SORT OUT
Tinha levantado
com os dois pés esquerdos como costumava dizer, quando mal abria os olhos se
lembrando como seria seu dia. A primeira
coisa que pensou, vai ser uma merda.
Sua tia, fazia
questão de todos os anos, mandar rezar uma missa por sua mãe, que já tinha
morrido a mais de 10 anos.
Isso incluía aguentar um sermão do padre, que adorava falar complicado
para parecer importante, ao que passados cinco minutos ele deixava de escutar,
a plateia como ele chamava estava escassa, as velhas estavam todas morrendo
pensou. Olhou diretamente na cara do padre, quando esse o olhou, fez um sinal,
colocou o dedo sobre o relógio, este ficou vermelho, cortou rapidamente o sermão,
afinal não mais que dez gatos pingados ali.
Teria que esperar
sua tia se despedir das outras mulheres que iriam lhe perguntar quando se
casava. Estava já a estas alturas
fartos, colocou dinheiro na mão de sua tia, disse que pegasse um taxi.
Ela colocou as
mãos na cadeira, soltou, é que tua mãe, não te ensinou a ser cortes com as
mulheres.
Sim, respondeu de
mau humor, mas não com as chatas que não tem nada que fazer no seu dia a dia,
tenho pressa, tenho que trabalhar.
Entrou no
escritório furioso, sua secretária de muitos anos, riu, cuidado teus cabelos
estão pegando fogo. Acabou rindo, pois
usava a cabeça raspada.
Me fizeste
imaginar a cena, quem é a primeira vítima, foi tudo o que perguntou, quando ela
entrou enquanto ele tirava o casaco, colocou o café na frete de sua mesa.
Pelo visto o
sermão esse ano foi curto?
Ele contou as
gargalhadas o que tinha feito. Agora era a vez dela rir, eu quando tenho que
levar minha mãe a missa aos domingos, antes com a desculpa que tenho que falar
com o padre, lhe digo se não faz um sermão curto, vou me levantar mandado tomar
no cu na frente de todo mundo. Faz uns sermões de uns 10 minutos, mas
ao final me olha, faz um sinal para mim. Embora saiba que quer me mandar a puta
que pariu.
Bom vamos as
vitimas da quarta-feira, era o dia que ele recebia os escritores, ou para dizer
que iam publicar seu livro, ou para mandar reescrever quase tudo, ou dizer que
a ideia era boa mas que refizesse o texto inteiro, ou por último que era uma
merda.
Nem sempre era
agradável, o primeiro era um escritor pedante, que achava que todos seus livros
seriam best sellers, normalmente a ideia original podia ser boa, mas ele não
queria ter trabalho, vinha com um papel na frente, essa ideia foi usada num
filme de Classe B, uma merda.
Sabia quem tinha
lido o mesmo, era seu braço direito, nunca poupava a linguagem. Tinha uma cabeça fantástica, se lembrava dos
textos, se eram cópias ou não.
O sujeito entrou
na sala com um sorriso falso em toda sua cara, lhe apertou a mão, depois esfregou
uma na outra, quando vamos publicar essa maravilha. Sem uma palavra, para não ter que discutir,
lhe entregou o mesmo. Sua cara mudou
totalmente, quase espumava, a ideia pode ser do filme, mas eu a melhorei muito.
Sinto muito, ou
mudas a ideia original, ou começas outra vez desde a primeira página. Não posso
fazer nada, se um leitor diz isso, sinal que tem razão, ainda mais se tratando
do Bradford.
Essa maricona
velha, sempre faz tudo para amargar o dia.
Respeito,
primeiro Bradford é mais jovem que tu, pelo menos uns dez anos, ou mais, além
de que confio totalmente nele.
O outro se
levantou, pegou o manuscrito, levantou os ombros, jogou ele mesmo na lixeira.
Mais um sonho inalcançável.
Teve que ficar
rindo, quando o via descer pelo corredor.
Era um embusteiro de muito cuidado, tinha escrito realmente em sua vida
um livro bom, o primeiro, depois jamais foi capaz de escrever outro. Vivia ainda das vendas do primeiro.
Apertou o
interfone, avisou a secretária que estava livre. O segundo era um rapaz jovem,
estava nervoso, mas seu texto era muito interessante, ele mesmo o tinha lido
por recomendação do Bradford. Apertou sua mão, perguntou se queria um café
ou água.
Água por favor,
estou nervoso, depois que vi esse senhor sair furioso, dizendo que ninguém o
entende, fiquei pensando meu texto é uma merda.
Não meu caro,
olhe aonde ele jogou o dele, ele mesmo o considerava assim, o teu pelo
contrário é interessante, Bradford anotou as páginas, que gostaria que
revisasse, bem como melhorar o texto, peça depois a minha secretária, para
marcar uma hora com ele, mas recomendo não chegue atrasado, ele odeia.
O sorriso do
rapaz iluminou a sua cara. Obrigado,
muito obrigado.
Assim foi toda a
manhã, agora teria que ir almoçar com um amigo do Bradford, que vinha tentando
publicar um livro com a historia da família, escrito por uma tia, solteirona
que não tinha o que fazer, mas que glorificava a família.
Teria que ir com
tato, porque essa família possuía ações da empresa. Isso lhe incomodava uma merda, mas estava em
suas obrigações. Ele mesmo tinha lido o
tal escrito, mais tonto era impossível, talvez tivesse algum fundo de verdade
no que falava, mas iria interessar mais ou menos meia dúzia de leitores, com
certeza amigos dessa família WASP, White Anglo-Saxon Protestant, normalmente
todos metidos a besta como ele dizia.
Estava entrando
no restaurante, o garçom que o conhecia, sabia qual mesa deveria lhe oferecer,
dali poderia olhar o restaurante inteiro, se aparecia alguém, que ia ser um
saco, ele saia pela cozinha, dali a porta dos fundos.
Mal se sentou,
chegou o homem, vestido no estilo inglês perfeito, estendeu a mão como se fosse
um beija mão papal. Se sentou lhe
entregou o envelope, gostava de ir direto ao assunto, assim poupava ter indigestão. A cara do outro era curiosa.
Assim, antes do
aperitivo, da comida.
O senhor me
desculpe, mas é minha maneira de trabalhar, infelizmente o texto não merece uma
publicação, nos daria prejuízo, o senhor como possuidor de ações da empresa
sabe disso. Acredito que lhe possa
oferecer uma outra opção, indicar uma empresa que imprime, encaderna um livro
assim, muito bem, para que o senhor possa oferecer aos seus amigos, seria a
melhor opção.
Só então notou
que tinha uma pessoa em pé. Era uma
cópia melhorada do outro, com uma roupa informal, passou por detrás deste, se
sentou sem cerimonia nenhuma, me desculpe ao meu irmão, tão cheio de protocolo,
mas eu lhe avisei que o texto era uma merda, uma quantidade de mentiras dessa
bruxa solteirona. Tinha dinheiro, não
tinha o que fazer foi para a Inglaterra, inventou que estava pesquisando por
la, quando o que mais fez foi gastar dinheiro.
Agradeço sua
gentileza, eu também prefiro soltar a verdade, antes de comer, porque pode dar
uma azia muito forte.
O outro se
levantou, filho da puta, sempre estragando tudo que eu queira fazer.
Virou as costas,
foi embora sem se despedir.
O outro lhe
estendeu a mão outra vez, Richard Brakstone, odeio todas essas mentiras, creio
mesmo que os nossos antepassados vieram para cá, algemados na galera, por serem
bandidos ou coisa parecida. Mas meu
bisavô inventou essas bobagens todas ao respeito da família, para entrar na
sociedade, quando ficou milionário.
Meu irmão nunca
trabalhou na vida, só me faz essas merdas, ora quer ser produtor da Broadway,
ou de cinema, patrocinar qualquer artista que acha que será um sucesso, gastar
dinheiro. Eu sou pelo menos honesto,
sou um sem vergonha de muito cuidado, gasto minha parte da fortuna sim, pois
sou gay, não penso em me casar, então antes que acabe na mão desse idiota, vou
gastando.
O olhou bem, não
me eres estranho, fez um sinal para o garçom, lhe perguntou vinho tinto ou
branco.
Me desculpe, não
bebo, no almoço só tomo água, porque
depois tenho uma tarde horrível hoje. Podemos pedir se queres comer comigo.
Nem pensar,
acabei de levantar-me, acabo de tomar o café da manhã. Daqui irei jogar tênis para manter a forma.
Já sei de aonde
te conheço, te vi uma vez numa festa na casa de alguém ou um jantar não é.
Ia concordar, mas
nunca o tinha visto, não frequentava esse tipo de ambiente, suas saídas estavam
com seus amigos de sempre.
Creio que não,
basicamente odeio festas fúteis, como lhe disse, não bebo, não fumo, odeio
ficar escutando besteiras superficiais, desculpe se sou franco.
Eu gosto, no
nosso meio, tudo que escuto é isso, tens razão, tens razão. Se levantou, com educação, estendeu a mão,
espero não ter estragado o seu almoço.
Bom apetite.
Foi embora,
realmente era uma bela figura de homem, mas todos os dois estavam fora da sua
lista, odiava esse tipo de comportamento, tanto de um como de outro.
Pediu finalmente
seu prato predileto das quartas-feiras, para alguns um gosto um pouco tonto,
pois era uma comida leve.
Acabou de comer,
pagou, saiu, foi direto para a editora, na sua sala, estava esperando o
Bradford, rindo. Pela sua cara queria
saber como tinha se saído. Ao contrário
dele, ele adorava essas festas, para depois sacanear todo mundo. Na verdade, o convidavam, pois, pensavam que
ele ainda tinha o dinheiro de sua família, nada disso, trabalhava porque não
tinha muito dinheiro.
Bom fiz como sempre
fui direto ao assunto, mas apareceu o irmão.
O Richard é muito
louco, as festas que ele dá, são as melhores, dizem que na cama é uma fera, com
um apetite insaciável.
Sim me deu essa
impressão. Mas não faz o meu tipo.
No final do dia,
fazia um calor infernal, antes de sair, tirou a gravata, arregaçou as mangas,
ia se encontrar com os amigos para uma cerveja. Se surpreendeu em ver o Richard lhe
esperando.
Estava te
esperando, não pudemos nos conhecer direito.
Podemos tomar uma cerveja pelo menos.
Ia dizer que o
estavam esperando, mas resolveu aceitar.
Falaram de mil
assuntos, ficou intrigado, ele sabia tudo sobre ele.
Pelo visto
fizeste uma investigação ao meu respeito, verdade?
Sim, nunca faço
isso, mas achei interessante alguém que plantasse cara ao meu irmão, ele sempre
se mete com gente que não deve, os esfolam depois o mandam a merda.
Porque essa
curiosidade ao meu respeito, eu mesmo poderia te contar melhor a minha vida,
sem problemas. Não tenho nada que
esconder, ao contrário, para não ser chantageado por ninguém procuro ser reto.
Quase soltou, que
a pouco tempo um editor tinha ido para a rua, por ter misturado sua vida
particular com a profissional, se encantou com um escritor, esqueceu que era
casado com filhos, foi chantageado pelo outro que queria quer fosse editado seu
livro. Quando se negou, fez um
escândalo. Resultado o outro perdeu o
emprego. Mas não disse nada.
Bom o que gostas
de fazer, já sei que não te posso convidar para nenhuma festa, pois não gosta,
como é a tua vida?
Trabalho, amo os
livros, ia agora tomar uma cerveja com meus amigos, depois iria para casa, pois
comecei o dia com mau humor, me tocava uma missa, pela alma da minha mãe, que
sua irmã faz questão de fazer todos os anos.
Ela ia odiar, pois nunca ia a igreja.
Mas para me livrar durante meses da minha tia, vou, depois a
quarta-feira é o dia que vejo os escritores, para dizer sim ou não, julgamento
como Salomão.
Agora o que quero
é ir para casa, tomar um banho, escutar uma música, talvez até cochilar um
pouco, depois trabalhar outro tanto.
Uma vida sem
emoção nenhuma como pode ver.
Não tens
namorado, ou alguma aventura.
Não, tenho
paciência, as pessoas são absorventes, te querem possuir, minhas experiencias
foram desastrosas. Então prefiro ficar
na minha, tenho claro aventuras sem compromisso.
Hum, acho que
gostaria de ter uma aventura contigo.
Ficaram rindo, mas um olhando para o outro. Ele acabou na sua casa, entrou olhando tudo,
não acredito numa sala de visita com tantos livros, não cabem na biblioteca?
Está lotada,
preciso de espaço para trabalhar, acendeu a luz da mesma, ele disse, caramba
podias vender isso, já sei, colocas uma banca ali na quinta avenida, vou vender
para ti.
Gostava desse
jeito dele irreverente, em contraste com seu humor severo.
Mas na cama, foi
uma loucura, ele era um furacão, ele quando tocado também, era insaciáveis os
dois. Ao final estavam exausto.
Richard soltou,
porque não te encontrei a mais tempo.
Acabou dormindo,
quando o despertador tocou as 7 da manhã resmungou, virou para o lado, seguiu
dormindo, ele se levantou, fez a barba, tomou banho, se vestiu, ele não se
mexia. Deixou um bilhete, com seu número
de celular, quando desperte, é só bater a porta que se fecha por dentro.
Teve pelo menos
três reuniões, na qual a norma era, celulares, sem som, não atender nenhuma
chamada.
Ao final do dia,
viu que estava exausto, um amigo lhe chamou para tomar uma cerveja, mas disse
que era impossível, estava morto.
Quando abriu a
porta, sentiu cheiro de comida, o Richard na cozinha nu, preparava comida,
estou te esperando, vá tomar um banho enquanto coloco a mesa, depois de jantar,
lhe perguntou como tinha feito as compras, se não tinha saído.
Oras por
telefone, eles existem para alguma coisa.
Gosto de cozinhar para alguém, não quero te perder de vista.
Richard, hoje
tive um dia cansativo, se fizer o que
fizemos ontem a noite, amanhã, não consigo trabalhar.
Entendi, não
queres mais me ver?
Não é isso, eu
levanto cedo, minha cabeça precisa funcionar, para tomar decisões, quiça no
final de semana, sim podemos passar juntos.
Merda, esse é o
problema, tenho uma festa na casa de praia em Los Hamptons, com alguns amigos,
começou a rir, ias odiar, pelo menos umas 200 pessoas.
Realmente, nem
pensar.
Bom, posso cancelar
se for para ficar aqui contigo.
Não creio que
você possa gostar, pois pretendo trabalhar.
Veja isso diz logo de cara que temos vidas completamente opostas. Nada daria certo.
Mas a verdade,
foi que ele cancelou para ficar com ele, o deixou trabalhar, jogado numa
poltrona lendo um livro.
Saíram para
jantar, fizeram sexo muitas vezes, lhe dizia ao seu ouvido, não posso ver o seu
caralho que o quero para mim.
De repente de uma
hora para outra, mudou, encontrou o que fazer, mas chegava na sua casa no horário,
o apresentou para seus amigos, caiu bem a todos, se interessou pelo que fazia
cada um, quando lhe perguntava, o que fazia, ele dizia sou um vagabundo, cheio
de dinheiro, não escondia o que era.
Meus amigos
diziam, Henry, ele não é nada do que parece, ouvi dizer que esta agora indo as
reuniões da empresas da família, se interessa pelas coisas.
Se acostumou, de
chegar em casa, o encontrar nu, andando por ela, ou fazendo algo especial para
ele, se interessar como tinha sido seu dia.
Assim foi durante dois anos, um dia lhe perguntou se queria se casar com
ele. Levou um susto, ficou olhando para
ele, agora sabia quando falava sério.
Eres a melhor
coisa que me aconteceu na vida Henry, quero viver contigo, o resto de minha
vida.
Ficou olhando
para ele, estamos bem assim, para que complicar. Mas tanto fez que acabou concordando. Estava acostumado a ele. Um
belo dia o foi buscar na hora do almoço, foram ao fórum, se casaram.
Queria que ele
fosse viver na sua mansão. Disse que
nem pensar, gostava de sua casa, foi um dia com ele até lá, achou um absurdo
uma pessoa viver sozinha numa casa como aquela.
Depois queria dar
uma festa para comemorar que tinham se casado, se negou, mas ele agora mostrava
suas garras, fez a festa sem ele.
Apareceu três
dias depois bêbado, drogado. Foi o começo do fim, se comportava uma semana,
depois desaparecia. Lhe disse que queria
o divórcio.
Nem pensar, gosto
de estar casado contigo.
Cuidado, foi
fazer um exame, completo, tinha medo de ficar com Aids, embora desde o primeiro
dia tinha se cuidado.
Estava irritado,
pois isso o impedia de se concentrar no seu trabalho. Tomou uma resolução, lhe disse que não queria
mais vê-lo, que assim não queria estar com ele.
Sua reação o
surpreendeu, ninguém me deixa, sou eu que deixo as pessoas. Saiu batendo a porta. Ele prudentemente, mandou trocar a fechadura
da porta, avisou o porteiro que não o deixasse entrar mais. Se fosse o caso, inclusive falou com seu
advogado pedindo uma ordem de que ele não podia se aproximar dele, até que
considerasse o divórcio.
Uma semana
depois, acordou com a campainha da porta, levantou de mal humor, pensando que
era ele. Era um policial.
Lhe perguntou se
era casado com Richard Brakstone, ao dizer que sim, lhe pediu que o
acompanhasse a sua mansão. Tinha sido assassinado.
Quando entrou,
aquilo parecia o inferno, gente bêbada, drogada, caída pelos cantos, sendo
atendida por enfermeiros, o fizeram subir, ele estava numa cama imensa com dois
garotos ao lado, cada um com um tiro na cabeça.
Quem fez isso?
Não conseguia
passar da porta. Quem fez isso perguntou
de novo. Ali aos pés da cama estava o
irmão dele, com uma aparência horrível.
Foi ele, diz que estava farto dessas orgias que não o deixavam dormir.
Não posso ficar
aqui, sem conseguir se controlar, começou a vomitar. Merda, foi tudo o que pode dizer, além de
agradecer o inspetor que o ajudou.
Sabemos que o
senhor pediu divórcio, como o irmão esta incapacitado, tinha que ser o senhor.
Ok. Posso ir
embora. Depois o senhor sabe aonde me
encontrar.
O sorriso do
inspetor era amargo, a pergunta que o senhor está se fazendo é aonde eu fui me
meter, verdade?
Sim, sem dúvida
nenhuma, viveu comigo dois anos, maravilhosos, insistiu que nos casássemos, em
seguida voltou a sua vida de antes. Pedi
o divórcio, me disse que não, que era
ele que deixava as pessoas. Depois
desapareceu. Segui com minha vida,
trabalhando, esperando que aceitasse, me deixasse em paz.
Bom, como o
senhor já reconheceu o cadáver, não tem que ir ao necrotério, não sabemos
quando liberaram os corpos, primeiro teremos que analisar tudo aqui. Pode ser que tenhamos que falar outra vez com
o senhor.
Foi para casa,
avisou que não podia ir trabalhar, ficou primeiro andando pela casa, feito um
louco, que idiota, com tudo que tinha podia ter feito algo de útil com sua
vida.
Depois chorou,
mas chorou muito, estava assim, quando tocaram de novo a campainha, foi atender,
era o inspetor outra, vez, posso entrar.
Já falei com o
porteiro da noite, me disse que horas o senhor chegou, que não saiu de casa a
noite inteira, me desculpa, mas tenho que descartar todas as
possibilidades. O irmão não é coerente.
O senhor aceita
um café, eu necessito de um bem forte, fez café se sentaram na sala, pode
perguntar o que queira.
O senhor sabia
que quando ele começou o relacionamento consigo, tinha saído de uma clínica de
desintoxicação?
Não, mas ele
sabia, que eu não bebo, não fumo, não tomo drogas, eu lhe disse isso no
primeiro dia. Necessito minha cabeça
limpa para pensar, para trabalhar.
Pelo que sei
nesse tempo se manteve limpo, queria fazer um casamento por todo o alto, me
neguei, só estive uma vez nessa mansão, queria que fossemos viver ali, eu acho
um desperdício, quando chegou o verão queria ir para a casa de Los Hamptons,
tampouco fui pois tenho que trabalhar.
Não só é o meu ganha pão, como amo o que faço.
Sim eu sei, o
senhor é muito respeitado no meio, já tinha essa informação, quando vim
busca-lo de manhã.
Mas a que hora
aconteceu isso?
Pelo que vimos
aconteceu de madrugada, ninguém na festa viu nada, só quando o irmão apareceu
na escada, com o revolver dando dois tiros no ar, mas estavam acostumado que
ele fazia isso, realmente o teto esta cheio de buracos de bala.
Os conheci ao
mesmo tempo, o irmão queria publicar um livro escrito por uma tia, muitas
mentiras a respeito da família, dizendo que eram nobres essas besteiras Wasp.
Me neguei a
publicar, ele chegou justo quando eu dizia isso ao irmão. Nesse dia me foi buscar para conversar, sem
me dar conta, me apaixonei por ele. Mas
me neguei a sair de minha casa, ir a qualquer festa com ele, tampouco proibi.
Pode ser que tenha visto no senhor um lugar seguro, para
viver.
Sim viveu aqui
comigo dois anos, estávamos bem, por isso não queria me casar. Mas ele era uma pessoa envolvente, nunca
desistia de nada. Quando vi tinha me
casado. Quando voltou a beber,
drogar-se essas coisas, desaparecia, depois pedia desculpas. Mas cortei pelo sano, pedi o divórcio, disse
que em sua família isso não acontecia.
Lhe disse que não queria nada dele, só que me deixasse em paz. Acionei meu advogado, dei ordem que não entrasse
mais aqui, troquei a fechadura da porta.
Enfim, passei levar uma vida mais segregada do que levava antes.
Só assim podia
ter paz para trabalhar.
As pessoas dizem
que fui um privilegiado, mas para nada, primeiro sou filho adotivo, minha mãe,
era uma pessoa fabulosa, nunca quis se casar, mas queria um filho, me viu num
orfanato me adotou, da para perceber que
não sou branco, sou um mulato claro. Mas
a adorei com todas minhas forças, me deu um futuro. A única coisa que discuti com ela, foi que comprou
ações da editora, para que me deixassem trabalhar lá, por isso tive que ser
melhor que os outros, não ia deixar ninguém me pisar, me chamar de protegido.
Mas não sou o
dono, vivíamos nesse apartamento, o reformei, pois precisava de lugar para meus
livros.
Agora se me
pergunta, me sinto perdido, eu o amava, acreditei nele, agora me sinto perdido,
mais do que antes, quando tudo acabou.
Se o visse agora, lhe daria uma surra, dessas que os pais davam
antigamente nos filhos quando eram desobedientes.
O senhor me faz
um favor, pois conhecendo meus amigos, dentro em breve todos vão querer vir
aqui. Diga ao porteiro que eu não posso receber visitas, preciso ficar sozinho.
O inspetor lhe
apertou a mão, depois passo para saber como está, meu nome é Duke Almagro, lhe
deixo meu cartão se precisa falar com alguém.
Tirou toda roupa,
entrou embaixo do chuveiro, ficou pelo menos meia hora ali. Tinha a sensação de
que precisava limpar-se de toda essa merda.
Depois se sentou
na mesa de trabalho, apoiou a cabeça nas mãos, algo lhe chamou a atenção num
texto, começou a ler, acabou dormindo cansado, com a cabeça encostada na mesa.
Não sabia quanto
tempo tinha estado ali, dormindo. Mas
pelo menos se relaxou.
Pediu comida pelo
telefone de noite, viu a quantidade de mensagens que tinha no celular, borrou
tudo, não queria conforto de ninguém.
Ia começar a comer, quando o inspetor Duke chegou outra vez. Trazia comida também. Se sentaram os dois na cozinha comendo em
silencio.
Acredita que não
acabamos de interrogar todo mundo que estava lá. A maioria tinha uma alta dose de drogas. Pela autopsia, ele morreu no ato, mas a
alta concentração de drogas, estimulantes, além de esperma anal, a cama era uma
verdadeira sujeira. Me perdoe contar
isso, mas o senhor tem que saber, pois isso acaba nos jornais.
Pare de me chamar
de senhor, meu nome é Henry, nada mais.
Sim, creio que é bom saber tudo, assim não me assusto.
O advogado já me
mandou um e-mail, dizendo que o enterro é amanhã. Mas nem sei se irei, não conheço toda a família,
odeio essa coisa dos pêsames.
Queres que te
leve?
Duke, porque
estas fazendo tudo isso por mim, me achas culpado de alguma coisa, ou tem
alguma coisa que não sei?
Não te lembras de
mim, não é?
No momento, com
minha cabeça como está, não.
Estivemos juntos
no orfanato, dormíamos em camas pegadas, Henry o tonto te chamava, a mim me
chamavam de Duke el chicano.
Agora sim,
sorriu, claro, me lembro, chegamos no mesmo dia no orfanato, cada um de um
lado, estávamos mortos de medo, você me deu a mão, entramos de mãos dadas. Mas você foi adotado antes, não é?
Sim fui adotado
por um policial, que não tinha filhos, como era de ascendência mexicana, me
adotou, foram uns pais maravilhosos para mim.
Quando fiquei
maior, fui te procurar, queria saber quem tinha te adotado, quando vi aonde
morava, pensei, ele está bem.
Ok, se podes
amanha irei contigo ao enterro, é melhor estar com amigos. Mas aviso, ficarei afastado, não quero nada
dessa gente.
Assim, foi, veio
busca-lo cedo, ele se vestiu todo de negro, com uns óculos negros também, ficou
afastado, tinha muita gente, mas ele não se aproximou de nenhum, na verdade não
conhecia os outros.
Um senhor se
aproximou, perguntando se ele queria dizer algumas palavras, disse que não, não
conhecia essa gente. Sou o advogado do
Richard, amanhã o senhor tem que ir a leitura do testamento, antes, enfiou a
mão no bolso, isso ele deixou para o senhor.
Mas é necessário ir a leitura do testamento, pois vocês se casaram com
comunhão de bens.
Fez cara de
surpresa, perdão, mas não sabia disso.
Lhe deu o cartão,
disse a hora que devia estar, era perto de aonde trabalhava, pensava em voltar
a trabalhar no dia seguinte. Iria
depois disso.
Viu que todos iam
embora, um senhor já maior, com uniforme de chofer se aproximou, dizendo, eu o
conheci desde criança, o tempo que esteve com o senhor, foram os melhores de
sua vida.
De uma pessoa
simples ele podia entender.
Ficou de contar
ao Duke, depois como sairia da leitura, depois nos falamos.
Ficou em casa
trabalhando, falou com sua secretária, ela ia dizer algo, mas ele cortou, não
diga nada, não suporto isso de pêsames, diga ao pessoal que nem se atreva.
Amanhã chego mais
tarde que tenho que ir ao advogado, depois irei trabalhar.
No dia seguinte
se arrumou como outro dia qualquer para ir trabalhar, antes passou no
escritório do advogado, aquilo parecia um jardim zoológico. Se sentou nos fundos, mas o advogado foi
busca-lo, o senhor é o viúvo, tem que estar na frente. Viu que a família toda o olhava com desprezo. Leu a carta que lhe entreguei ontem. Fez
que não com a cabeça.
Sentou-se sem
olhar a ninguém.
Ele leu as
formalidades. Quando leu o testamento, só escutava murmúrios
de raiva, ele não tinha entendido nada, só escutava arrastar de cadeiras, em
seguida a sala ficava vazia.
Perdão não entendi nada!
Perdão não entendi nada!
Ele deixou tudo
para o senhor, pelos melhores anos da vida dele. Tudo que tinha no banco, bem como a renda do
fideicomisso que tinha da família, a mansão, a casa da praia, tudo é seu.
Que vou fazer com
essa merda.
O senhor faz uma
coisa, coloque tudo a venda, quando estiver vendido me fala, como vamos
distribuir esse dinheiro. Não quero
nada.
Se alguém da
família quiser comprar, posso vender para eles?
Me importa um
caralho quem compre, desde que seja um preço de mercado. Depois darei uma parte
ao orfanato aonde fui criado, obra da igreja que minha mãe ia. Depois resolvo
isso.
Saiu dali tonto,
o homem ainda correu atrás dele, com um envelope, aqui tem as contas de bancos,
para saber quanto existe.
Estava furioso,
como podia ter feito isso com ele, pensar que ele queria seu dinheiro. Não disse bom dia a ninguém, foi direto a sua
sala, fechou a porta, chamou o Duke.
Estou farto dessa merda que me meti.
Contou para ele tudo. Já disse
que uma parte vai para o orfanato de aonde saímos, vou distribuir o dinheiro
dessa canalhada toda. Filhos da puta.
Posso passar por
tua casa de noite?
Sim, pode,
preciso falar com alguém, que me possa clarear a cabeça.
Sua secretária,
abriu a porta, colocou a cabeça para dentro, lhe disse reunião da diretoria,
tome um copo de água, pois as coisas por aqui andam quentes.
Entrou na sala,
todos fizeram menção de lhe dar os pêsames, mas ele cortou rapidamente, não
façam isso.
Bom qual o
problema. Ele na verdade tinha uma
ninharia de ações, seu voto não valia para nada, que não fosse decidir o que
devia ser transformado em livro ou não.
Acabam de lançar
uma OPA, para comprar a editora, vamos aceitar, pois estamos com o barco
furado, os lucros são uma merda, preferimos ficar com o nome bem alto.
Ele perguntou e
os funcionários?
Os que quiserem
ficam, os outros podem fazer acordos para saírem.
Ok, eu vou
embora, preciso de uns dias para refletir.
Podem me considerar na rua.
Saiu, pediu a sua
secretária que mandasse, chamar o Bradford, quando este chegou, a chamou
também. Contou a situação, creio que
montarei uma pequena editora, para fazer o que eu quiser. Já os aviso, se quiserem seguir trabalhando
comigo, façam um acordo com a empresa, peçam para sair.
Os abraçou, lhe
pediu para recolher as coisas que eram dele, bem como sua lista de escritores
que ele representava, essa ele enfiou em sua pasta, por enquanto trabalharemos da minha casa ok.
Amanha os espero
as 10 da manhã, tenho uma coisa para fazer antes.
Quando Duke
chegou de noite, lhe contou tudo. Não abriste a carta?
Não tive coragem,
porque se tem besteiras escritas, ficarei furioso, preciso ter a cabeça fria.
Amanhã preciso de
um advogado para consultar, alguém honesto, em quem eu possa confiar.
Ele riu, eu sou
advogado, mas quem ia querer um advogado mexicano, a não ser os das drogas por
isso entrei na polícia. Posso tirar
férias que tenho vencidas, como já entreguei o relatório do caso, estou livre.
Se abraçaram na
hora da despedida.
Tens família
Duke?
Só meus pais,
estão velhos, mas firmes, falei de ti para eles, mandaram abraços para ti.
Então amanhã
podes vir tomar café comigo, assim discutimos tudo isso, nem abri o envelope do
banco, mas não quero fazer isso sozinho.
Sentou-se sozinho
na sala, com a carta do Richard nas mãos, só pode dizer, filho da puta, eu te
amei tanto, como pudeste fazer isso comigo.
As lagrimas caiam
pela sua cara, sentia como se todas as portas estivessem fechando em sua volta,
mas se lembro de sua mãe, quando ele sentia isso ela, dizia. Não importa, se fecham, meta o pé numa delas,
que abre. Mas o fazia literalmente,
levantava uma das pernas como dando uma patada na porta.
Acabou dormindo,
ali no sofá, a carta escorregou ficando em pé em cima do tapete.
Não sabia quanto
tempo ficou ali, despertou com um ruído, no andar de baixo. Se sentou no sofá recolheu a carta, vamos
fazer isso de uma vez.
Perdão, era a
primeira palavra, mas fiz merda, nunca consigo me livrar de minhas merdas, pensei
que nunca mais depois de dois anos, pudesse recair outra vez nas drogas, mas
não sou como tu, que tens uma fortaleza invejável.
Pensei que me
escondendo atrás de ti, superaria qualquer coisa na minha vida inútil, mas nada
deu certo, na empresa riem de mim, pois não entendo de nada, acabaram pedindo
que eu fosse para casa, pois só faço merda.
Minha primeira
recaída, fiquei furioso, pensou vou provar que posso fazer tudo que fazia
depois sair como se nada. Mentira.
Mas já tinha
estragado tudo contigo, sabia que não ias me perdoar, nunca encontrei ninguém
como tu. Tinhas razão em não querer se
casar, mas eu te amei, como nunca tinha amado ninguém, por isso deixo tudo para
ti. Esses merdas que se fodam.
Me criticaram por
ter casado com um mestiço, isso nunca me importou, dei o rabo para muito negro,
quando estava totalmente drogado.
Mas me aceitaste
assim com esse passado negro, nunca me perguntaste nada.
Sei que me
querias, como eu te quis. Por isso
aproveite faça alguma coisa boa com tudo isso que te deixo.
Um beijo imenso,
não podia te dar o divórcio, pois ele não existe na minha família.
Mereces o melhor.
Richard.
Não irei mais te
molestar, só saberás disso quando eu morra.
Soltou um grito
tremendo, sentiu que ia arrebentar, filho da puta, podia estar com ele, levar uma
vida normal. Ao mesmo instante se
perguntou o que era normal, desde logo sua vida cotidiana de trabalho, não era
a vida que Richard estava acostumado.
Tinha se
escondido atrás dele, ou mesmo o tinha usado como uma balsa salva vida, por ter
medo de encarar seu lado mais negro.
Nunca saberia o que teria levado a isso.
Pela rigidez que se comportavam todos, viviam de aparências.
Nessa noite
dormir foi um desastre, até que acabou se levantando, tomou um banho, se sentou
em frente a mesa, começou anotar coisas.
Caiu dormido em cima do que estava escrevendo, que na verdade eram seus
planos.
Escutou a
campainha tocando, se levantou, espreguiçou, foi abrir a porta, nem se tocou
que estava nu.
Isso lá são
maneiras de receber teu advogado, Henry, que vou pensar, que estas te
oferecendo.
Saiu correndo,
voltou vestido, Duke já estava fazendo café, disse rindo, trouxe croissants,
para tomarmos com café.
Mas tampouco
precisava sair correndo, o máximo que iria fazer, era te jogar no chão te
ensinar a fazer sexo direito. Tinha um
sorriso de troça na cara.
Deixa de zombar
de mim, dormi mal a noite, me levantei tomei banho, me coloquei a escrever tudo
que queria falar contigo hoje.
Foram os dois com
as canecas de café, o saco de croissant para o escritório. Sentaram-se na mesa, me diga tudo que
pensaste, depois, voltamos atrás analisando cada coisa.
A primeira coisa
é, quero que vás ao advogado da família, busque todos os papeis, tanto da
mansão daqui, bem como da casa de Los Hamptons, pois não confio nesse homem, é
capaz de querer vender a própria família por um preço mais baixo do
mercado. Desconfio dessa gente como do diabo.
Segundo, devemos
analisar o que existe no banco, não tenho ideia disso, não abri o envelope
ainda.
O que quero fazer
é o seguinte, primeiro, ontem sai da empresa, convidei minha secretária, bem
como Bradford para virem trabalhar comigo, quero montar uma editora, seria, que
faça livros que eu tenha orgulho de publicar.
Temos que
encontrar um local para isso. Eu trouxe
comigo a lista dos escritores que edito, o que necessito saber é se é honesto,
tipo conectar com eles, dizendo que sai da empresa, que monto a minha própria.
Mas claro vou escolher só alguns.
Temos que montar
uma empresa, eu ficaria com 51%, o resto divido com quem queria trabalhar
comigo. Não quero ser o dono absoluto de
nada.
Quero um ritmo
mais tranquilo, em que possa ter uma vida mais relaxada.
Da venda das
casas, quero que uma parte seja para o orfanato, pois estão sempre precisando
de dinheiro, todos anos, reservo uma parte para lá, isso minha mãe sempre
fez. Depois vamos olhar aonde tem gente
que precise de dinheiro. Vou gastar o
dinheiro dessa gente em coisa realmente boa.
Que te parece?
Me parece genial,
se fosse outra pessoa, estaria já de mala e cuia, se mudando para a mansão, mas
sei que tu eres diferente.
Vamos abrir o
envelope, antes que chegue o Richard e a Marie, eles sempre trabalharam comigo,
assim posso ter gente de confiança em minha volta.
Quando abriram o
envelope, viram que havia contas em mais de um banco, os saldos eram grandes,
pois a maioria era dinheiro aplicado, tirando as festas ele não gastava muito
dinheiro.
Olhando o
extrato, Duke disse, ele tinha coragem de pagar com cartão aos das drogas, isso
será um prato cheio para a polícia, tirarei uma cópia.
Mas era muito
dinheiro, pois foram anotando, significavam muitos milhões, caralho, viu os depósitos do
fideicomisso, era como se fosse um
salário de um grande executivo, do qual ele gastava pouco, pelo visto
transferia isso para as contas.
Outra coisa,
disse que tenho direito a esse fideicomisso, se é assim, esse dinheiro dá para
ir tocando a editora,
O resto, devo
transferir para uma conta minha, ou abrir no próprio banco, preciso de um
documento do advogado para isso não é, sei por que tive que fazer isso com o da
minha mãe. Terei que procurar alguém que controle tudo isso. Alias você poderia fazer isso como advogado,
cuidaria dos contratos dos escritores, além da parte contabilidade.
Quando chegaram
os outros dois, estavam ali discutindo o que fazer. Fizeram mais café, sentaram-se todos a volta
da grande mesa, os apresentou ao Duke, que já conheciam, pois tinha ido na
editora investigar.
Explicou que Duke
na verdade era um amigo seu de infância, vivemos juntos no orfanato, dai que
nos conhecemos bem.
Ele será meu
advogado. Como estão vocês com a
empresa?
Esperando ouvir
tua proposta, nos ofereceram para ficar, mas claro trabalhar contigo é outra
coisa.
Contou o que
tinha pensado em fazer, os dois disseram que não tinham dinheiro para montar a
sociedade.
Sem problemas, eu
tenho o dinheiro, a princípio será apertado, mas penso em só editar o que
realmente gostamos.
Bradford, tu
sempre estas reclamando, que tem que ter um pé fora do círculo, pois alguém te
obriga a publicar o que não queres.
Isso acabaria, farias o meu papel, trabalharíamos juntos lado a lado,
contratarias, uma ou duas pessoas como leitoras, mas pessoas que confies tu, de
principio Marie iria controlar o escritório, precisamos de gente de confiança
para controlar as empresas que imprimem,
encadernem, o Duke, além de administrar os contratos, ficaria com o controle de
gastos.
Cada um pode ter
não mais de dois funcionários a princípio.
Agora o mais importante, nada mais de trabalhar aos sábados, domingos,
precisamos de tempo para nossas vidas.
Minha ideia é que
eu teria 51% das ações, o resto dividido entre os três. O que acham, já estavam rindo antes. Trato feito.
Ele repetiu o que
já tinha falado com o Duke, o dinheiro dessa gente finalmente servira para algo
útil.
Só vamos fazer
livros que sejam bons. Quero também
entrar num mercado novo, livros através da informática, esse era o problema da
editora, estava defasada, muita gente hoje não lê os livros em papel.
Agora temos que
procurar um local, pois não quero nada aqui na minha casa.
Por enquanto nos
reunimos aqui, mas depois temos que ter um local.
Marie disse que
sabia de um em frente a outra editora, o espaço é menor, mas vi pela janela que
o reformaram inteiro, vou bisbilhotar, depois aviso.
Bradford, que não
parava de anotar, já tenho as pessoas, creio que basta telefonar, elas
aceitaram.
O Duke precisa
dos documentos de todos, para montarmos a empresa. Estava tão empolgado com tudo, que por pouco
se esquecia do Richard.
Vamos chamar a editora,
de Stone, se não existe outra com esse nome,
uma homenagem ao homem que está fazendo com que isso seja possível, o Richard.
As coisas
começaram a correr, ao mesmo tempo que recebeu uma chamada de uma pessoa da
família, perguntando pelas joias.
Joias, eu não sei
nada de joias, falem com o advogado do Richard, nem tenho ideia do assunto.
Caso existam, nos
gostaria comprar essa parte, bem como a mansão.
Tudo isso vocês
deverão falar com meu advogado, o senhor Duke Almagro, ele sabe que as casas
serão vendidas, o dinheiro ira para um orfanato e beneficência.
As casas estão
fechadas, o advogado tinha mandado fazer uma avaliação de tudo que tinha
dentro, a maioria eram quadros que de
valor não tinham muita coisa, mas os moveis sim.
Duke ficou
sabendo através do advogado, já que não estava mais no caso, que o irmão estava
em dificuldades financeiras, para pagar um advogado bom. Estava internado num hospital, os outros
parentes não querem o ajudar.
Contrate um
criminalista bom para ele, creio que ele não é muito certo da cabeça, mas não
quero de maneira nenhuma estar envolvido nisso.
Realmente num dos
bancos tinham uma caixa de segurança, cheia de joias da família.
Mandou tudo para
um especialista, riram muito pois descobriram que a maioria eram falsas, essas
entregaram a família. O resto colocaram a venda. Se queriam comprar, teriam que
pagar o preço do mercado.
O que tinha
telefonado já tinha feito contato, queria pagar um preço baixo, mas a estas
alturas, Duke já tinha contatado um agente imobiliário da zona que lhe devia
favores, sabia o preço justo. Disse que teriam que negociar com a imobiliária.
Bradford, de
gozação disse que ele deveria manter Los Hamptons para fazer uma grandes
festas. Mas disse isso rindo.
Foram ver os 4 o
local que Marie tinha falado, gostaram.
Só duas salas seriam fechadas, a de reuniões, é a que usariam para
atender os escritores, o resto seria tudo aberto.
Bradford, já
tinha feito contato com as impressoras de livros, a maioria o conhecia, então
bastava mover.
Contrataram uma empresa
para comprar os moveis, eram todos iguais, sem distinção de chefe, mesmo para
ele, na sala de atender os escritores, uma mesa como as que tinha em casa.
Ao mesmo tempo,
foram fazendo contatos com os escritores,
Bradford, colocou um cartaz nos cursos de escritura, nas faculdades de
filologia, falando de novos escritores, como deviam mandar os textos.
Todos estavam
trabalhando a pleno vapor, se mudaram para o escritório novo, pode por fim
recuperar sua casa.
Duke disse que ia
sentir falta de estar lá, talvez por inveja, nunca tive uma casa minha, meus
pais, sempre vieram em primeiro lugar.
Falar nisso,
querem organizar uma festa em sua casa, para comemorar nosso novo negócio, mas
aconselho que venhas comigo até lá, para que não façam uma festa tipicamente
mexicana com gente saindo pelas janelas.
Henry foi num
final de semana com o Duke, se sentia a vontade com ele, podiam conversar
qualquer assunto.
No carro foi lhe
perguntando se nunca tinha tido um relacionamento sério.
Queres me
explicar como? Um policial, agarrado a
família, o que já por si só gera muita gozação, na minha idade viver com meus
pais. Ainda por cima gay.
Não sabia que eras
gay. Nunca falamos nisso.
Bom essa é a
verdade, não pensava ser grosseiro contigo.
Mas a verdade é
que sou aquela pessoa, que vai para cama com alguém, não me relaxo, saio
correndo em seguida, antes mesmo que me convidem para dormir. Uns dizem que pareço uma ratazana, que foge
depois do coito. Mas é uma verdade.
Nunca amaste
ninguém?
Além de ti,
não. Tinha consciência embora fossemos
crianças, que te queria. Te procurei
muito, mas quando vi como vivia, pensei,
nada para o meu bico.
Pois te
enganaste, vivíamos muito simplesmente, minha mãe não gostava de luxos, veja o
apartamento como é tirado a fachada o edifício, a localização, tudo dentro de
casa sempre foi normal. Nunca tivemos
empregados, ela mesma fazia a limpeza, cozinhava, fazia tudo.
Dizia que uma
pessoa ociosa era um merda para a sociedade. Tinha maneiras muito particulares
de se expressar, contou como era quando dizia o da porta fechada.
Sempre te animava
seguir em frente, dizia se ficássemos olhando para trás era mais difícil seguir
em frente. Procuro seguir seus
exemplos, seriamente.
Foi uma comida em
família, sabia que o estavam examinando, quando sem querer soltou que os dois
tinham entrado no mesmo dia no orfanato.
A mãe ficou olhando para ele. O
raro é que nos olhamos, os dois com medo, em frente a porta tinha um espelho
grande, até hoje quando me lembro imagino isso, dois garotos sem eira nem
beira, de mãos dadas entrando por aquela porta, até vocês o adotarem, foi meu
companheiro, único amigo. Fui adotado
logo em seguida, minha mãe era uma pessoa especial.
Duke, contou o
que ele tinha falado da sua mãe.
Ela tem uma irmã
ainda viva, essa é o extremo oposto de minha mãe, vive de chás de caridade,
enterros, igreja, mas no fundo não faz
nada por ninguém.
Quando soube que
tinha me casado com um homem, deixou de falar comigo. O que no fundo me veio bem, não aguento tanta
besteira.
Minha mãe era uma
mulher diferente, no enterro dela, fiquei surpreso com a quantidade de gente
que não conhecia, inclusive gente da rua que ela ajudava. Eu segui fazendo o mesmo, sempre tinha uma
palavra para qualquer pessoa, para dar força.
Pois é
escutávamos falar de ti, pelo Duke, nunca deixou de pensar em ti. Estudou, poderia ter sido alguém se não fosse
essa besteira da sociedade, dele ser e ter seus pais mexicanos.
Sempre nos ajudou
quando começou a trabalhar.
Quem perguntou
foi o pai, ele nos disse que vais abrir uma editora, que distribuiu uma parte
entre ele, mais dois sócios?
Sim é verdade,
contou do dinheiro, o senhor não acha que o dinheiro dessa gente ociosa deve
servir para alguma coisa. O orfanato
os meninos sempre precisam de roupa, comida, eu dou dinheiro todos os anos, mas
nunca é o suficiente, com uma parte, as freiras poderão se relaxar um pouco.
Quero que esses
meninos possam estudar, como nos dois pudemos.
Alguns não são adotados, tudo que podem fazer é ou entram para o
exército, para serem balas de canhão, pois ninguém se interessa por eles, ou
traficantes de drogas.
Se espantou
quando Manuel o pai do Duke, colocou a mão sobre a sua. Gosto da ideia. Nos também sempre ajudamos, pois nos deram um
filho maravilhoso.
Vamos falar de
coisas alegres, vamos falar da festa, faremos um churrasco mexicano.
Olha senhor
Manuel, não sou muito de festa, muita gente me assusta, o Duke sabe disso, mas
confio nos senhores. Posso convidar os
outros sócios.
Claro que sim,
deixe tudo por nossa conta.
No sábado foram a
festa, para surpresa de Henry, quem estava era a irmã Giovana, ou Giovi como a
chamavam de criança, lhe fez a maior festa. Ficaram sentados lado a lado conversando, o
maior prazer era se lembrar de coisas da infância. Irmã Giovi, reconhecia que tinha um pecado a
gula, pois além de muito alta, era gorda, mas quando eles passavam por ela,
tirava do bolso dois biscoitos um para cada um, depois colocava a um dedo na
frente da boca, fazendo sinal de silencio.
Isso era um grande segredo, até que descobriram que fazia isso com todos
os meninos que cuidava.
Estavam rindo
muito dessa época, quando se aproximou um garoto em cadeira de rodas, meu novo
protegido disse ela, Jesse, venha aqui
conhecer o Henry, esteve lá no orfanato também, o garoto o olhava com adoração,
a irmã sempre fala em vocês dois, diz que um dia vou ter a sorte que tiveram
vocês dois. Mas quem vai querer um
garoto em cadeira de rodas. Alguém o
veio buscar para comer.
Não tem solução
seu problema?
Tem, ele levou
uma surra do seu padrasto, caiu por uma escada, lesionou a coluna, depois o
deixaram na porta do orfanato, evidentemente só pudemos fazer o essencial. Tu sabes que só temos uma pessoa, uma
enfermeira, só contamos com hospitais públicos, nenhum se interessa em fazer
nenhuma operação.
Acredito que o
orfanato devia ter um serviço médico, Duke passava por ali, o agarrou, sente-se
aqui um momento, estou falando com a irmã Giovi, que o orfanato devia ter um
serviço médico, não achas?
Claro que sim, um
médico, enfermeira, dentista, tudo que os meninos precisam, verdade.
Vocês dois estão
fora da realidade, mal recolhemos roupas, para esses meninos, comida, contamos
com ajuda, vocês dois são dos poucos que ajudam todos esses anos. Mas precisamos de muito dinheiro.
Sabe irmã, disse
Henry, tenho um amigo muito rico, vou falar com ele, quem sabe.
Seria o máximo,
um médico que visite o orfanato pelo menos três vezes por semana já seria
alguma coisa. Dentista, esse ficaria
louco com as bocas que temos.
Bradford, vinha
empurrando a cadeira de rodas do Jesse, sabem da maior, ele me disse que
escreve história, as desenha ao mesmo tempo, vamos recolher uma em sua mochila,
verdade amigo. Bradford tinha uma
facilidade incrível para falar com as pessoas, se relacionava bem com todo
mundo. Os escritores eram capazes de lhe
contar as coisas mais intimas, para ele, mas tinha uma vantagem, nunca
comentava nada com ninguém.
Voltaram,
sentou-se ao lado deles, começou a ver um caderno. Sua cara era de concentração
total, isso se sabia quando tinha alguma coisa que lhe interessava.
Mas essa historia
precisa de continuação. Jesse rindo bateu na sua cabeça, disse que estava
tudo ali, mas que seu caderno tinha terminado.
Teria que esperar quando sobrasse algum no orfanato para ele desenhar.
Bradford passou o
caderno para o Henry, dê uma olhada, isso seria genial, para atingirmos um
publico jovem. Quanto anos tens Jesse?
Sou velho tenho
12 anos, mas nunca ninguém quer me adotar.
Vou deixar você
aqui com o pessoal, já volto. O viram
falando com um jovem dali, saíram rapidamente, em que vai se meter esse
perguntou o Henry.
Segunda-feira,
tenho a manha livre, Duke, podemos ir no orfanato, fazer uma lista do que
precisam para pedir ao nosso amigo rico.
Jesse ficou ali
ao seu lado, o senhor gostou do que eu faço.
Sim muito, mas se
o Bradford gostou eu tenho certeza de que serás bom com esse livro.
Daqui a pouco o
Bradford, apareceu com um pacote, cheio de cadernos, lápis, lápis de cor, tudo
para ele, o garoto, chorou de emoção, agradeceu muito. Prometo colocar tudo que tenho na cabeça
nessa história, agora já de brincadeira perguntou, com final feliz como nos filmes,
ou a realidade.
Bradford muito
sério respondeu, a realidade é o que faz as pessoas enfrentando a vida.
Bradford, lhe
arrastou Henry pela manga, não conheces nenhum amigo teu médico, que seja
especialista em problemas de coluna?
Espera, tenho um
amigo que é uma enciclopédia, em se tratando da profissão dos amigos, me deixa
perguntar para ele.
Estavam comendo a
sobremesa, quando seu celular tocou,
falou com a pessoa, fez sinal positivo para o Henry. Essa agora vai ser difícil, me fez lembrar
que tive um romance com um médico, só que estraguei tudo, no dia seguinte sai
de fininho, o sujeito não gostou, mas mesmo assim vou falar com ele.
No caminho de
volta, ele perguntou ao Duke, em que pé estavam a venda das joias.
Bom mandei
avaliar na Soteby’s, me deram o valor, a colocaram para venda dentro de pouco.
Qual o valor mais
ou menos, daria para montar um ambulatório no orfanato?
Daria inclusive
para pagar durante muito tempo um médico, enfermeira além do dentista, isso
tenho certeza.
Vamos fazer o
seguinte, tiramos isso do dinheiro que está no banco, depois repomos com a
venda. Quando chegou em casa, disse foi
ótimo reencontrar a irmã Giovi, minha mãe tinha verdadeira paixão por ela,
quando alguém falava que não tinha filhos, ela dizia que devia visitar a irmã
Giovi.
Quando você foi
embora, eu fiquei chateado, para não dizer deprimido, um dia estava sentado no
jardim, agora não tinha com quem jogar, quando uma senhora linda, apareceu, se
sentou ao meu lado começou a conversar comigo, perguntar o que eu gostava,
acabou virando minha mãe, os dois gostávamos de livros, isso foi o fio que nos
uniu.
Então sentiste
falta de mim?
Sempre, durante
muitos anos, conversei contigo no meu quarto, arrumei um boneco, então parecia
que estava falando com ele, mas na verdade estava jogando contigo.
Alias meu
primeiro namorado se parecia contigo.
Caralho vou ficar
com ciúmes, não preferes um ao vivo.
Estavam no
elevador quando falavam nisso, ficaram um olhando ao outro, quando o elevador,
chegou no andar que ele morava.
Entras, tinha
trazido algumas sobras da festa, cortesia da mãe do Duke.
Vou deixar essas
coisas na cozinha, depois me piro, estava arrependido de ter falado dos seus
sentimentos. Mas desde que tinham se
encontrado, tinha começado a amar seu amigo de infância, sabia que ele estava
num momento complicado, podia não ser bom momento.
Estava distraído,
quando Henry, o cercou, continuamos com nossa conversa. Mas já o beijando, fique
comigo essa noite.
Posso ficar
Henry, mas temos que pensar seriamente nisso, não sou uma pessoa de aventuras,
quero que tenhas certeza de que me
queres em tua vida. Não quero
ter que sair de fininho amanhã, por isso é melhor pensar muito antes de tomar
qualquer caminho. Pode estragar tudo que estamos construindo.
Se sentaram na
sala, Henry sorriu tristemente, é que estas sempre presente em minha vida, mas
tens razão ainda não sei o que quero, tudo isso me deixou confuso, posso estar
misturando as estações, mas adorei beijar-te.
Duke foi embora,
depois de abraçar o seu amigo, saiu excitado do apartamento, mas ele era assim,
talvez por isso estava sozinho, era muito sério.
O namorado que
tinha durado mais tempo, disse que ele apesar de jovem, parecia um velho, ele
entendia isso, mas tinha como modelo o relacionamento de seus pais, acreditava
num amor duradouro. Queria isso para
ele.
Sabia que nesse
momento representaria a tabua de salvação de Henry, isso seria horrível, ter
alguém dependente dele.
Parou o carro
estava confuso com seu próprio antagonismo.
Será que amor justamente não era isso, apoiar alguém a quem amava. Mas claro iria ter sempre a dúvida que a
recíproca era verdadeira. Conhecia
muita gente que rompia com uma pessoa, simplesmente a substituía por outra, mas
não resolvia seus problemas.
Preferia preservar
a amizade que tinha por ele a criar barreiras.
Tinha uma nova oportunidade em sua vida, queria aproveitar.
Quando chegou em
casa telefonou para Henry, pediu desculpas de ter saído de fininho, falou tudo
o que tinha pensado. Henry concordou,
creio que isso iria acontecer, também prefiro ir devagar. Estou aqui trabalhando, estou com o livro do
garoto na cabeça. Pode ser interessante
como pensou o Bradford, estarmos abertos a coisas novas.
Segunda-feira
foram ao orfanato, conversaram com a chefa de todas, bem como a irmã Giovi,
afinal era ela o elo deles com tudo.
Vamos trazer um
engenheiro ou arquiteto, temos que ver um espaço disponível, para fazer a
clínica ou como se chame, vamos contratar um
médico, uma ajudante, além do dentista, assim os garotos ficam
cobertos. Já falei com minha secretária,
ela é excelente resolvendo os problemas.
Quanto ao Jesse,
Bradford, esta localizando um especialista para examina-lo, a fundação de
dirigimos, cuidara dos gastos todos. Ok
Ah se todos que
saíram daqui fossem iguais a vocês.
Eles sabiam que isso era um mantra que elas usavam com todos que
ajudavam. Mas dava igual.
Jesse, lhes
entregou mais um caderno para passarem para o Bradford, agora ele tinha cores
para colocar no desenho, seguia desenvolvendo a história com texto, que
completavam o desenho.
Quando chegaram
no escritório, Marie, ria, essa historia dos cartazes nos cursos de escritura
criativa, tiveram efeito, olha a mesa do centro. Tem um rapaz te esperando, na sala de
reuniões, disse que você o conhece.
Era um dos
sobrinhos do Richard, que ele tinha conhecido num encontro na rua. Se via que estava nervoso. Lhe apertou a mão, desculpe, mas não me
lembro seu nome, Robert Brakstone, mas
todo mundo me conhece por Bob Brak.
Ninguém sabe que
estou aqui, mas queria conversar contigo, estou fazendo um curso escondido da
minha família, vi o cartaz, quando cheguei aqui para trazer o texto que
escrevi, imaginei que você esta fazendo algo teu. Gostaria de saber se eu poderia trabalhar
aqui em alguma coisa, não suporto essa vida vazia que leva minha família. Estou terminando a faculdade de filologia,
fazendo esse curso ao mesmo tempo.
Escrevo desde criança.
No momento,
estamos abrindo para tudo, vou te passar para meu braço direito, não diga quem
es, se apresente somente com esse nome, Bob Brak, explique que gostarias de
trabalhar, não fale nada a respeito de tua família ok.
Fique aqui, já o
vou trazer para conversar contigo. Vá até a mesa, busque teu texto, assim
mostra para ele.
Voltou com o
Bradford, lhe apresentou o rapaz, este estendeu a mão muito tímido, começaram a
conversar, ele foi para sua mesa. Como
sempre que mergulhava em alguma coisa, estava ali analisando, tudo que queriam
fazer, tinha marcado um encontro com um grupo de representantes de livrarias,
queria apresentar as ideias deles, sabia que o melhor que fazia era deixar
Bradford expor a questão, desenvolver a ideia, ele era ótimo nisso, ele faria a
abertura, passaria para ele desenvolver a ideia.
Viu que ele saia
da sala, que o rapaz sorria feliz, lhe abanou a mão, o escutou dizer, amanhã as
9 esteja aqui, aquela mesa pode ser tua.
Era uma mesa ao lado dele.
Veio até a sua
mesa, disse, está cru, mas tem uma vantagem, é aberto, conhece literatura
profundamente, parece que passou sua vida inteira fechado num quarto
lendo. Vamos ver se o posso doutrinar. Lhe dei o primeiro caderno do garoto para ele,
achou sensacional, inclusive sugeriu como podemos editar. Gostei da ideia.
Olhe, te mandou
outro, disse que já tem o terceiro em execução. Falaste com o médico?
Me chamou de
filho da puta para baixo, lhe expliquei a situação, me disse que o levasse até
lá, amanhã, tens o telefone do orfanato, para falar com a irmã, estou
literalmente vidrado com a cabeça desse garoto. Ficou rindo, o mais interessante, que o
Médico, é uma pessoa que ficou na minha cabeça, mas naquele momento, não estava
preparado, seria como substituir um namorado por outro, preferi guardar
distância, devia ter dito isso a ele. Saia de um relacionamento
daqueles que pensas que a pessoa te quer, mas nada, achava que eu tinha
dinheiro, quando descobriu que eu apesar do meu nome era um pobre assalariado,
caiu fora.
Veio depois
contar que estava tudo combinado, amanhã, deixarei que Marie explique ao Bob, como
trabalhar, tem muito texto para ler.
Terei que arrumar mais uma pessoa.
Marie antes de
sair, lhe mostrou a mesa, estou fazendo uma coisa, terei que contratar uma
pessoa, para fazer isso, receber o texto, criar no computador um número com os
dados do autor, todo inerente.
Mas como o
Bradford, prefiro uma pessoa sem experiencia a quem eu possa ensinar como quero
que trabalhe. Achas que estou certa?
Marie, o
departamento é teu, faça como achar melhor, sabe aquele chefe chato que tinha,
acho que desapareceu no mapa.
Foi para casa,
sabia que Duke tinha estado trabalhando, mas não tinham conversado, ele tinha
saído para resolver coisas com o advogado, não tinha voltado.
Em casa tomou um
banho, estava lendo um texto de um bom escritor, já tinha editado dois livros
dele, esse estava difícil de se concentrar, era daqueles, que as vezes é
difícil passar da 10 página, pois o começo é descritivo demais. Anotou de chama-lo para conhecer a nova
editora, falar com ele para revisar isso.
Acreditava que seus livros anteriores era mais interessantes, devia
estar com crise de criatividade. Tinha
assinado um contrato com a editora anterior, que o obrigava a ter um livro por
ano. Achava isso uma merda, já tinham
conversado a respeito, podia ser que estivessem errado, que o seguinte, outra
editora se interessasse antes, mas era um risco a correr, porque normalmente o
segundo livro, sempre era uma merda.
Estava anotando
uma série de coisas, quando chamaram na porta, era seu fiel escudeiro Duke, não
te vi a tarde inteira.
Estive com esse
puto advogado, ele quer me forçar a vender a mansão para a família, por um
preço baixo, o escutei bem, mas lhe disse na cara, que já estava em mãos de uma
imobiliária, pedi as chaves da mansão me disse que estava com a família. Que
estavam fazendo um inventario da casa.
Ele não sabia que
eu era policial, lhe disse que ia acionar a polícia rapidamente, fui com ela
até lá expulsei todo mundo, estavam separando coisas para levar. Fechei a casa,
peguei a chave, o que estava comandando a família é um idiota, queria dar
dinheiro a polícia para fazer vista gorda.
Mandei lacrar
todas as portas, para não levarem nada.
Já comeste alguma
coisa? Eu estou morto de fome, que tal
sairmos para jantar, acabo de ler o começo de um livro maçante, um bom
escritor, creio que tem problema do famoso segundo livro.
Pegou uma
jaqueta, foram saindo, conversando, o levou a um restaurante que as vezes ia
jantar com os amigos. Estes estavam
lá. Os apresentou ao Duke, contou que no
meio da confusão toda tinha encontrado um amigo da infância dele. Estamos colocando as notícias em dia, outro
dia comemos juntos.
Um deles soltou,
não é porque agora estas milionário, que vai esquecer dos teus amigos não é.
Respondeu, desculpa,
mas sou um milionário que trabalha muito.
Sentaram-se numa
mesa ao fundo do restaurante, lhe contou a mania que tinha, com isso, ficaram
rindo.
Bom voltando ao
assunto que estava falando, temos que pensar no que já conversamos a respeito
dos contratos, sei que alguns escritores ficam ansiosos por estes contratos,
pois dependem do adiantamento que a editora possa lhe dar, para aguentar mais
um ano só escrevendo, creio que devemos
analisar os casos. Pois a maioria acaba como este, não
consegue seguir em frente, pior, as editoras publicam um segundo livro que
normalmente é um fracasso.
Ele ia anotando o
que ele ia falando, enquanto comiam. Do
grupo de amigos, um deles era o mais próximo a ele, veio se despedir, desculpa
o comentário, foi fora de lugar.
Apertou a mão do
Duke, ficou olhando para ele, já sei quem eres, uma vez a muito tempo atrás nos
conhecemos num cinema. Estivemos juntos,
mas quando me dei conta tinhas desaparecido.
Sim é verdade,
não foi um bom momento.
Eu entendo, as
vezes acontece comigo o mesmo, esperamos uma coisa, a pessoa vai em outra
direção. Mas se eres amigo do Henry,
desde infância, sinal que deves ser uma pessoa boa.
Nos vemos por aí.
Uau, descobrindo
o lado escuro do meu amigo Duke.
Na verdade, não
aconteceu nada, nos conhecemos no cinema, começamos a comentar o filme, saímos
para tomar uma cerveja, quando ele foi ao banheiro eu fui embora, como ele
mesmo disse não era o momento, estava chateado com uma série de coisas.
Caramba, as vezes
te vejo fechado demais em ti mesmo, nunca colocas para fora teus sentimentos.
Só contigo
consigo falar, o que aconteceu, foi que estava estudando direito, conheci um
rapaz que não me era estranho, estivemos juntos umas quantas vezes, depois fui
descobrir que era namorado de uma sobrinha de minha mãe, mas ele sabia quem eu
era.
Me colocou numa
situação difícil, pois numa festa na casa dos meus pais, apareceu com ele, quis
fazer sexo no meu quarto. Isso lhe excitava.
O mandei a merda. Ameaçou contar
para ela, eu saí na frente, contei tudo a ela, ficou furiosa, explodiu na
frente de todo mundo. Por isso a festa
lá em casa não tinha tanta gente, são preconceituosos, imagina um chicano
fazendo sexo com outro homem.
Saíram
caminhando, falando dos fracassos sentimentais de cada um, como se isso fosse
uma maneira de se conhecerem.
Porque não vens viver
aqui comigo, tem um quarto, o que era meu, já dormiste nele outro dia, assim
evita de ires para tão longe.
Não quero ver
você trazer outra pessoa para casa, isso acabaria comigo, não estou preparado
para encarar que tens direito a recomeçar a vida com qualquer pessoa.
Acho que me
entendeste mal outro dia, realmente queria fazer sexo contigo, não como tabua
de salvação, mas por medo de te perder outra vez.
Mas respeito tua
decisão, vamos ir devagar ok. Contou o
do Bradford, que ia levar o garoto junto com a irmã Giovi ao médico no dia
seguinte. Precisamos ver como vamos
fazer com o ambulatório.
Ah como tenho as
chaves inclusive da casa de Los Hamptons, o da imobiliária diz que lá é fácil
de vender. Nunca foste até lá?
Não, porque sabia
como eram essas festas, depois meu casamento com ele já estava acabado, não
queria ver o pior.
Pode ser que me
arrependa, mas não gosto desses lugares assim, em que as pessoas estão fazendo
pose o tempo todo.
Duke riu dizendo
que uma vez tinha ido com um namorado, a Fire Island, me dei mal, encontrei um
conhecido da academia de polícia. Mas
gosto mais dali, tem umas casas fantásticas, eu aproveitei muito a praia.
Eu imagino,
ficaste se exibindo para todo mundo, dizia isso rindo, se tivéssemos alguma
coisa, eu ia te prender nos pés da cama.
Se despediram
como sempre, amanhã nos vemos no escritório.
Subiu pensando
nisso, realmente no outro dia, tinha vontade de fazer sexo com ele, mas havia
que esperar para não ser só uma noite, disse para si mesmo, foste com pressa
com o Richard olha o que aconteceu.
Era uma verdade,
tinha sido tudo por instinto, se parasse para pensar, não tinham nada em comum,
a não ser o sexo. Quando o resto foi posto a prova, ele
preferiu defender sua vida, do que o relacionamento de sexo.
Eu também tenho
culpa do relacionamento não ter dado certo, eu sempre tão metido no meu
trabalho, não percebi que ele talvez necessitasse de atenção. Não vi os indícios que ele estava de novo
nas drogas.
Foi olhar a
gaveta que ele usava no banheiro, encontrou um plástico com cocaína, jogou
rapidamente na privada, além de dois cigarros de Canabis, disse merda,
aproveitou tirou tudo da gaveta, colocou numa bolsa, para colocar no lixo. Encontrou uma caixa no fundo, com um anel,
muito masculino. Olhou dentro, era uma
joia de família, a daria ao Bob, assim ele teria uma coisa do tio. Mas ao colocar a gaveta outra vez para dentro
não entrava, a retirou completamente, embaixo tinha mais cocaína, presa com
fita adesiva. Filho da puta, imaginou a polícia
entrando na sua casa, examinando isso. Deu uma olhada na outra gaveta, examinou
todo o banheiro, bem como um troço do armário que ele usava. Quando ele tinha estado a última vez,
tinha levado suas coisas dali. Que
lastima pensou, precisar disso para viver, para ter emoções. Será
que tinha feito sexo com ele, com a cabeça cheia de cocaína, as últimas vezes,
as vezes era agressivo. Jogou tudo na
privada, deu uma boa descarga, repetiu várias vezes.
Foi para cama,
furioso, mas estava cansado, desmaiou afinal.
Não foi uma noite agradável, sim cheia de pesadelos, principalmente se
lembrando das últimas vezes que tinha estado juntos, a ânsia que ele tinha de
sexo. Queria sempre mais, ele achava
que era porque o amava, agora sabia que era por vicio. Despertou molhado de suor, tomou um banho,
abriu a janela, ficou olhando a noite.
Como fui tão idiota pensou.
No dia seguinte,
Bob Brak, apareceu com uma cara de fazer gosto, num primeiro momento hesitou em
entrar, desculpe, fiquei sabendo o que aconteceu ontem, meu pai, sempre o
primeiro em criar confusões.
Discuti com ele, acabei indo dormir na casa de um colega de faculdade. Ainda me soltou na cara, que sou um viado
como meu tio, louco por um caralho no cu, desculpe, mas nunca me senti tão
ofendido com tudo isso. Vou arrumar um
lugar pequeno para morar, não suporto mais a família.
Vamos te ajudar,
olha ontem encontrei esse anel, devia ser de teu tio, porque não ficas com ele,
até podes vender, para arrumar o apartamento. Se precisas de dinheiro, posso te
adiantar alguma coisa.
Meu amigo disse
que posso ficar uns dias com ele, pois seu companheiro está viajando, mas vou
ver se vale muito esse anel, pode ser que o use para isso.
Foi almoçar com
Duke, Marie, Bradford chegou justo
quando iam pedir a comida, tinha um sorriso na cara. Há possibilidades, o meu conhecido vai
completar todos os exames, ele ficou no hospital com a irmã Giovi, depois
voltarei até lá para lhe levar cadernos, lápis. Estou literalmente encantado com
esse garoto, era o filho que gostaria de ter.
Não seja por
isso, pense em adota-lo.
Tenho medo, de
não ser um bom pai, imagina fui um filho da puta a vida inteira, não tenho boas
coisas para ensinar a uma criança.
Deixe de besteira
homem, soltou Duke, garanto que serias um pai fenomenal.
Quando saíram do
restaurante, deram uma corrida até o hospital que não estava longe, Jesse,
sorriu de orelha a orelha, estava feliz, ele foi com Duke, além do Bradford
falar com o médico, disse que se responsabilizava por todas as despesas.
O médico sorria, ok,
mas tenho que agradecer ao garoto, fez certa pessoa que foge no meio da noite,
voltar.
Foram trabalhar, Bradford
avisou que ia sair mais cedo, para ir em casa, tomar um banho, trocar de roupa
para ficar no hospital com o garoto.
Assim a irmã pode descansar também.
Bradford, no dia
seguinte confessou que nunca tinha se imaginado fazendo isso, ficar cuidando de
alguém, o bom foi que o médico apareceu antes de ir embora, conversamos mais.
Os exames são positivos,
fiquei sabendo da historia real dele, é uma lastima. Nos primeiros meses terá que fazer
fisioterapia no hospital, mas pode ficar em minha casa.
Ele ria da cara
dele, fale com a irmã que queres adotar, afinal não eres um homem de ir pelas
discotecas todas as noites, não te metes em drogas nada no gênero.
Converse com a
Marie, ela sempre tem uma cabeça ótima para isso. Outra coisa
como vai o Bob Brak?
Olha excelente
aquisição, entendeu como é o trabalho, me apresentou uma análise de um texto
que deixei para ele dar uma olhada, vou te passar?
Falar em texto,
comentou do autor, que tinha lido na noite anterior, creio que está com a síndrome do segundo
livro. Deixei o mesmo
na tua mesa, para dares uma olhada, ok
Pegou o texto que
o Bob tinha analisado, foi vendo suas anotações, para um jovem até que tinha
uma cabeça madura. Olhou os dados da
pessoa que tinha escrito, era um rapaz de 16 anos, levou o texto para casa, leu, concordou com
todas as anotações do Bob, tinha um bom olho.
No dia seguinte,
chamou o Bradford, achei interessante, a partir que é de um rapaz de 16, anos,
vamos fazer uma experiencia, manda ele chamar o rapaz, vamos ver como ele conversa com o mesmo, tu o
orientas como tem que ser a coisa.
Como vai o livro
do Jesse, dormiste a noite no hospital.
O operam hoje no final do dia, quero estar lá, ok.
Sim eu irei na
hora que saia daqui, creio que o Duke também.
No dia anterior não tinham estados juntos.
Na hora do
almoço, Bob veio falar com ele, mandei avaliar o anel, vale uma fortuna, não
posso ficar com ele, eles vão descobrir, porque o joalheiro é conhecido da
família, se isso chega na rua, vai dar no que falar.
Quer ver uma
coisa, me diga aonde é o joalheiro, me dê a caixa do anel, vou lá tento vender,
para saber o que ele diz.
Ficas aqui no
restaurante, depois volto. Entrou na
joalheria, explicou quem era, meu marido me deu esse anel de presente, mas eu
não uso joias, gostaria de vender, queria uma avaliação, bem como vender o
mesmo. Acha que tem algum problema?
Não, sei que o
senhor é seu viúvo, portanto natural que esteja em seu poder o mesmo, se ele
lhe deu de presente mais ainda.
Consultou, disse o valor, que era muito superior ao que quem tinha
avaliado para o rapaz tinha dito.
Podemos fazer
duas coisas, eu posso desmontar a peça, lhe compro o diamante que esta nela,
que vale, disse um valor superior.
Muito bem, pode
me dar um recibo disso, com o ouro do
anel o senhor pode fazer uma cruz?
Simples sem muito
exagero ok. O valor da pedra o senhor deposita
na minha conta, lhe deu o número da conta.
Saiu sorrindo do joalheiro, atravessou a rua, sentou-se no restaurante
com o Bob, estas rico garoto, lhe estendeu a nota do homem, ele vai depositar
na minha conta, assim não te envolve. Comprou a pedra de volta, vai fazer uma
cruz com o ouro. Mas tudo será teu,
depois te dou um cheque, tens conta num banco?
Não, antes tinha
do meu pai, um cartão de crédito com um limite para gastar, mas ele suspendeu
quando sai de casa, como uma maneira de me forçar a voltar.
Fales com a
Marie, no final do mês terão que te depositar dinheiro do teu salário, abra uma
conta com esse cheque, mas aprenda a administrar esse dinheiro, pode render
bastante, busque um apartamento jeitoso para uma pessoa. Marie é a pessoa indicada, diga que
procuras um apartamento pequeno para viver, ela vai conseguir, sempre consegue
tudo.
Por que estás me
ajudando assim?
Teu tio,
reclamava da família, de como tinha sido criado, mas não fez nada para escapar
dela, construir sua vida, talvez nos dois anos que viveu comigo sim, mas fora
isso não. Tudo isso o destruiu, acredito
que queres outra vida, pelo menos me disseste isso.
Bradford me
mandou chamar o rapaz do livro que revisei, diz que tenho que conversar com
ele, nem sei com vou fazer. Não se
preocupe, li o texto, bem como tuas anotações, esse foi meu serviço durante
anos, ainda o faço. Converse normalmente
com ele, faça as sugestões que fizeste nas anotações, tire uma cópia de tudo
antes, assim marque um dia com ele, para ir revisando o texto inteiro. Use a sala de reuniões para isso, avise
somente a Marie, dos horários. Ok.
As lagrimas
corriam na sua cara, obrigado por acreditar em mim, me ajudar, tentarei me
manter o mais escondido possível, da família.
Sei que me procuraram na universidade, mas lá estou de férias. Não conhecem meu amigo. Por enquanto estou livre deles.
Não sentes falta
da família?
Não, sempre foram
frios comigo, dizem que sou o tonto da família, porque sempre fiquei na minha,
odeio as festas que fazem. Tudo é uma
grande falsidade.
Bom um dia
escreva sobre isso, quando estiveres bem longe, com uma nova vida, desde outra
perspectiva.
Entraram juntos
no escritório, Bradford avisou que o
autor do livro estava ali, devolvi o texto a tua mesa, está na sala de reuniões
te esperando, quer falar contigo.
Nada disso, venha
junto comigo, Bob, venha para aprender.
Falou com o
escritor amavelmente, como vão as coisas? As conversas protocolarias. Lhe
serviu água pois notou que estava nervoso.
Ainda tens o contrato com a editora antiga? Pagaram adiantamento por esse livro?
Sim, me pagaram,
mas devolvi, pois queria ficar livre da pressão.
Estas com a
famosa síndrome do segundo livro, não é verdade. Vou ser honesto, não consegui passar da 10
primeiras páginas, parece um manual de como descrever uma paisagem. A ação é monótona. Sabes que se não cativas o leitor nas dez
primeiras páginas, fudeu. Não vai ler o
resto, ainda vai falar mal do livro.
Portanto, acho
que devias, com calma, tentar analisar o livro, se quiseres, o Bob é excelente
nisso, darei para ele ler o livro.
Mas ele é uma
criança, não vai entender do assunto?
Talvez isso seja
uma vantagem, tens que pensar que os velhos morrem, não compram livros, um
jovem sim. Acho que tua linguagem, do
primeiro para este ficou de uma pessoa amarga, talvez por isso a obrigação de
escrever um livro que faça tanto sucesso como o primeiro.
O que achas,
queres tentar?
Ele ficou olhando
para o Bob, soltou de repente, queres ajudar esse velho ranzinza, que odeia que
o critiquem?
Bob deu um
sorriso maravilhoso, ninguém gosta de ser criticado, principalmente por uma
ideia ou pelo que escreveu, lhe prometo, analisar aonde está o problema,
podemos discutir as ideias. Eu tenho um tempo agora, leio as dez primeiras
páginas, conforme minhas anotações, em seguida falamos.
Viu que ele lia,
rápido, ao mesmo tempo que ia anotando coisas numa folha de papel, não no texto
como alguns faziam.
O deixaram
falando com o escritor, foram trabalhar, este saiu com um sorriso na cara, esse
menino vai longe disse ao Bradford.
A cara do Bob,
era melhor, nem acredito que fui capaz de fazer isso, analisar, basicamente
cada palavra das dez primeira páginas.
Diz que vai rever
tudo, marcara para falar comigo. Ufa.
Bradford, disse a
queima roupa, estas roubando o meu emprego, vou te denunciar ao chefe, se matou
de rir, sempre tive vontade de dizer isso,
diga a Marie que teu contrato é definitivo. Mas amanha tens a prova com
o rapaz.
Saíram do
escritório, foram para o hospital, ali na sala de espera estava Bradford, a
irmã Giovi a superiora, tranquilamente rezando o terço.
Uma hora depois o
médico saiu, piscou o olho para o Bradford, disse que a operação tinha saído
bem, agora a fisioterapia será importante. Ficara um mês aqui no hospital,
depois terá que andar um tempo com um bastão, mas creio que em breve estará
correndo.
A superiora,
ficou nervosa, não temos dinheiro para pagar o hospital, nem a fisioterapia?
Já esta paga
senhora, não se preocupe, quem tem amigos, tem Deus do seu lado.
Mas quem pagou tudo
isso?
Segredo de
estado, o médico era como o Bradford, tinha humor, realmente se voltassem a se
conhecer daria certo.
Deu um cutucão no
Bradford, ele ficou vermelho, a senhora
acha que eu posso o adotar?
Claro que sim.
É que sou gay? Tenho
medo de que me neguem isso.
Deixa comigo
soltou a irmã Giovi. Eu sempre resolvo qualquer problema.
Posso ir ver o
garoto doutor, pediu ele.
Sim, já que serás
o pai, creio que vou ser o tio. Venha comigo.
A preocupação do
Bradford era que como ia ficar com o garoto esse tempo, tenho que trabalhar,
conversava isso com o Jules o médico, estavam em seu consultório sentados
frente a frente.
Primeiro me
responda uma pergunta. Por que fugiste
de mim?
Embora sendo só
uma noite, gostei de ti, mas vinha de um relacionamento que foi uma merda, me
deu medo, sai de fininho, mas nunca te esqueci.
Descobri que tinha que ficar sozinho para resolver o problema. Me fechei, até hoje, agora já levo uma vida
discreta, aonde o trabalho impera, conheço muita gente essa é a verdade, mas
amigos só tenho o Henry, Marie, agora o Duke com quem se pode falar de tudo.
Eu tampouco
esqueci de ti, fiquei frustrado por teres fugido, quando perguntava por ti,
diziam que tinhas desaparecido do mercado.
Uma vez fui até a editora que trabalhavas, estavas furioso com alguma
coisa, discutia com um homem. Com o
dedo apontava a porta da rua.
Ele começou a
rir, justamente a pessoa que me causou problemas, era um escritor medíocre,
acreditou que se eu me apaixonasse por ele, arriscaria publicar seu livro,
quando eu disse que lhe faltava muito, aprontou um escândalo, ameaçando contar
a todo mundo que eu era Gay, tive que rir, pois todo mundo sabia. Não tenho família com que me preocupar
quanto a isso.
Tai, talvez seja
a solução, minha mãe veio viver comigo, agora que ficou viúva, lhe falta
ocupação, vou traze-la para conhecer o Jesse, pode ser que gostem um do
outro. Mas só farei isso se me das um
beijo. Quando viram estavam no chão do
consultório.
Ficaram rindo,
não tem jeito, não é?
Sim melhor parar
de fugir.
A entrevista do
Bob com o rapaz foi excelente, ao fundo da grande mesa se sentaram Henry com
Bradford, na outra ponta estavam os dois jovens conversando, Bob, foi mostrando os pontos aonde o livro
fugia pelas ramas. Quando tocou num assunto do terceiro capítulo,
viu que o rapaz ficava tenso. Aqui
falas de amor não correspondido do personagem, mas nos capítulos anteriores ele
não fala de romance com ninguém. Creio
que aqui falavas de ti mesmo, não podes confundir o personagem contigo.
A cara do outro
era ótima, não pensei que as pessoas fossem descobrir isso, talvez tenha usado
nesse momento minha frustação para falar disso.
Se queres manter isso, tens que no capítulo anterior falar dessa paixão por
alguém. Veja, somos jovens, creio que
passaremos por muitas desilusões
amorosas, principalmente por não termos prática no assunto. Tens duas opções ou mudas o capítulo, ou
inventas algo no capítulo posterior, no seguinte, tampouco mencionas essa
ruptura. Creio que deverias pensar nesse
capítulo do livro. Podemos encontrar a
solução juntos, o que te parece,
disponho de uma hora, para começarmos.
Ficaram se olhando, o rapaz soltou, mãos à obra.
Henry e Bradford,
saíram de fininho, para trabalharem em outras coisas.
Duke veio falar
com ele, disse que já tinha a casa de Los Hamptons vendida, o problema era a
mansão. Um grupo imobiliário queria
comprar, para demolir, construir um prédio. Mandei verificarem com a prefeitura
se podiam fazer isso.
Mande uma pessoa
verificar tudo que tem de valor naquela casa, mande vender.
Não se preocupe,
já fiz isso. Ali, quase tudo é cópia de
alguma coisa, como se o importante fosse gastar dinheiro.
Meus pais te
convidaram para almoçar no sábado em casa, tens algum compromisso?
Nenhum, gostaria
de ir, pois me senti muito bem lá, de uma certa maneira te invejo, ter alguém
que se preocupe por ti.
Eles estão com
muita idade, por isso nunca os deixo sozinhos.
A mim me deixaste
sozinho todos esses dias?
Tinha que me
afastar um pouco para analisar meus sentimentos, perto de ti, fico confuso,
quero fazer muita coisa ao mesmo tempo.
Estás feliz aqui
trabalhando?
Sim, muito, tenho
que resolver se continuo, para pedir primeiro uma licença sem remuneração da
polícia, depois a demissão.
Acho bem, tens
uma cabeça privilegiada. Mas não te
afaste muito, eu tenho pensado como tu no nosso relacionamento. Quero experimentar.
Me pegas de
surpresa, ia dizer a mesma coisa.
Nessa noite
ficaram conversando, até tarde, quando viram estavam na cama, nus, se sentiam bem
assim. Mas não fizeram sexo.
Em breve teriam
três livros para lançar, fizeram então uma reunião, com as principais
livrarias, distribuidores, os convidaram para um coquetel, primeiro falou Henry, que passou a palavra
para Bradford, esse foi explicando o conceito que queriam desenvolver, que era arriscado, uma nova linguagem para
atrair os jovens. Mostrou um vídeo do
Jesse, trabalhando seu livro, um jovem de pouca idade, mas com um conceito
próprio para contar uma história.
Depois o velho,
conversando com o Bob, procurando uma nova linguagem, para seu livro, atualizar
em um contexto novo, a sociedade muda muito rapidamente. O terceiro de novo o Bob, conversando com o
rapaz, montando o final do livro.
Como vêm de
simples leitor, esse rapaz jovem passou a editor, tem um conceito muito próprio
do trabalho, uma nova safra vem por aí, como se fosse uma onda nova, temos que
subir na nossa velha prancha de surf para segui-los.
Iam sendo
colocados na frente de cada um embrulho com os três livros, tudo tinha sido
muito bem pensado, desde a capa, tipo de letra, um conceito novo.
Os preços, estava
apertados, pois Duke, tinha negociado com os impressores ao máximo.
Numa mesa, Marie,
tomava junto com Duke, nota dos pedidos,
os distribuidores, queriam levar para o resto do pais a ideia. Podemos
trabalhar em cima dos vídeos para enviar uma amostra para as principais
livrarias. Todos pareciam gostar da
ideia dos vídeos.
Finalmente saiam
com lucros do investimento.
Já estavam
trabalhando os outros textos, Bob apareceu com um na mão na reunião que
tiveram, essa escritora, é justamente a professora com quem fiz o curso. Antes fui verificar quem era, ela editou um
livro a muitos anos atrás, depois sumiu do mapa.
Esse agora é
interessante, mas algo me perturba, é como se já tivesse visto algo parecido.
Me lembro do
livro dela, eu me recusei a publica-lo por ser muito complicado à primeira
vista, tive que ler pelo menos duas vezes para entender. Quem acabou publicando foi outra editora.
Posso tomar
informações a respeito. Tire uma cópia
para mim do texto lhe pediu Henry.
Nessa noite
sentou-se para ler, ele tinha uma memória prodígio para isso, leu uma passagem,
veio na cabeça de quem era o texto. Ela
na verdade citava vários grandes autores, embora não disse de quem era o
original, usava essas citações para contar uma história.
Não sabia se isso
era valido, teria que consultar o
Duke. Por ele, teriam uma anotação
dizendo de quem era a frase original.
Quem a chamou foi
ele, pois se tinha sido professora do Bob, isso seria complicado.
Conversaram sobre
isso, imediatamente se colocou em defesa, mas ele estava ali com todos os
livros citados em volta. Talvez ao ler
esses livros, essas frases ficaram na tua cabeça, isso é normal, mas se
escreves a partir disso tua historia há que mencionar o fato, dizer quem é o
dono da frase.
Isso não quero,
pois os leitores podem entender que o resto do texto é uma cópia de uma das
ideias.
Consultei nosso
advogado, disse que isso pode virar um grande problema, pois a editoras donas
desses textos podem reclamar. Como está
não podemos editar.
Ela se levantou,
pegou o texto, foi embora.
No dia seguinte,
Bob, veio lhe contar logo de manhã que tinha entrevistado um dos alunos, com um
texto brilhante, que ela tinha dito em aula, que essa editorar não era boa.
Conversei com o
rapaz a respeito do que aconteceu, disse que não mencionou nada.
O livro dele é
interessante, mas do meio para o final, fica morno, falei com ele a respeito, disse
que queria outra opinião, está na sala de reuniões, podes falar com ele.
Entrou, era um
homem de uns trinta anos. Olá, se
apresentou, qual o problema?
Não quero que um
rapaz de vinte e picos anos, análise meu livro, não foi escrito para jovens,
quero atingir a faixa etária de homens
da minha idade.
Muito bem,
pedirei ao Bradford que leia, ele te dirá alguma coisa a respeito.
Mas creio que erras,
pois isso de escrever só para uma faixa etária, perde-se porque escrevemos para
que os livros sejam sempre atuais, porque todas faixas etárias evoluem, os da
minha idade a uma década atrás, pensavam de outra maneira, os que vem atrás, já
vem com os problemas resolvidos. Então
estas escrevendo um livro efêmero, só servira para esta geração, para as
próximas não servira.
Quanto ao Bob,
ele acaba de editar um livro de um escritor, que já escreveu um livro de
sucesso, mas reconheceu que sua linguagem não evoluiu, o jovem Bob como tu
dizes, conseguiu que ele entendesse, atualizando sua linguagem num conceito
mais amplo.
Acho que estas
fechando uma porta antes de mais nada.
Gostaria que pensasse, de qualquer maneira passarei o livro para o Bradford,
em seguida ele passara a mim, nos reuniremos os três para ver a que conclusão
chegamos.
Se despediu
cordialmente do homem.
Comentou com o
Bob, acho esse homem um pouco tonto.
Fizeste aulas com ele na mesma turma?
Não, ele era de
uma anterior a minha, mas vai sempre para assistir os debates. Diz que não entendemos seu
conceito. O livro fala mais de conceitos
de choques de gerações, isso sempre existiu, porque como você disse, cada geração nova, já trás
uma parte mastigada, é logico que considere a anterior ultrapassada. Não entende que o
mundo muda cada vez mais rapidamente, que os conceitos também, se não estamos
abertos, fica difícil.
Gostava de ver a
maturidade do Bob, como ele funcionava, sua linha de pensamento. Estava contente com ele.
Como vai no teu
novo apartamento perguntou?
Uau, super bem, é
como estar no paraíso, tem um parque em frente, sem muito ruído, é pequeno, mas
me basta.
Fico contente
contigo.
Ah, Marie me
ensinou como administrar meu dinheiro, lá em casa ninguém pensa nisso,
simplesmente gasta dinheiro, pois as empresas da família continuam gerando
dinheiro.
Assim fica fácil,
verdade?
Sim, mas para
quem ficou confinado toda a vida, num quarto, para não participar, é duro, eu
com uns 12 anos, tomei consciência que não queria ser como eles, ir pela vida
como iam, as reuniões de família era um suplício, creio que tio Richard se rebelou da maneira
errada, tinha tudo para dar certo, mas deixou que as drogas governassem sua
vida. Olha como está o irmão, nem pode
ser julgado, pois continua internado.
Não pense que os outros tem pena, pois como não pode gastar dinheiro,
gastam eles.
Meu irmão mais
velho, está indo pelo mesmo caminho, tentei falar com ele, é um tipo brilhante,
mas largou a universidade, porque não gosta que o critiquem, como se ele fosse
o dono da verdade. Deixou tudo, esta a
meses na Europa, frequentando festas.
Com certeza com muitas drogas.
De noite
conversou com o Duke sobre isso, se para analisar, ficam dois contextos
diferentes, um autor que só quer atingir uma faixa etária que acho que nem ele
mesmo entende, do outro lado uma família disfuncional que acha que pode
tudo. Esse menino Bob, conseguiu
escapar, mas como ele diz, Richard, tentou, mas se escorou no mais fácil.
É verdade Henry,
os jovens que entram na droga, tem duas pontas, os pobres, que a vendem e
consume vão presos, mas os ricos se livram facilmente. Como existem mais pobres que ricos, o papel
que representam os pobres sempre se multiplica.
Se um vai preso, logo tem outro para substitui-lo, é a máquina não para.
Agora namoravam
todas as noites, existia paixão, mas também companheirismo, conversavam
trocavam ideia, não era só sexo.
Um dia
conversando com Bradford, via que este estava mais relaxado, dormia quase todas
as noites no hospital com Jesse. Comentou
da recuperação. Com Jules a coisa vai
bem, durante o dia sua mãe fica com o Jesse, que considera como seu neto, outro
dia ele soltou, para quem não tinha família, agora tinha uma completa.
Está escrevendo
outra história, falando de sua própria recuperação, agora os desenhos são mais
coloridos, diz que quer estudar belas artes mais tarde.
Como vai a
adoção?
Complicada, pois
sabemos que os pais verdadeiros existem, mas aonde não se sabe, primeiro porque
Jesse não é seu nome verdadeiro, esse quem colocou foi a irmã Giovi, pois ele
simplesmente estava jogado na porta do orfanato. Inclusive pensaram que estava morto.
Ele era muito
pequeno para se lembrar de alguma coisa, além é claro do trauma.
Mas por enquanto
tenho a guarda dele.
As obras do
ambulatório do Orfanato estão quase no final, falei com Jules, para
conseguirmos um médico, ele se ofereceu para abrir mão de seu trabalho no
hospital uma vez por semana, mas acredita que vai conseguir um que possa cuidar
das crianças.
Estivemos olhando
com o Duke, vamos começar a entrevistar pessoas. Jules está participando nisso.
Indicou um médico
especialista em administrar financeiramente um local, embora só se vai ter
gastos, esses precisam ser administrado. Em breve as coisas estarão no seu
devido lugar.
Vocês dois deviam
pensar nisso, em ter uma família.
Nenhum dos dois
disse nada, a respeito.
Ele leu o livro
do sujeito, não gostou, era muito retórico, disse ao Bob que desistisse, esse é
daqueles livros que ficam para os saldos, as pessoas compram, pelas primeiras
dez páginas, depois se cansam da repetição.
Bradford foi da
mesma opinião, se queres falamos como da outra vez os três com ele.
Mas nunca mais
voltou. Tinham agora mais cinco livros
para lançar. A editora ia para frente,
já tinham recolhido basicamente o investimento.
O verão estava no
seu pico, foram passar um final de semana na casa de praia de Jules em Fire
Island, com sua mãe incluída, ela conhecia todo mundo, na praia vinham todos
falar com ela.
Foram olhar uma
casa ao lado da dele, gostaram demais, estava a venda. Teus pais não gostariam de vir?
Duke respondeu
que achava que nunca tinham ido à praia.
Pediram para experimentar a casa, ele trouxe seus pais, se deram logo
bem com a mãe de Jules, apesar da diferença social, era como velhos conhecidos,
se sentavam na praia com o Jesse, que entrava na agua acompanhado do Bradford
ou do Jules. A mãe deste estava feliz, imagina, sempre me
preocupou que meu filho ficasse velho sem companhia, mas esses dois conseguiram
formar inclusive uma família, o que me deixa tranquila.
A mãe do Duke
disse que poderia ficar vivendo naquela casa, era um sonho, talvez no inverno
fosse mais frio, Henry comentou que as vezes nevava na praia, mas a casa tinha
um sistema bom de calor, pois os antigos proprietários viviam ali o ano
inteiro.
Acabaram
comprando a casa, Duke estava feliz, disse um dia ao Henry, tenho medo de que
essa felicidade acabe. Não vejo por que,
estamos bem um com o outro, isso é que importa.
Era uma verdade,
iam agora aos finais de semana a casa de praia, os pais o recebiam felizes,
conversavam, tomavam banhos de mar.
Melhor era impossível.
A editora ia bem,
estavam trabalhando seriamente. Ele
criou uma fundação com o dinheiro todo do Richard, com seu nome, ia ajudando a
quem precisava. A Família nunca mais o
procurou, mas apesar do nome da fundação, faziam tudo sem publicidade.
Bob um dia veio
rindo contar, como tinha saído na televisão junto com um autor novo, falando de
livros, de linguagem, que seu irmão mais velho o tinha contatado.
Estava tentando
refazer sua vida mais uma vez. O
aconselhei a voltar a universidade, terminar o que tinha começado, levar a vida
a sério, deixar as drogas, se ele não queria acabar como o Richard.
Me perguntou como
eu podia viver sem o dinheiro do Fideicomisso, lhe disse, que por isso
trabalhava, que isso tinha me salvado.
Mas não creio que ele se esforce muito para isso, queria ir a minha
casa, mas marquei com ele num restaurante, chegou bêbado. Simplesmente me levantei, fui embora, não
disse nenhuma palavra. Quando começou
depois a se desculpar, disse que esse era o problema, a palavra desculpas
normalmente é fácil de dizer, mas difícil de se acreditar, quando parece vazia.
Não disse nenhuma
coisa a respeito de meus pais. Tampouco perguntei.
Tinham contratado
um novo leitor, mas durou pouco, disse que era uma enxurrada de livros para
ler. Em seguida apareceu uma jovem,
filha de japoneses, essa deu certo, se encaixou rapidamente no trabalho.
Definitivamente
Bob era o mais jovem editor da empresa.
Se consolidaram, como
uma editora de novos escritores, novas ideias, funcionava, bem como a fundação,
conseguiam ajudar as pessoas, a clínica do orfanato funcionava, montaram uma
outra num orfanato feminino. La
aconteceu o inevitável, Duke se
apaixonou por uma menina que estava lá, os dois acabaram adotando a mesma. Passava claro a maior parte do tempo com os
avós que babavam em cima da garota.
Viveram felizes
comeram perdizes, isso não existe, mas aprenderam a contornar os problemas do
dia a dia.
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