lunes, 23 de septiembre de 2019

BÂTARD/BASTARD

                                      
         
Achou estranho, não tocar o despertador, nem ouvir ruído de sinal do telefone. escutava sim um ruído, de uma respiração pesada, quando se moveu na cama, algo lhe lambeu a mão.
Nesse instante como um relâmpago se lembrou. Hoje era o primeiro dia de sua aposentadoria. Riu para si mesmo. quem manda cutucar aonde não deve, pensou.
Porque sou tão cabeça dura, isso já dizia sua mãe anos após anos porque ele teimava em viver em Paris, quando tinha uma casa imensa no campo perto de uma vila no sul da França.
Hoje em dia a casa estava fechada, porque sua mãe já tinha falecido a algum tempo. Se lembrou do dia do seu enterro, eram somente ele, o padre responsável pela paroquia, Antoniette, a melhor amiga de sua mãe.
Ela tinha pedido para ser enterrada embaixo da arvore, que fazia uma linha reta com a varanda da casa. Sua amiga lhe contou que ela passava horas e horas ali sentada olhando para essa arvore, como se ali houvesse lembranças.
Ah ele bem sabia que sim, muitas por sinal, era uma terra contaminada pelo sangue de seu pai, ali ele fora torturado pela resistência francesa.     Tinha dessangrado, depois enterrado ali mesmo.
Se levantou de súbito, colocando os dois pés no chão, quase pisa no cachorro. Esse tinha sido presente de seus companheiros, tinha um doble sentido o presente. Ele tinha sido a vida inteira um policial dos bons, como um cachorro que quando morde não larga.
Esse tinha sido seu problema. o motivo que tinha sido aposentado antes do tempo, uma aposentadoria compulsória.
Trabalhava na Préfecture de Policie du 2éme. repetiu para si mesmo a direção 18, rue Croisant -Paris.
Ele vivia em Montmatre, 11 rue de Veron, num 3ª, sem elevador, com uma pequena varanda, era um apto. pequeno, sala, quarto, cozinha e banheiro.    Abriu a porta do quarto que também tinha uma pequena varanda, o cachorro saiu para ao parecer respirar.
Devia ter-se negado a receber o presente, não era um cachorro pequeno, sim um que tinha sido abandonado por algum fdp.
ficou com pena, pois se não ficasse com ele, com certeza iria para o canil municipal, sabe-se lá o que fariam com ele.
Lavou a cara, passou a mão molhada pela sua calva, precisava raspar outra vez o pouco que lhe tinha sobrado da vida. escovou os dentes, se vestiu.     O cachorro já estava na porta esperando quando ele saiu do quarto. Tonto não era. Se lembrou como ele tinha andado a casa inteira no dia interior, como que reconhecendo o local. como um cão policial.
Desceram, ele esperou pacientemente que fizesse suas necessidades, limpou tudo colocando num saco de plástico.  Ele que tinha sempre reclamado das cagadas de cachorros na rua, queria dar bom exemplo para os vizinhos, foi até o bistrô em que tomava sempre seu café da manhã, com toda tranquilidade do mundo, pois nada lhe esperava, já não havia motivo para pressas, sentou numa das duas mesas que estavam perto da janela, ficou olhando o movimento da primeira hora, da manhã na rua.  Ele nunca fazia isso, passava, tomava um café no balcão ia pela rua mastigando seu croissant.  Como trabalhava em Pigalle, a maioria das vezes ia de ônibus até a delegacia.
Tinha que comprar um carro pensou, mas deixar aonde, na rua, para se aborrecer, porque lhe teriam pinchado a rodas, ou teriam passado uma chave para riscar o capo, melhor não, quando ia ver sua mãe o que fazia era  alugar um carro, ou então ir de trem até Carcassonne, de lá alugar um carro.
Tinha pensado em ir passar uns dias por lá, mas tinha que esperar os papeis definitivos, ainda era um funcionário público, embora já tivesse sido dispensado do trabalho.
Claro o fdp do seu chefe tinha montado muito bem, tinha aproveitado a confusão, se livrado de seu grupo, dizendo que não necessitava de uma delegacia com tanta gente.
Como havia no momento uma grande contenção de despesas, o negócio era pré-aposentar os de mais idade.
Ele quase tinha conseguido caçar o mesmo, finalmente, que era ele que tinha ligações com os Argelinos que controlavam os bordeis, as casas de strip-tease de Pigalle.     Sempre dava um sopro quando iam fazer alguma busca.
Mas alguém do departamento tinha avisado ao mesmo, este aproveitando dos problemas administrativos, tinha conseguido sair com a sua. Tudo bem pensou, estava farto dessa vida, não sabia que ia fazer realmente, com ele tinha pré-aposentado, Marie Floret, Jean Marc.  Marie ia cuidar de sua mãe, que tinha Alzheimer, Jean Marc, que também já estava farto, iria viver perto de La Rochelle, aonde tinha uma casa.
Enfim o único que por enquanto ficava em Paris era ele, não lhe agradava muito a ideia de ir viver no sul. Tampouco sabia o que iria fazer de sua vida. Tinha feito a faculdade de Direito da Sorbonne, mas apesar de ser um bom aluno, atento, astuto, nunca tinha tido verdadeira paixão, evidentemente isso lhe tinha ajudado quando entrou para a Polícia, não teve que começar de baixo, patrulhando as ruas, sim já para o corpo de detetives.
Tinha trabalhado em várias, mas agora por causa da idade e porque se queriam livrar de sua cabeça dura, tinha terminado em Pigalle.  Marie e Jean eram seus companheiros mais antigos, mas não podia dizer que tivesse amigos realmente.
Tinha se esquivado a vida inteira de qualquer relacionamento emocional, a qualquer nível. por isso estava só, jamais tinha se apaixonado por ninguém, sequer paixões juvenis,
Enquanto vivia no sul, o fantasma de seu pai, sempre foi um problema. ele tinha sido acusado de colaborador da Gestapo durante a guerra, isso num lugar pequeno tinha sido o fim.
Por isso tinha morrido em mãos da resistência.
Mas sua mãe apesar de chamá-lo de cabeça dura, tinha sido ela que se negara a vida inteira a sair de sua vila, afinal era filha de um proprietário abastado, manteve sua casa, os empregados que sempre tinha trabalhado para ela. Agora não havia ninguém por lá pensou. olhando o movimento na charcuterie em frente.
As terras estavam abandonadas, já não havia animais. ele tinha colocado tudo a venda, mas não tinha aparecido nenhum interessado.  Teria que falar com o seu advogado Claude, um amigo dos tempos de universidade, para saber como andava o inventario de todos os bens, na verdade só poderia vender depois disso.
Marc o proprietário, disse, afinal queres um café como sempre ou o que?   Vais ficar aí o dia inteiro olhando a rua.      No pequeno café só trabalhava ele, mais ninguém. então para tomar café nas mesas, era necessário que se recolhessem as coisas no balcão, ainda disse, sabes que não podes trazer esse vira-lata aqui para dentro.   O cachorro tinha se enroscado ao pé da mesa, estava quieto, mas foi só chamá-lo de vira-lata que ele rosnou.
Bom se queres vou embora, sem problemas nenhum. 
Marc reconsiderou, pois, afinal Jean-Paul, tinha-lhe ajudado em várias ocasiões, essa era uma realidade.    O que não podes estar o dia inteiro aí sentado, pensando na vida. só tenho duas mesas se ocupas, não gastas, estou falido.
Nisso parou na porta um vizinho que só conhecia de bom dia nada mais, ao cruzar nas escadas. sabia que era enfermeiro, meio estranho.
Da porta ele disse, viva o mal humor do Marc, não posso começar o dia sem esse mal humor, o bom café que fazes.
Marc rosnou algum palavrão,  de novo o cão rosnou, mas se levantou, foi lamber a mão do vizinho, como se o conhece-se, este lhe fez uma festa, um sinal de cabeça para Jean-Paul.    Tomou o café apressadamente, como ele também fazia, saiu comendo o croissant, mas claro não sem antes dar um pedaço ao vira-lata.
Jean-Paul se levantou, ia sair, quando o Marc perguntou, é verdade que te aposentaram?  
Porra as notícias voam, disse, sim se livraram de mim, eu deles.
Bom para ti, estar livre, podes fazer o que quiseres. 
Ele sempre tinha vivido nesse apto. desde que começara a trabalhar na polícia, primeiro de aluguel, depois comprou quando morreu a proprietária, os filhos queriam vender para repartir o dinheiro. Tinha feito uma reforma no banheiro, cozinha, moderno para a época, já se faziam 10 anos, remodelado algumas coisas.    Mandou trocar as janelas, as portas duplas, com cristais duplos, assim nos dias, que tinha livre podia dormir mais, sem ruídos.
Saiu andando a esmo, sem direção definida, deixando que o cachorro o fosse levando, este ia por ruas estreitas mais abaixo, como se conhecesse o bairro.
comprou algumas coisas, ração, esperou que cheirasse a que mais lhe gostava, comida para ele. finalmente poderia usar melhor essa cozinha que tinha feito com tanto gosto, que saíra tão caro, na reforma.
Sempre que podia, nos dias livres, fazia uma comida especial para si mesmo.
Voltou para casa, abriu todas as portas, janelas, tinha que mandar fazer umas cortinas para a sala, para o quarto pensou a que tinha, estavam velhas.
Por força do hábito, sempre tinha em cima de uma consola no salão um bloco que ia anotando coisas, hábito da polícia, isso era tão velho nele que ia ser difícil perder o hábito, ajudava muito, quando tinha que fazer coisas.
Depois de trocar roupa de cama, colocar o que estava sujo para lavar, como fazia nos dias de folga, se ocupou de separar para um armário na entrada, que quase não usava, os trajes de trabalho, afinal, já não teria que usar mais gravatas, isso sim teria que comprar algumas coisas novas, afinal só tinha duas calças jeans velhas, algumas camisetas. de tarde iria de compras.
Quando pensou em fazer a comida, resolveu sair para a Rua, já que ia fazer compras, resolveu ligar para seu amigo e advogado Claude que vivia em Marais que tinha ficado viúvo recentemente, marcar com ele para comer, assim compraria algumas coisas mais modernas.     Afinal precisava mudar sua vida.
Deixou o cachorro com a Porteira, que era a única pessoa com quem tinha relacionamento no prédio, ela lhe fazia limpeza do apartamento duas vezes por semana, passava sua roupa, lhe avisou que tinha deixado roupa lavando na máquina. pois sabia que ela faria o resto. Ele sempre muito respeitoso com ela lhe chamava de Gertrude, não como os outros que lhe chamavam de Gert. Sabia que ela não gostava.  Fez a mesma pergunta que tinha feito o Marc, a resposta foi a mesma.
Ela meio sem graça lhe perguntou se ainda ia precisar dos serviços dela, ele respondeu claro que sim. ah como os salários de aposentados fica menor. não se preocupe dá para viver.
Na verdade, ele sempre tivera um dinheiro a parte, que sua mãe fazia questão de mandar, que eram os lucros da terra, não eram muito, mas tinham lhe permitido investir, comprar esse apto a vista, não tinha dívidas. Depois gastava pouco, como era solteiro, o dinheiro nunca lhe tinha faltado. Todos os anos comprava um novo traje para inverno, outro de verão, os mais, velhos dava para o marido a Gertrude.  Lhe disse que os trajes que estavam no armário da entrada, ela poderia trazer para seu marido.

Quando ia sair o cachorro o olhou como que dizendo, eu, fico aqui de castigo, tinha o hábito de ao olhar para ele, virar a cabeça em diagonal, que lhe dava uma cara divertida. passou a mão na sua cabeça, disse já volto.
Foi andando até o metro de Abbesses, trocou em Pigalle, foi até La Chapelle, trocou por outro da linha 5, desceu em La Republique, foi descendo pela Rue de Temple olhando as lojas para ver se gostava de alguma coisa.
Se encontrou com Claude, na rue de Rossier, foram comer num restaurante judio, afinal Claude era judeu. por isso vivia por ali. o encontrou elegante, mas magro, vistoso. lhe comentou isso, este respondeu.
 Para ti não posso esconder, sabes que meu casamento nunca foi um mar de rosas, sim um casamento orquestrado pela minha família. nunca quis ter filhos, apesar de ter educado dois sobrinhos de minha mulher.   Agora me sinto livre e solto. quem sabe um dia desses encontro um novo amor.
Foram comentando a recente aposentadoria do Jean-Paul, ele dizendo se necessitasse de seus serviços de advogado já sabia aonde ir.   Claude tinha trabalhando a vida inteira no escritório de seu pai, quando este faleceu, cedeu sua parte a seu irmão, que o queria ver pelas costas, ele ficou com uma senhora renda pessoal, passou somente a atender casos que lhe interessavam. estava levando por exemplo junto com o advogado da mãe de Jean-Paul, o inventario do mesmo.  Creio que tenho uma empresa interessada nas terras disse. me parece incrível isso, depois de tanto tempo anunciadas por lá, ninguém sequer olhou, agora uma de Carcassone, está interessada, para construir como que uma casa rural. os da tua vila tem o prejuízo por causa de teu pai,  andei tentando consultar as documentações de guerra, teu pai, não aparece jamais ligado a Gestapo. Sabes que isso tudo era documentado. Acho muito estranho isso, vou tentar me aprofundar.
Depois o acompanhou a fazer compras, flanava pelas ruas, como que estivesse em sua casa. o mais interessante, que entrava nas lojas, todos os jovens o conheciam. Lhe ajudou a escolher algumas coisas bem modernas, pois afinal ele tinha tido sempre um gosto de um Dândi, na época da universidade era o que melhor se vestia.
Vieram depois descendo até um café perto do Hotel de Ville, zona frequentada pelos Gays, todos cumprimentavam Claude, alguns comentaram sobre algum trabalho etc. Claude sem tom de justificativa disse que a maioria eram clientes dele, que ele se sentia bem ali. deve ser porque no fundo sou gay, os dois riram da brincadeira.
Já se fazia tarde, como era princípio de inverno, os dias eram mais curtos, resolveu ir de taxi para casa, por causa das bolsas, ficaram de se falar. Claude ainda lhe disse, porque não vendes teu apto lá, vens viver por aqui que é mais alegre, tenho dois aptos em venda de clientes, creio que te iriam bem.
Foi para casa, recolheu o cachorro na portaria, Gertrude lhe disse que já a roupa passada em cima da cama,  que ela tinha recolhido os trajes, mas disse são muitos, os que meu marido não queira posso colocar para vender numa loja de segunda mão, repartimos os lucros.
Não, pode ficar com tudo para ti.
Ah depois vou separar os sapatos que me sobram, lhe passo.      Hoje fiz compras de roupas mais práticas para o inverno.
Ela riu, precisas comprar também cuecas, meias, as tuas estão muito velhas.
Ah já comprei algumas.
O cachorro chegou antes dele lá em cima. lhe deu ração, depois tentou ler, ou ver algum programa de televisão. Mas não estava acostumado a estar em casa a esta hora. Colocou a roupa no armário, inclusive as novas, provando todas, para ver se estavam bem.  Apesar dos anos tinha mantido seu corpo magro, até meio seco.
Deu uma olhada nos sapatos,  resolveu que os de verão já compraria outros, colocou todos numa bolsa, principalmente os que usava para trabalhar, ficou somente com as botas de inverno.
Depois ficou pensando na conversa com Claude, de trocar de apartamento, quase falando alto, pensou, até que a ideia não era má pois lhe viria bem mudar tudo. Quem sabe se conseguisse vender a casa da vila, resolveria o problema.
Há que ter tempo de esperar, o tempo passar, pensou, até que me decida o que vou fazer, porque ficar quieto, não vou poder.
Depois ficou pensando à respeito do que tinha dito Claude de seu pai. ele sempre tinha sido como uma ovelha negra na vila, já que os pais não permitiam que seus filhos falassem com ele etc. teve uma vida escolar solitária bem como uma adolescência igualmente solitária. Depois por causa disto, sua mãe lhe fez ir estudar em colégio interno o resto de sua adolescência, juventude depois foi para Paris, estudar direito.
A vila se chamava Saint-Ferriol, pertencia a Languedoc-Roussillon, do departamento de Aude, quando sua mãe morreu tinha 144 habitantes, basicamente velhos, crianças.
Nunca tinha se sentido à vontade por lá, era como se todos lhe olhassem como que dizendo que seu pai era um traidor, agora Claude dizia que acreditava que não.
O Cachorro lhe chamou a atenção, indo até a porta várias vezes, como que dizendo quero sair.  Tenho que me acostumar com isso pensou. Colocou um casaco, pegou sacos de lixo para as necessidades do cachorro, desceu.
Continuou pensando, que era interessante em sendo Claude judeu, ter-se tornado seu melhor amigo, companheiro da época de universidade. Quando lhe contou o de seu pai, ele restou importância, pois tinham passado toda a guerra na Inglaterra, na casa de parentes, ele dizia que não lhe tinha faltado nada, eram parentes ricos, com uma herdade fantástica,
Sentiu como se lhe estivessem seguindo, como tinha deixado o cachorro seguir livremente, não tinha prestado atenção, que a rua estava vazia, meio escura, sequer tinha olhado o relógio para saber as horas. Tão mergulhado estava em seus pensamentos.
Foi quando sentiu uma arma nas suas costa, nisso o cachorro reagiu, quis avançar, uma outra pessoa atirou no cachorro, aproveitou a distração do momento para se virar, mas tudo o que percebeu foi o tiro que recebeu, menos mal foi seu último pensamento, eu me movi, o tiro não me pegara.
Caiu ao chão, sentiu se esvair, lentamente a penumbra, o mais interessante, que sua cabeça funcionava como um policial, como não tinha escutado o ruído do disparo, claro eram profissionais, com silenciadores, a última coisa que ouviu foi como se o cachorro se lamenta-se, chorasse pedindo desculpas, depois somente a escuridão.      

          
German, vinha voltando para casa com a cabeça imensar em sua raiva, as vezes mal contida.  Tinha tido um dia infernal no hospital, pois havia dias que os cabos se cruzavam, como dizia ele. Os pacientes estavam inquietos, nervosos, foi difícil contê-los a eles, e a si mesmo.
Embora o dia tivesse começado estupendo, se levantou como sempre em seu horário, ao descer para o café, encontrou o polícia com o cachorro simpático.  Imagina um cachorro fazer festa para ele, será que não sabia quem era, putz, lá vinha ele outra vez, a brigar consigo mesmo.
A sua infância infeliz vinha sempre à tona. Se chamava German porque sua mãe tinha sido violada por um oficial alemão, ficara gravida. Ela era irmã de Gertrude a porteira. Ele tinha nascido numa vila perdida do norte de França, o dia que sua mãe lhe pegou usando seu vestido de festa, um adolescente, o mandou para Paris, a casa de sua tia, já que lá era a cidade da perdição. Nunca mais quis saber dele.  Sua Tia o criou, educou, ele inclusive fez faculdade. queria fazer medicina, mas o dinheiro não dava, acabou fazendo enfermaria. As vezes pensava sabia mais de medicina que os próprios médicos. Trabalhava, no Centre Hospitalier de Maison Blanche, que não era longe de casa, ficava na rue Hauteville, assim podia ir andando, principalmente quando voltava, sempre para relaxar, olhar os homens que encontrava pelo caminho.  Hoje não vinha em busca de aventuras, estava farto disso, porque nunca ficava com ninguém.             Realmente pensou é difícil alguém me entender, entendo, as vezes sou complicado. como nunca tive nada, quero a pessoa só para mim, o único que veem é um cara imenso, de 1,80 metros, com um corpo em forma, boa aparência. nada mais.
Mas estava farto de tudo, quem sabe o que necessito não seja umas férias, já fazia mais de um ano que não saia de férias, a última vez tinha tentado ir visitar sua mãe que vivia num asilo, mas se recusara a vê-lo, dizia as outras pessoas do asilo que não tinha filhos, era ao contrário de Gertrudes, uma mulher amarga, que tinha passado a vida mergulhada no rancor.                      Tinha herdado dela, essa raiva contida, tivera sorte em ser criado por Gertrudes, como ela não tinha filhos, o acolhera, lhe deu o amor que ele necessitava, até hoje ela era sua melhor amiga. lhe escutava, tentava mitigar a raiva que ele sentia. Quando tinha voltado das férias frustradas, pois tinha indo para a praia.    Gertrudes, lhe disse, deixa sua mãe para lá, tinha sonhos que foram destruídos, nunca se recuperou disso.
Mas foi ela mesma a causadora do que lhe passou, pois quem brinca com fogo acaba sempre se queimando.
Ela tinha vindo trabalhar durante a guerra em Paris, mas não queria fazer trabalho duro, queria boa vida.    Foi trabalhar nos bares de Pigalle, o oficial alemão a tomou por uma prostituta, a violou. Ela ainda pensou que com isso, ele lhe daria uma boa vida, só que nada disso, ele foi destinado ao frente, nunca mais voltou a saber dele. Quando acabou a guerra, lá estava ela com um filho nos braços sendo condenada por ter colaborado com os alemães.    Enfim toda uma tragédia, voltou a sua vila, dizia a todo mundo que o filho era de um oficial francês que morrera na guerra.          Até ele tinha acreditado, mas no dia que o mandou embora, lhe contou a verdade, Não o queria, o odiava, pois ele simbolizava o fim dos seus sonhos de jovem.
É pensou a vida não é fácil, isso ele via todos os dias no hospital, pessoas que não conseguiam encarar a realidade, fugiam a uma loucura, se perdiam nos labirintos da mente.
Mas ele ainda tinha seus finais de semana, quando se vestia de mulher, ia fazer shows em Pigale.     Isto lhe relaxava, ao mesmo, tempo lhe causava problemas. Agora tinha no seu pé um argelino que não passava de um mafioso, que queria uma aventura com ele. Quando tentara agarrá-lo, lhe deu um murro em plena cara, este voou ao chão ficou furioso.   Lhe disse que tomasse cuidado, por isso, este final de semana era melhor não aparecer por lá.
Estava para atravessar a rua, está se cruzava uma mais escura, que descia em forma de ladeira.  Escutou um gemido, como de um cachorro pequeno chorando.  Tirou da bolsa sua lanterna de trabalho, quando viu que era um homem ferido ou morto, não sabia, e um cachorro.      Quando iluminou a cara do homem, viu que era o policial que vivia em seu edifício.    O cachorro também tinha levado um tiro. desgraçados, imediatamente pegou o pulso do policial,  viu que tinha uma pulsação muito fraca, nem teve dúvida, chamou uma ambulância, se identificou, pediu que avisassem a polícia.           Ia se virar enquanto não chegava a ambulância, e a polícia, procurando não mover muito o policial, verificou que a bala tinha atravessado, menos mal pensou, não ficou dentro do corpo, mas ele estava perdendo sangue. quando passou a mão por baixo do corpo viu que a bala estava no chão, a colocou instintivamente no bolso, tirou de sua bolsa sua bata de trabalho, rasgou a parte de baixo da mesma para fazer uma venda, com o resto mais uma blusa de lã que estava na bolsa fez uma almofada para repousar a cabeça, era melhor que ele estivesse com a cabeça protegida.
 Levantou a camisa, viu aonde estava a ferida, envolveu o corpo apertando bem para fazer parar a saída de sangue, possível hemorragia.  Colocou a mão sobre sua boca, viu que estava respirando mais suavemente.  Foi até o cachorro, que o olhou com uns olhos tão humanos, impressionante, tinha perdido muito sangue, a ferida não era profunda, mas podia dar cabo dele, rasgou outro pedaço de sua bata, lhe fez o mesmo pressionando a ferida, para ver se conseguia para a hemorragia.
Nisso chegou a polícia, a ambulância, quase ao mesmo tempo, ele atendeu o policial, lhe contou como tinha encontrado, se identificou, como enfermeiro da Maison Blanche, os enfermeiros, um dele, inclusive o conhecia, disse, só mesmo tu German para se meter numa desta. não vês que isso é guerra de mafiosos.  Iam o colocar na ambulância, deixar o cachorro para trás, nada disso eu vou também, pegou o cachorro no colo, entrou na ambulância, disse ao policial, eu inclusive sou vizinho desse senhor, irei junto, sabes aonde me encontrar.
Quando chegaram no hospital, levaram o Jean-Paul, imediatamente para a sala de operações, ele com o cachorro nos braços, se lembrou de um antigo companheiro com quem tinha tido uma aventura, pediu uma sala para atender o cachorro. Viu que este lhe olhava com uma tristeza imensa, mas sem perder tempo lhe preparou uma transfusão de sangue, desinfetou suas mãos, colocou mãos à obra.  Abriu aonde estava a ferida, ligou as veias que tinham sido separadas pelo tiro, Nisso como um relâmpago em sua cabeça, se lembrou de um detalhe o policial em vez de guardar a bala que estava no cachorro, a empurrou para o esgoto. menos mal que a outra ele tinha escondido.
Rapidamente como estava só na sala, com as luvas tirou do bolso, a envolveu com outra luva cirúrgica, a escondeu, num lugar que ninguém ia notar da sala de operações.  Nisso entrou seu amigo trazendo o que lhe tinha pedido, ajudou a cozer o cachorro, lhe deu uma porção mínima de tranquilizante, colocou um soro, em baixa quantidade, um de criança, assim não correria perigo.   Nisso entrou uma enfermeira chefe, montou um escândalo, pois estavam atendendo um cachorro numa sala de emergência.  German se levantou no alto de seus um metro e oitenta de altura, todo seu corpo forte, a encarou.                      Esse animal salvou seu dono, não podia deixar que morresse. Seu amigo tomou seu partido, dizendo que tinham forrado bem a mesa de emergência, assim era, que não havia nada contaminado, iriam limpar em seguida profundamente o local.
Nisso o policial, apareceu com um detetive, este lhe perguntou diretamente se não tinha visto as balas no local do crime?
Serenamente o olhou diretamente nos olhos, disse, não, estava muito escuro, tudo o que fiz foi tentar salvar tanto o homem como o cachorro.  O detetive com cara de poucos amigos disse, mas não passa de um animal.                                                         German teve que se conter para não dizer, “animal eres tu”, pegou um carrinho pequeno de serviço, forrou com duas camadas de plástico antisséptico, colocou o cachorro em cima, conduziu para fora da sala antes que a enfermeira chefe tivesse uma sincope.  Lhe pediu imensas desculpas, mas era o juramento que se fazia quando se era enfermeiros, salvar, não importa como, disse isso olhando o policial e o detetive, que pareciam sumamente frustrados do animal ter sobrevivido, o mesmo tendo acontecido, com seu companheiro de profissão. Pois nesse momento o médico que tinha atendido, vinha lhes avisar que estava fora de perigo.
Ótimo disse German, ele é meu vizinho de apto, o conheço pouco, apenas sei que é da polícia, como sendo polícia, tudo fará para encontrar seus assaltantes, não é detetive.
Este o olhou com uma cara de poucos amigos, deu seu cartão ao médico, lhe disse que assim que a vítima estivesse lúcida, pronta para falar que lhe avisa-se.
Ficou totalmente irritado, seu sexto sentido dizia que daí, viria problemas.       Depois do que tinha visto o policial fazer com a prova, o melhor que fazia era avisar Gertrud, que fechasse bem a porta do edifício.      Lhe telefonou, esta estava agitadíssima, pois dois homens tinham entrado a força no apto de Jean-Paul, revirado tudo.                Bom para lá não se pode levá-lo pensou. Ele tinha uma pequeno apartamento, não muito longe dali que era aonde tinha seus encontros amorosos, nunca os levava para sua casa, pois não queria ofender a Gertrudes.  Esta ainda estava falando, lhe avisou o que tinha acontecido, lhe disse que chamasse os companheiros de Jean-Paul, que eram de outra delegacia.
Pediu para seu amigo vigiar o quarto do Jean-Paul, foi até a sala de novo, pegou a bala, a escondeu em sua calça outra vez. E com o cachorro nos braços, foi até o apartamento o deixou sobre um pequeno sofá, trocou de roupa.                  Ele tinha um pequeno esconderijo, aonde guardava seu dinheiro, pequenos furtos que fazia dos homens com quem fazia sexo.
Colocou na frente um móvel pesado para disfarçar, voltou ao hospital. Quando estava chegando, viu que saiam de uma lateral, uns policiais com mala cara,  se enfrentavam aos outros amigos de Jean-Paul, como agora estava de cabelos soltos, pois os tinha muito largo, parou para acender um cigarro, mas de uma maneira com que eles não vissem sua cara, ficou escutando a discussão.
Os mal-encarados, chamavam Jean-Paul de traidor, pois quase tinha denunciados a eles ao fiscal. Os outros o defendiam. chamando-os de corruptos, ainda lhes diziam, já sabemos que estivestes na casa dele. nesse momento a equipe forense está tomando todas medidas na casa.
Era mentira pois o Inspetor chefe alegava que ele já não era policial, que não tinham que fazer isso, o mais crítico de todos, que escutou o outro se dirigir, um tal de Diego Massa, disse que tinha chamado o fiscal, este tinha dito que como os papeis ainda não estava assinados, que ele era sim policial, mandou uma equipe de forenses estatal.
German entrou rapidamente no hospital, foi falar com seu colega que disse, meu deus como gostas de confusão garoto.
Imagina que quiseram esses policiais de negro, transladá-lo para outro hospital, na certa para matá-lo.
Há alguma coisa de podre nessa história, pela maneira como abordaram o médico, este se negou a movê-lo daqui a prepotência, não sei não, à algo de errado.
German perguntou a que horas sai do trabalho?  
Dentro de 15 minutos, por quê?
Podias me ajudar?
Não me diga que estas pensando em tirá-lo daqui? 
Sim exatamente isso sabidão.  Sei que tens o carro na garagem do edifício, podíamos levá-lo até lá e de lá ao meu apartamento que já conheces bem, lhe deu um aperto no sexo.
Este ficou excitado no ato. ok. mas ninguém pode saber que eu te ajudei. Entrou por uma porta, saiu com uma bata do hospital, vista, veja se consegue tirá-lo do quarto. foram até lá.
Viram que este ficava na frente do elevador. mas o problema era que havia uma enfermeira no local.      Espera vou chamá-la pelo telefone, ela tem uma aventura com um doutor que está, na mesma planta, mas do lado oposto.
Enquanto eu chamo o elevador, tu trazes uma maca, o transportamos.  Menos mal que sou só eu que gosto de confusão. Assim fizeram, German anotou mentalmente os medicamentos que o médico tinha receitado, a anotação de como tinha sido a operação, a possibilidade de ter problemas de mobilidade na perna, que teria que fazer fisioterapia imediatamente.  
Fácil pensou German.
Seu amigo Marcel, desceu como um louco pelas escadas enquanto ele rezava para que o elevador não se abrisse em nenhum andar.     Marcel tinha o carro justo no subsolo, estacionado muito perto da porta de saída.
Foi fácil entre os dois, abaixarem os assentos traseiros, o colocarem com maca, tudo dentro do carro.
Partiram chispando, de lá.
Como vais cuidar dele?
Vou me organizar com minha tia, ufa não posso.   Pois assim ela, descobriria que tenho outro apartamento, para encontros, não ficaria bem. 
Marcel tinha a solução, eu entro de descanso hoje, fico com ele lá, tu vais compras as medicinas, mas bem longe daqui, pegas o meu carro, vai pelo menos do outro lado da cidade. eu estou de folga dois dias. posso ficar durante o dia enquanto, estas trabalhando. Nem se preocupe, eu tenho férias para tirar, invento que a filha da puta, da minha mãe está mal, que tenho que ir. Mas terei que ir até em casa para não levantar suspeitas.
Assim fizerem, como Marcel já conhecia o edifício, encostou de tal maneira na porta, que quem olhasse não via entrar alguém.  O apartamento, era térreo, assim não tinha que subir escadas. Para não levantar suspeitas, levarei o cachorro para minha tia cuidar, assim posso dizer que somente trouxe o cachorro, nada mais. Afinal eles me viram saindo com o cachorro de lá.
Enquanto Marcel colocava Jean-Paul na cama, ele saiu rapidamente para comprar as medicinas. foi até o Rive-gaúche, encontrou uma farmácia aberta, comprou o necessário, para limpeza, ataduras, os remédios.
Deixou tudo com o Marcel, lhe deu um grande beijo na boca, se foi com o cachorro nos braços, chamou um taxi, o levou para casa.  Sua tia lhe contou que a polícia do estado tinha estado lá, ficaram horas, revirando o apartamento, deixou o cachorro com ela, subiu. 
Como seu apto era em frente ao outro, viu que ainda tinham duas pessoas dentro falando.
 Um dizia ao outro, aí tem, creio que tentaram eliminá-lo, pela tal histórias de suborno do chefe da delegacia. esses policiais que acudiram aqui, rebentaram tudo, estão no meio da coisa. Não saberemos o que procuravam até que ele desperte.
Nisso tocou o telefone, um deles começou a falar agitadamente. depois desligou, disse ao outro temos que ir para o hospital, pois ele desapareceu, ninguém sabe como, o puto hospital é velho, não tem câmeras de segurança, para filmar, podes com isso, depois falam da segurança nos hospitais, grande merda.
German fez que estava subindo a escada, quando eles saíram, ele chegava em cima, lhe perguntaram quem era, ele com a chave na mão se identificou como morador do apto.
Porra, esses vão me identificar rapidamente como quem socorreu, logo irão por min. Viu que estes colocavam uma serie de fitas na porta para vedar, como se isso fosse significar alguma coisa.
Pegou seu celular, chamou a sua enfermeira chefe, lhe contou a história que tinha inventado. Tinha contado a esta que sua mãe nas férias passadas não queria vê-lo, mas que agora na porta da morte pedia pelo amor de deus, para ir até o asilo que ela estava.
Claro, sem problemas, aviso alguém para te substituir, que descontem de tuas ferias ok.  
Perfeito, agradeceu muito a compreensão.
Fez uma mochila como se fosse sair normalmente, pegou dinheiro, desceu, falou com a sua tia, que contasse a mesma história, disse melhor tu não saberes de nada, assim não vais mentir quando te perguntarem.  Terei pelo menos que explicar ao teu tio o que faz esse cachorro aqui.       Eu se fosse a senhora, o deixava no quarto das coisas de limpezas. assim ele está protegido, a sra. também.     Basta fingir que esta limpando algo, dê-lhe agua, estes comprimidos, os triture, coloque na agua ok.
Deu um beijo na tia, disse não se preocupe.
Quando chegou Marcel estava nervoso, porque a enfermeira chefe tinha lhe chamado ao celular para falar da confusão que estava no hospital. queria saber se ele tinha visto alguma coisa.
Ele disse que não, que estava saindo de Paris, para aproveitar seus dias de folga, que estaria esses cinco dias fora da cidade.
German lhe contou o que tinha ouvido, no apto de Jean, que já tinha falado com sua chefe, está tinha concordado que se ausentasse para socorrer sua mãe.  German ainda disse, pelo menos essa tem que servir para alguma coisa.
Escuta Marcel, creio que o melhor é isso, tu sairés da cidade, porque como sabem aonde vais, podem fiscalizar.
Só faça uma coisa, passe num lava carro na saída da cidade, de uma boa lavada na parte detrás de teu carro. assim borras qualquer coisa.
Não preferes que eu fique aqui contigo disse o outro?
Não Marcel já me ajudaste muito, não quero te comprometer mais do que devo.
Seria até bom que ele despertasse, não te visse, porque assim, não estarás ligado a nada. ok. qualquer coisa só me ajudaste com o cachorro, me viste sair com o mesmo nada mais.
Ok. mas eu gostaria de te ajudar. 
Já o fizeste muito, obrigada.
Ele sabia o que o outro queria, mas não era o momento. Já nos veremos depois de tudo se acabar para comemorar ok.
Marcel saiu, lhe deu um beijo na porta, voltou para dentro.
Sabia que Jean-Paul despertaria dentro de breve, tinha que lhe perguntar em quem podia confiar, chamar para protege-lo.
 Jean-Paul foi se despertando, confuso, tudo o que recordava era a sensação de cair, depois que lhe moviam várias vezes.
Abriu os olhos devagar, era como se estivesse numa alcova de mulher, não sabia aonde estava, quando se moveu, viu a German que estava dormindo numa Berger, ao lado da cama.     Tossiu, este abriu os olhos, olá disse, não se assuste que já te explicarei tudo.
A cara de interrogação de Jean era interessante. Ele nem era bonito, mas sim interessante, sério, pensou German.
Lhe contou o que tinha acontecido, como o tinha encontrado na rua, socorrido, a ele e ao cachorro, que tinha ele mesmo operado o cachorro, estava com Gertrudes,  que seu apto, tinha sido destruído. Creio que estavam buscando alguma coisa?
Tudo que disse foi, idiotas, creem que eu iria guardar alguma coisa em casa, esta é na caixa forte de um banco.    Não sou tão louco assim, aonde estamos realmente.
Este é um outro apto que tenho, como ninguém sabe dele, achei melhor te trazer para cá.
Mas como?
 Isso é melhor tu não saberes, porque poderia envolver pessoas que simplesmente ajudaram.
Lhe deu a medicação que o médico tinha anotado.
 Ele segurou sua mão, disse obrigado. Nisso foi adormecendo, sem soltar a sua mão, como se tivesse encontrado um porto seguro, lançado ancora .
German se levantou verificou a rua, pois sempre o fazia, para que os seus amantes pudessem sair sem ser vistos.    Viu que não havia movimento nenhum na rua, trancou bem a janela, colocou atrás da porta um móvel, qualquer coisa ele despertaria. 
O apartamento, tinha uma outra saída pela cozinha que ia dar num passadiço estreito, saia na outra rua.
Examinou a geladeira,  não havia muita coisa por la. Há não ser água, cerveja, vinho, alguma coisa de queijos, mais nada.  Quando amanhece-se, iria comprar, não ali perto para chamar atenção.    Tinha se esquecido de perguntar por algum amigo que pudesse ajudar.             Olhou as suas coisas, nas não descobriu nada.       Tinha tido o cuidado de colocar seus pertences pessoais dentro de sua grande mochila.    A roupa tinha ficado no hospital.
Ele voltou a despertar lá pelas 5 da manhã, querendo urinar, ele lhe ajudou. Pediu que não se mexesse muito, trouxe uma pequena bacia para fazer as vezes de urinol, a dormir não sem antes dizer obrigado.
Lá pelas sete da manhã, despertou, lhe deu medicamentos novamente, lhe avisou que ia sair para fazer comprar, voltaria logo.  Colocou uma roupa meio diferente, uma camisa preta em cima de uma calça normal de jeans, deixou os cabelos soltos, eram imensos, assim lhe tapariam a cara.     Pegou uma outra mochila, na verdade adorava as bolsas. Saiu pela traseira assim, poderia andar em outra direção, sabia que tinha um mercado familiar que era de  Argelinos, mas gente boa.
O pai e o filho estavam repondo mercadorias, a mãe estava no caixa.  Comprou coisas para fazer tipo comida rápida, pois o fogão nesse apto era pequeno.      Depois passou numa padaria, comprou pães e croissants, alguma coisa de frios, bebidas.
Quando voltou Jean-Paul, tinha conseguido se recostar na cama, estava examinando o quarto.  Lhe disse que ia limpá-lo, trocar as ataduras,  explicou, que era enfermeiro, que estava acostumado a fazê-lo.  Desinfectou bem outra bacia,  colocou água com um produto desinfetante.  Lhe tirou a roupa com que estava, viu que ele ficava constrangido, disse não se preocupe, estou acostumado a isso.  O limpou bem, refrescou, lhe colocou um camisa grande sua, uma cueca  que também, ficavam grandes, mas tudo bem. Depois tirou, as ataduras, examinou a ferida, viu que já começava a cicatrizar, para um leigo isso seria difícil, mas quem estava acostumado, pela cor, outros pequeno detalhes se via que a coisa andava.
Lhe perguntou sobre se devia se comunicar com algum amigo?
 Ele respondeu com outra pergunta, não tens que ir trabalhar?
 Lhe contou como tinha se virado.  Ah disse, da rua telefonei a Gertrudes, ela me disse que o cachorro está se recuperando bem.
Menos mal esse vira-lata me salvou, isto que eu o ganhei de presente outro dia.  German foi até a sala, buscou mais almofadas, preparou um encosto bem confortável, para ele.
Lhe agradeceu sorrindo, disse, puxa nunca ninguém cuidou de mim, vou ficar mal acostumado.
Estendeu a mão formalmente, disse Jean-Paul.
O meu é German.  Nunca tinha se falado mais que bom dia  ou boa noite, quando se encontravam.
Sabia dele pelos comentários da tia Gertrudes, essa nunca tinha visto ele trazer mulher nenhuma para dentro de casa.
Nos jornais, traziam uma entrevista do fiscal, falando do que tinha acontecido, que imaginava que ele estaria se protegendo.
Não tens televisão aqui?    
German disse que não, porque além de não viver ali, nunca tinha tempo para isso.
Creio que tenho um rádio no banheiro, abriu  a janela, que dava para um pátio de luz vazio, foi até o banheiro, encontrou o rádio, a pilha ainda funcionava, lhe perguntou em que estação coloco porque na verdade eu nunca escuto. nem sei quem deixou isso aqui.
Jean Paul, quanto ao que você me perguntou, as duas únicas pessoas que eu poderia chamar, também prefiro deixar de fora porque a estas alturas estarão sendo vigiadas, prefiro não envolvê-las, a partir que não sabem nada.
Eu pensei que tinham ficado contentes em me despedir, mas daí a tentar me matar é outra coisa, vamos ver como se comporta esse fiscal, se for correto, entrego a ele os documentos, que estes estão procurando.
German, preparou uma sopa instantânea, lhe pediu desculpas, lhe deu de novo os medicamentos. 
Depois de comer, adormeceu novamente, ficou como que  procurando a mão de German na cama, quando este lhe deu, adormeceu. Que coisa mais rara isto.
No dia seguinte falou novamente com sua tia, está lhe disse que o carro com vigilância continuava na porta do edifício, isso que vários moradores da rua já tinha reclamando.
Idiotas pensou, perguntou pelo cachorro, esta disse que já ficava de pé, tinha comido.
Ufa menos mal.    Lhe disse para comprar ração, lhe dar um pouco de sal junto.
Fez compras, ligou para Marcel, este disse que tivera sorte, pois a polícia tinha entrado em contacto com ele, para saber se tinha visto alguma coisa.       Disse, aonde estava, curtindo uns dias de folga.
Pensas em tudo disse German.
E o enfermo?
Vai tudo bem, não se preocupe.
Durante uns dois dias foi assim, até que desapareceu das notícias do jornais.
Tia Gertrudes, comentou, que o carro já não estava mais lá, que nos jornais da televisão já não se falava no caso.
Quanto lhe contou Jean-Paul estava sentado na Berger, ficou algo contente. Bom então agora vou te pedir um favor, lhe deu um número de telefone, disse, chamas esta pessoa mas de um telefone público, bem longe daqui,  lhe diz o que aconteceu, que estou bem, que ele consiga falar com o Fiscal, quais são as possibilidades. Nada mais que isso, quais são as possibilidades, ele entendera o que quero dizer.
Ele saiu como sempre pela traseira na primeira hora da manhã, pois sabia que não havia muito movimento. só para se tranquilizar deu a volta no quarteirão, para ver se havia alguma coisa esquisita, ou alguém vigiando o apto.
Tomou um taxi, foi até a Place de la Republique, de uma cabine telefônica, chamou a Claude, o advogado. Lhe comunicou tudo, disse que Jean-Paul estava bem, lhe comentou tudo o que este mandara dizer.  Claude perguntou se podia vê-lo, ele respondeu que ainda era cedo, que Jean esperava a resposta do que tinha dito para saber que caminho tomar.
Tudo que Claude disse então foi, tome conta dele que é uma pessoa maravilhosa, não merecia isto que está acontecendo.
Diga-lhe que já andei sondando se o fiscal tem rabo-preso com algum político ou com a polícia, estou esperando resposta.
Me telefone amanhã a mesma hora, hoje irei agir.
Aproveitou que estava por ali, foi a algumas lojas de argelinos comprou umas calças jeans para ele e para Jean, camisetas sem estampas, para não chamar atenção.  Lhe comprou também um tênis, mas tudo impessoal, cuecas, meias também.
Quando voltou viu que ele tinha tomado banho, limpado ele mesmo a ferida, que já estava bem cicatrizada.
Lhe comentou o que disse Claude, este respirou mais tranquilo.
Menos mal que me trazes roupa, as tuas são muito grandes para mim.         Obrigado, depois me diga quanto de devo ok?
German riu, nada, só movimentaste minha vida chata, que até esqueci dos meus problemas tontos. Isso prova que não devo dar tanta atenção a eles.
Jean lhe perguntou quais eram os problemas, ele sem querer se viu contando basicamente sua vida.
Jean lhe disse, imagina, eu tenho basicamente os mesmos problemas, lhe contou de seu pai, de porque tinha abandonado a vila a tanto tempo. Tens razão vivemos amargados por isso, não tocamos nossas vidas para frente.
Jean disse, deixa que eu preparo algo para comermos, porque já estou farto de não fazer nada, com o que tinha lhe preparou o jantar.
Estiveram falando de suas vidas até mais tarde.    Lhe perguntou aonde tens dormido todos esses dias?
German disse, no sofá da sala.
Puxa ele é muito incomodo, tua cama é grande, porque não dormes nela, eu não ocupo tudo.
Não quero te incomodar, disse German, tinha era medo de se apegar a Jean, que pudesse acontecer algo entre eles.
No dia seguinte fez o mesmo caminho só que em direção a Rue de Belleville, assim tinha outra direção.  Estava ficando esperto, fazia isso sem que Jean-Paul dissesse nada.
Claude disse, consegui falar a sós com o fiscal, ele tem um certo receio dos policiais, pois diz que são muito brutos, que tem políticos metidos no meio. Que ele iria falar com um Juiz que  lhe parecia mais honesto, já diria algo.
O negócio disse é que não existe sequer nenhum casquilho da arma que usaram, a Polícia disse que não encontrou nada, se você pelo que acho, seja o enfermeiro que lhe ajudou também disse que não viu nada, isso é sinal que não existem provas.
Creio que sim que existem duas provas, uma o que tentou matar o Jean, deve ter uma mordida de cachorro, pois nos dentes do cachorro , existiam pedaços de tecido.   Depois eu guardei a bala que atingiu o Jean, quanto a que atingiu o cachorro, lhe disse que o policial que tinha aparecido, tinha chutado para o bueiro.
Lhe deu a exata localização do lugar da tentativa de assassinato, e a do bueiro. quem sabe como não anda chovendo, se ainda não está lá.
Me telefonas amanhã.    Mais uma vez obrigado, por isso. Diga ao Jean, que ouvi uma entrevista na rádio, os dois companheiros dele que fora aposentados, como ele, acreditam que a própria polícia está metida nisso.
Quando chegou o final de semana, no domingo muito cedo, os dois se vestiram, German fez um rabo de cavalo, Jean-Paul, colocou um óculos escuros, como tinha emagrecido, se vestiu todo de jeans, colocou um boné, assim não se pareceria com a pessoa que estavam acostumados.
Saíram por detrás, foram andando até encontrar um ônibus para La Gare de Saint-lazare, de la pegaram o metro até Rennes.  Lá Jean-Paul, falou com Claude.
Este ficou eufórico, queria vê-lo imediatamente.
Tens certezas que não estas sendo seguido estes dias?
Tenho tentado funcionar como nos filmes. Mas a verdade, é que a polícia, sequer falou comigo. faço o seguinte, vou até o meu escritório, de lá saio pela garagem com o carro pequeno que tenho por lá. ok.
Marcaram no café aonde estavam, ele senta-se em outra mesa, assim poderiam ver se estava sendo seguido ou não, caso tudo estivesse bem, trocariam de café.
Tudo correu bem, Claude chegou, se sentou, pediu um café, ficou olhando para o outro lado, embora já tivesse localizado seu amigo. German, eles não viram nada diferente, nenhum carro ou pessoa tinha seguido Claude.
Dali foram até outro café restaurante, conversaram. Claude ficou encantado com German, pelo seu tamanho, como se comportava.  Lhes contou que o fiscal tinha ido com uma equipe vistoriar o tal bueiro, tinham encontrado a bala, já estava na balística. German lhe entregou o pedaço de roupa, com sangue, dizendo que podia ser do criminoso, tudo dentro de bolsas de plástico.  A outra bala, tinha resolvido deixar aonde estava.
Mais tarde enquanto almoçavam tocou o celular de German, quando este atendeu escutou a voz de Marcel muito mal, este disse que tinha levado uma surra da polícia, para lhe contar aonde estavam. Não tinham acreditado nele, portanto estavam atrás dos dois, o melhor seria saírem da cidade.
Já entendi, lhe contaste da minha casa, perdão, mas tinha que te avisar. estão indo para lá.  Claude, telefonou imediatamente para o Fiscal lhe deu o endereço, aonde estava a outra bala, para que este chegasse antes da polícia.
Agora para aonde pensou German? 
Olha disse, Claude, eu tenho um apartamento, que alugo mobiliado em Saint Germain, na Place de Fustemberg,  vocês podem ficar lá. Venham comigo, eu vou até o meu escritório, pego as chaves, vocês, ficam com esse carro porque tenho outro. Esse era da minha mulher.
Quando chegaram no apartamento, ficaram mais tranquilo, pois ficava de frente, ou seja, era fácil vigiar qualquer movimento, era um segundo andar, além de ser um lugar tranquilo, qualquer movimento suspeito se poderia ver.
Enquanto esperam que Claude fizesse umas compras, este além de tudo, trouxe dois celulares, para que eles pudessem falar entre si.
O fiscal avisou a Claude, que tinham tido sorte, entrado no apto, uns vinte minutos antes que chegasse a polícia. O ex-chefe de Jean-Paul lhe tinha ameaçado, o fiscal gravou a ameaça.
Agora já tinham provas, os policias da Interpol levaram o chefe de polícia preso, este fez um escândalo, mas já todos sabiam que eram favas contadas.  O Jean deu ao Claude para que passasse ao fiscal o nome dos outros policiais, mas estes já tinham sido presos também, porque a Interpol  tinha provas contra eles também, fazia muito tempo que vigiavam a esta delegacia em concreto por estar ligada a máfia argelina.
Jean disse que entregaria ao fiscal, ao Juiz os documentos que ele tinha guardado, que ia reclamar do estado francês. uma indenização por abuso de autoridade.
Em qualquer caso resolveram ficar mais uns dias no apartamento de Claude, esse tinha televisão, viram o escândalo armado pelo policiais, a televisão não parava de falar no assunto.    A Interpol tinha aproveitado para pôr mão em cima do pessoal da máfia argelina também, a coisa era feia.  German não disse nada, mas o tal cara que ele tinha dado a porrada, estava entre os presos.  Ele não tinha comentado com Jean-Paul da sua vida dupla, teria que o fazer, pois quando isso fosse à tona poderia ser um problema para ele.
Depois que o Claude se foi já quase de noite, resolveu lhe comentar. 
Jean disse, eu vi teus vestidos no armário, imaginei isso mesmo. Não te preocupe, me dá igual quem sejas, foste a única pessoa que me ajudou, colocaste tua vida em perigo por minha causa, isso me basta.        Já vês que só tenho ao Claude de amigo, ele também me aceitou, imagina que quando nos conhecemos, ele um filho de judeu perseguido, eu filho de um colaborador nazista,  mesmo assim me aceitou, foi sempre um grande amigo.       Sua mulher era a única que não gostava muito de mim. mas como já morreu, que descanse em paz.
Lhe apertou a mão, disse, foi essa mão que usei como ancora quando estava mal, numa mão dada não se cospe.
German se atreveu a perguntar se ele nunca tinha tido nenhum romance?
Jean-Paul disse, nunca deu certo nada, creio que eu não era um amante muito bom, não duravam muito, creio mais por culpa minha, pois na verdade não creio que tivesse amado alguma vez.
Jean-Paul pediu que Claude arrumasse alguém para limpar seu apartamento dos escombros, mudar a porta.  Tinha pensado bem creio que realmente devo mudar minha vida.   Queres alugar por enquanto este apartamento para mim. 
Alugar, Claude fez um escândalo, eu te empresto até que vejas algum em condições.
Olha, porque não aproveitas, vês o que te disse, do meu cliente,  perto da minha casa, fica num lugar tranquilo apesar de estar em Marais.    Era o número 2 da rua de Braque, uma esquina, era um último andar, amplo, com 3 quartos, dois banhos, dois bons salões, uma cozinha boa.
Quando foram ver, Jean-Paul, disse, mas que vou fazer com tudo isso. Quem estava maravilhado com o apartamento era o German, puxa eu sempre sonhei com algo assim. Na verdade nenhum dos dois que tenho são meus, que fica em frente ao seu, é menor, é apenas um studio, o outro você sabe como é eu o aluguei assim de uma amiga que era puta, se casou, mas mantém o apartamento, pois não sabe como lhe ira a vida.
Enfim se podes comprar, creio que deves.
Ue disse o Jean-Paul, porque não vens viver aqui comigo, eu já me acostumei a ti nesses dias turbulentos, creio que posso aguentar tuas loucuras.
Não creio que seja uma boa ideia Jean-Paul, me conheces como German, a uma outra parte da minha vida de que apenas tens uma ideia. embora seja verdade que todos esses dias, nem senti necessidade dessa parte da minha vida. 
Claude ria, gente  vocês parecem um casal que quer se casar, mas não sabem que fazer da vida.
Jean-Paul ficou com a cara vermelha, não disse nada. 
Olha Claude, acabaras mesmo sabendo, eu durante a semana sou enfermeiro, mas no fim de semana me divirto fazendo shows de travesti, sou uma pessoa solitária, os romances não me vão bem.    Crés que mesmo assim devo dividir apto com Jean-Paul?
A sinceridade de German tinha batido na cara do Marcel, este parou para pensar, disse, eu sim viveria contigo, sendo sincero como es teria inclusive um romance contigo. Venha cá meu amigo, deu-lhe um abraço forte.
Bom você Jean-Paul, que tem que decidir, o teu dinheiro já foi liberado, podes bem comprar este, vender o outro.
Se fizéssemos o seguinte, German, arrumamos o outro, passas a viver nele, vens para cá quando quiseres, sempre es boa companhia, poderíamos sair os três, fazer programas, porque eu não pretendo voltar a trabalhar, estou tendo umas ideias loucas na minha cabeça.
Agora que já estavam todos presos, apesar do cuidado, estavam saindo, foram até o apartamento para olhar como tinha ficado, as providencias para arrumar, na verdade, tinham quebrado a porta os moveis, nada mais.   A questão era trocar os moveis, arrumar a cozinha. Quando chegaram na casa de Gertrudes, o cachorro veio até a perna de Jean-Paul, se encostou, lambeu a mão de German como querendo lhe agradecer o que tinha feito por ele.
German examinou a ferida que já estava cicatrizada, embora se notasse que mancava um pouco da pata que tinha levado o tiro.
Jean-Paul, perguntou a Claude se o poderia levar para o apto de Saint-Germain enquanto decidia o que fazer.  Claro, creio inclusive que mais duas pessoas no edifício tem cachorros.
Jean-Paul, agradeceu muito a Gertrudes por tudo, lhe deu algo de dinheiro que sempre lhe viria bem. Esta disse que como seu marido ia se aposentar, estavam pensando em voltar para  sua vila aonde tinham uma casa fechada.  German disse, mas tia, lá tudo é tão chato, aqui tens tudo.
Isso é verdade, mas terei que entregar o apto.
Porque não vens até a minha vila, olham a casa que tenho no sul, que tem uma temperatura mais agradável para vocês. Vamos fazer o seguinte. Terei que ir por alguns dias a vila, vocês poderiam vir comigo, se gostam, vocês podem sempre ir pará-la, a casa é imensa.  O problema que não tenho ninguém para pedir que arrume a casa. teremos que limpa-la nos mesmo.       Terei que alugar um carro grande e vamos.
De noite o German sentado num sofá disse, porque queres fazer tudo isso, não tens por que nos ajudar?
Espera disse Jean Paul, eu não estou ajudando, você me demonstrou ser meu amigo, sua tia Gertrudes foi sempre uma pessoa fantástica comigo, agora com o meu cachorro.    Porque  não vou querer vocês perto de mim. Nada a ver, eu não tenho ninguém na vida, nem para deixar essas coisas, então é melhor que todos desfrutemos disso, não acha?
No dia seguinte German voltou a trabalhar, foi um sucesso, pois todos vinham falar com ele.  Tinha trazido uma carta do fiscal dizendo que estivera ausente porque estava prestando um serviço a Interpol. A enfermeira chefe que não gostou de ter sido enganada, queria descontar os dias como férias. German disse, faça como queiras, se queres posso pedir a Interpol que te investigue também.   Sua vida voltou a rotina, na sexta-feira tinha marcado de jantar com Jean Paul e Claude.               Não queria confessar, mas estava sentindo uma puta falta do Jean, mas não queria se apaixonar por ele, principalmente porque não sabia qual era a dele.
Se arrumou, foi se encontrar com eles, iam comemorar a compra do apartamento de  Marais, afinal Jean Paul tinha se decidido.
No jantar, que foi num lugar escolhido por Claude, era um restaurante de ambiente gay, Jean Paul não parecia incomodado com isso.  O dono do restaurante conhecia German, veio cumprimentar. 
Depois o Jean Paul lhe perguntou de aonde o conhecia?
 Sua irmã está internada lá no hospital, sempre sou eu que lhe atende.
Ah, disse Jean, pensei que tivesse sido amante teu. 
Nem pensar. tenho bom gosto, mas nada dá certo.
Ai lhe perguntou que dia tinha livre?
German perguntou por quê?
Tenho que comprar moveis para o apto, pelo que vi do teu pequeno tens bom gosto, poderias me ajudar.
Ok. eu tenho o final de semana livre, só volto a trabalhar na quarta-feira.
Então porque não ficas comigo, amanhã vamos de compras.
Claude, me colocaram para escanteio.
Ue venha se quiser. 
Não posso tenho que ir almoçar amanhã com meus sobrinhos, já me comprometi a dias, eu não entendo nada disso.
Depois de jantar, estiveram sentados numa varanda coberta, aonde o pessoal que ia para a noite passava para tomar um copo.
Muita gente vinha falar com German, este ficava observando Jean, como se comportava.  Alguns tinham visto a notícia no jornal, televisão, o elogiavam, tu sempre foste corajoso.
Jean dizia que sim.
Claude tinha na sua mochila alguma coisa de roupa, resolveu dormir em Saint Germain, na casa de Jean.
Cada um deu boa noite ao outro, foi dormir, o cachorro que começavam a chamar de chucho, ficou olhando para saber aonde devia se dirigir, muito sábio arrastou a manta na qual dormia para o corredor.
Mas de manhã estava dormindo, aos pés da cama de German.
Foram comprar os moveis ou melhor andar pelas lojas, porque Jean, percebeu German era meio indeciso. Evidentemente o gosto de German era mais o gênero grande Maison, Jean Paul mais simples, acabaram encontrando uma loja simpática, com um senhor judeu a porta, eram moveis antigos.
German logo gostou de um jogo de bergeres,  um sofá a jogo, separaram, depois encontraram um aparador muito bonito, antigo com os pés de madeira, tipo pés de animal, o mármore em cima era verde, encontram um espelho que poderia ficar bem, isso colocariam no hall de entrada.
Puxa disse Jean Paul, creio que na casa da minha mãe sobram moveis assim, mas esses quebraram um galho.
Precisava de roupa de cama, para os dois quartos que tinham montado. deixou que German escolhesse, tudo branco, pois era mais fácil segundo ele, umas colchas muito bonitas, edredons é  claro, afinal o frio estava chegando.
Foram almoçar, German fico preocupado, pois Jean Paul estava muito calado. que te passa?   
Bom estou pensando o que vou fazer dessa casa do sul, se fosse só a casa bem, mas tem as terras que ficam junto, estão abandonadas, se fico com ela terei que me enfrentar a gente da Ville, motivo pelo qual minha mãe me afastou de lá.        Contou, que quando começaram a abusar dele na escola, por causa de seu pai, sua mãe o tinha mandado a um internato,  ele só saiu para vir estudar em Paris.
 Voltara lá quando a mãe morreu, era ela que vinha sempre a Paris, por alguns dias com sua amiga.     Ele na verdade nunca tinha vivido em família com ninguém.   O único amigo que tinha tido tinha sido Marcel, que conheceu na faculdade.
Ue, se queres, tenho um mês de férias, estou farto do meu trabalho, como queres levar meus tios para lá, poderíamos falar com o Marcel, quem sabe ele vem junto.
Ah, isso e verdade o Marcel tem que vir junto, porque tem muita coisa que ver, para inventariar. eu sou o único herdeiro, mas há que inventariar tudo para pagar os impostos.
Falando no diabo, este chamava pelo celular para saber aonde estavam, já estava livre dos seus sobrinhos, que tal um café.
Marcaram no mesmo café perto da casa nova, em Marais, na Rue des Archives, ficaram conversando, Jean Paul comentou com ele, o que tinha pensado em fazer, se ele não queria vir junto.
Iriam na próxima semana, assim daria tempo dos tios se organizarem, German pedir as férias.
Ótimo, disse Marcel, assim eu posso organizar toda a papelada que tenho que levar, fazemos uma coisa. Iremos de trem até Carcassonne, que é a Capital administrativa do Aude aonde tenho que dar entrada nesses papeis,  nada melhor que fazer isso pessoalmente, de la alugamos dois carros, para irmos para Saint-Ferriol. ok.
A ideia agradava a todos. Teríamos que ver o horário do trem, se dá tempo de chegar ainda com a administração aberta, ficar para visitar Carcassonne que vocês não conhecem, dormimos lá, no dia seguinte iríamos para S.Ferriol, porque é melhor chegar de manhã.  Teríamos sim que fazer compras de supermercado em Carcassonne para levarmos o essencial. Devemos ter que comprar geladeira, gás etc. porque a casa está fechada desde que minha mãe morreu.  Chamarei a sua amiga, pedirei para ver se pode arrumar alguém para nos ajudar a limpar a casa pelo menos aonde ficamos. 
German perguntou, que quer dizer isso. bom a casa tem pelo menos uns 20 quartos, não sei quantos banhos, salas que eu me lembre tem umas quantas, biblioteca, tem uma cozinha imensa, aonde eu passava a maior parte do tempo.  Depois tem a casa do administrador, que é grande também, tem três quartos, dois banhos pelo que eu me lembro, pois costumava passar dias inteiros la brincando com sua filha, uma cozinha grande, um grande salão. depois tem as cavalariças que devem inclusive ter caído, de tão antiga que são.
Imagina que quando fui ao enterro da minha mãe a única coisa que fiz, foi me sentar na varanda com sua amiga, ela falou, falou, mas se me perguntas o que, não sei, não prestei atenção, depois vim embora no mesmo dia.
Sequer entrei na casa, nem fui a vila, aluguei um carro em Carcassonne, fui e voltei de lá mesmo.
A casa tem uma vista bonita, porque em direção a arvore aonde ela está enterrada junto ao meu pai, fica ao longe um castelo, o castelo de Corbiéres.  Creio que para mim também será tudo novidades, porque nunca mais voltei. sequer sei andar pela vila, borrei da minha cabeça as más experiências.
Agora quem estava pensando era o German, o Claude também estava mergulhado em umas anotações que estava fazendo.
Teremos que olhar tudo isso disse. Bom o negócio é dividirmos as obrigações. German tu fala com teus tios, me passa o nome deles para mandar tirar os bilhetes de trem, o teu inclusive, os prepara. nada de muita bagagem.
Tu, pede tuas férias, te organize, mas nada de levar vestidos muito decotados, para não assustar as pessoas da vila.
German riu imaginando a cena.
Jean entendeu a brincadeira, riu também.
Isso com humor, disse Claude.
Eu terei que preparar os papeis, tu Jean, tens que falar com o fiscal, que estarás fora. De somente a ele teu telefone celular, a ninguém mais, não comente nada com ninguém.
Os documentos do apto, ficam prontos esta semana, outra coisa, teremos que abrir uma conta num banco para as despesas do mesmo, para transferir todo o dinheiro que tua mãe te deixou.
Tu tens ideia de quanto é?  Jean levantou os ombros, quando tínhamos administrador, ele sempre depositava uma quantia na minha conta, mas eu sequer a usava, o que fazia era ir aplicando, por isso comprei o outro apto, agora posso comprar este.
Marcel riu, não tens ideia não é mesmo. No dia que te li o testamento, você tinha a cabeça em outro lugar, te lembras de alguma coisa. Ele levantou o ombro outra vez. Bom amanhã cedo passo para tomar café com vocês, te dou de novo para leres, te levo aos bancos.
Bancos disse Jean Paul?
Sim, bancos.     Inclusive tens uma caixa forte aqui em Paris, que ela quando vinha, ia lá fazer alguma coisa.          Temos que ter autorização do juiz de instruções para poder levar ao diretor do banco, poder abrir estas caixas. 
Primeiro me diz uma caixa agora são estas caixas, ufa só saberemos quando chegarmos lá.
German riu.      Ufa finalmente tenho um amigo rico. Queres casar comigo?   Riu muito.
Jean Paul ficou vermelho, riu muito sem graça.
Bom amanhã nos falamos, foram para casa.
Na manhã seguinte despertaram com o chucho latindo, alguém tocando o interfone.  Quem descobriu o mesmo que estava atrás de uma porta foi o chucho. Era Claude que vinha tomar café da manhã, claro trazendo pão, croissant.   Como ainda não tinham mesa, se sentaram em umas cadeiras perto da janela .
Que tal saímos para dar um passeio, conversarmos.  German disse, ontem à noite demorei a dormir pensando na tal casa. depois tive pesadelo.       Kkkkkk, eu limpando a casa sozinho.
Jean Paul disse, eu também tive pesadelo, me lembrando de coisas da minha infância.         Realmente as vezes é assustador mexer com as coisas do teu passado, mas há que enfrentar isso tudo.
Enquanto German tomava banho, os dois ficaram conversando na sala.  Estas muito melhor desde que tens a companhia do German, sabias?   
É interessante isso, imagina, nos encontrávamos durante todos esses anos, pelo corredor do edifício,  tudo o que falávamos era bom dia ou boa noite, nada mais.        Depois ele me salva duas vezes seguidas, uma me socorrendo, outra me protegendo.
Ainda tem este chucho, foi só falar seu novo nome que ele levantou a cabeça da aonde estava, isso é um problema temos que levá-lo, não sei se podemos levar no trem. 
Vou saber disse Claude. mas creio que sim.
Porque eu não penso em deixá-lo aqui, não é chucho, este se levantou, esfregou a cabeça na perna de Jean Paul.
Isso o lembrou que tinha que fazer uma revisão no hospital, ia pedir para o German ir com ele.
Quando este saiu do banho, ele entrou comentou isso.
Já vou chamar meu amigo de lá, pedirei para marcar hora na segunda, assim poderei te acompanhar.
Ah tens um amigo no hospital.
Ufa me trai, pois foi ele que nos ajudou a sair de lá, mas não posso falar nisso, pois ele poderia perder seu emprego. 
Do banheiro, disse Jean, porque não chamas, o convida para almoçar, pois eu não o conheci, ha que agradece-lhe.
German telefonou a Marcel, este estava em casa sem fazer nada, concordou em comer com eles. 
Aonde estas?    
Na nova casa de Jean Paul.
Me diga aonde é e vou até ai?   Ele morava perto do hospital de Saint Antoine, então vou caminhando. ok.
Quando voltou a sala já vestido, o Claude perguntou se o Marcel tinha sido seu amante?
German disse que sim, mas nunca se entenderam bem, na cama. Claude riu, eu adoro a franqueza como fala as coisas. 
Se não sou franco comigo mesmo, terei que ser um falso sempre, isso não vai comigo, tive muitas merdas na vida para não ser assim. 
Estou adorando esta nossa amizade, disse Claude, tive um vida idiota, com uma mulher que me obrigaram a casar, me controlava, como todas as mulheres judias. Enfim, agora sou livre,  tenho os meus sobrinhos, que ficam me cercando, para ver se vou deixar uma herança ou não para eles.    Coitados, quero usufruir tudo o que tenho.
Jean Paul se juntou a eles, o chucho veio trazendo a correia para ir de passeio com eles. muito esperto meu amigo. lhe fez um carinho na cabeça,  O levamos ou dou uma volta com ele, volto aqui.
Faça isso, enquanto esperamos o Marcel.
Ele desceu, deu uma volta com o chucho, lhe dizendo tu vais gostar la do campo, estarás livre leve, solto, foi recolhendo suas necessidades.         Quando voltaram o Marcel estava chegando também.
Olá disse, sou Marcel o amigo de German.  Ah me reconheceste,  este riu, mais ou menos, foi uma confusão louca, mas deu para te reconhecer, subiram falando, o Marcel tinha lido as notícias nos jornais e na televisão, obrigado por não terem tocado no meu nome, poderia perder meu emprego.
Eu é que tenho que agradecer disse Jean, ajudaste a me salvar.
É que não conheces o German, é impossível negar qualquer coisa para ele, tem o dom de conseguir te convencer.      Eu vi o que se passava, se tivesses ficado no hospital eras homem morto.
Quando entraram no apto, ele beijou German como dois velhos amigos, beijou também o Claude.  Este gostou do que viu. afinal  Marcel tinha boa planta, era alto, forte, uma pessoa simples.
Olhou em volta, disse bonito apto.  Este foi o cachorro pelo qual quase perco meu emprego.   Que confusão aquele dia hem? Imagina, contou a história de como German tinha entrado com o cachorro numa sala de cirurgia, operado ele mesmo cachorro.  Te esqueces que trabalhei anos em salas de cirurgia. então sabia o que estava fazendo, horas.
Contou do escândalo que tinha feito a enfermeira chefe, tu sabes que quando voltei ela veio me perguntar assim, se eu não estava envolvido na desaparição do Jean, afinal meu amigo estava.
Imagina a cara que fez de asco.        Eu lhe respondi, amigo não amante, ficou escandalizadíssima. ao caralho disse.
Todos riram, saíram,  numa das lojas que passaram, afinal a maioria das lojas de Marais abriam aos domingos, Jean comprou dois cadernos blocos, deu um a German, para irmos anotando tudo que temos que fazer.
Marcel, perguntou, ah vocês estão juntos?  
German rindo disse, vês Claude esse foi um dos motivos porque não demos certo, ele adora controlar tudo.  Não senhor, somos bons amigos, só isso.
Foram passeando por Marais, foram comer na Place de Les Voges, se sentaram fora, aproveitando que o dia estava bonito.
Jean perguntou a Marcel, como poderia agradecer-lhe pela ajuda?
Imagina disse Marcel, a amizade é tudo, nada disso.
Não preciso de nada, só de amigos, ao dizer isso olhou para o Claude, este tinha lhe caído bem.
Como começaram a comentar sobre a casa da vila, ele perguntou o que iam fazer, quando comentaram, puxa que pena já gastei minhas férias, senão ia me convidar para ir junto.
Que te disse Claude, ele é assim mesmo, vê já se convida, o pior que sorri, te enrola.
Anda lá disse Marcel, que eu não consegui te enrolar nem um pouco, este é duro na queda.
O clima era excelente entre eles, conversaram, riram muito, Claude pediu um bom vinho da região de Carcassonne, para brindarem já que iam estar lá perto.  Quem sabe se depois que vocês estiverem por lá eu não consigo uns dias, vou visita-los.
Quem respondeu foi o Claude, vai sim, será um prazer, aí se deu conta do que tinha dito, completou, não é Jean Paul.
Este riu, nunca tinha visto o amigo assim, interessado em alguém.
Ah disse Claude, deixei, na mesa da entrada os papeis que tens que ler para falarmos amanhã com o Juiz.
O Marcel ficou de marcar uma consulta com o médico que o tinha operado na terça-feira, assim andaria mais rápido.
Jean fez questão de pagar o almoço, depois saíram flanando pelas ruas, que estava cheias. num dado momento Jean e German se adiantaram, Claude e Marcel ficaram para trás. Jean perguntou a German se achava que dali ia sair alguma coisa.
Este disse, creio que sim. os dois estão interessados.
Os avisaram com um sinal, entraram numa loja de decoração, pois Jean queria comprar dois abajures de pé, para ficarem ao lado do sofá, German escolheu um pensando nos moveis que iam chegar no dia seguinte.
Queres que eu espere os moveis enquanto tu vais tratar das coisas com o Claude. Se não te importa, vou ser honesto, gosto quando estas em casa, não disse minha casa, e sim casa. Das alegrias, tenho com quem falar, obrigado, apertou a mão de German.
Este tinha gostado de duas mesas pequenas de cabeceira, ele disse venha compramos estas para o teu quarto, assim aproveitamos, levamos agora para casa.
German teve que se conter para não beija-lo, tinha adorado as mesas, Jean estava deixando que ele decorasse seu quarto como ele queria.
Quando foram para casa, levando as coisas, todos ajudando, imediatamente os dois começaram a montar os abajures, Claude disse, bom vou embora porque essas coisas não são comigo, virou-se para o Marcel, topas um café ou uma cerveja?
Claro, se despediram, foram embora.
Leia os papeis disse Claude.
Colocaram os abajures, os acenderam, eu gosto mais assim que luz no teto disse German.
Jean Paul disse eu também.
Depois desembalaram as mesas, a levaram para o quarto de German, realmente ficaram ótimas disse Jean Paul, devia ter comprado outras. Calma ainda encontraremos alguma coisa que você goste. Obrigado, lhe deu um beijo de lado a Jean Paul, se for assim viveras me beijando, ficaram sérios um olhando nos olhos do outro.
Calma pensou German, tens que esperar que ele de o primeiro passo.
Bom vou ler os papeis, me acompanha, porque sou meio enrolado nessas coisas. Na verdade, era uma lista de bens, aplicações em bancos.   Puxa disse Jean, não sabia que era tanto,  passou o papel para o German, Este assobiou, caralho meu amigo estas rico. Bom alguma coisa a que se fazer com esse dinheiro, de repente recuperar esta maldita casa.
Não constava nada nos papeis das caixas do bancos?
Sim uma lista de propriedades, além das terras, da casa, ainda era proprietário da casa que vivia a amiga de sua mãe, de duas na vila, que estavam alugadas. Que coisa rara isso, nunca soube destas casas.  Aliás minha mãe nunca comentava nada.
Havia conta nos bancos de Paris, de Carcassonne, que confusão para administrar tudo isso, agora de qualquer maneira uma parte vai sumir, pois terei que pagar muito dinheiro pela herança. tudo bem, já verei o que fazer.
Ficaram até tarde conversando, os dois tentando se lembrar de coisas da sua infância. German contando do choque que foi para ele, descobrir depois de tantos anos, que na verdade seu pai não era um herói francês, sim um alemão.     Ele só tinha herdado da sua mãe os cabelos negros, porque tinha olhos azuis.  Sabe que gosto de teus  cabelos compridos, disse Jean, na época da faculdade, eu e Claude éramos os únicos que tínhamos cabelos normais por assim dizer, os outros todos tinham cabelos compridos.
Quando foram dormir o chucho entrou direto no quarto do German, esse sem vergonha está ficando mal acostumado. disse.
Olha só aonde leva seu cobertor. Ele sabe que você cuidou dele, por isso fica aí contigo, tens que tomar cuidado ao levantar, não pisar nele.
Pode deixar disse German.
Bom até amanhã, pois temos muitas coisas para fazer.
Jean Paul fez menção de vir beija-lo, mas se deu conta que se fosse beija-lo ficaria ali a noite inteira, não estava preparado para isso.
Tenho que pensar o que sinto, disse para si mesmo.
No dia seguinte Jean se encontrou com Claude, foram ao juiz assinaram uma série de papeis, ele tomou posse de chaves, documentos que lhe pertenciam a partir de agora.
Na saída disse a Claude, não sei como administrar tudo isso, porque é muita coisa, Não sabia por exemplo que tinha essas casas na vila, quem recebe o dinheiro dos aluguéis, se estão em banco ou como é?
Claude com paciência disse, eles depositam diretamente no banco, assim não tens que ir cobrar. pelo menos tinha esse acordo com tua mãe.      Claro não interessam em atrasar os aluguéis, pois os bancos cobram juros em cima.
Não digo isso, digo pelos valores, não sei se estas casas estão bem, se necessitam de reformas, etc. 
Isso eu irei ver quando chegarmos lá, me apresentarei como teu advogado, cuidarei isso por ti.
Foram ao Banco de Paris, a quantidade de dinheiro era volumosa, havia dinheiro aplicado, dinheiro em deposito, não sabia que quando minha mãe vinha até cá, trouxesse tanto dinheiro. 
Tampouco sabias que eu era o testamenteiro de tua mãe, não é? Não podia dizer nada. ela me pediu, eu aceitei.          Ela não se conformava que trabalhavas de polícia, e vivesse aonde vivias, dizia que eras de classe superior.
Pois eu nunca escutei ela dizer isso, pois quando começava com suas lengas, lengas, eu deixava de escutar.       Porque fazia este trabalho, porque não me casava, eram tantos porquês que deixei de escutar.
Depois a maior parte do tempo eu estava trabalhando, ela como vinha com sua amiga, saiam por aí, eu  nunca perguntava o que faziam.
Elas eram amigas de infância, sempre estavam juntas, viajavam juntas para cá.  Irei visita-la quando chegarmos lá, apesar de ter a mesma idade da minha mãe estava com melhor saúde sempre.
O diretor do banco desceu com eles a caixa forte embaixo do banco, o juiz tinha entregado a ele o molho de chaves e a autorização para abrir.
Eram na verdade duas caixas, o banco tinha de dois tamanhos, grandes e pequenas. era uma grande, outra pequena.
Abriram primeiro a pequena, que tinha uma série de documentos, uma carta dirigida a ele.     Estava escrito no envelope, para Jean Paul, depois de minha morte, tinha também um livro negro com o nome dele.
Depois abriram a grande, estava cheia de joias, que deviam ser, as joias da família, parecia um bazar árabe.       Todas dentro de sacos de filo. havia dois diademas, um com pedras preciosas, outra com brilhantes.
Claude disse isso deve valer uma fortuna.
Colares uma quantidade impressionante, com pulseiras combinando brincos, colares.             Mas o mais impressionante eram duas caixas que estavam no fundo, que se via o nome do joalheiro marcado na mesma, deviam ter pertencido a sua mãe, pois esse joalheiro existia ainda hoje. quando abriu a primeira, era um colar de esmeraldas, dois brincos, as pedras de grande tamanho, num corte clássico, montadas em ouro num colar meio estilo art-nouveau.      O outro era de placas de ouro, nas pontas brilhantes, que ele não sabia se eram diamantes ou outra pedra.  Teriam que levar ao joalheiro para avaliar.
Diziam num cartão dentro da primeira, com amor Klaus von Fustenberg,  isso agora, quem é esse?
Se distraiu olhando as outras joias, inclusive tinha uma caixa com joias de homens da família também. Temos que planejar um dia, levar ou trazer aqui um joalheiro para avaliar tudo isso.
Ele riu pensando na cara de German se visse todas essas joias antigas.
Guardaram tudo, falando com o gerente, lhe perguntou, se sua mãe por um acaso teria dito o valor das coisas da caixa? 
Não, só sabemos o valor do seguro, que é muito alto.
Disse o valor em milhões de euros.
Caramba, pensou o Jean Paul.    Perguntou a Claude se isso ele teria que pagar também, com os impostos de transmissão  de bens.  
Não porque isso só aparece como pertencendo a ti, sem declarar o que está dentro.
Esperta tua mãe hem, nem eu sabia o que havia, só sabia da existência das duas caixas, nada mais.
Bom vamos ver o que me espera aqui disse assinalando o envelope, que tinha um bom volume, ainda temos o banco de Carcassonne.
Telefonou ao German para saber se os moveis tinham chegado, este disse que sim, que inclusive depois tinha saído novamente com o chucho para comprar comida para o mesmo,
Ok disse Jean Paul, passamos olhamos os moveis, depois saímos para comer.  Temos que comprar uma mesa de refeições, ou tu esperas que se na casa da vila tem alguma interessante trazemos.
A German lhe fazia graça que este lhe consultasse,  não isso decides tu. 
Ele e Claude pegaram um taxi, foram para casa., Claude adorou os moveis, já estava tudo no lugar certo, como se tivessem pertencido sempre ao apto.
Ele deixou o envelope no seu quarto, saíram para comer.
No almoço, German perguntou que tal foi a cerveja ou café que tomaram ontem.
Claude riu, não sejas curioso, ficamos conversando cada um contando sua vida. Marcamos um jantar esta semana, num dia que ele tem livre.
Ah, disseram German e Jean ao mesmo tempo. que romântico.
Claude riu, se despediu porque tinha que voltar ao escritório.
Levo comigo os documentos de posse como já combinamos que temos que dar entrada em Carcassonne. ok.
Saindo dali, foram os dois caminhando, ele foi contando a German o que havia nas duas caixas fortes.        Quando falou das joias as descrevendo, os olhos de German brilharam, devem ser fascinantes, mas o que mais gosto, são os vestidos antigos, sempre vou a exposições, leilões, mas nunca tive dinheiro suficiente para comprar nenhum.  Vi umas exposições incríveis de costureiros famosos. Tinha alguma clientes no outro hospital que me ofertaram entradas para desfiles das estações. Uma vez inclusive fui vestido de mulher, ninguém percebeu.
Riram muito, ele comentou, eu pensei que como policial fosses mais fechados a estes assuntos.
Imagine, eu lidei a vida inteira com isso, sempre me pareceu normal.
Inclusive quando fazíamos algumas detenções procurava proteger os mais inocentes. Nunca admiti que fosse maltratadas, meus colegas faziam gozação sobre isso.
Bom o que pensas fazer com isso, Na verdade nem sei, porque temos que ver a casa.       Uma das coisas que me lembro era do sótão, que tinha uma serie de grandes maletas das antigas, baús, caixas de chapéus, etc.             Mas minha mãe não permitia que abríssemos, pois eram coisas da família, havia que cuidar.
Tinha também uns quadros imensos, com figuras, mulheres com roupas de época, mas não tenho a menor ideia de quem eram.
Só nos permitia ficar dentro de casa, nos dias de chuva, ou então alegando que tinha dor de cabeça que fossemos brincar na casa do administrador.
Depois tudo isso acabou, nunca mais voltei.
Pararam numa loja de decoração, viram mesas, mas não gostaram de nenhuma.
Nem sei por que comprei esse apartamento, talvez num impulso, por não querer pensar que tinham arrombado o meu apto,  destruído o pouco que eu tinha.
Realmente disse German, tinhas no apto tinhas menos coisas do que eu tenho no meu.
Uma vez uma única garota que trouxe para minha casa, me disse que parecia um apartamento, de alguém que não está em lugar nenhum, lhe perguntei o que queira dizer, ela primeiro me perguntou a quantos anos eu vivia lá,  quando disse, me explicou que parecia um apartamento de alguém que está de passagem a lugar nenhum.
Imagina que os moveis eram os mesmo que comprei junto com o apartamento só a cama era diferente.
O que aconteceu a essa garota?  
Jean Paul riu, disse estas parecendo Marcel.
Ah desculpe, não quis ser intrometido.
Bom na seguinte vez que a convidei para sair, me deu uma desculpas daquelas, creio que não quero ver você mais.    Os dois riram.
No dia seguinte foram ao hospital para a revisão,  todos comentavam sobre eles, o médico achou Jean Paul ótimo, pensei que ias ficar com algum problema ao andar, mas vejo que estas estupendo. lhe perguntou se sentia alguma dor muscular ou ao caminhar?
Ele disse que não.
Ok. mas se sentires, por favor acuda a um médico.  Estas tomando algum medicamento?
Foi German que respondeu.        Lhe dei somente  um tempo os medicamentos que o sr. tinha receitado, depois como ele não sentia mais dor, deixei de dar.
Fizeram um scanner, algumas radiografias, estava tudo perfeito.
Aconselho sempre a fazeres uma revisão pois estas numa idade, que é sempre bom controlar.
Lhe perguntou se bebia?
 Ele respondeu, algum que outro vinho ao comer nada mais.
Realmente não era uma pessoa dada a beber. 
German tinha horror a isso, pois tinha aguentado mais de um bêbado.         Mas claro disse depois, tinha a vantagem do seu tamanho, quando algum se passava, dava-lhe um murro.
Aproveitou, lhe contou do bandido  que estava preso, do murro que tinha dado nele, o jogando no chão.
Jean lhe perguntou, não sentiste mais vontade ou saudade da tua outra vida? 
Ele honestamente, falar verdade nem tinha pensado nisso, riu.
Creio que fazemos bem um ao outro. Talvez o que eu procurasse era preencher o meu vazio, silencio que tinha.
Não comentaram mais nada, passaram num pâtisserie, compraram coisas para um lanche no final da tarde, em que viriam Marcel e Claude, tinham que alinhar tudo.
Depois de deixar isso em casa, pegaram o chucho, foram até a casa da Gertrudes.  
Ela estava se desfazendo de muitas coisas, tudo estava em caixas.  Quanta coisa a gente tem, para nada, olha só, nada disso é útil.
Nisso chegou seu marido, que na verdade Jean, só conhecia de bom dia, pois algumas vezes se encontrava com ele de manhã.
Ele administrava os serviços de limpeza nos ministérios.
Quando foi apresentado o Jean riu do nome dele, chama-se Raphael Gutemberg.   Ufa parece nome alemão.
O outro disse eu sou da Alsácia, tenho raízes alemãs.
Ficaram conversando sobre os planos da viagem, Jean disse que bem que sabes administrar, se a vocês gostarem do lugar, poderias ficar administrando para mim. embora eu ainda não saiba o que vou fazer.  Falou da casa do administrador, mas que não sabia se tudo estava em boas condições.
Combinaram tudo, para a segunda-feira, mas telefonou ao Claude para confirmar.
Sim ele já tinha comprado os bilhetes, que tudo estava organizado como tinham combinado.
Depois ele foi para casa, pois o German iria no dia seguinte pedir as férias, separar suas coisas também.
Ele pegou um taxi com o xuxo, foi para casa.        Mal entrou já sentiu a falta de German, que coisa rara pensou, nunca senti falta de ninguém, agora sinto falta dele, talvez seja pela companhia que ele faz.      Deu comida para o xuxo, se sentou para ler o que tinha o envelope de sua mãe.
Quando abriu o envelope, primeiro tinha um bilhete, pegado a parte frontal, dizia para Jean-Paul, meu filho.
Este é um pequeno relato para que entendas quem es, da última vez que estive contigo me preocupei muito, por te ver vagando pela vida sem saberes aonde ir, o de aonde vens.
Pode ser que eu tenha errado ao tentar te proteger das pessoas da vila, ou mesmo de mim mesma. mas ser mãe não é fácil, principalmente para mim.
Quero que leias, tente me entender, espero que desfrute de tudo que te deixei, porque eu não pude, nem quis.
Quando leu esta última frase, Jean Paul, pensou, realmente para quem tinha tanto dinheiro, ela não tinha desfrutado nada, vivendo na vila sozinha, naquele casarão usando somente um quarto uma sala, a biblioteca, a cozinha. nada mais.
Voltou a ler o final da nota, aonde ela lhe pedia desculpas por tê-lo afastado de si mesma. mas não sabia o que fazer, estava perdida.
Graças a minha amiga de infância que passou pelas mesmas circunstâncias que eu, pude seguir em frente.
Um beijo carinhoso
tua mãe.
Sophie.
Parou para pensar, evidentemente essas palavras pareciam não ser dela.  Pois o tratamento entre ambos era quase profissional, quando ela estava em Paris, conversavam, quando ela tentava tocar algum assunto particular dele, ele fingia não ter escutado a pergunta.
Que lastima pensou, duas vidas sem sentido.
Bom vamos ver o que tem para me contar. estava curioso. Começava dizendo que tinha sido educada nos melhores colégios da França, a partir de que seu pai era um abastado senhor de terras no sul. Criava cavalos, tinha vinhedos, enfim e outros bens de nascença.  Ela mal conheceu a sua mãe, pois esta morreu cedo. Tinha como companhia, animais de brinquedos, nada mais.
Esteve durante sua adolescência, primeira juventude, num convento feminino de Prouille, cerca de Carcassonne, aonde as irmãs aceitavam um certo número de jovens para estudar, serem educadas. O trato era muito rigoroso, se as tratava como futuras monjas.
Quando seu pai ficou mais velho,  se retirou da vida mundana de Paris, voltou a se estabelecer no Casarão pertencente à família.
Ela tinha uma professora, está convenceu o sr. para que aceitasse a filha do administrador de grande inteligência para estudarem juntos, ela ter uma companhia, nossa amizade persiste até hoje.
Quando começou a guerra, a princípio nada afetou a vida que levavam, mas em breve receberam a visita de um grupo de oficiais alemães que estavam procurando no sul, coisas sobre o poder dos catáros , o santo grial, todas essas coisas, que nunca soubemos com certeza se eram reais ou não.  Um grupo de oficiais ficou instalado na casa, na verdade requisitaram a casa inteira, mas seu pai conseguiu convence-los a usar só uma parte oferecendo a casa do administrador ao resto, o estábulo que eram muito grande para local de trabalho.
Seu pai traçou uma série de regras disciplinarias para que ela e sua amiga, não se encontrassem com os militares, elas passaram a usar os quartos de cima, bem como o sótão para estudar. A governanta não permitia qualquer contacto com os militares. durante o dia enquanto estavam pelas escavações, elas podiam fazer um passeio acompanhadas de perto pela Governanta, o filho dos novos administradores, que vivia na vila. Ele tinha sido ferido na guerra, não podia fazer trabalhos pesados.  Ele adorava as garotas, que conversavam com ele, querendo saber como tinha sido a guerra, etc.
Um dia ao voltar para casa um dos oficiais mais jovem se fixou na bonita filha do proprietário, começou a cerca-la, procurava chegar antes, dos outros para a encontrar voltando dos seus passeios, ou ele subia até o sótão para vê-las estudar.
Começou a corteja-la, mandando bilhetes para sua querida Sophie, etc. um dia o rapaz que as acompanhava, comentou isso com o patrão, este chamou a atenção do oficial. Este procurou afastar o rapaz dizendo que podia ser um espião.
Este rapaz, o Raphael, quem você conheceu como seu pai, se negou, se absteve de comentar mais o assunto, apenas vigiava as garotas, as alertavas contra os alemães.
 Uma noite em que comemoravam um descobrimento, de quem nada soube jamais do que se tratava, todos beberam demasiado, ele acabou invadindo o quarto de Sophie, abusou dela. A ameaçou de matar seu pai, etc.  Passou a visita-la todas as noites. Ela acabou se apaixonando por ele.  Quando ele foi transferido ela o seguiu até Paris, contra a vontade de seu pai.
Este a quem estou me referindo é Klaus Von Fustemberg, teu verdadeiro pai. O dia em que descobriu que eu estava gravida, me disse para abortar, pois ele era casado, pai de outros 4 filhos, que estavam na Alemanha. Tal foi o meu desgosto em descobrir que eu não tinha passado de despojo de guerra que fiquei imensamente deprimida, nesse dia ele trouxe de uma joalheira, um belíssimo colar com brincos a jogo, um vestido fabuloso de Chanel. Teria que o acompanhar a uma festa.  Dias antes tinha sido abordada na rua por um dos da resistência francesa. que lhe pedia informação. No momento ficou assustada, não disse nada, mas ao saber da traição de quem amava, ela lhe contou da festa aonde estariam generais, comandos da Gestapo, etc.
Durante o coquetel, ele a avisou, ela deveria inventar uma desculpa, se retirar a um banheiro determinado, lhe disse a hora.
Ela assim o fez, era um banheiro que estava perto da cozinha da mansão onde se realizava a festa.       Houve um atentado, Klaus ficou muito ferido, ela aproveitou para regressar a casa paterna.
La descobriu que sua amiga também estava grávida, de um soldado alemão.
O pai se sentiu ultrajado, arrumou que ela se casasse com o filho do administrador para salvar as aparências. Quando ela teve o bebê, ele foi registrado no nome dos dois. Sua amiga também tinha tido um menino, mas enfermiço, quase tinha morrido no parto.

Quando já estava finalizando a guerra, os alemães começavam a ir embora da França, um dia Klaus apareceu, exigiu ver seu filho.
Nesse dia sua amiga que estava morando com eles, para que ele desistisse ou não quisesse a criança, apresentou o seu, uma criança francamente com poucas possibilidades de sobreviver.
Klaus  mandou buscar amas de leite para seu filho na vila, como as mulheres que tinham tido filhos recentemente era somente uma  está se negou a ir, a matou.
Uma noite ele desapareceu com a criança, ele queria um filho, a partir que no seu casamento só tinha filhas. mas não se conformava que esta fosse uma criança tão frágil, contava que chegando a Alemanha pudesse dar melhores tratamento está sobrevivesse.
A amiga de sua mãe, chorou muito, pois além de não ter leite para amamenta-lo, quem o fazia era  Sophie, mas com a chegada de Klaus, subia até aonde estava seu filho escondido no sótão, o amamentava.
Jean então entendeu a dívida que tinha sua mãe, com sua amiga Marie Antoniette. Quando os Alemães partiram o marido da mulher assassinada, outros da sua família vieram tomar satisfação, pensavam que tinha sido  Raphael, para proteger o seu filho, quem tinha dito que a mulher tinha parido recentemente.
Raphael querendo proteger  Sophie, concordou, mas não esperava que o assassinassem aos pés da arvore. 
Assim Sophie olharia sempre a arvore, saberia que seu marido tinha morrido ali.  Ela e a amiga, não podiam contar com seu pai, que com tudo isso tinha acelerado um processo de arteriosclerose.
  Resolveram ficar quietas, deixar a guerra acabar. Anos depois Sophie, através de advogados soube que toda a família de Klaus tinha morrido num bombardeio dos soviéticos,  que este tinha morrido tentando salvar seu filho homem, seu herdeiro. Não sobrara ninguém na casa.
Marie Antoniette, se apresentou como voluntária a casa do homem a quem tinham assassinado a esposa, passou a cuidar de seu filho.
Mais tarde se casou com ele, ficou viúva anos depois. Quando ficou viúva, voltou a frequentar a casa de Sophie.
A tinha perdoado, por toda a confusão, na qual ela também tinha parte de culpa.
Eu nunca me perdoei pela morte de Raphael,  por isso passava horas e horas sentada na varanda olhando a arvore, sabendo que ele a tinha amado em silencio, salvado a ela e sua família.
Tudo por causa de sua ingenuidade.
Agora já sabes que Raphael não era teu pai, sim Klaus, a uns anos atrás voltei a procurar por alguém da família dele na Alemanha, mas só restava um sobrinho distante.
Tudo por o que ele tinha lutado, a honra de sua família abastada,  todo o resto tinha desaparecido, pois tinha ficado do lado comunista. Os resto da sua residência tinha sido destruído totalmente.
Agora já sabes por que Marie Antoniette vive numa das casa que possuímos na vila, que peço que a mantenha até a sua morte.
Eu amei muito a Klaus, mas fui ingênua, porque eu não passava de um troféu de vencedor.
Deixei a joia num cofre como descobrira em Paris, porque sei que ele vale dinheiro, mas me sentiria suja ao usá-lo.
Por isso procurei te manter afastado da vila, com medo que alguém pudesse falar ou mesmo te confundir. fiz mal, hoje em dia eu sei.
Jean Paul, ficou um largo tempo com as folhas da carta de sua mãe em suas mãos, até que elas caíram no chão.
Chucho como que percebendo sua tristeza, veio colocar a cabeça em seu joelho o olhando com aqueles olhos imensos, tranquilos.
Pegou na correia, saiu com ele para dar uma volta necessitava digerir tudo isso.
Telefonou ao celular de German, ficaram de ser ver mais tarde, ele tinha conseguido marcar as férias, já não voltaria a trabalhar até daqui um mês.  Lhe fez uma pergunta, já preparaste a maleta. este disse que sim, então venha para cá, que necessito de companhia de um amigo, para conversar, falar.
Aproveitou ligou também para Claude, mas este estava eufórico, ia jantar outra vez com Marcel, depois iriam ao Teatro, nem comentou com ele o da carta.
Comprou coisas para um lanche noturno, ficou esperando com ansiedade que German chegasse.
Este entrou assustado, perguntado logo o que tinha passado, porque necessitava tanto dele. 
Ele fez um gesto, lhe disse leia tudo isso.
 Ele seu sem interrupção nenhuma, quando terminou, disse, temos o mesmo problema, mães complicadas, país fdp. alemães.
Acabaram rindo, do seu jeito todo especial, foi até a geladeira  trouxe duas cervejas para brindarem o descobrimento. 
Não vamos brindar com champanhe, porque isso seria trair a França.
Jean Paul acabou rindo, disse, só mesmo tu, vês  como eu precisava de ti nesse momento.
Porque não chamaste o Claude?
Eu o chamei depois que deixei de falar contigo, mas ele nem me deixou falar, só falava no Marcel, parece que a coisa vai, nunca o vi tão feliz, tomara que tudo dê certo.
É interessante, te ver falando assim, como polícia digo eu.
Bom German, que crés que devo fazer com isso. 
Eu assumiria, na verdade não há nada a fazer, quando lá chegarmos, visitas a senhora amiga da tua mãe, lhe agradece ter sobrevivido, tocas o barco em frente.
Eu sinto que isso até me ajuda a aceitar o meu problema, pois imagina de um herói francês, como pai, passei a ser filho de um oficial alemão.    Como tu, teremos muitos outros como nós hoje em dia na França inclusive alguns que nem sabem disso. Somos bastardos, menos mal que evidentemente ninguém sabe, para não ficar atirando isso na nossa cara.   Depois da guerra, muitas mulheres tiveram que mudar, começar a vida em outro lugar, fugir, pois não lhe restava outra solução.  Li muito a respeito, algumas fizeram por amor, outras para sobreviver em tempo de guerra, os filhos foram meros transtornos nas suas vidas.  Algumas os abandonaram em orfanatos, sem dizer quem eram, esses sim numa situação pior, pois não sabem realmente nem quem são.
Mas o que penso realmente que já não adianta a chorar esse leite derramado, sim tocar o barco em frente.
Vamos até lá olhamos, vamos ver o que se pode fazer.
Jean Paul, olhou German nos olhos, é incrível os anos que perdemos, estando um ao lado do outro, ou seja um de um lado do corredor o outro noutro, sem serem amigos, nos entendermos tão bem, como perdemos tempo, eu virado para o meu interior, tentando saber o que queria, o que era na vida, tu buscando uma saída para tua vida. Teremos que pensar nisso.
Agora mesmo posso dizer que você é a única pessoa que confio,  espero não me decepcionar.
Espere vá devagar Jean Paul, eu não sou nenhum santo, nem tenho aureola, tampouco quero ser santo, sempre fui um pecador nato, não quero dizer com isso, pois sabes que basicamente é o primeiro que sabe da minha vida, Ninguém a não ser minha tia sabe da minha história.
Já agora me importa um merda, porque sei que existem outros com o mesmo problema.     Te digo é uma honra para mim que confies em mim como teu amigo, espero realmente não te decepcionar, mas lembre-se sempre disso, sou humano, não me ponha num pedestal por favor.
Se deram um largo abraço, quase se beijaram.
Ficaram conversando até muito tarde. Eram quase meia-noite quando chamou Claude, quase sem respiração.  Marcel tinha acabado de sair da sua casa, pois tinha que trabalhar no dia seguinte. Estava eufórico. Jean Paul o deixou falar tudo o que queria, disse enfim hem. Então vais ficar, não iras conosco a Carcassonne. 
Não, claro que vou, é só um momento de entusiasmo que queria compartir contigo.  German completou, eu escutei tudo, amanhã isso tudo estará circulando na internet porque gravei toda a conversa.
Claude riu até, disse, a merda com tudo, eu estou feliz, que é o que importa, feliz, vivo.
Ai, perguntou o que querias falar comigo hoje, Jean Paul.
Este respondeu, uma larga história, mas no caminho te conto.
Tem alguma coisa a ver com o envelope que estava na caixa forte.
Sim, mas são coisas que vieram para bem, nada demais, já te contarei tudo depois.
Temos alguns assuntos pendentes não?  Porque tenho planos de ir flanar por aí, neste final de semana. Quero andar pelas ruas, me sentir livre.
Bom eu tratarei dos papeis para levarmos para Carcassonne, depois estarei livre para o final de semana, combinei sair sábado de noite como Marcel, querem vir jantar conosco.
Nem pensar disse German, ficar vendo dois pombos açucarados, nem pensar, um melado só.
Depois tomaram mais uma cerveja, ficaram com só um abajur acesso, com o chucho aos pés dos dois. Conversaram muito, lembrando coisas da juventude. Para Jean-Paul e German era uma novidade poder falar de mil coisas, a outra pessoa entender.
Na hora de ir dormir, German disse que ia tomar um banho antes, mas para relaxar do dia.
Quando saiu viu que a luz do quarto do Jean Paul estava acessa o chucho lhe esperava na porta do quarto de banho, Quando olhou o quarto de Jean Paul, viu que esta estava dormindo, apagou a luz, foi para o seu.
Agora mais do que nunca tinha medo de estragar tudo, ter um romance com Jean Paul, significaria, estragar a amizade deles, será que ele sentia o mesmo que ele.
Ficou um largo tempo sentado à beira na cama, encostado na parede, pensando. Interessante, o mundo realmente dá muitas voltas, eu lutei comigo mesmo, briguei, fiz merdas, fui em frente, todavia, mas através dele é que fui descobrir que eu não sou o único com esse problema.  A única coisa que me magoa, minha própria mãe não me aceitar, mas fazer o que, como diz minha tia, complicada.
Teria que avisar ao residência aonde vivia sua mãe que eles iriam para o sul, que qualquer coisa entrassem em contacto com ele por celular.
Nesse dia tinha também entregado o outro apartamento levado duas malas de vestidos para o seu apartamento. Mas sequer lhe importou, porque no momento que Jean Paul lhe chamou, deixou tudo como estava, tinha vindo.
Tinha falado com sua tia e seu tio, eles estava animados, ao mesmo tempo assustados.  Tinha levado as coisas deles para o apto do Jean, eles ficariam lá até irem para o sul.
Seu tio tinha gostado da ideia, porque pelo menos o sul, não fazia tanto frio, o clima era melhor.
Quem sabe isso não dava certo, ele poderia seguir trabalhando.
Sua tia, se preocupava, pois, tinha trabalhado a vida inteira, ficar sem fazer nada a preocupava, se fossem para a vila aonde tinha nascido, seria realmente muito chato.
A nova porteira ia começar a trabalhar  no dia seguinte, menos mal que ela não se sentiria incomoda, pois iriam logo na segunda.
Tinha pensado em ir no domingo, mas se lembraram que os trens ficavam congestionados.
Acabou ele dormindo sentado na cama, o chucho nos pés da mesma.      Despertou com o Jean, lhe chamando, para que se deita-se direito.  Tinha levantado para ir ao banheiro, o vira dormir sentado na cama. Assim que ele se acomodou, o Jean, disse, hoje não quero ficar sozinho, vou dormir aqui contigo, se deitou ao seu lado, segurou a sua mão. mas foi tudo o que aconteceu.
No dia seguinte quando despertou German já estava tomando banho, quando ele resolveu sair da cama, tinha sentido o cheiro de German na mesma, gostava.
O chucho o olhava como se o examinasse. Ele riu, imaginação minha.
German tinha saído por pão e café, com o chucho, quando voltou trazia jornais com a notícia, que a turma toda da polícia e os argelinos tinham sido condenados a alguns anos de prisão, o comissário também tinha sido inabilitado.
Mas mesmo assim creio que não devemos nos descuidar, o quanto antes saímos de Paris, melhor.
German queria comprar umas botas, ele também,  foram procurar o que queriam, acabaram indo a BHV, comprado agasalho também, pois campo era outra coisa.
Jean Paul ligou logo de manhã para a Marie Antoniette que ficou feliz em falar com ele, mais ainda que eles vinham.
Iria conseguir umas duas mulheres, se fosse necessário homens para trabalharem para limpar a casa.
Ele falou que queria muito conversar com ela, perguntou pela saúde, que ela respondeu, sabes como é pessoa de idade.
Ficou feliz com isso de poder conversar à vontade, com a mulher que afinal ele devia sua vida, o final de semana passou rapidamente.
No domingo almoçaram com Claude e Marcel, que pareciam dois namorados, combinaram tudo com Claude.
Pediram a uma empresa de Taxi, um grande para irem buscar Gertrudes e Raphael. e depois passaria para pega-los, tinham comprado uma bolsa grande de levar cachorros.
Claude, Marcel iria buscá-lo e o levaria até a estação.
 Se encontrariam na Gare de Lyon, iriam de TVG até Nimes, de lá até Carcassone. Claude tinha reservado o Hotel Terminus, que estava diante da estação de trem, justo ao lado do Canal de Mídi, era antigo, mas confortável, os tios poderiam aproveitar.

Claude, tinha falado com um funcionário da administração que ficou de esperá-lo, para dar entrada nos papeis. Caso o trem atrasasse ele avisaria, iria no dia seguinte pela manhã.
A viagem foi confortável, porque tinham pedido primeira classe, afinal mereciam os tios encantados, pois nunca tinha andado de TVG, ainda mais de primeira classe.
Durante a viagem contou a Claude, lhe deu a carta para que lesse, ele disse, que rolo caramba, eu pensava que os judeus eram enrolados, mas vocês ganharam.
Depois ficaram os três conversando, a paisagem mudava conforme a região que  iam passando, Ao longe se viam castelos, muralhas, enfim.
 Comeram em Nimes, pegaram o outro trem, embora fosse uma viagem rápida, já eram vagões comuns. Em Carcassonne se registraram no hotel.
German foi ver os carros para o dia seguinte, depois que os Tios se refrescaram. Jean achou melhor pegaram um taxi até o Castelo, depois voltariam andando.
Ele sequer se lembrava como era, mas foi ótimo, Mais tarde Claude se juntou a eles, já tinha dado entrada nos papeis, o banco iriam no dia seguinte logo cedo, Também já tinha marcado com o diretor do Banco. Jantaram num bom restaurante, ficaram conversando. Raphael estava contentíssimo com a viagem, pois nunca tinham férias, quando saiam era  por alguma coisa em Paris, os dois tinham trabalhando bastante para dar uma boa educação a German, como se fosse seu filho.
Conversando German descobriu que o tio não tinha botas para andar pelo campo, a tia tampouco. Então enquanto os dois iriam ao Banco, ele iria com os tios comprar. Inclusive umas duas calças jeans para eles.
Depois chegaram ao hotel  cansados, foram todos dormir, German compartia quarto com Jean Paul, um bom quarto com vista ao Canal do Mídi. O Chucho tinha feito uma viagem tranquilo, não deu problema no hotel. Saíram os dois novamente para ele fazer suas necessidades, andando pelo passeio em torno ao canal.  Pensavam futuramente alugar um barco, fazer o passeio do Canal.
No meio da conversa saiu o assunto dos carros, Não vamos poder ficar o tempo todo com esses carros alugados, creio que deveríamos comprar um grande, disse Jean-Paul, pois vamos necessitar. Vamos fazer o seguinte. levamos estes, depois olhamos na vila se tem algum de segunda mão para vender, normalmente as oficinas tem algum.
Isso deixo por tua conta disse Jean, eu não entendo nada de carro.
Pois eu adoro conduzir, meu sonho sempre foi ter um, mas em Paris, sem lugar para estacionar, trabalhando relativamente perto do trabalho, eu sempre ou ia de ônibus, se voltava cedo ia andando.          Menos mal que no dia que os encontrei naquela situação eu tinha resolvido caminhar.
Foram dormir, pois teriam uma manhã movimentada e depois tomar rumo a vila. 
De manhã no café, combinaram tudo, o German com os tios a fazer compras, numa loja que tinham visto, Jean Paul e Claude ao banco.
Se apresentaram com a documentação. o Diretor um senhor muito simpático, deu os pêsames a Jean-Paul, tinha tratado com sua mãe muitos anos. tinha funcionado como um administrador de sua conta, com aplicações etc.  Imagine que é uma das poucas propriedades da vila que não estão com problemas de embargo ou coisa parecida.  Muitas casas estão fechadas e a venda. Na verdade a vila tem pouquíssimas pessoas. a maioria velhos. os filhos vão estudar fora ou buscar emprego e não voltam.
E muito triste. evidentemente o campo é uma vida dura.
Lhe perguntou ao senhor se sua mãe tinha voltado a criar cavalos, e ele disse que não sabia.
Jean-Paul, quando viu o  montante da conta ficou até assustado, ela gastava pouco, e uma parte sempre mandava para si.
Eu sem querer fiz o mesmo, como o dinheiro do meu emprego me bastava, sempre o tive aplicado. ou seja um dinheiro que não se movimentou. Como iam com duas pessoas maiores, ele lhe perguntou se na vila tinha médicos etc. Não disse ele, e para hospital tem que se vir a Carcassonne, que afinal é perto.
Lhe perguntou se conhecia alguma oficina aonde pudesse ver carros de segunda mão que aguentasse o campo.
Ele lhe deu um cartão, este rapaz é da vila, mas tem uma oficina aqui em Carcassonne, se queres falo com ele.
Ele agradeceu, mas já o procuraria.
Ele acabou abrindo uma conta em seu nome, transferiram tudo para esta, ele pediu ao Diretor que continuasse a administrar a conta.  Ele só lhe chamou a atenção para uma das casas, disse que era a maior, os inquilinos estavam atrasado a meses, tinha chamado, mas ninguém tinha dado sinal de vida. Passou a direção ao Claude, este ficou de ir até la verificar.
O diretor perguntou se ele sabia o que iria fazer com a Mansão, termos que ele usou, hoje em dia está de moda transformar essas casas imensas em Hotel rural, alguns aqui estão fazendo sucesso.
Qualquer coisa sobre investimento nela, fale comigo. Lhe deu seu cartão, só então viram seu nome Jean Claude, riram, tens o nome de nos dois.
Ah é verdade. Sua mãe sempre falou muito de ti, com orgulho de não teres usado a fortuna da família para vencer na vida.
Isso devia ser coisa dela, vencer na vida sendo um policial que não tinha passado de detetive.
Se despediram de Jean Claude, dizendo que voltaria, pois tinha que comprar o carro, outras coisas.
Já sabiam que tudo giraria em torno de Carcassonne.
Voltaram ao hotel, os carros já estavam prontos. German, os tios iriam num, Jean e Claude no outro com o chucho.
Afinal eram somente 49 Km.  Na conversa no carro, voltaram a falar na carta, o quanto isso tinha sido importante, ele tinha tirado uma culpa de sua cabeça, entendido muitas coisas. agora queria ajudar a Antoniette que sem querer tinha lhe salvado a vida.
Apesar da estrada ser estreita, o dia estava ajudando, fazia sol, estava agradável.  Quando passaram por  Quillan viram um mercado na rua, resolveram parar para comprar algumas coisas da região.            Compraram queijos, frios da região, Claude falando com os feirantes, descobriu alguns de  Ferriol,  compraram vinhos também. Quando este feirantes souberam que iam para a mansão, ficaram curiosos, pensavam que Claude era o herdeiro, Jean Paul não mudou a impressão, queriam ver como se comportavam.
Ficaram de ir comprar em seus negócios. Quando perguntaram por carros, o feirante disse que o único era o enteado de Marie Antoniette que tinha uma oficina em Carcassonne.
Depois de carregarem o carro, Jean Paul, ainda comentou, eu pensei que fosse ser hostis.  Claude disse, creio que te enganas, pois estes são filhos ou descendentes dos que conviveram com tua mãe, pelo que sabemos ela se dava bem com todos.
Sim pensou Jean Paul, deve ser isso, coisa minha, ou que alimentaram de garoto.
Quando passaram por Ferriol, esta parecia uma vila fantasma, nenhuma pessoa na rua, tomaram a direção da casa, o caminho estava muito ruim, necessitando de conservação, Jean Paul anotou imediatamente isso, teriam que mandar arrumar isso.
Quando chegaram, na varanda estava sentada a Marie Antoniette com mais duas senhoras, os feirantes as tinham avisado que eles estavam chegando. Depois de o abraçar, beijar, ser apresentada a todo mundo, ela apresentou as duas senhoras.
Abriram a casa. Eu venho sempre que posso com elas, abrimos a casa toda, pois tenho uma chave que me confiou tua mãe, ela não sabia quanto tempo levarias para tomar a decisão de vir.
Tudo isso ela não tinha soltado a mão de Jean Paul, este estava desacostumado a  isso.
German saiu com uma das senhoras a percorrer toda a casa, voltou maravilhado, é impressionante.   A outra tinha ido para a cozinha com a Gertrudes, já falavam como duas amigas, trocando receitas, ideias.
Uma se chamava Marie José, mas todos a chamavam de José, era mais bruta das duas, a outra Marie Louise, a quem todos chamavam de Louise. como dizia esta metade das mulheres da vila se chamavam Marie.
Quando abriram a biblioteca, o Claude não parava com ohs é impressionante.  Os moveis eram antigos, mas a maioria era de couro, tinha resistido bem aos anos. tinha uma escrivaninha antiga como um escritório, no meio da biblioteca, uma mesa linda imensa, bem pesada, cheia de gavetas, com dois abajures um em cada ponta.
A biblioteca tinha duas amplas portas janelas, grandes que davam para a varanda lateral.  O German voltou dizendo que já tinha escolhido por enquanto os quartos que usariam, porque precisavam ser limpos, colocar roupa de cama, como a muitos depois podemos mudar. Gertrudes e Raphael, resolveram ficar numa parte da ao lado da cozinha, que tinha dois quartos grandes, um banheiro, uma saleta  que eram para os empregados.  Jean Paul quis convence-los que não, que ficariam com eles, os dois disseram vocês são jovens, queremos ter nossa liberdade. também. Na saleta deles tinha o único rádio que funcionava na casa. Marie Antoniette disse que no final da vida de sua mãe, as duas usavam esses quartos porque era mais práticos, mais quentes também, pois estavam ao lado da cozinha mantinham sempre a chaminé da cozinha acessa. Ah disse Gertrudes, então essa chaminé se pode usar?
Claro, eram o antigo fogão da casa. aonde se assavam os animais.  Tinham sido mantidos sempre limpos, para não ficarem entupidos.  Ao lado tinha um puxado, com muita lenha. 
Raphael, já foi trazendo algo de lenha, pois já conhecendo sua mulher sabia que ela iria acender o fogão rapidamente, era dos antigos de metal, imenso,
Com os legumes Gertrudes queria fazer uma sopa, mas sua nova amiga Louise. disse, deixa que enquanto limpamos a cozinha vou fazendo uma sopa como se faz aqui na terra.
A cozinha era imensa,  tinha uma parte com umas janelas grandes  que iluminavam bem a mesma, uma mesa de trabalho bem ao centro da mesma, outra para umas dez pessoas comerem.
Podemos todos fazermos as refeições aqui ok.
A mesa teria que ser raspada, a Louise limpou uma parte, disse, depois peço, se o senhor permitir ao meu marido que venha raspar a mesma.  Louise e José, me chamem por favor de Jean Paul, nada mais, nada de patrão ou senhor ok.
Elas ficaram feliz por ele não ter ar de grande senhor, como os que apareciam vindos de Paris, viram que todos eram amigos entre si e práticos. Quando entenderam que Gertrudes e Raphael não eram empregados, mas sim amigos, ficaram felizes.
Depois foram ver o salão de refeições, que tomava todo lado oposto da casa, German ficou encantado, fez uma cozação, dizendo podemos transformar isso numa casa de shows noturnos.
Era forrada de papel de parede azul claro, com ligeiros desenhos em prata, as cortinas que precisavam lavar, eram cor lavanda e brancas. Quando abriram as portas tiveram uma certa dificuldades, pois as mesmas não eram abertas a muito tempo.
Deram uma passeio rápido pela casa,  Jean disse a Claude, não me lembro de nada, se agora tivesse que andar sozinho me perderia.
Se sentou na varanda com a Marie Antoniette,  justo olhou para cima para a imensa arvore que estava bem no alto fazendo uma linha com as ruínas do castelo. Lhe disse, tenho uma ideia, vou fazer lá em cima, ao redor da arvore um jardim para que os dois tenham toda a paz do mundo.   Colocaremos la bancos para que possamos ir no verão nos sentarmos, compartir com eles a tranquilidade do lugar.
Grande ideia disse a Marie Antoniette, a José e seu marido, que chama Paul como tu, são ótimos fazendo isso, ele vende muda de plantas inclusive estava hoje no mercado, viu vocês. Disse que tinha escutado vocês conversando, lhe pareceu tudo gente simpática.
De repente Jean Paul, disse, German aonde está o chucho?
 Na cozinha aonde vai estar. 
Marie Antoniette, aqui normalmente os cachorros ficam perto da cozinha para ver se lhes sobra alguma coisa.
Jean Paul, colocou a cabeça para dentro, chamou o chucho, este veio correndo, Jean Paul disse, venha comigo, foram os dois cachorro e senhor até a arvore lá em cima. Queria apresentar a sua mãe ao cachorro que basicamente lhe tinha salvado a vida.  Como que entendendo o que significava o lugar, o cachorro, não se aproximou da arvore para mijar, o fez numas moitas mais além.  Isso mesmo disse Jean, aqui não ok.
Olhou a casa la da arvore, ela parecia uma pintura maravilhosa, desde longe, foram descendo, quando German veio lhe chamar para comer.          Já era tarde disse, aqui o hábito era comerem cedo.
Se sentaram todos a mesa, menos a José e Louise,  Jean Paul disse senhoras por favor, nós não estamos acostumados a sermos servidos, sentem-se, comam conosco.  Uma olhou para a outra, se sentaram acanhadas.
Eles nem prestaram atenção que elas eram mais toscas na maneira de comer, dava igual, pensou Jean Paul.
A sopa estava fantástica disseram todos.    Gertrudes disse logo, foi feita pela Louise, como se faz aqui na terra.
O pão que tinham comprado no mercado, era fantástico.
A Gertrudes disse, finalmente poderei fazer pães e doces como gosto, terei um fogão maravilhoso.
O único que esteve todo momento quieto observando tudo tinha sido o Claude.  Depois foram todos se sentarem na varanda, para tomar café.
Tua mãe também gostava disso, a Louise nos últimos anos dela, me ajudou a tomar conta da casa.
Nisso chegava a Louise que disse, moramos numa das casas,  como ficamos sem trabalho, meu filho se foi com a família para Nice trabalhar, eu fiquei sozinha, aliás tenho vários meses atrasados de aluguel, me cortaram o telefone, nem posso falar com o banco. mas estou procurando um lugar para viver, pois não quero ficar naquela casa grande sozinha.  Já resolveremos isso disse Claude, não se preocupe Sra. Louise.
Ue o Jean Paul me disse para não chamar ninguém de senhor, agora me chama de Sra. Louise,  disse rindo.
Claude disse ossos do oficio, sou advogado, estou sempre chamando todo mundo de senhor ou senhora, não se preocupe Louise, que já resolveremos teu problema.
No meio da tarde a Marie Antoniette disse, meu filho, tenho que ir para casa, agora começa a escurecer cedo a esfriar, gosto de estar em casa. Ele pediu a German que fosse levá-la de carro.
A Louise e José disseram que voltariam no dia seguinte bem cedo para ajudar a Gertrude com os quartos e a cozinha.
Iriam abrindo os quartos, limpando tudo.  German mais previdente disse, teremos que arrumar uns pintores, pois a maioria precisa de uma pintura, antes da limpeza.  vamos organizar um roteiro do que iremos fazendo.
Já tinha começado a desenhar uma planta da casa, para se orientar melhor, verificaram se as luzes funcionavam todas.  Em algumas não, mais uma anotação, comprar lâmpadas,  Creio que em dois quartos será um problema, pois creio que a casa tem a fiação muito antiga, haveria que trocar tudo.
Fecharam as grandes portas por causa do frio que estava entrando, na biblioteca, que tinha além dos abajures, uns grandes castiçais de pé, encontraram na mesa grande vários maços de velas acenderam. 
Raphael disse, vamos ver se esta chaminé daqui funciona direito.  Jean Paul disse, creio que sim porque minha mãe usava muito a biblioteca. Realmente ao acender  funcionou rapidamente, foram os três por mais madeira, o que seria bom, podemos ver depois em Carcassonne seria uns protetores, ou seja para colocarmos diante do fogo.
Ah sei do que falas disse German que entrava de vir trazer as senhoras.
Queres rir, as três foram falando de você o tempo todo, a Antoniette dizendo eu não disse que ele era gente boa, sempre fiquei na casa dele em Paris, me tratava muito bem, as duas outras estão encantadas com todos, só estranharam não trazermos crianças nem mulheres, quando eu disse que nenhum éramos casados.
José disse, pena que na vila já não tem nenhuma moça casadoira, porque senão seria uma beleza, todas se foram a trabalhar fora.
Como tinha sobrado sopa da manhã, eles fizeram um lanche mais tarde,  ficaram conversando.
Gertrudes e Raphael, se retiraram, pois, queriam acomodar suas coisas, eles nem tinham aberto as maletas. 
German estava encantado com a casa, o Claude continuava em silencio.  Jean Paul continuava dando voltas a cabeça, disse que inclusive estava confuso com tanta coisa para olhar.
Claude disse, olha eu estive observando tudo, realmente se pode fazer daqui uma casa rural fantástica, ao mesmo tempo viver aqui. O que eu não me dei conta, quantos banhos tem, porque normalmente esse casas rurais ter que fazer obras colocando banheiros nos quartos.
Creio que amanhã podias fazer isso German ir olhando os quartos, fazendo anotações do que tem, etc. inclusive procurar as chaves desses armários, estão todos fechados, precisamos ver o que tem dentro.
verificaste os quartos que vamos ficar se tem luz?
German começou a rir, disse, nem me lembrei disso.       Bom ali naquela mesa tem uma serie de porta velas, levamos cada um velas para os quartos, foram ao de Claude primeiro.
Jean Paul disse, este era do meu avô, tem banheiro porque me lembro disso. Era muito antigo, abriram as torneiras, mas só saia água fria, não funcionava a luz. Creio que minha mãe o mantinha fechado.
Como, ele ficava ao lado da biblioteca, o calor da chaminé tinha passado para o outro lado.  Os dois outros quartos, ficavam para o lado da cozinha, descobriram que o banheiro que servia os dois quartos tinha água quente. Claro este eram usados antes, mas tem água quente porque os canos passam perto da chaminé da cozinha. creio que nenhum banheiro tem água quente. Se riram muito disso. estamos fodidos, mais uma coisa para fazer.
Cada um quando for dormir, pensa nas coisas, vai anotando, então poderemos pensar,  porque não estamos acostumados a passar o inverno sem nosso banho quente. etc.
Quando deram por si, viram que era cedíssimo, pois ainda não eram as nove horas da noite.   Riram muito, já viramos gente do campo venham não podemos abrir mão que somos gentes da cidade, dormir tão cedo é um horror. Descobriram aonde estava as garrafas de vinho que tinham comprado, taças.        Voltaram  para a biblioteca, German avivou o fogo da chaminé, se atirou num sofá com seu caderno na mão, não parava de escrever.
Claude e Jean Paul a mesma coisa, acabaram tomando a garrafa inteira de  vinho.
Jean Paul abriu a porta para que o chucho fosse fazer suas necessidades fora, ao abrir se notava o frio. Realmente ali estava quente, mas fora como era campo fazia frio e ventava. Nem dez segundos depois o chucho já arranhava a porta, ele abriu, este olhou como dizendo obrigado.
Sua cabeça dava voltas, era muita coisa para se ocupar, não sabia se daria conta disso tudo.      Ainda não tinha olhado a casa do administrador nem a estábulo dos cavalos. como será que está tudo isso. 
Tocou o celular de Claude, era  Marcel, tinham até se esquecido dos celulares.
German disse ao Jean, tem uma senhora que cuido no hospital, sua filha é muito simpática, além de arquiteta, decoradora, posso ver se conhece alguém por aqui.   Dito isto nem esperou que Jean disse-se nada, ligou para ela, lhe contou aonde estava, qual era o problema.   Imediatamente ela disse que conhecia dois, um era de Carcassone, mas era caríssimo, pois estava acostumado a meter a mão nos novos ricos que vinham de Paris, mas tinha outro que ela gostava muito do trabalho. que era de Narbone, tinha uma loja em Perpignan, ia telefonar a ele agora, já chamaria em seguida.
Jean Paul estava rindo a não mais poder. 
De que estas rindo disse German?
Com vocês dois como companhia, isso será uma loucura, nem terei tempo de ter dúvidas.
German ficou meio sem graça, pediu desculpas, e a força do habito do meu trabalho, não posso perder tempo, tenho que fazer imediatamente porque senão a coisa fica feia.
Podemos consultar esta pessoa, ela mais do que ninguém em sendo um profissional, poderá nos orientar, uma coisa e a gente querer fazer e outra saber fazer.
A amiga de German voltou a chamar, nem eram passados os vinte minutos.           Disse que a pessoa estava num jantar, mas tinha conseguido falar com ele, este disse que sim poderia olhar, passou o número de telefone. podem chamar cedo, pois ele é madrugador, este trabalha com sua mulher que também é arquiteta e artista plástica. por isso tem a loja em Narbone.
Resolveram que chamariam no dia seguinte, saberiam o que fazer.
O Claude que estava em silencio, disse, vais rir comigo agora, tu que estavas preocupado com o que fazer da tua vida.       Tem um lugar, dinheiro para investir, gente a quem dar trabalho, ou seja podes revitalizar tudo isso, pense nesta noite.
Na hora que cada um foi para o se quarto, se lembraram de apagar o fogo da lareira.
Jean Paul que tinha o quarto com água fria se lavou, amanhã tomaria banho no outro, ou banho frio. isso tinha que se resolver. afinal ele adorava banho de água quente.
Notou que a cisterna também tinha que ser trocada, este banheiro tinha que ser reformado.
Menos mal que tinha arrumado a cama, com uma manta, um acolchoado, foi aí que abriu a sua maleta, quando ia abrir a porta dos armários, viu que não tinha chaves.    Buscou na mesa de cabeceira, nada.       Amanhã perguntaria a Marie Antoniette por elas. buscou um pijama, se lembrou do chucho, este ficara indeciso em que quarto dormir, abriu a porta, viu que ele estava na porta da biblioteca. claro lá fazia mais calor, o chamou baixinho, ele veio arrastando seu cobertor.  Em cima de uma das cadeiras tinha um outro acolchoado menor de se colocar aos pés da cama, colocou no chão, pegou a manta do chucho, colocou por cima, este se enroscou em si mesmo, dormiu.        Pelo menos tenho companhia, se lembrou do dia que tinha dormido na mesma cama que German, quase foi até lá.
Ele se afundou na cama, apesar de ser um colchão antigo, estava forrado com outro acolchoado que lhe dava um calor, como um saco de dormir.
Ia começar a pensar, quando adormeceu, teve primeiro um sono profundo, depois sonhou com sua mãe, com um vestido todo florido como gostava, muito contente.        Despertou, olhou ao relógio, era muito cedo ainda, umas cinco da manhã, pensou ela deve estar contente comigo, porque estou aqui.    Voltou a dormir, acordou com o chucho querendo abrir a porta para sair. se escutava ao longe rumor da cozinha, quando viu o relógio eram as 7 da manhã, ufa aqui o dia começa cedo.    
Abriu a porta para o chucho sair, depois se sentou na cama, ficou pensando.    Não posso envolver toda essa gente, nem eu sei o que quero fazer.  Não sou casado, não tenho filhos, não tenho nada a não ser esses amigos, o que vou fazer?      Estou encantado com a casa, ou ela está me encantando, isso me mete medo.
Poderei levantar uma vida aqui. ou me tornarei prisioneiro disso tudo. Quando finalmente saiu, foi ao banheiro do quarto de German estava literalmente mareado.         Tomou um banho nem frio nem quente, seguia tonto com a cabeça dando voltas.
Se vestiu, saiu, sem sequer tomar café, o chucho o alcançou, ele seguiu até a grande arvore, se sentou no chão, ficou olhando para baixo, vendo que a neblina cobria uma parte da casa, nem se via a cavalariça, nem a casa do administrador, que tentou ver aonde ficava.          Imagina se as vezes eu reclamava do frio e a neblina de Paris, aqui deve ser uma constante. Mergulhou numa introspecção, ficou imaginando se tivesse sido criado como uma criança normal, será que teria amor a essa casa, ou teria partido como todos os jovens da vila para não mais voltar.
Ele estava fazendo o caminho inverso, essa era a verdade, isso não podia esconder.                   Já não era um jovem, tinha sido prematuramente aposentado, ou convidado para sair.        Claro agora ele poderia voltar, mas levar a mesma vida de sempre, não isso não lhe interessava.       Trabalhar de advogado, nunca tinha exercido, conhecia as leis para aplica-las, mas não tinha nunca usado num tribunal.
Estava ali, já um longo tempo quando apareceu o German com uma pequena garrafa térmica com café, copos de papel.        Não disse nada, se sentou na relva ao lado dele, ficou quieto também.
Acabou sendo Jean Paul, quem falou primeiro, que te passa?
German respondeu, acordei no meio da noite me questionando, sobretudo.      Imaginei saindo de Paris para viver aqui, essa casa me deslumbra, mas não é minha.               A da minha mãe na vila aonde ela morava, é a da Gertrudes, eu na verdade não tenho nada que me prenda a lugar nenhum, isso me deixou meio desgovernado a vida inteira.
Pois estou na mesma situação, tenho dinheiro que nem sabia que tinha, levei uma vida frugal, sem excessos, mas tampouco feliz,  agora me surge tudo isso. a pergunta é que faço?  Que faço?
German começou a rir baixinho, até soltar uma tremenda gargalhada.  Sabes, eu passei a vida inteira, me perguntando e agora, qual caminho seguir.       Quando comecei a fazer shows, queriam logo me contratar para embarcar numa temporada americana. diziam que eu tinha bom gosto, que tinha time de comedia etc.    Enfim, mas eu me perguntei, esses anos todos que levei estudando enfermaria, que gosto muito por sinal, queria ser médico, mas não deu.         
Trabalhei em tudo, muitos anos sendo ajudante de médicos especialistas, até que pisei na bola,  cheguei um dia depois de um show, com um pouco de rímel,  resto de maquilagem na cara, me puseram na rua.
Depois consegui esse emprego que tenho, gosto, lidar com pessoas que na verdade passaram-se para outro lado da linha.
A maioria não vai voltar para esse lado real, preferem a fantasia, eu sempre fico me perguntando, é agora, sigo no real ou me passo também para o outro lado.  Ontem quando cheguei aqui, me parecia isso que eu tinha passado para um outro lado, para um lado que eu quis ter  a vida inteira. Mas será real ou não.
Jean Paul, pegou a mão dele, segurou fortemente, tão real como a mão que me deste, seguraste até o hospital, depois quando cuidaste de mim.            Eu me apeguei a ela, porque era real, eu necessitava disso de realidade.
Um ficou olhando na cara do outro, Bom há muita coisa para fazer, não vamos ficar olhando um para o outro o dia inteiro, não é.
Riram, desceram, mas já falando.
German tinha marcado que os arquitetos viessem agora de manhã, por isso era urgente antes deles chegarem olhar a casa dos administradores, a cavalariça.
Pelo caminho viram Claude saindo com o carro, com a Gertrudes, abanaram a mão, iam a vila comprar, buscar as senhoras.
Chamaram o Raphael, este disse que tinha dormido como quando era criança, sem ruídos da rua, sem problemas de hora para levantar, enfim, uma maravilha.
German voltou a cozinha pois sabia que eram lá que estavam as chaves da outra casa e da cavalariças, voltou com a garrafa térmica cheia com café quente.
De longe viram que uma parte do teto da Cavalariça tinha caído, mau sinal, as vigas deviam estar podre.  Bom com cuidado, abrir a porta foi um sufoco, a madeira tinha inchado, era uma porta grande, com outra menor encastrada.
A menor não se abria de maneira nenhuma, o jeito foi tentar abrir uma parte da grande, estava meia podre, tinham que trocar esta porta.
German tinha trazido lanternas, realmente era imenso como ele se lembrava, mas a metade do teto tinha vindo abaixo.
Teriam que tirar o teto inteiro, trocar portas, janelas, todo interior teria que ser mexido, só sobrariam as velhas paredes de pedra, luz, água, tudo teria que ser novo.
Foram depois a casa do administrador, ela era bonita como ele se lembrava,  quadrada, diferente da casa central.
Apesar da dificuldade a porta abriu.   Os moveis, cortinas, tudo estava como antes, a cozinha era grande servia também como sala de jantar, tinha 4 quartos, dois banheiros, os banheiros serviam a cada dois quartos, o salão tinha uma estante que ele não se lembrava que ia desde o chão até o teto.      Ocupava uma parede inteira, estava abarrotado de livros, uma parte deviam ser livros da administração da casa e das terras, outra parte eram livros, inclusive em alemão.  Claro eles tinham usado esta casa.
Havia no centro outra mesa como a da biblioteca, muitas cadeiras ao redor, ele não se lembrava disto.
A estante tinha portas como a biblioteca da casa, mas nada de chaves. Teria que perguntar a Marie Antoniette se sabiam aonde estavam.
Fecharam outra vez a porta, German tinha mais ou menos desenhado a planta da casa.
Não sei se seria mais fácil reformar está primeiro, para aguentarmos o inverno, pois é mais fácil de esquentar, ou aguentarmos uma obra na outra.
Quando chegaram a casa, viram que tinha um carro 4x4 grande, na frente,  sentados na varanda um casal.          Foram até lá e se apresentaram.
Ele se chamava Gilbert, ela Estela.,  Puxa a casa por fora é muito bonita, a maioria assim por aqui já se caiu a muito tempo, foi o comentário de Gilbert.
Ele foi falando com German, pois esse era o nome que sua amiga de Paris tinha dado, German rindo, disse, bem que eu queria que tudo fosse minha, mas o dono é o Jean Paul.
 O Raphael ia se retirar, mas Jean Paul disse, o senhor Raphael, é o nosso novo administrador, por isso gostaria que estivesse sempre presente.  Tem o meu advogado que deve estar voltando, foi a vila buscar as senhoras que estão ajudando na limpeza da casa.
Ah disse Gilbert, foi então o seu amigo que nos indicou o caminho, pois estávamos meio perdidos.
Estela muito pratica, tirou um livro, foi anotando o nome das pessoas primeiro, tenho que saber com que tenho que falar as coisas.
Precisamos que nos ajudem, pois a casa não tem agua quente, para o inverno, isso seria primordial,  Sei que eles se lavam, mas estou acostumado a banhar-me todas as manhas.
Vamos primeiro fazer uma visita geral na casa.
German sabe mais do eu disse Jean Paul, pois não tive o tempo de ver tudo.
Viram os quartos de baixo, depois subiram para a parte de cima, aonde ainda estavam todos os quartos fechados,  Se via que não eram usados a muitos anos, por último iam subir, mas German disse o sótão está fechado a chave, a Antoniette ficou de me mandar as chaves hoje.
Desceram novamente, viram a cozinha, e as outras dependências.  Voltaram ao hall, foram a biblioteca, ficaram encantados com o que viram.
Essa é a parte que minha mãe habitava no final da sua vida, depois foram a salão de jantar. 
Estela soltou muitos ui e ais, estava alucinada.   Tudo é original, imagine, passava a mão nas paredes, ele dava pequenos toques no chão.     Disse à primeira vista parece tudo perfeito.  Que raro esta casa não tem bodega embaixo?
Jean Paul olhou para o German, levantaram os ombros.  Jean disse não me lembro, pode ser que sim. 
Saíram, foram a parte detrás da casa, realmente tinha uma porta, das chaves que estava na cozinha, uma finalmente abriu a porta, tiveram que fazer muita força.           Com as lanternas viram que estava dividida em dois, ocupava toda a dimensão da casa.  Justo abaixo da cozinha havia uma caldeira das antigas que devia servir para esquentar a agua.
Riram até, nem nos lembramos de perguntar isso as senhoras.
 Viram que havia uns muros que serviam de base para a casa, em vários espaços, estantes de madeira com garrafas e mais garrafas nem se via do que eram tinha muita poeira em cima. 
German tirou uma de uma estante, limpou com a mão, o vinho eram de 80 anos atrás.      Ufa, ou será maravilhoso e vale muito, ou é vinagre puro, riram todos.
Quando voltaram a luz do dia, na porta estava Claude, rindo, as senhoras me contaram que esqueceram de falar da bodega.
Eu trouxe pão, coisas da vila, venham vamos tomar um café, depois seguimos.  Na cozinha já tinham a mesa posta para um café rápido. Estela examinou a cerâmica do café. Caramba isso é uma loucura usarmos, vale uma fortuna. Aonde está o resto?
Marie Louise, a levou a um quarto grande ao lado da cozinha, aonde estava a louça e cristais. Só se escutou um grito da Estela, isso é uma loucura, vale milhões tudo isso.
Foram todos lá, tinha duas estantes do chão até o teto, com cerâmica de Sevres, pelo menos duas, uma toda branca,    outra decorada em azul e prata, os cristais eram muitos, para uma família enorme . 
Estela que já tinham visto que era muito exagerada, brincando dizia, ai meus sais, ai meus sais.   Isso na loja eu venderia tudo num só dia.
Marie Louise, abriu um armário, cheio de gavetas, estavam faqueiros de prata com cabos de madeira, faqueiros inteiro em prata, outro que devia fazer conjunto com a cerâmica azul e prata, os cabos eram todos em cerâmica, este se via que faltavam algumas peças.
Depois outro armário, grande, pesado, aonde estava toalhas, mais toalhas de linho da mesa grande da sala de jantar.
Estamos olhando senhores disse Estela, enxovais de mais de 100 anos, caramba.         Claro tudo estava dentro de sacos plásticos, com saquinhos de lavanda, para proteger.
Num outro armário pequeno, vestes de empregados, perfeitamente engomados.  German começou a rir, disse baixinho, depois te conto uma história.
 Um outro, armário como de uma farmácia, com cerâmicas antigas, mas estão todos vazios disse Marie Louise.
Voltaram a cozinha, já pensando, mas qual nada estava num aparador ligado ao fogão, que o mantinha quente.  Isso nem existe mais disse Estela, e está em bom estado,
Foram as cavalariças, Gilbert que se mantinha calado, disse que lastima, aqui só sobram as paredes.
Na casa do administrador, foi a mesma coisa, se espantaram com a estante, teriam que procurar as chaves.  
German disse Jean Paul, te vou nomear ama de chaves, tu que es curioso vá provando, escrevendo de aonde é cada uma.
Olharam tudo, fizerem muitas anotações.             Voltaram a casa central, Gilbert disse, estou tonto, como devem estar vocês.
Pois é disse Jean Paul, eu vivi aqui alguns anos da minha infância, por isso não me lembro de tudo.
Se nos permite, gostaríamos de telefonar a duas pessoas que trabalham conosco, que examinam tudo, para sabermos dos quartos de cima, dos banheiros o que há que fazer.  O do seu quarto infelizmente tem que ser feito novamente.
O problema, pois pela época desta casa, só quebrando, é que se sabe, por aonde corre o encanamento, os tubos de luz, enfim.  uma meleka,  riu do comentário.
 Em termos, a parte que seguiu sendo usada tem poucos retoques, mas o resto precisa de obra.
Os tapetes todos devem ser lavados, vejo que há muitos, por isso de antemão faço uma oferta, ou fazemos primeiro a da casa do administrador, ou  terão que aguentar poeira, etc.
Claude disse, o que não sabia, me disse Marie Louise, temos que pedir as chaves a Antoniette, casa da vila que está vazia é imensa também.      Podemos ficar lá enquanto se faz a obra. 
Casa da vila?    Ufa disse Jean Paul, acabo de ficar tonto.
Na vila tens a casa em que vive a Antoniette, mais uma alugada, a outra está vazia a muito tempo. segundo o diretor do banco.  Estive vendo por fora, é muito grande.
Nisso entrou uma moça casa adentro, como se fosse sua própria dona, muito altaneira, perguntou, quem é Jean Paul? 
Ele se levantou, está muito desafiante, sou a filha da Antoniette, vim trazer as chaves de tudo, antes que minha mãe me leve a loucura.
Era uma caixa de madeira, fechada a chave, se via pelo barulho com que foi depositada a mesa, que era pesada .
Até logo,  se foi igual tinha entrado, quando ele chegou a porta ela já estava montada numa bicicleta, ia embora, Ele só pode gritar OBRIGADO, ela acenou com a mão sem se voltar.
A Marie José que passava disse, está, parece que tem o rei na barriga, o que tem a mãe de doce, tem ela de azeda.
Ele foi até a cozinha, perguntou a Gertrudes, se dava para almoçarem todos lá? 
Claro disse ela. 
Jean Paul disse estamos esperando mais duas pessoas pelo menos.
Quando ele voltou a sala, viu que um carro se aproximava, eram os ajudantes de Gilbert. Cumprimentaram todo mundo, saíram com o German que fez um sinal, deixa comigo, Gilbert para examinar toda a casa.
German voltou, disse, vê se encontras aí a chave do sótão.
Ele abriu a caixa, sorriu, se lembrou dela em seguida, porque quando era pequeno, a mesma o fascinava.  Foi direto aonde estava a chave do sótão. pois esta caixa ficava presa a parede na cozinha, la se deixavam as chaves, ele sempre ia escondido pegar a chave do sótão que adorava.
Como quem vai levar a chaves, ao mesmo tempo como um autônomo, foi direto a escada, subiu o primeiro, depois a outra escada para o sótão. Quando se chegava lá em cima, ele abriu a porta sem dificuldade.   Dava para outro hall, nele, uma porta de madeira e vidros, que dava para um corredor, de um lado estavam os quartos que deviam ser dos empregados, ele contando as portas deu com 8 portas, do outro lado só havia uma porta no meio,  nenhuma porta tinha chave, ao abrir se via que a maioria estava vazio, outros cheios de baús, maletas de madeira, das antigas, no final do corredor, havia um grande banheiro, que devia ser para ser usados por todos.
Abriu a porta do lado oposto, a que eram única.      La estava seu lugar de criança, brinquedos, mais baús, muitos empilhados um em cima dos outros, a cadeira de balanço aonde se sentava sua mãe, uma mesinha com coisas para costura e bordados.  Enfim, tudo como ele se lembrava.
Quando se voltou estava German na porta, quando passaste foi como ver um fantasma, agora entendo por quê.
Perto da cadeira de balanço, tinha um cavalo de madeira destes de criança, que faltava uma perna, foi meu avô que a rompeu, já estava meio louco creio.
Em cima da mesinha tinha um álbum de fotografia, que pegou, alisou, isso vi minha mãe fazer milhões de vezes.
Da porta pediu licença para entrar o Gilbert, disse, o senhor tem uma casa maravilhosa, tudo isso de uma riqueza incrível.
Nos dois últimos quartos tinha quadros, mais quadros, encostados um nos outros, ocupando toda a dimensão do mesmo.
Teriam que examinar, para saber o que eram.  Aliás é verdade no resto da casa não se viam quadros.
German comento, tem sim, mas só nos quartos de cima.
Todos esses quartos estão como parados no tempo e espaço, com seus moveis, roupas de camas originais, quadros nas paredes, pelo visto em bom estado.
German disse, morro de curiosidade de abrir todos esses baús, malas, para ver o que tem dentro.
Gilbert desceu com os seus homens para verem na bodega, se caldeira se funcionava ou não.
Quando subiram, a mesa já estava posta, o cheiro era dos deuses.
Claude disse baixinho para German e Jean Paul, vamos aproveitar que eles estão aqui, vamos até a casa da cidade, para ver como está, se vale a pena ficar por la.
Os homens disseram que a caldeira com um pouco de jeito funcionava, mas precisava ser alimentada com lenha, muita lenha, hoje em dia se usa instalar gás, mas tem que ser fora daqui, um pouco afastado da casa, se faz uma pequena construção, marcas com um caminhão que venha abastecer de gás, mensalmente ou semanalmente conforme o gasto.
Para o momento creio que teremos que nos contentar com isso.
O almoço estava estupendo. Jean Paul disse a German, não podemos comer tanto assim viraremos umas baleias.
Perguntou se poderiam ir olhar a casa da vila, para saber se era habitável.
Louise disse que sim, antes que tua mãe morresse, vivia gente lá.  Tua mãe a comprou, para que pudessem fazer a partilha, foram embora todos.  Infelizmente não tinha outra solução, os senhores que la viviam, morreram, eram muitos herdeiros, tinham 8 filhos.  Tua mãe pagou o preço justo para que eles pudessem resolver o problema.  O pessoal da vila, cada vez que tinha problemas vinha consultar tua mãe.
Agora consultam a Antoniette, pois sempre respeitamos os mais velhos.  Creio que o sr. não vai se lembrar pois saiu daqui em criança, mas a maior parte da vila trabalhava aqui nos campos, na criação de cavalos.    Quando tudo terminou, muita gente teve que ir embora, os mais jovens então partiram todos.
Que lastima pensou Jean Paul.       Lastima que ele nunca tivesse voltado, pensando uma coisa ou com medo de algo que nunca tinha existido. Porque será que sua  mãe tinha agido assim.
Foram de carro até a vila.
German comentou que tinha fechado o sótão, que as chaves estavam com ele.
Estou tomando ao pé da letra a ideia de ser ama de chaves, disse rindo, a história da roupa de empregada doméstica, foi a seguinte, eu fiz um show em que me vestia de empregada doméstica, foi muito divertido, colocava uns enchimentos na bunda, nos peitos para parecerem enormes, o pessoal ria muito.
Tanto Jean Paul como Claude ficaram imaginando, demoraram parar de rir.  Um dia deste tens que fazer para a  gente.
German não gostou muito disso, fechou a cara.
Resultava que a casa da vila estava justamente diante da igreja, ocupava quase meio quarteirão, tinha um quintal junto.
Quando entraram cheirava um pouco a mofo, mas estava tudo ou quase tudo la, os moveis, etc. viram que faltava  as coisas de cozinha , roupas de cama, etc. Os homens foram procurar se tinha caldeira, esta era a gás, estava nos fundos da casa.
Tinha ar na tubulação, mas estavam acostumados a arrumar,  necessitava encher de gás o aparelho.  Na parte baixa tinha um entrada peculiar, pois se entrava da rua diretamente numa grande cozinha com mesa de jantar, para muitas pessoas, inclusive havia duas poltronas para descansar junto a lareira.
Da cozinha, dava para um corredor, tinha dois banheiros comunitários, 4 quartos, todos com umas janelas grandes, e o sótão que se subia por uma escada em curva ao final do corredor, era grande, vazio.          As camas eram muito antigas, estavam em mal estado, os moveis eram comuns nada especial.  Se ficassem lá poderiam comprar camas novas, decorar o resto.
Notaram que da cozinha saia uma porta menor que as outras, ela dava para uma sala pequena, um quarto com banheiro, que devia ser dos pais. esse era o que estava em melhor estado. mas a cama tinha o mesmo problema, estava mal.
Voltaram a cozinha dela, se saia a um pátio, que dava para uma antiga horta abandonada, alguns pés de fruta, que no momento estavam sem folhas.
Sim creio que podemos usar a casa, principalmente no inverno, enquanto fazem a obra lá no campo.
Minha preocupação disse Jean Paul, é a biblioteca, teríamos que a fechar, para evitar problemas de poeira etc.
A Estela poderia vistoriar os tapetes, os que fossem bons, se mandaria para Carcassonne para lavar e restaurar, ou mesmo Narbone disse ela.
German disse que no sótão, tinha muitos também, não pareciam em mal estado.
Teremos que examinar tudo, comentaram Estela e German ao mesmo tempo.
Voltaram a cozinha que os empregados de Gilbert estavam acendendo o fogo no fogão antigo de metal que dava direto a uma chaminé, para saber que funcionava direito.
Nisso entraram na casa Antoniette e sua filha. Ele a apresentou ao Gilbert e Estela. 
O fogo funcionou rapidamente, sem problemas, bastaria mandar encher de gás o que estava fora, os banheiros teriam agua quente.
 A minha casa é do outro lado da rua. O mais interessante tu não sabes, tua mãe jamais entrou nessa casa.  apenas a comprou para ajudar as pessoas. Os jovens iam sempre a consultar sobre ir-se ou não daqui.
A filha que não tinha se apresentado, estava meio de lado. Jean Paul, perguntou seu nome, ela um pouco pedante disse Marie como todas daqui, mas Sophie como tua mãe. 
Ok vou te chamar de Sophie se não te importas.
Pediu para se sentarem todos na mesa, desculpa mas não podemos servir nada.
Gilbert foi quem falou, ele notou que era a voz cantante dos dois.
Bom a casa é grande, se pode fazer um projeto interessante, as cavalariças tem que ser reconstruída, ou transformada em outra coisa qualquer. A casa do administrador, podes unifica-la ao que queiras, mas tem pequenos restauros para fazer.
Na casa grande o problema será descobrir por onde passam os fios elétricos. para isso, infelizmente teríamos que tirar o papel de parede que esta,  ver as marcas que ficaram e direção que correm os cabos.              Os banheiros é mais difícil, o que nos obrigaria, a basicamente fazê-los outra vez. mas isso se pode fazer um projeto interessante.
Tens alguma ideia disse Gilbert para Jean Paul?
Fez-se um silencio imenso todos olhando para ele.
Estava de cabeça baixa escutando Gilbert, levantou lentamente a mesma, ficou olhando não em direção a ele, sim a Marie Antoniette, como se a consultasse. De momento estou pensando em transformar a casa, o resto numa grande casa rural, para que se possa usá-la na totalidade, chamar um engenheiro agrícola, ou mesmo alguma pessoa do governo, que olhem as terras, primeiro porque não sei sua dimensão, e o que podemos fazer nelas.
Penso sim em voltar a criar cavalos, nem que seja para serem usados pelos hospedes, mas isso tenho que pensar.
Desenvolva o projeto dessa maneira, já que temos essa casa, quando comece a obra, ficaremos aqui, creio que será mais interessante, no inverno seria melhor.
Teremos que chamar alguém, para vistoriar, disso eu não entendo nada, todo esse vinho que estão na bodega.  Tirar este sistema antigo de aquecimento, colocar um moderno.
Agora note bem Gilbert, não quero perder o chão de madeira de nenhum lugar, não gosto de chão de cerâmica. ok.
Eles ficaram de voltar dentro de dois dias, com um rabisco, disseram rabisco explicando que era muito curto o espaço de tempo, teriam que tomar medidas de tudo, para fazer um projeto real da casa. Tentaria, que verificar em Carcassonne nos registos se havia ou não um projeto da mesma.
Ninguém tinha ideia disso.
Claude disse, posso falar como diretor do banco sobre isso, se lembrou, podemos conseguir um financiamento para fazer o grosso da obra, o governo dá a fundo perdido ajudas da comunidade europeia para isso.
Fecharam a casa, ele beijou as mão de Marie Antoniette, viram que na rua se tinha juntado algumas pessoas da vila, principalmente gente de idade, muitas mulheres. Marie Antoniette o foi apresentando um a um, ele jamais saberia recordar o nome de todos.
As mulheres se atreviam a beija-lo, os homens a dar a mão, claro e todos com a muda pergunta na cara, o que ele ia fazer?
Ele entendeu, estes senhores são de Narbona,  são arquitetos, vamos estudar um projeto para recuperar a casa, os campos.  Faremos uma reunião com todas as pessoas da vila, para confirmar, dizer o que vamos fazer.
A Marie Sophie, se aproximou, disse eu estudei turismo em Carcassonne, depois em Toulouse, se quiseres informações, poderei ajudar.  Claro Sophie, não conhecemos nada aqui, precisamos de gente que nos diga as coisas.
Ela ficou subitamente simpática, German depois disse ela é interesseira, isso sim.
Como voltaram cedo, o German, munido de um dos castiçais  grande, subiu com uma porrada de velas.    Esvaziou um espaço para poder  abrir os baús, apenas alguns, para ter uma ideia.
De repente, Jean Paul e Claude que estava na biblioteca, viram entrar um transtornado German, este dizendo venham comigo, venham comigo.
Subiram com ele, num único baú aberto, ele tinha tirado roupas do século passado, pareciam a luz das velas, como novas.
Claro todas precisam de  ser limpas, arrumadas, pequenos consertos, mas estão muito bem.  Os vestidos, todos muito bem dobrados, por baixo sapatos, da época, bolsas, algum que outro pequeno chapéus.
Se tudo está assim podemos fazer um museu do traje junto para atrair o pessoal,  voltou a colocar tudo no seu lugar, fechou o baú, marcou com um papel que este já tinha olhado. Vou abrir só mais um, pegou o que estava ao lado deste.    Estava em pé, era uma mala baú, quando abriram  de um lado fraques, chapéus, sapatos, luvas, como se estivesse pronto para viajar.
Jean Paul disse, por mais que eu perguntasse minha mãe se negava em responder, o pior, não me permitia abrir, nem com a curiosidade de criança.
Do alto de uma pilha de caixas de chapéus, ele pegou a de cima e limpou com sua própria camisa a tampa.  UAU, não acredito, imagine é de Chanel, tirou de dentro um chapéu fantástico, que devia ter sido feito para sua mãe, tinha pequenos danos, mas que podiam arrumar.
Fecharam tudo, desceram, pois apesar de ser cedo já estava escurecendo.
Se sentaram na biblioteca,  falaram dos arquitetos.  Como disse sua amiga German, me parecem pessoas honestas, pelo visto temos muito trabalho.
Creio que amanhã, poderíamos fazer o seguinte, vou ligar para o diretor do banco, ele me deu seu telefone particular, vamos até lá, verificamos a história do financiamento, apesar de termos dinheiro, como podemos manejar isso, aproveitamos para olhar e comprar carro.    Vocês dois vão me achar louco, mas creio que devemos comprar um furgão. para transportar coisas, e um carro grande  para nos movermos.
Ligou para a casa da Marie Antoniette, quem atendeu foi a Sophie, ela foi cortes, passou para sua mãe.  Ele lhe perguntou sobre a oficina que ela disse que um filho dela tinha, pois necessitavam comprar um carro.  Ela muito franca disse, se você não se incomoda, me dá uma carona, irei com vocês, tenho que ir ao médico, depois posso ir com vocês até lá. Já o aviso, comigo junto ele não tentara engana-los, riu.      Escutou uma censura da Sophie, como que dizendo mamãe .  Vê tenho uma censura dentro de minha própria casa.
Claude que tinha falado com o diretor do Banco, disse marquei com ele as 9 da manhã, Ele disse o horário a Marie Antoniette. Ok,espero que vocês passem por aqui e vou junto.
Pediu a German para chamarem a Gertrudes e Raphael, enquanto o Claude ia levar as senhoras a vila. Tinham deixado a comida pronta, a cozinha e os quartos estavam impecáveis.
Raphael e Gertrudes, entraram na biblioteca  ficaram em pé, venham, se sentaram todos a mesa.
Lhes contou que tinha visto a casa da vila, que quando soubesse da obra, iram todos para lá.  Ele perguntou a Raphael se sabia conduzir, este disse que sim. Não tenho carro, mas dirigi muito tempo taxi em Paris.      Então teremos que comprar mais de um carro, assim podes tu mover as senhoras.   Outra coisa, preciso que combines com elas um salário, pois temos que pagar a ajuda. Mesmo na outra casa, a Gertrudes vai necessitar de ajuda, porque é grande, queria recuperar a horta que tem lá. ok.
Assim vais conversando com a Louise e a José que são uma fonte de informações.  
Rapidamente o German que disse e fofoqueiras, riram todos.  Realmente fazem muitas perguntas, mas creio mais por curiosidade. 
Creio disse que esta louça que está na grandes dispensa, devemos levar para a vila, quando comece a obra, pois  não sabemos quem vai estar aqui.
Biblioteca como pretendo ir trabalhando nela, controlo, mas o resto temos que pensar como vamos montar o esquema. 
Os moveis que se possam mover, podemos levar para o sótão, pois tem quartos vazios, mas esse armários imensos, não.
A Louise, com sua fonte imensa de informação, disse rindo Gertrudes, disse que tua mãe nunca permitiu que nenhum armário fosse aberto por elas, mas sabem que estão cheios de roupas e outras coisas.
Isso pode te encarregar tu German.  Porque não falas com alguma dessas mulheres da vila, encontra uma que possa te ajudar a separar tudo que estiver nos armários.  Assim serão mais fáceis de mover.
Bom primeiro amanhã em Carcassonne, teremos que comprar já camas para a outra casa, separar roupa de cama para levar para la.            Ah, para a área detrás da casa, podemos comprar uma máquina de lavar roupa, porque ninguém é de ferro, lavar isso tudo no inverno, num tanque não é .  A Gertrudes disse, eu agradeço. 
A me esqueci, Raphael e Gertrudes, vocês também estudem um salário para vocês. Ok?
Os dois disseram rapidamente, temos nossa aposentadoria,  nem pensar, iremos viver aqui, ainda vamos ganhar.  
Nada disso disse Jean, acho normal, porque vocês vão trabalhar. Mas vocês já deram muito duro na vida que eu sei, por isso, quero que você escolha para a vila uma ajudante, você é quem manda Gertrudes.
Vimos que tem um quarto grande com banheiro junto a cozinha este fica para vocês, nos apanhamos com os outros.
Foi um momento divertido. Gertrudes disse, já que vais comprar cama, por favor, que sejam duas, pois gostamos de dormir cada um em sua cama, colocou a mão em cima da de Raphael, ele estava com vergonha de disser isso, mas creio que entre nós temos que ser sinceros, ele ronca, se mexe muito, eu durmo mal. Riram todos.
Quando Claude chegou, veio rindo, disse, parece que a vila está em plena revolução, quando chegamos, parei aonde paro sempre para as senhoras descerem, já tinha uns quantos homens esperando, se oferecendo para trabalhar. eu disse que havia que esperar para saber quando íamos começar tudo.     As perguntas eram milhares, disse, já exagerando é claro, mas fiquei até tonto com tudo isso.
Foram jantar, quando iam saindo, Jean disse a German, podemos falar depois um pouco.  Passo no teu quarto antes de dormir. Gertrudes tinha colocado sabonete, grandes toalhas ao lado de uma pia imensa da cozinha, disse aqui tem água quente, se pode lavar a cara  muito bem.
Tinha uma sopa espessa para tomar, com um sabor a ervas e a carne.  A Gertrudes disse, carne de coelho, depois comeram coelhos também assados, com alecrim, batatas assadas.
Essa Louise cozinha como os deuses, disse German e Claude, Gertrudes disse, fica aqui na cozinha com ela, parece um motor de falar. Ela disse que vinha duas vezes por semana cozinhar para tua mãe.       ah esta geladeira não está boa.
Bom vamos aguentar essa aqui, para a vila compramos amanhã uma nova, Toma nota Raphael, máquina de lavar louça, de lavar roupa, geladeira, as camas todas.
Aí fez um gesto que disse, fazia seu avô, que ele se lembrava de criança, à meu rico dinheiro que se vai pela janela!
Riram  muito com isso. Devias ter tentado fazer teatro, disse German.
 Quando foram se deitar, German foi até o quarto de Jean, ficaram conversando,  riu com o entusiasmo de German para com as roupas.  Tenho verdadeira paixão por isso.
Ue, separe tudo, veja o que há nos armários, monte uma talher para recuperar, com certeza na vila devem ter mulheres para ajudar.
Tenho um amigo que trabalha no museu do traje em Paris, que escreveu um livro sobre a história da vestimenta na França, vou pedir um exemplar para poder ordenar isso.
Mas o que queria falar comigo?
Tenho uma dúvida cruel, se for fazer tudo isso, não sei quanto tempo vai durar, vou ser honesto e ao mesmo tempo egoísta, não me imagino aqui sozinho. Não só porque gosto da tua presença, como quero tua amizade. Pense de alguma maneira, como  disse ao teus tios, eu vou pagar a eles, porque é justo. Mas se formos fazer a casa rural queria te oferecer a sociedade, assim poderias ter dinheiro teu. Que te parece, ou melhor, pense, como não decidimos nada, até ver o que podem nos oferecer de projeto.
German sorria. você que se atreva a oferecer essa oportunidade a outra pessoa, lhe estendeu a mão, vou pensar.  Porque agora só posso pensar nesses vestidos.
Pena que elas eram baixinhas, senão me vestia um para ir ao bar da vila.   Começou a rir, uma risada contagiante, imaginando o que seria.
Claude bateu na porta apesar desta estar aberta, perguntou por que tamanho escândalo?
 Jean contou, este também ao imaginar riu muito.  Se você visse os homens que vieram falar comigo, ias sair correndo até Paris.
Resolveram ir dormir. Claude disse tenho que avisar ao escritório que minhas férias ficam maiores, a Marcel que me venha visitar em breve.    No escritório devem estar adorando me ver pelas costas, filhos da puta, mas eu também.
Creio que amanhã poderemos ter boas informações do diretor do banco, esta gente se interessa que se desenvolva coisas novas por aqui.
Bom boa noite.
Pela manhã só deu tempo de lavar a cara, higiene, um café rápido, o coitado do  Raphael, tinha uma lista de compras de supermercado, de coisas que não se encontrava na vila, foi conduzindo o carro com o German, no outro iam Claude, Jean e Antoniette
Está mal o carro partiu, pediu desculpas pelo comportamento da filha, disse que o que ela dizia filho, era filho do seu marido,  filha só tinha está.  Estava terrivelmente aborrecida, pois tinha esperado que tua mãe lhe deixasse algo de herança para poder partir daqui, é muito preguiçosa, O rapaz com quem tinha um romance foi a mais de um ano para Paris, a chamou para ir com ele, mas claro ela teria que trabalhar, não queria.     Na verdade, não sabe o que quer da vida.   Acabou que o rapaz conheceu outra moça, rompeu com ela, por isso culpa todo mundo da sua própria preguiça, de seus problemas.    A só duas maneiras de a ajudar, uma lhe ignorando, outra a mandado a merda, riu muito com isso. 
A tua mãe, que dizia isso, quando te aborrecem, ou ignoras ou manda a merda.  Ah que falta sinto da minha querida amiga.
Ela me avisava, que  estava mal educando minha filha, me avisou muito.                Mas foi ela que pagou para que estudasse ou mal estudasse em Toulouse, a incentivou para ir a Paris.  Mas Sophie queria ter uma casa decente para viver, não queria chegar, ter que ir à luta.          Enfim cada um tem o que merece.       Cuidado, não lhe prometa nada pois ela cobra, nem tente ajudá-la, deixe que ela corra atrás.  Vindo de uma mãe, havia que escutar. pois ela conhecia sua filha.
Quanto ao carro, vamos depois falar com meu filho, eu o considero assim pois fui eu quem o criou em lugar do meu, por isso me obedece, é completamente diferente da irmã, mas foi sua mãe que o ajudou também.  
Interessante isso, descobrir que sua mãe que era uma bela desconhecida para ele, era a boa samaritana da vila.
Na entrada de Carcassonne, combinaram que a deixariam no seu médico, ela os chamaria quando acabasse.  Deixariam o Raphael e German no supermercado, ela indicou o melhor, mais completo. Jean e Claude iriam ao Banco.
Assim fizeram. Quando chegaram ao banco o diretor já os estava esperando, com um café.  Lhes explicaram a situação.             Ele, imediatamente chamou o responsável do governo local, que os convidou para irem até seu gabinete.                    Enquanto os acompanhava, pois na verdade bastava atravessar a rua, falou que ele também poderia conseguir um empréstimo que fosse sendo pago pelos rendimentos das suas contas.  Mas claro, puxou a sardinha para o seu lado. dizendo que seria razoável ele trazer o dinheiro de Paris para isso.
Quando ele falou nisso, ele se virou para Claude, disse, quanto custaria o colar hoje em dia.
Claude entendeu imediatamente.  Alguns milhões creio eu. Mas teria que ir a Paris para verificar, com uma autorização tua para isso.
Jean que se estava descobrindo prático, perguntou se havia algum voo para Paris. 
O melhor é desde Toulouse, e a vários durante o dia, poderíamos em um dia e voltar no outro, ou vais tu, te autorizo a retirar o colar, levar para ser analisado na mesma joalharia.      Verificar se o comprariam ou não ou se teriam que colocar na Christie.
Vou verificar os horários, dos voos, posso ir até Toulouse de carro, deixo lá no aeroporto, quem sabe consigo que Marcel venha comigo.
O responsável pela área de investimento do governo do Aude os recebeu imediatamente, era muito importante, gente que quisesse inverter na região. Ele mais ou menos conhecia a história de sua, família, das terras que tinham.             Prometeu ajudar em saber todos os limites, chamou por telefone imediatamente alguém do setor de agricultura que pudesse dar um pulo até lá.
A conversa foi aumentando, as possibilidades eram muitas, quando German chamou, ele pediu que fossem buscar a Antoniette, fossem para o talher ou oficina mecânica, para irem dando uma olhada no que havia por la.
Conseguiram que o setor de agricultura, iria  mandar um técnico, com mapas da propriedade, para orientar no que fosse possível, quem sabe recuperar o que se plantava antes.
O diretor do banco disse que a parte das vinhas estava alugada a uma companhia vinícola que a explorava.  Perguntou, você leu tudo que eu te entreguei?
 Confessou que não, pois é um dos teus grandes rendimentos, mas se quiseres, o contrato acabaram em uns seis meses é só avisar com antecipação, se cancela o mesmo.
Quando saíram de lá a cabeça dava voltas, pois era muita coisa, para ver, resolver.           Tinha que falar com Raphael sobre isso. Visitar estas terras, ver se podia tocar eles e fazer seu próprio vinho.  Mais esta pensou, se continuo assim não terei tempo nem para me coçar.
Quando chegaram a oficina mecânica, esta tinha uma loja na frente grande de carros usados, atrás funcionava a recuperação dos mesmos.
Junto a Antoniette tinha um homem altíssimo, que foi apresentado como seu filho Anton,  Muito simpático, com um forte aperto de mão disse estou aqui para servir-lhe.        Sua mãe foi quem fez o possível, para que realizasse o meu sonho.
Tinha uma pequena oficina mecânica na vila, mas que não tinha futuro.     Ela lhe ajudou a conseguir financiamento, se instalar.  German tinha gostado de uma  furgão grande, um 4x4 da Renault muito bem conservada,  tinha uma outra que estava arranjando, mais antiga que poderia servir para Raphael, se mover por lá.
Venham comigo, lhes mostrou um Mercedes daqueles que gostam os novos ricos.
Jean disse, nem pensar, precisamos de coisas práticas.  
Lhe mostrou outro 4x4 que estava reservado, também era igual ao outro, mas de outra cor.   Espere, vou telefonar a pessoa que o reservou. 
Enquanto isso ele pediu a Claude que telefonasse para o gerente do banco, verificasse como pagar o Anton.
Este disse  assine os documentos, mande que passe aqui para receber ou se prefere coloco na conta dele, pois ele tem conta conosco.
O Anton voltou, disse, o carro está livre. Vamos fazer o seguinte, vocês ficam com os carros uma semana, se veem que está bem, me pagam ok.
Ou então disse Jean Paul, qual o valor total?
Ele disse o preço por cada carro.
Claude e German se afastaram um pouco, voltaram com uma contraproposta,  o Anton concordou imediatamente. 
Como quer receber?      Explicou, o que o diretor do banco falou,  ele aceitou imediatamente.  A mãe ia almoçar com o filho, este iria preparar os documentos.
Usaram um dos 4x4 para ir entregar os outros dois carros, de la iam almoçar, comprar as camas, os eletrodomésticos.
Depois de fazer a entrega na estação de trem, almoçarem no hotel em frente.                Pediram a informação, tinha um grande Carrefour na entrada da cidade, foram até lá, compraram as camas todas, a geladeira grande, lava-louça e lavadora para o inverno, iriam, entregar em na casa, dentro de dois dias.
Na volta já com os três carros. Jean comentou com a Antoniette que iriam viver na casa da vila, enquanto fizessem a obra, que sugeria ela. pois ele não queria sobrecarregar a Gertrudes, quem devia contratar para trabalhar com ela. 
Perguntou para fazer o que?
Ele disse o pesado. 
A Marie José com toda certeza, primeiro que a Marie Louise fala muito, toda a vila saberá o que se faz dentro da casa, a José trabalha em silencio.
Ótimo pensou era o que eu tinha pensado.
Só para ter uma ideia, perguntou como esse pessoa estava acostumado a ganhar por trabalho.
Eu pago uma pessoa tanto, uma coisa ínfima. Mas para fazer isso  tens que pagar tanto, pois envolvera mais trabalho. Iria conversar com a Gertrudes sobre isso.
Perguntou se na vila tinha alguém que fizesse costura para fora, bom tenho em casa, a Sophie costura muito bem, foi falando uma serie de nomes de senhoras.
German falaria com elas.      Perguntou se tinha algum armazém  fechado para guardar coisas.   Não queria falar ainda dos planos do German, pois esse não tinha ideia ainda.  
Claro, eu tenho do meu marido que está fechado, é bem grande, fica quase ao lado da tua casa.
Ótimo pensou ele.
Direi ao German para falar contigo depois ok.
A deixaram em casa, voltaram todos para o campo, mais um dia inteiro ocupado.
Telefonou ao Gilbert para confirmar a reunião no dia seguinte, se seus homens poderiam fazer a instalação do que tinham comprado, se eles queriam as camas da casa, ou que pelo menos tirassem de lá o que estava mal.
Ficou conversando com Raphael e Gertrudes, ela disse o mesmo que a Antoniette, prefiro a José que fala pouco, trabalha muito, a outra cozinha, mas eu também cozinho bem, então dá igual.
O German tinha desaparecido, ele já sabia que estava no sótão, olhando mais um baú. Ele ficou junto com Raphael, procurando as chaves das estantes. eram muitas, até que deram com uma chave, em que tinha um pequeno livro pendurado, uma única chave abria tudo. Ele resolveu ficar com ela, colocou no seu chaveiro.              Não queria que ninguém mexesse na biblioteca, talvez pensou de tanto minha mãe falar.  Se lembrava de criança quando chegava alguém, tentava abrir as portas ela dizia que o que estava ali, era só para os da casa.
Organizou a mesa para ele, como gostava de trabalhar, lápis muitos, dois cadernos de capa dura, folhas quadriculadas, um bloco de papel grande que tinha comprado hoje na cidade, para anotações que depois confirmaria, passaria aos cadernos.
Verificou se os abajures funcionavam bem, bom tinha seu local de trabalho, finalmente mataria a curiosidade que tinha desde criança, o que estava ali.
Abriu a primeira estante, tirou uma série de livros que estavam numa estante, marcou o lugar, a ordem que estavam os livros.
Abriu o primeiro, datava de  1810, um romance.  Passou páginas do livro, anotou no bloco.    Pegou o seguinte, a mesma coisa, até o quinto livro nenhuma novidade, eram todos da mesma época.
No oitavo livro, encontrou anotações, na primeira página interior um nome de mulher, Therese Sudre, anotou o nome no primeiro caderno, verificou que pelo livro havia uma série de anotações, comentários sobre o texto daquela página. etc.
No decimo livro, encontrou papeis inseridos, dentro, tentou ler, uma gramática antiga, em Langue D'Oc.
Conseguiu entender, era um comentário, sobre o livro,  estava firmado por uma pessoa com o mesmo sobrenome de sua mãe.
Devolveu todos os livros ao seu lugar, pegou os seguintes, 10 agora encontrava anotações com a mesma caligrafia de antes, algumas críticas aos livros.  Que pena, pensou tenho que comprar um computador para mim, nunca tinha tido nenhum em casa, usava o do trabalho para fazer pesquisas.  Na próxima ida compraria um para poder localizar pessoas, profissões.
Usava um site do ministério, que lhe facilitava isso, tinha que conseguir com o juiz uma licença para continuar usando o código que tinha.
No 12 segundo encontrou mais que uma folha, uma crônica interessante, ele conhecia o texto do livro, as críticas eram muito acertadas, mas quem era esse personagem?          Ficou intrigado com os textos.
Quando Raphael veio chamar para jantar, viu que Claude trazia uma série de papeis para conversarem de jantar, mas German não descia. Resolveu ir até o sótão para chamá-lo, ele estava entretido com um baú, que além de roupas, tinha uma serie de cartas amaradas, que ele tinha organizado por épocas.
Imagina, são todas de 1810 para frente.
Comentou que estava vendo livros desta época.  German disse creio que tua mãe tinha os baús organizados por época assim, fez um gesto que mais ou menos fazia um círculo. Os dois primeiro não tinham nenhum papel, mas a partir deste com roupas masculinas, encontrei vários, o mais interessante é isto, lhe deu uma encadernação, em uma capa de couro antigo, dela sobressaiam várias folhas amareladas pelo tempo.
Abriu, viu que era a mesma caligrafia, caramba, vamos ter que trabalhar coordenados, eu encontrei uma série de anotações, comentários, mesmo críticas de livros com essa caligrafia.
Olhe este outro aqui’  Era uma capa dura, forrada de seda, mas a letra do interior era outra, mais feminina.
Bom venha jantar que estão nos esperando.  Tenho que mandar instalar luz aqui, isso me tem alucinado.
Jean ajudou German a se levantar,  ficaram frente a frente, este deu um beijo na face dizendo, obrigado pela oportunidade  de ver tudo isso. Já telefonei pedindo o livro, ficou de me mandar urgente.
Notou que German fechava a porta desta parte do sótão, bem como a porta do mesmo, a levava pendurada por um cordão ao pescoço.
No jantar o Claude foi comentando, o que pensava em fazer quanto ao dinheiro. poderiam tirar os lucros das aplicações para pagar o financiamento ou bem como ele tinha dito vender o colar.
Para alguma coisa ha que servir. Se ela me deixou para uso meu, não tem problema.
Bom então posso ir amanhã ou depois para Paris, saio daqui vou a Toulouse, tomo um voo, aproveito para ver Marcel que já falei com ele, tem uns dois dias livres, posso estar com ele.
Peço uma análise da peça, assim verificamos o valor.
Depois do jantar foram para a biblioteca.   Jean Paul disse, como pensas em fazer, voltar para Paris ou ficar aqui?  
Aqui o máximo possível, isso me encanta, estou me sentindo muito bem. Depois há a coisa do engenheiro que vem olhar os terrenos, nos ajudar.
Teremos que ver o da vinha. mas vou fazer o seguinte, me acharas louco, irei um desses no bar da vila, jogarei conversa fora, para ver o que plantam, se sabiam o que se plantava aqui antes.
Quanto a cavalos, creio que podemos verificar mais para o lado de Montpelier, Saint-Marie de la Mer, enfim, aonde estão os cavalos da Camargue, mais para uso pessoal.  Quem sabe se nesse papo não descubro que tipo de cavalos falamos.
Então nas estantes da casa do administrador, deve ter alguma coisa, a respeito, é muito trabalho temos pensar numa solução para tudo.
Eu estou entusiasmado, tu sabes que o trabalho de advogado não me anima muito, aqui estou feliz, só sinto falta do Marcel, embora saiba que isso é um romance passageiro, porque ele me disse que não quer estar amarrado a ninguém.
German riu, diz isso, mas adora controlar, veras a quantidade de perguntas que te vai fazer.
German queres algo de Paris?
Não, nem me lembro que existe essa cidade, estou alucinado com o que estou descobrindo, logo eu que adoro mistérios e outras coisas.
Se  a coisa ficar interessante, piscou o olho para Jean, tiro uma licença a largo prazo que tenho direito pelos anos de trabalho, vamos ver no que dar.
Jean respirou aliviado, era o que queria escutar, que German ficava com ele. Vestiram abrigo, foram se sentar na varanda.
O que podíamos pedir ao Gilbert é que coloque um sistema que feche a varanda no inverno adoro ver a noite no campo.
Ficaram analisando os carros como tinha funcionado, qual levaria o Claude para Toulouse, enfim, papo e mais papo.
Na última hora telefonou o Gilbert, para perguntar que horas poderia vir, pois tinha um compromisso ao meio dia,  combinaram que eles viriam tomar café da manhã.
Os seus empregados estariam lá para colocar, fazer funcionar tudo que tinham comprado, bem como tinha localizado o serviço de gás para carregar o sistema, abrir a tubulação para extrair o ar primeiro. Alguém poderia estar na vila logo cedo, German foi falar com Raphael, este iria.
Tinham boas notícias, tinham encontrado as plantas da casa, alguém a mais de 30 anos tinha feito a mesma ao instalar o sistema  elétrico atual, o água quente. embora só tivessem colocado a funcionar da planta baixa.
Comentou isso com os outros dois, cada um estava mergulhado em suas anotações.
Ele abriu o armário, mostrou o livro, com os papeis da crítica, German disse, realmente é a mesma letra. já iremos descobrir quem era.
Os dias estavam correndo rápido, parece que escapam por entre os dedos pensou Jean, disso tinha certeza, nada com o marasmo do tempo na delegacia que que o tempo não passava, estava sempre aborrecido, escrevendo relatórios, etc.
Tinha gostado de juntar o que fazia, esmiuçar uma coisa como a procura de provas, gostava de fazer isso.
Amanhã tentarei subir pela manhã, o que vou fazer, levar uma mesa para cima, usarei um dos quartos  vazios, assim levo o baú, já o separo do resto, tenho uma mesa, uma cadeira para examinar tudo que exista dentro.
 Teria que ter um expositor do tipo loja, para ir colocando as roupas penduradas, poder olhar, comparar períodos, pelo que contei existem mais de 50 baús, só do lado que pude entrar, o que iria fazer, era ir anotando, numerando os baús com o que estava dentro, escrevendo ou melhor registrando o que existe dentro, mas sem misturar com outro baú, assim é possível construir uma coisa cronológica, creio que é assim que tinha arrumado tua mãe.
Ficava pensando, será que foi ela que fez isso, ou estou me enganando, pensei que fazia isso com os livros e anotações.
O que lhe parecia preocupante era a estante na casa do administrador, será que se tratava de papeis, usados no registro era bem possível que tudo foram registo de tudo que acontecia no campo, desde compras de material, venda de produção, mas isso ainda teria tempo, primeiro tinha que terminar de analisar o que havia na biblioteca.
Ah, disse a Claude se fosse possível comprasse em Paris, um bom computador portátil, German também queria, então o melhor era ir a Carcassonne, comprar um de torre para colocar na biblioteca, outro que ele pudesse ter na casa da vila, assim poderia manter o registro andando em um lado e outro, transportando tudo em pen drive.
Bom temos que ver também que mais precisa a casa da vila, o essencial já compramos, creio que devíamos transportar pará-la enquanto a obra, toda a louça e cristais.
Chamou a Gertrudes e o Raphael, falaram nisso, ela iria no dia seguinte fazer um inventário de roupas de cama, para levar tinha pensado que o melhor era não mover muito essa louça, sim levar tudo para cima, a única coisa era colocar fechaduras nas portas dos quartos vazios la do sótão.
Bom se pensas assim melhor, levamos um bem simples daqui, usamos lá.
Ela disse que gostava de uma série de utensílios modernos, que tinha em sua casa de Paris, que ali não tinham, fez uma lista, desde torradeiras, varinha mágica, batedeira, outras coisas, ele pediu uma  lista, assim comprariam tudo em Carcassonne.
Enfim vamos montar uma casa.   Ela iriam no dia seguinte com Raphael, tinham marcado lá com a M.José, para ver por aonde começariam a limpar, se necessitavam de mais pessoas.
Queria olhar também o fundo da casa para ver o que podiam plantar, a M.José tinha comentado que todos tinham horta em casa para as coisas essenciais, embora agora no inverno, teriam que se virar com o que conseguissem comprar dos outros, nos mercados.
Falar nisso pediu licença, se sentou à mesa,  fez uma lista das coisas que todos gostavam de comer, assim irei fazendo uma organização de tudo, para  organizar um menu da semana.
Vocês somente devem me avisar quando não estarão, se há mais visitas.
Foram todos dormir. na porta do quarto German disse simplesmente fico, quando chegar o tempo, irei a Paris, pedirei um afastamento não remunerado, poderei estar aqui o máximo possível. 
No dia seguinte logo cedo, chegou o Gilbert sozinho, pois sua mulher tinha clientes para atender.
Tomou café com eles, enquanto Raphael, Gertrudes, os dois empregados foram para a vila, eles foram para a biblioteca.
Lhes explicou em termos gerais, a partir da planta que tinha encontrado nos registros, tinham feito várias cópia, foi rabiscando por cima, principalmente com relação aos quartos, pois alguns não tinham banho. As pessoas disse, quando veem as casas rurais, querem um conforto que imaginam superior inclusive ao que tem em suas próprias casas, por isso, esses banheiros teremos que sacrificar algumas coisas, foi mostrando como, no sótão, teremos que fazer como quartos individuais, entre um e outro transformar o do centro em banheiro, do outro lado, como estaria tudo amplo, podemos fazer duas suítes, para noivos ou sejam super modernas, pois não existem divisórias.
Quanto à varanda, creio que podemos fechar para o inverno, existe um sistema que se faz por trilhos, pode abrir e fechar.
Do lado que está o salão grande, aonde poderia ser o restaurante, o que se pode fazer com a varanda, transforma-la com mesas pequenas, umas cadeiras de descanso ao mesmo tempo.
Quanto a casa do administrador, creio que podemos incluir, criar um jardim de uma a outra, uma passagem que as malas circulem bem, usá-la como o mesmo. A não ser que queiram viver la ou aqui, terei que saber o que se usaria.
Quanto a cavalariça, podemos reconstruir igual, ou mesmo, transformar em algo diferente.   Temos que estudar o que vocês querem. ok.
Terei que ir tocando a parte da casa, pois necessito dar entrada nos projetos elétricos, de água, gás .    Enfim todo um mundo.
Depois da reunião Claude que tinha feito uma reserva por telefone com Toulouse se mandou para Paris.
German foi até Carcassonne para comprar tudo o que necessitavam.
Deixou Jean Paul na vila para ver como iam as coisa, falar com a Gertrudes, analisar a casa.
Ela estava encantada com a cozinha, já tinha resolvido uma série de coisas com os homens.    Raphael disse, aqui quem vai mandar é ela, só teremos que atender.               Tinha feito instalar mais coisas elétricas para  as coisas novas que viriam, além de estar olhando a parte detrás, aonde havia um puxado, comunicava com a casa.                  Ali colocaria uma outra mesa grande, no verão poderiam comer.
Notaram que havia uma porta, esta dava para uma escada que subia para o sótão, que não era grande, mas acolhedor, que ao parecer estivera sendo usado para quartos dos rapazes.
Gertrudes disse, esse seria  um bom lugar para mim e o Raphael, estaríamos fora da casa, ao mesmo tempo dentro, poderíamos ter aqui uma saleta, termos nossa privacidade.
Viram que tinha um banheiro que estava na parede sul, uma janela que dava para o pátio.
Como vocês queriam. eu então ficarei com o quarto junto a cozinha.        Aproveitaram os homens,   subiram  as camas, uma mesa redonda que tinham encontrado em um dos quartos, duas cadeiras de braços.
Quando ele desceu perguntou a M.José se na vila se podia ter televisão em casa, foi como perguntar se viam discos voadores. claro que sim, o senhor terá que colocar somente uma antena, mas isso, disse o nome de um homem, faz.
Telefonou para o German que estava de compras em Carcassonne, acrescentou duas no pedido, que seja boas, grandes, uma para a o quarto de Gertrudes e Raphael, outra para a cozinha aonde poderiam ver todos.
Ah, compre com o meu cartão de crédito, se tiveres problema, vá até o banco, peço um para ti para fazeres essas coisas.
Tinha que conversar os três para fazerem uma coisa, criar um salários para eles também. Já que estariam fazendo trabalho, ainda pensando que seria melhor talvez criar como uma empresa transformar todos em trabalhadores.        Tenho que pensar nisso tudo, parece que quanto me mexo mais coisas tenho que fazer.
Foi olhar outra vez o quarto que saia da cozinha, gostava dele, o banheiro era simples, mas tinha um bom chuveiro, como ele gostava, além de tudo tinha uma lareira, ou seja esta levava o calor para o quarto de cima, estudou aonde colocar sua cama,  uma mesa de trabalho, além de uma mesa redonda, com cadeiras, o quarto era tão grande que não haveria problemas, o armário estava vazio por dentro, era amplo, aproveitaria bem, o que ele teria que fazer era trazer uns tapetes para cá.
Falou disso para a M.José, ela ficou de ver o que necessitasse de pouca limpeza ela mesma o faria.
Os homens trouxeram a cama, teria que comprar ou trazer da casa algum que outro móvel, pediria a German para ver se os moveis que estavam nos quartos de cima, que poderiam ser aproveitados, ele sem dúvida traria o que estava no quarto que estava usando, assim livraria o quarto para libera-lo para a obra, os outro poderiam fazer a mesma coisa.
Enfim tudo iria se compor, em breve poderia vir para a vila. assim com um quarto da frente sobrando o German poderia trazer os baús, continuar o que queria fazer.
Porque chegaria o momento que teria que deixar o sótão vazio para arrumarem, enfim poderiam fazer as coisas sem muitas complicações.
Hoje iriam comer o lanche que tinha trazido a Gertrudes.
Finalmente os homens terminaram os serviços grosso, ele foi com eles até os quartos para verificarem a parte elétrica de cada um, no seu necessitava de eletricidade para o  computador,  na cozinha para televisão, no quarto de cima.  Enfim creio que a partir de que tudo esteja bem aqui podemos nos mudar.
Depois de comer, foi tomar um café com o Raphael, no bar da praça,  foi como uma revolução, foram bombardeados a partir do primeiro boa tarde. O que iam fazer, se precisavam de gente para trabalhar, etc.     Raphael já tinha percebido a coisa, o primeiro que perguntou se por algum acaso alguém tinha trabalhado nos campos.  Pelo menos dois deles disseram que sim.  Começou a fazer perguntas. o que plantavam etc. um tinha trabalhado nas vinhas, o outro não,
O dono do bar tinha trabalhado de jovem com os cavalos, era marido da M.José,  falou dos tipos de cavalos que criavam  alguns até tinha participado em  competição.
Depois foi-se vendendo tudo, por causa do trabalho da administração.
Jean Paul, pediu para falar com ele em particular, lhe disse que fosse anotando o nome das raças se ele se lembrava.
O homem disse, eu adoraria voltar a trabalhar com isso, mas aquelas cavalariças estavam muito antiquadas, conheço algumas por aqui perto, posso levar para ver, a maioria foi reconstruída,  tem tudo que se necessita para trabalhar com os cavalos.
Hoje são mais exigentes. Lhe contou ao homem que a mesma tinha caído, ele disse melhor pois assim se pode construir uma moderna.  O meu filho me acompanhava desde criança lá, tua mãe,  fez com que ele estudasse  Veterinária, ele hoje trabalha para vários criadores de la Camargue, quem sabe pode te ajudar.
Quando foram pagar o café, o dono disse que era um sinal de bem-vinda , na não cobrar, que voltassem sempre .
Alguns os acompanharam até a casa, alguns perguntaram se se poderiam se oferecer para a obra, ele disse que diria ao arquiteto que usasse gente do lugar.
Toda a cozinha tinha uma nova cara, além das coisas instaladas, estava limpa, ela tinha acendido o fogão .
Espera disse Raphael, vou ver se estes homens estão por aqui ainda, encomendar mais lenha para o inverno, porque o que existe aqui é pouco.
Poderiam até trazer da casa, mas para a cozinha necessitaria, a partir que Gertrudes pensava em usar o fogão a lenha.
Seu quarto também estava já limpo, os outros, ela fariam no dia seguinte.
Disse como quem não quer nada, realmente sem a M.Lousie se trabalha mais.
Claude chamou de Paris, já tinha marcado com o do Banco, com o da joalheira, o faria logo cedo, que já sentia a falta do campo, da vila.
Comentou as conversas do café,  por último, o Claude disse que iria jantar com Marcel, isso devia estar com um sorriso de orelha a orelha, pensou o Jean Paul com uma certa inveja. estava resolvendo tudo, mas com relação a sua vida particular tinha muito medo, creio que estamos os dois um esperando o passo do outro.   Tenho muito medo de estragar tudo.
Não tinha ninguém em sua vida fazia anos, como não se dava bem em sua vida sexual, tinha se fechado.
German veio com as compras, ele comentou com ele as modificações.  Genial, então os dois quartos da frente ficamos eu Claude, o detrás fica para os baús.
Tenho que conversar com essas senhoras sobre quem sabe costurar.          Isso creio que todas disse Jean Paul.
Fale amanhã com a Antoniette porque temos planejado voltar para acabar aqui, trazendo as roupas de cama, tudo o que falta usaremos o furgão, poderemos deixar que elas arrumem tudo.  Falou dos moveis, poderias ir selecionando nos quartos, no sótão também. enfim trabalho lá e cá, creio que passaremos a comer aqui ao meio dia para que a Gertrudes, não tenha que ir e vir todo o tempo.
 Despertou pensando em responsabilidade., tinha que fazer uma reunião com o pessoal, não tirava essa coisa da cabeça.  Ele tinha responsabilidade consigo mesmo, mas com os outros, estava assumindo coisas demais.
A reforma da casa, transformar numa casa rural, ou não, tinha que resolver isso, mas tudo sozinho não poderia fazer, ou simplesmente reformar a casa, se dedicar a inventariar tudo, quem sabe escrever um livro sobre os documentos que ia encontrando, criar algo sobre as épocas. teria que estudar.
Não havia problemas de dinheiro desde logo não.
Mas daí a querer fazer tantas coisas, era quase impossível.
Logo em seguida seu celular tocou, era Claude, a primeira coisa que disse foi, temos problemas.  Lhe explicou que ao levar a joia para ser examinada, esta não pertencia nem tinha sido comprada pelo oficial alemão, mas sim roubada de uma família judia.
Ufa, que confusão.  Rapidamente tomou uma decisão, procure o juiz, informe-se, A loja tem o nome do proprietário que comprou, mas não sabe se existe alguém.
Leve a documentação que estava junto, fale com o Juiz, na verdade esse dinheiro era para não usarmos empréstimos, mas resolveremos de outra maneira.
Foi até a cozinha para tomar café, bastante confuso.
German notou em seguida, ele disse depois falamos. tomou café em silencio, chamou o chucho, que estava sempre por ali, fez um sinal a German que o acompanhasse. Já estava se tornando um habito, subir até a arvore para conversar. Mais uma vez tinha se esquecido de falar ao Gilbert o que queria fazer ali.
Contou o que tinha acontecido em Paris, como iam proceder.
Mas o mais importante disse, o que eu quero falar contigo. Olha, me sinto responsável se ficas aqui. Tua companhia é muito importante para mim, mas não posso pedir que largues tudo o que fazes em Paris,  vir para cá sem mais nem menos.
Bom, primeiro, eu decidi vir, por mi própria conta, não pensei em momento algum a não ser minha satisfação pessoal.
Depois então que encontrei os baús, tudo o que existe dentro, a coisa ficou mais clara na minha cabeça, sempre quis fazer isso, estudar moda, construir coisas, mas era importante para meus tios que eu fizesse uma universidade. mas isso não me desviou, você não sabe, mas todas as roupas dos meus shows fazia eu no outro apartamento, uma paixão antiga.   Meu amigo que te falei, me ensinou, ajudou a criar coisas de épocas.
Agora quero fazer algo, estou alucinado com as peças que encontrei, que só vi em museus, isso me instiga.  Te ajudar a reformar a casa não posso, tenho dinheiro suficiente para mais ou menos um ano, depois terei que voltar ao batente.
Jean Paul disse, claríssimo, a minha proposta, tenho que falar com o Claude, formar uma empresa, assim posso pagar todo mundo. há dinheiro suficiente para isso, só não posso pagar muito.
Mas se tu já está nos dando casa, comida, tudo o mais, ainda nos paga.  Meus tios estão felizes, tu os imagina, numa vila do norte, aonde o inverno é mais longo,  sem ter o que fazer, aqui estão se sentindo vivo.            Depois eles tem suas economias também, ao mesmo tempo sua aposentadoria. Seria melhor sentarmos todos, conversar.
Eu creio que se tiver que devolver o colar, não tem importância nenhuma, vale dinheiro tudo bem, mas qual o problema, o melhor realmente é devolver, não ficar escondendo.
Na verdade, tu querias vender para se livrar desse objeto do passado.
Ai falamos em responsabilidade, a tua é encontrar os verdadeiros donos, devolver.
Nada como conversar contigo German, parece que me conheces a anos luz. no entanto nunca tive nenhum amigo como tu, creio que posso dizer sem sombra de dúvidas que es muito importante para mim.
Mas não sei avaliar sentimentos, essa e a verdade, adoraria ter um relacionamento incluído sexo, mas morro de medo, nem sei quando partirei para isso. por isso não quero te perder.
Fez-se um silencio entre os dois.    Segurou a mão de German a beijou, obrigado por tudo até agora.
German  mal se movia, temia quebrar o que para ele era um encanto.
Jean Paul se levantou, disse que pena aqui mataram uma pessoa inocente, é um lugar tão bonito, continuou dando voltas a arvore como se estivesse pensando em algo.
Nisso o telefone tocou era Claude, que disse, creio que a coisa se complicou o juiz quer ver as caixas fortes para saber se tem mais alguma coisa.
Peça que aguente até amanhã, estou de saída agora para ai. Vem disse a German me levas até Toulouse ou vens comigo a Paris.
Claro numa circunstâncias destas vou contigo a Paris, nem pensar em outra coisa.
Desceram até a casa, falaram com Raphael e Gertrudes, arrumaram uma bolsa, a caminho ele telefonou a Gilbert dizendo que tinha que ir a Paris, já lhe chamaria. Mas que continuasse a mandar pintar a casa da vila, arrumar as últimas coisas de lá.
Gertrudes tinha anotado uma série de coisas que queria que German comprasse em Paris, principalmente condimentos.
Conseguiram chegar a Toulouse, ainda comprar bilhetes do último voo da manhã.
Quando chegaram foram diretamente ao escritório de Claude,  este estava realmente preocupado. 
Disse os juízes, principalmente de ascendência judias adoram casos assim. Este pelo menos está consciente do problema. mas que revisar tudo o que existe na caixa forte. Eu disse que só com um mandato, aliás lhe acusei de ter estado em posse de tudo isso, sem ter verificado.
Como assim perguntou Jean Paul?
Como eu era o testamenteiro de tua mãe, ele tinha uma lista de tudo, nem se preocupou em vistoriar, para saber se era verdadeira ou não. agora quer fazer publicidade. creio que se candidata a algo, isso lhe cai como uma luva. Publicidade.
Vamos fazer o seguinte. vamos os três agora ao banco, vistoriamos todos os papeis. ok.
Lá foram os três, o diretor do banco os recebeu muito bem, tinha pegas que entrassem os três.       Claude lhe explicou o problema, este então dispôs uma sala para que pudessem olhar a vontade a caixa forte. Revisaram todos os papeis, a carta que a mãe dele tinha deixado, ao abrir um livro que devia ter levado, pois parecia seu diário, caiu uma carta do ministério do interior, falava sobre a busca do Klaus Von Fustenberger, sobre como ele tinha escapado de ser julgado pelos crimes que tinha cometido.
Nesta carta respondia a sua mãe num parágrafo mui estendido, sobre a joia que ela tinha mencionado que tinha recebido dele.
Sabiam que não tinha nenhum herdeiro de quem ele tinha roubado, pois ele próprio tinha executado a família completa, relatavam a barbárie.         Agora Jean Paul entendia por que ela tinha o mais longe possível dela.          A não ser porque ele tinha morrido ao tentar salvar o seu filho, que vivia numa cadeira de rodas, ele teria sido julgado, condenado.        Ao lado desta parte havia uma inscrição escrita por sua mãe que dizia, olhar no fundo da embalagem.
Agora teriam que ir ao Juiz para ver o que era. 
German tinha aberto as outras caixas de joias, ao ver o outro colar disse, este vale uma fortuna também, aqui há um registro de pertencer a família desde o início do século XVIII, deve ter um valor incalculável.     Te incomodaria se eu chamasse meu amigo que é especialista nisso.
Jean Paul fez um sinal que não,
German telefonou rapidamente ao amigo, que disse que estava justamente vendo uns objetos num antiquário ali perto, em dez minutos estava no banco, veio junto com o antiquário. Este quando viu o colar, disse vale uma fortuna incrível. Creio que esse colar pertenceu a uma princesa da corte, foi vendido em subasta a uma pessoa do sul, hoje em dia deve valer milhões.
Tirou uma lupa de joalheiro, examinou rapidamente todas as pedras grandes, são todas verdadeiras.
Lhe mostraram as outras peças, esse anel pelo feitio art nouveau, eu o compraria pelo menos por um milhão de euros, assim foi.
Agradeceram muito.
Antes de sair, tirou um cartão, se forem vender, gostaria de ter o privilégio de fazê-lo por vocês .
German pediu desculpas pela confusão ao seu amigo o apresentou aos outros Gustav Andersen. Ele era catedrático da universidade de belas artes.
German me falou das coisas da casa, adoraria dar uma olhada se não for pedir muito.  Estou de licença médica até o próximo semestre, posso ir convosco olhar.
Claro disse Jean Paul, vamos falar com o Juiz, te chamamos para dizer quando vamos. Ok. assim tenho tempo de reunir meu material de trabalho.
Guardaram as caixas fortes, o diretor estava muito preocupado.
Se quiserem posso falar com um amigo judio que é da associação daqui de Paris, seu pai é rabino, podemos pedir conselho.
Ok. vamos almoçar de depois nos falamos.
Estavam mortos de fome porque já era muito tarde, eram quase as cinco da tarde. Se sentaram num bar, pediram o que se podia comer a essas horas, omeletes, sanduíches e bebidas.
De repente Jean Paul ficou extremamente nervoso, tinha visto do outro lado da rua, como lhes estivessem seguindo um dos policiais, que tinha perdido emprego por sua causa.
Não teve dúvida se levantou, se dirigiu a ele. O outro disse, olá, se pensa que estou te seguindo, sim, os mafiosos me pagam para saber de ti, teve um sorriso amargo.          Me converti num puto mercenário dessa gente.    Jean Paul, disse por que fazes isso, o outro respondeu, tenho que comer, não sei fazer outra coisa, a ser não isso. Tenho fome entendes, vivo de migalhas dessa gente.
Jean Paul o pegou pelo braço, arrastou até o restaurante, pediu comida para ele.   Chamava-se Lucas, tinha uma cicatriz grande na cara. Que foi que te aconteceu. Me meti numa briga com um deles, agora minha situação é pior.
Eles sabem que uso drogas, estão se aproveitando disso, para cada vez que consigo um contacto de emprego de segurança, contam para a pessoa que sou drogado.
Jean Paul estava estupefato. Lucas era um tipo grande de quase um metro e noventa, muito forte. podia imaginar tudo.     Aonde estas vivendo? 
Estive vivendo de favores por aí. Mas estou desesperado Jean, olha como estou.
Escuta, vou te levar comigo, diga a estes merdas, que nem se aproximem de mim, pois lhes plantarei uma bala na cabeça.
Não posso ir contigo Jean, eles me matariam.  Não para aonde te levo. Aonde tem tuas coisas, no carro, apontou a um carro velho, ok.
German venha comigo.   Levaram Lucas com eles, foram até a periferia da cidade, ali viviam um grande amigo de Jean, um antigo chefe de polícia.            Ao ver Lucas, este disse, filho eu te avisei muito, cuidado, mas você queria comer o mundo, agora vês como estas.  Combinaram que ele ficaria ali um tempo até que as coisas se ajeitassem.  Jean lhe perguntou, como você se meteu nas  drogas, o outro, disse que não, vida fácil que nos dava o chefe de polícia, quando encontrávamos algum traficante ele ficava com a maior parte, nos dava um pouco.

Ok. Ficas aqui, venho te buscar em breve ok.  Falou em particular com seu antigo chefe, este tinha na casa, pelo menos mais uns cinco ex-policiais, retirados. Todos sabiam se defender,  iam ajudar o Lucas, no que podiam.
Voltaram para a cidade, foram à casa de Claude, que estava nervoso porque tinha combinado com o Marcel de ir jantar, este lhe tinha telefonado dizendo que não poderia ir.  
German comentou com Claude, você falou alguma coisa disso com ele, Claude disse que não, mas tinha visto que Marcel estava estranho, não tinha sequer dormido juntos. 
Ah então já tem outro.
Claude ficou decepcionado, disse isso é o que dá me meter com gente mais jovem. 
Jean Paul lhe abraçou . 
Claude lhe perguntou quem era o sujeito que eles tinham levado, Jean lhe contou a história.
Claude disse ele, conheces algum rabino ligado a Shoah Fundation aqui em Paris. 
Espere que queres fazer?
Primeiro responde a minha pergunta, porque isso tudo vai vazar  precisamos nos precaver com isso.    O que vou fazer e doar esse colar a fundação, eles aproveitem o melhor com ele, que te parece?
Claude, tens uma mente ágil  Jean Paul, olha isso realmente poderia ser um transtorno, porque seria uma publicidade negativa para tudo.
Claude passou a mão no celular ligou para um rabino conhecido, este disse vem até a minha casa, venha com teu amigo.
La foram os três, pelo caminho Jean foi comentando uma ideia que lhe tinha surgido, de levar Lucas com eles, pelo menos teriam uma pessoa forte, ao mesmo tempo poderiam lhe ajudar a encontrar um novo caminho. Que lhes parecia?
German disse não sei, de um tempo, depois pergunte ao teu velho chefe que lhe dirá se vale a pena ajudar ou não.
Chegaram à casa do rabino que os recebeu numa biblioteca que lembrava a da casa, livros por todas as partes.
Claude contou ao rabino a história, este disse, as vezes essas coisas são como uma maldição na vida de uma pessoa. Sabes que a Shoah Fondation está ai para ajudar as pessoas, claro o dinheiro sempre vem bem. Espere, pegou um celular muito velho, chamou uma pessoa, mas falando todo o tempo em Ídiche, tudo bem disse ele, quando vocês conseguirem liberar isso da mão do juiz, fazemos uma cerimônia, tu entregas a fondation.
Mas com uma condição, disse Jean Paul, não quero nenhuma publicidade, nada que chame a atenção. Creio que já sei, disse a Claude, fazemos que o juiz entregue isso a fondation, se ele quer se promover bem, aí tem como.
Foram para o apto de Jean em Marais, este disse, até já tinha me esquecido que isso existia.
Riram muito, tomaram banho, foram comer alguma coisa.
Jean Paul ligou para seu antigo chefe, lhe comentou, o que tinha pensado.        Este disse, infelizmente não será possível.  Por que perguntou Jean? 
Porque ele já se mandou, está enganchado em drogas sim, eles lhe fornecem, agora já sabem que estas por aqui, muito cuidado.  Tens portes de armas. ok.
Porra, estava minha vida muito tranquila, para que isso voltasse a acontecer, o filho da puta se aproximou só para saber como ando, agora vai me vender a esses mafiosos.
Espere, tenho uma ideia disse German. passou a mão no celular, ligou para um número que ele sabia de memória, uma puta que era sua amiga.  Lhe perguntou se tinha visto o Lucas, ela disse que sim, que estava agora mesmo esperando os chefes, mas que este estavam fora.    Lhe disse, lhe distraia, leve até a rua detrás dentro de cinco minutos. ok.
Pegaram um taxi, foram até lá.   Jean, mostrou de longe a placa de detetive que por um acaso estava na casa, chegando lá pegaram o Lucas tentando fugir, mas o levaram de volta à casa do chefe.
Ali o interrogaram, ficaram sem solução.
Jean lhe perguntou a Lucas se queria se desintoxicar, mas esse disse que não, que isso era a única alegria que tinha. 
Nisso o chefe tinha feito uma chamada, apareceu um carro da polícia, o levou,  Era de outro distrito, ele conhecia o chefe local, iam obrigar a Lucas a desintoxicar-se.  Quando tudo estivesse calmo entrariam em contacto.
Quando chegaram em casa novamente, Jean Paul, disse temos que resolver isso, ir embora imediatamente, aqui ficamos em perigo.
No dia seguinte falaram com o Juiz, pediram a caixa da Joia, German a examinou, viu que o fundo estava solto, abriram, na mesma tinha um bilhete de Klaus, oferecendo a joia, ao mesmo tempo exigindo que ela a usasse de noite na tal festa aonde sua mãe tinha avisado a resistência que tinha feito um ataque. 
Ótimo ai está uma prova que ela não estava metida na confusão com o Klaus.
 Falou ao juiz da ameaça  da máfia,  este disse, claro os chefes que foram presos já foram substituídos, os outros querem se vingar com certeza. Melhor estares fora daqui.
Telefonaram ao Rabino, este marcou um encontro com os da Fundation Shoah, foram até lá. Junto com o juiz, entregaram a joia, no qual foi redigido um documento de doação. Por não existirem herdeiros legítimos.
Voltaram ao Banco, Jean Paul, tirou de sua conta particular uma certa quantidade de dinheiro, foram para o aeroporto. German tinha se tornado silencioso, bem como Jean, ficavam vigiando o caminho. Claude iria no dia seguinte com o  Gustav Andersen.
Mas  Jean Paul e German sentiam necessidade de sair imediatamente da cidade. Deram uma volta larga com o taxi, trocaram duas vezes o mesmo, finalmente, foram para o aeroporto, pegaram o primeiro voo que saia.
Chegaram de noite em casa. Conversaram com Gertrudes e Raphael de tudo que tinha acontecido, como tinha resolvido.
Fizeste bem, essa joia só pode atrair desgraças, bastou move-la
 veja a confusão outra vez.
 Resolveram falar com a polícia de Carcassonne,  se notassem algo errado que lhes avisassem.
Antes de dormir, ficaram os dois conversando na biblioteca, com a chaminé acessa, já começava a fazer frio.
Jean Paul perguntou por que estava tão quieto, ele disse que não ia permitir que essa gente estragasse o que tinha começado a fazer, tem mais Jean, estou contigo porque quero ok.
Foram dormir, Jean demorou a conseguir, dava mil voltas a cabeça.
No dia seguinte já tinha a solução, chamou Gilbert, lhe disse que preparasse o projeto para uma casa rural, que só mantivesse a ideia de em vez de fazer somente as duas suítes, que essa se transforma-se num apartamento com dois quartos, dois banhos, para ele e German.            O resto se mantinha, que na casa do administradores, fosse incorporado ao projeto, lhe falou do jardim que queria construir, indo desde a casa até a arvore, que esperava uma sugestão quanto ao uso da cavalariças. Talvez, poderia ser transformada em um restaurante.   Que as novas cavalariças ficassem mais afastado da casa, além de terem que pensar num espaço para o pessoal que ia trabalhar.
Gilbert lhe disse que gostaria de mostrar uma casa rural que eles tinham feito, para que ele tivesse uma ideia, mas que ia tocar o projeto.             Casa da vila já estava pronta, faltando somente o detalhe o fechamento da varanda traseira com as portas corredeiras, para isolar o frio.              O apartamento de cima da Gertrudes e do Raphael, que ia ficar pronto dentro de uns dias, pois ainda lhe faltavam a parte elétrica, tinha resolvido instalar um aquecedor a lenha para o inverno, os moveis, mas isso ele disse que o German já estava separando, iam começar a levar no dia seguinte.
German lhe perguntou o que queria para seu quarto, ele disse, basicamente, já está lá, só faltam alguns abajures, tapetes, nada mais.
Ele tinha encontrado uns no sótão, dois pareciam limpos, venha vamos ver.          Subiram,  ele gostou do que viu, realmente não estava sujos, talvez precisassem de passar uma aspiradora, isso faria a M.José.
Foram andando pelos, quartos, ele gostou de uma mesa que havia num deles, com uma tampa de marchetaria e uma cadeira muito confortável. Isso bastava.
German separou algumas coisas para o seu,  já colocou tudo isso no furgão, depois iriam ver o que Claude queria.
Agora teremos que dar uma força para ele, a partir que o puto Marcel, deu no pé.
Jean disse, não quero tirar mais coisas daqui, prefiro dar um pulo até a loja do Gilbert, ver o que tem por lá o que te parece?
Claude telefonou dizendo que iria somente no dia seguinte, aonde iam hospedar o  Gustav.
Ufa teremos que colocar mais uma cama no outro quarto.
German porque não fazemos o seguinte, arrumamos o outro quarto, pedimos que tragam outra cama, já o hospedamos ali.
Tu em vez de trabalhar em casa, porque não alugamos o armazém,  que tem a Antoniette, montas lá teu atelier.
Genial disse o German. assim pelo menos tenho a sensação que saio de casa para trabalhar, posso levar os baús todos.
Bom fazemos o seguinte aviso agora o Gilbert, vamos dar uma olhada na loja dele, pedimos que ele consiga para ti, manequins antigos, coisas de loja para pendurares todas as roupas que fores tirando do baú, catalogando.  Terei que comprar sacos plásticos grandes para proteger a roupa.
Levaram os moveis, os tapetes no outro carro foram Gertrudes e Raphael.  Queriam dormir esta noite na casa da vila para ver como era.       Gertrudes aproveitou e fez uma lista de coisas para comprar, tipo lençóis de baixo com elásticos, que todos fossem brancos. para todas as camas.
Ela iria no outro dia, com o Raphael a Carcassonne fazer compras de supermercado, M.José iria junto, pois assim entre as duas compravam também material de limpeza.
M.José já tinha recebido seu primeiro salário, estava feliz, nunca tinha ganhado seu dinheiro, a não ser uns trocados, estava feliz, poderia ajudar mais em casa.
Iam comprar farinha, pois pensavam em fazer pão em casa, uma das coisas que ela sempre fazia na sua. Tinham descoberto que o fogão de lenha da vila tinha um bom forno para isso.
No dia seguinte, telefonaram para Gilbert, marcaram com Estela, esta os orientou como chegar, foram pelo caminho mais simples, pela autoestrada, foi realmente rápido.
Esta lhes mostrou o que buscavam,  Jean se encantou por  duas bergeres, um sofá que faziam jogo para a sala da vila,  uma chaise-longue  também, abajures de pé compraram pelo menos três, outros para os moveis, que fossem trazendo da casa.
Aproveitaram, viram mais coisas, falaram com ela dos manequins, outras coisas que German ia necessitar,
Jean Paul, pagou tudo e foram ver o comercio se encontravam mais coisas. numa outra loja de uma amiga da Estela, encontram uma mesa grande que Jean Paul, disse é o que queria para o meu quarto, e a compraram também. a proprietária, iria entregar a Estela que mandaria com suas coisas.
 Depois foram até a praia e se sentaram num pequeno bar e ficaram olhando o mar.   Jean Paul disse, depois que acabarmos as coisas lá, creio que venderei o apto de Paris, e comprarei um apto. aqui na praia para a gente que te parece.  Brancos como somos, vamos ser um show.
Na volta foram trocando ideias dos planos. German ja tinha aberto mais uns dez baús e tinha muita roupa já para separar e começar a arrumar. Ficaram de no dia seguinte ir olhar o armazém e ver quanto ao aluguel.
Na hora que foram dormir, German lhe agradeceu o apoio que lhe dava a suas coisas. imagina disse Jean, e tu que estas comigo sempre. Sem intenção nenhuma se aproximou e lhe abraçou e beijou, a sensação que teve, foi ótima, não tinha se sentido assim com nenhuma mulher. ficaram abraçados se olhando nos olhos.
Tornou a lhe beijar e disse boa noite. German nem acreditava, fora Jean que tomara a iniciativa. foi dormir feliz.
No dia seguinte foram para a Vila logo de manhã pois iam chegar as coisas compradas e viriam Gilbert e Estela, queriam arrumar a casa para se mudarem pará-la.  Mas queria combinar para isolarem a biblioteca ,assim poder trabalhar lá durante toda a obra.
German tinha que falar com a Antoniette, ou seja depois do café da manhã foram todos para lá.  Claude e Gustav, enfim tudo começava a andar.
Quando chegaram a vila um caminhão já estava na frente da casa com muita gente olhando. Jean Paul, foi cumprimentar todos, guiado pela Antoniette que os ia apresentando. e dizendo o que este fazia  na no campo. Espera disse Jean, chamou Raphael, que foi anotando o nome completo da pessoa e o que fazia antes. todos eram só sorrisos.  alguns ele ia apresentar ao Gilbert pois tinham experiência em obras. e poderiam ser aproveitados por ele.
Viu que descarregavam as coisas e pediu licença e que continuassem falando com o Raphael, pois ele era o administrador.
Gilbert comentou que ele tinha tido bom gosto em escolher as peças para a casa ficar mais confortável.
Seus homens tinham terminado tudo e já funcionava bem.
Levaram para seu quarto o que ele tinha comprado e o mesmo para o German e para o salão.
A cozinha já com suas coisas no lugar parecia habitável. e o quarto de Gertrudes e Raphael também.
Enfim uma casa real. Ele sempre tinha a sensação que a casa do
campo não era sua. e esta sim, não sabia porque.
A herança era como uma dívida, para ele o passado era nebuloso, como uma maldição.
Foram todos a cozinha trocar ideias com o Gilbert e Estela, sobre o que deveria ser feito .  Ele que nunca tinha desenhado, traçou num papel, o que imaginava para o jardim da sua mãe, queria colocar lá uma estátua antiga, mas nada que lembrasse um cemitério. Estela ficou de procurar.
Ela tinha trazido também tudo o que tinha encontrado em outros lugares que pudessem servir para German.
Este estava contente.  Tinha falado com a Antoniette, já estava limpando o local para ser usado.
Agora era só trazer os baús e outras coisas desde a casa antiga.
Comentaram com Gilbert e Estela, a vinda do Gustav Andersen, a Estela o conhecia. porque não ficam para almoçar, eles estão para chegar.
Foram ver o local que o German ia usar, como seus homens estavam por ali, começaram imediatamente a revisar a eletricidade e pintariam as paredes.  Precisavam de mais energia para máquinas de costura.
Algumas senhoras que tinha escutado falar no assunto tinham se apresentado. e German pediu que voltassem no dia seguinte que teria o maior prazer em falar com cada uma.   Pediu que trouxessem alguma coisa que tivessem executado.
Claro o pessoal da vila estava eufórico, pois viam uma perspectiva de trabalho pela frente, fosse no campo, ou na vila.
Finalmente chegaram Claude e Gustav, esse adorou reencontrar Estela, pois a conhecia a muitos anos de Paris, depois tinham perdido contacto quando ela se mudou para o sul.
Pediram desculpas pelas acomodações, depois de comer foram todos para o campo.
Gustav ficou encantado com o que viu, quando viu as fianças e os cristais, alucinou. hoje em dia encontrar isso em uma casa num campo e raridade. depois o salão como Estela deixou encantado.
Ai, deu uma ideia, transformar o salão em sala de exposição de tudo raro que tinha a casa, as roupas, livros raros, cristais etc. Como um museu.
Tinham pensado em usar para restaurante, mas a melhor ideia era realmente transformar a cavalariça em restaurante.
Gilbert foi falando mais ou menos as ideias.                   Gustav ia balançando a cabeça, concordando, ótimo, dizia.
Que bom German que encontraste alguma coisa interessante realmente para tua vida. es bom nisso, mencionou que German tinha feito algumas aulas com ele sobre trajes de época, por isso e que entendia do assunto.
Depois subiram todos até a grande arvore, quando comentou que sua mãe e seu pai estavam enterrados ali. 
Gilbert perguntou aonde, se não a sinais. 
Jean Paul, mostrou. essa parte fica isolada, daqui podes fazer o jardim com bancos, outras arvores, mas que se possa ver a casa, fazer um caminho bonito até lá.
Lá de cima como o dia estava claro, dava para ver como fazer a ligação da casa, casa do administrador, ficava ótimo.
Pediriam um studio de paisagismo que fizesse um jardim em volta da casa.    Foram mostrar a Gustav a bodega, levaram lanternas, uns panos para limpar as garrafas.
Numa estante que estava em destaque Gustav pegou um garrafa, a limpou, disse caramba, isso é dos deuses. tem muito valor. Terias que chamar um perito e examinar tudo. creio que algumas poderias vender através do meu amigo antiquário, ele ia adorar muitas coisas que já vi, mas tenho que respeitar Gilbert e Estela.
Nos, não somos antiquários, temos uma loja que quero que conheças na  qual temos peças antigas, mas nada  de tanto valor.
Raphael tinha feito uma contagem de garrafas, tinha pelo menos umas 250.
Quando fizessem a obra, iam retirar o sistema de calor que estava ali e levá-lo afastado da casa, embaixo instalar lavadoras para limpeza do que fosse uso da casa. mas essa parte não tinham pensado.
Se eles vendessem todo o vinho seria uma pena, mas poderiam conservar algumas como relíquia.
No sótão quando viu as coisas que já estavam abertas, colocou a mão na boca, foi examinando peça por peça, era só de um baú.
Riu, pois disse aqui tem trabalho por muito tempo German, as peças estão em bom estado, só necessitam de alguns pequenos arremates. quanto aos chapéus, posso te ensinar como arruma-los, ficaram os dois conversando, enquanto Jean descia para a biblioteca para estudar com Gilbert como faziam.
Jean ao mesmo tempo que descia foi tomando decisões, tinha que resolver muitas coisas, não queria desviar nenhum tempo mais.
Deu carta branca a Gilbert para o projeto, combinaram, as formas de pagamento, tudo o que tinha feito até agora mandaria uma cobrança direta ao branco de Carcassonne, ele autorizaria imediatamente.    Quanto ao projeto, a partir que fosse aprovado, fariam um plano de pagamentos. até lá ele decidiria se fazia um empréstimo ou vendia as joias.
Pensava, para que quero essas joias se não tenho sequer herdeiros, também resolveu falar com Claude para fazer um testamento por se lhe acontecia alguma coisa, tinha que deixar protegida sua gente.
Gilbert saiu satisfeito, Estela disse que se Gustav estava no projeto seria sinal de sucesso, pois conhecia meio mundo em Paris.
Viu que Gustav ajudava German a carregar o furgão, ficou com um certo ciúmes, afinal German era uma figura bonita, um homem com certo encanto, os dois gostavam das mesmas coisas.
Será que tinham tido uma aventura antes, agora poderiam retornar.  Riu para si mesmo, pois pela primeira  vez na vida sentia esse sentimento, ciúmes.
Foi até a biblioteca, abriu o armário, retirou mais 10 livros colocou numa bolsa, fecharam a casa, foram para a vila.
Os moveis de seu quarto tinha ficado estupendo, como era grande a mesa de trabalho ficava perfeita. Claude tinha trazido um portátil para ele.       O problema agora era saber se na vila tinha internet. Saiu, foi até a casa de Antoniette, falou com Marie Sophie, esta riu. Espera que vou pedir para um amigo meu vir até aqui te enrolar com isso.
Uma meia hora depois apareceu um rapaz em casa, não parecia ter mais de  15 anos.  Ele era de Limoux a vila maior por perto, estava claro a caminho de Carcassonne, lhe explicou como ele tinha que fazer. Quando lhe perguntou a idade este disse que tinha 19 anos, estudava em Narbone, informática.          Por isso tinha conseguido o emprego como representante da  SFR, lhe vendeu um sistema de PINUSB, em seguida fez toda a ligação, rapidamente acessou através de seu portátil a internet, lhe ensinou como fazer.  Ele anotou tudo em um livro novo por usar, lhe fez uma série de pergunta que o rapaz ia respondendo, foi impressionante. Lhe perguntou como sendo tão jovem sabia tudo isso, este respondeu que desde criança já usava tudo que era aparelhos, os montava e desmontava.
Ele foi perguntar a German se queria um também, o rapaz fez a festa. pois todos queriam, Claude tinha trazido um portátil também é claro.   Rapaz disse, bom vão me tomar por louco em perder todas estas vendas, mas  vamos fazer o seguinte instalamos um router  inalambrico, que atendera a todos, mas para isso necessito saber se está casa antes tinha telefone?  Quem o sabia era Raphael que tinha acompanhado o pessoal da obra, o levou até aonde estava o antiga ligação.  Então o rapaz disse, amanhã venho com minha equipe, ou meu ajudante, instalamos tudo. ok. disse o preço etc.
Jean disse que queria o mesmo sistema para a casa, pois la sim tinha um telefone, mas estava desligado, como todos tinham celular não precisavam, mas a partir que funcionasse a casa rural seria necessário.
Tinha que ser um sistema diferente, pois claro tinha que atender a todos os hospedes com hi-fi. O rapaz que se chamava Albert ficou contentíssimo, vim aqui fazer um pequeno negócio, saio com dois.
Como iam jantar o convidaram.  Ele telefonou avisando em sua casa que iria mais tarde, foi dando informações.
Tinha trabalhando desde jovem em hotéis de Carcassonne nas férias para juntar dinheiro para poder estudar, era órfão, tinha sido criado por uns tios. que viviam do campo.
Falava inglês, alemão, por causa dos clientes, sabia algo de espanhol, claro desde criança falava a Lang D'Oc.
Albert cativou todo mundo, resolveram colocar na casa também um fixo que era mais fácil para Gertrudes e Raphael, colocaria um router para funcionar.
O jantar estava ótimo, tinham trazido duas garrafas de vinho mais recente da bodega, de uns vinte anos atrás, o sabor era impressionante.
Albert deu seu cartão para todos, assim poderiam entrar em contacto com ele para qualquer dúvida. mas combinou com Raphael que estaria logo de manhã com todos os aparatos para colocar o necessário para a ligação. Embora disse aqui não é Paris, não temos fibra ótica ainda. Nenhum deles sabia o que era, mas riram ao mostrar sua ignorância. Ele disse a maioria não sabe, me sinto as vezes falando grego.
Jean anotou isso para falar com o Gilbert, pois talvez necessitassem de uma ligação especial.
Albert ficou de ir olhar pela redondeza, como se processava as chamadas anteriormente.       Se despediu, ficou de voltar no dia seguinte.
O Claude fez um comentário, estamos ficando velhos, desconhecemos todos os sistemas modernos, usamos, mas não sabemos como prepara-los etc.
Jean foi para seu quarto porque queria coordenar as coisas que tinha trazido, estrear sua nova mesa, tudo que tinha comprado.
German entrou, acabou de lhe ajudar a mover a mesa para uma posição em que ele poderia aproveitar a luz exterior principalmente no verão, disse, espere já volto, voltou com um embrulho de presente.
Comprei isso para ti, para quando começasse a fazer esse trabalho. Era um jogo de lupas, abridores de páginas  etc. todos com um cabo de madeira muito bonito.
Ficou sem graça, obrigado, disse, não estou acostumado a receber presentes.  Puxa, mas você vive dando presentes para todo mundo. Mas é uma realidade, minha mãe me dava dinheiro, mas presentear-me nunca.
Obrigado mais uma vez por este detalhe. 
German perguntou, o que te passava hoje à tarde quando voltamos que você estava muito quieto.
Jean contou do que tinha sentido. German se aproximou, foi ele desta vez que lhe deu um beijo demorado.
Eu nunca me interesso por ninguém, mas a muito tempo estou interessado em ti. Nisso  escutaram alguém batendo na porta, se afastaram, era Claude, que queria trocar uma ideia.   Sentaram para conversar.
German saiu, voltou com uma garrafa de whisky, copos, gelo. Serviço de quarto disse.
Jean perguntou por Gustav, ah, ele está em seu quarto, disse que estava muito cansado, ele não pode abusar muito pois fez uma operação a algum tempo, muito delicada. uma cirurgia de coluna.
Claude disse que tinha conversado com  o administrador do banco, este tinha conseguido os papeis para um financiamento a fundo perdido da comunidade europeia, para a transformação da casa em um empreendimento rural.
Conseguiremos dinheiro, poderemos ir pagando suavemente, o que me parece excelente.
Vais te surpreender  ou melhor os dois ficarão surpreso, com o que vou falar, muito tempo não me sentia tão bem, tão ativo, em Paris me aborrecia, vejo que aqui poderei inclusive abrir um pequeno escritório para atender as pessoas. Veja bem, eu não preciso de dinheiro, o tenho suficiente,  me parece que serei útil aqui. Vi ao lado do bar um pequeno escritório que fechou, creio que vou tentar abrir algo por lá, isso se vocês me aguentam aqui.
Jean fez sinal que queria falar.
Claude disse, não, espere, imagino o que vais dizer, que em Paris eu tinha uma vida cultural, o escritório da minha família, mas a verdade que meu único cliente basicamente era tua mãe e tu, pois o resto leva os outros advogados, meu irmão mais velho, que leva tudo. eu sempre fui uma figura decorativa, por relacionamentos sociais, nada mais do que isso.
De qualquer maneira, quando queira irei passar finais de semanas na casa de Paris, na temporada de opera ou outra atividade, irei aos finais de semana, já sabemos como fazer.   No verão poderemos curtir a praia, que não está tão longe. 
Jean olhou a German, disse, pois outro dia eu é o German pensávamos nisso, estivemos por Narbone, pensamos nisso, tem uma linha de praia interessante Sainte-Marie, Port Leucate,  podemos perguntar a Gilbert um lugar para alugamos uma casa ou apartamento no verão que seja interessante a tantos jovens-senhores  solitários. Riram todos, na porta apareceu o Gustav, que disse, só escutei o dos senhores solitários, me aponto também.
Lhe comentaram, Claude foi buscar uma cadeira para ele também.  Está me parecendo que este quarto por ser grande sempre será um centro de reunião.   Nada disso disse Jean, vamos arrumar o salão para isso, faltam algumas coisas, mas já teremos tudo. O encarregado é o German.
Este disse, sempre ao se falar em festa, pensam logo em mim, que vim para cá levar uma vida monástica.
Cada um levou seu copo até a cozinha, todos se retiraram aos seus quartos. Mas German voltou, disse da porta, me entendeste ou não? 
Sim disse Jean Paul, mas é ao mesmo tempo a primeira vez que sinto esse sentimento. nunca senti isso por ninguém, olha que já estou ficando velho.
German entrou, fechou a porta se beijaram um largo tempo,  Jean disse, o pior é que como nunca fiz sexo com outro homem, nem sei como comportar.
Deixe comigo disse German, o foi conduzindo até a cama, lhe tirou toda a roupa, alisou os ferimentos de bala, quando o teve muito excitado, o montou, Para Jean foi um experiência fantástica, nunca tinha se sentido assim, despreocupado se estava funcionando bem ou não, ou provando sua masculinidade, pois era com outro homem com quem fazia sexo.
Depois exaustos, foram tomar banho juntos, German o lavou inteiro como quando estava mal em sua casa.
O que tinha gostado a German, que Jean era tremendamente carinhoso, todo o tempo esteve atencioso com ele etc. Estava gostando da situação, não era um sexo, de aqui te pego, aqui te mato e adeus.
Jean disse, porque não dormes aqui. German riu, disse não trouxe pijama nem escova de dentes.
Amanhã ou outro dia quando me queiras ao teu lado, eu durmo ok. foi até a porta, voltou-se, dizendo, mas quem precisa de pijamas, dormiram os dois agarrados um ao outro.  Pela manhã fizeram sexo outra vez,  quando German saiu do quarto pela manhã, sua tia estava já na cozinha. Ela sorriu disse, encontraste tua meia laranja afinal.  Isso o surpreendeu, ela lhe deu um beijo, lhe disse, es como meu filho, sempre vou te querer como es, portanto sejas feliz, o Jean, uma pessoa especial, espero que te faça finalmente feliz.
Ele a beijou na cabeça, foi tomar banho no seu quarto, trocar de roupa, tinha vontade de cantar.
Jean resolveu ficar em casa trabalhando, mas Raphael, queria conversar com ele,  Ufa pensou vão me falar de German.
Sentou com ele na mesa do quarto que ao que parece ia virar um escritório, tirou sua caderneta.     Ao lado de cada nome tinha uma anotação. Disse tomei a liberdade de consultar a Antoniette que conhece bem o pessoal da vila, ela foi me recomendando cada um.  Então estou pensando em contratar alguns para ir adiantando o serviço, esvaziar o estábulo, retirar todo o teto caído, preparar uma cobertura de lona bem grossa, para proteger no inverno, a parte que estiver boa mantemos, colocamos outros troncos fazendo uma base para a lona. que te parece. 
Jean muito sério virou-se para ele, disse, esta parte é tua, as decisões são tuas, a mim me parece perfeito, pois necessitaremos de um lugar seco para guardar material da obra. 
Foi nisso que pensei. quero contratar uns dez desses homens, inclusive ela me deu a dica de quanto devo pagar, o que me parece bem.  
Jean disse, vamos fazer o seguinte hoje converso com o Claude de montarmos como uma empresa, ela terá seus fundos para execução de serviços. E esse pessoal pode ser contratado por empreitada, ir limpando tudo em volta da casa, para fazer o jardim. Tens que contratar alguém que prepare no próprio estábulo, para preparar o que iremos plantar. ok.
 Tenho outras pessoas, ao total creio que daremos empregos a umas 15 pessoas.  Vou falar com elas em particular, assim fica melhor. 
O Claude me falou de um local ao lado o bar, aonde ele quer montar um escritório, porque não fazemos isso em conjunto, pois ali poderias montar um escritório para administrar a casa, a obra e o pessoal da vila que trabalhe para nos.        Além de que terás apoio jurídico do Claude.
Este que passava ao ouvir seu nome entrou, Jean repetiu tudo o que tinha conversado com o Raphael,  foram os três ver o local. Ele pertencia ao irmão do dono do bar, que tinha as chaves, imagina o que não atraiu de gente, vendo que eles iam olhar o local. Ele era composto de uma recepção, três salas, um banheiro.  Perfeito disse Claude, uma secretaria para os dois, uma sala para cada um e uma de reunião quando precisamos.  Quando o rapaz vier, já pedimos uma ligação de telefone para aqui também, internet, esta vila terá daqui a pouco mais internet do que nenhuma outra.
Quando saíram justamente chegava o carro do Albert com um outro rapaz, fizeram sinal, este estacionou, foi falar com eles, o outro rapaz era tão jovem quanto ele e muito tímido.
Claude lhes ensinou o local, pediu telefone central, para cada sala, bem como internet.  Albert que era um todo terreno, disse que necessitam de computadores para aqui, eu também arranjo.
Claro, me dê o orçamento, já fazemos tudo.
Foram ao Bar tomar um café, o dono disse, vocês atraem uma atenção incrível, essa hora estou morrendo de sono de aborrecimento, olhem como está cheio. Pediram café, as pessoas vinham cumprimentar os da mesa. todos com cara de curiosidade.  Jean perguntou ao Tenório o dono do bar, pelo aluguel etc.  que ficavam com o local.
Este estava super contente.
Jean fez uma coisa que surpreendeu a todos, perguntou o que estavam bebendo, pastis disse ele, então sirva uma ronda para todos que pago eu.
No momento que todos foram servido, no bar havia pelo menos uns 20 homens todos ergueram um brinde a Jean.
Depois Raphael, se sentou numa mesa com seu livro, foi chamando os nomes das pessoas, quando selecionou dez, perguntou se todos estava livres, para começar a trabalhar, todos prontamente disseram sim, suas terras podiam cuidar as mulheres e os filhos.         Lhes disse qual seria o trabalho inicial,  somente um disse, sinto muito, mas não posso fazer força, cedeu lugar para o seguinte. Raphael disse qual seria a jornada, o valor, todos sorriram, disseram ok.
Depois chamou os que queria para o jardim, este um já estava trabalhando em Limoux, seu filho se ofereceu para o lugar.
Lhes disse que iam receber uma lista de plantas que deveriam plantar, que teriam que limpar o espaço antes das primeiras nevadas, todos concordaram, quando estas começasse deveria estar pronta o celeiro, la fariam um local para irem plantando as mudas que iriam comprando.
Um deles tinha sido jardineiro na casa, este ficaria como chefe da equipe. pois já conhecia o local.  por acaso era marido de Marie José,  ficou contente os dois trabalhando ia ser bom.
Jean o chamou a parte, perguntou seu nome?
Michel, disse.
Bom Michel, lhe disse que queria fazer junto a arvore aonde estavam seu pai e sua mãe.
Este começou a chorar.
Jean ficou sem entender.
Levou um tempo para se controlar.  E que teu pai, era meu irmão mais velho, eu sou o último, da família. Quando ele foi morto, eu tinha somente  15 anos.
Então sei que farás isso com muito amor, este deu um abraço em Jean, que o passou a chamar de Tio Michel, então Marie José era sua tia.
Estamos todos em família, o convidou para ir até a casa, quando Marie José o viu entrar na casa emocionado, perguntou o que tinha passado, ele disse, tenho emprego e um sobrinho.
Conversando com Jean, foram até o quintal, este perguntou se ali não podiam fazer uma estufa grande para plantarem temperos, hortaliças.  Marcel disse que em Perpignan tinha um Leroy Merlin, ele tinha visto la um Estufa de Jardim, que poderia ficar bem lá.  Ótimo disse Jean. Porque não vão os dois no Furgão, vem, já compram. 
Se fosse o caso deu o número de conta do banco a Raphael, para que fizesse o pagamento.
Se sentou com o Claude, falaram sobre a empresa, que necessitava que Raphael tivesse um cartão de credito, uma conta no banco para fazer as despesas, sem que ele tivesse sempre que estar autorizando.  Imediatamente Claude, telefonou ao administrador do banco, este disse que assim que ele fosse com Raphael até lá, fizessem a documentação da empresa, isso seria possível.
O Claude começou a preparar o documento, creio que o melhor seria que duas pessoas fossem autorizadas a fazer isso.
Já que ficas por aqui, tu serás uma, assim ajudas o Raphael, eu a outra, além de tudo es meu advogado, isso fica perfeito.
German tinha passado toda a manhã montando o que ele queria. Agora teriam que comprar umas quantas máquinas de costura.
Embora algumas das senhoras dissessem que trairiam as suas de casa, ele queria comprar uma quantas.       Na verdade, muito do trabalho teria que ser feito a mão, porque era como se costurava na época.              Gustav tinha trazido uns livros, arrumaram uns panos para as sras. irem treinando os pontos como se faziam.
Ele a priori ia contratar umas 5 senhoras, pois necessitavam também que soubessem bordar, para refazerem alguns bordados das roupas que pudessem ter-se rompido, eram um trabalho interessante, combinou com essas, que seriam contratadas, que teriam um salário normal. Logo aquilo parecia um galinheiro de todas falando. Ai German do alto seu tamanho disse, bom aqui vamos trabalhar em silencio, ok. conversas fora, teremos um horário de lanche entre o trabalho, um tempo para que cada uma possa ir a sua casa fazer a comida.
Como  local era frio, eles aproveitaram, foram com Raphael até o Leroy Merlin a busca de estufas. La o rapaz que atendeu perguntou o espaço, sugeriu uma a lenha que se poderia colocar no centro, esquentaria todo o espaço.
Falaram com o gerente do local, que ligou para o banco, este lhe deu as coordenadas para a cobrança.
Ficaram de mandar tudo no dia seguinte, cobrariam, mas entregariam pessoalmente.
Quando todo mundo foi fazer o seu trabalho, Jean finalmente com os meninos já instalando a internet na casa, pode ficar tranquilo.
Albert lhe ensinou a trabalhar, trocaram ideias por sites de pesquisas, uma série de outras coisas. Este disse quando necessitem me  fale que se puder ajudar te informo ok.
Ficou de passar na casa para ver se tinha torres de telefone na área, Claude foi com eles para abrir a casa, quanto ao escritório ficaram de voltar no dia seguinte.
Claude iria aproveitar no dia seguinte iria a Toulouse com o furgão, comprariam os moveis em Ikea, que era mais simples.
German disse que iria junto, assim compraria coisas para o atelier de costura.
O melhor, irmos pela tarde, fazermos as coisas do banco, dar entrada na documentação da firma,  assim providenciamos cartões para vocês comprarem, ou então terei que ir junto.
Vamos venha conosco, disse German, queria estar sempre junto dele.
ok. disse Jean, mas agora me deixem trabalhar um pouco.
Avisou a Gertrudes que quando o almoço estivesse pronto, lhe avisa-se.   Pegou o livro que já tinha catalogado como número 11, era interessante, na verdade era como uma agenda, a letra era da mesma pessoa, aonde estava colocado nome de pessoas, ou como uma cronologia, da família.                    Separou pois, necessitava de tempo, calma para olhar/analisar.   Ao abrir o de número 12, saiu dele uma folha em que aparecia a letra de sua mãe, com uma série de anotações, não entendeu o que era, separou também. agora já sabia que em cada livro encontraria papeis misturados.
quando todos voltaram foram almoçar, e fazer o combinado em seguida. Aproveitou, comprou uma estante para seu quarto assim poderia ir colocando os livros que lhe interessavam, ir trazendo outros.          Os que não tinham nada deixaria na casa, os outros iria estudando o que significavam essas anotações.
Voltaram com o furgão carregado, as coisas resolvidas no banco assim poderia as coisas funcionarem.
A próxima vez que fosse a Carcassonne, iria transferir para lá sua conta pessoa, as coisas ficavam mais tranquila. .
Seu tio Michel, lhe ajudou a montar a estante, quando ele comentou dos livros, ele disse meu irmão e tua mãe tinha a mesma mania, deixavam os livros cheios de anotações, papeis. Tenho dois, que depois te empresto, que eram dele, as anotações para mim não fazem sentindo, mas tem algo a ver com tua mãe.
No dia seguinte ele mais um grupo de homens iriam montar a  estufa do jardim. Gertrudes tinha feito uma série de pedidos quando foram ao Leroy, tinham trazido sementes, terra, etc.
As coisas se coordenavam, lhe parecia ir andando.  Telefonou a Paris para saber como ia o Lucas, parecia que a desintoxicação estava funcionando, o tinha vigiado, ninguém tinha se aproximado dele.
Teria que resolver esse problema. a melhor maneira seria enfrentar os argelinos isso ele creia certo.
Foram a Narbone para ver o projeto, todos adoraram, ele deu carta branca para começarem as obras, Claude ia se encarregar de todo os papeis, já instalado no seu escritório. Já tinham os da vila contratados para trabalhar.         O Celeiro já estava vazio, coberto para guardarem as coisas.           Os jardineiros, tinham limpado o caminho até a arvore, em volta da casa, o projeto, o que deveriam fazer.  No projeto, seria construído no centro do espaço entre a casa grande, a do administrador, do celeiro, um grande quiosque para se usar no verão, para o café da manhã, ou mesmo para área de lazer e descanso.   Em volta teria um jardim, estava previsto também uma piscina, que seria coberta no inverno para não sujar.
Quando os papeis deram entrada, ele criou uma sociedade com o  German e Claude, com pequenas participações, pois se um faltasse o outro se encarregaria do negócio.
Ele que pensava que a casa da vila lhe incomodaria, estava encantado. Principalmente com as noites passadas com o German, tinha certeza que todos já tinham percebido o que se passava entre eles, mas ninguém tinha comentado. O que se comentava sim era a amizade de Claude com Gustav, pois os dois tinham uma diferença de idade relativamente pequena, gostos parecidos, por isso estavam sempre conversando, horas e horas, a coisa parecia séria.
Quando o frio começou a apertar, resolveram ir até Paris, passar um final de semana, iram comprar roupa mais pesada para o frio, aproveitar para ir a Opera, alguma que outra coisa.
Mal ele chegou, foi falar com o seu antigo chefe para ver Lucas, este já estava como quando o tinha conhecido.   Obrigado disse ele, pensei mal de ti, mas foste o único que me ajudou.
Ele se sentou com o Lucas, comentou o que tinha pensado em fazer.
Este sorriu, esses caras só entende essa linguagem, vou te ajudar. Falou com o Paul que era seu antigo chefe, este juntou um grupo de  policiais retirados, montaram um grupo.
Lucas conseguiu falar com um dos ajudantes do chefe da máfia,  foram até lá, esperavam ver entrar somente o Lucas, quando surgiram todos ficaram nervosos.
Jean disse, calma, só quero falar contigo.  Qual o problema relativo a mim, porque, querem uma vingança.   Não disse o chefe, o que queremos é os papeis que tens ainda contigo que pode nos incriminar.
Jean Paul, de aonde tiraram essa ideia? Quem vos disse isso? 
Tinha sido o seu chefe de polícia que estava preso.
Ele sim queria uma vingança. 
Informou ao chefe que os papeis que tinham, eram relativo aos policiais,  não tinha nada a ver com eles, que tinha passado para o juiz, o resto tinha sido a Interpol.
A caixa forte que tens no banco?
ah essa tem a ver com a herança que eu recebi nada mais, se queres vamos até lá e eu mostro, poderás examinar tudo.
Lhes explicou que o que tinha feito era somente contra os policiais corruptos, nada mais, ele não ia se meter com eles. Estava aposentado, não tinha interesse nenhum.
Lucas não tem nada a ver com isso, por isso deixem que ele se recupere e leve sua vida.          Eu vou falar com o que está na cadeia, amanhã, resolvo tudo.
Mas aviso de uma coisa, se vocês vem por mim, muita gente vai morrer isso tranquilo, primeiro porque já tentaram me matar, não conseguiram, se mexem comigo, vou trazer um monte de gente da Interpol até aqui. ok.
Se levantou, estendeu a mão ao chefe da máfia. 
Tens um sistema tudo teu é verdade, eu necessitava de gente como tu ao meu lado, uma pessoa que me aperta a mão está comigo.
No dia seguinte cedo foi até a penitenciaria, pediu para falar com o policial preso.  Este estava dando muitos problemas lá, tinha montado um grupo dentro da penitenciaria, por isso o tinha isolado, era uma má pessoa disse o diretor do presidio.
Quando o trouxeram ele destilava ódio, o primeiro que disse, foi ainda estas vivo.  
Ele simplesmente disse tirei a tua máscara para o chefe atual da máfia, ele não fará nada, porque você os enganou.
Não tenho papel nenhum sobre eles, e mais ele está do meu lado. Portanto fiques quieto, leve a tua vida errada, mas me deixe em paz.       Porque se me incomodas, arrumarei um jeito de darem cabo de ti aqui dentro. O outro ficou olhando para ele, disse, sempre foste um bastardo, eu sei do teu passado, continuaras sendo um bastardo no mal sentido.
Quando sair daqui acertarei minhas contas contigo.
Jean Paul pensou, ele tem uma condena de 20 anos, por mais que saia daqui por boa conduta, quando muito 15,  veremos.   Vou viver minha vida enquanto isso.
Ele saiu para jantar com o German, lhe contou o que tinha feito. este disse, macho tu es incrível.
Compraram roupas no dia seguinte mais pesada, práticas também, o inverno estava pegando forte. Quando telefonaram para a vila, avisaram que colocassem correntes quando voltassem, pois estava nevando.
Resolveram ficar mais dois dias desfrutando do frio de Paris, o apartamento estava só para os dois, inclusive sem o chucho, que estaria se esquentado na cozinha da casa.
Jean descobriu que adorava fazer sexo com German, que não era tão mal de cama como pensava antes, estava apenas com a pessoa errada.  German tinha mudado, se o via mais sério, companheiro como nunca.
Dormiam juntos todas as noites,  o carinho entre eles era enorme.
Quando voltaram foram  até a casa, ele queria pegar mais livros, levou uns stick adesivos para numerar a sequência de livros, e por detrás deles, encontrou um livro amarrado, já veria o que era, biblioteca tinha sido completamente protegida para obra, bem como o salão de jantar.      Como não seria mexidos, ficavam pelo menos protegidos do pó.     Os tapetes de toda a casa tinham sido retirados, levados para lavar o que a Estela achou que valiam alguma coisa.
German já tinha também transportado tudo que estava no sótão para o galpão da vila, então os moveis dos quartos que tinha sido todos marcados de aonde procediam foram levados pará-la,  estava tudo vazio no primeiro andar.
Ele resolveu que viria umas duas ou três vezes por semana para ver, o resto do tempo, iria ficar trabalhando na vila.
Com a chegada das neves mais pesadas, embora o frio fosse suportável, as crianças da vila que eram poucas, tinham que ficar em casa pois a escola não tinha uma estufa de calor para elas.
Conversando com o Tenório este apresentou a professora.     Ele perguntou em que podia ajudar, ela disse, que a maioria das crianças necessitava de livros, cadernos, claro da estufa de calor. Ela tinha preparado, numa sala vazia um lugar que eles podia passar o dia, brincarem assim os pais podiam trabalhar tranquilo.
Bom disse ele chamando Raphael que estava no escritório ao lado.     Pediu que ele providencia-se a estufa, para a escola e o que a professora necessita-se, pois ele sabia que os governos não davam assistências a essas escolas, por isso a desistência entre as crianças da vila eram muitas.
Iria falar com o Albert se ele conseguia computadores de segunda mão para colocar na escola, se poderia dar aulas a criançada.
Os pais imediatamente  vieram falar com ele agradecendo, todos os dias quando saia com os amigos para tomar um café no bar do Tenório, vinha alguma pessoa a falar com ele.
Aconteceu um fato inesperado. um dia uma das senhoras que trabalhava com German sofreu um acidente na rua, teve um corte imenso no braço,   German imediatamente a levou para cozinha da casa, foi buscar seus instrumentos cirúrgicos que tinha trazido de Paris, desinfetou tudo, costurou o braço da senhora.
Para que, eles que tinha que ir até Limoux para serem atendidos na clínica, passaram a procurar German para serem atendidos.
Um dia Lucas telefonou avisando que o chefe de polícia que estava no presidio tinha sido assassinado por um outro, numa disputa de poder dentro do sistema carcerário. 
Que pena, perguntou ao Lucas como ia?  
Este disse que bem, mas que estava aborrecido sem fazer nada.
Lhe perguntou se queria ir para lá?
Este disse que sim.
Claude lhe chamaria, lhe mandaria um bilhete de trem. Seria bom ter mais um para conduzir carro, fazer pequenos serviços para todos. etc.
O problema era aonde hospeda-lo, a partir que a casa ainda estavam fazendo obras, levariam meses e meses para ficar pronta.
Ele falou com o German, este disse rindo, ele pode dormir comigo, afinal e jovem e gostoso.
Jean Paul fez cara feia, uma coisa que ainda não tinha apreendido era controlar seu ciúmes, queria German só para ele.
Porque não vens de uma vez para o meu quarto. disse, as noites que não dorme comigo fico com frio.
German disse, eu adoro dormir contigo, mas preciso desse tempo de intimidade de alguns dia estar só.  O problema se resolveu quando o Gustav disse que teria que voltar para Paris, reassumir seu cargo de professor. Ele tinha ajudado muito ensinando as mulheres a trabalhar etc. o único problema era que a parte que faltava, era muita e delicada, elas já tinham apreendido, mas a parte masculina nem tinha sido tocada.
Quando German comentou isso com o grupo, uma delas disse, tenho um sobrinho, que trabalhava de alfaiate em Paris, foi atropelado, ficou com um problema na perna, então voltou para cá, vive em Limoux, com sua família,  faz pequenos serviços em casa.  Ele poderia ficar na minha casa, pois só estamos meu marido e eu.
Então vamos mandar buscá-lo, eu ensino o que tem que fazer.
O rapaz, Gregory, tinha uma perna mais curta, o braço um pouco torcido, mas isso não lhe impedia de costurar. Quando ele disse para quem tinha trabalhado, o Gustav assobiou, disse é o melhor de Paris. Mas claro como ele tinha ficado não poderia mais atender clientes, tinha que impressionar.
Ele tinha uns 38 anos, mas aparentava mais, talvez por causa do que lhe tinha acontecido.
Quando Gustav lhe fez uma prova de recuperação de um fraque, viu que ele entendia do assunto, poderia ficar cuidado da parte masculina,  ele adorou. pois estaria no meio de outras pessoas trabalhando, ganhando dinheiro, o melhor vivendo.
A sua tia era diferente de sua mãe que o protegia, assim estaria livre para viver um pouco. O tio sempre o levava ao bar do Tenório para jogar com os amigos e conversarem.
Quando Gustav foi embora, Claude mandou um bilhete de trem para Lucas que veio todo contente.
As senhoras logo gostaram dele, ele disse que era órfão também, pois já não tinha família, comia com gosto tudo que se lhe oferecia, ajudava Raphael e Claude em tudo.  Este estava encarinhado com ele porque verdade seja dita o Lucas tinha muita presença.  Quando ele percebeu o que rolava entre Jean e German não fez nenhum comentário, somente disse tenho inveja de vocês pois tem alguém para se apoiar, isso sempre me faltou.
Claude sempre estava conversando com ele, e brincando.
Uma noite estavam todos conversando na cozinha, German tocou no assunto de como iam fazer quando abrissem a casa, não  tivessem quem cozinhar, servir a arrumar os quartos.
Iam espalhar pela vila isso, se aparecessem gente jovem iam conversar. Pela época do natal, muitos vinha para a vila ficar com suas famílias, quem sabe alguém se aventurasse em ficar.
Lucas se entretinha ajudando na cozinha, disse, se eu pudesse apreender, adoraria, pois gosto muito de cozinhar.
Apreendeu com Marie José a fazer todos os pratos típicos da região, de vez em quando os surpreendia fazendo a comida de domingo.
Porque não te informas de algum curso, e o faz, disse Jean.
Este sorriu.   Você sempre tem a solução para tudo.
Faltava uma semana do natal quando receberem a notícia que a mãe de German e irmã de Gertrudes tinha falecido a uns dois dias,  na confusão tinham trocado de diretora da casa de maiores aonde ela vivia, a nova diretora não tinha podido comunicar.
Já nem valia a pena ir até lá.  German dizia que ela tinha sido sempre um mistério para ele, agora um mistério que desaparecia.  Mandaram rezar uma missa no domingo.  As senhoras que trabalhavam na oficina de confecção, foram todas com suas famílias.  Muitas outras da vila também foram.
Foram até Carcassonne para comprar presente e  decoração para uma arvore de natal.    O mais interessante é que Jean Paul nunca tinha tido natal.
Quando o comentou, montaram uma grande festa, convidaram os tios de Jean Paul, a Antoniette, sua filha que  continuava não aparecendo pela casa.
Montaram no salão uma arvore de natal, imensa, cheia de presentes. 
Claude tinha feito boa amizade com a professora, está tinha lhe dito o que precisava cada um, ele comprou as coisas, Embrulharam de noite, colocaram os nomes, aos senhores que trabalhavam na casa rural, fizeram o mesmo, comprar roupas interior de lã, para cada um. 
Para as senhoras German tinha preparado no atelier uma serie de presente, desde echarpes com tecidos que tinha comprado, como pequenas coisas que as outras senhoras fizeram.  A noite de natal passaram eles os tios, Antoniete.
Foi ótimo.          
Lucas disse que tampouco tinha tido muito natal, então ajudou muito na cozinha, tinha feito algumas coisas, estava apreendendo a fazer pães, era muito criativo nisso. Claude tinha conseguido algumas receitas, ele tinha elaborado.
Se divertiram muito, trocaram presentes, uns com os outros.
De noite Jean Paul entregou a German uns livros que tinha conseguido por internet, sobre a  moda na época da corte, livros antigos que já não estavam em circulação, este ficou encantado.
Ele tinha feito um casaco para  Jean Paul, tinha desenhado, o  Gregory  executado.
Dormiram essa noite juntos, uma coisa era certa, se entendiam muito bem.  German estava verdadeiramente apaixonado por Jean, este idem.
No dia seguinte depois da missa, abriram a porta da casa para o pessoal que fora convidado, as crianças vieram pelos seus presentes.
Lucas com a ajuda de Maria José tinha feito uns sacos com biscoitos para as famílias, preparado umas broas recheadas com carne picante para as mesmas. Alguns trouxeram alguma coisa que tinham para ajudar na decoração da casa no campo.
O grande presente que Jean e o grupo fizeram, foi doar a escola uns vinte computadores de segunda mão que o Albert tinha arranjado, assim os garotos poderiam apreender informática, a professora estava encantada. Ela era viúva, estava sempre de olho no Lucas.
Mas este se descobriu com o Claude, sem querer foram se aproximando, apesar de serem diferentes, como Claude o incentivava nas coisas de cozinha, ele foi se apegando a este e acabaram tendo um relacionamento, tudo muito discreto.
Até o Tenório tinha vindo trazendo umas garrafas de Patis feita por ele mesmo, ofereceu aos homens.
Depois de todos terem ido embora, Antoniette que estava sentada num grande cadeirão que tinham comprado, estava como uma rainha, puxou Jean Paul para seu lado, disse, tua mãe ia ficar orgulhosa de ti, creio que teu avo também.
Seu tio lhe tinha trazido de presente os livros que tinha comentado, que pertenciam ao seu pai.  Quando se foram a Antoniette perguntou por que os chamava de tios? 
E que ele é irmão do homem que se sacrificou por minha mãe, me deu seu nome, ele é o meu pai, o que tive sempre em mente e vou continuar pensando. 
Muito bem meu filho.
Se atreveu a perguntar pela sua filha. Ela disse estes dias está melhor, o antigo namorado está aqui na vila, lhe convidou de novo para ir com ele para Paris, mas ela quer ter pelo menos uma casa para viver, não quer dividir com ninguém.
Lhe disse que lhe dou o dinheiro que vocês me pagam para ajudar, mas ela diz que não dá para alugar uma casa lá.
Olhe, pela porta se via do outro lado da rua ela conversando com um rapaz.
É ele?
Jean Paul, disse fica aqui um instante, espere eu voltar.
Foi até lá se apresentou ao rapaz, que lhe pareceu boa pessoa, perguntou o que estava fazendo em Paris?
Ele trabalhava uma parte do tempo de garçom e a outra estava estudando, fazendo direito.
Muito bom disse, e aonde moras?  
Divido apartamento com uns amigos e em Montmartre.
 Bom creio, Marie Sophie, que posso resolver o problema de vocês, tenho meu antigo apartamento pessoal em que vivi desde a época de estudante, justamente ai, é pequeno mas para duas pessoas perfeito, está vazio, creio que vocês poderiam tentar viver nele, que os parece?
Ela abriu os olhos, rindo como uma louca disse sim.
O rapaz ainda perguntou se era muito caro, bom vocês só tem que cuida-lo, viver bem.
Mas minha mãe vai ficar sozinha, disse ela.
Jean disse, ela pode fazer as refeições conosco, além de que está sempre la na cozinha de casa mesmo, cuidaremos dela pode ter certeza.
Quando voltou a Antoniette disse antes que ele fala-se, resolveste o problema, obrigado meu filho.      Assim eu me livro dessa filha que só pensa ir embora, eu fico bem. 
Disse o que tinha dito para ela, a Gertrudes que estava sentada do lado dela, claro, ainda nos ensina as comidas daqui.
Ela inclusive nos estava ensinando a mim e a José os doces de frutas da região, estávamos pensando em fazer e vender, para os hospedes da casa rural. 
Ótima ideia.  
Lucas estava contentíssimo, puxou Jean de lado, feliz natal e obrigado por ter me tirado daquela vida, me dado uma família. muito obrigado.
Para o ano novo Claude iria a Paris acerta definitivamente a saída do escritório do irmão, vender a sua parte, arrumar uma casa para eles na vila.     Já não queria voltar para lá, tinha se encontrado com o que ele queria fazer como advogado, tinha vários clientes da vila, mesmo das outras vilas perto, tinha inclusive apresentado suas credenciais em Carcassonne assim poderia representar as pessoas. lá.
Iria entregar aos sobrinhos de sua mulher a parte dela nas suas coisas, manter para ele somente a casa de Paris, para algumas escapadas.
Na última hora resolveu ficar, passar com sua família de amigos o ano novo, afinal eram sua nova família, iria em seguida, pois queria começar o ano, com os amigos, não com uma família chata.
Fizeram uma festa, inclusive convidaram o filho da Antoniette que veio com sua família. Albert dos computadores, Tenório que neste dia não abria, tinham se tornado amigos, claro convidaram o Gilbert e Estela, mas estes tinham compromissos por lá, viriam almoçar no dia seguinte.
Lucas e as senhoras, se esmeraram na cozinha, ele reconhecia que nunca podia imaginar que isso lhe saia tão bem.    Tinha engordado um pouco, mas como era grande ficara proporcional, vinha fazendo receitas das revistas que conseguia, estava apreendendo a fazer patês e coisas assim.
Claude e German lhe ensinaram como montar uma mesa para recepção, etc.
No mais, ele ia apreendendo intuitivamente, se via que os dois estavam se dando bem.
Meses depois Gilbert avisou que a casa já estava quase pronta, que agora vinha o mais trabalhoso, a decoração.
Jean Paul disse a Claude, precisamos fazer contas, se sentaram todos uma noite para isso. A grande mesa da cozinha era ótima para essas coisas.
O Raphael apresentou suas contas do pessoas que ele geria, lhe tinha sobrado dinheiro, o mesmo com  Claude.
Os pagamentos do trabalho de Gilbert e Estela estava em dia, sobrava dinheiro.      Enfim se podiam dar o luxo de gastar um pouco mais na decoração.       Creio se queres fazer uma coisa super, podemos vender aquele anel que o antiquário disse que compraria.
Você que sabe, mas até agora não mexemos nas contas de aplicação nem tua nem de tua mãe, isso tem um bom lucro, então usamos destas, disse ele.
Se juntariam os três, German, Claude e Estela, iam cuidar da decoração.  Estela já tinha conseguido uma série de manequins antigos para o German, este ia fazer uma apresentação das roupas recuperadas.      Tinham encontrado dois baús cheios de tecidos, com eles pensavam em fazer algumas coisas mais.  Gregori já tinha desenhado com German a roupa dos empregados da casa rural, estavam executando.
Estavam pensando em conservar o atelier, fabricar pequenas coisas para venderem aos turistas. então estavam os dois confabulando como fazer.   As senhoras que tinha apreendido os bordados de época, iam desenvolver pequenos tecidos com aplicações, toalhas etc.       Iam abrir uma loja na frente.
O Gregori tinha feito amizade com a professora, se dava muito bem, a Jose disse que queriam se casar.
Quando o German marcou a apresentação do que tinham feito, o Gustav veio para a vila, sem problema nenhum recuperou seu quarto.
Claude abrigou definitivamente o Lucas na sua cama, os dois faziam um casal interessante o Claude um homem refinado, o Lucas um homem grande, com cara de bruto.
No dia marcado, arrumaram de tal maneira o atelier, que os manequins pareciam estar num vitrine, montaram por grupo e épocas, se apreciava o que tinham feito, as roupas tinham ficado perfeitas, iam ficar bonitas no salão da casa.
Depois de mostrar aos amigos, o Gilbert e a Estela, disseram por que não aproveita,  fazes uma exposição em Narbone para divulgar a casa rural.  Mas tem que ser antes da inauguração. Estela cederia uma parte da loja.
Jean encomendou dois moveis, para exposição dos livros raros que tinha encontrado até agora.
O Lucas tinha feito contacto com dois companheiros que tinha feito nos cursos de cozinha, em Narbone, um em Barcelona, iriam trabalhar com ele na cozinha da casa, contratariam gente de Limoux, e da vila para trabalharem arrumando, limpando a casa.
O Celeiro tinha ficado espetacular, o jardim na arvore também.
Tinham trabalhado muito bem.
Agora que o inverno acabava, tudo estava florido, melhor época para inaugurar impossível.
Resolveram fazer uma grande festa, convidando o pessoal da vila num domingo, Lucas montou um buffet no quiosque e serviriam as pessoas.
Vieram todos, mas os do banco de Carcassonne, o filho da Antoniette, os de Paris, enfim, tinha muita gente.
German antes tinha montado a exposição no salão porque se entraria desde a terraça, que tinham melhorado, este salão seria para isso.    Tinha os moveis expondo os livros de época, missais antigos, das senhoras, todos os detalhes de bolsos, sapatos, tudo recuperado, era como um pequeno museu.
Claude tinha mexido seus contatos, tinha vindo inclusive gente de Paris para fotografar, gente de turismo, ficaram todos hospedados na casa.
Jean estava orgulhoso, sempre perto de German. pois graças a ele que lhe salvara a vida, o chucho é claro, estava ali.
Saiu nos jornais, de turismo, nas revistas, enfim, a festa foi ótima, as pessoas iam passear na vila, tomar café no Tenório que tinha melhorado a aparência do bar, incluído no menu coisas que Lucas lhe tinha ensinado. Na loja do German vendiam uma série de coisas que as senhoras da vila faziam, desde bordados, a geleias, coisas que os turistas gostam.
Tinham feito um acordo com a vinícola, que explorava os vinhedos, desenvolveu um vinho especial para a casa, baseado no muscadet, com rótulos e tudo, enfim estava prontos para isso.  Claude ia ficar com a parte administrativa junto com o Raphael, a cozinha a parte de Lucas, German cuidaria do pessoal e da loja.
A ele finalmente sobrava mais tempo para os livros.
Tinham feito bem afastado da casa um estábulo para os cavalos, que tinham comprado na Camargue, que seriam usados pelos hospedes para passeios, pequenos pôneis para as crianças.
Todos os quartos eram dobles, duas suítes, no último andar, na casa do administrador, a mesma coisa, só ficava fechado o salão com a estantes de livros que ele não tinha tido tempo nem condições de olhar.
Estava exultante com tudo.  Ele pretendia sempre que fosse possível passar o dia por lá.  A priori uma das suítes seria usada por Claude e Lucas, que ficariam sempre na casa, ele usaria sempre a outra  quando ficasse por lá no final de semana. Verdade seja dita, adorava ficar na vila, lá se sentia em casa.
Tinha desenvolvido hábitos, de depois do almoço ir tomar café, conversar com o Tenório, etc.
Um dia que estava mais vazio, este se sentou com ele, lhe contou que quando na vila descobriram que ele e o German tinham um relacionamento, algumas pessoas tinham falado, mas que uma das mulheres se levantou, disse bem alto.
Estão cuspido no prato que nos estão alimentando. Este homem veio para cá, nunca perguntou quem matou seu pai, nunca se interessou em vingança, agora o que vocês tem contra ele, porque dorme com outro homem, conheço algumas histórias daqui que fariam corar estes mesmo homens que vocês acusam, tenho certeza que iam ajudar essas pessoas a mesma. 
Ele perguntou quem tinha sido a senhora que o defendera?
Tua tia José.
Nunca mais ninguém falou nada sobre eles.
Um dia em que a casa estava tranquila, todos estavam na casa rural, somente escutava Gertrudes na cozinha preparando bolos com a José para o café da manhã deles, da casa rural que estava cheia.
Abrindo uma das gavetas da mesa encontrou o tal livro ou o que fosse embrulhado, tinha se esquecido dele.
Com muito cuidado o abriu, qual foi a surpresa, que era um diário de sua mãe, no meio tinha fotos dela com o seu pai, algumas com o Klaus, com ele se parecia um pouco, no diário contava a história que ele já sabia, a dor de descobrir que fora enganada, a sua vingança, o pior a confusão causada pelo Klaus, o roubo da criança da Antoniette.  O pior veio a seguir, porque ela o tinha afastado dela.
Ele lhe fazia recordar todas essas coisas, além da vergonha,  de tido um filho de um nazista, só muito mais tarde quando ela passou a ir a Paris, se falarem mais, que já era tarde para conseguir um relacionamento mãe e filho.
Descobriu que ele se parecia a ela e não ao Klaus.     Mas já era tarde, tinha vergonha, embora Antoniette a animasse a tentar se aproximar do filho.  Ela tinha criado tantas barreiras que não era capaz de sequer tentar.
Lhe pedia perdão por isso, esperava que um dia ele encontrasse esse livro, lhe perdoasse.
E que fizesse bom usufruto dos bens que lhe tocavam, sabia que ele seria mais inteligente que ela no uso de tudo.
Como lhe preocupava que ele estivesse sozinho, nisso pensou, já não estou. 
Deu o livro para a Antoniette ler, esta chorou muito, que lastima isso tudo.
Lhe contou que quando fora viver com o pai da sua filha na vila a tinham criticado por ter tido um filho de um nazista, mas sua mãe fora a única que pelas mesmas circunstancia que a ajudara a suplantar isso, mas a si própria não tinha conseguido se perdoar. Pois tinha se apaixonado pelo Klaus, só quando ele quis que abortasse, que ela tinha aberto os olhos.        Ela não tinha ficado furiosa com o Klaus, porque ele tinha levado o filho dela, sabia que ele não tinha chances na vida, que a melhor  maneira era essa, pelo menos o outro pensando que era um filho seu o cuidaria, tentaria fazer que sobrevivesse.
De noite contou tudo ao German, este o abraçou e beijou, disse no seu ouvido, obrigado por existires, estares aqui comigo.
Estava tão mergulhado em tudo que tinha encontrado, esqueceu o presente de natal do seu tio Michel.  Tinha simplesmente olhado, mas parar, para ver o que continha não.
Eram dois pequenos livros de capa dura. Ao abrir, viu um desenho, ou melhor um esboço do rosto de sua mãe.  Ao tentar ler, tomou consciência que estava escrito em Occitane.  Claro naquela época, devia ser essa a linguagem do povo da região.
Ao comentar com Antoniette, a resposta foi correta.
Em casa só falávamos em Occitane, embora teu avô, preferia o Francês, dizia que era mais culto.  Afinal ele tinha vivido muitos anos em Paris, para esquecer do mundo mundano que tinha frequentado.   Mas o mais interessante, não sei, se lembras disso, quando ficou mal, vagava pela casa falando em Occitane. As vezes ninguém o entendia por isso.
Lembra da história do cavalo de madeira que ele rompeu a perna, foi justamente por isso, falava contigo em Occitane, tu o ignoravas, pois não entendia.  Ficou furioso, rompendo a perna do cavalo, a levou para a cozinha, jogando no fogão a lenha.
Tudo o que ele recordava, tinha sido o rompante dele, destruindo a perna do cavalo. Nada mais.
Claro eras pequeno, tua mãe, ficava irritada rapidamente, naquela época não se sabia bem o que fazer com as pessoas com essa doença.   Na velhice, ela morria de medo de ficar igual.
Há alguém aqui, que fale corretamente, escreva, lê em Occitane?
Poucos, algumas palavras, ficaram misturadas com o Francês, em Carcassonne, há uma escola que ensina as crianças.  Informa-te com a professora, ela pode te ajudar.
Antoniette agora era parte da mobília da casa, como ela dizia, vinha logo de manhã, para tomar café, só ia embora de noite para dormir em sua casa.
As vezes pedia licença, sentava-se num dos cadeirões de seu quarto, ficava ali lendo alguma coisa, ou fazendo algum bordado, enquanto ele trabalhava.  As vezes se esquecia que ela estava ali, até que Gertrudes entrava com uma bandeja de chá, para os dois.
Quanto lhe perguntou se gostava de ficar ali, com ele em silencio?
Quando tua mãe estava em seus assuntos na biblioteca da casa no campo, ela era igual a ti, trabalhava em silencio absoluto, se esquecia as vezes que o mundo girava.  Eu a despertava disso trazendo o chá. Então comentava alguma coisa, voltava as suas anotações.
Que livros eram esses?
Os do armário da casa do administrador. Foram livros que deixaram os alemães em sua fuga.  Ela teve a paciência de juntar todos os papeis, tentar colocar numa ordem.  Está tudo lá.
Mas não encontrei nenhuma chave para abrir os benditos armários, pensei inclusive em romper o cristal.
Ela riu, ah tua mãe, era muito especial, dizia que um dia tu irias descobrir isso.  Há um esconderijo no próprio armário, mas se te conto perde a graça.  Busque e encontrarás.
Com sumo cuidado, foi escrevendo no portátil, o texto do livro de seu pai.  Mas sempre lhe faltava uma palavra.
Pediu ao Raphael que o levasse a Carcassonne, queria se informar de alguém que lhe pudesse ensinar, ou mesmo um dicionário.  Quando comentou antes com a professora, esta disse que na vila faltava isso, um professor que ensinasse os pequenos a falarem essa língua materna da região.  Ela falava, mas muito mal, lia com dificuldade.
Traduziu a primeira página do livreto, mas ficou nervosa, pois nem sempre entendia o que estava escrito.   Acabou dando indicação da escola La Calandreta de Carcassonne, podia ser que indicassem alguém para ajudá-lo.
Foi no dia seguinte mesmo pela manhã, com o Raphael, estava irritado, pois não conseguia entender uma série de termos usados pelo seu pai.
Levou consigo o livreto, falou com a diretora da escola.
Esta riu, sei pelo que ouvi dizer, que viveste a maior parte de tua vida em Paris, isso é logico, se sabias algo, ficou no teu passado.
Tenho um amigo, que se aborrece, pois foi professor da Universidade de Toulouse, teve que se aposentar, pois sua mulher na época estava muito mal.  Agora está recuperada, ele era professor de filologia, de lá.
Agora se aborrece, vem aqui de vez em quando, tenta formar grupos de adultos para apreenderem, mas pouca gente se interessa.
Espere, passou a mão no celular, falou com o mesmo, disse para ires tomar um café, até ele chegar aqui.
Bom tenho outro assunto, gostaria de conseguir um professor que fosse a vila, pelo menos uma vez ou duas da semana, para dar aulas de Occitane, para as crianças. Seria possível isso.  Posso cobrir as despesas da pessoa, pois me interessa que apreendam a linguagem da região, não a percam como eu.
Claro, temos vários jovens que começaram aqui, posso ver quem tem disponibilidade, ou está esperando uma escola para dar aulas.
Saiu para fazer um passeio, assomou-se a um troço da muralha que tinha uma vista espetacular, o dia estava meio nublado, se via as nuvens baixas sobre os vinhedos.
Escutou falarem seu nome, viu que a diretora da escola lhe indicava para alguém.  Subiu até ele um homem magro, de idade indefinida, com uns cabelos brancos impressionantes, estavam amarados num rabo-de-cavalo.
O aperto de mão foi forte.  Sentaram-se num café ali ao pé da muralha, primeiro trocando informações as respeito um do outro.
Meu nome é Jean Paul Sudre, na verdade sou de Albi, minha mulher é que nasceu aqui.  Eu me apaixonei pela história da cidadela, estou aqui até hoje.
Temos o mesmo nome, sou Jean Paul também, mas todos me chamam de Jean.
Pois a mim todos me chamam de Paul, assim não haverá confusão.   Mas me conte teu problema?
Lhe falou dos livros, dos escritos as margens, a maioria estava em Occitane, inclusive, alguma antepassada, escrevia verdadeiras crônicas a respeito.  Mas claro não consigo traduzir tudo, pelos meus parcos conhecimentos.
No último natal, ganhei de meus tios, duas livretas, que pelo visto eram o diário de meu pai.  Mas não consigo traduzir direito.
O tens aí?
Passou para o Paul, a primeira página, lhe conquistou, que ele alisasse a capa da livreta, como se tratasse de alguma relíquia.
Ele percebeu, eu sempre faço isso, como que pedindo licença a quem escreveu, para que eu possa decifrar seus segredos.
Riram.
Leu as primeiras anotações, realmente entendo a tua dificuldade, está escrito no mais estrito Occitane, pois com os anos, o mesmo foi se mesclando pelo povo com o francês.
O único problema Paul, é que não quero me afastar deles, além de que em minha casa, tenho muito mais coisas, estou trabalhando nisso, como decifrando o meu passado.
Olha Jean, eu estou livre, minha esposa se recuperou, voltou inclusive a trabalhar, mas seu tratamento debilitou seu coração, morreu nos primeiros dias de Janeiro.  Não tenho filhos, portanto estou livre.  Tem algum lugar por lá que possa me hospedar?
Claro que sim, atualmente Claude meu sócio vive na casa do campo, que transformamos em um pequeno hotel rural.
Eu estive lá pouco depois da inauguração.  Subi até o jardim junto a árvore, lá em cima, que paz, que panorama, pareces que estas vendo tudo como uma aquarela.
Lá estão enterrados meus pais.   Sempre que necessito pensar, me sento lá em cima.
Foi justamente o que eu fiz, tinha que pensar em algo para fazer, pois estava ficando louco, sem ter obrigações.
Quando foi isso?
A semana passada, fui com uns amigos almoçar lá, no momento que me senti sobrando na mesa, subi até a árvore.  Fiquei cismando que necessitava de alguma coisa para mover a minha vida.
Riram os dois, pois parecia segundo Paul uma coisa dos espíritos.
Quando poderias ir para a Vila?
Se me das um tempo para arrumar uma maleta, pegar uns dicionários, portátil, o material que estou trabalhando, vou contigo.
Desceram até a sua casa, não sem antes se despedir da diretora da escola, pedindo que não esquecesse das crianças de lá.
Na frente da casa dele, enquanto esperavam, chamou German, contou tudo que tinha acontecido.
Já me lembro desse grupo, ficaram procurando o senhor que tinha desaparecido, quando sai fora, o vi sentado como gostas de fazer, lá em cima na árvore.   Ofereci licor, café para o grupo, para que o esperassem.   Quando desceu, elogiou meu trabalho com as roupas.
Espero que um dia se meus cabelos ficarem brancos, fiquem como os dele.
Pergunte ao Claude, se posso oferecer o quarto dele para o senhor?
Nem pense, que ele use o meu, durmo sempre contigo.  De noite quando chegue, levo minhas coisas para outro armário.
Paul, foi ajudado por Raphael, a colocar as coisas no carro.
Jean, ainda lhe segurou fora um momento, lhe disse claramente que pensava em pagar pelo seu trabalho.
Isso já veremos, se for muito cobro uma fortuna para te arruinar, se for pouco, um café me basta.
Mal se sentou atrás no carro, abriu um dos dicionários, que se via que tinha sido muito manuseado, pronto, encontrei a tradução dessa palavra, ficou na minha cabeça quando li o que estava escrito.
Adorou a casa, fizeste uma recuperação muito boa.  Ao ser apresentado a Gertrudes, a José, que estavam preparando coisas para o café da manha do dia seguinte. 
Disse brincando, tenho que ir embora imediatamente, aqui vou engordar muito.
Com a Antoniette foi como se conhecessem de toda vida.
Se quiser, também pode ficar lá em casa, tenho quartos sobrando, posso arrumar um para ele.
Já veremos.
Almoçaram, copiosamente, depois subiram para o quarto do Jean, que foi mostrando todo o material que tinha.  A cada papel, Paul fazia a cerimônia do conhecimento.
Antoniette pela primeira vez, perguntou se não se incomodava que ela entrasse.
Jean explicou que ela lhe fazia uma companhia muda, estava todo o tempo ali com ele, em silencio.   Antes fazia isso com minha mãe.
De repente, parecia que o trabalho rendia, analisaram o primeiro papel que ele tinha encontrado num livro.
Traduziu as palavras que ele não tinha encontrado significado, a pilha de dicionários, estava ao lado da mesa, as vezes para uma palavra, consultava mais de um.  Explicou que esse era o grande problema, as vezes as palavras mudavam, conforme as pessoas que a usavam, sejam da alta burguesia da época, a um simples peão de uma quadra de cavalos.
Quando terminaram a tradução total, agora fazia sentido.
Uma bela crônica sem dúvida nenhuma, pela letra é uma mulher, para sua época, com uma inteligência superior.
Veja, aqui há uma marca, que significa que ela mandou esse texto para alguém. 
Jean buscou a caixa de cartas que pertenciam a mesma mulher ou parente sua, que a tinha escrito.
Ah, claro, aqui está a resposta, disse ele, depois de olhar bem, procurando encaixar a época do livro, a data do texto, é a carta de resposta.
Caramba, a carta está escrita, por uma das pessoas, que considero uma sumidade em Occitane.  Seu bisneto, herdou a livraria em Toulouse, mas já tem muita idade também.  Seu filho que leva hoje a livraria, é uma mula, não entende de nada, misturou os livros, hoje tem mais em francês.   Mas o velho, ah esse vais conhecer, tem uma parte traseira da livraria, que não deixa nem o filho entrar, ali vive no seu mundo.
Veja, foi traduzindo rapidamente a carta, escrevia a lápis num papel, ele agradece o texto, que vai publicar no jornal Occitane, a profundidade do texto que ela escreveu, é mais, diz que o obrigou a reler o livro, sob outro prisma. Agradecia ela ter enriquecido seu conhecimento da alma humana.
Sem querer ao entrar Gertrudes com o chá, ele olhou a Antoniette que sorria.  Ah que pena que tua mãe, não conheceu esse senhor, pois teriam conversas interessantes.
As vezes tentava falar comigo, alguma coisa que tinha descoberto, mas eu não podia acompanhar seu raciocínio.  Sei que ficava frustrada com isso, nessa noite, me fazia uma verdadeira dissertação sobre o assunto, procurando que eu o entendesse. Valia a pena, assim tínhamos conversas para dias, pois a cada descoberta, ela vibrava. 
Quando German chegou, foi apresentado, se notava que estava com um certo ciúmes.
Comentou que Claude, dizia que podia usar seu quarto, que estaria melhor alojado, pois tinha a mesa de trabalho desocupada, não como a minha.
Levaram as coisas de Paul para lá, agradeceu muito aos dois o resgate.
Resgate?
Sim, outro dia me emocionei na casa Rural, com seu trabalho sobre as roupas, os livros, um verdadeiro estudo de época, comprei inclusive o livro que vocês fizeram.  Depois por ter-me protegido dos conhecidos, quando eu estava sentado lá em cima, aos pés da árvore.  Uma das senhoras comentou, que ofereceste café, licor, para ficarem, esperando que eu descesse.
Claro podias ter mandado alguém me chamar, mas respeitaste o fato que estar ali para pensar.
Apertou a mão do German, dizendo obrigado.  Isso o conquistou, deixou o ciúmes de lado.
No jantar, comentou como tinha sido o dia por lá.  Uma das clientes queria um dos vestidos emprestado, para uma festa em Paris.  A coitada não entendia que bastava olhar, para saber que não entraria nela.  Mas claro, disse que poderíamos fazer um para ela.  Desenhei rapidamente um modelo similar, disse quanto custaria, já deixou um cheque, vira num outro fim de semana para provar.  Falou com umas amigas de Paris, vem um bando, coitado do Claude, vai aguentar.  Tenho que avisar amanhã cedo as senhoras do atelier de costura, que temos trabalho pela frente.
Jean, gostava de ver seu entusiasmo.
Ele passou a todos o desenho que tinha feito, Paul disse que era perfeito.  Sua tia, lhe beijou a cabeça, ah meu filho, fico orgulhosa de ti.  Não basta as belezas que resgataste, as senhoras do atelier te adoram.
Paul comentou, a estas horas em casa, eu estaria aborrecido, tomando uma dessas sopas de pacote, ou comendo algum sanduiche sem graça. Estou aqui sentado com vocês nessa mesa maravilhosa. Ufa, terei que subir mais vezes até a árvore para  agradecer.
Pediu licença ao Jean, mas ele poderia traduzir o livreto inteiro, depois o reveriam juntos.
Sim, com tudo que tenho entre mão, ainda sequer encontrei a chave das estantes da outra casa.  Teve que explicar ao Paul que nos últimos anos sua mãe tinha trabalhado, em cima dos livros, mapas, coisas deixadas pelos alemães, na casa do administrador.
Já encontraras as chaves, disse rindo Antoniette, depois se despediu, indo para sua casa.
Marcou de trabalhar com o Paul, depois do café da manhã, nessa noite German confessou que tinha ficado com ciúmes.
Mas German, só tenho olhos para ti, ele vai me ajudar a decifrar tudo isso que me persegue dia e noite.  Sonho com estes textos, as vezes leio e releio, tentando encontrar uma solução, para saber o que querem dizer, mas nada.
Me perdoe, se amaram como nunca, ele também reconhecia que as vezes tinha ciúmes do German, quando o via entre outras pessoas, afinal tinha que reconhecer que era um belo homem.
Em menos tempo do que pensava, conseguiram decifrar tudo o que essa senhora escrevia.
Paul, pensava que ela, escrevia para o jornal de Toulouse, com outro aliás, ou melhor dizendo outro nome.
Além de que, nos falta aqui uma ampliadora, mas creio que as respostas que vinha, tanto ela quanto ele, usavam um código, simples, mas falavam de outro assunto.
Veja, colocou uma carta de resposta, em cima de um vidro, iluminou por baixo, se via que algumas letras estavam marcadas, como se a pessoa tivesse forçado a escritura.
Juntaram todas as letras, formavam palavras, um tanto desconexas, mas formavam.
Jean teve a ideia de virar ao contrário a página, agora em outra sequência, formavam palavras com sentido.  Eram quase uma declaração de amor.
Se me permites, vou telefonar ao senhor da livraria, marcamos um encontro, levamos essas cartas, vamos ver o que ele diz.
No dia seguinte, Raphael os levou a Toulouse.
Jean nunca tinha passeado pela cidade, Paul, foi lhe ilustrando a respeito, era um verdadeiro conhecedor do lugar.  Afinal tinha trabalhado muitos anos na universidade.
Não entraram pela entrada principal da livraria, sim por uma lateral. Um senhor de cabelos brancos, vestido formalmente, os recebeu, com um grande abraço no Paul.  Malandro velho, aonde andastes escondido, que falta sinto dos nossos papos.
Paul lhe apresentou Jean, viemos tirar umas dúvidas contigo.
Lhe mostrou os textos, as cartas.
A esse malandro, afinal assim posso morrer tranquilo.  Nunca descobrir para quem ele escrevia, li os textos, as cartas remetidas por essa senhora, inclusive os textos publicados no jornal.  Constava sempre que quem escrevia era alguém emérito em analisar textos.  Era publicados, com o nome de Félicien Sudre.
Paul olhou a Jean, vai ver que somos parentes.
É verdade esse é teu sobrenome.
Lhe falaram do que tinham descoberto, usando a transparência do papel.
O senhor ria muito.  Meu pai dizia que seu avô era um homem além de inteligente, aventureiro.  Gostava de estar rodeado de mulheres.   Mas dizia que a única que ele amava era uma mais inteligente do que ele.  Nunca se soube quem era.  Ele dizia que sua avó morria de ciúmes, mas que ele se negava, falar a respeito.
Mostraram como tinham descoberto, fizeram o mesmo outra vez, o velho ria muito. Eu em vez de ajudar vocês, ao contrário, deram com enigma de minha vida.   Meu pai estudou, tampouco descobriu.  Era tão fácil.
Durante a guerra, tinha a livraria sempre invadida pelos alemães que buscavam textos, manuscritos que lhes interessassem.  Algumas vezes, era agressivos, quando meu pai lhes dizia que não tinha nada a respeito.   Muitos anos depois descobrir que tinha, atrás de uma estante um armário cheio de manuscritos. Levei um tempo para entender por que arriscava sua vida por eles.  Passei a vida inteira estudando os mesmo.  Foi quando encontrei toda a correspondência de meu bisavô.   Imagina naquela época um romance a esse nível. Pelo que li, não se encontravam pessoalmente.  Espere vou buscar, para fazermos o que vocês dizem.  Fizeram exatamente, a resposta estava ali, ela também lhe mandava cartas cifradas.  Nunca estavam assinadas.
Avisava, o dia que estaria em Carcassonne ou em Toulouse, aonde se hospedaria. Que sentia saudades dos nosso momentos particulares, de poder falar sem constrangimento.
Se ela era inteligente para a época, devia ser difícil, viver e conviver com um homem prepotente.  Devia encontrar na escritura, nas leituras de livros, na análise dos mesmos um motivo para viver.
Veja essa crítica sobre um livro publicado na época, mostrou o jornal amarelado pelo tempo, que estava junto a uma das cartas. Criticava o autor, por fazer da mulher um objeto, quando era o personagem feminino que  fazia o livro ter vida.
O personagem masculino, conforme a crítica, era um sujeito banal, com ansiedades próprias da época, mas o feminino suplantava em muito ao masculino.  Anexado a isso tudo, uma carta do autor, dizendo que finalmente alguém escrevia a respeito do seu livro, com contundência.  Realmente o personagem feminino, estava baseado numa figura que lhe era familiar, uma mulher forte, que lutava contra o mundo dos homens.  A maioria dos críticos não tinham entendido.  Agradecia que um jornal de província, tivesse um analista de texto, com conhecimentos profundos do ser humano.
Caramba, teríamos um dia que juntar o teu arquivo com o meu, assim poderia até escrever um livro a respeito.
A senhor lhe respondeu, que a ele já não sobrava muito tempo, já tinha vivido suas sete vidas de gato.  Agora estava em contagem regressiva.  Estou terminando um estudo, sobre o Occitane, antigo, inclusive usei textos dessas cartas e análises de livros, pois é o mais puro Occitane intelectual.
Assim que termine, posso mandar para ti Jean, tudo que tenho, porque meu filho, não entende nada disso, estudou engenharia, mas não gosta, nunca soube o que queria da vida.  Vem aqui os vendedores das editoras, nem sabe escolher, nem admite que eu lhe sugira ter mais livros em Occitane que em Frances.
Assim terei o maior prazer em te enviar tudo que tenho a respeito.
Aproveitou e falou com o senhor sobre a parte que ele não tinha tocado ainda, o trabalho que sua mãe fazia sobre os livros e texto dos alemães.
Sua mãe, por um acaso, não será a Sra. Sophie?
Sim, por quê?
Ela vinha regularmente até aqui, com alguma coisa que tinha descoberto, lhe forneci mais material, principalmente do que estava escondido.  Era como tu, apaixonada pelo que fazia. Pelo menos vinha aqui, uma ou duas vezes por mês.  Um motorista ficava parado ali na praça da Igreja.  Saia daqui sempre carregada de livros antigos, alguns encarregava.  Estavam fora de catálogos, me obrigava a me mover a Paris, procurar com as livrarias antigas, algumas nem existem mais.  Nem sei como apreendeu a ler, escrever em Alemão.
Ia comentar com o homem sua história, mas como ela não tinha falado nada, era melhor respeitar sua memória.
Saíram os dois carregados de lá.
Paul, comentou, quem agora estava louco para ver o livros guardados na casa do administrador, era ele.
Primeiro acabamos o que estamos fazendo. 
Algumas vezes, o que ele fazia, era se fechar no quarto, trabalhando o livreto do pai do Jean.
Quando acabou o primeiro, lhe entregou, mostrou que algumas palavras, ele próprio tinha dúvidas.  Tinha escrito, mostrando a diferença que conforme a interpretação mudava o raciocínio.
Jean leu, esse primeiro texto traduzido, se emocionou muito, falava de um rapaz, imaturo, que ia para a guerra sem preparação nenhuma, a não ser servi de bucha de canhão.  Falava claramente nisso, no uso dos jovens, que não estavam preparados para estarem nas trincheiras.  De ver a morte de perto, matar para sobreviver, da fome, angústia, o desespero ao cair dormindo encostado numa parede da trincheira de Verdun.
A volta a casa, com uma ferida incurável numa das pernas, caminhando pelas estradas, apoiado unicamente em seu fuzil. Sem ajuda de nenhum oficial superior, pois estes tinham fugido, deixando atrás suas buchas de canhão.
De voltar a vila, não como um herói, que foi defender seu país. Voltar sem gloria, além de tudo, manco.  Nunca resolveu ou aceitou o problema de sua perna.  A repulsa que causava nos demais, pois não podiam honra-lo, a sensação de fracasso. Tudo isso desaparecia, quando estava com a Louise e sua companheira Antoniette, pelo frescor, inocência perante a vida.  Tinham sido protegidas, pelo pai de Sophie, da barbárie da guerra.  O mesmo não tinha permitido que ninguém da vila passasse fome.  Afinal eram a maioria seus empregados.
A chegada dos alemães, sempre tão cheio de mistérios, do que afinal estavam fazendo ali.  Que desapareciam um ou dois dias seguidos, mas nunca se sabia aonde iam.   Um da vila que um dia tentou segui-los foi fuzilado sem dó nem piedade.
Em dia descobriu que na verdade não iam muito longe, viu um mapa deixado sobre a mesa, sinalava uma das montanhas, Montagne Noire, anotações sobre suas vertentes, septentrional e meridional. O que lhe chamou a atenção eram as anotações sobre os Castilhos de Lastours, assim chamados pois serviam para vigiar qualquer inimigo.  Tinham sido construídos pelos Cátaros.  Nos desenhos faziam ligações dos Castilhos com as grutas de Limousis e Cabrespine.     Como fosse possível, dos Castilhos aceder a parte das grutas.  Era isso que procuravam.
Não podia segui-los de carro, o que fez, foi conseguir do pai da Louise, depois de uma conversa particular, dois cavalos, farnel e uma autorização dos alemães para se dirigir a Mazamet, para tratar da compra de cavalos.
Tinha feito uma cópia do caminho que faziam eles, foi marginando.   Viu que na vertente Meridional, existia um forte acampamento alemão, justamente ficava entre as torres de todos os Castilhos de Lastours.    Escondeu os cavalos, partiu levando um pequeno farnel. Se aproximou o máximo que podia, ficou observando tudo o que fazia. Exploravam entradas das grutas, ou chaminés, que eram entradas extras das principais.
Voltavam sempre desanimados, discutindo que não encontravam o que queriam. Quando partiram se aproximou, examinou as grutas, realmente nada.
Ao escutar um ruído, era os alemães que voltavam, se internou rapidamente na gruta em que estava, já muito ao fundo, encontrou a saída numa chaminé.  Escutou que um dos soldados dizia que ali havia estado outra pessoa. O mais rápido que pode saiu pela chaminé.  Estava na parte alta da montanha, não havia muita escapatória, se aproximou da beirada , um precipício, ao tentar se esconder, resvalou, caiu de uma altura considerável, no meio de um matorral que ficava meio caminho entre o alto da montanha e o fundo do vale.  Após um minuto de atordoamento, viu que no matorral havia uma gruta escondida, rapidamente, rolou em direção a gruta.  Justo quando escutava um soldado dizendo a outro, que a pessoa que buscavam devia ter caído no fundo do precipício.
Ficou ali imóvel, lhe doíam as costelas, não sabia se alguma tinha se rompido.  Escutou vozes vindo de baixo, aonde estavam lhe procurando.  Devia ter tido mais cuidado. Pois o interior da gruta que estava antes era arenosa, por isso suas pegadas que eram diferentes dos soldados, tinha chamado atenção.
O dia passou, mesmo de noite não podia acender uma fogueira com o as ramas que tinha encontrado secas a entrada da gruta.  Chamaria atenção.  O jeito era passar frio, ou entrar mais para o fundo da gruta.  Achou melhor essa hipótese.  Numa das curvas, viu uma reentrância na parede, parecia uma cama escavada, como estava muito cansado, se deitou.  A barriga roncava de fome, mas só tinha um resto de sanduiche de pão basto. Deu uma mordida para acalmar o estomago, caiu em seguida num sono profundo.
Sonhou com uma série de pessoas que estavam ali com ele, faziam sinal de silencio.  Desde o fundo apareceu uma senhora vestida de roupas azuis de lã, sentiu isso quando o tecido tocou sua mão. Esta esteve um longo tempo segurando sua mão e rezando. Deixou de sentir dor, caiu num sono totalmente profundo.  A senhora disse que devia levar a caixa é esconde-la bem, pois o que havia no seu interior, podia provocar muita confusão, desgraça.
Dormiu profundamente. Quando acordou viu que aonde tinha dormido, pela pouca luz que entrava pela entrada da gruta, que eram nichos na parede.  Voltou a entrada principal, viu que os alemães, seguiam lhe buscando.  Ao olhar para sua direita, viu que anteriormente devia ter existido degraus que levavam até a gruta, mas que com as chuvas, o passar do tempo, tinham despenhado ao fundo do vale.
Justamente disso falavam os alemães, pois tinham encontrado degraus ainda inteiro.  Estou perdido pensou, mas se lembrou da mulher do sonho.   Entrou novamente, foi seguindo cada vez mais para o interior da gruta.  Esta desembocava numa pequena área central.  Em sua cabeça a mulher foi lhe guiando, seguida por uma serie de mulheres, homens de branco, crianças.  No meio da área central, um foco de luz natural pousava tranquilamente sobre uma caixa de madeira, incrustada de pedras preciosas. Deves sair pelo caminho que vamos ensinar, esconda a caixa ao pé da arvore que gostas tanto. Procure não tocar o que está dentro, nunca fez bem a ninguém.
Ele colocou a caixa dentro de seu saco, seguiu um grupo de garotos todos com um camisão branco, o menor deles o levava pela mão.   Não tinha noção do tempo que estiveram caminhando, ao final o garoto disse ao seu ouvido, virei ser seu filho, mas por outros caminhos.  Deus te proteja papai.
Quando saiu, viu que estava relativamente perto de onde tinha deixado os cavalos, estavam ali tranquilamente pastando.  Achou melhor cavalgar de noite para não chamar a atenção.  Já se afastava, quando escutou um estrondo, como se tivesse dinamitado alguma coisa.
Esporeou o cavalo, que estava montado, para se afastar o mais rapidamente possível.
Em Mazamet, comprou de um amigo do senhor, cavalos de raça, o proprietário estava falido por culpa dos alemães.  Tinha pedido ajuda ao seu amigo, este lhe guardaria esses cavalos, até que passasse a tormenta.  Voltou a vila, por outro caminho, ajudado por um rapaz de Mazamet.
Quando chegou, uma grande decepção, Louise tinha se escapado, para Paris, com Klaus Von Fustenberg.  Isso o deixou totalmente arrasado.  Sabia que ela não era para seu bico, pois era filha do patrão, mas no fundo estava preocupado.
Contou ao patrão o que tinha acontecido, o que estavam buscando os alemães.  Tem alguma coisa a ver com os cátaros, mas resolveu guardar silencio.  Escondeu bem a caixa, procurou escutar a conversa dos alemães, para saber o que tinha acontecido.  Tinham descoberto a gruta, quando resolveram abrir o primeiro nicho, tudo que encontraram foi pó. A cada nicho aberto, imediatamente o esqueleto se transformava em pó. Quando chegaram ao final da gruta, numa parte iluminada por um buraco no teto, ao tocarem um lugar, aonde parecia estar anteriormente depositado algo, tudo em volta explodiu, fazendo com que o teto caísse.
Tinha sido esse o ruído que tinha escutado.
Tinha resolvido voltar com uma equipe especial, que iria abrir os outros nichos com cuidado.
Aproveitou justamente para subir até a árvore, para esconder a caixa como tinha pedido a mulher de azul.  Como era inverno, o dia tinha caído mais cedo, resolveu que enterraria, entre as raízes da árvore, ficaria mais difícil de encontrar.  Mas a curiosidade matou o gato como se diz,  abriu a caixa, tudo que viu foi um pedaço de cerâmica muito antiga, com um desenho de um peixe, faltava inclusive a cauda do peixe, foi o que pensou.
Ao colocar na palma de sua mão, viu tudo, Louise com uma barriga imensa, ele sendo arrastado até a árvore, sendo enforcado, o garoto da gruta dizendo, me verás nascer, mas não poderás cuidar de mim. Te quero meu pai.  Esconda isso rapidamente antes que vejas demasiado.  Como uma força brutal, conseguiu jogar o pedaço de cerâmica, dentro da caixa. Levantou os olhos, ali estava a senhora de azul.  Agora já sabes o que vai acontecer num futuro. Por isso te disse para não tocar.  Saber do futuro não é agradável.  Por isso meu filho sabia que os homens ia crucifica-lo.  Deu a indicação como devia escavar e esconder, a árvore protegera a caixa.  Quando necessites pensar, venha até aqui, sempre encontraras a solução.
Dois dias depois os alemães, voltaram, alguém ou muitos homens tinham entrado na gruta, aberto todos os nichos, retirando tudo que havia dentro. Na que eles tinham aberto primeiro, só encontraram um símbolo de um peixe.
Fizeram uma batida, na vila mais próxima, nada, depois estiveram num mosteiro mais ao sul. Tampouco sabiam de nada, fuzilaram todos os monges, incendiaram o mosteiro.
Mas Klaus von Fustenberg tinha ascendido na Gestapo, Louise depois lhe contaria isso, seu trabalho em Ferriol, era justamente vigilar os soldados dali e os que faziam pesquisas.
Um dia Antoniette apareceu com um telegrama, Louise estava em Carcassonne, escondida na casa de uns conhecidos, estava para parir, como ela também. 
Foi com Antoniette busca-la.    Louise acreditava que seu pai, não a perdoaria.  Raphael a convenceu de voltar, os alemães, eram em menor número,  parece que não encontraram nada aqui, estavam mais em Montsegur.
O pai de Louise ficou contente com a volta da filha, propôs ao Raphael se casar com ela, pois sabia que era um rapaz direito. Sem querer era o sonho deste, sabia que a criança, seria o garoto da gruta.   Quando Jean Paul nasceu, sentiu um amor imenso pelo seu filho.  Não importava que outro fosse seu pai.  Os alemães foram embora definitivamente, deixando muitas coisas espalhadas na casa do administrador.  Louise, imediatamente tomou o mando, mandando esconder entre os livros de administração, todo papel encontrado ali.  Levaram um dia inteiro escondendo tudo.  Fechou os armários, escondendo as chaves. Quem olhasse, não veria nada que denunciasse que anteriormente ali estivessem estado um grupo de alemães.
Antoniette como tinha sido repudiada pela sua família, vivia agora com eles.   Um dia apareceu Klaus, com um grupo de soldados, queria saber se tinham deixado algum papel ou mapas na casa do Administrador.   Raphael abriu a casa, estava tudo limpo.  Teve a coragem de dizer que tinham limpado tudo a consciência antes de irem embora.
Quando voltaram a casa principal, viu Louise dando de amamentar ao filho da Antoniette.  Quando viu que era um menino, o arrancou dos braços de Louise.  Finalmente tinha um filho varão. 
Ao passarem pela vila, viu que o menino precisava de leite, havia uma senhora na praça amamentando seu filho.  Pediu que amamentasse o seu.  Como ela se negou, acertou um tiro na cabeça.
O culpado virou o Raphael, pois sempre tinha vivido no campo controlando esses alemães.
Uma noite todos se dirigiram até lá, o tiraram da cama, o levaram até a parte alta, o enforcaram na mesma. 
Acabou de ler a tradução, com lagrimas nos olhos, sempre tinha sentido o Raphael como seu pai.    A história era estranha demais.  Mas se diziam que não deveriam procurar a caixa, era melhor obedecer.
Esteve uns quantos dias fechados em si mesmo, com uma dor profunda no coração, nem German conseguia fazer com que relaxasse.   Se culpava de ter pensado a vida inteira, que seu pai tinha ajudado a Gestapo.   Mas via que não era assim.
Quando Paul Sudre terminou o outro livreto, disse, isto vai te decepcionar, pois não é a continuidade do outro.  São sim contatos registrados, com Cátaros da região, que continuam escondidos na sombra.
Vieram a ter com ele, pois sabiam que possuía a caixa.  Quando souberam aonde estava escondida, deixaram que ficasse ali, já que fora ordem da senhora de azul.
Que ele tinha passado a se encontrar com esses homens, nunca escrevia seus nomes completos, somente suas siglas. A primeira letra de cada nome.
Estes lhe ensinaram a confiar na senhora de Azul, ela cuidará de ti, quando tudo aconteça.   Protegeremos sua mulher, seu filho para sempre.
O livreto na verdade tinha poucas páginas escritas.   Num primeiro momento pensou em sair por Ferriol, perguntando quem acreditava em Cátaros, mas Paul Sudre o fez desistir da ideia.
De qualquer maneira, outros acontecimentos mudaram o rumo de tudo. 
As senhoras para quem German tinha feito as roupas, tinham deslumbrado um Cineasta que estava estudando um roteiro para um filme de época.  Se deslumbrou com os detalhes das roupas, a que tinha descoberto German, veio com este até a Casa Rural, acabou pedindo para rodar o filme na casa. E que German fizesse o figurino.  Depois que viu a exposição das roupas, que ele tinha recuperado.
Primeiro pensou em pedir as mesmas emprestadas, mas ante a negativa de Jean e German, concordou em contratar o local para rodar ali o filme, as senhoras de Ferriol, fariam as roupas.
Mas avisou a German que ele teria que ir para Paris, para a parte rodada lá.   Este desenhou todos os modelos, a partir do roteiro do filme.
Ao mesmo tempo estava assustado, nunca tinha sonhado com isso, voltar a Paris.  Quando conversaram.  Jean disse que ele não podia perder esta oportunidade, o apartamento de Marais estava vazio, ele poderia ficar lá.   Ele iria nos finais de semana.
O medo dos dois era a separação.  Teriam que aguentar essa prova.
Jean, estava escrevendo a história de sua mãe, de Raphael, envolvendo Klaus.
Cada vez mais ia a casa rural, subia munido de uma garrafa térmica de café, sentava-se embaixo da arvore, pensando no livro.
Não sabia se devia incluir essa parte na história. Não queria provocar que pessoas viessem até ali, quisessem escavar na árvore para encontrar uma relíquia.
Escrevia e rescrevia essa parte da história, mas nunca estava satisfeito.  Paul Sudre a relia, ia traduzindo ao Occitane a mesma, pois a ideia era editar em duas línguas.
Um dia agoniado pela dúvida, tinha passado a noite em claro, sem poder dormir direito, pois não sabia como terminar a história.  Viu uma mulher subindo até a arvore, sentar-se no banco, virou-se para ele, com um sorriso imenso.  Respeito a tua dúvida, a proteção que queres brindar esse espaço, mas não se preocupe.   Inverta a história, comece pelo final, com as pessoas enforcando ao Raphael, ele sabia que isso ia acontecer, podes contar toda a história das grutas, todos tomarão como uma licença tua da história. E se procuram escavar na árvore, não deixaremos que encontre nada. Não se preocupe.
Foi o que fez, voltou a Ferriol, sentou-se no computador, reescreveu toda a história a partir do momento que enforcaram o Raphael.  Falou da gruta, como se tivesse sido um sonho do mesmo, devido ao seu acidente ao fugir dos alemães.  Não mencionou em momento algum os Cátaros, nem o cofre de madeira.
Depois do texto corrigido por Paul Sudre, ele mesmo revisou mil vezes o mesmo, não mencionavam em momento algum, quem tinha matado o Raphael.  Isso não era interessante.
Ia todos os finais de semana ficar com o German.  Este estava desiludido.  Não havia a magia que ele imaginava em fazer cinema.   Sentia falta da tranquilidade de Ferriol, de estarem juntos.   Quando quiserem que faça algo, o farei, mas ficarei lá, posso fazer a produção das roupas, nada mais.
Tens certeza disso?
Sim Jean, o glamour que eu pensava existir em fazer coisas para o cinema, não existe, tudo não passa de muito egos ao mesmo tempo.  Seja do diretor, dos artistas, não estou para isso.  Meu tempo de vedete já passou.
Foram a estreia do filme, pediram para passar uma cópia em Ferriol, pois queriam que as senhoras que estiveram trabalhando no vestiário, vissem seu trabalho.  Os que tinham ajudado nas filmagens na casa rural etc.
Depois disso, teriam que preparar a casa para o próximo verão.
A única mudança, aconteceu com Jean Paul Sudre, que mudou-se para a casa da Antoniette, os dois tinham conversas intermináveis.
Jean e Paul, agora estudavam os papeis encontrados no meio dos livros de administração, a maioria já analisados por sua mãe.  Encontrar a chave, acabou sendo fácil.  Antoniette tinha sugerido que estavam justo no próprio armário.  Passando a mão pela parte baixa, encontrou a primeira chave, já sabiam agora que embaixo de cada um estava sua respectiva chave.   Mas isso já é outra história, mas complicada, confusa.
      



















 


  

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