REPLACE
Essa bendita
música de Bach, ele detestava, perguntou ao monitor, se não podia colocar
outra, a desculpa era que essa música relaxava.
Pois a mim me faz
ficar tenso, pois me irrita muito, esse violino, é muito chato, alcança meu
celular, escolherei a música que quero para fazer fisioterapia. Escolheu a música, o
fisioterapeuta ficou alucinado, como gostas desse tipo de música?
Necessito de
energia, essa música me dá isso, vontade de lutar, era sua música preferida, Tannhaüser
de Wagner, era vibrante, deixou de escutar o homem falando, sabia todos os
exercícios que tinha que fazer. Só falou
quando pediu que o pusesse na barra paralela, queria experimentar, para ver se podia
se colocar em pé.
Fazia isso numa
base militar, graças a sua tia. Ela era
comandante da Marinha, médica, no momento estava de viagem a uma base militar,
para dar orientação, sobre um novo sistema de amputação aos médicos que
trabalhavam ali. Esse novo sistema,
fazia com que fosse mais fácil depois o uso da prótese. Era uma mulher respeitada.
Ele tinha tido
sorte, quando a avisaram o que tinha acontecido, foi o mais rápido possível a
cidade aonde vivia com sua mãe, seu pai.
A tragédia estava consumada.
Ele tinha sido
gestado para salvar sua irmã, seria o
doador de medula óssea, para ela, era a
paixão dos pais, uma garota linda, o
único jeito de salva-la era ter um irmão compatível com ela, depois de todas as
pesquisas para encontrar um compatível.
Por azar, ela morreu antes de ele nascer, tinham feito contas erradas,
ele nasceu quase um mês depois dela partir.
Tudo foi a pior
com o passar dos anos, a polícia chegar diante da casa, chamada pelos vizinhos
que escutavam os gritos, coisas quebradas, já era uma coisa habitual. Ele aprendeu a chamar a mesma, sabia
inclusive com quem falava. Infelizmente
não tinham serviços sociais da cidade.
Quando entrou na
secundaria, era um bom atleta, estudioso, seus trabalhos que fazia na
biblioteca era sempre os melhores, mas amigos nenhum, quem queria ser amigo de
um sujeito que os pais viviam indo presos, estavam sempre bêbados.
Na frente de sua
casa vivia a melhor amiga de sua tia, avisava a esta do que estava acontecendo,
mas ela não interferia, pois seu cunhado não a suportava, tampouco sua irmã,
porque era lesbiana. Militar ainda por
cima.
Seus dias, eram
sair para a escola, tomando café que ele mesmo preparava desde os 10 anos, um
pedaço de pão que normalmente estava velho, mas tinha que forrar o estomago,
quando saia, a amiga de sua tia, o estava esperando na esquina, com um lanche
para a escola, ela trabalhava na biblioteca.
O deixava ficar ali, todo o tempo
possível. Depois de treinar natação que
adorava, pois na água se relaxava. Podia
ficar horas na piscina, depois das classes, comia as sobras do lanche, ia para
a biblioteca. Estudava, fazia as
tarefas, conseguia sempre aprovar com louvor.
Como as vezes não tinha o que fazer, passava a pesquisar os trabalhos do
ano seguinte. Se adiantou tanto, que
com 16 anos, estava pronto para ir a Universidade. Sua situação era precária, se sua tia não
mandasse dinheiro para ele, pela amiga, ele não sabia o que faria. Escondia esse dinheiro. Ela sempre lhe mandava uma carta junto, pedia
desculpas, mas no momento estava fora do pais.
Assim foram passando os anos até que a situação chegou ao limite. Não havia semana que os pais não fossem
parar na cadeia, era ele que chamava a polícia quando a coisa passava dos
limites.
Chegou em casa,
ia se esgueirar para seu quarto, quando sentiu que o pegavam por detrás, desta
vez, não vais escapar. Seu pai era
tremendamente forte, quando estava nessa situação era incontrolável. O jogou no chão da cozinha que estava cheia
de sangue. Ali estava sua mãe, cheia de
marcas na cara, pelo visto tinham brigado antes dele chegar.
Ai estão os dois
culpados de minha menina ter morrido, agora irão pagar caro, começou a gritar a
ela, que era uma idiota, que não sabia nem contar, era sempre a mesmas
acusações, que o tinha enganado, os tiros ele sabia por aonde iam, se esgueirou
até o telefone, quando viu o revolver em cima da mesa, ficou apavorado, quando
a mulher atendeu, ele disse do revolver, que estava descontrolado, mas já era
tarde o primeiro tiro foi na cabeça de sua mãe, o segundo em direção a ele,
tentou escapar, mas foi pior, o tiro o atingiu, tudo ficou negro. Segundo soube depois, o terceiro tiro foi
para ele mesmo, colocou a arma debaixo do queixo disparou. Quando a polícia
chegou tudo era um mar de sangue. Um
policial viu que ele ainda tinha pulso, foi para o hospital, mal chegou ao
fazerem um scanner, viram que a bala estava alojada na coluna, que teriam que
operar, mas não havia nenhum médico especialista nessa área.
A amiga de sua
tia, a chamou, contou o que tinha acontecido, como ele estava esperando por alguém
que o pudesse operar. Sua única
resposta, a cavalaria, vai chegar. Na
pequena cidade, não estavam acostumado que um helicóptero do exército descesse
ao lado do hospital, dele saíram várias pessoas, direta para a sala de
operações, estavam contendo uma hemorragia.
Nita, ou Anita, sua tia, tomou rapidamente conta da situação, tinha
trazido com ela uma enfermeira especializada, bem como um médico amigo dela,
treinado especialmente para esses casos, ele olhou rapidamente os scanners,
tomou providências.
Abriu sua maleta
de cirurgia de emergências, sabia que os
hospitais dessas cidades lhes faltava de tudo, teriam que opera-lo de lado,
pois a hemorragia era na parte da frente por aonde tinham entrado a bala. Viu que a coluna estava inchada, com sumo cuidado,
muita paciência, numa operação de horas, conseguiu retirar a bala, bem como
parar a hemorragia, mas claro, nada era perfeito, nesse tipo de operações,
sempre se afetava os nervos em volta.
Quando ele saiu
de coma dias depois, a pessoa que viu ao seu lado, foi sua tia, segurando sua
mão.
Olá meu garoto,
agora já estas fora de perigo. Avisou a
enfermeira, para chamar o médico, eles estavam aproveitando esses dias para
atenderem todos os casos que haviam no hospital, que no momento não contava com
médicos para operação.
Quando esse saiu
da sala de operações, foi dar uma olhada no paciente. Ele olhou ao médico, pensou, parece um
deus. Alto, com os cabelos loiros
imensos, rebeldes, uns olhos azuis cristalinos.
Me olhas
assustado, por quê?
Pensei que estava
no céu, que tinha morrido. Pareces a imagem de um santo.
Sua tia riu, como
sempre fazia, sua risada era um escândalo, esse senhor é o maior pecador que
conheço. Estas em terra firme, marujo.
O médico se
sentou, primeiro se espreguiçou, estou morto de cansaço, primeiro olhou os
aparelhos, que eram velhos, bom, já podemos ir embora, o preparam para
levar para a base em San Francisco.
Ela o
tranquilizou, mandei enterrar teus pais, aos lados dos avôs, embora não
merecessem estar ali. Esse dois nunca
foram certos da cabeça.
Ele não fez,
nenhum comentário. Nunca tinha recebido
carinho, um gesto sequer, tinha sido o filho que chegou tarde demais para
salvar sua irmã.
O transportaram
numa maca, até o helicóptero, foi para o outro hospital. Lá o médico, lhe contou como ele estava,
quando comentou que não sentia as pernas.
Se tivéssemos
sabido ao momento, não como aconteceu, quando cheguei, os tendões, os nervos
estavam todos inflamados, pode levar pelo menos uns dois anos, para que possas
outra vez andar. Mas isso não te
impedira de estudar, de viver. Nesse
tempo terás que usar cadeira de rodas, fazer fisioterapia, mas chegaras ao
porto.
A princípio foi
duro, o que como sempre gostava, era quando o colocavam na piscina para fazer exercícios,
aprendeu rapidamente a sobreviver a sensação que ia se afogar.
Agora que sua tia
estava fora, ele se movia pela base, diretamente a fisioterapia, em cadeiras de
rodas especiais, ia falando com as pessoas, todo mundo o tinha recebido bem.
Sua tia teve que
mover os papeis, conseguir que o juiz lhe desse a guarda dele, bem como a
adoção por parte dela, para que ele pudesse seguir usando o sistema médico da
marinha.
Convivia com os
soldados que voltavam da guerra, mutilados, com problemas maiores que o
dele. Com isso entendeu que ele estava
em melhor situação. O que ajudava era
que ninguém sentia pena dele, estavam preocupados mais com seus problemas para
não ficarem em cima dele. Fazia
terapia, seu psicólogo dizia que pelo menos com ele escutava outros problemas
que não fosse os complicados, como dos rapazes que voltavam da guerra.
Um em particular
lhe chamava atenção, era um soldado que tinha voltado sem as duas pernas, mas
era fortíssimo, da mesma maneira que era violento. As vezes os enfermeiros tinham que usar força
com ele. A primeira vez que o encontrou
na piscina, o olhou com indiferença, ele fez o mesmo, fez seus exercícios do
outro lado, sem se importar com a presença dele, num determinado momento se
voltou, viu que o mesmo estava no fundo, se afogando, nadou até lá mergulhou o
trouxe a tona, ajudado pelos enfermeiros que tinham se distraído, o colocaram
para fora da piscina.
Na vez seguinte,
o olhou com um olhar dolorido, dizendo por que não me deixaste morrer?
Porque tua vida é
importante, deves superar toda tua dor, seguir em frente, poderás andar antes
de mim.
Mas tens tuas
pernas?
Mas não me servem
muito, pois estão mortas.
Lhe estendeu a
mão, Howard, o meu é Bruce, como o homem morcego.
Ficaram rindo
disso. Levaram um tempo para falarem do
que lhes tinha acontecido. Quando disse
a Howard que seu pai tinha atirado nele, que tinha tido uma infância horrorosa,
deixou de reclamar.
Em breve Howard,
estava experimentando próteses, realmente começou a andar antes dele, ele continuava
não sentindo as pernas, mas não se importava, ia a universidade, tinha hesitado
muito que carreira queria seguir. Tinha pensado em medicina, mas viu que seria
difícil, por isso optou por outras das coisas que gostava, matemática pura,
física. Mas o que mais lhe apaixonava
era a matemática.
Nos primeiros
dias de aula, o professor foi colocando um teorema no quadro, quando terminou,
ele já tinha a resposta, pois tinha feito o mesmo. Pediu para falar, o senhor cometeu um erro de
proposito para que os alunos não encontrem a solução.
Levante-se venha
até aqui, corrija o meu erro. Ele foi em
cadeiras de rodas, o outro não tinha percebido, como havia um estrado o
professor pensou que ele não iria subir, mas nem por isso, seus braços eram
fortíssimos pelos exercícios que fazia.
Inclinou a cadeira, deu um impulso, foi até aonde estava o erro,
mostrou, pediu a um colega, venha aqui,
me ajude, não tinha vergonha de pedir ajuda.
Indicou como tinha que seguir, bem como a resposta.
O professor disse
que tinha ganhado dois pontos, pois tinha percebido o raciocínio, bem aonde
estava o erro proposital.
Quando ele disse
ao professor, que já tinha resolvido todos os teoremas, as teorias que seriam a
classe esse ano. Lhe fez um exame, ele
acertou tudo, inclusive um que o professor, tinha escrito errado, ele
consertou, foi aprovado, Acabou
terminando a Universidade em dois anos, agora com 23 anos, se questionava o que
fazer. Continuava não sentindo as
pernas, o médico no último exame, lhe tinha dito que suas reações eram normais,
mas que talvez fosse uma coisa psicológica.
Por isso hoje
queria tentar a barra. Ficar em pé para ele era fundamental. Dois enfermeiros o ajudaram a se colocar na
barra. A sensação de estar em pé, com
sua música preferida de fundo, eram fantástico, sentia vontade de vencer. Apoiou os braços na barra, tinha força suficiente,
seu corpo musculoso, era impressionante.
Levou o direito para frente, depois o esquerdo, nem que se arrastasse
iria até o final. Qualquer coisa o
distraiu, retirou o braço direito da barra, mas continuava em pé, a perna se
deslizou para frente. Tinha dado o
primeiro passo.
Semanas depois já
conseguia mover as pernas na piscina.
Até mesmo sair dela sozinho, se sentar na beira da mesma, conversar com
seu amigo Howard, que disse que o psicólogo lhe daria alta em breve. Estava louco para voltar para sua cidade no
interior do Texas. Nada me segura aqui.
Ia dizer para
ficar, mas não se atrevia, ia perder um amigo, talvez seu primeiro amigo na
vida.
Howard riu, dizendo,
precisas ver tua cara, não queres que vá embora, diga, mas tens que dizer por
quê?
Vou perder o
primeiro amigo que tenho na minha vida, vai ser difícil, vou sentir muito tua
falta.
A resposta
tampouco esperava.
Eu de ver esse
corpo incrível que tens, estavam só os dois na piscina, sentados lado a lado,
caramba vou ter que tomar iniciativa de tudo. O puxou para ele, lhe deu um
beijo na boca, sem ti, não sei o que faria.
Foi melhor do que
pensou, mas ainda era difícil se manter em pé, a não ser com muletas, o médico
tinha lhe falado que em breve ele poderia usar bengalas.
Estava sozinho em
casa, o convidou para ir até lá, teve a primeira relação sexual de sua vida,
mas de qualquer maneira Howard foi embora, de um dia para outro disse que tinha
que partir, pois sua família necessitava dele.
Foi uma despedida cruel.
Ele precisava
encontrar um emprego, mas claro, tinha escolhido uma profissão difícil, se
candidatou uma pós graduação no MIT, Massachusetts Institute of Technology, mandou
todos os trabalhos, esperou ansiosamente.
Sua tia nessa
época voltava de uma viagem, em que tinha estado mais de seis meses fora, o
apoiou para conseguir o que queria. Em
breve estarás andando normalmente, nada mais natural que sigas tua vida. Eu poderia me aposentar daqui uns três anos,
mas penso em seguir trabalhando, afinal foi o que fiz a vida inteira.
Ele foi aceito,
isso encheu seu coração de esperança, lá continuaria sua reabilitação, bem como
podia usar a piscina da universidade.
Se dedicou com
afinco, buscou uma coisa que fosse interessante para a pós graduação, embora
num primeiro momento ficasse decepcionado com os professores, esses mantinham
uma distância considerável com os alunos.
As perguntas, as dúvidas, eram tudo com hora marcada, com
antecipação. As vezes
quando chegava seu momento de falar com o professor, ele mesmo tinha resolvido
sua dúvida, mas nem assim recebia uma
felicitação, finalmente entendeu que esse era um procedimento de todos. Aproveitou seus momentos livres para
fazer cursos de língua, para ajudar nas suas pesquisas. Viu num quadro, um chamamento a uma
análise matemática de alto rango para o exército, por curiosidade foi, era para
a agência espacial. O salario era bom, mas falou antes com sua
tia. Ela lhe disse para pensar muito era
uma vida sacrificada, isolada, continuaria tendo poucos amigos, lhe passou um
número de celular, levou dois dias para conseguir falar com a pessoa. O homem que o atendeu, um amigo dela, lhe
disse que depois o chamava, pois vinha de dois dias sem descanso, estou muito
cansado, preciso dormir.
Realmente
devolveu a chamada, quando lhe fez a pergunta que o preocupava, o outro foi
claro, viveras num gueto, estou aqui a cinco anos, mal sei os nomes dos
meus companheiros, embora passemos o dia
inteiro fechados numa sala. As vezes
como ontem, quando me chamaste, faziam dois dias que não dormia, estou
esperando acabar o meu contrato para cair fora, estou totalmente isolado, os
outros tem família, eu não, chego a uma casa vazia, como comida congeladas, ou
sanduiches. Pode ser interessante a
nível intelectual, mas chegas a uma idade que o nível intelectual só não
compensa.
Quando pediram
sua resposta, declinou, tinha vivido toda sua infância e juventude fechado em
si mesmo, precisava de gente para viver, nem ali no MIT, tinha feito
amizades, começou sim a sair, procurar
viver. Mas como as pessoas estavam
todas viradas para seu mundo particular, era os famosos romances de uma noite,
depois era capaz de encontrar a pessoa, esse sequer dizer bom dia.
Recebeu uma
oferta para a Universidade de Nova York, aceitou, era um contrato de dois anos,
para substituir um professor que fazia pós-graduação na Alemanha.
Seu primeiro dia
de aula, foi um desastre, todos alunos, ali com um celular na mão, esperando
tudo de mão beijada, fez o que seu professor tinha feito, colocou no quadro um
teorema com dois erros, ficaram
desesperados, mas não encontraram a solução.
Ele parou no meio da sala, fez a pergunta, vocês analisaram tudo que
está no quadro. Todos responderam que
sim.
Nada estranho,
silencio, levaram até o final da aula para descobrirem os dois erros. Um dos alunos reclamou que isso era ter que
pensar muito. Que o professor anterior,
lhes dizia o exercício do livro, nada mais.
Bom eu como não
sou o professor antigo, aviso, minha aulas são para pensar, não quero ver
nenhum celular, em cima das mesas.
Estão aqui para pensar, não para passar o tempo.
Com alguns
funcionou, ele ficou surpreso, pois pensava que os que escolhiam essa matéria,
era porque gostavam de matemática. Deu
um exame surpresa, só dois podiam dizer que teriam sido aprovados. Abriu sua sala para consultas, nenhum aluno.
A única vantagem
que tinha, era que começava a ter vida social, saia para jantar, conheceu gente
nos bares, teve aventuras, ia aos museus pela primeira vez, a aprender
arte. Enfim tinha seu lado bom.
Agora as turmas
que tinham três aulas na semana, um dia usava para dar uma prova. Resolveu fazer uma coisa, colocava a teoria
inteira, com final, tinham descobrir um erro colocado ali de propósito. A maioria começou a mexer a bunda como ele
dizia, um deles, que se achava um sabe-tudo, disse que isso não era
motivação. Então o desafiou a encontrar
os erros. Esse por mais que revisava não
encontrava. Mostrou que eram duas
besteiras, uma virgula, uma letra mal posta.
Se vais te dedicar a pesquisa, um pequeno erro será uma tragédia.
A que pensas em
te dedicar. O rapaz disse que pensava em entrar para a Nasa.
Bom eu fiz o
teste de seleção da Nasa, não aceitei
por muitos motivos pessoais, me lembro perfeitamente do exercício principal,
vou colocar no quadro, todos tem uma semana para resolver, podem vir me
consultar para qualquer dúvida.
Pela primeira
vez, alguns alunos foram a sua sala.
Aproveitou para conversar com eles, para saber a meta de cada um. A maioria era ambiciosa, mas desmotivada. Procurou saber aonde estava o problema. Não foi difícil, a maioria era de família
rica, na verdade eram inteligentes, mas não tinham problemas a curto prazo.
Entendeu, aonde
estava o problema, a muito custo, buscando motivar os alunos, aguentou os dois
anos de contrato. Quando o professor
voltou, conversou com ele, como fazia.
Não me preocupo
muito, tenho meu trabalho a parte, o que quiser aprender que se esforce, os que
não, deixo irem ver a vida.
Se sentia
frustrado com a vida de professor. Um
conhecido, com quem tinha saído duas vezes, lhe disse que ele vinha do sul, de
Georgia.
Pensou muito,
mandou seu curriculum, para o Instituto de Tecnologia de Georgia, foi aceito
para o semestre seguinte. Nesse tempo o
contratavam para ser um professor com a obrigação de consultas para os
alunos. Decepcionado com o de NYC,
quase não aceitou, mas depois pensou, esse tempo eu poderia ir me adaptando a
cidade. Lhe ofereceram um alojamento,
num edifício para professores, ele era o único que não tinha família.
Foi
interessante. Ele tinha que assistir
aulas com os alunos, depois os recebia, sabendo o que o professor tinha
proposto. A ânsia de aprender,
principalmente dos bolsistas, a maioria eram negros, era diferente. Tinha paciência de reexplicar numa linguagem
coloquial, a teoria, dizia sempre vocês tem uma arma excepcional, a cabeça,
façam com que funcione, questione o porquê, recomessem o exercício quantas
vezes façam falta. Descobriu no meio
deles um de uma inteligência impressionante, mas cometia falhas por sua
ansiedade.
Conversou muito
com ele, era um mulato sarará, levou um tempo para entender, pois não o via em
nenhum grupo. Este lhe explicou, para os
brancos, sou negro, para os negros sou branco, então não sei aonde me situar.
Contou a ele, seu
exemplo, eu fui em minha época de estudante um paira na escola, meus pais eram
alcoólicos, volta e meia o carro de polícia estava em frente a minha casa, os
alunos recebiam ordens dos pais para não se misturarem comigo. Passei todo esse período em silencio, passava
meu dia na biblioteca estudando. Hoje
até agradeço essa gente não se aproximar de mim, pois eu fui em frente, eles
ficaram para trás.
Se precisas falar
com alguém, fale comigo, estarei aqui pronto para tirar dúvidas, conversar
contigo. Tinha uma aluna, negra, muito
especial, era inteligente, agora vinha sempre tirar dúvidas, disse que sentia
uma pressão impressionante, pois tinha que ser a melhor, sou a primeira da
minha família a ir a uma universidade.
Tens que pensar
que isso é uma carga fútil. Es a
primeira, mas nem por isso a única, quantas outras mulheres fora a primeira a
dar um passo em alguma direção. Também
sofreram dúvidas, angústias, tudo ao mesmo tempo. Não tinham ninguém em quem se apoiar, mas
você tem, suas amigas, faça amigos.
A resposta foi
que a maioria das mulheres que estavam ali, procuravam um casamento, com algum
homem que tivesse futuro, quanto aos homens, o primeiro que queriam era se
aproveitar para fazer sexo.
Ele foi juntando
um grupo de pessoas que tinham um objetivo, mas tinha um problema, não eram práticas.
Os reunia uma vez por semana, para
conversarem, trocarem ideias, as vezes ria muito, porque avançavam o sinal,
agressivamente. Isso ele cortava
rapidamente, voltando ao raciocínio que não tinham que provar nada a ninguém, a
não ser a eles mesmos.
Sempre falava com
a tia, volta é meia, falavam dos problemas que encontrava, nunca deixava de
perguntar pelo médico que o tinha operado.
Estava sempre pelo mundo.
Estava corrigindo
os últimos exames, teria agora 3 meses de férias, quando foi chamando dizendo
que sua tia tinha sofrido um enfarte muito perigoso. Pegou o primeiro voo para San
Francisco, foi direto ao hospital, foi cumprimentando enfermeiras, seguranças,
todo pessoal que tinha conhecido em sua estadia ali. Caminhava bem, apoiado numa bengala. Quando chegou ao quarto aonde estava a tia,
lá estava o médico. Agora, com muitos cabelos
brancos misturados com os loiros. Se
abraçaram, meu salvador, meu herói, foi dizendo de brincadeira, como está a
paciente.
Rebelde como
sempre, mas já está melhor, um pequeno contratempo com o braço direito, mas com
fisioterapia vai melhorar.
Foi ficando
cuidando dela, fazia a comida, conversavam, as vezes o médico vinha vê-la, o
que para ele era um prazer. Escutava o
que dizia, reclamava que não aguentava mais ver as merdas que via nos hospitais
de campanha. Esses meninos não têm
culpa dos governantes que temos que por qualquer motivo provocam uma guerra.
Tenho dinheiro
guardado, vou tirar uma licença sem vencimento.
Não sei como consegues seguir trabalhando?
Ela respondeu que
era o que gostava.
Se virou para
ele, por que ficas sempre me olhando desse jeito? Nunca falas nada, estás satisfeito com tua
carreira.
Bom a primeira,
eu quando acordei da operação, quando te vi, pensei que estava no céu, que eras
um anjo que vinha me ajudar, por isso não me canso de te olhar.
Segundo, estou
tão frustrado como tu, tive que inventar sistemas para incentivar a gente jovem
a pensar, a querer alguma coisa. Cheguei a conclusão que os que
sofreram, os que tem problemas são os que vão a luta, os jovens de hoje estão
mal acostumados, tem tudo de bandeja, com seu celular pensam que são reis do
mundo, não fazem um esforço para usar a cabeça, perceber nada em sua volta. Então reúno os poucos que querem
ir à luta, a eles ensino realmente como buscar algo. No último semestre, esse grupo se resumia a
3 pessoas, é muito frustrante.
Creio que procuram que sejam como eu.
Nunca tinham se
dado a mão, quando o acompanhou até a porta, ao apertarem a mão, sentiu algo,
não sabia explicar, ficaram os dois ali, um olhando para o outro, foram se
aproximando, acabaram se beijando. Bob
disse que voltava no dia seguinte para ver a paciente.
Mas no dia
seguinte a paciente estava morta, tinha
morrido durante a noite, um outro enfarte fulminante a levou. Ele pela primeira vez sentia a dor real de
pena de perder alguém, quando soube que seus pais tinha morrido, a sensação foi
de alívio, não de pena.
Bob o ajudou a
resolver tudo, disse depois que tinha alugado uma casa na praia, que iria
passar uns dias ali, se ele queria ir junto.
Tinha vontade de
dizer, contigo, vou até o inferno.
Bob, falou muito
da amizade dele com sua tia, nem sei como ela sobreviveu nesse mundo cheio de
homens com preconceito, mas nunca a escutei reclamar de nada. Sempre foi batalhadora, a pessoas a seguiam
no trabalho, como uma messias.
Pois é eu pensei
em estudar medicina por causa dela, por ti também é claro, mas estava numa
cadeira de rodas, ficava me imaginando numa sala de operações, não me
convencia.
Bob disse que o
mar tinha sempre lhe fascinado, venho de uma família de pescadores, fui o
primeiro ir a universidade, na minha área de especialização, só no exercito
encontrei uma saída, foi quando conheci tua tia. Virei seu escudeiro, íamos a
lugares terríveis, quando voltava necessitava de um psicólogo para colocar tudo
para fora. Ela ao contrário,
guardava tudo, dizia que em sua
juventude tinha visto merdas também, que podia aguentar.
Quanto a sua vida
pessoal, era como bater contra um escudo de aço puro, nunca ouvi falar de
relação nenhuma, nada.
Eu ao contrário,
a romance frustrado, corria para contar para ela. Ela percebeu que tu gostava de mim, me disse
que eras uma criança, que eu não me aproximasse. Mas te vigiei todos esses anos, ela me
contava todas vossas conversas, algumas vezes estava na casa dela, te escutava
falando de tua vida. Ela me dizia para
participar, mas achava que não tinha esse direito. Mas nosso beijo de outro dia, me fez ver, que
apesar da diferença de idade, eu também me sinto atraído por ti.
Sempre serás meu
anjo, isso tenho certeza, pois as vezes sonho com isso, principalmente se me
lembro alguma coisa do meu passado, apareces no final para me ajudar.
Nessa noite na
casa da praia, tiveram seu primeiro encontro sexual. Nunca tinha acontecido nada com ele a esse
nível. Foi emocionante. Passaram os dois rápidos demais, pois
falavam sem parar. O que vais fazer afinal,
não quero te perder.
Nem eu a ti. Creio que aceitarei qualquer convite para
ser médico num hospital aonde tu vivas.
Isso não vale, eu
ia dizer a mesma coisa, ficaram as gargalhadas. A universidade de Georgia queria que
seguisse dando aulas, mas ele queria ter a liberdade de dar aulas de outra
maneira.
Bob disse que
mandaria um curriculum seu ao hospital da cidade. Foi aceito, mas antes foram até lá para
ver.
Ele propôs a
universidade, fazer uma coisa diferente, daria um teste aos alunos, escolheria
os mesmo, para um curso de como pensar a matemática, que isso pudesse fazer com
que esses alunos pudessem ir em frente.
Concordaram,
dizendo que seu tempo ali, tinha aumentado o número de alunos, interessados,
que ele podia fazer como queria.
Colocou um anúncio, pelo menos cinquenta alunos se inscreveram,
ele elaborou os exercícios como pensava, tinham não só que procurar os erros,
mas como pensar. Os que passassem
teriam uma entrevista.
No dia do teste,
um aluno chegou alucinado, tinha tido um problema na sua comunidade, chegava 10
minutos atrasados, era um mulato com os cabelos Black Power, parecia a juba de
um leão, lhe disse que teria que correr.
Foi o melhor teste, estava perfeito.
Dos cinquenta,
selecionou, 30 que tinham mais ou menos resolvido as questões, as entrevistas
nem tanto, a maioria das respostas eram, queriam fazer o curso com ele, pois
lhes daria prestígios. Os que lhe diziam
isso, os mandava para casa, para trabalhar no campo, porque prestígio se ganha
trabalhando, não porque o professor tem um curriculum bom.
O tal aluno,
disse que em primeiro lugar, precisava escapar do gueto que vivia, preciso ser
alguém, amo a matemática, as vezes dormindo resolvo as questões que não pude
durante o dia pois tenho que trabalhar.
Lhe lançou um teorema complicado, terás que pensar, resolver mentalmente, se fazer cálculos, usando
somente a tua cabeça. O rapaz fechou os
olhos, 10 minutos depois deu a resposta certa.
Não te
candidates-te a nenhuma bolsa de estudos?
Não tive nenhum
professor para me apoiar, aqui se necessita disso.
Pediu o
curriculum dele, discutiu com o reitor, até que conseguiu uma bolsa de estudo
completa para ele.
O problema dele,
era aonde morar. Ele dividia seu
apartamento com o Bob, embora ele sempre
estivesse em urgência dos hospital, pois era aonde gostava de trabalhar, disse
que precisava de adrenalina.
Fale com ele,
explique que vivemos juntos, se ele quiser um quarto, o outro está vazio.
Foi o que fez com,
chamou o aluno para conversar, ele não escondia que vivia com o Bob, ninguém
tinha nada a ver com sua vida.
Disse que só
podia lhe ajudar dessa maneira, lhe oferecer o quarto que sobrava de sua casa,
contou que vivia com o Bob, mas que era uma casa diferente, a maior parte da sala, esta ocupada com meu
lugar de trabalho, um pequeno espaço, com um sofá, para ver televisão quando
preciso sair da minha cabeça, tudo muito simples, não preciso de nada mais que
isso, Bob é igual, vive para trabalhar na Urgência do hospital, passou a vida
viajando de hospital em hospital do exército, de guerra em guerra. É uma pessoal especial.
Se quiseres
amanhã, ele está livre, venha jantar, conversar com a gente. Se aceitares, pode
ficar lá em casa.
Foi um jantar
descontraído, riram muito, pois gostavam de coisas parecidas, quando contou aos
dois a música que gostava, apesar que quando estava em casa, pouco escutava música.
Geo, ou Geoffrey,
amava o Jazz, sempre que posso vou a algum lugar escutar. Um dia se quiserem podemos ir juntos.
Na semana antes
de começar as aulas, trouxe suas poucas coisas, disse que até esse momento
vivia na casa de sua tia. Ela deve estar
contente em se ver livre de mim, ao mesmo tempo vai sentir minha falta, pois
apesar de ter filhos da minha idade, eu era o único que levava dinheiro para
casa. Os dois estão metidos com
bandas.
A convivência,
não foi difícil, gostava de escutar os dois conversando, debatendo algum
assunto, as vezes entrava na discussão com um ponto de vista diferente.
Começou as aulas,
desta vez, avisou ao reitorado, a matéria, levei meses preparando, não admito
interferências. Quero que eles sejam os alunos mais brilhantes da universidade.
Só uma pessoa
desistiu no meio do caminho, o resto seguiu em frente, quando acabaram o curso
todos puderam optar por excelentes pós graduações. Geo, disse que preferia que ele o orientasse
na tese que pensava fazer. Se o
aceitasse, seria a primeira tese em matemática pura na universidade.
Logo outras
universidades se interessaram no seu método de trabalho. No ano seguinte, uma série de professores se
interessaram de assistir ou mesmo receber aulas com ele de como dar o curso. Começou a escrever sobre isso. Agora seu tempo estava quase todo ocupado,
menos para o Bob, este disse que tinha perdido tempo, antes tivesse te
procurado antes, mas eras muito jovem, tinha medo.
Estava fora dando
um curso para professores em San Francisco, quando Geo lhe chamou, Bob tinha
tido problemas no trabalho, tinha sido raptado por uma banda, para tratar de um
chefe que tinha levado tiros. Apareceu duas semanas depois, o tinham
ameaçado de todas as maneiras. Eu
achava que na guerra era pior, mas a guerra aqui da cidades é horrenda.
O pior foi que a polícia
o passou a pressionar, para dizer aonde tinha estado, ao mesmo tempo que uma
outra banda queria saber a mesma coisa.
Um dia saindo do hospital, se viu no meio de um tiroteio entre a
polícia, uma banda, morreu no mesmo instante que uma bala perfurou sua cabeça.
Foi enterrado ali
mesmo na cidade, com honras militares.
Ficou lhe
faltando uma parte dele, Geo se preocupava, as vezes o via respirando com
dificuldade. Lhe dizia que era a
pressão que sentia pela falta do Bob. Mas foi levando sua vida em frente,
agora era convidado para dar seminários.
Chegou a conclusão, que isso pouco funcionava, pois encontrava sempre a
maioria dos professores desmotivados. Alguns não estavam preparados para
dar aulas, buscavam um porto seguro para suas vidas, se conformavam com isso.
O duro era chegar
a conclusão dos conflitos de gerações, o mundo andava rápido demais, muitas
novas tecnologias, que a maioria nem entendia, usava sem fazer um esforço para
pensar, para discutir. Quando se sentava no campus da universidade, o
que notava era isso, a maioria nem conversava entre si.
No ano seguinte
quando entrevistava os alunos, falava disso, que não permitia o uso de
acessórios. Quando perguntavam o que era
acessórios, lhes indicava o celular que tinham na mão, estas numa entrevista
que vai definir tua vida, ao mesmo tempo, esperas que esse animal viva um
segundo para ti. Isso não é permitido.
Agora estava
preparado, exigia que os alunos, apresentassem propostas, análises de como eram
escritos os algoritmos, que eram desenvolvidos matematicamente para fazerem os
computadores funcionar, bem como os celulares.
Fazia os exercícios de matemática pura em cima disso. Ele mesmo teve que ler uma quantidade imensa
de textos, livros, junto com Geo para entender tudo, colocou na sala de sua
casa, um quadro aonde desenvolvia as questões, voltava a vibrar com a
matemática.
Os alunos ficavam
loucos. Quando alguém ousava a consultar o celular,
ele exigia ver qual programa estava usando. O aluno devia decifrar o algoritmos do mesmo, com pena de
suspensão.
Convidava gênios
dessa nova safra de homens de computadores, de aplicações, embora a maioria nem
soubesse desenvolver um trabalho matemático em cima do tinha construído,
analisavam o programa, aonde por não ter usado a matemática, a coisa deixava
passar segurança. Muitos desses novos
gênios agora vinha fazer aulas com ele.
Conseguiu que as
companhia dessem bolsas de estudos para esses jovens, depois fariam estágios nas
empresas. A maioria voltava frustrada,
pois tudo era feito nas cochas como ele dizia, havia uma necessidade de
alimentar a fome do ser humano em novas tecnologias que eles jamais saberiam usar em
profundidade.
Geo um dia lhe
disse que se prepara-se que iam sair de noite, pensou que era para ir a um
concerto de Jazz em algum bar. Já tinha
uma desculpa na ponta da língua, quando Geo lhe disse ao ouvido, pois estavam
na universidade. Vamos a um encontro de
hackers da internet profunda, a negra.
Foi um amor à
primeira vista, todos ali eram jovens, por si só tinham desenvolvido processos
de trabalho, através da intuição, ali encontrou alunos que realmente gostavam
de matemática na informática. Ele mesmo
aprendeu a trabalhar. Se reunia com
eles duas vezes por semana, cada lado trazendo uma informação diferente.
Entravam nos
espaços livres dos programas do governo, isso o divertia, pois não tinham ideia
de que esses buracos eram criados por não saberem usar a matemática.
Escreveu um
livro, sobre os buracos justamente num programa usado por uma das grandes
empresas, essa o tentou de todas as maneiras o fazer calar-se. Estava sendo vigiado em sua casa, se sentiu
jovem outra vez, se escapou, se reuniu com o grupo, bloquearam todo o programa,
fizeram a empresa reconhecer as falhas, que nunca eram testadas, embora os
usuários reclamassem.
No porão do
edifício, descobriu um lugar longe de tudo, ali criou sua internet profunda, já
que o estavam sempre vigiando. Divulgou
por ali, o dia que o FBI, entrou em sua casa, que reviraram sua mesa de
trabalho, no dia seguinte todos os jornais de internet divulgavam o fato, a
Corte suprema foi chamada para se pronunciar a respeito. Um dos jovens tinha gravado as escutas que os
juízes tinha sido ameaçados pelas agências do governo, em nome da santa pátria.
A confusão foi
grande, ninguém sabia aonde ele estava. Ficou
desaparecido dois meses, mas estando ali mesmo, nunca tinha saído do edifício
de sua casa.
Quando o FBI,
encontrou o local da rede profunda dos jovens, ele que estava interligado,
conseguiu borrar tudo antes que conseguissem alguma informação, fez aparecer
como se fosse um lugar de encontro de jovens para jogar, nada mais.
Conseguia ver os
agentes furiosos, pois não tinham conseguido nada.
No momento, ele
desviava tudo, através de China, Índia, outros países vulneráveis. Mas claro, sabia que chegaria sua hora. Se dedicou simplesmente a trabalhar o
conceito matemático dos programas, aonde não se conseguia entrar. Testava sempre o sistema, para ver se havia
alguma lacuna. Descobriu que um
deslizamento dos próprio uso dos programas causava isso, quando chamou Geo para
ver como tinha descoberto, este lhe trouxe comida, como fazia todo dia. A única observação que fez, você já se olhou
num espelho?
Realmente
não. Tudo que fazia era trabalhar, ir
dormir, tomar comprimidos, porque lhe doía a coluna. Precisava de movimento.
Depois do achado,
passou a informação a todos os hackers do mundo oculto. A matemática não tinha nada a ver com os
buracos ocasionados, sim o sistema de energia, bem como o uso sucessivo de
programas, como esses se moviam na rede, causava isso.
Combinou com Geo,
este o retirou de seu esconderijo uma noite muito escura, o levou para um novo
lugar. Só levava um disco duro externo,
com todos seus descobrimentos.
Numa casa de
praia, afastada do centro urbano, se dedicou a escrever um livro sobre isso,
Geo o ajudava. Discutiam as
conclusões. Agora era encontrar um meio
de lançar isso nas redes, resolveu que primeiro faria uma edição digital, ao
mesmo tempo que negociava com uma editora.
Foi uma bomba no
mercado, algumas grandes empresa quiseram tomar para si o achado, mas claro,
tinham medo da reação. Já que tinha sido
divulgado antes digitalmente na internet.
Deu por terminado
essa etapa. Resolveu fazer um exame
médico, se constatou que devido a falta de exercícios, justamente aonde tinha
se operado, formava uma espécie de tumor, fizeram uma biopsia, não dava como
canceroso, coletaram material para mais biopsia. Teria que ser operado, mas claro, o risco de ficar outra vez em cadeira de rodas
era grande.
Pensou muito a
respeito, conversou com os médicos, afinal já estava numa idade, na qual
importava a qualidade de vida, voltar a cadeira de rodas, cortava isso, bem
como a possibilidade que ir perdendo os movimentos.
Decidiu que
não. Voltou para a casa de praia, ficou
ali retirado, escrevendo seu livro de memorias.
Entregou tudo ao Geo, um belo dia, a praia estava vazia, fazia um dia
horrível, cinzento, ondas altas, saiu para caminhar, ao longe avistou carros
negros do FBI, tinham descoberto sua localização, como quem não quer nada, foi entrando no mar,
sabia que se desta vez o pegavam, ficaria muito tempo sem liberdade.
Isso ligado a
qualidade de vida, era essencial, liberdade.
Foi entrando, deixando-se levar pelas correntes. Quando os homens que estavam em sua casa se
deram conta, já era tarde demais, ele um exímio nadador, se deixou levar.
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