lunes, 26 de septiembre de 2022
lunes, 19 de septiembre de 2022
NOVA VIDA
NOVA VIDA
Toshiro Grant
Massaru, era da polícia de NYC, uma mistura de japonês, com uma mulata da
Jamaica, tinha saído a família de sua mãe, pois era raro um japonês com quase
1,95 metros de altura, tinha dois filhos, um casal, eram gêmeos. Viúvo, sua mulher era policial como ele,
também uma mulata, mas descendente de Africanos. Os meninos eram uma espécie rara, pois eram
altos para sua idade, bem como tinham um aspecto impressionante como o pai,
olhos rasgados negros, cabelos lisos negros também.
A um ano atrás
sua mulher tinha morrido num tiroteio ao perseguir com seu parceiro de carro,
uma gang no Bronx.
Toshiro era
inspetor de polícia, a perda de sua mulher, a qual amava com loucura, o abalou
muito, se dedicou mais ao trabalho, os meninos, cresciam como dois selvagens,
ficavam mais ao cuidado de sua avô.
Estavam entrando na adolescência, a única coisa que os controlava era o
irmão do Toshiro, que tinha uma academia de artes marciais, ali desafogava a
família a agressividade.
Ele tinha pedido
transferência para qualquer cidade pequena, aonde pudesse cuidar mais dos
filhos. Um dia foi chamado pelo
comissário, com o qual tinha servido no seu começo na polícia.
Era inclusive
padrinho dos garotos.
Lhe disse que
havia uma vaga para chefe de polícia no Município de Brick, não era uma cidade
muito grande, o velho chefe se aposentava, ia viver com sua única filha em
Filadélfia, por isso deixaria o cargo.
Ele foi até lá
com sua mãe, os garotos sentados atrás, sua mulher tinha dado um nome especial,
que os dois odiavam, Yin/Yang, ele sempre dizia aos dois que quando fizessem 18
anos podiam mudar de nome, fazia com eles milhões de jogos, usando nome de
duplas do cinema.
A eles não fazia
graça nenhuma, lhes disse que estava na mãos deles, que ele aceitasse a vaga,
como sempre fazia, se sentou com os dois, falou demoradamente sobre o assunto.
O grande
problema, era que os dois tinham seu grupo de amigos, não queriam se mudar.
Quem mais falou
com eles, foi sua avô, que quando dava um grito, os dois paravam para escutar.
Vocês, tem que
pensar que seu pai está procurando o melhor para vocês, aqui, ele não pode dar
tanta atenção, como poderia num lugar menor.
É hora que vocês se sacrifiquem por ele.
Iam no carro,
aborrecidos, a única coisa que os parecia animar, era que na cidade tinha
praia, podiam fazer surf, o que não acontecia em NYC. Quando chegasse a hora de ir à universidade,
poderiam optar por voltar a NYC.
Os dois eram
muito modernos em termos de roupas, usavam o mesmo tipo de cabelos compridos,
com brincos nas orelhas, o pai só não tinha permitido tatuagens, porque a mãe
deles odiava isso.
Primeiro deram
uma volta pela cidade, viram a praia, enquanto ele ia a delegacia, deixou sua
mãe com os dois numa imobiliária. Se
vendem-se a casa da cidade, podiam comprar ali um lugar novo. Vida nova, casa nova.
Foi a delegacia,
quando entrou, todos os olhares foram para ele, pois era um tipo diferente,
apresentou sua placa, pediu para falar com o chefe.
Este estava
cochilando na sua sala, quando entrou.
Viu que os policiais tinham feito de propósito isso, para ver que o
mesmo era velho, pensavam que era alguém que vinha falar sobre isso.
Toshiro que respeitava
os mais velhos, como tinha sido educado, fechou a porta de mansinho, voltou ao
balcão, fez cara feia, disse a policial que atendia, isso não se faz, é falta
de educação, por favor vá avisar ao chefe, que o novo chefe está aqui, eu exijo
respeito as pessoas mais velhas. Ficou
parado olhando a mulher que devia rondar por seus 45 anos.
Enquanto ela não
se moveu, ele ficou olhando para ela de braços cruzados.
O chefe veio
recebe-lo, o abraçou, pois se conheciam de um trabalho conjunto a muitos anos
atrás, tinham ficado amigos.
O foi
apresentando a todo mundo, alguns o olharam atravessado, mas isso ele já
esperava, pois sempre acontecia isso, desde a academia de polícia, seu pai
tinha sido policial, já falava que o olhavam diferente. Apertou a mão de todo mundo.
Ele comentou que
tinha deixado sua mãe, com os filhos numa imobiliária.
Talvez se você
gostasse da minha casa, podia ficar com ela, está um pouco fora da cidade, mas
num lugar perfeito, na estrada passa ônibus para a escola local.
Chamou sua mãe,
que viu que estava irritada, ela odiava ser descriminada. Parece que o dono da agência não a estava
tratando como devia.
Terás aqui
preconceito, mais do que em NYC, apesar de termos imigrantes, a população é um pouco
racista.
Quando o carro de
polícia parou, seguido pelo seu, parece que o dono da imobiliária mudou de
ideia.
Ele chamou sua
mãe, vamos ver a casa do Chefe, que vai deixa-la, disse que está na frente do
mar, creio que vocês vão gostar.
Sua mãe que estava
furiosa, foi no carro do chefe reclamando disso.
Mas se deslumbrou
quando chegaram na casa, era mais isolada que as outras, devia ter sido uma
cabana antigamente, mas que tinha sido ampliada com o passar dos anos. No salão uma ampla janela, dava para a praia,
os meninos saíram correndo para dar uma olhada.
A mãe foi
examinando a casa, estava muito bem arrumada, ela adorou os móveis, o chefe
disse que queria vender com tudo, pois ia viver na casa da filha, só levarei
alguns objetos pessoais, as coisas da minha finada esposa, minha filhas já
desapareceram com elas. Contou que tinha
cinco filhas todas mulheres, uma diferente da outra, com gênios, complicados.
As reuniões
familiares são feitas abaixo de muita brigas por besteiras.
Viu que ele se
dava bem com sua mãe. Os meninos
voltaram rindo, disseram que tinham conhecido dois garotos na praia que iam
fazer surf.
Isso aqui no
verão fica cheio de garotos acampados para fazerem surf, mas nunca dão
trabalho, pois quando começam a montar as tendas, tenho sempre uma conversa com
eles, sobre manter a praia limpa, eu mesmo mandei instalar lixeiras, justamente
nessa parte.
Achas que consigo
um emprego no hospital?
Sua mãe era
enfermeira num dos melhores hospitais de NYC.
Claro que sim,
podemos ir lá dar uma olhada, eu conheço bem o diretor do hospital.
Os meninos cada
um já tinha escolhido um quarto, todos os dois tinham janelas para a praia.
A garagem tinha
lugar para três carros, é melhor sempre guardar os carros, por causa do ar da
praia.
Voltaram a cidade
para almoçar, ele os levou para comer num restaurante de um português, foram
bem atendidos, a comida era super. De lá
foram ao hospital, o chefe já tinha falado com o diretor.
Ela esperta como
era, tinha levado um currículo, cheio de referências, tanto poderia trabalhar
em urgências, tinha sido chefe de uma, como na salas de operações. Ele ficou impressionado com seu
curriculum. Disse que precisava de uma
nova chefe de enfermeiras para Urgências, pois a atual, se casava, mudando de
cidade.
Deu uma volta com
ela, pelo hospital, enquanto Toshiro falava com os meninos, foi dar uma olhada
na escola, falou com o diretor, pois estavam no meio do curso, mas ele disse
que os aceitaria, mas só tinha um problema, os colocaria em sala diferentes,
não gostamos de irmãos na mesma sala.
Para eles pareceu ótimo, pois não gostavam de estudar juntos.
Deu a direção da
escola deles, falou com o diretor de lá que ficou de mandar tudo sobre eles.
O melhor ali não
teriam que usar uniforme, como na que estudavam.
Na parte de esporte
os dois eram ótimos no basquete, bem como em artes marciais, ele disse que seu
irmão trabalhava, num restaurante japonês, bem como tinha um, Dojo para artes
marciais, quem sabe não queria vir para lá, afinal morava com eles,
Falaria com o
irmão, tinha falado com o chefe, primeiro alugariam sua casa, depois já se
veria. Se vendem-se a casa o irmão poderia talvez arrumar um restaurante
pequeno, além de ali ter sempre peixe fresco.
Muitos clientes
adoravam o tratamento que dava aos peixes.
Tudo parecia ir se
encaixando.
Tinham uma semana
para preparar tudo.
Voltaram uma
semana depois, com um reboque, grande trazendo suas coisas, o resto, livros,
mais algumas coisas de sua família uma transportadora traria depois.
O mais
interessante, era que todos estavam animados.
Seu irmão vinha no carro atrás com sua mãe, trazendo as coisas dela.
Ele já tinha
avisado ao dono do restaurante que talvez, mudasse de cidade. Queria ficar, mas ao mesmo tempo a
possibilidade de ter seu próprio restaurante seria interessante.
Satoru, já tinha
quase quarenta anos, mas seguia solteiro, sua vida particular era um mistério,
as vezes parecia estar apaixonado por alguém mas nunca aparecia com ninguém por
casa.
Ele assumiria na
segunda a chefatura de polícia. Dois
dias antes, os companheiros fizeram sua despedida, era querido por todos,
inclusive considerado o melhor dos inspetores, pela quantidade de casos
resolvidos. Seu chefe lamentava sua
saída, pois era considerado seu braço direito, tinham aprendido muito um do
outro.
Foram diretos
para a casa. Seu irmão quando viu o mar,
ficou parado, ali na frente da casa, respirando o ar puro. Um ponto a favor disse ele.
Os meninos
queriam ir diretos para a praia, mas o Toshiro, disse que depois, primeiro cada
um levar suas coisas para seus quartos.
Num último momento, sua filha mudou de parecer, preferiu um quarto que
tinha sido de uma das filhas do antigo chefe, pois era decorado para uma
mulher.
Toshiro, ficou
com o quarto virado para o mar.
Cada um teria seu
quarto, sem problemas.
Enquanto os
meninos foram para a praia, ele foi a cidade com seu irmão, foram a outra
imobiliária, o homem falou de dois locais que estavam para alugar, um de frente
para o mar, outro mais interessante pois estava quase ao lado do cais de
barcos. Seu irmão disse que aquele
precisava de uma boa mão para limpar tudo, estava muito sujo. Mas quando olhou pela janela, que chegavam
barcos, saiu como um louco para ver o que traziam.
Isso o pareceu
convencer. Na parte de cima do local,
tinha um pequeno apartamento, nele poderia ficar um ajudante que pensava em
trazer.
Toshiro o viu
conversando com os pescadores, examinando peixes, que eram seu ambiente.
Falaram ainda num
local, quase ao lado na verdade um salão meio abandonado, que poderia servir
para seu Dojo, esse era só pintar, colocar tatames, pois tinha inclusive um
vestuário.
Fechou negócio em
seguida, ficaria mais uma semana em NYC, treinando o seu substituto no
restaurante.
Depois viria com
sua mudança, assim teria tempo de mudar tudo no velho restaurante.
Tinha comprado
peixes, para comerem nesses dois dias.
Preparou uma super sopa com peixes, frutos dos mar, a moda japonesa.
O cheiro segundo
os meninos que viam do mar, era impressionante.
Toshiro ia
instalar um chuveiro fora, para quem viesse da praia não encher os banheiros de
areia. Teriam dois banheiros, um para
os homens, outro para as mulheres.
Na segunda, cada
um foi para seu trabalho, ele esperou os meninos subirem no ônibus escolar,
dava para ver que todos os olhavam descaradamente, sangue novo na praça pensou,
sua mãe, iria mais tarde com seu carro, para o hospital, seu irmão tinha indo
embora na noite anterior, o tinha levado a estação de ônibus, que precisava de
uma limpeza, aproveitou para dar uma olhada, não viu nenhum policial por
ali. Achou estranho, mesmo assim deu uma
volta por perto, nada de carros de polícia.
Anotou
mentalmente, o que lhe incomodava, era a quantidade de homeless vadiando por
ali, alguns com cara de bêbados.
Chegou cedo na delegacia,
reuniu todo o pessoal. Foi anotando
mentalmente como fazia sempre, as coisas que não gostava. Primeiro, o relaxamento, a maioria estava
com uniforme sujo, aliás a delegacia precisava de uma boa limpeza, depois foi
olhar as celas, era tudo uma merda.
Perguntou ao inspetor que andava com ele por ali, porque estava tudo tão
relaxado.
O velho, já não
se preocupava com nada.
Bom, conheces
algum pintor?
O levou até uma
cela, aonde estava um homem curtindo um porre.
O chamou, Peter,
se levante, o chefe quer falar contigo.
O homem resmungou, mas quando o viu, ficou com a boca aberta. Todos na delegacia eram brancos demais.
Aquele além de
mais escuro, tinha olhos de japonês, bem como cabelos negros, lisos.
Queres trabalhar,
para pagar tua estadia aqui, foi o que o homem lhe disse?
Me disseram que
eras pintor?
Sim, quem pintou
a última vez tudo isso fui eu, mas o velho, não se incomodava mais com isso.
Combinaram,
soltou o homem da cela, lhe deu café, lhe teu um bloco, foi dizendo como queria
tudo, a sala dos policiais, tudo de branco, pois assim saberia que estavam
sujos, disse que queria uma mulher para limpar.
Peter disse que
sua mulher precisava de trabalho.
A mande falar
comigo, mas se ela trabalha para andares bebendo eu saberei, além disso, quero
pintar minha casa, a velha do chefe.
Se te pego outra
vez aqui, vais ver como vais dormir a bebedeira, a maneira japonesa, com uma
corda no pescoço. A cara de medo do
Peter era ótima.
Chame
imediatamente sua mulher, lhe passou o celular, diga que venha falar comigo.
Em seguida foi
vistoriar os carros de patrulha, estavam sujos, eram uma merda, o que lhe
surpreendeu que ao lado, tinha um lugar especialmente para isso.
Chamou os
policiais, quero esses carros limpos dentro de 15 minutos, os responsáveis
pelos carros, que permitam isso, lixo de café, bancos sujos, bagageiros sem o
material correspondente, terá uma suspenção de quinze dias, sem pagamento. Escutaram, quero limpo imediatamente, não
ousem me contrariar, não sou como o velho chefe. Nada é para amanhã, tudo para agora.
A senhora chegou,
a levou primeiro a sua sala, falou que queria uma pessoa que viesse muito cedo
todos os dias, para limpar a delegacia.
Puxa vim
correndo, pensando que esse sem vergonha tinha se metido em alguma enrascada,
como sempre.
Me disse que a
senhora faz limpezas.
Sim, senão não
temos o que comer. Bom, começa pela minha sala. Ela voltou em seguida, não tem material para
limpar. Lhe deu dinheiro, lhe disse para
comprar, que trouxesse uma nota.
Reuniu os
inspetores, lhes disse, que no dia seguinte se as mesas não estivessem limpa e
arrumadas, os despediria. Além de que,
se vistam direito, parecem mais uns mendigos.
Outra coisa muito
importante, eu sou um tipo de pessoa, com paciência limitada, nada é para
amanhã, sim para agora mesmo, mãos as obras.
O inspetor que
estava com ele, ria, eu vivo reclamando, falava com o chefe, mas não me deixava
pressionar.
Bom a partir de
agora, eres meu braço direito, quero que essa senhora que está no balcão tire
umas férias, mas antes lhe diga, se a vejo faltar respeito com qualquer pessoa,
a mandarei pedir dinheiro na esquina.
Um dos mais
velhos policiais entrou para dizer que seu carro estava pronto para a vistoria,
quando saiu, viu que a maioria ainda estava conversando.
Vejo que querem
sair sem pagamento. Um deles ousou
dizer que as pessoas que traziam no carros eram lixo.
Tu, eres o
primeiro, podes ir para casa, de teu nome ao inspetor Claude, estás de baixa 15
dias sem salário correspondente. O
sujeito ficou vermelho.
Mais alguém quer
ir com ele?
Quero os carros
limpos já. Amanhã, passarei vistoria,
nos uniformes, isso não é um puteiro que todo mundo vai como quer.
Entenderam
imediatamente que as coisas tinham mudado.
Quando ele
entrou, viu que a mulher estava chorando.
Pediu desculpas, mas não fiz por mal.
A senhora precisa
ter educação, quero respeito aqui, qualquer prisioneiro, ou pessoa que venha
fazer uma reclamação, merece respeito.
Quando foi
almoçar, com o Claude, esse se matava de rir, eu quando cheguei aqui, quis
modificar as coisas, mas o chefe estava farto disso tudo. Não me apoiava, os relatórios sempre estão
errados, mal feitos, algumas vezes temos problemas com o fiscal por isso.
Veja naquela
mesa, ali está o fiscal.
Ele olhou, viu
sim uma mulher morena, devia ter ascendência mexicana ou da Costa Rica.
Foram até lá,
apresentou Toshiro, ela ia se levantar, mas disse, porque não se sentam comemos
juntos assim conversamos.
Pelo que escutei,
porque aqui tudo se sabe, já começaste em colocar ordem na casa.
Toshiro riu,
imagina, eu apesar que minha mãe é da Jamaica, meu pai é filho de Japoneses,
fui educado com uma visão muito estrita.
Nada é para amanhã, tudo para agora, eu pensava que meu pai era o mais
duro, mas quando ele faltou, vi que minha mãe era pior. Hoje esta assumindo a direção de urgências do
hospital. Tenho até medo dos coitados
dos enfermeiros, mesmo os médicos, ela vai colocar todo mundo na linha. É dura na queda. Levou durante anos a maior emergências de
NYC, está acostumada. Me ajuda a criar
meus filhos.
E tua mulher
perguntou a Fiscal?
Sou viúvo, ela
era policial também, mas morreu a um ano atrás, num tiroteio entre bandas,
infelizmente só estavam ela, bem como seu companheiro, os dois morreram no ato.
Sinto muito.
Não se preocupe,
no nosso serviço sabemos que isso pode acontecer.
Meus filhos hoje
serão a novidade na escola, tenho pena de quem se meta com eles.
São dois meninos?
Não, riu, odeiam
seus nomes, Yin/Yang, são gêmeos, um garoto e uma garota. São imensos, bons de briga, pois meu irmão
tem um Dojo de Karate, vem para cá daqui uma semana, vai abrir um restaurante,
disse o local, bem como um Dojo.
O inspetor, disse
que iria se inscrever.
Aceitam mulheres?
Claro que sim, eu
sou faixa preta, mas meus filhos, lutam de maravilha.
Nisso tocou seu
celular, era o diretor da escola, se ele podia passar por lá.
Não disse, mas
continuou comendo como se nada. Podem
esperar, a alimentação é uma coisa primordial.
A fiscal Josephine,
ou Marie Josephine, estou acostumada que me chamem de Marie José, gostei da tua
maneira, espero me dar bem consigo, pois tenho medo, faixa preta, saiam da
frente.
Quando terminaram
ele foi com o Claude até a escola,
Lá estavam seus
dois filhos, com outros dois estudantes sentados na frente da sala do diretor.
Ele não era o
típico pai, que vai correndo, já entra fazendo escândalos.
Muito calmo
perguntou o que passou.
Estávamos
sentados os dois, quando esse daí, apontou os que estavam do outro lado, se
fizeram de engraçadinho com Yang, quando colocaram a mão na cara dela, sabe
como ela funciona.
Deu uma surra no
sujeito. Esse outro se meteu comigo, nós defendemos, nada mais.
O diretor estava
parado na porta, escutando tudo isso.
Ah senhor
diretor, esqueci de avisar que meus filhos lutam Karate, por isso é bom avisar
aos outros alunos, que não levam desaforo para casa, ficam de castigo se o
fazem.
Discriminação
racial, nunca admitimos.
Voltem para suas
salas, avisou o diretor vermelho como um pimentão, aos dois que tinham levado
uma surra, disse avise aos seus amigos, que cuidado com esses dois.
Depois, riu, graças
a deus, não eres como os outros pais, que chegam aqui aos berros, dizendo que
seus filhos são um anjo.
Foram trabalhar
novamente, a sala dos inspetores, já tinha outra cara, as mesas arrumadas, os
que tinham saído para almoçar, voltavam arrumados.
A senhora
continuava no balcão, agora tinha os cabelos arrumados, um batom nos lábios, um
sorriso na cara. Disse para ela, que
queria saber o que era necessário na sala aonde estava o café, aquilo está uma
merda, me desculpe a palavra, a senhora organize isso com a senhora da limpeza,
bem como pode me dizer quem deixa as coisas sujas.
Quando foi para
casa, ia rindo no carro, nem tinha tido tempo para se lamuriar para si mesmo da
morte de sua mulher, pensou ela deve estar rindo horrores aí em cima.
Os meninos
estavam estudando, isso eles faziam sempre.
Só reclamaram que tinham ido tomar um banho de mar, que a água hoje
estava muito fria, precisamos de roupa de Neoprene, para o surf.
Ok, amanhã, vamos
ao banco, já devem ter transferido minha conta, assim abrimos uma para vocês,
com a paga do mês, mas sabem, eu como sempre quero nota de tudo. Ele quando sua mulher estava viva,
sentavam-se faziam uma contabilidade de todos os gastos. Ele continuava fazendo.
Tinha passado no
supermercado, feito compras, viu que sua mãe também.
Que tal foi o dia
Barbra, ele a chamava assim?
Um verdadeiro
horror, tudo muito relaxado, tenho certeza, que ou vão me odiar, ou dentro em
breve me amam de paixão. Tem um médico,
que parece estar sempre bêbado, mas dizem que é assim, barba por fazer, cabelos
sujos, uniforme sujo, o mandei tomar banho, me olhou com uma cara, foi reclamar
como diretor, esse levantou os ombros, disse que agora quem mandava na
urgências era eu. Que ele obedecesse.
Os outros
pareceram gostar. Mais dois mandei
trocar uniforme, passar desodorante, lhes disse que sou como um velho coronel, escreveu,
não leu, o pau comeu.
Alguns riram,
porque entenderam outros não, mas dentro de uma semana estará tudo como gosto.
E tu?
Mais ou menos
igual, mandei pintar a delegacia, o inspetor Claude, começou a colocar as
coisas em ordens, arrumei uma mulher para limpar tudo todos os dias, ou seja,
como a senhora diz, em uma semana quem não ler, está fudido.
Apesar que de
noite fazia um vento frio, ficou sentado olhando o mar.
No outro lado da
cidade, acontecia o primeiro problema que ele teria que resolver.
Três rapazes,
sequestraram um jovem descendente de portugueses, ele tinha ido levar remédios
na casa de sua avó, quando voltavam o pegaram, era colegas seus de escola,
viviam lhe dando a lata.
O levaram para um
descampado, lhe deram muita porrada, lhe rasgaram as roupas, um deles o penetrou,
abusou do coitado, o terceiro, viu que as coisas tinham escapado de suas mãos,
disse que parassem, mas tudo que fizeram foi lhe dar um murro na cara, o
deixaram meio desacordado, quando acabaram ainda deram uns quantos chutes no
rapaz.
O terceiro,
Jimmy, tinha querido ser amigos dos valentões da escola, mas viu que nem sempre
isso era bom, a caminhonete que tinham vindo até ali, era de seu pai. Ele quando caiu, bateu com a cabeça numa
pedra. Os outros quando viram, saíram
correndo pela estrada, pensaram que estava morto.
Mas ele logo
voltou a si, pegou o garoto, o colocou na cabine com ele, foi para o hospital,
Barbra que tinha voltado para ver o turno da noite, viu aquele rapaz, entrando
com o outro, porta adentro de urgências, sangrando pela cabeça, correu, ao
mesmo tempo que gritava ordens.
Quando o Jimmy
contou o que tinha acontecido, enquanto lhe davam alguns pontos na cabeça, ela
avisou seu filho.
Toshiro, foi para
o hospital, avisando aos meninos, que tivessem as portas fechadas.
O outro rapaz,
pelo visto seu nome era Manuel, estava bastante ferido, ainda inconsciente, o
tinham levado para a sala de cirurgia de urgências. O outro estava sentado ali
com os ombros caídos, com as lagrimas caindo pela sua cara.
Quando ele se
sentou ao seu lado, se identificando.
Confessou que tinha ajudado os outros a sequestrarem o Manuel, mas que
quando viu que a coisa ia além, não concordei, o maior deles, Brandon, me deu
um soco, cai para trás, creio que bati a cabeça numa pedra, quando despertei,
vi que tinham ido embora, então trouxe o Manuel para cá.
Eles sempre
provocam o rapaz, porque é frágil, é de família portuguesa, odeiam os
emigrantes.
O pai dele é
pescador, trabalha durante a noite.
O senhor pode me
prender, meu pai vai ficar uma fera quando voltar amanhã do mar, mas tenho
culpa disso tudo.
Já sabem como
está o Manuel?
Esta na sala de
operações, parece que tem várias costelas quebradas, bem como muitas feridas na
cara.
Como chamam os
outros dois, me dê seus nomes?
Eles iram por mim
agora, mas não me importo, mereço por ser idiota, querer me enturmar com
bandidos. Deu os nomes, além do
endereço, ele chamou a delegacia, mandou dois carros de polícia até a casa
deles, mesmo sendo menores, os levem para a delegacia.
Jimmy, disse que
os dois ainda estavam na escola porque estavam atrasados, mas já tem 18 anos.
Depois os
policiais o chamaram, os dois tinham se resistido. Estavam em celas separadas.
Jimmy disse, o
senhor me desculpe, mas o pai do Brandon, é um sujeito complicado, é pescador,
vive reclamando dos outros pescadores, principalmente se for emigrante, é um
brutamonte, vive distribuindo murros, inclusive no próprio filho.
Colocou Jimmy no
seu carro, para não ter diferenças, vou te colocar algemas só para entrar, ok.
Avisou por
telefone o Claude, esse avisou a fiscal.
Quando chegou, a
confusão era imensa, duas mulheres, faziam um escândalo na entrada, o oficial
ao mando, não conseguia botar ordem.
Mas bastou verem
o Toshiro, que ficaram quietas. Ele
perguntou o que queriam.
Prenderam nossos
filhos.
Pois estão sendo
acusado de abusarem de um rapaz, bem como o colocaram em coma, pode ser que não
viva, se for assim irão para o presidio, iam começar outra vez a gritar, quando
ele falou mais alto, por favor sentem-se, logo a fiscal vai estar aqui.
Uma deles disse
com desprecio, aquela negra.
Senhora, eu
aviso, mais uma falta de respeito, a senhora vai presa também.
Ela se levantou,
apontou para ele com o dedo, começou a falar alto, ele fez sinal a um dos
guardas, a coloque numa cela para se acalmar, assim amanhã, poderá ir para casa
tranquila, a outra se mandou em seguida.
Ele mandou trazer
o tal Brandon até a sala de interrogatórios, nisso chegavam o Peter com a
fiscal. Perguntou a ela se queria participar, ou veria
através do espelho. Explicou aos dois o
que tinha acontecido.
Eles explicaram
que não era a primeira vez do Brandon, mas que o chefe anterior, era parente, o
soltava.
Pois acabou essa
mamata.
Entrou na sala
com o Peter, o rapaz era mais alto que os dois, estava algemado na mesa.
Me soltem, chamem
meu tio.
Quem é seu tio?
O chefe de
polícia.
Sinto muito o
chefe agora sou eu, lhe respondeu Toshiro. Primeiro cale a boca, responda as
minhas perguntas, já veremos.
Esse idiota desse
imigrante português, merecia, sempre tira as notas mais altas, é um completo
idiota.
Pois a mim me
parece que o idiota aqui eres tu, porque repete ano na escola, já devia estar
numa universidade, ou trabalhando com teu pai, para ajudar.
Eu não quero ser
pescador, o filho da puta, cheira a peixe e álcool.
Mais respeito,
apesar de tudo é teu pai.
Ninguém me diz o
que posso falar ou não, quero que me soltem.
Antes vou ler o
que tens entre mãos, pois esse emigrante português, como tu dizes, está no
hospital em coma, se ele morrer, iras para a prisão, pois já eres maior de
idade, fico imaginando o que farão com você lá.
Desse tamanho, carne branca, fresca, caralho Peter, o vão deixar pior
que o que ele fez com o outro.
Eu não fiz nada.
Não é o que disse
o Jimmy, a quem deste um murro, que levou 10 pontos na cabeça.
Esse idiota,
devia ter acabado com ele também.
Por isso repetes
de ano, não eres muito inteligente.
Já tinha lido os
direitos dele, o mandou para a cela.
Quando trouxeram
o outro, vinha assustado.
Perguntou seu
nome, leu seus direitos, disse que tudo tinha sido ideia do Brandon, que lhe
aborrecia esse português, que seu pai dizia que os mesmos roubavam os peixes que
deviam ser deles.
Lhe perguntou se
sabia a que se enfrentava.
Quando lhe disse,
começou a chorar, meu pai vai me matar, chamem minha madrasta, ela estava com a
mãe do Brandon.
Pois foi embora,
com certeza para o porto para falar com teu pai.
Me conta toda a
história, ou queres um advogado.
Eu conto tudo,
contou com detalhes, inclusive como o Brandon tinha convencido o Jimmy, a levar
a caminhonete, ele nem deixou conduzir, quando viu o português, desceu do carro
deu uma porrada no mesmo, jogou na traseira, fomos para este descampado.
Rasgou toda sua
roupa, quando ele quis reagir, além do Jimmy reclamar, deu uma patada na cara
do português, depois um murro no Jimmy, que caiu batendo a cabeça numa
pedra. Eu fiquei apavorado, pois começou
a sangrar, ele rasgou a roupa toda do menino, estava excitadíssimo, o penetrou
várias vezes, ao mesmo tempo lhe dava murros nas costelas, gritava muito,
perdeu a cabeça, depois queria que eu fizesse a mesma coisa, mas não fiquei
excitado, ele voltou a fazer. Depois se
levantou deu mais patadas no outro, inclusive duas no Jimmy, fomos embora, me
ameaçou se contasse alguma coisa, me matava.
Mas a estás
alturas, meu pai vai me matar antes.
Como tinha
gravado tudo, ele mandou o Peter transcrever, depois o mandou assinar.
Trouxeram a mãe
do Brandon, ele leu seus direitos, disse que estava ali, por desacato a
autoridade, ela fez a mesma coisa, pediu para falar com o chefe.
Senhora, aqui
agora o chefe sou eu.
Então se vai ver
com meu marido, ele não é flor que se cheire, ira descarregar no senhor toda
sua raiva. Cuidado.
Começou gritar
novamente, que ela era parente do chefe, queria privilégios.
A mandou colocar
na cela outra vez, para relaxar-se.
A fiscal ria
muito, imagina, por isso eles aprontavam, o velho chefe os acobertava.
Foi para casa,
tomou um bom banho, mas já não tinha sono. Sua mãe continuava no hospital, ele
preparou café, o lanche dos garotos, como eles gostavam, viu que o despertador
de cada um soava, logo estavam no banheiro se preparando. Nesse ponto eles não davam trabalho, estavam
acostumados a isso, nada de ficar chamando, fulano levanta, hora de ir à
escola.
O faziam sem que
os chamassem.
Os avisou, contou
o que tinha acontecido, se os provocarem, ignorem. Mas creio que não são da mesma escola que
vocês. Quando chegou a delegacia, reinava aquela calma, que vem antes da
tempestade. Peter que tinha ficado ali,
disse que a mulher de vez em quando ameaçava o filho, dizendo que o pai o ia
moer de pancadas.
Ele telefonou
para a mãe, perguntou como ia o garoto, ela disse que ainda estava em coma, que
tinham avisado ao pai, por rádio, que o barco chegava dentro de duas horas.
Se ela podia
mandar um médico a delegacia, queria que examinasse o Brandon.
A princípio ele
não queria, o olhou bem nos olhos, tua mãe, diz que teu pai te pega, é verdade,
aquele garoto imenso, ficou parado um instante, depois deixou que algumas
lagrimas caíssem pelos seus olhos. Tirou
a camisa, estava cheio de marcas de cinturão nas suas costas, abaixou as
calças, o mesmo nas pernas.
Diz que sou uma
negação, que nem para pescador me quer.
Ela na verdade não é minha mãe, essa morreu a muito tempo, é a sua
puta. Ela o ajuda a me pegar.
O médico, tirou
fotos com o celular.
Depois ele o
levou de novo a sala de interrogatório, começou como que conversando com ele,
disse que ia gravar tudo.
Porque teu pai te
pega.
Porque tenho
dificuldades em aprender, quando não passei de ano, me deu uma surra de fazer
gosto, fica sempre me dizendo, como o filho desse português, consegue notas e
tu não.
Às vezes me pega
com as duas mãos nas orelhas.
Então me disse eu
tinha que dar uma lição nesse filhote de português, eu quando o vi ontem,
pensei que era a oportunidade. Quando tirei sua roupa, fiquei louco por seu
corpo, não sei o que deu na minha cabeça, comecei a abusar dele, o Jimmy se
meteu, lhe dei um murro, assim me respeitava, mas pensei que tinha morrido,
pois da sua cabeça começou a sair sangue, muito sangue. Mas eu estava interessado no corpo do
português, meu pai dizia que faria isso com o pai dele.
O mandou de volta
para a cela, passou para o outro inspetor, para transcrever tudo na ficha.
O mesmo respondeu
que nunca fazia isso. Toshiro o olhou de
cima a baixo, lhe respondeu, a partir de agora sim, sem erros de linguagem ok,
pois vou revisar.
O outro ficou
vermelho.
Ainda lhe disse,
limpe tua gravata que está suja de catch-up, tua mesa é a mais suja daqui,
favor limpar, não gosto muito de repetir as coisas ok.
Desculpe eu tinha
o dia livre ontem.
Sem desculpas,
nenhum dia tua mesa pode estar como está, se não gosta de trabalhar aqui, posso
te transferir para outro lugar. Talvez
um chiqueiro, pois é o que parece tua mesa.
Ele mandou dois
carros de polícia para o cais, uma para trazer o pai do Brandon, outra para
levar o pai do Manuel, para o hospital.
O pai do Brando o
façam se sentar atrás, mas o do Manuel, não.
Ficou aguardando,
mas na verdade quem chegou primeiro foi o pai do Jimmy. Pediu desculpas, mas criar um filho sozinho
não era fácil.
Lhe explicou o
que tinha acontecido.
Veja ele é um bom
menino, por isso inclusive lhe deixo o carro, mas ele tem problemas para
aprender, está um ano atrasado na escola.
Eu não terminei meus estudos, por isso, trabalho de pescador.
Bom ele tem
coisas a seu favor, levou um murro, caiu em cima de uma pedra, levou cinco
pontos na cabeça, não participou do resto, levou o murro porque não concordava
com o que estava acontecendo.
O rapaz, está em
coma. Vamos ver como se sai dessa. Até
lá ele ficará à disposição do Fiscal.
Lhe deu mais ou
menos detalhes da confissão do filho.
O levou até uma
sala de interrogatório, mandou trazer o rapaz.
Viu que pelo
menos o abraçava, segurava sua mão, dizendo vamos resolver isso tudo.
Já o pai do
Brandon quando chegou, soube que a mulher, bem como o filho estavam presos, fez
o maior escândalo.
Ameaçou o
Toshiro, que ficou olhando para a cara dele, lhe perguntou se queria fazer
companhia para o resto da família. Aí
caiu em sim. Cadê, o velho?
Ele se aposentou,
agora eu sou o chefe aqui.
Vê o que eu digo,
os emigrantes estão tomando conta de tudo.
Me desculpa mas
não sou emigrante, sou tão americano como tu.
Deixa de dizer merdas, senão mando prendê-lo de uma vez, quando falar
comigo, fale baixo.
Como estava
sério, o outro murchou.
Tenho que fazer a
entrega dos peixes, minha mulher sempre me ajuda, pois leva as contas.
Ou seja eres tão
burro como teu filho.
Ficou vermelho
como um pimentão, mas não disse nada.
Ela está presa
por desacato a autoridade, mas terá que ver o juiz ainda. Se ela a liberar bem,
senão há que pagar para ela sair.
Quanto ao seu
filho, está acusado de um crime, não creio que se livre desta, já é maior de
idade, vai para julgamento. O mais
provável é que vá para a prisão.
O homem se
levantou cheio de ira, vou falar com o velho por telefone, ele vai te colocar
no lugar.
Uma hora depois o
velho lhe chamou, esqueci de te falar dessa família. Eram parente de minha
mulher, sempre se fazem passar por perseguidos.
Mas eu estava farto deles, faça como achar melhor, eu jamais ia
interferir nas tuas decisões.
Quando ia saindo
da delegacia para ir ao Hospital, o pai do Brandon o atacou, mas claro, não
sabia que estava lidando com um faixa preta.
Peter que estava chegando, ficou de boca aberta de ver o outro voando,
caindo sobre as roseiras sem podar da entrada da delegacia.
Se levantou de novo,
mas foi parar no chão, mais umas três vezes.
Acabou algemado
pelo Peter, o deixe de molho, por desacato a autoridade, o juiz, saberá o que
fazer com a família inteira.
O homem bufava,
dizendo entre os dentes, isso não vai ficar assim.
Foi para o hospital,
se apresentou ao pai do Manuel, este estendeu a mão, obrigado por tomar
providencias, essa família sempre está criando problemas com todo mundo.
O pai, sempre
acusa os outros de roubar seu peixes, quando é ele que tenta roubar dos outros,
pois é um péssimo pescador.
Creio que foi teu
irmão que falou comigo outro dia, sobre o restaurante que quer abrir.
Sim com certeza,
se lembrava dele falando como Satoru.
Nisso entrou o
médico, primeiro falou como estava o garoto, ele tinha idade de seus filhos,
infelizmente, tem quarto costelas quebradas, além do maxilar fora de lugar, mas
isso já arrumamos, o abuso não causou nenhum desgarro, mas coletamos semem para
análise. Mas as pancadas na cabeça, foram impressionante, por pouco não lhe
rompem a coluna cervical.
Terá que ficar em
observação vários dias.
O que for preciso
doutor, ele é o único que tenho.
O médico virou-se
para o Toshiro, já sei que tua mãe é a nova chefa, impressionante como me
ajudou na cirurgia, nem precisava falar nada, ia me passando os instrumentos
com precisão.
Ela entrava nesse
momento, quando o pai do Manuel lhe deu a mão, lhe disse a tens inflamada,
venha comigo.
Que diferença meu
amigo, soltou o médico, se fosse outra isso se passava por alto.
Levou o pai do
Manuel ao Porto, ele precisava despachar seus peixes, nunca se pode deixar nas
mãos dos empregados. Quando teu irmão
vier, diga que faremos negócio.
Foi para a
delegacia, chamou o Jimmy na sua sala, ficou conversando com ele, disse que
Manuel, já estava um pouco melhor, mas que teria que ficar vários dias em
observação.
Se o juiz me
solta, posso passar os dias com ele. Pelo menos para que me perdoe.
Já veremos.
Realmente a
primeira pessoa a ser levada para ver o Juiz foi ele. A Fiscal, estava ali, não tinha nada a ver
como acontecia nos tribunais de uma cidade grande.
Era mais pessoal.
Ele falou da
versão do rapaz, ele viu a ferida na cabeça, a anotação do hospital, como ele
tinha entrado, com o outro nos braços.
O juiz, disse que
ia ter que cumprir, muitos trabalhos comunitários, para pagar pelo sequestro.
Ele perguntou se
podia ficar cuidando do Jimmy, para que ele o desculpasse.
Sim, aí começa
tua condena, terás que fazer com que ele te perdoe.
Depois enquanto
Jimmy esperava fora, o juiz conversou com ele, bem como a fiscal, temos um
problema entre mãos, eles se livravam porque eram parentes do chefe anterior.
Ele me chamou,
porque o pai, parece que telefonou para ele.
Me disse que dava graças a deus se livrar desse familiar, que eu fizesse
o que achava melhor.
Depois tentou me
agredir, bem como o que fez na delegacia.
Se acha acima do
bem e do mal, porque é branco, me chamou de emigrante, como faz com as outras
pessoas pelo visto.
Deu ordem de
trazerem primeiro, o outro rapaz. Esse
contou tudo, com o pai ali ao lado dele.
Lhe deu ordem de
continuar preso, afinal não tinha feito nada para ajudar ao Jimmy, tampouco o
Manuel. Tinha fugido.
O pai disse que
ia contratar um advogado. O juiz,
colocou uma fiança de mil dólares, pois sabia que o homem não tinha.
Quando trouxeram
o Brandon, antes tinham comentado dos abusos do pai, agredir os outros era a
escapatória que tinha, de uma certa maneira, estava fazendo o que o pai, ficava
falando na sua cabeça. Se sentou na
frente do juiz, contou por que tinha feito, o que tinha feito, com a cabeça
baixa.
O juiz mandou que
continuasse preso.
Quando veio a
mulher do pai dele, sua madrasta, voltou para cadeia por desacato ao juiz.
O pai foi pior,
entrou na sala gritando, ele filho da puta desse japonês não perde por esperar,
da próxima vez não me pega desprevenido, lhe darei uma surra.
Quando o juiz
mandou calar a boca, ficou furioso, ninguém me manda calar a boca.
Bom será melhor
passar uns dias mais de molho na cadeia.
Não posso tenho
meu barco, esses emigrantes sujos, vão roubar todos meus peixes.
Não sabia que os
peixes que estavam no mar, lhe pertenciam?
Claro que sim,
sou branco, eles são emigrantes, o direito é meu.
Creio que o terei
que mandar para um psiquiátrico.
Como é essa
história das surras que das em teu filho, ajudado por tua mulher.
É para ele
aprender a ser homem. Tem que apanhar, não é bom estudante, tampouco, gosta do
mar, tem que aprender a me obedecer.
Não se preocupe,
que lhe direi, que como é maior de idade, que ele pode dar uma surra no pai
dele, que isso já não é um problema. Aliás,
irá para a prisão, pelo que fez.
Este deu um murro
na mesa com as duas mãos, apesar das algemas, eu vou pelo senhor, protetor
desses idiotas.
Mais uma semana
por desacato a autoridade. Agora entendo
por que esse rapaz é como é, com um pai como o senhor, melhor estar vendo o sol
nascer quadrado.
Realmente não era
muito inteligente, como as algemas estavam presas na mesa, virou a mesma, mas
com o peso desta, o levou junto.
O juiz acabou
rindo.
Por sorte do
Brandon, Manuel, saiu do coma, contou sua versão da história, que quem tinha
feito tudo tinha sido o Brandon, mão é a primeira vez que me pega. Não só a mim, mas outros da escola. Até o diretor tem medo dele.
Anotou a direção
da escola, foi até lá, pediu para falar com o diretor.
Esse ele viu mais
que estava ali, por algum cargo político.
Já sabia do que tinha acontecido, disse que não era a primeira vez, se
reclamo o pai vem aqui, faz um escândalo, ameaça a me denunciar, por perseguir
seu filho.
Se algum pai,
briga com ele, o ameaça de matar.
O rapaz, deve ter
algum problema grave, além de péssimo estudante, não escuta direito, não reage
quando lhe atiram uma bola num jogo por exemplo.
Tem reflexos um
pouco retrasados.
Telefonou a Marie
José se algum psicólogo não podia avaliar o Brandon, ia conseguir eu lhe fizessem
um exame de audição, comentou o que ele tinha falado, do pai, o pegar com as
duas orelhas, como fizessem um tampão. Além
de um scanner do cérebro.
Depois o levaria
ao hospital.
O dia estava
chegando ao fim, com tanto movimento, mandou colocar o pai do Brando na cela
mais distante de todas, pelo escândalo que fazia.
A mulher tinha
chamado alguém que ia lhe pagar a fiança
Mandou levantar a
ficha do homem, ele nem era dali, vinha de outros lugares com o filho, sempre
dando problemas.
Depois de um
exame de avaliação do Brandon, a coisa ficou feia, o levaram para fazer um
exame, a coisa piorou, tinha uma lesão cerebral avançada, era dissociativo.
O pai quando
confrontado, disse que o filho era dele, ele fazia do mesmo o que queria, pois
era um dever seu educa-lo para castigar os emigrantes que roubam os peixes dos
brancos, acabaram os dois sendo acusados, o filho ia para um hospital
psiquiátrico, o pai para a prisão mesmo.
Jimmy ia todos os
dias visitar o Manuel, levava o material que tinha sido dado em classe,
encontrou um amigo no outro.
Satoru levou mais
de 15 dias para montar o restaurante como ele queria, depois de limpar tudo,
pintar, colocar em dia o lugar, começou também a trabalhar no Dojo.
Peter foi um dos
primeiros a se inscrever, bem como algumas pescadores, dias depois mais alguns
policiais.
Yin, levou alguns
amigos, logo apareceram mulheres.
O restaurante,
tinha desde sushi, sashimi, como outros pratos japoneses, alguns portugueses
também. Ia vento em popa, era pequeno,
com ele queria, contratou um garçom, que atendia a barra também.
Jimmy conseguiu
um emprego como aprendiz, assim podia ganhar algum dinheiro se podia ir estudar
fora.
A vida seguiu em
frente, por um bom tempo de calmaria, problemas rotineiros de delegacia, mas de
repente, começaram aparecer gente morta, vinham inclusive com o instrumento que
os tinham matado. Era muito estranho,
cara destroçada, bem como a arcada dentaria, para dificultar quem era o morto,
a maioria com os dedos queimados, bem como os olhos, como dizendo que tinha
visto o que não devia.
A arma assassina,
era um tipo de barra de metal que se colocava nas ruas para que os carros não
estacionassem em cima da calçada.
Pediu os
policiais de carro, que olhassem aonde faltavam algum, o jeito era esperar o
sistema descobrir por ADN, em era o morto.
Um policial que
estava com Peter no carro, foi quem descobriu aonde faltavam essas barras,
Faltavam várias,
sinal que devia haver mais mortos que não tinha aparecido ainda.
Mandou verificar
se por ali, existia alguma câmera de vigilância. Em breve descobriram quem era. Mas não vivia a cidade, sim era guarda costa
do dono de um casino em Atlantic City, não foi difícil dar com o mesmo, que
fugiu.
Dias depois
apareceram mais dois cadáveres na mesma circunstâncias, com o tempo descobriram
que eram homens que frequentavam o casino, ficavam devendo muito dinheiro, não
podiam pagar a dívida, era ordenado sua morte, não tinham como provar quem
tinha dado as ordens, o FBI estava acompanhando o caso.
Um dia Toshiro
chegava em casa de noite, quando foi atacado pelas costa por um indivíduo
imenso, mas se recuperou rapidamente se defendendo, seu filho que viu tudo pela
janela, entrou na briga, o homem era grande, mas o dominaram, tinha nas mãos
justamente uma barra do que falavam.
Depois na
delegacia, ele reclamava, que dois homens o tinham atacado, Toshiro, o filho,
que não tinha nada contra ele.
Mas talvez pela
presença do Toshiro sentando na frente dele calmamente, dizendo, não se
preocupe, os matões do teu chefe sabem que estás aqui, virá um advogado do
casino te liberar, vais desaparecer em seguida, aparecer na praia como os
outros.
Então entendeu
que não tinha escapatória, disse que não era tonto, tinha gravado todas as
ordens no celular, realmente se escutava o chefe ordenando um a um as
execuções, o FBI, tomou rédeas na situação, segundo o cálculo pelas barras que
faltavam, ainda deviam aparecer mais cadáveres. Mas só dois apareceram.
O FBI, perguntou
ao Toshiro, se não queria ir trabalhar com eles.
Agradeceu, mas
tinha encontrado o lugar ideal para viver.
Na verdade, sua
mãe estava contente no trabalho, o irmão idem, Yin e Yang, super felizes,
tinham amigos, surfavam no verão na praia em frente de casa.
Ele começava a
sair com a fiscal, se davam bem, que mais poderia desejar.
A única surpresa,
foi descobrir que seu irmão tinha uma relação com o Peter, em NYC, ele
conseguia esconder isso, mas lá sem querer Toshiro descobriu. Não fez nenhum
comentário, apenas disse ao irmão que convidasse o Peter de vez em quando para
jantar em família.
Isso o deixaria
feliz, saber que a família estava unida.
O primeiro jantar
em que estiveram todos, os meninos apresentaram-se em casa cada um com seu
namorados correspondente. Yin com uma
garota loira, linda, inteligente, Yang com um rapaz descendente de portugueses.
Toshiro virou-se
para sua namorada, Marie José, soltou estamos ficando velhos, pois eles avançam
mais rápido que a gente.
No Natal, sua mãe
apareceu com o médico, com quem tinha brigado no primeiro dia, estavam saindo
já a algum tempo.
Ele confessou que
estava perdido quando a conheceu, estava viúvo a pouco tempo, ela o tinha
colocado em ordem.
Enfim a vida nova
ou nova vida, seguia seu rumo, mais seguro.
lunes, 12 de septiembre de 2022
SOBREVIVER
SOBREVIVER
Meu lema era
sobreviver a qualquer custo, não importava os meios, nem tampouco o que caia no
meio do caminho.
Toda minha vida,
no fundo era como um poço sem fim, mistérios, coisas sem resolver, explicações
nenhuma que me convencesse, mas seguia em frente, não havia outra, meu irmão
gêmeo Jules, dizia que mal fizemos a Deus para estarmos sempre correndo.
Era uma verdade, nos
dois, muito cedo fomos largados na casa dos meus avós, mas bem na mansão dos
mesmos, quem nos criavam eram Elizabeth a governanta, com seu marido Jonathan,
que era o faz tudo da mansão, comprava, levava, trazia, administrava, porque
meu avô estava velho demais, tinha tido seu único filho, já com bastante idade,
os outros dois morreram em guerras pelo vasto mundo. Eram de uma família importante, ele era Sir
Lancaster, mas cagava para isso.
Quando minha mãe
morreu, numa tentativa de sequestro, meu pai que era um científico consagrado,
nos deixou lá, tínhamos na época cinco anos.
Ele entrou para trabalhar num projeto ultra secreto do governo.
Meu avô morria de
medo de que alguma coisa acontecesse.
Por isso, contratou mais guardas bosques, pois detrás da mansão existia
um bosque muito denso.
Minha avô era uma
mulher super inteligente, talvez por isso seu filho preferido era meu pai, ela
nos ensinou a ler e escrever, em casa.
No almoço falava conosco em francês, porque era de uma família importante
de lá. Ou seja já tínhamos de pequenos
duas línguas. Foi ela que primeiro
desconfiou, já que um dia encontraram a porta da biblioteca que dava para a
parte da frente da mansão forçada.
Desconfiou pelo som do velho telefone, que tinha escutas, ela mesma
abriu, viu um pequeno botão negro. A
partir de então todas as conversas eram no pátio traseiro, quando meu pai veio
pela última vez, queria conversar com eles, ela lhe explicou a situação. ele falou que até para ir ao banheiro,
dentro do bunker que vivia, eram vigiados, como era exagerado, ao mesmo tempo
divertido, soltou, creio que até minha merda é analisada. Passeando pelo jardim, junto com Jonathan,
discutiram quais as possibilidades que tínhamos de proteção. Os meus pais, os dois tinham cabelos escuros, o
que nos dava um parecido com ele tremendo, hoje em dia, depois de tantas
coisas, não me lembro mais de sua cara, pois não tínhamos fotos deles.
Combinaram um
código, para qualquer emergência.
Tudo começou um
dia que um dos guardas-bosque prendeu um homem escondido com um rifle desses
com objetivos, fiscalizando a casa. O Pegou de surpresa, era um homem imenso,
por isso conseguiu reduzir o outro em instantes. O homem não parecia falar inglês, resolveram
por isso antecipar o que tinham combinado.
Nessa noite,
Elizabeth, nos tingiu os cabelos de loiros, bem como os seus, do Jonathan, tudo
isso foi falado,feito na noite escura. De madrugada, como o Jonathan, saia
sempre no seu carro velho em direção ao mercado, ia com um chapéu enfiado na
cabeça, na garagem minha avó, se despediu da gente, não tinha envolvido meu avô
na história, pois estava com principio de Alzheimer, se interrogado podia
soltar alguma coisa.
Íamos deitados no
banco detrás, Elizabeth ia no porta-malas, quando chegaram a primeira cidade,
embarcaram num trem em direção a Londres, não me pergunte como, ele conseguiu
identidades falsas para eles, bem como para nós, passamos a ser seus filhos.
Embarcamos dois
dias depois num voo noturno para Miami, mal chegamos alugou um carro, fomos
para Albany, Georgia, mais para o interior.
Jonathan tinha um irmão que era monge, que dirigia um colégio, voltado
para pessoas pobres, que não tinham possibilidades, ao mesmo tempo acolhiam em
suas dependências, garotos que não tinham pais.
Os monges além do colégio, cultivavam a terra, os alunos internos, nos
seus momentos livres tinham que ajudar em alguma coisa.
Nos deixaram ali,
levavam um envelope imenso, que foi guardado no cofre da congregação.
A partir desse
momento, eu passei a ser Joseph, meu irmão Gabriel, nos treinaram para obedecer
com esses nomes, na escola tinham outro dois meninos como nós gêmeos também.
Nós fizemos
amigos, vivíamos os quatro, nas horas livres jogando. Eu era o todo ouvidos, era quem decifrava o
que diziam os monges. Foi assim que
soube do sequestro do meu pai, creiam que tinham sido os russos, que a mansão
tinha sido bombardeada, que todos tinham morrido.
Pelo irmão do
Jonathan, escutei um dia falando com ele por telefone, eles não tinham voltado
para lá. Estava sempre espionando,
gostava disso, lia os jornais da biblioteca.
Um dia li sobre
uma matéria, que falava que um físico inglês, sequestrado, tinha feito estalar
uma bomba dentro de um local escondido pelas autoridades, pois estava lá
sequestrado.
Entendi que era
meu pai, contei ao meu irmão, no nosso esconderijo preferido, que Jules
encontrou por um acaso, quando brincávamos os quatro no bosque, adorávamos o
jogo de esconder, os outros tinham que procurar, nesse dia, não houve jeito de
encontrar ao Jules, até que nos chamaram para jantar. Depois ele me levou lá em segredo. Era uma pequena gruta, que estava escondida,
por um espinheiro, ele encontrou uma maneira de abrir caminho.
Era um
esconderijo perfeito, começamos a guardar coisas lá que roubávamos, roupa,
hábito de monges, comida em lata, como nos preparando para o futuro.
Um dia, consegui
escutar uma conversa do monge, dizendo que havia que tomar mais cuidado, pois
tinham descoberto um sujeito, russo, andando por ali, bisbilhotando pela
redondeza.
Consegui
descobrir o segredo do cofre, me escondia no escritório do monge, o vi abrir o
mesmo para guardar coisas.
A estas alturas,
já estávamos com quase 15 anos. Tínhamos um corpo fantástico, de trabalhar no
campo, nunca reclamávamos disso, pois na escola, não tinha a parte de esporte.
Os dois sempre
fomos morenos, menos na época que nos tingiram os cabelos de loiros, os nossos
amigos, ao contrário eram loiros, pareciam anjos de igreja.
Nunca falamos com
eles do nosso esconderijo. Cada vez
tinha mais a sensação de perigo, um dia estava de castigo no corredor, quando
escutei uma chamada urgente do Jonathan dizendo que tinham sido descobertos,
que os monges olhassem por nós. Tinham
medo de ser torturados.
Meu irmão fazia o
que eu mandava, mas não estava muito por esse labor, o mistério não era com
ele, era tipo do sujeito, pão/pão, queijo/queijo. Queria uma vida mais tranquila.
Quando a escola
foi atacada, o mandei para o esconderijo, abri o cofre, numa bolsa coloquei
todo o dinheiro que tinha ali, bem como o famoso envelope.
Consegui chegar a
tempo, que começaram a matar os monges, levaram os dois meninos, creio que
pensando que erámos nós, meu irmão queria sair para defendermos, eu tinha
conseguido roubar uma arma que estava no cofre. Mas claro só tínhamos as balas
que estavam nela.
Conseguimos
sobreviver ali, quase vinte dias. Sabíamos que a polícia tinha vindo, que
faltavam 4 garotos, os outros estavam mortos, não sobrou nenhum monge para
contar a história, isso eu tinha visto, antes da polícia chegar. Tinha chamado a polícia, depois limpado o
telefone.
Sorte talvez de
prestar atenção nos filmes policiais que passavam nos sábados, eu sempre
prestava atenção em tudo, brigava com Jules por isso, estava sempre metido em
sua cabeça, tinha dificuldade de assimilar que tínhamos que sobreviver.
Na bolsa vi que
tínhamos bastante dinheiro, mas o que me surpreendeu foi no envelope, creio que
era para nos entregar quando tivéssemos mais idade, era a posse da mansão, bem
como dados de uma conta num banco na suíça.
Além de uns passaportes diplomáticos, vazios.
Guardei tudo na
parte mais profunda da cova, nem meu irmão tinha visto nada, fiz isso enquanto
dormia.
Teríamos que ir
embora dali, antes que acontecesse alguma coisa, convenci meu irmão, para me
seguir. Não foi fácil, pois queria ficar
ali escondido, lhe dava segurança.
Nunca soube se estava certo ou não.
Nos arrumamos, com roupas que tinha roubado dos outros quartos, nos
abrigamos, com duas mochilas, fomos caminhando para Albany, os dois tínhamos um
bom corpo, podíamos passar por mais idade.
Aluguei um quarto
para os dois, procuramos emprego, logo conseguimos num campo mais afastado, íamos
trabalhar no campo, deixei os cabelos crespos e negros crescerem, mas Jules não
gostava, a barba apesar de rala, era o que nos fazia diferença pois ele era
completamente sem barba.
Infelizmente um
dia estávamos na parte mais distante do campo, caiu um temporal, fantástico,
ele pegou uma pneumonia, vivia reclamando que já tínhamos fugido da Inglaterra,
se nossa vida seria assim sempre.
Temos que sobreviver
Jules, não importa como, isso na cabeça dele era um problema, a pneumonia, foi
mal curada, quando chegou o inverno, como dormíamos em cima do celeiro, pegou
alguma infecção. Morreu dormindo. O dono da fazenda queria chamar a polícia,
mas o convenci de enterrar meu irmão ali no cemitério da mesma com sua família
dizendo que não tínhamos ninguém na vida.
Voltei até o
colégio, já tinha vida outra vez, mas fui até o local que tinha escondido tudo,
segui deixando as coisas lá, apenas peguei mais dinheiro, para ir até aonde
sabia que estavam Elizabeth, tinha que tentar saber o que tinha acontecido com
eles. A morte do meu irmão me pegou de
surpresa, mas chorei o suficiente, pois tinha que seguir em frente, não
entendia ainda essa parte minha de sobrevivência, levaria anos, para parar,
analisar isso, talvez fosse uma coisa de genes.
Se Elizabeth e Jonathan estivessem vivos, pelo menos poderiam me
orientar.
Fui até lá
fazendo um zig-zag, para despistar, não sei bem o que.
Quando encontrei
a casa que viviam, ali estavam uma família, que não tinha nada a ver com os
dois. Sabia que por ser um lugar
pequeno não podia ir perguntando de cara, tinha era que escutar as
histórias. Fui a biblioteca do lugar,
procurei ver o pequeno jornal da cidade, até que encontrei a noticia do que
tinha acontecido, tinham torturado o Jonathan, ninguém sabia quem, mas
Elizabeth estava numa clínica de repouso, a tortura tinha feito estrados na sua
cabeça.
Arrumei um
emprego na mesma como servente, até descobrir aonde estava, quando me viu, me
deu mostra de me reconhecer, mas fez um sinal de que não falasse com ela.
Uma noite fui ao
seu quarto, me puxou para perto do seu ouvido, me disse, aqui não, amanhã se
fizer sol, no jardim.
Roubei um
uniforme de ajudante, a tirei para passear na cadeira de rodas, ela me disse
não se aproxime para escutar. Estarei
falando, mas faça como que estivesse me passeando, pois me vigiam.
Perguntei quem?
Me disse, os
ingleses que querem saber aonde esta o teu pai, a CIA, que acha que ele
trabalha para os russos, estes porque ele conseguiu escapar da explosão que
provocou.
Não tenho ideia
de aonde está.
Me disse que
tinham torturado tanto o Jonathan, que ele morreu, mas não disse nada, fui eu
que confessei o da escola, mas roubaram os garotos errados.
Aonde está Jules?
Contei a história
falando baixinho para ela.
Só sobrevivemos
nós dois, há sempre que sobreviver. Sei
que a mansão foi destruída pelos russos, não sobrou nada.
Voltar para lá
impossível, use tudo que tenha no envelope, foi montado por teu pai, pela tua
avó. Mulher de fibra de coragem, estava
ali.
Agora me leve
para dentro, em seguida desapareça, um dia desse vão perceber que não tenho
nada. Mas por enquanto vou me virando.
Fui embora,
lamentando a morte de tanta gente, não tinha ideia do que meu pai fazia, mas
devia ser algo perigoso, para tantos governos quererem.
Voltei para
Albani, busquei os documentos, resolvi usar o passaporte que seria do Jules,
atualizei o mesmo, me arriscando muito, fui para a Suiça, verifiquei que o
banco era vigiado, eles não sabíamos como eu era, consegui consultar a conta,
transferir uma parte, para uma conta que tinha aberto em Albani, depois já
veria.
Quando sai, vi
que um homem me seguia, me escondi, para minha surpresa era meu pai.
Conversamos, me
explicou tudo, chorou muito quando soube da morte do meu irmão, do Jonathan, em
que merda os fui meter me disse.
Não posso ficar
contigo, sou um perigo ambulante, tentarei embarcar para a América do Sul, vamos
ver se consigo viver ali.
Eu voltei para
Albani, na verdade, não tinha ideia de como tratar meu pai, era um belo
desconhecido, que tinha causado muitos problemas.
Vi que o banco
estava vigiado, resolvi fazer uma coisa, seguir com uma identidade falsa,
peguei o resto do dinheiro, fui me esconder numa cidade grande, Los Angeles.
Ali encontrei uma
forma de viver, algumas vezes trabalhava, ou senão vivia com os homeless,
embaixo de viadutos, ou algum lugar que tivesse muitos ex-combatentes.
Um dia fiz
amizade com um sujeito, que era parecidíssimo comigo. Ele vivia nas drogas, usava uma barraca ao
lado da minha, tempos depois teve uma overdose, roubei seus documentos.
Assim podia ficar
mais tranquilo, tínhamos o mesmo tipo físico, fui levando, mas cada vez mais
era complicado, as vezes aparecia a polícia procurando por alguém.
Fiquei pensando
muito no assunto, me lembrei das conversas com esse ex-militar, me dizia que
muitos tinham entrado para a polícia.
Pensei, que
melhor lugar para me esconder que no meio dos que me procuram. Usando sua documentação, cortei os cabelos
como o dele, deixei uma barbicha como ele usava, me apresentei na escola de
polícia, consegui uma vaga. Logo estava
trabalhando numa das muitas delegacias complicadas de Hollywood. Era bom no que fazia.
Consegui
sobreviver mais de 10 anos, tinha um bom apartamento, carro, levava minha vida,
nunca estava muito tempo com nenhuma mulher, pois logo queriam se casar, eu
tinha como desculpas que sendo policial, estar casado era um problema, escutava
o dia inteiro reclamações de casamentos falidos. Não era a minha.
Chegou um momento
que meu disfarce quase foi para a merda, apareceu um rapaz, dizendo que eram
filho do homem que eu suplantava. Queria
o conhecer, fiz amizade com ele, explicando que a vida no exército tinha destroçado
a minha, por isso não tinha voltado a cidade de origem. Nunca seria bom pai, ficamos amigos, ele só
me dizia uma coisa, me achava mais jovem do que imaginava seu pai.
Mas foi embora,
graças a deus, ia fazer universidade, em San Francisco, trocamos número de
celular, para nos comunicarmos.
Nas primeira
férias que tive, fui a Londres de lá como se fosse um turista a mais, entrei
pelo interior. As terras tinham sido
vendidas, para pagarem os impostos atrasados, como se a família não existisse.
De lá fui para a
Suiça, raspei a conta, transferindo através de outro banco para a conta do meu novo
eu. As vezes ria muito olhando-me no
espelho.
Uma parte desse
dinheiro, depositei na conta do rapaz que era seu filho, para lhe ajudar nos
estudos. Lhe disse que eram minhas
economias, que sempre lhe mandaria algo para seguir seus estudos.
Vinha sempre me
visitar, pois não tinha outros parentes.
Um dia me soltou na cara, que se eu não fosse seu pai, se apaixonaria
por mim, pois ninguém o tinha tratado tão bem na vida.
Uma vez fui
ferido, ele veio para me cuidar.
Quando fiquei
bom, se sentou na minha frente, soltou, acabo de descobrir te cuidando que não
eres meu pai, ele tinha uma marca de nascença, que tu não tens, podes me contar
a história.
Lhe contei o que
podia contar.
Ele riu, eu sabia,
era tudo muito bom, pois a última notícia que tínhamos, era que vivia nas
drogas, tu estas mais limpo que um santo.
Era verdade, não tinha vícios nenhum, não fumava, nem bebia, fazia
exercícios sempre, era considerado pelos companheiros um atleta.
Lhe perguntei se
me ia denunciar.
Nem pensar, sei
que ele não teria me ajudado como fizeste, não sei se por sentimento de culpa
ou porque me querias na verdade. Tens
sido um amigo que sempre posso contar.
Só não posso te amar mais do que posso imaginar.
Um dia se meteu
na minha cama, eu só fazia sexo com mulheres, para me desafogar, mas nunca
sentia nada. As vezes preferia uma
punheta, pois sabia meus pontos débeis, do que procurar alguém.
Gostei de fazer
sexo com ele.
Vinha investindo
todo o dinheiro que tinha, dava para uma boa vida, mas simples, deixei a
polícia, fui viver em Venice Beach, numa casinha pequena que comprei, ia à
praia, arrumei um pequeno emprego para o verão.
Ben vinha me visitar, fazíamos sexo, quando acabou a faculdade, arrumou
um emprego ali perto, passamos a viver juntos.
Tínhamos o cuidado de não falar muito na família, não era um problema
quanto ao nome, pois ele usava o sobrenome de sua mãe.
Um dia vi no
jornal, que tinham capturado meu pai, na Argentina, que vivia ali muitos anos
escondidos, que seria julgado pelo que tinha provocado, um produto que tinha
desenvolvido para os militares, tinha escapado do controle deles, muitas vezes
aparecia nas mãos de algum terroristas.
Fiquei pensando
em ir até aonde seria o julgamento, mas ele passou uma carta a um jornalista,
antes de se suicidar, com uma capsula de cianureto.
Pensei até o
final, dramático. Lamentava tudo isso,
mas nunca tinha sentido nada por ele, tinha nos abandonado com cinco anos, as
vezes para me lembrar de sua cara, tinha que fazer um esforço para mais ou
menos imaginar.
A carta foi
publicada no NY. Times, contava que todos os governos eram culpados, o tinham
obrigado a desenvolver o produto químico usado hoje nas guerras. A ideia dele, com minha mãe era outra, mas
bastou os governos descobrirem que podia ser usado de outras maneiras para o
pressionarem. Dizia que tinha sido
prisioneiro, primeiro dos Ingleses, depois dos russos, que tinha se vingado,
depois dos americanos que o tinha ajudado a escapar da Rússia, sempre me diziam
que seria livre. Mas tudo que consegui,
foi perder a minha família inteira, não mencionava que eu estivesse vivo.
Pedia perdão ao
que podia ter causado, no meio tinha uma frase, você, que conseguiu sobreviver,
siga em frente.
Isso originou uma
série de debates, quem conseguiu sobreviver? Era a questão, nunca contei nada
disso ao Ben, seguimos sim vivendo tranquilamente.
Eu sou muito mais
velho que ele, será normal que morra antes, por isso, mantenho minha cabeça
ocupada, trabalhando sempre em alguma coisa que goste. Nunca mais voltei a gruta, ali só existem
documentos que não servem para nada, não me interessa reclamar um título
inglês, tampouco existe ali dinheiro. Só roupas velhas, uma caixa com esses
documentos, bem enterrados, se antes de nós, aquilo esteve escondido tantos
anos, que continuasse assim.
Só tenho lastima
hoje em dia da morte do meu irmão, dos meninos que levaram pensando que eram
nosotros, bem como os monges que nos cuidaram tão bem.
Que adiantava
agora, aparecer depois de tantos anos, para reclamar uma merda, pois sempre
seria visto como o filho do homem que desenvolveu produtos mortíferos.
Seria como ser o
filho do homem que inventou o gás para os nazistas. Teria sempre na testa uma marca maldita.
Resolvi seguir
com minha vida, aparentemente calma.
Ben, hoje é um profissional respeitado, mas cuida do que é nosso. Sempre achei engraçado esse sentimento que
ele desenvolveu, que o confundi-o num primeiro momento, esse amor pelo seu pai,
que ele mal conhecia. Depois ficou com
medo disso, amar fisicamente um pai, era complicado, um complexo digno de
tragédia grega, mas quando soube da verdade, se entregou. Eu que não tinha experiencia de amar ninguém,
aprendi a ama-lo para toda a vida.
Nunca me cobrou
nada, nem se interessou sobre o meu passado.
Se algum dia alguém descobrir o que estava na gruta, que faça bom
proveito, pois não passam de um monte de papel ridículos de títulos de nobreza,
essas merdas.
Vou levando a
vida, hoje quase cinquenta anos depois, posso confessar que vivi, sobrevivi,
escapei de uma morte desde o primeiro momento.
Como sempre
lastimo, a perda de Jules, ele nunca entendeu por que tínhamos que sobreviver,
nem tampouco do que fugíamos, pois não se interessava por saber aonde iam os
tiros. Tudo que ele queria era levar uma
vida normal.
Talvez por ter
consciência de que no fundo não erámos normais, me fez buscar sempre a
sobrevivência.
Inclusive
comemoro o aniversário do pai do Ben, nunca o meu. Mais do que nunca agradeço sempre é a esse
homem que morreu lutando por sua pátria, de quem roubei o nome, sua história, mas
que foi enterrado como um qualquer.
Como foi o caso do Jules, foi enterrado embaixo de uma árvore, num lugar
que não era o nosso, como um desconhecido qualquer, pois o seu nome tampouco
era verdadeiro.
Só tinha medo
disso, um dia o Alzheimer borrar o que me resta de lucidez, morrer sem saber
quem sou na verdade.