miércoles, 16 de septiembre de 2020

NEW CHANCE

                                                NEW  CHANCE


Meu nome é Drew Bron, depois de 10 anos em prisão, descobriram que eu não tinha culpa de nada, estava no lugar errado, na hora errada.

Por minha sorte o investigador que tinha ocupado do meu caso, nunca desistiu, mas era época de eleições para prefeito, bem como para fiscal.  Queriam uma solução rápida para o crime que tinha comocionado a cidade.   Um assassinato brutal de uma jovem, a tinham esfaqueado até não poder mais, bem como lhe cortado os genitais, os lábios, as orelhas.  Isso nunca foi encontrado.

Resulta que eu estava dormindo justo perto, escondido entre ramos, drogado como um idiota, tinha sido minha primeira vez, levei dois dias para me dar conta que estava na prisão.

Minha historia é curta, fui abandonado num orfanato, por uma mãe, que dizia que não tinha como me criar, tinha antes feito uma denúncia de abuso, eu era fruto disso, portanto tampouco saberia nunca quem era meu pai.    Fui educado nesse lugar, dado em adoção, duas vezes, nas duas sofri abusos sexuais, quando voltei da primeira, estava completamente desnutrido, doente, passei meses na enfermaria do orfanato.   Da segunda vez, já não aguentei mais, fugi, mas antes fiz uma coisa que me condenou.  Queimei o caralho do sujeito que abusava de mim, estava dormindo, me levantei, peguei álcool na cozinha, bem como óleo, coloquei fogo.  Literalmente fritei os ovos do sujeito.

Mas me pegaram, como só tinha 14 anos, fui para o reformatório, muitos abusos, até conseguir aprender a me defender.  Cresci, fazendo exercícios, mas como dizia um companheiro, a merda é que eres bonito.  Era um mulato muito claro, com olhos verdes, cabelos de sarará, loiros, uma boca sensual, um corpo sem nenhum pelo.   Isso dizia ele atrai os homens brutos.  Inclusive diziam que delícia seu cuzinho de cabelos loiros.

Quanto mais musculoso ficava, mais pareciam atraídos por mim.

Quando escapei do reformatório, passei a fazer pequenos serviços, adorava a mecânica, tinha aprendido alguma coisa no reformatório.  Entendia de carros, gostava de dirigir, ajudei um grupo a roubar drogas, me deram um pouco em pagamento.  Quando acabou o dinheiro, não encontrei mais os sujeitos, o jeito foi consumir a droga toda, pensava que assim morria de vez.

Quando me encontraram, estava ali, quase ao lado de aonde tinha acontecido o crime, sujo, completamente drogado.  O Chefe de polícia, além do fiscal, acharam o bode expiatório perfeito.    Fui acusado, para cumprir uma pena de 15 anos.   Tinha acabado de fazer 18 anos, quando entrei na prisão.   O fiscal, bem como o prefeito, foram eleitos por causa disso, a rapidez como resolveram o caso.

Mas o detetive, não se conformou, dizia que se eu estava drogado dessa maneira, não poderia ter tido capacidade para executar com tanto requinte esse assassinato.  Aonde estava as coisas que faltava?   Ficou esperando que acontecesse outra vez, foi acompanhando tudo que acontecia no pais, procurando crimes idênticos.  Dizia que um dia alguém pegaria o fulano.

Ia sempre me visitar na prisão, me dizia não desisto, vou te tirar daqui.  Procurava provas, para pedir minha exoneração.

O primeiro momento foi de estupor, ao me dar conta que teria que ficar ali, sem chance nenhuma de escapar durante 15 anos.    Poderia dizer que nem tinha vivido ainda.  Minhas chances de passar dos 5 primeiros anos era quase nulas.

O primeiro mês, sofri pelo menos dois abusos, as duas vezes fui parar no hospital, depois passei a me defender, agora tinha força, acabava sempre na solitária.  Não adiantava argumentar, o chefe dos guardas, dizia na minha cara, quem manda ter uma bunda apetitosa.

Três anos depois, sofri o pior deles todos, porque foram muitos, sofri um desgarro anal, fiquei entre a vida e a morte.   Um dos ajudantes de enfermaria, era um mulato, forte, mulçumano, o vi rezando por mim, com muitos custo, lhe pedi, nunca tive fé, minha vida foi miserável, será que podias me ensinar a rezar.  Fiz um esforço imenso, para me recostar na cama, ele me ajudou, me ensinou a rezar a Alah.   Vinha todos os dias, rezar comigo, ler um troço do seu livro.  Um dia veio acompanhado do homem que coordenava todos os mulçumanos na prisão.   Me perguntou por que queria me converter.   Lhe disse que nunca tinha tido religião, que estava perdido, mas desde que o George Brown me ensinou a rezar, me sentia melhor.   Lhe disse, que tinha um problema, nem era branco, nem era negro.   Mas me recebeu no seu grupo.  Sabia que os outros não se atreviam a colocar a mão em cima deles.  Quando sai da enfermaria, me colocaram na cela do George Brown, com ele, aprendi tudo sobre ser mulçumano.  O que devia comer, como devia me comportar.   Eles também levavam uma parte da oficina de carros, disse que sabia alguma coisa.    Fui aprender mais, logo era um excelente mecânico.

Agora, estava protegido.   Contei toda minha história de abusos ao George, ele passava a mão na minha cabeça, me chamava de irmão, eu também sofri isso a vida inteira.   Confessou que tinha chegado a um ponto de sentir prazer com isso. 

Um noite, o vi chorando, lhe perguntei que passava, me disse que era seu aniversário, que ninguém tinha se lembrado dele.  Eu dormia no catre de cima, desci, me sentei, comecei a cantar para ele, mudando a letra Sweet Georgia Brown, trocando por George, ele ficou passando a mão no meu rosto.  Obrigado amigo, obrigado.   Cantas bem, me agradeceu com um beijo, dormimos juntos essa noite.   De manhã me pediu desculpas por ter cedido a tentação, lhe disse que ninguém precisava saber do nosso.   A partir desse dia, passamos a formar um casal.  Eráramos amigos para o desse e viesse.   Trabalhávamos juntos consertando motos dos policiais, carros o que fizesse falta.  Agora me deixavam em paz.

Consegui levar os anos, que foram passando, estudava na biblioteca as revistas de carros e motos, melhorei minha leitura também, vimos juntos um filme que adorei, Easy Rider, vimos tantas vezes que sabíamos inclusive os diálogos, as músicas.  Ficávamos de noite conversando qual roteiro faríamos.  Se víamos um filme que falava de alguma lugar, logo o incluíamos.

Ele me ensinou a sentir prazer, bem como eu lhe dava prazer.  Posso dizer sem vergonha nenhuma que o amava. 

Nos momentos de oração, orava pedindo que um dia pudesse sair de ali, refazer minha vida.

Fazia tempo que o detetive não aparecia, desta vez veio com um advogado.  Tinha capturado o sujeito, pois tinha feito crimes iguais em todo Estados Unidos, estavam revendo meu caso, incluindo que poderia pedir uma indenização para recomeçar minha vida.

O fiscal e o chefe de polícia fizeram de tudo para que o caso não fosse reaberto, mas desta vez o juiz era um inimigo dos dois, se deram mal.

Dias antes quando soube que poderia ir embora, chorei muito abraçado ao George, ele me dizia que nunca me esqueceria, a ele lhe faltavam cinco anos.  Se houver um milagre na próxima tentativa de condicional, pode ser que saia. 

Me deu um endereço, é a oficina de meu irmão, o chamarei, dizendo que eres um bom mecânico, podes trabalhar lá.

Na noite antes de sair, nos amamos sem vergonha nenhuma, eu estava acostumado a fazer sexo com ele.  Sou honesto de dizer que nunca tinha sentido tanto prazer na minha vida.   Nos despedimos de manhã, com um beijo.  Mande notícias, sabes o quanto gosto de cartas.

Nesse dia chovia demais, ao mesmo tempo estava começando a nevar, não entendia isso, como se as duas coisas quisessem me dar boas-vindas ao mundo livre.

Lá fora estava o detetive, me perguntou se tinha aonde ficar.  Disse que nem saberia andar hoje pela cidade, tinha o endereço do irmão do George, me levou até lá.   Era um negro imenso, o dobro do George.

Me examinou de cima a baixo, vamos ver o que sabes de motor, me sinalizou um carro velho ali encostado.  Levantei o capo, comecei a fuçar, se me permite, posso arrumar.   Fiquei hospedado na casa do Inspetor, ia todo os dias cuidar do carro velho.  Um dia que foi me levar, lhe disse que seu carro tinha algum problema, mas me meti embaixo, vi que tinham cortado o cabo do freio.  Alguém está tentando matar o senhor.

Ele fez uma denúncia na delegacia, tiramos fotos, troquei o cabo, tempo depois lhe tentaram matar com um tiro. 

Disse que tinha recebido uma chamada telefônica, que o melhor que fazia era mudar de cidade.

Ele me contou que tinha uma filha que era da CIA, vivia em Washington, vou viver com ela, qualquer coisa, também acho melhor saíres daqui.   Eu finalmente tinha recebido a indenização da condena errônea.  Era boa, podia começar a vida em qualquer lugar.

Escrevi para o George, lembra nossa lista de Easy Rider, vou para a última, te espero lá. Sinto tua falta meu amigo.

Seu irmão me deu uma carta de recomendação, bem como eu tinha uma carta me inculpando de tudo.

O Carro velho estava como novo.  Tinha sido para ver como me saia.  Eu tinha trabalhando com tanto amor ao carro, que o comprei, sai da cidade num dia de madrugada, já com ele abastecido, só parei ao meio dia do dia seguinte, para comer estudar o roteiro que ia fazer.  Vi que tinha um desses armazéns que tem de tudo.   Comprei um barraca do exército de segunda mão, bem como saco de dormir.  Queria quanto mais pudesse acampar, não queria ter muito contato com as pessoas.  Sempre estava desconfiado.

A ideia de colocar distância era o mais importante.  Dirigi o resto do dia inteiro, até me encontrar já dentro da rota 66, foi um paraíso, comprava mantimentos, se o tempo estava bom, parava em algum lugar deserto, para dormir, no dia seguinte, em algum posto de gasolina, aproveitava para tomar banho.  Meu dinheiro estava no banco, quando resolvesse aonde ficar, faria uma transferência.

Aonde tivesse telefone, falava com o George, mas todos os dias lhe escrevia uma carta, contando o que tinha visto. 

Um dia que chamei o guarda disse que agora era tarde, na noite anterior tinha assassinado o George, se sabia que era uma coisa mandada.

Falei com seu irmão, ele confirmou, acredito que estava atrás dele pelo relacionamento que vocês tinham.   Mas lhe tinham negado a última condicional.   Pois seu crime não estava prescrito.

Fiquei chocado, fiquei parado nesse lugar, no meio do deserto uns dois dias, escondi bem o carro num beco da montanha, subi a mesma, fiquei ali lambendo minha feridas. 

Tinha perdido a graça, ir para Santa Fé, aonde pensávamos que era a final do filme.

No último dia ali na montanha, estudei o mapa, nunca tinha visto o mar, podia tentar algum lugar que encontrasse trabalho.

 Tomei a direção de Los Angeles, me pareceu a mais segura, dali poderia ir procurando algum lugar, pensei, tenho que viver num lugar que tenha muita gente assim posso passar desapercebido.     Quando cheguei a Venice Beach, foi um amor à primeira vista, tinha visto em filmes, mas ali ao vivo era diferente.  Logo descobri, uma oficina mecânica para motos, o dono um senhor já de uma certa idade, disse que atualmente tinha poucos clientes, o pessoal não para, se quiseres experimentar.

Nem pensei duas vezes, consegui um pequeno apartamento, num beco, logo por detrás da oficina, que como era o último andar, me dava uma vista do mar.   Nas horas vagas aprendi a fazer surf com o pessoal da praia, quando me perguntava o que fazia, logo apareceram mais clientes na oficina.    O que diziam era que o velho tinha muito mal humor.

Quando lhe comentei isso, respondeu honestamente.    Foi um período difícil, meu filho foi para a guerra do Golfo, voltou outra pessoa, viveu nas drogas, pelas ruas, eu mantive a oficina pensando quando ele voltasse.  Tinha muito jeito para as motos.  Foi encontrado na rua literalmente beijando o meio fio.   Tinha um tiro na nuca.   Dizem que roubou drogas de quem não devia.

Logo apareceu um carro para arrumar, eu nunca me negava, fomos ficando conhecidos outra vez, deixei meus cabelos crescerem nem precisava fazer um rastafari, ele se enrolavam sozinhos.    Volta e meia aparecia um ex-combatente, procurando pelo filho do dono.  Quando lhes contava o sucedido.  Todos diziam o mesmo, voltamos com a vida trucada.

Fui ficando ali, o velho me tomou carinho, era como se tivesse me adotado, algumas vezes me apresentava como seu filho.   Ninguém lhe enchia o saco, porque ele era dono do local, pois o resto, nunca vi abrir e fechar tantos locais.   Quando chegava o verão se trabalhava muito, mas na época do inverno, que eu mais gostava, podia fazer surf tranquilamente pela manhã.

Me resguardei uns bons dois anos, sem me meter com ninguém, nada de sexo, queria me equilibrar bem.  Inclusive fui a um psicólogo, para me centrar bem em mim mesmo, dizia que nos primeiros dias eu parecia um enxurrada de problemas, pelos quais tinha passado, aos quais pensava que tinham influído em minha vida.   Eram mais para colocar para fora, do que reclamar.

Não ia ficar chorando o leite derramado, já tinha acontecido mesmo, pensava, concordava que apenas tinha que ter realmente noção do que me tinha acontecido.   Fazia exercícios com o pessoal nos equipamentos da praia.  Mantinha meu corpo forte.                  Algumas vezes recebi insinuações sobre meu corpo, mas fiz como se não escutasse.     A toda custa tinha que evitar dar margem a problemas.  

O velho Mattei, ria comigo, tu eres contrário ao meu filho, ele simplesmente não se envolvia em problemas, era o problema, estava sempre metido em brigas, pensei que indo para o exército ia se endireitar, mas nada.

Estava arrumando uma moto de última geração, quando viu uma pessoa parada ali ao meu lado, reparei que a mesma usava uma prótese.  Levantei a cabeça, ali estava o homem mais bonito que já tinha visto. Com uns cabelos largos, loiros, com um sorriso que me fez perder o folego.

Perguntou pelo senhor Mattei.

Espere, foi tomar um café com os amigos, lhe aviso.

Este voltou rápido, lhe perguntou o que queria, este tirou da sua moto, um pacote, são coisas de seu filho.  Servimos juntos, mas fomos internados em lugares diferentes, essas coisas dele ficaram misturadas com as minhas. 

Vejo que cheguei tarde, já soube por amigos o que aconteceu, mas vinha pedir emprego, entendo que já tem empregado.

Eu me levantei, sempre há trabalho para duas pessoas, eu agora trabalho sozinho, mas acredito que o senhor Mattei entende que necessitas de trabalho. 

Claro que posso te contratar, não posso é pagar muito, esse jovem me tirou do buraco, pois quando meu filho ficou mal, eu atendia os clientes com raiva, me irritavam as perguntas, mas ele recuperou não só os clientes de moto, como de carros.

Me chamo Brian Note, se precisarem de informação, eu servi na brigada de veículos, meu trabalho era justamente esse reparar carros blindados.

Tens aonde morar lhe perguntei?

Não, mas posso dormir numa tenda na praia.

Isso está proibido, posso lhe ceder um pequeno quarto da minha casa, é pequena, mas dá para se ajeitar.    Na verdade, eu não o queria perder de vista, estava embelezado por ele.

Ficou por ali, conversando com o senhor Mattei, sobre seu filho, como era impetuoso, nosso grupo o controlava, mas estava sempre se metendo em confusões.   Era como dizia o velho, não entendia por quê.

Terminei o que estava fazendo, o levei até minha casa, era um pulo, lhe disse que ia surfar um pouco, se queria vir.

Terei que ir de muletas, pois a prótese se afunda na areia. 

Sem problemas, ele ficou só de sunga, fiquei louco, tive que controlar minha excitação. Ele percebeu.

Fomos caminhando para a praia, ele me contou que sua volta tinha sido traumática, além de perder a perna, essa teve que ser amputada duas vezes, mas a recuperação psicológica, foi dura.  

Não quis dizer ao senhor Mattei, mas tive um relacionamento com seu filho, não deu muito certo pois ele gostava era de sexo duro.   Por isso nos afastamos.   Ele se metia com todos os tipos duros do acampamento, não escondia que fazia sexo com eles, mas tampouco ninguém se atrevia a lhe chamar de marica, pela força que tinha.

Levei muito tempo para me refazer de tudo, pensava que quando estivesse aqui, ele tivesse se centrado, mas o pessoal me avisou que andava nas drogas, vivendo nas ruas.   Todos tentaram ajudar, mas dizem que foi impossível.   Ninguém conseguiu descobrir quem lhe deu o tiro, mas alguma deve ter feito para isso.

Depois, fui até minha cidade, para ver se me acostumava, mas impossível, minha família, tinha medo de mim, pois era uma época que ainda tinha pesadelos feios, despertava de madrugada, gritando, dava murros nas paredes.

Vi que me faltava muito para recuperar.   Me internei espontaneamente, para isso, foram dois anos me recuperando.      Agora estou bem, só tenho pesadelos, se estou nervoso.

E tu?

Bom eu passei dez anos em prisão, por um crime que não cometi, graças a Deus o detetive que me prendeu me ajudou, pois não aceitava que eu tivesse cometido o crime, tinha nesse dia experimentado droga, pensava na verdade em me matar.

Sofria desde garoto abusos sexuais, diziam que eu era bonito, além do corpo que tinha, na prisão num primeiro momento foi igual, mas fui esperto, porque senão estaria ferrado, me uni a um grupo de muçulmanos negros, dividia cela com um deles, que foi o amor da minha vida. Pensamos nos encontrar depois, mas o assassinaram.  Ninguém sabe por quê.    Agora, estou a anos sem ter relações, podia ter com qualquer um, mas decidi me centrar em reconstruir minha vida, nunca é tarde, a anos que vou a um psicólogo, para me encontrar direito.

Realmente tens um corpo de enfarte, fiquei de pau duro quando te vi ali abaixado, se via o teu rego, mas me controlei.  Ficaram rindo os dois como dois adolescentes.

Sabes fazer surf?

Sim, vivi perto de uma zona de praia, de garoto sempre ia, mas com uma perna só, não tentei ainda.

Espera, gritou por André, logo apareceu um homem como ele, com uma perna só.   Um aluno para ti.

Esse ria, nos os pernetas, somos os melhores surfistas do mundo, pois temos que encontrar o equilíbrio, mas complicado.

Foram até aonde estava um grupo, todos usavam próteses. Estavam ali de muletas.  André chegou dizendo mais um para nosso grupo.

Um deles, uma vez tinha soltado, que adoraria dormir em cima de mim.

Sorriu, perdi meu tempo hem.    Talvez não tivesse tentado nada com ele, porque se parecia demais ao George.

Mais tarde comendo alguma coisa, ele me perguntou se seguia sendo mulçumano.

Sim sigo indo a mesquita, tem uma aqui.  Aprendi a rezar, mas vou sempre no horário que não tem ninguém, não gosto de pregação.

Vi que o rapaz que estava na praia, não tirava o olho de ti.  Me pareceu boa pessoa.

Pois é, mas me lembra muito o George, tinha medo de relacionar com ele por isso.

De noite lhe avisou, tenho o hábito de dormir nu, espero não te incomodar, as vezes levanto de madrugada quando não consigo dormir. Procurarei não fazer barulho.

Nessa noite, despertou com ele sentado ao lado da cama, completamente nu, olhando para ele.

O que passa. Não tiro você da minha cabeça, posso, se deitou ao seu lado, ficaram conversando baixinho, até que começaram a rir, como se alguém fosse escutar nossas conversas.

Pensou que ia fazer sexo, mas ele fez uma coisa, mostrou seu corpo perfeito, tinha uma cicatriz que ia desde a virilha, até a parte de baixo, não tenho ovos, se foram na mesma explosão, não fico excitado.   Só posso me satisfazer pelo anus. 

Lhe penetrou, ele ficou como louco, depois se sentou em cima dele, lhe provocando, para que sua excitação continuasse muito mais tempo.   Quando ele não pode mais, disse isso tenha seu prazer, porque eu já tive o meu.

Confessou, que ultimamente tinha participado de coisas pesadas, creio que não sirvo para ti, preciso de pelo menos três a quatro pessoas me penetrando continuamente para ter prazer.

No outro dia de manhã quando despertou, já não estava.   Tinha ido embora, tinha um bilhete, pedi o emprego, só para fazer sexo contigo, mas vejo que estou viciado em coisas piores, não quero te envolver nisso, não tem futuro.

Nesse dia contou para o psicólogo o que tinha acontecido.  

Pelo menos foi honesto contigo.   O problema de quando as pessoas perdem esse poder de ejacular, de se sentirem poderosos pelo momento, procuram formas outras de se satisfazerem, sexo em grupo, sadomasoquismo, nem sempre isso acaba bem.

Ficou chateado, quando foi a praia no final do dia, o André, perguntou pelo rapaz, lhe disse que tinha ido embora.

Não quis te falar nada, mas o reconheci de um vídeo de sadomasoquismo que me passaram, me excita ver.  O reconheci pois ele era penetrado por muita gente, sempre queria mais.

Lhe contou o que tinha descoberto.   

Bah, somos balas de canhão, não resta dúvida, nos mandam para a guerra sem preparação psicológica do que vamos ver, sofrer, das consequências.  Sempre acabamos mal.

Venha vamos entrar, que a agua hoje está bestial.   Ficaram duas horas conversando na água, André lhe comentou do rapaz que estava sempre tentando algo com ele.  É boa gente, muito traumatizado.  Esteve metido nas drogas, tenta se regenerar, mas sempre recai, nós somos o seu sustentáculo.   Se não fosse por ele, já teria eu me metido contigo.  Sinto atração por ti, mas veja bem, tens um corpo impressionante, mas gosto mesmo como te comportas.  O que fizeste com a oficina do Velho Mattei, foi fantástico, podias estar trabalhando num lugar mais importante, mas estas, dando força para ele.

Pobre do homem, pensou que o amigo de seu filho ficaria, mas hoje quando soube que tinha ido embora, ficou desconsolado.   Ele trouxe o diário de seu filho, me passou algumas partes para ler.  Só agora descobriu que seu filho sofreu muitos abusos quando era jovem, por isso se rebelava.   Pelo que o Brian me contou, ele também gostava de sexo duro.  Mas não disse isso para o velho, não merece.    De uma certa maneira, veja bem, eu sofri tantos abusos, que poderia ter ido para esse lado, mas não fui, busquei outro refúgio.   Quando estou nervoso, ou com problemas, vou a mesquita, num horário que não tenha ninguém, rezo, procuro me entender, pela forma que estou agindo.    Isso me ajuda a despejar a cabeça.   O que não gosto, digo isso sempre, é de pregação, tipo eu sou a melhor religião do mundo, não me importa qual, quando não posso, porque sei que a mesquita está cheia, venho aqui, rezo desde minha prancha.

Melhor comunhão não há, soltou o André.  É a única coisa que me relaxa.  Fui casado, ou melhor fiz uma besteira, na véspera de embarcar para a guerra, me casei com uma namorada que tinha desde o instituto.   Quando voltei, ela estava com outro, já tinham inclusive um filho, tornei a embarcar, meio desesperado.   Mas um dia conheci um dos jovens que todo mundo dizia que era um covarde, pois estava sempre rezando.  O coitado estava mal preparado.  Foi ferido em combate, passei algumas noites com ele segurando minha mão.  Tinha medo, não queria matar ninguém.  Uma noite pediu que eu me deitasse com ele, assim se acalmaria.  Mas eu ao contrário, fiquei excitado, nunca tinha me acontecido.  Nunca tivemos nada, mas o protegi tudo que pude, morreu em combate.  Estivemos cercados por franco atiradores, ele morreu com uma bala na cabeça.  Chorei muito com a cabeça dele nas minhas pernas feridas, rezei por ele, que descansasse.   Quando voltei a mim, já tinham cortado minha perna, me mandavam para um hospital militar na Alemanha.   Fiquei meses lá, até poder voltar a andar de muletas.                  Lá finalmente tive sexo com outro homem, mas não me senti bem, ele era muito neurótico, queria que eu o pegasse, pois só sentia prazer assim.

Voltaram para a praia, viram de longe uma confusão.     André demorou a encontrar sua muleta, quando chegaram perto, todo mundo disse que tinha sido uma coisa rápida, um carro negro tinha se aproximado, metralhando dois do grupo.

Um era o rapaz, ele e o outro segundo soube o André depois estavam distribuindo drogas, pedi tanto para não fazer isso, inclusive lhe disse que se precisasse de dinheiro eu lhe ajudava.

Começou a sair com o André, era mais velho que ele, ficavam sentados na praia conversando, um dia lhe convidou para ir a sua casa.   Estava nos canais, numa zona tranquila, aqui encontro minha paz.   A casa tinha o mínimo de moveis possíveis.   Gosto assim, o necessário.

Ficaram sentados na varanda, comendo, depois num determinado momento André, colocou a mão sobre a sua, queres experimentar, fazer sexo com um homem sem experiencia.

Realmente ele não sabia muito como se colocar, mas o sexo foi fantástico, se encaixavam bem um ao outro.     Um ano depois estava vivendo juntos.   Tinha duas coisas boas, a amizade, um sexo super.

O Senhor Mattei, queria ir viver em San Francisco com uma irmã, disse que se ele quisesse podia ficar com a oficina, lhe alugaria. Mas ele encontrou outro lugar mais perto de casa, que anteriormente também tinha sido uma pequena oficina,  achou melhor.  André consertava bicicletas, se especializaram.    

As vezes André despertava gritando, pedia desculpas pelo pesadelo, mas ele sabia como relaxar o mesmo.  O montava, o levando a loucura, o fazia gritar de prazer.   Garoto, esse teu corpo tem magia.

Os dois tinham corpos de escândalo, pois quando iam a praia aproveitavam antes de entrar para fazer surf, faziam exercícios nos aparelhos.

André dizia que quando o olhavam muito, que tinha vontade de dizer, podem olhar, mas é meu.

Viveram bem durante 6 anos, quando ele estava com 35, André fez 45, estavam comemorando, quando ele caiu.  Disse que não se sentia bem, o levou para o hospital. Depois de muitos exames, descobriram que tinha um tumor na cabeça, não se podia operar pois estava muito inflamado.  

André disse que não queria nenhum medicamento, pois poderia ficar dependente.  Ele mesmo redigiu um documento, em que não queria ficar entubado, tampouco medicamentos.  Fechou a oficina, ficava o dia inteiro com ele, só ia em casa para buscar roupa limpa. Tomar um banho e voltar.   Procurava ser o mais rápido possível.   Um dia voltou, o quarto estava cheio de médicos e enfermeiros.  A enfermeira que o conhecia, disse, teve um enfarte, mas como não se pode fazer nada, é esperar, foi empurrando todo mundo, ficou ali ao seu lado, segurando sua mão, antes de morrer, fez um sinal que se aproximasse, obrigado por esses anos maravilhosos que tive contigo.  

Ele só pode dizer, vá em paz meu amor.   Descobriu que André tinha deixado a casa para ele, não tinha mais bem nenhum.   Mas tudo em Venice Beach lhe fazia lembrar-se dele, resolveu que deveria ir embora, preciso de outro lugar para recomeçar outra vez a vida.

Vendeu tudo, colocou o dinheiro no Banco, fizeram uma cerimônia com a cinzas do André todos seus amigos levaram em pranchas numa noite de lua, como ele gostava, a tinham colocado em um pequeno barco de madeira que ele tinha em casa, soltaram.

Um dia querendo se animar, esteve olhando uma agência de viagem.  Resolveu ir a Israel, pois assim visitaria a grande mesquita.

Alugou um pequeno apartamento, saiu pela cidade, descobriu como podia visitar a grande mesquita, fez o que fazia sempre rezou agora pelos seus dois amados, George e André.  Depois de fazer todas as viagens possíveis, desceu para Tel Aviv, estava sentado numa praia gay, quando uns jovens se aproximaram, querendo saber de aonde era.  Entendeu o que queriam, riu, vocês são jovens demais para mim, gosto de homens maduros.

Estas no lugar errado, lhe disseram aos bares que deveria ir.  Nessa noite tentando se animar, foi a um bar, viu um tipo forte como ele, de cabelos brancos, com uma cara muito séria.

Ficou olhando, mas não se aproximou.  Não sabia fazer isso, um dos rapazes da praia, passou por perto, olha só, foi ligar justo com o homem mais difícil dessa cidade, foi até o outro, lhe disse algo ao ouvido.

Ele se aproximou, perguntou se era americano.

Sim, algum problema?

Não o rapaz disse que não gosta de gente jovem, eu tampouco, me esforço para sair, pois fiquei sozinho recentemente.  Vais ficar muito tempo?

Não sei, tenho que procurar um novo lugar para viver.  Mas claro, tem que ter praia, adoro surfar.  

Eu também.   As ondas aqui são pequenas, Abed Faisal, não sou judeu, mas sim metade árabe, te vi outro dia na mesquita, achei estranho.

Sim sou mulçumano, me converti quando estava preso, contou rápido sua conversão.

Pois eu sou de nascimento, mas abandonei tudo pelo homem que amava, que não acreditava em nada. Era um intelectual.    Morreu a cinco meses, vim trazer suas cinzas para sua família, fui ficando, pois estou como tu, sem saber o que fazer da vida.

Passaram a se encontrar todos os dias pela manhã para fazer um passeio, um dia foram nadar, ficou impressionado com o seu corpo, era forte, muito peludo.

Acabaram fazendo um prenuncio de sexo na água.

Foram para sua casa, os dois tinham fome de sexo, foi fantástico, depois retornaram mais pausado.  

Caramba soltou o Abed, não pensei que fosse ser assim, teria me precipitado antes.  Mas com os dias tudo tinha cara de rotina, não era o que buscavam, Abed se foi a Paris, antes dele voltar a NY.    Pensava em chegar, ir visitar seu amigo o Inspetor em Washington, quem atendeu o telefone foi sua filha.   

Ele faleceu a uma semana atrás, um câncer fulminante, nem chegou a fazer nenhum tratamento, anos demais fumando.

Deu os pêsames, disse que sentia muito.

Resolveu ir até a oficina mecânica do irmão do George, para saber aonde estava o tumulo dele, queria ir ali rezar por ele, nunca tinha sido capaz de esquece-lo.

No caminho se lembrou do dia que tinha tido a notícia de sua morte.  Tinham passado muito tempo, tinha tentado de todas as maneiras reconstruir sua vida, mas sempre esbarrava com isso com a puta morte.

Quando chegou, viu uma pessoa de costa, ajoelhada consertando uma moto, reconheceu imediatamente a única tatuagem que George tinha, ficou ali parado fazendo sombra sobre ele, não conseguia se mexer.   Ele se levantou, se virou, ficou de boca aberta.

Tudo que disse foi, perdão.

Ficou furioso, como pudeste fazer isso comigo, fiquei sofrendo esses anos todos, vim aqui inclusive para descobrir aonde tinham te enterrado, para ir lá rezar como tinhas me ensinado, seu filho da puta.   Tinha dois desejos desencontrados, um abraça-lo outro lhe dar uma porrada.

Fez o primeiro, sem se importar com a graxa da roupa dele.  Ficou ali em pé abraçado chorando, como pudeste fazer isso comigo.

George se controlou, enxugou as lagrimas, quando me negaram a condicional, sabia que teria que ficar mais seis anos na prisão, não era justo, que ficasses me esperando. Tinhas direito a viver tua vida.

O irmão de longe ficava olhando, soltou dois marmanjos, chorando como madalenas, deveriam ir para um hotel, para fuderem tudo que não fizeram em todos esses anos.    Isso dizia rindo.

Venha disse o George, vivo aqui perto, meu irmão disse que alugavas esse apartamento.

Quando chegaram ficaram abraçados em silencio, não sabes o quanto sonhei com isso, soltou o George, dia atrás dia, pensava em ti.   Nunca tinha amado ninguém, tive que pensar muito para fazer o que fiz, não achava justo.

Bom eu tentei viver esse tempo todo, todos os dias rezava tudo que me ensinaste, para me sentir mais próximo de ti.  Pensava realmente que tinhas morrido.  Depois de conto tudo.

Eles não paravam de beijar-se, foram retirando a roupa lentamente, pela primeira vez, não iam ter sexo escondido como na prisão.  Colocou a boca no seu ouvido, faça como a primeira vez que me ensinaste a ter prazer.    George o penetrou, como um louco, se amaram horas.  Depois era como se não tivesse passado nada.

Ainda temos nosso sonho por realizar, lembra-se, eu comecei a fazer sem ti, no meio do caminho, me deram a notícia, fiquei no meio do deserto, num lugar que imaginava que ias amar, escondi o carro, fiquei no alto da montanha rezando, chorando por ter-te perdido.

Ficaram uma semana ali, ele ajudava na oficina.   Apareceu um Rover grande, para vender, tinha que ser arrumado antes.   Assim o fez, comprou em segredo.  Quando ficou pronto, disse ao George, toca ir de compras, ele tinha se desfeito de tudo que tinha.  Compraram tudo que necessitava, uma tenda, sacos de dormir, mantas, comida.   Se despediram do irmão dele, caíram na estrada, foi parando mais ou menos nos mesmos lugares, mas nunca ficavam em motéis, sim no meio do nada.  Quando chegou à altura da montanha, vamos acampar lá.

Passaram três dias no alto da montanha, se comungando um com o outro.

Aqui decidi ir viver perto do mar, passei um bom tempo vivendo em Venice Beach, foi bom, conheci uma pessoa boa comigo, o cuidei até que morreu.  Por isso fui embora, mas creio que precisas aprender a surfar.

Estou imaginando, todo mundo olhando para esse teu corpo.  Não sabe a quantidade de vezes que me masturbei, pensando que passava a mão por ele.

Tirou toda a roupa, melhor fazer ao vivo. Nunca se saciava dele.  Se aqui tivesse mar, íamos viver aqui.

Em Santa Fé, fizeram todo o percurso do filme.  Riam como duas crianças, que sonham ir a Disney, depois seguiram para Venice Beach.     Conseguiram uma casa, para viver, iam a praia, a surfar, reencontrou os amigos.   Finalmente estava feliz, os dois abriram uma oficina de conserto de motos, não precisavam de mais nada.

Um dia um conhecido deles, soltou, aqui todos ficam imaginando os dois na cama, com esse corpo que os dois tem.

Se estas pensando em pedir para fazermos um trio, sinto muito, eu só amo esse homem.

Ajudavam os amigos, volta e meia o irmão vinha visita-los, acabou ficando.   Eram uma família.

 


 










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