OH LORD
Tinha acabado de
desembarcar em Londres, quando colocou seu celular no ar, em seguida entraram
muitas mensagens repetidas da governanta da casa de sua tia.
Quando ele
chamou, estava nervosa, disse que sua tia estava mal, na mansão familiar,
voltou correndo para dentro do aeroporto, pegou a próximo voo para Plymouth,
que era o aeroporto mais perto da mansão.
Voltava de uma
larga temporada na Índia, agora entendia por que sua tia insistiu que fizesse
um curso de administração de empresas, seu avô tinha terras em vários lugares,
quase tudo herança familiar, em três lugares da Índia tinha plantações de
chá. Vinha sendo administrada a
distância por ele, que já não tinha idade.
Evidentemente sem
o olho do patrão em cima, isso não dava certo, sua tia acabava na época de
receber o título, bem como a herança familiar, mas claro isso a pegava já com
uma idade, seu avô tinha morrido as vésperas dos 100 anos, lúcidos com uma
maneira de olhar feroz.
Quando criança
quando o viu a primeira vez, ficou com tanto medo que se mijou nas calças.
Mas no fundo era
uma boa pessoa, agora sabia que até boa demais, pois confiava nos homens que
administravam suas terras. Claro não
podia dar certo.
Sua tia quis
avisar aos administradores que ele ia, mas disse a ela que não, queria chegar
de surpresa.
Passou primeiro
uns dias se informando, como se fosse um comprador de terras, como passava um
tempo na praia, sua pele como sempre ficou mais escura, além dos cabelos
crespos, negros, nunca passaria por um inglês.
Seu pai, tinha
ido administrar as propriedades do seu avô na Jamaica, ficou louco pela minha
mãe, uma mulata para ninguém botar defeito.
Quando morreram
num acidente de carro, seu avô materno que era o administrador das terras o
trouxe para a Inglaterra. Foi quando viu
seu avô pela primeira vez.
A casa de
Londres, era suntuosa, ficava num dos melhores lugares da capital, sempre
aparecia em filmes de época. Ali vivia
sua tia, seu avô quando ia a Londres se hospedava ali.
Olhou para ele,
foi quando se mijou nas calças de medo.
Mas sua tia se apaixonou por ele no mesmo momento. Ela foi sua tia, sua mãe, tudo na sua vida.
Bom deixo o
garoto contigo, mas quero que tenha uma educação de primeira, afinal, quer
queira quer não, ele será no futuro o herdeiro de tudo, já que não tens filho.
Ali ficou ele,
quando chegou a idade escolar, de brincar com tia Millie, só descobriu mais
tarde que era a amante de sua tia, aprendeu a ler, escrever antes do tempo.
Quando entrou
para uma dessas escolas da elite, não gostou, um dia disse que esses garotos
eram muito chatos, ficavam implicando com ele, por ser mais moreno do que eles.
Um dia passaram
perto de sua casa, numa escolas dessas mistas, disse para a tia, quero estudar
aqui. Não houve jeito, ele quando metia
uma coisa na cabeça era difícil de convence-lo. Entrou num acordo com ela,
terminava aonde estava fazendo o curso, no ano seguinte estudaria ali.
Sua tia conversou
com a diretora, de quem ficou amiga, não queria que o sobrenome pesasse, então
usou uma parte de seu nome, para todos os efeitos ele era Angus Sheridan.
Foi uma época
feliz, ali se sentia bem, era um aluno exemplar, suas notas eram as melhores,
pois se tinha uma coisa que gostava, essa era aprender. Amava Geografia, mas também era o melhor
aluno em matemática. Com o tempo
conheceu o avô, ele quando soube da mudança de escola, não gostou, mas teve uma
conversa franca com o velho, se ele não fosse o melhor da escola, podia voltar
para a outra.
Depois na
secundaria foi igual, o avô o queria colocar interno, mas sua tia não permitiu,
mandou o avô passar um dia com ele, o velho ficou de boca aberta, ele nos seus
momentos livres, passeava cachorro para ganhar dinheiro. Os cachorros quando o viam ficavam loucos,
nisso era como o avô, que amava os animais.
O velho perguntou
que fazia com o dinheiro, ele respondia sério, guardar para o futuro, preciso
ir à universidade, para aprender a administrar suas terras, repetia isso, pois
escutava sempre sua tia falando nisso.
Sua tia tinha
sempre uma desculpa para não ir até a mansão, dizia que tinha sido muito
infeliz ali, obrigava o pai a vir passar o Natal e ano novo em Londres.
Quando ele ficou
muito velho, foi que começaram a ir.
Ele se divertia horrores, com os cachorros do avô, os levava para
correr, mas cobrava do velho o mesmo que cobrava em Londres, esse ria dizendo
que o ia levar a falência. Os cavalos
quando ele entrava nas cavalariças, ficavam como loucos, pois sabia que ele
escolheria um para ir pelo campo, era como se disputassem o privilégio. Ia com todos os cachorros juntos, passeavam
pela vila que na verdade pertencia ao avô, dizia bom dia para todo mundo,
parava sempre numa fruteira para comprar cenouras para os cavalos.
Todo mundo ria
com ele, a maioria pensava que era o novo rapaz das cavalariças, ele não
desmentia, pois sabia que se o fizesse o iam tratar com cerimonia.
Depois chegou o
tempo de ir a Universidade, poderia ir com uma bolsa de estudos, sua tia disse
que assim ele tirava o privilégio de algum outro estudante.
Foi estudar administração
de empresas, que saiu com louvor, foi a última vez que seu avô veio a Londres,
logo em seguida morreu.
Foi então que na
vila se deram conta que aquele jovem, moreno, de cabelos compridos amarados num
rabo de cavalo, seria o futuro herdeiro de tudo.
Alguns não
gostavam pelo fato dele ser moreno, sabiam de sua mãe.
Ele comentava com
sua tia, como podiam ser preconceituosos.
Em seguida foi
para a Índia, aonde ficou três anos, colocando tudo em ordem, arrumando novos
administradores, ensinando como queria que fosse a coisa, ao final os
empregados o adoravam, tinha mandado construir uma escola na vila, aonde
ficavam as terras, para que as crianças aprendessem a ler, escrever, os
administradores achavam que sem saber, era melhor para conduzir as pessoas,
como se fossem gados.
Mandou melhorar
as casas, colocou uma bomba de água no poço para levar água até as casas, comprou
cabras, ovelhas para que os homens pudessem ter com que alimentar a família,
que cada um tivesse uma horta no fundo de suas casas. Teve uma briga imensa com o velho advogado,
pois insistiu que cada um fosse proprietário de suas casas, assim nunca iriam
embora. A produção aumentou, um dos senhores mais antigo como administrador,
ajudado pelo seu neto.
Agora voltava,
sabia que em breve teria que ir a Jamaica, para fazer o mesmo. Mas lá não tinha tantos problemas. Se mantinha informado com as propriedades da
Inglaterra, só ficou triste nesse tempo, com a morte de Millie, pois imaginava
como devia isso ter pesado para sua tia.
O avião foi
jogando muito, pois o tempo como sempre estava horrível, já sentia falta do
calor, do sol da Índia.
Alugou um carro
no aeroporto, a mansão ficava perto do mar, junto com uma vila que ficava mais
abaixo, justo ao lado do mar.
Chegou tarde da
noite, o mordomo o velho Jones, lhe abriu a porta, o abraçou o levou para cima,
para o quarto de sua tia, ali estava o velho médico, lhe apresentou o outro que
era seu filho, médico também, balançou a cabeça como dizendo que não havia
muito que fazer.
Ele se sentou na
beira da cama, falou baixinho Tia Bertie, ela se chama Alberta, esse era o
diminutivo que sempre a tinha chamado, estou aqui.
Ela abriu os
olhos devagar, como para se situar, estava te esperando, não podia ir embora
sem me despedir do meu filho. Ele a
abraçou como pode, ficou segurando sua mão, os outros saíram do quarto. Ela começou a falar baixinho, não confie no
advogado, este vem roubando a muito tempo, foi falando tudo o que ele devia
fazer, que ela não tinha tido forças depois da morte de Millie. Que confiasse no Jones, que era quem
administrava tudo com mãos de ferro.
Quero ser
cremada, que uma parte fique ao lado da Millie em Londres, a outra podes trazer
para cá, odeio o cemitério, bem como o mausoléu familiar. Ainda riu disso, pois era o normal a
cerimônia na igreja da vila, o velho pároco vai ficar furioso, ela e o mesmo
viviam às turras.
Em seguida parou
de respirar, ele ficou ali ainda um tempo segurando sua mão. Depois chamou o
médico, quando esse entrou já trazia seu atestado da morte dela.
Pediu ao Jones,
tu vens comigo, disse tudo que tinha que fazer, conseguir um caixão como ela
gostaria, que o mesmo fosse para Londres, ele ia alugar um avião para isso, que
ela como queria ser cremada, seria lá.
Na verdade era aonde tinha amigos.
Avisou a
governanta da casa, que colocasse uma nota na coluna fúnebre, que marcasse uma
cerimônia, na igreja que ela ia com a Millie.
Jones, soltou o
pessoal da vila não vai gostar.
Eu sei Jones, mas
era a vontade dela, depois trago as cinzas para cá, faremos uma outra cerimônia
aqui. Avise o advogado, só depois que
tivermos saído daqui, assim não enche o saco.
Saíram na calada
da noite, se despediu do Jones, como sempre com um abraço, ele ficava sempre
desajeitado com isso, mas tinha feito isso desde jovem.
Já nos vemos meu
velho, pois sei que terei que passar aqui muito tempo.
Um avião pequeno
os esperava, chegou a Londres, morto de cansado, a levou para a funerária aonde
seria feita a cerimônia, falou com o senhor, queria que as cinzas fossem
divididas em duas urnas iguais, escolheu uma que achou que ela gostaria.
Quando chegou em
casa, a governanta, tinha lagrimas nos olhos, estava ali a muitos anos, lhe
disse que o advogado da vila, não parava de chamar.
Se chama de novo
diz que estou dormindo, estou muito cansado, me chame umas duas horas antes da cerimônia,
lhe contou que não tinha parado, tomou um banho, caiu na cama, só acordou
quando ela lhe chamou.
Ela tinha ajudado
a cria-lo, já estava vestida para ir com ele.
Ainda soltou chamei um mecânico, pois creio que teu carro devia estar
sem bateria, esses três anos fechado na garagem, ele colocou gasolina também.
Ele se vestiu,
prendeu os cabelos num rabo de cavalo, colocou um traje que tinha usado na sua
formatura, que agora estava um pouco apertado, mas não tinha tempo para sair
comprar outro.
Ela lhe trouxe um
que era de seu pai, experimente esse, ficava perfeito nele.
Na verdade, nem
se lembrava da cara do pai, nem da mãe, a não ser por uma fotografia que tinha
em sua mesa de estudos.
Saíram, quando
ele comprou esse carro com suas economias, todo mundo ria dele, pois era um
carro normal, tinha escolhido bem, nada de luxo.
Quando chegaram a
funerária, estava lotada, sua tia tinha muitos amigos, inclusive os irmãos da
Millie estavam lá. Abraçou a todos, lhes
deu os pêsames, sentiu lagrimas nos olhos, pois ela tinha sido fantástica com
ele, falou com o irmão mais velho, do desejo de sua tia, este disse que sem
problema, que quando tivesse as cinzas o chamasse que iriam todos lá com ele.
Depois foi
apertando a mão daquela multidão de pessoas, a casa de sua tia, sempre estava
aberta para todos, encontrou a diretora da escola que tinha estudado, que o
beijou, como estas bonito meu filho, do lado dela, estava o rapaz que tinha
ficado com a bolsa de estudos que tinha tocado para ele. Perguntou como ia, se estava
trabalhando. Esse riu, que escritório
de Londres, quer um advogado Negro retinto como eu?
Preciso falar
contigo, podes ir para a casa depois, preciso de ti.
A cerimônia foi
muito bonita, pois vários amigos dela falaram.
Ele se emocionou muito. O homem
lhe avisou depois que lhe chamaria, mas que dariam pressa na cremação.
Foi para casa,
com Madie a Madeleine, a governanta. Se
sentaram na biblioteca, para conversar.
Sabia que esta sempre estava em contato com sua tia.
Na casa só viviam
ela, além de uma senhora que cuidava da limpeza.
Creio que vou
precisar de ti lá na mansão, o Jones está velho, preciso de alguém para dividir
as tarefas com ele.
Depois foram ao
advogado da família, que tinha o testamento, tudo era dele, as propriedades,
bem como dinheiro no banco tudo isso.
Ele avisou que
havia problemas na vila, bem como na mansão, pois desde que tua tia estava
doente, as coisas não iam bem.
Jones já me
avisou disso.
Tomou posse de
tudo. Mais tarde veio o Abidiel, que era
o rapaz com quem tinha falado, o levou a biblioteca, se sentaram, perguntou por
sua família.
Bom eu me casei
com uma das nossas companheiras da escola, não pode ir a cerimônia porque
trabalha no hospital.
Perguntou se eles
queriam ir para a vila, preciso de um advogado lá, para administrar tudo, posso
pedir para o médico local contratar tua mulher, ou eu mesmo pago o salário
dela.
Conversem, depois
me diga alguma coisa.
Eu ia adorar,
sempre estamos falando nisso, como criar uma filho aqui em Londres, está cada
vez mais violento.
Quando ficou
sozinho, começou a dar uma olhada nos documentos todos que o advogado tinha lhe
passado. Depois fez uma chamada a um
irmão de sua mãe, na Jamaica, avisando que já tinha tomado posse de tudo, que
em breve iria para lá. Tinha conversado
muitas vezes com ele, sobre o que tinha feito na Índia, o outro não gostava
muito, pois lhe tirava uma série de privilégios, com isso sabia que teria
problemas por lá.
Tinha outra conta
no banco numa cidade perto da vila, essa estava muito confusa.
Achou melhor ir
diretamente para a vila, depois Madie, levaria as cinzas da sua tia.
Resolveu ir no
seu carro, assim poderia ir pensando.
Mas em momento algum atendeu as chamadas do advogado de lá.
Parou de noite
para dormir numa cidade do caminho, tinha aprendido a não se preocupar com
luxos, aliás não era muito propenso a isso.
Quando jovem, nas
escolas, mesmo depois na faculdade, quando via os que se diziam de sua classe,
ou filhos de alguém com algum título, os achava uns idiotas, pois estava sempre
como pavões.
No dia seguinte
de manhã, atendeu uma chamada de Jones, que dizia que tinha tentado entrar na
biblioteca, mas como os cachorros dormiam ali, tinha afugentado quem quer que
seja, inclusive mordeu a pessoa, pois há sangue no chão, o avisou que chegaria
ao meio-dia.
Na cidade ao
lado, passou na delegacia de polícia, o chefe que ele conhecia, desde garoto,
pois ia caçar com seu avô estava doente, o atendeu um inspetor.
Era mais ou menos
da idade dele, ou talvez um pouco mais velho.
Lhe contou o que
tinha passado, desconfio do advogado da família, pois minha tia já tinha me
avisado a respeito, bem como o advogado de Londres.
Este falou com o
chefe, que disse que devia ir.
Se apresentou, o outro
também, André Stuart.
Lhe perguntou por
que estava trabalhando ali, já que normalmente a academia era em Londres, os
mais jovens ficavam por lá.
Vou ser honesto
contigo, sou sempre muito franco na hora de falar, ninguém me queria por ser
gay, não escondo de ninguém isso, depois tinha um relacionamento que foi a
merda, por isso aceitei o convite do chefe para vir para cá.
Gosto mais, posso
ter a oportunidade de um dia ficar no lugar dele.
Ele sorriu, não
sabia que tinha esses tipos de preconceito ainda, contou para ele, que agora na
Índia tinha tido esse problema, na plantação, tinha um jovem, que todo mundo
tratava mal, descobriu que o rapaz era gay, tinham abusado dele, conversei
muito com ele. O mandei estudar na
capital, futuramente será o administrador de tudo lá.
É mais
inteligente que o resto do pessoal que tenho por lá. Me seguia depois da nossa conversa como um
cachorro sem dono. Deixei com o
advogado de lá uma ordem, quando ele acabe esses estudos, que possa ir a
Universidade. Todos tem direito a uma
oportunidade.
O outro o olhava
sério.
Chegaram na vila,
chamavam a atenção, pois era um carro diferente. O André tinha comentado que ele tinha feito
uma boa compra, o motor desse carro era excelente.
Odeio esses
carros que os jovens que têm dinheiro usam para se mostrarem, ou esses carros
antigos dos proprietários, que parecem dizer, quem manda aqui sou eu.
Pararam justo na
porta do advogado, esse abriu a porta reclamando que há dias tentava falar com
ele, que precisavam se sentar. Ele
perguntou por que tinha a mão enfaixada?
Me cortei.
Ou foste mordido
por um dos cachorros da mansão?
O inspetor,
segurou sua mão, se identificou, soltou as ataduras, realmente era mordida de
cachorros. Saiu a mulher de dentro de
casa, dizendo, eu te avisei, que estavas passando do limite. Aonde já se viu querer entrar na casa de
noite.
O que querias na
biblioteca?
As documentações
que escondia teu avô, pois prejudica a muita gente.
O André já tinha
pedido um carro de polícia, foi um show, ver o advogado saindo algemado, de sua
casa. O Pároco, veio falar com ele, começou
a falar como dedo em riste, que ele começava muito mal, tinha levado sua tia
dali, sem deixar que ele fizesse a cerimônia, que isso era uma tradição, ele
segurou o dedo do outro, mas não a vontade dela. Quando suas cinzas venham para cá, ou fazes a
cerimônia, ou peço a arquidiocese que mande outra pessoa para cá.
Comigo o buraco é
mais embaixo. Em vez de ficar tomando
pintas no pub com os homens devias estar fazendo alguma coisa pelo pessoal da
vila.
Todos que
escutavam bateram palmas, principalmente as mulheres.
Este meteu o rabo
entre as pernas saiu resmungando.
Senhoras, eu
ficarei muito honrado que quando cheguem as cinzas de minha tia, que as
senhoras, organizem uma cerimônia bonita.
Se despediu do
André, nos falamos, creio que vou precisar muito de ti.
Os homens da vila
não se aproximaram.
Quando chegou a
mansão, foi com o Jones para a biblioteca, lhe perguntou se ali tinha algum
cofre para que o outro quisesse abrir?
Não creio teu avô
usava sempre essa chave para a mesa que está atrás de ti. A Tirou do pescoço,
no dia seguinte da morte de tua tia, ele queria de qualquer maneira a mesma, me
neguei a dar, foi nessa noite que entrou.
Ele abriu a
gaveta central, viu alguns papeis, nada demais, abriu as outra, pareciam estar
todas enferrujadas, pois abriam mal, depois não conseguia fechar outra vez, foi
quando viu que na parte de baixo de cada uma tinha um envelope preso.
Foi tirando um a
um, tinham seis no total.
Abriu o primeiro,
era sobre o advogado, todas suas falcatruas, uma a uma anotada ali, os valores
tudo. Era um bom dinheiro.
Depois todos os
outros eram de gente que devia dinheiro ao velho, os que tinham terras
alugadas, que estavam dando dinheiro ao advogado, para pagarem menos.
Uau, o Abidiel
vai ter muitos problemas. Perguntou ao
Jones, se os quartos estavam todos prontos, queria conversar com ele em
particular sobre a organização de tudo.
Bom as coisas
aqui vão mal, o pessoal quando tua tia ficou doente, aproveitou se encostou, só
pude contar com a cozinheira que o senhor conhece, que foi que nos ajudou
quando o senhor veio buscar tua tia.
Vou dar uma volta
a cavalo, assim levo os cachorros para correrem um pouco.
Quando chegou as
cavalariças, ficou horrorizado, tudo estava uma merda, ainda pegou o
responsável, nu, com uma das moças da casa.
Ficou uma fera,
saia da minha cavalariça agora, estão despedidos os dois.
Jones que vinha
atrás dele, ria a não mais poder, entendeu o que acontece aqui.
Arrume um homem
para colocar tudo isso em ordem.
Os cavalos
estavam abandonados, foi ao que ele mais gostava, que veio colocar a cabeça no
seu ombro. O limpou com palha, tinha
passado pela cozinha, para pegar cenouras, ele comeu com gosto.
Colocou a cela,
montou no mesmo, os cachorros ficaram como loucos, foram dar um passeio, no
meio do caminho viu gente indo em direção a vila.
Perguntou por que,
tinha uma reunião com o pároco, ele como quem não quer nada, passou a mão no
bolso, tirou o celular, ligou para a arquidiocese, sabia que agora era uma
mulher a chefe, se identificou, pediu se podia vir até a vila, tenho problemas
com o pároco.
Deu uma volta,
parou justo na entrada da igreja, já tinham entrado todos.
O homem falava
contra ele, que o tinha destratado, que ia voltar a época do velho, que tratava
todo mundo mal. Imaginem prender o
advogado, esse que tinha ajudado todo mundo.
Ele foi se
adiantando, o pároco com a boca aberta sem falar.
O tirou da
tribuna, vá arrumar suas malas, eu não o quero aqui na vila.
Bom, é verdade se
acabou a boa vida de alguns, que junto com o advogado, roubavam a minha
família, a maioria não está aqui, mas eu já passei os documentos que encontrei,
motivo pelo qual o advogado foi preso, tentou invadir a mansão a noite passada,
mas os cachorros o morderam, quase teve que rir, pois os cachorros estavam
todos ali no corredor, prestando atenção nele.
Sim as coisas vão
mudar na vila, mas muito mesmo, acabo de chegar das terras do meu avô na Índia,
que fiz muitas mudanças, é para melhor.
Depois irei falando com cada um, mas já pedi a senhoras que preparem a
cerimônia para quando chegue as cinzas de minha tia.
Nisso olhou para
o fundo, estava a archobispa da região, quero apresentar para vocês quem manda
aqui na igreja, ela estava com uma outra mulher ao lado. Desceu foi cumprimenta-la, o velho estava
ali, só faltava babar de raiva. Ela
tinha uma série de reclamações a respeito dele.
Ela subiu na
tribuna, venho acompanhando o que acontece nessa paroquia, não estou contente,
por isso, trouxe a nova párroca, creio que como aqui as mulheres dão um duro
desgraçado para tirarem suas famílias para frente, merecem uma mulher que as
guie.
Depois desceu,
disse ao homem que arrumasse suas coisas, pegasse o ônibus a esperasse na
diocese.
Estou como tu,
modernizando aos poucos tudo.
Dali foi com ela
a escola, que ficava justo ao lado, as crianças estavam em classe, nunca tinha
entrado ali, tinha cara de faltar tudo, se apresentou a professora.
Como tinha
chovido durante a noite, viu que tinha goteiras, tirou uma caderneta que tinha
sempre no bolso de seu casaco, foi anotando tudo que via, perguntou como era no
inverno, a professora levantou as mãos para o céu. Faça
uma lista, de tudo que falta, vamos mudar tudo.
Perguntou a ela
de quem era o terreno todo para trás, ela riu, é do senhor.
Ficou olhando
para aquilo.
Porra tenho muita
coisa que fazer.
Perguntou a uma
das mulheres que fazia os consertos de telhado ali na vila. Riram, esses sem vergonhas não querem nada
com nada, passam o dia inteiro no pub.
Eu se fosse as
senhoras, iam até lá os traziam aqui, pelas orelhas, essas se mataram de rir,
mas duas foram, voltaram arrastando dois homens gordos.
Qual dos dois
podem arrumar telhados, um apontou para o outro.
Não seja por
isso, vou trazer de fora, mas também vou examinar a casa de vocês, se não
trabalham, não cobram, assim terão que ir embora da vila, vou trazer quem queira
trabalhar, por isso estão gordos como porcos, sugiro senhora que nãos lhes de
mais comida. Perguntou a uma que estava
ao seu lado, de quem era o pub. Do
advogado, lá ele fazia essas merdas.
Foi sendo seguido
por todas, abriu a porta do pub, perguntou pelo encarregado, apareceu outro
homem gordo, pediu a chave do local, mandou colocar todo mundo para fora,
fechou a porta, eu sou o dono do local, só vai abrir no final do dia, durante o
dia, é hora de trabalhar, a boa vida acabou, ou trabalham, ou terão que irem
embora da vila.
Uma das mulheres,
perguntou se queremos ficar, eles que saiam daqui, só querem fazer filhos,
viver na boa vida.
As mulheres que
trabalhem podem ficar. Se os homens amanhã, não estão trabalhando, limpos, com
cabelos e barbas feitas, arrumem suas malas.
Nisso chegava o
carro do policial que tinha levado o André bem como o advogado.
Era gordo como os
outros, lhe avisou, escute minhas ordens, vou pedir ao inspetor André que mande
mais efetivos para cá, pois vou começar a mandar todo mundo para a rua, quem
não trabalhe, incluído o senhor.
Passou a mão no
celular, começou a falar com o André se ele podia vir, tinha papeis que ver com
ele, venha até a Mansão, por favor traga um substituto para seu homem aqui,
esse não serve, está gordo, com certeza ajudava o advogado.
O médico que
estava parado do outro lado da rua ria muito.
Eu avisei, as
coisas vão mudar, perguntou se podia falar com ele.
Venha tomar um
café, uma água, deve estar com a garganta seca.
Bom o pároco já
foi para a merda, agora será uma mulher, eu queria fazer uma pergunta ao
senhor. Não precisas de uma enfermeira?
Caramba, a muito
tempo, mas nunca consegui ninguém. Como
também pedi essa casa vazia aqui ao lado, para montar como uma enfermaria.
Ele passou a mão
no celular, André conheces por aí, algum arquiteto ou engenheiro, peça para vir
contigo.
Assunto
resolvido, vamos reformar essa casa para teres a enfermaria, comentou com ele
da mulher do novo advogado, que era enfermeira. Só um aviso, é negra.
Sem problema nenhum,
assim até é melhor.
E teu filho?
Esse trabalha no
hospital da cidade, aquele dia só estava me ajudando.
Porque o senhor
não vem almoçar, vou precisar da sua ajuda, pois o senhor conhece todo mundo.
Vou buscar meu
carro, ele voltou até a escola, convidou a professora, bem como a pároco, para
irem almoçar na mansão, preciso de vocês duas.
Avisou o Jones,
subiu no cavalo, escutou ele rindo, o que foi, aqui já se sabe de tudo, da
revolução.
Avisou quantas
pessoas iam almoçar, queria ele na mesa também.
Os cachorros
estavam famintos, só assim vão emagrecer, disse a cozinheira.
Mando arrumar a
mesa a rigor?
Nada disso,
acabou-se essa pantomina, tudo muito simples, uma boa sopa, comida boa, é o que
todos necessitam.
Ah, Jones, você
sabe que eu não bebo, tampouco fumo.
Entrou na casa,
mas antes limpou bem as botas, pediu para uma moça que estava ali, que fosse ao
seu quarto buscar sapatos para ele, tirou as botas, entrou com as meia pela
casa inteira.
Viu que seu as
mesmas ficavam sujas imediatamente.
Telefonou para a
Madie, perguntou como estavam as coisas por lá.
Já tenho as
cinzas, vou visitar minha família uns dois dias, depois estou pronta para ir.
Assim vou te
buscar.
Depois ligou para
o Abidiel, perguntou se tinha convencido a sua mulher?
Este riu, mas disse
que sim.
Já tenho emprego
para ela aqui. Vou para Londres daqui
dois, dias, queria comprar um furgão aí, assim volto trazendo umas coisas que
quero.
Pediu ao Jones,
para preparar um carrinho com cervejas, refrigerantes, aguas para as senhoras.
Foram chegando
aos poucos.
Quando o André
com um outro senhor chegou, este o apresentou como um engenheiro da cidade.
Foram se
apresentando um a um, dizendo o que faziam
Bom falta o
advogado novo, que virá dentro em breve com sua esposa, que será a enfermeira
do ambulatório.
Mas primeiro
vamos almoçar, com a barriga cheia falamos melhor.
Jonas se colocou
na figura de mordomo, dando ordens, ele disse que ele se sentasse na mesa com
eles. A partir de agora acabou essa frescura.
Comendo foi
falando, tive uma bela experiencia agora durante os três anos que estive fora
na Índia reformando ou mudando a maneira de pensar do pessoal que cuida da
plantação de chá que é propriedade da família.
Espero que funcione, pois com tudo de lá, aprendi a ter o pé no chão,
não me comportar como um grande senhor, mas sim uma pessoa para dirigir uma
comunidade.
Hoje chegou a
nova pároco, espero que todos e todas a recebam bem.
Muita coisa
esteve parada no tempo por aqui, acredito que devemos pular para o século XXI,
assim será melhor.
Evidentemente
depois conversarei com cada pessoa em particular, para saber como melhorar as
coisas.
Tinham acabado de
almoçar, estavam tomando café, pediu que deixassem a mesa vazia, vamos
continuar aqui, como numa mesa redonda.
Perdão eu não sou Arthur, riram com isso.
Já pedi ao André
um novo policial para o posto de polícia daqui, já descobri que o mesmo estava
conivente com o advogado. Tudo isso
acabou, depois te passo os papeis que tenho para ver como podes agir.
Virou-se para o
homem que acompanhava o André, o senhor, perdão não guardei seu nome?
Joseph Dinard,
tenho uma empresa de construção na cidade.
Começamos pelo
senhor, preciso rapidamente mandar arrumar o telhado da escola, fazer tudo que
a professora necessite.
Ela me disse que
as terras atrás são minhas, portanto, quero um orçamento, vamos construir uma
escola moderna, com um pátio para as crianças jogarem, biblioteca, tudo que uma
escola deve ter, teremos que arrumar mais um ou mais uma professora, que
entenda de informática pelo menos, essas crianças precisam de um futuro.
A mulher tinha a
cara impressionante, secava os olhos. A
senhora fará uma lista, de tudo que precisa o mais urgente. Logo vai chegar o inverno, essas crianças não
podem passar frio.
O médico, já
conversamos, tem uma casa vazia ao lado dele, vamos montar um ambulatório, aonde
uma enfermeira poderá atender, ajudar as mulheres da vila.
Depois quero que
o senhor visite a escola, depois essa casa, para ver como dever ser montada.
Terá que ser
reformada, se a parte de cima pode ser transformada na casa do advogado, bem
como da senhora enfermeira, foi colega minha na escola secundária. Um aviso, os dois são negros, espero que não
seja um problema, pois ele é um grande amigo meu.
O pub, ficará
fechado até novas ordens, irei de casa em casa, escutando as pessoas, para
saber o que necessitam, e o porquê esses homens não trabalham.
A professora
soltou que isso era coisa do advogado, como ele conseguiu que teu avô lhe desse
o local, quanto mais vendesse mais dinheiro fazia.
Tai, isso é uma
coisa dele, meu avô não lhe deu nada, estava usando sem ordens de ninguém.
A senhora que
conhece bem o pessoal da vila, preciso de um rapaz para cuidar dos cavalos,
pois acabado de mandar o sem vergonha que estava aqui, fazendo sexo lá com as
moças da casa.
Queria que todos
anotassem tudo, inclusive tu Jones, para arrumarmos tudo isso.
Todos foram
embora, menos o André.
Esse ria, dizendo
vais fazer uma revolução, isso sim.
Olhe todos esses
papeis, o advogado estava forjando documentos como se ele fosse o proprietário
das terras, para vender aos homens da vila, os idiotas estavam lhe dando
dinheiro, há que embargar suas contas no banco imediatamente.
Ele não tinha
poderes para fazer isso, minha tia estava doente, eu na Índia, por isso se
aproveitou.
Mas tudo vai
mudar, espero que para bem.
Lástima que não
queiras vir para cá tu. Já te conheço,
confio em ti.
Ia me oferecer
para ser o moço da cavalariça, para poder usar o local para fazer sexo.
Não faça gozação,
imagina a cena, chego na cavalariça o dito cujo com a bunda para cima, tudo mal
cuidado, eu amo os cavalos, imagina como fiquei.
Tem uma coisa
André, não gosto da pose de grande senhor, acho que tudo tem que ter harmonia,
que todos possam viver bem, quero que esses meninos possam ir em frente.
Venho de uma
mistura, meu pai filho do grande senhor, minha mãe, mulata, filha do
administrador das terras da Jamaica.
Quando meu avô me colocou num desses colégios de elite, eu não quis,
queria ir à escola como todas as pessoas normais.
Inclusive ganhei
uma bolsa de estudos, mas abri mão para o Abidiel, que é o advogado que vem
para cá, que tem problemas para conseguir emprego, porque é negro. Foi meu companheiro até irmos para a
Universidade.
De repente vou
experimentar passar um tempo aqui, pois parece que o senhor advogado aprontou
muito, preciso tirar tudo a limpo.
Podes ficar aqui
em casa, mando preparar um quarto para ti.
Chamou o Jones,
perguntou quantos quartos tinham desocupados na casa.
Mandou preparar
dois por enquanto ou tivessem banheiro, ou fossem próximos de um.
Um será para o inspetor
André o outro para o advogado Abidiel.
Telefonou para
este em seguida, disse que lhe necessitava urgentemente, muita coisa em jogo,
se ele podia estar no dia seguinte, enquanto isso tua mulher pode pedir
demissão do hospital, ao mesmo tempo arrumamos uma casa para ti.
Teria que
conseguir uma ordem do juiz para embargar o dinheiro do advogado anterior no
banco, até verificarem tudo o que ele tinha feito.
André foi para a
vila, ele disse que desceria em seguida, sentou-se com Jones, perguntou quantas
pessoas tinha, se queria ficar com elas, ou buscar outras na vila?
Lhe avisou que
Madie, viria para lhe ajudar a administrar a casa, não podes levar tudo
sozinho, creio que deverias ficar como meu braço direito, pois conheces tudo,
me ajudando a colocar isso em ordem.
Ele só faltou
inchar o peito.
Preciso de pelo
menos mais três pessoas, a casa esta suja, precisamos manter a partir de agora
a casa inteira, elas relaxaram porque tua tia só usava seu quarto, bem como uma
saleta que fica ao lado do mesmo.
Eu acho que
devíamos preparar o quarto do seu avô, para o senhor.
Sabe Jones, pelo que
me lembro, era imenso, tinha uma lareira, mas cheio de moveis antigos, que
ocupam muito espaço, por enquanto fico no que estou, já arrumaremos isso.
Desceu para a
vila, se encontrou com o dono da empresa de obras, já tinha olhado tudo com
relação a escola, agora estava com o médico, tinha era um bando de mulheres
atrás dele, queriam saber das novidades.
Examinaram a casa inteira, tinha um bom apartamento em cima,
Ele não sabia por
enquanto se valia para o Abidiel, mas mandou reformar tudo, já sabia como
fariam com a escola.
Tinha uma mulher
que sempre estava do lado dele, perguntou aonde morava, ela sinalizou uma casa,
me ofereces um chá.
A cara dela era
ótima, o senhor tomando um chá na sua casa.
Levou com ele a pároco, se sentaram, logo apareceram as crianças. Ele tirou um bloco, anotou o nome dela,
quantos filhos tinha, quantos estavam na escola, dois tinham ido embora para
trabalhar em outro lugar.
Perguntou o que
faziam, ela disse o que podem.
Vê o que eu digo,
virou-se para a pároco, saem daqui sem experiencia nenhuma de vida, sem
possibilidades de ir em frente. Vamos
mudar isso.
Ela ria, na hora
que me ofereceram vir para cá fiquei em dúvida, mas acho agora que vou viver
aqui contente.
E o seu
marido? Bom esse filho da puta, vive no
pub, o advogado o convenceu de assinar um papel, mas ele não viu nem um tostão
do dinheiro que prometeu a ele. Aonde
está?
No campo,
trazendo as vacas para ordenar, perdeu a manhã inteira com esses idiotas que
mal se levantam vão para o pub, com se lá fosse o umbigo do mundo.
Mandou o maior
dos meninos chamar o pai.
Este entrou com o
gorro na mão, de cabeça baixa.
Boa tarde, lhe
disse, quero saber o que queres de tua vida?
Ele mal conseguia
falar, até que sua mulher lhe empurrou com uma cotovelada, fale homem.
O advogado disse
que as terras seriam minhas se assinasse um documento, que nunca mais
precisaria trabalhar.
Ele olhou pela
janela, André estava por ali, mandou chama-lo, enquanto se servia de chá,
mandou que os dois se sentassem. Conte agora para o inspetor André, como se
passou tudo, enquanto vou olhar sua casa.
Estava mal
cuidada, cheia de fendas, infiltrações, ele perguntou a mulher por quê?
Essa casa é da
tua família, os homens acham besteiras conservar uma casa que não é sua, eu vou
apanhando como posso.
Mandou chamar o
engenheiro, acredito que por essa podemos analisar as outras casas, embora
pretenda visitar uma por uma, gostaria que o senhor, mandasse por exemplo, dois
homens, que arrumassem o que pudessem, perguntou aonde era o banheiro, era um
desastre, disse o que queria fazer.
A mulher estava
emocionada, a fez sentar-se, respirar fundo, escutou uma criança chorando, era
um bebe de quase um ano, ele pegou a criança no colo, que sorria para ele.
Ele está molhado,
vai sujar o senhor, ele mesmo trocou a fralda da criança como tinha aprendido
na Índia, limpou a criança, pergunto por que usava fraldas de pano, se as
crianças tomavam leite,
Vendemos todo o
leite para o homem do armazém, que manda para a cidade, ficamos com muito
pouco, porque temos uma cota.
Se levantou,
abrigou a criança com um chalé que viu ali, fez um sinal a Charlotte, a pároco,
que fosse com ele, foi dizendo para ela, tens que conversar com essas mulheres,
precisam tomar ante conceptivo porque são muitas crianças para alimentar,
educar.
Todo mundo o ia
seguindo, não era com ele, viu que André fazia uma foto dele.
Entrou no
armazém, era escuro, fedia a ranço, mal iluminado.
O senhor tem a
concessão do armazém?
Sim uma que me
deu o advogado, tenho que lhe pagar metade do que faturo.
Bom isso se
acabou, tem fraldas descartáveis?
Não senhor, aqui
ninguém compra, mas espere minha mulher tem pois temos crianças pequenas, foi
olhando tudo, viu que as crianças estavam todas ali, viu uma coisa de vidro,
com caramelos dentro, abriu foi dando um para cada um, riam, diziam obrigado,
tirou dinheiro pagou o homem, este não queria cobrar, como ia fazer isso, o
advogado disse que esses cinquenta por cento era para o dono de tudo.
Isso se acabou, a
partir da amanhã se apanhe, pinte as paredes, limpe tudo, jogue fora as coisas
velhas, tirou dinheiro do bolso, separou umas quantas notas grandes, vá a
cidade, compre produtos que os meninos precisem.
Me disseram que o
senhor era o encarregado do leite, sim todos trazem aqui, vem os da cooperativa
para levar.
Quem fica com o
dinheiro?
O advogado, eu
não ganho nada com isso, é um acerto dele com a cooperativa.
Mais um
problema. O André já estava falando com
o Juiz, uma ordem para revisar a casa do mesmo, pois devia anotar alguma coisa,
bem como bloquear a sua conta no banco da cidade.
Disse ainda para
o homem, colocar um vidro na frente, pois as mercadorias precisavam de luz.
Esse sorria, de
triste que estava quando entrou estava contente. Anotou compre fraldas para as crianças.
Se deu conta que
o Jones, nunca tinha feito isso, por isso o advogado se aproveitava.
Precisava de um
administrador de tudo, ele nem sabia direito o que possuía de terras, quantas
estavam ocupadas, quantas não.
Precisavam de um
homem que levasse tudo isso, além do advogado, ou que os dois trabalhassem
juntos.
Porra era muita
coisa.
Abidiel chamou,
dizendo que ele, com sua mulher estavam indo para o aeroporto, se podiam mandar
alguém buscar, que se ele podia reservar um quarto no hotel.
Ele riu, mando
alguém buscar vocês.
Deu um suspiro
tão alto que todos riram.
Tinha milhões de
ideias na cabeça, não podia parar.
Agora que tinha
arrancado o carro, o jeito era seguir em frente.
Não entendo não
vejo hortas atrás da casa, nem na casa do meu avô vejo.
Contou para ela
da Horta comunitária que tinha mandado fazer, na Índia. Algumas mulheres quando não estavam na
colheita limpavam cuidavam. Mas tudo era
dividido conforme quantas pessoas tivesse a família, assim as crianças se
alimentavam melhor, comiam bem.
O mesmo teria que
resolver, porque em vez de vender o leite, não faziam queijos, manteiga ali
mesmo para alimentar o pessoal.
Ia anotando tudo
isso.
André veio se
despedir, pois tinha que levar o homem, além de verificar o processo a seguir.
Voltaria no dia seguinte com as ordens para olharem a documentação de
tudo. Mas antes iria ao banco.
Lhe perguntou
baixinho, se ele não queria vir trabalhar ali, administrando tudo.
No momento não,
mas podemos nos falar daqui um tempo.
Nem notou que
seguia com o garoto no colo, esse cada vez que ele olhava, sorria, preciso ter
uma família minha pensou.
Nunca tinha
pensado nisso, nem tinha se apaixonado jamais, tinha aventuras com homens, mas
nunca tinha pensado nisso.
Perguntou a
senhora como ela podia ter filho tão pequeno?
Não é meu, sim de
minha filha mais velha, que fugiu de casa, deixando esse garoto para trás.
Posso levar
comigo?
Ela riu, teria
que fazer uma reunião de família para isso, na vila temos mais crianças assim.
Ele o levou até o
consultório do médico, o mandou examinar.
Que história é
essa, que temos mais crianças assim?
Muitas garotas
ficam adultas, vão para a cidade trabalhar, voltam com alguma criança, pois não
se cuidaram, deixam com os pais.
Eu fui o único
que não cai na conversa do advogado, avisei tua tia, mas ela já estava muito
doente, então fiquei quieto, pois este podia me mandar embora daqui.
Vou precisar
muito da sua ajuda, tem alguma outra casa, para montarmos um lugar para as
crianças assim pequenas ficarem durante o dia.
Ele prestou
atenção, o garoto não estava muito limpo, foi limpando a criança como fazia lá
na aldeia, limpou seu nariz, trocou por uma fralda que o homem da loja tinha
dado, pois estava molhado outra vez, pediu um pouco de leite para o médico, em
seguida a mulher dele trouxe.
Ficou ali dando
mamadeira para o garoto, que ria, olhando para ele.
Pensei que fosse
filho da senhora, mas disse que é seu neto.
Antes de ir
embora, foi entregar o garoto a senhora, que estava ali com outras.
Perguntou quantas
tinha filhos assim pequeno, umas cinco tinham.
Perguntou o que pensavam de uma creche?
Elas não sabiam o
que eram, ele explicou, disseram que se fosse assim, podia tomar conta do
campo, mandar os maridos a merda. Riram
muito.
Na hora de passar
o garoto para a avô ele não queria, queria ficar grudado com ele.
Bom, já é meu,
disse brincando, olhou para o garoto, vamos ver, um dia ficas comigo.
Isso era um
trabalho que teria que ver com a mulher do Abidiel.
Jones tinha
mandado o carro grande busca-los em Plymouth, escreveu numa placa, o nome
Abidiel, ele avisou para preparar um quarto grande pois este vinha com a
mulher.
Começou a andar
pela casa inteira, quase todos os quartos precisavam de pintura, de uma limpeza
profunda, ah de Madie estivesse ali.
Mandou preparar
uma sopa boa, isso Madie era experta, ele adorava chegar de noite em casa
depois da universidade, principalmente no inverno, sempre tinha uma sopa quente
para tomar.
A ordem
funcionava, a cozinha estava impoluta, a cozinheira, disse agora resolveram
obedecer com medo de perder o emprego.
Disse como queria
o café da manhã, eu me levanto muito cedo, perguntou ao Jones se tinha arrumado
alguém para cuidar dos cavalos.
Sim tem um garoto
novo, ainda está lá limpando tudo.
Foi até lá, viu
que era um garoto de uns 15 anos, começou a ajudar também, o mesmo virou para
ele, disse faça direito, porque o patrão é uma fera.
Ele se matou de
rir. Lhe disse quero o estabulo
impoluto. Teve que explicar o que era isso, lhe perguntou se ia a escola, aqui
já não tenho o que estudar, aprendi a ler, escrever, pouco mais.
Ajudo o que posso
em casa, porque o velho agora despertou, o advogado enganou ele também, aliás
todos os idiotas da vila.
Depois ajudou o
garoto, a escovar todos os cavalos, amanhã de manhã as sete, saímos os dois,
com os cavalos. Gostas deles?
Sim, adoro, me
entendem mais que as pessoas.
Penso em criar cavalos, queres aprender?
O menino sorria,
claro que sim.
Aonde dormes?
Posso dormir aqui
mesmo.
Nada disso, venha
comigo, em casa falou com Jones se sobrava quartos dos empregados, depois a
senhora lhe de um jantar, o estabulo estava como queria.
Trouxeste roupa?
Não senhor, então
vá em casa buscar, passas a viver aqui, mas cuidado com as garotas da casa, não
quero brincadeiras entendeu.
Vamos que estas
esperando, vá até tua casa, depois volte, vou ver como será teu salário.
Jones ria, me
estou sentido jovem outra vez, apesar dos achaques de velho que tenho, essa
força que o senhor tem é impressionante.
O Abidiel chegou,
sua mulher era tão grande como ele, a olhando bem, lhe soltou Cristine,
verdade. Ela riu o abraçou, o pessoal
da casa ficava olhando, não estavam acostumados a isso.
Ajudou a levar a
bagagem para cima, tinham preparado o quarto grande com banheiro.
Mesmo assim
chamou a atenção da garota, podia estar melhor, amanhã limpe isso a fundo.
Os deixou se
prepararem para o jantar, antes perguntou o que acostumavam comer de noite.
Cristine se matou
de rir, eu uma salada, mas o senhor necessita de uma bom filete de carne.
Passou pela
cozinha, disse que preparassem isso, que a mesa fosse preparada como no almoço,
perguntou a cozinheira se ela não fazia pães, estava agora preparando a massa
para amanhã.
Esse menino, não
sabia o nome dele, precisa de alimentar, se vai cuidar dos cavalos.
Tem cavalos aqui,
entrou Abidiel na cozinha, a senhora riu para ele, por ser tão grande, ele só
disse para ela, um grande amigo desde a escola, ele se aproximou, ela estendeu
a mão, mas ele a abraçou, tens que ser minha amiga, essa gente quer me matar de
fome, ela ria muito.
Quando viu
Cristine, soltou os filhos dos dois serão gigantes.
Os levou para a
biblioteca, pedindo que avisassem quando tudo estivesse pronto.
Contou tudo ao
Abidiel, o que tinha feito o advogado, o filho da puta, pensando que eu não
voltava mais da Índia, estava se preparando para ficar com toda a propriedade,
mas André conseguiu uma ordem para amanhã poderem vocês dois darem uma olhada
nos papeis de seu escritório, bem como bloquear a conta no banco. Acho que ele se preparava para fugir.
O rapaz que nos
foi buscar, veio contando da revolução que estas fazendo.
Meus amigos, nem
tenho ideia da dimensão disso tudo, a família sempre foi proprietária disso
tudo, não sei quanto tenho de campo, nem o que está alugado, nada. Preciso
colocar isso para andar. Comentou a
história do leite. Me parece uma coisa
absurda.
Bom Cristine, a
ti te toca, também muitos problemas, além do local para atender as primeiras
necessidades, teria que montar uma creche, pois descobri que tem muita criança
pequena, que estão mal cuidadas, contou do garoto, essas crianças ainda usam
fraldas de pano, o menino estava cheio de crostas, sou honesto que nunca pensei
em ter filhos, mas o garoto não sai da minha cabeça.
Imagine na
escola, nem é inverno, está cheia de goteiras. Temos muito trabalho, temos que
sentar para pensar num salário para vocês.
Outra coisa meu amigo, se veres que é muita coisa para administrares,
podemos colocar alguém contigo, ok.
Logo conseguimos
uma casa para vocês, amanhã quero que conheças o médico, acho que está aqui
desde sempre.
Depois de tudo
assentado, podemos pensar em mais melhorias, o importante agora, é conseguir
fazer o barco andar.
Ele adorava
escutar as gargalhadas da Cristine, pareciam as da Millie, quando comentou, ela
disse que lembrava dela, ia te levar a escola as vezes. Minha mãe sempre falava dela, dizia assim
imitava a mãe. Essa mulher da
sociedade, fala comigo, como se tomássemos chá, que se aonde compro minhas
roupas, pois gosta da cor delas.
Eu a adorava, me
ensinou a ler, escrever antes mesmo de eu ir à escola.
Contou aos dois o
que tinha feito na Índia, não fiz mais, porque não me deu tempo, foram quase
três anos, um dia terá que ir até lá Abidiel.
Ficaram depois
conversando na biblioteca, como ele fazia em Londres com a tia e Millie. Deu um
suspiro por causa disso.
Bons tempos
pensou, fomos uma família, agora toca fazer outra.
Havia coisas que
ele não entendia, porque a vila estava tão atrasada em tudo, será que esse
pessoal tinha ficado esperando algo, ou parado no tempo por algum motivo,
quando a cidade estava literalmente perto.
Ficou pensando
nisso, seria a acomodação, porque os lugares ou mesmo as pessoas eram
diferente, a Índia tinha a mesma coisa, de um ponto de vista informático, era
avançada, mas quando se saia das grandes cidades, para o campo, era as vezes
como voltar no tempo.
Havia uma falta
de equilíbrio nisso.
Será que aos
grandes proprietários, interessava isso, que as vilas que estavam sobre sua jurisdição,
a falta de cultura, o analfabetismo, era primordial para poderem mandar,
manipular como tinha feito o advogado.
No dia seguinte
de manhã, quando saiu a cavalo, acompanhado do rapaz, que parecia ter outra
cara, lhe perguntou se tinha dormido bem.
Disse que sim que em sua casa era tudo apertado, somos muitos, tudo é
pequeno.
Perguntou se não
tinha pensado em ir embora, disse que sim, mas que tinha estudado pouco, lhe
perguntou por quê?
Meu pai precisava
que todos ficássemos no campo, não temos maquinários para tocar em frente.
Ah, isso era uma
coisa a pensar.
Perguntou como
aravam, quando ele consegue bom dinheiro, alugamos um trator, mas caso
contrário fazemos nós mesmos.
O que o tinha com
a pulga atrás da orelha, era essa história do cinquenta por cento, não via isso
nos livros que tinha visto.
Voltaram justo na
hora que estavam tomando café. Comentou
o que tinha pensado durante a noite com Abidiel, como era possível isso,
estamos relativamente perto da cidade maior, ou será que lá era a mesma
coisa. Será porque estamos longe de
Londres, não consigo entender.
A verdade, talvez
é que todos esses anos estive longe, quando vinha aqui, era quando muito para
passar uma semana, saia a cavalo, para passear com os cachorros, nada mais.
Nunca convivi com
o pessoal da vila, não tinha curiosidade ou não me permitiam estar próximo.
Falou da
plantação de chá, que as mulheres tiravam água do poço, ninguém tinha pensado ou
sabia que podia ter um motor para extrair a mesma de uma maneira fácil.
Quando falei da
caixa d’agua, me olharam como se estivesse falando grego. Talvez na Jamaica seja igual o problema, mas
aqui, fico abismado, quando entrei no banheiro da casa que estivemos, era como
entrar num desses filmes antigos.
Mesmo aqui, sei
que meu avô mandou modernizar os banheiros, mas mesmo assim são
antiquados. Mesmo na casa de Londres, não
são modernos.
Isso me desnortea
um pouco. É como estivemos em alguns lugares no século XIX, outros no XXI,
parece ter uma lacuna nesse tempo.
Por exemplo não
vi nenhuma senhora com celular, temos que saber como as crianças poderão
aprender informática, se não temos sinal Hi-Fi.
Não temos, disse
Abidiel, pois tentei acessar ontem à noite, não consegui.
Mais um trabalho
para ti, teremos que pedir uma torre, para que atinja para todo mundo.
Jones disse que
na casa sempre tiveram o telefone normal, ninguém tinha um celular.
Foram para a
vila, claro andar com eles por ali, ela como andar com um elefante, tinha visto
negros na televisão, mas não assim pessoalmente.
Deixaram Cristine
com o médico, esperaram na frente da casa do advogado por André, que chegou
rindo.
O que foi, ele
tentou dar uma ordem ontem para sua mulher a queimar tudo, mas ninguém atendia
o telefone, segundo parece, no dia seguinte ela arrumou as malas, foi embora,
tentou sim tirar dinheiro da conta do banco, mas já estava interditada.
Entraram na casa,
pareciam ter revirado tudo, mas o escritório estava fechado, abriram a porta, tudo
em seus lugares, deixou os dois, ali trabalhando.
Foi quando viu
entrarem os caminhões da construtora na vila, eram enormes, subiram em direção
a escola. O engenheiro Dinard, desceu
de um deles, se cumprimentaram, foram subindo a rua, ele comentando, iam
construir uma estrutura pelo lado de fora, da escola, colocar um telhado mais
alto, enquanto revisavam as telhas, pois ouvi dizer que essa semana vai chover
muito.
Tinha estudado,
iam colocar uma estufa na sala de aula para aguentar o inverno, na outra obra
isso já estaria dentro, quando tiver pronto o projeto, podemos ir em frente.
Depois te apresento no novo advogado para combinar os pagamentos.
Na escola os
meninos estavam alvoroçados, a curiosidade era grande.
As mães estavam
ali para olhar, a senhora com o menino no colo, este quando o viu, se atirou
para ele. Estava usando a mesma fralda,
ela disse que tinha limpado a mesma.
Caralho, foi
descendo com o garoto até o consultório do médico, o menino quando viu a
Cristine abriu um sorriso imenso, abriu os braços para ela.
Ele falou da
história das fraldas.
Foi até a loja,
já estava pintada de branco, tinha mercadorias exposta do lado de fora em
saldos, já tinha ido à cidade a um distribuidor, trazia caixas de leite,
pacotes de fraldas, deu um pacote a Cristine para que ensinasse a senhora como
fazia.
Quando ele se
virou para ir embora o garoto começou a chorar, que queria ir com ele. Mas
Cristine o acalmou, ali mesmo no balcão, tirou de sua bolsa papel húmido,
começou a limpar o garoto que ria, ao mesmo tempo que explicava, que depois de
suja, com o coco, se atirava no lixo.
Cristine disse
aonde poderiam fazer a creche, do outro lado da rua, em frente a escola, tinha
uma casa abandonada. Podia ser lá.
Pediu que Dinard
desse uma olhada.
Com o garoto
pendurado nele, foi a outra casa, ao lado da anterior, talvez sabendo a casa
estava mais arrumada, mas os dois examinaram tudo, ela quando viu o banheiro
soltou, nem na merda de apartamento que vivi quando era criança era assim.
Levaria tempo
para colocarem tudo em ordem.
André tinha
pedido um contabilista para vir ajudar, este estava horrorizado, esse homem é
um estafador, menos mal que tem tudo anotado.
De uma mesma
pessoa, todos os lucros estavam ali anotados.
Perguntou ao
Abidiel, se era normal o proprietário ficar com cinquenta por cento de tudo,
pois se era assim, as pessoas nunca sairiam do buraco.
Ele disse que
sim, que havia uma jurisdição que favorecia isso.
Puta que pariu,
eu pensando mal da Índia, mas aqui também se explora.
Convidou Dinard
para comer em sua casa. Subiram todos, ele estava quieto, sua cabeça não parava
de funcionar.
André soltou que
pela sua cara, tinha medo de que daqui a pouco começasse a soltar fumaça.
Dinard fez um
comentário que todos concordaram, não poderás fazer tudo ao mesmo tempo, temos
que criar prioridades, como fizeste com a escola, telhado, um sistema de calor
para o inverno, o ambulatório, depois iria fazendo as outras coisas.
O bom disso tudo,
é que temos cada um, o nome de quem ele estafou, os valores, podes usar isso
para fazer alguma coisa pelo mesmo.
Ou seja esse
dinheiro aplicar na própria casa. Depois
de arrumada, lhes dá em propriedade.
Isso eu gosto,
soltou ele.
Ele quase tinha
trazido o garoto com ele, ia entrando no carro com a criança nos braços, se a
avó não viesse buscar.
Então vamos nos
centrar nisso, assim que o juiz nos der acesso a esse dinheiro, como estafou em
nome de minha família, vamos dizer que o dinheiro é meu, aí faço um acordo com
eles,
Mas queria pensar
numa coisa que o rapaz me disse hoje, os que trabalham no campo, que estão
alugados, quando não tem lucro, não podem contratar um trator para fazer o
trabalho pesado. Agora é hora de me chamarem de comunista, é
se criamos uma associação, tudo é reunido no mesmo lugar, temos que ver o que
planta, essa associação tem tratores, aram depois fazem a colheita, de uma
forma organizada, depois fazemos um sistema de como se mantem.
Tampouco sei se
alguém lavra as terras da mansão, nem tudo está alugado, o que se planta, para
que, como e porquê? Como um grande
senhor espero respostas, urgente, para saber o que fazer.
Ou será melhor
arrumar a mansão, deixar que vivam a vida deles, que eles me mantenham?
Ficaram olhando
para ele.
Como ninguém diz
nada, ficarei com a segunda opção.
Epa, mas não foi
para isso que me chamaste, soltou Abidiel?
Não, queria ver
como vocês ia reagir, esse filho da puta, nos enganou a todos.
Agora em sério.
Terei que ir a Londres, para deixar as cinzas da minha tia, junto a Millie, a
outra parte vou trazer para cá como ela pediu, faremos a cerimônia, depois
marcamos uma reunião com as famílias, faremos a proposta para ver como saímos.
Preciso saber, de
quem vence o contrato de aluguel das terras, se querem seguir ou não, vamos
melhorar a vida de todos.
O que me
impressionou hoje na casa que visitamos, foi, tem uma cama imensa, os lençóis
não estavam tão limpos, as crianças dormem todas juntas, podia ter pelo menos
beliches, em casa erámos quarto, cada um tinha sua cama, isso que meus pais
eram pobres.
Tocava agora
organizar tudo.
Dois dias depois
foi para Londres, fez o que tinha prometido, comprou um furgão grande, colocou
as coisas da casa de lá que lhe interessavam ter na mansão, veio com Madie,
veio conversando com ela, sobretudo.
Quando falou na
coisa do tempo, ela se matou de rir, eu fiquei impressionada, fazia tempo que
não estava com minha família, a maior parte do tempo vejo que as mulheres é que
perdem mais, mas se preocupam pelas novelas, os problemas dos membros da
família real, esquecem dos seus. Os
filhos anseiam o mais moderno, que para eles não parece importante, um dos
meninos estuda informática, mas só tem computador na escola, os pais se negam a
comprar, pois para eles é superficial.
Ou seja como é
uma vila, talvez um pouco maior andam assim.
Uma das minhas irmãs vive numa cidade turística, seus filhos têm de
tudo, pois vivem outra existência, mas observa que quando estão juntos, há uma distância
imensa entre uma família e outra.
Preciso que
coloques essa casa num sistema atual, precisa de uma reforma programada geral,
o Jones, sabe de tudo, mas já não tem força para impulsionar. Limparam o quarto que estão os dois amigos,
mas olhei bem, não estão limpo profundamente, quando reclamei, pensei amanhã
isso tá feito, nada de nada.
Devem se espantar
que eu mesmo arrume minha cama, como tu me ensinaste, mas necessito tirar tudo
de velho que tem nesse quarto, tu sabes como eu gosto do meu aqui de Londres,
por isso te pedi que viesses, a casa é imensa, nem sei o que fazer com tudo
isso.
Não se preocupe,
olharei desde o telhado até o sótão para saber o que fazer.
Ele riu, pois ela
estava anotando tudo. Lembra-se foi
você que me ensinou a fazer isso, anotar as coisas, para não me perder. Minha tia tinha outra educação, achava
normal que cuidassem dela, isso tinha a Millie que fazia por ela. Por isso quando deve ter chegado aqui, se
fechou na mansão, quando muito ia a alguma cerimônia, sem a Millie se sentia
perdida.
Depois eu estive
fora 3 anos, deve ter sido um horror para ela.
Não pararam de
falar nenhum momento, foram dormir no mesmo lugar que ele tinha parado antes,
no dia seguinte, chegaram na vila.
Parou o furgão ao
lado da escola, já tinha a estrutura, estava verificando as telhas, o faziam em
silencio porque os meninos estavam em aulas, viu que trabalhavam no
ambulatório, também, foi até lá ficou impressionado com a Cristine, que estava
de calças compridas, ajudando os homens.
Ela saiu para
abraça-los, estamos colocando aos poucos as coisas nos eixos.
Levou Madie para
conhecer a pároco, se abraçaram, beijaram, as senhoras que estavam ali,
comentaram de fazer a cerimônia dentro de dois dias, comentou com ela, sobre a
reunião.
Depois foi falar
com Abidiel, o contabilista continuava lá, já tinha uma lista de tudo.
Estava agora
analisando como montar a formação de uma cooperativa, as leis, as licenças,
tudo isso.
Perguntou pelo
André?
Bom já conseguiu
que o Juiz autorizasse a devolução desse dinheiro todo, o filho da puta era um
safado de outras estafas anteriores, tinha feito isso em outro lugar.
Não contava
contigo, nem que teu avô tivesse desconfiado dele.
Ah o que cuidava
do pub, veio um dia de noite, levou tudo que estava dentro embora, fez um
grande favor, pois tudo precisa de uma reforma.
O local é imenso,
pois só usava a parte da frente, podemos fazer ali a cooperativa, bem como por
detrás o armazém para os tratores.
Verificamos a
história dos cinquenta por cento, quando teu avô estava ativo, ele cobrava 30
por cento, esse homem foi quem aumentou, ficava ele com 20 por cento de tudo.
Já levantamos
quantas terras estão alugadas, das terras da mansão todas estão improdutivas,
ninguém planta nada por lá.
Ficou
literalmente horrorizado, como era possível isso.
Essa parte parou
quando seu avô ficou doente, depois se negava a sair, quando tua tia veio para
cá, tampouco se interessou, como se estivesse esperando por ti.
Rindo disse, vou
criar cavalos, que sempre foi meu sonho.
Terras para isto
tens. Já sei quem será meu sócio.
Sócio?
Não disse mais
nada, na casa da mansão tinha preparado um quarto para a Madie, que já estava
na cozinha olhando tudo. Quando Jones
falou do bloco, ele riu dizendo, agora sabes quem me ensinou a fazer isso.
O senhor quer que
eu vá embora?
Nem pensar Jones,
a quanto anos estás aqui?
Ele sorriu, toda
minha vida.
Então pertences a
casa, como ela pertence a ti.
Ele comentou com
a Madie, ao lado da cozinha tem um salão, prefiro comer lá que nesse salão
imenso, de festas, veja como podes arrumar.
Perguntou ao Abidiel
como estava fazendo o contador para trabalhar, aonde vivia, se tinha combinado
um pagamento.
Bom ele está
desempregado, mas tem mulher com dois filhos pequenos. Vamos olhar uma das
casas que estão vazia para ele, que te parece.
Perfeito, veja
quanto ganha um como ele na cidade, nada de pagar menos porque aqui é uma vila.
Depois os dois
podem prestar serviço para essa gente toda.
Foi dormir,
pensando no garoto, tinha a sensação de que o fazia por ele também. Ele
precisava de um futuro.
No dia seguinte levantou
muito cedo, quando chegou na cavalariça, o rapaz, estava escovando os cavalos,
sabia que o senhor ia querer sair.
Com tanta
confusão, me esqueci teu nome, meu filho.
Bob senhor, pode
me chamar de Bob. Os cachorros estavam inquietos, os cavalos também, temos que
pensar que todos precisam de exercícios, alguns estão velhos,
Andei consertando
o cercado que fica aqui ao lado, ontem os soltei todos lá, estavam como loucos.
Saíram a trote,
vejo que os cachorros de seguem, estranhou que ele estivesse andando um pouco
atrás dele.
Por que não estas
ao meu lado?
Por que o senhor
é o patrão?
Quem disse essa
merda, venha coloque-se ao meu lado.
Preciso falar contigo.
Estou pensando em
comprar cavalos, aumentar a cavalariça, fazer uma coisa mais moderna, o que
achas?
A cara do rapaz
era incrível, por si só tinha ganho o dia. Mas terás que fazer um sacrifício,
vou ver se consigo que durante esse tempo que estruturo tudo, estejas uma parte
do dia com um veterinário como aprendiz.
Mas como vou ir e
voltar para cá.
Sabes andar de
bicicleta?
Sim. Mas é muito longe para ir com uma.
Bom na garagem
temos que ver quantos carros ainda estão sem uso, podes aprender a conduzir, ir
e voltar, o que achas.
Ele não podia
responder.
Serás meu
companheiro nesse novo negócio topas, parou o cavalo, estendeu a mão, ele
limpou a sua na camisa, sim senhor.
Voltou todo o
caminho de volta, rindo, mas lhe disse, bico fechado, ainda é cedo para
comentar.
Nem para teus
pais, pois aqui ficam todos sabendo.
Falar nisso
acertaste teu salario com o Abidiel?
Não falei com o
Jones, ele me disse, lhe deu o valor.
Era pouco, não os salários quem resolve é o Abidiel, eu falo com ele.
Sim senhor.
Sabe não me
acostumei a isso, sou jovem demais para ser um senhor, meu nome é Angus. Que
acho horrível, normalmente meus amigos me chamam de Sheridan.
Sim senhor
Sheridan.
Não tinha jeito.
A cerimônia foi
bonita, estavam todos na igreja, inclusive as crianças, quando ele entrou o
garoto se jogou para ele, o levou para se sentar no lugar reservado a família. Quando
subiu para falar, o deixou com Madie.
Minha tia, foi
muitas coisas para mim, tia, mãe, amiga, eu imagino que quando ela veio para
cá, deve ter-se sentido abrumada com tanta responsabilidades, que não estava
acostumada, nem tampouco tinha idade para mover nada, por isso tudo ficou
parado,
Eu passei três
anos ordenando os negócios da família na Índia, cheguei justo no dia de sua
morte, conversei com ela, lhe prometi arrumar tudo.
Uma parte dela, está
com a pessoa que amou a vida inteira, a outra parte ficará aqui no Mausoléu da
família.
Mas agora, vou
aproveitar essa cerimonia, para conversar com vocês, quero que escutem o meu
grande amigo de juventude Abidiel, depois as mulheres fiquem para escutar a
Cristine, temos muitas coisas para fazer, mas precisamos de tempo. Escutem todas as propostas, depois se
quiserem conversamos com cada um em particular.
A voz de Abidiel,
era imponente.
Não vou fazer
como o anterior advogado, está preso, o dinheiro que vocês deram para ele, com
falsas esperanças de que já sabemos o que é, ele estava se preparando para
desaparecer, deve ter-se aproveitado que o avô do Sheridan estava velho para
fazer isso. Não contava que este não era
um tonto, foi reunindo provas contra ele.
Usou documentos falsos com todos, mas conseguimos bloquear o dinheiro
todo no banco.
De um lado, ele
não poderia vender as terras, porque há pelos testamentos um problema, as
terras da família nunca poderão ser vendidas.
Mas temos várias
propostas as escutem.
Esse dinheiro, sabemos quanto cada um deu para ele, o louco fazia um
sistema de anotações cada vez que vocês lhes davam dinheiro.
A primeira proposta, com o dinheiro que cada um deu, aproveitamos
que temos a empresa de engenharia aqui arrumando a escola, começaríamos
arrumando as casas todas, melhorando todo o possível, dentro desse valor,
quando se acabe de fazer cada uma, será entregue ao morador o título de
propriedade, passa a ser de sua família para sempre.
Por isso pensem,
podemos também devolver o dinheiro, mas não dar a propriedade, queremos que a
família tenha todo o conforto possível.
Como as casas são basicamente iguais, já temos o projeto para que vejam
como ficariam.
Segundo, quanto
as terras que vocês exploram, essa história do leite, ele estava lesando todo
mundo, ele ficava com todo o lucro para ele.
A ideia é montar
uma cooperativa, podemos depois analisar isso, necessitamos sim saber o que
cada um planta, essa cooperativa seria dotada de tratores, para arar, outros
para fazer a colheita, cada um só pagaria o diesel usado.
A colheita seria
feita, os lucros divididos entre todos, conforme a quantidade de quilos ou de
produtos entregues. Assim os jovens
também teriam trabalho, não iam precisar ir embora.
A escola está
sendo reformada, para aguentar esse inverno, na primavera, se construirá uma
nova, para que as crianças tenham melhores condições, bem como façam esportes,
vamos conseguir mais professores, para que tenham aulas separadas.
As senhoras que
hoje mal podem trabalhar, teremos uma creche, aonde poderão deixar as crianças
de manhã, até a parte da tarde, estará ligada ao ambulatório, depois a Cristine
explicará como vai funcionar.
Agora o mais
importante, descobrimos essa história que deixou o Sheridan com a pulga atrás
da orelha, que seu avô cobrava atualmente 50 por cento dos benefícios, isso não
era verdade, ele só recebia sempre 30, mas isso agora iremos fazer assim. Volta
tudo como era antes, os 30 por cento, esses vinte que esse sem vergonha guardou
no banco, vamos usar, para comprar os tratores que serão sempre da cooperativa,
que prestaram serviços a todos.
O silencio era
grande, quem começou a aplaudir foi o doutor.
Um dos gordos,
perguntou pelo pub.
Isso já veremos
mais a frente, uma das mulheres disse, quando realmente trabalharem para perder
essa barriga.
Todos
aplaudiram. Os homens saíram, ficaram do
lado de fora, a Cristine começou a falar com as mulheres.
Ele saiu, pois
era uma assunto de mulheres, Abidiel estava distribuindo folhetos explicando
tudo, a cada um dizia, o senhor passe pelo escritório, que analisaremos seu
caso. Ok.
O mesmo gordo
reclamou, que isso se fazia tomando uma cerveja, o que estava ao lado dele,
disse cale a boca idiota, por isso ele te enganou.
Tinham um largo
caminho pela frente.
Seu tio o contatou
para dizer que tinham duas empresas interessadas em comprar a plantação de chá.
Deus os nomes, se
informou a respeito, colocou Abidiel no meio, analisaram as propostas, eram
muito baixas, no que fizeram contato, era mais alto, o tio queria embolsar uma
parte do dinheiro.
Fizeram contato
com a empresa que comprava toda a produção de Índia, essa ofereceu quatro vezes
o valor, não pensou duas vezes, assim se livrava da família. Quando o tio chamou para cobrar uma posição
dele, avisou que dentro em breve os novos proprietários fariam contato.
O chamou de filho
da puta para baixo, como podia fazer isso com ele.
Soltou na cara do
tio o que ele estava fazendo, ficou mudo.
Me crês com cara de tonto.
Depois
conversando com Abidiel, disse que tinha sido a melhor coisa que tinha feito,
suspeitava que a muito tempo o tio embolsava uma parte do dinheiro, assim se
livrava de complicações.
O trabalho na
vila era lento, mas estava funcionando, a maioria tinha aceitado a cooperativa,
já tinha inclusive comprado os tratores, o gordo quando viu a transformação do
pub em lugar para a cooperativa, ficou furioso. Agora para beber tinha que ir à
cidade.
Suas terras eram
as piores, estavam basicamente abandonadas.
Conversou com a família, tinha dois filhos maiores, que viviam na
cidade, se queriam manter o campo, teriam que fazer um novo contrato, pois o
pai devia muito dinheiro.
Fizeram uma
proposta para eles, plantariam feno para os cavalos, um deles ia trabalhar na
cavalariça, assim o Bob podia estudar enquanto isso veterinária.
Os meninos
pequenos iriam à escola.
O furgão, agora
levava os maiores a escola na cidade, ao mesmo tempo, levava uma lista de
compras para as pessoas da vila, escolheram uma mulher para fazer isso, depois
a mesma recolhia os garotos.
Era a primeira
vez que as crianças dali, seguiam em frente.
Ele começou a
ampliação planejada da criação, primeiro fez uma viagem com o Bob, aos haras
dos Estados Unidos, o rapaz estava deslumbrado, foi junto o veterinário aonde
fazia práticas.
Assim estariam
bem assessorados, o negocio era como criar, foram traçando o projeto, a
ampliação das cavalariças, mas ao modelo americano, com espaço suficiente para
os cavalos, o campo para que pudessem fazer exercícios, compraram numa feira
agrícola que foram com um produtor americano, quatro cavalos Mustang, que iriam
criar a parte, um garanhão, três fêmeas, vieram de avião, custou caro, mas
valeu a pena, já sabiam que tipo de cavalos queriam.
Deixavam os Mustang
soltos a maior parte do tempo, em breve tinham vários potros. Os novos espaços para os cavalos ficou
pronto, os mais velhos, ficavam soltos, o negro que ele amava ainda cruzou pela
última vez uma égua Mustang, saiu um potro malhado de negro, lindo, era o
preferido do Bob.
O outro rapaz,
obedecia o Bob em tudo, ele era pior que o próprio patrão tem termos de
limpeza, logo contrataram mais jovens que começavam a voltar para a vila.
O filho do homem
do armazém, também voltou, fizeram um projeto para o mesmo, com uma janela
imensa que dava luz ao interior, agora tinham produtos melhores.
As mulheres,
algumas foram tomando frente aos negócios, da cooperativa, agora tinham
renegociado sobre o leite, uma parte voltava em forma de manteiga, yogurt para
as crianças, que examinadas constantemente pelo médico, junto com a Cristine,
estavam mais fortes, quando começaram a construção da nova escola, a professora
sinalizou um aluno para ele, esse menino é incrível, é dos menores, mas como a
classe é conjunta, já aprendeu o que devia para sua idade, como sabe os dos
outros anos.
Um dia trouxe um
psicólogo para fazer um teste com o garoto, tinha um QI extraordinário, passou
a ir com os maiores a escola da cidade.
Uma das senhoras
abriu uma loja, com roupas para as crianças, bem como adultos, era assessorada
pela mulher do que levava a contabilidade de tudo agora.
As casas estavam
quase todas ocupadas. Quando Abidiel
arrumou a deles, a mansão ficou quase vazia.
Chamou o
engenheiro Dinard, reservou uma parte para ele, junto com Madie, resolveram
transformar o resto numa pousada para finais de semana, foram reformando os
quartos, transformando todos com banheiro, nova fiação elétrica. Suítes para recém-casados no quarto imenso do
avô.
Dinard trouxe um
decorador, que começou a recuperar alguns moveis para decorar esses quartos, o
salão de jantar, agora invés da mesa imensa, tinha mesas menores, para os
hospedes, entre as mulheres da vila ela selecionou algumas para aprenderem
confeitaria. Assim tinha para o café da
manhã, a cavalariça, tinha cavalos para passeios, montou um parque para as
crianças como tinha feito na vila.
Já só restavam
duas casas na vila para reforma, a cara era outra, inclusive o pessoal tinha
mais ocupações.
Ele passou a
habitar, uma parte da mansão que tinha estado fechada muito tempo, criou ali um
apartamento para ele, os empregados estavam contentes. Jones, dizia que estava velho demais para
ficar ali, que só atrapalhava. Mas não
permitiu que fosse embora, usava agora um quarto mais quente, sem escadas para
subir.
Começou a usar a
biblioteca, abrindo os armários, olhando os livros, contratou uma
bibliotecária, pois entendeu que tudo estava misturado. No meio disso, encontraram livros que valiam
verdadeira fortuna.
Tinham duas
estanteria, com livros mais modernos que os hospedes pudessem usar.
Sobretudo ele
estava feliz, ria muito quando ia a vila, pois o menino, continuava o seguindo
por aonde ia. Um dia o levou com ele até a mansão, ele ficou de boca aberta,
mas foi direto para a biblioteca, abriu um armário, aonde estava uma bíblia,
mostrou um nome, disse que era ele.
Ficou
impressionado com isso.
Ele só tinha 4
anos, como podia saber disso.
Tanto falou com a
avô, que conseguiu guarda do garoto.
Esse o acompanhava pela manhã, a andar a cavalo, primeiro o levou com
ele, depois Bob o ensinou a montar sozinho, conseguiu uma sela que eles tinham
comprado para as pessoas menores.
Os cavalos bem os
cachorros não o podiam ver, o seguiam por todas as partes.
Usava um quarto
ao lado do seu, com seis anos, lia corretamente, era bom aluno na escola,
segundo a professora muito inteligente, todos os dias ia ver a avô.
Era o querido da
Madie, da cozinheira, bem como do Jones, pois ia sempre ao seu quarto falar com
ele, o beijava, o chamando de avô, esse ficava todo bobo.
André sempre
aparecia, entre os dois rolava algo, mas nada que fosse de compromisso.
Se gostavam, os
dois tinham a sensação de que era mais por comodidade, porque se relacionavam
bem.
Conversou com
Abidiel, que agora ia ser pai em breve, que 10% dos lucros devia ser guardado
numa conta a parte, para que os meninos pudessem ir a Universidade.
Um dia André,
disse que ia ser transferido para outro lugar, que ali, estava desperdiçado.
Na verdade, o
caso do advogado que foram levantando ramificações em todos os lugares que ele
tinha estado, o levou a ser conhecido.
Ia trabalhar em
Londres. Se despediram.
Um final de
semana, apareceu um escritor, perguntou se podia ficar um tempo maior, pois precisava
dessa tranquilidade para escrever.
De noite se
sentavam na biblioteca conversando, falava dos livros que ele estava lendo no
momento. Seu menino, tinha trocado de
nome, agora chamava como ele Angus Sheridan, se sentava junto, algumas vezes
comentava o livro também o escritor estranhava que ele se interessasse por
isso.
Um dia começou a
discutir com ele uma obra de Shakespeare.
Que estava lendo na escola, tinham comprado um pequeno ônibus, pois
agora eram mais alunos a irem estudar.
Tinha bons argumentos,
o escritor estava bobo, ele tinha transpassado a obra para a atualidade,
analisando os políticos.
Esse menino vai
longe, o que ele gostava era de ver a relação pai e filho que tinham.
Todos os dias se
levantava muito cedo, no verão as cinco da manhã para irem dar um passeio a
cavalo.
Tinham agora na
escola da vila, inclusive um professor de educação física que vinha três vezes
por semana, para ensinar jogos aos meninos, ginastica as meninas.
Ele se sentia
contente.
Um dia estava
analisando com Madie, a possibilidade de vender a casa de Londres, pois era
raro ir até lá, tinha uma cadeia de hotel boutique que estava interessado,
depois de conversar muito com ela, falou com Abidiel, podia ser também um lugar
para os jovens da vila viverem enquanto faziam universidade, mas todos
preferiam não ir muito longe.
Acabou vendendo,
apesar de ser um patrimônio da família, o dinheiro ficou investido, assim
renderia. Como sempre ele ia engordado o
dinheiro para bolsas de estudos.
O primeiro a
usar, foi o rapaz mais inteligente, com a bolsa foi estudar o que queria, Bob
também usou para estudar veterinária.
Se especializou
em cavalos. Quando o cruzamento do cavalo negro, com a égua Mustang, ganhou a
primeira carreira de cavalos, foi uma comemoração fantástica.
Imagina, isso não
acontecia a muitos e muitos anos.
Agora iam
aprimorando mais esses cruzamentos. Um
homem apareceu com um cavalo puro sangue árabe que já não corria mais. Queria vende-lo, Bob o examinou, achou
estranho pois o cavalo estava bem. Descobriram
depois que o mesmo tinha sido roubado, falaram com o proprietário original que
tinha já recebido o seguro do mesmo.
Ficou como
reprodutor, a mistura dele com uma égua Mustang, deu com um cavalo de porte
médio que corria como uma flecha.
Numa dessas
corridas, conheceu uma pessoa, que acabaria sendo seu companheiro. Era um treinador, junto como Bob, começaram
a treinar os cavalos para grandes competições.
Ampliaram mais ainda o lugar, agora tinha lugares para treinar os
cavalos fosse verão ou inverno.
Muitos traziam
seus cavalos para serem cuidados ali.
Quando tinha
começado, não tinha imaginado isso. Bob
a princípio tinha um pouco de ciúmes do Paul Bert, mas com o tempo passou a
respeita-lo.
Abidiel, já tinha
4 filhos, estavam super felizes lá.
Comentou um dia com o Angus, que uma sobrinha de Cristine, com 14 anos
estava gravida, queria dar a criança em adoção, ele disse que queria.
Foi mais um para
ficar com ele, Paul Bert não gostava muito, mas isso não lhe incomodava.
No ano seguinte
foi a Índia com Abidiel, agora tudo lá seguia funcionando bem. Vendiam toda a
produção para a mesma empresa.
Trouxe de lá uma
garota de uns dois anos, que estava abandonada, agora tinha como filhos dois
meninos, uma menina.
Paul Bert era
muito ciumento, não gostava de compartir, um dia disse que isso lhe estava
incomodando, não tinha nascido para ser pai de ninguém, arrumou suas coisas foi
embora, ficou chateado um tempo, mas pensou diabo, eu gosto das crianças, são
meus filhos, se tiver que escolher entre eles, ou alguém, escolho eles.
Angus era o
primeiro aluno já na escola da cidade.
Quando saiam todos juntos na vila, era interessante, um filho inglês,
outro negro, a menina também de pele escura.
Mas isso para
ele, era a coisa mais normal do mundo.
Um dia Bob,
andando a cavalo com ele tinham indo ver a manada grande que já tinham de
Mustang, ele perguntou se não tinha nenhuma namorada, ele o olhou nos olhos lhe
disse, sempre amei só uma pessoa, um dia quem sabe me veja.
Eu te vejo Bob,
mas sou mais velho que você, acha que daria certo, sabes que meus filhos estão
em primeiro lugar. Não podia falar nada,
ele sempre tinha cuidado de Angus quando era pequeno, agora ensinava os dois
menores a amar os cavalos, a montarem, a treinarem os mesmo. Angus adorava um bom galope junto com o
pai.
Começaram a
conversar, as conversas que eram sobre cavalos, acabava se derivando em largos
papos sobre livro, ele nem sabia que Bob os adorava, as discussões deles, era
sempre interessante, sempre um dos meninos estava sentado ao lado dele, ou do
Bob.
Sem querer tinha
uma família, como tinha sonhado.
Ninguém na vila
se atrevia a criticar, pois ele tinha melhorado a vida de todo mundo, tinha
saído do atraso para um mundo novo.
Inclusive as
senhoras, tinham melhorado suas vidas, com auxílio da Cristine.
Já tinham vários
bolsistas, inclusive dois estudando agronomia, vinham nas férias ajudar na
cooperativa, ensinando técnicas modernas ao pessoal que tinha campo.
As vezes sonhava
com sua tia, que lhe passava a mão pela cabeça, que ele tinha feito o que ela
não tinha tido coragem de fazer.
Quando Jones
morreu, já com quase 95 anos, foi enterrado no panteão da família, afinal ele
tinha passado a vida inteira ali. Era
como o avô dos garotos.
Madie, tinha com
duas senhoras, uma linha de produtos de confeitaria, que vendiam aos que vinham
passar o final de semana, bem como uma pequena loja na vila.
Nada como fazer a
vida seguir adiante.