BOOM
Recordar o que
tinha acontecido, o ruído, nos primeiros momentos quando despertou, voltavam
como ondas na sua cabeça.
Preferiu fechar
os olhos, estava deitado de bruços na cama do hospital, o ruído continuava como
uma leva atrás de outra, sem querer associou quando viu o mar pela primeira
vez, seu pai Onni a um penhasco, as ondas batiam nas rochas fazendo um ruído
impressionante, ele acostumado com o silencio de viver em Pokka, com seu avô
Mika, aquilo pareciam ensurdecedor. Tinha tapado os ouvidos com a mão, seu pai
tinha rido muito, ele achou estranho, pois era a primeira vez que o via fazer
isso.
Onni como o
chamava diretamente, nunca tinha falado papai, ou pai, usava seu nome
diretamente, era como seu avô da Lapônia, ao norte da Finlândia, uma vila
minúscula, com poucas casas, um local que era ao mesmo tempo bar e lugar de
abastecer de comida, inclusive de lenha no inverno.
Seu pai emigrou
jovem para Helsinki, segundo seu avô nunca mandou nenhuma mensagem, um dia
chegou um telegrama dizendo que estavam chegando. O velho contava isso com detalhe, ficou
imaginando que viria com uma namorada, ou quem sabe já com uma família, pois
fazia tanto tempo sem notícias, que podia esperar qualquer coisa.
Desceu de seu
carro, com um embrulho nos braços, ficou esperando mais alguém, mas nenhum
movimento, foi em direção ao filho.
Tinha um bebê nos braços, era eu, todo vermelho, de sair do calor do
carro, para o frio que fazia ali permanentemente.
Lhe entregou,
dizendo um presente para o senhor. Ele
correu comigo nos braços para dentro de casa, se esquecendo inclusive de dar um
abraço no filho que fazia anos que não via, meu pai nunca lhe perdoou por isso.
Quando ele entrou
com duas bolsas, lhe encheu de perguntas, pois comecei a chorar, ele dizia que
eu mais parecia um gato, reclamando comida. Meu pai mostrou uma bolsa, aqui tens.
Quando ele viu
uma lata de leite em pó, riu, essa criança precisa de leite, não vou dar essa
merda para ela.
Me colocou na sua
poltrona, que anos depois íamos sempre brigar para ver quem se sentava
primeiro, pois tinha uma vista impressionante, abriu a porta, começou a gritar
por Taimi, a vizinha do lado, que durante aos seria meu tudo, minha mãe de
leite, a verdadeira que eu nunca conheci, bem como minha primeira professora,
conselheira.
Tinha tido um
filho, mas este nasceu morto, por algum problema congênito, para sumo do
problema, seu marido foi embora, pois dizia que ele nem parir um filho sabia.
A primeira imagem
que tenho dela, era uma mulher pequena, mas forte, com os cabelos eternamente
presos numa trança em volta da cabeça, uns peitos imensos.
Correu até a
casa, quando me viu, nem precisou ninguém falar, tirou o peito para fora, me
deixando mamar, essa criança está faminta, assassinos.
Meu avô deixou
seu quarto para ela, ia a sua casa fazer sua higiene, voltava, dizia que ir ao
banheiro de homens nem pensar.
Meu pai contou ao
velho que tinha conhecido uma alemã que trabalhava com ele nos escritórios da
fábrica, que tinham tido um romance, viveram juntos o tempo que ela levou
gravida de mim, mas tinha momentos complexos, me rejeitava, ao mesmo tempo que
abraçava a barriga, o médico a levou para o hospital, aonde ficou em
observação. Tiveram que fazer uma
Cesária, pois se negava a me colocar no mundo.
Dois dias depois desapareceu do hospital, tinham notificado a polícia,
que ao verificar, viu que tinha embarcado num voo para Frankfurt.
Nunca conseguiram
encontrá-la.
O jeito que ele
teve foi esse, me levar para meu avô, depois de tomar consciência do que tinha
feito, quis me levar de volta, mas os dois não deixaram, Taimi prometeu que o
cuidaria como seu filho, assim o fez.
Voltamos a passar
longo tempo sem vê-lo, quando apareceu, eu já tinha uns cinco anos, chegou com
uma mulher, que apresentou como sua esposa, que vinha me buscar. Isso foi uma confusão imensa, pois como eu
não tinha papeis, meu avô me registrou como seu filho, com Taimi, meu deu o
nome de Keikk, que seria algo parecido com Henrique.
A briga foi
imensa, inclusive tiveram que chamar o único policial da vila. Ele se virou para Onni, lhe pediu os papeis
dizendo que era seu filho.
Ele sempre tinha
sido relapso, não levou nenhum papel do hospital, inclusive podia ter sido
preso por isso.
Então quando
tiveres esse papeis, venha busca-lo.
Levou outro cinco
anos em aparecer, nessas alturas, descobri que tinha dois irmãos, uma madrasta,
na concepção que se dá a palavra, era muito má comigo.
Meu avô deixou,
depois de uma larga conversa, dizendo que eu tinha que ir, para estudar, ali
não havia escolas, eu teria que ir para um internato. Sem querer foi aonde fui parar, mas em
Helsinki. A bruxa não me queria em sua
casa, nem que aquele bastardo como me chamava vivesse junto com seus filhos.
Ali conheci a
solidão, o silencio, pois era como um seminário, os únicos ruídos, eram os
sinos da igreja, marcando as horas de rezo.
Fora isso, nenhum, falavam todos baixo, nas aulas também era assim, embora
tivesse mais alunos de fora, se impunha a ordem, falar baixo, nada de gritos.
Meu lugar
preferido era a biblioteca, aonde o silencio era absoluto. Era o meu reino.
Quando fiz 16
anos, estava muito adiantado, o reitor do colégio chamou meu pai, estava na
hora de ir à universidade. Nessas
alturas meu pai era o diretor da fábrica, tinha uma bela casa, economizava para
que meus irmãos futuramente fosse a universidade.
Não tenho tanto
dinheiro assim, sua mulher na verdade controlava tudo.
Ele tem direito a
uma bolsa de estudos, pelas suas notas, só necessita um lugar para viver.
A solução foi ir
buscar meu avô, que muito a contragosto, furioso com o filho, isso quem me
contou foi meu irmão que tinha ido com ele buscar o velho.
Imagina falou a
viagem inteira.
Fomos morar, numa
casa pequena que era dos empregados da fábrica, do outro lado da cidade,
segunda a bruxa para não incomodar a família.
Ele logo se transformou em conselheiro de todos os homens da região, era
raro chegar em casa não encontrar algum ali escutando como devia se relacionar
com sua mulher, ele tinha sempre uma palavra, “respeito”.
Foram os melhores
anos da minha vida, o tinha outra vez, todo para mim, me fazia escrever sempre
para Taimi, ela merece filho, te criou com todo carinho.
Quando ficou
doente, dizia que eram os ares da cidade que lhe faziam mal aos pulmões, os
médicos concordaram, queria voltar para sua casa.
Eu já tinha
terminado a universidade, tinha meu primeiro emprego.
Mesmo assim,
esperou que eu tivesse férias, me comprou um carro desses que aguentam tudo,
para que fosse com ele até lá, dois dias de estradas, nem me lembrava que fosse
tão longe.
Fiquei com ele um
mês, desfrutando da vida ali, disputando com ele o cadeirão, comendo as comidas
feitas especialmente para mim por Taimi, ela me olhava com orgulho, quer dizer
que agora eres doutor.
Ainda não Taimi,
acabei a universidade, agora vou fazer o doutoramento, quem sabe.
Quando voltei, ia
incomodo no carro, sem querer as vezes me virava para comentar alguma coisa com
ele. Na hora de partir, me deu uma caixa de metal, que eu sabia que tinha visto
uma vez na cabana que tinha no bosque, uma vez por semana ele ia até lá, para
caçar, ou fazer alguma coisa.
Me entregou a
caixa, me disse, nunca abra a mesma até a minha morte, é uma herança da
família, me entregou meu avô, agora será tua, a partir do momento que eu morra.
Comecei a
trabalhar, acabei o doutorado em direito.
Mas empregos estavam escassos, consegui esse de advogado júnior, numa
grande firma. Era um tipo de secretário
de uma mulher grosseira, sócia principal, tudo dela era aos gritos, os outros
diziam que era porque não fazia sexo.
Eu pensava, quem
ia querer fazer sexo com uma mulher assim, a imaginava tendo um orgasmo, aos
gritos. Ria muito sozinho imaginando
isso.
Vivia agora por
minha conta, num pequeno apartamento, de um edifício restaurado. Era no último
andar, aonde antigamente viviam os empregados das grandes família.
Era um quarto,
uma saleta, banheiro, uma pequena cozinha que ficava logo a entrada.
Tinha perdido
totalmente o contato com meu pai, sua família, sabia que a bruxa tinha morrido,
porque saiu no jornal, tinha provocado um acidente na estrada indo, ninguém
sabe aonde.
Mas como nunca me
convidaram para nada, tampouco fui ao enterro. A ultima vez que tinha falado com meu pai,
Taimi tinha me avisado que meu avô estava mal, lhe chamei para dizer isso, a
resposta, sem um olá meu filho ou coisa parecida, foi, não tenho tempo de ir
até lá, é muito longe.
Nessa noite,
depois de ter conseguido uns dias de férias, escutei um ruído no armário, abri
levei um susto, pois a caixa de metal, brilhava, fiquei com a boca aberta. Entendi imediatamente que ele tinha
morrido. Chamei a Taimi que agora tinha
telefone em casa.
Sim meu filho,
morreu a uns dez minutos, ia te chamar.
Mas como sabe disso?
Lhe disse que
chegaria no dia seguinte. Tinha
conseguido um voo, para a cidade mais próxima, tinha alugado um carro, para ir
até lá. Ok, te espero para o enterro.
Quando abrir a
caixa, levei um susto, pois todas as coisas que estavam dentro pareciam ter
vida, brilhavam, se moviam dentro dela.
Fechei a tampa
pelo susto, a apertei contra meu coração, entendia que agora ele sempre estaria
comigo.
No dia seguinte
fui para lá, a cerimônia foi simples, mas estavam todos seus amigos de toda a
vida, me abraçaram muito, só um perguntou pelo meu pai, tinha me esquecido de
lhe avisar.
Tampouco me
importava muito. Ficou furioso quando
lhe contei, mas o mandei a merda, para que ia perder meu tempo, ias ter alguma
desculpas para não ir.
Eu ao contrário,
tinha me correspondido com meu avô todos esses anos, uma vez por mês nos
falávamos por telefone. Mas as cartas
chegavam todas as semanas, não sei como sabia como eu me sentia as vezes, creio
que sabia ler nas entrelinhas.
Senti alguém me
tocando, dois enfermeiros me ajudaram a sentar na cama, mas me disseram, tens
as costas ainda ferida, melhor não se encostar.
Estavam diante de
mim dois homens que se identificaram, embora eu soubesse pela maneira de se
vestirem que eram da policia de Helsinki.
Precisamos fazer
umas perguntas.
Pelo visto eu
tinha sido o único sobrevivente da explosão que acabou com o edifício.
Nos relate por
favor tudo que se lembra.
Tinha acabado de
chegar, passei pelas salas todas, sabia que haveria uma reunião importante
entre os associados, pois alguém tinha feito alguma merda.
Minha chefa,
exigia que eu lhe trouxesse café do bar de frente, que faziam como ela gostava.
Desde que tinha despedido sua secretária aos gritos, eu tinha essa obrigação,
ela entrevistava uma serie delas, mas todas tinha defeito.
Quando me dei
conta, estava tirando o casaco, tinha duvidas do que me colocar de manhã, o tempo
estava bom, mas me lembrei que de noite sairia para tomar alguma coisa com os
amigos.
Voltei a colocar
o casaco, desci pela escadas correndo, pois se chamasse o elevador ia me
atrasar muito. O porteiro que cuidava das pessoas que subiam
para falar com os advogados, riu, soltou esqueceste do café da bruxa, fiz um
sinal positivo.
Ia atravessar a
rua, quando escutei uma explosão, senti que voava, depois tudo que me lembro
era o rapaz do café me dizendo que não me mexesse, que a ambulância já estava a
caminho, escutei outro estrondo, que entendi que era o edifício inteiro ruindo. Sei por que a boca do rapaz estava aberta
como dizendo ohhhhhh.
Depois desmaiei.
Só acordei aqui
no hospital.
Há um fato
estranho, relatado pelo rapaz esse do bar, quando caíste em cima do balcão, seu
casaco estava em chamas, ele estava assustado, demorou para pensar aonde estava
o extintor de incêndio, quando se virou, viu que em suas costas, aparecia neve,
como se alguém estivesse colocando neve.
Pelo que sabemos, não nevou esses dias aqui.
Os da ambulância,
concordaram, disseram que tinhas uma neve grossa nas costas, estavas
desacordado.
Outra coisa,
estranha, descestes pela as escadas, cruzaste com alguém?
Sim, o elevador é
aberto, ou seja se pode ver dentro, minha chefa chegava para a reunião,
atrasada como sempre, me apontou ao relógio, eu fiz sinal que ia buscar o café.
Um gesto que ela sempre fazia, mostrou como era, notou que os braços estavam
lentos.
O porteiro me
pergunto se tinha esquecido o café da bruxa, eu fiz sinal positivo, passei pelo
carro estacionado na frente, ainda pensei, quem veio nesse descapotável
maravilhoso, uma coisa rara aqui.
Imagina um descapotável, aonde raramente temos semanas inteiras de sol.
Em seguida me
senti voando, caindo em cima de alguma coisa dura.
Sim caíste em
cima da barra do bar. Por tua sorte, a
vidraça do bar se partiu antes de passares por ela, senão estavas morto.
Isso não tinha lógica.
Deveria ter sido ao mesmo tempo que ele caia.
Uma senhora disse
que teve a sensação de ter de ver voando em câmera lenta, mas depois achou que
isso era impossível.
Tentamos avisar
teu pai, mas está fora, segundo o mordomo da casa.
Meu pai, está a
meses num hospital psiquiátrico, está catatônico, por alguma coisa que
aconteceu, ninguém sabe o que.
Vou visita-lo
toda a semana, mas não reconhece ninguém.
Deu a direção do mesmo.
Ia se recostar na
cama, o detetive disse que não fizesse, chamou o enfermeiro, que veio
acompanhado de um médico que queria olhar como estavam as feridas.
Me ajudaram a
voltar ficar de bruços, eu já estava farto de ficar olhando o chão. Ele examinou, daqui um dia ou dois, poderás
passar o dia sentado. Se não fosse a
neve, que virou gelo, ninguém sabe explicar isso, estarias perdido, a
queimadura teria afetado aos pulmões, estarias morto.
Depois que ficou
sozinho, foi como se lembrasse de alguma coisa em flash back, ele voando, a dor
nas costas, alguma coisa ardia, depois relaxando pois alguém colocava neve nas
suas costas, sentia perfeitamente o cheiro do seu avô. Isso é impossível verbalizou em voz alta, o
avô estava morto a tempo.
Se seu pai levava
três anos catatônico, cinco que sua mulher estava morta, então faria mais
tempo.
Mas sentiu como
se alguém estivesse passando a mão na cabeça, quando lhe perguntaram se queria
que avisasse alguém pensou na Taimi, mas imaginou que ela se largaria desde
Lapônia para cuidar dele. Não tinha mais
idade para isso. Sentiu que sua mente se
apagava.
Se deu conta que
flutuava acima de seu corpo, seu avô estava ali com ele, desce de aí garoto,
tens que aprender a controlar teus poderes. Antes pode ver suas costas como estavam,
parecia a marcação de uma estrada, uma linha intermitente.
Dos lados estavam
vermelho, com algumas ampolas, o velho ria, se chego um pouco mais tarde com
minha neve magica, estarias aqui comigo, ia ser adorável, mas tens coisas por
descobrir.
Venha, volte a
dormir.
Dois dias depois
já estava sentado, vinha um fisioterapeuta, para lhe ajudar a fazer exercícios
com os braços, para movimenta-los bem, no primeiro dia não consegui se mover,
agora podia dormir de lado.
Foi quando um dos
irmãos veio visita-lo, o que sempre via o maior dos dois, o pequeno nunca via,
nem sabia direito como era.
Lhe perguntou se
estava indo visitar o pai no hospital.
Ele desviou a
conversa, sinal que não ia. Que mulher
e que filhos arrumou meu pai, pensou.
Dias depois
apareceram os mesmos detetives, para perguntar se tinha certeza de que era sua
chefa que subia no elevador?
Bom estava
vestida como ela, o mesmo estilo de roupa, só tinha uma coisa diferente, levava
uma pasta grande, ela nunca fazia isso.
Pois é a
encontramos morta em sua casa, alguém a enforcou, mas deixou as janelas aberta pois
é por onde acreditamos que entrou quem a matou.
Tinha inimigos?
Sim muitos, nem
fazes ideia, era uma pessoa complicada, tratava mal as pessoas que lidavam com
ela.
Ah, agora
pensando bem, me pareceu um pouco mais alta, pois eu estava descendo, notei
isso, tinha as pernas mais altas, em sua cabeça apareceram detalhes, ele sempre
tinha prestado atenção em tudo. Tinha os
ombros mais largos também.
Poderia ser um
homem?
Agora que o
dizes, sim, mas então porque me fez o gesto de beber que sempre fazia quando
estava numa reunião e queria café. Me
fazia sair, para ir buscar no bar.
Falei da
secretária que tinha colocado na rua.
Essa já
entrevistamos, no mesmo dia que saiu daqui, tomou um trem para Estocolmo.
Tudo muito raro,
verdade.
O inspetor
sorriu, pelo visto tu eres o único sobrevivente de tudo. Tiveste sorte, apesar
de momento estares preso numa cama.
Duas pessoas que
passavam pela rua, morreram também.
Sabes do que se tratava a reunião?
Nem ideia, tudo
que sabia, era que iam discutir algum problema relacionado, de como alguém
tinha levado mal um caso. Mas nem ideia
do que se tratava.
Quais os casos
que levava ela?
Processos
corporativos, empresas coisas assim. Por
isso digo que tinha inimigos, pois as vezes se fechava alguma fábrica absorvida
por outra, colocando todo mundo na rua.
Mas não temos
meios de saber, porque se queimou tudo.
Bom desde que
trabalho com ela, uso a nuvem?
Como é isso?
Bom, tinha que
estar ao dia com os processos, afinal eu redigia os mesmo no computador, tirava
uma cópia ou mais, conforme me pedisse, mas guardava ao mesmo tempo numa nuvem,
para poder consultar em casa, não ia sair da empresa como os outros faziam,
levando processos na mão.
Se o senhor me
trás um laptop, eu posso mostrar.
Voltamos mais
tarde.
Voltaram com um
laptop, bem como uma impressora portátil.
Entrou na nuvens para eles, foram imprimindo todos os processos, lhes
disse melhor, passo para um pen drive, vocês levam, estou ficando cansado, foi
esperto, deixou para o final um processo que tinha a ver com a empresa do pai,
que estava sendo mal dirigida pelo irmão.
Esse último processo deu o que falar, pois quem começou foi o sócio
principal, depois passou para ela, não fui nenhuma vez com ela ao tribunal, mas
tem a ver com a empresa que era do meu pai.
Dois dias depois
saiu do hospital, a primeira coisa que faz foi visitar o pai, esse lhe apertou
a mão, alguns momentos está lucido.
Quando o médico saiu de perto, lhe disse baixinho, perdão meu filho, já
entenderas. Em seguida voltou ao seu mutismo
habitual.
Morreu um dia
depois, foi avisado pelo hospital, pois era o único que ia visita-lo, acionou o
que era advogado pessoal dele. Este
tomou todas as providencias, os irmão queriam um funeral espetacular, afinal o
pai era um homem importante.
Mas se
decepcionaram pois o advogado tinha ordens estritas, de que não houvesse
nenhuma cerimônia, que o Keikk devia levar suas cinzas para aonde estava
enterrado seu pai. Assim foi feito. Na leitura do testamento, foi de grande
estupor para os três, deixava todo seu dinheiro para seu filho mais velho. Aos outros dois no testamento tinha anexado
uma copia de teste de ADN, não eram filhos dele, sim de sua mulher com outro
homem, ele tinha feito uma vasectomia quando jovem por causa de uma doença
venérea. Ele era filho dela, com um presidiário, a quem
ia sempre visitar em prisão. Tão mal
elemento como seus dois filhos. Ficam
deserdado portanto, que a fábrica fosse vendida, que o lucro fosse dividido
pelos empregados.
O mais velho
quando saiu furioso, tinha a policia o esperando por desfalque na fábrica, como
pensava que seria o dono, estava negociando a venda para outra empresa, assim
embolsar tudo.
Acreditamos que
ele pagava a algum funcionário do hospital, para manter o teu pai drogado.
A fortuna que lhe
deixava correspondia a muito dinheiro.
Ao pequeno dos dois irmãos, tampouco deixava nada, a mansão estava presa
a um banco, que agora seria proprietária dela.
Numa carta dizia
que o dinheiro que deixava para ele, era um que separava durante aos, para lhe
fazer um fundo, já que o resto era controlado pela mulher.
Descobriu muito
tarde disse o advogado, que ela o tinha enganado durante muitos anos.
Tinha se
esquecido da vasectomia, por isso levou tempo, até o acidente que a matou, essa
estrada só levava ao presidio, então, mandou investigar, ela ia sempre visitar
um preso, que estava ali por assassinato.
Esse era o pai dos dois.
Foi um escândalo
generalizado.
Seu dinheiro foi
transferido para sua conta. Resolveu
levar as cinzas do pai, iria de carro devagar, até chegar a casa do avô,
resolveu vender o carro velho, pois esse não aguentaria essa viagem outra vez,
vendeu, comprou um novo mais potente.
Na hora que
examinavam seu carro para lhe oferecer um bom preço por ele, o mecânico, lhe
disse mais uns dias estarias morto, alguém tentou cortar o cabo do freio.
Chamou
imediatamente os detetives, parece que a coisa vai por mim.
Vamos supor que a
pessoa que subiu no elevador levava uma bomba, veja bem faço deduções, alguém
pensa que no escritório levamos o testamento meu pai, ninguém sabia desse outro
advogado, só o hospital.
Se era para me
matar, mas como sai antes, acionaram a bomba a distância.
O irmão pequeno
disse que o outro atualmente vivia metido em alguma coisa que ele não tinha
ideia, era um simples professor numa escola secundária. Nem desconfiava que o pai que o tinha criado,
não o era de fato.
Já o outro que
estava em prisão preventiva, acabou confessando, ele tinha idealizado o da
bomba, estava sendo investigado por sonegação de impostos, o sócio principal,
levava sua conta, mas ele descobriu que o irmão trabalhava ali, por isso
imaginou que o testamento do pai estava ali.
Já sabia que não era filho dele.
O negocio era te matar, assim podia pagar suas dívidas, contratou um
ator transformista, contou o habito da tua chefa com o café. O outro devia entrar, deixar a maleta na tua
sala, descer.
Ele acionaria a
distância, mas quando viu que saias, acionou precipitadamente fazendo explodir
o prédio.
Agora além do
problema financeiro, tem todas essas mortes nas costas. Seu pai foi um conhecido terrorista na sua
época de jovem. Sua mãe também, por
isso não te queria por perto, pois os outros não eram parecidos contigo.
Puta merda que
confusão.
Avisou aos
policiais que estaria fora um bom tempo, lhe deu o contato, espero que o
celular funcione por lá, senão chamem esse número.
Colocou suas
coisas na bagagem, se esquecia alguma coisa, viu a caixa brilhando outra vez,
enfiou na sua bagagem. Avisou Taimi,
que precisava que fizesse compras para ele, passaria um bom tempo por lá.
Mas durante a
viagem parou para dormir num motel de estradas, desse que param os caminhões.
No dia seguinte
voltou para a estrada, chegou, estava anoitecendo, as cinco horas da tarde, as
noites seriam longas. Viu que na cabana
do avô, tinha fogo na lareira.
Quando entrou,
Taimi estava sentada, tinha um rapaz de costa para ele, ela tentou se levantar,
mas a idade pesava, ele se ajoelhou, para abraça-la. Você não se lembra do Tom, viveu aqui quando
criança, mas sua mãe foi para os Estados Unidos, agora voltou para cuidar da
granja dos avôs dele, me ajudou a limpar tudo, estou velha meu filho, estou
velha.
Jantaram os três
ali, Tom avisou que alguma palavras ele tinha esquecido, que falasse devagar.
Sem querer a Taimi
falando, se lembrou dela ensinando os dois a escreverem, a ler.
A infância tinha
sido magica para ele, seu avô era uma figura querida na vila, todos vinham
sempre o consultar sobre qualquer coisa.
Mas quando ele
desaparecia para a cabana, não gostava que fossem até lá.
Estava enterrado
justo ao lado dela, ninguém tinha as chaves de lá. Subiu dois dias depois que o tempo estava
bom, levou a urna com as cinzas de seu pai, uma pá, primeiro havia que retirar
a neve, depois era duro escavar na terra que tinha por baixo que estava
congelada, embora o buraco fosse pequeno.
Se acercou da
cabana, lhe bastou colocar a mão na porta para ela abrir. Achou estranho,
estava tudo em ordem, só tinha entrado uma vez, era como se ali vivesse alguém.
Estava cansado do esforço, se lembrou da recomendação do médico, descanse o
máximo possível. Acabou dormindo, se despertou com um pouco de frio, como seria
bom que a lareira estivesse acessa, voltou a dormir, ao despertar porque estava
com calor, viu a lareira acessa.
A porta
continuava cerrada. Viu uma pequena
estante na parede, tinha um foto dele quando criança, mas quando olhou a foto,
viu que não era ele. Tinha outro nome por detrás. Ao pronunciar esse nome, a
parede atrás de se abriu, viu uma gruta, iluminada, a cada passo que dava a
parede se iluminava. A curiosidade
lhe picou, seguiu adiante, deu com uma parte central imensa, estava dentro da
montanha.
Uma pequena
cascata, com uma água muito limpa. Tomou um gole, se sentiu estupendamente bem,
era capaz até de voar. Quando viu estava
no ar. Riu muito, desta vez voar não
tinha nada com a tragédia que tinha sofrido.
Voltou, não tinha
noção do tempo, lá fora era noite.
Merda, não tive a ideia de trazer nem um sanduiche, na mesa simplesmente
apareceu um jantar.
Esse lugar era
magico, rui muito, coisas do meu avô.
Depois de fechar
a porta, tentou várias vezes primeiro, mas não se movia, lembrou-se do nome a
mesma fechou sozinha.
Se deitou, desta
vez se abrigou com uma manta de pele que estava dobrada aos pés da mesma.
Sabia que não
tinha se mexido na cama. Porque sonhou
que se movia outra vez pela gruta, só que desta vez, escutava uma voz que lhe
contava a história de tudo. Foi como voltar a Lapônia original, homens e
mulheres vestidos de peles, cachorros correndo por ali. Um homem parecido com
seu avô, segurando a mão de um garoto, lhe contava que o dom da família sempre
saltava uma geração, que a ele lhe tocava preservar o lugar, era mágico, seu
dever era ajudar as pessoas, quando se sentisse cansado, devia vir até ali,
para recarregar energias.
Depois se lembrou
quando seu avô o trouxe em criança, fazia um movimento com a mão, todos os
objetos se moviam, mas quando começaram a descer, com a desculpa de colocar a
mão na sua cabeça, fez com que ele esquecesse tudo.
Quando despertou
o dia estava claro, tenho que descer, mas que um café ia bem, mas falou o
desejo, apareceu a caneca especial de seu avô com café.
Tinha uma boa
caminhada pela frente, passou pela casa da Taimi, ela estava sentada na pequena
varanda apanhando um pouco de sol. Para
esquentar os ossos.
Ficaram
conversando, eu agora tenho a mania de ficar escutando a rádio, um grande
invento, falaram de uma explosão no prédio que agora sei que era aonde
trabalhavas, escutei ruído, quando olhei, vi teu avô, pegando neve, colocando num
balde. Pensei estou sonhando, pois era
muita quantidade para caber num balde.
Então era isso,
começou a rir, esse meu avô. Contou para
ela o que tinha acontecido, com a explosão fui parar em cima de um balcão do
bar ao que me dirigia, meu casaco tinha fogo, o rapaz do bar, disse que não
conseguia se mexer, em seguida viu que se colocava neve nas minhas costas, que
o fogo tinha sumido, que essa neve fez como uma camada protetora nas minhas
costas. Quando chegaram os enfermeiros
ele não sabia explicar isso.
Sim teu avô era
um ser mágico, até hoje me lembro, quando veio me ver, depois da morte do meu
bebê, me disse, não te preocupe, vem outro a caminho para cuidares, nada nunca
vem só.
No dia seguinte
estavas aqui. Um dia lhe perguntei como
sabia, me disse que intuição.
As pessoas vinha
falar com ele, com seus problemas, ele tinha paciência, mesmo que a pessoa
fosse pesada.
De tempo em
tempo, desaparecia, uns dias na sua cabana na montanha, nunca convidou ninguém
para ir, a única pessoa que levou foi a ti em criança. Quando te perguntei o que tinha vistos,
respondeste, “segredo nosso”, ele ficou rindo, me dizendo não sejas curiosa.
As pessoas as
vezes se surpreendiam com ele, pois começavam a falar, ele soltava o que tinha
que fazer.
O tempo que vivei
comigo em Helsinki, porque a bruxa não queria que eu vivesse com eles, o que
hoje creio que foi bom. As pessoas
todas o vinha procurar, agora entendo que foi isso que o cansou, gastou energia
demais, quando chegou aqui, parecia que suas baterias voltavam a se carregar.
Um dia me pai me
contou que tinha mágoa do velho, no dia que te trouxe, te pegou nos braços,
como se eu não existisse, só falou comigo para me chamar atenção, abrindo a
porta chamando a Taimi, como dizendo veja o que chegou. Ela ficou louca contigo, os dois me
ignoraram totalmente nos dias que estive aqui.
Como se minha obrigação tivesse sido esta, te trazer, o resto não
importava.
Fui embora
furioso, jurei nunca mais voltar.
Agora entendo o
que aconteceu.
Ela sorriu
matreira, tens os mesmos olhos dele, quando falavam, uma vez vi uma foto que
estava guardada num livro, está no quarto dele, era um garoto igualzinho a ti,
anos mais tarde, lhe perguntei quem era, me disse que ele quando criança com
seu avô.
Depois me lembrei
disso, pois eras igual a ele. Teu pai
era diferente, conheci tua avó, ela tinha cabelos negros, como os do teu pai,
tu ao contrário tinhas sempre esse cabelo loiro, quase branco.
Venha, entre
vamos comer. Estou me sentindo melhor
desde que chegaste. Lhe dei a mão para
se levantar, mas o fez sozinha.
Depois passei a
mão pelos seus joelhos, vi que o inchado desaparecia.
Quando fui para
casa, acendi a lareira, fui buscar a caixa, estava no quarto que sempre tinha
usado, mas resolvi dormir no seu quarto, pois a cama era maior.
Quando abri a
caixa as coisas ficaram brilhante, se elevaram no ar. Se moviam rapidamente,
escutei baterem na porta, lhes disse para dentro, rapidamente foram para a
caixa, ficaram quietas, fechei rindo, fui abrir a porta.
Era o Tom com um
treno, cheio de lenha, sei que não podes fazer muito esforço, lá tenho muita
lenha. Começou a empilhar ao lado da
lareira.
Me perguntou se
podia dar um conselho.
Claro, o que
passa, mas ao mesmo tempo estava vendo qual era o problema, já lhe ia
responder, mas alguma coisa me disse, escute primeiro.
Falou que nos
anos que estavam fora, um parente tinha ajudado seu avô a cuidar da mesma, mas
o pessoal diz que é mentira, ficava era no bar bebendo. Agora queria disputar a mesma como herança
dele.
Sentiu as
pálpebras, descendo, a que ano ele se refere.
Tirou o papel do bolso, disse o mesmo.
Impossível, nesta
época, quem ajudava seu avô era outro homem que vive ao lado do armazém hoje em
dia, fale com ele, se lembra de tudo.
Se ele não
desiste, diga que tens um advogado vindo de Helsinki, especialista nessas
coisas.
Obrigado.
Depois ficou
sorrindo, colocou lenha na lareira, estalou os dedos, as chamas alimentaram, o
fogo aqueceu a casa.
Agora entendia
muitas coisas, de porque ele chamava seu avô de magico.
Uma das contadas
vezes que seu pai apareceu, ele soltou que seu avô era magico, seu pai lhe
soltou em plena cara, é um filho da puta isso sim. Deixou que me levasse para longe disso aqui
que eu adorava. Me dizia que tinha que
ser alguém para o futuro.
Na sua cabeça as
lembranças apareciam como um flash, uma das primeiras vezes que foi visitar seu
pai, num dos seus momentos de lucidez, soltou, agora ele sempre esta aqui
cuidado de mim, pensou que falava de algum enfermeiro, as coisas se
encaixavam.
Quando decidiu
ficar de vez, falou com o advogado, iria ver que banco tinha na cidade mais próxima,
para transferir o dinheiro para lá.
Falou também com os detetives, como estavam as coisas.
Soube que quem
ensinou seu irmão a fabricar a bomba tinha sido o pai, que ele passou a visitar
na cadeia. O outro se negava a ir. Disse que ia pedir uma linha fixa para a
casa aonde vivia, que logo mandaria o número.
Perguntou a Taimi
se queria alguma coisa da cidade, ela fez uma lista, o Tom foi com ele, pois
tinha encomendas.
No carro foi
contando tu tinhas razão, o homem sabia tudo, nessa época esse tal parente já
não estava aqui, pois meu avô o expulsou, pois gastava no bar, mandando colocar
na conta dele.
Quando comentei
isso com ele, disse que seu advogado sabia o que fazia, lhe contei como você me
disse para fazer, pois o meu é de Helsinki, disse que nada disso vale. Não há documentos, além de que tenho
testemunhas. Desapareceu.
Deixou Tom
fazendo suas compras, ele foi ao banco, era o mesmo que tinha na capital, pediu
transferência de sua conta. Depois foi
a companhia telefônica, pediu se podiam estender a linha até sua casa, bem como
se podia ter internet. Pagou todas as
taxas, faremos isso rápido, pois o inverno vem aí, fica mais difícil.
Depois foi buscar
as coisas que Taimi queria, bem como fazer suas compras, tinha aprendido a
cozinhar algumas coisas. O principal era
o pão, mas esse a senhora da loja o fazia todos os dias, comprou tudo como
gostava.
Se abasteceu bem,
voltaram com o carro carregado.
Tinha se
esquecido como era o inverno, todos os dias tinha que limpar a entrada da casa,
para poder caminhar. Normalmente a
partir das 10 começava a aparecer pessoas, que ele nunca tinha visto, atrás de
um conselho, ou mesmo que ele rezasse uma criança. Algumas vezes, colocava a família no seu
carro, os levava a cidade mais próxima para um hospital, pois era um caso
grave. Milagres não faço lhes dizia.
Sua fama, logo
era grande.
O melhor era
quando podia subir, passar dois ou três dias na cabana. Um dia se perguntou
como seria a sequência, ele nunca tinha tido namoradas, como encontraria alguém
para ser o próximo da linha.
Não se preocupe, aparecera.
Recebeu uma
chamada do advogado, dizendo que tinham encontrado uma carta de seu pai, que
devia estar junto ao testamento, mas por algum motivo tinha caído no
arquivo. Te mando por correio.
Quando chegou foi
toda uma surpresa.
Era um bloco
grande, anotações, na frente um bilhete, para que saibas a verdade, essa sempre
tem dois lados, esse é o meu.
Falava do repudio
do pai, que esperava que ele tivesse os mesmos poderes que ele tinha, se
esquecia sempre que fazia falta saltar uma geração.
Em seguida me
levar a gruta, me mandou estudar interno em Helsinki, a partir daí, passou a me
ignorar. Quando sai, passei a
trabalhar, conheci uma colega alemã, que trabalhava comigo no escritório da
fábrica. Estava gravida, não sabia de
quem. Eu a ajudei a ter a criança,
registrei como minha, ela voltou para sua terra, eu na verdade nunca a
procurei. Essa criança eras tu.
Ou seja, não é
necessário uma linha direta para os poderes.
Quando te levei,
já sabes da história, me ignorou, esperou que eu fosse embora imediatamente, a
primeira coisa que fez foi te levar a gruta.
Fiquei furioso,
com ele, ia te estragar a vida, mas depois pensei, não é meu filho. Quando jovem tive um problema, tiveram que
fazer uma vasectomia, pois podia transmitir um problema aos meus filhos.
Os outros dois,
eu sabia que não eram meus filhos, mas queria ter algum.
Nada saiu como eu
esperava. Mas quando ele veio morar
contigo aqui, ia conversar com ele, quando não estavas, o que descobri me
deixou gelado.
Quando alguém tem
esses poderes, a gruta, o isola do mundo, tem só uma função, cuidar dos outros,
vida própria jamais.
Espero que saibas
escolher, porque podes fazer isso.
Contava toda sua
vida, como tinha ido ascendendo na empresa, até se tornar seu dono. O dinheiro que te deixo, é só meu, nada tem a
ver com a empresa.
Viva tua vida,
não fiques seco como meu pai. Ele no
fundo não ama ninguém, acredita que tudo que faz é te proteger do mundo, mas
tampouco te deixa viver tua vida.
Quando acabou de
ler, estava fora da cabana, atualmente se sentia sufocado ali, pois
constantemente tinha obrigações a cumprir.
Isso de saber o que vai acontecer com a vida dos outros, que só tu podes
arrumar, era esgotador. Agora se fazia a
mesma pergunta, e a minha, ele não tinha escolhido nada. Simplesmente não vivia, pensava que tinha
encontrado a paz, mas era as vezes assaltado durante a noite, pensando na
pessoa que o viria ver no dia seguinte.
Ficava as vezes
farto das merdas que as pessoas fazia, depois corriam para ele.
Se sentia
desequilibrado, na última ida à cidade, tinha visto que seu dinheiro seguia
crescendo pois o tinha aplicado, mas ele não desfrutava de nada. Quando jovem tinha pensado em percorrer o
mundo, mas estava ali prisioneiro de uma certa maneira a gruta.
Quando viu,
sentado ali embaixo de uma árvore, seu avô estava ao lado dele, tens razão
perdemos nossas vidas particulares. Nem
posso dizer como seria a minha, pois não a vivi, a única época que estive longe,
foi quando fui viver contigo na capital.
Lá me aceitavam de outra maneira.
Mas ao me afastar da gruta comecei a ficar doente. Tinha pesadelos, como não tinha mais o mesmo
propósito, me cobrava que voltasse.
Mas tens o
direito de te arriscar, eu já era um velho então, tinha poucas possibilidades.
Tens uma intuição
mais poderosa do que eu. A única coisa
que pode destruir o efeito, e que entrem na gruta pessoas com a parte de
maldade maior que a bondade.
Soube pelo Tom
que o seu irmão, tinha conseguido escapar da polícia, ajudado pelo outro, que
não sabiam aonde se dirigiam.
Ele entendeu que
viriam atrás dele. Visualizou a chegada
deles, mostrou o caminho que tinham que seguir.
Quando
perguntaram por ele Taimi disse que estava na cabana da montanha. Sem querer
pensando que era alguém que precisava de ajuda, indicou como ir.
Ele os esperava,
não dentro da mesma, mas escondido fora.
Viu que examinavam a mesma, pois pelas janelas era impossível ver
dentro, armados, tentaram a porta, o que era professor não conseguiu abrir, ele
na distância, quando o outro empurrou a porta a abriu para ele, mal entraram a
porta fechou, iria considerar como uma invasão, ele sabia que acabariam
descobrindo a maneira de entrar na gruta.
Foi descendo a
montanha, tranquilamente. Agora era
esperar que a ganancia, a maldade ganhasse.
O tempo ali,
funcionava de outra maneira. Estava
preparando sua pequena bagagem, pois não necessitava de muito, quando escutou
uma grande explosão, toda a montanha tremeu, a coisa foi tão forte, ao mesmo
tempo sentiu que seus poderes desapareciam.
Tom veio correndo
ver se estava em casa, subiu com o resto dos homens, quando desceu, disse que
no seu lugar agora, tinha um imenso buraco, como a cratera de um vulcão, até
sua cabana tinha desaparecido.
Se despediu
deles, dizendo que ia fazer uma viagem, agora olhava as pessoas sem intuir nada
a respeito.
Transferiu sua
conta outra vez para Helsinki, mas quando chegou lá, sentiu que necessitava
partir para longe.
Estava na rua,
passeando, coisa que não tinha feito em sua vida, quando viu um anuncio numa agência
de viagem, para Nova Zelândia, falava do clima espetacular, das possibilidades
de empregos. Comprou um bilhete num
impulso, não queria saber o que poderia acontecer amanhã. Quando chegou a Wellington se apaixonou pela
cidade, encontrou uma casa para viver, na parte debaixo, montou um escritório
de advogado, fez um curso para revalidar o seu diploma. Passou a atender aos clientes que iam
aparecendo. Apenas usava sua intuição,
que isso sempre tinha tido, para aceitar ou não um caso.
Finalmente
conheceu alguém, se casou. Nunca tiveram
filhos, mas para ele não era importante, até tinha medo de ter algum. Seu passatempo era sair de barco, viver a
vida.
Dizem que morreu
jovem, numa coisa rara, um assalto a um banco, quando fazia a transferência de
dinheiro para nunca mais sair de Nova Zelândia.
Um movimento seu fez com que um dos assaltantes lhe acertasse em pleno
peito.
Na hora, percebeu
que era o seu irmão, que vinha de algum outro lugar para o executar.
Não se preocupou,
tinha vivido nos últimos anos como queria.
Foi um caso
estranho, pois os assaltantes, apareceram, desapareceram da mesma maneira.
Seu enterro tinha
poucas pessoas, mas isso não importava, seu ultimo desejo, sim, ser jogado ao
mar. Acreditava que assim, não haveria
réplicas. Tinha chegado à conclusão
nesses anos, que ajudar muito as pessoas, nem sempre resolvem seus problemas. Elas tem que aprenderem sozinhas a resolver o
que criam de errado.
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