lunes, 4 de octubre de 2021

BOOM

 

 

                                          BOOM

 

Recordar o que tinha acontecido, o ruído, nos primeiros momentos quando despertou, voltavam como ondas na sua cabeça.

Preferiu fechar os olhos, estava deitado de bruços na cama do hospital, o ruído continuava como uma leva atrás de outra, sem querer associou quando viu o mar pela primeira vez, seu pai Onni a um penhasco, as ondas batiam nas rochas fazendo um ruído impressionante, ele acostumado com o silencio de viver em Pokka, com seu avô Mika, aquilo pareciam ensurdecedor. Tinha tapado os ouvidos com a mão, seu pai tinha rido muito, ele achou estranho, pois era a primeira vez que o via fazer isso.

Onni como o chamava diretamente, nunca tinha falado papai, ou pai, usava seu nome diretamente, era como seu avô da Lapônia, ao norte da Finlândia, uma vila minúscula, com poucas casas, um local que era ao mesmo tempo bar e lugar de abastecer de comida, inclusive de lenha no inverno.

Seu pai emigrou jovem para Helsinki, segundo seu avô nunca mandou nenhuma mensagem, um dia chegou um telegrama dizendo que estavam chegando.   O velho contava isso com detalhe, ficou imaginando que viria com uma namorada, ou quem sabe já com uma família, pois fazia tanto tempo sem notícias, que podia esperar qualquer coisa.

Desceu de seu carro, com um embrulho nos braços, ficou esperando mais alguém, mas nenhum movimento, foi em direção ao filho.  Tinha um bebê nos braços, era eu, todo vermelho, de sair do calor do carro, para o frio que fazia ali permanentemente.

Lhe entregou, dizendo um presente para o senhor.  Ele correu comigo nos braços para dentro de casa, se esquecendo inclusive de dar um abraço no filho que fazia anos que não via, meu pai nunca lhe perdoou por isso.

Quando ele entrou com duas bolsas, lhe encheu de perguntas, pois comecei a chorar, ele dizia que eu mais parecia um gato, reclamando comida.  Meu pai mostrou uma bolsa, aqui tens.

Quando ele viu uma lata de leite em pó, riu, essa criança precisa de leite, não vou dar essa merda para ela.

Me colocou na sua poltrona, que anos depois íamos sempre brigar para ver quem se sentava primeiro, pois tinha uma vista impressionante, abriu a porta, começou a gritar por Taimi, a vizinha do lado, que durante aos seria meu tudo, minha mãe de leite, a verdadeira que eu nunca conheci, bem como minha primeira professora, conselheira.

Tinha tido um filho, mas este nasceu morto, por algum problema congênito, para sumo do problema, seu marido foi embora, pois dizia que ele nem parir um filho sabia.

A primeira imagem que tenho dela, era uma mulher pequena, mas forte, com os cabelos eternamente presos numa trança em volta da cabeça, uns peitos imensos.

Correu até a casa, quando me viu, nem precisou ninguém falar, tirou o peito para fora, me deixando mamar, essa criança está faminta, assassinos.

Meu avô deixou seu quarto para ela, ia a sua casa fazer sua higiene, voltava, dizia que ir ao banheiro de homens nem pensar.

Meu pai contou ao velho que tinha conhecido uma alemã que trabalhava com ele nos escritórios da fábrica, que tinham tido um romance, viveram juntos o tempo que ela levou gravida de mim, mas tinha momentos complexos, me rejeitava, ao mesmo tempo que abraçava a barriga, o médico a levou para o hospital, aonde ficou em observação.  Tiveram que fazer uma Cesária, pois se negava a me colocar no mundo.   Dois dias depois desapareceu do hospital, tinham notificado a polícia, que ao verificar, viu que tinha embarcado num voo para Frankfurt.

Nunca conseguiram encontrá-la.

O jeito que ele teve foi esse, me levar para meu avô, depois de tomar consciência do que tinha feito, quis me levar de volta, mas os dois não deixaram, Taimi prometeu que o cuidaria como seu filho, assim o fez.

Voltamos a passar longo tempo sem vê-lo, quando apareceu, eu já tinha uns cinco anos, chegou com uma mulher, que apresentou como sua esposa, que vinha me buscar.  Isso foi uma confusão imensa, pois como eu não tinha papeis, meu avô me registrou como seu filho, com Taimi, meu deu o nome de Keikk, que seria algo parecido com Henrique.

A briga foi imensa, inclusive tiveram que chamar o único policial da vila.  Ele se virou para Onni, lhe pediu os papeis dizendo que era seu filho.

Ele sempre tinha sido relapso, não levou nenhum papel do hospital, inclusive podia ter sido preso por isso.

Então quando tiveres esse papeis, venha busca-lo.

Levou outro cinco anos em aparecer, nessas alturas, descobri que tinha dois irmãos, uma madrasta, na concepção que se dá a palavra, era muito má comigo.

Meu avô deixou, depois de uma larga conversa, dizendo que eu tinha que ir, para estudar, ali não havia escolas, eu teria que ir para um internato.   Sem querer foi aonde fui parar, mas em Helsinki.  A bruxa não me queria em sua casa, nem que aquele bastardo como me chamava vivesse junto com seus filhos.

Ali conheci a solidão, o silencio, pois era como um seminário, os únicos ruídos, eram os sinos da igreja, marcando as horas de rezo.  Fora isso, nenhum, falavam todos baixo, nas aulas também era assim, embora tivesse mais alunos de fora, se impunha a ordem, falar baixo, nada de gritos.

Meu lugar preferido era a biblioteca, aonde o silencio era absoluto. Era o meu reino.

Quando fiz 16 anos, estava muito adiantado, o reitor do colégio chamou meu pai, estava na hora de ir à universidade.  Nessas alturas meu pai era o diretor da fábrica, tinha uma bela casa, economizava para que meus irmãos futuramente fosse a universidade.

Não tenho tanto dinheiro assim, sua mulher na verdade controlava tudo.

Ele tem direito a uma bolsa de estudos, pelas suas notas, só necessita um lugar para viver.

A solução foi ir buscar meu avô, que muito a contragosto, furioso com o filho, isso quem me contou foi meu irmão que tinha ido com ele buscar o velho.

Imagina falou a viagem inteira.

Fomos morar, numa casa pequena que era dos empregados da fábrica, do outro lado da cidade, segunda a bruxa para não incomodar a família.  Ele logo se transformou em conselheiro de todos os homens da região, era raro chegar em casa não encontrar algum ali escutando como devia se relacionar com sua mulher, ele tinha sempre uma palavra, “respeito”.

Foram os melhores anos da minha vida, o tinha outra vez, todo para mim, me fazia escrever sempre para Taimi, ela merece filho, te criou com todo carinho.

Quando ficou doente, dizia que eram os ares da cidade que lhe faziam mal aos pulmões, os médicos concordaram, queria voltar para sua casa.

Eu já tinha terminado a universidade, tinha meu primeiro emprego.

Mesmo assim, esperou que eu tivesse férias, me comprou um carro desses que aguentam tudo, para que fosse com ele até lá, dois dias de estradas, nem me lembrava que fosse tão longe.

Fiquei com ele um mês, desfrutando da vida ali, disputando com ele o cadeirão, comendo as comidas feitas especialmente para mim por Taimi, ela me olhava com orgulho, quer dizer que agora eres doutor.

Ainda não Taimi, acabei a universidade, agora vou fazer o doutoramento, quem sabe.

Quando voltei, ia incomodo no carro, sem querer as vezes me virava para comentar alguma coisa com ele. Na hora de partir, me deu uma caixa de metal, que eu sabia que tinha visto uma vez na cabana que tinha no bosque, uma vez por semana ele ia até lá, para caçar, ou fazer alguma coisa.

Me entregou a caixa, me disse, nunca abra a mesma até a minha morte, é uma herança da família, me entregou meu avô, agora será tua, a partir do momento que eu morra.

Comecei a trabalhar, acabei o doutorado em direito.  Mas empregos estavam escassos, consegui esse de advogado júnior, numa grande firma.  Era um tipo de secretário de uma mulher grosseira, sócia principal, tudo dela era aos gritos, os outros diziam que era porque não fazia sexo.

Eu pensava, quem ia querer fazer sexo com uma mulher assim, a imaginava tendo um orgasmo, aos gritos.  Ria muito sozinho imaginando isso.

Vivia agora por minha conta, num pequeno apartamento, de um edifício restaurado. Era no último andar, aonde antigamente viviam os empregados das grandes família.

Era um quarto, uma saleta, banheiro, uma pequena cozinha que ficava logo a entrada.

Tinha perdido totalmente o contato com meu pai, sua família, sabia que a bruxa tinha morrido, porque saiu no jornal, tinha provocado um acidente na estrada indo, ninguém sabe aonde.

Mas como nunca me convidaram para nada, tampouco fui ao enterro.  A ultima vez que tinha falado com meu pai, Taimi tinha me avisado que meu avô estava mal, lhe chamei para dizer isso, a resposta, sem um olá meu filho ou coisa parecida, foi, não tenho tempo de ir até lá, é muito longe.

Nessa noite, depois de ter conseguido uns dias de férias, escutei um ruído no armário, abri levei um susto, pois a caixa de metal, brilhava, fiquei com a boca aberta.  Entendi imediatamente que ele tinha morrido.  Chamei a Taimi que agora tinha telefone em casa.

Sim meu filho, morreu a uns dez minutos, ia te chamar.   Mas como sabe disso?

Lhe disse que chegaria no dia seguinte.  Tinha conseguido um voo, para a cidade mais próxima, tinha alugado um carro, para ir até lá.  Ok, te espero para o enterro.

Quando abrir a caixa, levei um susto, pois todas as coisas que estavam dentro pareciam ter vida, brilhavam, se moviam dentro dela.

Fechei a tampa pelo susto, a apertei contra meu coração, entendia que agora ele sempre estaria comigo.

No dia seguinte fui para lá, a cerimônia foi simples, mas estavam todos seus amigos de toda a vida, me abraçaram muito, só um perguntou pelo meu pai, tinha me esquecido de lhe avisar.

Tampouco me importava muito.    Ficou furioso quando lhe contei, mas o mandei a merda, para que ia perder meu tempo, ias ter alguma desculpas para não ir.

Eu ao contrário, tinha me correspondido com meu avô todos esses anos, uma vez por mês nos falávamos por telefone.  Mas as cartas chegavam todas as semanas, não sei como sabia como eu me sentia as vezes, creio que sabia ler nas entrelinhas.

Senti alguém me tocando, dois enfermeiros me ajudaram a sentar na cama, mas me disseram, tens as costas ainda ferida, melhor não se encostar.

Estavam diante de mim dois homens que se identificaram, embora eu soubesse pela maneira de se vestirem que eram da policia de Helsinki.

Precisamos fazer umas perguntas.

Pelo visto eu tinha sido o único sobrevivente da explosão que acabou com o edifício.

Nos relate por favor tudo que se lembra.

Tinha acabado de chegar, passei pelas salas todas, sabia que haveria uma reunião importante entre os associados, pois alguém tinha feito alguma merda.

Minha chefa, exigia que eu lhe trouxesse café do bar de frente, que faziam como ela gostava. Desde que tinha despedido sua secretária aos gritos, eu tinha essa obrigação, ela entrevistava uma serie delas, mas todas tinha defeito.

Quando me dei conta, estava tirando o casaco, tinha duvidas do que me colocar de manhã, o tempo estava bom, mas me lembrei que de noite sairia para tomar alguma coisa com os amigos.

Voltei a colocar o casaco, desci pela escadas correndo, pois se chamasse o elevador ia me atrasar muito.    O porteiro que cuidava das pessoas que subiam para falar com os advogados, riu, soltou esqueceste do café da bruxa, fiz um sinal positivo.

Ia atravessar a rua, quando escutei uma explosão, senti que voava, depois tudo que me lembro era o rapaz do café me dizendo que não me mexesse, que a ambulância já estava a caminho, escutei outro estrondo, que entendi que era o edifício inteiro ruindo.  Sei por que a boca do rapaz estava aberta como dizendo ohhhhhh.

Depois desmaiei.

Só acordei aqui no hospital.

Há um fato estranho, relatado pelo rapaz esse do bar, quando caíste em cima do balcão, seu casaco estava em chamas, ele estava assustado, demorou para pensar aonde estava o extintor de incêndio, quando se virou, viu que em suas costas, aparecia neve, como se alguém estivesse colocando neve.   Pelo que sabemos, não nevou esses dias aqui.

Os da ambulância, concordaram, disseram que tinhas uma neve grossa nas costas, estavas desacordado.

Outra coisa, estranha, descestes pela as escadas, cruzaste com alguém?

Sim, o elevador é aberto, ou seja se pode ver dentro, minha chefa chegava para a reunião, atrasada como sempre, me apontou ao relógio, eu fiz sinal que ia buscar o café. Um gesto que ela sempre fazia, mostrou como era, notou que os braços estavam lentos.

O porteiro me pergunto se tinha esquecido o café da bruxa, eu fiz sinal positivo, passei pelo carro estacionado na frente, ainda pensei, quem veio nesse descapotável maravilhoso, uma coisa rara aqui.  Imagina um descapotável, aonde raramente temos semanas inteiras de sol.

Em seguida me senti voando, caindo em cima de alguma coisa dura.

Sim caíste em cima da barra do bar.  Por tua sorte, a vidraça do bar se partiu antes de passares por ela, senão estavas morto.

Isso não tinha lógica. Deveria ter sido ao mesmo tempo que ele caia.

Uma senhora disse que teve a sensação de ter de ver voando em câmera lenta, mas depois achou que isso era impossível.

Tentamos avisar teu pai, mas está fora, segundo o mordomo da casa.

Meu pai, está a meses num hospital psiquiátrico, está catatônico, por alguma coisa que aconteceu, ninguém sabe o que.

Vou visita-lo toda a semana, mas não reconhece ninguém.  Deu a direção do mesmo.

Ia se recostar na cama, o detetive disse que não fizesse, chamou o enfermeiro, que veio acompanhado de um médico que queria olhar como estavam as feridas.

Me ajudaram a voltar ficar de bruços, eu já estava farto de ficar olhando o chão.  Ele examinou, daqui um dia ou dois, poderás passar o dia sentado.  Se não fosse a neve, que virou gelo, ninguém sabe explicar isso, estarias perdido, a queimadura teria afetado aos pulmões, estarias morto.

Depois que ficou sozinho, foi como se lembrasse de alguma coisa em flash back, ele voando, a dor nas costas, alguma coisa ardia, depois relaxando pois alguém colocava neve nas suas costas, sentia perfeitamente o cheiro do seu avô.   Isso é impossível verbalizou em voz alta, o avô estava morto a tempo.

Se seu pai levava três anos catatônico, cinco que sua mulher estava morta, então faria mais tempo.

Mas sentiu como se alguém estivesse passando a mão na cabeça, quando lhe perguntaram se queria que avisasse alguém pensou na Taimi, mas imaginou que ela se largaria desde Lapônia para cuidar dele.  Não tinha mais idade para isso.  Sentiu que sua mente se apagava.

Se deu conta que flutuava acima de seu corpo, seu avô estava ali com ele, desce de aí garoto, tens que aprender a controlar teus poderes.   Antes pode ver suas costas como estavam, parecia a marcação de uma estrada, uma linha intermitente.

Dos lados estavam vermelho, com algumas ampolas, o velho ria, se chego um pouco mais tarde com minha neve magica, estarias aqui comigo, ia ser adorável, mas tens coisas por descobrir.

Venha, volte a dormir.

Dois dias depois já estava sentado, vinha um fisioterapeuta, para lhe ajudar a fazer exercícios com os braços, para movimenta-los bem, no primeiro dia não consegui se mover, agora podia dormir de lado.

Foi quando um dos irmãos veio visita-lo, o que sempre via o maior dos dois, o pequeno nunca via, nem sabia direito como era.

Lhe perguntou se estava indo visitar o pai no hospital.

Ele desviou a conversa, sinal que não ia.   Que mulher e que filhos arrumou meu pai, pensou.

Dias depois apareceram os mesmos detetives, para perguntar se tinha certeza de que era sua chefa que subia no elevador?

Bom estava vestida como ela, o mesmo estilo de roupa, só tinha uma coisa diferente, levava uma pasta grande, ela nunca fazia isso.

Pois é a encontramos morta em sua casa, alguém a enforcou, mas deixou as janelas aberta pois é por onde acreditamos que entrou quem a matou.

Tinha inimigos?

Sim muitos, nem fazes ideia, era uma pessoa complicada, tratava mal as pessoas que lidavam com ela.

Ah, agora pensando bem, me pareceu um pouco mais alta, pois eu estava descendo, notei isso, tinha as pernas mais altas, em sua cabeça apareceram detalhes, ele sempre tinha prestado atenção em tudo.  Tinha os ombros mais largos também.

Poderia ser um homem?

Agora que o dizes, sim, mas então porque me fez o gesto de beber que sempre fazia quando estava numa reunião e queria café.  Me fazia sair, para ir buscar no bar.

Falei da secretária que tinha colocado na rua.

Essa já entrevistamos, no mesmo dia que saiu daqui, tomou um trem para Estocolmo.

Tudo muito raro, verdade.

O inspetor sorriu, pelo visto tu eres o único sobrevivente de tudo. Tiveste sorte, apesar de momento estares preso numa cama.

Duas pessoas que passavam pela rua, morreram também.     Sabes do que se tratava a reunião?

Nem ideia, tudo que sabia, era que iam discutir algum problema relacionado, de como alguém tinha levado mal um caso.   Mas nem ideia do que se tratava.

Quais os casos que levava ela?

Processos corporativos, empresas coisas assim.  Por isso digo que tinha inimigos, pois as vezes se fechava alguma fábrica absorvida por outra, colocando todo mundo na rua.

Mas não temos meios de saber, porque se queimou tudo.

Bom desde que trabalho com ela, uso a nuvem?

Como é isso?

Bom, tinha que estar ao dia com os processos, afinal eu redigia os mesmo no computador, tirava uma cópia ou mais, conforme me pedisse, mas guardava ao mesmo tempo numa nuvem, para poder consultar em casa, não ia sair da empresa como os outros faziam, levando processos na mão.

Se o senhor me trás um laptop, eu posso mostrar. 

Voltamos mais tarde.

Voltaram com um laptop, bem como uma impressora portátil.  Entrou na nuvens para eles, foram imprimindo todos os processos, lhes disse melhor, passo para um pen drive, vocês levam, estou ficando cansado, foi esperto, deixou para o final um processo que tinha a ver com a empresa do pai, que estava sendo mal dirigida pelo irmão.  Esse último processo deu o que falar, pois quem começou foi o sócio principal, depois passou para ela, não fui nenhuma vez com ela ao tribunal, mas tem a ver com a empresa que era do meu pai.

Dois dias depois saiu do hospital, a primeira coisa que faz foi visitar o pai, esse lhe apertou a mão, alguns momentos está lucido.  Quando o médico saiu de perto, lhe disse baixinho, perdão meu filho, já entenderas.  Em seguida voltou ao seu mutismo habitual.

Morreu um dia depois, foi avisado pelo hospital, pois era o único que ia visita-lo, acionou o que era advogado pessoal dele.   Este tomou todas as providencias, os irmão queriam um funeral espetacular, afinal o pai era um homem importante.

Mas se decepcionaram pois o advogado tinha ordens estritas, de que não houvesse nenhuma cerimônia, que o Keikk devia levar suas cinzas para aonde estava enterrado seu pai.  Assim foi feito.  Na leitura do testamento, foi de grande estupor para os três, deixava todo seu dinheiro para seu filho mais velho.  Aos outros dois no testamento tinha anexado uma copia de teste de ADN, não eram filhos dele, sim de sua mulher com outro homem, ele tinha feito uma vasectomia quando jovem por causa de uma doença venérea.   Ele era filho dela, com um presidiário, a quem ia sempre visitar em prisão.  Tão mal elemento como seus dois filhos.  Ficam deserdado portanto, que a fábrica fosse vendida, que o lucro fosse dividido pelos empregados.

O mais velho quando saiu furioso, tinha a policia o esperando por desfalque na fábrica, como pensava que seria o dono, estava negociando a venda para outra empresa, assim embolsar tudo.

Acreditamos que ele pagava a algum funcionário do hospital, para manter o teu pai drogado.

A fortuna que lhe deixava correspondia a muito dinheiro.   Ao pequeno dos dois irmãos, tampouco deixava nada, a mansão estava presa a um banco, que agora seria proprietária dela.

Numa carta dizia que o dinheiro que deixava para ele, era um que separava durante aos, para lhe fazer um fundo, já que o resto era controlado pela mulher.

Descobriu muito tarde disse o advogado, que ela o tinha enganado durante muitos anos.

Tinha se esquecido da vasectomia, por isso levou tempo, até o acidente que a matou, essa estrada só levava ao presidio, então, mandou investigar, ela ia sempre visitar um preso, que estava ali por assassinato.  Esse era o pai dos dois.

Foi um escândalo generalizado.

Seu dinheiro foi transferido para sua conta.   Resolveu levar as cinzas do pai, iria de carro devagar, até chegar a casa do avô, resolveu vender o carro velho, pois esse não aguentaria essa viagem outra vez, vendeu, comprou um novo mais potente.

Na hora que examinavam seu carro para lhe oferecer um bom preço por ele, o mecânico, lhe disse mais uns dias estarias morto, alguém tentou cortar o cabo do freio.

Chamou imediatamente os detetives, parece que a coisa vai por mim.

Vamos supor que a pessoa que subiu no elevador levava uma bomba, veja bem faço deduções, alguém pensa que no escritório levamos o testamento meu pai, ninguém sabia desse outro advogado, só o hospital.

Se era para me matar, mas como sai antes, acionaram a bomba a distância.

O irmão pequeno disse que o outro atualmente vivia metido em alguma coisa que ele não tinha ideia, era um simples professor numa escola secundária.  Nem desconfiava que o pai que o tinha criado, não o era de fato.

Já o outro que estava em prisão preventiva, acabou confessando, ele tinha idealizado o da bomba, estava sendo investigado por sonegação de impostos, o sócio principal, levava sua conta, mas ele descobriu que o irmão trabalhava ali, por isso imaginou que o testamento do pai estava ali.   Já sabia que não era filho dele.  O negocio era te matar, assim podia pagar suas dívidas, contratou um ator transformista, contou o habito da tua chefa com o café.  O outro devia entrar, deixar a maleta na tua sala, descer.

Ele acionaria a distância, mas quando viu que saias, acionou precipitadamente fazendo explodir o prédio.

Agora além do problema financeiro, tem todas essas mortes nas costas.  Seu pai foi um conhecido terrorista na sua época de jovem.   Sua mãe também, por isso não te queria por perto, pois os outros não eram parecidos contigo.

Puta merda que confusão.

Avisou aos policiais que estaria fora um bom tempo, lhe deu o contato, espero que o celular funcione por lá, senão chamem esse número.

Colocou suas coisas na bagagem, se esquecia alguma coisa, viu a caixa brilhando outra vez, enfiou na sua bagagem.   Avisou Taimi, que precisava que fizesse compras para ele, passaria um bom tempo por lá.

Mas durante a viagem parou para dormir num motel de estradas, desse que param os caminhões.

No dia seguinte voltou para a estrada, chegou, estava anoitecendo, as cinco horas da tarde, as noites seriam longas.   Viu que na cabana do avô, tinha fogo na lareira. 

Quando entrou, Taimi estava sentada, tinha um rapaz de costa para ele, ela tentou se levantar, mas a idade pesava, ele se ajoelhou, para abraça-la.  Você não se lembra do Tom, viveu aqui quando criança, mas sua mãe foi para os Estados Unidos, agora voltou para cuidar da granja dos avôs dele, me ajudou a limpar tudo, estou velha meu filho, estou velha.

Jantaram os três ali, Tom avisou que alguma palavras ele tinha esquecido, que falasse devagar.

Sem querer a Taimi falando, se lembrou dela ensinando os dois a escreverem, a ler.

A infância tinha sido magica para ele, seu avô era uma figura querida na vila, todos vinham sempre o consultar sobre qualquer coisa.

Mas quando ele desaparecia para a cabana, não gostava que fossem até lá.

Estava enterrado justo ao lado dela, ninguém tinha as chaves de lá.  Subiu dois dias depois que o tempo estava bom, levou a urna com as cinzas de seu pai, uma pá, primeiro havia que retirar a neve, depois era duro escavar na terra que tinha por baixo que estava congelada, embora o buraco fosse pequeno.

Se acercou da cabana, lhe bastou colocar a mão na porta para ela abrir. Achou estranho, estava tudo em ordem, só tinha entrado uma vez, era como se ali vivesse alguém. Estava cansado do esforço, se lembrou da recomendação do médico, descanse o máximo possível. Acabou dormindo, se despertou com um pouco de frio, como seria bom que a lareira estivesse acessa, voltou a dormir, ao despertar porque estava com calor, viu a lareira acessa.

A porta continuava cerrada.  Viu uma pequena estante na parede, tinha um foto dele quando criança, mas quando olhou a foto, viu que não era ele. Tinha outro nome por detrás. Ao pronunciar esse nome, a parede atrás de se abriu, viu uma gruta, iluminada, a cada passo que dava a parede se iluminava.     A curiosidade lhe picou, seguiu adiante, deu com uma parte central imensa, estava dentro da montanha.

Uma pequena cascata, com uma água muito limpa. Tomou um gole, se sentiu estupendamente bem, era capaz até de voar.  Quando viu estava no ar.  Riu muito, desta vez voar não tinha nada com a tragédia que tinha sofrido.

Voltou, não tinha noção do tempo, lá fora era noite.    Merda, não tive a ideia de trazer nem um sanduiche, na mesa simplesmente apareceu um jantar.

Esse lugar era magico, rui muito, coisas do meu avô.

Depois de fechar a porta, tentou várias vezes primeiro, mas não se movia, lembrou-se do nome a mesma fechou sozinha.

Se deitou, desta vez se abrigou com uma manta de pele que estava dobrada aos pés da mesma.

Sabia que não tinha se mexido na cama.  Porque sonhou que se movia outra vez pela gruta, só que desta vez, escutava uma voz que lhe contava a história de tudo. Foi como voltar a Lapônia original, homens e mulheres vestidos de peles, cachorros correndo por ali. Um homem parecido com seu avô, segurando a mão de um garoto, lhe contava que o dom da família sempre saltava uma geração, que a ele lhe tocava preservar o lugar, era mágico, seu dever era ajudar as pessoas, quando se sentisse cansado, devia vir até ali, para recarregar energias.

Depois se lembrou quando seu avô o trouxe em criança, fazia um movimento com a mão, todos os objetos se moviam, mas quando começaram a descer, com a desculpa de colocar a mão na sua cabeça, fez com que ele esquecesse tudo.

Quando despertou o dia estava claro, tenho que descer, mas que um café ia bem, mas falou o desejo, apareceu a caneca especial de seu avô com café.

Tinha uma boa caminhada pela frente, passou pela casa da Taimi, ela estava sentada na pequena varanda apanhando um pouco de sol.   Para esquentar os ossos.

Ficaram conversando, eu agora tenho a mania de ficar escutando a rádio, um grande invento, falaram de uma explosão no prédio que agora sei que era aonde trabalhavas, escutei ruído, quando olhei, vi teu avô, pegando neve, colocando num balde.   Pensei estou sonhando, pois era muita quantidade para caber num balde.

Então era isso, começou a rir, esse meu avô.  Contou para ela o que tinha acontecido, com a explosão fui parar em cima de um balcão do bar ao que me dirigia, meu casaco tinha fogo, o rapaz do bar, disse que não conseguia se mexer, em seguida viu que se colocava neve nas minhas costas, que o fogo tinha sumido, que essa neve fez como uma camada protetora nas minhas costas.  Quando chegaram os enfermeiros ele não sabia explicar isso.

Sim teu avô era um ser mágico, até hoje me lembro, quando veio me ver, depois da morte do meu bebê, me disse, não te preocupe, vem outro a caminho para cuidares, nada nunca vem só.

No dia seguinte estavas aqui.  Um dia lhe perguntei como sabia, me disse que intuição.

As pessoas vinha falar com ele, com seus problemas, ele tinha paciência, mesmo que a pessoa fosse pesada.

De tempo em tempo, desaparecia, uns dias na sua cabana na montanha, nunca convidou ninguém para ir, a única pessoa que levou foi a ti em criança.   Quando te perguntei o que tinha vistos, respondeste, “segredo nosso”, ele ficou rindo, me dizendo não sejas curiosa.

As pessoas as vezes se surpreendiam com ele, pois começavam a falar, ele soltava o que tinha que fazer.

O tempo que vivei comigo em Helsinki, porque a bruxa não queria que eu vivesse com eles, o que hoje creio que foi bom.   As pessoas todas o vinha procurar, agora entendo que foi isso que o cansou, gastou energia demais, quando chegou aqui, parecia que suas baterias voltavam a se carregar.

Um dia me pai me contou que tinha mágoa do velho, no dia que te trouxe, te pegou nos braços, como se eu não existisse, só falou comigo para me chamar atenção, abrindo a porta chamando a Taimi, como dizendo veja o que chegou.   Ela ficou louca contigo, os dois me ignoraram totalmente nos dias que estive aqui.   Como se minha obrigação tivesse sido esta, te trazer, o resto não importava.

Fui embora furioso, jurei nunca mais voltar.

Agora entendo o que aconteceu.  

Ela sorriu matreira, tens os mesmos olhos dele, quando falavam, uma vez vi uma foto que estava guardada num livro, está no quarto dele, era um garoto igualzinho a ti, anos mais tarde, lhe perguntei quem era, me disse que ele quando criança com seu avô.

Depois me lembrei disso, pois eras igual a ele.   Teu pai era diferente, conheci tua avó, ela tinha cabelos negros, como os do teu pai, tu ao contrário tinhas sempre esse cabelo loiro, quase branco.

Venha, entre vamos comer.  Estou me sentindo melhor desde que chegaste.  Lhe dei a mão para se levantar, mas o fez sozinha.

Depois passei a mão pelos seus joelhos, vi que o inchado desaparecia.

Quando fui para casa, acendi a lareira, fui buscar a caixa, estava no quarto que sempre tinha usado, mas resolvi dormir no seu quarto, pois a cama era maior.

Quando abri a caixa as coisas ficaram brilhante, se elevaram no ar. Se moviam rapidamente, escutei baterem na porta, lhes disse para dentro, rapidamente foram para a caixa, ficaram quietas, fechei rindo, fui abrir a porta. 

Era o Tom com um treno, cheio de lenha, sei que não podes fazer muito esforço, lá tenho muita lenha.  Começou a empilhar ao lado da lareira.

Me perguntou se podia dar um conselho.

Claro, o que passa, mas ao mesmo tempo estava vendo qual era o problema, já lhe ia responder, mas alguma coisa me disse, escute primeiro.

Falou que nos anos que estavam fora, um parente tinha ajudado seu avô a cuidar da mesma, mas o pessoal diz que é mentira, ficava era no bar bebendo.  Agora queria disputar a mesma como herança dele.

Sentiu as pálpebras, descendo, a que ano ele se refere.  Tirou o papel do bolso, disse o mesmo.

Impossível, nesta época, quem ajudava seu avô era outro homem que vive ao lado do armazém hoje em dia, fale com ele, se lembra de tudo.

Se ele não desiste, diga que tens um advogado vindo de Helsinki, especialista nessas coisas.

Obrigado.

Depois ficou sorrindo, colocou lenha na lareira, estalou os dedos, as chamas alimentaram, o fogo aqueceu a casa.

Agora entendia muitas coisas, de porque ele chamava seu avô de magico.

Uma das contadas vezes que seu pai apareceu, ele soltou que seu avô era magico, seu pai lhe soltou em plena cara, é um filho da puta isso sim.  Deixou que me levasse para longe disso aqui que eu adorava.    Me dizia que tinha que ser alguém para o futuro.

Na sua cabeça as lembranças apareciam como um flash, uma das primeiras vezes que foi visitar seu pai, num dos seus momentos de lucidez, soltou, agora ele sempre esta aqui cuidado de mim, pensou que falava de algum enfermeiro, as coisas se encaixavam. 

Quando decidiu ficar de vez, falou com o advogado, iria ver que banco tinha na cidade mais próxima, para transferir o dinheiro para lá.    Falou também com os detetives, como estavam as coisas.

Soube que quem ensinou seu irmão a fabricar a bomba tinha sido o pai, que ele passou a visitar na cadeia.    O outro se negava a ir.   Disse que ia pedir uma linha fixa para a casa aonde vivia, que logo mandaria o número.

Perguntou a Taimi se queria alguma coisa da cidade, ela fez uma lista, o Tom foi com ele, pois tinha encomendas.

No carro foi contando tu tinhas razão, o homem sabia tudo, nessa época esse tal parente já não estava aqui, pois meu avô o expulsou, pois gastava no bar, mandando colocar na conta dele.

Quando comentei isso com ele, disse que seu advogado sabia o que fazia, lhe contei como você me disse para fazer, pois o meu é de Helsinki, disse que nada disso vale.  Não há documentos, além de que tenho testemunhas.   Desapareceu.

Deixou Tom fazendo suas compras, ele foi ao banco, era o mesmo que tinha na capital, pediu transferência de sua conta.   Depois foi a companhia telefônica, pediu se podiam estender a linha até sua casa, bem como se podia ter internet.   Pagou todas as taxas, faremos isso rápido, pois o inverno vem aí, fica mais difícil.

Depois foi buscar as coisas que Taimi queria, bem como fazer suas compras, tinha aprendido a cozinhar algumas coisas.  O principal era o pão, mas esse a senhora da loja o fazia todos os dias, comprou tudo como gostava.

Se abasteceu bem, voltaram com o carro carregado.

Tinha se esquecido como era o inverno, todos os dias tinha que limpar a entrada da casa, para poder caminhar.  Normalmente a partir das 10 começava a aparecer pessoas, que ele nunca tinha visto, atrás de um conselho, ou mesmo que ele rezasse uma criança.  Algumas vezes, colocava a família no seu carro, os levava a cidade mais próxima para um hospital, pois era um caso grave.   Milagres não faço lhes dizia.

Sua fama, logo era grande.

O melhor era quando podia subir, passar dois ou três dias na cabana. Um dia se perguntou como seria a sequência, ele nunca tinha tido namoradas, como encontraria alguém para ser o próximo da linha.

Não se preocupe, aparecera.

Recebeu uma chamada do advogado, dizendo que tinham encontrado uma carta de seu pai, que devia estar junto ao testamento, mas por algum motivo tinha caído no arquivo.   Te mando por correio.

Quando chegou foi toda uma surpresa.

Era um bloco grande, anotações, na frente um bilhete, para que saibas a verdade, essa sempre tem dois lados, esse é o meu.

Falava do repudio do pai, que esperava que ele tivesse os mesmos poderes que ele tinha, se esquecia sempre que fazia falta saltar uma geração.

Em seguida me levar a gruta, me mandou estudar interno em Helsinki, a partir daí, passou a me ignorar.   Quando sai, passei a trabalhar, conheci uma colega alemã, que trabalhava comigo no escritório da fábrica.   Estava gravida, não sabia de quem.   Eu a ajudei a ter a criança, registrei como minha, ela voltou para sua terra, eu na verdade nunca a procurei.   Essa criança eras tu.

Ou seja, não é necessário uma linha direta para os poderes.

Quando te levei, já sabes da história, me ignorou, esperou que eu fosse embora imediatamente, a primeira coisa que fez foi te levar a gruta.

Fiquei furioso, com ele, ia te estragar a vida, mas depois pensei, não é meu filho.  Quando jovem tive um problema, tiveram que fazer uma vasectomia, pois podia transmitir um problema aos meus filhos.

Os outros dois, eu sabia que não eram meus filhos, mas queria ter algum.

Nada saiu como eu esperava.  Mas quando ele veio morar contigo aqui, ia conversar com ele, quando não estavas, o que descobri me deixou gelado.

Quando alguém tem esses poderes, a gruta, o isola do mundo, tem só uma função, cuidar dos outros, vida própria jamais.

Espero que saibas escolher, porque podes fazer isso.

Contava toda sua vida, como tinha ido ascendendo na empresa, até se tornar seu dono.  O dinheiro que te deixo, é só meu, nada tem a ver com a empresa.

Viva tua vida, não fiques seco como meu pai.  Ele no fundo não ama ninguém, acredita que tudo que faz é te proteger do mundo, mas tampouco te deixa viver tua vida.

Quando acabou de ler, estava fora da cabana, atualmente se sentia sufocado ali, pois constantemente tinha obrigações a cumprir.   Isso de saber o que vai acontecer com a vida dos outros, que só tu podes arrumar, era esgotador.  Agora se fazia a mesma pergunta, e a minha, ele não tinha escolhido nada.   Simplesmente não vivia, pensava que tinha encontrado a paz, mas era as vezes assaltado durante a noite, pensando na pessoa que o viria ver no dia seguinte.

Ficava as vezes farto das merdas que as pessoas fazia, depois corriam para ele.

Se sentia desequilibrado, na última ida à cidade, tinha visto que seu dinheiro seguia crescendo pois o tinha aplicado, mas ele não desfrutava de nada.   Quando jovem tinha pensado em percorrer o mundo, mas estava ali prisioneiro de uma certa maneira a gruta.

Quando viu, sentado ali embaixo de uma árvore, seu avô estava ao lado dele, tens razão perdemos nossas vidas particulares.  Nem posso dizer como seria a minha, pois não a vivi, a única época que estive longe, foi quando fui viver contigo na capital.  Lá me aceitavam de outra maneira.   Mas ao me afastar da gruta comecei a ficar doente.   Tinha pesadelos, como não tinha mais o mesmo propósito, me cobrava que voltasse.

Mas tens o direito de te arriscar, eu já era um velho então, tinha poucas possibilidades.

Tens uma intuição mais poderosa do que eu.  A única coisa que pode destruir o efeito, e que entrem na gruta pessoas com a parte de maldade maior que a bondade.

Soube pelo Tom que o seu irmão, tinha conseguido escapar da polícia, ajudado pelo outro, que não sabiam aonde se dirigiam.

Ele entendeu que viriam atrás dele.  Visualizou a chegada deles, mostrou o caminho que tinham que seguir.

Quando perguntaram por ele Taimi disse que estava na cabana da montanha. Sem querer pensando que era alguém que precisava de ajuda, indicou como ir.

Ele os esperava, não dentro da mesma, mas escondido fora.  Viu que examinavam a mesma, pois pelas janelas era impossível ver dentro, armados, tentaram a porta, o que era professor não conseguiu abrir, ele na distância, quando o outro empurrou a porta a abriu para ele, mal entraram a porta fechou, iria considerar como uma invasão, ele sabia que acabariam descobrindo a maneira de entrar na gruta.

Foi descendo a montanha, tranquilamente.  Agora era esperar que a ganancia, a maldade ganhasse.

O tempo ali, funcionava de outra maneira.   Estava preparando sua pequena bagagem, pois não necessitava de muito, quando escutou uma grande explosão, toda a montanha tremeu, a coisa foi tão forte, ao mesmo tempo sentiu que seus poderes desapareciam.

Tom veio correndo ver se estava em casa, subiu com o resto dos homens, quando desceu, disse que no seu lugar agora, tinha um imenso buraco, como a cratera de um vulcão, até sua cabana tinha desaparecido.

Se despediu deles, dizendo que ia fazer uma viagem, agora olhava as pessoas sem intuir nada a respeito.

Transferiu sua conta outra vez para Helsinki, mas quando chegou lá, sentiu que necessitava partir para longe.

Estava na rua, passeando, coisa que não tinha feito em sua vida, quando viu um anuncio numa agência de viagem, para Nova Zelândia, falava do clima espetacular, das possibilidades de empregos.   Comprou um bilhete num impulso, não queria saber o que poderia acontecer amanhã.   Quando chegou a Wellington se apaixonou pela cidade, encontrou uma casa para viver, na parte debaixo, montou um escritório de advogado, fez um curso para revalidar o seu diploma.   Passou a atender aos clientes que iam aparecendo.   Apenas usava sua intuição, que isso sempre tinha tido, para aceitar ou não um caso.

Finalmente conheceu alguém, se casou.  Nunca tiveram filhos, mas para ele não era importante, até tinha medo de ter algum.   Seu passatempo era sair de barco, viver a vida.

Dizem que morreu jovem, numa coisa rara, um assalto a um banco, quando fazia a transferência de dinheiro para nunca mais sair de Nova Zelândia.  Um movimento seu fez com que um dos assaltantes lhe acertasse em pleno peito.

Na hora, percebeu que era o seu irmão, que vinha de algum outro lugar para o executar.

Não se preocupou, tinha vivido nos últimos anos como queria.

Foi um caso estranho, pois os assaltantes, apareceram, desapareceram da mesma maneira.

Seu enterro tinha poucas pessoas, mas isso não importava, seu ultimo desejo, sim, ser jogado ao mar.   Acreditava que assim, não haveria réplicas.  Tinha chegado à conclusão nesses anos, que ajudar muito as pessoas, nem sempre resolvem seus problemas.  Elas tem que aprenderem sozinhas a resolver o que criam de errado.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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