas antes da cerimônia, lhe contou que não tinha parado, tomou um banho, caiu na cama, só acordou quando ela lhe chamou.

Ela tinha ajudado a cria-lo, já estava vestida para ir com ele.  Ainda soltou chamei um mecânico, pois creio que teu carro devia estar sem bateria, esses três anos fechado na garagem, ele colocou gasolina também.

Ele se vestiu, prendeu os cabelos num rabo de cavalo, colocou um traje que tinha usado na sua formatura, que agora estava um pouco apertado, mas não tinha tempo para sair comprar outro.

Ela lhe trouxe um que era de seu pai, experimente esse, ficava perfeito nele.

Na verdade, nem se lembrava da cara do pai, nem da mãe, a não ser por uma fotografia que tinha em sua mesa de estudos.

Saíram, quando ele comprou esse carro com suas economias, todo mundo ria dele, pois era um carro normal, tinha escolhido bem, nada de luxo.

Quando chegaram a funerária, estava lotada, sua tia tinha muitos amigos, inclusive os irmãos da Millie estavam lá.  Abraçou a todos, lhes deu os pêsames, sentiu lagrimas nos olhos, pois ela tinha sido fantástica com ele, falou com o irmão mais velho, do desejo de sua tia, este disse que sem problema, que quando tivesse as cinzas o chamasse que iriam todos lá com ele.

Depois foi apertando a mão daquela multidão de pessoas, a casa de sua tia, sempre estava aberta para todos, encontrou a diretora da escola que tinha estudado, que o beijou, como estas bonito meu filho, do lado dela, estava o rapaz que tinha ficado com a bolsa de estudos que tinha tocado para ele.   Perguntou como ia, se estava trabalhando.   Esse riu, que escritório de Londres, quer um advogado Negro retinto como eu?

Preciso falar contigo, podes ir para a casa depois, preciso de ti.

A cerimônia foi muito bonita, pois vários amigos dela falaram.  Ele se emocionou muito.  O homem lhe avisou depois que lhe chamaria, mas que dariam pressa na cremação.

Foi para casa, com Madie a Madeleine, a governanta.   Se sentaram na biblioteca, para conversar.   Sabia que esta sempre estava em contato com sua tia.

Na casa só viviam ela, além de uma senhora que cuidava da limpeza.

Creio que vou precisar de ti lá na mansão, o Jones está velho, preciso de alguém para dividir as tarefas com ele.

Depois foram ao advogado da família, que tinha o testamento, tudo era dele, as propriedades, bem como dinheiro no banco tudo isso.

Ele avisou que havia problemas na vila, bem como na mansão, pois desde que tua tia estava doente, as coisas não iam bem.

Jones já me avisou disso.

Tomou posse de tudo.  Mais tarde veio o Abidiel, que era o rapaz com quem tinha falado, o levou a biblioteca, se sentaram, perguntou por sua família.

Bom eu me casei com uma das nossas companheiras da escola, não pode ir a cerimônia porque trabalha no hospital.

Perguntou se eles queriam ir para a vila, preciso de um advogado lá, para administrar tudo, posso pedir para o médico local contratar tua mulher, ou eu mesmo pago o salário dela.

Conversem, depois me diga alguma coisa.

Eu ia adorar, sempre estamos falando nisso, como criar uma filho aqui em Londres, está cada vez mais violento.

Quando ficou sozinho, começou a dar uma olhada nos documentos todos que o advogado tinha lhe passado.   Depois fez uma chamada a um irmão de sua mãe, na Jamaica, avisando que já tinha tomado posse de tudo, que em breve iria para lá.  Tinha conversado muitas vezes com ele, sobre o que tinha feito na Índia, o outro não gostava muito, pois lhe tirava uma série de privilégios, com isso sabia que teria problemas por lá.

Tinha outra conta no banco numa cidade perto da vila, essa estava muito confusa.

Achou melhor ir diretamente para a vila, depois Madie, levaria as cinzas da sua tia.

Resolveu ir no seu carro, assim poderia ir pensando.  Mas em momento algum atendeu as chamadas do advogado de lá.

Parou de noite para dormir numa cidade do caminho, tinha aprendido a não se preocupar com luxos, aliás não era muito propenso a isso.

Quando jovem, nas escolas, mesmo depois na faculdade, quando via os que se diziam de sua classe, ou filhos de alguém com algum título, os achava uns idiotas, pois estava sempre como pavões.

No dia seguinte de manhã, atendeu uma chamada de Jones, que dizia que tinha tentado entrar na biblioteca, mas como os cachorros dormiam ali, tinha afugentado quem quer que seja, inclusive mordeu a pessoa, pois há sangue no chão, o avisou que chegaria ao meio-dia.

Na cidade ao lado, passou na delegacia de polícia, o chefe que ele conhecia, desde garoto, pois ia caçar com seu avô estava doente, o atendeu um inspetor.

Era mais ou menos da idade dele, ou talvez um pouco mais velho.

Lhe contou o que tinha passado, desconfio do advogado da família, pois minha tia já tinha me avisado a respeito, bem como o advogado de Londres.

Este falou com o chefe, que disse que devia ir.

Se apresentou, o outro também, André Stuart.

Lhe perguntou por que estava trabalhando ali, já que normalmente a academia era em Londres, os mais jovens ficavam por lá.

Vou ser honesto contigo, sou sempre muito franco na hora de falar, ninguém me queria por ser gay, não escondo de ninguém isso, depois tinha um relacionamento que foi a merda, por isso aceitei o convite do chefe para vir para cá.

Gosto mais, posso ter a oportunidade de um dia ficar no lugar dele.

Ele sorriu, não sabia que tinha esses tipos de preconceito ainda, contou para ele, que agora na Índia tinha tido esse problema, na plantação, tinha um jovem, que todo mundo tratava mal, descobriu que o rapaz era gay, tinham abusado dele, conversei muito com ele.  O mandei estudar na capital, futuramente será o administrador de tudo lá.

É mais inteligente que o resto do pessoal que tenho por lá.  Me seguia depois da nossa conversa como um cachorro sem dono.   Deixei com o advogado de lá uma ordem, quando ele acabe esses estudos, que possa ir a Universidade.  Todos tem direito a uma oportunidade.

O outro o olhava sério.

Chegaram na vila, chamavam a atenção, pois era um carro diferente.  O André tinha comentado que ele tinha feito uma boa compra, o motor desse carro era excelente.

Odeio esses carros que os jovens que têm dinheiro usam para se mostrarem, ou esses carros antigos dos proprietários, que parecem dizer, quem manda aqui sou eu.

Pararam justo na porta do advogado, esse abriu a porta reclamando que há dias tentava falar com ele, que precisavam se sentar.   Ele perguntou por que tinha a mão enfaixada?

Me cortei.

Ou foste mordido por um dos cachorros da mansão?

O inspetor, segurou sua mão, se identificou, soltou as ataduras, realmente era mordida de cachorros.   Saiu a mulher de dentro de casa, dizendo, eu te avisei, que estavas passando do limite.  Aonde já se viu querer entrar na casa de noite.

O que querias na biblioteca?

As documentações que escondia teu avô, pois prejudica a muita gente.

O André já tinha pedido um carro de polícia, foi um show, ver o advogado saindo algemado, de sua casa.   O Pároco, veio falar com ele, começou a falar como dedo em riste, que ele começava muito mal, tinha levado sua tia dali, sem deixar que ele fizesse a cerimônia, que isso era uma tradição, ele segurou o dedo do outro, mas não a vontade dela.  Quando suas cinzas venham para cá, ou fazes a cerimônia, ou peço a arquidiocese que mande outra pessoa para cá.

Comigo o buraco é mais embaixo.   Em vez de ficar tomando pintas no pub com os homens devias estar fazendo alguma coisa pelo pessoal da vila.

Todos que escutavam bateram palmas, principalmente as mulheres.

Este meteu o rabo entre as pernas saiu resmungando.

Senhoras, eu ficarei muito honrado que quando cheguem as cinzas de minha tia, que as senhoras, organizem uma cerimônia bonita.

Se despediu do André, nos falamos, creio que vou precisar muito de ti.

Os homens da vila não se aproximaram.

Quando chegou a mansão, foi com o Jones para a biblioteca, lhe perguntou se ali tinha algum cofre para que o outro quisesse abrir?

Não creio teu avô usava sempre essa chave para a mesa que está atrás de ti. A Tirou do pescoço, no dia seguinte da morte de tua tia, ele queria de qualquer maneira a mesma, me neguei a dar, foi nessa noite que entrou.

Ele abriu a gaveta central, viu alguns papeis, nada demais, abriu as outra, pareciam estar todas enferrujadas, pois abriam mal, depois não conseguia fechar outra vez, foi quando viu que na parte de baixo de cada uma tinha um envelope preso.

Foi tirando um a um, tinham seis no total.

Abriu o primeiro, era sobre o advogado, todas suas falcatruas, uma a uma anotada ali, os valores tudo. Era um bom dinheiro.

Depois todos os outros eram de gente que devia dinheiro ao velho, os que tinham terras alugadas, que estavam dando dinheiro ao advogado, para pagarem menos.

Uau, o Abidiel vai ter muitos problemas.   Perguntou ao Jones, se os quartos estavam todos prontos, queria conversar com ele em particular sobre a organização de tudo.

Bom as coisas aqui vão mal, o pessoal quando tua tia ficou doente, aproveitou se encostou, só pude contar com a cozinheira que o senhor conhece, que foi que nos ajudou quando o senhor veio buscar tua tia.

Vou dar uma volta a cavalo, assim levo os cachorros para correrem um pouco.

Quando chegou as cavalariças, ficou horrorizado, tudo estava uma merda, ainda pegou o responsável, nu, com uma das moças da casa.

Ficou uma fera, saia da minha cavalariça agora, estão despedidos os dois.

Jones que vinha atrás dele, ria a não mais poder, entendeu o que acontece aqui.

Arrume um homem para colocar tudo isso em ordem.

Os cavalos estavam abandonados, foi ao que ele mais gostava, que veio colocar a cabeça no seu ombro.  O limpou com palha, tinha passado pela cozinha, para pegar cenouras, ele comeu com gosto.

Colocou a cela, montou no mesmo, os cachorros ficaram como loucos, foram dar um passeio, no meio do caminho viu gente indo em direção a vila.

Perguntou por que, tinha uma reunião com o pároco, ele como quem não quer nada, passou a mão no bolso, tirou o celular, ligou para a arquidiocese, sabia que agora era uma mulher a chefe, se identificou, pediu se podia vir até a vila, tenho problemas com o pároco.

Deu uma volta, parou justo na entrada da igreja, já tinham entrado todos.

O homem falava contra ele, que o tinha destratado, que ia voltar a época do velho, que tratava todo mundo mal.   Imaginem prender o advogado, esse que tinha ajudado todo mundo.

Ele foi se adiantando, o pároco com a boca aberta sem falar.

O tirou da tribuna, vá arrumar suas malas, eu não o quero aqui na vila.

Bom, é verdade se acabou a boa vida de alguns, que junto com o advogado, roubavam a minha família, a maioria não está aqui, mas eu já passei os documentos que encontrei, motivo pelo qual o advogado foi preso, tentou invadir a mansão a noite passada, mas os cachorros o morderam, quase teve que rir, pois os cachorros estavam todos ali no corredor, prestando atenção nele.

Sim as coisas vão mudar na vila, mas muito mesmo, acabo de chegar das terras do meu avô na Índia, que fiz muitas mudanças, é para melhor.  Depois irei falando com cada um, mas já pedi a senhoras que preparem a cerimônia para quando chegue as cinzas de minha tia.

Nisso olhou para o fundo, estava a archobispa da região, quero apresentar para vocês quem manda aqui na igreja, ela estava com uma outra mulher ao lado.  Desceu foi cumprimenta-la, o velho estava ali, só faltava babar de raiva.  Ela tinha uma série de reclamações a respeito dele.

Ela subiu na tribuna, venho acompanhando o que acontece nessa paroquia, não estou contente, por isso, trouxe a nova párroca, creio que como aqui as mulheres dão um duro desgraçado para tirarem suas famílias para frente, merecem uma mulher que as guie.

Depois desceu, disse ao homem que arrumasse suas coisas, pegasse o ônibus a esperasse na diocese.

Estou como tu, modernizando aos poucos tudo.

Dali foi com ela a escola, que ficava justo ao lado, as crianças estavam em classe, nunca tinha entrado ali, tinha cara de faltar tudo, se apresentou a professora.

Como tinha chovido durante a noite, viu que tinha goteiras, tirou uma caderneta que tinha sempre no bolso de seu casaco, foi anotando tudo que via, perguntou como era no inverno, a professora levantou as mãos para o céu.    Faça uma lista, de tudo que falta, vamos mudar tudo.

Perguntou a ela de quem era o terreno todo para trás, ela riu, é do senhor.

Ficou olhando para aquilo.

Porra tenho muita coisa que fazer.

Perguntou a uma das mulheres que fazia os consertos de telhado ali na vila.  Riram, esses sem vergonhas não querem nada com nada, passam o dia inteiro no pub.

Eu se fosse as senhoras, iam até lá os traziam aqui, pelas orelhas, essas se mataram de rir, mas duas foram, voltaram arrastando dois homens gordos.

Qual dos dois podem arrumar telhados, um apontou para o outro.

Não seja por isso, vou trazer de fora, mas também vou examinar a casa de vocês, se não trabalham, não cobram, assim terão que ir embora da vila, vou trazer quem queira trabalhar, por isso estão gordos como porcos, sugiro senhora que nãos lhes de mais comida.  Perguntou a uma que estava ao seu lado, de quem era o pub.   Do advogado, lá ele fazia essas merdas.

Foi sendo seguido por todas, abriu a porta do pub, perguntou pelo encarregado, apareceu outro homem gordo, pediu a chave do local, mandou colocar todo mundo para fora, fechou a porta, eu sou o dono do local, só vai abrir no final do dia, durante o dia, é hora de trabalhar, a boa vida acabou, ou trabalham, ou terão que irem embora da vila.

Uma das mulheres, perguntou se queremos ficar, eles que saiam daqui, só querem fazer filhos, viver na boa vida.

As mulheres que trabalhem podem ficar. Se os homens amanhã, não estão trabalhando, limpos, com cabelos e barbas feitas, arrumem suas malas.

Nisso chegava o carro do policial que tinha levado o André bem como o advogado.

Era gordo como os outros, lhe avisou, escute minhas ordens, vou pedir ao inspetor André que mande mais efetivos para cá, pois vou começar a mandar todo mundo para a rua, quem não trabalhe, incluído o senhor.

Passou a mão no celular, começou a falar com o André se ele podia vir, tinha papeis que ver com ele, venha até a Mansão, por favor traga um substituto para seu homem aqui, esse não serve, está gordo, com certeza ajudava o advogado.

O médico que estava parado do outro lado da rua ria muito.

Eu avisei, as coisas vão mudar, perguntou se podia falar com ele.

Venha tomar um café, uma água, deve estar com a garganta seca.

Bom o pároco já foi para a merda, agora será uma mulher, eu queria fazer uma pergunta ao senhor.  Não precisas de uma enfermeira?

Caramba, a muito tempo, mas nunca consegui ninguém.   Como também pedi essa casa vazia aqui ao lado, para montar como uma enfermaria.

Ele passou a mão no celular, André conheces por aí, algum arquiteto ou engenheiro, peça para vir contigo.

Assunto resolvido, vamos reformar essa casa para teres a enfermaria, comentou com ele da mulher do novo advogado, que era enfermeira.   Só um aviso, é negra.

Sem problema nenhum, assim até é melhor.

E teu filho?

Esse trabalha no hospital da cidade, aquele dia só estava me ajudando.

Porque o senhor não vem almoçar, vou precisar da sua ajuda, pois o senhor conhece todo mundo.

Vou buscar meu carro, ele voltou até a escola, convidou a professora, bem como a pároco, para irem almoçar na mansão, preciso de vocês duas.

Avisou o Jones, subiu no cavalo, escutou ele rindo, o que foi, aqui já se sabe de tudo, da revolução.

Avisou quantas pessoas iam almoçar, queria ele na mesa também.

Os cachorros estavam famintos, só assim vão emagrecer, disse a cozinheira.

Mando arrumar a mesa a rigor?

Nada disso, acabou-se essa pantomina, tudo muito simples, uma boa sopa, comida boa, é o que todos necessitam.

Ah, Jones, você sabe que eu não bebo, tampouco fumo.

Entrou na casa, mas antes limpou bem as botas, pediu para uma moça que estava ali, que fosse ao seu quarto buscar sapatos para ele, tirou as botas, entrou com as meia pela casa inteira.

Viu que seu as mesmas ficavam sujas imediatamente.

Telefonou para a Madie, perguntou como estavam as coisas por lá.

Já tenho as cinzas, vou visitar minha família uns dois dias, depois estou pronta para ir.

Assim vou te buscar.

Depois ligou para o Abidiel, perguntou se tinha convencido a sua mulher?

Este riu, mas disse que sim.

Já tenho emprego para ela aqui.  Vou para Londres daqui dois, dias, queria comprar um furgão aí, assim volto trazendo umas coisas que quero.

Pediu ao Jones, para preparar um carrinho com cervejas, refrigerantes, aguas para as senhoras.

Foram chegando aos poucos.

Quando o André com um outro senhor chegou, este o apresentou como um engenheiro da cidade.

Foram se apresentando um a um, dizendo o que faziam

Bom falta o advogado novo, que virá dentro em breve com sua esposa, que será a enfermeira do ambulatório.

Mas primeiro vamos almoçar, com a barriga cheia falamos melhor.

Jonas se colocou na figura de mordomo, dando ordens, ele disse que ele se sentasse na mesa com eles. A partir de agora acabou essa frescura.

Comendo foi falando, tive uma bela experiencia agora durante os três anos que estive fora na Índia reformando ou mudando a maneira de pensar do pessoal que cuida da plantação de chá que é propriedade da família.   Espero que funcione, pois com tudo de lá, aprendi a ter o pé no chão, não me comportar como um grande senhor, mas sim uma pessoa para dirigir uma comunidade.

Hoje chegou a nova pároco, espero que todos e todas a recebam bem.

Muita coisa esteve parada no tempo por aqui, acredito que devemos pular para o século XXI, assim será melhor.

Evidentemente depois conversarei com cada pessoa em particular, para saber como melhorar as coisas.

Tinham acabado de almoçar, estavam tomando café, pediu que deixassem a mesa vazia, vamos continuar aqui, como numa mesa redonda.  Perdão eu não sou Arthur, riram com isso.

Já pedi ao André um novo policial para o posto de polícia daqui, já descobri que o mesmo estava conivente com o advogado.  Tudo isso acabou, depois te passo os papeis que tenho para ver como podes agir.

Virou-se para o homem que acompanhava o André, o senhor, perdão não guardei seu nome?

Joseph Dinard, tenho uma empresa de construção na cidade.

Começamos pelo senhor, preciso rapidamente mandar arrumar o telhado da escola, fazer tudo que a professora necessite.

Ela me disse que as terras atrás são minhas, portanto, quero um orçamento, vamos construir uma escola moderna, com um pátio para as crianças jogarem, biblioteca, tudo que uma escola deve ter, teremos que arrumar mais um ou mais uma professora, que entenda de informática pelo menos, essas crianças precisam de um futuro.

A mulher tinha a cara impressionante, secava os olhos.  A senhora fará uma lista, de tudo que precisa o mais urgente.  Logo vai chegar o inverno, essas crianças não podem passar frio.

O médico, já conversamos, tem uma casa vazia ao lado dele, vamos montar um ambulatório, aonde uma enfermeira poderá atender, ajudar as mulheres da vila.

Depois quero que o senhor visite a escola, depois essa casa, para ver como dever ser montada.

Terá que ser reformada, se a parte de cima pode ser transformada na casa do advogado, bem como da senhora enfermeira, foi colega minha na escola secundária.   Um aviso, os dois são negros, espero que não seja um problema, pois ele é um grande amigo meu.

O pub, ficará fechado até novas ordens, irei de casa em casa, escutando as pessoas, para saber o que necessitam, e o porquê esses homens não trabalham.

A professora soltou que isso era coisa do advogado, como ele conseguiu que teu avô lhe desse o local, quanto mais vendesse mais dinheiro fazia.

Tai, isso é uma coisa dele, meu avô não lhe deu nada, estava usando sem ordens de ninguém.

A senhora que conhece bem o pessoal da vila, preciso de um rapaz para cuidar dos cavalos, pois acabado de mandar o sem vergonha que estava aqui, fazendo sexo lá com as moças da casa.

Queria que todos anotassem tudo, inclusive tu Jones, para arrumarmos tudo isso.

Todos foram embora, menos o André.

Esse ria, dizendo vais fazer uma revolução, isso sim.

Olhe todos esses papeis, o advogado estava forjando documentos como se ele fosse o proprietário das terras, para vender aos homens da vila, os idiotas estavam lhe dando dinheiro, há que embargar suas contas no banco imediatamente.

Ele não tinha poderes para fazer isso, minha tia estava doente, eu na Índia, por isso se aproveitou.

Mas tudo vai mudar, espero que para bem.

Lástima que não queiras vir para cá tu.   Já te conheço, confio em ti.

Ia me oferecer para ser o moço da cavalariça, para poder usar o local para fazer sexo.

Não faça gozação, imagina a cena, chego na cavalariça o dito cujo com a bunda para cima, tudo mal cuidado, eu amo os cavalos, imagina como fiquei.

Tem uma coisa André, não gosto da pose de grande senhor, acho que tudo tem que ter harmonia, que todos possam viver bem, quero que esses meninos possam ir em frente.

Venho de uma mistura, meu pai filho do grande senhor, minha mãe, mulata, filha do administrador das terras da Jamaica.  Quando meu avô me colocou num desses colégios de elite, eu não quis, queria ir à escola como todas as pessoas normais.

Inclusive ganhei uma bolsa de estudos, mas abri mão para o Abidiel, que é o advogado que vem para cá, que tem problemas para conseguir emprego, porque é negro.  Foi meu companheiro até irmos para a Universidade.

De repente vou experimentar passar um tempo aqui, pois parece que o senhor advogado aprontou muito, preciso tirar tudo a limpo.

Podes ficar aqui em casa, mando preparar um quarto para ti.

Chamou o Jones, perguntou quantos quartos tinham desocupados na casa.

Mandou preparar dois por enquanto ou tivessem banheiro, ou fossem próximos de um.

Um será para o inspetor André o outro para o advogado Abidiel.

Telefonou para este em seguida, disse que lhe necessitava urgentemente, muita coisa em jogo, se ele podia estar no dia seguinte, enquanto isso tua mulher pode pedir demissão do hospital, ao mesmo tempo arrumamos uma casa para ti.

Teria que conseguir uma ordem do juiz para embargar o dinheiro do advogado anterior no banco, até verificarem tudo o que ele tinha feito.

André foi para a vila, ele disse que desceria em seguida, sentou-se com Jones, perguntou quantas pessoas tinha, se queria ficar com elas, ou buscar outras na vila?

Lhe avisou que Madie, viria para lhe ajudar a administrar a casa, não podes levar tudo sozinho, creio que deverias ficar como meu braço direito, pois conheces tudo, me ajudando a colocar isso em ordem.

Ele só faltou inchar o peito.

Preciso de pelo menos mais três pessoas, a casa esta suja, precisamos manter a partir de agora a casa inteira, elas relaxaram porque tua tia só usava seu quarto, bem como uma saleta que fica ao lado do mesmo.

Eu acho que devíamos preparar o quarto do seu avô, para o senhor.

Sabe Jones, pelo que me lembro, era imenso, tinha uma lareira, mas cheio de moveis antigos, que ocupam muito espaço, por enquanto fico no que estou, já arrumaremos isso.

Desceu para a vila, se encontrou com o dono da empresa de obras, já tinha olhado tudo com relação a escola, agora estava com o médico, tinha era um bando de mulheres atrás dele, queriam saber das novidades.  Examinaram a casa inteira, tinha um bom apartamento em cima,

Ele não sabia por enquanto se valia para o Abidiel, mas mandou reformar tudo, já sabia como fariam com a escola.

Tinha uma mulher que sempre estava do lado dele, perguntou aonde morava, ela sinalizou uma casa, me ofereces um chá.

A cara dela era ótima, o senhor tomando um chá na sua casa.  Levou com ele a pároco, se sentaram, logo apareceram as crianças.  Ele tirou um bloco, anotou o nome dela, quantos filhos tinha, quantos estavam na escola, dois tinham ido embora para trabalhar em outro lugar.

Perguntou o que faziam, ela disse o que podem.

Vê o que eu digo, virou-se para a pároco, saem daqui sem experiencia nenhuma de vida, sem possibilidades de ir em frente.  Vamos mudar isso.

Ela ria, na hora que me ofereceram vir para cá fiquei em dúvida, mas acho agora que vou viver aqui contente.

E o seu marido?  Bom esse filho da puta, vive no pub, o advogado o convenceu de assinar um papel, mas ele não viu nem um tostão do dinheiro que prometeu a ele.  Aonde está?

No campo, trazendo as vacas para ordenar, perdeu a manhã inteira com esses idiotas que mal se levantam vão para o pub, com se lá fosse o umbigo do mundo.

Mandou o maior dos meninos chamar o pai.

Este entrou com o gorro na mão, de cabeça baixa. 

Boa tarde, lhe disse, quero saber o que queres de tua vida?

Ele mal conseguia falar, até que sua mulher lhe empurrou com uma cotovelada, fale homem.

O advogado disse que as terras seriam minhas se assinasse um documento, que nunca mais precisaria trabalhar.

Ele olhou pela janela, André estava por ali, mandou chama-lo, enquanto se servia de chá, mandou que os dois se sentassem. Conte agora para o inspetor André, como se passou tudo, enquanto vou olhar sua casa.

Estava mal cuidada, cheia de fendas, infiltrações, ele perguntou a mulher por quê?

Essa casa é da tua família, os homens acham besteiras conservar uma casa que não é sua, eu vou apanhando como posso.

Mandou chamar o engenheiro, acredito que por essa podemos analisar as outras casas, embora pretenda visitar uma por uma, gostaria que o senhor, mandasse por exemplo, dois homens, que arrumassem o que pudessem, perguntou aonde era o banheiro, era um desastre, disse o que queria fazer.

A mulher estava emocionada, a fez sentar-se, respirar fundo, escutou uma criança chorando, era um bebe de quase um ano, ele pegou a criança no colo, que sorria para ele.

Ele está molhado, vai sujar o senhor, ele mesmo trocou a fralda da criança como tinha aprendido na Índia, limpou a criança, pergunto por que usava fraldas de pano, se as crianças tomavam leite,

Vendemos todo o leite para o homem do armazém, que manda para a cidade, ficamos com muito pouco, porque temos uma cota.

Se levantou, abrigou a criança com um chalé que viu ali, fez um sinal a Charlotte, a pároco, que fosse com ele, foi dizendo para ela, tens que conversar com essas mulheres, precisam tomar ante conceptivo porque são muitas crianças para alimentar, educar.

Todo mundo o ia seguindo, não era com ele, viu que André fazia uma foto dele.

Entrou no armazém, era escuro, fedia a ranço, mal iluminado.

O senhor tem a concessão do armazém?

Sim uma que me deu o advogado, tenho que lhe pagar metade do que faturo.

Bom isso se acabou, tem fraldas descartáveis?

Não senhor, aqui ninguém compra, mas espere minha mulher tem pois temos crianças pequenas, foi olhando tudo, viu que as crianças estavam todas ali, viu uma coisa de vidro, com caramelos dentro, abriu foi dando um para cada um, riam, diziam obrigado, tirou dinheiro pagou o homem, este não queria cobrar, como ia fazer isso, o advogado disse que esses cinquenta por cento era para o dono de tudo.

Isso se acabou, a partir da amanhã se apanhe, pinte as paredes, limpe tudo, jogue fora as coisas velhas, tirou dinheiro do bolso, separou umas quantas notas grandes, vá a cidade, compre produtos que os meninos precisem. 

Me disseram que o senhor era o encarregado do leite, sim todos trazem aqui, vem os da cooperativa para levar.

Quem fica com o dinheiro?

O advogado, eu não ganho nada com isso, é um acerto dele com a cooperativa.

Mais um problema.  O André já estava falando com o Juiz, uma ordem para revisar a casa do mesmo, pois devia anotar alguma coisa, bem como bloquear a sua conta no banco da cidade.

Disse ainda para o homem, colocar um vidro na frente, pois as mercadorias precisavam de luz.

Esse sorria, de triste que estava quando entrou estava contente.   Anotou compre fraldas para as crianças.

Se deu conta que o Jones, nunca tinha feito isso, por isso o advogado se aproveitava.

Precisava de um administrador de tudo, ele nem sabia direito o que possuía de terras, quantas estavam ocupadas, quantas não.

Precisavam de um homem que levasse tudo isso, além do advogado, ou que os dois trabalhassem juntos.

Porra era muita coisa.

Abidiel chamou, dizendo que ele, com sua mulher estavam indo para o aeroporto, se podiam mandar alguém buscar, que se ele podia reservar um quarto no hotel.

Ele riu, mando alguém buscar vocês.

Deu um suspiro tão alto que todos riram.

Tinha milhões de ideias na cabeça, não podia parar.

Agora que tinha arrancado o carro, o jeito era seguir em frente.

Não entendo não vejo hortas atrás da casa, nem na casa do meu avô vejo.

Contou para ela da Horta comunitária que tinha mandado fazer, na Índia.  Algumas mulheres quando não estavam na colheita limpavam cuidavam.  Mas tudo era dividido conforme quantas pessoas tivesse a família, assim as crianças se alimentavam melhor, comiam bem.

O mesmo teria que resolver, porque em vez de vender o leite, não faziam queijos, manteiga ali mesmo para alimentar o pessoal.

Ia anotando tudo isso.

André veio se despedir, pois tinha que levar o homem, além de verificar o processo a seguir. Voltaria no dia seguinte com as ordens para olharem a documentação de tudo.  Mas antes iria ao banco.

Lhe perguntou baixinho, se ele não queria vir trabalhar ali, administrando tudo.

No momento não, mas podemos nos falar daqui um tempo.

Nem notou que seguia com o garoto no colo, esse cada vez que ele olhava, sorria, preciso ter uma família minha pensou.

Nunca tinha pensado nisso, nem tinha se apaixonado jamais, tinha aventuras com homens, mas nunca tinha pensado nisso.

Perguntou a senhora como ela podia ter filho tão pequeno?

Não é meu, sim de minha filha mais velha, que fugiu de casa, deixando esse garoto para trás.

Posso levar comigo?

Ela riu, teria que fazer uma reunião de família para isso, na vila temos mais crianças assim.

Ele o levou até o consultório do médico, o mandou examinar.

Que história é essa, que temos mais crianças assim?

Muitas garotas ficam adultas, vão para a cidade trabalhar, voltam com alguma criança, pois não se cuidaram, deixam com os pais.

Eu fui o único que não cai na conversa do advogado, avisei tua tia, mas ela já estava muito doente, então fiquei quieto, pois este podia me mandar embora daqui.

Vou precisar muito da sua ajuda, tem alguma outra casa, para montarmos um lugar para as crianças assim pequenas ficarem durante o dia.

Ele prestou atenção, o garoto não estava muito limpo, foi limpando a criança como fazia lá na aldeia, limpou seu nariz, trocou por uma fralda que o homem da loja tinha dado, pois estava molhado outra vez, pediu um pouco de leite para o médico, em seguida a mulher dele trouxe.

Ficou ali dando mamadeira para o garoto, que ria, olhando para ele.

Pensei que fosse filho da senhora, mas disse que é seu neto.

Antes de ir embora, foi entregar o garoto a senhora, que estava ali com outras.

Perguntou quantas tinha filhos assim pequeno, umas cinco tinham.  Perguntou o que pensavam de uma creche?

Elas não sabiam o que eram, ele explicou, disseram que se fosse assim, podia tomar conta do campo, mandar os maridos a merda.  Riram muito.

Na hora de passar o garoto para a avô ele não queria, queria ficar grudado com ele.

Bom, já é meu, disse brincando, olhou para o garoto, vamos ver, um dia ficas comigo.

Isso era um trabalho que teria que ver com a mulher do Abidiel.

Jones tinha mandado o carro grande busca-los em Plymouth, escreveu numa placa, o nome Abidiel, ele avisou para preparar um quarto grande pois este vinha com a mulher.

Começou a andar pela casa inteira, quase todos os quartos precisavam de pintura, de uma limpeza profunda, ah de Madie estivesse ali.

Mandou preparar uma sopa boa, isso Madie era experta, ele adorava chegar de noite em casa depois da universidade, principalmente no inverno, sempre tinha uma sopa quente para tomar.

A ordem funcionava, a cozinha estava impoluta, a cozinheira, disse agora resolveram obedecer com medo de perder o emprego.

Disse como queria o café da manhã, eu me levanto muito cedo, perguntou ao Jones se tinha arrumado alguém para cuidar dos cavalos.

Sim tem um garoto novo, ainda está lá limpando tudo.

Foi até lá, viu que era um garoto de uns 15 anos, começou a ajudar também, o mesmo virou para ele, disse faça direito, porque o patrão é uma fera.

Ele se matou de rir.   Lhe disse quero o estabulo impoluto. Teve que explicar o que era isso, lhe perguntou se ia a escola, aqui já não tenho o que estudar, aprendi a ler, escrever, pouco mais.

Ajudo o que posso em casa, porque o velho agora despertou, o advogado enganou ele também, aliás todos os idiotas da vila.

Depois ajudou o garoto, a escovar todos os cavalos, amanhã de manhã as sete, saímos os dois, com os cavalos.   Gostas deles?

Sim, adoro, me entendem mais que as pessoas.

 Penso em criar cavalos, queres aprender?

O menino sorria, claro que sim.

Aonde dormes?

Posso dormir aqui mesmo.

Nada disso, venha comigo, em casa falou com Jones se sobrava quartos dos empregados, depois a senhora lhe de um jantar, o estabulo estava como queria.

Trouxeste roupa?

Não senhor, então vá em casa buscar, passas a viver aqui, mas cuidado com as garotas da casa, não quero brincadeiras entendeu.

Vamos que estas esperando, vá até tua casa, depois volte, vou ver como será teu salário.

Jones ria, me estou sentido jovem outra vez, apesar dos achaques de velho que tenho, essa força que o senhor tem é impressionante.

O Abidiel chegou, sua mulher era tão grande como ele, a olhando bem, lhe soltou Cristine, verdade.   Ela riu o abraçou, o pessoal da casa ficava olhando, não estavam acostumados a isso.

Ajudou a levar a bagagem para cima, tinham preparado o quarto grande com banheiro.

Mesmo assim chamou a atenção da garota, podia estar melhor, amanhã limpe isso a fundo.

Os deixou se prepararem para o jantar, antes perguntou o que acostumavam comer de noite.

Cristine se matou de rir, eu uma salada, mas o senhor necessita de uma bom filete de carne.

Passou pela cozinha, disse que preparassem isso, que a mesa fosse preparada como no almoço, perguntou a cozinheira se ela não fazia pães, estava agora preparando a massa para amanhã.

Esse menino, não sabia o nome dele, precisa de alimentar, se vai cuidar dos cavalos.

Tem cavalos aqui, entrou Abidiel na cozinha, a senhora riu para ele, por ser tão grande, ele só disse para ela, um grande amigo desde a escola, ele se aproximou, ela estendeu a mão, mas ele a abraçou, tens que ser minha amiga, essa gente quer me matar de fome, ela ria muito.

Quando viu Cristine, soltou os filhos dos dois serão gigantes.

Os levou para a biblioteca, pedindo que avisassem quando tudo estivesse pronto.

Contou tudo ao Abidiel, o que tinha feito o advogado, o filho da puta, pensando que eu não voltava mais da Índia, estava se preparando para ficar com toda a propriedade, mas André conseguiu uma ordem para amanhã poderem vocês dois darem uma olhada nos papeis de seu escritório, bem como bloquear a conta no banco.  Acho que ele se preparava para fugir.

O rapaz que nos foi buscar, veio contando da revolução que estas fazendo.

Meus amigos, nem tenho ideia da dimensão disso tudo, a família sempre foi proprietária disso tudo, não sei quanto tenho de campo, nem o que está alugado, nada. Preciso colocar isso para andar.   Comentou a história do leite.  Me parece uma coisa absurda.

Bom Cristine, a ti te toca, também muitos problemas, além do local para atender as primeiras necessidades, teria que montar uma creche, pois descobri que tem muita criança pequena, que estão mal cuidadas, contou do garoto, essas crianças ainda usam fraldas de pano, o menino estava cheio de crostas, sou honesto que nunca pensei em ter filhos, mas o garoto não sai da minha cabeça.

Imagine na escola, nem é inverno, está cheia de goteiras. Temos muito trabalho, temos que sentar para pensar num salário para vocês.   Outra coisa meu amigo, se veres que é muita coisa para administrares, podemos colocar alguém contigo, ok.

Logo conseguimos uma casa para vocês, amanhã quero que conheças o médico, acho que está aqui desde sempre.

Depois de tudo assentado, podemos pensar em mais melhorias, o importante agora, é conseguir fazer o barco andar.

Ele adorava escutar as gargalhadas da Cristine, pareciam as da Millie, quando comentou, ela disse que lembrava dela, ia te levar a escola as vezes.   Minha mãe sempre falava dela, dizia assim imitava a mãe.   Essa mulher da sociedade, fala comigo, como se tomássemos chá, que se aonde compro minhas roupas, pois gosta da cor delas.

Eu a adorava, me ensinou a ler, escrever antes mesmo de eu ir à escola.

Contou aos dois o que tinha feito na Índia, não fiz mais, porque não me deu tempo, foram quase três anos, um dia terá que ir até lá Abidiel.

Ficaram depois conversando na biblioteca, como ele fazia em Londres com a tia e Millie. Deu um suspiro por causa disso.

Bons tempos pensou, fomos uma família, agora toca fazer outra.

Havia coisas que ele não entendia, porque a vila estava tão atrasada em tudo, será que esse pessoal tinha ficado esperando algo, ou parado no tempo por algum motivo, quando a cidade estava literalmente perto.

Ficou pensando nisso, seria a acomodação, porque os lugares ou mesmo as pessoas eram diferente, a Índia tinha a mesma coisa, de um ponto de vista informático, era avançada, mas quando se saia das grandes cidades, para o campo, era as vezes como voltar no tempo.

Havia uma falta de equilíbrio nisso.

Será que aos grandes proprietários, interessava isso, que as vilas que estavam sobre sua jurisdição, a falta de cultura, o analfabetismo, era primordial para poderem mandar, manipular como tinha feito o advogado.

No dia seguinte de manhã, quando saiu a cavalo, acompanhado do rapaz, que parecia ter outra cara, lhe perguntou se tinha dormido bem.   Disse que sim que em sua casa era tudo apertado, somos muitos, tudo é pequeno.

Perguntou se não tinha pensado em ir embora, disse que sim, mas que tinha estudado pouco, lhe perguntou por quê?

Meu pai precisava que todos ficássemos no campo, não temos maquinários para tocar em frente.

Ah, isso era uma coisa a pensar.

Perguntou como aravam, quando ele consegue bom dinheiro, alugamos um trator, mas caso contrário fazemos nós mesmos.

O que o tinha com a pulga atrás da orelha, era essa história do cinquenta por cento, não via isso nos livros que tinha visto.

Voltaram justo na hora que estavam tomando café.   Comentou o que tinha pensado durante a noite com Abidiel, como era possível isso, estamos relativamente perto da cidade maior, ou será que lá era a mesma coisa.  Será porque estamos longe de Londres, não consigo entender.

A verdade, talvez é que todos esses anos estive longe, quando vinha aqui, era quando muito para passar uma semana, saia a cavalo, para passear com os cachorros, nada mais.

Nunca convivi com o pessoal da vila, não tinha curiosidade ou não me permitiam estar próximo.

Falou da plantação de chá, que as mulheres tiravam água do poço, ninguém tinha pensado ou sabia que podia ter um motor para extrair a mesma de uma maneira fácil.

Quando falei da caixa d’agua, me olharam como se estivesse falando grego.  Talvez na Jamaica seja igual o problema, mas aqui, fico abismado, quando entrei no banheiro da casa que estivemos, era como entrar num desses filmes antigos.

Mesmo aqui, sei que meu avô mandou modernizar os banheiros, mas mesmo assim são antiquados.  Mesmo na casa de Londres, não são modernos.

Isso me desnortea um pouco. É como estivemos em alguns lugares no século XIX, outros no XXI, parece ter uma lacuna nesse tempo.

Por exemplo não vi nenhuma senhora com celular, temos que saber como as crianças poderão aprender informática, se não temos sinal Hi-Fi.

Não temos, disse Abidiel, pois tentei acessar ontem à noite, não consegui.

Mais um trabalho para ti, teremos que pedir uma torre, para que atinja para todo mundo.

Jones disse que na casa sempre tiveram o telefone normal, ninguém tinha um celular.

Foram para a vila, claro andar com eles por ali, ela como andar com um elefante, tinha visto negros na televisão, mas não assim pessoalmente.

Deixaram Cristine com o médico, esperaram na frente da casa do advogado por André, que chegou rindo.

O que foi, ele tentou dar uma ordem ontem para sua mulher a queimar tudo, mas ninguém atendia o telefone, segundo parece, no dia seguinte ela arrumou as malas, foi embora, tentou sim tirar dinheiro da conta do banco, mas já estava interditada.

Entraram na casa, pareciam ter revirado tudo, mas o escritório estava fechado, abriram a porta, tudo em seus lugares, deixou os dois, ali trabalhando.

Foi quando viu entrarem os caminhões da construtora na vila, eram enormes, subiram em direção a escola.   O engenheiro Dinard, desceu de um deles, se cumprimentaram, foram subindo a rua, ele comentando, iam construir uma estrutura pelo lado de fora, da escola, colocar um telhado mais alto, enquanto revisavam as telhas, pois ouvi dizer que essa semana vai chover muito.

Tinha estudado, iam colocar uma estufa na sala de aula para aguentar o inverno, na outra obra isso já estaria dentro, quando tiver pronto o projeto, podemos ir em frente. Depois te apresento no novo advogado para combinar os pagamentos.

Na escola os meninos estavam alvoroçados, a curiosidade era grande.

As mães estavam ali para olhar, a senhora com o menino no colo, este quando o viu, se atirou para ele.  Estava usando a mesma fralda, ela disse que tinha limpado a mesma.

Caralho, foi descendo com o garoto até o consultório do médico, o menino quando viu a Cristine abriu um sorriso imenso, abriu os braços para ela.

Ele falou da história das fraldas.

Foi até a loja, já estava pintada de branco, tinha mercadorias exposta do lado de fora em saldos, já tinha ido à cidade a um distribuidor, trazia caixas de leite, pacotes de fraldas, deu um pacote a Cristine para que ensinasse a senhora como fazia.

Quando ele se virou para ir embora o garoto começou a chorar, que queria ir com ele. Mas Cristine o acalmou, ali mesmo no balcão, tirou de sua bolsa papel húmido, começou a limpar o garoto que ria, ao mesmo tempo que explicava, que depois de suja, com o coco, se atirava no lixo.

Cristine disse aonde poderiam fazer a creche, do outro lado da rua, em frente a escola, tinha uma casa abandonada.  Podia ser lá.

Pediu que Dinard desse uma olhada.

Com o garoto pendurado nele, foi a outra casa, ao lado da anterior, talvez sabendo a casa estava mais arrumada, mas os dois examinaram tudo, ela quando viu o banheiro soltou, nem na merda de apartamento que vivi quando era criança era assim.

Levaria tempo para colocarem tudo em ordem.

André tinha pedido um contabilista para vir ajudar, este estava horrorizado, esse homem é um estafador, menos mal que tem tudo anotado.

De uma mesma pessoa, todos os lucros estavam ali anotados.

Perguntou ao Abidiel, se era normal o proprietário ficar com cinquenta por cento de tudo, pois se era assim, as pessoas nunca sairiam do buraco.

Ele disse que sim, que havia uma jurisdição que favorecia isso.

Puta que pariu, eu pensando mal da Índia, mas aqui também se explora.

Convidou Dinard para comer em sua casa. Subiram todos, ele estava quieto, sua cabeça não parava de funcionar.  

André soltou que pela sua cara, tinha medo de que daqui a pouco começasse a soltar fumaça.

Dinard fez um comentário que todos concordaram, não poderás fazer tudo ao mesmo tempo, temos que criar prioridades, como fizeste com a escola, telhado, um sistema de calor para o inverno, o ambulatório, depois iria fazendo as outras coisas.

O bom disso tudo, é que temos cada um, o nome de quem ele estafou, os valores, podes usar isso para fazer alguma coisa pelo mesmo.

Ou seja esse dinheiro aplicar na própria casa.  Depois de arrumada, lhes dá em propriedade.

Isso eu gosto, soltou ele.

Ele quase tinha trazido o garoto com ele, ia entrando no carro com a criança nos braços, se a avó não viesse buscar.

Então vamos nos centrar nisso, assim que o juiz nos der acesso a esse dinheiro, como estafou em nome de minha família, vamos dizer que o dinheiro é meu, aí faço um acordo com eles,

Mas queria pensar numa coisa que o rapaz me disse hoje, os que trabalham no campo, que estão alugados, quando não tem lucro, não podem contratar um trator para fazer o trabalho pesado.    Agora é hora de me chamarem de comunista, é se criamos uma associação, tudo é reunido no mesmo lugar, temos que ver o que planta, essa associação tem tratores, aram depois fazem a colheita, de uma forma organizada, depois fazemos um sistema de como se mantem.

Tampouco sei se alguém lavra as terras da mansão, nem tudo está alugado, o que se planta, para que, como e porquê?    Como um grande senhor espero respostas, urgente, para saber o que fazer.

Ou será melhor arrumar a mansão, deixar que vivam a vida deles, que eles me mantenham?

Ficaram olhando para ele.

Como ninguém diz nada, ficarei com a segunda opção.

Epa, mas não foi para isso que me chamaste, soltou Abidiel?

Não, queria ver como vocês ia reagir, esse filho da puta, nos enganou a todos.

Agora em sério. Terei que ir a Londres, para deixar as cinzas da minha tia, junto a Millie, a outra parte vou trazer para cá como ela pediu, faremos a cerimônia, depois marcamos uma reunião com as famílias, faremos a proposta para ver como saímos.

Preciso saber, de quem vence o contrato de aluguel das terras, se querem seguir ou não, vamos melhorar a vida de todos.

O que me impressionou hoje na casa que visitamos, foi, tem uma cama imensa, os lençóis não estavam tão limpos, as crianças dormem todas juntas, podia ter pelo menos beliches, em casa erámos quarto, cada um tinha sua cama, isso que meus pais eram pobres.

Tocava agora organizar tudo.

Dois dias depois foi para Londres, fez o que tinha prometido, comprou um furgão grande, colocou as coisas da casa de lá que lhe interessavam ter na mansão, veio com Madie, veio conversando com ela, sobretudo.

Quando falou na coisa do tempo, ela se matou de rir, eu fiquei impressionada, fazia tempo que não estava com minha família, a maior parte do tempo vejo que as mulheres é que perdem mais, mas se preocupam pelas novelas, os problemas dos membros da família real, esquecem dos seus.   Os filhos anseiam o mais moderno, que para eles não parece importante, um dos meninos estuda informática, mas só tem computador na escola, os pais se negam a comprar, pois para eles é superficial.

Ou seja como é uma vila, talvez um pouco maior andam assim.   Uma das minhas irmãs vive numa cidade turística, seus filhos têm de tudo, pois vivem outra existência, mas observa que quando estão juntos, há uma distância imensa entre uma família e outra.

Preciso que coloques essa casa num sistema atual, precisa de uma reforma programada geral, o Jones, sabe de tudo, mas já não tem força para impulsionar.  Limparam o quarto que estão os dois amigos, mas olhei bem, não estão limpo profundamente, quando reclamei, pensei amanhã isso tá feito, nada de nada.

Devem se espantar que eu mesmo arrume minha cama, como tu me ensinaste, mas necessito tirar tudo de velho que tem nesse quarto, tu sabes como eu gosto do meu aqui de Londres, por isso te pedi que viesses, a casa é imensa, nem sei o que fazer com tudo isso.

Não se preocupe, olharei desde o telhado até o sótão para saber o que fazer.

Ele riu, pois ela estava anotando tudo.     Lembra-se foi você que me ensinou a fazer isso, anotar as coisas, para não me perder.   Minha tia tinha outra educação, achava normal que cuidassem dela, isso tinha a Millie que fazia por ela.   Por isso quando deve ter chegado aqui, se fechou na mansão, quando muito ia a alguma cerimônia, sem a Millie se sentia perdida.

Depois eu estive fora 3 anos, deve ter sido um horror para ela.

Não pararam de falar nenhum momento, foram dormir no mesmo lugar que ele tinha parado antes, no dia seguinte, chegaram na vila.

Parou o furgão ao lado da escola, já tinha a estrutura, estava verificando as telhas, o faziam em silencio porque os meninos estavam em aulas, viu que trabalhavam no ambulatório, também, foi até lá ficou impressionado com a Cristine, que estava de calças compridas, ajudando os homens. 

Ela saiu para abraça-los, estamos colocando aos poucos as coisas nos eixos.

Levou Madie para conhecer a pároco, se abraçaram, beijaram, as senhoras que estavam ali, comentaram de fazer a cerimônia dentro de dois dias, comentou com ela, sobre a reunião.

Depois foi falar com Abidiel, o contabilista continuava lá, já tinha uma lista de tudo.

Estava agora analisando como montar a formação de uma cooperativa, as leis, as licenças, tudo isso.

Perguntou pelo André?

Bom já conseguiu que o Juiz autorizasse a devolução desse dinheiro todo, o filho da puta era um safado de outras estafas anteriores, tinha feito isso em outro lugar.

Não contava contigo, nem que teu avô tivesse desconfiado dele.

Ah o que cuidava do pub, veio um dia de noite, levou tudo que estava dentro embora, fez um grande favor, pois tudo precisa de uma reforma.

O local é imenso, pois só usava a parte da frente, podemos fazer ali a cooperativa, bem como por detrás o armazém para os tratores.

Verificamos a história dos cinquenta por cento, quando teu avô estava ativo, ele cobrava 30 por cento, esse homem foi quem aumentou, ficava ele com 20 por cento de tudo.

Já levantamos quantas terras estão alugadas, das terras da mansão todas estão improdutivas, ninguém planta nada por lá.

Ficou literalmente horrorizado, como era possível isso.

Essa parte parou quando seu avô ficou doente, depois se negava a sair, quando tua tia veio para cá, tampouco se interessou, como se estivesse esperando por ti.

Rindo disse, vou criar cavalos, que sempre foi meu sonho.

Terras para isto tens.   Já sei quem será meu sócio.

Sócio?

Não disse mais nada, na casa da mansão tinha preparado um quarto para a Madie, que já estava na cozinha olhando tudo.   Quando Jones falou do bloco, ele riu dizendo, agora sabes quem me ensinou a fazer isso.

O senhor quer que eu vá embora?

Nem pensar Jones, a quanto anos estás aqui?

Ele sorriu, toda minha vida.

Então pertences a casa, como ela pertence a ti.

Ele comentou com a Madie, ao lado da cozinha tem um salão, prefiro comer lá que nesse salão imenso, de festas, veja como podes arrumar.

Perguntou ao Abidiel como estava fazendo o contador para trabalhar, aonde vivia, se tinha combinado um pagamento.

Bom ele está desempregado, mas tem mulher com dois filhos pequenos. Vamos olhar uma das casas que estão vazia para ele, que te parece.

Perfeito, veja quanto ganha um como ele na cidade, nada de pagar menos porque aqui é uma vila.

Depois os dois podem prestar serviço para essa gente toda.

Foi dormir, pensando no garoto, tinha a sensação de que o fazia por ele também. Ele precisava de um futuro.

No dia seguinte levantou muito cedo, quando chegou na cavalariça, o rapaz, estava escovando os cavalos, sabia que o senhor ia querer sair.

Com tanta confusão, me esqueci teu nome, meu filho.

Bob senhor, pode me chamar de Bob. Os cachorros estavam inquietos, os cavalos também, temos que pensar que todos precisam de exercícios, alguns estão velhos,

Andei consertando o cercado que fica aqui ao lado, ontem os soltei todos lá, estavam como loucos.

Saíram a trote, vejo que os cachorros de seguem, estranhou que ele estivesse andando um pouco atrás dele.  

Por que não estas ao meu lado?

Por que o senhor é o patrão?  

Quem disse essa merda, venha coloque-se ao meu lado.  Preciso falar contigo.

Estou pensando em comprar cavalos, aumentar a cavalariça, fazer uma coisa mais moderna, o que achas?

A cara do rapaz era incrível, por si só tinha ganho o dia. Mas terás que fazer um sacrifício, vou ver se consigo que durante esse tempo que estruturo tudo, estejas uma parte do dia com um veterinário como aprendiz.

Mas como vou ir e voltar para cá.

Sabes andar de bicicleta? 

Sim.   Mas é muito longe para ir com uma.

Bom na garagem temos que ver quantos carros ainda estão sem uso, podes aprender a conduzir, ir e voltar, o que achas.

Ele não podia responder.

Serás meu companheiro nesse novo negócio topas, parou o cavalo, estendeu a mão, ele limpou a sua na camisa, sim senhor.

Voltou todo o caminho de volta, rindo, mas lhe disse, bico fechado, ainda é cedo para comentar.

Nem para teus pais, pois aqui ficam todos sabendo.

Falar nisso acertaste teu salario com o Abidiel?

Não falei com o Jones, ele me disse, lhe deu o valor.  Era pouco, não os salários quem resolve é o Abidiel, eu falo com ele.

Sim senhor.

Sabe não me acostumei a isso, sou jovem demais para ser um senhor, meu nome é Angus. Que acho horrível, normalmente meus amigos me chamam de Sheridan.

Sim senhor Sheridan.

Não tinha jeito.

A cerimônia foi bonita, estavam todos na igreja, inclusive as crianças, quando ele entrou o garoto se jogou para ele, o levou para se sentar no lugar reservado a família. Quando subiu para falar, o deixou com Madie.

Minha tia, foi muitas coisas para mim, tia, mãe, amiga, eu imagino que quando ela veio para cá, deve ter-se sentido abrumada com tanta responsabilidades, que não estava acostumada, nem tampouco tinha idade para mover nada, por isso tudo ficou parado,

Eu passei três anos ordenando os negócios da família na Índia, cheguei justo no dia de sua morte, conversei com ela, lhe prometi arrumar tudo.

Uma parte dela, está com a pessoa que amou a vida inteira, a outra parte ficará aqui no Mausoléu da família.

Mas agora, vou aproveitar essa cerimonia, para conversar com vocês, quero que escutem o meu grande amigo de juventude Abidiel, depois as mulheres fiquem para escutar a Cristine, temos muitas coisas para fazer, mas precisamos de tempo.   Escutem todas as propostas, depois se quiserem conversamos com cada um em particular.

A voz de Abidiel, era imponente.

Não vou fazer como o anterior advogado, está preso, o dinheiro que vocês deram para ele, com falsas esperanças de que já sabemos o que é, ele estava se preparando para desaparecer, deve ter-se aproveitado que o avô do Sheridan estava velho para fazer isso.  Não contava que este não era um tonto, foi reunindo provas contra ele.  Usou documentos falsos com todos, mas conseguimos bloquear o dinheiro todo no banco.

De um lado, ele não poderia vender as terras, porque há pelos testamentos um problema, as terras da família nunca poderão ser vendidas.

Mas temos várias propostas as escutem.

Esse dinheiro, sabemos quanto cada um deu para ele, o louco fazia um sistema de anotações cada vez que vocês lhes davam dinheiro.

A primeira proposta, com o dinheiro que cada um deu, aproveitamos que temos a empresa de engenharia aqui arrumando a escola, começaríamos arrumando as casas todas, melhorando todo o possível, dentro desse valor, quando se acabe de fazer cada uma, será entregue ao morador o título de propriedade, passa a ser de sua família para sempre.

Por isso pensem, podemos também devolver o dinheiro, mas não dar a propriedade, queremos que a família tenha todo o conforto possível.   Como as casas são basicamente iguais, já temos o projeto para que vejam como ficariam.

Segundo, quanto as terras que vocês exploram, essa história do leite, ele estava lesando todo mundo, ele ficava com todo o lucro para ele.

A ideia é montar uma cooperativa, podemos depois analisar isso, necessitamos sim saber o que cada um planta, essa cooperativa seria dotada de tratores, para arar, outros para fazer a colheita, cada um só pagaria o diesel usado.

A colheita seria feita, os lucros divididos entre todos, conforme a quantidade de quilos ou de produtos entregues.  Assim os jovens também teriam trabalho, não iam precisar ir embora.

A escola está sendo reformada, para aguentar esse inverno, na primavera, se construirá uma nova, para que as crianças tenham melhores condições, bem como façam esportes, vamos conseguir mais professores, para que tenham aulas separadas.

As senhoras que hoje mal podem trabalhar, teremos uma creche, aonde poderão deixar as crianças de manhã, até a parte da tarde, estará ligada ao ambulatório, depois a Cristine explicará como vai funcionar.

Agora o mais importante, descobrimos essa história que deixou o Sheridan com a pulga atrás da orelha, que seu avô cobrava atualmente 50 por cento dos benefícios, isso não era verdade, ele só recebia sempre 30, mas isso agora iremos fazer assim. Volta tudo como era antes, os 30 por cento, esses vinte que esse sem vergonha guardou no banco, vamos usar, para comprar os tratores que serão sempre da cooperativa, que prestaram serviços a todos.

O silencio era grande, quem começou a aplaudir foi o doutor.

Um dos gordos, perguntou pelo pub.

Isso já veremos mais a frente, uma das mulheres disse, quando realmente trabalharem para perder essa barriga.

Todos aplaudiram.  Os homens saíram, ficaram do lado de fora, a Cristine começou a falar com as mulheres.

Ele saiu, pois era uma assunto de mulheres, Abidiel estava distribuindo folhetos explicando tudo, a cada um dizia, o senhor passe pelo escritório, que analisaremos seu caso. Ok.

O mesmo gordo reclamou, que isso se fazia tomando uma cerveja, o que estava ao lado dele, disse cale a boca idiota, por isso ele te enganou.

Tinham um largo caminho pela frente.

Seu tio o contatou para dizer que tinham duas empresas interessadas em comprar a plantação de chá.

Deus os nomes, se informou a respeito, colocou Abidiel no meio, analisaram as propostas, eram muito baixas, no que fizeram contato, era mais alto, o tio queria embolsar uma parte do dinheiro.

Fizeram contato com a empresa que comprava toda a produção de Índia, essa ofereceu quatro vezes o valor, não pensou duas vezes, assim se livrava da família.  Quando o tio chamou para cobrar uma posição dele, avisou que dentro em breve os novos proprietários fariam contato.

O chamou de filho da puta para baixo, como podia fazer isso com ele.

Soltou na cara do tio o que ele estava fazendo, ficou mudo.  Me crês com cara de tonto.

Depois conversando com Abidiel, disse que tinha sido a melhor coisa que tinha feito, suspeitava que a muito tempo o tio embolsava uma parte do dinheiro, assim se livrava de complicações.

O trabalho na vila era lento, mas estava funcionando, a maioria tinha aceitado a cooperativa, já tinha inclusive comprado os tratores, o gordo quando viu a transformação do pub em lugar para a cooperativa, ficou furioso. Agora para beber tinha que ir à cidade.

Suas terras eram as piores, estavam basicamente abandonadas.  Conversou com a família, tinha dois filhos maiores, que viviam na cidade, se queriam manter o campo, teriam que fazer um novo contrato, pois o pai devia muito dinheiro.

Fizeram uma proposta para eles, plantariam feno para os cavalos, um deles ia trabalhar na cavalariça, assim o Bob podia estudar enquanto isso veterinária.

Os meninos pequenos iriam à escola.

O furgão, agora levava os maiores a escola na cidade, ao mesmo tempo, levava uma lista de compras para as pessoas da vila, escolheram uma mulher para fazer isso, depois a mesma recolhia os garotos.

Era a primeira vez que as crianças dali, seguiam em frente.

Ele começou a ampliação planejada da criação, primeiro fez uma viagem com o Bob, aos haras dos Estados Unidos, o rapaz estava deslumbrado, foi junto o veterinário aonde fazia práticas.

Assim estariam bem assessorados, o negocio era como criar, foram traçando o projeto, a ampliação das cavalariças, mas ao modelo americano, com espaço suficiente para os cavalos, o campo para que pudessem fazer exercícios, compraram numa feira agrícola que foram com um produtor americano, quatro cavalos Mustang, que iriam criar a parte, um garanhão, três fêmeas, vieram de avião, custou caro, mas valeu a pena, já sabiam que tipo de cavalos queriam.

Deixavam os Mustang soltos a maior parte do tempo, em breve tinham vários potros.  Os novos espaços para os cavalos ficou pronto, os mais velhos, ficavam soltos, o negro que ele amava ainda cruzou pela última vez uma égua Mustang, saiu um potro malhado de negro, lindo, era o preferido do Bob.

O outro rapaz, obedecia o Bob em tudo, ele era pior que o próprio patrão tem termos de limpeza, logo contrataram mais jovens que começavam a voltar para a vila.

O filho do homem do armazém, também voltou, fizeram um projeto para o mesmo, com uma janela imensa que dava luz ao interior, agora tinham produtos melhores.

As mulheres, algumas foram tomando frente aos negócios, da cooperativa, agora tinham renegociado sobre o leite, uma parte voltava em forma de manteiga, yogurt para as crianças, que examinadas constantemente pelo médico, junto com a Cristine, estavam mais fortes, quando começaram a construção da nova escola, a professora sinalizou um aluno para ele, esse menino é incrível, é dos menores, mas como a classe é conjunta, já aprendeu o que devia para sua idade, como sabe os dos outros anos.

Um dia trouxe um psicólogo para fazer um teste com o garoto, tinha um QI extraordinário, passou a ir com os maiores a escola da cidade. 

Uma das senhoras abriu uma loja, com roupas para as crianças, bem como adultos, era assessorada pela mulher do que levava a contabilidade de tudo agora.

As casas estavam quase todas ocupadas.  Quando Abidiel arrumou a deles, a mansão ficou quase vazia.

Chamou o engenheiro Dinard, reservou uma parte para ele, junto com Madie, resolveram transformar o resto numa pousada para finais de semana, foram reformando os quartos, transformando todos com banheiro, nova fiação elétrica.  Suítes para recém-casados no quarto imenso do avô.

Dinard trouxe um decorador, que começou a recuperar alguns moveis para decorar esses quartos, o salão de jantar, agora invés da mesa imensa, tinha mesas menores, para os hospedes, entre as mulheres da vila ela selecionou algumas para aprenderem confeitaria.  Assim tinha para o café da manhã, a cavalariça, tinha cavalos para passeios, montou um parque para as crianças como tinha feito na vila.

Já só restavam duas casas na vila para reforma, a cara era outra, inclusive o pessoal tinha mais ocupações.

Ele passou a habitar, uma parte da mansão que tinha estado fechada muito tempo, criou ali um apartamento para ele, os empregados estavam contentes.   Jones, dizia que estava velho demais para ficar ali, que só atrapalhava.  Mas não permitiu que fosse embora, usava agora um quarto mais quente, sem escadas para subir.

Começou a usar a biblioteca, abrindo os armários, olhando os livros, contratou uma bibliotecária, pois entendeu que tudo estava misturado.   No meio disso, encontraram livros que valiam verdadeira fortuna.

Tinham duas estanteria, com livros mais modernos que os hospedes pudessem usar.

Sobretudo ele estava feliz, ria muito quando ia a vila, pois o menino, continuava o seguindo por aonde ia. Um dia o levou com ele até a mansão, ele ficou de boca aberta, mas foi direto para a biblioteca, abriu um armário, aonde estava uma bíblia, mostrou um nome, disse que era ele.

Ficou impressionado com isso.

Ele só tinha 4 anos, como podia saber disso.

Tanto falou com a avô, que conseguiu guarda do garoto.   Esse o acompanhava pela manhã, a andar a cavalo, primeiro o levou com ele, depois Bob o ensinou a montar sozinho, conseguiu uma sela que eles tinham comprado para as pessoas menores.

Os cavalos bem os cachorros não o podiam ver, o seguiam por todas as partes.

Usava um quarto ao lado do seu, com seis anos, lia corretamente, era bom aluno na escola, segundo a professora muito inteligente, todos os dias ia ver a avô.

Era o querido da Madie, da cozinheira, bem como do Jones, pois ia sempre ao seu quarto falar com ele, o beijava, o chamando de avô, esse ficava todo bobo.

André sempre aparecia, entre os dois rolava algo, mas nada que fosse de compromisso.

Se gostavam, os dois tinham a sensação de que era mais por comodidade, porque se relacionavam bem.

Conversou com Abidiel, que agora ia ser pai em breve, que 10% dos lucros devia ser guardado numa conta a parte, para que os meninos pudessem ir a Universidade.

Um dia André, disse que ia ser transferido para outro lugar, que ali, estava desperdiçado.

Na verdade, o caso do advogado que foram levantando ramificações em todos os lugares que ele tinha estado, o levou a ser conhecido.

Ia trabalhar em Londres.  Se despediram.

Um final de semana, apareceu um escritor, perguntou se podia ficar um tempo maior, pois precisava dessa tranquilidade para escrever.

De noite se sentavam na biblioteca conversando, falava dos livros que ele estava lendo no momento.  Seu menino, tinha trocado de nome, agora chamava como ele Angus Sheridan, se sentava junto, algumas vezes comentava o livro também o escritor estranhava que ele se interessasse por isso.

Um dia começou a discutir com ele uma obra de Shakespeare.  Que estava lendo na escola, tinham comprado um pequeno ônibus, pois agora eram mais alunos a irem estudar.

Tinha bons argumentos, o escritor estava bobo, ele tinha transpassado a obra para a atualidade, analisando os políticos. 

Esse menino vai longe, o que ele gostava era de ver a relação pai e filho que tinham.

Todos os dias se levantava muito cedo, no verão as cinco da manhã para irem dar um passeio a cavalo.

Tinham agora na escola da vila, inclusive um professor de educação física que vinha três vezes por semana, para ensinar jogos aos meninos, ginastica as meninas.

Ele se sentia contente.  

Um dia estava analisando com Madie, a possibilidade de vender a casa de Londres, pois era raro ir até lá, tinha uma cadeia de hotel boutique que estava interessado, depois de conversar muito com ela, falou com Abidiel, podia ser também um lugar para os jovens da vila viverem enquanto faziam universidade, mas todos preferiam não ir muito longe.

Acabou vendendo, apesar de ser um patrimônio da família, o dinheiro ficou investido, assim renderia.  Como sempre ele ia engordado o dinheiro para bolsas de estudos.

O primeiro a usar, foi o rapaz mais inteligente, com a bolsa foi estudar o que queria, Bob também usou para estudar veterinária.

Se especializou em cavalos. Quando o cruzamento do cavalo negro, com a égua Mustang, ganhou a primeira carreira de cavalos, foi uma comemoração fantástica.

Imagina, isso não acontecia a muitos e muitos anos.

Agora iam aprimorando mais esses cruzamentos.   Um homem apareceu com um cavalo puro sangue árabe que já não corria mais.  Queria vende-lo, Bob o examinou, achou estranho pois o cavalo estava bem.  Descobriram depois que o mesmo tinha sido roubado, falaram com o proprietário original que tinha já recebido o seguro do mesmo.

Ficou como reprodutor, a mistura dele com uma égua Mustang, deu com um cavalo de porte médio que corria como uma flecha.

Numa dessas corridas, conheceu uma pessoa, que acabaria sendo seu companheiro.   Era um treinador, junto como Bob, começaram a treinar os cavalos para grandes competições.  Ampliaram mais ainda o lugar, agora tinha lugares para treinar os cavalos fosse verão ou inverno.

Muitos traziam seus cavalos para serem cuidados ali.

Quando tinha começado, não tinha imaginado isso.  Bob a princípio tinha um pouco de ciúmes do Paul Bert, mas com o tempo passou a respeita-lo.

Abidiel, já tinha 4 filhos, estavam super felizes lá.   Comentou um dia com o Angus, que uma sobrinha de Cristine, com 14 anos estava gravida, queria dar a criança em adoção, ele disse que queria.  

Foi mais um para ficar com ele, Paul Bert não gostava muito, mas isso não lhe incomodava.

No ano seguinte foi a Índia com Abidiel, agora tudo lá seguia funcionando bem. Vendiam toda a produção para a mesma empresa.

Trouxe de lá uma garota de uns dois anos, que estava abandonada, agora tinha como filhos dois meninos, uma menina.

Paul Bert era muito ciumento, não gostava de compartir, um dia disse que isso lhe estava incomodando, não tinha nascido para ser pai de ninguém, arrumou suas coisas foi embora, ficou chateado um tempo, mas pensou diabo, eu gosto das crianças, são meus filhos, se tiver que escolher entre eles, ou alguém, escolho eles.

Angus era o primeiro aluno já na escola da cidade.  Quando saiam todos juntos na vila, era interessante, um filho inglês, outro negro, a menina também de pele escura.

Mas isso para ele, era a coisa mais normal do mundo.

Um dia Bob, andando a cavalo com ele tinham indo ver a manada grande que já tinham de Mustang, ele perguntou se não tinha nenhuma namorada, ele o olhou nos olhos lhe disse, sempre amei só uma pessoa, um dia quem sabe me veja.

Eu te vejo Bob, mas sou mais velho que você, acha que daria certo, sabes que meus filhos estão em primeiro lugar.  Não podia falar nada, ele sempre tinha cuidado de Angus quando era pequeno, agora ensinava os dois menores a amar os cavalos, a montarem, a treinarem os mesmo.    Angus adorava um bom galope junto com o pai.

Começaram a conversar, as conversas que eram sobre cavalos, acabava se derivando em largos papos sobre livro, ele nem sabia que Bob os adorava, as discussões deles, era sempre interessante, sempre um dos meninos estava sentado ao lado dele, ou do Bob.

Sem querer tinha uma família, como tinha sonhado.

Ninguém na vila se atrevia a criticar, pois ele tinha melhorado a vida de todo mundo, tinha saído do atraso para um mundo novo.

Inclusive as senhoras, tinham melhorado suas vidas, com auxílio da Cristine.

Já tinham vários bolsistas, inclusive dois estudando agronomia, vinham nas férias ajudar na cooperativa, ensinando técnicas modernas ao pessoal que tinha campo.

As vezes sonhava com sua tia, que lhe passava a mão pela cabeça, que ele tinha feito o que ela não tinha tido coragem de fazer.

Quando Jones morreu, já com quase 95 anos, foi enterrado no panteão da família, afinal ele tinha passado a vida inteira ali.   Era como o avô dos garotos.

Madie, tinha com duas senhoras, uma linha de produtos de confeitaria, que vendiam aos que vinham passar o final de semana, bem como uma pequena loja na vila.

Nada como fazer a vida seguir adiante.